Liberalismo

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Liberalismo O liberalismo foi, durante o século XIX, uma ideologia essencialmente burguesa. O liberalismo revelou-se como um conjunto de princípios e idéias que orientou e organizou os procedimentos políticos na perspectiva da ordem burguesa. A liberdade individual no campo político e econômico caracterizou-se como sendo o seu principal fundamento. Os países onde o liberalismo mais se desenvolveu foram aqueles onde existia uma burguesia poderosa; sendo assim, é possível afirmamos que o liberalismo foi o disfarce, a mascara, o álibi pelo qual a classe burguesa justificou a tomada do poder. Isso fica muito claro quando analisamos os fatos. Durante o Antigo regime, quando tiveram de lutar contra as monarquias absolutistas, contra a Igreja Católica e todas as forças obscurantistas, os liberais foram subversivos, progressistas e revolucionários. À medida que tomaram o poder, tornaram-se conservadores, defendendo ciosamente as suas conquistas. A história oferece um repertório completo que serve para endossar o que afirmamos. As revoluções das décadas de 20, 30,40 do século XIX, em sua maioria, foram inspiradas em idéias liberais. Os liberais transformaram as sociedades européias. Na Inglaterra, na Holanda e nos países escandinavos, as mudanças ocorreram pelas reformas. Em outros paises – a França especialmente – a revolução foi o método utilizado para acelerar a evolução econômica, social e política. A sociedade liberal repousa sobre a igualdade de todos perante a lei. Porém, no campo social, as desigualdades aumentaram, gerando terríveis injustiças. Dinheiro e cultura são os dois princípios que norteiam a sociedade liberal. Como escreveu René Rémond: Século XIX O Liberalismo dominou a política Europeia e dos EUA no século “O dinheiro é um principio do libertador. A substituição da posse do solo ou de nascimento pelo dinheiro como principio de diferenciação social é incontestavelmente um elemento de emancipação. A terra escraviza o individuo, fixa-o ao solo. A mobilidade do dinheiro permite que se escape às imposições do nascimento da tradição, que se fuja ao conformismo dessas pequenas comunidades voltadas sobre as mesmas e estritamente fechadas. Basta ter dinheiro para que haja a possibilidade de mudar de lugar, de trocar de profissão, de residência, de região. A sociedade liberal, fundada sobre o dinheiro, abre possibilidades de mobilidade: mobilidade de bens que trocam de mãos, mobilidade das pessoas no espaço, na escala social.” RÉMOND, René. O século XIX: 1815-1914. São Paulo: cultrix, 1996. p. 44.

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Liberalismo

O liberalismo foi, durante o século XIX, uma ideologia essencialmente burguesa.

O liberalismo revelou-se como um conjunto de princípios e idéias que orientou e organizou os procedimentos políticos na perspectiva da ordem burguesa. A liberdade individual no campo político e econômico caracterizou-se como sendo o seu principal fundamento.

Os países onde o liberalismo mais se desenvolveu foram aqueles onde existia uma burguesia poderosa; sendo assim, é possível afirmamos que o liberalismo foi o disfarce, a mascara, o álibi pelo qual a classe burguesa justificou a tomada do poder.

Isso fica muito claro quando analisamos os fatos. Durante o Antigo regime, quando tiveram de lutar contra as monarquias absolutistas, contra a Igreja Católica e todas as forças obscurantistas, os liberais foram subversivos, progressistas e revolucionários. À medida que tomaram o poder, tornaram-se conservadores, defendendo ciosamente as suas conquistas. A história oferece um repertório completo que serve para endossar o que afirmamos. As revoluções das décadas de 20, 30,40 do século XIX,

em sua maioria, foram inspiradas em idéias liberais.

Os liberais transformaram as sociedades européias. Na Inglaterra, na Holanda e nos países escandinavos, as mudanças ocorreram pelas reformas. Em outros paises – a França especialmente – a revolução foi o método utilizado para acelerar a evolução econômica, social e política.

A sociedade liberal repousa sobre a igualdade de todos perante a lei. Porém, no campo social, as desigualdades aumentaram, gerando terríveis injustiças. Dinheiro e cultura são os dois princípios que norteiam a sociedade liberal. Como escreveu René Rémond:

Século XIX

O Liberalismo dominou a política Europeia e dos EUA no século XIX, mas nem sempre foi fiel a seu combate contra o intervencionismo estatal.

Na primeira metade do século, os liberais são acérrimos defensores da propriedade privada, da economia de mercado e da liberdade de comércio internacional. Pugnam pelo fim das corporações, a des-regulamentação do trabalho, defendem as liberdades políticas, o governo representativo, etc. O Estado devia ser reduzido à sua expressão mínima, limitando-se a assegurar as condições para o pleno desenvolvimento da economia privada, promovendo a criação de infra-estruturas (estradas, transportes, etc), áreas onde as possibilidades de obtenção de lucro eram mínimas.

Na segunda metade do século XIX, os liberais passam a exigir que o Estado garantisse a protecção do mercado interno face à concorrência internacional. No final do século reclamam a intervenção do Estado na conquista de novos mercados internacionais e o acesso a regiões com recursos naturais. O Liberalismo passa a andar associado ao Imperialismo. É nesta fase que o Liberalismo incorpora o "Darwinismo social", isto é, a concepção de que o Estado deve apenas centrar-se em

“O dinheiro é um principio do libertador. A substituição da posse do solo ou de nascimento pelo dinheiro como principio de diferenciação social é incontestavelmente um elemento de emancipação. A terra escraviza o individuo, fixa-o ao solo. A mobilidade do dinheiro permite que se escape às imposições do nascimento da tradição, que se fuja ao conformismo dessas pequenas comunidades voltadas sobre as mesmas e estritamente fechadas. Basta ter dinheiro para que haja a possibilidade de mudar de lugar, de trocar de profissão, de residência, de região. A sociedade liberal, fundada sobre o dinheiro, abre possibilidades de mobilidade: mobilidade de bens que trocam de mãos, mobilidade das pessoas no espaço, na escala social.”

RÉMOND, René. O século XIX: 1815-1914. São Paulo: cultrix, 1996. p. 44.

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criar as condições para que os mais aptos prevaleçam sobre os mais fracos. O Estado deve estar ao serviço

dos ricos e poderosos ( os mais aptos) e manter na ordem os mais fracos ( os operários, camponeses, etc). 

LiberalismoO que foi:

Uso de princípios de liberdade pelos revolucionários burgueses para a derrubada do Antigo Regime.

Motivos: Econômico garantir à classe burguesa o pleno desenvolvimento do

capitalismo sem que houvesse a mínima interferência do Estado; Político defender a justiça e a plena igualdade dos cidadãos

perante as leis.

Queda do liberalismo clássico:

O declínio do liberalismo clássico remonta ao final do século XIX quando começou a declinar lentamente. Com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, e a subsequente Grande Depressão, a queda foi vertiginosa.