Liberdade de expressão e redes sociais (2013)
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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS CIDADE DO ENTRONCAMENTO
ESCOLA SECUNDÁRIA C/ 3º CICLO DO ENTRONCAMENTO
Liberdade de Expressão e Redes Sociais
Divo Rafael Teixeira Mendes Gonçalves, nº8, 11ºBCT
Francisco José Costa Touricas, nº9, 11ºBCT
Francisco Nuno Maurício Espíndola, nº10, 11ºBCT
Vasco Alexandre Antunes Machado, nº 28, 11ºBCT
Professora Maria Clara Batista Cruz Marques, Português
Professor Manuel Jorge Brito Montenegro, Filosofia
O avanço das novas tecnologias de informação e, em particular da Internet, veio
revolucionar decisivamente o modo de comunicação entre indivíduos. O seu uso tem levado a
uma maior manifestação, divulgação e partilha de opiniões e acontecimentos que
anteriormente era quase exclusivo daqueles que tinham acesso aos meios de comunicação
social. Neste contexto, o surgimento e desenvolvimento das redes sociais assume um lugar
de destaque ao nível da possibilidade de expressão daqueles a quem normalmente está
reservado um lugar diminuto no jogo democrático.
Podemos considerar, embora corramos o risco de sermos acusados de exagero, que
as redes sociais trouxeram um “quinto poder”, em que as pessoas podem manifestar o seu
descontentamento ou desagrado, em que se promove o debate de ideias, onde se procura
através de argumentos racionais ou de variadas técnicas retóricas captar a atenção e
influenciar as crenças e ações dos indivíduos em relação a várias temáticas, incluindo a
política. O uso da palavra democratizou-se, sendo restituído ao cidadão atual um pouco do
sentido original da democracia grega, em que todos os cidadãos livres eram chamados a
pronunciar-se sobre os assuntos do Estado. A necessidade de intervenção, por parte de
determinados setores da população, fez com que diversos movimentos tenham aparecido nas
redes sociais. Um bom exemplo desses movimentos é o conhecido “Que se Lixe a Troika!
Queremos as nossas Vidas”, que possibilitou a realização de diversas manifestações que
visaram demonstrar o descontentamento de muitos cidadãos pela situação política e
económica do país.
Um dos principais motivos que explicam esta realidade é certamente a velocidade de
propagação da informação. Isso deve-se ao facto de várias pessoas estarem
simultaneamente “online”, e após uma publicação, poderem aceder a esse mesmo conteúdo e
deixar a sua opinião. Essa possibilidade tanto poderá ser negativa, em caso de informação
não verdadeira, como positiva, em caso de informação real. Se a informação for pouco fiável,
poderá, eventualmente, provocar o aparecimento de boatos, levando a “atentados” contra o
bom nome das pessoas. Episódios mais recentes até nos fazem perceber que o próprio
segredo dos estados mais bem guardados do mundo não são imunes ao olhar perscrutador
das redes sociais – basta recordar a polémica que surgiu em torno da divulgação de
documentos secretos (os chamados casos “Wikileaks” e Snowden).
Outro fator importante é a grande acessibilidade, que é comprovada pelo facto de uma
grande percentagem da população utilizar algum tipo de rede social, e essa adesão tão
significativa só é possível, também, devido a ser um serviço gratuito e de fácil manuseamento
e acesso. Atualmente, e cada vez mais, as redes sociais são solicitadas e utilizadas por um
vasto e diversificado grupo de pessoas de diferentes idades, culturas e classes sociais. Esta
diversidade é muito enriquecedora pela partilha de informação e discussão de pontos de vista
entre pessoas com sensibilidades, valores e experiências diferentes. É possível encontrar na
mesma rede social o avô, ou a avó, o filho/a e os netos. Numa sociedade que quase
esqueceu o convívio saudável entre as várias gerações, este não é seguramente um aspeto a
desprezar …
Uma vantagem que as redes sociais oferecem é a ausência (ou quase) de censura, ou
seja, a manipulação, as pressões e limitações que os diversos agentes dos meios de
comunicação social (jornalistas, cronistas, comentadores, humoristas, pivôs, etc) por vezes
sofrem, por parte do poder político ou de grupos económicos de que dependem, não se
verificam nas redes sociais, gozando estas, por consequência, de uma maior liberdade de
expressão. Os jornais, por vezes, ainda atualmente, sofrem pressões externas para
publicarem ou não um determinado assunto. Antes do 25 de Abril, como todos nós sabemos,
a liberdade de expressão era algo inexistente e completamente impensável. Nessa altura a
população era alvo de uma enorme censura por parte do governo, não sendo permitido o
direito a dar a sua opinião. Também era quase utópico pensar que viríamos a ter meios como
as redes sociais e que poderíamos utilizá-los como via de expressão de ideias, tanto sociais,
como políticas.
Como conclusão, podemos afirmar que as redes sociais nos dão novas
possibilidades facilitando a expressão das concepções de uma maneira instantânea, mas
deverá haver sempre controlo destes sistemas, no sentido de que sejam respeitados
princípios éticos fundamentais, lembrando-nos que a nossa liberdade de expressão deverá
sempre preservar os direitos básicos dos outros. Quanto a nós, este deverá ser o único limite
a impor à liberdade de expressão dos utilizadores das redes sociais. Apesar de todos os
constrangimentos que poderão advir, as redes sociais deverão perdurar para que o cidadão
seja cada vez mais interventivo na sociedade e a sua palavra seja mais ouvida.
FIM