Lidar com angústia dos pais SR2 - Helena G. Martins · – Muitos pais acreditam que as suas vidas...
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07-10-2014
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Lidar com a angústia dos pais
Ft em CR2
6 de outubro de 2014
Docentes:Profa Artemisa Rocha DoresProfa Helena Martins
Artemisa Rocha Dores e Helena Martins
Índice
• A relação parental, uma relação de vinculação
• Especificidades da relação parental com bebés
• Bronquiolite: O que “eles” sabem vs o que “nós” sabemos– E então? Vale para tudo?
• Dados de investigação
• O que deve um profissional de saúde fazer?
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Vinculação
• Relação Parental, uma relação de vinculação– É agora claro que, não apenas para as crianças, mas para
qualquer pessoa em qualquer idade, é mais fácil ser feliz e desenvolver as suas aptidões pessoais quando se sente segura de ter acesso a uma (ou mais) pessoas de confiança que a ajudarão, caso se depare com dificuldades. A pessoa em quem se confia proporciona a base segura a partir da qual se pode atuar. (Bowlby, 1973, p.407)
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Vinculação
• Relação Parental, uma relação de vinculação
– A vinculação acompanha os seres humanos desde o berço à sepultura. (Bowlby, 1980, p.129)
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Vinculação
• Relação Parental, uma relação de vinculação
– Vinculação (Bowlby)
• necessidade de criar e manter relações de proximidade e afetividade com os outros, de o bebé se apegar a outros seres humanos para assegurar proteção e segurança.
• esquemas comportamentais inatos que se manifestam logo após o nascimento: o choro, o sorriso, agarrar, mamar e seguir com o olhar.
– Comportamentos sinalizadores ou de aproximação?
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Vinculação
• Bowlby encarou a vinculação como um comportamento adaptativo da espécie humana.
• São as relações de vinculação que tornam previsíveis os comportamentos de resposta às carências.
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Vinculação
• Biologia: imprinting
– https://www.youtube.com/watch?v=2UIU9XH-mUI
– https://www.youtube.com/results?search_query=imprinting+ducks
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Vinculação
• Biologia: imprinting
• Proximidade física do progenitor
• A partir das conceções de Darwin e dos trabalhos de Lorenz, Bowlbydefende que a vinculação ao progenitores responde a duas necessidades:
– proteção e socialização (perspetiva evolutiva).
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Vinculação
• Etapas no processo de vinculação (Mary Ainsworth)
– a um primeiro estádio de orientação, segue-se um estádio de focalização que conduz à vinculação propriamente dita.
• Se a relação com os pais gera segurança, a criança sente-se mais livre para descobrir o mundo e estabelecer outras relações. Mary Ainsworth descreve o funcionamento desta “base de segurança” - procedimento experimental: situação estranha (12-20 meses, numa situação de stresse crescente)– https://www.youtube.com/watch?v=SFCQLshYL6w
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Vinculação
• Ainsworth define tipos de vinculação:– Vinculação Segura – as crianças choram na ausência da mãe,
procurando o contacto físico na sua presença, depois de reconfortadas voltam à exploração;
– Vinculação Insegura Evitante – as crianças parecem indiferentes à separação da mãe, bem como ao seu regresso, exploram imediatamente o meio;
– Vinculação Insegura Ambivalente/Resistente – as crianças manifestam ansiedade antes da mãe sair, perturbação na sua ausência, hesitando entre a aproximação e o afastamento dela quando esta regressa, não se reconfortam com a mãe.
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Vinculação
• Ainsworth– Sensibilidade Materna
• Mães de crianças seguras
– Detetam os sinais das crianças e reagem adequadamente, estão permanentemente disponíveis, são carinhosas e cooperantes
• Mães de crianças inseguras evitantes
– Não sintonizadas com sinais vitais das crianças e por isso não disponíveis, sendo negligentes. Interação: insensibilidade e rejeição
• Mães de crianças inseguras ambivalentes
– Inconsistentes nas respostas
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Vinculação
• Ainsworth – Segurança
• Sentir-se seguro e despreocupado acerca da disponibilidade da figura de vinculação
– Comportamento de base segura
• Equilíbrio entre os comportamentos de vinculação e os comportamentos exploratórios da criança.
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Vinculação
• Uma das questões que tem interessado os investigadores, é como é que da díade
mãe-bebé, se passa para a tríade mãe-bebé-pai e depois para os outros grupos sociais.
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Vinculação
• Estudos desenvolvidos mostram que o bebé estabelece laços de vinculação com a pessoa mais próxima e permanente que cuida dele e que responde de forma mais adequada às suas necessidades.
• Outros cuidadores podem, então, substituir a mãe – agentes
maternantes – funcionando como figuras de vinculação.
• Na sociedade atual, em que as crianças estão integradas em jardins-de-infância, são favorecidas outras relações que nos permitem falar de vinculações múltiplas, sendo que a mãe não é a única figura de proteção.
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Vinculação
• O envolvimento físico e emocional que se estabelece permite que a criança cresça equilibradamente para fazer face às necessidades e dificuldades do dia-a-dia.
• Ao interpretar e ao responder satisfatoriamente às necessidades do filho, não só disponibiliza prazer e satisfação no presente, como influência muitos aspectos da sua constituição psicológica.
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Vinculação
• A relação mãe-bebé contribui, por exemplo, para uma relação mais equilibrada com o corpo, sem tensão nem inibições excessivas, propiciando uma maior proximidade com os outros.
• As representações relacionais que se constroem durante a primeira infância contribuem, também para a estruturação da sexualidade. O contacto com a pele, o prazer da fome e da sede saciado, o aconchego do corpo, os odores, constituem elementos importantes na relação que este ser estabelecerá com outros significativos –construção da afetividade.
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Vinculação
• A relação que o bebé estabelece com a pessoa que cuida dele impele-o a explorar o meio e a afastar-se das figuras de vinculação. Isto porque são (à partida) relações de segurança e de confiança, pelo que o bebé/criança/adulto não teme o afastamento dos pais.
Este é o princípio do processo de autonomia.
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Vinculação
• Na base do processo de individualização – necessidade primária de o ser humano criar a sua própria identidade -está, então, a vinculação. Entre estes dois processos existe uma relação de interação, uma relação dialética que se mantém ao longo da vida.
• A cada etapa de desenvolvimento, apesar de intimamente relacionados, corresponde o predomínio de um dos processos.
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Vinculação
• Relações de vinculação inexistentes ou deficitárias têm um elevado impacto nas crianças **
– “Meninos selvagens”
– “Hospitalismo”
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Vinculação
• Especificidades da relação com um bebé
– Se virem um homem de 2 metros e 100kg atacar uma menina de 6 anos e a querer bater-lhe, o que é que fazem?
– Quais os pensamentos que vos ocorrem quando têm um bebé pequeno os braços?
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Vinculação
• Especificidades da relação com um bebé
• Bebé:
– laço emocional
– laço biológico;
– “instinto de proteção”
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Vinculação
• O que é que os pais vêem?
– Na doença do bebé
– Na resposta dos cuidadores (cf. o que sabemos)
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Situação - problema
• O que já sabemos sobre a bronquiolite?
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Situação - problema
• As diferenças
– O que causarão?
– Como sentem os pais estas diferenças ?
– O que podem fazer os profissionais de saúde? Como devem agir?
– Este “plano de ação é extensível a outras áreas?”
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Dados de investigação
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O que acontece?
• The pathophysiology of "near miss" or "aborted" sudden infant death syndrome (better termed "emergency apnea") is unclear. Emotionally, however, such episodes are significantly stressful for parents. (Michael & Sheridan, 1987)
• Vulnerable Child Syndrome (não reconhecida no DSM)
– um conjunto de características clínicas em que a ansiedade infundada dos pais sobre a saúde de uma criança resulta em distúrbios na interação entre pais e filhos. (Green, 1999)
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Situação - problema
• Efeitos da apneia dos bebés nos pais (Michael &
Sheridan, 1987)
– 60% classificou a experiência como uma das mais difíceis das suas vidas
– 56% acreditavam que a morte da criança foi evitada apenas porque interveio
– A psicodinâmica é semelhantes à observada em famílias que perderam um bebé com a síndrome da morte súbita, e é consistente com o transtorno de stresse pós-traumático
– Os bebés afetados podem ser considerados como "crianças vulneráveis "
– Muitos pais acreditam que as suas vidas foram mudadas para sempre
– Equipamentos de monitoramento de apneia em casa e programas de apoio do médico às famílias são importantes para reduzir o stresse associado à emergência de apneia
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A importância da angústia parental
– Expectativas percebidas dos pais podem influenciar comportamento de prescrição em pediatria. (Habiba, 2009)
– Com os avisos recentes sobre a falta de benefícios e acerca dos danos potenciais dos medicamentos para constipações e tosse nas crianças, surge agora um novo desafio:
• o uso inadequado de medicamentos alternativos, em alguns casos, para satisfazer a expectativa dos pais ansiosos acerca de alguma forma de tratamento ao seu filho em sofrimento.
• Broncodilatadores inalados, esteróides e antibióticos, são exemplos de tais medicamentos utilizados potencialmente em demasia.
• Quando os sintomas da criança, eventualmente, se resolvem, uma falsa impressão de benefício pode levar a uma maior utilização indevida desses medicamentos.
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E ainda...
– Os pacientes estão frequentemente insatisfeito com a falta de informações procedimentais que são fornecidas pelos seus médicos (Kain, 1999)
– Como atuar?
• Uma combinação de preparação sistemática, ensaio, e cuidados de suporte realizada antes de cada procedimento stressante (Madelon et al 1975)
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Será curioso saber que…
• De uma forma geral, as mães das crianças com DC parecem ter mais dificuldades do que os pais, o que sugere que estão em maior risco de fraca adaptação. (Santos, 1998)
• As famílias economicamente desfavorecidas podem ser especialmente vulneráveis ao stresse associado ao facto de se ter uma criança com DC (Santos, 1998)
• Ter uma crença religiosa funciona como uma variável protetora ao nível psicológico (tem um efeito positivo mesmo em termos da depressão) (Santos, 1998)
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Confirmando…
• Os pais que levam seus filhos ao pediatra, por vezes, percebem o seu filho como uma criança altamente vulnerável a doenças e lesões. Num estudo com 750 pais entrevistados nas salas de espera, de cinco consultórios de pediatria na área de Boston, Levy descobriu que 27% relataram medos de que o seu filho estivesse especialmente vulnerável . Revisão dos registos médicos indicou não existir nenhuma base clínica para a preocupação dos pais em 40% dos casos (Levy, 1980). Preocupações clínicas injustificadas muitas vezes provinham do medo da recorrência de um problema médico já resolvido anteriormente. (Pearson & Boyce, 2004)
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O que fazer?
• A percepção é mais importante que a realidade...
– Seeing is believing, but feeling is the truth
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Em suma…
• Ter uma criança com doença crónica (DC) constitui uma situação de stresse com impacto significativo na família (e.g., Kazak, 1989, cit in Santos, 1998)
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Referências
• Habiba, A. (2009). Cold and Cough Medications in Children: Dealing With Parental Expectations –letter to the editor. Pediatrics, 123.
• Green M. (1986). Vulnerable Child Syndrome and Its Variants. Pediatric Review, 8, 75 –80
• Kain , Z. (1999). Perioperative Information and Parental Anxiety: The Next Generation.
• Madelon, A., Visintainer, M.S.N., Wolfer, J.A. (1975). Psychological Preparation for Surgical Pediatric Patients: The Effect on Children's and Parents' Stress Responses and Adjustment. Pediatrics, 56(2), 187-202
• Michael, & Sheridan (1987). Psychosocial Impact of Emergency Apnea. Am J Dis Child, 141(6), 668-671.
• Pearson & Boyce (2004). Consultation with the Specialist - The Vulnerable Child Syndrome.
Pediatrics in Review, 25, 345-349
• Santos, S.V. (1998). A família da criança com doença crónica. Abordagem de algumas características. Análise Psicológica, 1(XVI), 65-75
• Soares, I. (2007) Relações de vinculação ao longo do desenvolvimento: teoria e avaliação. Braga: Psiquilíbrios Edições.
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Imagens
• https://www.google.pt/search?q=imprinting&espv=2&biw=1536&bih=740&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=6EoxVOy8A4WM7AaZ04CYBQ&ved=0CAYQ_AUoAQ#facrc=_&imgdii=_&imgrc=8VhRdwtenK823M%253A%3BpngqdOlDtG_QIM%3Bhttp%253A%252F%252Fanchaesmicasa.files.wordpress.com%252F2010%252F12%252Fimprinting.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Fprezi.com%252Fzrcjvm0xggxa%252Fbehaviorist-report-konrad-lorenz%252F%3B640%3B427
• https://www.google.pt/search?q=imprinting&espv=2&biw=1536&bih=740&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=6EoxVOy8A4WM7AaZ04CYBQ&ved=0CAYQ_AUoAQ#facrc=_&imgdii=_&imgrc=p5nczzIW2JKQ0M%253A%3BXlMM3Bl6G2ZRkM%3Bhttp%253A%252F%252Fwww.intropsych.com%252Fch08_animals%252F08humorous-020.jpg%3Bhttp%253A%252F%252Fwww.intropsych.com%252Fch08_animals%252Fimprinting.html%3B756%3B400
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