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Lilian Aquino

DAQUI

EDITAL PROAC Nº 32/2015 “CONCURSO PARA BOLSA DE INCENTIVO À CRIAÇÃO

LITERÁRIA NO ESTADO DE SÃO PAULO - POESIA”

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Sumário I – Fora

Mal súbito Baobá Juízo Premeditado Centro Urbano Razão social Perduração Tarde Uma janela sobre a cidade Expresso O espaço e o tempo Sequência de dois passos para fora Advertência Reza Carnaval A possibilidade de exibição Por fora Diligente À beira da linha

II – Dentro

Por um fio Skízo Tudo aquilo que causa arrepio Antônio Da perseguição A(rroubo) De pedra Pátrio Balada de um homem comum Camisa de força Fuga n. 5 Lunático Receita para ser só Indigesto Catar conchinha Último andar Cena de mesa II Nesses Tempos Sem açúcar (A)feição Caixa postal

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Entre porta e porta – a porta que abre à água e a porta aberta aos roseirais coruscantes

que o ar sustenta: eu vejo leões. Não são gárgulas: das bocas não jorram a claridade

lavrada. Divididos ao meio pelo coração. Uns olham por uma porta, outros

olham o mundo por outra porta

Herberto Helder

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I – Fora

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Aqui – olhando esta cidade

que me absorve o dorso áspero do rio

que me engole única matéria cínica matéria

espaço que me invade e me expulsa

Heitor Ferraz Mello

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Mal súbito

O dia em que morri era um dia comum em São Paulo Muita gente saía para almoçar com vale-alimentação ou cartão de crédito naquela terça-feira banal Havia quem comesse tempo e relatórios afetos ou restos nesta grande cidade igualzinho acontece em outras cidades assim E eu interrompi a marcha do tempo às 12h36 de uma tarde sem nada de especial sem chuva nem vale e com a barriga vazia.

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Baobá Ser algo mais que árvore Não que ser árvore seja uma opção inferior. não. Apenas que o acaso me fez gente e não posso agir como árvore plantada e com longos e retorcidos galhos (Se eu pudesse ao menos transpirar água e virar chuva) Mas tenho que lidar com pernas e pés e polegar opositor nas mãos Daqui deste chão onde piso não vejo nada além de edifícios nada mais que a ousadia humana de pensar que se é maior que um baobá.

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Juízo Ande, me dê sua mão. No bolso você encontrou uma nota antes dissonante. Agora venha aqui e tire a mão do bolso O asfalto que cobre esta estrada é a coisa mais certa a cumprir Ande, agora você está encaminhado então siga sozinha A mão está na cabeça bem onde deve estar

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Premeditado Saí de casa adulta pra morar na rua quer dizer não exatamente na rua asfalto ou calçada. Moro no telhado. Eu, os gatos, o violinista nessa inclinação boa acima do edifício. Aqui, nada de sonhar e a água escoa.

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Centro urbano

um amolador de facas assobiando um avião rumo à Croácia uma máscara antigás aqui no marco zero onde todo mundo foge escorregando ladeira abaixo da memória

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Razão social

um ratinho de corda estava a estontear pelo assoalho de piso frio daquela sala do vigésimo sexto andar do edifício da avenida Angélica o expediente já se havia encerrado há uma hora e mais uma vez recebeu corda o brinquedinho do gato em posição de caça bem em cima do armário de arquivo morto

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Perduração

de um poema de Donizete Galvão

O peso de um homem é comparável ao lugar onde pisa ao modo como apoia os pés um depois do outro neste chão de pedregulhos que só existe na superfície viva e faminta dos dias E quando a superfície acabar por livrar-lhe da obrigação de sustentar o próprio corpo será sua a palavra que desestabiliza e não só a pedra dura.

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Tarde volto àquela casa de quando em quando e a cada vez há algo novo prestes a ruir a chaleira esquecida no fogão aceso queimando sem uma gota de água o muro do quintal com o reboco caído expondo alaranjados os tijolos a casa sozinha desconhece minha visita e tudo isso em plena luz do dia.

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Uma janela sobre a cidade

Não devemos proteger com panos quentes cortinas cerradas esta cidade espreitada aqui do alto porque este é um lugar onde ainda se pode estar nu Aqui os corpos se movimentam diante da varanda exibidos nesta sala erguida acima de outras duas salas como esta. Uma cidade vista daqui de cima três andares onde podemos ser o que somos – corpos

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Expresso

atravessa a principal avenida da cidade leva a mão à boca e reprime um bocejo na próxima esquina entra na padaria afugenta o sono e uma lembrança com um café curto que engole rápido como tudo o que lhe entra pela boca

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O espaço e o tempo quero fotografar a mim mesma sentada na banqueta que foi de minha avó mas colocada na varanda de meu apartamento no centro da cidade atrás de mim será possível ver o revestimento em forma de hexágonos verde-escuros e o espaço assim capturado no filme nunca mais se modificará no entanto nesse autorretrato será possível notar com o tempo que meu rosto envelhece com o papel é deste tempo que falo é daqui deste lugar preso que as horas passam.

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Sequência de dois passos para fora Estive andando por uma via margeada por pinheiros Estive indo em frente olhando o chão pisando sempre na linha Acontece que ontem estanquei ao lado da árvore à beira da margem e mesmo que a seta ordenasse seguir simulei-me mato 1) passei por baixo do traço desobedeci a obrigação de ser dos seres 2) passei o dia fora do dia a dia

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Advertência Convém que você conserve a pele grudada, cobrindo os ossos. É preciso – cada vez mais e mais – esconder o esqueleto. Na madrugada os ossos ficam querendo se descobrir, se mostrar. Mas mantenha-os quentes.

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Reza Aproveito o domingo para organizar meu rosto porque é com a cara lavada que em dias úteis ofereço minha outra face

Mas no domingo eu aproveito – é mão na testa na boca e no peito

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Carnaval

Ossos queimados a altas temperaturas. Depois de tanta vontade de dançar sob uma luz indireta, certamente é preferível guardar as mãos fora do alcance. Catando, em meio ao palheiro, algumas agulhas, se comprova que o sentido consiste em macular os tecidos e fazer germinar o tempo. Ora, um baú nem é uma boa imagem, mas há muito de decepcionante não encontrar nele nenhuma fantasia. Na quarta-feira, no alto da testa há uma mancha do que poderia ser o pó dos ossos.

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A possibilidade de exibição I Aponta o pé para a direita e lança o corpo numa pirueta É a única coisa que existe (diz) este universo em torno de um corpo II Dançar como quem passa um café num fim de tarde como uma arma adormecida no coldre pois é inevitável lidar com a existência em movimento balançando bem diante deste olhos.

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Por fora

eu inverno agora e aqui no meio da memória e sei que vai esfriar o tempo que passa à minha porta eu sei que vai virar o tempo foi o que aprendi : que se eu inverno não mais invejo outra estação.

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Diligente

Se eu pensasse em sair no meio da madrugada Se eu pensasse em afrouxar bastante o agasalho no meu corpo mas não penso em nada Controlo a voz alta como um aviador que mantém a altura do voo e a velocidade com tanta leveza que nem sentimos Vigio esses pensamentos ariscos para que não criem caso como adolescentes que na madrugada de sábado se divertem fazem arruaça.

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À beira da linha quando meu pai se mudou daqui deixou para trás esta estante de eucalipto herdada de seu bisavô maciça e avermelhada imagino sua vida antes como árvore num bosque apinhado de folhagem espalhada no chão mas hoje o que encontro é a estante agora minha no meio do caminho da sala para o quarto e passo distraída pela quina enganchando o agasalho a árvore de eucalipto desordenada em móvel expõe, então, a linha de lã arrebentada o fio solto no tricô que me seduz a puxá-lo e desfazer tudo prazerosamente e reinventá-lo como um lindo emaranhado de lã.

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II – Dentro

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Aqui me tens entre a vigília e o encanto Cativa da loucura

Perseguindo o louco.

Hilda Hilst

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Por um fio No dormitório daquele homem não tem nada exceto novelos de lã e vendo daqui parece vazio mas repare bem nas divisórias do labirinto organizado ali no meio exatamente onde dorme o homem que, alienado de toda mitologia não crê nos olhos de outros ou na chegada de Teseu.

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Skízo ter uma fenda na pele e não tolerar qualquer sutura enfiar em fio de metal um tipo de fantasia acreditar que tudo cicatriza até as exceções

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Tudo aquilo que causa arrepio

é como o desabrochar da loucura dedos cruzam fronteiras esfomeados unham a pele fendem um corpo (então) abandonado à beira do precipício e não há quem seja capaz de silenciar seu ruído

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antônio

quinta-feira é o dia que o lixeiro passa e antônio saiu de casa com um saco azul em cada mão – havia um nó nas pontas do plástico. ninguém gosta de ouvir falar de tristeza, e na vila onde mora antônio, preferem distribuir aos delirantes uma sopa cremosa de sorrisos, barras antipânico, tabletes de rivotril. eu sei que amanhã é sexta-feira e começa, e recomeça. o vizinho caridoso paga em dia o aluguel, e já passa da hora de acabar com o julgamento de deus, de cuspir a sopa morna; e de desamarrar os nós dos sacos. ah, antônio, vá mesmo por aí atrás do seu caminhão que passa às quintas, some suas casas, ache seu lugar, o que importa está nestes sacos.

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Da perseguição vou te contar o que só eu sei ninguém viu nem antes ou agora : é que eu me persigo estou sempre no meu encalço fico de butuca corro atrás

mas escapo passo a vida fugindo de mim mesmo

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Arroubo Então: eu sou você neste poema Sou quem chega no meio da madrugada te faço descer as escadas e me buscar de mim. E eu mesmo continuando você perco a linha e roubo tudo que é seu – cada uma de suas palavras.

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De pedra

era verde bem clarinha a parede era verde e aquele espelho ali arredondado e dourado como ele, dourado como um rei, era o mais bonito; encarou o rosto e sou eu que vou salvar olha só pra mim sou Ele e deixou o banheiro cheirando sabonete escolheu um cajado na rua e brandiu as chagas, olhem as minhas mãos amados, eu vou salvar um por um, ameaçava com o pedaço de pau rachar a cabeça de um mas isso é você que julga porque eu sim estou aqui a curar toda a mazela que como pedra jogaram na humanidade.

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Pátrio nasci no estado de consciência alterado

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Balada de um homem comum

para Stefanni Marion O letreiro neon acende a palavra “saída” Você está com a lata de cerveja na mão olha o relógio no pulso olha o neon à esquerda Uma hora antes dançava desembaraçado as pernas e os braços certinhos no compasso Duas horas antes você e seus amigos sua namorada seus desconhecidos participavam do jogo com regras coladas nas pedras Antes bem antes pagava a entrada o couvert a consumação no guichê n. 3 O letreiro neon acende a palavra “saída” e agora dois seguranças te agarram pela gola – e te apagam.

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Camisa de força

é querer amarrar um coelho num labirinto, vai pular tantas vezes quanto as patas curtas forem capazes, e mais ainda, até não poder. não aprisione não anoiteça regras em seus saltos. aqui não existe um só jeito de estar vivo. é preciso ficar sempre à espreita à espera, mesmo que esteja nu e de cócoras – não abra guarda não abra mão. nos tratados há alguém a dizer torto roto sujo. é mais prudente esgueirar-se pelas paredes roçando as costas nos pregos. as mãos espalmadas são seu susto seu manto protetor pelo sinuoso curso do tempo cheio de grãos de areia e sal.

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Fuga n. 5 aliás, você só se deu conta na penúltima noite por causa do barulho que fiz de tudo pra não te acordar quando fui dormir também pedi com vela e tudo inventando um jeito de fé com mãos cerradas, um mês antes, e então os dias que você morou ali pareciam até o pedido atendido vá na frente eu te falei estou sem sono sem órgãos foi quando mais tarde, no quarto dia notei meu corpo como o lugar do grito um ruído oco até amanhecer então saí e te tranquei do lado de dentro.

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Receita para ser só uma pessoa sozinha são claras em neve batidas à mão onde se lê: reserve separado da gema puro colesterol é num prato leve um ser aerado que pode ser usado sem distinção essa nuvem de ovo no entanto rende uma porção a menos e deixa tudo ao redor fofo

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Lunático daqui não sou mas o que invento é verdade

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Indigesto

Como um comprimido engulo este dia. De oito em oito horas me lembro não há remédio a não ser comer esta demora que a vida leva pra curar uma dor Meus dentes estão moles como balas de goma impossível mastigar estes segundos

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Catar conchinha Fecho na palma da mão esta nota Não uso força, não a aperto contra os dedos Faço uma concha com a mão levo-a ao ouvido posso ouvir a vibração ao toque da pele Uma nota que fantasio ser apenas minha uma espécie música particular Na palma da minha mão junto ao meu ouvido minha nota se esparrama entre os dedos (como se eu ouvisse o mar como se minha mão fechada contivesse grãos de areia) Uma nota só como um sol, um dó, eu te abro a mão prefiro que navegue.

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Último andar Eu te encontrava no elevador tinha um espelho daqueles que todo mundo fotografa mas a intimidade agora era a distância subindo desconhecendo nossos reflexos esmaecidos esquecidos das tantas vezes que te chamei pelo apelido diminutivo e sem ter o que falar – que não sou de gritos – silenciava andar por andar e eu repetia a capacidade máxima, o peso a placa schindler sem adivinhar o quanto de carga puxava no pensamento aquele quadrado suspenso por aço correntes que prendiam a respiração porque eu te tanto.

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Cena de mesa II a cadeira à sua frente está vazia você se vê? ela não vem você pensa não vem o café expresso como um pedido de desculpas ou uma vontade de despertar mas (muito) tarde agora àquela altura você vê já servem o almoço

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Nesses tempos

Meu bem, os tempos são outros

nossas roupas

rotas

estão penduradas

na cadeira

O amor

passeia ombro a

ombro

trança

artesanalmente

uma palavra

depois outra

É novo o tempo

apague, esqueço, as rasuras bem ali

aos meus pés

É hoje:

abandone-se

No caminho

as horas

ultrapassam

o tempo

o momento certo

do afeto.

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Sem açúcar

uma caneca de leite morno está sobre a mesa está pela metade ele acrescenta alguma coisa mistura a cor muda os olhos vidrados dela seguem o movimento da colher e bem que poderiam coalhar o leite

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Afeição meu coração bate na sua cara mas você não acorda nem a bofetadas

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Caixa postal

I. Carta

Você vai escrever pra mim ao menos um epitáfio? II. Selo Lambo aquele com um desenho comemorativo Um dia amarela

III. Incinerador

Não adianta escrever esse ps pedindo pra eu queimar depois de ler Me queimei antes

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Agradecimentos:

Adriana Villaça, Ana Paula Omena, Ana Rüsche, Carla Kinzo, Claudio Daniel, Diego Jock, Eduardo Lacerda, Frederico Barbosa, Leonardo Mathias, Paula Fábrio, Reynaldo Damazio, Ricardo Escudeiro, Stefanni Marion e Tarso de Melo. E agradeço ainda (e sempre) aos meus pais, Irene Melo de Aquino e Fernando do Carmo Aquino.

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Nota Alguns dos poemas que fazem parte deste livro foram publicados anteriormente em revistas e antologias. São eles: “Reza” – Celuzlose n. 2, São Paulo: Patuá/Dobra, junho 2012. “Perduração” – Outras Ruminações: 75 poetas e a poesia de Donizete Galvão, orgs.

Reynaldo Damazio, Ruy Proença e Tarso de Melo (São Paulo: Dobra, 2014). “Mal súbito” e “Indigesto” – Antologia Inaugural: Patuscada, orgs. Eduardo Lacerda,

Leonardo Mathias e Ricardo Escudeiro (São Paulo: Patuá, 2016).