Liliane Feldman

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IV Congresso ABESE Feldman LB 1 Dezembro 2011 Navio Costa Fortuna Dra. Liliane Bauer Feldman Instrutora da Fundação Vanzolini FCAV e do SINDHOSP Membro da REBRAENSP Membro do grupo de estudo e pesquisa GEPAV-SE da UNIFESP

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IV Congresso ABESE

Feldman LB 1

Dezembro 2011

Navio Costa Fortuna

Dra. Liliane Bauer FeldmanInstrutora da Fundação Vanzolini FCAV e do SINDHOSPMembro da REBRAENSP Membro do grupo de estudo e pesquisa GEPAV-SE da UNIFESP

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Dinâmica da palestra Qualidade vista sob o aspecto genérico

Experts referenciais da qualidade

Qualidade na saúde no Brasil e os pontos vulneráveis

A assistência de enfermagem nas dimensões do cuidar, ensinar, pesquisar e gerenciar com qualidade

Acreditação e Segurança.

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Participação evivência

Debater alguns cenários

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Qualidade de vida das pessoas de um país ou região...

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“Navegar nas dimensões:Cuidar, Ensinar, Pesquisar e Gerenciar”

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• Qualidade da água que se bebe ou do ar que se respira...

“Navegar nas dimensões:Cuidar, Ensinar, Pesquisar e Gerenciar”

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Qualidade do serviço prestado por uma determinada empresa...

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Quem têm um Celular de uma das marcas?

Quem está 100% satisfeito com o serviço?

Porque?

Quem está parcialmente satisfeito?

Porque?

Quem gostaria de trocar de celular?

Porque?

Qualidade de um produto tangível...

Exercício 1

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Como o termo tem diversas

utilizações,

o seu significado nem sempre é de definição clara e

objetiva.

• Produtos e/ou Serviços vendidos no mercado, há varias definições para Qualidade...

“Conformidade com as

exigências do cliente”

“Fazer bem a primeira vez”

“Adequação ao uso”

“Valor acrescentado que produtos similares não

possuem

“Relação custo-

benefício”

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Excelência

Serviço

e/ou

produto

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Qualidade

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Mestres da QualidadeDeming Crosby Juran Feigenbaum

A qualidade deve ter

como objetivo as

necessidades do usuário, presentes e

futuras

A conformidade

com as exigências

Adequação a finalidade

ou ao seu uso

O total das características de um

produto ou serviço referentes a marketing e

manutenção, pelas quais o produto ou serviço, quando em

uso, atenderá às expectativas do

cliente

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Do ponto de vista dos clientes, a qualidade não é unidimensional... Osclientes não avaliam um produto tendo em conta apenas uma das suascaracterísticas, masvarias...dimensão, cor, durabilidade, design, funções que desempenha

e outros = multidimensional

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Mestres da QualidadeDonabedian Mezomo Mello Bittar

Um paciente que interna para tratamento de uma doença e sai curado pode fazer uma péssima avaliação porque considerou as instalações ou o horário de visita inadequados

Papel do profissional -enfermeiro que define as necessidades do paciente e a extensão do atendimento que ele necessita.

Aprender...Pois em geral, os médicos superestimam seus próprios conhecimentos e comumente são refratários ao trabalho em equipe.

O grau no qual os serviços são prestadosaumentam a probabilidade de resultados favoráveis que em conseqüências reduzem os desfavoráveis

Avaliação do serviço de saúde tem 3

dimensões:

estrutura, processo e resultado.

Satisfação e efetividade

Educação contínua e

coperatividade

Prestação de serviços tem 2 componentes:

operacional/

comportamental -processo e a

percepção (do cliente e do prestador)Feldman LB 11

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Qualidade, um princípio!?

...Assim, fica difícil o cliente exprimir o que considera um produto de qualidade.

Entretanto, do ponto de vista da empresa, se o objetivo é oferecer produtos e serviços (realmente) de qualidade, é necessário saber isto de forma clara e objetiva.

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Para isso...Apurar quais são as necessidades dos clientes e, em função destas, definir os

requisitos de qualidade.

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Alguém conhece alguma organização de saúde

que consultou os pacientes, antes de

estabelecerem seus critérios de qualidade, para

conhecer o que os clientes/pacientes

desejavam?

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Qualidade como princípio organizacional

Como é ou foi construída / desenvolvida a

qualidade em seu local de trabalho?

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Princípios da Gestão da QualidadeÉ o processo de conceber, controlar e melhorar os

processos da empresa, quer sejam processos de gestão, de produção, de marketing, de gestão de pessoal, de faturação, de cobrança ou outros.

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Para que o compromisso com a qualidade seja assumido na organização, deve ser pactuado, desde os passos iniciais, um processo conjunto e cooperativo.

Nova filosofia que impregne na decisão dos Gestores em torná-los capazes de eliminar a ineficiência e os erros na forma como o serviço vem sendo prestado.

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Programa de Qualidade

Espera-se que as pessoas envolvidas:

Desejem a transformação

Padronizem seus métodos de trabalho

Usem os protocolos instituídos

Realizem cursos e treinamentos

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Participem da

capacitação in company

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Programa de Qualidade

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Vários autores diversos enfoques, mas há um consenso que a qualidade assistencial é complexa, ampla e cujos

componentes podem estar agrupados nos 7 pilares Donabedian

Legitimidade Otimização

Aceitabilidade

Efetividade Equidade

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Equidade = Todos têm direito

Efetividade = Atos úteis

+ Custos

Eficiência = custos Eficácia=

atos úteis

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Legitimidade: qualidade do cuidado além das ações

com o bem-estar da comunidade. Ex: A imunização e o

controle das doenças transmissíveis.

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Otimização= Custo/Benefício Vale a pena adicionar pequenas

melhorias se estas agregam um

montante desproporcionalmente

alto de custos?

.... Na questão de escassez de

recursos esta pergunta assume

um caráter fundamental no

planejamento das ações.

Aceitabilidade:Adaptação do cuidado aos

desejos, expectativas e

valores dos indivíduos e das

famílias

...relaciona-se a

acessibilidade, ou seja,

combinação de fatores

geográficos, organizacionais,

sócio-culturais e

econômicos.

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Equação da Avaliação de Qualidade...nem sempre tão simples de aplicar:

Nem sempre se encontram suficientemente estabelecidos

os critérios pelos quais pode-se determinar a utilidade das

ações;

A avaliação comumente não é imparcial e nem sequer

dotada de neutralidade técnica;

Ações dependem da visão, das expectativas daqueles que

participam da produção e do consumo em saúde, das

tomadas de decisões gerenciais e da continuidade dos

pontos pactuados;

Bom senso, mais de 2 avaliadores, ética, responsabilidade

individual e coletiva...bem maior aos interessados e outros.

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Ética vem do grego e significa comportamento, costume, está relacionada com a opção, ao desejo, sob a ótica do bem, do mal, do certo, do errado, do justo e do aceitável...

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Ética em qualidade e segurança nos serviços de saúde e de enfermagem ...

O poder gozar do mais elevado nível de saúde possível é um dosdireitos...sem distinção de raça, religião, convicções políticas, convicçõeseconômicas e sociais....a saúde de todos os povos é fundamental para sealcançar a paz e a segurança e depende da plena cooperação entreindivíduos e os Estados (OMS-CNE 1995)

Solidariedade

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Ética em qualidade e segurança de enfermagem ...

1) O que não é ético e não é seguro?

2) O que é ético e não seguro?

3) O que é não ético e é seguro?

4) O que é ético e seguro?

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Exercício 2

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Diferenças entre produto/produção e produto/saúde

PRODUTO SAÚDE

O cliente não se envolve com as pessoas que fabricam o produto

O cliente interage e está envolvido com as pessoas que lhe prestam os serviços

A fabricação do produto tem como meta a uniformidade

A meta da prestação do serviço saúde é a exclusividade e a personalização

O produto é feito longe do cliente O serviço é realizado junto e com o cliente

A produção é dependente parcial do consumo

A produção é freqüentemente simultânea ao consumo

Elaborado/ criado para preencher as necessidades e atender as exigências

Realizado para preencher as necessidades , responder as expectativase atender as diversidades

Faz avaliação pós consumo A avaliação é contínua durante e após a prestação do serviço

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Interação, atividade simultânea, envolvimento, fazer junto e com...

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Personalização, exclusividade, ser único...

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Avaliações contínuas, diversidades...

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O cenário da Qualidade no Brasil

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O cenário des ou qualificado da saúde no BrasilEm cinco anos, houve aumento de 30% de erros de enfermagem no Brasil –COFEn.

A falta de formação adequada e de consciência sobre a função exercida são as

principais causas dos erros de enfermagem - R7 noticias.

Fatos recentes mostraram conseqüências chocantes diante de procedimentos

simples (uma auxiliar de enfermagem cortou parte do dedo de uma criança de 4

anos e, outra auxiliar aplicou vaselina na corrente sanguínea provocou a morte

menina12 anos.)

Para o presidente do COFEn, Manuel Carlos Neri da Silva, situações como essas

mostram o despreparo dos profissionais, o que poderia ser sanado se houvesse

mais capacitação. Nos últimos dez anos a oferta de cursos de enfermagem

aumentou muito, mas nem todos têm a qualidade necessária. Isso se reflete no

número de profissionais disponíveis no mercado, capazes de fazer apenas

cuidados básicos de enfermagem.

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Mais do que a falha de atualização, o grande problema é a falta de cuidados

essenciais com o paciente, Coren-SP C.Porto.

A “falta de consciência de que o trabalho de enfermagem está ligado à vida e

que um ato, por mais banal que seja, pode ser a diferença entre a vida e a

morte” explica boa parte dos erros cometidos.

- As auxiliares de enfermagem sabiam que poderiam causar danos e tenho

certeza que não ignoraram isso. Mas o problema é que a nossa formação está

muito ligada ao conhecimento, à tecnologia, mas não se faz a formação moral.

Os defensores das auxiliares, em ambos os casos, afirmam que elas foram

induzidas a erro pela falta de estrutura dos locais de trabalho. Os especialistas

não descartam a hipótese, mas são unânimes em dizer que os erros não se

justificam por esse viés.

Porto reforça que a sobrecarga de trabalho pode, de fato, comprometer o

atendimento.

- A sobrecarga de trabalho naturalmente causa estresse, fadiga profissional, e

isso se soma ao baixo nível de remuneração, compensado com três, quatro

empregos. Mas isso não isenta a culpa.

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O cenário da Qualidade na área da Saúde no BrasilEnsinar, Pesquisar e Gerenciar

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Marziale Maria Helena Palucci. Enfermeiros apontam as inadequadas condições de trabalho como responsáveis pela deterioração da qualidade da assistência de enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem [serial on the Internet]. 2001 May [cited 2011 Dec 03] ; 9(3): 1-5. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692001000300001&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692001000300001.

Cuidar, Aiken L., U.Pensilvânia, entrevistou 43.329 enfermeiros de 711 hospitais (Estados Unidos,

Canadá, Alemanha, Inglaterra e Escócia) e a maioria está preocupado à qualidade da

assistência prestada aos seus pacientes.

• Sinalizaram a falta de pessoal, décadas de 80 e 90, muitas jovens decidiram recusar a

baixa remuneração e as difíceis condições de trabalho e partiram para outras profissões da

saúde, assim as enfermeiras mais velhas não foram substituídas mudando a

caracterização da força de trabalho 2001: 42 anos - 45 anos: 2010;

• Insatisfação pelo trabalho 40% dos enfermeiros e, um em cada cinco enfermeiros,

pretendia deixar o trabalho no período de um ano;

• O desgaste emocional pela piora da qualidade do cuidado de enfermagem as

condições de trabalho do enfermeiro em vários países da América do Sul são consideradas

piores àquelas vividas pelos enfermeiros americanos e europeus devido a sérias

dificuldades políticas e econômicas.

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1. Sinalizaram a falta de pessoal, componentes ameaçadores:

o número reduzido de enfermeiros na equipe de enfermagem (13,14%

COFEn)(14), as dificuldades em delimitar os diferentes papéis entre

enfermeiros, técnicos, auxiliares e a falta de um reconhecimento público

em geral, de quem é o enfermeiro.

a Situação política com o achatamento dos salários, estreitamento do

mercado de trabalho e o desemprego, levam os profissionais a atuar em

mais de um local de trabalho, exercendo uma carga horária mensal

extremamente longa(10).

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2. Insatisfação pelo trabalho - Enfermagem foi classificada pela Health

Education Authority(12), como a quarta profissão mais estressante, e são

poucas as pesquisas que procuram investigar os problemas associados ao

exercício da profissão do enfermeiro no Brasil.

Fatores intrínsecos para o trabalho (condições inadequadas de trabalho, turno de

trabalho, carga horária de trabalho, contribuições no pagamento, viagens, riscos, nova

tecnologia e quantidade de trabalho), papéis estressores (papel ambíguo, papel

conflituoso, grau de responsabilidade para com pessoas e coisas), relações no

trabalho (relações difíceis com o chefe, colegas, subordinados, clientes sendo

diretamente ou indiretamente associados), estressores na carreira (falta de

desenvolvimento na carreira, insegurança no trabalho devido a reorganizações ou

declínio da indústria), estrutura organizacional (estilos de gerenciamento, falta de

participação, pobre comunicação), interface trabalho-casa (dificuldade no

manejamento desta interface)

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3. O desgaste emocional pela piora da qualidade do cuidado de enfermagem - Os riscos no trabalho dependem do tipo de atividade profissional e das condições em que a mesma é desempenhada. Os serviços de saúde “hospitalar” proporcionam condições de trabalho reconhecidamente piores Longas jornadas em turnos desgastantes (vespertinos e noturno, domingos e feriados), nos rodízios, em multiplicidade de funções, repetitividade e monotonia, intensividade e ritmo excessivo de trabalho, ansiedade, esforços físicos, posições incômodas, diversidade do trabalho intelectual e manual, no controle das chefias, alta possibilidade de erros, acidentes e doenças . GASPAR, P.J.S. Enfermagem profissão de risco e de desgaste: perspectivas do enfermeiro do serviço de urgência. Nursing – Ed. Portuguesa, v. 10, n. 109, p. 24, mar. 1997

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Cuidar?!

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Ensinar

A profissão de Enfermagem evoluiu, assim como seu ensino MAS...

O caráter manual atribuído ao cuidado direto aos doentes contribui para sua desvalorização, visto que as atividades práticas são percebidas como de inferioridade em relação ao trabalho intelectual, próprio do médico, e como fator de desvalorização social;

A formação em Enfermagem não tem contribuído para a mudança na postura e, conseqüentemente, na imagem da enfermeira. A educação em Enfermagem ainda carrega a concepção de que as enfermeiras devem ser disciplinadas e obedientes, sem valorizar em suas atividades de ensino, o desenvolvimento de uma postura crítica, dando prioridade a aspectos de conduta e moral;

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O cenário da Qualidade na área da Saúde no Brasil

Cuidar, , Pesquisar e Gerenciar

Sanna MC, Secaf V. A imagem da enfermeira e da profissão na imprensa escrita. Rev Enferm UERJ 1996 dez;4(2):170-82. Nauderer TM, Lima MADS. Imagem da enfermeira: revisão da literatura. Rev Bras Enferm 2005 jan-fev; 58(1):74-7.

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Criação dos periódicos específicos de enfermagem:

Revista Brasileira de Enfermagem - REBEn (lançada em 1932, que conseguiu absorver a produção até 1966), a fim de atender ao volume de trabalhos e pesquisa que foi aumentando gradativamente.

a REEUSP, a Enfermagem Novas Dimensões (1979)

Revista Gaúcha de Enfermagem, Revista Paulista de Enfermagem (1967),

Revista Bahiana de Enfermagem e a Acta Paulista de Enfermagem.

Em 1971, foi reformulado o estatuto da ABEn)e criado o Centro de Pesquisa em Enfermagem (CEPEn), órgão destinado a incentivar a pesquisa na área de enfermagem.

Em 1981, foi instalado o 1º Curso de Doutorado em Enfermagem no Brasil e na América Latina, através da união de propósitos das duas Escolas de Enfermagem da USP (SP-RP).

Mostra que trajetória da pesquisa em Enfermagem é extremamente curta no Brasil, em intensidade muito lenta na primeira década, acentuando-se, gradativamente, até 2011.

A maior parte das pesquisas é do tipo descritivo e exploratório.Seus resultados têm o mérito de subsidiar novos projetos que busquem transformar a qualidade dos serviços prestados e do ensino ministrado.

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LEITE, J.L.; MENDES, I.A.C. Pesquisa em enfermagem e seu espaço no CNPq. Esc. Anna Nery Rev. de Enferm., v.4, n.3, p.389-394, 2000.

O cenário da Qualidade na área da Saúde no Brasil

Cuidar, Ensinar, e GerenciarPesquisar

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A cultura que marca a prática e a pesquisa conduzida pelas enfermeiras e docentes de enfermagem em seu cotidiano, apontam: receio de exposição e de divisão, a falta de articulação e dificuldade do trabalho em equipe.

Em outras palavras, ações nesta direção facilitariam a inserção ou liderança em projetos integrados, o que ampliaria de algum modo o espaço profissional e tornaria os projetos de pesquisa mais consistentes, a produtividade mais densa e de maior impacto.

Importantes objetos de pesquisa ....incluir o cuidar como tema gerador de produtos beneficia a clientela e a prática de enfermagem. (Mendes; Leite)

Enfermeiras de campo hospitalar têm mostrado dificuldades para participar de investigações científicas devido a questões próprias da formação, bem como das condições de trabalho. No entanto, reconhecem que a prática de cuidar deve estar embasada na prática de pesquisar, estimulando e auxiliando na aproximação de ambas em benefício da assistência.

O cenário da Qualidade na área da Saúde no Brasil

Cuidar, Ensinar, e GerenciarPesquisarTABELA 1-Distribuição da demanda espontânea por freqüência e porcentagem dos projetos segundo região de origem - 2000. REGIÕES F % Norte 02 0,75 Nordeste 20 7,70 Centro Oeste 08 3.03 Sudeste 202 76,50 Sul 32 12,02 TOTAL 264 100,00 Fonte: Planilha de Avaliação de Projetos de Pesquisa em Enfermagem - CA/MS - CNPq

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Os maiores empecilhos: A necessidade de maior crença das enfermeiras sobre os benefícios da pesquisa na prática; o isolamento nas discussões sobre pesquisa com colegas; sentimentos de incapacidade para avaliar a qualidade e a aplicabilidade de pesquisas.

Como limites organizacionais apontam: tempo insuficiente, no trabalho, para revisão e implementação de resultados e/ou novas idéias; autoridade insuficiente para proceder mudanças nos procedimentos assistenciais; falta de apoio ou cooperação de médicos e outros colegas; impedimentos por parte da administração para implementação de pesquisas e falta de tempo para leituras.

Como recomendações para implementar a pesquisa de enfermagem sugere-se:

- acolher e desenvolver temas de pesquisa advindos do próprio repertório das enfermeiras;

- promover a formação de uma rede de trabalho entre enfermeiras, educadoras e

pesquisadoras, ampliando horizontes, não só sobre os problemas do cotidiano, mas também

sobre as possibilidades metodológicas para resolvê-los;

- a estruturação de projetos de pesquisa que tomem como norteador a replicação de

estudos disponíveis na literatura;

- o compromisso das enfermeiras com o desenvolvimento do projeto de pesquisa e sua

formalização em instância superior da instituição.

Ana Maria DyniewiczI; Maria Gaby Rivero de Gutiérrez. Metodologia da pesquisa para enfermeiras de um hospital universitário. Rev. Latino-Am. Enfermagem vol.13 no.3 Ribeirão Preto May/June 2005

O cenário da Qualidade na área da Saúde no BrasilCuidar, Ensinar, e GerenciarPesquisar

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Feldman LB

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Gerenciar é avaliar.O tema avaliação em saúde é um termo polissêmico (muitos significados).

Na avaliação de “satisfação” do usuários, termo da moda inclusive na literatura internacional, é um conceito cujos contornos se mostram vagos, reunindo realidades múltiplas e diversas.

Gerenciar

Os conceitos atualmente oferecidos trazem uma abordagem limitada do tipo checklist para a obtenção da satisfação do paciente, no lugar de considerar diferentes valores, crenças e visões de mundo. Assim, os pesquisadores continuarão a selecionar os indicadores “mais óbvios” para a mensuração da satisfação (Turris).

Newsome & Wright - a percepção da qualidade antecede a satisfação do paciente: “Eu sei que Dr. X faz um trabalho de alta qualidade, embora eu não tenha sido seu paciente”. No entanto, a satisfação em geral só ocorre depois da experiência com o serviço: “Eu não posso te dizer o quanto estou satisfeito com Dr. X, porque eu nunca fui tratado por ele”.

Turris AS. Unpacking the concept of patient satisfaction: a feminist analysis. J Adv Nurs 2005; 50: 293-8. Newsome PRH, Wright GH. A review of patient satisfaction: 1. Concepts of satisfaction. Br Dent J 1999; 186:161-5.Esperidião MA; Bomfim LA. Avaliação de satisfação de usuários: considerações teórico-conceituais. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22(6):1267-1276, jun, 2006

O cenário da Qualidade na área da Saúde no Brasil

Cuidar, Ensinar, Pesquisar e

A avaliação do serviço de enfermagem tem recebido uma abordagem segundo a tríade de Donabedian - estrutura, processo e resultado.

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Avedis Donabedian

Estrutura

Processo

Resultado

Avaliação “É um processo para determinar qualitativamente e

quantitativamente mediante métodos apropriados, o valor de uma coisa ou acontecimento, oferecendo subsídios para ajustes

técnicos, administrativos e operacionais”

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Aplicabilidade

relativa

5= 10%Plenamente

aplicavel

15= 31%

Aplicavel

29= 59%

Aplicabilidade relativa

Aplicavel

Plenamente aplicavel

Não aplicável

Aplicabilidade do Instrumento para avaliação do serviço de

enfermagem segundo os Enfermeiros

Instrumento para avaliação do serviço de enfermagem

Tese

instrumento Feldman LB.xls

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Gerencia de EnfermagemA organização do trabalho na área hospitalar - estilo de gerência, ao longo do tempo, tem produzido efeitos negativos que prejudicam o processo de trabalho. Ex: as dificuldades para responder prontamente às necessidades dos clientes e dos trabalhadores, o que interfere de forma significativa na qualidade dos serviços prestados, pelo pouco vínculo com os clientes e muitos problemas do cotidiano. Spagnol (2000)

Criticado por vários autores: Santos (1986); Trevizan et al. (1991);Carrasco (1993); Collet et al.(1994); Ferraz (1995);

Fávero (1996); Bellato et al. (1997); Lima, M.A.D.S. (1998); Lima, R.C.D. (1998); Spagnol (2002), entre outros, que defendem e apostam numa outra configuração para a gestão de enfermagem hospitalar.

As relações hierárquicas AINDA são rígidas e o poder decisório ainda está centrado na figura do enfermeiro “chefe” que dá as ordens aos seus “subordinados”. Este por sua vez, parece que, na maioria das vezes, mantém no imaginário a figura do enfermeiro que se graduou SÓ para mandar e dar ordens.

Feldman LB43

O cenário da Qualidade na área da Saúde no Brasil

Cuidar, Ensinar, Pesquisar e Gerenciar

No exercício da gerência, o enfermeiro precisa deixar de supervalorizar somente o controle, a hierarquia, a ordem e a impessoalidade, para instituir práticas como a análise

do processo de trabalho, o diálogo, a participação e o debate junto com sua equipe e com a equipe multiprofissional.

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A função gerencial do trabalho do enfermeiro é pouco expressiva e as atividades de pesquisa da enfermeira são desconhecidas, havendo, respectivamente, uma e nenhuma referência a estas dimensões.

Entretanto, nem só de aspectos negativos sua imagem é constituída: a enfermeira foi apontada como sinônimo de prestação de cuidados, com conotação de carinho e eficiência.

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Sanna MC, Secaf V. A imagem da enfermeira e da profissão na imprensa escrita. Rev Enferm UERJ 1996 dez;4(2):170-82. Nauderer TM, Lima MADS. Imagem da enfermeira: revisão da literatura. Rev Bras Enferm 2005 jan-fev; 58(1):74-7.

Gerenciar

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É preciso encontrar estratégias de intervenção que propiciem aos trabalhadores deixarem de ser subordinados e passivos, os quais somente acatam as ordens dos seus superiores e deixam de exercer o seu papel de sujeitos produtivos e criativos no desenvolvimento do trabalho. Além disso, a formação destes profissionais, gerentes, deve possibilitar a aquisição de um referencial teórico, de análise e de intervenção, que permita uma reflexão constante da sua prática gerencial, do seu papel como coordenador da equipe de enfermagem e das relações sociais inerentes ao ambiente de trabalho.Sugestão buscar subsídios na saúde coletiva.

Campos (1997a) propõe, que a partir de novos conhecimentos e novas formas de agir, superar o eixo central de todas as escolas de administração que buscam de diferentes maneiras reduzir sujeitos humanos à condição de instrumentos dóceis aos objetivos da empresa, transformando-os em insumos ou em objetos.

Neste sentido, enfatiza que o desafio atual dos dirigentes está pautado na diretriz de se “governar

para produzir sujeitos !”

Carla Aparecida Spagnol. (Re)pensando a gerência em enfermagem a partir de conceitos utilizados no campo da Saúde Coletiva. Ciência & Saúde Coletiva, 10(1):119-127, 2005. Campos GWS 1997a. Considerações sobre a arte e a ciência da mudança: revolução da coisas e reforma das pessoas – o caso da saúde, pp. 29-87. In LCO Cecílio (org.). Inventando a mudança na saúde.Hucitec, São Paulo.

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Dificuldades dos enfermeiros

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Enfermeiros em diferentes grupos

ocupacionais apontam:

recursos humanos insuficientes não ter condições adequadas de trabalhoquando as pessoas não tem a mesma sintonia de idéias o relacionamento com os colegas e o barulho dos pacientes tipo de paciente, paciente que exige muitoeu lido com aluno que não conhece, não sabe lidar com um termômetro temos que resolver todos os problemas dos alunosser responsável pela qualidade do serviço preocupo com a qualidade da assistência e tenho que fazer muitas coisas ao mesmo tempo você não tem tempo, você tem sobrecargao desgaste emocional de saber o que fazer e saber que não vai dar contao salário não é compatível com o nível de instrução que a gente esperaganhar mal desestabiliza e gera estresse o que irrita é ver coisas que seriam facilmente resolvidas e não sãonão poder tomar determinadas decisõesas pessoas te cobrarem as coisas em um prazo muito pequeno cobrar e não ser reconhecido

Stacciarini JMR; Tróccoli BT . O estresse na atividade ocupacional do enfermeiro. Rev. Latino-Am. Enfermagem v.9 n.2 Ribeirão Preto mar./abr. 2001

Page 47: Liliane Feldman

Acreditação Hospital Barra D'Or (RJ) é exemplo de sucesso de acreditação, com

redução de 40% nos gastos do paciente

Um dos resultados concretos obtidos após a adesão aos protocolos

estabelecidos pela acreditação foi a diminuição dos índices de infecção. Em

série histórica de 2008/2009 e 2010 foi observada melhora de resultados

clínicos com menor tempo de internação. Com isso o gasto do paciente em

termos financeiro teve uma diminuição na ordem de 40%.

Feldman LB47

“A acreditação hospitalar não está validando um produto final, mas as boas práticas médicas, o controle interno, além de verificar se existe um modelo de gestão comprometido com isso, de forma a aumentar a possibilidade de bons resultados finais e de garantir a segurança do paciente”. “O que se busca com a certificação é melhorar a qualidade e a segurança dos serviços prestados”.

Hospital Estadual Sumaré (HES), interior do Estado de São Paulo, e Hospital Mãe de Deus (HMD), Porto Alegre (RS). Dois hospitais – público e privado, duas realidades diferentes e uma característica em comum: a acreditação hospitalar, um novo conceito de qualidade que combina segurança com ética profissional, responsabilidade e qualidade do atendimento.

“Os dois fazem parte do grupo de 31 hospitais que já estão acreditados no Brasil e que já entenderam a importância desse novo conceito de qualidade nos serviços de saúde”,

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Hospital da Unimed João Pessoa(PB) recebe certificado de qualidade Referência em procedimentos de alta complexidade

O processo de Acreditação foi iniciado em 2008 e uma das primeiras providências foi instituir o Escritório da Qualidade

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....uma série de melhorias foram realizadas: a implantação da Classificação de Riscos na urgência e emergência do Hospital, método que prioriza a assistência de acordo com a gravidade do caso; a identificação padronizada dos profissionais que trabalham na instituição; e a adoção de protocolos.

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Jordana Mendes Vicentini ,Nancy Julieta Inocente.A influência da cultura no processo de acreditação nas organizações de saúde. Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional -Universidade de Taubaté (UNITAU).

O desenvolvimento de Programas de Qualidade é uma necessidade em termos de

eficiência e uma obrigação do ponto de vista ético e moral. Toda instituição hospitalar, dada

a sua missão essencial a favor do ser humano, deve preocupar-se com a melhoria

permanente, de tal forma que consiga uma integração harmônica das áreas

médica, tecnológica, administrativa, econômica, assistencial e, se for o caso, das áreas

docentes e de pesquisa.

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Promotor chama de “briga de menino” problemas que afetam Hospital

J. Cohen 26-05-2011 O promotor André Seffair conceituou de“briga de menino” os problemas queafetam o Hospital Regional Jofre Cohen.Segundo ele, os problemas decorremprincipalmente da falta de comunicaçãoentre os administradores da saúde daquelehospital.Nos últimos meses, inúmeras foram asreclamações e denúncias de mauatendimento, falta de medicamentos ouprecariedade nas instalações do hospital ede todo o sistema de saúde de Parintins.Faltam médicos, remédios, e exames econsultas geralmente marcados com váriosdias de atraso.

Na administração do Hospital Jofre Cohen estáo médico Osvaldo ferreira, contratado pelogoverno do Estado, e no gerenciamento dosrecursos, está o Secretário de Saúde JosimarMarinho, pela prefeitura.Mas algumas acusações trocadas por ambosgeraram um mal estar para quem precisa doatendimento médico.Os dois já foram convocados na Câmara paraesclarecimentos.Segundo o promotor André Seffair aresponsabilidade da gestão do hospital éconjunta, logo, se está havendo má qualidadeno serviço prestado, quem deve responder sãoos dois, Estado e Município.Para ele, é preciso no mínimo havercomunicação entre aqueles que administram ohospital para haver qualidade no serviço.“Enquanto tiver essa briga velada não haveráqualidade no atendimento à população. Nãohá como melhorar, se essa briga de meninocontinuar, a política e o ego têm que serdeixados de lado”, comentou o promotor.

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Análise da situação sob aspectos da qualidade, segurança, ética, gestão e outros

Neste caso:

Identifique os pontos críticos;

Aponte e discuta os “acertos”;

Discuta e aponte os “erros”;

Como você faria?

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Exercício 4

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Conscientizar todos os enfermeiros pesquisadores do direito de pleitear recursos para o desenvolvimento de suas pesquisas em todas as modalidades de auxílios e bolsas, não só para impulsionar a investigação em enfermagem no país, como também para melhor podermos dimensionar o espaço da enfermagem nas agências de incentivo á pesquisa.

Isabel Amélia Costa Mendes; Joséte Luzia Leite

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Sendo o cuidado de enfermagem o objeto de nosso trabalho não podemos aceitar tal situação; para tanto devemos nos mobilizar para melhorar nossas condições de trabalho e continuar executando uma assistência de enfermagem de qualidade cumprindo assim nosso real papel profissional.

Maria Helena Palucci Marziale

Considerações Finais

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Não temos dúvida de que pesquisas podem colaborar no sentido de auxiliar na busca de soluções para alguns problemas desta categoria profissional.

Enfa Dra Jeanne M R Stacciarini; Psicologo Bartholomeu Tróccoli

A acreditação hospitalar é uma ferramenta que está sendo utilizada mundialmente, em todos os cinco continentes, em alguns países com adesão voluntária e em outros obrigatória pelo governo, tem evoluído seus processos continuamente para dar conta de alcançar com excelência seus objetivos.

Apesar de não evitar a ocorrência de erros profissionais, tem sido uma oportunidade das instituições de saúde melhorarem a qualidade do atendimento, atenção e cuidado ao paciente. Identifica-se a necessidade de uma mudança cultural nas instituições de saúde, qualificação dos profissionais, liderança, comprometimento, dentre outros fatores, para adesão e sucesso do processo.

Mônica Motta Duarte, Zenith Rosa Silvino

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Ferramentas

de

Gestão

Aprendizagem

em

grupo

Domínio

Pessoal

Competências

Raciocínio

Sistêmico

Objetivo

Comum

Cenário de Qualidade & Segurança hospitalar

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Processos de

Gestão

do

Cuidado

Efetividade

Parametrização

Segurança assistencial

Resultados com Melhoria Contínua e Minimização de Riscos

Assistência Qualificada

Gestão Eficaz com Otimização dos Resultados Financeiros

Marketing

Boas Práticas

IndicadoresModelo Assistencial

Planejamento Estratégico Tático Operacional

Padrão de Qualidade

Prevenção deDanos

Modelo de Qualidade do Cuidado e Segurança Hospitalar

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EVITAR

PROMOVER

AVANÇAR