LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

52
EXPEDITO ALVES DE LIMA A VALORIZAÇÃO DA CARREIRA MILITAR NO BRASIL Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Cel Inf R/1 HELENO MOREIRA Rio de Janeiro 2011

Transcript of LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

Page 1: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

EXPEDITO ALVES DE LIMA

A VALORIZAÇÃO DA CARREIRA MILITAR NO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Cel Inf R/1 HELENO MOREIRA

Rio de Janeiro 2011

Page 2: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

DIREITO AUTORAL E FICHA CATALOGRÁFICA

C2011 ESG

Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG _________________________________

Gen Bda EXPEDITO ALVES DE LIMA

Biblioteca General Cordeiro de Farias

Lima, Expedito Alves de. A Valorização da Carreira Militar no Brasil / Expedito Alves de Lima.- Rio de Janeiro: ESG, 2011.

42f.: il.

Orientador: Cel Heleno Moreira. Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao

Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2011.

1. Assuntos Militares 2. Carreira Militar no Brasil 3. Valorização da Carreira I. Título.

Page 3: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.
Page 4: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

AGRADECIMENTOS

À minha Família, pelo apoio e compreensão, principalmente nos meus momentos de

maiores apuros e involuntárias ausências, tornando mais facilitado o cumprimento

desta importante missão.

Aos Orientadores e Amigos, Coronel Inf R/1 Heleno Moreira e Coronel Com R/1

Paulo Roberto Vilela Antunes, pela colaboração, solidariedade e paciência

demonstradas em todas as fases de elaboração do presente trabalho.

À Turma Segurança e Desenvolvimento, pelas sobejas demonstrações de amizade,

respeito e consideração, em todas as atividades do CAEPE/2011.

A Deus, o maior dos Orientadores, fonte de sabedoria e infinita bondade, por ter-me

possibilitado saúde, inteligência e capacidade para vencer mais este desafio.

Page 5: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

RESUMO

O presente trabalho tem por propósito apresentar um estudo de aspectos

concernentes à Valorização da Carreira Militar no Brasil. Focando especialmente a

trajetória profissional do Oficial oriundo das tradicionais escolas de formação militar

das três Forças Singulares, após rápidas considerações alusivas a gestão de

carreiras em geral e às especificidades da profissão militar, reconhece nessa parcela

representativa da classe militar as principais dificuldades existentes para a

valorização da aludida carreira. Utiliza o autor, como metodologia, a pesquisa

qualitativa bibliográfica e documental, na busca de referenciais teóricos, valendo-se

também da sua vivência militar de quase quatro décadas na ativa do Exército

Brasileiro. Da análise da carreira militar, depreende a existência de atrativos e

frustrações, que passam fundamentalmente pela situação remuneratória e pela

carência de orçamento para aplicação nos equipamentos e no adestramento das

três Forças. A prevalência dessas frustrações significa graves ameaças para as

motivações, facilmente explicitadas nos resultados das pesquisas e entrevistas

realizadas. Sugere, no ensejo, abertura de debates sobre o tema, que deverão

evoluir para estudos mais aprofundados, visando atrair atenções para solução desse

grave problema. Uma vez constatadas e analisadas, possibilitam fundamentação

para propostas de modificações substanciais que, efetivamente, poderão trazer

melhorias para a valorização do capital humano das Forças Armadas brasileiras, em

perfeita sintonia com o que estabelece a Estratégia Nacional de Defesa, com as

implicações decorrentes para o fortalecimento da Expressão Militar do Poder

Nacional.

Palavras chave: Assuntos Militares. Carreira Militar no Brasil. Valorização da

Carreira.

Page 6: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

AGRADECIMENTOS

À minha Família, pelo apoio e compreensão, principalmente nos meus momentos de

maiores apuros e involuntárias ausências, tornando mais facilitado o cumprimento

desta importante missão.

Aos Orientadores e Amigos, Coronel Inf R/1 Heleno Moreira e Coronel Com R/1

Paulo Roberto Vilela Antunes, pela colaboração, solidariedade e paciência

demonstradas em todas as fases de elaboração do presente trabalho.

À Turma Segurança e Desenvolvimento, pelas sobejas demonstrações de amizade,

respeito e consideração, em todas as atividades do CAEPE/2011.

A Deus, o maior dos Orientadores, fonte de sabedoria e infinita bondade, por ter-me

possibilitado saúde, inteligência e capacidade para vencer mais este desafio.

Page 7: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

Onde quer que estejam, minha eterna

gratidão a todas as pessoas que, em

algum momento da minha trajetória de

vida, me incentivaram, me apoiaram e,

acima de tudo, souberam acreditar em

mim.

Page 8: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

DIREITO AUTORAL E FICHA CATALOGRÁFICA

C2011 ESG

Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG _________________________________

Gen Bda EXPEDITO ALVES DE LIMA

Biblioteca General Cordeiro de Farias

Lima, Expedito Alves de. A Valorização da Carreira Militar no Brasil / Expedito Alves de Lima.- Rio de Janeiro: ESG, 2011.

42f.: il.

Orientador: Cel Heleno Moreira. Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao

Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2011.

1. Assuntos Militares 2. Carreira Militar no Brasil 3. Valorização da Carreira I. Título.

Page 9: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.
Page 10: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

EXPEDITO ALVES DE LIMA

A VALORIZAÇÃO DA CARREIRA MILITAR NO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Cel Inf R/1 HELENO MOREIRA

Rio de Janeiro 2011

Page 11: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Tabela 1 Demonstrativo de Efetivos matriculados e Evasões (2002 a 2010) ..............16

Tabela 2 Demonstrativo da situação socioeconômica dos Efetivos matriculados

na EsPCEx, nos anos de 2002 a 2010 ..........................................................17

Gráfico 1 Situação da motivação atual pela carreira ....................................................25

Gráfico 2 Incidência da vontade de mudar de carreira ..................................................26

Gráfico 3 Situação da oferta de emprego civil recebida.................................................26

Gráfico 4 Situação da expectativa de colocação no Mercado de Trabalho Civil ...........27

Gráfico 5 Situação da realização profissional na carreira militar ...................................27

Page 12: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

40

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n° 6.880, de 9 de dezembro de 1980. Dispõe sobre o Estatuto dos Militares. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 dez.1980. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6880.htm>. Acesso em: 22 jul. 2011.

______. Decreto n. 5.484, de 30 de junho de 2005. Aprova a Política de Defesa Nacional e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 01 jul. 2005. Seção 1, p.5.

______. Decreto n. 6.703, de 18 de dezembro de 2008. Aprova a Estratégia Nacional de Defesa, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 19 dez. 2008. Seção 1, p.4.

______. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica. Centro de Comunicação Social da Aeronáutica. Guia de Profissões da Força Aérea Brasileira. Brasília, DF, 2011. ______. ______. ______. ______. Missão da Força Aérea Brasileira. Brasília, DF, 2011. Disponível em <http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?page=missao>. Acesso em 22 set. 2011.

______. ______. ______. ______. Plano Estratégico Militar da Aeronáutica 2010-2031. Brasília, DF, 2011.

______. ______. Comando do Exército. Centro de Comunicação Social do Exército. A Profissão Militar. Brasília, DF, 2011. Disponível em <http://www.exército.gov.br>. Acesso em 29 jul. 2011.

______. ______. ______. ______. Diretriz Geral do Comandante do Exército para o período 2011-2014. Brasília, DF, 2011. Disponível em <http://www.exército.gov.br>. Acesso em 5 ago. 2011.

______. ______. ______. ______. Missão e visão de futuro do Exército. Brasília, DF, 2011. Disponível em <http://www.exercito.gov.br/web/guest/missao-e-visao-de-futuro>. Acesso em 22 set. 2011.

______. ______. Marinha do Brasil. Centro de Comunicação Social da Marinha. Missão e visão de futuro da Marinha. Brasília, DF, 2011. Disponível em <http://www.mar.mil.br/menu_v/instituicao/missao_visao_mb.htm> Acesso em 22 set. 2011

______. ______. ______. Circular n.1, de 4 de janeiro de 2011. Orientações do Comandante da Marinha para 2011 – ORCOM 2011. Brasília, DF, 2011.

______. ______. ______. Portaria n. 314, de 10 de dezembro de 2007. Plano de Carreira de Oficiais da Marinha – PCOM. 8. rev. Brasília, DF, 2007.

______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa. ed. adm. Brasília: Secretaria Especial de Editoração e Publicações do Senado Federal, 2010.

Page 13: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

41

______. Portaria Interministerial n. 1.874-A, de 8 de julho de 2011. Constitui Grupo de Trabalho Interministerial com o objetivo de analisar os currículos dos cursos de formação de oficiais, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 21 jul. 2011. Seção 2.

CARDOSO, José Orlando Ribeiro. Novas Ameaças: reflexos para a defesa e segurança no Continente Sul-Americano. 2010. 59 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia).- Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro, 2010.

CAVAGNARI, Geraldo. Em que os militares miram. Revista Veja, São Paulo: 2007, v.40, n.47, p. 134, nov. 2007.

COSTA, Octávio. O Ofício de Oficial do Exército Brasileiro. Resende, 1982. Aula inaugural na Academia Militar das Agulhas Negras.

CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (Brasil). Manual Básico. Rev. Rio de Janeiro, 2009. 2v.

______. ______. Manual para elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso: monografia. Rio de Janeiro, 2011.

Hecksher NETO, Mario. As Forças Armadas e o Futuro [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por < [email protected]> em 28 jul. 2011.

HERZBERG, Frederick. Novamente como se faz para motivar funcionários? São Paulo: v.1, n.13, Biblioteca Harvard de Administração de Empresas, 1975.

HUNTINGTON, Samuel P. O Soldado e o Estado. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1996.

LAMOUNIER, Renato Paiva. A Estratificação Social nas Forças Armadas. Air and Space Power Journal, Alabama (USA), 1999, v.XI, n.4, p. 58-60, abr, 1999. Disponível em http://www.airpower.maxwell.af.mil/apjinternational/apjipor.html. Acesso em: 30 jun. 2011.

MASLOW, Abraham H. Motivation and personality. 2 ed. New York: Harper&Row, 1970.

MOTTA, Jehovah. Formação do Oficial do Exército. 2. ed. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 2001.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Plano de Carreira: foco no indivíduo. São Paulo: Atlas, 2008.

OLIVEIRA Junior, Onaldo Pinto de. A importância da motivação na carreira militar. 2009. 45f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Gestão e Assessoramento de Estado-Maior) – Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2009.

Page 14: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

42

PORTO, Jonatas Magalhães. Evasão de jovens oficiais nos tempos atuais: uma discussão mais abrangente. 2010. 80 f. Monografia (Curso de Políticas e Estratégias Marítimas) - Escola de Guerra Naval, Rio de Janeiro, 2010.

SILVA, Robson Augusto da. Militares pela Cidadania. Maricá. P.da C.Editora, 2010.

Page 15: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

RESUMEN

El propósito de este trabajo, es presentar un estudio de los aspectos relativos a la

Valoración de la Carrera Militar en Brasil. Con especial atención al Oficial de carrera

graduados en las escuelas de formación militar tradicional de las tres Fuerzas

Armadas, después de unas breves palabras alusivas a la gestión de la carrera en

general y las específicas de la profesión militar, reconoce que parte de la clase

representativa militar de las principales dificultades para la valorización de la carrera

antes mencionada. El autor utiliza como metodología, la literatura de investigación

cualitativa y documentos públicos en la búsqueda de marcos teóricos, basándose

en su experiencia militar durante casi cuatro décadas en activo del Ejército

Brasileño. Un análisis de las Fuerzas Armadas, inferir la existencia de frustraciones

y atractivos, que pasan fundamentalmente por la situación remunerativa y la falta

de presupuesto para la implementación de equipos y entrenamiento de las trés

Fuerzas. La prevalencia de estas frustraciones significa serias amenazas a las

motivaciones, fácilmente explicadas en los resultados de encuestas y entrevistas

realizadas. Se sugiere abrir debate sobre el tema, profundizándolos para atraer la

atención a la solución de este grave problema. Una vez detectados y analizados,

sustentaran las propuestas de cambios sustanciales que aportaran mejoras en el

capital humano de las Fuerzas Armadas Brasileñas, en armonía con el

establecimiento de la Estrategia de Defensa Nacional, con implicancias para la

expresión del fortalecimiento militar del Poder Nacional.

Palabras clave: Asuntos Militares. Carrera militar en Brasil. Valorar Carrera.

Page 16: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

RESUMO

O presente trabalho tem por propósito apresentar um estudo de aspectos

concernentes à Valorização da Carreira Militar no Brasil. Focando especialmente a

trajetória profissional do Oficial oriundo das tradicionais escolas de formação militar

das três Forças Singulares, após rápidas considerações alusivas a gestão de

carreiras em geral e às especificidades da profissão militar, reconhece nessa parcela

representativa da classe militar as principais dificuldades existentes para a

valorização da aludida carreira. Utiliza o autor, como metodologia, a pesquisa

qualitativa bibliográfica e documental, na busca de referenciais teóricos, valendo-se

também da sua vivência militar de quase quatro décadas na ativa do Exército

Brasileiro. Da análise da carreira militar, depreende a existência de atrativos e

frustrações, que passam fundamentalmente pela situação remuneratória e pela

carência de orçamento para aplicação nos equipamentos e no adestramento das

três Forças. A prevalência dessas frustrações significa graves ameaças para as

motivações, facilmente explicitadas nos resultados das pesquisas e entrevistas

realizadas. Sugere, no ensejo, abertura de debates sobre o tema, que deverão

evoluir para estudos mais aprofundados, visando atrair atenções para solução desse

grave problema. Uma vez constatadas e analisadas, possibilitam fundamentação

para propostas de modificações substanciais que, efetivamente, poderão trazer

melhorias para a valorização do capital humano das Forças Armadas brasileiras, em

perfeita sintonia com o que estabelece a Estratégia Nacional de Defesa, com as

implicações decorrentes para o fortalecimento da Expressão Militar do Poder

Nacional.

Palavras chave: Assuntos Militares. Carreira Militar no Brasil. Valorização da

Carreira.

Page 17: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 8

2 A PROFISSÃO MILITAR...................................................................................

12 2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS............................................................................. 12 2.2 ESPECIFICIDADES DA CARREIRA MILITAR ................................................. 12 2.3 A CARREIRA DO OFICIAL DAS FORÇAS ARMADAS.................................... 15 2.4 ATRATIVOS E FRUSTRAÇÕES....................................................................... 21 3 MOTIVAÇÕES AMEAÇADAS.......................................................................... 23 3.1 TEORIAS E PRÁTICA....................................................................................... 23 3.2 A PESQUISA E OS RESULTADOS.................................................................. 24 4 VALORIZAÇÃO DO CAPITAL HUMANO DAS FORÇAS ARMADAS............ 30 4.1 OS VALORES EM AÇÃO.................................................................................. 30 4.2 PLANEJAMENTOS, DIRETRIZES E EXPECTATIVAS.................................... 32 5 CONCLUSÃO.................................................................................................... 36

REFERÊNCIAS................................................................................................. 40

Page 18: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

8

1 INTRODUÇÃO

É graças aos soldados, e não aos sacerdotes, que podemos ter a religião que desejamos. É graças aos soldados, e não aos jornalistas, que temos liberdade de imprensa. É graças aos soldados, e não aos poetas, que podemos falar em público. É graças aos soldados, e não aos professores, que existe liberdade de ensino. É graças aos soldados, e não aos advogados, que existe o direito a um julgamento justo. É graças aos soldados, e não aos políticos, que podemos votar... Presidente BARACK OBAMA, em discurso no Memorial Day (30 de maio de 2011).

De forma vibrante e entusiástica, o líder da Nação mais poderosa do mundo

atual manifesta publicamente reconhecimento, gratidão e apreço pelos seus

Soldados e pelo que representam para o País, nas mais variadas situações, como

defensores dos interesses da superpotência hegemônica, onde quer que estes

sejam visualizados. Diferentemente, vozes que se dizem representativas de grupos

da sociedade e mesmo de setores da esfera governamental de países emergentes,

inclusive o Brasil, em impatrióticas cantilenas, surgem volta e meia a entoar

questionamentos a respeito da necessidade de existência de suas Forças Armadas.

Para muitos, o ideário de País pacífico e os interesses não imperialistas

causam a falsa sensação de que o Brasil esteja livre de sofrer agressões ou de ver-

se diante de uma variada gama de situações de risco para sua soberania ou

integridade territorial.

Por outro lado, com o fim da Guerra Fria, novos temas e ameaças difusas

tais como narcotráfico, lavagem de dinheiro, contrabando e tráfico de armas,

imigração clandestina, terrorismo, crime organizado e corrupção, dentre outras,

passaram a fazer parte do cenário internacional, com acentuada incidência sobre o

continente Sul-Americano, o que implica na compulsória adoção de medidas

emergenciais de segurança e defesa por parte dos países, inclusive o Brasil, no

propósito de neutralizar ou reduzir seus efeitos.

Vigente a partir de 2008, a Estratégia Nacional de Defesa (END) tem o

propósito precípuo de compatibilizar as Forças Singulares com a estatura político-

estratégica da Nação brasileira, evidenciando a necessidade de modernização das

mesmas, focada em ações estratégicas de médio e longo prazo, com atuação em

três eixos estruturantes: reorganização das Forças Armadas, reestruturação da

indústria brasileira de material de defesa e política de composição dos efetivos.

O tema A Valorização da Carreira Militar no Brasil, objeto do presente

estudo, identifica-se preponderantemente com a política de composição dos efetivos,

Page 19: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

9

uma vez que diz respeito ao que as três Forças têm de mais importante: seus

Recursos Humanos. São eles que, prontamente, tem respondido em todas as

situações, sempre fiéis à sua destinação Constitucional, conseguindo atuações

exitosas, não obstante as dificuldades conjunturais de toda ordem a que são

submetidos.

Obviamente, não são menos importantes os outros dois eixos estruturantes

mencionados, mormente por definirem diretrizes concernentes aos setores

cibernético, espacial e nuclear, bem como ao desenvolvimento de tecnologias sob

domínio nacional para o atendimento às necessidades de equipamentos, ora

influenciando ora sendo influenciados sobremaneira pela atuação dos Recursos

Humanos das três Forças.

Os planejamentos e alocação de recursos de toda ordem, para os

investimentos e suas melhorias decorrentes, devem suceder aqueles diretamente

relacionados ao capital humano das Instituições, mais especificamente os quadros

profissionais.

É fato inquestionável que os novos tempos impõem mudanças, as quais

necessitam ser adequadamente diagnosticadas, para sua correta e efetiva

implementação. Conforme destaca Porto (2010, p. 8): “há uma série de fatores

atuando de forma conjugada e sistêmica que, pela dinâmica das forças envolvidas,

geram imprevisibilidade e incerteza para as organizações[...]”. São fatores que

relacionam-se às mudanças econômicas, tecnológicas, sociais, culturais, legais e

políticas, entre outras.

Nesse enfoque, depreende-se que as Forças Armadas também estão

passando por transformações, com inevitáveis reflexos diretamente sobre os seus

Recursos Humanos e questões deles decorrentes, as quais devem ser

adequadamente identificadas para que possam ser tratadas com oportunidade.

Feitas essas considerações de natureza introdutória, cabe aqui destacar que

se pretende com o presente estudo evidenciar a existência de graves motivos que,

atingindo diretamente a classe militar, desgostam e desgastam seus integrantes,

empalidecendo-lhes o entusiasmo profissional, com reflexos desfavoráveis para as

próprias Instituições. A carência de atrativos e de oportunidades compatíveis com as

características peculiares da profissão militar, num ambiente de descaso e apatia da

sociedade e das três esferas dos Poderes constituídos, em relação ao estamento

militar, frustram e prejudicam intensamente sua realização profissional e pessoal,

Page 20: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

10

refletindo negativamente no desempenho das atividades e até mesmo na escolha da

carreira.

Nesse contexto, buscar-se-á uma breve análise de aspectos concernentes

ao assunto, com enfoque especialmente para a Carreira do Oficial da linha bélica, no

intuito de destacar sua importância e seus valores, bem como identificar problemas

existentes, considerando a relevância e complexidade do mesmo.

Pretende-se, no ensejo, fomentar discussão a respeito de medidas para

melhoria no aproveitamento dos Recursos Humanos nas diferentes Instituições

Militares regulares, alertando para que seja dada prioridade a estudos para

aperfeiçoamento de projetos e ações em curso destinados à obtenção da adequada

Valorização da Carreira Militar no Brasil, o que, seguramente, trará significativos

resultados para o fortalecimento da Expressão Militar1 do Poder Nacional2.

Dentre as muitas indagações relacionadas ao tema proposto, foram

selecionadas duas delas, consideradas pela sua elevada relevância:

- por que a efetiva e justa Valorização da Carreira Militar no Brasil tem sido

tão difícil?

- como poderá ser obtida a adequada valorização para a mencionada

Carreira, conforme preconizado dentre as medidas estabelecidas pela Estratégia

Nacional de Defesa?

Entende-se que, pela sua importância, os aspectos ora propostos não

poderão ser revestidos de puro formalismo e cortesia. Ao contrário, precisarão ser

alvos de uma abordagem franca e sincera, sugerindo ainda a abertura de vasta

frente de debates, que devem ser transformados em plataforma para estudos mais

aprofundados, visando atrair atenções para solucionar tão grave problema.

Para servir de esteio ao que se pretende expor, serão preliminarmente

identificados os caminhos que se descortinam para a preparação intelectual e

profissional daqueles que fazem a opção pela carreira do Oficial, passando por uma

das três escolas de Formação de Oficiais (Escola Naval, Academia Militar das

Agulhas Negras ou Academia da Força Aérea), e realizando os imprescindíveis

1 Segundo a Doutrina da ESG, Expressão Militar do Poder Nacional é a manifestação de natureza

preponderantemente militar do Poder Nacional, que contribui para alcançar e manter os Objetivos Nacionais.(Manual Básico da ESG, Volume II, 2009, p.69). 2 Segundo a Doutrina da ESG, Poder Nacional é a capacidade que tem o conjunto de Homens e

Meios que constituem a Nação para alcançar e manter os Objetivos Nacionais, em conformidade com a Vontade Nacional. (Manual Básico da ESG, Volume I, 2009, p.31).

Page 21: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

11

cursos de Especialização, Aperfeiçoamento e Altos Estudos Militares, cada um no

seu adequado momento, tanto da profissão quanto da vida.

Assim é que, nos tópicos que se sucedem, o autor discorrerá sobre o

assunto, valendo-se de pesquisa realizada, de informações constantes das

referências bibliográficas e, principalmente, da sua vivência militar de quase quatro

décadas, a partir do seu ingresso na Escola Preparatória de Cadetes do Exército

(EsPCEx), no ano de 1972.

Além dos aspectos levantados da própria experiência profissional, foram

também aproveitadas considerações e opiniões obtidas em entrevistas informais

com Oficiais das Forças Singulares, cujas contribuições foram de grande valia para a

consecução do presente trabalho.

Page 22: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

12

2 A PROFISSÃO MILITAR

Senhor, umas casas existem, no vosso reino onde homens vivem em comum, comendo do mesmo alimento, dormindo em leitos iguais. De manhã, a um toque de corneta, se levantam para obedecer. De noite, a outro toque de corneta, se deitam obedecendo. Da vontade fizeram renúncia como da vida[...]. A gente conhece-os por militares[...]. (MONIZ BARRETO - Carta a El-Rei de Portugal, 1893).

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Do significado da palavra carreira depreende-se o sentido de profissão,

denominação genérica para atividade humana qualquer. Ao longo do tempo, o

conceito de carreira, tido como um dos mais complexos de se caracterizar, tem

sofrido fortes transformações, notadamente a partir da Revolução Industrial.

Atualmente, as concepções de carreira associam-se tanto para a área de

formação acadêmica, quanto para as organizações. Na primeira, mais conhecida

como carreira profissional, identifica-se a trajetória profissional de cada indivíduo,

qualquer que seja sua área de formação. Na segunda, a carreira organizacional,

caracteriza-se a trajetória profissional dentro das instituições, sejam elas de direito

público ou privado.

No entendimento prévio do significado de profissão como um tipo peculiar de

grupo funcional com características altamente especializadas, de forma inequívoca

nele se enquadram os militares. A Profissão Militar é uma das quatro profissões

consideradas clássicas, assim como o Direito, a Medicina e o Ministério Religioso,

por terem sido as primeiras a reunir o conjunto de características que até hoje

identificam uma profissão verdadeiramente reconhecida, sendo que a história da

Profissão Militar se confunde com a criação do Estado moderno, de quem é ao

mesmo tempo ferramenta e produto (Silva, 2010, p.5).

2.2 ESPECIFICIDADES DA CARREIRA MILITAR

Da análise da expressão carreira militar, surge a constatação de que esta

não é uma atividade puramente profissional como as outras, um emprego ou

ocupação comum, mas acima de tudo um ofício absorvente e exclusivista, que exige

dedicação integral de todas as horas, impondo destinos ao militar e a toda sua

família, em uma abrangente vivência nacional.

Page 23: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

13

Dentro da carreira militar aduz-se que existem na verdade várias carreiras,

surgidas a partir da criação das Instituições Militares permanentes. Cada uma delas

significa um caminho a ser percorrido por aqueles que as escolheram e define a vida

militar desde o seu ingresso, num dos centros de formação, passando pelo

aprimoramento com a realização de cursos de especialização, aperfeiçoamento e

altos estudos, bem como na permanente aquisição de conhecimentos e experiências

do dia a dia, até chegar à inatividade.

Independente de eventuais atrativos materiais, geralmente de pouca

expressão, a condição essencial para ser um bom profissional militar é a vocação,

que, na definição de Oliveira (2009, p. 202), significa: “o ato de explicitar uma

predestinação de um talento ou aptidão para uma atividade de maior ou menor

abrangência, e que proporciona sustentação para o desenvolvimento profissional,

com qualidade de vida”. Essa é a característica maior que difere os militares,

externamente semelhantes pelo uso de uniformes padronizados no âmbito da Força

a que pertencem.

O assunto permite lembrar a célebre consideração de que, para os

verdadeiros profissionais vocacionados “a farda não é uma veste - que se despe

com facilidade e até com indiferença - mas uma outra pele que, uma vez

definitivamente incorporada, pelos compromissos assumidos, dificilmente se

arrancará do fundo da alma daqueles que por ela optaram3”.

Em face das peculiares atividades que desenvolvem no contexto de uma

dentre as poucas carreiras específicas de Estado, os integrantes das Forças

Armadas, por força de lei, estão sujeitos a um regime jurídico diferenciado.

Necessário também se torna assinalar a relevância dada às suas experiências de

vida, associadas primordialmente à vivência profissional e nacional, determinantes

para a assunção de funções com elevado grau de responsabilidade.

A recém-implantada Estratégia Nacional de Defesa foi balizada no contexto

de uma moderna política de defesa nacional, em busca de sintonia com o

desenvolvimento do País. Ao tratar dos Recursos Humanos, evidencia a

necessidade de promover a valorização da profissão militar de forma compatível

com seu papel na Sociedade brasileira, o que traz à baila uma realidade hoje muito

3 Palavras de iniciação, proferidas pelo Gen OCTÁVIO COSTA, Vice-Chefe do DEP, na aula

inaugural da AMAN/82.

Page 24: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

14

diferente e desconfortante para aqueles que dedicam parcela significativa de suas

vidas ao serviço da Pátria.

Duas décadas antes, a importância das Forças Armadas já se fazia constar

na nova Carta Magna, com nítidas inspirações nas questões históricas e culturais. A

Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988, assim

estabeleceu:

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem[...]. (BRASIL, 1988).

Destaca-se, sobretudo, o papel desempenhado pelas Forças Armadas, de

vital importância para o desenvolvimento do Estado, considerando sua missão

precípua de defender a Pátria, garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem.

No cumprimento efetivo dessas relevantes missões, proporcionam a sustentação

necessária à preservação do Estado Democrático de Direito, o que por si só justifica

a razão da sua existência e as torna essenciais para que o Brasil, com segurança e

paz social, possa prosseguir na sua trajetória de evolução e desenvolvimento.

As bases fundamentais das Instituições Militares permanentes são a

hierarquia e a disciplina, razão pela qual são estas tão significativamente valorizadas

por aquelas.

A Lei nº 6.880, de 9 de dezembro de 1980, tradicionalmente conhecida

como Estatuto dos Militares, assim estabelece:

Art. 3° Os membros das Forças Armadas, em razão de sua destinação constitucional, formam uma categoria especial de servidores da Pátria e são denominados militares[...]. (BRASIL, 1980).

No desempenho da sua atividade, o militar está sujeito a situações

específicas que, no seu conjunto, não se verificam nas demais profissões. Em

síntese, as características mais marcantes da profissão militar, destacadas pelo

Exército Brasileiro e comuns para as três Forças, são as seguintes:

a. Risco de vida;

b. Sujeição a preceitos rígidos de disciplina e hierarquia;

c. Dedicação exclusiva;

d. Disponibilidade permanente;

Page 25: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

15

e. Mobilidade geográfica;

f. Vigor físico;

g. Proibição de participar de atividades políticas;

h. Proibição de sindicalizar-se e de participação em greves ou em

qualquer movimento reivindicatório;

i. Restrições a direitos sociais;

j. Vínculo com a profissão; e

k. Consequências para a família.

2.3 A CARREIRA DO OFICIAL DAS FORÇAS ARMADAS

Considerando as muitas áreas de atuação e níveis de hierarquia existentes

nas três Forças Singulares, aliadas à exiguidade do prazo estabelecido para o

presente trabalho, empreender a análise completa da carreira militar de todos os

postos e graduações, nas diferentes atividades da Marinha, Exército e Força Aérea,

resultaria em exaustivo compêndio, que traria consigo um repertório de informações

similares e pontos coincidentes, em geral.

Para fins de delimitação, priorizou-se focalizar aspectos comuns,

identificados na carreira do Oficial oriundo da Academia Militar das Agulhas Negras

(AMAN), os quais se verificam também com relação aos procedentes das demais

Instituições de Ensino Militar congêneres, a Escola Naval (EN) e a Academia da

Força Aérea (AFA), como grupos representativos de elevada expressão da carreira

militar das Forças Armadas brasileiras.

De maneira intencional, o presente estudo detém-se e dá maior enfoque aos

dois extremos da carreira: o seu início (mais precisamente o período da formação do

futuro Oficial, realizada numa das escolas militares), e o último posto de Oficial

Superior (Capitão-de-Mar-e-Guerra e Coronel). Procura, também, caracterizar

aspectos comuns da trajetória profissional da maioria dos Oficiais, considerando

que, face a estrutura piramidal das Instituições Militares, poucos dentro de cada

Turma terão a possibilidade de ser promovidos ao Generalato.

A formação militar bélica, para a maioria da Oficialidade, tem início ainda em

plena adolescência. Abrindo suas portas, a Marinha do Brasil e a Força Aérea

Brasileira contam, respectivamente, com o Colégio Naval (Angra dos Reis-RJ) e a

Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Barbacena-MG), onde são matriculados

anualmente centenas de jovens concludentes do ensino fundamental, aprovados em

Page 26: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

16

concurso público a nível nacional, para ali cursarem os três anos do ensino médio e

darem início à sua formação militar, após o que ingressam nas escolas militares de

nível superior, quais sejam, a Escola Naval (Rio de Janeiro-RJ) e a Academia da

Força Aérea (Pirassununga-SP). O ingresso diretamente nessas escolas é

possibilitado também, anualmente, para candidatos civis concludentes do ensino

médio, mediante aprovação em concurso público nacional.

No caso do Exército, até o presente ano o pretendente à carreira de Oficial

prestava concurso para realização da 3ª série do ensino médio na Escola

Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), sediada em Campinas-SP, tida

como porta de entrada exclusiva para o subsequente acesso à Academia Militar das

Agulhas Negras (Resende-RJ). Por ocasião de palestra proferida durante a visita da

Comitiva da ESG, ocorrida em 05 de agosto último, o comandante da EsPCEx

informou a respeito da implementação de modificações a partir de 2012, segundo as

quais passará a ser requerido o ensino médio completo para aqueles que desejarem

ingressar na referida Escola, a qual assimilará encargos de escola de nível superior,

com currículo integrado para prosseguimento no 1º ano do curso da AMAN e sua

continuidade até o final do 4º ano naquela Academia Militar, após o que serão

declarados Aspirantes-a-Oficial do Exército Brasileiro.

Por oportuno, cabe aqui apresentar como referência a situação

correspondente às Turmas de Aspirantes-a-Oficial egressos da AMAN nos últimos

cinco anos (de 2006 a 2010), que ingressaram na EsPCEx nos anos de 2002 a

2006, conforme demonstrado na tabela que se segue.

Tabela 1 – Demonstrativo de Efetivos matriculados e Evasões (2002 a 2010)

EsPCEx AMAN

MATRICU-

LADOS

CONCLUDEN-

TES

EVASÃO (durante

o Curso EsPCEx)

MATRICU-

LADOS CONCLUDENTES

EVASÃO

(durante o Curso

AMAN)

ANO EFETI-

VO EFETIVO

EFETI-

VO % ANO

EFETI-

VO ANO

EFETIVO

(AspOf) EFETIVO %

2002 472 446 26 5,51% 2003 428 2006 382 46 10,75%

2003 506 477 29 5,73% 2004 455 2007 434 21 4,62%

2004 492 448 44 8,94% 2005 434 2008 378 56 12,90%

2005 514 493 21 4,09% 2006 491 2009 444 47 9,57%

2006 475 432 43 9,05% 2007 418 2010 359 59 14,11%

Fonte: Divisão de Ensino/EsPCEx.

Da análise do quadro apresentado constata-se, por exemplo, que a mais

recente turma formada, composta por 359 Aspirantes-a-Oficial declarados em 27 de

Page 27: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

17

novembro de 2010, teve o alvorecer da carreira militar em 2006, ocasião em que

foram matriculados na EsPCEx 475 alunos, dos quais 418 ingressaram no 1º ano da

AMAN em 2007. Daquele efetivo de 475 jovens iniciantes, ocorreram até a

declaração de Aspirantes-a-Oficial 116 evasões, correspondentes ao percentual

geral de 24,42% (maior percentual geral de evasões desde 2000), por motivos

variados (desistências, inadaptações à carreira, falta de aproveitamento escolar,

problemas de saúde).

Outro aspecto julgado pertinente ao assunto diz respeito ao perfil

socioeconômico dos jovens que ingressam anualmente nas escolas militares.

Tomando por referência as turmas que ingressaram na EsPCEx de 2007 a 2010,

observa-se a expressiva parcela dos seus integrantes, oriundos de famílias com

renda mensal de até R$ 3.000,00 (classes “C” e “D”), conforme apresentado na

tabela abaixo.

Tabela 2 – Demonstrativo da situação socioeconômica dos Efetivos matriculados na

EsPCEx, nos anos de 2002 a 2010.

Ano Renda Familiar Qtde %

2007

Até R$ 1.000,00 67 13,37

De R$ 1.001,00 a R$ 3.000,00 199 39,72

De R$ 3.001,00 a R$ 5.000,00 152 30,34

A partir de R$ 5.001,00 84 16,57

Efetivo Total 502 100,00

2008

Até R$ 1.000,00 42 8,37

De R$ 1.001,00 a R$ 3.000,00 213 42,43

De R$ 3.001,00 a R$ 5.000,00 166 33,07

A partir de R$ 5.001,00 81 16,14

Efetivo Total 502 100,00

2009

Até R$ 1.000,00 36 7,13

De R$ 1.001,00 a R$ 3.000,00 199 39,41

De R$ 3.001,00 a R$ 5.000,00 174 34,46

A partir de R$ 5.001,00 96 19,01

Efetivo Total 505 100,00

2010

Até R$ 1.000,00 24 4,55

De R$ 1.001,00 a R$ 3.000,00 202 38,26

De R$ 3.001,00 a R$ 5.000,00 173 32,77

A partir de R$ 5.001,00 129 24,43

Efetivo Total 528 100,00 Fonte: Divisão de Ensino/EsPCEx.

Com base nas informações acima, verifica-se a existência de um percentual

médio de aproximadamente 50% em relação aos efetivos totais matriculados, de

Page 28: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

18

alunos oriundos de famílias que se sustentam com as rendas mais baixas, o que

significa, sob outro enfoque, procedência das classes sociais que exercem

atividades profissionais de menores remunerações. O baixo poder aquisitivo dessas

famílias coaduna-se com o fato de que, em sua maioria, as mesmas residem em

bairros de periferia ou nos subúrbios dos grandes centros, principalmente na região

sudeste, tributária dos maiores efetivos que ingressam anualmente nas escolas

militares.

Os cursos realizados na EN, AMAN e AFA têm por objetivo não só formar o

Oficial subalterno, como também, e, principalmente, forjar o líder - futuro chefe

militar, uma vez que, segundo Hecksher (2011, não paginado), “Forças Armadas que

possuam fortes lideranças, em todos os escalões, poderão superar, no todo ou em

parte, as desvantagens geradas por uma deficiente capacidade econômica ou

tecnológica”.

Desde os primórdios de sua formação militar, o jovem iniciante recebe

estímulos que reforçam seu idealismo, vibração e entusiasmo profissional. É bem

verdade que, nessas Escolas, os Cadetes (Aspirantes, no caso da Escola Naval)

ainda não conhecem com profundidade as realidades de suas Instituições, no

tocante às dificuldades estruturais das mesmas. Começarão, porém, a conhecê-las

gradativamente, à medida que iniciam suas atividades nos Corpos de Tropas,

Bases, Navios e demais Organizações Militares das respectivas Forças.

Lamentavelmente, alguns desses Oficiais cedo demonstram perda do

entusiasmo e sentimento de frustração preocupantes, ao imaginarem-se no início de

suas trajetórias, com uma carreira árdua e que tanta renúncia lhes exige, ao mesmo

tempo em que vislumbram, no meio civil, tentadoras oportunidades, seja em

empresas privadas ou noutros órgãos públicos. Necessário se torna, portanto,

identificar e interferir nas causas desestimuladoras incidentes, a fim de evitar o

desinteresse pela profissão militar e reduzir a quantidade de evasões.

Dentro do natural processo evolutivo e de transformação do Ensino Militar,

planeja-se a revisão nos currículos da EN, AMAN e AFA, para o que foi

recentemente editada a Portaria Interministerial Nº 1.874-A de 8 de julho de 2011,

assinada pelo Ministro de Estado da Defesa, Interino, e pelo Ministro de Estado

Chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, cuja finalidade consta do Art.1º,

conforme exposto:

Page 29: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

19

Art.1º Constituir Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) com o objetivo de analisar os currículos dos cursos de formação de oficiais e apresentar proposta de aperfeiçoamento das seguintes Instituições Militares de Ensino Superior das Forças Armadas Brasileiras: Escola Naval, Academia Militar das Agulhas Negras e Academia da Força Aérea [...]. (BRASIL, 2011).

A oportunidade é propícia para avaliação da pertinência do estabelecimento

de currículos que possibilitem maior integração entre as Forças, e que se estendam

também para as demais Escolas de Aperfeiçoamento e de Altos Estudos Militares,

ressalvando-se que os valores, virtudes e tradições militares, quaisquer que sejam

as mudanças propostas, devem ser preservados, assim como aspectos próprios da

identidade de cada Força.

As Forças Armadas têm pleno conhecimento da necessidade de manterem

seus quadros em constante evolução, no que tange ao conhecimento. Para tanto,

todos os Oficiais são relacionados para frequentarem Cursos de Aperfeiçoamento,

sem os quais ficam impossibilitados de acesso aos postos superiores, a partir de

Major. A Marinha do Brasil aperfeiçoa os Oficiais Subalternos no Centro de Instrução

Almirante Wandenkolk – CIAW (Ilha das Enxadas - Rio de Janeiro – RJ), bem como

realiza na Escola de Guerra Naval – EGN (Urca – Rio de Janeiro – RJ) Cursos de

Estado-Maior para Oficiais Intermediários (C-EMOI), para o desempenho de

comissões de caráter operativo e administrativo, com ênfase no Processo de

Planejamento Militar e Operações Navais. O Exército Brasileiro aperfeiçoa seus

Capitães na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais – EsAO (Vila Militar – Rio de

Janeiro – RJ), e a Força Aérea Brasileira na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais

da Aeronáutica – EAOAR (Campo dos Afonsos – Rio de Janeiro – RJ). De modo

geral, tais cursos têm o propósito de atualizar e ampliar conhecimentos, capacitando

os Oficiais que os realizam ao desempenho de funções dos postos superiores

(administrativas, operacionais ou de assessoramento), previstas nas Organizações

Militares das suas respectivas Forças.

A oportunidade de realização dos Cursos de Aperfeiçoamento significa, para

muitos Oficiais, importante ponto de inflexão na carreira, uma vez que, com maior

amadurecimento na vida e na profissão, selecionam metas em função das quais

passarão a concentrar seus esforços em áreas de atuação onde melhor se

identificam, sejam estas ligadas ou não às lides da caserna.

Outros importantes cursos de elevados graus de profissionalismo, chamados

Cursos de Especialização, funcionam em Escolas específicas, sendo oferecidos ou

Page 30: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

20

requeridos pelos interessados, porém muitos são os militares que deixam de ter a

oportunidade de realizá-los, na maioria das vezes por falta de vagas.

Visando o exercício das funções de Estado-Maior e de assessoria de alto

nível, bem como as de comando, chefia e direção de Organizações Militares, os

Oficiais Superiores (Capitães-de-Corveta e Capitães-de-Fragata da MB, Majores e

Tenentes-Coronéis do EB e da Aer) realizam Cursos de Altos Estudos Militares, que

funcionam na já mencionada Escola de Guerra Naval, na Escola de Comando e

Estado-Maior do Exército – ECEME (Praia Vermelha – Rio de Janeiro – RJ) e na

Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica – ECEMAR (Campo dos

Afonsos – Rio de Janeiro – RJ).

Funcionam também nessas Escolas os cursos militares de mais elevado

nível, destinados a capacitar os Oficiais Superiores do último posto (Capitães-de-

Mar-e-Guerra e Coronéis) ao desempenho de funções de assessoramento de alto

nível nas respectivas Forças. São eles: o Curso de Política e Estratégia Marítimas

(C-PEM) da EGN, o Curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército

(CPEAEx) da ECEME e o Curso de Política e Estratégia Aeroespaciais da ECEMAR.

De mesmo nível e equivalência desses cursos mencionados, no âmbito do

Ministério da Defesa, funciona na Escola Superior de Guerra – ESG (Urca - Rio de

Janeiro – RJ) o Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), para o

qual são selecionados anualmente Oficiais das três Forças, das Forças Auxiliares,

de civis representantes dos diversos setores da Sociedade, bem como de Oficiais de

Nações Amigas, objetivando sua preparação para o exercício de funções de direção

e assessoramento de alto nível na administração pública, em especial na área

Defesa Nacional, desenvolvendo planejamentos estratégicos nas expressões do

Poder Nacional.

A realização dos Cursos de Altos Estudos Militares e dos Cursos de alto

nível da EGN, ECEME, ECEMAR e ESG habilitam os Oficiais Superiores, mediante

processo de escolha, à ascensão ao Generalato.

A ênfase propositadamente atribuída aos aspectos da formação do Oficial,

constantes dos parágrafos iniciais e quadros do presente tópico, possibilitará a

necessária reflexão a respeito da situação da carreira militar no seu início,

evidenciando por si só a necessidade de aprofundamento de estudos específicos

para elaboração de propostas que eliminem ou minimizem os problemas, no tocante

Page 31: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

21

ao percentual de evasões iniciais, à regionalização e à inadequada

representatividade pelas diferentes classes sociais.

Como sugestão, as três Forças poderiam desencadear de forma incisiva, em

todo o País, ações de comunicação social integrada, para fazer chegar a todas as

classes sociais o conhecimento de suas mais relevantes atividades. Também, a

intensificação nos Colégios Militares, da preparação para os concursos das Escolas

Preparatórias, do Colégio Naval, da Escola Naval, da AMAN e da AFA, poderiam ser

alternativas para reduzir o problema da falta de representatividade de todos os

níveis da Sociedade e da concentração geográfica, anteriormente apontados.

2.4 ATRATIVOS E FRUSTRAÇÕES

No cumprimento das especificidades da carreira militar, são vivenciadas

situações que servem de atrativos e outras que desestimulam seus quadros. Se, por

um lado, a realização profissional e o sentimento do dever cumprido agigantam o

moral e são fortalecidos pelos elevados índices de credibilidade repetidamente

apontados pela população em pesquisas de opinião, por outro, o distanciamento e

apatia da Sociedade, nas classes mais elevadas, e de segmentos das esferas dos

três Poderes constituídos, caracterizam-se nos maiores óbices para a obtenção da

valorização da carreira em estudo.

É notório que, para a obtenção da justa valorização profissional das Forças

Armadas, ainda falta o reconhecimento, por parte de algumas pessoas, da

necessidade de superação de posturas discordantes da época da participação direta

dos militares nos assuntos de governo, ocorrida a partir do momento histórico em

que a Sociedade brasileira, ameaçada nos seus legítimos ideais e verdadeiras

aspirações nacionais, compeliu-os à adoção de atitudes e ações para dar cabo à

situação de caos e desordem reinante no País em 31 de março de 1964, assim

como posteriormente, na atuação em defesa interna, contrapondo-se às diferentes

formas, preponderantemente violentas, pelas quais agiram grupos seguidores de

correntes ideológicas totalitárias, notadamente contrárias aos anseios democráticos

do povo brasileiro.

Ao que parece, a memória da Sociedade esvai-se com o passar do tempo.

Por isso, os militares continuam sendo alvos permanentes de desgaste e sofrem o

ônus do descaso, perda de espaço, influência, consideração e reconhecimento, não

obstante o fato de que, com extremada renúncia e disciplina, agindo como

Page 32: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

22

verdadeiros profissionais frente às adversidades, tenham aprendido a conviver e

ajustar-se diante de novas situações. Segundo Cavagnari (2007, p. 134): “[...]a mais

séria crise da história das Forças Armadas está em curso desde 1995 e é causada

pela falta de prioridade e pelo desconhecimento do que as Forças Armadas

representam para o Estado[...]”.

O verdadeiro profissional militar frustra-se ante o imobilismo decorrente da

falta de meios para praticar seus conhecimentos, adquiridos por vezes com riscos da

própria vida, nos difíceis cursos de Especialização ou mesmo nas atividades

quotidianas da instrução militar. Material indisponível, equipamentos obsoletos e

adestramento prejudicado fatalmente levam o homem à perda da motivação, uma

vez que percebe que o produto do seu trabalho - a Segurança - de extrema

necessidade para a Sociedade, está comprometido.

Os frequentes contingenciamentos e reduções no orçamento da Defesa tem

retardado o desenvolvimento dos Programas “PróSub” (construção de cinco

submarinos pela Marinha do Brasil, sendo um deles de propulsão nuclear, com

tecnologia nacional), “FX-2” (compra de aviões-caça pela FAB, com transferência de

tecnologia) e “SISFRON” (Programa do Exército que prevê a aquisição de modernos

equipamentos para monitoramento das fronteiras do País), além de tantos outros

importantes projetos das três Forças; medidas efetivas para a redução da

defasagem salarial (que atualmente ultrapassa o percentual de 47%, considerando a

perda do poder aquisitivo e a desigualdade em relação à remuneração da

Administração Direta) ficam sempre relegadas, à espera de “momento oportuno”.

Ao desenvolver estudos a respeito das recentes e expressivas evasões de

pessoal da Marinha do Brasil, notadamente de jovens Oficiais, em grande parte

decorrentes de aprovações em concursos para os cargos do serviço público,

concluiu Porto (2010, p. 3) que “orçamentos em patamares compatíveis para o

adequado preparo e emprego da Força exercem influência direta na motivação de

seus quadros, que, por sua vez, repercutem decisivamente nos índices de evasão”.

Se, por um lado, os atrativos reforçam e estimulam as vocações para a

carreira militar, por outro, as frustrações minam e enfraquecem-nas, atuando

cumulativamente ao longo do tempo, de forma prejudicial ao desempenho e à

realização profissional dos indivíduos.

Page 33: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

23

3 MOTIVAÇÕES AMEAÇADAS

3.1 TEORIAS E PRÁTICA

Muitos são os estudos a respeito de gestão de pessoas, com suas variadas

nuances ou especificidades, uma das áreas que mais tem sofrido mudanças e

transformações nos últimos anos. Direcionado o foco dos estudos para carreira ou

profissão, invariavelmente a ela se associa, dentre outros, um aspecto altamente

relevante: a motivação.

Segundo Oliveira (2009, p. 200), “motivação é o conjunto de energias e

forças internas controláveis pelo indivíduo e que o mantém, permanentemente,

direcionado para os objetivos e metas específicos e concretos estabelecidos em seu

plano de carreira”. Na concepção desse mesmo autor, plano de carreira significa a

explicitação formal de um conjunto planejado, estruturado, sustentado e sequencial

de estágios que consolidam a realidade evolutiva de cada indivíduo, de forma

interativa com as necessidades das empresas e das comunidades onde estas

atuam.

Em se tratando de motivação, o presente trabalho não poderia deixar

também de tomar como referência duas importantes Teorias Motivacionais: a da

Hierarquia de Necessidades, de Abraham H. Maslow (1970) e a dos Dois Fatores,

de Frederick Herzberg (1975). Pela primeira delas, as necessidades humanas,

classificadas em primárias (fisiológicas e de segurança) e secundárias (afetivo-

sociais, estima e auto-realização) estão organizadas hierarquicamente, sendo a

busca pela sua satisfação o que motiva o indivíduo, ou seja, apenas as

necessidades não satisfeitas são fontes de motivação. Considera que as

necessidades primárias formam a base da hierarquia, podendo ser de natureza

fisiológica (fome, sede, sono, sexo) ou de segurança (proteção contra ameaça real

ou imaginária, como, por exemplo: necessidade de salário, de casa própria, de

seguro-saúde, de aposentadoria e emprego).

Pela Teoria dos Dois Fatores, Herzberg (1975) focalizou as fontes de

motivação, relacionando-as ao trabalho e às realizações do indivíduo no trabalho,

considerando que o comportamento das pessoas se explica pela existência de dois

fatores: os fatores higiênicos (que procuram satisfazer necessidades fisiológicas, de

segurança e social) e os fatores motivacionais (que buscam satisfação das

necessidades de estima e auto-realização). Em síntese, considera que os fatores

Page 34: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

24

higiênicos são extrínsecos às pessoas e localizam-se no ambiente de trabalho,

podendo-se citar como exemplos o salário, benefícios sociais, condições físicas de

trabalho, modelo de gestão e relacionamento com os colegas.

Além das duas teorias motivacionais mencionadas (a da Hierarquia de

Necessidades e a dos Dois Fatores) existem várias outras teorias que procuram

explicar a motivação humana, porém nenhuma delas é capaz de explicá-la de modo

final e definitivo, nem existem quaisquer tipos de abordagens ou técnicas amplas

com as quais se possa obter a motivação no trabalho.

Na prática, o importante é saber como funciona o processo de motivação e

os mecanismos que conduzam à valorização profissional contidos em cada uma das

Teorias Motivacionais e aplicá-los no ambiente de trabalho das organizações, no

caso específico as Instituições Militares, visando estimular a satisfação, a

produtividade e a ascensão individual dentro da carreira militar, bem como fortalecer

o desempenho e a imagem da Organização Militar no seu conjunto. Destaca Oliveira

Junior (2009, p. 40) a importância de se considerar os militares parceiros da

Instituição, uma vez que os mesmos nela investem competência, esforço, dedicação,

responsabilidade, envolvimento com o trabalho e comprometimento organizacional,

esperando que haja como contrapartida bons salários, adequadas condições de

trabalho, reconhecimento e possibilidade de ascensão a postos mais elevados na

carreira, entre outros.

3.2 A PESQUISA E OS RESULTADOS

A fim de possibilitar maior embasamento e, simultaneamente, fugir do lugar-

comum que, não raro, se constata em estudos dessa espécie, foi aplicada pesquisa

em um grupo de 35 (trinta e cinco) Oficiais Superiores do último posto (Coronéis e

Capitães-de-Mar-e-Guerra), todos da ativa das três Forças. Para tanto, foi

empregada a técnica de amostragem, com utilização de amostras do tipo não-

probabilísticas intencionais.

Cabe assinalar que o grupo de Oficiais em tela, todos Estagiários do Curso

de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE)/2011 da Escola Superior de

Guerra, representa importante parcela do que existe de melhor nas Forças, no seu

mais elevado nível, no que diz respeito aos méritos e à experiência profissional,

considerando que todos possuem mais de 25 anos de serviço, já desempenharam

relevantes funções no País e no exterior, exerceram comando, chefia ou direção de

Page 35: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

25

Organização Militar, e são extremamente competitivos para ascensão ao

Generalato.

Como instrumento de coleta de dados para a pesquisa, foi distribuído um

formulário para preenchimento de quesitos segundo as formas indicadas (marcar “x”,

citar aspectos ou sugerir medidas, em ordem decrescente de importância), sendo o

último, de um total de 10(dez) quesitos, aberto e facultativo para outras

considerações ou sugestões associadas ao tema, julgadas pertinentes pelos

pesquisados, cuja identificação não foi obrigatória.

No primeiro quesito, os 35 (trinta e cinco) Oficiais pesquisados identificaram

suas respectivas Forças, sendo 10 (dez) Capitães-de-Mar-e-Guerra da Marinha do

Brasil, 15 (quinze) Coronéis do Exército Brasileiro e 10 (dez) Coronéis da Força

Aérea Brasileira.

No segundo quesito, cada pesquisado assinalou se considerava alta, média

ou baixa sua motivação atual pela carreira, sendo atingido o percentual de cerca de

89% para a soma dos grupos que se consideraram de média e alta motivação e de

11% para os de baixa motivação. A representação desse resultado consta do gráfico

abaixo.

Gráfico 1 – Situação da motivação atual pela carreira Fonte: O autor (2011)

O terceiro quesito destinou-se a identificar se os pesquisados já tiveram em

algum momento vontade de mudar de carreira, bem como se tal vontade ocorreu

uma ou várias vezes, tendo-se chegado ao percentual de aproximadamente 46%

para os que nunca tiveram tal vontade e de 54% para quem a teve uma ou mais

Page 36: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

26

vezes, o que ensejou a representação por intermédio do gráfico que adiante se

insere.

Gráfico 2 – Incidência da vontade de mudar de carreira Fonte: O autor (2011)

No quarto quesito, os pesquisados assinalaram com “x” se tiveram, no

decorrer da carreira, oferta de emprego no meio civil, identificando se tal oferta foi

feita uma ou mais de uma vez, tendo sido constatado o percentual de 34% para

quem nunca teve e de 66% para quem teve uma ou mais das citadas ofertas, sendo

o resultado representado conforme gráfico seguinte.

Gráfico 3 – Situação da oferta de emprego civil recebida Fonte: O autor (2011)

O quinto quesito teve por propósito levantar junto aos pesquisados

informações quanto às suas expectativas atuais de colocação no mercado de

trabalho civil, classificadas dentre três gradações (baixa, média ou alta), chegando-

Page 37: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

27

se ao percentual de cerca de 23% para baixa expectativa e da soma de 77% para

média e alta, cuja representação gráfica transcreve-se a seguir.

Gráfico 4 – Situação da expectativa de colocação no Mercado de Trabalho Civil Fonte: O autor (2011)

O sexto quesito teve por finalidade verificar como os pesquisados

consideram sua realização profissional na carreira militar, dentre as gradações

baixa, média ou alta realização, cujo resultado foi de somente 3% para baixa

realização e de 97% para média e alta, o que graficamente foi exposto da forma

abaixo.

Gráfico 5 – Situação da realização profissional na carreira militar Fonte: O autor (2011)

Em prosseguimento, por intermédio do sétimo quesito, foi solicitado aos

pesquisados para que citassem, em ordem decrescente de importância, pelo menos

cinco aspectos positivos mais relevantes, identificados ao longo da carreira militar.

Dentre os muitos aspectos levantados, julga-se importante aqui destacar os 10(dez)

Page 38: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

28

mais citados, independentemente do seu posicionamento no grupo ordenado por

cada um dos pesquisados:

a. Estabilidade;

b. Valores;

c. Organização;

d. Disciplina;

e. Relacionamento interpessoal;

f. Vivência nacional;

g. Aposentadoria integral;

h. Ascensão hierárquica;

i. Atividade militar; e

j. Formação profissional de qualidade.

De forma semelhante, no oitavo quesito foi solicitado aos pesquisados para

que citassem, também em ordem decrescente de importância, pelo menos cinco

aspectos negativos de maior relevância, identificados no decorrer da carreira militar.

Da relação de aspectos levantados, merecem destaque os 10(dez) mais citados, a

saber:

a. Baixa remuneração;

b. Restrições orçamentárias;

c. Operacionalidade prejudicada;

d. Desvalorização pelo Governo;

e. Movimentações excessivas;

f. Sacrifício familiar;

g. Reduzidas possibilidades de missões no exterior;

h. Falta de Próprios Nacionais Residenciais;

i. Poucas oportunidades para especialização; e

j. Critérios para designações e promoções.

Em sequência, os pesquisados foram instados a sugerir, em ordem

decrescente de prioridade, pelo menos cinco medidas para melhoria da Valorização

da Carreira Militar do Oficial, merecendo destacar, dentre as várias propostas

apresentadas, as 10(dez) mais citadas, a saber:

a. Melhoria dos Vencimentos;

b. Reaparelhamento e modernização das FA;

Page 39: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

29

c. Orçamentos compatíveis com as reais necessidades das Forças;

d. Maiores oportunidades para missões e cursos no exterior;

e. Gestão por competências;

f. Maiores oportunidades para Cursos de Especialização;

g. Maior apoio e mais possibilidade de aproveitamento do Militar ao

passar para a Reserva;

h. Aumento da oferta de Próprios Nacionais Residenciais;

i. Maior conscientização da Sociedade e da Comunidade Acadêmica

para Assuntos de Defesa; e

j. Aperfeiçoamento dos critérios para promoções e designações para

cursos e missões no exterior.

Sintetizando as informações apresentadas pelo grupo pesquisado,

depreende-se que parcela significativa do mesmo (cerca de 89%) possui atualmente

motivação média ou alta pela carreira que desempenha, embora pouco mais da

metade (54%) já tenha tido, ao menos uma vez, vontade de mudar de profissão.

Cerca de 66% dos pesquisados já recebeu uma ou mais ofertas de emprego no

meio civil e aproximadamente 77% tem expectativa média ou alta com relação a

possibilidades atuais de colocação no mercado de trabalho civil, bem como a quase

totalidade (97%) considera média ou alta sua realização na carreira militar.

Dentre os principais aspectos positivos da carreira assinalados como mais

relevantes, ressaltam-se os seguintes: estabilidade, valores, organização, disciplina

e atividade militar.

Com relação aos aspectos negativos, foram destacados a baixa

remuneração, as restrições orçamentárias, a operacionalidade prejudicada, o

sacrifício familiar e as reduzidas oportunidades para realização de cursos de

especialização, dentre outros.

Tendo sido instados a opinar a respeito de medidas para melhoria da

valorização da Carreira Militar, colocaram em destaque: melhoria dos vencimentos,

reaparelhamento e modernização das FA, orçamentos compatíveis com as reais

necessidades das Forças, aumento da oferta de Próprios Nacionais Residenciais e

maior conscientização da Sociedade e da Comunidade Acadêmica para Assuntos de

Defesa, dentre outras.

Page 40: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

30

4 A VALORIZAÇÃO DO CAPITAL HUMANO DAS FORÇAS ARMADAS

4.1 OS VALORES EM AÇÃO

Da análise do significado do vocábulo substantivo “valorização” que,

segundo alguns dicionários, relaciona-se ao sentido de “dar valor ou valores a” ou

“aumentar de valor”, é lícito inferir que, não havendo quaisquer tipo de ação, não se

pode considerar que haja a valorização. Dessa forma, ao tratar do tema em foco, há

que se raciocinar com medidas que representem ações para que, efetivamente, seja

valorizada a Carreira Militar no Brasil.

No passado não muito distante, as preocupações com o desenvolvimento de

carreiras voltavam-se unicamente para as necessidades organizacionais, tendo

como objetivo a preparação prévia dos funcionários para expansão, novos mercados

e outras mudanças da organização. Segundo Chiavenato (2010, p. 414): “os planos

de desenvolvimento de carreiras deixaram de ser unilaterais e passaram a abranger

tanto as necessidades da organização como das pessoas envolvidas”.

O mais valioso patrimônio que uma organização pode reunir para ter

competitividade e sucesso, ainda segundo Chiavenato (2010, p. 53), “é o seu capital

humano, composto por dois aspectos principais: os talentos (conhecimentos,

habilidades e competências) e o contexto (ambiente interno, onde os talentos se

desenvolvem)”.

Surge, daí, o grande desafio de se obter a adequada valorização para o

capital humano, dentro da Carreira Militar, conforme preconizado dentre as medidas

estabelecidas pela Estratégia Nacional de Defesa. Esta, por sua vez, reconhece a

necessidade de reestruturação das Forças Armadas para atendimento às demandas

do atual cenário mundial, incerto e complexo, que determina reflexões sobre a

missão e relacionamento das Instituições Militares com os demais componentes do

Poder Nacional.

Uma análise dos cenários nacionais e internacionais, com relação às

possibilidades de atuação futura das Forças Armadas brasileiras, pressupõe a

necessidade de substanciais modificações nas diretrizes estratégicas, doutrinárias,

tecnológicas e de gestão vigentes, e exige o desenvolvimento de novas

capacitações operacionais dos Recursos Humanos. Dentre outros aspectos a

considerar, ganha relevância como fundamento da atuação unificada das três

Page 41: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

31

Forças a mobilidade estratégica, o que realça a importância da interoperabilidade no

contexto da profissionalização dos militares.

Em artigo versando sobre estratificação nas Forças Armadas, Lamounier

(1999, p. 58-60) assim escreveu:

[...]No tempo em que os reis iam às guerras os vassalos defendiam o feudo porque à sua frente combatia, e às vezes morria, o seu senhor. Dentre muitos exemplos ao longo dos tempos, a História Contemporânea nos oferece alguns diários de destaque: no mais desenvolvido país do mundo atual, os Estados Unidos da América, é difícil uma família que não tenha participado ou perdido um seu integrante numa guerra. O ex-presidente John Kennedy, como comandante de um “Patrol Boat” na Segunda Guerra Mundial, teve o seu barco afundado e foi condecorado por ter salvo a vida de alguns de seus marinheiros. Sua aristocrática e rica família perdeu um de seus filhos naquela mesma guerra. O também ex-presidente George Bush foi piloto naval destacado [...].

No decorrer da análise das informações levantadas, aduz-se que no Brasil,

via de regra, poucos jovens de famílias das elites da Sociedade se interessam pela

profissão militar, talvez por falta de estímulos, associada às exigências e

especificidades da carreira. Se houvesse na caserna filhos de Senadores,

Deputados, Juízes ou mesmo Ministros, nossas Forças Armadas seriam melhor

conhecidas e, certamente, mais prestigiadas, pois, como é sabido, não se valoriza

aquilo que não se conhece.

De maneira oportuna, a Estratégia Nacional de Defesa se preocupa em

anunciar a valorização da profissão militar, incrementando as carreiras e tornando o

oficialato atrativo para todas as classes sociais, conforme extrato abaixo transcrito:

6. É importante para a defesa nacional que o oficialato seja representativo de todos os setores da sociedade brasileira. É bom que os filhos de trabalhadores ingressem nas academias militares. Entretanto, a ampla representação de todas as classes sociais nas academias militares é imperativo de segurança nacional. Duas condições são indispensáveis para que se alcance esse objetivo. A primeira é que a carreira militar seja remunerada com vencimentos competitivos com outras valorizadas carreiras do Estado. A segunda condição é que a Nação abrace a causa da defesa e nela identifique requisito para o engrandecimento do povo brasileiro[...] (BRASIL, 2008, p. 20).

Resta, por ora, o alento de que nossas Instituições prosseguem em ação no

País e no exterior, cumprindo valorosamente importantes missões de segurança,

defesa e ações humanitárias, em proveito do Estado, do povo brasileiro e da

humanidade em geral, conforme definido nas respectivas missões abaixo transcritas:

a. Marinha do Brasil:

Preparar e empregar o Poder Naval, a fim de contribuir para a defesa da Pátria. Estar pronta para atuar na garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem; atuar em ações sob a

Page 42: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

32

égide de organismos internacionais e em apoio à política externa do País; e cumprir as atribuições subsidiárias previstas em Lei[...] a fim de contribuir para a salvaguarda dos interesses nacionais[...].

(BRASIL, 2011).

b. Exército Brasileiro: - Preparar a Força Terrestre para defender a Pátria, garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem. - Participar de operações internacionais. - Cumprir atribuições subsidiárias. - Apoiar a política externa do País (BRASIL, 2011).

c. Força Aérea Brasileira: -Defender a Pátria; garantir os poderes constitucionais; e garantir a lei e a ordem, por iniciativa de qualquer dos poderes constitucionais. - Cabe à Aeronáutica, como atribuição subsidiária geral, cooperar com o desenvolvimento nacional e a defesa civil, na forma determinada pelo Presidente da República. -Manter a soberania no espaço aéreo nacional, com vistas á defesa da Pátria (Missão-Síntese). (BRASIL, 2011).

4.2 PLANEJAMENTOS, DIRETRIZES E EXPECTATIVAS

Após exaustiva pesquisa nas mais variadas fontes, sedimenta-se o

entendimento de que a Marinha, o Exército e a Aeronáutica, desde longa data, já

vêm trabalhando em múltiplas frentes, no propósito de conseguir a desejada

Valorização da Carreira Militar. Significa também dizer que os muitos aspectos

inquietantes que tanto afligem o pessoal e ameaçam as motivações, conforme

mostrado nos diferentes quadros do capítulo 3, já são sobejamente conhecidos, não

trazem fatos novos e tem sido trabalhados pelos mais altos escalões militares e

pelos Comandantes de Forças junto ao Ministério da Defesa e outros órgãos

governamentais. A prova dessa assertiva é clara, bastando uma simples consulta

aos diferentes planos, programas, estratégias, ordens e diretrizes vigentes no âmbito

das Forças.

Nas Orientações Gerais que compõem as Orientações do Comandante da

Marinha (ORCOM) para 2011, consta o seguinte texto:

[..]As riquezas existentes em nosso território, tais como as jazidas de minerais estratégicos, de petróleo e de gás; as reservas de água doce; o clima e o solo fértil para a produção de alimentos; e a longa tradição de buscar soluções pacíficas para as controvérsias, podem gerar atitudes indesejáveis às nossas pretensões, caso não estejamos suficientemente preparados para dissuadi-las. Temos, portanto, que enfrentar o desafio de ser grande [...]. (BRASIL, 2011, p. 4).

Page 43: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

33

A preocupação daquela autoridade, com relação ao valioso patrimônio da

Nação brasileira, é plenamente fundamentada e enfeixa o pensamento daqueles que

tem sob seus ombros o peso da responsabilidade de zelar pela segurança e pela

integridade desse pujante País.

Específicamente na área de pessoal, tratam as ORCOM/2011, dentre outros

aspectos, dos seguintes:

- medidas para ampliação do acesso ao financiamento da casa própria para

o pessoal da MB;

- aquisição de Próprios Nacionais Residenciais;

- gestões visando a correção da remuneração para patamares aceitáveis;

- defesa dos interesses do pessoal militar no que tange a sistemas

previdenciários e de pensões;

- incremento do nível de satisfação profissional;

- ampliação dos instrumentos e desenvolvimento de programas que

valorizem o profissional militar; e

- ampliação das oportunidades de aperfeiçoamento profissional e formação

complementar, quer no País, quer no exterior.

O Exército Brasileiro e seu Sistema de Educação e Cultura, em sintonia com

a END, deram início à implantação de conceitos da Educação por Competências

para a formação dos Oficiais da AMAN, inserida no contexto da Diretriz do Processo

de Transformação do Exército Brasileiro (DPTEB). Capitaneado pelo Centro de

Estudos de Pessoal e Forte Duque de Caxias (CEP/FDC), o Projeto Competências

integra, juntamente com outros cinco projetos, o Programa intitulado “O Profissional

Militar do Século XXI”.

Torna-se oportuno aqui apresentar a modelagem do conceito de

“competência” para a educação militar, elaborada pelo Centro de Estudos

Estratégicos Educacionais do CEP/FDC, da forma que se segue: “capacidade de

mobilizar, ao mesmo tempo e de maneira inter-relacionada, conhecimentos,

habilidades, valores e atitudes, para decidir e atuar em situações diversas”.

No que concerne a pessoal, dentre os mais importantes aspectos

estabelecidos pelo Comandante do Exército em sua Diretriz Geral para 2011-2014,

cabe assinalar os seguintes:

Page 44: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

34

a. deve ser um processo contínuo o aprimoramento da assistência aos

militares e civis do EB, seus familiares e pensionistas, com ênfase nas seguintes

ações:

- atendimento dos serviços de saúde à família militar;

- oferta de planos especiais para facilitar a aquisição da moradia própria;

- apoio à família militar, em especial nas OM em localidades remotas;

- oferta de ensino de qualidade, por intermédio dos Colégios Militares;

- programas de apoio no retorno dos militares temporários à vida civil;

- preparação dos militares e servidores civis para a passagem à inatividade;

- especialização do tratamento dispensado aos inativos e pensionistas; e

- apoio à família dos designados para missões de paz e humanitárias.

b. Serão, permanentemente, efetuadas gestões junto ao Ministério da

Defesa, para que a remuneração seja compatível com as especificidades da

profissão militar, isonômica em relação a outras carreiras de Estado e mantidas a

paridade e a integralidade ativa-reserva.

A Força Aérea Brasileira, no seu Plano Estratégico Militar da Aeronáutica

2010-2031 (PEMAER), trata, dentre vários objetivos, os de aprimorar o apoio aos

militares e civis do Comando da Aeronáutica e de modernizar os sistemas de formação

e de pós-formação de recursos humanos, consubstanciados nas seguintes Medidas

Estratégicas:

- Incrementar a disponibilidade de próprios nacionais residenciais;

- Implementar programa de preparação para a reserva e aposentadoria;

- Modernizar a gestão alimentar na Aeronáutica;

- Otimizar o processo de atendimento do serviço de saúde da Aeronáutica;

- Otimizar os programas assistenciais da Aeronáutica;

- Modernizar a estrutura física e os métodos pedagógicos das organizações

de ensino;

- Adequar a capacitação profissional às necessidades funcionais da

Aeronáutica;

- Apoiar a participação em cursos de pós-graduação em instituições de

ensino públicas e privadas, no País e no exterior; e

- Desenvolver programas de aprimoramento técnico-profissional e de

elevação de nível intelectual e cultural.

Page 45: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

35

Resta apresentar, como proposta, que alguns dos procedimentos de

interesse comum previstos nos planejamentos, diretrizes e ordens existentes

(afetos a moradia, saúde, ensino, remuneração, dentre outros), sejam reunidos e

trabalhados centralizadamente, no intuito de obtenção de maior expressão,

argumentação e consenso nas apresentações dos pleitos e prioridades, para

facilitar nas decisões.

Ainda, permanecem as Forças Armadas com as expectativas de que se

consiga urgentemente o convencimento e a sensibilização daqueles que detém o

poder da decisão e dos orçamentos, para solucionar ou pelo menos minimizar os

efeitos dos problemas que vem se cronificando ao longo do tempo.

Page 46: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

36

5 CONCLUSÃO

O Brasil não está livre de sofrer agressões ou ameaças à sua soberania ou

integridade territorial, não obstante a postura de País pacífico e os interesses não

imperialistas bem definidos. Diante de novos temas e ameaças difusas (narcotráfico,

contrabando e tráfico de armas, terrorismo, crime organizado e corrupção, dentre

outros) surgidos no cenário internacional com o fim da Guerra Fria, há necessidade

da adoção de medidas emergenciais de segurança e defesa, para as quais as

Forças Armadas brasileiras têm que estar permanentemente preparadas.

A Estratégia Nacional de Defesa, estabelecida em 2008, evidencia a

necessidade de modernização das Forças Singulares, com foco em ações

estratégicas de médio e longo prazo, atuando em três eixos estruturantes, dentre

eles o da política de composição dos efetivos. A esse eixo associa-se o tema do

presente trabalho - A Valorização da Carreira Militar no Brasil - dizendo respeito aos

Recursos Humanos, patrimônio mais caro que as Instituições Militares possuem.

Para sua delimitação, necessária face a exiguidade do tempo, buscou-se

focalizar aspectos comuns da carreira do Oficial da linha bélica, formado pela Escola

Naval (EN), pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e pela Academia da

Força Aérea (AFA), atualmente pontilhados por frustrações que decorrem,

principalmente, dos reduzidos atrativos e perspectivas de oportunidades, com

reflexos desfavoráveis para os militares e para suas respectivas Instituições.

A existência e atuação das Forças Armadas tem sua fundamentação legal

prevista na Constituição Federal de 1988, e a carreira de seus integrantes, regidos

pelo Estatuto dos Militares, tem por características mais marcantes o risco de vida, a

sujeição a preceitos rígidos de disciplina e hierarquia, a dedicação exclusiva, a

mobilidade geográfica e o vigor físico, dentre outras.

Tratando especificamente da carreira do Oficial das Forças Armadas, o

Colégio Naval e a EPCAr, Instituições de Ensino de Nível médio, são atualmente as

principais portas de acesso à Escola Naval e AFA, enquanto que o ingresso na

EsPCEx é condicionante para a posterior entrada na AMAN, com o fato novo de que,

para tal, a EsPCEx passará a exigir dos seus candidatos o Ensino Médio completo, a

partir de 2012.

Merece também destaque a incidência do maior percentual geral de evasões

dos últimos dez anos (24,42%), verificado junto à Turma de Aspirantes formados

Page 47: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

37

pela AMAN em 2010, bem como a baixa representatividade dos jovens de famílias

de perfil socioeconômico mais elevado da Sociedade, tendo como contrapartida o

maior número de matriculados oriundos de famílias da periferia urbana ou dos

subúrbios, aliado ao aspecto da concentração dos maiores efetivos, que ingressam

nas Escolas Militares, procedentes dos grandes centros da Região Sudeste.

A mobilização integrada das estruturas de comunicação social, a nível

nacional, para incisivas campanhas de divulgação das atividades das Forças

Armadas, bem como a intensificação nos Colégios Militares, da preparação para os

concursos das Escolas Preparatórias, do Colégio Naval, da Escola Naval, da AMAN

e da AFA, são alternativas que poderão reduzir o problema da falta de

representatividade de todos os níveis da Sociedade e da concentração geográfica,

acima apontados.

A análise dos currículos da EN, AMAN e AFA, cumprindo determinação da

Portaria Interministerial nº 1.874-A de 8 de julho de 2011, constitui-se em

oportunidade propícia para ajustes necessários à maior integração entre as Forças,

ressalvando-se a necessidade de preservação dos valores, virtudes e tradições e

desde que não haja quebra da identidade individual de cada uma delas. Tal medida,

se empreendida também nas Escolas de Aperfeiçoamento e de Altos Estudos

Militares congêneres, fomentará significativamente a integração e a

interoperabilidade desejadas, além do que servirá para reduzir as deficiências tático-

operacionais no emprego em conjunto dos elementos de combate das Forças

Singulares.

Para a formação do Oficial da AMAN, por exemplo, o Exército, desencadeou

o Programa intitulado “O Profissional Militar do Século XXI”, dentro do qual se insere

o “Projeto Competências”, a cargo do Centro de Estudos de Pessoal/Forte Duque de

Caxias, tendo por objetivo a implantação de conceitos da Educação por

Competências, em perfeita sintonia com os ditames da END.

Ao longo da carreira militar, as Forças Armadas procuram oferecer aos

Oficiais, ressalvadas as limitações estruturais e orçamentárias, oportunidades para

novos aprendizados e aprimoramento dos seus conhecimentos, bem como para

obtenção de especializações, realização de cursos de aperfeiçoamentos e de altos

estudos militares, num contínuo processo ensino-aprendizagem. A obtenção da

Valorização da Carreira Militar passa, obrigatoriamente, pela implementação de

Page 48: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

38

medidas junto aos sistemas de ensino respectivos, visando à preservação do

interesse dos seus integrantes pela carreira.

A falta de oportunidades para realização de Cursos de Especialização,

aspecto desmotivante apontado por muitos militares, pode ser compensada pelo

aumento das designações para realização de cursos no exterior ou mesmo em

Instituições civis do País.

Por se tratar de tema ligado à gestão de carreiras, avulta de importância a

motivação como predisposição positiva do indivíduo para crescer e fazer crescer sua

Instituição, destacando que torna-se difícil obtê-la ou elevá-la se não houver

valorização da carreira. O estudo das Teorias Motivacionais mais importantes,

dentre as quais se destacam a da Hierarquia de Necessidades (Maslow) e a dos

Dois Fatores (Herzberg), fornece o embasamento teórico-científico pertinente.

Detendo-se em outra fase da carreira do Oficial, da mesma forma com que

foi dada ênfase para seu início nas Escolas de Formação, cabe assinalar dentre os

principais resultados de pesquisa feita junto ao seleto grupo de 35 (trinta e cinco)

Oficiais Superiores do último posto da ativa das três Forças (Capitães-de-Mar-e-

Guerra e Coronéis), que pouco mais da metade (54%) já teve, ao menos uma vez,

vontade de mudar de profissão, assim como cerca de 66% já recebeu uma ou mais

ofertas de emprego no meio civil e aproximadamente 77% tem expectativa média ou

alta com relação a possibilidades atuais de colocação no mercado de trabalho civil.

Dentre os principais aspectos positivos que motivam a carreira do Oficial

cabe assinalar, como mais relevantes, a estabilidade, os valores, a organização, a

disciplina e a atividade militar. Como aspectos negativos, deve-se considerar a

defasagem salarial em relação a outras carreiras, as restrições orçamentárias, a

operacionalidade prejudicada e o sacrifício imposto à família, entre outras.

A Sociedade brasileira e a Comunidade Acadêmica necessitam de maior

conscientização e envolvimento nos assuntos de segurança e defesa, devendo

participar ativamente na busca de soluções que sejam as melhores para o País, ante

as possíveis ameaças que venham a acarretar a necessidade de atuação das

Forças Armadas brasileiras. Para tanto, avulta de importância a Valorização da

Carreira Militar, pela Sociedade em geral, como uma das formas pelas quais,

investindo-se no capital humano das Instituições Militares permanentes, obter-se-á o

fortalecimento da Expressão Militar do Poder Nacional.

Page 49: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

39

Por sua vez, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica têm plena ciência dos

muitos aspectos inquietantes que tanto afligem o pessoal e ameaçam suas

motivações, e já vem trabalhando desde longa data em múltiplas frentes, em busca

de soluções junto ao Ministerio da Defesa e outros órgãos governamentais. A esse

respeito, cabe apresentar a sugestão de que algumas das demandas de interesse

comum das três Forças (moradia, saúde, ensino, remuneração, dentre outras),

sejam reunidas e trabalhadas centralizadamente, no propósito de obtenção de maior

expressão, argumentação e consenso nas apresentações dos pleitos e prioridades,

para o convencimento dos detentores do poder de decisão e dos orçamentos,

objetivando eliminar ou minimizar os problemas que vem se cronificando desde

longa data.

Pela sua relevância, o presente assunto deve ser objeto de estudos

aprofundados, partindo da consideração de que, no processo de Valorização da

Carreira Militar no Brasil, torna-se imperativa a obtenção de orçamentos que

possibilitem a necessária modernização e adestramento das três Forças, bem como

a recomposição da remuneração do pessoal, tudo isso num contexto de participação

efetiva da Sociedade nas discussões dos assuntos de Defesa.

O Brasil necessita, em síntese, investir mais na Carreira Militar, para

proporcionar às Forças Armadas melhores condições para obtenção da necessária

motivação e entusiasmo profissional de seus quadros, fortalecendo-os à altura de

suas responsabilidades e da grandeza de sua missão perante a Pátria e o Povo

brasileiro.

Page 50: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

40

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n° 6.880, de 9 de dezembro de 1980. Dispõe sobre o Estatuto dos Militares. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 dez.1980. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6880.htm>. Acesso em: 22 jul. 2011.

______. Decreto n. 5.484, de 30 de junho de 2005. Aprova a Política de Defesa Nacional e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 01 jul. 2005. Seção 1, p.5.

______. Decreto n. 6.703, de 18 de dezembro de 2008. Aprova a Estratégia Nacional de Defesa, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 19 dez. 2008. Seção 1, p.4.

______. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica. Centro de Comunicação Social da Aeronáutica. Guia de Profissões da Força Aérea Brasileira. Brasília, DF, 2011. ______. ______. ______. ______. Missão da Força Aérea Brasileira. Brasília, DF, 2011. Disponível em <http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?page=missao>. Acesso em 22 set. 2011.

______. ______. ______. ______. Plano Estratégico Militar da Aeronáutica 2010-2031. Brasília, DF, 2011.

______. ______. Comando do Exército. Centro de Comunicação Social do Exército. A Profissão Militar. Brasília, DF, 2011. Disponível em <http://www.exército.gov.br>. Acesso em 29 jul. 2011.

______. ______. ______. ______. Diretriz Geral do Comandante do Exército para o período 2011-2014. Brasília, DF, 2011. Disponível em <http://www.exército.gov.br>. Acesso em 5 ago. 2011.

______. ______. ______. ______. Missão e visão de futuro do Exército. Brasília, DF, 2011. Disponível em <http://www.exercito.gov.br/web/guest/missao-e-visao-de-futuro>. Acesso em 22 set. 2011.

______. ______. Marinha do Brasil. Centro de Comunicação Social da Marinha. Missão e visão de futuro da Marinha. Brasília, DF, 2011. Disponível em <http://www.mar.mil.br/menu_v/instituicao/missao_visao_mb.htm> Acesso em 22 set. 2011

______. ______. ______. Circular n.1, de 4 de janeiro de 2011. Orientações do Comandante da Marinha para 2011 – ORCOM 2011. Brasília, DF, 2011.

______. ______. ______. Portaria n. 314, de 10 de dezembro de 2007. Plano de Carreira de Oficiais da Marinha – PCOM. 8. rev. Brasília, DF, 2007.

______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa. ed. adm. Brasília: Secretaria Especial de Editoração e Publicações do Senado Federal, 2010.

Page 51: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

41

______. Portaria Interministerial n. 1.874-A, de 8 de julho de 2011. Constitui Grupo de Trabalho Interministerial com o objetivo de analisar os currículos dos cursos de formação de oficiais, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 21 jul. 2011. Seção 2.

CARDOSO, José Orlando Ribeiro. Novas Ameaças: reflexos para a defesa e segurança no Continente Sul-Americano. 2010. 59 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia).- Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro, 2010.

CAVAGNARI, Geraldo. Em que os militares miram. Revista Veja, São Paulo: 2007, v.40, n.47, p. 134, nov. 2007.

COSTA, Octávio. O Ofício de Oficial do Exército Brasileiro. Resende, 1982. Aula inaugural na Academia Militar das Agulhas Negras.

CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (Brasil). Manual Básico. Rev. Rio de Janeiro, 2009. 2v.

______. ______. Manual para elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso: monografia. Rio de Janeiro, 2011.

Hecksher NETO, Mario. As Forças Armadas e o Futuro [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por < [email protected]> em 28 jul. 2011.

HERZBERG, Frederick. Novamente como se faz para motivar funcionários? São Paulo: v.1, n.13, Biblioteca Harvard de Administração de Empresas, 1975.

HUNTINGTON, Samuel P. O Soldado e o Estado. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1996.

LAMOUNIER, Renato Paiva. A Estratificação Social nas Forças Armadas. Air and Space Power Journal, Alabama (USA), 1999, v.XI, n.4, p. 58-60, abr, 1999. Disponível em http://www.airpower.maxwell.af.mil/apjinternational/apjipor.html. Acesso em: 30 jun. 2011.

MASLOW, Abraham H. Motivation and personality. 2 ed. New York: Harper&Row, 1970.

MOTTA, Jehovah. Formação do Oficial do Exército. 2. ed. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 2001.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Plano de Carreira: foco no indivíduo. São Paulo: Atlas, 2008.

OLIVEIRA Junior, Onaldo Pinto de. A importância da motivação na carreira militar. 2009. 45f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Gestão e Assessoramento de Estado-Maior) – Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2009.

Page 52: LIMA, Expedito Alves de. A valorização da carreira militar no Brasil.

42

PORTO, Jonatas Magalhães. Evasão de jovens oficiais nos tempos atuais: uma discussão mais abrangente. 2010. 80 f. Monografia (Curso de Políticas e Estratégias Marítimas) - Escola de Guerra Naval, Rio de Janeiro, 2010.

SILVA, Robson Augusto da. Militares pela Cidadania. Maricá. P.da C.Editora, 2010.