Lingua Portuguesa
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ANALISTA ADMINISTRATIVO – ÁREA 1
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Compreensão e interpretação de textos
A leitura é o meio mais importante para chegarmos ao conhecimento, portanto
precisamos aprender a ler e não apenas “passar os olhos sobre algum texto”.
Ler, na verdade, é dar sentido à vida e ao mundo, é dominar a riqueza de
qualquer texto, seja literário, informativo, persuasivo, narrativo, enfim
possibilidades que se misturam e as tornam infinitas. É preciso, para uma boa
leitura, exercitar-se na arte de pensar, de captar idéias, de investigar as
palavras... Para isso, devemos entender primeiro algumas definições
importantes:
O que é texto?
O texto (do latim textum: tecido) é uma unidade básica de organização e
transmissão de idéias, conceitos e informações de modo geral. Em sentido
amplo, uma escultura, um quadro, um símbolo, um sinal de trânsito, uma foto,
um filme, uma novela de televisão também são formas textuais.
O que é interlocutor?
É a pessoa a quem o texto se dirige.
TEXTO-MODELO:
“Não é preciso muito para sentir ciúme. Bastam três – você, uma pessoa
amada e uma intrusa. Por isso todo mundo sente. Se sua amiga disser que
não, está mentindo ou se enganando. Quem agüenta ver o namorado
conversando todo animado com outra menina sem sentir uma pontinha de não-
sei-o-quê? (...)
É normal você querer o máximo de atenção do seu namorado, das suas
amigas, dos seus pais. Eles são a parte mais importante da sua vida.”
(Revista Capricho)
1) Considerando o texto-modelo, é possível identificar quem é o seu
interlocutor preferencial?
2) Quais são as informações (explícitas ou não) que permitem a você identificar
o interlocutor preferencial do texto?
Observações importantes!
É extremamente importante considerarmos o contexto no momento da
interpretação textual. Em alguns casos, sem conhecê-lo, estaremos
simplesmente impossibilitados de compreender a intenção do autor ao produzir
um texto.
A interação com o mundo que nos cerca, através da leitura de jornais, revistas,
livros etc. É fator relevante para compreender alguns textos, pois a falta de
informação do que acontece ao nosso redor, torna-se impedimento para
compreensão de determinados textos.
Nove dicas para uma melhor leitura:
1- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;
2- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura;
3- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo menos duas vezes;
4- Inferir;
5- Voltar ao texto quantas vezes precisar;
6- Não permitir que prevaleçam suas idéias sobre as do autor;
7- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor compreensão;
8- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão;
9- O autor defende idéias e você deve percebê-las.
2. Tipologia textual
DESCRITIVO:
O que é descrição? É a ação que você toma de descrever sobre algo ou
alguém.
Então, o que é descrever? Vejamos, de acordo com o dicionário, é o ato de
narrar, contar minuciosamente.
Então, sempre que você expõe com detalhes um objeto, uma pessoa ou uma
paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição.
Esta última é como se fosse um retrato distinto e pessoal de algo que se vê ou
se viu!
Assim, para se fazer uma boa descrição, não é necessário que seja perfeita,
uma vez que o ponto de vista do observador varia de acordo com seu grau de
percepção. Dessa forma, o que será importante ser analisado para um, não
será para outro.
Portanto, a vivência de quem descreve também influencia na hora de transmitir
a impressão alcançada sobre determinado objeto, pessoa, animal, cena,
ambiente, emoção vivida ou sentimento.
Os pormenores são essenciais para se distinguir um determinado momento de
qualquer outro, desse modo, a presença de adjetivos e locuções adjetivas é
traço distinto de um texto descritivo.
Quando for descrever verbalmente, tenha sutileza ao transmitir e leve em
consideração, de acordo com o fato, objeto ou pessoa analisada:
a) As cores
b) Altura
c) Comprimento
d) Dimensões
e) Características físicas
f) Características psicológicas
g) Sensação térmica
h) Tempo e clima
i) Vegetação
Claro, tudo vai depender do que está sendo descrito. Em uma paisagem, por
exemplo, a descrição poderá considerar: a posição geográfica (norte, sul, leste,
oeste); o clima (úmido, seco); tipo (rural, urbana); a sensação térmica (calor,
frio) e se existem casas, árvores, rios, etc.
Veja no exemplo:
“Da janela de seu quarto podia ver o mar. Estava calmo e, por isso,
parecia até mais azul. A maresia inundava seu cantinho de descanso e
arrepiava seu corpo...estava muito frio, ela sentia, mas não queria fechar
a entrada daquela sensação boa. Ao norte, a ilha que mais gostava de ir,
era só um pedacinho de terra iluminado pelos últimos raios solares do
final daquela tarde; estava longe...longe! Não sabia como agradecer a
Deus, morava em um paraíso!”
A sensação que o leitor ou ouvinte tem que ter em uma descrição é de que foi
transportado para o local da narração descritiva.
Da mesma forma, quando um objeto é descrito, o interlocutor dever ter a
sensação de que está vendo aquele sofá ou aquela xícara.
Por fim, vejamos a seguir os dois tipos de descrição existentes:
Descrição objetiva: acontece quando o que é descrito apresenta-se de forma
direta, simples, concreta, como realmente é:
a) O objeto tem 3 metros de diâmetro, é cinza claro, pesa 1 tonelada e será
utilizado na fabricação de fraldas descartáveis.
b) Ana tem 1,80, pele morena, olhos castanhos claros, cabelos castanhos
escuros e lisos e pesa 65 kg. É modelo desde os 15 anos.
Descrição subjetiva: ocorre quando há emoção por parte de quem descreve:
a) Era doce, calma e respeitava muito aos pais. Porém, comigo, não tinha
pudores: era arisca e maliciosa, mas isso não me incomodava.
Portanto, na descrição subjetiva há interferência emocional por parte do
interlocutor a respeito do que observa, analisa.
NARRATIVO:
Ocorre quando se conta fatos que ocorreram num determinado tempo e lugar,
envolvendo personagens e um narrador. O texto narrativo é baseado na ação
que envolve personagens, tempo, espaço e conflito. O texto narrativo
apresenta a seguinte estrutura:
Apresentação
Desenvolvimento
Climax
Desfecho
Elementos da narrativa:
Foco narrativo (Primeira e terceira pessoa);
Personagens (Protagonista, antagonista e coadjuvante);
Narrador (Narrador-personagem (Participa da historia), Narrador-
observador (apenas observou);
Tempo (Cronológico ou psicológico)
Espaço
Tipos de Narrativas
Romance: É uma narrativa sobre um acontecimento ficcional no qual são
representados aspectos da vida pessoal, familiar ou social de uma ou várias
personagens. Gira em torno de vários conflitos, sendo um principal e os demais
secundários, formando assim o enredo.
Novela: Assim como o romance, a novela comporta vários personagens, sendo
que o desenrolar do enredo acontece numa sequência temporal bem marcada.
Atualmente, a novela televisiva tem o objetivo de nos entreter, bem como de
nos seduzir com o desenrolar dos acontecimentos, pois a maioria foca
assuntos relacionados à vida cotidiana.
Conto: É uma narrativa mais curta, densa, com poucos personagens, e
apresenta um só conflito, sendo que o espaço e o tempo também são
reduzidos.
Crônica: Também fazendo parte do gênero literário, a crônica é um texto mais
informal que trabalha aspectos da vida cotidiana, muitas vezes num tom muito
“sutil” o cronista faz uma espécie de denúncia contra os problemas sociais
através do poder da linguagem.
Fábula: Geralmente composta por personagens representados na figura de
animais, é de caráter pedagógico, pois transmite noções de cunho moral e
ético. Quando são representadas por personagens inanimados, recebe o nome
de Apólogo, mas a intenção é a mesma da fábula.
DISSERTATIVO:
Dissertação é um texto que se caracteriza pela defesa de uma idéia, de um
ponto de vista, ou pelo questionamento acerca de um determinado assunto.
Em geral, para se obter maior clareza na exposição de um ponto de vista,
costuma-se distribuir a matéria em três partes.
a. introdução - em que se apresenta a idéia ou o ponto de vista que será
defendido;
b. desenvolvimento ou argumentação - em que se desenvolve o ponto de
vista para tentar convencer o leitor; para isso, deve-se usar uma sólida
argumentação, citar exemplos, recorrer a opinião de especialistas,
fornecer dados, etc.
c. conclusão - em que se dá um fecho ao texto, coerente com o
desenvolvimento, com os argumentos apresentados.
Quanto à linguagem, prevalece o sentido denotativo das palavras e a ordem
direta das orações. Também são muito importantes, no texto dissertativo, a
coerência das idéias e a utilização de elementos coesivos, em especial das
conjunções que explicitam as relações entre as idéias expostas. Portanto, a
elaboração de um texto dissertativo não está centrada na função poética da
linguagem e sim na colocação e na defesa de idéias e na forma como essas
idéias são articuladas. Quando se lança mão de uma figura de linguagem, ela
deverá sempre ser utilizada com valor argumentativo, como um instrumento a
mais para a defesa de uma determinada idéia.
O Esquema-Padrão
Inicialmente, é preciso não confundir esquema com rascunho.
É importante atentar para um fato: cada dissertação, dependendo do tema e da
argumentação, pede um esquema. Uma dissertação subjetiva, por exemplo,
permite ao produtor do texto utilizar certos recursos que seriam descabidos
numa dissertação objetiva.
Esquema é um guia que estabelecemos para ser seguido, no qual colocamos
em frases sucintas (ou mesmo em simples palavras) o roteiro para a
elaboração do texto. No rascunho, vamos dando forma à redação, porque nele
as idéias colocadas no esquema passam a ser redigidas, tomando a forma de
frases até chegar a um texto coerente.
O primeiro passo para a elaboração de um esquema é ter entendido o tema
proposto, pois de nada adiantará um ótimo esquema se ele não estiver
adequado ao tema.
Por ser um roteiro a seguir, deve-se dividir o esquema nas partes de que se
compõe a redação. Se formos escrever uma redação dissertativa, o esquema
já deverá apresentar as três partes da dissertação: introdução,
desenvolvimento e conclusão, que podem vir representadas pelas letras a, b e
c, respectivamente.
Na letra a, você deverá colocar a tese que vai defender; na letra b, palavras
que resumam os argumentos que você apresentará para sustentar a tese; na
letra c, uma palavra que represente a conclusão a ser dada.
Quando estamos fazendo o esquema do desenvolvimento (letra b), é comum
surgirem inúmeras idéias. Registre-as todas, mesmo que mais tarde você não
venha a utilizá-las. Essas idéias normalmente vêm sem ordem alguma; por
isso, mais tarde é preciso ordená-las, selecionando as melhores e colocando-
as em ordem de importância. A esse processo damos o nome de
hierarquização das idéias.
Para não se perder tempo elaborando um outro esquema, a hierarquização das
idéias pode ser feita por meio de números atribuídos às palavras que aparecem
no esquema, seguindo a ordem em que serão utilizadas na produção do texto.
Apresentamos, agora, um exemplo do esquema com as idéias já
hierarquizadas:
Tema: A pena de morte: contra ou a favor?
a) contra, não resolve.
b) 1. direito à vida – religião
2. outros países – EUA
3. erro judiciário
4. classes baixas
5. tradição.
c) ineficaz: solução: erradicação da pobreza.
Feito o esquema, é segui-lo passo a passo, transformando as palavras em
frases, dando forma à redação.
No exemplo dado, na introdução você se declararia contrário (a) à pena de
morte porque ela não resolve o problema do crescente aumento da
criminalidade no país.
No desenvolvimento, você utilizaria os argumentos de que todas as pessoas
têm direito à vida, consagrado pelas religiões; de que nos países em que ela
existe, citando os Estados Unidos como exemplo, não fez baixar a
criminalidade; de que sempre é possível haver um erro judicial que leve a
matar um inocente; de que, no caso brasileiro, ela seria aplicada somente às
classes mais baixas; que não podem pagar bons advogados; e, finalmente, de
que a tradição jurídica brasileira consagra o direito à vida e repudia a pena de
morte.
Como conclusão, retomaria a tese insistindo na ineficácia desse tipo de pena e
indicando outras soluções para resolver o problema da criminalidade, como a
erradicação da miséria.
A Gramática da Dissertação
Quanto aos aspectos formais, a dissertação dispensa o uso abusivo de figuras
de linguagem, bem como do valor conotativo das palavras (veja bem: estamos
falando que não se deve abusar). Por suas características, o texto dissertativo
requer uma linguagem mais sóbria, denotativa, sem rodeios (afinal, convence-
se o leitor para força dos argumentos, não pelo cansaço); daí ser preferível o
uso da terceira pessoa.
Ao contrário da narração, a dissertação não apresenta uma progressão
temporal; os conceitos são genéricos, abstratos e, em geral, não se prendem a
uma situação de tempo e espaço; por isso o emprego de verbos no presente.
Ao contrário da descrição, que se caracteriza pelo período simples, a
dissertação trabalha com o período composto (normalmente, por
subordinação), com o encadeamento de idéias; nesse tipo de construção, o
correto emprego dos conectivos é fundamental para se obter um texto claro,
coeso, elegante.
TEXTO ARGUMENTATIVO
COMUNICAR não significa apenas enviar uma mensagem e fazer com que
nosso ouvinte/leitor a receba e a compreenda. Dito de uma forma melhor,
podemos dizer que nós nos valemos da linguagem não apenas para transmitir
idéias, informações. São muito freqüentes as vezes em que tomamos a palavra
para fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite o que estamos expressando (e
não apenas compreenda); que creia ou faça o que está sendo dito ou proposto.
Comunicar não é, pois, apenas um fazer saber, mas também um fazer crer,
um fazer fazer. Nesse sentido, a língua não é apenas um instrumento de
comunicação; ela é também um instrumento de ação sobre os espíritos, isto é,
uma estratégia que visa a convencer, a persuadir, a aceitar, a fazer crer, a
mudar de opinião, a levar a uma determinada ação.
Assim sendo, talvez não se caracterizaria em exagero afirmarmos que falar
e escrever é argumentar.
TEXTO ARGUMENTATIVO é o texto em que defendemos uma idéia,
opinião ou ponto de vista, uma tese, procurando (por todos os meios) fazer
com que nosso ouvinte/leitor aceite-a,creia nela.
Num texto argumentativo, distinguem-se três componentes: a tese, os
argumentos e as estratégias argumentativas.
TESE, ou proposição, é a idéia que defendemos, necessariamente
polêmica, pois a argumentação implica divergência de opinião.
A palavra ARGUMENTO tem uma origem curiosa: vem do
latim ARGUMENTUM, que tem o tema ARGU , cujo sentido primeiro é "fazer
brilhar", "iluminar", a mesma raiz de "argênteo", "argúcia", "arguto".
Os argumentos de um texto são facilmente localizados: identificada a tese,
faz-se a pergunta por quê? (Ex.: o autor é contra a pena de morte (tese).
Porque ... (argumentos).
As ESTRATÉGIAS não se confundem com os ARGUMENTOS. Esses,
como se disse, respondem à pergunta por quê (o autor defende uma tese
tal PORQUE ... - e aí vêm os argumentos).
ESTRATÉGIAS argumentativas são todos os recursos (verbais e não-
verbais) utilizados para envolver o leitor/ouvinte, para impressioná-lo, para
convencê-lo melhor, para persuadi-lo mais facilmente, para gerar credibilidade,
etc.
Os exemplos a seguir poderão dar melhor idéia acerca do que estamos
falando.
A CLAREZA do texto - para citar um primeiro exemplo - é uma estratégia
argumentativa na medida em que, em sendo claro, o leitor/ouvinte poderá
entender, e entendo, poderá concordar com o que está sendo exposto.
Portanto, para conquistar o leitor/ouvinte, quem fala ou escreve vai procurar por
todos os meios ser claro, isto é, utilizar-se da ESTRATÉGIA da clareza.
A CLAREZA não é, pois, um argumento, mas é um meio (estratégia)
imprescindível, para obter adesão das mentes, dos espíritos.
O emprego da LINGUAGEM CULTA FORMAL deve ser visto como algo
muito es-tra-té-gi-co em muitos tipos de texto. Com tal emprego, afirmamos
nossa autoridade (= "Eu sei escrever. Eu domino a língua! Eu sou culto!") e
com isso reforçamos, damos maior credibilidade ao nosso texto. Imagine,
estão, um advogado escrevendo mal ... ("Ele não sabe nem escrever! Seus
conhecimentos jurídicos também devem ser precários!").
Em outros contextos, o emprego da LINGUAGEM FORMAL e até mesmo
POPULAR poderá ser estratégico, pois, com isso, consegue-se mais facilmente
atingir o ouvinte/leitor de classes menos favorecidas.
O TÍTULO ou o INÍCIO do texto (escrito/falado) devem ser utilizados como
estratégias ... como estratégia para captar a atenção do ouvinte/leitor
imediatamente. De nada valem nossos argumentos se não são ouvidos/lidos.
A utilização de vários argumentos, sua disposição ao longo do texto, o
ataque às fontes adversárias, as antecipações ou prolepses (quando o
escritor/orador prevê a argumentação do adversário e responde-a), a
qualificação das fontes, a utilização da ironia, da linguagem agressiva, da
repetição, das perguntas retóricas, das exclamações, etc. são alguns outros
exemplos de estratégias.
2. A estrutura de um texto argumentativo
2.1 A argumentação formal
A nomenclatura é de Othon Garcia, em sua obra "Comunicação em Prosa
Moderna".
O autor, na mencionada obra, apresenta o seguinte plano-padrão para o
que chama de argumentação formal:
1. Proposição (tese): afirmativa suficientemente
definida e limitada; não deve conter em si mesma
nenhum argumento.
2. Análise da proposição ou tese: definição do sentido
da proposição ou de alguns de seus termos, a fim
de evitar mal-entendidos.
3. Formulação de argumentos: fatos, exemplos,
dados estatísticos, testemunhos, etc.
4. Conclusão.
Observe o texto a seguir, que contém os elementos referidos do plano-
padrão da argumentação formal.
Gramática e desempenho Lingüístico
1. Pretende-se demonstrar no presente artigo que o estudo intencional da
gramática não traz benefícios significativos para o desempenho lingüístico dos
utentes de uma língua.
2. Por "estudo intencional da gramática" entende-se o estudo de definições,
classificações e nomenclatura; a realização de análises (fonológica,
morfológica, sintática); a memorização de regras (de concordância, regência e
colocação) - para citar algumas áreas. O "desempenho lingüístico", por outro
lado, é expressão técnica definida como sendo o processo de atualização da
competência na produção e interpretação de enunciados; dito de maneira mais
simples, é o que se fala, é o que se escreve em condições reais de
comunicação.
3. A polêmica pró-gramática x contra gramática é bem antiga; na verdade, surgiu
com os gregos, quando surgiram as primeiras gramáticas. Definida como
"arte", "arte de escrever", percebe-se que subjaz à definição a idéia da sua
importância para a prática da língua. São da mesma época também as
primeiras críticas, como se pode ler em Apolônio de Rodes, poeta Alexandrino
do séc.II ª C.:
"Raça de gramáticos, roedores que ratais na
musa de outrem, estúpidas lagartas que sujais
as grandes obras, ó flagelo dos poetas que
mergulhais o espírito das crianças na
escuridão, ide para o diabo, percevejos que
devorais os versos belos".
4. Na atualidade, é grande o número de educadores, filólogos e lingüistas de
reconhecido saber que negam a relação entre o estudo intencional da
gramática e a melhora do desempenho lingüístico do usuário. Entre esses
especialistas, deve-se mencionar o nome do Prof. Celso Pedro Luft com sus
obra "Língua e liberdade: por uma nova concepção de língua materna e seu
ensino" (L&PM, 1995). Com efeito, o velho pesquisar apaixonado pelos
problemas da língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação lingüística,
reúne numa mesma obra convincente fundamentação para seu combate
veemente contra o ensino da gramática em sala de aula. Por oportuno, uma
citação apenas:
"Quem sabe, lendo este livro muitos
professores talvez abandonem a superstição
da teoria gramatical, desistindo de querer
ensinar a língua por definições, classificações,
análises inconsistentes e precárias hauridas
em gramáticas. Já seria um grande benefício".
(p. 99)
5. Deixando-se de lado a perspectiva teórica do Mestre, acima referida suponha-
se que se deva recuperar lingüisticamente um jovem estudante universitário
cujo texto apresente preocupantes problemas de concordância, regência,
colocação, ortografia, pontuação, adequação vocabular, coesão, coerência,
informatividade, entre outros. E, estimando-lhe melhoras, lhe fosse dada uma
gramática que ele passaria a estudar: que é fonética? Que é fonologia? Que é
fonemas? Morfema? Qual é coletivo de borboleta? O feminino de cupim?
Como se chama quem nasce na Província de Entre-Douro-e-Minho? Que é
oração subordinada adverbial concessiva reduzida de gerúndio? E decorasse
regras de ortografia, fizesse lista de homônimos, parônimos, de verbos
irregulares ... e estudasse o plural de compostos, todas regras de
concordância, regências ... os casos de próclise, mesóclise e ênclise. E que,
ao cabo de todo esse processo, se voltasse a examinar o desempenho do
jovem estudante na produção de um texto. A melhora seria, indubitavelmente,
pouco significativa; uma pequena melhora, talvez, na gramática da frase, mas
o problema de coesão, de coerência, de informatividade - quem sabe os mais
graves - haveriam de continuar. Quanto mais não seja porque a gramática
tradicional não dá conta dos mecanismos que presidem à construção do texto.
6. Poder-se-á objetar que o ilustração de há pouco é apenas hipotética e que, por
isso, um argumento de pouco valor. Contra argumentar-se-ia dizendo que
situação como essa ocorre de fato na prática. Na verdade, todo o ensino de 1°
e 2° graus é gramaticalista, descritivista, definitório, classificatório,
nomenclaturista, prescritivista, teórico. O resultado? Aí estão as estatísticas
dos vestibulares. Valendo 40 pontos a prova de redação, os escores foram
estes no vestibular 1996/1, na PUCRS: nota zero: 10% dos candidatos, nota
01: 30%; nota 02: 40%; nota 03: 15%; nota 04: 5%. Ou seja, apenas 20% dos
candidatos escreveram um texto que pode ser considerado bom.
7. Finalmente pode-se invocar mais um argumento, lembrando que são os
gramáticos, os lingüistas - como especialistas das línguas - as pessoas que
conhecem mais a fundo a estrutura e o funcionamento dos códigos
lingüísticos. Que se esperaria, de fato, se houvesse significativa influência do
conhecimento teórico da língua sobre o desempenho? A resposta é óbvia: os
gramáticos e os lingüistas seriam sempre os melhores escritores. Como na
prática isso realmente não acontece, fica provada uma vez mais a tese que se
vem defendendo.
8. Vale também o raciocínio inverso: se a relação fosse significativa, deveriam os
melhores escritores conhecer - teoricamente - a língua em profundidade. Isso,
no entanto, não se confirma na realidade: Monteiro Lobato, quando estudante,
foi reprovado em língua portuguesa (muito provavelmente por desconhecer
teoria gramatical); Machado de Assis, ao folhar uma gramática declarou que
nada havia entendido; dificilmente um Luis Fernando Veríssimo saberia o que
é um morfema; nem é de se crer que todos os nossos bons escritores seriam
aprovados num teste de Português à maneira tradicional (e, no entanto eles
são os senhores da língua!).
9. Portanto, não há como salvar o ensino da língua, como recuperar
lingüisticamente os alunos, como promover um melhor desempenho lingüístico
mediante o ensino-estudo da teoria gramatical. O caminho é seguramente
outro.
Gilberto Scarton
Eis o esquema do texto em seus quatro estágios:
Primeiro estágio: primeiro parágrafo, em que se enuncia claramente a
tese a ser defendida.
Segundo estágio: segundo parágrafo, em que se definem as expressões
"estudo intencional da gramática" e "desempenho lingüístico", citadas na
tese.
Terceiro estágio: terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo e oitavo
parágrafos, em que se apresentam os argumentos.
Terceiro parágrafo: parágrafo introdutório à argumentação.
Quarto parágrafo: argumento de autoridade.
Quinto parágrafo: argumento com base em ilustração hipotética.
Sexto parágrafo: argumento com base em dados estatísticos.
Sétimo e oitavo parágrafo: argumento com base em fatos.
Quarto estágio: último parágrafo, em que se apresenta a conclusão.
2.2 A argumentação informal
A nomenclatura também é de Othon Garcia, na obra já referida.
A argumentação informal apresenta os seguintes estágios:
1. Citação da tese adversária
2. Argumentos da tese adversária
3. Introdução da tese a ser defendida
4. Argumentos da tese a ser defendida
5. Conclusão
Observe o texto exemplar de Luís Alberto Thompson Flores Lenz, Promotor
de Justiça.
Considerações sobre justiça e eqüidade
1. Hoje, floresce cada vez mais, no mundo jurídico a acadêmico nacional, a idéia
de que o julgador, ao apreciar os caos concretos que são apresentados
perante os tribunais, deve nortear o seu proceder mais por critérios de justiça e
eqüidade e menos por razões de estrita legalidade, no intuito de alcançar,
sempre, o escopo da real pacificação dos conflitos submetidos à sua
apreciação.
2. Semelhante entendimento tem sido sistematicamente reiterado, na atualidade,
ao ponto de inúmeros magistrados simplesmente desprezarem ou
desconsiderarem determinados preceitos de lei, fulminando ditos dilemas
legais sob a pecha de injustiça ou inadequação à realidade nacional.
3. Abstraída qualquer pretensão de crítica ou censura pessoal aos insignes juízes
que se filiam a esta corrente, alguns dos quais reconhecidos como dos mais
brilhantes do país, não nos furtamos, todavia, de tecer breves considerações
sobre os perigos da generalização desse entendimento.
4. Primeiro, porque o mesmo, além de violar os preceitos dos arts. 126 e 127 do
CPC, atenta de forma direta e frontal contra os princípios da legalidade e da
separação de poderes, esteio no qual se assenta toda e qualquer idéia de
democracia ou limitação de atribuições dos órgãos do Estado.
5. Isso é o que salientou, e com a costumeira maestria, o insuperável José
Alberto dos Reis, o maior processualista português, ao afirmar que: "O
magistrado não pode sobrepor os seus próprios juízos de valor aos que estão
encarnados na lei. Não o pode fazer quando o caso se acha previsto
legalmente, não o pode fazer mesmo quando o caso é omisso".
6. Aceitar tal aberração seria o mesmo que ferir de morte qualquer espécie de
legalidade ou garantia de soberania popular proveniente dos parlamentos, até
porque, na lúcida visão desse mesmo processualista, o juiz estaria, nessa
situação, se arvorando, de forma absolutamente espúria, na condição de
legislador.
7. A esta altura, adotando tal entendimento, estaria institucionalizada a
insegurança social, sendo que não haveria mais qualquer garantia, na medida
em que tudo estaria ao sabor dos humores e amores do juiz de plantão.
8. De nada adiantariam as eleições, eis que os representantes indicados pelo
povo não poderiam se valer de sua maior atribuição, ou seja, a prerrogativa de
editar as leis.
9. Desapareceriam também os juízes de conveniência e oportunidade política
típicos dessas casas legislativas, na medida em que sempre poderiam ser
afastados por uma esfera revisora excepcional.
10. A própria independência do parlamento sucumbiaria integralmente frente à
possibilidade de inobservância e desconsideração de suas deliberações.
11. Ou seja, nada restaria, de cunho democrático, em nossa civilização.
12. Já o Poder Judiciário, a quem legitimamente compete fiscalizar a
constitucionalidade e legalidade dos atos dos demais poderes do Estado,
praticamente aniquilaria as atribuições destes, ditando a eles, a todo momento,
como proceder.
13. Nada mais é preciso dizer para demonstrar o desacerto dessa concepção.
14. Entretanto, a defesa desse entendimento demonstra, sem sombra de dúvidas,
o desconhecimento do próprio conceito de justiça, incorrendo inclusive
numacontradictio in adjecto.
15. Isto porque, e como magistralmente o salientou o insuperável Calamandrei, "a
justiça que o juiz administra é, no sistema da legalidade, a justiça em sentido
jurídico, isto é, no sentido mais apertado, mas menos incerto, da conformidade
com o direito constituído, independentemente da correspondente com a justiça
social".
16. Para encerrar, basta salientar que a eleição dos meios concretos de efetivação
da Justiça social compete, fundamentalmente, ao Legislativo e ao Executivo,
eis que seus membros são indicados diretamente pelo povo.
17. Ao Judiciário cabe administrar a justiça da legalidade, adequando o proceder
daqueles aos ditames da Constituição e da Legislação.
Luís Alberto Thompson Flores Lenz
Eis o esquema do texto em seus cinco estágios;
Primeiro estágio: primeiro parágrafo, em que se cita a tese adversária.
Segundo estágio: segundo parágrafo, em que se cita um argumento da
tese adversária "... fulminando ditos dilemas legais sob a pecha de
injustiça ou inadequação à realidade nacional".
Terceiro estágio: terceiro parágrafo, em que se introduz a tese a ser
defendida.
Quarto estágio: do quarto ao décimo quinto, em que se apresentam os
argumentos.
Quinto estágio:os últimos dois parágrafos, em que se conclui o texto
mediante afirmação que salienta o que ficou dito ao longo da
argumentação.
EXPOSITIVO:
O texto expositivo remete para a ideia de explanar ou explicar um
assunto, tema, coisa, situação ou acontecimento, que se pretende
desenvolver ou apresentar, em pormenor, referindo o tempo, o espaço,
a importância ou as circunstâncias do seu acontecer.
O discurso expositivo tem por objetivo informar, definir, explicar, aclarar,
discutir, provar e recomendar alguma coisa, recorrendo à razão e ao
entendimento.
Na organização do texto expositivo, é necessário escolher o tema a
desenvolver, definir o propósito que perseguimos ou os objetivos,
conhecer o destinatário da exposição, pesquisar a informação sobre o
tema, selecionar os dados de interesse, elaborar um guião com o plano
do que se vai escrever ou dizer, estruturar de forma ordenada a
informação, recorrer a materiais de suporte como imagens, gráficos,
diagramas, slides em powerpoint ou flash...
O texto expositivo implica uma apresentação consequente e lógica do
assunto, com articulação apropriada de partes relevantes. Daí a
necessidade de o desenvolver ou apresentar, em pormenor, referindo o
tempo, o espaço ou as circunstâncias.
Independentemente da realização comunicativa, é possível encontrar
marcas distintivas na exposição oral e na exposição escrita. Na primeira,
a apresentação do assunto deve ser consequente e lógica, com
articulação apropriada de partes relevantes; e os argumentos
apresentados devem ser pertinentes e eficazes. As razões e dados não
só necessitam de possuir clareza e precisão, mas têm de estar de
acordo com o que se quer transmitir para que produzam efeito, quer seja
na transmissão de uma informação, quer surjam como opinião, ou
mesmo se o texto é de propaganda. Como, muitas vezes, a exposição
oral é uma comunicação sem intercâmbio, qualquer enunciado deficiente
não pode ser esclarecido e sofre, com frequência, interpretações
diversas e que podem ser totalmente deturpadas. O cuidado a ter na
organização das ideias e na estruturação do discurso tem de ser o
melhor. O texto expositivo está associado com a análise e a síntese de
representações conceptuais.
A exposição escrita surge, com frequência, sob as formas de
texto informativo-expositivo ou expositivo-argumentativo. O informativo-
expositivo tem por finalidade a transmissão de informações e indicações
que digam respeito a factos concretos e referências reais; o expositivo-
argumentativo procura defender uma tese, apresentando dados e
observações que a confirmem. Deve expor com clareza e precisão as
razões que levam à defesa de uma opinião sobre o tema.
INJUNTIVOS:
é o tipo de texto que leva o leitor a mais que uma simples informação. Instrui o
leitor! Não é o texto que argumenta, que narra, que debate, mas que leva o
leitor a determinada orientação transformadora. O texto injuntivo-instrucional
pode ter o poder de transformar o comportamento do leitor.
Para facilitar mais sua compreensão, eis alguns exemplos bem simples de
textos injuntivos:
• Uma receita de bolo que sua avó passa à sua mãe.
• Uma bula de remédio.
• Um manual de instrução que você recebe quando adquire um eletroeletrônico.
• Determinados capítulos de um livro de auto-ajuda
Texto Injuntivo: qualquer texto que tenha a finalidade de instruir o leitor
(interlocutor).
Por esse motivo, sua estrutura se caracteriza por verbos no imperativo:
ordenando ou sugerindo.
O Texto injuntivos Têm como objetivo controlar o comportamento do
destinatário – são textos que incitam á ação, impõem regras ou fornecem
instruções e indicações para a realização de um trabalho ou a utilização correta
de instrumentos.
Exemplos:
- Instruções de uso
- Instruções de montagem
- Regras de utilização
- Leis
- Receitas de culinária
- Guias
- Regras de trânsito
- Obrigações a cumprir
3. ORTOGRAFIA OFICIAL
Nova Ortografia Oficial
O que mudou na Ortografia Brasileira:
1 – O alfabeto
Agora nosso alfabeto passa a ser composto de 26 letras, admitindo de vez as
letra K, W
e Y que, normalmente, já eram usadas em nomes estrangeiros ou em símbolos
de
medidas. Exemplos:
Karen, Wilson, Hygor.
Km, Kg, Watt.
São elas:
A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, W, X, Y, Z.
—————————————————————————————–
2 – O trema
O trema passa a ser usado somente em palavras estrangeiras e nas suas
derivações.
Exemplos:
Müller, Mülleriano
Nas demais palavras deixará de ser usado.
Exemplos:
Palavras como:
Lingüiça, freqüência, tranqüilo.Ficam assim:
Linguiça, frequência e tranquilo.
—————————————————————————————–
3 – As regras de acentuação
I - Os ditongos abertos éi e ói em palavras paroxítonas perdem o acento.
Exemplos:
Palavras como:
Alcatéia, Coréia, bóia e jibóia
Ficam assim:
Alcateia, Coreia, boia e jiboia
Mas atenção: O acento continua em ditongos abertos de palavras
monossílabas e
oxítonas.
Exemplos: dói, constrói, herói, troféu, papéis, anéis, etc.
II - Depois de ditongo, em palavras paroxítonas, o i e o u tônicos deixam de ser
acentuados:
Palavras como:
Baiúca, bocaiúva, taoísta, boiúna
Ficam assim:
Baiuca, bocaiuva, taoista, boiuna
Mas atenção: Em palavras oxítonas com i ou u no final (ou seguidos de s) o
acento
permanece:
Exemplos: Piauí, tuiuiú, tuiuiús…
III – Palavras terminadas em êem ou ôo(s) perdem o acento:
Palavras como:
Enjôo, magôo, vôos, crêem, lêem
Ficam assim:
Enjoo, magoo, voos, creem, lêem
IV – Palavras homógrafas (que possuem mesma grafia) perdem o acento
diferencial.Palavras como:
Pára (verbo), pêlo (substantivo), pólo (substantivo)
Ficam assim:
Para (verbo), pelo (substantivo), polo (substantivo)
Mas atenção: O acento continua sendo usado no verbo poder, na 3ª pessoa do
pretérito
perfeito – “pôde”. E também no verbo “pôr” (sem o acento se torna preposição
–
”por”).
Nos verbos ter e vir e nos seus derivados (manter, deter, convir, intervir, etc.), o
acento
que diferencia o singular do plural continua.
Exemplos:
Ele tem dois empregos. / Eles têm dois empregos.
Ela vem de Campinas. / Elas vêm de Campinas.
Ele mantém a postura. / Eles mantêm a postura.
Obs: O acento circunflexo fica facultativo, podendo ser usado para deixar a
frase mais
clara, nas palavras (forma / fôrma). Exemplo:
Essa é a forma da fôrma de pizza.
V – Deixa de ser acentuada a letra u em formas verbais rizotônicas (quando o
radical
(raiz) do verbo leva o acento tônico), precidida das letra “g” e “q” e antes de “e”
e “i”
(gue, que, gui, qui).
Exemplos:
Palavras como:
Argúi, apazigúe, enxagúe.
Ficam assim:
Argui, apazigue, enxague.
—————————————————————————————–
4 – O hífen
I – O hífen sempre existirá diante de palavras iniciadas por h.
Exemplos:Sobre-humano, mini-hotel, anti-higiênico, super-homem, extra-
humano, semi-
herbáceo, etc.
Mas atenção: A palavra “subumano” consiste em uma exceção, perdendo o h
da
palavra humano.
II – O hífen não será usado em palavras com prefixo, ou falso prefixo,
terminado por
uma vogal e com a palavra seguinte iniciada por vogal diferente.
Exemplos:
Palavras como:
Semi-automático, auto-escola, anti-americano, infra-estrutura, etc.
Ficam assim:
Semiautomático, autoescola, antiamericano, infraestrutura, etc.
Mas atenção: com o prefixo co ocorre a aglutinação, mesmo com a palavra
seguinte se
iniciando por o.
Exemplos:
Coordenar, coobrigação, cooperar, etc.
III – O hífen não será usado em palavra iniciada por consoante + prefixo
terminado em
vogal.
Exemplos:
Autoproteção, semideus, microcomputador, etc.
Mas atenção: Sempre existirá hífen com o prefixo vice.
Exemplos:
Vice-prefeito, vice-rei, vice-presidente, etc.
Obs: Palavras que começam pelas letras r ou s + prefixo que termina em vogal
não
terão hífen e essas letras (r, s) ficaram duplicadas.
Exemplos:
Palavras como:
Ante-sala, anti-rugas, infra-som, etc.
Ficam assim:Antessala, antirrugas, infrassom, etc.
IV – Em prefixo terminado em vogal + palavra começada pela mesma vogal,
usa-se o
hífen.
Exemplos:
Palavras como:
Microondas, antiinflamatório, microorgânico, etc.
Ficam assim:
Micro-ondas, anti-inflamatório, micro-orgânico, etc.
V – Para prefixo que termine por consoante haverá o hífen se a palavra
seguinte
começar por uma consoante igual.
Exemplos:
Inter-racial, inter-regional, sub-bibliotecário, etc.
Mas atenção: Para os demais casos, não haverá hífen.
Exemplos:
Hipermercado, superinteressante, intermunicipal, etc.
Obs 1: Em palavras iniciadas por r, b e h com o prefixo sub usa-se hífen.
Exemplos:
Sub-região, sub-raça, sub-bloco, sub-homem, etc.
Obs 2: Os prefixos circum e pan são precedidos de hífen quando a próxima
palavra for
iniciada por m, n e vogal.
Exemplos:
Circum-navegação, pan-americano, etc.
VI – Em prefixo terminado por consoante + palavra iniciada por vogal, não se
usa
hífen.
Exemplos:
Hiperativo, superamigo, interestatual, etc.
VII – O hífen sempre será usado diante dos prefixos: pré, pós, pró, recém,
além, aquém,
ex, sem.Exemplos:
Ex-funcionário, pré-vestibular, recém-nascida, sem-terra, etc.
VIII – Para sufixo de origem tupi-guarani como: Açu, guaçu, mirim, deve-se
usar
hífen.
Exemplos:
Amoré-guaçu, capim-açu, etc.
IX – O hífen deve ser usado em duas ou mais palavras que, quando se
agrupam,
formam um encadeamento vocabular.
Exemplos:
Ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo, etc.
X – Em palavras que perderam a noção de composição, o hífen não será
usado.
Exemplos:
Palavras como:
Manda-chuva, pára-quedas, pára-lama, pára-vento, etc.
Ficam assim:
Mandachuva, paraquedas, paralama, paravento, etc.
XI – Para clareza de escrita (gráfica) ao se separar uma palavra que coincida
com o
hífen no final da linha, esse deve ser repetido no início da próxima linha.
Exemplos:
Patrão vira sócio de ex-
-funcionário.
É a segunda vez que o micro-
-ondas quebra.
4. Acentuação gráfica;
5. Emprego das classes de palavras;
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE
A crase ocorre quando temos de juntar duas vogais iguais em uma frase. Por
exemplo, a preposição “a” seguida do artigo “a”, resultara no “a” com crase.
A crase é representada por um traço invertido em cima da vogal (acento
grave): à. Por ser formada pelo artigo “a”, a crase só aparecerá antes de
palavras femininas.
Uma boa dica para saber se existe crase em uma vogal, é trocar a palavra
feminina para uma masculina. Se nessa troca, aparecer “ao(s)”, significa que
existe crase.
Exemplo:
- Vou à igreja - > Vou ao shopping.
Note que a verbo ir (vou) exige preposição, e igreja é uma palavra feminina.
Quando trocada por “shopping”, o “a+a”. Então existe crase.
Nunca existirá crase antes de:
- Palavras masculinas
- Verbos
- Entre palavras repetidas (dia-a-dia)
- Antes de artigos indefinidos (um, umas, uns, umas)
- Antes de palavras no plural se o “a” estiver no singular
- Antes de numeral cardinal (exceto se indicarem hora)
Sempre ocorrerá crase:
- Antes de locuções prepositivas, adverbiais e conjuntivas: às vezes, à toa, à
esquerda, à noite...
- Antes de numeral cardinal indicando hora
Pode ou não ocorrer crase
- Antes de nomes de cidades, lugares, países, etc. Um bom truque para saber
se vai crase ou não, é encaixando a palavra em questão na frase:
“Vou a, volto da, crase há! Vou a, volto de, crase pra quê?”
7. Sintaxe da oração e do período;
Sintaxe da oração e do período
Apesar do tema pedir para abordar somente sobre a oração e o período,
colocarei também um pouco sobre frase para tornar o assunto mais completo.
Bons estudos!
Frase, período e oração:
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer
comunicação. Expressa juízo, indica ação, estado ou fenômeno, transmite um
apelo, ordem ou exterioriza emoções.
Normalmente a frase é composta por dois termos – o sujeito e o predicado –
mas não obrigatoriamente, pois, em Português há orações ou frases sem
sujeito: Há muito tempo que não chove.
Enquanto na língua falada a frase é caracterizada pela entoação, na língua
escrita, a entoação é reduzida a sinais de pontuação.
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em verbais e nominais, feita
a partir de seus elementos constituintes, elas podem ser classificadas a partir
de seu sentido global:
frases interrogativas: o emissor da mensagem formula uma
pergunta. / Que queres fazer?
frases imperativas: o emissor da mensagem dá uma ordem
ou faz um pedido. / Dê-me uma mãozinha! – Faça-o sair!
frases exclamativas: o emissor exterioriza um estado afetivo.
/ Que dia difícil!
frases declarativas: o emissor constata um fato. / Ele já
chegou.
Quanto a estrutura da frase, as frases que possuem verbo são estruturadas por
dois elementos essenciais: sujeito e predicado.
O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em número e pessoa. É
o “ser de quem se declara algo”, “o tema do que se vai comunicar”.
O predicado é a parte da frase que contém “a informação nova para o ouvinte”.
Ele se refere ao tema, constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.
Quando o núcleo da declaração está no verbo, temos o predicado verbal. Mas,
se o núcleo estiver num nome, teremos um predicado nominal.
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de opinião.
A existência é frágil.
A oração, às vezes, é sinônimo de frase ou período (simples) quando encerra
um pensamento completo e vem limitada por ponto-final, ponto-de-
interrogação, ponto-de-exclamação e por reticências.
Um vulto cresce na escuridão. Clarissa se encolhe. É Vasco.
Acima temos três orações correspondentes a três períodos simples ou a três
frases.
Mas, nem sempre oração é frase: “convém que te apresses” apresenta duas
orações mas uma só frase, pois somente o conjunto das duas é que traduz um
pensamento completo.
Outra definição para oração é a frase ou membro de frase que se organiza ao
redor de um verbo. A oração possui sempre um verbo (ou locução verbal), que
implica, na existência de um predicado, ao qual pode ou não estar ligado um
sujeito.
Assim, a oração é caracterizada pela presença de um verbo. Dessa forma:
Rua!
Que é uma frase, não é uma oração.
Já em:
“Quero a rosa mais linda que houver, para enfeitar a noite do meu bem.”
Temos uma frase e três orações: As duas últimas orações não são frases, pois
em si mesmas não satisfazem um propósito comunicativo; são, portanto,
membros de frase.
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída por uma ou mais orações,
formando um todo, com sentido completo. O período pode ser simples ou
composto.
Período simples é aquele constituído por apenas uma oração, que recebe o
nome de oração absoluta.
Chove.
A existência é frágil.
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de opinião.
Quero uma linda rosa.
Período composto é aquele constituído por duas ou mais orações:
“Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver.”
Cantei, dancei e depois dormi.
Termos essenciais da oração:
O sujeito e o predicado são considerados termos essenciais da oração, ou
seja, sujeito e predicado são termos indispensáveis para a formação das
orações. No entanto, existem orações formadas exclusivamente pelo
predicado. O que define, pois, a oração, é a presença do verbo.
O sujeito é o termo que estabelece concordância com o verbo.
a) “Minha primeira lágrima caiu dentro dos teus olhos.”;
b) “Minhas primeiras lágrimas caíram dentro dos teus olhos”.
Na primeira frase, o sujeito é minha primeira lágrima. Minha e primeira referem-
se ao conceito básico expresso em lágrima. Lágrima é, pois, a principal palavra
do sujeito, sendo, por isso, denominada núcleo do sujeito. O núcleo do sujeito
se relaciona com o verbo, estabelecendo a concordância.
A função do sujeito é basicamente desempenhada por substantivos, o que a
torna uma função substantiva da oração. Pronomes substantivos, numerais e
quaisquer outras palavras substantivadas (derivação imprópria) também podem
exercer a função de sujeito.
a) Ele já partiu;
b) Os dois sumiram;
c) Um sim é suave e sugestivo.
Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: o de determinação ou
indeterminação e o de núcleo do sujeito.
Um sujeito é determinado quando é facilmente identificável pela concordância
verbal. O sujeito determinado pode ser simples ou composto.
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é possível identificar
claramente a que se refere a concordância verbal. Isso ocorre quando não se
pode ou não interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração.
a) Estão gritando seu nome lá fora;
b) Trabalha-se demais neste lugar.
O sujeito simples é o sujeito determinado que possui um único núcleo. Esse
vocábulo pode estar no singular ou no plural; pode também ser um pronome
indefinido.
a) Nós nos respeitamos mutuamente;
b) A existência é frágil;
c) Ninguém se move;
d) O amar faz bem.
O sujeito composto é o sujeito determinado que possui mais de um núcleo.
a) Alimentos e roupas andam caríssimos;
b) Ela e eu nos respeitamos mutuamente;
c) O amar e o odiar são tidos como duas faces da mesma moeda.
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a referência ao sujeito
oculto, isto é, ao núcleo do sujeito que está implícito e que pode ser
reconhecido pela desinência verbal ou pelo contexto.
Abolimos todas as regras.
O sujeito indeterminado surge quando não se quer ou não se pode identificar
claramente a que o predicado da oração se refere. Existe uma referência
imprecisa ao sujeito, caso contrário teríamos uma oração sem sujeito.
Na língua portuguesa o sujeito pode ser indeterminado de duas maneiras:
a) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que o sujeito não tenha sido
identificado anteriormente:
a.1) Bateram à porta;
a.2) Andam espalhando boatos a respeito da queda do ministro.
b) com o verbo na terceira pessoa do singular, acrescido do pronome se. Esta
é uma construção típica dos verbos que não apresentam complemento direto:
b.1) Precisa-se de mentes criativas;
b.2) Vivia-se bem naqueles tempos;
b.3) Trata-se de casos delicados;
b.4) Sempre se está sujeito a erros.
O pronome se funciona como índice de indeterminação do sujeito.
As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predicado, articulam-se a partir
de m verbo impessoal. A mensagem está centrada no processo verbal. Os
principais casos de orações sem sujeito com:
a) os verbos que indicam fenômenos da natureza:
a.1) Amanheceu repentinamente;
a.2) Está chuviscando.
b) os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam fenômenos
meteorológicos ou se relacionam ao tempo em geral:
b.1) Está tarde.
b.2) Ainda é cedo.
b.3) Já são três horas, preciso ir;
b.4) Faz frio nesta época do ano;
b.5) Há muitos anos aguardamos mudanças significativas;
b.6) Faz anos que esperamos melhores condições de vida;
b.7) Deve fazer meses que ele partiu.
c) o verbo haver, na indicação de existência ou acontecimento:
c.1) Havia bons motivos para nossa apreensão;
c.2) Deve haver muitos interessados no seu trabalho;
c.3) Houve alguns problemas durante o trabalho.
O predicado é o conjunto de enunciados que numa dada oração contém a
informação nova para o ouvinte.
Nas orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia um fato qualquer:
a) Chove muito nesta época do ano;
b) Houve problemas na reunião.
Nas orações que surge o sujeito, o predicado é aquilo que se declara a respeito
desse sujeito.
Com exceção do vocativo, que é um termo à parte, tudo o que difere do sujeito
numa oração é o seu predicado.
a) Os homens (sujeito) pedem amor às mulheres (predicado);
b) Passou-me (predicado) uma idéia estranha (sujeito) pelo pensamento
(predicado).
Para o estudo do predicado, é necessário verificar se seu núcleo está num
nome ou num verbo. Deve-se considerar também se as palavras que formam o
predicado referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração.
Os homens sensíveis (sujeito) pedem amor sincero às mulheres de opinião.
O predicado acima apresenta apenas uma palavra que se refere ao sujeito:
pedem. As demais palavras ligam-se direta ou indiretamente ao verbo.
A existência (sujeito) é frágil (predicado).
O nome frágil, por intermédio do verbo, refere-se ao sujeito da oração. O verbo
atua como elemento de ligação entre o sujeito e a palavra a ele relacionada.
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo significativo um verbo:
a) Chove muito nesta época do ano;
b) Senti seu toque suave;
c) O velho prédio foi demolido.
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem apenas para indicar o
estado do sujeito, mas indicam processos.
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo significativo um nome;
esse nome atribui uma qualidade ou estado ao sujeito, por isso é chamado de
predicativo do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a outro nome da
oração por meio de um verbo.
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, isto é, não indica um
processo. O verbo une o sujeito ao predicativo, indicando circunstâncias
referentes ao estado do sujeito:
“Ele é senhor das suas mãos e das ferramentas.”
Na frase acima o verbo ser poderia ser substituído por estar, andar, ficar,
parecer, permanecer ou continuar, atuando como elemento de ligação entre o
sujeito e as palavras a ele relacionadas.
A função de predicativo é exercida normalmente por um adjetivo ou
substantivo.
O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta dois núcleos significativos:
um verbo e um nome. No predicado verbo-nominal, o predicativo pode referir-
se ao sujeito ou ao complemento verbal.
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre significativo, indicando
processos. É também sempre por intermédio do verbo que o predicativo se
relaciona com o termo a que se refere.
a) O dia amanheceu ensolarado;
b) As mulheres julgam os homens inconstantes
No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta duas funções: a de verbo
significativo e a de verbo de ligação. Esse predicado poderia ser desdobrado
em dois, um verbal e outro nominal:
a) O dia amanheceu;
b) O dia estava ensolarado.
No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o complemento homens
como o predicativo inconstantes.
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Termos integrantes da oração:
Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o complemento nominal
são chamados termos integrantes da oração.
Os complementos verbais integram o sentido do verbos transitivos, com eles
formando unidades significativas. Esses verbos podem se relacionar com seus
complementos diretamente, sem a presença de preposição ou indiretamente,
por intermédio de preposição.
O objeto direto é o complemento que se liga diretamente ao verbo.
a) Os homens sensíveis pedem amor às mulheres de opinião;
b) Os homens sinceros pedem-no às mulheres de opinião;
c) Dou-lhes três.
d) Buscamos incessantemente o Belo;
e) Houve muita confusão na partida final.
O objeto direto preposicionado ocorre principalmente:
a) com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns referentes a pessoas:
a.1) Amar a Deus;
a.2) Adorar a Xangô;
a.3) Estimar aos pais.
b) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes de tratamento:
b.1) Não excluo a ninguém;
b.2) Não quero cansar a Vossa Senhoria.
c) para evitar ambigüidade:
Ao povo prejudica a crise. (sem preposição, a situação seria outra)
d) com pronomes oblíquos tônicos (preposição obrigatória):
Nem ele entende a nós, nem nós a ele.
O objeto indireto é o complemento que se liga indiretamente ao verbo, ou seja,
através de uma preposição.
a) Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres;
b) Os homens pedem-lhes amor sincero;
c) Gosto de música popular brasileira.
O termo que integra o sentido de um nome chama-se complemento nominal. O
complemento nominal liga-se ao nome que completa por intermédio de
preposição:
a) Desenvolvemos profundo respeito à arte;
b) A arte é necessária à vida;
c) Tenho-lhe profundo respeito.
Os nomes que se fazem acompanhar de complemento nominal pertencem a
dois grupos:
a) substantivos, adjetivos ou advérbios derivados de verbos transitivos,
b) adjetivos transitivos e seus derivados.
Termos acessórios da oração e vocativo:
Os termos acessórios recebem esse nome por serem acidentais, explicativos,
circunstanciais.
São termos acessórios o adjunto adverbial, adjunto adnominal e o aposto.
O adjunto adverbial é o termo da oração que indica uma circunstância do
processo verbal, ou intensifica o sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É
uma função adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais exercer
o papel de adjunto adverbial.
Amanhã voltarei de bicicleta àquela velha praça.
As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto adverbial são:
acréscimo: Além de tristeza, sentia profundo cansaço.
afirmação: Sim, realmente irei partir.
assunto: Falavam sobre futebol.
causa: Morrer ou matar de fome, de raiva e de sede… são
tantas vezes gestos naturais.
companhia: Sempre contigo bailando sob as estrelas.
concessão: Apesar de você, amanhã há de ser outro dia.
conformidade: Fez tudo conforme o combinado.
dúvida: Talvez nos deixem entrar.
fim: Estudou para o exame.
freqüência: Sempre aparecia por lá.
instrumento: Fez o corte com a faca.
intensidade: Corria bastante.
limite: Andava atabalhoado do quarto à sala.
lugar: Vou à cidade.
matéria: Compunha-se de substâncias estranhas.
meio: Viajarei de trem.
modo: Foram recrutados a dedo.
negação: Não há ninguém que mereça.
preço: As casas estão sendo vendidas a preços
exorbitantes.
substituição ou troca: Abandonou suas convicções por
privilégios econômicos.
tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo.
O adjunto adnominal é o termo acessório que determina, especifica ou explica
um substantivo. É uma função adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções
adjetivas que exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Também
atuam como adjuntos adnominais os artigos, os numerais e os pronomes
adjetivos.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu amigo de infância.
O adjunto adnominal se liga diretamente ao substantivo a que se refere, sem
participação do verbo.
Já o predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um verbo.
O poeta português deixou uma obra originalíssima.
O poeta deixou-a.
O poeta português deixou uma obra inacabada.
O poeta deixou-a inacabada.
Enquanto o complemento nominal relaciona-se a um substantivo, adjetivo ou
advérbio; o adjunto nominal relaciona-se apenas ao substantivo.
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, explicar, desenvolver ou
resumir a idéia contida num termo que exerça qualquer função sintática.
Ontem, segunda-feira, passei o dia mal-humorado.
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo ontem. Dizemos que o
aposto é sintaticamente equivalente ao termo que se relaciona porque poderia
substituí-lo:
Segunda-feira passei o dia mal-humorado.
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu valor na oração, em:
a) explicativo: A lingüística, ciência das línguas humanas, permite-nos
interpretar melhor nossa relação com o mundo.
b) enumerativo: A vida humana se compõe de muitas coisas: amor, arte, ação.
c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho, tudo isso forma o
carnaval.
d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixaram-se por muito
tempo na baía anoitecida.
Além desses, há o aposto especificativo, que difere dos demais por não ser
marcado por sinais de pontuação (dois-pontos ou vírgula).
A rua Augusta está muito longe do rio São Francisco.
O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte
real ou hipotético.
A função de vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, pronomes
substantivos, numerais e palavras substantivadas esse papel na linguagem.
Período composto por coordenação:
O período composto por coordenação é formado por orações sintaticamente
completas, ou seja, equivalentes.
Os homens investigam o mundo, descobrem suas riquezas e constroem suas
sociedades competitivas.
O período acima é formada por três orações, no entanto essas orações são
independentes e poderiam constituir orações absolutas, caracterizando o
período composto por coordenação.
Quanto às orações coordenadas, elas estão divididas em assindéticas e
sindéticas, sendo estas aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e
explicativas.
As orações coordenadas assindéticas são aquelas ligadas sem o uso da
conjunção:
Um pé-de-vento cobria de poeira a folhagem das imburanas, sinhá Vitória
catava piolhos no filho mais velho, Baleia descansava a cabeça na pedra de
amolar.
Já as orações coordenadas sindéticas são aquelas ligadas por meio de
conjunções:
Dormiu e sonhou.
As orações coordenadas sindéticas aditivas são ligadas por meio de
conjunções aditivas. Ocorrem quando os fatos estão em seqüência simples,
sem que acrescente outra idéia. As aditivas típicas são e e nem.
Discutimos as várias propostas e analisamos possíveis soluções.
Não discutimos as várias propostas, nem (e não) analisamos quaisquer
soluções.
As orações sindéticas aditivas podem também ser ligadas pelas locuções não
só, mas(também), tanto … como.
Não só provocaram graves problemas, mas (também) abandonaram os
projetos de reestruturação social do país.
As coordenadas sindéticas adversativas são introduzidas pelas conjunções
adversativas. A segunda oração exprime contraste, oposição ou compensação
em relação à anterior. As adversativas típicas são mas, porém, contudo,
todavia, entanto, entretanto, e as locuções no entanto, não obstante, nada
obstante.
Este mundo é redondo mas está ficando muito chato.
O país é extremamente rico; o povo, porém, vive em profunda penúria.
Já as coordenadas sindéticas alternativas são introduzidas por conjunções
alternativas, indicando pensamentos ou fatos que se alternam ou excluem. A
conjunção alternativa típica é ou. Há também os pares ora… ora, já… já,
quer… quer, seja… seja.
Diga agora ou cale-se para sempre.
Ora atua com dedicação e seriedade, ora age de forma desleixada e relapsa.
As coordenadas sindéticas conclusivas são introduzidas por conjunções
conclusivas. Nesse caso, a segunda oração exprime conclusão ou
conseqüência lógica da primeira. As conjunções e locuções típicas são logo,
portanto, então, assim, por isso, por conseguinte, de modo que, em vista
disso, pois (apenas quando não anteposta ao verbo).
Aquela substância é altamente tóxica, logo deve ser manuseada
cautelosamente.
A situação econômica é delicada; devemos, pois, agir cuidadosamente.
As coordenadas sintéticas explicativas são introduzidas por conjunções
explicativas e exprimem o motivo, a justificativa de se ter feito a declaração
anterior. As conjunções explicativas são que, porque e pois (anteposta ao
verbo).
“Vem, que eu te quero fraco.”
Ele se mudou, pois seu apartamento está vazio.
Período composto por subordinação:
O período composto por subordinação é aquele composto por uma oração
principal (aquela que tem pelo menos um dos termos representado por uma
oração subordinada) e por orações subordinadas (aquelas que exercem função
sintática em outra oração).
As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais.
Quanto às formas, elas podem ser desenvolvidas (apresentam verbos numa
das formas finitas [tempos do indicativo, subjuntivo, imperativo], apresentam
normalmente conjunção e pronome relativo) e reduzidas (apresentam verbos
numa das formas nominais [infinitivo, gerúndio, particípio] e não apresentam
conjunções nem pronomes relativos, podem apresentar preposição):
Eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto.
Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto.
As orações subordinadas substantivas exercem funções substantivas no
interior da oração principal de que fazem parte. Elas podem ser desenvolvidas
ou reduzidas e são classificadas de acordo com suas seis funções: sujeito,
objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo do sujeito e
aposto.
As subordinadas substantivas subjetivas são aquelas orações que exercem a
função de sujeito do verbo da oração principal:
É preciso que haja alguma coisa de flor em tudo isso.
É preciso haver alguma coisa de flor em tudo isso.
O verbo da oração principal sempre se apresenta na terceira pessoa do
singular. E os verbos e expressões que apresentam essa oração como sujeito
podem ser divididos em três grupos:
verbos de ligação mais predicativo (é bom, é claro, parece
certo);
verbos na voz passiva sintética ou analítica (sabe-se, conta-
se, foi anunciado);
verbos do tipo convir, cumprir, importar, ocorrer, acontecer,
suceder, parecer, constar, quando na terceira pessoa do
singular.
As subordinadas substantivas objetivas diretas exercem a função de objeto
direto do verbo da oração principal:
Juro que direi a verdade.
Juro dizer a verdade.
Algumas objetivas diretas são introduzidas pela conjunção subordinativa
integrante se e por pronomes interrogativos (onde, por que, como, quando,
quando).
Essas orações ocorrem em formas interrogativas diretas:
Desconheço se ele chegou.
Desconheço quando ele chegou.
Os verbos auxiliares causativos (deixar, mandar e fazer) e os auxiliares
sensitivos (ver, sentir, ouvir e perceber) formam orações principais que
apresentam objeto direto na forma de orações subordinadas substantivas
reduzidas de infinitivo:
Deixe-me partilhar seus segredos.
As subordinadas substantivas objetivas indiretas exercem o papel de objeto
indireto do verbo da oração principal:
Aspiramos a que a situação nacional melhore.
Lembre-me de ajudá-lo em seus afazeres.
As subordinadas substantivas completivas nominais exercem papel de
complemento nominal de um termo da oração principal:
Tenho a sensação de que estamos alcançando uma situação mais
alentadora.
Já as subordinadas substantivas predicativas exercem o papel de predicativo
do sujeito da oração principal:
Nossa constatação é que vida e morte são duas faces de uma mesma
realidade.
As subordinadas substantivas apositivas exercem função de aposto de um
termo da oração principal:
Só desejo uma coisa: que nossa situação melhore.
As orações subordinadas adjetivas exercem a função sintática dos pronome
relativo. Exerce a função sintática de adjunto adnominal de um termo da oração
principal, sendo introduzida por pronome relativo (que, qual/s, como,
quanto/a/s, cujo/a/s, onde). Estes pronomes relativos podem ser precedidos de
preposição.
As subordinadas adjetivas dividem-se em restritivas e explicativas.
As restritivas restringem o sentido da oração principal, sendo indispensáveis.
Apresentam sentido particularizante do antecedente.
O professor castigava os alunos que se comportavam mal.
As explicativas tem a função de explicar o sentido da oração principal, sendo
dispensável. Apresentam sentido universalizante do antecedente.
Grande Sertão: Veredas, que foi publicado em 1956, causou muito impacto.
Geralmente, as orações explicativas vêm separadas da oração principal por
vírgulas ou travessões.
Os pronomes relativos que introduzem as orações subordinadas adjetivas
desempenham funções sintáticas. Para esse tipo de análise, deve-se substituir
o pronome relativo por seu antecedente e proceder a análise como se fosse um
período simples.
O homem, que é um ser racional, aprende com seus erros – sujeito
Os trabalhos que faço me dão prazer – objeto direto
Os filmes a que nos referimos são italianos – objeto indireto
O homem rico que ele era hoje passa por dificuldades – predicativo do sujeito
O filme a que fizeram referência foi premiado – complemento nominal
O filme cujo artista foi premiado não fez sucesso – adjunto adnominal
O bandido por quem fomos atacados fugiu – agente da passiva
A escola onde estudamos foi demolida – adjunto adverbial
Cujo sempre funciona como adjunto adnominal; onde como adjunto adverbial
de lugar e como será adjunto adverbial de modo.
As oração subordinadas adverbial corresponde sintaticamente a um adjunto
adverbial, sendo introduzida por conjunções subordinativas adverbiais. A
ordem direta do período é oração principal + oração subordinada adverbial,
entretanto muitas vezes a oração adverbial vem antes da oração principal.
As orações subordinadas adverbiais podem ser do tipo:
Causal, fator determinante do acontecimento relatado na
oração principal. (Saí apressado, porque estava atrasado)
As principais conjunções são: porque, porquanto, desde que, já que, visto
que, uma vez que, como, que…
A oração causal introduzida por como fica obrigatoriamente antes da principal.
Consecutiva, resultado ou efeito da ação manifesta na oração
principal. (Saímos tão distraídos, que esquecemos os
ingressos)
As principais conjunções são: que (precedido de tão, tal, tanto, tamanho), de
maneira que, de forma que…
Comparativa, comparação com o que aparece expresso na
oração principal, buscando entre elas semelhanças ou
diferenças. Pode aparecer com o verbo elíptico. (Naquele
lugar chovia, como chove em Belém)
As principais conjunções são: assim como, tal qual, que, do que, como,
quanto…
Condicional, circunstância da qual depende a realização do
fato expresso na oração principal. (Sairei, se você der
autorização)
As principais conjunções são: se (= caso), caso, contanto que, dado que,
desde que, uma vez que, a menos que, sem que, salvo se, exceto se…
Conformativa, idéia de adequação, de não contradição com o
fato relatado na oração principal. (Saímos na hora, conforme
havíamos combinado)
As principais conjunções são: conforme, como, segundo, consoante…
Concessiva, admissão de uma circunstância ou idéia contrária,
a qual não impede a realização do fato manifesto na oração
principal. (Saímos cedo, embora o espetáculo fosse mais
tarde)
As principais conjunções: embora, ainda que, se bem que, mesmo que,
apesar de que, conquanto, sem que…
As conjunções concessivas sempre aparecem com verbo no subjuntivo.
Temporal, circunstância de tempo em que ocorreu o fato
relatado na oração principal. (Saímos de casa, assim que
amanheceu)
As principais conjunções são: quando, assim que, logo que, tão logo,
enquanto, mal, sempre que…
Final, objetivo ou destinação do fato relatado na oração
principal. (Fomos embora, para que não houvesse confusão)
As principais conjunções são: para que, para, a fim de que, com a finalidade
de…
Proporcional, relação existente entre dois elementos, de modo
que qualquer alteração em um deles implique alteração
também no outro. (Os alunos saíram, à medida que
terminavam a prova)
As principais conjunções são: à medida que, à proporção que, enquanto, ao
passo que, quanto…
Uma oração pode ser subordinada a uma principal e, ao mesmo tempo,
principal em relação a outra (ele age / como você / para estar em evidência)
A Norma Gramatical Brasileira não faz referência às orações adverbiais modais
e locativas (introduzida por onde) – Falou sem que ninguém notasse /
Estaciona-se sempre onde é proibido.
As subordinadas reduzidas apresentam duas características básicas:
não é introduzida por conectivos, mas equivale a uma oração
desenvolvida;
apresenta verbo numa das três formas nominais.
Não é a falta de conectivo que determina a existência de uma oração reduzida,
e sim a forma nominal do verbo.
Classificam-se em reduzida de particípio, gerúndio ou infinitivo, em função da
forma verbal que apresentam.
As reduzidas de infinitivo podem vir ou não precedidas de preposição e,
geralmente, são substantivas ou adverbiais, raramente adjetivas. As orações
adverbiais, em geral, vêm precedidas de preposição. Entretanto, as
proporcionais e as comparativas são sempre desenvolvidas.
Algumas orações reduzidas de infinitivo merecem atenção: vem depois dos
verbos deixar, mandar, fazer, ver, ouvir, olhar, sentir e outros verbos causativos
e sensitivos. Deixei-os fugir (= que eles fugissem) – orações subordinada
substantiva objetiva direta. Este é o único caso em que o pronome oblíquo
exerce função sintática de sujeito (caso de sujeito de infinitivo).
As reduzidas de gerúndio, geralmente adverbial, raramente adjetiva e
coordenada aditiva. A maioria das adverbiais são temporais. Não há
consecutiva, comparativa e final reduzida de gerúndio.
Segundo Rocha Lima, as orações subordinadas adverbiais modais só
aparecem sob a forma reduzida de gerúndio, uma vez que não existem conj.
modais. (A disciplina não se aprende na fantasia, sonhando, ou estudando)
A reduzida de particípio, geralmente adjetiva ou adverbial, também sendo mais
comuns as temporais. Eventualmente, uma oração coordenada pode vir como
reduzida de gerúndio.
As adjetivas reduzidas de particípio são ponto de discussão entre os
gramáticos. A tendência atual é considerar estes particípios simples adjetivos
(adjuntos adnominais).
8. Pontuação;
Há certos recursos da linguagem - pausa, melodia, entonação e até
mesmo, silêncio - que só estão presentes na oralidade. Na linguagem escrita,
para substituir tais recursos, usamos os sinais de pontuação.
Estes são também usados para destacar palavras, expressões ou orações e
esclarecer o sentido de frases, a fim de dissipar qualquer tipo de ambigüidade.
ponto:
Emprega-se o ponto, basicamente, para indicar o término de um frase
declarativa de um período simples ou composto.
Desejo-lhe uma feliz viagem.
A casa, quase sempre fechada, parecia abandonada, no entanto tudo no seu
interior era conservado com primor.
O ponto é também usado em quase todas as abreviaturas, por exemplo: fev.
= fevereiro, hab. = habitante, rod. = rodovia.
O ponto que é empregado para encerrar um texto escrito recebe o nome
de ponto final.
o ponto-e-vírgula:
Utiliza-se o ponto-e-vírgula para assinalar uma pausa maior do que a da
vírgula, praticamente uma pausa intermediária entre o ponto e a vírgula.
Geralmente, emprega-se o ponto-e-vírgula para:
a) separar orações coordenadas que tenham um certo sentido ou aquelas
que já apresentam separação por vírgula:
Criança, foi uma garota sapeca; moça, era inteligente e alegre; agora, mulher
madura, tornou-se uma doidivanas.
b) separar vários itens de uma enumeração:
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte
e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções, e coexistência de instituições
públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino em estabelecimentos oficiais;
(Constituição da República Federativa do Brasil)
dois-pontos:
Os dois-pontos são empregados para:
a) uma enumeração:
... Rubião recordou a sua entrada no escritório do Camacho, o modo porque
falou: e daí tornou atrás, ao próprio ato.
Estirado no gabinete, evocou a cena: o menino, o carro, os cavalos, o grito, o
salto que deu, levado de um ímpeto irresistível...
(Machado de Assis)
b) uma citação:
Visto que ela nada declarasse, o marido indagou:
- Afinal, o que houve?
c) um esclarecimento:
Joana conseguira enfim realizar seu desejo maior: seduzir Pedro. Não
porque o amasse, mas para magoar Lucila.
Observe que os dois-pontos são também usados na introdução de exemplos,
notas ou observações.
Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma.
Exemplos: ratificar/retificar, censo/senso, descriminar/discriminar etc.
Nota: A preposição per, considerada arcaica, somente é usada na frase de
per si (= cada um por sua vez, isoladamente).
Observação: Na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau diminutivo a
alguns advérbios: cedinho, longinho, melhorzinho, pouquinho etc.
NOTA
A invocação em correspondência (social ou comercial) pode ser seguida
de dois-pontos ou devírgula:
Querida amiga:
Prezados senhores,
ponto de interrogação:
O ponto de interrogação é empregado para indicar uma pergunta direta,
ainda que esta não exija resposta:
O criado pediu licença para entrar:
- O senhor não precisa de mim?
- Não obrigado. A que horas janta-se?
- Às cinco, se o senhor não der outra ordem.
- Bem.
- O senhor sai a passeio depois do jantar? de carro ou a cavalo?
- Não.
(José de Alencar)
ponto de exclamação:
O ponto de exclamação é empregado para marcar o fim de qualquer
enunciado com entonação exclamativa, que normalmente exprime admiração,
surpresa, assombro, indignação etc.
- Viva o meu príncipe! Sim, senhor... Eis aqui um comedouro muito
compreensível e muito repousante, Jacinto!
- Então janta, homem!
(Eça de Queiroz)
NOTA
O ponto de exclamação é também usado com interjeições e locuções
interjetivas:
Oh!
Valha-me Deus!
O uso da vírgula:
Emprega-se a vírgula (uma breve pausa):
a) para separar os elementos mencionados numa relação:
A nossa empresa está contratando engenheiros, economistas, analistas de
sistemas e secretárias.
O apartamento tem três quartos, sala de visitas, sala de jantar, área de
serviço e dois banheiros.
Mesmo que o e venha repetido antes de cada um dos elementos da
enumeração, a vírguladeve ser empregada:
Rodrigo estava nervoso. Andava pelos cantos, e gesticulava, e falava em voz
alta, e ria, e roía as unhas.
b) para isolar o vocativo:
Cristina, desligue já esse telefone!
Por favor, Ricardo, venha até o meu gabinete.
c) para isolar o aposto:
Dona Sílvia, aquela mexeriqueira do quarto andar, ficou presa no elevador.
Rafael, o gênio da pintura italiana, nasceu em Urbino.
d) para isolar palavras e expressões explicativas (a saber, por exemplo, isto
é, ou melhor, aliás, além disso etc.):
Gastamos R$ 5.000,00 na reforma do apartamento, isto é, tudo o que
tínhamos economizado durante anos.
Eles viajaram para a América do Norte, aliás, para o Canadá.
e) para isolar o adjunto adverbial antecipado:
Lá no sertão, as noites são escuras e perigosas.
Ontem à noite, fomos todos jantar fora.
f) para isolar elementos repetidos:
O palácio, o palácio está destruído.
Estão todos cansados, cansados de dar dó!
g) para isolar, nas datas, o nome do lugar:
São Paulo, 22 de maio de 1995.
Roma, 13 de dezembro de 1995.
h) para isolar os adjuntos adverbiais:
A multidão foi, aos poucos, avançando para o palácio.
Os candidatos serão atendidos, das sete às onze, pelo próprio gerente.
i) para isolar as orações coordenadas, exceto as introduzidas pela
conjunção e:
Ele já enganou várias pessoas, logo não é digno de confiança.
Você pode usar o meu carro, mas tome muito cuidado ao dirigir.
Não compareci ao trabalho ontem, pois estava doente.
j) para indicar a elipse de um elemento da oração:
Foi um grande escândalo. Às vezes gritava; outras, estrebuchava como um
animal.
Não se sabe ao certo. Paulo diz que ela se suicidou, a irmã, que foi um
acidente.
k) para separar o paralelismo de provérbios:
Ladrão de tostão, ladrão de milhão.
Ouvir cantar o galo, sem saber onde.
l) após a saudação em correspondência (social e comercial):
Com muito amor,
Respeitosamente,
m) para isolar as orações adjetivas explicativas:
Marina, que é uma criatura maldosa, "puxou o tapete" de Juliana lá no
trabalho.
Vidas Secas, que é um romance contemporâneo, foi escrito por Graciliano
Ramos.
n) para isolar orações intercaladas:
Não lhe posso garantir nada, respondi secamente.
O filme, disse ele, é fantástico.
9. Concordâncias nominais e verbais;
Concordância nominal
A Concordância Nominal é o acordo entre o nome (substantivo) e seus
modificadores (artigo, pronome, numeral, adjetivo) quanto ao gênero
(masculino ou feminino) e o número (plural ou singular).
Exemplo: Eu não sou mais um na multidão capitalista.
Observe que, de acordo com a análise da oração, o termo “na” é a junção da
preposição “em” com o artigo “a” e, portanto, concorda com o substantivo
feminino multidão, ao mesmo tempo em que o adjetivo “capitalista” também faz
referência ao substantivo e concorda em gênero (feminino) e número (singular).
Vejamos mais exemplos:
Minha casa é extraordinária.
Temos o substantivo “casa”, o qual é núcleo do sujeito “Minha casa”. O
pronome possessivo “minha” está no gênero feminino e concorda com o
substantivo. O adjetivo “extraordinária”, o qual é predicativo do sujeito (trata-se
de uma oração com complemento conectado ao sujeito por um verbo de
ligação), também concorda com o substantivo “casa” em gênero (feminino) e
número (singular).
Para finalizar, veremos mais um exemplo, com análise bem detalhada:
Dois cavalos fortes venceram a competição.
Primeiro, verificamos qual é o substantivo da oração acima: cavalos. Os termos
modificadores do substantivo “cavalos” são: o numeral “Dois” e o adjetivo
“fortes”. Os termos que fazem relação com o substantivo na concordância
nominal devem, de acordo com a norma culta, concordar em gênero e número
com o ele.
Nesse caso, o substantivo “cavalos” está no masculino e no plural e a
concordância dos modificadores está correta, já que “dois” e “fortes” estão no
gênero masculino e no plural. Observe que o numeral “dois” está no plural
porque indica uma quantidade maior do que “um”.
Então temos por regra geral da concordância nominal que os termos
referentes ao substantivo são seus modificadores e devem concordar com ele
em gênero e número.
Importante: Localize na oração o substantivo primeiramente, como foi feito no
último exemplo. Após a constatação do substantivo, observe o seu gênero e o
número. Os termos referentes ao substantivo são seus modificadores e devem
estar em concordância de gênero e número com o nome (substantivo).
Concordância Verbal
Em se tratando da concordância verbal, cumpre dizer que ela se define pela
harmonia, pelo equilíbrio que se manifesta entre o verbo e seu respectivo
sujeito. Tal equilíbrio diz respeito exatamente à adequação que se dá entre
ambos os elementos em número e pessoa.
No entanto, dados os pormenores que norteiam os fatos linguísticos de uma
forma geral, em algumas circunstâncias pode ser que o verbo permaneça
somente no singular, em outras somente no plural e em algumas ele pode
assumir ambas as posições. Estamos falando, pois, das possíveis exceções
que tendem a se manifestar. Falando nelas, passaremos a conhecê-las a partir
de agora.
1) No caso de o sujeito estar ligado pela conjunção “ou”, tal ocorrência se
encontra atrelada a alguns princípios:
- O verbo permanecerá no plural se o fato expresso por ele abranger todos os
núcleos:
A falta de exercícios físicos ou a má alimentação são prejudiciais à saúde.
- Havendo ideia de exclusão, o verbo permanecerá no singular:
Ou você ou ele sairá vencedor.
- No caso de a conjunção ligar palavras ou expressões sinônimas, o verbo
permanecerá no singular:
Classes gramaticais ou classes de palavras integra os estudos morfológicos.
- No caso de a conjunção indicar probabilidade ou retificação, o verbo
concordará com o segundo núcleo:
O aluno ou os alunos responsáveis pelo ato serão punidos.
2) Em casos relacionados a sujeito ligado pelas expressões nem...nem:
- No caso de o fato expresso fazer referência a todos os núcleos, o verbo
permanecerá no plural:
Nem a ascensão social nem o acúmulo de
riquezas lhe proporcionaram alegrias.
3) Quando o sujeito for representado pelas expressões “um e outro” ou
“nem um nem outro”, o verbo poderá permanecer no singular ou ir para o
plural:
Um e outro atrapalhava a aula constantemente.
Um e outro atrapalhavam a aula constantemente.
Nem um nem outro conseguiu concluir a pesquisa.
Nem um nem outro conseguiram concluir a pesquisa.
ASPECTO IMPORTANTE:
- No caso de haver reciprocidade de ação, o verbo permanecerá somente no
plural:
Um e outro convidado se cumprimentavam afavelmente.
4) No caso de o sujeito ser seguido de um aposto resumidor (tudo, nada,
ninguém, cada um) o verbo concordará com o aposto:
Festas, viagens, reunião com amigos, nada o comovia.
5) Quando o sujeito for representado por infinitivos, tal ocorrência
obedece aos seguintes critérios:
- Caso não haja determinante o verbo ficará no singular:
Caminhar e dormir faz bem à saúde.
- No caso de haver determinação, o verbo permanecerá no plural:
O lutar e o progredir constituem a conduta humana.
- Se os infinitivos indicarem ações opostas, o verbo permanecerá no plural:
Lutar e desistir são dissociáveis.
6) A concordância com o pronome “se” se encontra relacionada a alguns
pressupostos:
- Se o pronome “se” for classificado como índice de indeterminação do sujeito,
o verbo ficará na terceira pessoa do singular, fazendo referência a verbos
intransitivos, transitivos indiretos ou de ligação:
Vive-se bem aqui. (intransitivo)
Era-se mais contente. (verbo de ligação)
Acredita-se em dias melhores. (verbo transitivo indireto)
- Quando o pronome for apassivador, o verbo concordará com o sujeito
paciente, em se tratando de verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e
indiretos:
Discutiu-se essa questão. (Essa questão foi discutida)
Entregaram-se as medalhas aos vencedores. (As medalhas foram entregues
aos vencedores)
7) Casos em que o sujeito é ligado por conjunções correlativas, expressa
por “não só... mas também, tanto...quanto, não só...como também”, entre
outras, o verbo tanto pode permanecer no singular como ir para o plural:
Não só os aplausos, mas também os gritos nos incomodava.
Não só os aplausos, mas também os gritos nos incomodavam.
8) Nos casos relacionados aos verbos “dar, soar e bater”, esses
concordam com a expressão numérica que indica as horas:
Soaram dez horas no relógio da matriz.
Deu uma hora naquele relógio da parede.
9) O verbo “parecer”, uma vez anteposto a um infinitivo, admite duas
construções:
- Quando o infinitivo for flexionado, o verbo “parecer” permanece invariável:
Os dias parece demorarem a passar.
- No caso da flexão do verbo “parecer”, o infinitivo não varia:
Os dias parecem demorar a passar.
10) Quando um verbo no infinitivo aparecer acompanhado de um sujeito
representado por pronome oblíquo átono antecedido dos verbos “deixar,
fazer, perceber e mandar”, esse permanece invariável:
Deixe-as entrar, pois são da família.
Mande-os sair rapidamente.
11) Em casos relacionados à expressão “haja vista”, segundo os
preceitos gramaticais, ela deve sempre permanecer invariável:
Não haverá grandes transtornos, haja vista os propósitos antes firmados.
12) A concordância com verbos impessoais é demarcada por alguns
pressupostos, entre os quais:
- No caso dos verbos que expressam fenômenos da natureza, o verbo
permanece na terceira pessoa do singular:
Choveu muito à noite.
Trovejou bastante hoje.
- Os verbos “fazer” e “estar”, indicando tempo ou clima, permanecem na
terceira pessoa do singular:
Faz dois anos que não o vejo.
Está frio aqui.
- No caso do verbo “haver”, ora indicando tempo decorrido, existência,
ocorrência ou acontecimento, esse sempre deverá permanecer invariável
(ficando na terceira pessoa do singular):
Havia pessoas dispostas e interessadas. (existiam)
Há dois dias que não a vejo por aqui. (tempo decorrido)
13) O verbo “ser” também representa um caso que obedece a alguns
princípios específicos, sendo esses manifestados por:
- Fazendo referência a datas, horas e distância, embora assumindo a condição
de impessoal, o verbo concorda com a expressão a que se refere:
Já é quase uma hora.
Daqui até lá são dois quilômetros.
- No caso de o sujeito ser representado por uma expressão numérica, o verbo
“ser” deverá permanecer no singular:
Dez minutos para mim é pouco.
- Em casos de frases demarcadas pela locução “é que”, o verbo “ser” concorda
com o substantivo ou pronome antecedente:
Nós é que fomos os responsáveis pelo projeto.
- No caso de o sujeito ser representado pelos pronomes “tudo, isso, aquilo ou
isto”, o verbo “ser” poderá concordar com o sujeito ou com o predicativo:
Tudo eram superstições sem sentido.
Aquilo era bobagem.
- Nos casos em que há a ocorrência de sujeito e predicativo, a concordância do
verbo “ser” se dá com palavras que se sobressaem entre as demais. Vejamos,
pois, alguns casos:
* Em casos referentes à pessoa e coisa, a concordância se manifesta em
relação à pessoa:
A população são as mulheres.
* Quando se tratar de nome próprio e nome comum, a concordância
prevalecerá sobre o nome próprio:
Machado de Assis era as atrações da Bienal do Livro.
- Em casos referentes à singular e plural, prevalece a concordância relativa ao
plural:
A mochila eram panos e zíperes.
- Em se tratando de pronome reto e qualquer outra palavra, a concordância se
manifesta com o pronome reto:
O professor sou eu.
Os líderes somos nós.
14) Concordância ideológica representa a concordância que se manifesta
não com o termo expresso na oração, mas com a ideia nela
contida. Dessa forma, há três modalidades de concordância:
* Concordância de gênero – manifesta-se quando a concordância se dá com
o gênero gramatical:
Vossa Majestade parece ansioso.
* Concordância de número – ocorre quando a concordância se dá com o
número gramatical:
A multidão queriam que os portões fossem abertos.
* Concordância de pessoa – manifesta-se quando a concordância se dá com
a pessoa gramatical:
Os brasileiros somos todos patriotas.
Vimos, por meio das elucidações aqui expostas, os muitos casos relativos à
concordância verbal. Casos esses que fogem um pouco ao tradicional, dada a
presença dos muitos pormenores com os quais compartilhamos. Dada essa
realidade, torna-se interessante também conhecermos os casos referentes
asujeito simples e composto.
10. Regências nominais e verbais;
Regência Verbal
Dentre os estudos lingüísticos inerentes à sintaxe, encontra-se a sintaxe de
regência. Ela é responsável pelo estudo das relações de dependência que se
estabelecem entre os termos da oração ou entre as orações no período. Assim
sendo, quando um desses termos diz respeito a um verbo, tem-se o que
denominamos regência verbal. Atente-se para os enunciados que seguem:
Aspiramos a fragrância agradável do perfume.
Há muito aspiramos a este disputado cargo na empresa.
Em ambas as orações temos um verbo (aspirar), mas esse verbo por si só não
possui sentido completo, necessitando, portanto, de um termo que o
complemente. Nesse caso, temos o termo regente – demarcado pelo próprio
verbo; e o termo regido – representado pelo complemento. Dessa forma,
estamos fazendo referência à transitividade verbal, ou seja, em alguns casos o
verbo pode ser transitivo direto, em outras ele pode ser transitivo indireto ou
pode ocupar as duas funções ao mesmo tempo, dependendo do contexto.
Esse contexto se traduz pelo significado que ele apresenta, assim como
podemos verificar por meio dos exemplos anteriores:
No primeiro exemplo, o sentido do verbo em questão faz referência ao ato de
“sorver, cheirar”. Assim sendo, ele ocupa a posição de transitivo direto. Já no
segundo, notadamente pelo emprego da preposição, o sentido diz respeito ao
ato de “almejar, pretender a algo” – razão pela qual ele se classifica como
transitivo indireto.
Diante do exposto, pudemos compreender de modo efetivo acerca da função
que se atribui à regência verbal, ou seja, ela se ocupa do estudo da relação
que se estabelece entre os verbos e seus respectivos complementos.
Enquanto usuários da língua, é necessário compreender como se dá essa
relação para que possamos construir nossos discursos de forma adequada.
Assim sendo, ocupemo-nos em ampliar nossos conhecimentos, começando a
entender um pouco mais sobre os verbos intransitivos e, em seguida, checando
uma listagem contendo os principais verbos, os quais ora podem assumir a
função de transitivos diretos, ora de indiretos.
Verbos intransitivos
Representam aqueles verbos que por si só possuem sentido completo. A título
de representá-los, citamos o caso dos verbos chegar e ir, os quais,
normalmente, são sucedidos de adjuntos adverbiais. Observe:
Chegamos a Brasília.
Constatamos que o termo “a Brasília” representa o adjunto adverbial de lugar.
Nós fomos a São Paulo.
“A São Paulo” também representa a função de adjunto adverbial de lugar.
Regência verbal de alguns verbos
Observe uma listagem com os verbos mais recorrentes, levando-se em conta a
transitividade que a eles se atribui:
Agradecer
a) Transitivo direto – Ocorre quando o complemento faz referência a um ser
não personificado:
Agradeceu a atenção.
b) Transitivo indireto – Manifesta-se quando o complemento diz respeito a um
ser personificado:
Agradeceu aos ouvintes.
c) Transitivo direto e indireto – Assim se caracteriza quando se refere a coisas
e a pessoas ao mesmo tempo:
Agradeceu a atenção aos ouvintes.
Ajudar
a) Quando seguido de um infinitivo transitivo, precedido da preposição “a”,
tanto pode ser transitivo direto quanto indireto:
Ajudou o aluno a realizar a pesquisa.
Ajudou ao aluno a realizar a pesquisa.
b) No caso de o infinitivo preposicionado ser intransitivo, ocupa apenas a
função de transitivo direto:
Ajudaram a multidão a entrar.
Aqui temos o infinitivo preposicionado funcionando como intransitivo.
c) Caso não esteja seguido de infinitivo, geralmente ocupa a função de objeto
direto, somente:
Ajudei-a muito hoje.
Ansiar
a) Transitivo direto – Assim se classifica quando o sentido fizer referência a
“angustiar, provocar mal-estar”:
A demora ansiava-o.
b) Transitivo indireto – Ocupa tal posição quando o sentido se referir a
“desejar”, sempre regido pela preposição “por”:
Ansiava por uma proposta melhor de emprego.
Aspirar
a) Na qualidade de transitivo direto revela o sentido de “cheirar, sorver”:
Aspiramos a fragrância agradável do perfume.
b) Ocupando a função de transitivo indireto retrata o sentido referente a
“desejar, pretender”:
Há muito aspiramos a este disputado cargo na empresa.
Assistir
a) Transitivo direto ou indireto – Tais posições se manifestam quando o sentido
fizer referência a “prestar socorro, dar assistência”:
O médico assistiu o paciente.
O médico assistiu ao paciente.
b) Transitivo indireto – Assim se manifesta quando o sentido se referir a
“presenciar, estar presente”:
Assistimos à queima de fogos.
c) Transitivo indireto – Tal posição é ocupada quando o sentido fizer referência
a “favorecer, pertencer”:
O direito de reclamação assistia aos clientes.
Assiste-lhe o direito de reinvindicação.
Casar
a) Intransitivo – Quando por si só apresentar sentido completo.
Eles casaram (ou se casaram – na qualidade de pronome reflexivo) na Europa.
b) Transitivo indireto – Quando requisitar um complemento, sendo este regido
pelo uso da preposição:
Eles se casou com a melhor amiga.
c) Transitivo direto e indireto – Ocorre quando requisitar dois tipos de
complemento: um sem preposição e outro acompanhado dela:
O vizinho casou sua filha com meu primo.
Chamar
a) Transitivo direto – Quando a ideia se referir a “invocar, convocar”:
Chamou-o para jantar.
Chamou-as para a reunião.
b) Transitivo direto e indireto – Assim se revela quando o sentido fizer
referência ao ato de “tachar, apelidar, denominar”. Assim sendo, admite quatro
possibilidades de construção:
Chamei-a interesseira.
Chamei-lhe interesseira.
Chamei-a de interesseira.
Chamei-lhe de interesseira.
Esforçar-se
No sentido de fazer esforço por alguma coisa é essencialmente pronominal. É
regido pelas preposições “em”, “a”, “por” e “para”:
Em vão nos esforçávamos para dar o melhor.
Esforçava-me em sentir pena dele.
Esquecer
a) Transitivo direto:
Esqueci os fatos ocorridos.
b) Transitivo indireto:
Esqueci-me dos fatos ocorridos.
Nesse caso, como o verbo assume a condição de pronominal, será sempre
transitivo indireto.
c) Constatamos que nas duas primeiras construções “fatos ocorridos”
assumiram a posição de objeto, enquanto que na última, a de sujeito. Assim
sendo, é o mesmo que disséssemos “os fatos ocorridos esqueceram-me,
fugiram-me da lembrança”. Tal construção se refere ao uso literário.
Esqueceram-me os fatos ocorridos.
Implicar
a) Transitivo direto – No sentido de “acarretar, envolver”:
As despesas extras implicam gastos desnecessários.
b) Transitivo indireto – Fazendo referência a “ter implicância”:
Os alunos implicaram com o professor.
c) Transitivo direto e indireto – Retratando a ideia referente a “comprometer-se,
envolver-se”:
Ela implicou-se em atos ilícitos.
Informar
a) Assume a posição de transitivo direto e indireto, partindo de dois aspectos
básicos:
Quando fizer referência à pessoa, funciona como objeto direto; e quando fizer
referência à coisa atua como objeto indireto, regendo as preposições “de” ou
“sobre”:
Informaram o paciente da cirurgia que iria fazer.
ou
Informaram o paciente sobre a cirurgia que iria fazer.
ou
Informaram ao paciente a cirurgia que iria fazer.
Interessar-se
Na qualidade de verbo pronominal é sempre transitivo indireto, regido pelas
preposições “em” e “por”:
Interessava-se nesta pesquisa.
Interessava-se por esta pesquisa.
Namorar
a) Intransitivo, quando fizer referência a “galantear, cortejar”:
Comecei a namorar muito cedo.
b) Transitivo direto no sentido de “desejar ardentemente, galantear, cortejar”:
Pedro namora Beatriz há dois anos.
Do lado de fora, namorava a vitrine de guloseimas.
Obedecer/desobedecer
Classificam-se como transitivos indiretos, regidos pela preposição “a”:
Devemos obedecer aos nossos pais.
Não devemos desobedecer aos sinais de trânsito.
Pagar
a) Transitivo direto quando o objeto fizer referência à coisa:
Pagamos a dívida.
b) Transitivo indireto quando o objeto fizer referência à pessoa:
Pagamos aos credores.
c) Transitivo direto e indireto quando fizer referência a ambos os elementos ao
mesmo tempo:
Pagamos a dívida aos credores.
Perdoar – Tal verbo se encontra submetido aos mesmos pressupostos do
verbo pagar.
Preferir
a) Transitivo direto, quando o sentido se atém a “escolher, dar primazia a”:
Prefiro ficar em casa.
b) Transitivo direto e indireto quando o sentido se voltar para “decidir entre uma
coisa e outra”:
Prefiro ficar em casa a sair.
Prevenir
a) Transitivo direto – Fazendo referência a “evitar dano”:
A precaução previne acontecimentos inesperados.
b) Transitivo direto e indireto – Referindo-se ao ato de avisar com
antecedência.
Prevenimos os moradores de que haveria corte de energia.
Querer
a) Transitivo direto – Quando o sentido se ativer a “desejar, pretender”:
O casal queria morar em São Paulo.
b) Transitivo indireto – Quando fizer referência a “amar, ter afeto”:
Queria muito bem a todos os seus amigos.
Simpatizar
Assume a posição de transitivo indireto, regido pela preposição “com”:
Não simpatizamos com os novos diretores.
Observação importante:
O verbo antipatizar segue a mesma regência do verbo simpatizar.
Suceder
a) Intransitivo, no sentido de “acontecer, ocorrer”:
Os fatos sucederam rapidamente.
b) Transitivo indireto, quando a ideia estiver relacionada a “acontecer algo com
alguém”, “vir depois, seguir-se”:
Não nos recordamos do que sucedeu a ela naquela noite.
Visar
a) Transitivo direto no sentido de “dirigir o olhar para, apontar arma de fogo, pôr
o sinal de visto em algo”:
O cliente visou o cheque.
A arma visava a cabeça do meliante.
Os convidados visavam a entrada da debutante.
b) Transitivo indireto, quando o sentido fizer referência a “pretender, objetivar,
ter em vista”:
Incansavelmente, visava ao aumento de salário.
As reformas visam à melhoria da infraestrutura.
4.1 Regência nominal:
Substantivos, adjetivos e advérbios podem, por regência nominal, exigir
complementação para seu sentido precedida de preposição.
Segue uma lista de palavras e as preposições exigidas. Merecem atenção
especial as palavras que exigirem preposição A, por serem passíveis de
emprego de crase.
acostumado a, com;
afável com, para;
afeiçoado a, por;
aflito com, por;
alheio a, de;
ambicioso de;
amizade a, por, com;
amor a, por;
ansioso de, para, por;
apaixonado de, por;
apto a, para;
atencioso com, para;
aversão a, por;
ávido de, por;
conforme a;
constante de, em;
constituído com, de, por;
contemporâneo a, de;
contente com, de, em, por;
cruel com, para;
curioso de;
desgostoso com, de;
desprezo a, de, por;
devoção a, por, para, com;
devoto a, de;
dúvida em, sobre, acerca de;
empenho de, em, por;
falta a, com, para;
imbuído de, em;
imune a, de;
inclinação a, para, por;
incompatível com;
junto a, de;
preferível a;
propenso a, para;
próximo a, de;
respeito a, com, de, por, para;
situado a, em, entre;
último a, de, em;
único a, em, entre, sobre.
11. Significação das palavras;
Significação das palavras
Significação das palavras
SINÔNIMOS
São palavras que apresentam, entre si, o mesmo significado.
triste = melancólico.
resgatar = recuperar
maciço = compacto
ratificar = confirmar
digno = decente, honesto
reminiscências = lembranças
insipiente = ignorante.
ANTÔNIMOS
São palavras que apresentam, entre si, sentidos opostos, contrários.
bom x mau
bem x mal
condenar x absolver
simplificar x complicar
HOMÔNIMOS
São palavras iguais na forma e diferentes na significação. Há três tipos de
homônimos:
HOMÔNIMOS PERFEITOS
Têm a mesma grafia e o mesmo som.
cedo (advérbio) e cedo (verbo ceder);
meio (numeral), meio (adjetivo) e meio (substantivo).
HOMÔNIMOS HOMÓFONOS
Têm o mesmo som e grafias diferentes.
sessão (reunião), seção (repartição) e cessão (ato de ceder);
concerto (harmonia) e conserto (remendo).
HOMÔNIMOS HOMÓGRAFOS
Têm a mesma grafia e sons diferentes.
almoço (refeição) e almoço (verbo almoçar);
sede (vontade de beber) e sede (residência).
PARÔNIMOS
São palavras de significação diferente, mas de forma parecida, semelhante.
retificar e ratificar;
emergir e imergir.
Eis uma lista com alguns homônimos e parônimos:
acender = atear fogo
ascender = subir
acerca de = a respeito de, sobre
cerca de = aproximadamente
há cerca de = faz
aproximadamente
afim = semelhante, com afinidade
a fim de = com a finalidade de
amoral = indiferente à moral
imoral = contra a moral, libertino,
devasso
coser = costurar
cozer = cozinhar
deferir = conceder
diferir = adiar
descrição = representação
discrição = ato de ser discreto
descriminar = inocentar
discriminar = diferençar,
distinguir
despensa = compartimento
dispensa = desobrigação
apreçar = marcar o preço
apressar = acelerar
arrear = pôr arreios
arriar = abaixar
bucho = estômago de ruminantes
buxo = arbusto ornamental
caçar = abater a caça
cassar = anular
cela = aposento
sela = arreio
censo = recenseamento
senso = juízo
cessão = ato de doar
seção ou secção = corte, divisão
sessão = reunião
chá = bebida
xá = título de soberano no Oriente
chalé = casa campestre
xale = cobertura para os ombros
cheque = ordem de pagamento
xeque = lance do jogo de xadrez
comprimento = extensão
cumprimento = saudação
concertar = harmonizar, combinar
consertar = remendar, reparar
conjetura = suposição, hipótese
conjuntura = situação,
circunstância
infligir = aplicar pena ou castigo
infringir = transgredir, violar,
desrespeitar
intemerato = puro, íntegro,
incorrupto
despercebido = sem atenção,
desatento
desapercebido = desprevenido
discente = relativo a alunos
docente = relativo a
professores
emergir = vir à tona
imergir = mergulhar
emigrante = o que sai
imigrante = o que entra
eminente = nobre, alto,
excelente
iminente = prestes a acontecer
esperto = ativo, inteligente, vivo
experto = perito, entendido
espiar = olhar sorrateiramente
expiar = sofrer pena ou castigo
estada = permanência de
pessoa
estadia = permanência de
veículo
flagrante = evidente
fragrante = aromático
fúsil = que se pode fundir
fuzil = carabina
fusível = resistência de
fusibilidade calibrada
incerto = duvidoso
inserto = inserido, incluso
incipiente = iniciante
insipiente = ignorante
indefesso = incansável
indefeso = sem defesa
intimorato = destemido, valente,
corajoso
intercessão = súplica, rogo
interse(c)ção = ponto de encontro
de duas linhas
laço = laçada
lasso = cansado, frouxo
ratificar = confirmar
retificar = corrigir
soar = produzir som
suar = transpirar
sortir = abastecer
surtir = originar
sustar = suspender
suster = sustentar
tacha = brocha, pequeno prego
taxa = tributo
tachar = censurar, notar defeito
em
taxar = estabelecer o preço
vultoso = volumoso
vultuoso = atacado de
vultuosidade
12. Redação de textos técnicos (ABNT).
Arquivo separado