Linguistica Ontem (2)

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A LINGÜÍSTICA ONTEM E HOJE Daniela Araujo * RESUMO: Este trabalho escreve sobre a importância dos estudos em Lingüística, enfatizando os estudos de Ferdinand de Saussure(1974), fazendo um breve panorama histórico de seu percurso como ciência e ressaltando a sua importância na interface com outras áreas de conhecimento, com diferentes tipos de pesquisa científica. ABSTRACT: This paper writes about the importance of studies in Linguistic, emphasizing the studies of Ferdinand de Saussure(1974),making a brief historical panorama of its pathway as science and highlighting its importance on the interface with other areas of knowledge, with different kinds of scientific research. PALAVRAS-CHAVES: Lingüística, interface, Saussure. KEYWORDS: Linguistic, interface,Saussure. “É na linguagem e pela linguagem que o homem se constitui”. Essa afirmação de Émile Benveniste( 1995) resume bem a importância da Lingüística como uma ciência. A linguagem é um mistério e para tentar entendê-lo, decifrá-lo, precisamos da própria linguagem. É a única ciência que explica seu objeto de estudo com seu próprio objeto de estudo e isso é o que fascina nos estudos lingüísticos. Ao assistirmos a um filme, a uma novela, ao lermos um livro, uma propaganda, estamos atiçando nosso senso de cientistas da linguagem, pois sabemos que há mais coisas que não são ditas, mas que o dito deixa pistas, sabemos que nada do que é escrito ou dito é “ingênuo”, pois sempre há uma intencionalidade, sempre se diz algo a alguém (mesmo que seja para nós mesmos), sempre escolhemos como dizer o que queremos dizer e sempre queremos saber por que foi que alguém disse o que disse e da maneira que disse. O ser humano é curioso e busca explicações para tudo. Pensar em linguagem é complexo, pois envolve subjetividade. Sabemos que há diferentes tipos de linguagem, a comunicação pode ser gestual, pode ser visual ,mas focamos aqui somente a verbal, já que esta é muito intrigante. É mais do que produção articulatória. Daí o motivo de tantas linhas de pesquisa em relação à linguagem. Pode-se até pensar que Lingüística hoje deveria ser rotulada como “Estudos de Linguagem”, já que há um vasto campo de teorias que discorrem * Mestre em Letras pela PUCRS

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  • A LINGSTICA ONTEM E HOJE

    Daniela Araujo* RESUMO: Este trabalho escreve sobre a importncia dos estudos em Lingstica, enfatizando os estudos de Ferdinand de Saussure(1974), fazendo um breve panorama histrico de seu percurso como cincia e ressaltando a sua importncia na interface com outras reas de conhecimento, com diferentes tipos de pesquisa cientfica. ABSTRACT: This paper writes about the importance of studies in Linguistic, emphasizing the studies of Ferdinand de Saussure(1974),making a brief historical panorama of its pathway as science and highlighting its importance on the interface with other areas of knowledge, with different kinds of scientific research. PALAVRAS-CHAVES: Lingstica, interface, Saussure. KEYWORDS: Linguistic, interface,Saussure.

    na linguagem e pela linguagem que o homem se constitui. Essa afirmao de mile Benveniste( 1995) resume bem a importncia da Lingstica como uma cincia. A linguagem um mistrio e para tentar entend-lo, decifr-lo, precisamos da prpria linguagem. a nica cincia que explica seu objeto de estudo com seu prprio objeto de estudo e isso o que fascina nos estudos lingsticos. Ao assistirmos a um filme, a uma novela, ao lermos um livro, uma propaganda, estamos atiando nosso senso de cientistas da linguagem, pois sabemos que h mais coisas que no so ditas, mas que o dito deixa pistas, sabemos que nada do que escrito ou dito ingnuo, pois sempre h uma intencionalidade, sempre se diz algo a algum (mesmo que seja para ns mesmos), sempre escolhemos como dizer o que queremos dizer e sempre queremos saber por que foi que algum disse o que disse e da maneira que disse. O ser humano curioso e busca explicaes para tudo. Pensar em linguagem complexo, pois envolve subjetividade. Sabemos que h diferentes tipos de linguagem, a comunicao pode ser gestual, pode ser visual ,mas focamos aqui somente a verbal, j que esta muito intrigante. mais do que produo articulatria. Da o motivo de tantas linhas de pesquisa em relao linguagem. Pode-se at pensar que Lingstica hoje deveria ser rotulada como Estudos de Linguagem, j que h um vasto campo de teorias que discorrem

    * Mestre em Letras pela PUCRS

  • sobre o mesmo tema, deixando de ser apenas um campo investigativo restrito. Teorias discursivas, formais, pragmticas, enunciativas, funcionalistas, cognitivistas, enfim, muitos tentam explicar o funcionamento do objeto misterioso lngua (parte da linguagem), pois sabemos que entender todo o processo que nela se insere justificar o ser humano em suas aes, pois h uma relao muito estreita entre a linguagem e o homem, como foi afirmado anteriormente. Sabe-se que no decorrer dos anos a Lingstica vem sofrendo um desenvolvimento muito veloz. H produes em diferentes nveis de investigao. Muitas reas, como a Psicologia, a Neurocincia, a Fonoaudiologia, a Comunicao esto se apropriando dos estudos descritivos e analticos da Lingstica para solucionar seus problemas particulares. Hoje, sabe-se, por exemplo, que as emoes esto em uma parte do crebro, que envolve a linguagem. Sabe-se tambm que fatos marcantes da pessoa, traumas experimentados so refletidos na linguagem, possvel at investigar problemas de gagueira a partir do embasamento terico fornecido pela Lingstica. Enfim, vrios estudos cientficos esto conectados aos estudos lingsticos, h uma interface entre diversas reas, alm da prpria interface na Lingstica. Podemos dizer que existe uma interface externa da Lingstica e uma interface interna. Na primeira interface, atuam as cincias formais, as cincias sociais e as cincias naturais. As cincias formais, que tem como representante, dentre outros,Wittgeinstein (1996), com sua obra Investigaes Lgicas, em que afirma que h jogos de linguagem, explica que a linguagem tem relao com a Lgica, que h uma semntica de condies de verdade. Para as cincias naturais, cujo grande nome Noam Chomsky(1969), a linguagem vista como parte biolgica do ser humano, algo inato e todos a tm, por isso h uma generalizao de regras gramaticais. O ser humano possui um conjunto de regras inatas gramaticais, que podem variar em alguns contextos (a teoria dos princpios e parmetros explica bem isso). J as cincias sociais, que tem Saussure(1974) como grande nome, vo alm de um estudo formal, de superfcie, e analisam o sujeito produtor da lngua. Embora Saussure no explore a fala, apenas a lngua, sua teoria abre portas para outras investigaes, como a teoria enunciativa, que se aproveita do estruturalismo saussureano e constri uma teoria que envolve lngua e ser humano, indo alm das frases, do texto. Pensando na interface interna da Lingstica temos diferentes reas de pesquisa. H investigaes no campo da Fonologia, que investigam as variaes dialetais, as produes sonoras, dentre outras questes. H investigaes no campo da Morfologia, que estudam, por exemplo, a construo da palavra, sua formao, h

  • investigaes no campo da Sintaxe, que analisam, por exemplo, a frases como sendo um conjunto de partes, h investigaes no campo da semntica, que estudam o significado e que geram muita fonte de pesquisa, visto ser difcil definir tal conceito. Alias, por existir tal dificuldade, surge a Pragmtica, que investiga o significado que est alm do dito. Dentro dessa interface interna, destacamos os estudos lingsticos do texto, que surgiu analisando apenas estruturalmente o texto como unidade frasal- era quase uma anlise sinttica de vrias oraes- e agora analisa muito alm disso,tendo como embasamento diferentes teorias, sejam funcionalistas, discursivas, enunciativas, enfim, h muitos estudos sobre o objeto texto ,num nvel lingstico, e todos so interessantes. Vale destacar os estudos de Beaugrande e Dressler, com os fatores de textualidade, alm de Halliday e Hassan, que introduzem noes de coeso e coerncia, at hoje investigadas. O terico Almeida(2003) apontou em seus estudos um breve panorama do percurso da Lingstica.De acordo com ele, da origem grega, antigidade clssica, passando pela Idade Mdia, at o Renascimento, o que predomina como ncleo do interesse lingstico so, por exemplo, problemas de descrio e de definio referentes essncia da linguagem e s categorias das lnguas. At o Renascimento aqueles que se ocuparam de lnguas teorizaram sobre a linguagem e freqentemente descreveram lngua embasados no que j fora teorizado. Da era renascentista at o sculo XVIII h predominncia do interesse histrico-comparativo sem, obviamente, ignorar por completo a teoria e descrio. No Renascimento, por exemplo, os estudos esto voltados para a comparao entre diversas lnguas e, tambm, entre fases histricas de uma mesma lngua, e se procura a explicao de fatos histricos. Durante o sculo XVII, porm, os estudos da linguagem so fortemente marcados pelo racionalismo, de acordo com Almeida. Os pensadores da poca concentram-se em estudar a linguagem enquanto representao do pensamento e procuram mostrar que as lnguas obedecem princpios racionais, lgicos. A meta que esses estudiosos querem atingir a lngua-ideal, lngua universal, lgica, sem equvocos, sem ambigidades, capaz de assegurar a unidade da comunicao do gnero humano. H uma gramtica que tida como modelo por grande nmero de gramticos do sculo XVII: a Gramtica de Port Royal, tambm chamada Gramtica Geral e Racional , dos franceses Claude Lancelot e Antoine Arnauld (escrita por volta do terceiro quartel do sculo XVII). A contribuio talvez mais interessante dessas gramticas gerais para a Lingstica tenha sido justamente a de estabelecer princpios que no se prendiam descrio de uma lngua particular mas de pensar a linguagem em sua generalidade.

  • O sculo XVIII, poca da gramtica geral e da descrio de lnguas modernas, caracterizado pela retomada dos temas discutidos com maior nfase at o Renascimento. Quer dizer: a teoria e descrio prevalecem novamente, enquanto a histria e comparao tornam-se assunto de interesse secundrio. O sculo XIX o momento da lingstica histrica e das gramticas comparadas. A contribuio dessas gramticas foi evidenciar que as mudanas das lnguas so regulares. Pode-se dizer, ento, conforme Almeida, que este sculo representa um retorno ao principal interesse que estava em primeiro plano no Renascimento: a comparao e a histria, colocando o tema terico-descritivo num patamar de menor importncia. No sculo XX os interesses lingsticos voltaram-se para a teoria e descrio, retomando, assim, a temtica que predominara no sculo XVIII. Como sabido, tanto no Renascimento quanto no sculo XIX o que prevaleceu foi o historicismo. Dessa forma a lingstica, naturalmente, no podia ser de natureza diferente. Atualmente, pode-se afirmar que h, como j foi citado anteriormente, um campo de interfaces entre diferentes reas de conhecimento, tornando a Lingstica uma cincia ampla, onde h muitos estudos sobre a linguagem. Importante destacar o que Benveniste,citado anteriormente, apresenta em sua obra: h uma diferena entre cincia da linguagem e cincia da lngua, pois a linguagem, faculdade humana, inata e universal do homem, no a mesma coisa que a lngua, que particular e varivel. A Lingstica se ocupa de estudar os fenmenos da lngua, porm o que ocorre que os problemas infinitamente diversos das lnguas tm em comum o fato de que, a um certo grau de generalidade, pem sempre em questo a linguagem. Pensar nisso tudo lembrar de Ferdinand de Saussure, que simboliza um marco no percurso dos estudos lingsticos, pois foi com ele que a linguagem virou objeto de um estudo mais preciso, mais cientifico e objetivo. Suas concepes tericas ficaram conhecidas aps sua morte, a partir de 1916, com a publicao do livro Curso de Lingstica Geral, elaborado a partir de notas e aulas comentadas,informaes tiradas pelos alunos, nos vrios cursos que ministrou. Passados anos, foi publicado o material original do terico, com suas prprias anotaes, suas prprias defesas tericas. Entretanto, o primeiro livro que se destaca na histria dos estudos da linguagem humana. Apesar de no haver uma organizao seqencial muito delimitada, por serem anotaes de aulas, ou seja, muitas vezes o que era dito numa aula, poderia ser reformulado em outra, lendo o Curso de

  • Lingstica Geral, conseguimos perceber a viso saussureana de que linguagem algo vivo. A Lingstica deixa de ser um estudo com perspectiva histrica e passa a ter um valor diacrnico e sincrnico. Estudar a linguagem no envolve apenas conhecer seu panorama histrico, pois, de acordo com Saussure( 1974), a lngua, por ser fonte viva, pode ser avaliada sincronicamente, existente com um estado,um momento no tempo, isto , no precisamos mais contar toda histria d a lngua para saber com ela est. A grande idia do terico a de que a lngua um sistema e seu elemento no pr-existe ao sistema de qual ele faz parte. A lngua uma estrutura organizada que envolve no somente traos fsicos, articulatrios, mas tambm aspectos sociais. De acordo com Saussure, a Lingstica deve investigar as manifestaes da linguagem humana, sejam individuais ou sociais. Para no deixar muito amplo, preciso tornar a lngua a norma de todas outras manifestaes da linguagem, j que seu produto social, um depsito pertencente a todos os seres humanos. Como se sabe, a linguagem multifacetada (envolve fsico, psicolgico, fisiolgico, individual e social) e heterclita. A lngua um sistema de signos, parte social da linguagem que no pode ser modificada facilmente pelos indivduos, pois obedece a um contrato social. O conjunto linguagem-lngua inclui a fala, que o ato individual, o jeito de cada falante utilizar o cdigo da lngua. Para Saussure, lngua e fala so inseparveis, s falamos porque h lngua, s existe lngua pelo exerccio da fala. Ambas so objetos concretos. O terico analisa a linguagem como algo duplo, conforme afirma Benveniste(1995), j que se forma por duas partes, cada uma das quais no tem valor a no ser pela outra ( h idia de relao). Em outras palavras, Saussure no trata o estudo da lngua como dicotmico, conforme se pensara at ento, mas como relao, algo s existe a partir de outro algo. Tudo tem relao para Saussure e escrever sobre os estudos lingsticos escrever sobre a lngua e a fala, sobre o individual e o social, sobre o paradigma e o sintagma, enfim, estudar a lngua estabelecer relaes. Conforme j dito, a lngua se relaciona com a fala, pois no tem realidade em si prpria para alm de sua realidade como refletor do sistema subjacente de uso lingstico aceitvel, conforme afirma Crystal(1988), que tambm argumenta que isto que conduz ao conceito de fala, o real, o concreto, o individual: a atividade psicolingstica controlada (ou pelo menos controlvel) que ouvimos. uma atividade, segundo Crystal, pessoal, dinmica e social que produz num tempo e num lugar especficos e numa situao especifica (opondo-se lngua, que independente de qualquer manifestao da fala). A lngua s pode ser analisada a partir de

  • vrias falas, a fim de criar regras generalizadas. S se constri cincia generalizando normas. A noo de signo lingstico criada por Saussure a chave para os estudos da linguagem. Ao falar em signo no se pode deixar de lado as observaes do terico sobre articulao, som e lngua. As slabas que se articulam so impresses acsticas percebidas pelos ouvidos, mas os sons no existiriam sem os rgos vocais. No se reduz a lngua ao som, nem separamos o som da articulao vocal. Reciprocamente no se pode definir os movimentos dos rgos vocais se fizer abstrao da impresso acstica. De acordo com Saussure, o som no passa de um instrumento do pensamento e no existe por si mesmo. O som uma unidade complexa acstico-vocal que forma com a idia uma unidade complexa fisiolgica e mental. Para atribuir lngua o primeiro lugar no estudo da linguagem, o terico afirma que a faculdade- natural ou no- de articular palavras no se exerce seno com a ajuda do instrumento criado e fornecido pela coletividade; no ento ilusrio dizer que lngua que faz a unidade da linguagem (1974:18). O signo, objeto de estudo da lingstica, une o conceito a uma imagem acstica (no uma coisa que une a uma palavra). A imagem acstica a representao virtual da palavra, uma impresso desta. Tal imagem sensorial, material. O signo pode ser definido como o resultado da associao de um significante a um significado. Este, para Saussure, quer dizer conceito. A natureza do signo lingstico arbitrria, pois no tem relao natural com a realidade.Vale ressaltar que entre o significante e o significado o lao no arbitrrio, ele se torna necessrio, a arbitrariedade entre o signo e a realidade. O falante no pode mudar de uma hora para outra o significante de um conceito, pois algo imotivado, ou seja, o conceito mesa se forma conscientemente com o conjunto fnico m-e-s-a. Para Benveniste (1995), o significante, o significado, a representao mental e a imagem acstica so na verdade as duas faces de uma mesma noo e se compem juntas como o incorporado e o incorporante. O significante a traduo fnica de um conceito; o significado a contrapartida mental do significante e a consubstancialidade entre o significado e o significante que ocorre a unidade estrutural do signo lingstico. Outra relao estabelecida por Saussure entre sintagma e paradigma. Qualquer frase, para o terico, uma seqncia de signos, em que cada signo contribui com algo par ao significado do todo e em que cada um se ope a todos os outros signos da lngua. Ou seja, um signo o que outro no . H uma relao sintagmtica, isto , uma relao linear entre os signos que esto presentes na frase. Ao dizer eu amo chocolate, h uma relao entre os signos que esto ordenados de um modo especifico para provocar uma

  • significao especifica. As relaes tambm podem ser paradigmticas, ou seja, relao entre um signo presente numa frase e outro que no esteja presente nela, mas que existe na lngua e que poderia ser utilizado no lugar. Ao invs de chocolate,poderia ser maae a relao continuaria valendo,pois os dois signos podem ser considerados pertencentes a um mesmo conjunto,a um subsistema. Ou seja, feita uma escolha de qual signo usar em cada posio. O seu valor em relao aos outros signos usados na frase. Para Saussure, o significado definido pelas relaes paradigmticas e sintagmticas, a linguagem uma vasta rede de estruturas e sistemas. Benveniste resume bem a importncia de Saussure ao afirmar que este foi quem mostrou que a linguagem em si mesma no comporta nenhuma dimenso histrica, de que sincronia e estrutura, de que s funciona em virtude de sua natureza simblica. Benveniste retoma as dualidades de Saussure envolvendo a linguagem, mostrando que nenhum termo oposto tem valor pos si mesmo ou remete a uma realidade substancial, mas tem valor por se opor a algo. Assim, a linguagem no oferece nenhuma de suas manifestaes uma substncia, mas somente aes combinadas ou isoladas de foras fisiolgicas, psicolgicas, mentais; e, como afirma o terico, claro que no podemos tornar como objeto da analise lingstica um fato material, por exemplo, um segmento de um enunciado ao qual no se prenderia nenhuma significao, considerando-o com simples produo do aparelho vocal ou uma vogal isolada. No temos uma substncia, mas uma operao de abstrao e de generalizao para definirmos e delimitarmos o objeto do estudo. Interessa, a partir de Saussure, a famosa frase: o ponto de vista que cria o objeto. Tal noo de suma importncia para os estudos da linguagem, uma grande contribuio terica, pois as coisas s existem depois de decidirmos isso. o mtodo que cria o objeto. A partir disso, possvel conceber tantas teorias sobre o mesmo assunto linguagem, e respeitar todas, j que cada uma defende sua posio terica a partir de uma metodologia escolhida para aplicao. Como se percebe, Ferdinand de Saussure no foi importante apenas com sua teoria, mas tambm com sua metodologia. Os estudos de Lingstica mudaram a partir do Curso de Lingstica Geral. Aberta essa porta, muitos estudos seguem sendo feitos. Hoje,conseguimos entender como o ser humano processa seu pensamento, a partir da linguagem, conseguimos entender a noo de subjetividade, a partir de estudos lingsticos. Enfim, entendemos que o sculo XXI promete ser o sculo da pesquisa lingstica voltada aos problemas subjetivos,sendo,portanto fundamental o processo de interface que

  • vm ocorrendo entre diferentes reas de conhecimento,a fim de uma servir de suporte a outra. A linguagem a via de comunicao entre os seres humanos e, por isso, entende-se que h muitos estudos ainda a serem realizados sobre tal assunto, j que compreender o ser humano e suas aes no tarefa fcil. preciso muitos tericos a servio disso e o ponto de partida continua sendo a palavra, pois no princpio era o Verbo.

    REFERNCIAS SANTIAGO-ALMEIDA, Manuel Morivaldo. Idias lingsticas: algumas reflexes. Cuiab: UFMT, 2003, Vol. 6. p. 33-45. CHOMSKY.Noam. Aspects of theory of syntax. Harvard: Mit Press, 1969. CRYSTAL, David. Dicionrio de lingstica e fontica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,1988. BENVENISTE, Emile. Curso de Lingstica Geral. Volumes 1 e 2. Campinas:Pontes, 1994. SAUSSURE, F. Curso de Lingstica Geral. So Paulo, Cultrix,1974. WITTGEINSTEIN,L. Investigaes filosficas. So Paulo: Abril, 1979.