Linguística Romanica

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Linguística Romanica – Rodolfo Ilari O texto apresenta uma rápida análise da história romana para em seguida demonstrar o processo de difusão da sua cultura, dando um enfoque maior na exteriorização da língua materna de Roma, o latim. A civilização romana tem início no período entre os séculos VIII e XIX a.C., sendo reconhecida até os dias atuais como um dos maiores impérios da história da humanidade. Apresenta politicamente uma clara separação entre três períodos distintos de governo, “a Realeza (das origens a 509 a.C.), a República (de 509 a.C. a 27 a.C.) e o Império (de 27 a.C. a 476 d.C.)”. É dado enfoque em dois aspectos fundamentais da história romana, sua “democratização progressiva do poder”, em que as mais diversas camadas da população ganharam representatividade notável com o passar do tempo; e “sua capacidade de absorver outros povos e sua espantosa expansão territorial, ocorrida entre os séculos V a.C. e II d.C.” característica singular em sua forma de governo, onde não havia extermínio completo das culturas de povos conquistados, sendo absorvidas e respeitadas. As conquistas territoriais se deram progressivamente ao longo de sua história, iniciando com a tomada da Itália peninsular, passando à Europa Mediterrânea, onde encontra resistência militar por parte de um posterior grande inimigo, Cartago, com quem inicia uma guerra que perdura por vários séculos (as Guerras Púnicas) e tem por vencedora a grande

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Lingustica Romanica Rodolfo IlariO texto apresenta uma rpida anlise da histria romana para em seguida demonstrar o processo de difuso da sua cultura, dando um enfoque maior na exteriorizao da lngua materna de Roma, o latim. A civilizao romana tem incio no perodo entre os sculos VIII e XIX a.C., sendo reconhecida at os dias atuais como um dos maiores imprios da histria da humanidade. Apresenta politicamente uma clara separao entre trs perodos distintos de governo, a Realeza (das origens a 509 a.C.), a Repblica (de 509 a.C. a 27 a.C.) e o Imprio (de 27 a.C. a 476 d.C.). dado enfoque em dois aspectos fundamentais da histria romana, sua democratizao progressiva do poder, em que as mais diversas camadas da populao ganharam representatividade notvel com o passar do tempo; e sua capacidade de absorver outros povos e sua espantosa expanso territorial, ocorrida entre os sculos V a.C. e II d.C. caracterstica singular em sua forma de governo, onde no havia extermnio completo das culturas de povos conquistados, sendo absorvidas e respeitadas.As conquistas territoriais se deram progressivamente ao longo de sua histria, iniciando com a tomada da Itlia peninsular, passando Europa Mediterrnea, onde encontra resistncia militar por parte de um posterior grande inimigo, Cartago, com quem inicia uma guerra que perdura por vrios sculos (as Guerras Pnicas) e tem por vencedora a grande civilizao romana. Posteriormente so conquistados territrios da sia, frica e Europa Central, sendo que esse perodo de expanso termina no governo do imperador Trajano, sculo II d.C., incio da decadncia. A mesma expanso que possibilitou o apogeu dessa civilizao proporciona sua queda, ocorrendo uma descentralizao do poder para possibilitar sua melhor administrao. Em 395 o imprio desmembrado em Imprio Romano do Oriente, com a capital Constantinopla, e Imprio Romano do Ocidente, com a capital Roma.As invases brbaras se deram aos poucos, primeiramente com o convvio desses povos a margem do imprio, com as infiltraes, incurses e por fim invases propriamente ditas e conquista. No sculo V, a presena de populaes brbaras no Imprio era ainda mais macia., quando deposto o ltimo imperador, sendo o ano de 476 considerada a data da queda do Imprio Romano Ocidental.Durante sua histria, os povos romanos possuam uma poltica de incluso, impondo o direito romano, explorando economicamente, porm respeitando a religio local e a lngua materna, permitida nos contatos entre si. Os romanos consideravam um motivo de grande honra para si o uso do latim pelos vencidos., motivo pelo qual a aristocracia local desses povos educava suas famlias de acordo com a tradio romana, mandando-os muitas vezes para a Itlia.Dessa forma o latim entra em contato com diferentes famlias lingusticas, como as originadas do indo-europeu (grego, umbro, osco), as de origem no indo-europeia (ibero, vasco) e as de origem semticas e camticas (fencio). O latim no suplantou as lnguas indgenas em todo o territrio do Imprio: imps-se como lngua falada no Mediterrneo ocidental e na Europa continental, mas esteve sempre em situao de inferioridade na Grcia, na Anatlia e no Mediterrneo oriental.No que diz respeito ao ocidente Itlia includa seria ingenuidade acreditar que os povos vencidos trocaram instantaneamente suas lnguas maternas pelo latim; ao contrrio, a fala dos vencedores conviveu por dcadas e mesmo por sculos com as locais, sendo o bilinguismo a situao tpica depois da conquista. Apesar dessa situao, o latim sempre se apresentou como a lngua de uma cultura mais avanada e sua utilizao proporcionava uma ascenso poltica e social. Apesar de sua queda, o modelo de imprio dos romanos foi ao longo do tempo usado como forma ideal de governo, sendo feita diversas tentativas de restaurao dessa civilizao, tanto pelo Cristianismo, instituio que ainda carrega diversas caractersticas do antigo imprio, quanto pelos prprios governantes brbaros.O termo Romania utilizado exatamente para denominar a unidade lingustica e cultural decorrente da civilizao romana. Deriva de romanus, e este foi o termo a que naturalmente recorreram os povos latinizados, para distinguir-se das culturas barbricas circunstantes.Sobre romanus formou-se o advrbio romanice, maneira romana, segundo o costume romano, e a expresso romanice loqui se fixou para indicar as falas vulgares de origem latina, em oposio a barbarice loqui, que indicava as lnguas no romnicas dos brbaros, e a latine loqui que se aplicava ao latim culto da escola. Do advrbio romanice, derivou o substantivo romance, que na origem se aplicava a qualquer composio escrita em uma das lnguas vulgares.Atualmente o termo Romnia utilizado para indicar a rea ocupada por lnguas de origem latina. Se compararmos a Romnia atual com o Imprio Romano, em sua fase de maior estabilidade, notaremos que os limites de ambos no coincidem.. H razes estudadas para explicar o fato do latim no ter conseguido se manter como lngua falada em todo imprio, em consequncia de: uma romanizao superficial, levada principalmente por fatores geogrficos que impossibilitavam a fcil comunicao em massa; a superioridade cultural dos povos vencidos, em territrios como a Grcia e o Mediterrneo oriental, onde a cultura local era forte demais para ser substituda por uma estrangeira; Superposio macia de populaes no-romanas.Em decorrncia dos movimentos de explorao e conquista de povos americanos no sculo XV, as lnguas de origem latina puderam se espalhar pelo novo continente, suplantando completamente qualquer dialeto nativo encontrado pelos europeus, impostas como lngua de cultura. O autor conclui com uma pequena comparao entre o processo de uniformizao da lngua nas colnias em oposio a extrema fragmentao dialetal do pas de origem, utilizando como base o portugus brasileiro e o de Portugal em comparao ao antigo latim das colnias e da prpria Itlia.