LIPPING - Microsoft · fiscalização de queimadas como tema de ação educativa ambiental em Santa...

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CLIPPING 22 de agosto de 2019 Fonte: IFFluminense

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CLIPPING 22 de agosto de 2019

Fonte: IFFluminense

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Grupo de Comunicação

SUMÁRIO

ENTREVISTAS ............................................................................................................................... 4

Série: Às margens de um sonho ...................................................................................................... 4

Entrevista com Benedito Braga, presidente da Sabesp ....................................................................... 5

SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA E MEIO AMBIENTE ....................................................................... 6

Queimadas e cortes: Polícia Ambiental aplica mais de R$ 500 mil em multas ........................................ 6

São Paulo possui um 'pré-sal caipira' em potencial energético ............................................................. 7

Palestra orienta sobre prevenção e fiscalização de queimadas como tema de ação educativa ambiental em Santa Mercedes ............................................................................................................................ 8

Após contaminação, Pinda intensifica ações de preservação no Ribeirão Grande .................................... 9

Pesquisadores descrevem trajetória do 'rio de fumaça' que escureceu São Paulo ................................. 10

Horto Florestal proíbe ações culturais dentro do Parque.................................................................... 13

Qualidade da água de Itupararanga preocupa COMDEMA de Votorantim ............................................. 14

Mau cheiro e água escura em Matão .............................................................................................. 15

Sindicato dos Servidores Municipal acompanha cemitério de veículos no aterro sanitário ...................... 15

Série sobre os Rios Pinheiros e Tietê (João Doria citado) .................................................................. 15

Obras da estação João Dias, na Linha 9 Esmeralda, devem começar em 2019 .................................... 16

Projeto prevê porto seco em Paranapiacaba .................................................................................... 17

CEI do Aeroporto deve sugerir execução de TAC ambiental junto ao GRU Airport ................................ 18

Problema de drenagem provoca inundações ................................................................................... 19

Nosso planeta, nossa cidade ......................................................................................................... 21

SP tem 90 novas áreas desmatadas de Mata Atlântica nos últimos 5 anos, aponta relatório .................. 22

Sabesp inicia obra para ampliar o abastecimento em Santo André ..................................................... 27

Sabesp inicia obra que ampliará abastecimento em S. André ............................................................ 28

Vazamento de água transforma ruas em rio em Osasco ................................................................... 29

VEÍCULOS DIVERSOS .................................................................................................................. 30

A Amazónia arde: o fumo vê-se do Espaço e já chegou a São Paulo................................................... 30

Onda de incêndios na Amazônia sobe e Governo admite descontrole “criminoso” ................................ 32

O holocausto da Amazônia põe a civilização em alerta ..................................................................... 34

MP abre inquérito para apurar caso de chimpanzé que fumou cigarro................................................. 36

Fumaça de queimadas é ameaça à saúde pública, alertam médicos ................................................... 38

'Animais carbonizados e silêncio no lugar do verde e som de pássaros': biólogo descreve cenário apocalíptico após queimadas ......................................................................................................... 40

Bolsonaro diz que queimadas podem ser causadas por fazendeiros, mas 'a maior suspeita vem de ONGs' ................................................................................................................................................. 41

FOLHA DE S. PAULO .................................................................................................................... 43

O QUE A FOLHA PENSA: Onde há fumaça ....................................................................................... 43

Fala de Bolsonaro confirma indiferença do governo pelo meio ambiente ............................................. 44

OPINIÃO: Brasil, um país suicida? ................................................................................................. 45

Painel: Após ações de Bolsonaro na Receita, no Coaf e na PF, ala do PSL ameça contrariar recomendações do Planalto ................................................................................................................................. 47

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Grupo de Comunicação

Painel S.A.: Privatizações abrem novo ringue entre Bolsonaro e Doria ................................................ 49

Privatização da Petrobras é plano ou fantasia do trilhão? .................................................................. 51

Sem provas, Bolsonaro diz que queimadas podem ter sido provocadas por ONGs ................................ 52

Acusações a ONGs feitas por Bolsonaro causam indignação e espanto................................................ 54

Governo Bolsonaro abre edital para empresa privada monitorar Amazônia ......................................... 56

Mônica Bergamo: Funcionários do BC e Receita Federal resistem à transferência do Coaf ..................... 58

ESTADÃO ................................................................................................................................... 60

Após repercussão negativa, Bolsonaro insiste em culpar ONGs por queimadas .................................... 60

Fumaça de incêndios na Amazônia chega ao território peruano ......................................................... 62

Um rio à espera de ressurreição .................................................................................................... 63

‘Programa de privatização é tímido e sem impacto fiscal relevante’, diz economista ............................. 65

MP da Liberdade Econômica institui autorização automática para desmatamento ................................. 67

VALOR ECONÔMICO .................................................................................................................... 68

Equipe econômica planeja vender Petrobras até 2022 ...................................................................... 68

Governo planeja privatizar Petrobras em 2022 ................................................................................ 69

Com desinvestimento já em curso, governo colocará a venda uma empresa mais enxuta ..................... 71

Desmatamento afeta imagem do país e causa preocupação .............................................................. 73

Com país na berlinda, OCDE prepara exame da política ambiental do Brasil ........................................ 79

Bolsonaro insinua relação entre ONGs e queimadas ......................................................................... 80

DSM cria aditivo capaz de reduzir emissão de gases na pecuária ....................................................... 82

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Grupo de Comunicação

ENTREVISTAS Veículo: Rádio Prudente

Data: /08/2019

Série: Às margens de um sonho

RÁDIO CBN FM 90,5/SÃO PAULO | JORNAL DA

CBN Data Veiculação: 21/08/2019 às 07h23

Duração: 00:05:07

Sinopse:

A aposta na despoluição do Rio Pinheiros está

centrada na despoluição dos 25 córregos que

deságuam no Pinheiros. Para isso o governo

vai investir em algo inovador: implantar

estações de tratamento de esgoto no curso

dos afluentes, impedindo dessa forma a

chegada da sujeira ao rio. Dos 25 córregos, ao

mesmo 16 serão terceirizados à iniciativaa

privada. O secretário dr Infraestrutura e Meio

Ambiente, Marcos Penido, disse que só vai

receber remuneração a empresa que entregar

água com um DBO de no máximo 30 mg por

litro.

http://cloud.boxnet.com.br/yxqjckrt

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Grupo de Comunicação

Veículo: Jornal da Gazeta

Data: 21/08/2019

Entrevista com Benedito Braga,

presidente da Sabesp

JORNAL DA GAZETA/TV GAZETA/SÃO PAULO

Data Veiculação: 21/08/2019 às 19h43

Duração: 00:14:56

+ informações

Transcrição

Vamos à entrevista do dia com Denise Campos

de Toledo.

Eu converso agora o Benedito Braga.

http://cloud.boxnet.com.br/yxtfgzl2

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Grupo de Comunicação

SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA E MEIO AMBIENTE Veículo: Diário Tupã

Data: 21/08/2019

Queimadas e cortes: Polícia Ambiental

aplica mais de R$ 500 mil em multas

No domingo (18), em duas ocorrências, a

Polícia Militar Ambiental aplicou R$

503.950,00 em multas, lavradas em quatro

autos de infração ambiental (AIA), na região

de Presidente Prudente, decorrentes de fogo

em vegetação e corte de árvores.

Segundo a corporação, uma equipe da Base

Operacional de Presidente Epitácio, durante

Operação Corta Fogo, foi até uma fazenda

no município de Presidente Bernardes, onde

havia um foco de incêndio cuja informação foi

extraída via sistema INPE (Instituto Nacional

de Pesquisas Espaciais), que utiliza imagens

via satélite e emite os alertas de incêndio.

Na propriedade rural os policiais constataram

o uso de fogo em área agrossilvopastoril

(nome dado à área onde há integração da

lavoura, pecuária e floresta) correspondente a

373 hectares, onde foram danificadas 190

árvores nativas isoladas, entre as quais

exemplares de ipê e angico.

O fogo também danificou outra área de

reserva legal, correspondente a 1,38 hectare

de vegetação nativa, atingindo 112 árvores

isoladas.

O local é administrado por uma usina

sucroalcooleira e no momento da vistoria

estava presente um funcionário da usina, que

se identificou como coordenador ambiental da

empresa.

Em relação a esses danos, a equipe da PM

Ambiental lavrou três AIA. O primeiro deles

por fazer uso de fogo em área

agrossilvopastoril, com base no artigo 58

'caput' da resolução SMA 48/2014, com multa

no valor de R$ 373.000,00. O segundo foi

caracterizado por danos a 190 árvores nativas

isoladas, com base no artigo 53 'caput' da

resolução SMA 48/2014, com multa no valor

de R$ 85.500,00. Já o terceiro AIA se deu por

danos a qualquer tipo de vegetação nativa em

área de reserva legal de domínio privado, com

base no artigo 51 'caput' da resolução SMA

48/2014, com multa no valor de R$

10.350,00. Juntas, as multas derivadas dos

três AIA somam R$ 468.850,00.

Cortes

Em outra ocorrência, uma equipe da Base

Operacional de Panorama, durante

patrulhamento náutico no Rio Paraná, naquele

município, constatou em uma propriedade às

margens do rio a prática de corte isolado de

117 árvores nativas.

Após identificar o responsável - um homem de

46 anos - foi lavrado um AIA por explorar

qualquer tipo de vegetação nativa,

correspondente às 117 árvores, mediante

corte isolado, localizada fora de área de

reserva legal averbada, de domínio privado,

sem aprovação do órgão competente,

incorrendo no artigo 53 da resolução SMA nº

48/2014, tendo como sanção multa simples

no valor de R$ 35.100,00, ficando apreendidos

no local 25 metros cúbicos de lenha nativa.

http://www.multclipp.com.br/verNoticia.aspx?

c=0&n=29732568&e=577

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Grupo de Comunicação

Veículo: Jornal Cidades

Data: 21/08/2019

São Paulo possui um 'pré-sal caipira' em

potencial energético

São Paulo possui um 'pré-sal caipira' em

potencial energético

O estado é o maior produtor de cana e etanol

e o segundo maior produtor de gás do Brasil

O interior do estado de São Paulo possui um

potencial de energia renovável que é

considerado um 'pré-sal caipira', segundo

Ricardo Cantarini, assistente executivo da

Subsecretaria de Petróleo e Gás da

Secretaria de Infraestrutura e Meio

Ambiente do Estado de São Paulo.

Durante o IX Seminário de Bioeletricidade,

realizado nesta quarta-feira (21/08), segundo

dia da 27ª FENASUCRO, que acontece até

sexta-feira (23/08), em Sertãozinho (SP),

Cantarini destacou a importância da produção

do Estado de São Paulo que, atualmente, é

maior produtor de cana e etanol e o segundo

maior produtor de gás do Brasil.

'A tendência mundial aposta na eficiência

energética e em matrizes renováveis para a

redução das emissões globais de gás

carbônico. Entre 2006 e 2017 foi registrado

um aumento no consumo de etanol no Estado

de São Paulo provocando uma redução

drástica na emissão', afirma Cantarini.

Ele também destacou a importância

estratégica da produção de energia nas usinas

e o potencial da produção de biogás por meio

da vinhaça e relatou o projeto envolvendo a

produção em duas usinas na região de

Presidente Prudente (SP).

'Atualmente temos 204 usinas gerando

energia elétrica, sendo 70 unidades em 20 km

de distância da rede de linha de transmissão.

Outra oportunidade é a produção de biogás

por meio da vinhaça, que possui um potencial

de produção de 8 milhões de metros cúbicos

por dia. Esse volume representa metade dos

16 milhões de metros cúbicos que são

consumidos em nosso estado. Temos um 'pré-

sal caipira' em fonte de energia renovável e o

Governo do Estado de São Paulo está

apoiando e estimulando os projetos nesse

sentido', diz Cantarini.

SKAF E A EXPECTATIVA EM RELAÇÃO AO

GOVERNO

O presidente da Fiesp e do Ciesp, Paulo Skaf,

participou de um debate com as lideranças

empresariais da região abordando temas como

a conjuntura política, econômica, as reformas

da previdência e tributária, entre outros. O

encontro aconteceu também na FENASUCRO.

'Confiamos que o Senado Federal dará seu

aval às mudanças negociadas nos últimos

meses porque evita que as contas públicas do

país entrem em colapso na próxima década ao

garantir uma economia da ordem de R$ 1

trilhão. O primeiro passo em direção a rota de

crescimento já foi dado. A convergência obtida

nessa reforma deve servir de exemplo para o

próximo desafio: uma reforma tributária que

destrave a economia e gere os empregos que

precisamos', disse Skaf.

RODADA DE NEGÓCIOS

As rodadas de negócio nacionais da 27ª

FENASUCRO, que acontecem até quinta-feira

(22/08), tiveram mais de 50 reuniões no

primeiro dia, com um índice de 94% de

chance de efetivação das negociações.

De acordo com a organização, a expectativa é

que sejam realizadas cerca de 100 reuniões

até o encerramento das rodadas.

http://www.multclipp.com.br/verNoticia.aspx?

c=0&n=29777019&e=577

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Grupo de Comunicação

Veículo: Panorama Notícia

Data: 21/08/2019

Palestra orienta sobre prevenção e

fiscalização de queimadas como tema de

ação educativa ambiental em Santa

Mercedes

Ermenson Rodrigues

Com o período de estiagem, o período mais

seco do ano, que engloba principalmente os

meses de junho, julho e agosto, o tema da

educação ambiental proposta pela diretiva

'Qualidade do Ar', do Programa Município

Verde Azul, enfatiza sobre os perigos e

consequências da prática de Queimada Rural

em Santa Mercedes.

A prática é criminosa de acordo com a Lei

Municipal nº 009/2019.

Neste sentido, a Divisão de Desenvolvimento

Rural e Meio Ambiente, em parceria com o

Departamento de Vigilância Sanitária de Santa

Mercedes-SP, tem promovido diversas ações

de conscientização, tendo por objetivo

abranger o público-alvo da ação em diversas

comunidades do município e Distrito.

Com uma parceria realizada entre a Prefeitura

Municipal de Santa Mercedes, e a Usina Caeté,

Unidade de Pauliceia, reuniu na última terça-

feira, 21, produtores rurais e representantes

da Agricultura e Meio Ambiente da região para

o 1º Encontro sobre Prevenção e Combate a

Incêndios na Área Rural. O evento teve o

objetivo de orientar sobre a prevenção de

queimadas e ainda sobre a legislação vigente.

As orientações ficaram sobe a

responsabilidade do Sr. Ricardo Jampani

Picinini, Engenheiro Ambiental, da Usina

Caeté, Unidade de Pauliceia, enfatizando a

importância do trabalho de educação contra

queimadas ilegais e, em caso de ocorrência,

quais as ações são desempenhadas pela usina

e sua equipe.

Durante o evento, também foi explicado sobre

as melhores práticas de prevenção de

incêndios em áreas de cultivo de cana.

Estiveram presentes na palestra

representantes da Vigilância Sanitária, na

pessoa do Sr. Renan R. Gimenez e Sra.

Vanessa G. da Silva Santos; representantes do

Meio Ambiente e Agricultura, Sra. Ariadny

Rocha Dias e Sr. Fernando Pamphilo de

Christo Batista. A Prefeitura Municipal vem

realizando uma campanha para orientar a

população sobre os riscos das queimadas que,

além de poluir o ar e causar danos à natureza,

também podem ocasionar uma série de

doenças, danos materiais e risco à vida.

Quem promove queimada de qualquer tipo, se

for flagrado, pode ser autuado. Pela legislação

municipal, esse tipo de ato é crime. A

população pode ajudar denunciando á

Vigilância Sanitária pelo telefone (18) 3875-

1190.

http://www.multclipp.com.br/verNoticia.aspx?

c=0&n=29750358&e=577

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Grupo de Comunicação

Veículo: Jornal Atos

Data: 21/08/2019

Após contaminação, Pinda intensifica

ações de preservação no Ribeirão Grande

Prefeitura reforça conscientização; núcleos

irregulares não possuem saneamento

Lucas Barbosa

Pindamonhangaba

Enquanto tenta regularizar a situação de 11

núcleos habitacionais clandestinos no Ribeirão

Grande, a Prefeitura de Pindamonhangaba

intensificou no último mês as ações de

preservação do córrego que corta o bairro,

que tem apresentado resultados preocupantes

de contaminação. Para evitar que o problema

se agrave, o município busca conscientizar a

população sobre os riscos do despejo irregular

de esgoto.

Durante o primeiro semestre do ano, análises

da Cetesb (Companhia Ambiental do

Estado de São Paulo) apontaram que as

águas do ribeirão que dá nome ao bairro

estavam impróprias para o banho devido à

alta concentração de coliformes fecais

(bactérias provenientes de fezes humanas e

de animais).

Para averiguar os fatores que motivaram a

contaminação, a Prefeitura realizou diversos

estudos no bairro em julho, como perfurações

no solo para averiguação da profundidade e

situação dos lençóis freáticos da região.

Na última semana, agentes da secretaria de

Meio Ambiente elaboraram um levantamento

das questões sanitárias do local. O trabalho

consistiu na visitação de imóveis onde foram

averiguadas as formas em que as famílias dão

destinação ao seu esgoto.

Já que foram construídas em terreno irregular

a partir de 1994, cerca de duzentas casas não

possuem rede de saneamento básico.

'Verificamos que diversas moradias contam

com fossas inadequadas, que estão

contribuindo para a contaminação dos lençóis

freáticos daquela região. Estamos orientando

as famílias a realizarem as alterações

necessárias nas fossas, e principalmente não

despejarem o esgoto diretamente no ribeirão',

explicou a secretária de Meio Ambiente, Maria

Eduarda San Martin.

A chefe da pasta ressaltou ainda que as ações

de conscientização e de estudos de melhorias

sanitárias no Ribeirão Grande continuarão

ocorrendo regularmente até que a qualidade

da água melhore.

Regularização - Na edição do último dia 27, o

Jornal Atos publicou uma matéria mostrando o

andamento do processo de regulamentação

dos 11 núcleos habitacionais clandestinos do

Ribeirão Grande. Na ocasião, o diretor de

Regularização Fundiária, Germano Miguel de

Assis, explicou que o município está investindo

recursos próprios no procedimento de

regulamentação, iniciado em 2018. Além de

análises da topografia do bairro, no último dia

24 a pasta realizou uma reunião com as

famílias no Centro Comunitário do Ribeirão

Grande. No encontro, o Executivo distribuiu

cartilhas informativas, que explicam os

próximos passos e prazos do trabalho de

regularização da área, previsto para ser

concluído em até um ano.

http://www.multclipp.com.br/verNoticia.aspx?

c=0&n=29779705&e=577

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Grupo de Comunicação

Veículo: Agênica FAPESP

Data: 22/08/2019

Pesquisadores descrevem trajetória do

'rio de fumaça' que escureceu São Paulo

Pesquisadores descrevem trajetória do 'rio de

fumaça' que escureceu São Paulo 22 de

agosto de 2019

Karina Toledo | Agência FAPESP - Dois

sistemas que permitem o monitoramento de

poluentes atmosféricos - desenvolvidos nas

últimas duas décadas com apoio da FAPESP -

estão ajudando cientistas a entender

fenômenos raros observados na cidade de São

Paulo na última segunda-feira (19/08): o

escurecimento repentino do céu no meio da

tarde e a chuva acinzentada observada logo

depois em algumas partes da Região

Metropolitana.

Ainda no domingo (18/08), uma intensa pluma

de material particulado com mais de 3 mil

metros de altitude foi detectada por uma

equipe do Instituto de Pesquisas Energéticas e

Nucleares (Ipen) por meio do sistema Lidar,

do Centro de Lasers e Aplicações (CLA).

Posteriormente, com auxílio de imagens de

satélites da Nasa - a agência espacial norte-

americana - e de um modelo que prevê a

trajetória percorrida por massas de ar, os

pesquisadores concluíram se tratar de

partículas provenientes de queimadas

ocorridas nas regiões Centro-Oeste e Norte,

entre Paraguai e Mato Grosso, abrangendo

trechos da Bolívia, Mato Grosso do Sul e

Rondônia.

Acrônimo para light detection and ranging

(detecção de luz e medida de distância), o

Lidar é um radar de laser que permite o

sensoriamento remoto ativo da atmosfera

para a detecção de poluentes. Vem sendo

desenvolvido desde 1998 por Eduardo

Landulfo, por meio de vários projetos

financiados pela FAPESP.

'O sistema ilumina o céu e as partículas

presentes na atmosfera refletem a luz, que

captamos com um telescópio. Ao analisar esse

sinal, conseguimos identificar o tipo de

partícula e a distância da superfície em que ela

se encontra', explicou Landulfo.

Segundo o pesquisador, a pluma de poluição

começou a pairar sobre a Região

Metropolitana de São Paulo entre 4 e 5 horas

da tarde de domingo - resultado de queimadas

que ocorreram muito provavelmente de quatro

a sete dias antes.

Como explicou Saulo Ribeiro de Freitas, do

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

(Inpe), a massa de ar poluído gerada pelas

queimadas nas regiões Norte e Centro-Oeste

geralmente é empurrada a 5 mil metros de

altitude por ventos que sopram do Atlântico

para o Pacífico (de leste para oeste), até

esbarrar na Cordilheira dos Andes. A fumaça

começa então a se acumular sobre o leste do

Amazonas, Acre, Venezuela, Colômbia e

Paraguai - até que o chamado sistema

anticiclone, com ventos que circulam a 3 mil

metros de altitude no sentido anti-horário,

começa a transportar a massa poluída na

direção sul, margeando os Andes.

'O que ocorreu no início desta semana foi a

convergência dessa massa de ar poluído que

vinha do norte com uma frente fria vinda do

sul. Os ventos convergiram e fizeram o rio de

fumaça se curvar em direção à região

Sudeste. Além da fuligem, outros poluentes

presentes na atmosfera - como monóxido de

carbono, dióxido de carbono, ozônio, óxido

nitroso e metano - interagiram com as nuvens

trazidas pela frente fria e potencializaram a

formação de smog [termo em inglês que

representa a mistura entre fumaça e neblina]',

disse.

O transporte atmosférico de emissões de

queimada sobre a América do Sul vem sendo

11

Grupo de Comunicação

monitorado no Centro de Previsão de Tempo e

Estudos Climáticos (CPTEC) do Inpe desde

2003, por meio do sistema CATT-BRAMS

(Coupled Aerosol and Tracer Transport model

to the Brazilian developments on the Regional

Atmospheric Modelling System), desenvolvido

por Freitas em colaboração com Karla Longo e

Luiz Flávio Rodrigues (ambos do Inpe) e com

apoio da FAPESP.

'Trata-se de um produto pioneiro que faz

previsão para até três dias da qualidade do ar

e que tem sido adotado em vários centros do

mundo, entre eles o National Oceanic and

Atmospheric Administration (NOAA), dos

Estados Unidos', contou o pesquisador. As

previsões da qualidade do ar feitas no CPTEC

podem ser consultadas diariamente pelo

endereço http://meioambiente.cptec.inpe.br.

Nas imagens obtidas pelo modelo BRAMS

(foto) é possível ver que no dia 16 de agosto o

'rio de fumaça' descia no sentido sul, atingindo

Porto Alegre (RS) e parte da Argentina. Aos

poucos, vai sendo desviado para o Sudeste e,

no dia 20 de agosto, já cobre boa parte do

Estado de São Paulo.

De acordo com o professor do Instituto de

Física da Universidade de São Paulo (USP)

Paulo Artaxo, durante sua trajetória rumo à

região Sudeste, a pluma das queimadas

interagiu com o vapor d'água na atmosfera,

alterando as propriedades das nuvens.

'As partículas funcionam como núcleo de

condensação da água. Assim, gotículas de

chuva menores são formadas, mas em grande

quantidade e isso faz com que uma maior

parte da radiação solar seja refletida de volta

para o espaço, a ponto de escurecer o solo,

como aconteceu no último domingo', disse.

Segundo Freitas, a chuva de cor acinzentada

também foi resultado dessa interação da

fuligem com as nuvens. 'A fumaça entranhou

nas gotículas de chuva, sendo depois

depositada na superfície da cidade de São

Paulo', disse.

Trata-se de um fenômeno esperado do ponto

de vista da química atmosférica, afirmou

Artaxo, e não deve causar alarde. 'Essa chuva

não faz mal para as pessoas. Apenas caiu de

uma nuvem com alta influência de

queimadas', disse.

Análises feitas com uma amostra da água

turva colhida na Zona Leste da capital pela

bióloga Marta Marcondes, professora da

Universidade Municipal de São Caetano

(USCS), revelaram uma quantidade de

sulfetos 10 vezes maior que a média

normalmente observada em águas pluviais.

'Essas substâncias normalmente estão

relacionadas com a queima de biomassa e de

combustíveis fósseis. Também chamou a

atenção a grande quantidade de material

particulado que ficou presa no filtro e a

turbidez sete vezes maior que o normal',

disse.

Pesquisadores do Instituto de Química da USP

identificaram na água da chuva a presença de

reteno, substância proveniente da queima de

biomassa e considerada um marcador de

queimadas. O estudo foi coordenado pela

professora Pérola de Castro Vasconcellos.

A boa notícia, segundo os especialistas, é que,

como a pluma de poluição estava a mais de 3

mil metros da superfície, não chegou a

comprometer a qualidade do ar na capital

paulista. De fato, monitores da Companhia

Ambiental do Estado de São Paulo

(Cetesb) indicaram boas condições na última

semana.

'As cidades mais próximas da região onde

ocorrem as queimadas, como Cuiabá, Manaus

e Porto Velho, são as que mais sofrem com a

degradação da qualidade do ar', disse Freitas.

12

Grupo de Comunicação

Tanto o pesquisador do Inpe quanto Landulfo,

do Ipen, afirmam que a chegada das emissões

de queimadas na Região Sudeste é

relativamente comum no período de seca,

entre julho e setembro.

'Mas para ter causado todos esses efeitos

observados nos últimos dias deve ter sido uma

quantidade de fumaça muito grande. Ainda

não sabemos distinguir se é um fogo

provocado ou acidental, que também é

comum no período da seca', afirmou Landulfo.

Em nota técnica divulgada no dia 20 de

agosto, porém, cientistas do Instituto de

Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM)

afirmaram que 'a Amazônia está queimando

mais em 2019 e o período seco, por si só, não

explica este aumento'.

Segundo o texto, o número de focos de

incêndios para a maioria dos estados já é o

maior dos últimos quatro anos - até 14 de

agosto eram 32.728 focos registrados, número

60% superior à média dos três anos

anteriores. A estiagem, por outro lado, está

mais branda. Tal fato, afirma a nota, indica

que 'o desmatamento possa ser um fator de

impulsionamento às chamas'. 'Os 10

municípios amazônicos que mais registraram

focos de incêndios foram também os que

tiveram maiores taxas de desmatamento', diz

o texto. Os pesquisadores se basearam em

dados do Sistema de Alerta de Desmatamento

(SAD) do Imazon, do sistema de detecção de

focos de calor do satélite AQUA, da Nasa, e

dados de precipitação do CHIRPS (Climate

Hazards Group Infrared Precipitation and

Station Data).

Dados do Sistema Deter, do Inpe, que emite

alertas diários de áreas desmatadas para

ajudar na fiscalização, indicam que o

desmatamento na Amazônia cresceu 50% em

2019. Julho foi o pior mês da série histórica,

com 2.254 quilômetros quadrados (km²) de

alertas - alta de 278% em relação a julho do

ano passado. De agosto de 2018 a julho de

2019, o Deter apontou 6.833 km²

desmatados, contra 4.572 km² no ano

passado (agosto de 2017 a julho de 2018). A

taxa oficial da destruição será dada no fim do

ano pelo sistema Prodes, também do Inpe.

http://agencia.fapesp.br/pesquisadores-

descrevem-trajetoria-do-rio-de-fumaca-que-

escureceu-sao-paulo/31280/

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Grupo de Comunicação

Veículo: Jornal SP Norte

Data: 22/08/2019

Horto Florestal proíbe ações culturais

dentro do Parque

http://cloud.boxnet.com.br/y4xdh6ch

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Grupo de Comunicação

Veículo: Gazeta de Votorantim

Data: 22/08/2019

Qualidade da água de Itupararanga

preocupa COMDEMA de Votorantim

http://cloud.boxnet.com.br/y559d93p

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15

Grupo de Comunicação

Veículo: Rádio Saudades

Data: 21/08/2019

Mau cheiro e água escura em Matão

RÁDIO SAUDADES 90,9 FM/MATÃO | JORNAL

DA SAUDADES FM Data Veiculação:

21/08/2019 às 09h19

Duração: 00:06:12

+ informações

Transcrição

mau cheiro, esgoto, contaminação do solo,

Cetesb, solução, mata, cuidados,

http://cloud.boxnet.com.br/yxq6fbpz

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Veículo: Rádio 94,5 Bauru

Data: 21/08/2019

Sindicato dos Servidores Municipal

acompanha cemitério de veículos no

aterro sanitário

RÁDIO 94,5 FM/BAURU | 94 NOTÍCIAS Data

Veiculação: 21/08/2019 às 12h02

Duração: 00:06:45

Transcrição

aterro municipal, Valdecir Rosa, caminhões,

CETESB, sucata, EMDURB, limpeza, coletores,

Detran, motor,

http://cloud.boxnet.com.br/y6nc59ew

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Veículo: Rádio CBN Campinas

Data: 21/08/2019

Série sobre os Rios Pinheiros e Tietê

(João Doria citado)

RÁDIO CBN 99,1 FM/CAMPINAS | CBN TOTAL

Data Veiculação: 21/08/2019 às 14h22

Duração: 00:04:33

Transcrição

Cetesb, Sabesp

http://cloud.boxnet.com.br/y56pl4fp

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16

Grupo de Comunicação

Veículo1: Gazeta de Santo Amaro

Veículo2: Jornal de Moema

Veículo3: Gazeta do Broklin

Veículo4: Interlagos News

Data: 22/08/2019

Obras da estação João Dias, na Linha 9

Esmeralda, devem começar em 2019

http://cloud.boxnet.com.br/yylddaoj

http://cloud.boxnet.com.br/yynq36y9

http://cloud.boxnet.com.br/y2gnpbss

http://cloud.boxnet.com.br/y4za9pfk

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17

Grupo de Comunicação

Veículo: Destak / ABC

Data: 21/08/2019

SANTO ANDRÉ

Projeto prevê porto seco em

Paranapiacaba

Sociedade e movimentos pedem audiências

para que o tema seja tratado em âmbito

público; Vila é patrimônio ambiental

Foto: Carla Carniel/Destak

Movimentos sociais, ONGs, acadêmicos e

moradores cobram a prefeitura de Santo

André em função de um Projeto de Lei que

quer alterar o Plano Diretor para permitir um

centro logístico na Vila de Paranapiacaba.

Em uma audiência pública convocada pela

Câmara dos Vereadores na segunda-feira

(19), para discutir o assunto, nenhum

representante da gestão atual compareceu

para tratar do tema, segundo manifestantes

contrários ao projeto. A prefeitura afirma que

havia membros da gestão presentes na

audiência.

O subdistrito é tombado por diversos órgãos

como patrimônio histórico, além de ser

previsto como local destinado exclusivamente

à exploração turística. Em 2018, o prefeito

Paulo Serra havia anulado um inciso que

permitia o centro, uma vez que o Ministério

Público o considera inconstitucional.

A vinda de um porto seco para a região tem

como entrave o fato de a Vila estar inserida

dentro da Reserva Biológica do Alto da Serra,

a mais antiga unidade de preservação do

Estado de São Paulo.

"O PL apresentado em abril altera o mapa de

preservação da Vila e amplia a área de

interesse econômico sem promover discussão

pública alguma", disse a professora da UFABC

Silvia Passarelli, que acrescenta que o Plano

Diretor do município pode sofrer judicialização

porque foi entregue à Câmara com atraso de

seis meses.

Prefeitura

Em nota, o governo de Santo André afirmou

que "a Prefeitura de Santo André reitera que

se faz importante esclarecer que o Plano

Diretor não autoriza a instalação de nenhum

empreendimento específico na área de Campo

Grande. A decisão de instalação ou não

será determinada pela CETESB, que é o

órgão competente para este tipo de análise. À

CETESB cabe verificar se o projeto respeita

todas as leis ambientais que regulamentam

àquele tipo de bioma. Vale esclarecer também

que o referido projeto não se trata de um

"porto seco", mas sim de um centro logístico

ferroviário, sem desembaraço aduaneiro".

Em relação à presença de representantes da

prefeitura na audência pública do dia 19 de

agosto de 2019, a prefeitura disse que havia a

presença de funcionários da equipe técnica da

Unidade de Planejamento e Assuntos

Estratégicos e da Secretaria de

Desenvolvimento e Geração de Emprego.

Sobre a entrega do Plano Direto, a assessoria

de imprensa informou que o Ministério Público

já emitiu parecer em relação à legalidade do

processo, tanto quanto ao prazo quanto à

questão da garantia da participação social no

processo.

https://www.destakjornal.com.br/cidades/abc/

detalhe/projeto-preve-porto-seco-em-

paranapiacaba

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18

Grupo de Comunicação

Veículo: Guarulhos Hoje

Data: 21/08/2019

CEI do Aeroporto deve sugerir execução

de TAC ambiental junto ao GRU Airport

http://cloud.boxnet.com.br/y4rqdltd

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19

Grupo de Comunicação

Veículo: O Liberal – Americana

Data: 22/08/2019

Problema de drenagem provoca

inundações

Situação é investigada em inquérito civil do 2º

promotor de Justiça de Americana

André Rossi

AMERICANA

Um problema na drenagem de águas pluviais

de sete empresas localizadas a montante da

Lagoa do Piva, em Americana, tem provocado

inundações em casas do Condomínio Portal

dos Nobres II. A situação é investigada em

inquérito civil do 2Q promotor de Justiça da

cidade, Ivan Carneiro Castanheiro, que

acompanha ainda a questão da poluição da

lagoa.

De acordo com o síndico do condomínio,

Carlos Dobelin, as casas afetadas íicam na Rua

C, e o problema ocorre em dias de chuva

forte. O último caso ocorreu há cerca de três

meses.

“Quando chove muito, um pouco mais da

média, alaga a rua toda. Tem umas casas lá e

chega a fechara rua. Então o cara vai chegar

na casa dele e não tem como entrar. É a parte

mais baixa de toda uma área bem grande”,

explicou Dobelin.

O síndico afirma que o surgimento das

empresas e obras de ampliação nas rodovias

influenciaram na situação. O loteamento foi

aprovado pela prefeitura em 1988.

“A prefeitura aprovou essas sete empresas e

não exigiu que fizessem galeria adequada ou

que fizesse um piscinâo. Antigamente enchia

muito pouco. Agora a água que vem do Pós-

Anhanguera faz a lagoa encher mais do que o

normal”, disse Dobelin.

O promotor explicou que as sete empresas em

questão não causam poluição na lagoa.

Entretanto, influenciam na inundação no

condomínio.

“Estão provocando inundação, extravasamento

na área úmida até de possíveis efluentes e

inundando casas no condomínio. O problema

da drenagem da água pluvial dessas sete

indústrias e da região como um todo, do

próprio dreno de extravasamento da lagoa,

passa por dentro do portal”, explicou Ivan.

Um dos encaminhamentos feitos pelo

promotor foi a solicitação para que aCCR

AutoBAn, concessionária responsável pela SP-

330 (Rodovia Anhanguera), encaminhe os

projetos de construção e ampliação das pistas

nos trechos da Lagoa do Piva, bem como

trechos anteriores e posteriores nas

adjacências.

A Prefeitura de Americana informou que as

empresas citadas pelo promotor são, na

verdade, empreendimentos comerciais,

residenciais e industriais. Nenhum deles foi

notificado “visto que não foi constatado fato

que evidenciasse poluição nos locais

fiscalizados”.

“Na reunião junto à promotoria, foi criada

comissão que coordenará as ações, novas

coletas de amostras, nova sondagem nos

empreendimentos do entorno”, disse a

prefeitura

Licenciamento.

Outro inquérito civil relacionado acompanha o

cumprimento das condicionantes do

licenciamento de cinco empresas que se

instalaram a montante da Lagoa do Piva. Elas

precisaram firmar com prefeitura e Cetesb

um TCRA (Termo de Cumprimento de

Recuperação Ambiental) para garantir o

20

Grupo de Comunicação

plantio e conservação de mudas de espécies

nativas, permitindo o reflorestamento das

marges da lagoa.

“Funcionará como um filtro contra a própria

poluição e poderá contribuir para melhoria da

qualidacie da água, evitando erosão, evitando

carreamento de sedimentos de fertilizantes e

de produtos tóxicos para dentro da represa.

Com isso também fica facilitada a reprodução

da vida aquática”, afirmou Ivan.

http://cloud.boxnet.com.br/y6rrty65

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21

Grupo de Comunicação

Veículo: O Liberal – Americana

Data: 22/08/2019

Nosso planeta, nossa cidade

http://cloud.boxnet.com.br/yxkhzwnn

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22

Grupo de Comunicação

Veículo: G1 São Paulo

Data: 22/08/2019

SP tem 90 novas áreas desmatadas de

Mata Atlântica nos últimos 5 anos, aponta

relatório

Centenas de milhares de árvores foram

derrubadas para implantação de loteamentos

e pontos de descarte de entulho. Prefeitura diz

que realiza rondas e governo do estado fez

fiscalizações e aplicou multas.

Por Vivian Reis, G1 SP

Imagem de outubro de 2018 mostra área

desmatada para implantação de loteamento

criminoso na Avenida Herman von Lhering,

Parelheiros, Zona Sul de São Paulo — Foto:

Gabinete Gilberto Natalini/Divulgação

A cidade de São Paulo somou pelo menos 90

novas áreas de Mata Atlântica desmatadas nos

últimos 5 anos, de acordo com um dossiê

divulgado pela equipe do vereador Gilberto

Natalini (PV) neste mês. O relatório denuncia

a derrubada de pelo menos 500 mil árvores

nos extremos leste e sul do município. Os

maiores responsáveis pelo desmatamento são

organizações que fazem loteamentos

irregulares de áreas, de acordo com o estudo.

As áreas devastadas compõem Áreas de

Proteção de Ambiental (APA) e Parques

Naturais, que abrigam nascentes, a maior

parte delas, responsáveis por abastecer a

Represa Guarapiranga, na Zona Sul de São

Paulo, cujas águas são consumidas por mais

de 5 milhões de pessoas.

Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, o

bioma ocupa 15% do território brasileiro, se

concentra na costa, passa por 17 estados do

país, e sua extensão hoje representa 12,4%

da área original. A cidade de São Paulo abriga

17% dos remanescentes florestais.

Motivado pelas dezenas de denúncias que

recebeu da população por ligações, Whatsapp

e e-mail, o vereador se debruçou sobre os 90

locais indicados e constatou que organizações

têm devastado os extremos abandonados da

cidade, especialmente o sul e o leste, para

vender loteamentos e descartar entulho

dentro da Mata Atlântica em plena luz do dia.

Para a caracterização e localização das áreas

denunciadas, a equipe foi a campo, se

comunicou com associações de bairro e órgãos

públicos para mais informações, e contou com

uma empresa para elaboração de laudos de

parte dos casos, trabalho que utilizou a

ferramenta de imagens e dados DataGEO, do

governo do estado, e imagens de satélite

disponibilizadas no Google Earth, além de

fotos obtidas a partir de drones.

Mapa mostra pontos de desmatamento na

Mata Atlântica na cidade de São Paulo — Foto:

Arte/G1

A consultoria ambiental contratada para

estudar mais detalhadamente metade das 90

áreas estimou que, juntas, refletem a

derrubada de aproximadamente 500 mil

árvores.

“O gabinete virou um disque-denúncia de

derrubada de mata porque o poder público

não faz nada desde o fim da Operação Defesa

23

Grupo de Comunicação

das Águas, em 2012. Um fiscal sozinho não

consegue deter o crime organizado, que tem

avançado com velocidade”, disse o vereador,

acrescentando que há indícios da atuação de

organizações criminosas devido a repetição do

modus operandi - manutenção de vegetação

no entorno das áreas, bem como muros pré-

fabricados de concreto da mesma empresa.

“Eu proponho a reedição do convênio entre

governo do estado e a Prefeitura de São

Paulo, para que subprefeituras, polícias

ambientais, GCM, fiscais da Cetesb e das

secretarias do meio ambiente atuem juntos”,

continuou.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo disse que,

só em 2019, a Guarda Civil Metropolitana

(GCM) realizou mais de 6 mil rondas, mais de

600 desocupações e mais de 50 ações para

coibir o descarte irregular de resíduos nas

áreas ambientais ameaçadas de degradação.

O governo do estado informou que neste ano

realizou 588 fiscalizações que resultaram em

90 autos de infração ambiental nas Áreas de

Proteção e Recuperação de Mananciais nas

zonas Sul e Norte da capital paulista.

O governo afirmou ainda que intensificou as

reuniões e ações da Operação Integrada

Defesa das Águas (OIDA), com fiscalizações,

demolições de obras construídas

irregularmente e apreensão de maquinário,

além de providências administrativas e

criminais. (leia mais abaixo)

Devastação da Mata Atlântica em São Paulo

também é causada pelo descarte de entulho,

como na Estrada do Araguari, no Jardim

Ângela, em foto tirada em fevereiro de 2019

— Foto: Gabinete Gilberto Natalini/Divulgação

Loteamentos

A maior parte das devastações foram

realizadas para venda de loteamentos

irregulares, de acordo com o relatório. A

equipe foi a um loteamento na Avenida

Jaceguava, 305, próximo Represa

Guarapiranga, e constatou que a área foi

dividida em 500 terrenos de 125 m² a R$ 75

mil, cada, alcançado um total de 37,5 milhões.

"O documento revela que o problema do

desmatamento é social, de habitação, e indica

que o município precisa promover o

crescimento da cidade sem comprometer os

recursos naturais, o clima e o bem-estar da

população", disse Márcia Hirota, diretora da

SOS Mata Atlântica. "Moradias devem ser

implantadas em áreas abertas, sem

vegetação, especialmente pela segurança da

própria população que, ao ocupar córregos e

encostas, fica vulnerável à enchentes e

deslizamentos", continuou.

Equipe do vereador Gilberto Natalini flagrou

loteamento em área de Mata Atlântica na

Estrada da Jaceguava, Parelheiros, Zona Sul

da cidade de São Paulo, em junho de 2019 —

Foto: Gabinete Gilberto Natalini/Divulgação

Na Capela do Socorro, extremo sul da capital,

um dos trechos mais devastados, de acordo

com o dossiê, fica na Rua Francisco Correia

Vasquez, à beira da represa Guarapiranga,

com cerca de 265 mil m² desmatados. O local

se transformou em um novo bairro, ocupado

por pequenas casas, à beira da Represa

Guarapiranga.

A Prefeitura de São Paulo foi questionado pela

reportagem se teve informação da devastação

da área equivalente a 24 campos de futebol.

Em nota, a administração municipal disse que

o desmatamento aconteceu em abril de 2015

e foi seguido da ocupação irregular em agosto

do mesmo ano. “Foram feitas ações conjuntas

com os demais órgãos municipais e estaduais

24

Grupo de Comunicação

havendo multa por parte da Cetesb”, disse o

governo.

Área devastada de Mata Atlântica no período

de 5 anos, no extremo sul da cidade de São

Paulo — Foto: Arte/G1

No extremo leste, a equipe flagrou uma área

ainda maior de Mata Atlântica devastada com

a mesma finalidade – a divisão do espaço em

loteamentos. A área desmatada possui 610 mil

m² e fica na Avenida Bento Guelfi, no bairro

do Iguatemi, nas imediações do CEU Alto

Alegre.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou

que a área foi desmatada por meio de

queimada no ano de 2017 e confirma que foi

ocupada por moradias irregulares. A gestão

Bruno Covas disse que a Subprefeitura São

Mateus realizou operação de fiscalização no

local em março de 2019 e que os crimes

ambientais estão sendo apurados e

fiscalizados pela Secretaria do Verde e Meio

Ambiente, Guarda Civil Ambiental e Polícia

Militar Ambiental.

No extremo leste, área ade Mata Atlântica

devastada para loteamentos. — Foto: Arte/G1

Descarte de entulho

O dossiê indica que a Mata Atlântica em São

Paulo também tem sido desmatada para

descarte de material usado na construção civil.

Além de eliminar cobertura vegetal da área, a

prática contamina o solo.

Um dos casos compilados no relatório

apresenta uma área de aproximadamente 100

mil m² devastados na Estrada de Cumbica, à

beira da Represa Guarapiranga, no Jardim

Ângela. Imagens de satélite indicam com

clareza o desmatamento do local em um

período de 5 anos.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo disse que a

área de manancial tem licença da Cetesb para

operar e é monitorada pela companhia.

25

Grupo de Comunicação

Dossiê indica que Mata Atlântica em São Paulo

tem sido desmatada para descarte de entulho,

como na Estrada de Cumbica, à beira da

Represa Guarapiranga — Foto: Arte/G1

A SOS Mata atlântica explica que a floresta é o

único bioma possui uma lei específica, que

autoriza a devastação de determinadas áreas

quando comprovado que será construído um

espaço de utilidade pública e interesse social,

como no caso da construção do Rodoanel, em

que é exigida a compensação ambiental.

Outra área de Mata Atlântica denunciada como

ponte de descarte de entulho seria o Parque

Municipal Guabirobeira, em São Mateus, que

abriga quatro nascentes de água e é

parcialmente utilizado para a atividade.

"Isso acontece sob o olhar inerte e até

conivente do poder público municipal e

estadual. Já mandei esse levantamento para

as autoridades e vamos levar esse dossiê para

a ONU, na Semana do Clima em Salvador,

nesta terça-feira (21). Além disso, estou

pedindo na Câmara uma CPI para investigar

os casos”, disse Gilberto Natalini. "A

devastação dessas áreas provoca aumento da

temperatura da cidade, da poluição do ar,

diminui a umidade do ar, além de afetar

diretamente as nascentes das águas que

bebemos", completou.

Área de Mata Atlântica virou ponto de descarte

de entulho, mesmo dentro do Parque

Municipal Guabirobeira, em São Mateus, sem

grades — Foto: Arte/G1

O que dizem Prefeitura e Governo de SP

A gestão Bruno Covas disse que as

fiscalizações, autuações e monitoramentos são

constantes em um trabalho que envolve as

secretarias de Segurança Urbana, do Verde e

do Meio Ambiente e da Habitação, além de

diálogo com o Governo do Estado na Operação

Integrada Defesa das Águas.

A Prefeitura disse que os 90 locais apontados

pelo relatório já são pontos monitorados e

recebem ações da Guarda Civil Metropolitana,

em conjunto com as Subprefeituras, e

divulgou o número de ações realizadas nas

áreas ameaçadas de degradação neste ano:

A Prefeitura de São Paulo destaca ainda que

as famílias removidas de áreas invadidas no

perímetro dos locais de preservação não ficam

desamparadas e são encaminhadas para

Habitações de Interesse Social (HIS).

O governo informou que tem investido em

equipamentos, como a compra de drones,

utilizados pela primeira vez neste ano nas

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Grupo de Comunicação

Unidades de Conservação para intensificar a

fiscalização, e de 113 carros para a Secretaria

do Meio Ambiente.

Remanescentes florestais da Mata Atlântica na

cidade de São Paulo — Foto: Fundação SOS

Mata Atlântica/Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais/Divulgação

https://g1.globo.com/sp/sao-

paulo/noticia/2019/08/22/sp-tem-90-novas-

areas-desmatadas-de-mata-atlantica-nos-

ultimos-5-anos-aponta-relatorio.ghtml

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27

Grupo de Comunicação

Veículo: Governo SP

Data: 21/08/2019

Sabesp inicia obra para ampliar o

abastecimento em Santo André

Medida pretende dar fim, até dezembro, à

falta d’água que afeta regiões do município;

novo sistema de QR Code informará população

Os moradores do município de Santo André,

no ABC paulista, já podem sonhar com um

futuro sem falta d’água na região. A Sabesp

iniciou nesta terça-feira (20) os trabalhos de

duplicação da adutora de 600 mm que

abastece o setor de Erasmo Assunção. A obra

vai trazer maior segurança operacional de

abastecimento ao município.

Além disso, a Companhia também apresentou

uma novidade na identificação de seus

empreendimentos na cidade: além das

informações sobre o trabalho em execução, as

placas nos canteiros de obras terão um QR

Code em que o cidadão poderá acessar um

vídeo com mais detalhes sobre a obra.

“É o início efetivo das obras da Sabesp aqui no

município para cumprir o primeiro

compromisso de resolver a questão da falta de

água. A gente começa no segundo subdistrito,

no parque Erasmo Assunção, justamente

porque foi um dos lugares onde a população

mais sofreu. Outros bairros também estão

nessa primeira fase como o Camilópolis e o

Parque América e em setembro anunciamos a

segunda fase de obras. São duas frentes:

aumentar a capacidade de distribuição onde

tivemos problema e levar a rede de água em

região que ainda não tem”, destacou o

prefeito Paulo Serra.

A duplicação da adutora, com 1,5 km de

extensão, vai beneficiar diretamente 160 mil

pessoas dos bairros Parque Erasmo Assunção,

Jardim Alzira Franco, Parque Capuava, Jardim

Santo Alberto, Parque Novo Oratório, Jardim

Ana Maria, Parque Oratório e Jardim Monte

Líbano. Com previsão de conclusão para

novembro, o empreendimento faz parte da

primeira etapa de obras que vão melhorar o

abastecimento da população de Santo André.

O objetivo é, até dezembro, dar fim à falta

d’água que afeta regiões do município e

ampliar a distribuição de água. E na próxima

terça-feira (27) serão lançadas as obras de

assentamento de rede para novas ligações no

Parque América. Hoje, o bairro é abastecido

por caminhão tanque ou por ligações

irregulares.

“O conjunto de obras de hoje, dia 27 (de

agosto) e dia 3 (de setembro) vai garantir o

abastecimento de 60% do município. Depois,

também em setembro, vamos lançar um

segundo pacote e com isso atender os outros

40%, garantindo o abastecimento de 100% de

Santo André até dezembro. Nosso

compromisso com o município é resolver o

problema de falta d’água até o dia 22 de

dezembro”, explicou o superintendente da

Unidade de Negócio Centro da Sabesp,

Roberval Tavares de Souza.

O uso do QR Code na identificação das obras

será adotado em todos os empreendimentos

da Sabesp no município e servirá para

esclarecer à população todo o trabalho da

Companhia, que assinou em 31 de julho o

contrato pelo qual assume os serviços de água

e esgoto de Santo André.

Outras duas obras já têm início previsto: a

implantação de novas redes de água no

Parque América, a partir de 27 de agosto, e a

interligação da adutora de 1.500 mm no bairro

Camilópolis, em 3 de setembro. Ambas

beneficiarão cerca de 240 mil pessoas do

município.

O contrato da Sabesp com a prefeitura por 40

anos prevê investimento em Santo André de

cerca de R$ 917 milhões durante o período. O

município também vai receber da Companhia

recursos transferidos ao Fundo Municipal de

Saneamento (FMSA) num total de R$ 622

milhões, o que eleva o investimento para R$

1,539 bilhão.

A Sabesp também realizará obras que vão

elevar o tratamento de esgoto do Município

dos atuais 42% para 75% em três anos. Esse

trabalho vai melhorar as condições de

córregos como Guarará e Carapetuba, levando

mais qualidade de vida para a região. A

Sabesp prevê a redução de perdas de 45%

para 35% até 2022, economizando 2 bilhões

de litros de água, volume que equivale ao

abastecimento de 10 mil imóveis. O

investimento no combate a perdas será de R$

44 milhões.

http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/sab

esp-inicia-obra-para-ampliar-o-abastecimento-

em-santo-andre/

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28

Grupo de Comunicação

Veículo: ABC Repórter

Data: 22/08/2019

Sabesp inicia obra que ampliará

abastecimento em S. André

http://cloud.boxnet.com.br/y6qnpucb

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29

Grupo de Comunicação

Veículo: G1 São Paulo

Data: 22/08/2019

Vazamento de água transforma ruas em

rio em Osasco

Problema ocorreu na tarde desta quarta-feira

(21) nas Ruas Hildebrando de Lima, São

Maurício e na Avenida Sport Club Corinthians.

Por Bom Dia SP — São Paulo

Vazamento de água na cidade de Osasco, na

Grande São Paulo — Foto: Reprodução/TV

Globo

Um grande vazamento de água atingiu parte

da cidade de Osasco e transformou ruas em

um rio na Grande São Paulo, na tarde de

quarta-feira (21). Por volta das 16h30, os

moradores das Ruas Hildebrando de Lima, São

Maurício e da Avenida Sport Club Corinthians,

foram surpreendidos com o vazamento. O

motivo do vazamento não foi informado.

O Globocop flagrou o vazamento de uma

grande quantidade de água marrom que

escorria pelas ruas e saía de dentro de uma

placa de metal que cobria parte de uma das

vias. Na manhã desta quinta-feira (22), o local

ainda passava por obras de reparo.

Em nota, a Sabesp informou que as equipes

estão trabalhando no reparo emergencial da

rede de distribuição de médio porte que fica

na Rua Hildebrando de Lima. A empresa

também pediu para que os moradores do

entorno dos bairros próximos evitem o

desperdício de água e que os reparos se

estenderam pela madrugada e que devem ser

concluídos na manhã desta quinta.

Água marrom escorreu por ruas de Osasco —

Foto: Reprodução/TV Globo

https://g1.globo.com/sp/sao-

paulo/noticia/2019/08/22/vazamento-de-

agua-transforma-ruas-em-rio-em-

osasco.ghtml

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30

Grupo de Comunicação

VEÍCULOS DIVERSOS Veículo: JN (Portugal)

Data: 21/08/2019

A Amazónia arde: o fumo vê-se do Espaço

e já chegou a São Paulo

Amazonas (centro-esquerda em cima), Pará

(em cima à direita), Mato Grosso (em baixo à

direita), Rondónia (centro em baixo). Em

baixo, do lado esquerdo, encontra-se a Bolívia

Foto: EPA/NASA EARTH OBSERVATORY

Uma nuvem de fumo e fuligem cobriu São

Paulo, no Brasil, segunda-feira ao final do dia,

despertando a atenção do Brasil, e agora do

mundo, para o problema dos incêndios

florestais no país, com particular incidência na

Amazónia.

O encontro entre uma frente fria e partículas

libertadas por incêndios florestais, que nesta

altura do ano proliferam na Amazónia devido a

queimadas, fez com que, às 15.30 horas de

segunda-feira, o dia escurecesse e a chuva

caísse negra do céu em São Paulo. Nas redes

sociais, as imagens foram partilhadas para

mostrar a preocupação com o ambiente, com

questões sobre o pouco destaque dado ao

tema nos meios de comunicação. Recorde-se

que São Paulo dista cerca de 2700 quilómetros

da floresta amazónica brasileira.

Análises realizadas por duas universidades

brasileiras, citadas pelo portal G1, confirmam

que a água da chuva continha partículas

oriundas de queimadas, numa concentração

cerca de sete vezes superior à habitual.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia

(INMET), parte destas partículas é "de origem

local" e da Amazónia brasileira, mas "outra

parte considerável, talvez a predominante, de

queimadas de grandes proporções nos últimos

dias perto da região da tríplice fronteira da

Bolívia, Paraguai e Brasil, no Mato Grosso do

Sul".

"A frente fria mudou a direção dos ventos e

transportou essa fumaça para São Paulo",

explicou ao G1 Josélia Pegorim,

meteorologista da Climatempo.

O número de incêndios no Brasil cresceu 70%

este ano, em comparação com período

homólogo de 2018, tendo o país registado

66,9 mil focos até ao passado domingo, com a

Amazónia a ser a região mais afetada.

De acordo com a imprensa brasileira, que cita

dados do "Programa de Queimadas" do

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

(Inpe), o bioma (conjunto de ecossistemas)

mais afetado é o da Amazónia, com 51,9%

dos casos, seguindo-se o cerrado -

ecossistema que cobre um quarto do território

do Brasil - com 30,7% dos focos registados no

ano. O cerrado é o segundo maior bioma

brasileiro, ficando atrás em extensão apenas

da floresta amazónica, com dois milhões de

quilómetros quadrados.

Segundo o portal de notícias UOL, em

números absolutos, Mato Grosso é o estado

com mais focos de incêndio registados no

Brasil, com 13.109, sendo seguido pelo Pará,

com 7.975.

No início de agosto, o governo do Amazonas

decretou situação de emergência no sul do

estado e na Região Metropolitana de Manaus

devido ao "impacto negativo da desflorestação

ilegal e queimadas não autorizadas".

"O Amazonas registou, de janeiro a julho

deste ano, 1.699 focos de calor (focos com

temperatura acima de 47°C, registados por

satélite, que indicam a possibilidade de fogo).

Destes, 80% foram registados julho, mês em

que teve início o período de estiagem",

declarou o estado do Amazonas no seu 'site'.

Depois de o Amazonas decretar a situação de

emergência, o governo do Acre declarou, na

sexta-feira passada, estado de alerta

ambiental, também devido aos incêndios em

matas.

O número de focos de incêndio no país já é o

maior dos últimos sete anos.

Ao jornal Estadão, o pesquisador Alberto

Setzer explicou que o clima em 2019 está

31

Grupo de Comunicação

mais seco do que no ano passado, o que

propicia incêndios, mas garante que grande

parte deles não têm origem natural.

"Nesta época do ano não há fogo natural.

Todas essas queimadas são originadas em

atividade humana, seja acidental ou

propositada. A culpa não é do clima, ele só

cria as condições, mas alguém coloca o fogo",

afirmou Setzer.

A expetativa do especialista é que a situação

piore ainda mais nas próximas semanas com a

intensificação da seca.

O Inpe, órgão do Governo brasileiro que

levanta os dados sobre a desflorestação e

queimadas no país, foi alvo de críticas

recentes por parte do Presidente Jair

Bolsonaro, que acusou o Instituto de estar a

serviço de algumas organizações não-

governamentais por divulgar dados que

apontam para o aumento da desflorestação da

Amazónia.

As recentes divulgações do Inpe apontam que

a desflorestação da Amazónia cresceu 88%

em junho e 278% em julho,

comparativamente com o mesmo período do

ano passado. No entanto, o Governo brasileiro

nega esses dados.

A Amazónia é a maior floresta tropical do

mundo e possui a maior biodiversidade

registada numa área do planeta. Tem cerca de

cinco milhões e meio de quilómetros

quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru,

Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia,

Guiana, Suriname e Guiana Francesa

(território pertencente à França).

https://www.jn.pt/mundo/interior/a-

amazonia-arde-o-fumo-ve-se-do-espaco-e-ja-

chegou-a-sao-paulo-11226390.html

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32

Grupo de Comunicação

Veículo: El País

Data: 21/08/2019

Onda de incêndios na Amazônia sobe e

Governo admite descontrole “criminoso”

Embora reconheça o problema que antes

negava, presidente Bolsonaro insinua que

ONGs podem estar por trás das queimadas

que já atingem reservas indígenas

Incêndio atinge parte da floresta amazônica

na região de Iranduba, no Estado de

Amazonas, ao ser desmatado por madeireiros

nesta terça.BRUNO KELLY (REUTERS)

JOANA OLIVEIRA

As florestas queimam como nunca antes nos

últimos cinco anos no Brasil. O país registrou,

entre janeiro e o último dia 19 de agosto, um

aumento de 83% das queimadas em relação

ao mesmo período de 2018, com 72.843 focos

de incêndios até o momento. Os dados são do

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

(INPE), que monitora o desmatamento por

meio de imagens de satélite e foi

desacreditado pelo presidente Jair Bolsonaro,

que chegou a questionar a veracidade dos

dados de desmatamento do instituto.

O fogo está progredindo mesmo em áreas de

proteção ambiental: 68 incêndios foram

registrados em territórios indígenas e áreas de

conservação somente nesta semana, a maioria

deles na região amazônica. O estado de Mato

Grosso, na região centro-oeste do Brasil,

lidera as queimadas com 13.682 focos de

incêndio em 2019 - um aumento de 87% em

relação ao mesmo período do ano passado -,

segundo o INPE. Mesmo entre julho e

setembro, quando é proibido promover

queimadas naquele Estado, houve um

aumento de 205% no número de incêndios.

Mato Grosso vive do agronegócio com a

exportação de soja, milho e algodão. O Estado

comporta o Parque Nacional da Chapada dos

Guimarães, que já perdeu 12% de sua

vegetação, e o Parque Serra do Ricardo

Franco, na fronteira com a Bolívia,

considerado pela Unesco como patrimônio

natural da humanidade. O Pantanal, um bioma

endêmico no Brasil que também queimou esta

semana, é outro ecossistema ameaçado no

Mato Grosso. Lá é difícil combater o fogo, já

que não há estradas na região e apenas

pequenos barcos podem circular por um

labirinto de rios.

O desmatamento e as queimadas ganharam

repercussão internacional, principalmente

depois que São Paulo, a cidade mais

industrializada do país, a 3.000 quilômetros da

Amazônia, viu o céu escurecer na última

segunda como consequência do mau tempo

misturado à fumaça das queimadas vindas do

Norte e da região central. Um teste realizado

pelo Jornal Nacional mostrou que a água da

chuva daquele dia estava contaminada com

fuligem de fogo. Quem resistia aos alertas dos

ambientalistas sobre a seriedade do momento

para as florestas, se convenceu ao ver com

seus próprios olhos a consequência dos

incêndios. Fotos da Amazônia desmatada

invadiram as redes sociais e a pressão sobre o

presidente Jair Bolsonaro cresceu como nunca

antes.

Fiel ao seu estilo, o presidente brasileiro

inverteu as responsabilidades. Ele rotulou a

onda de queimadas florestais no país de

“criminosa” nesta quarta e, sem apresentar

evidências, disse que as ONGs que atuam na

proteção ambiental podem estar envolvidas

em incêndios ilegais. “Pode haver – não estou

33

Grupo de Comunicação

afirmando – uma ação criminosa dessas ONGs

para chamar a atenção precisamente contra

mim, contra o governo do Brasil. Esta é a

guerra que enfrentamos. Faremos todo o

possível e impossível conter o fogo criminoso

”, disse ele.

O fogo ocorre principalmente em propriedades

particulares. Desde janeiro, 60% dos focos de

incêndio ocorreram em áreas privadas

registradas no Cadastro Ambiental Rural do

Brasil, 16% em terras indígenas e 1% em

áreas protegidas. Parte dos focos de incêndio

em áreas protegidas é uma consequência do

desmatamento, segundo um relatório do

Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia

(IPAM), publicado na terça-feira. Muitas

dessas áreas também sofrem invasões e

arrendamentos de terras ilegais. Os dez

municípios da Amazônia que mais queimaram

foram os que apresentaram as maiores taxas

de desmatamento.

Juntas, essas cidades são responsáveis por

37% das queimadas registradas em 2019 e

por 43% do desmatamento registrado até

julho. Há casos em que o fogo é usado de

maneira controlada para limpar os campos,

mesmo em áreas protegidas com presença

humana, como nas aldeias indígenas e nas

reservas extrativistas, diz o IPAM. Mas algo

saiu de controle, como o próprio governo e o

Ministério do Meio Ambiente reconhecem. "A

situação é realmente preocupante e vamos

trabalhar para combater as queimadas",

admitiu o ministro Ricardo Salles, quando

participava de uma reunião sobre mudanças

climáticas. Salles sentiu a sensibilidade do

momento enquanto falava na abertura do

evento. Ele foi vaiado pela audiência enquanto

tentava se fazer ouvir.

Bolsonaro, por sua vez, vem se desgastando a

cada dia com sua retórica bélica e perdendo o

respeito da comunidade internacional, como

ficou claro no caso do Fundo Amazônia. Parte

da luta contra os incêndios florestais no Brasil

é financiada por esse fundo, o mecanismo de

cooperação internacional que tem contribuído

com mais recursos para reduzir os gases de

efeito estufa do desmatamento. A Noruega, o

principal doador, anunciou o congelamento de

ajuda para projetos de conservação da

Amazônia por um montante de 30 milhões de

euros, depois que o governo brasileiro mudou

unilateralmente a equipe de gerenciamento

que administra o fundo. A Alemanha, o outro

país patrocinador, já havia suspendido

contribuição semelhante pouco antes.

https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/21/po

litica/1566407148_180887.html

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34

Grupo de Comunicação

Veículo: El País

Data: 21/08/2019

O holocausto da Amazônia põe a

civilização em alerta

A floresta está sendo queimada por uma

mistura de ignorância com interesses

truculentos. A reação a esta barbárie

ambiental para evitar que cheguemos ao lugar

sem volta. Declare-se o Brasil em estado de

emergência ambiental

MARINA SILVA

Imagem de satélite da NASA mostra a fumaça

dos focos de incêndio na Amazônia.LAUREN

DAUPHIN (AFP)

Quando a noite caiu sobre a cidade de São

Paulo, às 3 da tarde, sendo uma de suas

possíveis causas o encontro da frente fria com

a fumaça das queimadas, muita gente se

assustou com o que parecia um anúncio do

fim dos tempos. Era algo parecido, se

recuperarmos o sentido original da palavra

holocausto: tudo queimado, no sacrifício dos

tempos antigos entre os hebreus. Com duas

diferenças: uma, que a holah do sacrifício

judaico tinha o sentido de reparação, visava

uma expiação geral dos pecados; outra, que

depois do nazismo sacrificar milhões de

judeus, a palavra ganhou um significado mais

sinistro, e passou a ser tomada como qualquer

grande e sistemática destruição —sem

importar a causa— até o extermínio. Eis o que

acontece hoje: o holocausto da Amazônia.

Desde muito jovem me dediquei a pensar o

significado da floresta, para além da economia

e das dimensões materiais. Em 15 de julho de

2008, retornando ao Senado logo após deixar

o Ministério do Meio Ambiente, publiquei um

artigo intitulado Atrás de uma borboleta azul

em que lembrei minha identificação irredutível

com as milhões de pessoas que nascem e

vivem na floresta. Dizia: “florestas não são

apenas estatísticas. Nem apenas objeto de

negociações, de disputa política, de teses, de

ambições, de pranto. Antes de mais nada, são

florestas, um sistema de vida complexo e

criativo. Têm cultura, espiritualidade,

economia, infraestrutura, povos, leis, ciência e

tecnologia. É uma identidade tão forte que

permanece como uma espécie de radar

impregnado nas percepções, no olhar, nos

sentimentos, por mais longe que se vá, por

mais que se aprenda, conheça e admire as

coisas do resto do mundo.” Passou-se mais

uma década, mas mantenho o sentimento.

Agora vejo novamente o fogo matando a

beleza da Amazônia e destruindo a perfeição

de sua natureza. Lamento a perda de cada

cheiro, cada cor, cada raiz, cada animal, cada

planta, cada textura que nunca mais voltará. E

embora não espere sensibilidade de quem não

conhece a riqueza que se perde, sinto que é

necessário alertar a todos e protestar contra

um Governo que passa a senha da destruição,

que torna a devastação fora de controle e

causa enormes prejuízos para todos.

Estamos vivendo um momento de barbárie

ambiental no Brasil, promovida pelo Governo

Bolsonaro. Por mais que se alerte, por mais

que se mostre evidências, por mais que se

clame para evitar o caos ambiental,

econômico, político, social, o Governo não

mostra preocupação, apenas sua cumplicidade

com a destruição.

É necessário, no entanto, enfrentar a

emergência ambiental no Brasil, com a

coragem e o sentido de urgência que a

situação nos impõe, para evitar que

cheguemos ao lugar sem volta, em que nem

por hipótese devemos chegar, o da

inviabilização sistêmica da floresta amazônica

pelas ações predatórias que desequilibram as

condições de sua existência. É necessária a

mobilização de todos que não querem ter, em

suas genealogias, o DNA da barbárie:

academia, movimento socioambiental,

empresariado, governos estaduais e

municipais, juventudes, líderes políticos. De

forma plural e suprapartidária, sem qualquer

politicagem, é preciso dizer e dar um basta.

Ao garimpo predatório e criminoso, à grilagem

de terras públicas, ao roubo de madeira, às

derrubadas e queimadas, à violência contra os

índios e populações locais, aos prejuízos

econômicos, políticos e sociais que já estamos

sofrendo, dentro e fora do Brasil.

35

Grupo de Comunicação

A Amazônia está sendo queimada por uma

mistura de ignorância com interesses

truculentos. O Governo está inaugurando um

tempo de delinquência livre, em que se pode

agredir a natureza e as comunidades sem

receio de punição. Não negligenciemos o

prenúncio, como no passado, pois o que

ameaça refazer-se é, tanto pelo resultado,

“tudo queimado”, quanto pelo caráter

sistemático da destruição, a tragédia das

tragédias: o Holocausto.

O povo brasileiro, sua parcela sensível e

consciente, deve responder em nome dos

povos antigos e das gerações futuras, da

Amazônia e de toda a Natureza. Atendendo

aos legítimos interesses da sociedade, da

economia e da civilização humana, declare-se

o Brasil em estado de emergência ambiental.

https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/21/op

inion/1566401179_148338.html

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36

Grupo de Comunicação

Veículo: G1 Sorocaba e Jundiaí

Data: 21/08/2019

MP abre inquérito para apurar caso de

chimpanzé que fumou cigarro

Animal é um dos 52 primatas do santuário

localizado em Sorocaba (SP). Rapaz que

aparece nas imagens também irá responder

criminalmente.

Por G1 Sorocaba e Jundiaí

Chimpanzé de santuário em Sorocaba aparece

fumando em vídeo — Foto: Reprodução

O Ministério Público abriu um inquérito na

tarde desta quarta-feira (21) para apurar o

caso do chimpanzé que aparece fumando em

um vídeo no Santuário dos Primatas, em

Sorocaba (SP).

Nas imagens, que viralizaram na internet, um

jovem aparece conversando com outras

pessoas enquanto o chimpanzé está com o

cigarro aceso na boca. Os jovens também

fazem piadas sobre o primata, que teria

queimado a boca.

De acordo com o promotor de Justiça Jorge

Marum, a ação, que foi filmada e publicada

nas redes sociais, configura maus-tratos

contra animal.

"A polícia e o Ministério Público vão trabalhar

para identificar as pessoas que fizeram essa

invasão ilegal e, em um segundo momento,

para que sejam responsabilizados civil e

criminalmente por isso. Será cobrada uma

indenização dessas pessoas", diz.

Em nota ao G1, o santuário afirmou que irá

registrar um boletim de ocorrência sobre a

invasão.

A bióloga Nelli Mergulhão analisou o vídeo e

reforçou três pontos: o primeiro deles é a

integridade física do animal, que foi submetido

aos maus-tratos. O segundo ponto apontado

por ela é a segurança do local e o terceiro

ponto é a integridade da pessoa que gravou o

vídeo, já que o chimpanzé tem muita força e

poderia tê-la machucado.

"É um absurdo, a gente ficou chocado de ver.

Como um jovem consegue entrar em um

espaço desse? Deve ter pulado um muro

altíssimo, entrado em um lugar e ninguém ter

visto. E que pode ter no mínimo dois

prejudicados: o próprio jovem que poderia ter

sido mordido pelo chimpanzé, isso é uma coisa

comum, chimpanzés querem se defender; e o

chimpanzé, que teve uma substância tóxica

dentro do corpo dele e também pode ter

queimado a boca, segundo eles mesmos

falaram no vídeo", diz.

Segundo o santuário, o chimpanzé que

aparece nas imagens é um dos 52 primatas

que estão no local. Ele foi identificado como

sendo o Cláudio ou o Carlos e, em

determinado momento do vídeo, ele começa a

fazer movimentos repetitivos, o que sinaliza o

estresse ao qual ele estava sendo submetido.

Em nota, o santuário informou que está

tomando todas as medidas legais para

garantir que as pessoas responsáveis sejam

punidas. O santuário disse ainda que a

segurança no local será reforçada.

Santuário dos Primatas fica na zona rural de

Sorocaba — Foto: Reprodução/TV TEM

37

Grupo de Comunicação

O santuário não respondeu sobre a saúde do

animal ou se ele vai passar por alguma

avaliação de saúde, já que também teve a

boca queimada pelo cigarro.

O complexo fica na zona rural de Sorocaba e é

rodeado por sítios. Ele é filiado ao projeto

GAP, uma ONG internacional que é

reconhecida pelo seu trabalho de resgate aos

animais em situação de maus-tratos.

O santuário acredita que o rapaz possa ter

usado um dos imóveis para invadir o espaço e

chegar até a área onde estão os animais.

O G1 tentou contato com o jovem que aparece

nas imagens, mas não houve retorno.

Repercussão

Nas redes sociais, o vídeo causou indignação.

A ativista Luisa Mell repostou as imagens

afirmando que o santuário foi invadido por

dois criminosos que deram "cigarro de

maconha para o chimpanzé".

"Esses animais vieram de circo, de zoo...todos

vítimas de maus-tratos...são quase humanos,

que foram escravizados durante toda a vida

para nosso entretenimento. Deixem os

animais em paz!", escreveu.

A postagem teve milhares de comentários de

pessoas condenando a atitude dos rapazes.

https://g1.globo.com/sp/sorocaba-

jundiai/noticia/2019/08/21/mp-abre-acao-

civel-para-apurar-caso-de-chimpanze-que-

fumou-cigarro.ghtml

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38

Grupo de Comunicação

Veículo: G1 Ciência

Data: 22/08/2019

Fumaça de queimadas é ameaça à saúde

pública, alertam médicos

Queimadas provocaram aumento no número

de pessoas buscando socorro médico, diz

diretor de hospital em Rondônia. Fumaça de

incêndios florestais ataca pulmões e coração.

Por BBC

Há quatros dias, Maycon, de 4 anos, está

internado no Hospital Infantil Cosme e

Damião, em Porto Velho (RO). O motivo é

uma crise de asma provocada pela fumaça das

queimadas que cobre a cidade desde a

semana passada.

"No domingo, ele começou a passar mal, ficou

com a respiração difícil e falta de ar. Viemos

correndo para a emergência e já internaram.

Agora ele está melhor, tomando antibióticos e

fazendo inalação", conta a mãe do garoto, a

dona de casa Maricelia Passos Damásio, de 31

anos.

Preocupada com a saúde do filho, ela

acrescenta que a médica só não deu alta ainda

por conta da continuidade dos incêndios.

"Como a névoa de fumaça se mantém muito

forte por aqui, ela acha que vamos sair e

voltar no dia seguinte."

O pequeno Maycon não é o único atingido. As

queimadas que destroem áreas verdes do

Brasil há mais ou menos duas semanas,

sobretudo nas regiões Norte e Centro-Oeste,

têm levado muita gente para os centros

médicos.

No próprio Hospital Infantil Cosme e Damião,

que atende a todo o estado de Rondônia, o

diretor-adjunto Daniel Pires de Carvalho diz

que foram realizados 120 atendimentos de

crianças com problemas respiratórios de 1 a

10 de agosto, e 380, de 11 a 20.

"Moro em Porto Velho há 20 anos, e esse, com

certeza, é o pior período de incêndios. Em

alguns dias, não conseguimos nem ver o sol.

Isso, aliado ao tempo seco, tem causado

muitos problemas de saúde na população",

complementa o médico.

Por que queimadas prejudicam a saúde?

A saúde humana é afetada pelas queimadas

porque a fumaça proveniente dela contém

diversos elementos tóxicos.

O mais perigoso é o material particulado,

formado por uma mistura de compostos

químicos. São partículas de vários tamanhos e

as menores (finas ou ultrafinas), ao serem

inaladas, percorrem todo o sistema

respiratório e conseguem transpor a barreira

epitelial (a pele que reveste os órgãos

internos), atingindo os alvéolos pulmonares

durante as trocas gasosas e chegando até a

corrente sanguínea.

Outro composto prejudicial é monóxido de

carbono (CO). Quando inalado, ele também

atinge o sangue, onde se liga à hemoglobina,

o que impede o transporte de oxigênio para

células e tecidos do corpo.

"Isso tudo desencadeia um processo

inflamatório sistêmico, com efeitos deletérios

sobre o coração e o pulmão. Em alguns casos,

pode até causar a morte", explica o

pneumologista Marcos Abdo Arbex, vice-

coordenador da Comissão Científica de

Doenças Ambientais e Ocupacionais da

Sociedade Brasileira de Pneumologia e

Tisiologia (SBPT) e professor da Faculdade de

Medicina da Universidade de Araraquara

(Uniara).

Consequências da fumaça para o ser humano

A lista de problemas provocados pela inalação

da fumaça de queimadas florestais é grande.

Os mais leves, segundo Carvalho, são dor e

ardência na garganta, tosse seca, cansaço,

falta de ar, dificuldade para respirar, dor de

cabeça, rouquidão e lacrimejamento e

vermelhidão nos olhos.

"Eles variam de pessoa para pessoa e

dependem do tempo de contato com a

fumaça", comenta. "No geral, ela afeta mais

as vias respiratórias, agravando os quadros de

doenças prévias, como rinite, asma, bronquite

e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

(DPOC). Os extremos de idade, ou seja,

crianças e idosos, são os que mais sofrem, por

serem mais sensíveis", comenta.

Arbex acrescenta que as queimadas não só

pioram, como também desencadeiam essas

mesmas enfermidades, assim como as

cardiovasculares, insuficiência respiratória e

pneumonia. "Além disso, provocam quadros

de alergia e, quando a exposição é

39

Grupo de Comunicação

permanente, há o risco de desenvolvimento de

câncer", indica o médico.

Por falar em câncer, o estudo "Queima de

biomassa na Amazônia causa danos no DNA e

morte celular em células pulmonares

humanas", de pesquisadores da Universidade

de São Paulo (USP), da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte (UFRN), da Fundação

Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e publicado

em 2017 na revista científica Nature,

constatou que a fumaça aumenta a

inflamação, o estresse oxidativo e causa danos

genéticos nas células do pulmão.

A pesquisa concluiu que "o dano no DNA pode

ser tão grave que a célula perde a capacidade

de sobreviver e morre ou perde o controle

celular e começa a se reproduzir

desordenadamente, evoluindo para câncer de

pulmão".

Para chegar a este resultado, células do

pulmão humano foram expostas a partículas

de fumaça coletadas em Porto Velho, uma das

cidades mais afetadas pelos incêndios na

Amazônia, e analisadas em laboratório.

É importante destacar que não são apenas as

pessoas que vivem próximas às áreas onde

são comuns os incêndios florestais que sofrem

com a fumaça.

Em situação de queimadas mais intensas,

como as que o país vive nas últimas semanas,

a névoa provocada pelo fogo pode viajar

milhares de quilômetros e atingir outras

cidades, estados e até países.

Inclusive, há indicações de que foi isso o que

ocorreu em São Paulo na última segunda-feira

(19). Nesse dia, a união de uma frente fria

com resíduos oriundos das queimadas nas

regiões Norte e Centro-Oeste do país e na

Bolívia e no Paraguai fez com que o céu

escurecesse no meio da tarde na capital e no

litoral paulista.

Para amenizar os efeitos das queimadas na

saúde, alguns cuidados são necessários, como

evitar, na medida do possível, a proximidade

com incêndios, manter uma boa hidratação,

principalmente em crianças menores de 5

anos e idosos maiores de 65 anos, e manter

os ambientes da casa e do trabalho fechados,

mas umidificados, com o uso de

vaporizadores, bacias com água e toalhas

molhadas.

Também é indicado usar máscaras ao sair na

rua, evitar aglomerações em locais fechados,

e optar por uma dieta leve, com a ingestão de

verduras, frutas e legumes. Fora isso, em caso

de urgência deve-se buscar ajuda médica

imediatamente.

https://g1.globo.com/ciencia-e-

saude/noticia/2019/08/22/fumaca-de-

queimadas-e-ameaca-a-saude-publica-

alertam-medicos.ghtml

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40

Grupo de Comunicação

Veículo: G1 Natureza

Data: 22/08/2019

'Animais carbonizados e silêncio no lugar

do verde e som de pássaros': biólogo

descreve cenário apocalíptico após

queimadas

'A perda é de valor inestimável. Muito superior

ao das multas aplicadas, quando se encontra o

culpado, o que é raro', diz Izar Aximoff, que

estudou a recomposição de florestas no Rio de

Janeiro após queimadas

Por BBC

Um filhote de cobra carbonizado por um

incêndio florestal — Foto: Izar Aximoff

O biólogo Izar Aximoff estudou a

recomposição de florestas no Rio de Janeiro

após queimadas. Testemunhou áreas verdes

se transformarem em pó preto e o rico som

das florestas, em silêncio.

"É muito triste ver a floresta totalmente

dizimada. Aquele cenário colorido, com flores,

sons de animais, pássaros cantando, bichos se

movimentando e cheiro de mata dá lugar ao

silêncio, a animais carbonizados, a um cheiro

de carne queimada, à desolação. Fica tudo

preto e você fica sujo com aquele resíduo de

carvão", descreve o biólogo, lembrando-se do

que viu quando uma área que monitorava em

seus estudos voltou a sofrer queimadas.

"Eu vi filhote de jiboia queimado, bicho-

preguiça carbonizado, bromélia queimada. Dá

vontade de chorar. A perda é de valor

inestimável. Muito superior ao das multas

aplicadas, quando se encontra o culpado, o

que é raro", compara o biólogo especialista no

tema em áreas de Mata Atlântica, como o

Parque Nacional de Itatiaia.

Após o quadro de destruição, novos desafios

surgem no reflorestamento, explica o biólogo,

que é doutor em Botânica pelo Instituto de

Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de

Janeiro (JBRJ).

"Espécies ameaçadas acabam não voltando. A

cada queimada, a diversidade é perdida",

disse.

"E muitas áreas de Mata Atlântica, por

exemplo, não conseguem se regenerar

sozinhas. É preciso um reforço. Temos as

melhores cabeças do mundo na área de

reflorestamento, mas a demanda é grande

demais", diz o biólogo, lembrando que a

situação é também grave em áreas que

ganham menos holofotes como o Cerrado e a

Caatinga.

A mesma falta de recursos impede um

planejamento mais eficaz na prevenção de

novas queimadas. O biólogo diz que, no nível

federal, o acompanhamento dos incidentes é

melhor do que no estadual e municipal.

"A prevenção é muito mais barata. Mas não há

planejamento também por falta de dados. Os

gastos após os incêndios são muito maiores.

Você tem uso de aeronaves, equipes, sem

contar o risco de morte a que esses

profissionais estão expostos", acrescentou.

https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/0

8/22/animais-carbonizados-e-silencio-no-

lugar-do-verde-e-som-de-passaros-biologo-

descreve-cenario-apocaliptico-apos-

queimadas.ghtml

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41

Grupo de Comunicação

Veículo: G1 Política

Data: 22/08/2019

Bolsonaro diz que queimadas podem ser

causadas por fazendeiros, mas 'a maior

suspeita vem de ONGs'

Presidente disse que não há provas sobre

relação de ONGs com queimadas. Amazônia

concentra 52,5% dos focos de queimadas de

2019, conforme INPE.

Por Guilherme Mazui, G1 — Brasília

O presidente Jair Bolsonaro declarou nesta

quinta-feira (22), ao ser questionado por

jornalistas, que fazendeiros podem estar por

trás de queimadas na região amazônica,

porém a "maior suspeita" recai sobre

organizações não-governamentais (ONGs).

Bolsonaro voltou a comentar o tema em

entrevista na saída do Palácio da Alvorada. Na

quarta (21), o presidente levantou a suspeita

de que "ongueiros" sejam os responsáveis por

incêndios na região.

A Amazônia concentra 52,5% dos focos de

queimadas de 2019, segundo os dados do

Programa Queimadas, do Instituto Nacional de

Pesquisas Espaciais (Inpe). O G1 mostrou que

o número de queimadas aumentou 82% em

relação ao mesmo período de 2019 – de

janeiro a 18 de agosto.

Indagado se fazendeiros poderiam estar por

trás das queimadas, Bolsonaro disse que sim,

porém reforçou a suspeita sobre as ONGs.

"Pode, pode ser fazendeiro, pode. Todo mundo

é suspeito, mas a maior suspeita vem de

ONGs", declarou o presidente.

Bolsonaro ainda foi perguntado se há provas e

repetiu que não há registros escritos.

"Não se tem prova disso, meu Deus do céu.

Ninguém escreve isso, vou queimar lá, não

existe isso. Se você não pegar em flagrante

quem está queimando e buscar quem mandou

fazer isso, que isso tá acontecendo, é um

crime que está acontecendo", declarou.

O presidente criticou a cobertura da imprensa

às declarações, disse que não defende

queimadas e que apresentou uma suspeita, já

que as ONGs perderam recursos que eram

direcionados pelo governo.

Questionado sobre os responsáveis pelos

incêndios, Bolsonaro ironizou: "São os índios,

quer que eu culpe os índios? Vai escrever os

índios amanhã? Quer que eu culpe os

marcianos? É, no meu entender, um indício

fortíssimo que esse pessoal da ONG perdeu a

teta deles. É simples".

Nesta quarta-feira (21), ambientalistas

classificaram a fala de Bolsonaro sobre

relacionar queimadas às ONGs como

"irresponsável" e "leviana" (veja no vídeo

abaixo).

"Essa afirmativa da Presidência da República é

completamente irresponsável, porque as ONGs

têm como objetivo o meio ambiente como

prioridade. Não faz nenhum sentido dizer que

ONG está colocando fogo em floresta, pelo

contrário. É um grande absurdo", afirmou o

presidente do Instituto Brasileiro de Proteção

Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy.

Petrobras

Bolsonaro não descartou durante a entrevista

a possibilidade de privatizar a Petrobras até o

final do seu mandato, em 2022. O presidente

disse que seria preciso analisar o "custo-

benefício" do negócio para o Brasil.

"Estuda tudo, pô. Tudo o governo estuda. Vai

ter que analisar custo-benefício, o que que é

bom Brasil ou que que não é", disse.

Na quarta-feira, o ministro da Casa Civil, Onyx

Lorenzoni, declarou que o governo ainda não

tem uma definição sobre o tema. Questionado

nesta quinta se concorda com uma possível

venda da estatal, Bolsonaro respondeu que

avaliará uma eventual proposta do ministro da

Economia, Paulo Guedes.

"Vou ouvir a proposta que vai ser apresentada

para mim. Quando chegar para mim, daí eu

falo", afirmou.

O presidente ainda voltou a reclamar do preço

dos combustíveis pago pelo consumidor nos

postos e disse que conversou com

representantes da Petrobras sobre o assunto.

"Eu quero saber por que que o preço diminui

na refinaria, que está diminuindo, e na ponta

não diminui. O que a gente tem que fazer para

esse preço chegar na ponta. Se está havendo

42

Grupo de Comunicação

cartel ou não está, não posso acusar",

declarou.

Questionado se a ação pode ser vista como

uma interferência na política de preços da

empresa, ele declarou que o "objetivo" da

estatal "atender melhor a população".

Novo imposto sobre pagamentos

Bolsonaro declarou que ouvirá a opinião do

ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a

incluir na proposta de reforma tributária a

criação um imposto sobre transações

financeiras nos moldes da extinta Contribuição

Provisória Sobre Movimentação Financeira

(CPMF).

"Vou ouvir a opinião dele [Guedes]. Se

desburocratizar muita coisa, diminuir esse

cipoal de impostos, essa burocracia enorme",

disse o presidente.

Guedes afirmou nesta quarta-feira que a volta

do tributo teria como objetivo diminuir a

tributação sobre a folha de pagamentos, como

forma de estimular a geração de empregos no

país.

Perguntado a respeito do tributo, Bolsonaro

disse estar disposto a "conversar", mesmo já

tendo dito anteriormente que não recriaria a

CPMF.

"Eu estou disposto a conversar, não pretendo,

falei que não pretendo recriar a CPMF. ... O

que ele [Guedes] complementou? A sociedade

que tome decisão a esse respeito. Ele pode

falar ‘vou botar 0,10% na CPMF e em

consequência acabo com tais e tais impostos’.

Não sei. Por isso que eu evito falar com vocês,

vocês falam que eu recuo", declarou.

Sucessão PGR

Bolsonaro informou que a reunião que terá

com a procuradora-geral da República, Raquel

Dodge, na tarde desta quinta-feira foi a pedido

da própria chefe do Ministério Público Federal.

Dodge está na disputa pela recondução como

PGR, já que seu atual mandato se encerra em

setembro. Em junho deste ano, ela disse que

está "à disposição" para permanecer no cargo.

Bolsonaro ainda não decidiu se a mantem ou

se indica um outro procurador. Segundo ele, a

decisão sairá na "hora certa".

O presidente ressaltou que deseja um chefe

da PGR nota "sete" para que tenha uma

atuação equilibrada.

"Eu não quero uma pessoa que seja 10 numa

coisa e zero na outra. Eu quero que seja sete

em tudo pra poder equilibrar. Não podemos

ter uma pessoa lá preocupada apenas com

uma coisa, e esquece o meio ambiente,

esquece o combate a corrupção, esquece a

questão das minorias, tá certo? tem que

buscar uma solução pra tudo isso", afirmou.

https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/08/

22/bolsonaro-diz-que-queimadas-podem-ser-

causadas-por-fazendeiros-mas-a-maior-

suspeita-vem-de-ongs.ghtml

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Data: 22/08/2019

43

Grupo de Comunicação

FOLHA DE S. PAULO O QUE A FOLHA PENSA: Onde há fumaça

Queimadas se alastram de modo alarmante;

Bolsonaro lança teoria conspiratória

O negrume que tomou o céu de São Paulo em

plena tarde de segunda (19) acabou, por vias

oblíquas, chamando a atenção para queimadas

que grassam em proporções alarmantes na

Amazônia e nas fronteiras com Paraguai e

Bolívia.

Embora a principal explicação para o fenômeno

paulistano tenha sido a chegada de uma frente

fria, meteorologistas apontaram também sua

possível relação com o fogo em regiões distantes.

Se é difícil dimensionar a influência do segundo

fator, não se questiona que o país tem vivido

neste ano alta expressiva das queimadas.

Contaram-se 72.843 focos até 19 de agosto, um

crescimento de 83% ante o mesmo período de

2018 e recorde desde 2013 para os primeiros

oito meses do ano, segundo o Inpe.

A lista é encabeçada por Mato Grosso, seguido de

Pará, Amazonas e Rondônia. Os biomas com

mais casos são a floresta amazônica, com 52%

do total de registros, e o cerrado, com 30%.

Também preocupante é a ocorrência das chamas

em áreas protegidas. Somente nesta semana já

se observaram 68 episódios dentro de terras

indígenas e unidades de conservação estaduais e

federais.

Lamentável, embora não surpreendente, foi a

reação do presidente Jair Bolsonaro (PSL) aos

dados. Não os contestou, mas tampouco perdeu

a oportunidade de propagar teorias

conspiratórias e vilipendiar inimigos imaginários.

Nesta quarta (21), disse que ONGs poderiam

estar por trás das queimadas, com o objetivo de

prejudicar a imagem de seu governo.

Raramente tais incêndios são naturais —mas não

pelo motivo apresentado pela fantasia

bolsonarista.

Mais comum é uma queima intencional, para

livrar pastos de pragas, sair do controle e

alcançar matas —isso quando o fogo não é usado

para limpar áreas previamente desmatadas.

Exemplo eloquente desta última modalidade foi

um certo “dia do fogo”, anunciado por

fazendeiros do entorno da BR-163 no sudoeste

do Pará, em 10 de agosto, sábado.

Principal cidade da região, Novo Progresso

registrou 124 focos de incêndio naquela data,

recorde do ano. No domingo, o número subiu

para 203, atingindo áreas de conservação. O

Ministério Público Estadual abriu investigação.

À diferença dos últimos anos, quando o Ibama

manteve uma base de fiscalização em Novo

Progresso durante o período seco, em 2019 a

operação acabou cancelada devido à falta de

apoio das administrações estadual e federal.

Nessa seara, como se vê, ONGs são

desnecessárias para prejudicar a imagem do

governo.

https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2019/08/

onde-ha-fumaca.shtml

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Data: 22/08/2019

44

Grupo de Comunicação

Fala de Bolsonaro confirma indiferença do

governo pelo meio ambiente

Com fantasia sobre queimadas, presidente

inventa vilões para fugir de obrigações

A insinuação feita por Jair Bolsonaro de que

ONGs teriam provocado queimadas na Amazônia

para desgastar seu governo completa mais uma

linha no seu bingo do absurdo. A declaração é

uma tentativa banal de desvirtuar o debate sobre

a devastação das florestas. Com ela, o governo

confirma sua indiferença absoluta pelo meio

ambiente.

O presidente trava uma guerra fútil com

organizações internacionais que atuam no país.

Bolsonaro acha que ganhou terreno, mas o Brasil

só perdeu até aqui. Ficou sem os R$ 288 milhões

que seriam repassados por Alemanha e Noruega

para o Fundo Amazônia e viu o país perder

credibilidade por suspeita de manipulação de

dados do desmatamento.

Agora, o presidente reproduz uma teoria da

conspiração que começou a circular há alguns

dias nas redes sociais. "Pode estar havendo, não

estou afirmando, ação criminosa desses

ongueiros para exatamente chamar a atenção

contra a minha pessoa, contra o governo do

Brasil", afirmou, nesta quarta-feira (21).

A notícia boa é que Bolsonaro reconheceu que as

queimadas existem. Como seria impossível

ignorar a fumaça no céu, ele não ousou repetir a

tática de negar a realidade, como fez quando os

dados oficiais tabulados pelo Inpe mostraram

aumento na devastação de áreas verdes.

O lado desastroso é que o presidente insiste em

inventar vilões para fugir de suas obrigações.

Além das ONGs, ele também acusou

governadores de serem coniventes "com o que

está acontecendo", só para prejudicá-lo. Seria

melhor tratar essa mania de perseguição no divã,

não na cadeira presidencial.

Bolsonaro até disse que vai "fazer o possível e o

impossível" para conter os incêndios, mas fez

piada: "Eu era o capitão motosserra, agora sou o

Nero, tocando fogo na Amazônia".

Os números apontam para um avanço nas

queimadas em agosto, embora outros meses

tenham seguido ritmos anteriores. O presidente

ganharia mais se demonstrasse preocupação, em

vez de instalar o desdém como política

ambiental.

Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É

mestre em ciência política pela Universidade

Columbia (EUA).

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/bruno-

boghossian/2019/08/fala-de-bolsonaro-confirma-

indiferenca-do-governo-pelo-meio-

ambiente.shtml

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Data: 22/08/2019

45

Grupo de Comunicação

OPINIÃO: Brasil, um país suicida?

Obscurantismo das elites se espalha entre

alienados

Iara Pietricovsky

A mentalidade colonial, que se perpetua no Brasil

por meio de um Estado patrimonialista,

promíscuo e autoritário, escancara uma

sociedade com extrema desigualdade de classe,

raça, gênero e etnia. Ainda que tenha sido

possível experimentar momentos de melhora no

período recente, esse passado nos mancha de

forma indelével —e, se não for enfrentado, vai

continuar ampliando o ciclo vicioso da injustiça

social.

Por que digo isso? Vamos aos fatos do Brasil de

hoje. Segundo o Relatório Luz, elaborado por

ONGs articuladas em torno da Agenda 2030, o

Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

número 10, que trata da redução da

desigualdade dentro dos países e entre eles,

caminha para trás. Foi esse mesmo relatório que

nos trouxe a triste notícia de que o Brasil

retornou ao Mapa da Fome da ONU, do qual saíra

em 2014.

Pela primeira vez desde 2010, o Brasil manteve a

mesma nota e a mesma posição entre as 188

nações pesquisadas no ranking de

desenvolvimento humano das Nações Unidas.

Estamos estagnados no 79º lugar.

Em decorrência da emenda constitucional 95,

políticas públicas que melhoraram indicadores da

saúde e da educação estão sendo

desmanteladas. O fim do Mais Médicos, os cortes

orçamentários em áreas estratégicas do

conhecimento científico, e uma política

deliberada de privatização dos sistemas públicos,

em especial na educação, são alguns dos

exemplos mais recentes.

A desigualdade de renda entre homens e

mulheres aumentou nos últimos dois anos. De

acordo com dados da Pnad Contínua (Pesquisa

Nacional por Amostra de Domicílios Contínua

Trimestral), as mulheres ganhavam 72% do que

recebiam os homens em 2016. Um ano depois,

ganhavam 70%. Esse índice segue piorando.

Recuou também a equiparação de renda entre

negros e brancos —isso é especialmente

problemático quando temos a maioria da

população de mulheres e negros.

Não por coincidência, as mulheres negras são as

que mais pagam impostos proporcionalmente à

sua renda no Brasil. Nosso sistema tributário

regressivo é um instrumento de manutenção das

distâncias sociais e, somado ao corte dos gastos

públicos e outras medidas de austeridade fiscal,

vem castigando a população mais vulnerável.

Essa desigualdade também se expressa no

campo da representação política. Homens

brancos são maioria em todos os espaços

públicos, em especial no Congresso e no

Executivo. Cresce também a violência e a

discriminação contra a mulher, principalmente se

for negra.

Estamos diante de um sistema político obsoleto,

que promove a perpetuação de oligarquias no

poder e facilita os mecanismos de corrupção em

todos os níveis. A criminalização das ONGs e

movimentos sociais, a perseguição à imprensa e

aos setores que expressam discordâncias e

visões críticas nos levam ao retrocesso

democrático rumo a um autoritarismo que

namora o fascismo.

As novas gerações já começam a pagar a conta:

a mortalidade infantil aumentou, o desemprego

assusta e a proposta de reforma da Previdência,

em discussão no Congresso, já acaba com o

sonho de uma aposentadoria digna. É verdade

que existe uma necessidade de reforma, mas

passa muito mais por acabar com privilégios e

por uma tributação progressiva do 1% mais rico.

Data: 22/08/2019

46

Grupo de Comunicação

O desmantelamento das politicas de proteção

ambiental e o retrocesso no combate ao

aquecimento do clima também coloca em xeque

o futuro das próximas gerações.

A conclusão é que existe uma dificuldade

inequívoca de nos pensarmos como uma nação

justa, democrática e diversa. O obscurantismo

doentio das elites, que se espalha também nos

setores alienados, é suicida. Senão, como

justificar nosso rumo atual? Aos que acreditam

que outro país é possível, o que fazer?

Continuar nossa luta e nossas mobilizações pelo

direito a existir em nossa diversidade. Educarmo-

nos. Acreditar na ciência e no conhecimento

como forma de mudar a realidade em benefício

de um mundo melhor e plural, mais bonito, mais

ético. E acreditar que existe, sim, uma

democracia participativa possível num mundo

onde a solidariedade, a igualdade e a liberdade

sejam compatíveis e complementares,

simplesmente porque não há outra saída —nem

outro planeta.

Iara Pietricovsky

Antropóloga, cientista política, atriz e membro do

Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos)

https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2019/08/

brasil-um-pais-suicida.shtml

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Data: 22/08/2019

47

Grupo de Comunicação

Painel: Após ações de Bolsonaro na Receita,

no Coaf e na PF, ala do PSL ameça

contrariar recomendações do Planalto

O mestre mandou?

A interferência de Jair Bolsonaro em órgãos como

Receita, Coaf e Polícia Federal, e a relutância dele

em definir o que vai fazer com o projeto que

pune o abuso de autoridade abriram caminho a

uma onda de contestações sobre os métodos do

presidente dentro do PSL. Uma ala do partido se

queixa das medidas e diz que não está

suportando as críticas nas redes sociais. Em

reunião tensa nesta terça (20), deputados

ameaçaram contrariar indicações do governo em

votações no Congresso.

Divã

Deputados do partido de Bolsonaro, como Luiz

Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP),

disseram que não votariam mais com o governo

caso discordassem da posição do Planalto e

pediram ao líder, Delegado Waldir (PSL-GO), que

sempre reúna a bancada para deliberação antes

de orientar os votos em plenário.

O lado dele

Em paralelo, deputados do PSL têm dito que, se

Bolsonaro dedicasse ao pacote anticrime o

mesmo esforço implicado para salvar Flavio

Bolsonaro (RJ) de acusações na Justiça e para

indicar o 03, Eduardo, embaixador nos EUA, o

projeto já teria sido aprovado.

Meia palavra basta

O presidente do Supremo, Dias Toffoli, fez uma

defesa enfática da preservação das instituições

no jantar que teve com a bancada do PSL.

Segundo relatos, o ministro disse que os Poderes

devem agir em favor do povo –e não criar

celeuma.

Meia palavra basta 2

Vários integrantes do partido de Bolsonaro

estimularam –e estimulam– marchas contra o

Supremo e o próprio Congresso.

Todos por um?

Cresce no MDB a ideia de construir uma chapa

única, encabeçada pelo deputado Baleia Rossi

(SP), para presidir o partido. Haverá eleição da

nova cúpula em outubro. O atual presidente da

legenda, Romero Jucá (RR), é um dos que apoia

a ideia.

Quatro ventos

O deputado estadual Campos Machado (PTB-SP)

enviou cartas a líderes de bancadas e presidentes

de assembleias legislativas de todo o país contra

o projeto que permite à gestante optar pela

cesária sem orientação médica, encampado em

SP por Janaina Paschoal.

Quatro ventos 2

As cartas têm pareceres de especialistas contra a

proposta. Machado diz que há um movimento do

PSL para tentar exportar o projeto de Janaina

para outros estados do país. “Querem criar a

indústria da cesárea”, disse.

Miopia

Mesmo debaixo de forte contestação nos três

Poderes, a cúpula do fisco enviou um email, no

início da semana, com uma lista de exigências a

Marcos Cintra. Interlocutores do secretário da

Receita interpretaram a carta como uma

tentativa do grupo de ganhar poder em meio à

crise.

Miopia 2

Os chefes da Receita querem absorver

atribuições que eram do colega João Paulo

Fachada, exonerado na segunda (19), e pregam

que as áreas de fiscalização e inteligência sejam

unificadas. A lista incluiria o compromisso de que

Cintra não troque o comando da Receita no Rio,

um pedido de Bolsonaro.

Miopia 3

A missiva foi enviada pelo subsecretário de

Tributação, Luiz Fernando Nunes. Embora tenha

tentado evitar tom de motim, dizendo não se

tratar de um emparedamento, a mensagem não

caiu bem.

Alvo

Aliados de Aécio Neves (PSDB-MG) viram a

margem larga de vitória do deputado mineiro

contra a ala que queria expulsá-lo sumariamente

do partido como um recado ao governador João

Doria (PSDB-SP) de que a sigla não vai se dobrar

à estratégias dele.

Suor e lágrimas

Aécio acompanhou a votação. Durante as

deliberações, uma funcionária que serve café na

sede do partido o puxou num canto e, aos

prantos, disse lamentar o que estava havendo.

Vapt-vupt

Diante da certeza de derrota, aliados de Doria

tentaram adiar a votação alegando que

precisariam de tempo para analisar a segunda

Data: 22/08/2019

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Grupo de Comunicação

peça foi levada ao colegiado contra Aécio. Celso

Sabino (PSDB-PA), relator dos casos, reagiu.

Disse que encerrava a questão se lhe dessem um

computador e meia hora.

Menos um

O Podemos decidiu decidiu tirar Romario (RJ) e

pôr Marcos do Val (ES) na Comissão de Relações

Exteriores do Senado. Val já disse ser contra a

indicação de Eduardo à embaixada nos EUA.

TIROTEIO

O Brasil tem muito a perder. O discurso contra o

meio ambiente pode trazer consequências ruins

até para o agronegócio

Do senador Eduardo Braga (MDB-AM), sobre as

críticas de diferentes países e especialistas à

retórica bolsonarista direcionada à área

https://painel.blogfolha.uol.com.br/2019/08/22/a

pos-acoes-de-bolsonaro-na-receita-no-coaf-e-na-

pf-ala-do-psl-ameca-contrariar-recomendacoes-

do-planalto/

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Data: 22/08/2019

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Grupo de Comunicação

Painel S.A.: Privatizações abrem novo ringue entre Bolsonaro e Doria

Estado e governo federal terão projetos de

concessão e PPP para disputar investimentos

SÃO PAULO

O anúncio do governo federal de que vai acelerar

as privatizações abre mais um ringue entre o

presidente Jair Bolsonaro e o governador de São

Paulo, João Doria. A corrida por recursos está no

radar dos competidores há meses. Para tentar

elevar a atratividade de seus ativos, São Paulo

quer diminuir os passivos regulatórios com as

concessionárias, segundo o vice-governador,

Rodrigo Garcia. O estado tem dezenas de

batalhas na Justiça por discordâncias sobre

antigas concessões.

Páreo

“A ideia é cortar ou zerar passivos regulatórios,

lides que o estado tem com suas concessionárias

e vice-versa, o que é natural em contratos de 30

anos. O país terá muitos projetos de concessão,

seja do governo federal ou outros estados. Nosso

diferencial será regular bem as concessões e ter

agências reguladoras independentes”, diz Garcia.

No mesmo barco

No meio da guerra de projetos de reforma

tributária, voltou a ser compartilhado um vídeo

publicado em rede social em janeiro por Eurico

de Santi, um dos diretores do CCiF, think tank

que idealizou a proposta do deputado Baleia

Rossi, em tramitação na Câmara.

Ancorados

As imagens mostram o próprio Santi em um

passeio no barco do empresário Miguel Abuhab,

dono da empresa de software NeoGrid, pela baía

de Babitonga, litoral de Santa Catarina. Eles

estavam acompanhados do ex-deputado Luiz

Carlos Hauly, pai da proposta concorrente de

reforma tributária, encampada pelo Senado.

Grito de guerra?

Abuhab é o empresário criador do que Hauly

chama de “um dos pilares” da proposta do

Senado: um modelo de cobrança eletrônico

cedido gratuitamente. No vídeo, o trio celebra o

impulso reformista. “Reforma tributária já”,

afirma Santi, seguido por gestos positivos dos

outros navegantes.

Dois times

Procurado, Santi diz que sempre defendeu a

proposta do CCiF e que, lá em janeiro, havia

expectativa de atrair Hauly para a iniciativa. Ele

diz que ainda acredita em convergência. Hauly

afirma que atua como consultor. Abuhab diz que

seu projeto de simplificação não tem ligação com

a NeoGrid, e que a empresa não se beneficiaria

da proposta porque já existe ferramenta no

sistema bancário.

Namoro

A aproximação entre a indústria e o deputado

Eduardo Bolsonaro continua. Após jantar com

empresários na Fiesp e participar de cerimônia de

premiação com a CNI, o filho do presidente

tuitou agradecendo o apoio à indicação para

Washington.

Ideia...

O deputado Hugo Leal (PSD-RJ) apresenta em

Brasília no próximo dia 27 um substitutivo para

projeto do governo Michel Temer (MDB) que

altera os processos de recuperação judicial e

falência.

... recuperada

O projeto original foi considerado pelo setor

privado como amplo demais e muito favorável ao

governo e à Procuradoria da Fazenda. A nova

versão do texto teve sugestões de especialistas

em falências.

Volta por cima

O advogado Thomaz Sant'ana, sócio do escritório

PGLaw, diz que a expectativa é que o texto

facilite o recomeço para empresários quebrados e

também viabilize o financiamento para empresas

em recuperação.

Sem encrenca

Já Renato Scardoa, do Franco Advogados, que

também colaborou na elaboração do texto, diz

que a nova versão evitará controvérsias e deverá

Data: 22/08/2019

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Grupo de Comunicação

tratar de assuntos que já foram pacificados por

tribunais superiores.

Vaga sem dono

O déficit de profissionais para os postos da área

de software e serviços de tecnologia pode crescer

em mais 260 mil pessoas até 2024, de acordo

com estudo que a Brasscom (associação do

setor) vai apresentar nesta quinta-feira (22).

Sala vazia

Sergio Galindo, presidente da associação, afirma

que a demanda cresce mais rápido do que a

formação de profissionais por causa de fatores

como baixa procura de cursos e pela alta evasão

de alunos, em especial aqueles que não têm

acesso a programas como ProUni e Fies.

Saúde

O Hospital Alemão Oswaldo Cruz abre nesta

quinta-feira seu centro internacional de pesquisas

em São Paulo para atender a indústria

farmacêutica, universidades e governos.

Em estudo

A unidade contará com 40 pesquisadores. A

previsão é fazer 60 pesquisas simultâneas em

prazo de cinco anos, movimentando R$ 50

milhões no período. Haverá investigação

epidemiológica, clínica e sobre adoção de novas

tecnologias.

Com Filipe Oliveira

Painel S.A.

Jornalista, Joana Cunha é formada em

administração de empresas pela FGV-SP. Foi

repórter de Mercado e correspondente da Folha

em Nova York.

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painelsa/

2019/08/privatizacoes-abrem-novo-ringue-entre-

bolsonaro-e-doria.shtml

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Data: 22/08/2019

51

Grupo de Comunicação

Privatização da Petrobras é plano ou

fantasia do trilhão?

Vinicius Torres Freire

Ideia volta a circular no governo, mas não há

plano realista nenhum sobre o assunto

A ideia de privatizar a Petrobras de fato voltou a

circular no ministério da Economia. A hipótese de

venda da mãe de todas as estatais foi revelada

no meio da tarde desta quarta-feira, pelo jornal

Valor. Não quer dizer que exista um rabisco de

plano para a privatização, mas há fogo debaixo

dessa fumaça.

Oficialmente, o ministro Onyx Lorenzoni (Casa

Civil), disse no final da tarde desta quarta-feira

que técnicos do governo vão começar estudos

sobre a viabilidade da privatização.

Esse plano havia sido dado como morto entre a

eleição e os primeiros meses do governo de Jair

Bolsonaro, dada a oposição do próprio presidente

e de “gente do Planalto”. Próximos do presidente

alertavam, no mínimo, para o tamanho do

problema político da venda da petroleira, um

tumulto grande quando a prioridade seria a

aprovação de outras reformas.

“Gente do Planalto”, da Economia e também da

Infraestrutura teria voltado a ouvir do ministro

Paulo Guedes, mas não apenas dele, que seria

possível “voltar a sonhar”, desculpem a citação

cafona, com a privatização de “tudo, Petrobras e

Banco do Brasil inclusive”. Qual o motivo da

animação?

Em primeiro lugar, Bolsonaro não teria mais

tanta resistência à ideia. “Alguns militares”

adversários da privatização teriam perdido poder.

A passagem da reforma da Previdência, o

encaminhamento de outras (como a MP da

“liberdade econômica”) e pesquisas de opinião

seriam um indício forte de que a resistência da

sociedade ao programa liberal é cada vez menor,

se alguma.

Quanto aos problemas de privatizar uma

empresa na prática monopolista, as soluções

estariam sendo encaminhadas.

Segundo o argumento, o monopólio da Petrobras

no refino de petróleo vai acabar, assim como o

domínio da estatal no setor de gás e a presença

forte na revenda e transporte de combustíveis. A

reabertura do mercado de petróleo e gás e a

segurança de investidores faria com que o peso

relativo da Petrobras na produção de petróleo

“tenda a diminuir”.

Note-se que a Petrobras produz mais de 93% do

petróleo brasileiro, segundo o Boletim da

Produção de Petróleo e Gás Natural da Agência

Nacional do Petróleo. Embora Guedes queira

acelerar o processo, a venda das refinarias da

Petrobras vai até 2021, embora a empresa já se

desfaça de suas empresas de transporte de gás.

Até aqui, trata-se de teses e hipóteses muito

simplórias. Caso chegue ao cabo um estudo de

privatização e, ainda muito mais enrolado, da

necessária nova regulação do setor, o governo

terá de mexer em pelo menos duas leis para

vender a empresa. Dado o rolo no Supremo até

para a venda de subsidiárias de estatais, é

possível que a privatização enrosque em algum

argumento constitucional.

Ainda não é o mais importante. O que significa

privatizar a Petrobras? Vender ações até que o

governo perca o controle da empresa ou mais do

que isso? O governo mal começou a elaborar

estudos para a venda complexas como a dos

Correios (no entanto, caso muitíssimo mais

simples do que o da Petrobras). Não tem nenhum

estudo para vender as empresas de

processamento de dados, como anunciou, e

regular esse mercado sensível. Não conseguiu

nem ao menos colocar na praça, por obra sua,

uma grande concessão de transporte, que é

venda de pãozinho, comparada à privatização da

petroleira.

Por enquanto, tudo soa como um daqueles

planos do governo de arrumar “trilhões” de reais

com essa ou aquela fantasia.

Vinicius Torres Freire

Jornalista, foi secretário de Redação da Folha. É

mestre em administração pública pela

Universidade Harvard (EUA).

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/viniciusto

rres/2019/08/privatizacao-da-petrobras-e-plano-

ou-fantasia-do-trilhao.shtml

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Data: 22/08/2019

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Grupo de Comunicação

Sem provas, Bolsonaro diz que queimadas

podem ter sido provocadas por ONGs

Incêndios na Amazônia em 2019 bateram o

recorde dos últimos sete anos; focos de fogo

cresceram 83% em relação ao mesmo período de

2018

Gustavo Uribe

BRASÍLIA

O presidente Jair Bolsonaro classificou nesta

quarta-feira (21) como criminosa a série de

queimadas pelo país e disse que ONGs

(Organizações não Governamentais) de proteção

ao meio ambiente podem estar envolvidas nos

incêndios ilegais. Bolsonaro, no entanto, não

apresentou provas.

Em entrevista, na entrada do Palácio da

Alvorada, ele disse que cortou recursos que antes

eram repassados para as entidades da sociedade

civil e que o objetivo talvez seja prejudicar o seu

mandato.

"Pode estar havendo, não estou afirmando, ação

criminosa desses ongueiros para exatamente

chamar a atenção contra a minha pessoa, contra

o governo do Brasil. Essa é a guerra que nós

enfrentamos. Vamos fazer o possível e o

impossível para conter esse incêndio criminoso",

disse

Bolsonaro afirmou ainda que não está insensível

aos ataques e ressaltou que tem havido uma

guerra do mundo contra o Brasil por causa da

postura adotada pela atual gestão, que tem feito

críticas públicas às nações europeias.

"O crime existe. E nós temos de fazer o possível

para que esse crime não aumente, mas nós

tiramos dinheiros de ONGs. Dos repasses de fora,

40% ia para ONGs. Não tem mais. Acabamos

também com o repasse de dinheiro público, de

forma que esse pessoal está sentindo a falta do

dinheiro", afirmou.

Incêndio atinge a região centro-norte da unidade

de conservação Parque Nacional da Chapada dos

Guimarães, no Mato Grosso

Incêndio atinge a região centro-norte da unidade

de conservação Parque Nacional da Chapada dos

Guimarães, no Mato Grosso - ICMBio

Com 72.843 focos de incêndio do início de janeiro

até segunda-feira (19), o Brasil registra um

aumento de 83% em relação ao mesmo período

do ano passado. O fogo também avança sobre

áreas protegidas. Somente nesta semana, houve

68 ocorrências dentro de terras indígenas e

unidades de conservação estaduais e federal.

O presidente disse que tem tratado do tema com

os ministros da Defesa, do Meio Ambiente e da

Justiça e afirmou que contingentes das Forças

Armadas devem, a partir desta quinta-feira (22),

intensificar o monitoramento a áreas críticas de

incêndios florestais.

"Temos que combater o crime. Depois vamos ver

quem é o possível responsável pelo crime. Mas,

no meu entender, há interesse dessas ONGs, que

representam interesses de fora do Brasil",

observou.

Bolsonaro ainda acusou governadores da região

amazônica de serem coniventes com os incêndios

criminosos. Segundo ele, há estados da Região

Norte que não estão "movendo uma palha" para

combater as queimadas na região amazônica.

"Olha só, tem governador, não quero citar nome,

que está conivente com o que está acontecendo

e bota a culpa no governo federal. Tem estados

aí, que não quero citar, na região Norte, que o

governador não está movendo uma palha para

ajudar a combater incêndio. Está gostando disso

daí", afirmou.

O estado do Mato Grosso liderou as queimadas

na Amazônia, com 13.682 focos de calor

acumulados em todo o ano, de acordo com dados

do ICV (Instituto Centro de Vida). Levando em

conta os oito primeiros meses deste ano em

relação ao mesmo período do ano passado há um

aumento de 87% nos focos de calor.

As queimadas ocorrem principalmente nas

propriedades particulares. Desde janeiro, 60%

dos focos de calor foram em áreas privadas

registradas no Cadastro Ambiental Rural, 16%

Data: 22/08/2019

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Grupo de Comunicação

em Terras Indígenas e 1% em Unidades de

Conservação.

A acusação sem provas de Bolsonaro teve

repercussão na imprensa internacional. Os

jornais The New York Times, The Washington

Post e o The Guardian reproduziram a fala do

presidente. A declaração também recebeu

atenção da BBC, Reuters e da Al Jazeera.

https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/0

8/bolsonaro-diz-que-queimadas-podem-ter-sido-

causadas-por-ongs.shtml

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Data: 22/08/2019

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Grupo de Comunicação

Acusações a ONGs feitas por Bolsonaro causam indignação e espanto

Para o presidente, 'ongueiros' fazem queimadas

para prejudicar a imagem do governo

Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA | REUTERS

A declaração do presidente Jair Bolsonaro, que

culpou ONGs pelo aumento das queimadas na

Amazônia este ano, causou espanto e indignação

entre as organizações e também entre

parlamentares.

"Bolsonaro está projetando nos outros o que ele

faria. Talvez ele seja uma pessoa capaz de um

gesto de vingança dessa forma. É uma

declaração doente e doente a gente não

considera, a gente trata", disse o coordenador de

políticas públicas do Greenpeace, Marcio Astrini.

"Se fosse um grileiro de terra falando isso eu

acharia lamentável. Como é o presidente da

República dando uma declaração dessas, eu fico

sem palavras para dizer, é uma coisa

inaceitável", completou.

"Pode estar havendo, não estou afirmando, ação

criminosa desses ongueiros para exatamente

chamar a atenção contra a minha pessoa, contra

o governo do Brasil. Essa é a guerra que nós

enfrentamos. Vamos fazer o possível e o

impossível para conter esse incêndio criminoso",

disse o presidente Jair Bolsonaro

Carlos Rittl, coordenador-executivo do

Observatório do Clima, lembra que Bolsonaro foi

eleito com um agenda que classifica de

"antiambiental".

"E implementa agora uma agenda de ataque ao

meio ambiente, com redução da fiscalização e

tolerância jamais vista com quem desmata e

queima florestas. A responsabilidade pela

explosão do desmatamento e incêndios florestais,

assim como pela destruição da imagem e

reputação do país no exterior, é exclusivamente

sua, de seu ministro de Meio Ambiente e de seu

governo como um todo", afirmou.

Na manhã desta quarta-feira, o presidente

afirmou que ONGs podem estar por trás do

aumento das queimadas por terem perdido

recursos e estarem querendo atingi-lo. Bolsonaro

admitiu, no entanto, que não tem provas dessas

afirmações.

"O crime existe. Isso temos que fazer o possível

para que não aumente, mas nós tiramos dinheiro

de ONGs, 40% ia para ONGs. Não tem mais. De

modo que esse pessoal está sentindo a falta do

dinheiro. Então pode, não estou afirmando, ter

ação criminosa desses ongueiros para chamar

atenção contra minha pessoa, contra o governo

do Brasil”, afirmou o presidente.

Questionado sobre se tinha provas do que estava

falando, Bolsonaro disse que "essas coisas não

tem nada escrito".

Diego Casaes, do Instituto Avaaz, acusou o

presidente de tentar distrair a sociedade da crise

de desmatamento ilegal na Amazônia.

"Não podemos nos distrair enquanto o coração

do Brasil está queimando. Por sorte vemos agora

os próprios eleitores de Bolsonaro extremamente

preocupados sobre a Amazônia. O presidente

precisa parar de espalhar falsas acusações e

começar a proteger a Amazônia", disse em uma

nota enviada à Reuters.

Ex-ministros do Meio Ambiente estão entre os

que reagiram à acusação feita por Bolsonaro.

Carlos Minc, ministro durante o segundo governo

de Luiz Inácio Lula da Silva, classificou a fala do

presidente de "inacreditável".

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Grupo de Comunicação

"Não apresenta provas, só convicção. Nem plano

anti-queimadas. Ele e (o ministro do Meio

Ambiente Ricardo) Salles ligam motosserra,

acendem pavio e apontam o dedo! Ecocidas!",

escreveu o ex-ministro em sua conta no Twitter.

A ex-ministra Marina Silva, candidata à

Presidência em 2010, 2014 e 2018, também

usou as redes sociais para criticar o presidente.

"A Amazônia está em chamas. O Ministro do Meio

Ambiente fala em fake news e sensacionalismo.

O presidente diz que ONGs podem estar por trás

disso. A falta de compromisso com a verdade é

uma patologia crônica. Essa postura

irresponsável só agrava a emergência ambiental

no Brasil", escreveu.

Coordenador da Frente Parlamentar do Meio

Ambiente, o deputado Nilton Tato (PT-SP).

"O governo Bolsonaro mais uma vez faz uma

declaração estapafúrdia para na verdade não

deixar claro para a sociedade as políticas de

desmonte na área ambiental que ele vem

introduzindo", disse.

https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/0

8/acusacoes-a-ongs-feitas-por-bolsonaro-

causam-indignacao-e-espanto.shtml

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Data: 22/08/2019

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Grupo de Comunicação

Governo Bolsonaro abre edital para empresa

privada monitorar Amazônia

Contratação ocorre após ataques ao Inpe sobre

dados de desmatamento; instituto faz

monitoramento semelhante

Phillippe Watanabe

Ana Carolina Amaral

SÃO PAULO e SALVADOR

O Ibama publicou nesta quarta (21) no Diário

Oficial o edital para contratação de empresa

privada para fazer o monitoramento por satélite

da Amazônia. O Inpe (Instituto Nacional de

Pesquisas Espaciais) já realiza serviço

semelhante e vem sendo publicamente criticado,

sem justificativas científicas, pelo governo Jair

Bolsonaro (PSL).

O objetivo do edital é que a empresa apresente

alertas diários, de alta resolução espacial, de

indícios de desmatamento, monitoramento com

alertas semelhante ao que já é feito pelo sistema

Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo

Real), do Inpe.

Nos últimos meses, o Deter apontou disparada

no desmatamento na Amazônia. A destruição em

junho aumentou 90% e em julho, 278% —em

comparação a junho e julho de 2018

respectivamente— , segundo os dados do Inpe.

A divulgação do aumento acentuado no desmate

e a repercussão internacional do assunto

desagradaram o presidente Bolsonaro. Em café

da manhã com jornalistas estrangeiros, em 19 de

julho, ao ser questionado sobre o assunto, o

presidente afirmou que o então diretor do Inpe,

Ricardo Galvão, poderia estar a “serviço de

alguma ONG”.

Galvão se defendeu das acusações e também fez

a defesa dos dados produzidos pelo Inpe. Em 2

de agosto, o então diretor do instituto foi

exonerado por Marcos Pontes, ministro da

Ciência e Tecnologia.

“A pretensão de aquisição de imagens de satélite

de alta resolução temporal e espacial justifica-se

pela busca, por parte do Ibama, de uma solução

viável e operacional para atuação mais eficiente,

eficaz, efetiva e com maior celeridade na gestão

das ações de fiscalização ambiental no combate

ao desmatamento ilegal e exploração florestal

seletiva ilegal na região Amazônica”, diz o edital.

O edital procura empresas especializadas em

“imageamento diário por imagens orbitais

ortorretificadas de alta resolução espacial para

geração de alertas diários de indícios de

desmatamento (revisita diária)”.

O chamamento descreve exatamente o perfil das

imagens produzidas pela empresa Planet.

Segundo especialistas em monitoramento por

satélite ouvidos pela Folha, ela seria a única

empresa no mercado capaz de produzir imagens

diárias do mesmo local.

A distribuidora das imagens da Planet no Brasil é

a consultoria Santiago e Cintra. Procurada pela

Folha, a empresa não quis se manifestar. A

página da empresa na internet confirma a

descrição do serviço semelhante ao que consta

no edital: imagens ortorretificadas, com 3 metros

de resolução espacial e revisitação diária.

A Folha já havia apurado que o ministro queria

contratar a Santiago & Cintra, que neste ano já

esteve ao menos duas vezes no ministério para

tratar do assunto.

O ministro Ricardo Salles também já havia citado

as imagens do sistema Planet em apresentação

recente no Ministério do Meio Ambiente, quando

procurou apresentar falhas no monitoramento do

Inpe, o que gerou questionamento de

especialistas, incluindo o ex-diretor do Inpe, que

Data: 22/08/2019

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questionou em fala no canal GloboNews o fato de

o ministro saber qual empresa será contratada.

Galvão voltou a criticar a contratação de empresa

para monitoramento do desmate na última sexta

(16), durante palestra na USP. Segundo o ex-

diretor do Inpe, Salles se irritou com ele após a

participação de ambos no programa Painel, da

GloboNews.

"Eu falei: 'Ministro, não se mede a distância Rio-

SP com uma régua de 10 cm", disse Galvão. "A

copa de uma árvore da Amazônia tem diâmetro

de 15 m, 20 m. Para que eu preciso de uma

resolução de 2 m para um alerta de

desmatamento? Eu preciso de uma resolução de

2 m se eu quiser pagar muito mais para um

sistema com maior resolução e maior quantidade

de dados."

O documento também afirma que a contratação

tem como objetivo permitir a atuação do Ibama

no combate ao desmatamento ilegal na Amazônia

“de forma preventiva ou, no mínimo,

contemporânea, para que seja possível

interromper a ação criminosa”. Ele também

relata a necessidade de alertas diárias das áreas

mais críticas da Amazônia

O sistema Deter, do Inpe, teve início em 2004,

durante a gestão da ex-ministra do Meio

Ambiente Marina Silva, exatamente com o

mesmo propósito. Desde então, no ano com

menor desmatamento registrado —2012—, foi

atingida redução de 84% na destruição. Com a

volta do crescimento do desmate desde 2012, a

redução ficou na casa dos 73% em 2018. O

Ibama tem acesso direto ao sistema Deter e seus

alertas diários.

Especialistas costumam associar a queda no

desmate ao sistema de comando e controle do

Ibama, apoiado pela operação do Deter do Inpe.

Na Amazônia, a Santiago e Cintra foi contratada

pelo governo do Pará para fornecer imagens de 3

metros de resolução alertas e dados de

desmatamento, por meio do Centro Integrado de

Monitoramento Ambiental (Cimam).

O projeto foi iniciado em março de 2017 com a

promessa de melhorar o combate ao

desmatamento, mas o Pará continua sendo o

estado mais problemático do país.

https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/0

8/governo-bolsonaro-abre-edital-para-empresa-

privada-monitorar-amazonia.shtml

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Data: 22/08/2019

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Mônica Bergamo: Funcionários do BC e

Receita Federal resistem à transferência do

Coaf

Presidente do sindicato dos funcionários do Banco

Central afirma que mudança seria "um enorme

risco"

A transferência do Coaf, órgão de inteligência

financeira do governo, para o Banco Central

enfrenta resistência dos funcionários da

instituição.

CORPO ESTRANHO

“Temos que preservar o BC. Ele está assumindo

uma instituição que não tem a mesma estrutura

sólida e que estará sujeita a interferências

políticas. É um enorme risco”, diz Paulo Lino

Gonçalves, presidente do sindicato dos

funcionários da instituição.

FIM DA LINHA

O Coaf mudou de nome, para UIF (Unidade de

Inteligência Financeira). Antes, só funcionários

de carreira poderiam fazer parte do órgão. O

presidente Jair Bolsonaro derrubou a regra.

TERRA ESTRANHA

“O nome do BC estará envolvido, mas o trabalho

da UIF será feito por pessoas de fora. O banco

estará na berlinda, pode sofrer críticas por ter

que se meter em assunto que não é exatamente

dele”, segue Gonçalves.

PRIMO

A UIF, diz, “é como um primo esquisito que

chega na sua casa. Não dá para se

responsabilizar pelo o que ele faz”.

TÔ FORA

A Receita Federal também resiste. “A troca de

informação entre os órgãos federais de controle

acabou com a ida do Coaf para as mãos de gente

do mercado. A Receita não vai mandar mais nada

para lá.” E o que vier dele será recebido com

desconfiança, diz Kleber Cabral, presidente do

Sindifisco, que representa os auditores fiscais.

BÍBLIA

A sentença do juiz Francisco Shintate, que

condenou Fernando Haddad a quatro anos e seis

meses de prisão por crimes eleitorais, tem mais

de 500 páginas. O magistrado só começa a

examinar o caso concreto na 361.

BÍBLIA 2

Nas anteriores, ele fala sobre linguística —

"veículo sígnico (o suporte físico), designatum ou

significatum (a significação) e denotatum (o

significado)" —, de lógica “alética e deôntica” e

inclui citações de 50 páginas contínuas de

trechos de livros.

TEM LÓGICA

O juiz chega a usar dezenas de fórmulas de

lógica formal, como “(-q v -r --S)”. E esclarece: S

é a relação processual entre “sujeito da relação

primária e o Estado, titular do monopólio da

coação”.

TAPETE VERMELHO

A atriz Sônia Braga foi à pré-estreia do filme

“Bacurau”, do diretor Kleber Mendonça Filho no

Espaço Itaú Augusta, na terça (20). As atrizes

Suzana Pires, Alessandra Negrini, Suzy Lopes e

Alli Willow passaram por lá, assim como o ator

Silvero Pereira.

NADA FEITO

O ex-secretário especial de Cultura, Henrique

Pires, que está deixando o cargo por não

concordar com censura a obras culturais no

governo Bolsonaro, diz que recebeu oferta do

ministro Osmar Terra, da Cidadania, para

assumir a presidência de uma fundação no Rio de

Janeiro. Recusou.

NADA FEITO 2

“Todas as diretorias de fundações têm ido muito

bem, obrigado. Cargo em fundação não é prêmio

de consolação para quem não está afinado com a

censura”, diz ele.

CAMINHOS

Data: 22/08/2019

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Grupo de Comunicação

Os dois trabalham juntos desde 2016, quando

Pires chefiava o gabinete do Ministério do

Desenvolvimento Social (MDS), comandado por

Terra no governo de Michel Temer.

“Ele mudou. Era um cara extremamente

democrático, mas virou a chave. Tomara que

seja só uma fase”, diz Pires.

BATEU, LEVOU

Segundo o ministério da Cidadania, o ex-

secretário “não estava desempenhando as

políticas propostas pela pasta”, e por isso deixou

o cargo.

SAÚDE

A Prefeitura de SP economizará R$ 242 milhões

em cinco anos com a contratação de exames de

laboratório. Hoje, o município gasta R$ 190,9

milhões anuais com o serviço. Na licitação

concluída neste mês, as duas empresas

vencedoras farão o serviço por R$ 142,5 milhões

por ano.

MEMÓRIA

O guitarrista inglês Andy Summers prepara uma

homenagem para João Gilberto no show “Call the

Police” que ele apresentará em SP no dia 1º de

setembro. Ao lado de Rodrigo Santos e João

Barone, Summers tocará “Chega de Saudade”.

EXPORTAÇÃO

O dramaturgo Vitor Rocha, 21, levará para

Londres o espetáculo “Cargas d’Água — Um

Musical de Bolso”. A peça, que rendeu a Rocha a

categoria Revelação do Prêmio Bibi Ferreira em

2018, foi traduzida para o inglês e, atualmente,

está em cartaz nos EUA. A estreia na Inglaterra

será em outubro.

MÚSICA NEGRA

O ator Ícaro Silva estrela o musical “Ícaro and

the Black Stars”, que teve sessão para

convidados na segunda-feira (19), no Teatro

Novo. A modelo Raissa Santana e o crítico

Evaristo Martins estiveram lá. A atriz Hananza

integra o elenco do espetáculo.

CURTO-CIRCUITO

Advogados como Alberto Toron participam do

evento Pense Direito!, sobre a advocacia do

futuro. Nesta quinta (22), no Centro Universitário

FAM.

O governo de SP lança nesta quinta (22) o

programa Parceria Municipal.

Tarcísio de Freitas, Onyx Lorenzoni e Osmar

Terra falam em evento do Grupo Voto. Nesta

quinta (22), no Grand Hyatt.

O escritório Metro Arquitetos expõe seus móveis

na Loja 53 do edifício Copan.

com BRUNA NARCIZO, BRUNO B. SORAGGI,

GABRIEL RIGONI e VICTORIA AZEVEDO

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabe

rgamo/2019/08/funcionarios-do-bc-e-receita-

federal-resistem-a-transferencia-do-coaf.shtml

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Data: 22/08/2019

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ESTADÃO Após repercussão negativa, Bolsonaro

insiste em culpar ONGs por queimadas

'Todo mundo é suspeito, mas a maior suspeita

vem de ONGs', diz presidente sobre incêndios

criminosos na Amazônia

Julia Lindner, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro (PSL)

mostrou preocupação com a repercussão

negativa de suas falas no exterior contra

organizações não governamentais (ONGs), mas

voltou a levantar nesta quinta-feira, 22,

suspeitas sobre as entidades. Segundo

Bolsonaro, em nenhum momento ele acusou as

ONGs sobre queimadas na Amazônia porque não

há provas e, sim, "suspeitas".

Em seguida, questionado por jornalistas sobre

quem estaria por trás dos incêndios criminosos

na Floresta Amazônica, Bolsonaro voltou a dizer

que há "indício fortíssimo de que ONGs estão por

trás das queimadas".

"São os índios, quer que eu culpe os índios? Vai

escrever os índios amanhã? Quer que eu culpe os

marcianos? É, no meu entender, um indício

fortíssimo que esse pessoal da ONG perdeu a

teta deles. É simples", reagiu.

Indagado se poderiam ser fazendeiros os

responsáveis pelos incêndios, ele concordou.

"Pode, pode ser fazendeiro, pode. Todo mundo é

suspeito, mas a maior suspeita vem de ONGs",

reforçou.

Todo mundo é suspeito, mas a maior suspeita

vem de ONGs.

Jair Bolsonaro, presidente da República

De acordo com o presidente, as ONGs "perderam

dinheiro" e "estão desempregadas", por isso,

teriam interesse em fazer uma campanha contra

o governo.

"Não se tem prova disso, meu Deus do céu.

Ninguém escreve isso, vou queimar lá, não existe

isso. Se você não pegar em flagrante quem está

queimando e buscar quem mandou fazer isso,

que isso tá acontecendo, é um crime que está

acontecendo."

Bolsonaro criticou a imprensa e disse que é

"inacreditável" a forma como suas falas contra

ONGs foram publicadas nos jornais.

"O Brasil vai chegar à situação da Venezuela, é

isso o que a grande imprensa quer", declarou.

"Se o mundo lá fora começar a impor barreiras

comerciais, nosso agronegócio vai começar a dar

para trás, a vida de você (jornalistas) vai estar

complicada como a de todos."

Repercussão negativa na imprensa internacional

A declaração de Bolsonaro de que ONGs

poderiam estar por trás do fogo na região da

Amazônia teve ampla repercussão negativa na

imprensa internacional nesta quarta-feira, 21.

O jornal britânico The Guardian traz a informação

de que Bolsonaro acusou ambientalistas de atear

fogo na Amazônia para constranger seu governo,

mas que o presidente não fornece evidências.

O site da revista alemã Spiegel traz a manchete

"Floresta tropical do Brasil está pegando fogo". O

texto diz que Bolsonaro tem uma política

ambiental inconsequente.

Já a BBC News, do Reino Unido, mostra um vídeo

com imagens dos incêndios na região da

Amazônia. Na reportagem, cientistas dizem que a

floresta tropical sofreu perdas em um ritmo

acelerado desde que Bolsonaro assumiu o poder

em janeiro.

Em Portugal, o jornal Público disse que a

Amazônia está ardendo e já é possível ver do

espaço.

No canal de notícias árabe Al Jazira, sediado no

Catar, uma reportagem traz informações sobre

os incêndios na Floresta Amazônica do Brasil que

atingiram um recorde neste ano. A publicação

disse que imagens de satélite da Agência Espacial

Americana (Nasa, na sigla em inglês) mostram

fumaça cobrindo a metade norte do País - uma

área maior do que a Europa.

Na internet, a hashtag #PrayForTheAmazon (reze

pela Amazônia) chegou a ocupar o primeiro lugar

no Twitter desta quarta.

Ataques de Bolsonaro a ONGs

O presidente fez os primeiros ataques às ONGs

nesta quarta, depois de vir à tona que número de

focos de queimadas em todo o Brasil neste ano já

Data: 22/08/2019

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é o mais alto dos últimos sete anos, conforme

mostrou o Estado na segunda-feira, 19.

Desde 1º de janeiro até esta terça-feira, 20,

foram contabilizados 74.155 focos, alta de 84%

em relação ao mesmo período do ano passado,

de acordo com o Programa Queimadas do

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),

que contabiliza esses dados desde 2013.

Um pouco mais da metade (52,6%) desses focos

vem ocorrendo na Amazônia, com Mato Grosso

na liderança. As queimadas já superam em 8% o

recorde de 2016, um ano de extrema seca, que

tinha registrado 68.484 focos no mesmo

intervalo de tempo.

Apesar de este ano também estar com uma

estiagem mais prolongada - o que chegou a ser

sugerido como uma possível causa para o

aumento das queimadas -, a seca é menos

intensa do que a de 2016. Estudo divulgado

nesta terça pelo Instituto de Pesquisas Ambiental

da Amazônia (Ipam) apontou uma forte

correlação entre o aumento das queimadas com

a alta no desmatamento da Amazônia.

O total de focos neste ano já é 60% superior à

média dos últimos três anos e está sendo

impulsionando pelo corte da floresta, disseram os

pesquisadores da ONG em nota técnica. Alertas

de desmatamento feitos pelo Inpe indicam uma

alta de 49,45% no desmatamento entre agosto

do ano passado e julho deste ano, na

comparação com os 12 meses anteriores.

'Irresponsabilidade de Bolsonaro'

Em nota divulgada nesta quarta, a coordenação

do Observatório do Clima, coalizão de cerca de

50 ONGs do País em prol de ações contra as

mudanças climáticas, reagiu às insinuações do

presidente e disse que o "recorde de queimadas

reflete irresponsabilidade de Bolsonaro". Em

outra carta, um grupo de 81 ONGs afirmou que

"Bolsonaro não precisa de ONGs para queimar a

imagem do Brasil no mundo inteiro".

https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/

geral,bolsonaro-volta-a-dizer-que-ongs-podem-

estar-por-tras-de-queimadas-na-

amazonia,70002977667

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Data: 22/08/2019

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Fumaça de incêndios na Amazônia chega ao

território peruano

Uma cortina fina de fumaça apareceu na última

segunda-feira, 19, na província de Tambopata,

situada na região de Madre de Dios

Redação, O Estado de S.Paulo

LIMA - A fumaça dos incêndios florestais que

afetam a Amazônia no Brasil e na Bolívia há mais

de duas semanas chegou a algumas províncias

do Peru, segundo fontes do Centro de Operações

de Emergência Regional (COER) do

departamento de Madre de Dios.

Trata-se de uma cortina fina de fumaça que

apareceu na última segunda-feira, 19, na

província de Tambopata, situada na região de

Madre de Dios, devido ao ar que chega

proveniente dos dois países vizinhos.

Queimada na Amazônia

Imagem de satélite da Nasa, tirada em 13 de

agosto de 2019, mostra diversas queimadas na

região da floresta amazônica Foto: NASA/ via AP

Por enquanto, a percepção da população

acontece através de um cheiro não muito forte, e

por enquanto as autoridades regionais não

tomaram medidas de emergência. A qualidade do

ar é vigiada pelo Serviço Nacional de

Meteorologia e Hidrologia (Senamhi) e outras

instituições competentes.

Por sua vez, o Serviço Nacional Florestal e de

Fauna Silvestre do Peru (Serfor) descartou que o

grande incêndio que se expande na região

boliviana de Santa Cruz de la Sierra represente

perigo para o território peruano. EFE

https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/

geral,fumaca-de-incendios-na-amazonia-

brasileira-chega-ao-territorio-

peruano,70002977384

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Data: 22/08/2019

63

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Um rio à espera de ressurreição

Há três décadas os governadores de São Paulo

vêm se comprometendo com a limpeza do Tietê e

seu principal afluente, o Pinheiros, e todos

malograram

Notas e Informações, O Estado de S.Paulo

O governo do Estado de São Paulo anunciou um

novo pacote de obras para despoluir o rio

Pinheiros. Não será tarefa fácil. Há três décadas

os governadores de São Paulo vêm se

comprometendo com a limpeza do Tietê e seu

principal afluente, o Pinheiros, e todos, em que

pesem os avanços, malograram.

O Projeto Tietê de recuperação foi concebido em

1990. De lá para cá, houve conquistas

consideráveis. Em 1992, apenas 70% do esgoto

residencial na Região Metropolitana de São Paulo

eram coletados e só 17% eram tratados. Em

2017, 87% do esgoto já eram coletados e 66%

eram tratados.

O programa do atual governo para o rio Pinheiros

prevê não só aportes de investimentos, como

uma nova regulamentação, a fim de atrair a

iniciativa privada. Até 2022, o governo pretende

alterar o modelo de pagamento às empresas que

vencerem as licitações e remunerar o

desempenho na limpeza das águas.

O projeto prevê o loteamento da bacia do

Pinheiros em 14 áreas e investimento de ao

menos R$ 1,5 bilhão do orçamento da

Companhia de Saneamento Básico de São Paulo

(Sabesp). O governador João Doria pretende

ainda captar até R$ 3 bilhões com investidores

estrangeiros, em especial da Inglaterra e da

China, onde esteve recentemente buscando

parcerias. O plano é concluir as concorrências até

o final do ano. Além disso, a Secretaria da

Fazenda já declarou que está só aguardando o

Novo Marco Legal do Saneamento para trabalhar

na privatização da Sabesp, uma das mais

eficientes companhias de saneamento básico no

País.

Entre as metas a serem alcançadas pelas

empresas licitadas, está a ligação à rede de

coleta de esgoto de 500 mil residências que

ainda descartam seus resíduos irregularmente.

As empresas deverão atingir a meta de 30

miligramas de oxigênio por litro de água, o

padrão mínimo de despoluição internacional.

Nesse caso, as águas ainda estarão impróprias

para consumo e banho, mas o mau cheiro deverá

ser dissipado e parte da fauna e flora será

restaurada.

As contrapartidas às empresas parceiras, ainda

em estudo, devem envolver exploração do

transporte de cargas e passageiros no rio e o uso

das margens para recreação. Além disso,

segundo a Sabesp, há um potencial de

exploração da energia termoelétrica a partir da

queima de lodo produzido em estações de

tratamento de água e esgoto.

Com isso, o governo pretende cumprir a

promessa de limpar o Pinheiros até 2022 e o

Tietê até 2029, missão difícil, mas não

impossível. Para ter uma ideia, o rio Tâmisa, que

chegou a ser tido por morto na década de 50

pelo Museu de História Natural britânico, hoje,

após 50 anos de tratamento, é considerado

limpo. O governo atual, contudo, precisará

mostrar que aprendeu bem as lições amargas

deixadas aos governantes paulistas nas últimas

três décadas. No início dos anos 90, o então

governador Luís Antônio Fleury Filho anunciou

que até o fim do mandato beberia um copo de

água do Tietê. Vinte anos depois, em 2014,

Geraldo Alckmin prometia a despoluição do rio

até 2019.

Uma das grandes dificuldades sempre foi a

integração entre os diversos municípios que o rio

Data: 22/08/2019

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corta. Por falta disso, muitas vezes as obras do

Estado acabaram isoladas, com resultados

frustrados. Além disso, a própria população

precisa avançar muito em sua consciência

ambiental e civilidade. Por exemplo, grande parte

do lixo despejado no Tietê é de origem

doméstica. De acordo com dados da Agência

Nacional das Águas, 41% do esgoto da Grande

São Paulo vão parar in natura no rio. Ademais,

há o problema da ocupação irregular dos

mananciais.

A limpeza do Tietê e do Pinheiros é a maior obra

de saneamento já feita no País. “Obra dessa

magnitude”, disse João Lara Mesquita, um dos

idealizadores do Núcleo União Pró-Tietê, “não se

presta à demagogia. Exige tempo. E muito

investimento.” Espera-se que o governador João

Doria seja tanto mais prudente quanto mais

empenhado em suas promessas. A população

paulista não tolera mais palavras vazias sobre

seus rios, mas se eles lhe forem restituídos, ela

saberá retribuir.

https://opiniao.estadao.com.br/noticias/notas-e-

informacoes,um-rio-a-espera-de-

ressurreicao,70002977237

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Data: 22/08/2019

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‘Programa de privatização é tímido e sem

impacto fiscal relevante’, diz economista

Para Elena Landau, que comandou o plano de

venda de estatais no governo FHC, lista de Jair

Bolsonaro deveria incluir Banco do Brasil, Caixa,

Petrobrás e BNDESPar

Entrevista com

Elena Landau, economista

Renée Pereira, O Estado de S.Paulo

22 de agosto de 2019 | 05h00

A economista Elena Landau, que comandou o

programa de privatização do governo de

Fernando Henrique Cardoso, considerou o

programa de Jair Bolsonaro tímido diante das

promessas feitas na campanha eleitoral. “Para

quem prometeu R$ 1 trilhão com venda de

empresas, esse programa é frustrante.” Para ela,

o plano de Itamar Franco era mais profundo que

o do Bolsonaro. “Nem Valec nem EBC foram

incluídos como prometido. Isso é inexplicável.”

Como a sra. avaliou a lista de empresas

apresentadas?

Foi bastante frustrante. Levaram oito meses para

anunciar uma lista óbvia, sem nenhuma

novidade.

O que a sra. esperava?

Não esperava muita coisa, mas havia uma

promessa de campanha de que iriam arrecadar

R$ 1 trilhão com a venda de empresas federais.

Aí eles aparecem com essa lista. É frustrante.

Tem a Eletrobrás, Lotex e Casa da Moeda, que já

vêm do governo (Michel) Temer, e Correios, que

é uma boa novidade. Companhia Docas (Espírito

Santo e São Paulo) podem gerar algum recurso.

Mas não vejo impacto fiscal relevante. O

processo da Eletrobrás deve ser capitalização,

portanto, o dinheiro vai para o caixa da empresa,

não para o Tesouro diretamente. Não é uma

reforma de Estado profunda. Na verdade,

incluíram empresas que não têm o menor sentido

de existir e deixaram de fora várias companhias,

muitas ligadas aos militares. Eles prometeram

fazer uma reforma de Estado e não fizeram.

Quais empresas deveriam estar nessa lista?

Petrobrás, Caixa, Banco do Brasil (BB) e

BNDESPar. O boletim da Sest (Secretaria de

Coordenação e Governança das Empresas

Estatais) mostra 130 empresas estatais. Dessas,

se pegar BB, Caixa, Eletrobrás, Petrobrás,

BNDESPar e Correios já dá 80 e poucas, todas de

controle indireto. Esse governo considera venda

de participação como privatização. Mas só que os

recursos vão para o caixa das empresas. Para

chegar ao Tesouro teria de vender controle das

holdings ou fazer cisão das subsidiárias, eles não

fizeram isso.

Não é privatização?

Eles estão fazendo uma política de

desinvestimento. Há outras 18 empresas

dependentes do Tesouro e 20 e poucas de

controle direto – nessas algumas não serão

privatizadas porque são ligadas aos militares, ou

de interesse público como Embrapa e hospitais.

Ou seja, é um programa muito tímido. Não tem o

impacto fiscal prometido, que era reduzir dívida

ou financiar a Previdência. É muito pouco diante

da promessa de que fariam algo inédito no Brasil.

É mais tímido que o programa de Itamar Franco,

que privatizou o setor petroquímico, de

siderurgia, de fertilizantes, ou FHC que anunciou

Telebrás, Eletrobrás e a Vale de uma vez. O

mínimo que se esperaria de um governo que se

diz liberal seria privatizar Petrobrás, BB,

Eletrobrás e Caixa e acabar com BNDESPar,

Finame, que ficam embaixo do BNDES. Foi

prometido.

As mais relevantes são Eletrobrás e Correios?

Sim. Têm as Docas do Espírito Santo e de São

Paulo que podem dar dinheiro. Agora o que está

sendo noticiado hoje é só para colocar no

programa de privatização. Então não tem de se

de pensar que as empresas serão vendidas em

2019 quiçá em 2020. Tudo vai depender da

modelagem porque algumas empresas têm um

passivo imenso. No ano passado, o governo

tentou vender a Lotex e teve dificuldade. A Casa

da Moeda foi igual. Essas empresas que estão aí,

tirando a Eletrobrás, não precisam de autorização

do Congresso, basta um decreto. Não precisava

oito meses para chegar nessa lista. Se você

pergunta se é ruim? Não. O governo gasta com a

Telebrás R$ 2 bilhões por ano.

E há interesse de investidores por essas

empresas?

Em relação à Eletrobrás, tem. O governo deve

seguir o modelo da BR Distribuidora, de

capitalização. É uma opção do governo de, em

vez de vender o controle, fazer capitalização.

Poderia vender controle e o dinheiro ia direto

para o Tesouro. Na capitalização, o dinheiro vai

para o caixa. No caso dos Correios, tem a

questão de serviços que podem ou não ser

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privatizados, como a questão do monopólio

postal. Vai ter resistência. Mas tem gente

interessada. Vai ser uma modelagem

interessante porque tem um passivo grande.

Outras empresas da lista ninguém vai querer.

Mas as empresas dependentes absorvem uns R$

15 bilhões por ano do Estado. Se conseguir parar

de perder parte desse dinheiro já está bom.

Espero que essa lista seja só o começo.

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,

programa-e-timido-e-sem-impacto-fiscal-

relevante-diz-economista,70002977274

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Data: 22/08/2019

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MP da Liberdade Econômica institui

autorização automática para desmatamento

Licença é emitida caso órgãos do meio ambiente

atrasem a concessão de licenças ambientais

André Borges, Lorenna Rodrigues e Daniel

Weterman, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - A Medida Provisória 881, a chamada

MP da Liberdade Econômica, possui dispositivos

que autorizam ações de desmatamento

automático por empreendedores, caso órgãos do

meio ambiente venham a atrasar a emissão de

licenças ambientais. Ficam dispensadas ainda de

pedidos de licenças casos que sejam

considerados de baixo impacto.

As propostas pegaram de surpresa deputados e

especialistas que acompanham o assunto e

estavam voltados, até agora, ao texto da Lei

Geral do Licenciamento Ambiental, que tramita

na Câmara. A MP 881, que a rigor tem a missão

de instituir a “Declaração de Direitos de

Liberdade Econômica”, não vinha sendo

acompanhada com detalhes sobre medidas para

a área ambiental.

A MP da Liberdade Econômica foi aprovada pelo

Senado. O artigo 3º da MP institui, por exemplo,

a autorização de “desenvolver atividade

econômica de baixo risco, para a qual se valha

exclusivamente de propriedade privada própria

ou de terceiros consensuais, sem a necessidade

de quaisquer atos públicos de liberação da

atividade econômica”. Para aprovar o texto, o

governo combinou com os senadores que enviará

decreto para deixar claro que a dispensa de

licenças não valerá para questões ambientais.

Segundo o advogado e especialista na área

ambiental, Maurício Guetta, do Instituto

Socioambiental (ISA), esse dispositivo dispensa

de licenciamento e de outros atos autorizativos

ambientais, como autorização para supressão de

vegetação (desmatamento) de toda e qualquer

atividade econômica de baixo risco.

“Os impactos contra o meio ambiente presentes

na medida são irreversíveis e de grandes

proporções, além de ser flagrante a

inconstitucionalidade da aprovação automática de

atos ambientais, como a autorização de

supressão de vegetação. Eventual aprovação da

medida atentaria gravemente contra os anseios

da sociedade brasileira pela preservação da

Amazônia, hoje em chamas”, disse ao Estado.

O MP trata ainda da polêmica exclusão dos

impactos indiretos dos processos de

licenciamento ambiental. Esse é um dos

principais itens que têm causado discussão com o

projeto da Lei Geral do Licenciamento. Pela

regra, só seriam incluídos no processo de

compensação ambiental aquelas regiões

atingidas diretamente por um projeto. Na

liberação de uma hidrelétrica, por exemplo,

apenas os locais que tiveram suas áreas cobertas

por um reservatório seriam incluídos no

processo. Os demais municípios do entorno até

podem sofrer com os impactos, mas não seriam

contemplados com ações de mitigação dessas

obras.

Na avaliação dos especialistas, trata-se de uma

limitação inconstitucional que, além de contrariar

a teoria e a prática do licenciamento no Brasil,

tende a resultar em insegurança jurídica ao

processo de licenciamento e a ampliar a

judicialização.

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,

mp-da-liberdade-economica-institui-autorizacao-

automatica-para-desmatamento,70002976840

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Data: 22/08/2019

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VALOR ECONÔMICO Equipe econômica planeja vender Petrobras

até 2022

Por Cristiano Romero, Claudia Safatle, Estevão

Taiar e Lu Aiko Otta | De São Paulo e Brasília

A equipe econômica do governo pretende

privatizar a Petrobras até 2022, último ano de

mandato do presidente Jair Bolsonaro. A estatal

não foi incluída na lista de 17 empresas que

serão vendidas nos próximos meses e anos, mas,

segundo informou ao Valor uma fonte graduada

do governo, faz parte do plano de

desestatização.

Na noite de terça-feira, ao discursar no evento de

lançamento do anuário " Valor 1000", o ministro

da Economia, Paulo Guedes, ironizou a

resistência de corporações de funcionários à

privatização. "Tem gente grande aí que acha que

não será privatizada, mas vai entrar na faca",

disse Guedes, após revelar que o governo

anunciaria, no dia seguinte, a lista das 17

estatais a serem vendidas. "Ano que vem tem

mais", avisou.

No fim da tarde de ontem, Martha Seillier,

secretária do Programa de Parcerias e

Investimentos (PPI), divulgou a relação das

empresas, que inclui, entre outras, Eletrobras,

Correios, Casa da Moeda, Emgea, Lotex, Serpro,

Dataprev e as companhias docas de São Paulo

(Codesp) e do Espírito Santo (Codesa).

O mercado reagiu bem ao pacote. As ações da

Eletrobras, estatal mais valiosa da relação,

registraram ontem a maior alta do Ibovespa,

atingindo os preços mais altos de sua história: a

ação ordinária (ON, com direito a voto) subiu

12,39% e a preferencial (PN), 11,80%, ambas

cotadas a R$ 45.

Mesmo fora da lista, ações de outras duas

grandes estatais tiveram altas significativas - a

ON da Petrobras valorizou-se 5,32% e a PN,

5,95%. No caso do Banco do Brasil, o papel

avançou 5,72%. Segundo o site " Valor Investe",

considerando as ações de quatro estatais

(Eletrobras, Petrobras, BB e Telebras), duas

delas inseridas no rol das que serão vendidas, o

valor de mercado conjunto subiu R$ 33 bilhões

ontem.

As 133 estatais federais têm patrimonio líquido

de R$ 655 bilhões, sendo que R$ 602,5 bilhões

estão concentrados nas cinco maiores (Petrobras,

Eletrobras, BB, Caixa e BNDES). Em 2017, 22

fecharam com patrimônio líquido negativo de R$

46,47 bilhões.

https://www.valor.com.br/brasil/6402115/equipe

-economica-planeja-vender-petrobras-ate-2022

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Data: 22/08/2019

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Governo planeja privatizar Petrobras em

2022

Por Cristiano Romero, Lu Aiko Otta e Estevão

Taiar | De São Paulo e de Brasília

A equipe econômica do governo pretende

privatizar a Petrobras até 2022, último ano do

mandato do presidente Jair Bolsonaro. A estatal

não foi incluída na lista de 17 empresas que

serão vendidas nos próximos meses e anos, mas,

segundo informou ao Valor fonte graduada do

governo, faz parte do plano de desestatização.

Na noite de terça-feira, ao discursar no evento

"Valor 1000", o ministro da Economia, Paulo

Guedes, ironizou a resistência de corporações de

funcionários à privatização. "Tem gente grande aí

que acha que não será privatizada, mas vai

entrar na faca", disse Guedes após revelar que o

governo anunciaria, no dia seguinte, a lista das

17 estatais a serem vendidas. "Ano que vem tem

mais."

O mercado reagiu bem ao pacote. As ações da

Eletrobras, estatal mais valiosa da relação,

registraram a maior alta do Ibovespa, chegando

ao valor mais elevado de sua história: a ação

ordinária (ON, com direito a voto) subiu 12,39%

e a preferencial (PN), 11,80%.

Mesmo fora da lista, ações de outras duas

grandes estatais tiveram altas significativas - a

ON da Petrobras valorizou-se 5,32% e a PN,

5,95%. No caso do Banco do Brasil, o papel

avançou 5,72%.

No fim da tarde de ontem, o governo divulgou a

relação das 17 empresas, sendo que a venda de

oito já estava prevista. Nove estatais na carteira

do Programa de Parcerias de Investimentos

(PPI): Correios, Telebrás, Serpro, Dataprev,

Agência Brasileira Gestora de Fundos

Garantidores e Garantias (ABGF), Empresa

Gestora de Ativos (Emgea), Centro de Excelência

em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec),

Lotex e o Porto de Santos (SP), o maior da

América Latina. Também foi autorizada a venda

de 20,8 milhões de ações da União no Banco do

Brasil, que excedem o necessário para manter o

controle acionário.

O processo para a venda das nove estatais será

longo. Correios, Telebrás, Serpro e Dataprev

foram inscritos no programa para serem

estudados. Ou seja, não se sabe como essas

empresas serão vendidas. É preciso encontrar

um modelo que torne o negócio atraente para a

iniciativa privada. "O importante não é timing, é

atitude", disse o secretário de Desestatizações,

Desinvestimentos e Mercados, Salim Mattar.

"Queremos reduzir o tamanho do Estado."

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de

Freitas, reforçou esse discurso. "É como se eles

[projetos] entrassem em uma linha de

produção", disse, referindo-se às várias etapas

até que a desestatização seja concluída. "Quando

[o projeto] entra no PPI, não temos certeza de

que aquilo seja viável." A estimativa do governo

federal é que a desestatização de toda a carteira

atual do PPI gere investimentos de R$ 1,3

trilhão.

A venda da ABGF ainda está em formatação,

disse Mattar. Ela deve parar de fornecer

garantias a projetos em infraestrutura, deixando

a tarefa para a iniciativa privada. No entanto,

poderá permanecer fornecendo garantias de

risco-país. O secretário afirmou que o governo

não pretende colocar as exportações brasileiras

em risco.

Depois de duas tentativas fracassadas de venda

da Lotex, o governo decidiu reduzir o requisito de

habilitação do comprador. Ele deve ter

experiência em administração de loterias

instantâneas. O governo diminuiu, porém, a

receita mínima exigida do candidato à compra

em 12 meses, de R$ 1,2 bilhão para R$ 650

milhões.

O PPI autorizou ainda a elaboração de projetos

para atrair investimentos privados em Estados e

municípios. O BNDES vai estruturar Parcerias

Público-Privadas (PPPs) na área de iluminação

pública. Segundo o ministro-chefe da Casa Civil,

Onyx Lorenzoni, será apresentado nos próximos

Data: 22/08/2019

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dias um programa de combate ao crime violento

elaborado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro.

A melhora da iluminação pública em áreas

sensíveis é um dos itens. Governadores e

prefeitos poderão usar parcerias com empresas

também para construir presídios.

Onyx informou ainda que o Ministério de Minas e

Energia (MME) está realizando estudos para a

privatização da área de refino da Petrobras.

"Estamos indo passo a passo, a Petrobras é

gigantesca", disse, citando, por exemplo, a

abertura de capital da BR Distribuidora. "Ainda

temos muito a fazer antes de trazer todas as

áreas [da empresa] para o processo de

privatização ou desestatização." Segundo ele, a

privatização da Petrobras tem que passar não só

por estudos do MME, mas também das equipes

do PPI e do BNDES.

No anúncio, a secretária especial do PPI, Martha

Seillier, disse ainda que há um estoque de mil

creches inacabadas deixadas pelo antigo

Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Os estudos-piloto vão buscar empresas

interessadas em concluir os empreendimentos e

operá-los. Como contrapartida, haveria vales-

creche.

Os estudos serão feitos pelo BNDES e serão

opção de prefeitos e governadores aderirem ao

programa, disse Onyx. O banco foi autorizado

também a selecionar consultorias para a

estruturação de projetos de concessão por meio

de uma "shortlist", disse Martha. A falta de

projetos é a principal queixa de investidores

privados. Há capital abundante no mundo e

interesse em investir no Brasil, que oferece boa

rentabilidade em seus projetos de infraestrutura.

No entanto, há poucas opções de negócios na

prateleira. O modelo com adoção de "shortlist"

permitirá a contratação mais célere de

consultorias e a elaboração de mais projetos com

qualidade técnica.

https://www.valor.com.br/brasil/6402083/govern

o-planeja-privatizar-petrobras-em-2022

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Com desinvestimento já em curso, governo

colocará a venda uma empresa mais enxuta

Por André Ramalho, Rodrigo Polito e Francisco

Góes | Do Rio

Novo alvo do programa de privatizações do

governo, a Petrobras vem avançando com uma

agenda intensa de desinvestimentos que

culminou em uma série de vendas nos últimos

anos, no mercado de óleo e gás. Desde 2017, a

petroleira repassou, para a iniciativa privada, o

controle de três subsidiárias (NTS, TAG e BR). A

expectativa é que a lista de alienações aumente

e que, se confirmada a desestatização da

empresa, o governo oferte ao mercado, nos

próximos anos, uma Petrobras completamente

diferente, mais enxuta e focada essencialmente

na produção de petróleo.

Em pouco mais de dois anos, a Petrobras

concluiu as privatizações da Nova Transportadora

do Sudeste (NTS), da Transportadora Associada

de Gás (TAG) e da BR Distribuidora, que, juntas,

renderam US$ 17,7 bilhões à estatal. Além delas,

a petroleira também tem planos de se desfazer

da L iquigás e da Transportadora Brasileira

Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG).

A privatização da BR, concluída depois da oferta

secundária que reduziu a fatia da Petrobras na

empresa de 71,25% para 37,5%, em julho, pode

ser um modelo inspirador para a venda do

controle da petroleira, na avaliação do consultor

Adriano Pires. Para o diretor do Centro Brasileiro

de Infraestrutura (CBIE), o negócio poderia

envolver a transformação da Petrobras em uma

empresa sem controle definido, a exemplo da

distribuidora. Ele acredita que, se o governo for

bem-sucedido na privatização da Eletrobras, a

"bola da vez", em seguida, será a petroleira, em

2020.

O governo detém 28,7% do capital total da

Petrobras. Indiretamente, a União possui mais

14%, relativos às fatias do Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e

BNDESPar.

Uma fonte da administração da Petrobras disse

ao Valor, sob a condição de anonimato, que,

embora não conheça detalhes dos planos do

governo, um primeiro passo para a privatização

da petroleira poderia envolver a unificação das

ações ordinárias e preferenciais da estatal. A

partir daí, com os papéis mais valorizados, a

União teria melhores condições de retorno para

vender suas ações por lotes. A fonte vê como

provável, ainda, a adoção de uma "golden

share".

Uma outra fonte, do próprio governo, reconhece,

também sob a condição de anonimato, que o

plano do governo é de difícil implementação, por

depender da aprovação pelo Congresso. Em

junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu

dispensar o aval legislativo para a venda de

subsidiárias estatais, mas determinou que a

privatização de "empresas-mães" (controladoras

e holdings) precisa de aprovação de lei

específica.

Para o primeiro diretor-geral da Agência Nacional

do Petróleo (ANP), David Zylbersztajn, por sua

vez, a privatização da Petrobras deixou de ser

um tabu. Ele afirma que, nos governos do PT

(2003-2016), houve uso ideológico da estatal,

retomando-se a ideia de que "o petróleo é

nosso", slogan fundador da Petrobras. Para ele, a

sociedade mudou a sua visão. "Já havia

começado ali [no governo Michel Temer] um

aculturamento da sociedade de que não existe

molécula de petróleo e gás estatal".

Pires, do CBIE, diz que, na história recente, não

houve nenhum movimento sério e objetivo para

privatizar a Petrobras - criada por Getúlio Vargas

Data: 22/08/2019

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em 1953. O debate político sobre o assunto

esteve presente nos governos Fernando Collor de

Mello e Fernando Henrique Cardoso, que

impulsionaram as privatizações em diferentes

áreas, nos anos 1990, mas nunca chegaram a

incluir a petroleira em um processo de

desestatização, como aconteceu com Telebrás e

Vale. O próprio FHC, no primeiro mandato,

escreveu carta se comprometendo a não

privatizar a empresa.

Para reduzir dívidas, a estatal avançou, nos

últimos anos, com um plano robusto de venda de

ativos, intensificado na gestão atual, de Roberto

Castello Branco. A Petrobras é uma empresa

verticalizada, presente em todos os elos da

cadeia, da produção de petróleo ao refino,

logística e distribuição. Para o professor da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),

Edmar Almeida, se confirmada a privatização, a

tendência é que o governo oferte ao mercado

uma Petrobras mais enxuta.

"A Petrobras está se transformando numa

empresa ainda integrada, mas muito mais focada

em exploração e produção. Se a reestruturação

der certo, vai se tornar, no futuro, numa das

maiores exportadoras do mundo", avalia.

https://www.valor.com.br/brasil/6402087/com-

desinvestimento-ja-em-curso-governo-colocara-

venda-uma-empresa-mais-enxuta

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Data: 22/08/2019

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Desmatamento afeta imagem do país e

causa preocupação

Por Daniela Chiaretti | De Salvador

O agronegócio brasileiro está preocupado com a

alta do desmatamento, com a má imagem do

país no exterior e quer se descolar rapidamente

do segmento que pratica a ilegalidade. Os

ataques do presidente Jair Bolsonaro à Europa

são outra angústia. O bloco compra mais de US$

5 bilhões ao ano de soja brasileira e "dita

tendências". Nesse quadro delicado, "é questão

de tempo" para um boicote a produtos do Brasil.

Esses alertas são do goiano Marcello Brito, CEO

da Agropalma e presidente da Associação

Brasileira do Agronegócio (Abag). Fala em nome

de um setor que responde por mais de R$ 1,2

trilhão ao ano e contribui com mais de 20% do

PIB. "Vai custar caro ao Brasil reconquistar a

confiança de alguns mercados internacionais."

Para ele, o agronegócio não precisa avançar

sobre as terras indígenas ("já temos terras

demais), as ONGs não são o inimigo ("são mais

um player da economia), a preservação custa (e

os produtores deveriam ser remunerados por

isso) e "a riqueza bioeconômica da Amazônia é

incalculável".

Brito falou ao Valor durante a Semana do Clima,

em Salvador. A seguir os principais trechos:

Valor: O senhor faz uma distinção em relação ao

setor da economia que representa. Diz que fala

em nome do agronegócio legal. Por quê?

Marcello Brito: Faço questão de dizer isso pelo

seguinte: a agricultura brasileira há 20 ou 30

anos era de baixa tecnologia e crescia por

expansão de área. Em anos mais recentes, a

agricultura brasileira, que é uma das mais

especializadas do mundo, cresceu muitíssimo em

tecnologia e em produtividade. Só que o mesmo

ranço que colava no agronegócio, de

desmatamento irracional, continuou no setor.

Quando hoje pegamos os dados, sejam eles de

qualquer ONG internacional e nacional, sejam de

qualquer instituto governamental, a gente vê que

o desmatamento não tem ligação com o

agronegócio. Pelo menos 80% do desmatamento,

alguns falam em 90%, não têm relação com o

agronegócio.

Valor: Tem ligação com quem?

Brito: Grilagem de terra, desmatamento ilegal

para madeira, agricultura familiar, comunidades

locais e assentamentos. Esse pessoal está ainda

ligado a desmatamento porque tem baixa

tecnologia e são obrigados a fazer agricultura de

rotação: derruba a mata, toca fogo, aduba o solo

com cinzas. Mas, como o solo amazônico é ruim,

vai produzir dois ou três anos, no máximo. Aí vai

para outro lugar e fazem a mesma coisa.

Valor: O sr. fala de agricultura de alta eficiência,

mas a pecuária ainda tem índices muito ruins.

Brito: Baixíssimos. A pecuária brasileira ainda

pode evoluir muito. O Mauro Lúcio, de

Paragominas [Mauro Lúcio Costa, ex-presidente

do Sindicato dos Produtores Rurais de

Paragominas, Pará], costuma dizer que o pasto

dele não é hotel, é indústria, e tem que ter no

mínimo três cabeças por hectare para justificar o

investimento. A nossa pecuária ainda tem 0,8 ou

0,9 cabeça por hectare. É muito ruim.

Valor: E desmata?

Brito: Diria que a pecuária vem dar ar de

"seriedade" ao processo. Alguém vai, derruba,

usa a madeira. A boa vai para as madeireiras e

para o mercado, a ruim vira carvão. E alguém vai

tentar tomar conta da terra e legalizar. Para

fazer isso, tem que dar alguma atividade

econômica. Qual a atividade econômica mais

simples de se colocar em uma terra ilegal? Gado.

Estou falando aqui das atividades ilegais. Mas eu

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falo nas minhas palestras em nome do

agronegócio legal. De gente séria, que tem CAR

[Cadastro Ambiental Rural] emitido, reserva legal

e que produz direito.

Valor: O sr. diz que é um setor "monstruoso" de

grande.

Brito: O Brasil tem mais de 5 milhões de

propriedades rurais, segundo o censo rural do

IBGE sendo que 85% são de até 50 hectares.

Boa parte da produção brasileira está sendo feita

por pequenos produtores, gente que tem nisso

seu emprego, sua subsistência.

Valor: Mas qual o tamanho do agronegócio?

Brito: Se se somar o alimento lá para dentro da

porteira da fazenda e fazer toda a cadeia, com

insumos e equipamentos, alimentos in natura,

processamento de alimentos e contabilizado a

venda no supermercado, este é um setor que

movimenta mais de R$ 1,2 trilhão ao ano. Aqui

não estão incluídos algodão, que é agro mas é

usado para fazer roupa, cosméticos e fármacos.

Na Agropalma, por exemplo, 20% da venda vai

para cosméticos. É um setor muito importante

para a economia e ultrapassa, em muito, o dado

oficial, que é 20% do PIB.

Valor: Há setores da agricultura jogando para

trás. Como o sr. vê isso?

Brito: Não existe nenhum setor, no Brasil ou no

mundo, em que não exista gente empurrando

para a frente, e outros, para trás. Acho que

chegamos em um ponto no Brasil em que existe

uma parcela grande do agro que já enxergou que

os conceitos do desenvolvimento têm que ser

outros.

Valor: Parecem ser poucos.

Brito: É que os que são contrários fazem mais

barulho. Mas veja, temos pecuária sustentável de

altíssima qualidade, produção de açúcar e álcool

que dá show de sustentabilidade, a mesma coisa

com laranja. Temos provavelmente a indústria de

papel e celulose mais limpa do mundo.

Valor: O que pensa sobre a alta do

desmatamento?

Brito: A alta do desmatamento é resultado de

percepção. Se se encara que a fiscalização

diminuiu - e vamos ser sinceros, não diminuiu só

por parte do governo federal, mas também pelos

governos estaduais, porque está todo mundo

quebrado. Se o presidente insiste em dizer que

ambiente não é o foco dele, passa-se a

percepção ao pessoal que pode desmatar.

Valor: Mas é um problema e está acontecendo.

Brito: Sim. Começa a mobilizar setores do agro

que sabem que vai dar problema de acesso a

mercado, no preço do produto. Quando se

personifica um setor como tudo que há de ruim

em termos ambientais, ninguém ganha. Ataca-se

o valor direto do seu produto. A pergunta é: a

quem interessa transformar o Brasil em um pária

ambiental do mundo?

"O que podemos fazer é trabalhar de forma

uníssona para tentar reverter o máximo possível,

os danos"

Valor: O sr. acha que este descredenciamento

que o governo fez ao Inpe pode tirar a

credibilidade do dado oficial do desmatamento do

Brasil?

Brito: Pode acontecer. Mas acredito que o dado

do Prodes [que diz o desmatamento anual, do

Inpe] vai confirmar os números que o Deter

havia dito. Não consigo ver o Brasil alterando

dados do IBGE ou de onde quer que seja.

Valor: Até porque, com os satélites, a Amazônia

é monitorada por vários sistemas.

Data: 22/08/2019

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Grupo de Comunicação

Brito: Exatamente. O que reclamo disso é se

colocar a credibilidade do único instituto que é

nosso, e que é oficial, em jogo.

Valor: A imagem do Brasil no exterior está muito

ruim. Qual o risco para os negócios?

Brito: Esta semana dois grandes nomes da

imprensa alemã [a revista "Der Spiegel" e o

jornal "Die Zeit"] esboçaram em suas páginas

que já é hora de começar o boicote dos produtos

brasileiros. Recebi a notícia no nosso grupo do

Agro [ele lê a tradução de um artigo]: "A Europa

não deve ficar de braços cruzados enquanto um

preconceituoso, cético da ciência, movido pelo

ódio, sacrifica vastas áreas de florestas para

pecuaristas e plantações de soja". Os caras já

estão atacando a soja.

Valor: E agora?

Brito: Temos que lembrar que a Europa é um

enorme comprador de produtos brasileiros.

Falam: "Ah, não, é pequena". Só de soja são

mais de US$ 5 bilhões ao ano. Ou seja, falar que

se pode abandonar a Europa é uma bobagem. E

o segundo ponto é mais importante: a Europa

continua ditando as tendências do consumo

mundial.

Valor: E os chineses?

Brito: Na abertura do nosso evento [Congresso

Brasileiro do Agronegócio, no início do mês], o

presidente da Cofco International [Chi Jingtao],

que é o maior comprador do agro brasileiro,

disse que a empresa se tornou sustentável e tem

compromissos verdes. Disse que acabou de

pegar um empréstimo de US$ 2,3 bilhões com

contrapartida socioambiental e que vai monitorar

a sua cadeia de suprimentos no mundo todo.

Uma pesquisa que diz que 47% da população

chinesa entre 18 e 30 anos coloca como primeiro

item decisivo de compra de um produto sua

rastreabilidade socioambiental.

Valor: São os compradores do futuro.

Brito: Exato. Uma década à frente, este é o

pessoal que estará comandando o PIB chinês. A

Cofco diz isso porque é uma empresa séria, que

está pesquisando o mercado mundial e sabe que

é isso que se quer hoje. A mesma coisa a Cargill

ou a Unilever.

Valor: E o setor está preocupado com esse

discurso.

Brito: Você não tem ideia.

Valor: Como vão mudá-lo?

Brito: O discurso é mudado pelo amor ou pela

dor. A indústria de óleo de palma do mundo

passou pela maior transformação que uma

indústria do agro já passou nos últimos 15 anos

por imposição do mercado. Temos que parar com

esta mania de achar que o Brasil é o único

produtor mundial e que, se a gente não fornecer,

ninguém o fará. A lei de mercado é clara: deixe

um espaço vazio e alguém vai ocupá-lo. O foco

dos próximos anos não é produzir o que a gente

quer, mas o que o mercado demandar.

Valor: Mas não é este o discurso da base

ruralista ou do presidente Jair Bolsonaro. É por

isso que há eco lá fora.

Brito: Não podemos transformar o presidente da

República. O que podemos fazer, o nosso setor, é

trabalhar, de forma uníssona para tentar

reverter, o máximo possível, os danos.

Valor: Qual a consequência no setor?

Brito: Isso pode - não estou falando que vai -

criar dois movimentos dentro do agro. Um

movimento fornecedor de primeira linha, que são

os produtores antenados com as mudanças e que

estão produzindo de forma rastreável e

sustentável. E aqueles de segunda linha que

terão desconto no preço do produto.

Data: 22/08/2019

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Grupo de Comunicação

Valor: Este consumidor de primeira linha pensa o

que sobre terras indígenas?

Brito: Pensa que tem que continuar assim. O

primeiro índice de detração negativa do Brasil no

exterior, que são as matérias contrárias ao

agronegócio do Brasil, é desmatamento. O

segundo são os agroquímicos. O terceiro são as

ameaças aos povos indígenas.

Valor: Na percepção de vocês, é questão de

tempo que parem de comprar do Brasil?

Brito: É questão de tempo.

Valor: O que vocês farão?

Brito: Todo relacionamento de início é mais fácil

de você construir. O relacionamento que se

quebra é muito mais difícil de reconstruir. Vai

custar caro ao Brasil reconquistar a confiança de

alguns mercados internacionais. A Indonésia

brigou, brigou, brigou [para convencer os

compradores de que não desmatava]. Perdeu

mais de 50% do óleo de palma que vendia na

Europa há dez anos, em volume. E o óleo de

palma como matéria-prima de biodiesel terá que

ser retirado do mercado europeu entre 2020 e

2030.

"Temos um potencial de Pagamento de Serviços

Ambientais muito grande pela nossa

biodiversidade"

Valor: Isso acaba com um setor.

Brito: A Indonésia tem o maior setor de óleos

vegetais do mundo e o exemplo mostra que não

adianta brigar contra mercado de consumo. É ele

que dá a ordem. No mercado de alimentos,

naqueles países mais desenvolvidos, em que o

grau educacional é mais alto, mais e mais

pessoas estarão olhando a rastreabilidade do

produto que irão comprar.

Valor: Vocês levaram anos construindo esta

imagem. Ela é quebrada rapidamente?

Brito: Muito rapidamente.

Valor: O que farão na questão dos agrotóxicos?

Brito: Ali é uma questão ideológica. Você

conhece algum país do mundo que não utiliza

agroquímicos na agricultura?

Valor: Mas a liberação de agrotóxicos foi muito

alta.

Brito: Não. Foram sete liberados, os outros todos

são só genéricos. É como a aspirina e o ácido

acetilsalicílico. E moléculas novas são mais

seguras.

Valor: O agronegócio precisa entrar nas terras

indígenas?

Brito: Não precisa e discordo frontalmente.

Temos terra demais. Porque precisamos entrar

lá? O que ganhamos com este discurso? Se tiver

minério suficiente ali e de alta qualidade que

beneficie o Brasil, ótimo. Já faz parte da

Constituição brasileira. É só ter um projeto

benfeito e o Congresso aprová-lo.

Valor: Por que o sr. veio a essa reunião sobre

mudança do clima?

Brito: Ciência para mim tem muita importância.

Acredito na interferência humana na mudança

climática. Não vejo como o nosso setor pode

evoluir de forma sistemática sem implementar as

novas ferramentas que a tecnologia nos dá para

quebrar paradigmas de produção.

Valor: Como isso se reflete na Agropalma?

Brito: Nossa empresa está no Pará há 37 anos e

monitoramos ciclo de chuva diariamente há 30

anos. Notamos uma mudança gigante no ciclo de

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vida daquela região. Agricultura precisa de água,

água vem de chuva, e chuvas vêm de florestas.

Valor: Como a negociação do Acordo de Paris se

reflete nos negócios?

Brito: No longo prazo não há outro setor no

Brasil que possa se beneficiar tanto deste

mercado de clima. Temos um potencial de

Pagamento de Serviços Ambientais [PSA] muito

grande pela nossa biodiversidade, pelo excedente

de reserva legal.

Valor: O sr. diz que custa manter a preservação.

Como?

Brito: Nas negociações internacionais não há

valor pelo carbono que está estocado nas

florestas. Lá na nossa empresa, por exemplo,

deveríamos ter 40 mil hectares de reserva legal,

mas temos 64 mil. Temos 24 mil de excedente,

posso ter Pagamento de Serviço Ambiental por

esta adicionalidade. Mas isto não foi ainda

regulamentado.

Valor: Como o sr. vê este futuro?

Brito: Em três frentes. Uma é o carbono estocado

no solo, em florestas. A segunda, em culturas

perenes de longo ciclo como coco, palma,

macaúba, cacau e outras em que se agrega

muita biomassa no ciclo produtivo e no solo.

Pode ser mais um item de valor para a produção

brasileira. O terceiro ponto é a soma do estoque

de carbono abaixo do solo com o que temos

acima do solo.

Valor: Qual conta?

Brito: O Brasil tem mais de 60% de sua área de

cobertura verde florestal. Caso se consiga

calcular quantos por cento do PIB é gasto para

fazer esta manutenção, veremos que o custo

para o Brasil é muito mais alto do que para a

maioria dos países que não têm isso.

Valor: Mas qual custo?

Brito: Quanto custa o Ibama? A segurança? As

secretarias estaduais de Meio Ambiente? Os

satélites para fazer o monitoramento? Quanto

custa a Funai? Isso custa ao Brasil. E se isso

fosse transformado em economia? Se se

calculasse quanto tem de madeira ali dentro? De

fármacos e de bioeconomia? Sou pragmático: o

que não se consegue dar valor e gerenciar, não

tem valor.

Valor: Isso vocês querem defender na

conferência do Chile, a CoP?

Brito: Disse ao Ricardo [Salles, ministro do Meio

Ambiente] que se queremos dinheiro de fora

precisamos regulamentar o artigo 41 do Código

Florestal, que trata disso. E ter isto acordado no

Chile. A ideia é regulamentar como este dinheiro

pago por alguém chegará ao produtor.

Valor: O sr. acredita na exploração sustentável

da Amazônia?

Brito: O Brasil tem este potencial agrícola

maravilhoso porque é um país tropical. Tem este

potencial turístico maravilhoso porque é um país

tropical. Porque não temos orgulho também de

sermos donos da maior floresta tropical do

mundo? E dar a ela o melhor tratamento que a

bioeconomia pode oferecer? A riqueza

bioeconômica da floresta amazônica é

incalculável.

Valor: O sr. acha que há países que querem

tomar a Amazônia do Brasil?

Brito: Não, de jeito nenhum. Este é um pepino

que é nosso. Ouvi muito este discurso na década

de 70, ele não cabe mais em 2019. Isso é de

uma bobagem completa.

Valor: As ONGs são o inimigo?

Brito: Considero as ONGs representantes de uma

parcela da sociedade. Seja ela mais ou menos

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radical. Existem ONGs de campanha e de

ciências. Todas as parcerias que fizemos com

ONGs científicas foram extremamente salutares.

Em relação às ONGs de campanha, elas estão

fazendo as campanhas deles, eu não me importo.

É um processo com mais um player na economia

brigando por algo que acredita.

Valor: O Fundo Amazônia é nocivo?

Brito: Não. É bom. E, se o governo atual tinha

vontade de renegociar as cláusulas, poderia ter

renegociado com todos reunidos em uma sala

discutindo a posição. No final divulgariam o novo

acordo sem nenhum estrago como esse que foi

feito. Na situação financeira em que estamos não

dá para abrir mão de R$ 3 bilhões.

Valor: O Brasil perdeu não fazendo a CoP do

clima?

Brito: Perdeu muito. Você sai ganhando onde é

protagonista e não onde vai a reboque.

A jornalista viajou a Salvador a convite do

Instituto Clima e Sociedade (iCS)

https://www.valor.com.br/brasil/6402077/desma

tamento-afeta-imagem-do-pais-e-causa-

preocupacao

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Data: 22/08/2019

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Grupo de Comunicação

Com país na berlinda, OCDE prepara exame

da política ambiental do Brasil

Por Assis Moreira | De Genebra

A política ambiental do Brasil será alvo de exame

na Organização para Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OCDE) no fim de

setembro, num exercício politicamente delicado

depois de polêmicas do presidente Jair Bolsonaro

sobre esse setor.

O Brasil precisará adaptar sua legislação a 253

instrumentos da OCDE, na sua tentativa de

aderir à entidade. Desse total, 40% são nas

áreas de ambiente e químico.

Brasília pediu para já aderir a 37 recomendações

da OCDE na área ambiental, por considerar que

as políticas brasileiras são compatíveis com elas.

A avaliação brasileira é de que as legislações no

país têm muita convergência com as

recomendações da OCDE.

Nesse contexto, o Comitê de Política de Meio

Ambiente da OCDE marcou para o fim de

setembro reunião para examinar até que ponto

as políticas e práticas do Brasil estão realmente

em linha com as 37 recomendações às quais o

país quer aderir.

Na OCDE, as recomendações são atos que,

apesar de não serem juridicamente vinculantes,

representam a vontade política dos países-

membros e, como tal, impõem forte incentivo

para sua implementação.

Mas o que deveria ser quase um exame de rotina

toma nova dimensão depois da animosidade de

Bolsonaro em relação a países como Alemanha,

França e Noruega envolvendo a área ambiental.

Dificilmente os países na OCDE vão se limitar a

indagar sobre políticas sobre ruído ou resíduos.

Um dos focos deverá ser a proteção da

Amazônia, por exemplo. O governo Bolsonaro

decidiu enviar à OCDE uma delegação chefiada

pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

O Brasil está no centro das atenções. O

secretário-geral da OCDE, José Ángel Gurría,

depois de ter se encontrado com Bolsonaro à

margem da cúpula do G-20, em junho, em Osaka

(Japão), fez uma palestra em Genebra na qual

afirmou que "no Brasil a exploração madeireira

na Amazônia está se acelerando a uma taxa

alarmante".

Ele colocou o país em companhia dos EUA, que

elevam a produção de petróleo e gás com

"fracking" (fraturamento hidráulico); Canadá,

que expande emissões de carbono com a

indústria de areias betuminosas (espécie de

petróleo em estado semissólido); Austrália, com

nova usina de carvão que poderá se tornar a

maior do mundo; México, que anunciou plano de

nova usina de energia a carvão; China e Índia,

que continuam a liderar a demanda por carvão.

Ao mesmo tempo, o secretário-geral da OCDE

destacou avanços em países como a Noruega,

onde o fundo soberano local suspendeu

investimentos de US$ 13 bilhões em combustível

fóssil e redirecionou US$ 20 bilhões para

renováveis. E a Alemanha, que planeja acabar

até 2030 com as usinas de energia à base de

carvão.

Gurría mencionou a Costa Rica como próxima de

se tornar o primeiro país no mundo neutro em

emissões de carbono, e a Nova Zelândia, que

baniu novas permissões para exploração

"offshore" de petróleo e gás.

https://www.valor.com.br/brasil/6402101/com-

pais-na-berlinda-ocde-prepara-exame-da-

politica-ambiental-do-brasil

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Data: 22/08/2019

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Bolsonaro insinua relação entre ONGs e

queimadas

Por Renan Truffi e Fabio Murakawa | De Brasília

O presidente Jair Bolsonaro insinuou ontem que

ONGs que atuam em defesa do ambiente e

supostamente recebiam recursos do exterior

podem ter ligação com aumento de queimadas

na Amazônia, registradas nos últimos dias. Ele

ressaltou que não está "afirmando" que há

relação, mas descreveu um roteiro em que os

fatos coincidiriam com o fim da "boquinha" para

essas instituições, que teriam deixado de receber

recursos do Fundo Amazônia por decisão de

países como a Noruega e a Alemanha.

"O crime existe, e isso aí nós temos que fazer o

possível para que nesse crime não aumente, mas

nós tiramos dinheiros de ONGs. Dos repasses de

fora, 40% ia para ONGs. Não tem mais.

Acabamos também com o repasse de dinheiro

público. De forma que esse pessoal está sentindo

a falta do dinheiro. Então, pode estar havendo,

não estou afirmando, ação criminosa desses

ongueiros para exatamente chamar a atenção

contra a minha pessoa, contra o governo do

Brasil. Essa é a guerra que nós enfrentamos",

disse.

Questionado se tinha certeza sobre a participação

de alguma ONG nas queimadas, Bolsonaro disse

que não está "afirmando", mas que "há

interesses". "Não estou afirmando (que são as

ONGs). Temos que combater o crime, depois

vamos ver quem é o possível responsável pelo

crime. Mas, no meu entender, há interesse

dessas ONGs, que representam interesses de

fora do Brasil", respondeu.

Como argumento, Bolsonaro disse que os focos

de queimadas aconteceram em "lugares

estratégicos" e que havia pessoas preparadas

para "filmar" os incêndios na floresta. "Parece

que o fogo foi tocado, me parece, em lugares

estratégicos. [Há] imagens na Amazônia toda,

como é que pode? Nem vocês [imprensa] teriam

condições de colocar fogo e filmar e mandar para

fora. Ao que tudo indica, [o pessoal] foi para lá

filmar e tocaram fogo. É esse o meu sentimento,

temos que combater o crime e depois buscar os

criminosos", disse.

Questionado sobre reportagens de jornais da

região amazônica que apontam para a

possibilidade de produtores estarem envolvidos

nas queimadas por se sentirem amparados por

suas palavras, Bolsonaro foi evasivo. "Nenhum

jornal local me procurou para conversar", disse.

Em seguida, ele tentou culpar governadores do

Norte e insinuou conivência com os crimes. "Olha

só, tem governador, não quero citar nome, que

está conivente com o que está acontecendo e

bota a culpa no governo federal. Tem Estados aí,

que não quero citar, na região Norte, que o

governador não está movendo uma palha para

ajudar a combater incêndio. [Tem governador

que] está gostando disso daí. Não quero criticar

porque vem um contragolpe, mas é uma

realidade", disse.

Por fim, Bolsonaro disse que o governo não está

"insensível" às queimadas e que deve enviar as

Forças Armadas para a região. "É a pior onda [de

queimadas]. É um crime. O governo não está

insensível para isso, mas temos uma guerra

acontecendo no mundo contra o Brasil. Uma

guerra de informação. As Forças Armadas,

devemos usar, talvez a partir de amanhã,

unidades ali da região, porque não tem como

deslocar daqui para lá", disse.

Durante o Congresso Aço Brasil, em Brasília,

Bolsonaro ainda voltou a sinalizar que é contra a

participação do Brasil no acordo de Paris. E,

mostrando contrariedade, disse que não tem

"todo o poder que alguns imaginam". "Se o

acordo do clima [de Paris] fosse bom, americano

Data: 22/08/2019

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não teria saído. Nós por enquanto estamos lá",

afirmou.

Bolsonaro aproveitou para criticar mais uma vez

as demarcações de terras indígenas. Segundo

ele, o verdadeiro motivo de governos anteriores

terem de delimitado esses territórios é, no

futuro, permitir que outros países possam

explorar os recursos naturais brasileiros. "O que

eu sei é que as demarcações, em grande parte,

não são para proteger o índio, são para deixar

intacto (o território) para que, no futuro, outros

países venham nos explorar. O índio tem como

fazer lobby? Ele fala a nossa língua? Não fala",

disse.

Bolsonaro voltou a minimizar modelos de

cooperação entre países, cujo objetivo seja

preservar o meio ambiente. Na opinião do

presidente, não existe amizade entre duas

nações, mas, sim, interesses.

https://www.valor.com.br/brasil/6402103/bolson

aro-insinua-relacao-entre-ongs-e-queimadas

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Data: 22/08/2019

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DSM cria aditivo capaz de reduzir emissão

de gases na pecuária

Por Luiz Henrique Mendes | De São Paulo

Sob olhar desconfiado dos europeus, a pecuária

terá de encontrar alternativas para reduzir as

emissões de metano, um dos gases de maior

impacto sobre o aquecimento global. Nos fóruns

internacionais, o tema é incontornável. Se a

indústria da carne não encontrar uma saída,

dificilmente escapará da incidência de impostos

mais altos, como foi recentemente proposto por

parlamentares da Alemanha.

Nesse cenário, a multinacional holandesa Royal

DSM desenvolveu uma tecnologia promissora

para combater a emissão de gases do efeito

estufa pela pecuária. A nova tecnologia, citada

como uma das dez com maior potencial de

ajudar o planeta em relatório recente da

organização americana World Resources

Institute, pode ser bastante positiva para o Brasil

- grande exportador de carne bovina -, mas não

apenas. Mesmo a Europa, forte na produção de

leite, terá que reduzir as emissões de gases de

sua pecuária.

Na DSM, a tecnologia é tratada como uma

revolução. Até agora, as principais medidas de

combate às emissões de gases pela pecuária

estão ligadas ao aumento da produtividade, uma

vez que, quando engorda mais rápido, o gado

emite gases por um período de vida mais curto.

A nova tecnologia, porém, promete reduzir

efetivamente a emissão.

Segundo pesquisadores da empresa, a mistura

da uma quantidade pequena do aditivo 3-NOP -

abreviação do composto orgânico 3-

Nitrooxypropanol - na ração reduzirá as emissões

das vacas leiteiras em ao menos 25%. O

benefício é maior na pecuária de corte, com uma

redução de 30%. Atualmente, a pecuária é

responsável por 10% das emissões globais de

gases do efeito estufa.

Batizado de Clean Cow, o projeto de

desenvolvimento do produto levou dez anos. Em

julho, a DSM pediu o registro do produto aos

reguladores da União Europeia. A expectativa da

DSM é que as autoridades aprovem o aditivo até

o início de 2021, disse ao Valor Mark van

Nieuwland, diretor do programa Clean Cow. O

executivo holandês esteve no Brasil este mês

para uma conferência sobre emissões de gases

do efeito estufa em Foz do Iguaçu, no Paraná.

Assim que o produto tiver o aval europeu, a DSM

deve submetê-lo para registro no Brasil.

Conforme Nieuwland, o selo ambiental europeu

tende a facilitar o registro em outros países.

Embora ainda não haja estimativas do impacto

do novo produto para o ganhos de massa dos

bovinos, Nieuwland disse que o aditivo pode ter

reflexo positivo, na medida em que, ao inibir a

emissão de metano, o produto poupará o

dispêndio de energia pelos animais.

Diante disso, o Brasil deve ser um dos mercados

mais importantes para as vendas do produto. No

país, a DSM é dona da Tortuga, líder em ração

para bovino. A companhia tem 30% do

fornecimento de ração para gado criado em

confinamento.

Questionado, o executivo evitou fazer

comentários sobre a política ambiental do

governo Bolsonaro - alvo de muitas críticas na

Europa -, e também sobre outros governos que

duvidam do aquecimento global. No entanto, ele

argumentou que, a despeito de quaisquer

políticas, um número cada vez maior de

empresas se engaja em iniciativas para atenuar o

aquecimento global.

Data: 22/08/2019

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Entre os exemplos, Nieuwland citou a francesa

Danone, que pretende reduzir sua "pegada de

carbono" em 50% até 2030 e, até a metade do

século, se tornar "neutra" em emissões de gases

do efeito estufa. Sendo uma empresa de lácteos,

a Danone terá de atuar no combate ao metano

emitido pelas vacas, o que abre uma

oportunidade para a tecnologia da DSM.

Para a múlti, a busca por um mundo mais

sustentável não é só uma oportunidade de

negócio, mas parte de uma filosofia que

transformou a própria empresa, que tem ações

na bolsa de Amsterdã e teve receita de € 9,3

bilhões no último ano.

Quando foi fundada pelo governo holandês em

1902, a DSM era uma mina de carvão. Seu nome

faz alusão a essa origem: De Nederlandse

Staatsmijnen (Minas do Estado Holandês). Na

década de 1970, a DSM desativou as minas e,

hoje, está concentrada nas áreas de saúde,

nutrição e sustentabilidade. E o nome de batismo

ganhou novo significado: "Doing Something

Meaningful" (Fazendo Algo Significativo).

https://www.valor.com.br/agro/6402013/dsm-

cria-aditivo-capaz-de-reduzir-emissao-de-gases-

na-pecuaria

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