LIPPING - Microsoft · fiscalização de queimadas como tema de ação educativa ambiental em Santa...
Transcript of LIPPING - Microsoft · fiscalização de queimadas como tema de ação educativa ambiental em Santa...
2
Grupo de Comunicação
SUMÁRIO
ENTREVISTAS ............................................................................................................................... 4
Série: Às margens de um sonho ...................................................................................................... 4
Entrevista com Benedito Braga, presidente da Sabesp ....................................................................... 5
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA E MEIO AMBIENTE ....................................................................... 6
Queimadas e cortes: Polícia Ambiental aplica mais de R$ 500 mil em multas ........................................ 6
São Paulo possui um 'pré-sal caipira' em potencial energético ............................................................. 7
Palestra orienta sobre prevenção e fiscalização de queimadas como tema de ação educativa ambiental em Santa Mercedes ............................................................................................................................ 8
Após contaminação, Pinda intensifica ações de preservação no Ribeirão Grande .................................... 9
Pesquisadores descrevem trajetória do 'rio de fumaça' que escureceu São Paulo ................................. 10
Horto Florestal proíbe ações culturais dentro do Parque.................................................................... 13
Qualidade da água de Itupararanga preocupa COMDEMA de Votorantim ............................................. 14
Mau cheiro e água escura em Matão .............................................................................................. 15
Sindicato dos Servidores Municipal acompanha cemitério de veículos no aterro sanitário ...................... 15
Série sobre os Rios Pinheiros e Tietê (João Doria citado) .................................................................. 15
Obras da estação João Dias, na Linha 9 Esmeralda, devem começar em 2019 .................................... 16
Projeto prevê porto seco em Paranapiacaba .................................................................................... 17
CEI do Aeroporto deve sugerir execução de TAC ambiental junto ao GRU Airport ................................ 18
Problema de drenagem provoca inundações ................................................................................... 19
Nosso planeta, nossa cidade ......................................................................................................... 21
SP tem 90 novas áreas desmatadas de Mata Atlântica nos últimos 5 anos, aponta relatório .................. 22
Sabesp inicia obra para ampliar o abastecimento em Santo André ..................................................... 27
Sabesp inicia obra que ampliará abastecimento em S. André ............................................................ 28
Vazamento de água transforma ruas em rio em Osasco ................................................................... 29
VEÍCULOS DIVERSOS .................................................................................................................. 30
A Amazónia arde: o fumo vê-se do Espaço e já chegou a São Paulo................................................... 30
Onda de incêndios na Amazônia sobe e Governo admite descontrole “criminoso” ................................ 32
O holocausto da Amazônia põe a civilização em alerta ..................................................................... 34
MP abre inquérito para apurar caso de chimpanzé que fumou cigarro................................................. 36
Fumaça de queimadas é ameaça à saúde pública, alertam médicos ................................................... 38
'Animais carbonizados e silêncio no lugar do verde e som de pássaros': biólogo descreve cenário apocalíptico após queimadas ......................................................................................................... 40
Bolsonaro diz que queimadas podem ser causadas por fazendeiros, mas 'a maior suspeita vem de ONGs' ................................................................................................................................................. 41
FOLHA DE S. PAULO .................................................................................................................... 43
O QUE A FOLHA PENSA: Onde há fumaça ....................................................................................... 43
Fala de Bolsonaro confirma indiferença do governo pelo meio ambiente ............................................. 44
OPINIÃO: Brasil, um país suicida? ................................................................................................. 45
Painel: Após ações de Bolsonaro na Receita, no Coaf e na PF, ala do PSL ameça contrariar recomendações do Planalto ................................................................................................................................. 47
3
Grupo de Comunicação
Painel S.A.: Privatizações abrem novo ringue entre Bolsonaro e Doria ................................................ 49
Privatização da Petrobras é plano ou fantasia do trilhão? .................................................................. 51
Sem provas, Bolsonaro diz que queimadas podem ter sido provocadas por ONGs ................................ 52
Acusações a ONGs feitas por Bolsonaro causam indignação e espanto................................................ 54
Governo Bolsonaro abre edital para empresa privada monitorar Amazônia ......................................... 56
Mônica Bergamo: Funcionários do BC e Receita Federal resistem à transferência do Coaf ..................... 58
ESTADÃO ................................................................................................................................... 60
Após repercussão negativa, Bolsonaro insiste em culpar ONGs por queimadas .................................... 60
Fumaça de incêndios na Amazônia chega ao território peruano ......................................................... 62
Um rio à espera de ressurreição .................................................................................................... 63
‘Programa de privatização é tímido e sem impacto fiscal relevante’, diz economista ............................. 65
MP da Liberdade Econômica institui autorização automática para desmatamento ................................. 67
VALOR ECONÔMICO .................................................................................................................... 68
Equipe econômica planeja vender Petrobras até 2022 ...................................................................... 68
Governo planeja privatizar Petrobras em 2022 ................................................................................ 69
Com desinvestimento já em curso, governo colocará a venda uma empresa mais enxuta ..................... 71
Desmatamento afeta imagem do país e causa preocupação .............................................................. 73
Com país na berlinda, OCDE prepara exame da política ambiental do Brasil ........................................ 79
Bolsonaro insinua relação entre ONGs e queimadas ......................................................................... 80
DSM cria aditivo capaz de reduzir emissão de gases na pecuária ....................................................... 82
4
Grupo de Comunicação
ENTREVISTAS Veículo: Rádio Prudente
Data: /08/2019
Série: Às margens de um sonho
RÁDIO CBN FM 90,5/SÃO PAULO | JORNAL DA
CBN Data Veiculação: 21/08/2019 às 07h23
Duração: 00:05:07
Sinopse:
A aposta na despoluição do Rio Pinheiros está
centrada na despoluição dos 25 córregos que
deságuam no Pinheiros. Para isso o governo
vai investir em algo inovador: implantar
estações de tratamento de esgoto no curso
dos afluentes, impedindo dessa forma a
chegada da sujeira ao rio. Dos 25 córregos, ao
mesmo 16 serão terceirizados à iniciativaa
privada. O secretário dr Infraestrutura e Meio
Ambiente, Marcos Penido, disse que só vai
receber remuneração a empresa que entregar
água com um DBO de no máximo 30 mg por
litro.
http://cloud.boxnet.com.br/yxqjckrt
Voltar ao Sumário
5
Grupo de Comunicação
Veículo: Jornal da Gazeta
Data: 21/08/2019
Entrevista com Benedito Braga,
presidente da Sabesp
JORNAL DA GAZETA/TV GAZETA/SÃO PAULO
Data Veiculação: 21/08/2019 às 19h43
Duração: 00:14:56
+ informações
Transcrição
Vamos à entrevista do dia com Denise Campos
de Toledo.
Eu converso agora o Benedito Braga.
http://cloud.boxnet.com.br/yxtfgzl2
Voltar ao Sumário
6
Grupo de Comunicação
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA E MEIO AMBIENTE Veículo: Diário Tupã
Data: 21/08/2019
Queimadas e cortes: Polícia Ambiental
aplica mais de R$ 500 mil em multas
No domingo (18), em duas ocorrências, a
Polícia Militar Ambiental aplicou R$
503.950,00 em multas, lavradas em quatro
autos de infração ambiental (AIA), na região
de Presidente Prudente, decorrentes de fogo
em vegetação e corte de árvores.
Segundo a corporação, uma equipe da Base
Operacional de Presidente Epitácio, durante
Operação Corta Fogo, foi até uma fazenda
no município de Presidente Bernardes, onde
havia um foco de incêndio cuja informação foi
extraída via sistema INPE (Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais), que utiliza imagens
via satélite e emite os alertas de incêndio.
Na propriedade rural os policiais constataram
o uso de fogo em área agrossilvopastoril
(nome dado à área onde há integração da
lavoura, pecuária e floresta) correspondente a
373 hectares, onde foram danificadas 190
árvores nativas isoladas, entre as quais
exemplares de ipê e angico.
O fogo também danificou outra área de
reserva legal, correspondente a 1,38 hectare
de vegetação nativa, atingindo 112 árvores
isoladas.
O local é administrado por uma usina
sucroalcooleira e no momento da vistoria
estava presente um funcionário da usina, que
se identificou como coordenador ambiental da
empresa.
Em relação a esses danos, a equipe da PM
Ambiental lavrou três AIA. O primeiro deles
por fazer uso de fogo em área
agrossilvopastoril, com base no artigo 58
'caput' da resolução SMA 48/2014, com multa
no valor de R$ 373.000,00. O segundo foi
caracterizado por danos a 190 árvores nativas
isoladas, com base no artigo 53 'caput' da
resolução SMA 48/2014, com multa no valor
de R$ 85.500,00. Já o terceiro AIA se deu por
danos a qualquer tipo de vegetação nativa em
área de reserva legal de domínio privado, com
base no artigo 51 'caput' da resolução SMA
48/2014, com multa no valor de R$
10.350,00. Juntas, as multas derivadas dos
três AIA somam R$ 468.850,00.
Cortes
Em outra ocorrência, uma equipe da Base
Operacional de Panorama, durante
patrulhamento náutico no Rio Paraná, naquele
município, constatou em uma propriedade às
margens do rio a prática de corte isolado de
117 árvores nativas.
Após identificar o responsável - um homem de
46 anos - foi lavrado um AIA por explorar
qualquer tipo de vegetação nativa,
correspondente às 117 árvores, mediante
corte isolado, localizada fora de área de
reserva legal averbada, de domínio privado,
sem aprovação do órgão competente,
incorrendo no artigo 53 da resolução SMA nº
48/2014, tendo como sanção multa simples
no valor de R$ 35.100,00, ficando apreendidos
no local 25 metros cúbicos de lenha nativa.
http://www.multclipp.com.br/verNoticia.aspx?
c=0&n=29732568&e=577
Voltar ao Sumário
7
Grupo de Comunicação
Veículo: Jornal Cidades
Data: 21/08/2019
São Paulo possui um 'pré-sal caipira' em
potencial energético
São Paulo possui um 'pré-sal caipira' em
potencial energético
O estado é o maior produtor de cana e etanol
e o segundo maior produtor de gás do Brasil
O interior do estado de São Paulo possui um
potencial de energia renovável que é
considerado um 'pré-sal caipira', segundo
Ricardo Cantarini, assistente executivo da
Subsecretaria de Petróleo e Gás da
Secretaria de Infraestrutura e Meio
Ambiente do Estado de São Paulo.
Durante o IX Seminário de Bioeletricidade,
realizado nesta quarta-feira (21/08), segundo
dia da 27ª FENASUCRO, que acontece até
sexta-feira (23/08), em Sertãozinho (SP),
Cantarini destacou a importância da produção
do Estado de São Paulo que, atualmente, é
maior produtor de cana e etanol e o segundo
maior produtor de gás do Brasil.
'A tendência mundial aposta na eficiência
energética e em matrizes renováveis para a
redução das emissões globais de gás
carbônico. Entre 2006 e 2017 foi registrado
um aumento no consumo de etanol no Estado
de São Paulo provocando uma redução
drástica na emissão', afirma Cantarini.
Ele também destacou a importância
estratégica da produção de energia nas usinas
e o potencial da produção de biogás por meio
da vinhaça e relatou o projeto envolvendo a
produção em duas usinas na região de
Presidente Prudente (SP).
'Atualmente temos 204 usinas gerando
energia elétrica, sendo 70 unidades em 20 km
de distância da rede de linha de transmissão.
Outra oportunidade é a produção de biogás
por meio da vinhaça, que possui um potencial
de produção de 8 milhões de metros cúbicos
por dia. Esse volume representa metade dos
16 milhões de metros cúbicos que são
consumidos em nosso estado. Temos um 'pré-
sal caipira' em fonte de energia renovável e o
Governo do Estado de São Paulo está
apoiando e estimulando os projetos nesse
sentido', diz Cantarini.
SKAF E A EXPECTATIVA EM RELAÇÃO AO
GOVERNO
O presidente da Fiesp e do Ciesp, Paulo Skaf,
participou de um debate com as lideranças
empresariais da região abordando temas como
a conjuntura política, econômica, as reformas
da previdência e tributária, entre outros. O
encontro aconteceu também na FENASUCRO.
'Confiamos que o Senado Federal dará seu
aval às mudanças negociadas nos últimos
meses porque evita que as contas públicas do
país entrem em colapso na próxima década ao
garantir uma economia da ordem de R$ 1
trilhão. O primeiro passo em direção a rota de
crescimento já foi dado. A convergência obtida
nessa reforma deve servir de exemplo para o
próximo desafio: uma reforma tributária que
destrave a economia e gere os empregos que
precisamos', disse Skaf.
RODADA DE NEGÓCIOS
As rodadas de negócio nacionais da 27ª
FENASUCRO, que acontecem até quinta-feira
(22/08), tiveram mais de 50 reuniões no
primeiro dia, com um índice de 94% de
chance de efetivação das negociações.
De acordo com a organização, a expectativa é
que sejam realizadas cerca de 100 reuniões
até o encerramento das rodadas.
http://www.multclipp.com.br/verNoticia.aspx?
c=0&n=29777019&e=577
Voltar ao Sumário
8
Grupo de Comunicação
Veículo: Panorama Notícia
Data: 21/08/2019
Palestra orienta sobre prevenção e
fiscalização de queimadas como tema de
ação educativa ambiental em Santa
Mercedes
Ermenson Rodrigues
Com o período de estiagem, o período mais
seco do ano, que engloba principalmente os
meses de junho, julho e agosto, o tema da
educação ambiental proposta pela diretiva
'Qualidade do Ar', do Programa Município
Verde Azul, enfatiza sobre os perigos e
consequências da prática de Queimada Rural
em Santa Mercedes.
A prática é criminosa de acordo com a Lei
Municipal nº 009/2019.
Neste sentido, a Divisão de Desenvolvimento
Rural e Meio Ambiente, em parceria com o
Departamento de Vigilância Sanitária de Santa
Mercedes-SP, tem promovido diversas ações
de conscientização, tendo por objetivo
abranger o público-alvo da ação em diversas
comunidades do município e Distrito.
Com uma parceria realizada entre a Prefeitura
Municipal de Santa Mercedes, e a Usina Caeté,
Unidade de Pauliceia, reuniu na última terça-
feira, 21, produtores rurais e representantes
da Agricultura e Meio Ambiente da região para
o 1º Encontro sobre Prevenção e Combate a
Incêndios na Área Rural. O evento teve o
objetivo de orientar sobre a prevenção de
queimadas e ainda sobre a legislação vigente.
As orientações ficaram sobe a
responsabilidade do Sr. Ricardo Jampani
Picinini, Engenheiro Ambiental, da Usina
Caeté, Unidade de Pauliceia, enfatizando a
importância do trabalho de educação contra
queimadas ilegais e, em caso de ocorrência,
quais as ações são desempenhadas pela usina
e sua equipe.
Durante o evento, também foi explicado sobre
as melhores práticas de prevenção de
incêndios em áreas de cultivo de cana.
Estiveram presentes na palestra
representantes da Vigilância Sanitária, na
pessoa do Sr. Renan R. Gimenez e Sra.
Vanessa G. da Silva Santos; representantes do
Meio Ambiente e Agricultura, Sra. Ariadny
Rocha Dias e Sr. Fernando Pamphilo de
Christo Batista. A Prefeitura Municipal vem
realizando uma campanha para orientar a
população sobre os riscos das queimadas que,
além de poluir o ar e causar danos à natureza,
também podem ocasionar uma série de
doenças, danos materiais e risco à vida.
Quem promove queimada de qualquer tipo, se
for flagrado, pode ser autuado. Pela legislação
municipal, esse tipo de ato é crime. A
população pode ajudar denunciando á
Vigilância Sanitária pelo telefone (18) 3875-
1190.
http://www.multclipp.com.br/verNoticia.aspx?
c=0&n=29750358&e=577
Voltar ao Sumário
9
Grupo de Comunicação
Veículo: Jornal Atos
Data: 21/08/2019
Após contaminação, Pinda intensifica
ações de preservação no Ribeirão Grande
Prefeitura reforça conscientização; núcleos
irregulares não possuem saneamento
Lucas Barbosa
Pindamonhangaba
Enquanto tenta regularizar a situação de 11
núcleos habitacionais clandestinos no Ribeirão
Grande, a Prefeitura de Pindamonhangaba
intensificou no último mês as ações de
preservação do córrego que corta o bairro,
que tem apresentado resultados preocupantes
de contaminação. Para evitar que o problema
se agrave, o município busca conscientizar a
população sobre os riscos do despejo irregular
de esgoto.
Durante o primeiro semestre do ano, análises
da Cetesb (Companhia Ambiental do
Estado de São Paulo) apontaram que as
águas do ribeirão que dá nome ao bairro
estavam impróprias para o banho devido à
alta concentração de coliformes fecais
(bactérias provenientes de fezes humanas e
de animais).
Para averiguar os fatores que motivaram a
contaminação, a Prefeitura realizou diversos
estudos no bairro em julho, como perfurações
no solo para averiguação da profundidade e
situação dos lençóis freáticos da região.
Na última semana, agentes da secretaria de
Meio Ambiente elaboraram um levantamento
das questões sanitárias do local. O trabalho
consistiu na visitação de imóveis onde foram
averiguadas as formas em que as famílias dão
destinação ao seu esgoto.
Já que foram construídas em terreno irregular
a partir de 1994, cerca de duzentas casas não
possuem rede de saneamento básico.
'Verificamos que diversas moradias contam
com fossas inadequadas, que estão
contribuindo para a contaminação dos lençóis
freáticos daquela região. Estamos orientando
as famílias a realizarem as alterações
necessárias nas fossas, e principalmente não
despejarem o esgoto diretamente no ribeirão',
explicou a secretária de Meio Ambiente, Maria
Eduarda San Martin.
A chefe da pasta ressaltou ainda que as ações
de conscientização e de estudos de melhorias
sanitárias no Ribeirão Grande continuarão
ocorrendo regularmente até que a qualidade
da água melhore.
Regularização - Na edição do último dia 27, o
Jornal Atos publicou uma matéria mostrando o
andamento do processo de regulamentação
dos 11 núcleos habitacionais clandestinos do
Ribeirão Grande. Na ocasião, o diretor de
Regularização Fundiária, Germano Miguel de
Assis, explicou que o município está investindo
recursos próprios no procedimento de
regulamentação, iniciado em 2018. Além de
análises da topografia do bairro, no último dia
24 a pasta realizou uma reunião com as
famílias no Centro Comunitário do Ribeirão
Grande. No encontro, o Executivo distribuiu
cartilhas informativas, que explicam os
próximos passos e prazos do trabalho de
regularização da área, previsto para ser
concluído em até um ano.
http://www.multclipp.com.br/verNoticia.aspx?
c=0&n=29779705&e=577
Voltar ao Sumário
10
Grupo de Comunicação
Veículo: Agênica FAPESP
Data: 22/08/2019
Pesquisadores descrevem trajetória do
'rio de fumaça' que escureceu São Paulo
Pesquisadores descrevem trajetória do 'rio de
fumaça' que escureceu São Paulo 22 de
agosto de 2019
Karina Toledo | Agência FAPESP - Dois
sistemas que permitem o monitoramento de
poluentes atmosféricos - desenvolvidos nas
últimas duas décadas com apoio da FAPESP -
estão ajudando cientistas a entender
fenômenos raros observados na cidade de São
Paulo na última segunda-feira (19/08): o
escurecimento repentino do céu no meio da
tarde e a chuva acinzentada observada logo
depois em algumas partes da Região
Metropolitana.
Ainda no domingo (18/08), uma intensa pluma
de material particulado com mais de 3 mil
metros de altitude foi detectada por uma
equipe do Instituto de Pesquisas Energéticas e
Nucleares (Ipen) por meio do sistema Lidar,
do Centro de Lasers e Aplicações (CLA).
Posteriormente, com auxílio de imagens de
satélites da Nasa - a agência espacial norte-
americana - e de um modelo que prevê a
trajetória percorrida por massas de ar, os
pesquisadores concluíram se tratar de
partículas provenientes de queimadas
ocorridas nas regiões Centro-Oeste e Norte,
entre Paraguai e Mato Grosso, abrangendo
trechos da Bolívia, Mato Grosso do Sul e
Rondônia.
Acrônimo para light detection and ranging
(detecção de luz e medida de distância), o
Lidar é um radar de laser que permite o
sensoriamento remoto ativo da atmosfera
para a detecção de poluentes. Vem sendo
desenvolvido desde 1998 por Eduardo
Landulfo, por meio de vários projetos
financiados pela FAPESP.
'O sistema ilumina o céu e as partículas
presentes na atmosfera refletem a luz, que
captamos com um telescópio. Ao analisar esse
sinal, conseguimos identificar o tipo de
partícula e a distância da superfície em que ela
se encontra', explicou Landulfo.
Segundo o pesquisador, a pluma de poluição
começou a pairar sobre a Região
Metropolitana de São Paulo entre 4 e 5 horas
da tarde de domingo - resultado de queimadas
que ocorreram muito provavelmente de quatro
a sete dias antes.
Como explicou Saulo Ribeiro de Freitas, do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), a massa de ar poluído gerada pelas
queimadas nas regiões Norte e Centro-Oeste
geralmente é empurrada a 5 mil metros de
altitude por ventos que sopram do Atlântico
para o Pacífico (de leste para oeste), até
esbarrar na Cordilheira dos Andes. A fumaça
começa então a se acumular sobre o leste do
Amazonas, Acre, Venezuela, Colômbia e
Paraguai - até que o chamado sistema
anticiclone, com ventos que circulam a 3 mil
metros de altitude no sentido anti-horário,
começa a transportar a massa poluída na
direção sul, margeando os Andes.
'O que ocorreu no início desta semana foi a
convergência dessa massa de ar poluído que
vinha do norte com uma frente fria vinda do
sul. Os ventos convergiram e fizeram o rio de
fumaça se curvar em direção à região
Sudeste. Além da fuligem, outros poluentes
presentes na atmosfera - como monóxido de
carbono, dióxido de carbono, ozônio, óxido
nitroso e metano - interagiram com as nuvens
trazidas pela frente fria e potencializaram a
formação de smog [termo em inglês que
representa a mistura entre fumaça e neblina]',
disse.
O transporte atmosférico de emissões de
queimada sobre a América do Sul vem sendo
11
Grupo de Comunicação
monitorado no Centro de Previsão de Tempo e
Estudos Climáticos (CPTEC) do Inpe desde
2003, por meio do sistema CATT-BRAMS
(Coupled Aerosol and Tracer Transport model
to the Brazilian developments on the Regional
Atmospheric Modelling System), desenvolvido
por Freitas em colaboração com Karla Longo e
Luiz Flávio Rodrigues (ambos do Inpe) e com
apoio da FAPESP.
'Trata-se de um produto pioneiro que faz
previsão para até três dias da qualidade do ar
e que tem sido adotado em vários centros do
mundo, entre eles o National Oceanic and
Atmospheric Administration (NOAA), dos
Estados Unidos', contou o pesquisador. As
previsões da qualidade do ar feitas no CPTEC
podem ser consultadas diariamente pelo
endereço http://meioambiente.cptec.inpe.br.
Nas imagens obtidas pelo modelo BRAMS
(foto) é possível ver que no dia 16 de agosto o
'rio de fumaça' descia no sentido sul, atingindo
Porto Alegre (RS) e parte da Argentina. Aos
poucos, vai sendo desviado para o Sudeste e,
no dia 20 de agosto, já cobre boa parte do
Estado de São Paulo.
De acordo com o professor do Instituto de
Física da Universidade de São Paulo (USP)
Paulo Artaxo, durante sua trajetória rumo à
região Sudeste, a pluma das queimadas
interagiu com o vapor d'água na atmosfera,
alterando as propriedades das nuvens.
'As partículas funcionam como núcleo de
condensação da água. Assim, gotículas de
chuva menores são formadas, mas em grande
quantidade e isso faz com que uma maior
parte da radiação solar seja refletida de volta
para o espaço, a ponto de escurecer o solo,
como aconteceu no último domingo', disse.
Segundo Freitas, a chuva de cor acinzentada
também foi resultado dessa interação da
fuligem com as nuvens. 'A fumaça entranhou
nas gotículas de chuva, sendo depois
depositada na superfície da cidade de São
Paulo', disse.
Trata-se de um fenômeno esperado do ponto
de vista da química atmosférica, afirmou
Artaxo, e não deve causar alarde. 'Essa chuva
não faz mal para as pessoas. Apenas caiu de
uma nuvem com alta influência de
queimadas', disse.
Análises feitas com uma amostra da água
turva colhida na Zona Leste da capital pela
bióloga Marta Marcondes, professora da
Universidade Municipal de São Caetano
(USCS), revelaram uma quantidade de
sulfetos 10 vezes maior que a média
normalmente observada em águas pluviais.
'Essas substâncias normalmente estão
relacionadas com a queima de biomassa e de
combustíveis fósseis. Também chamou a
atenção a grande quantidade de material
particulado que ficou presa no filtro e a
turbidez sete vezes maior que o normal',
disse.
Pesquisadores do Instituto de Química da USP
identificaram na água da chuva a presença de
reteno, substância proveniente da queima de
biomassa e considerada um marcador de
queimadas. O estudo foi coordenado pela
professora Pérola de Castro Vasconcellos.
A boa notícia, segundo os especialistas, é que,
como a pluma de poluição estava a mais de 3
mil metros da superfície, não chegou a
comprometer a qualidade do ar na capital
paulista. De fato, monitores da Companhia
Ambiental do Estado de São Paulo
(Cetesb) indicaram boas condições na última
semana.
'As cidades mais próximas da região onde
ocorrem as queimadas, como Cuiabá, Manaus
e Porto Velho, são as que mais sofrem com a
degradação da qualidade do ar', disse Freitas.
12
Grupo de Comunicação
Tanto o pesquisador do Inpe quanto Landulfo,
do Ipen, afirmam que a chegada das emissões
de queimadas na Região Sudeste é
relativamente comum no período de seca,
entre julho e setembro.
'Mas para ter causado todos esses efeitos
observados nos últimos dias deve ter sido uma
quantidade de fumaça muito grande. Ainda
não sabemos distinguir se é um fogo
provocado ou acidental, que também é
comum no período da seca', afirmou Landulfo.
Em nota técnica divulgada no dia 20 de
agosto, porém, cientistas do Instituto de
Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM)
afirmaram que 'a Amazônia está queimando
mais em 2019 e o período seco, por si só, não
explica este aumento'.
Segundo o texto, o número de focos de
incêndios para a maioria dos estados já é o
maior dos últimos quatro anos - até 14 de
agosto eram 32.728 focos registrados, número
60% superior à média dos três anos
anteriores. A estiagem, por outro lado, está
mais branda. Tal fato, afirma a nota, indica
que 'o desmatamento possa ser um fator de
impulsionamento às chamas'. 'Os 10
municípios amazônicos que mais registraram
focos de incêndios foram também os que
tiveram maiores taxas de desmatamento', diz
o texto. Os pesquisadores se basearam em
dados do Sistema de Alerta de Desmatamento
(SAD) do Imazon, do sistema de detecção de
focos de calor do satélite AQUA, da Nasa, e
dados de precipitação do CHIRPS (Climate
Hazards Group Infrared Precipitation and
Station Data).
Dados do Sistema Deter, do Inpe, que emite
alertas diários de áreas desmatadas para
ajudar na fiscalização, indicam que o
desmatamento na Amazônia cresceu 50% em
2019. Julho foi o pior mês da série histórica,
com 2.254 quilômetros quadrados (km²) de
alertas - alta de 278% em relação a julho do
ano passado. De agosto de 2018 a julho de
2019, o Deter apontou 6.833 km²
desmatados, contra 4.572 km² no ano
passado (agosto de 2017 a julho de 2018). A
taxa oficial da destruição será dada no fim do
ano pelo sistema Prodes, também do Inpe.
http://agencia.fapesp.br/pesquisadores-
descrevem-trajetoria-do-rio-de-fumaca-que-
escureceu-sao-paulo/31280/
Voltar ao Sumário
13
Grupo de Comunicação
Veículo: Jornal SP Norte
Data: 22/08/2019
Horto Florestal proíbe ações culturais
dentro do Parque
http://cloud.boxnet.com.br/y4xdh6ch
Voltar ao Sumário
14
Grupo de Comunicação
Veículo: Gazeta de Votorantim
Data: 22/08/2019
Qualidade da água de Itupararanga
preocupa COMDEMA de Votorantim
http://cloud.boxnet.com.br/y559d93p
Voltar ao Sumário
15
Grupo de Comunicação
Veículo: Rádio Saudades
Data: 21/08/2019
Mau cheiro e água escura em Matão
RÁDIO SAUDADES 90,9 FM/MATÃO | JORNAL
DA SAUDADES FM Data Veiculação:
21/08/2019 às 09h19
Duração: 00:06:12
+ informações
Transcrição
mau cheiro, esgoto, contaminação do solo,
Cetesb, solução, mata, cuidados,
http://cloud.boxnet.com.br/yxq6fbpz
Voltar ao Sumário
Veículo: Rádio 94,5 Bauru
Data: 21/08/2019
Sindicato dos Servidores Municipal
acompanha cemitério de veículos no
aterro sanitário
RÁDIO 94,5 FM/BAURU | 94 NOTÍCIAS Data
Veiculação: 21/08/2019 às 12h02
Duração: 00:06:45
Transcrição
aterro municipal, Valdecir Rosa, caminhões,
CETESB, sucata, EMDURB, limpeza, coletores,
Detran, motor,
http://cloud.boxnet.com.br/y6nc59ew
Voltar ao Sumário
Veículo: Rádio CBN Campinas
Data: 21/08/2019
Série sobre os Rios Pinheiros e Tietê
(João Doria citado)
RÁDIO CBN 99,1 FM/CAMPINAS | CBN TOTAL
Data Veiculação: 21/08/2019 às 14h22
Duração: 00:04:33
Transcrição
Cetesb, Sabesp
http://cloud.boxnet.com.br/y56pl4fp
Voltar ao Sumário
16
Grupo de Comunicação
Veículo1: Gazeta de Santo Amaro
Veículo2: Jornal de Moema
Veículo3: Gazeta do Broklin
Veículo4: Interlagos News
Data: 22/08/2019
Obras da estação João Dias, na Linha 9
Esmeralda, devem começar em 2019
http://cloud.boxnet.com.br/yylddaoj
http://cloud.boxnet.com.br/yynq36y9
http://cloud.boxnet.com.br/y2gnpbss
http://cloud.boxnet.com.br/y4za9pfk
Voltar ao Sumário
17
Grupo de Comunicação
Veículo: Destak / ABC
Data: 21/08/2019
SANTO ANDRÉ
Projeto prevê porto seco em
Paranapiacaba
Sociedade e movimentos pedem audiências
para que o tema seja tratado em âmbito
público; Vila é patrimônio ambiental
Foto: Carla Carniel/Destak
Movimentos sociais, ONGs, acadêmicos e
moradores cobram a prefeitura de Santo
André em função de um Projeto de Lei que
quer alterar o Plano Diretor para permitir um
centro logístico na Vila de Paranapiacaba.
Em uma audiência pública convocada pela
Câmara dos Vereadores na segunda-feira
(19), para discutir o assunto, nenhum
representante da gestão atual compareceu
para tratar do tema, segundo manifestantes
contrários ao projeto. A prefeitura afirma que
havia membros da gestão presentes na
audiência.
O subdistrito é tombado por diversos órgãos
como patrimônio histórico, além de ser
previsto como local destinado exclusivamente
à exploração turística. Em 2018, o prefeito
Paulo Serra havia anulado um inciso que
permitia o centro, uma vez que o Ministério
Público o considera inconstitucional.
A vinda de um porto seco para a região tem
como entrave o fato de a Vila estar inserida
dentro da Reserva Biológica do Alto da Serra,
a mais antiga unidade de preservação do
Estado de São Paulo.
"O PL apresentado em abril altera o mapa de
preservação da Vila e amplia a área de
interesse econômico sem promover discussão
pública alguma", disse a professora da UFABC
Silvia Passarelli, que acrescenta que o Plano
Diretor do município pode sofrer judicialização
porque foi entregue à Câmara com atraso de
seis meses.
Prefeitura
Em nota, o governo de Santo André afirmou
que "a Prefeitura de Santo André reitera que
se faz importante esclarecer que o Plano
Diretor não autoriza a instalação de nenhum
empreendimento específico na área de Campo
Grande. A decisão de instalação ou não
será determinada pela CETESB, que é o
órgão competente para este tipo de análise. À
CETESB cabe verificar se o projeto respeita
todas as leis ambientais que regulamentam
àquele tipo de bioma. Vale esclarecer também
que o referido projeto não se trata de um
"porto seco", mas sim de um centro logístico
ferroviário, sem desembaraço aduaneiro".
Em relação à presença de representantes da
prefeitura na audência pública do dia 19 de
agosto de 2019, a prefeitura disse que havia a
presença de funcionários da equipe técnica da
Unidade de Planejamento e Assuntos
Estratégicos e da Secretaria de
Desenvolvimento e Geração de Emprego.
Sobre a entrega do Plano Direto, a assessoria
de imprensa informou que o Ministério Público
já emitiu parecer em relação à legalidade do
processo, tanto quanto ao prazo quanto à
questão da garantia da participação social no
processo.
https://www.destakjornal.com.br/cidades/abc/
detalhe/projeto-preve-porto-seco-em-
paranapiacaba
Voltar ao Sumário
18
Grupo de Comunicação
Veículo: Guarulhos Hoje
Data: 21/08/2019
CEI do Aeroporto deve sugerir execução
de TAC ambiental junto ao GRU Airport
http://cloud.boxnet.com.br/y4rqdltd
Voltar ao Sumário
19
Grupo de Comunicação
Veículo: O Liberal – Americana
Data: 22/08/2019
Problema de drenagem provoca
inundações
Situação é investigada em inquérito civil do 2º
promotor de Justiça de Americana
André Rossi
AMERICANA
Um problema na drenagem de águas pluviais
de sete empresas localizadas a montante da
Lagoa do Piva, em Americana, tem provocado
inundações em casas do Condomínio Portal
dos Nobres II. A situação é investigada em
inquérito civil do 2Q promotor de Justiça da
cidade, Ivan Carneiro Castanheiro, que
acompanha ainda a questão da poluição da
lagoa.
De acordo com o síndico do condomínio,
Carlos Dobelin, as casas afetadas íicam na Rua
C, e o problema ocorre em dias de chuva
forte. O último caso ocorreu há cerca de três
meses.
“Quando chove muito, um pouco mais da
média, alaga a rua toda. Tem umas casas lá e
chega a fechara rua. Então o cara vai chegar
na casa dele e não tem como entrar. É a parte
mais baixa de toda uma área bem grande”,
explicou Dobelin.
O síndico afirma que o surgimento das
empresas e obras de ampliação nas rodovias
influenciaram na situação. O loteamento foi
aprovado pela prefeitura em 1988.
“A prefeitura aprovou essas sete empresas e
não exigiu que fizessem galeria adequada ou
que fizesse um piscinâo. Antigamente enchia
muito pouco. Agora a água que vem do Pós-
Anhanguera faz a lagoa encher mais do que o
normal”, disse Dobelin.
O promotor explicou que as sete empresas em
questão não causam poluição na lagoa.
Entretanto, influenciam na inundação no
condomínio.
“Estão provocando inundação, extravasamento
na área úmida até de possíveis efluentes e
inundando casas no condomínio. O problema
da drenagem da água pluvial dessas sete
indústrias e da região como um todo, do
próprio dreno de extravasamento da lagoa,
passa por dentro do portal”, explicou Ivan.
Um dos encaminhamentos feitos pelo
promotor foi a solicitação para que aCCR
AutoBAn, concessionária responsável pela SP-
330 (Rodovia Anhanguera), encaminhe os
projetos de construção e ampliação das pistas
nos trechos da Lagoa do Piva, bem como
trechos anteriores e posteriores nas
adjacências.
A Prefeitura de Americana informou que as
empresas citadas pelo promotor são, na
verdade, empreendimentos comerciais,
residenciais e industriais. Nenhum deles foi
notificado “visto que não foi constatado fato
que evidenciasse poluição nos locais
fiscalizados”.
“Na reunião junto à promotoria, foi criada
comissão que coordenará as ações, novas
coletas de amostras, nova sondagem nos
empreendimentos do entorno”, disse a
prefeitura
Licenciamento.
Outro inquérito civil relacionado acompanha o
cumprimento das condicionantes do
licenciamento de cinco empresas que se
instalaram a montante da Lagoa do Piva. Elas
precisaram firmar com prefeitura e Cetesb
um TCRA (Termo de Cumprimento de
Recuperação Ambiental) para garantir o
20
Grupo de Comunicação
plantio e conservação de mudas de espécies
nativas, permitindo o reflorestamento das
marges da lagoa.
“Funcionará como um filtro contra a própria
poluição e poderá contribuir para melhoria da
qualidacie da água, evitando erosão, evitando
carreamento de sedimentos de fertilizantes e
de produtos tóxicos para dentro da represa.
Com isso também fica facilitada a reprodução
da vida aquática”, afirmou Ivan.
http://cloud.boxnet.com.br/y6rrty65
Voltar ao Sumário
21
Grupo de Comunicação
Veículo: O Liberal – Americana
Data: 22/08/2019
Nosso planeta, nossa cidade
http://cloud.boxnet.com.br/yxkhzwnn
Voltar ao Sumário
22
Grupo de Comunicação
Veículo: G1 São Paulo
Data: 22/08/2019
SP tem 90 novas áreas desmatadas de
Mata Atlântica nos últimos 5 anos, aponta
relatório
Centenas de milhares de árvores foram
derrubadas para implantação de loteamentos
e pontos de descarte de entulho. Prefeitura diz
que realiza rondas e governo do estado fez
fiscalizações e aplicou multas.
Por Vivian Reis, G1 SP
Imagem de outubro de 2018 mostra área
desmatada para implantação de loteamento
criminoso na Avenida Herman von Lhering,
Parelheiros, Zona Sul de São Paulo — Foto:
Gabinete Gilberto Natalini/Divulgação
A cidade de São Paulo somou pelo menos 90
novas áreas de Mata Atlântica desmatadas nos
últimos 5 anos, de acordo com um dossiê
divulgado pela equipe do vereador Gilberto
Natalini (PV) neste mês. O relatório denuncia
a derrubada de pelo menos 500 mil árvores
nos extremos leste e sul do município. Os
maiores responsáveis pelo desmatamento são
organizações que fazem loteamentos
irregulares de áreas, de acordo com o estudo.
As áreas devastadas compõem Áreas de
Proteção de Ambiental (APA) e Parques
Naturais, que abrigam nascentes, a maior
parte delas, responsáveis por abastecer a
Represa Guarapiranga, na Zona Sul de São
Paulo, cujas águas são consumidas por mais
de 5 milhões de pessoas.
Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, o
bioma ocupa 15% do território brasileiro, se
concentra na costa, passa por 17 estados do
país, e sua extensão hoje representa 12,4%
da área original. A cidade de São Paulo abriga
17% dos remanescentes florestais.
Motivado pelas dezenas de denúncias que
recebeu da população por ligações, Whatsapp
e e-mail, o vereador se debruçou sobre os 90
locais indicados e constatou que organizações
têm devastado os extremos abandonados da
cidade, especialmente o sul e o leste, para
vender loteamentos e descartar entulho
dentro da Mata Atlântica em plena luz do dia.
Para a caracterização e localização das áreas
denunciadas, a equipe foi a campo, se
comunicou com associações de bairro e órgãos
públicos para mais informações, e contou com
uma empresa para elaboração de laudos de
parte dos casos, trabalho que utilizou a
ferramenta de imagens e dados DataGEO, do
governo do estado, e imagens de satélite
disponibilizadas no Google Earth, além de
fotos obtidas a partir de drones.
Mapa mostra pontos de desmatamento na
Mata Atlântica na cidade de São Paulo — Foto:
Arte/G1
A consultoria ambiental contratada para
estudar mais detalhadamente metade das 90
áreas estimou que, juntas, refletem a
derrubada de aproximadamente 500 mil
árvores.
“O gabinete virou um disque-denúncia de
derrubada de mata porque o poder público
não faz nada desde o fim da Operação Defesa
23
Grupo de Comunicação
das Águas, em 2012. Um fiscal sozinho não
consegue deter o crime organizado, que tem
avançado com velocidade”, disse o vereador,
acrescentando que há indícios da atuação de
organizações criminosas devido a repetição do
modus operandi - manutenção de vegetação
no entorno das áreas, bem como muros pré-
fabricados de concreto da mesma empresa.
“Eu proponho a reedição do convênio entre
governo do estado e a Prefeitura de São
Paulo, para que subprefeituras, polícias
ambientais, GCM, fiscais da Cetesb e das
secretarias do meio ambiente atuem juntos”,
continuou.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo disse que,
só em 2019, a Guarda Civil Metropolitana
(GCM) realizou mais de 6 mil rondas, mais de
600 desocupações e mais de 50 ações para
coibir o descarte irregular de resíduos nas
áreas ambientais ameaçadas de degradação.
O governo do estado informou que neste ano
realizou 588 fiscalizações que resultaram em
90 autos de infração ambiental nas Áreas de
Proteção e Recuperação de Mananciais nas
zonas Sul e Norte da capital paulista.
O governo afirmou ainda que intensificou as
reuniões e ações da Operação Integrada
Defesa das Águas (OIDA), com fiscalizações,
demolições de obras construídas
irregularmente e apreensão de maquinário,
além de providências administrativas e
criminais. (leia mais abaixo)
Devastação da Mata Atlântica em São Paulo
também é causada pelo descarte de entulho,
como na Estrada do Araguari, no Jardim
Ângela, em foto tirada em fevereiro de 2019
— Foto: Gabinete Gilberto Natalini/Divulgação
Loteamentos
A maior parte das devastações foram
realizadas para venda de loteamentos
irregulares, de acordo com o relatório. A
equipe foi a um loteamento na Avenida
Jaceguava, 305, próximo Represa
Guarapiranga, e constatou que a área foi
dividida em 500 terrenos de 125 m² a R$ 75
mil, cada, alcançado um total de 37,5 milhões.
"O documento revela que o problema do
desmatamento é social, de habitação, e indica
que o município precisa promover o
crescimento da cidade sem comprometer os
recursos naturais, o clima e o bem-estar da
população", disse Márcia Hirota, diretora da
SOS Mata Atlântica. "Moradias devem ser
implantadas em áreas abertas, sem
vegetação, especialmente pela segurança da
própria população que, ao ocupar córregos e
encostas, fica vulnerável à enchentes e
deslizamentos", continuou.
Equipe do vereador Gilberto Natalini flagrou
loteamento em área de Mata Atlântica na
Estrada da Jaceguava, Parelheiros, Zona Sul
da cidade de São Paulo, em junho de 2019 —
Foto: Gabinete Gilberto Natalini/Divulgação
Na Capela do Socorro, extremo sul da capital,
um dos trechos mais devastados, de acordo
com o dossiê, fica na Rua Francisco Correia
Vasquez, à beira da represa Guarapiranga,
com cerca de 265 mil m² desmatados. O local
se transformou em um novo bairro, ocupado
por pequenas casas, à beira da Represa
Guarapiranga.
A Prefeitura de São Paulo foi questionado pela
reportagem se teve informação da devastação
da área equivalente a 24 campos de futebol.
Em nota, a administração municipal disse que
o desmatamento aconteceu em abril de 2015
e foi seguido da ocupação irregular em agosto
do mesmo ano. “Foram feitas ações conjuntas
com os demais órgãos municipais e estaduais
24
Grupo de Comunicação
havendo multa por parte da Cetesb”, disse o
governo.
Área devastada de Mata Atlântica no período
de 5 anos, no extremo sul da cidade de São
Paulo — Foto: Arte/G1
No extremo leste, a equipe flagrou uma área
ainda maior de Mata Atlântica devastada com
a mesma finalidade – a divisão do espaço em
loteamentos. A área desmatada possui 610 mil
m² e fica na Avenida Bento Guelfi, no bairro
do Iguatemi, nas imediações do CEU Alto
Alegre.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou
que a área foi desmatada por meio de
queimada no ano de 2017 e confirma que foi
ocupada por moradias irregulares. A gestão
Bruno Covas disse que a Subprefeitura São
Mateus realizou operação de fiscalização no
local em março de 2019 e que os crimes
ambientais estão sendo apurados e
fiscalizados pela Secretaria do Verde e Meio
Ambiente, Guarda Civil Ambiental e Polícia
Militar Ambiental.
No extremo leste, área ade Mata Atlântica
devastada para loteamentos. — Foto: Arte/G1
Descarte de entulho
O dossiê indica que a Mata Atlântica em São
Paulo também tem sido desmatada para
descarte de material usado na construção civil.
Além de eliminar cobertura vegetal da área, a
prática contamina o solo.
Um dos casos compilados no relatório
apresenta uma área de aproximadamente 100
mil m² devastados na Estrada de Cumbica, à
beira da Represa Guarapiranga, no Jardim
Ângela. Imagens de satélite indicam com
clareza o desmatamento do local em um
período de 5 anos.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo disse que a
área de manancial tem licença da Cetesb para
operar e é monitorada pela companhia.
25
Grupo de Comunicação
Dossiê indica que Mata Atlântica em São Paulo
tem sido desmatada para descarte de entulho,
como na Estrada de Cumbica, à beira da
Represa Guarapiranga — Foto: Arte/G1
A SOS Mata atlântica explica que a floresta é o
único bioma possui uma lei específica, que
autoriza a devastação de determinadas áreas
quando comprovado que será construído um
espaço de utilidade pública e interesse social,
como no caso da construção do Rodoanel, em
que é exigida a compensação ambiental.
Outra área de Mata Atlântica denunciada como
ponte de descarte de entulho seria o Parque
Municipal Guabirobeira, em São Mateus, que
abriga quatro nascentes de água e é
parcialmente utilizado para a atividade.
"Isso acontece sob o olhar inerte e até
conivente do poder público municipal e
estadual. Já mandei esse levantamento para
as autoridades e vamos levar esse dossiê para
a ONU, na Semana do Clima em Salvador,
nesta terça-feira (21). Além disso, estou
pedindo na Câmara uma CPI para investigar
os casos”, disse Gilberto Natalini. "A
devastação dessas áreas provoca aumento da
temperatura da cidade, da poluição do ar,
diminui a umidade do ar, além de afetar
diretamente as nascentes das águas que
bebemos", completou.
Área de Mata Atlântica virou ponto de descarte
de entulho, mesmo dentro do Parque
Municipal Guabirobeira, em São Mateus, sem
grades — Foto: Arte/G1
O que dizem Prefeitura e Governo de SP
A gestão Bruno Covas disse que as
fiscalizações, autuações e monitoramentos são
constantes em um trabalho que envolve as
secretarias de Segurança Urbana, do Verde e
do Meio Ambiente e da Habitação, além de
diálogo com o Governo do Estado na Operação
Integrada Defesa das Águas.
A Prefeitura disse que os 90 locais apontados
pelo relatório já são pontos monitorados e
recebem ações da Guarda Civil Metropolitana,
em conjunto com as Subprefeituras, e
divulgou o número de ações realizadas nas
áreas ameaçadas de degradação neste ano:
A Prefeitura de São Paulo destaca ainda que
as famílias removidas de áreas invadidas no
perímetro dos locais de preservação não ficam
desamparadas e são encaminhadas para
Habitações de Interesse Social (HIS).
O governo informou que tem investido em
equipamentos, como a compra de drones,
utilizados pela primeira vez neste ano nas
26
Grupo de Comunicação
Unidades de Conservação para intensificar a
fiscalização, e de 113 carros para a Secretaria
do Meio Ambiente.
Remanescentes florestais da Mata Atlântica na
cidade de São Paulo — Foto: Fundação SOS
Mata Atlântica/Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais/Divulgação
https://g1.globo.com/sp/sao-
paulo/noticia/2019/08/22/sp-tem-90-novas-
areas-desmatadas-de-mata-atlantica-nos-
ultimos-5-anos-aponta-relatorio.ghtml
Voltar ao Sumário
27
Grupo de Comunicação
Veículo: Governo SP
Data: 21/08/2019
Sabesp inicia obra para ampliar o
abastecimento em Santo André
Medida pretende dar fim, até dezembro, à
falta d’água que afeta regiões do município;
novo sistema de QR Code informará população
Os moradores do município de Santo André,
no ABC paulista, já podem sonhar com um
futuro sem falta d’água na região. A Sabesp
iniciou nesta terça-feira (20) os trabalhos de
duplicação da adutora de 600 mm que
abastece o setor de Erasmo Assunção. A obra
vai trazer maior segurança operacional de
abastecimento ao município.
Além disso, a Companhia também apresentou
uma novidade na identificação de seus
empreendimentos na cidade: além das
informações sobre o trabalho em execução, as
placas nos canteiros de obras terão um QR
Code em que o cidadão poderá acessar um
vídeo com mais detalhes sobre a obra.
“É o início efetivo das obras da Sabesp aqui no
município para cumprir o primeiro
compromisso de resolver a questão da falta de
água. A gente começa no segundo subdistrito,
no parque Erasmo Assunção, justamente
porque foi um dos lugares onde a população
mais sofreu. Outros bairros também estão
nessa primeira fase como o Camilópolis e o
Parque América e em setembro anunciamos a
segunda fase de obras. São duas frentes:
aumentar a capacidade de distribuição onde
tivemos problema e levar a rede de água em
região que ainda não tem”, destacou o
prefeito Paulo Serra.
A duplicação da adutora, com 1,5 km de
extensão, vai beneficiar diretamente 160 mil
pessoas dos bairros Parque Erasmo Assunção,
Jardim Alzira Franco, Parque Capuava, Jardim
Santo Alberto, Parque Novo Oratório, Jardim
Ana Maria, Parque Oratório e Jardim Monte
Líbano. Com previsão de conclusão para
novembro, o empreendimento faz parte da
primeira etapa de obras que vão melhorar o
abastecimento da população de Santo André.
O objetivo é, até dezembro, dar fim à falta
d’água que afeta regiões do município e
ampliar a distribuição de água. E na próxima
terça-feira (27) serão lançadas as obras de
assentamento de rede para novas ligações no
Parque América. Hoje, o bairro é abastecido
por caminhão tanque ou por ligações
irregulares.
“O conjunto de obras de hoje, dia 27 (de
agosto) e dia 3 (de setembro) vai garantir o
abastecimento de 60% do município. Depois,
também em setembro, vamos lançar um
segundo pacote e com isso atender os outros
40%, garantindo o abastecimento de 100% de
Santo André até dezembro. Nosso
compromisso com o município é resolver o
problema de falta d’água até o dia 22 de
dezembro”, explicou o superintendente da
Unidade de Negócio Centro da Sabesp,
Roberval Tavares de Souza.
O uso do QR Code na identificação das obras
será adotado em todos os empreendimentos
da Sabesp no município e servirá para
esclarecer à população todo o trabalho da
Companhia, que assinou em 31 de julho o
contrato pelo qual assume os serviços de água
e esgoto de Santo André.
Outras duas obras já têm início previsto: a
implantação de novas redes de água no
Parque América, a partir de 27 de agosto, e a
interligação da adutora de 1.500 mm no bairro
Camilópolis, em 3 de setembro. Ambas
beneficiarão cerca de 240 mil pessoas do
município.
O contrato da Sabesp com a prefeitura por 40
anos prevê investimento em Santo André de
cerca de R$ 917 milhões durante o período. O
município também vai receber da Companhia
recursos transferidos ao Fundo Municipal de
Saneamento (FMSA) num total de R$ 622
milhões, o que eleva o investimento para R$
1,539 bilhão.
A Sabesp também realizará obras que vão
elevar o tratamento de esgoto do Município
dos atuais 42% para 75% em três anos. Esse
trabalho vai melhorar as condições de
córregos como Guarará e Carapetuba, levando
mais qualidade de vida para a região. A
Sabesp prevê a redução de perdas de 45%
para 35% até 2022, economizando 2 bilhões
de litros de água, volume que equivale ao
abastecimento de 10 mil imóveis. O
investimento no combate a perdas será de R$
44 milhões.
http://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/sab
esp-inicia-obra-para-ampliar-o-abastecimento-
em-santo-andre/
Voltar ao Sumário
28
Grupo de Comunicação
Veículo: ABC Repórter
Data: 22/08/2019
Sabesp inicia obra que ampliará
abastecimento em S. André
http://cloud.boxnet.com.br/y6qnpucb
Voltar ao Sumário
29
Grupo de Comunicação
Veículo: G1 São Paulo
Data: 22/08/2019
Vazamento de água transforma ruas em
rio em Osasco
Problema ocorreu na tarde desta quarta-feira
(21) nas Ruas Hildebrando de Lima, São
Maurício e na Avenida Sport Club Corinthians.
Por Bom Dia SP — São Paulo
Vazamento de água na cidade de Osasco, na
Grande São Paulo — Foto: Reprodução/TV
Globo
Um grande vazamento de água atingiu parte
da cidade de Osasco e transformou ruas em
um rio na Grande São Paulo, na tarde de
quarta-feira (21). Por volta das 16h30, os
moradores das Ruas Hildebrando de Lima, São
Maurício e da Avenida Sport Club Corinthians,
foram surpreendidos com o vazamento. O
motivo do vazamento não foi informado.
O Globocop flagrou o vazamento de uma
grande quantidade de água marrom que
escorria pelas ruas e saía de dentro de uma
placa de metal que cobria parte de uma das
vias. Na manhã desta quinta-feira (22), o local
ainda passava por obras de reparo.
Em nota, a Sabesp informou que as equipes
estão trabalhando no reparo emergencial da
rede de distribuição de médio porte que fica
na Rua Hildebrando de Lima. A empresa
também pediu para que os moradores do
entorno dos bairros próximos evitem o
desperdício de água e que os reparos se
estenderam pela madrugada e que devem ser
concluídos na manhã desta quinta.
Água marrom escorreu por ruas de Osasco —
Foto: Reprodução/TV Globo
https://g1.globo.com/sp/sao-
paulo/noticia/2019/08/22/vazamento-de-
agua-transforma-ruas-em-rio-em-
osasco.ghtml
Voltar ao Sumário
30
Grupo de Comunicação
VEÍCULOS DIVERSOS Veículo: JN (Portugal)
Data: 21/08/2019
A Amazónia arde: o fumo vê-se do Espaço
e já chegou a São Paulo
Amazonas (centro-esquerda em cima), Pará
(em cima à direita), Mato Grosso (em baixo à
direita), Rondónia (centro em baixo). Em
baixo, do lado esquerdo, encontra-se a Bolívia
Foto: EPA/NASA EARTH OBSERVATORY
Uma nuvem de fumo e fuligem cobriu São
Paulo, no Brasil, segunda-feira ao final do dia,
despertando a atenção do Brasil, e agora do
mundo, para o problema dos incêndios
florestais no país, com particular incidência na
Amazónia.
O encontro entre uma frente fria e partículas
libertadas por incêndios florestais, que nesta
altura do ano proliferam na Amazónia devido a
queimadas, fez com que, às 15.30 horas de
segunda-feira, o dia escurecesse e a chuva
caísse negra do céu em São Paulo. Nas redes
sociais, as imagens foram partilhadas para
mostrar a preocupação com o ambiente, com
questões sobre o pouco destaque dado ao
tema nos meios de comunicação. Recorde-se
que São Paulo dista cerca de 2700 quilómetros
da floresta amazónica brasileira.
Análises realizadas por duas universidades
brasileiras, citadas pelo portal G1, confirmam
que a água da chuva continha partículas
oriundas de queimadas, numa concentração
cerca de sete vezes superior à habitual.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET), parte destas partículas é "de origem
local" e da Amazónia brasileira, mas "outra
parte considerável, talvez a predominante, de
queimadas de grandes proporções nos últimos
dias perto da região da tríplice fronteira da
Bolívia, Paraguai e Brasil, no Mato Grosso do
Sul".
"A frente fria mudou a direção dos ventos e
transportou essa fumaça para São Paulo",
explicou ao G1 Josélia Pegorim,
meteorologista da Climatempo.
O número de incêndios no Brasil cresceu 70%
este ano, em comparação com período
homólogo de 2018, tendo o país registado
66,9 mil focos até ao passado domingo, com a
Amazónia a ser a região mais afetada.
De acordo com a imprensa brasileira, que cita
dados do "Programa de Queimadas" do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), o bioma (conjunto de ecossistemas)
mais afetado é o da Amazónia, com 51,9%
dos casos, seguindo-se o cerrado -
ecossistema que cobre um quarto do território
do Brasil - com 30,7% dos focos registados no
ano. O cerrado é o segundo maior bioma
brasileiro, ficando atrás em extensão apenas
da floresta amazónica, com dois milhões de
quilómetros quadrados.
Segundo o portal de notícias UOL, em
números absolutos, Mato Grosso é o estado
com mais focos de incêndio registados no
Brasil, com 13.109, sendo seguido pelo Pará,
com 7.975.
No início de agosto, o governo do Amazonas
decretou situação de emergência no sul do
estado e na Região Metropolitana de Manaus
devido ao "impacto negativo da desflorestação
ilegal e queimadas não autorizadas".
"O Amazonas registou, de janeiro a julho
deste ano, 1.699 focos de calor (focos com
temperatura acima de 47°C, registados por
satélite, que indicam a possibilidade de fogo).
Destes, 80% foram registados julho, mês em
que teve início o período de estiagem",
declarou o estado do Amazonas no seu 'site'.
Depois de o Amazonas decretar a situação de
emergência, o governo do Acre declarou, na
sexta-feira passada, estado de alerta
ambiental, também devido aos incêndios em
matas.
O número de focos de incêndio no país já é o
maior dos últimos sete anos.
Ao jornal Estadão, o pesquisador Alberto
Setzer explicou que o clima em 2019 está
31
Grupo de Comunicação
mais seco do que no ano passado, o que
propicia incêndios, mas garante que grande
parte deles não têm origem natural.
"Nesta época do ano não há fogo natural.
Todas essas queimadas são originadas em
atividade humana, seja acidental ou
propositada. A culpa não é do clima, ele só
cria as condições, mas alguém coloca o fogo",
afirmou Setzer.
A expetativa do especialista é que a situação
piore ainda mais nas próximas semanas com a
intensificação da seca.
O Inpe, órgão do Governo brasileiro que
levanta os dados sobre a desflorestação e
queimadas no país, foi alvo de críticas
recentes por parte do Presidente Jair
Bolsonaro, que acusou o Instituto de estar a
serviço de algumas organizações não-
governamentais por divulgar dados que
apontam para o aumento da desflorestação da
Amazónia.
As recentes divulgações do Inpe apontam que
a desflorestação da Amazónia cresceu 88%
em junho e 278% em julho,
comparativamente com o mesmo período do
ano passado. No entanto, o Governo brasileiro
nega esses dados.
A Amazónia é a maior floresta tropical do
mundo e possui a maior biodiversidade
registada numa área do planeta. Tem cerca de
cinco milhões e meio de quilómetros
quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru,
Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia,
Guiana, Suriname e Guiana Francesa
(território pertencente à França).
https://www.jn.pt/mundo/interior/a-
amazonia-arde-o-fumo-ve-se-do-espaco-e-ja-
chegou-a-sao-paulo-11226390.html
Voltar ao Sumário
32
Grupo de Comunicação
Veículo: El País
Data: 21/08/2019
Onda de incêndios na Amazônia sobe e
Governo admite descontrole “criminoso”
Embora reconheça o problema que antes
negava, presidente Bolsonaro insinua que
ONGs podem estar por trás das queimadas
que já atingem reservas indígenas
Incêndio atinge parte da floresta amazônica
na região de Iranduba, no Estado de
Amazonas, ao ser desmatado por madeireiros
nesta terça.BRUNO KELLY (REUTERS)
JOANA OLIVEIRA
As florestas queimam como nunca antes nos
últimos cinco anos no Brasil. O país registrou,
entre janeiro e o último dia 19 de agosto, um
aumento de 83% das queimadas em relação
ao mesmo período de 2018, com 72.843 focos
de incêndios até o momento. Os dados são do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE), que monitora o desmatamento por
meio de imagens de satélite e foi
desacreditado pelo presidente Jair Bolsonaro,
que chegou a questionar a veracidade dos
dados de desmatamento do instituto.
O fogo está progredindo mesmo em áreas de
proteção ambiental: 68 incêndios foram
registrados em territórios indígenas e áreas de
conservação somente nesta semana, a maioria
deles na região amazônica. O estado de Mato
Grosso, na região centro-oeste do Brasil,
lidera as queimadas com 13.682 focos de
incêndio em 2019 - um aumento de 87% em
relação ao mesmo período do ano passado -,
segundo o INPE. Mesmo entre julho e
setembro, quando é proibido promover
queimadas naquele Estado, houve um
aumento de 205% no número de incêndios.
Mato Grosso vive do agronegócio com a
exportação de soja, milho e algodão. O Estado
comporta o Parque Nacional da Chapada dos
Guimarães, que já perdeu 12% de sua
vegetação, e o Parque Serra do Ricardo
Franco, na fronteira com a Bolívia,
considerado pela Unesco como patrimônio
natural da humanidade. O Pantanal, um bioma
endêmico no Brasil que também queimou esta
semana, é outro ecossistema ameaçado no
Mato Grosso. Lá é difícil combater o fogo, já
que não há estradas na região e apenas
pequenos barcos podem circular por um
labirinto de rios.
O desmatamento e as queimadas ganharam
repercussão internacional, principalmente
depois que São Paulo, a cidade mais
industrializada do país, a 3.000 quilômetros da
Amazônia, viu o céu escurecer na última
segunda como consequência do mau tempo
misturado à fumaça das queimadas vindas do
Norte e da região central. Um teste realizado
pelo Jornal Nacional mostrou que a água da
chuva daquele dia estava contaminada com
fuligem de fogo. Quem resistia aos alertas dos
ambientalistas sobre a seriedade do momento
para as florestas, se convenceu ao ver com
seus próprios olhos a consequência dos
incêndios. Fotos da Amazônia desmatada
invadiram as redes sociais e a pressão sobre o
presidente Jair Bolsonaro cresceu como nunca
antes.
Fiel ao seu estilo, o presidente brasileiro
inverteu as responsabilidades. Ele rotulou a
onda de queimadas florestais no país de
“criminosa” nesta quarta e, sem apresentar
evidências, disse que as ONGs que atuam na
proteção ambiental podem estar envolvidas
em incêndios ilegais. “Pode haver – não estou
33
Grupo de Comunicação
afirmando – uma ação criminosa dessas ONGs
para chamar a atenção precisamente contra
mim, contra o governo do Brasil. Esta é a
guerra que enfrentamos. Faremos todo o
possível e impossível conter o fogo criminoso
”, disse ele.
O fogo ocorre principalmente em propriedades
particulares. Desde janeiro, 60% dos focos de
incêndio ocorreram em áreas privadas
registradas no Cadastro Ambiental Rural do
Brasil, 16% em terras indígenas e 1% em
áreas protegidas. Parte dos focos de incêndio
em áreas protegidas é uma consequência do
desmatamento, segundo um relatório do
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
(IPAM), publicado na terça-feira. Muitas
dessas áreas também sofrem invasões e
arrendamentos de terras ilegais. Os dez
municípios da Amazônia que mais queimaram
foram os que apresentaram as maiores taxas
de desmatamento.
Juntas, essas cidades são responsáveis por
37% das queimadas registradas em 2019 e
por 43% do desmatamento registrado até
julho. Há casos em que o fogo é usado de
maneira controlada para limpar os campos,
mesmo em áreas protegidas com presença
humana, como nas aldeias indígenas e nas
reservas extrativistas, diz o IPAM. Mas algo
saiu de controle, como o próprio governo e o
Ministério do Meio Ambiente reconhecem. "A
situação é realmente preocupante e vamos
trabalhar para combater as queimadas",
admitiu o ministro Ricardo Salles, quando
participava de uma reunião sobre mudanças
climáticas. Salles sentiu a sensibilidade do
momento enquanto falava na abertura do
evento. Ele foi vaiado pela audiência enquanto
tentava se fazer ouvir.
Bolsonaro, por sua vez, vem se desgastando a
cada dia com sua retórica bélica e perdendo o
respeito da comunidade internacional, como
ficou claro no caso do Fundo Amazônia. Parte
da luta contra os incêndios florestais no Brasil
é financiada por esse fundo, o mecanismo de
cooperação internacional que tem contribuído
com mais recursos para reduzir os gases de
efeito estufa do desmatamento. A Noruega, o
principal doador, anunciou o congelamento de
ajuda para projetos de conservação da
Amazônia por um montante de 30 milhões de
euros, depois que o governo brasileiro mudou
unilateralmente a equipe de gerenciamento
que administra o fundo. A Alemanha, o outro
país patrocinador, já havia suspendido
contribuição semelhante pouco antes.
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/21/po
litica/1566407148_180887.html
Voltar ao Sumário
34
Grupo de Comunicação
Veículo: El País
Data: 21/08/2019
O holocausto da Amazônia põe a
civilização em alerta
A floresta está sendo queimada por uma
mistura de ignorância com interesses
truculentos. A reação a esta barbárie
ambiental para evitar que cheguemos ao lugar
sem volta. Declare-se o Brasil em estado de
emergência ambiental
MARINA SILVA
Imagem de satélite da NASA mostra a fumaça
dos focos de incêndio na Amazônia.LAUREN
DAUPHIN (AFP)
Quando a noite caiu sobre a cidade de São
Paulo, às 3 da tarde, sendo uma de suas
possíveis causas o encontro da frente fria com
a fumaça das queimadas, muita gente se
assustou com o que parecia um anúncio do
fim dos tempos. Era algo parecido, se
recuperarmos o sentido original da palavra
holocausto: tudo queimado, no sacrifício dos
tempos antigos entre os hebreus. Com duas
diferenças: uma, que a holah do sacrifício
judaico tinha o sentido de reparação, visava
uma expiação geral dos pecados; outra, que
depois do nazismo sacrificar milhões de
judeus, a palavra ganhou um significado mais
sinistro, e passou a ser tomada como qualquer
grande e sistemática destruição —sem
importar a causa— até o extermínio. Eis o que
acontece hoje: o holocausto da Amazônia.
Desde muito jovem me dediquei a pensar o
significado da floresta, para além da economia
e das dimensões materiais. Em 15 de julho de
2008, retornando ao Senado logo após deixar
o Ministério do Meio Ambiente, publiquei um
artigo intitulado Atrás de uma borboleta azul
em que lembrei minha identificação irredutível
com as milhões de pessoas que nascem e
vivem na floresta. Dizia: “florestas não são
apenas estatísticas. Nem apenas objeto de
negociações, de disputa política, de teses, de
ambições, de pranto. Antes de mais nada, são
florestas, um sistema de vida complexo e
criativo. Têm cultura, espiritualidade,
economia, infraestrutura, povos, leis, ciência e
tecnologia. É uma identidade tão forte que
permanece como uma espécie de radar
impregnado nas percepções, no olhar, nos
sentimentos, por mais longe que se vá, por
mais que se aprenda, conheça e admire as
coisas do resto do mundo.” Passou-se mais
uma década, mas mantenho o sentimento.
Agora vejo novamente o fogo matando a
beleza da Amazônia e destruindo a perfeição
de sua natureza. Lamento a perda de cada
cheiro, cada cor, cada raiz, cada animal, cada
planta, cada textura que nunca mais voltará. E
embora não espere sensibilidade de quem não
conhece a riqueza que se perde, sinto que é
necessário alertar a todos e protestar contra
um Governo que passa a senha da destruição,
que torna a devastação fora de controle e
causa enormes prejuízos para todos.
Estamos vivendo um momento de barbárie
ambiental no Brasil, promovida pelo Governo
Bolsonaro. Por mais que se alerte, por mais
que se mostre evidências, por mais que se
clame para evitar o caos ambiental,
econômico, político, social, o Governo não
mostra preocupação, apenas sua cumplicidade
com a destruição.
É necessário, no entanto, enfrentar a
emergência ambiental no Brasil, com a
coragem e o sentido de urgência que a
situação nos impõe, para evitar que
cheguemos ao lugar sem volta, em que nem
por hipótese devemos chegar, o da
inviabilização sistêmica da floresta amazônica
pelas ações predatórias que desequilibram as
condições de sua existência. É necessária a
mobilização de todos que não querem ter, em
suas genealogias, o DNA da barbárie:
academia, movimento socioambiental,
empresariado, governos estaduais e
municipais, juventudes, líderes políticos. De
forma plural e suprapartidária, sem qualquer
politicagem, é preciso dizer e dar um basta.
Ao garimpo predatório e criminoso, à grilagem
de terras públicas, ao roubo de madeira, às
derrubadas e queimadas, à violência contra os
índios e populações locais, aos prejuízos
econômicos, políticos e sociais que já estamos
sofrendo, dentro e fora do Brasil.
35
Grupo de Comunicação
A Amazônia está sendo queimada por uma
mistura de ignorância com interesses
truculentos. O Governo está inaugurando um
tempo de delinquência livre, em que se pode
agredir a natureza e as comunidades sem
receio de punição. Não negligenciemos o
prenúncio, como no passado, pois o que
ameaça refazer-se é, tanto pelo resultado,
“tudo queimado”, quanto pelo caráter
sistemático da destruição, a tragédia das
tragédias: o Holocausto.
O povo brasileiro, sua parcela sensível e
consciente, deve responder em nome dos
povos antigos e das gerações futuras, da
Amazônia e de toda a Natureza. Atendendo
aos legítimos interesses da sociedade, da
economia e da civilização humana, declare-se
o Brasil em estado de emergência ambiental.
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/21/op
inion/1566401179_148338.html
Voltar ao Sumário
36
Grupo de Comunicação
Veículo: G1 Sorocaba e Jundiaí
Data: 21/08/2019
MP abre inquérito para apurar caso de
chimpanzé que fumou cigarro
Animal é um dos 52 primatas do santuário
localizado em Sorocaba (SP). Rapaz que
aparece nas imagens também irá responder
criminalmente.
Por G1 Sorocaba e Jundiaí
Chimpanzé de santuário em Sorocaba aparece
fumando em vídeo — Foto: Reprodução
O Ministério Público abriu um inquérito na
tarde desta quarta-feira (21) para apurar o
caso do chimpanzé que aparece fumando em
um vídeo no Santuário dos Primatas, em
Sorocaba (SP).
Nas imagens, que viralizaram na internet, um
jovem aparece conversando com outras
pessoas enquanto o chimpanzé está com o
cigarro aceso na boca. Os jovens também
fazem piadas sobre o primata, que teria
queimado a boca.
De acordo com o promotor de Justiça Jorge
Marum, a ação, que foi filmada e publicada
nas redes sociais, configura maus-tratos
contra animal.
"A polícia e o Ministério Público vão trabalhar
para identificar as pessoas que fizeram essa
invasão ilegal e, em um segundo momento,
para que sejam responsabilizados civil e
criminalmente por isso. Será cobrada uma
indenização dessas pessoas", diz.
Em nota ao G1, o santuário afirmou que irá
registrar um boletim de ocorrência sobre a
invasão.
A bióloga Nelli Mergulhão analisou o vídeo e
reforçou três pontos: o primeiro deles é a
integridade física do animal, que foi submetido
aos maus-tratos. O segundo ponto apontado
por ela é a segurança do local e o terceiro
ponto é a integridade da pessoa que gravou o
vídeo, já que o chimpanzé tem muita força e
poderia tê-la machucado.
"É um absurdo, a gente ficou chocado de ver.
Como um jovem consegue entrar em um
espaço desse? Deve ter pulado um muro
altíssimo, entrado em um lugar e ninguém ter
visto. E que pode ter no mínimo dois
prejudicados: o próprio jovem que poderia ter
sido mordido pelo chimpanzé, isso é uma coisa
comum, chimpanzés querem se defender; e o
chimpanzé, que teve uma substância tóxica
dentro do corpo dele e também pode ter
queimado a boca, segundo eles mesmos
falaram no vídeo", diz.
Segundo o santuário, o chimpanzé que
aparece nas imagens é um dos 52 primatas
que estão no local. Ele foi identificado como
sendo o Cláudio ou o Carlos e, em
determinado momento do vídeo, ele começa a
fazer movimentos repetitivos, o que sinaliza o
estresse ao qual ele estava sendo submetido.
Em nota, o santuário informou que está
tomando todas as medidas legais para
garantir que as pessoas responsáveis sejam
punidas. O santuário disse ainda que a
segurança no local será reforçada.
Santuário dos Primatas fica na zona rural de
Sorocaba — Foto: Reprodução/TV TEM
37
Grupo de Comunicação
O santuário não respondeu sobre a saúde do
animal ou se ele vai passar por alguma
avaliação de saúde, já que também teve a
boca queimada pelo cigarro.
O complexo fica na zona rural de Sorocaba e é
rodeado por sítios. Ele é filiado ao projeto
GAP, uma ONG internacional que é
reconhecida pelo seu trabalho de resgate aos
animais em situação de maus-tratos.
O santuário acredita que o rapaz possa ter
usado um dos imóveis para invadir o espaço e
chegar até a área onde estão os animais.
O G1 tentou contato com o jovem que aparece
nas imagens, mas não houve retorno.
Repercussão
Nas redes sociais, o vídeo causou indignação.
A ativista Luisa Mell repostou as imagens
afirmando que o santuário foi invadido por
dois criminosos que deram "cigarro de
maconha para o chimpanzé".
"Esses animais vieram de circo, de zoo...todos
vítimas de maus-tratos...são quase humanos,
que foram escravizados durante toda a vida
para nosso entretenimento. Deixem os
animais em paz!", escreveu.
A postagem teve milhares de comentários de
pessoas condenando a atitude dos rapazes.
https://g1.globo.com/sp/sorocaba-
jundiai/noticia/2019/08/21/mp-abre-acao-
civel-para-apurar-caso-de-chimpanze-que-
fumou-cigarro.ghtml
Voltar ao Sumário
38
Grupo de Comunicação
Veículo: G1 Ciência
Data: 22/08/2019
Fumaça de queimadas é ameaça à saúde
pública, alertam médicos
Queimadas provocaram aumento no número
de pessoas buscando socorro médico, diz
diretor de hospital em Rondônia. Fumaça de
incêndios florestais ataca pulmões e coração.
Por BBC
Há quatros dias, Maycon, de 4 anos, está
internado no Hospital Infantil Cosme e
Damião, em Porto Velho (RO). O motivo é
uma crise de asma provocada pela fumaça das
queimadas que cobre a cidade desde a
semana passada.
"No domingo, ele começou a passar mal, ficou
com a respiração difícil e falta de ar. Viemos
correndo para a emergência e já internaram.
Agora ele está melhor, tomando antibióticos e
fazendo inalação", conta a mãe do garoto, a
dona de casa Maricelia Passos Damásio, de 31
anos.
Preocupada com a saúde do filho, ela
acrescenta que a médica só não deu alta ainda
por conta da continuidade dos incêndios.
"Como a névoa de fumaça se mantém muito
forte por aqui, ela acha que vamos sair e
voltar no dia seguinte."
O pequeno Maycon não é o único atingido. As
queimadas que destroem áreas verdes do
Brasil há mais ou menos duas semanas,
sobretudo nas regiões Norte e Centro-Oeste,
têm levado muita gente para os centros
médicos.
No próprio Hospital Infantil Cosme e Damião,
que atende a todo o estado de Rondônia, o
diretor-adjunto Daniel Pires de Carvalho diz
que foram realizados 120 atendimentos de
crianças com problemas respiratórios de 1 a
10 de agosto, e 380, de 11 a 20.
"Moro em Porto Velho há 20 anos, e esse, com
certeza, é o pior período de incêndios. Em
alguns dias, não conseguimos nem ver o sol.
Isso, aliado ao tempo seco, tem causado
muitos problemas de saúde na população",
complementa o médico.
Por que queimadas prejudicam a saúde?
A saúde humana é afetada pelas queimadas
porque a fumaça proveniente dela contém
diversos elementos tóxicos.
O mais perigoso é o material particulado,
formado por uma mistura de compostos
químicos. São partículas de vários tamanhos e
as menores (finas ou ultrafinas), ao serem
inaladas, percorrem todo o sistema
respiratório e conseguem transpor a barreira
epitelial (a pele que reveste os órgãos
internos), atingindo os alvéolos pulmonares
durante as trocas gasosas e chegando até a
corrente sanguínea.
Outro composto prejudicial é monóxido de
carbono (CO). Quando inalado, ele também
atinge o sangue, onde se liga à hemoglobina,
o que impede o transporte de oxigênio para
células e tecidos do corpo.
"Isso tudo desencadeia um processo
inflamatório sistêmico, com efeitos deletérios
sobre o coração e o pulmão. Em alguns casos,
pode até causar a morte", explica o
pneumologista Marcos Abdo Arbex, vice-
coordenador da Comissão Científica de
Doenças Ambientais e Ocupacionais da
Sociedade Brasileira de Pneumologia e
Tisiologia (SBPT) e professor da Faculdade de
Medicina da Universidade de Araraquara
(Uniara).
Consequências da fumaça para o ser humano
A lista de problemas provocados pela inalação
da fumaça de queimadas florestais é grande.
Os mais leves, segundo Carvalho, são dor e
ardência na garganta, tosse seca, cansaço,
falta de ar, dificuldade para respirar, dor de
cabeça, rouquidão e lacrimejamento e
vermelhidão nos olhos.
"Eles variam de pessoa para pessoa e
dependem do tempo de contato com a
fumaça", comenta. "No geral, ela afeta mais
as vias respiratórias, agravando os quadros de
doenças prévias, como rinite, asma, bronquite
e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
(DPOC). Os extremos de idade, ou seja,
crianças e idosos, são os que mais sofrem, por
serem mais sensíveis", comenta.
Arbex acrescenta que as queimadas não só
pioram, como também desencadeiam essas
mesmas enfermidades, assim como as
cardiovasculares, insuficiência respiratória e
pneumonia. "Além disso, provocam quadros
de alergia e, quando a exposição é
39
Grupo de Comunicação
permanente, há o risco de desenvolvimento de
câncer", indica o médico.
Por falar em câncer, o estudo "Queima de
biomassa na Amazônia causa danos no DNA e
morte celular em células pulmonares
humanas", de pesquisadores da Universidade
de São Paulo (USP), da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (UFRN), da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e publicado
em 2017 na revista científica Nature,
constatou que a fumaça aumenta a
inflamação, o estresse oxidativo e causa danos
genéticos nas células do pulmão.
A pesquisa concluiu que "o dano no DNA pode
ser tão grave que a célula perde a capacidade
de sobreviver e morre ou perde o controle
celular e começa a se reproduzir
desordenadamente, evoluindo para câncer de
pulmão".
Para chegar a este resultado, células do
pulmão humano foram expostas a partículas
de fumaça coletadas em Porto Velho, uma das
cidades mais afetadas pelos incêndios na
Amazônia, e analisadas em laboratório.
É importante destacar que não são apenas as
pessoas que vivem próximas às áreas onde
são comuns os incêndios florestais que sofrem
com a fumaça.
Em situação de queimadas mais intensas,
como as que o país vive nas últimas semanas,
a névoa provocada pelo fogo pode viajar
milhares de quilômetros e atingir outras
cidades, estados e até países.
Inclusive, há indicações de que foi isso o que
ocorreu em São Paulo na última segunda-feira
(19). Nesse dia, a união de uma frente fria
com resíduos oriundos das queimadas nas
regiões Norte e Centro-Oeste do país e na
Bolívia e no Paraguai fez com que o céu
escurecesse no meio da tarde na capital e no
litoral paulista.
Para amenizar os efeitos das queimadas na
saúde, alguns cuidados são necessários, como
evitar, na medida do possível, a proximidade
com incêndios, manter uma boa hidratação,
principalmente em crianças menores de 5
anos e idosos maiores de 65 anos, e manter
os ambientes da casa e do trabalho fechados,
mas umidificados, com o uso de
vaporizadores, bacias com água e toalhas
molhadas.
Também é indicado usar máscaras ao sair na
rua, evitar aglomerações em locais fechados,
e optar por uma dieta leve, com a ingestão de
verduras, frutas e legumes. Fora isso, em caso
de urgência deve-se buscar ajuda médica
imediatamente.
https://g1.globo.com/ciencia-e-
saude/noticia/2019/08/22/fumaca-de-
queimadas-e-ameaca-a-saude-publica-
alertam-medicos.ghtml
Voltar ao Sumário
40
Grupo de Comunicação
Veículo: G1 Natureza
Data: 22/08/2019
'Animais carbonizados e silêncio no lugar
do verde e som de pássaros': biólogo
descreve cenário apocalíptico após
queimadas
'A perda é de valor inestimável. Muito superior
ao das multas aplicadas, quando se encontra o
culpado, o que é raro', diz Izar Aximoff, que
estudou a recomposição de florestas no Rio de
Janeiro após queimadas
Por BBC
Um filhote de cobra carbonizado por um
incêndio florestal — Foto: Izar Aximoff
O biólogo Izar Aximoff estudou a
recomposição de florestas no Rio de Janeiro
após queimadas. Testemunhou áreas verdes
se transformarem em pó preto e o rico som
das florestas, em silêncio.
"É muito triste ver a floresta totalmente
dizimada. Aquele cenário colorido, com flores,
sons de animais, pássaros cantando, bichos se
movimentando e cheiro de mata dá lugar ao
silêncio, a animais carbonizados, a um cheiro
de carne queimada, à desolação. Fica tudo
preto e você fica sujo com aquele resíduo de
carvão", descreve o biólogo, lembrando-se do
que viu quando uma área que monitorava em
seus estudos voltou a sofrer queimadas.
"Eu vi filhote de jiboia queimado, bicho-
preguiça carbonizado, bromélia queimada. Dá
vontade de chorar. A perda é de valor
inestimável. Muito superior ao das multas
aplicadas, quando se encontra o culpado, o
que é raro", compara o biólogo especialista no
tema em áreas de Mata Atlântica, como o
Parque Nacional de Itatiaia.
Após o quadro de destruição, novos desafios
surgem no reflorestamento, explica o biólogo,
que é doutor em Botânica pelo Instituto de
Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de
Janeiro (JBRJ).
"Espécies ameaçadas acabam não voltando. A
cada queimada, a diversidade é perdida",
disse.
"E muitas áreas de Mata Atlântica, por
exemplo, não conseguem se regenerar
sozinhas. É preciso um reforço. Temos as
melhores cabeças do mundo na área de
reflorestamento, mas a demanda é grande
demais", diz o biólogo, lembrando que a
situação é também grave em áreas que
ganham menos holofotes como o Cerrado e a
Caatinga.
A mesma falta de recursos impede um
planejamento mais eficaz na prevenção de
novas queimadas. O biólogo diz que, no nível
federal, o acompanhamento dos incidentes é
melhor do que no estadual e municipal.
"A prevenção é muito mais barata. Mas não há
planejamento também por falta de dados. Os
gastos após os incêndios são muito maiores.
Você tem uso de aeronaves, equipes, sem
contar o risco de morte a que esses
profissionais estão expostos", acrescentou.
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/0
8/22/animais-carbonizados-e-silencio-no-
lugar-do-verde-e-som-de-passaros-biologo-
descreve-cenario-apocaliptico-apos-
queimadas.ghtml
Voltar ao Sumário
41
Grupo de Comunicação
Veículo: G1 Política
Data: 22/08/2019
Bolsonaro diz que queimadas podem ser
causadas por fazendeiros, mas 'a maior
suspeita vem de ONGs'
Presidente disse que não há provas sobre
relação de ONGs com queimadas. Amazônia
concentra 52,5% dos focos de queimadas de
2019, conforme INPE.
Por Guilherme Mazui, G1 — Brasília
O presidente Jair Bolsonaro declarou nesta
quinta-feira (22), ao ser questionado por
jornalistas, que fazendeiros podem estar por
trás de queimadas na região amazônica,
porém a "maior suspeita" recai sobre
organizações não-governamentais (ONGs).
Bolsonaro voltou a comentar o tema em
entrevista na saída do Palácio da Alvorada. Na
quarta (21), o presidente levantou a suspeita
de que "ongueiros" sejam os responsáveis por
incêndios na região.
A Amazônia concentra 52,5% dos focos de
queimadas de 2019, segundo os dados do
Programa Queimadas, do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe). O G1 mostrou que
o número de queimadas aumentou 82% em
relação ao mesmo período de 2019 – de
janeiro a 18 de agosto.
Indagado se fazendeiros poderiam estar por
trás das queimadas, Bolsonaro disse que sim,
porém reforçou a suspeita sobre as ONGs.
"Pode, pode ser fazendeiro, pode. Todo mundo
é suspeito, mas a maior suspeita vem de
ONGs", declarou o presidente.
Bolsonaro ainda foi perguntado se há provas e
repetiu que não há registros escritos.
"Não se tem prova disso, meu Deus do céu.
Ninguém escreve isso, vou queimar lá, não
existe isso. Se você não pegar em flagrante
quem está queimando e buscar quem mandou
fazer isso, que isso tá acontecendo, é um
crime que está acontecendo", declarou.
O presidente criticou a cobertura da imprensa
às declarações, disse que não defende
queimadas e que apresentou uma suspeita, já
que as ONGs perderam recursos que eram
direcionados pelo governo.
Questionado sobre os responsáveis pelos
incêndios, Bolsonaro ironizou: "São os índios,
quer que eu culpe os índios? Vai escrever os
índios amanhã? Quer que eu culpe os
marcianos? É, no meu entender, um indício
fortíssimo que esse pessoal da ONG perdeu a
teta deles. É simples".
Nesta quarta-feira (21), ambientalistas
classificaram a fala de Bolsonaro sobre
relacionar queimadas às ONGs como
"irresponsável" e "leviana" (veja no vídeo
abaixo).
"Essa afirmativa da Presidência da República é
completamente irresponsável, porque as ONGs
têm como objetivo o meio ambiente como
prioridade. Não faz nenhum sentido dizer que
ONG está colocando fogo em floresta, pelo
contrário. É um grande absurdo", afirmou o
presidente do Instituto Brasileiro de Proteção
Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy.
Petrobras
Bolsonaro não descartou durante a entrevista
a possibilidade de privatizar a Petrobras até o
final do seu mandato, em 2022. O presidente
disse que seria preciso analisar o "custo-
benefício" do negócio para o Brasil.
"Estuda tudo, pô. Tudo o governo estuda. Vai
ter que analisar custo-benefício, o que que é
bom Brasil ou que que não é", disse.
Na quarta-feira, o ministro da Casa Civil, Onyx
Lorenzoni, declarou que o governo ainda não
tem uma definição sobre o tema. Questionado
nesta quinta se concorda com uma possível
venda da estatal, Bolsonaro respondeu que
avaliará uma eventual proposta do ministro da
Economia, Paulo Guedes.
"Vou ouvir a proposta que vai ser apresentada
para mim. Quando chegar para mim, daí eu
falo", afirmou.
O presidente ainda voltou a reclamar do preço
dos combustíveis pago pelo consumidor nos
postos e disse que conversou com
representantes da Petrobras sobre o assunto.
"Eu quero saber por que que o preço diminui
na refinaria, que está diminuindo, e na ponta
não diminui. O que a gente tem que fazer para
esse preço chegar na ponta. Se está havendo
42
Grupo de Comunicação
cartel ou não está, não posso acusar",
declarou.
Questionado se a ação pode ser vista como
uma interferência na política de preços da
empresa, ele declarou que o "objetivo" da
estatal "atender melhor a população".
Novo imposto sobre pagamentos
Bolsonaro declarou que ouvirá a opinião do
ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a
incluir na proposta de reforma tributária a
criação um imposto sobre transações
financeiras nos moldes da extinta Contribuição
Provisória Sobre Movimentação Financeira
(CPMF).
"Vou ouvir a opinião dele [Guedes]. Se
desburocratizar muita coisa, diminuir esse
cipoal de impostos, essa burocracia enorme",
disse o presidente.
Guedes afirmou nesta quarta-feira que a volta
do tributo teria como objetivo diminuir a
tributação sobre a folha de pagamentos, como
forma de estimular a geração de empregos no
país.
Perguntado a respeito do tributo, Bolsonaro
disse estar disposto a "conversar", mesmo já
tendo dito anteriormente que não recriaria a
CPMF.
"Eu estou disposto a conversar, não pretendo,
falei que não pretendo recriar a CPMF. ... O
que ele [Guedes] complementou? A sociedade
que tome decisão a esse respeito. Ele pode
falar ‘vou botar 0,10% na CPMF e em
consequência acabo com tais e tais impostos’.
Não sei. Por isso que eu evito falar com vocês,
vocês falam que eu recuo", declarou.
Sucessão PGR
Bolsonaro informou que a reunião que terá
com a procuradora-geral da República, Raquel
Dodge, na tarde desta quinta-feira foi a pedido
da própria chefe do Ministério Público Federal.
Dodge está na disputa pela recondução como
PGR, já que seu atual mandato se encerra em
setembro. Em junho deste ano, ela disse que
está "à disposição" para permanecer no cargo.
Bolsonaro ainda não decidiu se a mantem ou
se indica um outro procurador. Segundo ele, a
decisão sairá na "hora certa".
O presidente ressaltou que deseja um chefe
da PGR nota "sete" para que tenha uma
atuação equilibrada.
"Eu não quero uma pessoa que seja 10 numa
coisa e zero na outra. Eu quero que seja sete
em tudo pra poder equilibrar. Não podemos
ter uma pessoa lá preocupada apenas com
uma coisa, e esquece o meio ambiente,
esquece o combate a corrupção, esquece a
questão das minorias, tá certo? tem que
buscar uma solução pra tudo isso", afirmou.
https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/08/
22/bolsonaro-diz-que-queimadas-podem-ser-
causadas-por-fazendeiros-mas-a-maior-
suspeita-vem-de-ongs.ghtml
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
43
Grupo de Comunicação
FOLHA DE S. PAULO O QUE A FOLHA PENSA: Onde há fumaça
Queimadas se alastram de modo alarmante;
Bolsonaro lança teoria conspiratória
O negrume que tomou o céu de São Paulo em
plena tarde de segunda (19) acabou, por vias
oblíquas, chamando a atenção para queimadas
que grassam em proporções alarmantes na
Amazônia e nas fronteiras com Paraguai e
Bolívia.
Embora a principal explicação para o fenômeno
paulistano tenha sido a chegada de uma frente
fria, meteorologistas apontaram também sua
possível relação com o fogo em regiões distantes.
Se é difícil dimensionar a influência do segundo
fator, não se questiona que o país tem vivido
neste ano alta expressiva das queimadas.
Contaram-se 72.843 focos até 19 de agosto, um
crescimento de 83% ante o mesmo período de
2018 e recorde desde 2013 para os primeiros
oito meses do ano, segundo o Inpe.
A lista é encabeçada por Mato Grosso, seguido de
Pará, Amazonas e Rondônia. Os biomas com
mais casos são a floresta amazônica, com 52%
do total de registros, e o cerrado, com 30%.
Também preocupante é a ocorrência das chamas
em áreas protegidas. Somente nesta semana já
se observaram 68 episódios dentro de terras
indígenas e unidades de conservação estaduais e
federais.
Lamentável, embora não surpreendente, foi a
reação do presidente Jair Bolsonaro (PSL) aos
dados. Não os contestou, mas tampouco perdeu
a oportunidade de propagar teorias
conspiratórias e vilipendiar inimigos imaginários.
Nesta quarta (21), disse que ONGs poderiam
estar por trás das queimadas, com o objetivo de
prejudicar a imagem de seu governo.
Raramente tais incêndios são naturais —mas não
pelo motivo apresentado pela fantasia
bolsonarista.
Mais comum é uma queima intencional, para
livrar pastos de pragas, sair do controle e
alcançar matas —isso quando o fogo não é usado
para limpar áreas previamente desmatadas.
Exemplo eloquente desta última modalidade foi
um certo “dia do fogo”, anunciado por
fazendeiros do entorno da BR-163 no sudoeste
do Pará, em 10 de agosto, sábado.
Principal cidade da região, Novo Progresso
registrou 124 focos de incêndio naquela data,
recorde do ano. No domingo, o número subiu
para 203, atingindo áreas de conservação. O
Ministério Público Estadual abriu investigação.
À diferença dos últimos anos, quando o Ibama
manteve uma base de fiscalização em Novo
Progresso durante o período seco, em 2019 a
operação acabou cancelada devido à falta de
apoio das administrações estadual e federal.
Nessa seara, como se vê, ONGs são
desnecessárias para prejudicar a imagem do
governo.
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2019/08/
onde-ha-fumaca.shtml
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
44
Grupo de Comunicação
Fala de Bolsonaro confirma indiferença do
governo pelo meio ambiente
Com fantasia sobre queimadas, presidente
inventa vilões para fugir de obrigações
A insinuação feita por Jair Bolsonaro de que
ONGs teriam provocado queimadas na Amazônia
para desgastar seu governo completa mais uma
linha no seu bingo do absurdo. A declaração é
uma tentativa banal de desvirtuar o debate sobre
a devastação das florestas. Com ela, o governo
confirma sua indiferença absoluta pelo meio
ambiente.
O presidente trava uma guerra fútil com
organizações internacionais que atuam no país.
Bolsonaro acha que ganhou terreno, mas o Brasil
só perdeu até aqui. Ficou sem os R$ 288 milhões
que seriam repassados por Alemanha e Noruega
para o Fundo Amazônia e viu o país perder
credibilidade por suspeita de manipulação de
dados do desmatamento.
Agora, o presidente reproduz uma teoria da
conspiração que começou a circular há alguns
dias nas redes sociais. "Pode estar havendo, não
estou afirmando, ação criminosa desses
ongueiros para exatamente chamar a atenção
contra a minha pessoa, contra o governo do
Brasil", afirmou, nesta quarta-feira (21).
A notícia boa é que Bolsonaro reconheceu que as
queimadas existem. Como seria impossível
ignorar a fumaça no céu, ele não ousou repetir a
tática de negar a realidade, como fez quando os
dados oficiais tabulados pelo Inpe mostraram
aumento na devastação de áreas verdes.
O lado desastroso é que o presidente insiste em
inventar vilões para fugir de suas obrigações.
Além das ONGs, ele também acusou
governadores de serem coniventes "com o que
está acontecendo", só para prejudicá-lo. Seria
melhor tratar essa mania de perseguição no divã,
não na cadeira presidencial.
Bolsonaro até disse que vai "fazer o possível e o
impossível" para conter os incêndios, mas fez
piada: "Eu era o capitão motosserra, agora sou o
Nero, tocando fogo na Amazônia".
Os números apontam para um avanço nas
queimadas em agosto, embora outros meses
tenham seguido ritmos anteriores. O presidente
ganharia mais se demonstrasse preocupação, em
vez de instalar o desdém como política
ambiental.
Bruno Boghossian
Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É
mestre em ciência política pela Universidade
Columbia (EUA).
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/bruno-
boghossian/2019/08/fala-de-bolsonaro-confirma-
indiferenca-do-governo-pelo-meio-
ambiente.shtml
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
45
Grupo de Comunicação
OPINIÃO: Brasil, um país suicida?
Obscurantismo das elites se espalha entre
alienados
Iara Pietricovsky
A mentalidade colonial, que se perpetua no Brasil
por meio de um Estado patrimonialista,
promíscuo e autoritário, escancara uma
sociedade com extrema desigualdade de classe,
raça, gênero e etnia. Ainda que tenha sido
possível experimentar momentos de melhora no
período recente, esse passado nos mancha de
forma indelével —e, se não for enfrentado, vai
continuar ampliando o ciclo vicioso da injustiça
social.
Por que digo isso? Vamos aos fatos do Brasil de
hoje. Segundo o Relatório Luz, elaborado por
ONGs articuladas em torno da Agenda 2030, o
Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
número 10, que trata da redução da
desigualdade dentro dos países e entre eles,
caminha para trás. Foi esse mesmo relatório que
nos trouxe a triste notícia de que o Brasil
retornou ao Mapa da Fome da ONU, do qual saíra
em 2014.
Pela primeira vez desde 2010, o Brasil manteve a
mesma nota e a mesma posição entre as 188
nações pesquisadas no ranking de
desenvolvimento humano das Nações Unidas.
Estamos estagnados no 79º lugar.
Em decorrência da emenda constitucional 95,
políticas públicas que melhoraram indicadores da
saúde e da educação estão sendo
desmanteladas. O fim do Mais Médicos, os cortes
orçamentários em áreas estratégicas do
conhecimento científico, e uma política
deliberada de privatização dos sistemas públicos,
em especial na educação, são alguns dos
exemplos mais recentes.
A desigualdade de renda entre homens e
mulheres aumentou nos últimos dois anos. De
acordo com dados da Pnad Contínua (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios Contínua
Trimestral), as mulheres ganhavam 72% do que
recebiam os homens em 2016. Um ano depois,
ganhavam 70%. Esse índice segue piorando.
Recuou também a equiparação de renda entre
negros e brancos —isso é especialmente
problemático quando temos a maioria da
população de mulheres e negros.
Não por coincidência, as mulheres negras são as
que mais pagam impostos proporcionalmente à
sua renda no Brasil. Nosso sistema tributário
regressivo é um instrumento de manutenção das
distâncias sociais e, somado ao corte dos gastos
públicos e outras medidas de austeridade fiscal,
vem castigando a população mais vulnerável.
Essa desigualdade também se expressa no
campo da representação política. Homens
brancos são maioria em todos os espaços
públicos, em especial no Congresso e no
Executivo. Cresce também a violência e a
discriminação contra a mulher, principalmente se
for negra.
Estamos diante de um sistema político obsoleto,
que promove a perpetuação de oligarquias no
poder e facilita os mecanismos de corrupção em
todos os níveis. A criminalização das ONGs e
movimentos sociais, a perseguição à imprensa e
aos setores que expressam discordâncias e
visões críticas nos levam ao retrocesso
democrático rumo a um autoritarismo que
namora o fascismo.
As novas gerações já começam a pagar a conta:
a mortalidade infantil aumentou, o desemprego
assusta e a proposta de reforma da Previdência,
em discussão no Congresso, já acaba com o
sonho de uma aposentadoria digna. É verdade
que existe uma necessidade de reforma, mas
passa muito mais por acabar com privilégios e
por uma tributação progressiva do 1% mais rico.
Data: 22/08/2019
46
Grupo de Comunicação
O desmantelamento das politicas de proteção
ambiental e o retrocesso no combate ao
aquecimento do clima também coloca em xeque
o futuro das próximas gerações.
A conclusão é que existe uma dificuldade
inequívoca de nos pensarmos como uma nação
justa, democrática e diversa. O obscurantismo
doentio das elites, que se espalha também nos
setores alienados, é suicida. Senão, como
justificar nosso rumo atual? Aos que acreditam
que outro país é possível, o que fazer?
Continuar nossa luta e nossas mobilizações pelo
direito a existir em nossa diversidade. Educarmo-
nos. Acreditar na ciência e no conhecimento
como forma de mudar a realidade em benefício
de um mundo melhor e plural, mais bonito, mais
ético. E acreditar que existe, sim, uma
democracia participativa possível num mundo
onde a solidariedade, a igualdade e a liberdade
sejam compatíveis e complementares,
simplesmente porque não há outra saída —nem
outro planeta.
Iara Pietricovsky
Antropóloga, cientista política, atriz e membro do
Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos)
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2019/08/
brasil-um-pais-suicida.shtml
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
47
Grupo de Comunicação
Painel: Após ações de Bolsonaro na Receita,
no Coaf e na PF, ala do PSL ameça
contrariar recomendações do Planalto
O mestre mandou?
A interferência de Jair Bolsonaro em órgãos como
Receita, Coaf e Polícia Federal, e a relutância dele
em definir o que vai fazer com o projeto que
pune o abuso de autoridade abriram caminho a
uma onda de contestações sobre os métodos do
presidente dentro do PSL. Uma ala do partido se
queixa das medidas e diz que não está
suportando as críticas nas redes sociais. Em
reunião tensa nesta terça (20), deputados
ameaçaram contrariar indicações do governo em
votações no Congresso.
Divã
Deputados do partido de Bolsonaro, como Luiz
Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP),
disseram que não votariam mais com o governo
caso discordassem da posição do Planalto e
pediram ao líder, Delegado Waldir (PSL-GO), que
sempre reúna a bancada para deliberação antes
de orientar os votos em plenário.
O lado dele
Em paralelo, deputados do PSL têm dito que, se
Bolsonaro dedicasse ao pacote anticrime o
mesmo esforço implicado para salvar Flavio
Bolsonaro (RJ) de acusações na Justiça e para
indicar o 03, Eduardo, embaixador nos EUA, o
projeto já teria sido aprovado.
Meia palavra basta
O presidente do Supremo, Dias Toffoli, fez uma
defesa enfática da preservação das instituições
no jantar que teve com a bancada do PSL.
Segundo relatos, o ministro disse que os Poderes
devem agir em favor do povo –e não criar
celeuma.
Meia palavra basta 2
Vários integrantes do partido de Bolsonaro
estimularam –e estimulam– marchas contra o
Supremo e o próprio Congresso.
Todos por um?
Cresce no MDB a ideia de construir uma chapa
única, encabeçada pelo deputado Baleia Rossi
(SP), para presidir o partido. Haverá eleição da
nova cúpula em outubro. O atual presidente da
legenda, Romero Jucá (RR), é um dos que apoia
a ideia.
Quatro ventos
O deputado estadual Campos Machado (PTB-SP)
enviou cartas a líderes de bancadas e presidentes
de assembleias legislativas de todo o país contra
o projeto que permite à gestante optar pela
cesária sem orientação médica, encampado em
SP por Janaina Paschoal.
Quatro ventos 2
As cartas têm pareceres de especialistas contra a
proposta. Machado diz que há um movimento do
PSL para tentar exportar o projeto de Janaina
para outros estados do país. “Querem criar a
indústria da cesárea”, disse.
Miopia
Mesmo debaixo de forte contestação nos três
Poderes, a cúpula do fisco enviou um email, no
início da semana, com uma lista de exigências a
Marcos Cintra. Interlocutores do secretário da
Receita interpretaram a carta como uma
tentativa do grupo de ganhar poder em meio à
crise.
Miopia 2
Os chefes da Receita querem absorver
atribuições que eram do colega João Paulo
Fachada, exonerado na segunda (19), e pregam
que as áreas de fiscalização e inteligência sejam
unificadas. A lista incluiria o compromisso de que
Cintra não troque o comando da Receita no Rio,
um pedido de Bolsonaro.
Miopia 3
A missiva foi enviada pelo subsecretário de
Tributação, Luiz Fernando Nunes. Embora tenha
tentado evitar tom de motim, dizendo não se
tratar de um emparedamento, a mensagem não
caiu bem.
Alvo
Aliados de Aécio Neves (PSDB-MG) viram a
margem larga de vitória do deputado mineiro
contra a ala que queria expulsá-lo sumariamente
do partido como um recado ao governador João
Doria (PSDB-SP) de que a sigla não vai se dobrar
à estratégias dele.
Suor e lágrimas
Aécio acompanhou a votação. Durante as
deliberações, uma funcionária que serve café na
sede do partido o puxou num canto e, aos
prantos, disse lamentar o que estava havendo.
Vapt-vupt
Diante da certeza de derrota, aliados de Doria
tentaram adiar a votação alegando que
precisariam de tempo para analisar a segunda
Data: 22/08/2019
48
Grupo de Comunicação
peça foi levada ao colegiado contra Aécio. Celso
Sabino (PSDB-PA), relator dos casos, reagiu.
Disse que encerrava a questão se lhe dessem um
computador e meia hora.
Menos um
O Podemos decidiu decidiu tirar Romario (RJ) e
pôr Marcos do Val (ES) na Comissão de Relações
Exteriores do Senado. Val já disse ser contra a
indicação de Eduardo à embaixada nos EUA.
TIROTEIO
O Brasil tem muito a perder. O discurso contra o
meio ambiente pode trazer consequências ruins
até para o agronegócio
Do senador Eduardo Braga (MDB-AM), sobre as
críticas de diferentes países e especialistas à
retórica bolsonarista direcionada à área
https://painel.blogfolha.uol.com.br/2019/08/22/a
pos-acoes-de-bolsonaro-na-receita-no-coaf-e-na-
pf-ala-do-psl-ameca-contrariar-recomendacoes-
do-planalto/
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
49
Grupo de Comunicação
Painel S.A.: Privatizações abrem novo ringue entre Bolsonaro e Doria
Estado e governo federal terão projetos de
concessão e PPP para disputar investimentos
SÃO PAULO
O anúncio do governo federal de que vai acelerar
as privatizações abre mais um ringue entre o
presidente Jair Bolsonaro e o governador de São
Paulo, João Doria. A corrida por recursos está no
radar dos competidores há meses. Para tentar
elevar a atratividade de seus ativos, São Paulo
quer diminuir os passivos regulatórios com as
concessionárias, segundo o vice-governador,
Rodrigo Garcia. O estado tem dezenas de
batalhas na Justiça por discordâncias sobre
antigas concessões.
Páreo
“A ideia é cortar ou zerar passivos regulatórios,
lides que o estado tem com suas concessionárias
e vice-versa, o que é natural em contratos de 30
anos. O país terá muitos projetos de concessão,
seja do governo federal ou outros estados. Nosso
diferencial será regular bem as concessões e ter
agências reguladoras independentes”, diz Garcia.
No mesmo barco
No meio da guerra de projetos de reforma
tributária, voltou a ser compartilhado um vídeo
publicado em rede social em janeiro por Eurico
de Santi, um dos diretores do CCiF, think tank
que idealizou a proposta do deputado Baleia
Rossi, em tramitação na Câmara.
Ancorados
As imagens mostram o próprio Santi em um
passeio no barco do empresário Miguel Abuhab,
dono da empresa de software NeoGrid, pela baía
de Babitonga, litoral de Santa Catarina. Eles
estavam acompanhados do ex-deputado Luiz
Carlos Hauly, pai da proposta concorrente de
reforma tributária, encampada pelo Senado.
Grito de guerra?
Abuhab é o empresário criador do que Hauly
chama de “um dos pilares” da proposta do
Senado: um modelo de cobrança eletrônico
cedido gratuitamente. No vídeo, o trio celebra o
impulso reformista. “Reforma tributária já”,
afirma Santi, seguido por gestos positivos dos
outros navegantes.
Dois times
Procurado, Santi diz que sempre defendeu a
proposta do CCiF e que, lá em janeiro, havia
expectativa de atrair Hauly para a iniciativa. Ele
diz que ainda acredita em convergência. Hauly
afirma que atua como consultor. Abuhab diz que
seu projeto de simplificação não tem ligação com
a NeoGrid, e que a empresa não se beneficiaria
da proposta porque já existe ferramenta no
sistema bancário.
Namoro
A aproximação entre a indústria e o deputado
Eduardo Bolsonaro continua. Após jantar com
empresários na Fiesp e participar de cerimônia de
premiação com a CNI, o filho do presidente
tuitou agradecendo o apoio à indicação para
Washington.
Ideia...
O deputado Hugo Leal (PSD-RJ) apresenta em
Brasília no próximo dia 27 um substitutivo para
projeto do governo Michel Temer (MDB) que
altera os processos de recuperação judicial e
falência.
... recuperada
O projeto original foi considerado pelo setor
privado como amplo demais e muito favorável ao
governo e à Procuradoria da Fazenda. A nova
versão do texto teve sugestões de especialistas
em falências.
Volta por cima
O advogado Thomaz Sant'ana, sócio do escritório
PGLaw, diz que a expectativa é que o texto
facilite o recomeço para empresários quebrados e
também viabilize o financiamento para empresas
em recuperação.
Sem encrenca
Já Renato Scardoa, do Franco Advogados, que
também colaborou na elaboração do texto, diz
que a nova versão evitará controvérsias e deverá
Data: 22/08/2019
50
Grupo de Comunicação
tratar de assuntos que já foram pacificados por
tribunais superiores.
Vaga sem dono
O déficit de profissionais para os postos da área
de software e serviços de tecnologia pode crescer
em mais 260 mil pessoas até 2024, de acordo
com estudo que a Brasscom (associação do
setor) vai apresentar nesta quinta-feira (22).
Sala vazia
Sergio Galindo, presidente da associação, afirma
que a demanda cresce mais rápido do que a
formação de profissionais por causa de fatores
como baixa procura de cursos e pela alta evasão
de alunos, em especial aqueles que não têm
acesso a programas como ProUni e Fies.
Saúde
O Hospital Alemão Oswaldo Cruz abre nesta
quinta-feira seu centro internacional de pesquisas
em São Paulo para atender a indústria
farmacêutica, universidades e governos.
Em estudo
A unidade contará com 40 pesquisadores. A
previsão é fazer 60 pesquisas simultâneas em
prazo de cinco anos, movimentando R$ 50
milhões no período. Haverá investigação
epidemiológica, clínica e sobre adoção de novas
tecnologias.
Com Filipe Oliveira
Painel S.A.
Jornalista, Joana Cunha é formada em
administração de empresas pela FGV-SP. Foi
repórter de Mercado e correspondente da Folha
em Nova York.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painelsa/
2019/08/privatizacoes-abrem-novo-ringue-entre-
bolsonaro-e-doria.shtml
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
51
Grupo de Comunicação
Privatização da Petrobras é plano ou
fantasia do trilhão?
Vinicius Torres Freire
Ideia volta a circular no governo, mas não há
plano realista nenhum sobre o assunto
A ideia de privatizar a Petrobras de fato voltou a
circular no ministério da Economia. A hipótese de
venda da mãe de todas as estatais foi revelada
no meio da tarde desta quarta-feira, pelo jornal
Valor. Não quer dizer que exista um rabisco de
plano para a privatização, mas há fogo debaixo
dessa fumaça.
Oficialmente, o ministro Onyx Lorenzoni (Casa
Civil), disse no final da tarde desta quarta-feira
que técnicos do governo vão começar estudos
sobre a viabilidade da privatização.
Esse plano havia sido dado como morto entre a
eleição e os primeiros meses do governo de Jair
Bolsonaro, dada a oposição do próprio presidente
e de “gente do Planalto”. Próximos do presidente
alertavam, no mínimo, para o tamanho do
problema político da venda da petroleira, um
tumulto grande quando a prioridade seria a
aprovação de outras reformas.
“Gente do Planalto”, da Economia e também da
Infraestrutura teria voltado a ouvir do ministro
Paulo Guedes, mas não apenas dele, que seria
possível “voltar a sonhar”, desculpem a citação
cafona, com a privatização de “tudo, Petrobras e
Banco do Brasil inclusive”. Qual o motivo da
animação?
Em primeiro lugar, Bolsonaro não teria mais
tanta resistência à ideia. “Alguns militares”
adversários da privatização teriam perdido poder.
A passagem da reforma da Previdência, o
encaminhamento de outras (como a MP da
“liberdade econômica”) e pesquisas de opinião
seriam um indício forte de que a resistência da
sociedade ao programa liberal é cada vez menor,
se alguma.
Quanto aos problemas de privatizar uma
empresa na prática monopolista, as soluções
estariam sendo encaminhadas.
Segundo o argumento, o monopólio da Petrobras
no refino de petróleo vai acabar, assim como o
domínio da estatal no setor de gás e a presença
forte na revenda e transporte de combustíveis. A
reabertura do mercado de petróleo e gás e a
segurança de investidores faria com que o peso
relativo da Petrobras na produção de petróleo
“tenda a diminuir”.
Note-se que a Petrobras produz mais de 93% do
petróleo brasileiro, segundo o Boletim da
Produção de Petróleo e Gás Natural da Agência
Nacional do Petróleo. Embora Guedes queira
acelerar o processo, a venda das refinarias da
Petrobras vai até 2021, embora a empresa já se
desfaça de suas empresas de transporte de gás.
Até aqui, trata-se de teses e hipóteses muito
simplórias. Caso chegue ao cabo um estudo de
privatização e, ainda muito mais enrolado, da
necessária nova regulação do setor, o governo
terá de mexer em pelo menos duas leis para
vender a empresa. Dado o rolo no Supremo até
para a venda de subsidiárias de estatais, é
possível que a privatização enrosque em algum
argumento constitucional.
Ainda não é o mais importante. O que significa
privatizar a Petrobras? Vender ações até que o
governo perca o controle da empresa ou mais do
que isso? O governo mal começou a elaborar
estudos para a venda complexas como a dos
Correios (no entanto, caso muitíssimo mais
simples do que o da Petrobras). Não tem nenhum
estudo para vender as empresas de
processamento de dados, como anunciou, e
regular esse mercado sensível. Não conseguiu
nem ao menos colocar na praça, por obra sua,
uma grande concessão de transporte, que é
venda de pãozinho, comparada à privatização da
petroleira.
Por enquanto, tudo soa como um daqueles
planos do governo de arrumar “trilhões” de reais
com essa ou aquela fantasia.
Vinicius Torres Freire
Jornalista, foi secretário de Redação da Folha. É
mestre em administração pública pela
Universidade Harvard (EUA).
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/viniciusto
rres/2019/08/privatizacao-da-petrobras-e-plano-
ou-fantasia-do-trilhao.shtml
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
52
Grupo de Comunicação
Sem provas, Bolsonaro diz que queimadas
podem ter sido provocadas por ONGs
Incêndios na Amazônia em 2019 bateram o
recorde dos últimos sete anos; focos de fogo
cresceram 83% em relação ao mesmo período de
2018
Gustavo Uribe
BRASÍLIA
O presidente Jair Bolsonaro classificou nesta
quarta-feira (21) como criminosa a série de
queimadas pelo país e disse que ONGs
(Organizações não Governamentais) de proteção
ao meio ambiente podem estar envolvidas nos
incêndios ilegais. Bolsonaro, no entanto, não
apresentou provas.
Em entrevista, na entrada do Palácio da
Alvorada, ele disse que cortou recursos que antes
eram repassados para as entidades da sociedade
civil e que o objetivo talvez seja prejudicar o seu
mandato.
"Pode estar havendo, não estou afirmando, ação
criminosa desses ongueiros para exatamente
chamar a atenção contra a minha pessoa, contra
o governo do Brasil. Essa é a guerra que nós
enfrentamos. Vamos fazer o possível e o
impossível para conter esse incêndio criminoso",
disse
Bolsonaro afirmou ainda que não está insensível
aos ataques e ressaltou que tem havido uma
guerra do mundo contra o Brasil por causa da
postura adotada pela atual gestão, que tem feito
críticas públicas às nações europeias.
"O crime existe. E nós temos de fazer o possível
para que esse crime não aumente, mas nós
tiramos dinheiros de ONGs. Dos repasses de fora,
40% ia para ONGs. Não tem mais. Acabamos
também com o repasse de dinheiro público, de
forma que esse pessoal está sentindo a falta do
dinheiro", afirmou.
Incêndio atinge a região centro-norte da unidade
de conservação Parque Nacional da Chapada dos
Guimarães, no Mato Grosso
Incêndio atinge a região centro-norte da unidade
de conservação Parque Nacional da Chapada dos
Guimarães, no Mato Grosso - ICMBio
Com 72.843 focos de incêndio do início de janeiro
até segunda-feira (19), o Brasil registra um
aumento de 83% em relação ao mesmo período
do ano passado. O fogo também avança sobre
áreas protegidas. Somente nesta semana, houve
68 ocorrências dentro de terras indígenas e
unidades de conservação estaduais e federal.
O presidente disse que tem tratado do tema com
os ministros da Defesa, do Meio Ambiente e da
Justiça e afirmou que contingentes das Forças
Armadas devem, a partir desta quinta-feira (22),
intensificar o monitoramento a áreas críticas de
incêndios florestais.
"Temos que combater o crime. Depois vamos ver
quem é o possível responsável pelo crime. Mas,
no meu entender, há interesse dessas ONGs, que
representam interesses de fora do Brasil",
observou.
Bolsonaro ainda acusou governadores da região
amazônica de serem coniventes com os incêndios
criminosos. Segundo ele, há estados da Região
Norte que não estão "movendo uma palha" para
combater as queimadas na região amazônica.
"Olha só, tem governador, não quero citar nome,
que está conivente com o que está acontecendo
e bota a culpa no governo federal. Tem estados
aí, que não quero citar, na região Norte, que o
governador não está movendo uma palha para
ajudar a combater incêndio. Está gostando disso
daí", afirmou.
O estado do Mato Grosso liderou as queimadas
na Amazônia, com 13.682 focos de calor
acumulados em todo o ano, de acordo com dados
do ICV (Instituto Centro de Vida). Levando em
conta os oito primeiros meses deste ano em
relação ao mesmo período do ano passado há um
aumento de 87% nos focos de calor.
As queimadas ocorrem principalmente nas
propriedades particulares. Desde janeiro, 60%
dos focos de calor foram em áreas privadas
registradas no Cadastro Ambiental Rural, 16%
Data: 22/08/2019
53
Grupo de Comunicação
em Terras Indígenas e 1% em Unidades de
Conservação.
A acusação sem provas de Bolsonaro teve
repercussão na imprensa internacional. Os
jornais The New York Times, The Washington
Post e o The Guardian reproduziram a fala do
presidente. A declaração também recebeu
atenção da BBC, Reuters e da Al Jazeera.
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/0
8/bolsonaro-diz-que-queimadas-podem-ter-sido-
causadas-por-ongs.shtml
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
54
Grupo de Comunicação
Acusações a ONGs feitas por Bolsonaro causam indignação e espanto
Para o presidente, 'ongueiros' fazem queimadas
para prejudicar a imagem do governo
Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA | REUTERS
A declaração do presidente Jair Bolsonaro, que
culpou ONGs pelo aumento das queimadas na
Amazônia este ano, causou espanto e indignação
entre as organizações e também entre
parlamentares.
"Bolsonaro está projetando nos outros o que ele
faria. Talvez ele seja uma pessoa capaz de um
gesto de vingança dessa forma. É uma
declaração doente e doente a gente não
considera, a gente trata", disse o coordenador de
políticas públicas do Greenpeace, Marcio Astrini.
"Se fosse um grileiro de terra falando isso eu
acharia lamentável. Como é o presidente da
República dando uma declaração dessas, eu fico
sem palavras para dizer, é uma coisa
inaceitável", completou.
"Pode estar havendo, não estou afirmando, ação
criminosa desses ongueiros para exatamente
chamar a atenção contra a minha pessoa, contra
o governo do Brasil. Essa é a guerra que nós
enfrentamos. Vamos fazer o possível e o
impossível para conter esse incêndio criminoso",
disse o presidente Jair Bolsonaro
Carlos Rittl, coordenador-executivo do
Observatório do Clima, lembra que Bolsonaro foi
eleito com um agenda que classifica de
"antiambiental".
"E implementa agora uma agenda de ataque ao
meio ambiente, com redução da fiscalização e
tolerância jamais vista com quem desmata e
queima florestas. A responsabilidade pela
explosão do desmatamento e incêndios florestais,
assim como pela destruição da imagem e
reputação do país no exterior, é exclusivamente
sua, de seu ministro de Meio Ambiente e de seu
governo como um todo", afirmou.
Na manhã desta quarta-feira, o presidente
afirmou que ONGs podem estar por trás do
aumento das queimadas por terem perdido
recursos e estarem querendo atingi-lo. Bolsonaro
admitiu, no entanto, que não tem provas dessas
afirmações.
"O crime existe. Isso temos que fazer o possível
para que não aumente, mas nós tiramos dinheiro
de ONGs, 40% ia para ONGs. Não tem mais. De
modo que esse pessoal está sentindo a falta do
dinheiro. Então pode, não estou afirmando, ter
ação criminosa desses ongueiros para chamar
atenção contra minha pessoa, contra o governo
do Brasil”, afirmou o presidente.
Questionado sobre se tinha provas do que estava
falando, Bolsonaro disse que "essas coisas não
tem nada escrito".
Diego Casaes, do Instituto Avaaz, acusou o
presidente de tentar distrair a sociedade da crise
de desmatamento ilegal na Amazônia.
"Não podemos nos distrair enquanto o coração
do Brasil está queimando. Por sorte vemos agora
os próprios eleitores de Bolsonaro extremamente
preocupados sobre a Amazônia. O presidente
precisa parar de espalhar falsas acusações e
começar a proteger a Amazônia", disse em uma
nota enviada à Reuters.
Ex-ministros do Meio Ambiente estão entre os
que reagiram à acusação feita por Bolsonaro.
Carlos Minc, ministro durante o segundo governo
de Luiz Inácio Lula da Silva, classificou a fala do
presidente de "inacreditável".
Data: 22/08/2019
55
Grupo de Comunicação
"Não apresenta provas, só convicção. Nem plano
anti-queimadas. Ele e (o ministro do Meio
Ambiente Ricardo) Salles ligam motosserra,
acendem pavio e apontam o dedo! Ecocidas!",
escreveu o ex-ministro em sua conta no Twitter.
A ex-ministra Marina Silva, candidata à
Presidência em 2010, 2014 e 2018, também
usou as redes sociais para criticar o presidente.
"A Amazônia está em chamas. O Ministro do Meio
Ambiente fala em fake news e sensacionalismo.
O presidente diz que ONGs podem estar por trás
disso. A falta de compromisso com a verdade é
uma patologia crônica. Essa postura
irresponsável só agrava a emergência ambiental
no Brasil", escreveu.
Coordenador da Frente Parlamentar do Meio
Ambiente, o deputado Nilton Tato (PT-SP).
"O governo Bolsonaro mais uma vez faz uma
declaração estapafúrdia para na verdade não
deixar claro para a sociedade as políticas de
desmonte na área ambiental que ele vem
introduzindo", disse.
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/0
8/acusacoes-a-ongs-feitas-por-bolsonaro-
causam-indignacao-e-espanto.shtml
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
56
Grupo de Comunicação
Governo Bolsonaro abre edital para empresa
privada monitorar Amazônia
Contratação ocorre após ataques ao Inpe sobre
dados de desmatamento; instituto faz
monitoramento semelhante
Phillippe Watanabe
Ana Carolina Amaral
SÃO PAULO e SALVADOR
O Ibama publicou nesta quarta (21) no Diário
Oficial o edital para contratação de empresa
privada para fazer o monitoramento por satélite
da Amazônia. O Inpe (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais) já realiza serviço
semelhante e vem sendo publicamente criticado,
sem justificativas científicas, pelo governo Jair
Bolsonaro (PSL).
O objetivo do edital é que a empresa apresente
alertas diários, de alta resolução espacial, de
indícios de desmatamento, monitoramento com
alertas semelhante ao que já é feito pelo sistema
Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo
Real), do Inpe.
Nos últimos meses, o Deter apontou disparada
no desmatamento na Amazônia. A destruição em
junho aumentou 90% e em julho, 278% —em
comparação a junho e julho de 2018
respectivamente— , segundo os dados do Inpe.
A divulgação do aumento acentuado no desmate
e a repercussão internacional do assunto
desagradaram o presidente Bolsonaro. Em café
da manhã com jornalistas estrangeiros, em 19 de
julho, ao ser questionado sobre o assunto, o
presidente afirmou que o então diretor do Inpe,
Ricardo Galvão, poderia estar a “serviço de
alguma ONG”.
Galvão se defendeu das acusações e também fez
a defesa dos dados produzidos pelo Inpe. Em 2
de agosto, o então diretor do instituto foi
exonerado por Marcos Pontes, ministro da
Ciência e Tecnologia.
“A pretensão de aquisição de imagens de satélite
de alta resolução temporal e espacial justifica-se
pela busca, por parte do Ibama, de uma solução
viável e operacional para atuação mais eficiente,
eficaz, efetiva e com maior celeridade na gestão
das ações de fiscalização ambiental no combate
ao desmatamento ilegal e exploração florestal
seletiva ilegal na região Amazônica”, diz o edital.
O edital procura empresas especializadas em
“imageamento diário por imagens orbitais
ortorretificadas de alta resolução espacial para
geração de alertas diários de indícios de
desmatamento (revisita diária)”.
O chamamento descreve exatamente o perfil das
imagens produzidas pela empresa Planet.
Segundo especialistas em monitoramento por
satélite ouvidos pela Folha, ela seria a única
empresa no mercado capaz de produzir imagens
diárias do mesmo local.
A distribuidora das imagens da Planet no Brasil é
a consultoria Santiago e Cintra. Procurada pela
Folha, a empresa não quis se manifestar. A
página da empresa na internet confirma a
descrição do serviço semelhante ao que consta
no edital: imagens ortorretificadas, com 3 metros
de resolução espacial e revisitação diária.
A Folha já havia apurado que o ministro queria
contratar a Santiago & Cintra, que neste ano já
esteve ao menos duas vezes no ministério para
tratar do assunto.
O ministro Ricardo Salles também já havia citado
as imagens do sistema Planet em apresentação
recente no Ministério do Meio Ambiente, quando
procurou apresentar falhas no monitoramento do
Inpe, o que gerou questionamento de
especialistas, incluindo o ex-diretor do Inpe, que
Data: 22/08/2019
57
Grupo de Comunicação
questionou em fala no canal GloboNews o fato de
o ministro saber qual empresa será contratada.
Galvão voltou a criticar a contratação de empresa
para monitoramento do desmate na última sexta
(16), durante palestra na USP. Segundo o ex-
diretor do Inpe, Salles se irritou com ele após a
participação de ambos no programa Painel, da
GloboNews.
"Eu falei: 'Ministro, não se mede a distância Rio-
SP com uma régua de 10 cm", disse Galvão. "A
copa de uma árvore da Amazônia tem diâmetro
de 15 m, 20 m. Para que eu preciso de uma
resolução de 2 m para um alerta de
desmatamento? Eu preciso de uma resolução de
2 m se eu quiser pagar muito mais para um
sistema com maior resolução e maior quantidade
de dados."
O documento também afirma que a contratação
tem como objetivo permitir a atuação do Ibama
no combate ao desmatamento ilegal na Amazônia
“de forma preventiva ou, no mínimo,
contemporânea, para que seja possível
interromper a ação criminosa”. Ele também
relata a necessidade de alertas diárias das áreas
mais críticas da Amazônia
O sistema Deter, do Inpe, teve início em 2004,
durante a gestão da ex-ministra do Meio
Ambiente Marina Silva, exatamente com o
mesmo propósito. Desde então, no ano com
menor desmatamento registrado —2012—, foi
atingida redução de 84% na destruição. Com a
volta do crescimento do desmate desde 2012, a
redução ficou na casa dos 73% em 2018. O
Ibama tem acesso direto ao sistema Deter e seus
alertas diários.
Especialistas costumam associar a queda no
desmate ao sistema de comando e controle do
Ibama, apoiado pela operação do Deter do Inpe.
Na Amazônia, a Santiago e Cintra foi contratada
pelo governo do Pará para fornecer imagens de 3
metros de resolução alertas e dados de
desmatamento, por meio do Centro Integrado de
Monitoramento Ambiental (Cimam).
O projeto foi iniciado em março de 2017 com a
promessa de melhorar o combate ao
desmatamento, mas o Pará continua sendo o
estado mais problemático do país.
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/0
8/governo-bolsonaro-abre-edital-para-empresa-
privada-monitorar-amazonia.shtml
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
58
Grupo de Comunicação
Mônica Bergamo: Funcionários do BC e
Receita Federal resistem à transferência do
Coaf
Presidente do sindicato dos funcionários do Banco
Central afirma que mudança seria "um enorme
risco"
A transferência do Coaf, órgão de inteligência
financeira do governo, para o Banco Central
enfrenta resistência dos funcionários da
instituição.
CORPO ESTRANHO
“Temos que preservar o BC. Ele está assumindo
uma instituição que não tem a mesma estrutura
sólida e que estará sujeita a interferências
políticas. É um enorme risco”, diz Paulo Lino
Gonçalves, presidente do sindicato dos
funcionários da instituição.
FIM DA LINHA
O Coaf mudou de nome, para UIF (Unidade de
Inteligência Financeira). Antes, só funcionários
de carreira poderiam fazer parte do órgão. O
presidente Jair Bolsonaro derrubou a regra.
TERRA ESTRANHA
“O nome do BC estará envolvido, mas o trabalho
da UIF será feito por pessoas de fora. O banco
estará na berlinda, pode sofrer críticas por ter
que se meter em assunto que não é exatamente
dele”, segue Gonçalves.
PRIMO
A UIF, diz, “é como um primo esquisito que
chega na sua casa. Não dá para se
responsabilizar pelo o que ele faz”.
TÔ FORA
A Receita Federal também resiste. “A troca de
informação entre os órgãos federais de controle
acabou com a ida do Coaf para as mãos de gente
do mercado. A Receita não vai mandar mais nada
para lá.” E o que vier dele será recebido com
desconfiança, diz Kleber Cabral, presidente do
Sindifisco, que representa os auditores fiscais.
BÍBLIA
A sentença do juiz Francisco Shintate, que
condenou Fernando Haddad a quatro anos e seis
meses de prisão por crimes eleitorais, tem mais
de 500 páginas. O magistrado só começa a
examinar o caso concreto na 361.
BÍBLIA 2
Nas anteriores, ele fala sobre linguística —
"veículo sígnico (o suporte físico), designatum ou
significatum (a significação) e denotatum (o
significado)" —, de lógica “alética e deôntica” e
inclui citações de 50 páginas contínuas de
trechos de livros.
TEM LÓGICA
O juiz chega a usar dezenas de fórmulas de
lógica formal, como “(-q v -r --S)”. E esclarece: S
é a relação processual entre “sujeito da relação
primária e o Estado, titular do monopólio da
coação”.
TAPETE VERMELHO
A atriz Sônia Braga foi à pré-estreia do filme
“Bacurau”, do diretor Kleber Mendonça Filho no
Espaço Itaú Augusta, na terça (20). As atrizes
Suzana Pires, Alessandra Negrini, Suzy Lopes e
Alli Willow passaram por lá, assim como o ator
Silvero Pereira.
NADA FEITO
O ex-secretário especial de Cultura, Henrique
Pires, que está deixando o cargo por não
concordar com censura a obras culturais no
governo Bolsonaro, diz que recebeu oferta do
ministro Osmar Terra, da Cidadania, para
assumir a presidência de uma fundação no Rio de
Janeiro. Recusou.
NADA FEITO 2
“Todas as diretorias de fundações têm ido muito
bem, obrigado. Cargo em fundação não é prêmio
de consolação para quem não está afinado com a
censura”, diz ele.
CAMINHOS
Data: 22/08/2019
59
Grupo de Comunicação
Os dois trabalham juntos desde 2016, quando
Pires chefiava o gabinete do Ministério do
Desenvolvimento Social (MDS), comandado por
Terra no governo de Michel Temer.
“Ele mudou. Era um cara extremamente
democrático, mas virou a chave. Tomara que
seja só uma fase”, diz Pires.
BATEU, LEVOU
Segundo o ministério da Cidadania, o ex-
secretário “não estava desempenhando as
políticas propostas pela pasta”, e por isso deixou
o cargo.
SAÚDE
A Prefeitura de SP economizará R$ 242 milhões
em cinco anos com a contratação de exames de
laboratório. Hoje, o município gasta R$ 190,9
milhões anuais com o serviço. Na licitação
concluída neste mês, as duas empresas
vencedoras farão o serviço por R$ 142,5 milhões
por ano.
MEMÓRIA
O guitarrista inglês Andy Summers prepara uma
homenagem para João Gilberto no show “Call the
Police” que ele apresentará em SP no dia 1º de
setembro. Ao lado de Rodrigo Santos e João
Barone, Summers tocará “Chega de Saudade”.
EXPORTAÇÃO
O dramaturgo Vitor Rocha, 21, levará para
Londres o espetáculo “Cargas d’Água — Um
Musical de Bolso”. A peça, que rendeu a Rocha a
categoria Revelação do Prêmio Bibi Ferreira em
2018, foi traduzida para o inglês e, atualmente,
está em cartaz nos EUA. A estreia na Inglaterra
será em outubro.
MÚSICA NEGRA
O ator Ícaro Silva estrela o musical “Ícaro and
the Black Stars”, que teve sessão para
convidados na segunda-feira (19), no Teatro
Novo. A modelo Raissa Santana e o crítico
Evaristo Martins estiveram lá. A atriz Hananza
integra o elenco do espetáculo.
CURTO-CIRCUITO
Advogados como Alberto Toron participam do
evento Pense Direito!, sobre a advocacia do
futuro. Nesta quinta (22), no Centro Universitário
FAM.
O governo de SP lança nesta quinta (22) o
programa Parceria Municipal.
Tarcísio de Freitas, Onyx Lorenzoni e Osmar
Terra falam em evento do Grupo Voto. Nesta
quinta (22), no Grand Hyatt.
O escritório Metro Arquitetos expõe seus móveis
na Loja 53 do edifício Copan.
com BRUNA NARCIZO, BRUNO B. SORAGGI,
GABRIEL RIGONI e VICTORIA AZEVEDO
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabe
rgamo/2019/08/funcionarios-do-bc-e-receita-
federal-resistem-a-transferencia-do-coaf.shtml
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
60
Grupo de Comunicação
ESTADÃO Após repercussão negativa, Bolsonaro
insiste em culpar ONGs por queimadas
'Todo mundo é suspeito, mas a maior suspeita
vem de ONGs', diz presidente sobre incêndios
criminosos na Amazônia
Julia Lindner, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro (PSL)
mostrou preocupação com a repercussão
negativa de suas falas no exterior contra
organizações não governamentais (ONGs), mas
voltou a levantar nesta quinta-feira, 22,
suspeitas sobre as entidades. Segundo
Bolsonaro, em nenhum momento ele acusou as
ONGs sobre queimadas na Amazônia porque não
há provas e, sim, "suspeitas".
Em seguida, questionado por jornalistas sobre
quem estaria por trás dos incêndios criminosos
na Floresta Amazônica, Bolsonaro voltou a dizer
que há "indício fortíssimo de que ONGs estão por
trás das queimadas".
"São os índios, quer que eu culpe os índios? Vai
escrever os índios amanhã? Quer que eu culpe os
marcianos? É, no meu entender, um indício
fortíssimo que esse pessoal da ONG perdeu a
teta deles. É simples", reagiu.
Indagado se poderiam ser fazendeiros os
responsáveis pelos incêndios, ele concordou.
"Pode, pode ser fazendeiro, pode. Todo mundo é
suspeito, mas a maior suspeita vem de ONGs",
reforçou.
Todo mundo é suspeito, mas a maior suspeita
vem de ONGs.
Jair Bolsonaro, presidente da República
De acordo com o presidente, as ONGs "perderam
dinheiro" e "estão desempregadas", por isso,
teriam interesse em fazer uma campanha contra
o governo.
"Não se tem prova disso, meu Deus do céu.
Ninguém escreve isso, vou queimar lá, não existe
isso. Se você não pegar em flagrante quem está
queimando e buscar quem mandou fazer isso,
que isso tá acontecendo, é um crime que está
acontecendo."
Bolsonaro criticou a imprensa e disse que é
"inacreditável" a forma como suas falas contra
ONGs foram publicadas nos jornais.
"O Brasil vai chegar à situação da Venezuela, é
isso o que a grande imprensa quer", declarou.
"Se o mundo lá fora começar a impor barreiras
comerciais, nosso agronegócio vai começar a dar
para trás, a vida de você (jornalistas) vai estar
complicada como a de todos."
Repercussão negativa na imprensa internacional
A declaração de Bolsonaro de que ONGs
poderiam estar por trás do fogo na região da
Amazônia teve ampla repercussão negativa na
imprensa internacional nesta quarta-feira, 21.
O jornal britânico The Guardian traz a informação
de que Bolsonaro acusou ambientalistas de atear
fogo na Amazônia para constranger seu governo,
mas que o presidente não fornece evidências.
O site da revista alemã Spiegel traz a manchete
"Floresta tropical do Brasil está pegando fogo". O
texto diz que Bolsonaro tem uma política
ambiental inconsequente.
Já a BBC News, do Reino Unido, mostra um vídeo
com imagens dos incêndios na região da
Amazônia. Na reportagem, cientistas dizem que a
floresta tropical sofreu perdas em um ritmo
acelerado desde que Bolsonaro assumiu o poder
em janeiro.
Em Portugal, o jornal Público disse que a
Amazônia está ardendo e já é possível ver do
espaço.
No canal de notícias árabe Al Jazira, sediado no
Catar, uma reportagem traz informações sobre
os incêndios na Floresta Amazônica do Brasil que
atingiram um recorde neste ano. A publicação
disse que imagens de satélite da Agência Espacial
Americana (Nasa, na sigla em inglês) mostram
fumaça cobrindo a metade norte do País - uma
área maior do que a Europa.
Na internet, a hashtag #PrayForTheAmazon (reze
pela Amazônia) chegou a ocupar o primeiro lugar
no Twitter desta quarta.
Ataques de Bolsonaro a ONGs
O presidente fez os primeiros ataques às ONGs
nesta quarta, depois de vir à tona que número de
focos de queimadas em todo o Brasil neste ano já
Data: 22/08/2019
61
Grupo de Comunicação
é o mais alto dos últimos sete anos, conforme
mostrou o Estado na segunda-feira, 19.
Desde 1º de janeiro até esta terça-feira, 20,
foram contabilizados 74.155 focos, alta de 84%
em relação ao mesmo período do ano passado,
de acordo com o Programa Queimadas do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),
que contabiliza esses dados desde 2013.
Um pouco mais da metade (52,6%) desses focos
vem ocorrendo na Amazônia, com Mato Grosso
na liderança. As queimadas já superam em 8% o
recorde de 2016, um ano de extrema seca, que
tinha registrado 68.484 focos no mesmo
intervalo de tempo.
Apesar de este ano também estar com uma
estiagem mais prolongada - o que chegou a ser
sugerido como uma possível causa para o
aumento das queimadas -, a seca é menos
intensa do que a de 2016. Estudo divulgado
nesta terça pelo Instituto de Pesquisas Ambiental
da Amazônia (Ipam) apontou uma forte
correlação entre o aumento das queimadas com
a alta no desmatamento da Amazônia.
O total de focos neste ano já é 60% superior à
média dos últimos três anos e está sendo
impulsionando pelo corte da floresta, disseram os
pesquisadores da ONG em nota técnica. Alertas
de desmatamento feitos pelo Inpe indicam uma
alta de 49,45% no desmatamento entre agosto
do ano passado e julho deste ano, na
comparação com os 12 meses anteriores.
'Irresponsabilidade de Bolsonaro'
Em nota divulgada nesta quarta, a coordenação
do Observatório do Clima, coalizão de cerca de
50 ONGs do País em prol de ações contra as
mudanças climáticas, reagiu às insinuações do
presidente e disse que o "recorde de queimadas
reflete irresponsabilidade de Bolsonaro". Em
outra carta, um grupo de 81 ONGs afirmou que
"Bolsonaro não precisa de ONGs para queimar a
imagem do Brasil no mundo inteiro".
https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/
geral,bolsonaro-volta-a-dizer-que-ongs-podem-
estar-por-tras-de-queimadas-na-
amazonia,70002977667
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
62
Grupo de Comunicação
Fumaça de incêndios na Amazônia chega ao
território peruano
Uma cortina fina de fumaça apareceu na última
segunda-feira, 19, na província de Tambopata,
situada na região de Madre de Dios
Redação, O Estado de S.Paulo
LIMA - A fumaça dos incêndios florestais que
afetam a Amazônia no Brasil e na Bolívia há mais
de duas semanas chegou a algumas províncias
do Peru, segundo fontes do Centro de Operações
de Emergência Regional (COER) do
departamento de Madre de Dios.
Trata-se de uma cortina fina de fumaça que
apareceu na última segunda-feira, 19, na
província de Tambopata, situada na região de
Madre de Dios, devido ao ar que chega
proveniente dos dois países vizinhos.
Queimada na Amazônia
Imagem de satélite da Nasa, tirada em 13 de
agosto de 2019, mostra diversas queimadas na
região da floresta amazônica Foto: NASA/ via AP
Por enquanto, a percepção da população
acontece através de um cheiro não muito forte, e
por enquanto as autoridades regionais não
tomaram medidas de emergência. A qualidade do
ar é vigiada pelo Serviço Nacional de
Meteorologia e Hidrologia (Senamhi) e outras
instituições competentes.
Por sua vez, o Serviço Nacional Florestal e de
Fauna Silvestre do Peru (Serfor) descartou que o
grande incêndio que se expande na região
boliviana de Santa Cruz de la Sierra represente
perigo para o território peruano. EFE
https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/
geral,fumaca-de-incendios-na-amazonia-
brasileira-chega-ao-territorio-
peruano,70002977384
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
63
Grupo de Comunicação
Um rio à espera de ressurreição
Há três décadas os governadores de São Paulo
vêm se comprometendo com a limpeza do Tietê e
seu principal afluente, o Pinheiros, e todos
malograram
Notas e Informações, O Estado de S.Paulo
O governo do Estado de São Paulo anunciou um
novo pacote de obras para despoluir o rio
Pinheiros. Não será tarefa fácil. Há três décadas
os governadores de São Paulo vêm se
comprometendo com a limpeza do Tietê e seu
principal afluente, o Pinheiros, e todos, em que
pesem os avanços, malograram.
O Projeto Tietê de recuperação foi concebido em
1990. De lá para cá, houve conquistas
consideráveis. Em 1992, apenas 70% do esgoto
residencial na Região Metropolitana de São Paulo
eram coletados e só 17% eram tratados. Em
2017, 87% do esgoto já eram coletados e 66%
eram tratados.
O programa do atual governo para o rio Pinheiros
prevê não só aportes de investimentos, como
uma nova regulamentação, a fim de atrair a
iniciativa privada. Até 2022, o governo pretende
alterar o modelo de pagamento às empresas que
vencerem as licitações e remunerar o
desempenho na limpeza das águas.
O projeto prevê o loteamento da bacia do
Pinheiros em 14 áreas e investimento de ao
menos R$ 1,5 bilhão do orçamento da
Companhia de Saneamento Básico de São Paulo
(Sabesp). O governador João Doria pretende
ainda captar até R$ 3 bilhões com investidores
estrangeiros, em especial da Inglaterra e da
China, onde esteve recentemente buscando
parcerias. O plano é concluir as concorrências até
o final do ano. Além disso, a Secretaria da
Fazenda já declarou que está só aguardando o
Novo Marco Legal do Saneamento para trabalhar
na privatização da Sabesp, uma das mais
eficientes companhias de saneamento básico no
País.
Entre as metas a serem alcançadas pelas
empresas licitadas, está a ligação à rede de
coleta de esgoto de 500 mil residências que
ainda descartam seus resíduos irregularmente.
As empresas deverão atingir a meta de 30
miligramas de oxigênio por litro de água, o
padrão mínimo de despoluição internacional.
Nesse caso, as águas ainda estarão impróprias
para consumo e banho, mas o mau cheiro deverá
ser dissipado e parte da fauna e flora será
restaurada.
As contrapartidas às empresas parceiras, ainda
em estudo, devem envolver exploração do
transporte de cargas e passageiros no rio e o uso
das margens para recreação. Além disso,
segundo a Sabesp, há um potencial de
exploração da energia termoelétrica a partir da
queima de lodo produzido em estações de
tratamento de água e esgoto.
Com isso, o governo pretende cumprir a
promessa de limpar o Pinheiros até 2022 e o
Tietê até 2029, missão difícil, mas não
impossível. Para ter uma ideia, o rio Tâmisa, que
chegou a ser tido por morto na década de 50
pelo Museu de História Natural britânico, hoje,
após 50 anos de tratamento, é considerado
limpo. O governo atual, contudo, precisará
mostrar que aprendeu bem as lições amargas
deixadas aos governantes paulistas nas últimas
três décadas. No início dos anos 90, o então
governador Luís Antônio Fleury Filho anunciou
que até o fim do mandato beberia um copo de
água do Tietê. Vinte anos depois, em 2014,
Geraldo Alckmin prometia a despoluição do rio
até 2019.
Uma das grandes dificuldades sempre foi a
integração entre os diversos municípios que o rio
Data: 22/08/2019
64
Grupo de Comunicação
corta. Por falta disso, muitas vezes as obras do
Estado acabaram isoladas, com resultados
frustrados. Além disso, a própria população
precisa avançar muito em sua consciência
ambiental e civilidade. Por exemplo, grande parte
do lixo despejado no Tietê é de origem
doméstica. De acordo com dados da Agência
Nacional das Águas, 41% do esgoto da Grande
São Paulo vão parar in natura no rio. Ademais,
há o problema da ocupação irregular dos
mananciais.
A limpeza do Tietê e do Pinheiros é a maior obra
de saneamento já feita no País. “Obra dessa
magnitude”, disse João Lara Mesquita, um dos
idealizadores do Núcleo União Pró-Tietê, “não se
presta à demagogia. Exige tempo. E muito
investimento.” Espera-se que o governador João
Doria seja tanto mais prudente quanto mais
empenhado em suas promessas. A população
paulista não tolera mais palavras vazias sobre
seus rios, mas se eles lhe forem restituídos, ela
saberá retribuir.
https://opiniao.estadao.com.br/noticias/notas-e-
informacoes,um-rio-a-espera-de-
ressurreicao,70002977237
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
65
Grupo de Comunicação
‘Programa de privatização é tímido e sem
impacto fiscal relevante’, diz economista
Para Elena Landau, que comandou o plano de
venda de estatais no governo FHC, lista de Jair
Bolsonaro deveria incluir Banco do Brasil, Caixa,
Petrobrás e BNDESPar
Entrevista com
Elena Landau, economista
Renée Pereira, O Estado de S.Paulo
22 de agosto de 2019 | 05h00
A economista Elena Landau, que comandou o
programa de privatização do governo de
Fernando Henrique Cardoso, considerou o
programa de Jair Bolsonaro tímido diante das
promessas feitas na campanha eleitoral. “Para
quem prometeu R$ 1 trilhão com venda de
empresas, esse programa é frustrante.” Para ela,
o plano de Itamar Franco era mais profundo que
o do Bolsonaro. “Nem Valec nem EBC foram
incluídos como prometido. Isso é inexplicável.”
Como a sra. avaliou a lista de empresas
apresentadas?
Foi bastante frustrante. Levaram oito meses para
anunciar uma lista óbvia, sem nenhuma
novidade.
O que a sra. esperava?
Não esperava muita coisa, mas havia uma
promessa de campanha de que iriam arrecadar
R$ 1 trilhão com a venda de empresas federais.
Aí eles aparecem com essa lista. É frustrante.
Tem a Eletrobrás, Lotex e Casa da Moeda, que já
vêm do governo (Michel) Temer, e Correios, que
é uma boa novidade. Companhia Docas (Espírito
Santo e São Paulo) podem gerar algum recurso.
Mas não vejo impacto fiscal relevante. O
processo da Eletrobrás deve ser capitalização,
portanto, o dinheiro vai para o caixa da empresa,
não para o Tesouro diretamente. Não é uma
reforma de Estado profunda. Na verdade,
incluíram empresas que não têm o menor sentido
de existir e deixaram de fora várias companhias,
muitas ligadas aos militares. Eles prometeram
fazer uma reforma de Estado e não fizeram.
Quais empresas deveriam estar nessa lista?
Petrobrás, Caixa, Banco do Brasil (BB) e
BNDESPar. O boletim da Sest (Secretaria de
Coordenação e Governança das Empresas
Estatais) mostra 130 empresas estatais. Dessas,
se pegar BB, Caixa, Eletrobrás, Petrobrás,
BNDESPar e Correios já dá 80 e poucas, todas de
controle indireto. Esse governo considera venda
de participação como privatização. Mas só que os
recursos vão para o caixa das empresas. Para
chegar ao Tesouro teria de vender controle das
holdings ou fazer cisão das subsidiárias, eles não
fizeram isso.
Não é privatização?
Eles estão fazendo uma política de
desinvestimento. Há outras 18 empresas
dependentes do Tesouro e 20 e poucas de
controle direto – nessas algumas não serão
privatizadas porque são ligadas aos militares, ou
de interesse público como Embrapa e hospitais.
Ou seja, é um programa muito tímido. Não tem o
impacto fiscal prometido, que era reduzir dívida
ou financiar a Previdência. É muito pouco diante
da promessa de que fariam algo inédito no Brasil.
É mais tímido que o programa de Itamar Franco,
que privatizou o setor petroquímico, de
siderurgia, de fertilizantes, ou FHC que anunciou
Telebrás, Eletrobrás e a Vale de uma vez. O
mínimo que se esperaria de um governo que se
diz liberal seria privatizar Petrobrás, BB,
Eletrobrás e Caixa e acabar com BNDESPar,
Finame, que ficam embaixo do BNDES. Foi
prometido.
As mais relevantes são Eletrobrás e Correios?
Sim. Têm as Docas do Espírito Santo e de São
Paulo que podem dar dinheiro. Agora o que está
sendo noticiado hoje é só para colocar no
programa de privatização. Então não tem de se
de pensar que as empresas serão vendidas em
2019 quiçá em 2020. Tudo vai depender da
modelagem porque algumas empresas têm um
passivo imenso. No ano passado, o governo
tentou vender a Lotex e teve dificuldade. A Casa
da Moeda foi igual. Essas empresas que estão aí,
tirando a Eletrobrás, não precisam de autorização
do Congresso, basta um decreto. Não precisava
oito meses para chegar nessa lista. Se você
pergunta se é ruim? Não. O governo gasta com a
Telebrás R$ 2 bilhões por ano.
E há interesse de investidores por essas
empresas?
Em relação à Eletrobrás, tem. O governo deve
seguir o modelo da BR Distribuidora, de
capitalização. É uma opção do governo de, em
vez de vender o controle, fazer capitalização.
Poderia vender controle e o dinheiro ia direto
para o Tesouro. Na capitalização, o dinheiro vai
para o caixa. No caso dos Correios, tem a
questão de serviços que podem ou não ser
Data: 22/08/2019
66
Grupo de Comunicação
privatizados, como a questão do monopólio
postal. Vai ter resistência. Mas tem gente
interessada. Vai ser uma modelagem
interessante porque tem um passivo grande.
Outras empresas da lista ninguém vai querer.
Mas as empresas dependentes absorvem uns R$
15 bilhões por ano do Estado. Se conseguir parar
de perder parte desse dinheiro já está bom.
Espero que essa lista seja só o começo.
https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,
programa-e-timido-e-sem-impacto-fiscal-
relevante-diz-economista,70002977274
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
67
Grupo de Comunicação
MP da Liberdade Econômica institui
autorização automática para desmatamento
Licença é emitida caso órgãos do meio ambiente
atrasem a concessão de licenças ambientais
André Borges, Lorenna Rodrigues e Daniel
Weterman, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - A Medida Provisória 881, a chamada
MP da Liberdade Econômica, possui dispositivos
que autorizam ações de desmatamento
automático por empreendedores, caso órgãos do
meio ambiente venham a atrasar a emissão de
licenças ambientais. Ficam dispensadas ainda de
pedidos de licenças casos que sejam
considerados de baixo impacto.
As propostas pegaram de surpresa deputados e
especialistas que acompanham o assunto e
estavam voltados, até agora, ao texto da Lei
Geral do Licenciamento Ambiental, que tramita
na Câmara. A MP 881, que a rigor tem a missão
de instituir a “Declaração de Direitos de
Liberdade Econômica”, não vinha sendo
acompanhada com detalhes sobre medidas para
a área ambiental.
A MP da Liberdade Econômica foi aprovada pelo
Senado. O artigo 3º da MP institui, por exemplo,
a autorização de “desenvolver atividade
econômica de baixo risco, para a qual se valha
exclusivamente de propriedade privada própria
ou de terceiros consensuais, sem a necessidade
de quaisquer atos públicos de liberação da
atividade econômica”. Para aprovar o texto, o
governo combinou com os senadores que enviará
decreto para deixar claro que a dispensa de
licenças não valerá para questões ambientais.
Segundo o advogado e especialista na área
ambiental, Maurício Guetta, do Instituto
Socioambiental (ISA), esse dispositivo dispensa
de licenciamento e de outros atos autorizativos
ambientais, como autorização para supressão de
vegetação (desmatamento) de toda e qualquer
atividade econômica de baixo risco.
“Os impactos contra o meio ambiente presentes
na medida são irreversíveis e de grandes
proporções, além de ser flagrante a
inconstitucionalidade da aprovação automática de
atos ambientais, como a autorização de
supressão de vegetação. Eventual aprovação da
medida atentaria gravemente contra os anseios
da sociedade brasileira pela preservação da
Amazônia, hoje em chamas”, disse ao Estado.
O MP trata ainda da polêmica exclusão dos
impactos indiretos dos processos de
licenciamento ambiental. Esse é um dos
principais itens que têm causado discussão com o
projeto da Lei Geral do Licenciamento. Pela
regra, só seriam incluídos no processo de
compensação ambiental aquelas regiões
atingidas diretamente por um projeto. Na
liberação de uma hidrelétrica, por exemplo,
apenas os locais que tiveram suas áreas cobertas
por um reservatório seriam incluídos no
processo. Os demais municípios do entorno até
podem sofrer com os impactos, mas não seriam
contemplados com ações de mitigação dessas
obras.
Na avaliação dos especialistas, trata-se de uma
limitação inconstitucional que, além de contrariar
a teoria e a prática do licenciamento no Brasil,
tende a resultar em insegurança jurídica ao
processo de licenciamento e a ampliar a
judicialização.
https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,
mp-da-liberdade-economica-institui-autorizacao-
automatica-para-desmatamento,70002976840
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
68
Grupo de Comunicação
VALOR ECONÔMICO Equipe econômica planeja vender Petrobras
até 2022
Por Cristiano Romero, Claudia Safatle, Estevão
Taiar e Lu Aiko Otta | De São Paulo e Brasília
A equipe econômica do governo pretende
privatizar a Petrobras até 2022, último ano de
mandato do presidente Jair Bolsonaro. A estatal
não foi incluída na lista de 17 empresas que
serão vendidas nos próximos meses e anos, mas,
segundo informou ao Valor uma fonte graduada
do governo, faz parte do plano de
desestatização.
Na noite de terça-feira, ao discursar no evento de
lançamento do anuário " Valor 1000", o ministro
da Economia, Paulo Guedes, ironizou a
resistência de corporações de funcionários à
privatização. "Tem gente grande aí que acha que
não será privatizada, mas vai entrar na faca",
disse Guedes, após revelar que o governo
anunciaria, no dia seguinte, a lista das 17
estatais a serem vendidas. "Ano que vem tem
mais", avisou.
No fim da tarde de ontem, Martha Seillier,
secretária do Programa de Parcerias e
Investimentos (PPI), divulgou a relação das
empresas, que inclui, entre outras, Eletrobras,
Correios, Casa da Moeda, Emgea, Lotex, Serpro,
Dataprev e as companhias docas de São Paulo
(Codesp) e do Espírito Santo (Codesa).
O mercado reagiu bem ao pacote. As ações da
Eletrobras, estatal mais valiosa da relação,
registraram ontem a maior alta do Ibovespa,
atingindo os preços mais altos de sua história: a
ação ordinária (ON, com direito a voto) subiu
12,39% e a preferencial (PN), 11,80%, ambas
cotadas a R$ 45.
Mesmo fora da lista, ações de outras duas
grandes estatais tiveram altas significativas - a
ON da Petrobras valorizou-se 5,32% e a PN,
5,95%. No caso do Banco do Brasil, o papel
avançou 5,72%. Segundo o site " Valor Investe",
considerando as ações de quatro estatais
(Eletrobras, Petrobras, BB e Telebras), duas
delas inseridas no rol das que serão vendidas, o
valor de mercado conjunto subiu R$ 33 bilhões
ontem.
As 133 estatais federais têm patrimonio líquido
de R$ 655 bilhões, sendo que R$ 602,5 bilhões
estão concentrados nas cinco maiores (Petrobras,
Eletrobras, BB, Caixa e BNDES). Em 2017, 22
fecharam com patrimônio líquido negativo de R$
46,47 bilhões.
https://www.valor.com.br/brasil/6402115/equipe
-economica-planeja-vender-petrobras-ate-2022
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
69
Grupo de Comunicação
Governo planeja privatizar Petrobras em
2022
Por Cristiano Romero, Lu Aiko Otta e Estevão
Taiar | De São Paulo e de Brasília
A equipe econômica do governo pretende
privatizar a Petrobras até 2022, último ano do
mandato do presidente Jair Bolsonaro. A estatal
não foi incluída na lista de 17 empresas que
serão vendidas nos próximos meses e anos, mas,
segundo informou ao Valor fonte graduada do
governo, faz parte do plano de desestatização.
Na noite de terça-feira, ao discursar no evento
"Valor 1000", o ministro da Economia, Paulo
Guedes, ironizou a resistência de corporações de
funcionários à privatização. "Tem gente grande aí
que acha que não será privatizada, mas vai
entrar na faca", disse Guedes após revelar que o
governo anunciaria, no dia seguinte, a lista das
17 estatais a serem vendidas. "Ano que vem tem
mais."
O mercado reagiu bem ao pacote. As ações da
Eletrobras, estatal mais valiosa da relação,
registraram a maior alta do Ibovespa, chegando
ao valor mais elevado de sua história: a ação
ordinária (ON, com direito a voto) subiu 12,39%
e a preferencial (PN), 11,80%.
Mesmo fora da lista, ações de outras duas
grandes estatais tiveram altas significativas - a
ON da Petrobras valorizou-se 5,32% e a PN,
5,95%. No caso do Banco do Brasil, o papel
avançou 5,72%.
No fim da tarde de ontem, o governo divulgou a
relação das 17 empresas, sendo que a venda de
oito já estava prevista. Nove estatais na carteira
do Programa de Parcerias de Investimentos
(PPI): Correios, Telebrás, Serpro, Dataprev,
Agência Brasileira Gestora de Fundos
Garantidores e Garantias (ABGF), Empresa
Gestora de Ativos (Emgea), Centro de Excelência
em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec),
Lotex e o Porto de Santos (SP), o maior da
América Latina. Também foi autorizada a venda
de 20,8 milhões de ações da União no Banco do
Brasil, que excedem o necessário para manter o
controle acionário.
O processo para a venda das nove estatais será
longo. Correios, Telebrás, Serpro e Dataprev
foram inscritos no programa para serem
estudados. Ou seja, não se sabe como essas
empresas serão vendidas. É preciso encontrar
um modelo que torne o negócio atraente para a
iniciativa privada. "O importante não é timing, é
atitude", disse o secretário de Desestatizações,
Desinvestimentos e Mercados, Salim Mattar.
"Queremos reduzir o tamanho do Estado."
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de
Freitas, reforçou esse discurso. "É como se eles
[projetos] entrassem em uma linha de
produção", disse, referindo-se às várias etapas
até que a desestatização seja concluída. "Quando
[o projeto] entra no PPI, não temos certeza de
que aquilo seja viável." A estimativa do governo
federal é que a desestatização de toda a carteira
atual do PPI gere investimentos de R$ 1,3
trilhão.
A venda da ABGF ainda está em formatação,
disse Mattar. Ela deve parar de fornecer
garantias a projetos em infraestrutura, deixando
a tarefa para a iniciativa privada. No entanto,
poderá permanecer fornecendo garantias de
risco-país. O secretário afirmou que o governo
não pretende colocar as exportações brasileiras
em risco.
Depois de duas tentativas fracassadas de venda
da Lotex, o governo decidiu reduzir o requisito de
habilitação do comprador. Ele deve ter
experiência em administração de loterias
instantâneas. O governo diminuiu, porém, a
receita mínima exigida do candidato à compra
em 12 meses, de R$ 1,2 bilhão para R$ 650
milhões.
O PPI autorizou ainda a elaboração de projetos
para atrair investimentos privados em Estados e
municípios. O BNDES vai estruturar Parcerias
Público-Privadas (PPPs) na área de iluminação
pública. Segundo o ministro-chefe da Casa Civil,
Onyx Lorenzoni, será apresentado nos próximos
Data: 22/08/2019
70
Grupo de Comunicação
dias um programa de combate ao crime violento
elaborado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro.
A melhora da iluminação pública em áreas
sensíveis é um dos itens. Governadores e
prefeitos poderão usar parcerias com empresas
também para construir presídios.
Onyx informou ainda que o Ministério de Minas e
Energia (MME) está realizando estudos para a
privatização da área de refino da Petrobras.
"Estamos indo passo a passo, a Petrobras é
gigantesca", disse, citando, por exemplo, a
abertura de capital da BR Distribuidora. "Ainda
temos muito a fazer antes de trazer todas as
áreas [da empresa] para o processo de
privatização ou desestatização." Segundo ele, a
privatização da Petrobras tem que passar não só
por estudos do MME, mas também das equipes
do PPI e do BNDES.
No anúncio, a secretária especial do PPI, Martha
Seillier, disse ainda que há um estoque de mil
creches inacabadas deixadas pelo antigo
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Os estudos-piloto vão buscar empresas
interessadas em concluir os empreendimentos e
operá-los. Como contrapartida, haveria vales-
creche.
Os estudos serão feitos pelo BNDES e serão
opção de prefeitos e governadores aderirem ao
programa, disse Onyx. O banco foi autorizado
também a selecionar consultorias para a
estruturação de projetos de concessão por meio
de uma "shortlist", disse Martha. A falta de
projetos é a principal queixa de investidores
privados. Há capital abundante no mundo e
interesse em investir no Brasil, que oferece boa
rentabilidade em seus projetos de infraestrutura.
No entanto, há poucas opções de negócios na
prateleira. O modelo com adoção de "shortlist"
permitirá a contratação mais célere de
consultorias e a elaboração de mais projetos com
qualidade técnica.
https://www.valor.com.br/brasil/6402083/govern
o-planeja-privatizar-petrobras-em-2022
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
71
Grupo de Comunicação
Com desinvestimento já em curso, governo
colocará a venda uma empresa mais enxuta
Por André Ramalho, Rodrigo Polito e Francisco
Góes | Do Rio
Novo alvo do programa de privatizações do
governo, a Petrobras vem avançando com uma
agenda intensa de desinvestimentos que
culminou em uma série de vendas nos últimos
anos, no mercado de óleo e gás. Desde 2017, a
petroleira repassou, para a iniciativa privada, o
controle de três subsidiárias (NTS, TAG e BR). A
expectativa é que a lista de alienações aumente
e que, se confirmada a desestatização da
empresa, o governo oferte ao mercado, nos
próximos anos, uma Petrobras completamente
diferente, mais enxuta e focada essencialmente
na produção de petróleo.
Em pouco mais de dois anos, a Petrobras
concluiu as privatizações da Nova Transportadora
do Sudeste (NTS), da Transportadora Associada
de Gás (TAG) e da BR Distribuidora, que, juntas,
renderam US$ 17,7 bilhões à estatal. Além delas,
a petroleira também tem planos de se desfazer
da L iquigás e da Transportadora Brasileira
Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG).
A privatização da BR, concluída depois da oferta
secundária que reduziu a fatia da Petrobras na
empresa de 71,25% para 37,5%, em julho, pode
ser um modelo inspirador para a venda do
controle da petroleira, na avaliação do consultor
Adriano Pires. Para o diretor do Centro Brasileiro
de Infraestrutura (CBIE), o negócio poderia
envolver a transformação da Petrobras em uma
empresa sem controle definido, a exemplo da
distribuidora. Ele acredita que, se o governo for
bem-sucedido na privatização da Eletrobras, a
"bola da vez", em seguida, será a petroleira, em
2020.
O governo detém 28,7% do capital total da
Petrobras. Indiretamente, a União possui mais
14%, relativos às fatias do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e
BNDESPar.
Uma fonte da administração da Petrobras disse
ao Valor, sob a condição de anonimato, que,
embora não conheça detalhes dos planos do
governo, um primeiro passo para a privatização
da petroleira poderia envolver a unificação das
ações ordinárias e preferenciais da estatal. A
partir daí, com os papéis mais valorizados, a
União teria melhores condições de retorno para
vender suas ações por lotes. A fonte vê como
provável, ainda, a adoção de uma "golden
share".
Uma outra fonte, do próprio governo, reconhece,
também sob a condição de anonimato, que o
plano do governo é de difícil implementação, por
depender da aprovação pelo Congresso. Em
junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu
dispensar o aval legislativo para a venda de
subsidiárias estatais, mas determinou que a
privatização de "empresas-mães" (controladoras
e holdings) precisa de aprovação de lei
específica.
Para o primeiro diretor-geral da Agência Nacional
do Petróleo (ANP), David Zylbersztajn, por sua
vez, a privatização da Petrobras deixou de ser
um tabu. Ele afirma que, nos governos do PT
(2003-2016), houve uso ideológico da estatal,
retomando-se a ideia de que "o petróleo é
nosso", slogan fundador da Petrobras. Para ele, a
sociedade mudou a sua visão. "Já havia
começado ali [no governo Michel Temer] um
aculturamento da sociedade de que não existe
molécula de petróleo e gás estatal".
Pires, do CBIE, diz que, na história recente, não
houve nenhum movimento sério e objetivo para
privatizar a Petrobras - criada por Getúlio Vargas
Data: 22/08/2019
72
Grupo de Comunicação
em 1953. O debate político sobre o assunto
esteve presente nos governos Fernando Collor de
Mello e Fernando Henrique Cardoso, que
impulsionaram as privatizações em diferentes
áreas, nos anos 1990, mas nunca chegaram a
incluir a petroleira em um processo de
desestatização, como aconteceu com Telebrás e
Vale. O próprio FHC, no primeiro mandato,
escreveu carta se comprometendo a não
privatizar a empresa.
Para reduzir dívidas, a estatal avançou, nos
últimos anos, com um plano robusto de venda de
ativos, intensificado na gestão atual, de Roberto
Castello Branco. A Petrobras é uma empresa
verticalizada, presente em todos os elos da
cadeia, da produção de petróleo ao refino,
logística e distribuição. Para o professor da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
Edmar Almeida, se confirmada a privatização, a
tendência é que o governo oferte ao mercado
uma Petrobras mais enxuta.
"A Petrobras está se transformando numa
empresa ainda integrada, mas muito mais focada
em exploração e produção. Se a reestruturação
der certo, vai se tornar, no futuro, numa das
maiores exportadoras do mundo", avalia.
https://www.valor.com.br/brasil/6402087/com-
desinvestimento-ja-em-curso-governo-colocara-
venda-uma-empresa-mais-enxuta
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
73
Grupo de Comunicação
Desmatamento afeta imagem do país e
causa preocupação
Por Daniela Chiaretti | De Salvador
O agronegócio brasileiro está preocupado com a
alta do desmatamento, com a má imagem do
país no exterior e quer se descolar rapidamente
do segmento que pratica a ilegalidade. Os
ataques do presidente Jair Bolsonaro à Europa
são outra angústia. O bloco compra mais de US$
5 bilhões ao ano de soja brasileira e "dita
tendências". Nesse quadro delicado, "é questão
de tempo" para um boicote a produtos do Brasil.
Esses alertas são do goiano Marcello Brito, CEO
da Agropalma e presidente da Associação
Brasileira do Agronegócio (Abag). Fala em nome
de um setor que responde por mais de R$ 1,2
trilhão ao ano e contribui com mais de 20% do
PIB. "Vai custar caro ao Brasil reconquistar a
confiança de alguns mercados internacionais."
Para ele, o agronegócio não precisa avançar
sobre as terras indígenas ("já temos terras
demais), as ONGs não são o inimigo ("são mais
um player da economia), a preservação custa (e
os produtores deveriam ser remunerados por
isso) e "a riqueza bioeconômica da Amazônia é
incalculável".
Brito falou ao Valor durante a Semana do Clima,
em Salvador. A seguir os principais trechos:
Valor: O senhor faz uma distinção em relação ao
setor da economia que representa. Diz que fala
em nome do agronegócio legal. Por quê?
Marcello Brito: Faço questão de dizer isso pelo
seguinte: a agricultura brasileira há 20 ou 30
anos era de baixa tecnologia e crescia por
expansão de área. Em anos mais recentes, a
agricultura brasileira, que é uma das mais
especializadas do mundo, cresceu muitíssimo em
tecnologia e em produtividade. Só que o mesmo
ranço que colava no agronegócio, de
desmatamento irracional, continuou no setor.
Quando hoje pegamos os dados, sejam eles de
qualquer ONG internacional e nacional, sejam de
qualquer instituto governamental, a gente vê que
o desmatamento não tem ligação com o
agronegócio. Pelo menos 80% do desmatamento,
alguns falam em 90%, não têm relação com o
agronegócio.
Valor: Tem ligação com quem?
Brito: Grilagem de terra, desmatamento ilegal
para madeira, agricultura familiar, comunidades
locais e assentamentos. Esse pessoal está ainda
ligado a desmatamento porque tem baixa
tecnologia e são obrigados a fazer agricultura de
rotação: derruba a mata, toca fogo, aduba o solo
com cinzas. Mas, como o solo amazônico é ruim,
vai produzir dois ou três anos, no máximo. Aí vai
para outro lugar e fazem a mesma coisa.
Valor: O sr. fala de agricultura de alta eficiência,
mas a pecuária ainda tem índices muito ruins.
Brito: Baixíssimos. A pecuária brasileira ainda
pode evoluir muito. O Mauro Lúcio, de
Paragominas [Mauro Lúcio Costa, ex-presidente
do Sindicato dos Produtores Rurais de
Paragominas, Pará], costuma dizer que o pasto
dele não é hotel, é indústria, e tem que ter no
mínimo três cabeças por hectare para justificar o
investimento. A nossa pecuária ainda tem 0,8 ou
0,9 cabeça por hectare. É muito ruim.
Valor: E desmata?
Brito: Diria que a pecuária vem dar ar de
"seriedade" ao processo. Alguém vai, derruba,
usa a madeira. A boa vai para as madeireiras e
para o mercado, a ruim vira carvão. E alguém vai
tentar tomar conta da terra e legalizar. Para
fazer isso, tem que dar alguma atividade
econômica. Qual a atividade econômica mais
simples de se colocar em uma terra ilegal? Gado.
Estou falando aqui das atividades ilegais. Mas eu
Data: 22/08/2019
74
Grupo de Comunicação
falo nas minhas palestras em nome do
agronegócio legal. De gente séria, que tem CAR
[Cadastro Ambiental Rural] emitido, reserva legal
e que produz direito.
Valor: O sr. diz que é um setor "monstruoso" de
grande.
Brito: O Brasil tem mais de 5 milhões de
propriedades rurais, segundo o censo rural do
IBGE sendo que 85% são de até 50 hectares.
Boa parte da produção brasileira está sendo feita
por pequenos produtores, gente que tem nisso
seu emprego, sua subsistência.
Valor: Mas qual o tamanho do agronegócio?
Brito: Se se somar o alimento lá para dentro da
porteira da fazenda e fazer toda a cadeia, com
insumos e equipamentos, alimentos in natura,
processamento de alimentos e contabilizado a
venda no supermercado, este é um setor que
movimenta mais de R$ 1,2 trilhão ao ano. Aqui
não estão incluídos algodão, que é agro mas é
usado para fazer roupa, cosméticos e fármacos.
Na Agropalma, por exemplo, 20% da venda vai
para cosméticos. É um setor muito importante
para a economia e ultrapassa, em muito, o dado
oficial, que é 20% do PIB.
Valor: Há setores da agricultura jogando para
trás. Como o sr. vê isso?
Brito: Não existe nenhum setor, no Brasil ou no
mundo, em que não exista gente empurrando
para a frente, e outros, para trás. Acho que
chegamos em um ponto no Brasil em que existe
uma parcela grande do agro que já enxergou que
os conceitos do desenvolvimento têm que ser
outros.
Valor: Parecem ser poucos.
Brito: É que os que são contrários fazem mais
barulho. Mas veja, temos pecuária sustentável de
altíssima qualidade, produção de açúcar e álcool
que dá show de sustentabilidade, a mesma coisa
com laranja. Temos provavelmente a indústria de
papel e celulose mais limpa do mundo.
Valor: O que pensa sobre a alta do
desmatamento?
Brito: A alta do desmatamento é resultado de
percepção. Se se encara que a fiscalização
diminuiu - e vamos ser sinceros, não diminuiu só
por parte do governo federal, mas também pelos
governos estaduais, porque está todo mundo
quebrado. Se o presidente insiste em dizer que
ambiente não é o foco dele, passa-se a
percepção ao pessoal que pode desmatar.
Valor: Mas é um problema e está acontecendo.
Brito: Sim. Começa a mobilizar setores do agro
que sabem que vai dar problema de acesso a
mercado, no preço do produto. Quando se
personifica um setor como tudo que há de ruim
em termos ambientais, ninguém ganha. Ataca-se
o valor direto do seu produto. A pergunta é: a
quem interessa transformar o Brasil em um pária
ambiental do mundo?
"O que podemos fazer é trabalhar de forma
uníssona para tentar reverter o máximo possível,
os danos"
Valor: O sr. acha que este descredenciamento
que o governo fez ao Inpe pode tirar a
credibilidade do dado oficial do desmatamento do
Brasil?
Brito: Pode acontecer. Mas acredito que o dado
do Prodes [que diz o desmatamento anual, do
Inpe] vai confirmar os números que o Deter
havia dito. Não consigo ver o Brasil alterando
dados do IBGE ou de onde quer que seja.
Valor: Até porque, com os satélites, a Amazônia
é monitorada por vários sistemas.
Data: 22/08/2019
75
Grupo de Comunicação
Brito: Exatamente. O que reclamo disso é se
colocar a credibilidade do único instituto que é
nosso, e que é oficial, em jogo.
Valor: A imagem do Brasil no exterior está muito
ruim. Qual o risco para os negócios?
Brito: Esta semana dois grandes nomes da
imprensa alemã [a revista "Der Spiegel" e o
jornal "Die Zeit"] esboçaram em suas páginas
que já é hora de começar o boicote dos produtos
brasileiros. Recebi a notícia no nosso grupo do
Agro [ele lê a tradução de um artigo]: "A Europa
não deve ficar de braços cruzados enquanto um
preconceituoso, cético da ciência, movido pelo
ódio, sacrifica vastas áreas de florestas para
pecuaristas e plantações de soja". Os caras já
estão atacando a soja.
Valor: E agora?
Brito: Temos que lembrar que a Europa é um
enorme comprador de produtos brasileiros.
Falam: "Ah, não, é pequena". Só de soja são
mais de US$ 5 bilhões ao ano. Ou seja, falar que
se pode abandonar a Europa é uma bobagem. E
o segundo ponto é mais importante: a Europa
continua ditando as tendências do consumo
mundial.
Valor: E os chineses?
Brito: Na abertura do nosso evento [Congresso
Brasileiro do Agronegócio, no início do mês], o
presidente da Cofco International [Chi Jingtao],
que é o maior comprador do agro brasileiro,
disse que a empresa se tornou sustentável e tem
compromissos verdes. Disse que acabou de
pegar um empréstimo de US$ 2,3 bilhões com
contrapartida socioambiental e que vai monitorar
a sua cadeia de suprimentos no mundo todo.
Uma pesquisa que diz que 47% da população
chinesa entre 18 e 30 anos coloca como primeiro
item decisivo de compra de um produto sua
rastreabilidade socioambiental.
Valor: São os compradores do futuro.
Brito: Exato. Uma década à frente, este é o
pessoal que estará comandando o PIB chinês. A
Cofco diz isso porque é uma empresa séria, que
está pesquisando o mercado mundial e sabe que
é isso que se quer hoje. A mesma coisa a Cargill
ou a Unilever.
Valor: E o setor está preocupado com esse
discurso.
Brito: Você não tem ideia.
Valor: Como vão mudá-lo?
Brito: O discurso é mudado pelo amor ou pela
dor. A indústria de óleo de palma do mundo
passou pela maior transformação que uma
indústria do agro já passou nos últimos 15 anos
por imposição do mercado. Temos que parar com
esta mania de achar que o Brasil é o único
produtor mundial e que, se a gente não fornecer,
ninguém o fará. A lei de mercado é clara: deixe
um espaço vazio e alguém vai ocupá-lo. O foco
dos próximos anos não é produzir o que a gente
quer, mas o que o mercado demandar.
Valor: Mas não é este o discurso da base
ruralista ou do presidente Jair Bolsonaro. É por
isso que há eco lá fora.
Brito: Não podemos transformar o presidente da
República. O que podemos fazer, o nosso setor, é
trabalhar, de forma uníssona para tentar
reverter, o máximo possível, os danos.
Valor: Qual a consequência no setor?
Brito: Isso pode - não estou falando que vai -
criar dois movimentos dentro do agro. Um
movimento fornecedor de primeira linha, que são
os produtores antenados com as mudanças e que
estão produzindo de forma rastreável e
sustentável. E aqueles de segunda linha que
terão desconto no preço do produto.
Data: 22/08/2019
76
Grupo de Comunicação
Valor: Este consumidor de primeira linha pensa o
que sobre terras indígenas?
Brito: Pensa que tem que continuar assim. O
primeiro índice de detração negativa do Brasil no
exterior, que são as matérias contrárias ao
agronegócio do Brasil, é desmatamento. O
segundo são os agroquímicos. O terceiro são as
ameaças aos povos indígenas.
Valor: Na percepção de vocês, é questão de
tempo que parem de comprar do Brasil?
Brito: É questão de tempo.
Valor: O que vocês farão?
Brito: Todo relacionamento de início é mais fácil
de você construir. O relacionamento que se
quebra é muito mais difícil de reconstruir. Vai
custar caro ao Brasil reconquistar a confiança de
alguns mercados internacionais. A Indonésia
brigou, brigou, brigou [para convencer os
compradores de que não desmatava]. Perdeu
mais de 50% do óleo de palma que vendia na
Europa há dez anos, em volume. E o óleo de
palma como matéria-prima de biodiesel terá que
ser retirado do mercado europeu entre 2020 e
2030.
"Temos um potencial de Pagamento de Serviços
Ambientais muito grande pela nossa
biodiversidade"
Valor: Isso acaba com um setor.
Brito: A Indonésia tem o maior setor de óleos
vegetais do mundo e o exemplo mostra que não
adianta brigar contra mercado de consumo. É ele
que dá a ordem. No mercado de alimentos,
naqueles países mais desenvolvidos, em que o
grau educacional é mais alto, mais e mais
pessoas estarão olhando a rastreabilidade do
produto que irão comprar.
Valor: Vocês levaram anos construindo esta
imagem. Ela é quebrada rapidamente?
Brito: Muito rapidamente.
Valor: O que farão na questão dos agrotóxicos?
Brito: Ali é uma questão ideológica. Você
conhece algum país do mundo que não utiliza
agroquímicos na agricultura?
Valor: Mas a liberação de agrotóxicos foi muito
alta.
Brito: Não. Foram sete liberados, os outros todos
são só genéricos. É como a aspirina e o ácido
acetilsalicílico. E moléculas novas são mais
seguras.
Valor: O agronegócio precisa entrar nas terras
indígenas?
Brito: Não precisa e discordo frontalmente.
Temos terra demais. Porque precisamos entrar
lá? O que ganhamos com este discurso? Se tiver
minério suficiente ali e de alta qualidade que
beneficie o Brasil, ótimo. Já faz parte da
Constituição brasileira. É só ter um projeto
benfeito e o Congresso aprová-lo.
Valor: Por que o sr. veio a essa reunião sobre
mudança do clima?
Brito: Ciência para mim tem muita importância.
Acredito na interferência humana na mudança
climática. Não vejo como o nosso setor pode
evoluir de forma sistemática sem implementar as
novas ferramentas que a tecnologia nos dá para
quebrar paradigmas de produção.
Valor: Como isso se reflete na Agropalma?
Brito: Nossa empresa está no Pará há 37 anos e
monitoramos ciclo de chuva diariamente há 30
anos. Notamos uma mudança gigante no ciclo de
Data: 22/08/2019
77
Grupo de Comunicação
vida daquela região. Agricultura precisa de água,
água vem de chuva, e chuvas vêm de florestas.
Valor: Como a negociação do Acordo de Paris se
reflete nos negócios?
Brito: No longo prazo não há outro setor no
Brasil que possa se beneficiar tanto deste
mercado de clima. Temos um potencial de
Pagamento de Serviços Ambientais [PSA] muito
grande pela nossa biodiversidade, pelo excedente
de reserva legal.
Valor: O sr. diz que custa manter a preservação.
Como?
Brito: Nas negociações internacionais não há
valor pelo carbono que está estocado nas
florestas. Lá na nossa empresa, por exemplo,
deveríamos ter 40 mil hectares de reserva legal,
mas temos 64 mil. Temos 24 mil de excedente,
posso ter Pagamento de Serviço Ambiental por
esta adicionalidade. Mas isto não foi ainda
regulamentado.
Valor: Como o sr. vê este futuro?
Brito: Em três frentes. Uma é o carbono estocado
no solo, em florestas. A segunda, em culturas
perenes de longo ciclo como coco, palma,
macaúba, cacau e outras em que se agrega
muita biomassa no ciclo produtivo e no solo.
Pode ser mais um item de valor para a produção
brasileira. O terceiro ponto é a soma do estoque
de carbono abaixo do solo com o que temos
acima do solo.
Valor: Qual conta?
Brito: O Brasil tem mais de 60% de sua área de
cobertura verde florestal. Caso se consiga
calcular quantos por cento do PIB é gasto para
fazer esta manutenção, veremos que o custo
para o Brasil é muito mais alto do que para a
maioria dos países que não têm isso.
Valor: Mas qual custo?
Brito: Quanto custa o Ibama? A segurança? As
secretarias estaduais de Meio Ambiente? Os
satélites para fazer o monitoramento? Quanto
custa a Funai? Isso custa ao Brasil. E se isso
fosse transformado em economia? Se se
calculasse quanto tem de madeira ali dentro? De
fármacos e de bioeconomia? Sou pragmático: o
que não se consegue dar valor e gerenciar, não
tem valor.
Valor: Isso vocês querem defender na
conferência do Chile, a CoP?
Brito: Disse ao Ricardo [Salles, ministro do Meio
Ambiente] que se queremos dinheiro de fora
precisamos regulamentar o artigo 41 do Código
Florestal, que trata disso. E ter isto acordado no
Chile. A ideia é regulamentar como este dinheiro
pago por alguém chegará ao produtor.
Valor: O sr. acredita na exploração sustentável
da Amazônia?
Brito: O Brasil tem este potencial agrícola
maravilhoso porque é um país tropical. Tem este
potencial turístico maravilhoso porque é um país
tropical. Porque não temos orgulho também de
sermos donos da maior floresta tropical do
mundo? E dar a ela o melhor tratamento que a
bioeconomia pode oferecer? A riqueza
bioeconômica da floresta amazônica é
incalculável.
Valor: O sr. acha que há países que querem
tomar a Amazônia do Brasil?
Brito: Não, de jeito nenhum. Este é um pepino
que é nosso. Ouvi muito este discurso na década
de 70, ele não cabe mais em 2019. Isso é de
uma bobagem completa.
Valor: As ONGs são o inimigo?
Brito: Considero as ONGs representantes de uma
parcela da sociedade. Seja ela mais ou menos
Data: 22/08/2019
78
Grupo de Comunicação
radical. Existem ONGs de campanha e de
ciências. Todas as parcerias que fizemos com
ONGs científicas foram extremamente salutares.
Em relação às ONGs de campanha, elas estão
fazendo as campanhas deles, eu não me importo.
É um processo com mais um player na economia
brigando por algo que acredita.
Valor: O Fundo Amazônia é nocivo?
Brito: Não. É bom. E, se o governo atual tinha
vontade de renegociar as cláusulas, poderia ter
renegociado com todos reunidos em uma sala
discutindo a posição. No final divulgariam o novo
acordo sem nenhum estrago como esse que foi
feito. Na situação financeira em que estamos não
dá para abrir mão de R$ 3 bilhões.
Valor: O Brasil perdeu não fazendo a CoP do
clima?
Brito: Perdeu muito. Você sai ganhando onde é
protagonista e não onde vai a reboque.
A jornalista viajou a Salvador a convite do
Instituto Clima e Sociedade (iCS)
https://www.valor.com.br/brasil/6402077/desma
tamento-afeta-imagem-do-pais-e-causa-
preocupacao
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
79
Grupo de Comunicação
Com país na berlinda, OCDE prepara exame
da política ambiental do Brasil
Por Assis Moreira | De Genebra
A política ambiental do Brasil será alvo de exame
na Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) no fim de
setembro, num exercício politicamente delicado
depois de polêmicas do presidente Jair Bolsonaro
sobre esse setor.
O Brasil precisará adaptar sua legislação a 253
instrumentos da OCDE, na sua tentativa de
aderir à entidade. Desse total, 40% são nas
áreas de ambiente e químico.
Brasília pediu para já aderir a 37 recomendações
da OCDE na área ambiental, por considerar que
as políticas brasileiras são compatíveis com elas.
A avaliação brasileira é de que as legislações no
país têm muita convergência com as
recomendações da OCDE.
Nesse contexto, o Comitê de Política de Meio
Ambiente da OCDE marcou para o fim de
setembro reunião para examinar até que ponto
as políticas e práticas do Brasil estão realmente
em linha com as 37 recomendações às quais o
país quer aderir.
Na OCDE, as recomendações são atos que,
apesar de não serem juridicamente vinculantes,
representam a vontade política dos países-
membros e, como tal, impõem forte incentivo
para sua implementação.
Mas o que deveria ser quase um exame de rotina
toma nova dimensão depois da animosidade de
Bolsonaro em relação a países como Alemanha,
França e Noruega envolvendo a área ambiental.
Dificilmente os países na OCDE vão se limitar a
indagar sobre políticas sobre ruído ou resíduos.
Um dos focos deverá ser a proteção da
Amazônia, por exemplo. O governo Bolsonaro
decidiu enviar à OCDE uma delegação chefiada
pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
O Brasil está no centro das atenções. O
secretário-geral da OCDE, José Ángel Gurría,
depois de ter se encontrado com Bolsonaro à
margem da cúpula do G-20, em junho, em Osaka
(Japão), fez uma palestra em Genebra na qual
afirmou que "no Brasil a exploração madeireira
na Amazônia está se acelerando a uma taxa
alarmante".
Ele colocou o país em companhia dos EUA, que
elevam a produção de petróleo e gás com
"fracking" (fraturamento hidráulico); Canadá,
que expande emissões de carbono com a
indústria de areias betuminosas (espécie de
petróleo em estado semissólido); Austrália, com
nova usina de carvão que poderá se tornar a
maior do mundo; México, que anunciou plano de
nova usina de energia a carvão; China e Índia,
que continuam a liderar a demanda por carvão.
Ao mesmo tempo, o secretário-geral da OCDE
destacou avanços em países como a Noruega,
onde o fundo soberano local suspendeu
investimentos de US$ 13 bilhões em combustível
fóssil e redirecionou US$ 20 bilhões para
renováveis. E a Alemanha, que planeja acabar
até 2030 com as usinas de energia à base de
carvão.
Gurría mencionou a Costa Rica como próxima de
se tornar o primeiro país no mundo neutro em
emissões de carbono, e a Nova Zelândia, que
baniu novas permissões para exploração
"offshore" de petróleo e gás.
https://www.valor.com.br/brasil/6402101/com-
pais-na-berlinda-ocde-prepara-exame-da-
politica-ambiental-do-brasil
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
80
Grupo de Comunicação
Bolsonaro insinua relação entre ONGs e
queimadas
Por Renan Truffi e Fabio Murakawa | De Brasília
O presidente Jair Bolsonaro insinuou ontem que
ONGs que atuam em defesa do ambiente e
supostamente recebiam recursos do exterior
podem ter ligação com aumento de queimadas
na Amazônia, registradas nos últimos dias. Ele
ressaltou que não está "afirmando" que há
relação, mas descreveu um roteiro em que os
fatos coincidiriam com o fim da "boquinha" para
essas instituições, que teriam deixado de receber
recursos do Fundo Amazônia por decisão de
países como a Noruega e a Alemanha.
"O crime existe, e isso aí nós temos que fazer o
possível para que nesse crime não aumente, mas
nós tiramos dinheiros de ONGs. Dos repasses de
fora, 40% ia para ONGs. Não tem mais.
Acabamos também com o repasse de dinheiro
público. De forma que esse pessoal está sentindo
a falta do dinheiro. Então, pode estar havendo,
não estou afirmando, ação criminosa desses
ongueiros para exatamente chamar a atenção
contra a minha pessoa, contra o governo do
Brasil. Essa é a guerra que nós enfrentamos",
disse.
Questionado se tinha certeza sobre a participação
de alguma ONG nas queimadas, Bolsonaro disse
que não está "afirmando", mas que "há
interesses". "Não estou afirmando (que são as
ONGs). Temos que combater o crime, depois
vamos ver quem é o possível responsável pelo
crime. Mas, no meu entender, há interesse
dessas ONGs, que representam interesses de
fora do Brasil", respondeu.
Como argumento, Bolsonaro disse que os focos
de queimadas aconteceram em "lugares
estratégicos" e que havia pessoas preparadas
para "filmar" os incêndios na floresta. "Parece
que o fogo foi tocado, me parece, em lugares
estratégicos. [Há] imagens na Amazônia toda,
como é que pode? Nem vocês [imprensa] teriam
condições de colocar fogo e filmar e mandar para
fora. Ao que tudo indica, [o pessoal] foi para lá
filmar e tocaram fogo. É esse o meu sentimento,
temos que combater o crime e depois buscar os
criminosos", disse.
Questionado sobre reportagens de jornais da
região amazônica que apontam para a
possibilidade de produtores estarem envolvidos
nas queimadas por se sentirem amparados por
suas palavras, Bolsonaro foi evasivo. "Nenhum
jornal local me procurou para conversar", disse.
Em seguida, ele tentou culpar governadores do
Norte e insinuou conivência com os crimes. "Olha
só, tem governador, não quero citar nome, que
está conivente com o que está acontecendo e
bota a culpa no governo federal. Tem Estados aí,
que não quero citar, na região Norte, que o
governador não está movendo uma palha para
ajudar a combater incêndio. [Tem governador
que] está gostando disso daí. Não quero criticar
porque vem um contragolpe, mas é uma
realidade", disse.
Por fim, Bolsonaro disse que o governo não está
"insensível" às queimadas e que deve enviar as
Forças Armadas para a região. "É a pior onda [de
queimadas]. É um crime. O governo não está
insensível para isso, mas temos uma guerra
acontecendo no mundo contra o Brasil. Uma
guerra de informação. As Forças Armadas,
devemos usar, talvez a partir de amanhã,
unidades ali da região, porque não tem como
deslocar daqui para lá", disse.
Durante o Congresso Aço Brasil, em Brasília,
Bolsonaro ainda voltou a sinalizar que é contra a
participação do Brasil no acordo de Paris. E,
mostrando contrariedade, disse que não tem
"todo o poder que alguns imaginam". "Se o
acordo do clima [de Paris] fosse bom, americano
Data: 22/08/2019
81
Grupo de Comunicação
não teria saído. Nós por enquanto estamos lá",
afirmou.
Bolsonaro aproveitou para criticar mais uma vez
as demarcações de terras indígenas. Segundo
ele, o verdadeiro motivo de governos anteriores
terem de delimitado esses territórios é, no
futuro, permitir que outros países possam
explorar os recursos naturais brasileiros. "O que
eu sei é que as demarcações, em grande parte,
não são para proteger o índio, são para deixar
intacto (o território) para que, no futuro, outros
países venham nos explorar. O índio tem como
fazer lobby? Ele fala a nossa língua? Não fala",
disse.
Bolsonaro voltou a minimizar modelos de
cooperação entre países, cujo objetivo seja
preservar o meio ambiente. Na opinião do
presidente, não existe amizade entre duas
nações, mas, sim, interesses.
https://www.valor.com.br/brasil/6402103/bolson
aro-insinua-relacao-entre-ongs-e-queimadas
Voltar ao Sumário
Data: 22/08/2019
82
Grupo de Comunicação
DSM cria aditivo capaz de reduzir emissão
de gases na pecuária
Por Luiz Henrique Mendes | De São Paulo
Sob olhar desconfiado dos europeus, a pecuária
terá de encontrar alternativas para reduzir as
emissões de metano, um dos gases de maior
impacto sobre o aquecimento global. Nos fóruns
internacionais, o tema é incontornável. Se a
indústria da carne não encontrar uma saída,
dificilmente escapará da incidência de impostos
mais altos, como foi recentemente proposto por
parlamentares da Alemanha.
Nesse cenário, a multinacional holandesa Royal
DSM desenvolveu uma tecnologia promissora
para combater a emissão de gases do efeito
estufa pela pecuária. A nova tecnologia, citada
como uma das dez com maior potencial de
ajudar o planeta em relatório recente da
organização americana World Resources
Institute, pode ser bastante positiva para o Brasil
- grande exportador de carne bovina -, mas não
apenas. Mesmo a Europa, forte na produção de
leite, terá que reduzir as emissões de gases de
sua pecuária.
Na DSM, a tecnologia é tratada como uma
revolução. Até agora, as principais medidas de
combate às emissões de gases pela pecuária
estão ligadas ao aumento da produtividade, uma
vez que, quando engorda mais rápido, o gado
emite gases por um período de vida mais curto.
A nova tecnologia, porém, promete reduzir
efetivamente a emissão.
Segundo pesquisadores da empresa, a mistura
da uma quantidade pequena do aditivo 3-NOP -
abreviação do composto orgânico 3-
Nitrooxypropanol - na ração reduzirá as emissões
das vacas leiteiras em ao menos 25%. O
benefício é maior na pecuária de corte, com uma
redução de 30%. Atualmente, a pecuária é
responsável por 10% das emissões globais de
gases do efeito estufa.
Batizado de Clean Cow, o projeto de
desenvolvimento do produto levou dez anos. Em
julho, a DSM pediu o registro do produto aos
reguladores da União Europeia. A expectativa da
DSM é que as autoridades aprovem o aditivo até
o início de 2021, disse ao Valor Mark van
Nieuwland, diretor do programa Clean Cow. O
executivo holandês esteve no Brasil este mês
para uma conferência sobre emissões de gases
do efeito estufa em Foz do Iguaçu, no Paraná.
Assim que o produto tiver o aval europeu, a DSM
deve submetê-lo para registro no Brasil.
Conforme Nieuwland, o selo ambiental europeu
tende a facilitar o registro em outros países.
Embora ainda não haja estimativas do impacto
do novo produto para o ganhos de massa dos
bovinos, Nieuwland disse que o aditivo pode ter
reflexo positivo, na medida em que, ao inibir a
emissão de metano, o produto poupará o
dispêndio de energia pelos animais.
Diante disso, o Brasil deve ser um dos mercados
mais importantes para as vendas do produto. No
país, a DSM é dona da Tortuga, líder em ração
para bovino. A companhia tem 30% do
fornecimento de ração para gado criado em
confinamento.
Questionado, o executivo evitou fazer
comentários sobre a política ambiental do
governo Bolsonaro - alvo de muitas críticas na
Europa -, e também sobre outros governos que
duvidam do aquecimento global. No entanto, ele
argumentou que, a despeito de quaisquer
políticas, um número cada vez maior de
empresas se engaja em iniciativas para atenuar o
aquecimento global.
Data: 22/08/2019
83
Grupo de Comunicação
Entre os exemplos, Nieuwland citou a francesa
Danone, que pretende reduzir sua "pegada de
carbono" em 50% até 2030 e, até a metade do
século, se tornar "neutra" em emissões de gases
do efeito estufa. Sendo uma empresa de lácteos,
a Danone terá de atuar no combate ao metano
emitido pelas vacas, o que abre uma
oportunidade para a tecnologia da DSM.
Para a múlti, a busca por um mundo mais
sustentável não é só uma oportunidade de
negócio, mas parte de uma filosofia que
transformou a própria empresa, que tem ações
na bolsa de Amsterdã e teve receita de € 9,3
bilhões no último ano.
Quando foi fundada pelo governo holandês em
1902, a DSM era uma mina de carvão. Seu nome
faz alusão a essa origem: De Nederlandse
Staatsmijnen (Minas do Estado Holandês). Na
década de 1970, a DSM desativou as minas e,
hoje, está concentrada nas áreas de saúde,
nutrição e sustentabilidade. E o nome de batismo
ganhou novo significado: "Doing Something
Meaningful" (Fazendo Algo Significativo).
https://www.valor.com.br/agro/6402013/dsm-
cria-aditivo-capaz-de-reduzir-emissao-de-gases-
na-pecuaria
Voltar ao Sumário