Literatura

28
Era medieval Literatura como não só a produção e composição de textos escritos em prosas e versos mas como o conjunto de produções de um determinado pais em uma determinada época. Peninsula Iberica: meados do século XII a historia da lit. Portuguesa tal como conhecemos hoje – Portgual consolida como estado independente. Eras: Medieval, Classica, Romantica (Moderna) e Contemporânea. Eras em momentos menores – movimentos, estilos de época ou escolas literárias. Não são vistos como compartimentos estanques, apenas um recurso didático. (Existe um período de transição). Trovadorismo Poesia trovadores medievais. Trovador = achar, encontrar. Encontrar a música e adequa-la aos versos. Instrumentos como: lira, cítara, harpa ou viola, daí serem chamadas de cantigas. Início em meados do século XII. Artistas: Trovador: nobre, cultura erudita, não recebia por suas composições;

Transcript of Literatura

Page 1: Literatura

Era medievalLiteratura como não só a produção e composição de textos escritos em prosas e versos mas como o conjunto de produções de um determinado pais em uma determinada época.

Peninsula Iberica: meados do século XII a historia da lit. Portuguesa tal como conhecemos hoje – Portgual consolida como estado independente.

Eras: Medieval, Classica, Romantica (Moderna) e Contemporânea.

Eras em momentos menores – movimentos, estilos de época ou escolas literárias. Não são vistos como compartimentos estanques, apenas um recurso didático. (Existe um período de transição).

Trovadorismo

Poesia trovadores medievais. Trovador = achar, encontrar. Encontrar a música e adequa-la aos versos. Instrumentos como: lira, cítara, harpa ou viola, daí serem chamadas de cantigas.

Início em meados do século XII.

Artistas:

Trovador: nobre, cultura erudita, não recebia por suas composições; Jogral: compositor, saltimbanco ou ator que recebia por suas apresentações. Segrel: fidalgo decaído, apresentava-se nas cortes, em troca de dinheiro, juntamente

com seu jogral. Trovador profissional. Menestrel: servia a uma determinada corte; Jogralesa ou soldadeira: moça que acompanhava os artistas dançando, cantando e

tocando castanholas.

Page 2: Literatura

Primeiro texto registrado é a “Cantiga da Guarvaia” ou “Cantiga da Ribeirinha” (1189 ou 1198) de Paio Soares de Taveirós.

Contexto histórico-cultural. No século XI e XII é dominado pelo teocentrismo. Existia a relação de suserania e vassalagem (suserano o senhor feudal) protegia seus vassalos porque é destino. Estes traços influenciam a produção trovadoresca (poesia e prosa).

Produção literária recuperada por volta do século XVIII:

“Cancioneiro da Ajuda” com 310 composições (304 cantigas de amor), do Real Colégio dos Nobres.

“Cancioneiro da Vaticana” com 1205 trovas de 163 trovadores.

“Cancioneiro da Biblioteca Nacional” com 1647 cantigas de todos os gêneros.

“Cantigas de Santa Maria” com 426.

Cantigas líricas de amor: “Eu-lírico” é masculino. Provençal (região da França). O homem canta para uma mulher, sempre considerando-a algo superior, inatingível. Séc XIII

“Senhor fremosa, pois me non queredescreer a coita en que me tem amor,por meu mal é que tan bem parecedespor meu mal vos filhei por senhore por meu mal tan muito bem oídizer de vós, por meu mal vos vipois meu mal é quanto bem vós havedes.”(Martim Soares, século XIII)

Cantigas líricas de amigo: “Eu-lírico” é feminino (normalmente) representado por uma mulher dialogando com uma amiga, com a mãe sobre seu amor. Séc XIII. Nelas a mulher canta a ausência do “amigo” que está afastado, geralmente a serviço do rei ou em guerras. Ao contrário das primeiras, que refletiam a corte, as Cantigas de Amigo descrevem um ambiente pastoril, a moça ao cantar seus sentimentos dialoga com a mãe, a amiga e elementos da natureza.

Nas cantigas líricas de amigo, a coita significa a dor por um amor não correspondido. Sofrimento amoroso.

“Ondas do mar de Vigo,

Page 3: Literatura

se vistes meu amigo!e ai deus, se verrá cedo!Ondas do mar levado,se vistes meu amado!e ai Deus, se verrá cedo!Se vistes meu amigo,o por que eu sospiro!e ai Deus, se verrá cedo!...”( Martim Codax, século XIII)

Cantigas satíricas de escárnio, quando a critica é indireta, sutil, dirigida a alguém, mas não sabemos quem. Séc XIII.

“Ua dona, nom digu’eu qual,non agoirou ogano malpolas oitavas de Natal:ia por as missa oire ouv’un corvo carnaçal,e non quis da casa sair...”(Joan Airas de santiago, século XIII)

Cantigas satíricas de mal dizer: existe a critica direta, as vezes até com palavras de baixo calão. Sec XIII.

“Ai, don fea! Fostes-vos queixarporque vos nunca louv’en meu trobar;mais ora quero fazer un cantaren que vos loarei toda via;e vedes como vos quero loar:dona fea, velha e sandía...”(Joan Garcia de Guilhade, século XIII)

ProsaA prosa medieval, posterior à poesia, é representada basicamente pelas novelas de cavalaria, narrativas de cunho cavalheiresco e religioso que contavam as aventuras de grandes reis e seus cavaleiros.

Destacam-se entre elas a História de Merlim, José de Arimatéia e a Demanda do Santo Graal. Havia também outros textos em prosa, assim divididos:

• Hagiografias – biografia de santos

• Livros de Linhagens ou Nobiliários – relatos genealógicos de famílias nobres

• Cronicões – livros de crônicas

Costuma-se afirmar, didaticamente, que o Trovadorismo termina com a nomeação de Fernão Lopes para o cargo de cronista-mor da Torre do Tombo, em 1418, marcando o início do Humanismo.

Humanismo

Page 4: Literatura

O Humanismo, segunda Escola Literária Medieval, também conhecido como Pré-Renascimento ou Quatrocentismo. Transição da Idade Média para a Idade Clássica. Tem como marcos iniciais as nomeações de Fernão Lopes como Guarda-Mor da Torre do Tombo (local onde se guardavam os documentos oficiais), em 1418 e, como Cronista-Mor do Reino, em 1434, quando recebeu de D. Duarte, rei de Portugal, a incumbência de escrever a história dos reis que o precederam.

Após a queda de Constantinopla em 1453, muitos intelectuais gregos (professores, religiosos e artistas) refugiaram-se na Itália e começaram a difundir uma nova visão de mundo, mais antropocêntrica, indo de encontro à visão teocêntrica medieval. Entre as principais idéias humanistas estavam:

• retomada da cultura antiga, através do estudo e imitação dos poetas e filósofos greco-latinos;

• revalorização da filosofia de Platão, especialmente no que diz respeito à distinção entre o amor espiritual e o carnal - neoplatonismo;

• crítica à hierarquia medieval, o homem reivindicando para si uma posição de destaque no Universo - não aceitação passiva das imposições místicas difundidas na idéia de destino;

• bifrontismo, coexistência de características medievais (feudalismo, teocentirsmo) e renascentistas (mercantilismo, antropocentrismo, pragmatismo burguês).

Caracteristicas históricas:

crise do sistema feudal e deu início ao chamado mercantilismo – a economia de subsistência é substituída gradativamente por atividades comerciais. Surgem as pequenas cidades, chamadas burgos burgueses;

expansão ultramarina Revolução de Avis (1383-1385) política centralizadora do poder nas mãos do rei (respaldada pela burguesia mercantilista). Tomada de Ceuta, em 1415 (Grandes Navegações) nacionalismo português.

Poesia PalacianaProduzida no ambiente dos palácios, feita por nobres para a corte. Características estão:

separação entre música e texto – a poesia destina-se à leitura. Assim, a própria linguagem é responsável pelo ritmo e expressividade. O termo trovador aos poucos assume um caráter pejorativo e começa a surgir a figura do poeta;

- utilização dos redondilhos – versos compostos por cinco sílabas poéticas (redondilhos menores) ou sete sílabas poéticas (redondilhos maiores);

- temática variada – com composições religiosas, satíricas, didáticas, heróicas e líricas. O lirismo amoroso trovadoresco, a partir da influência de Petrarca (um dos precursores do Humanismo italiano), assume uma nova conotação, a mulher idealizada, inatingível, carnaliza-se e a sensualidade reprimida nas cantigas de amor passa a ser freqüente.

Page 5: Literatura

ProsaFernão Lopes. Fundador da historiografia portuguesa. Sua importância se deve não só pelo aspecto histórico de sua produção, mas também pelo aspecto artístico de suas crônicas. Em sua crônicas, apesar de regiocêntricas, o povo aparece pela primeira vez com co-autor das mudanças históricas portuguesa. Entre suas características destacam-se:

a imparcialidade; o registro documental; a criticidade e o nacionalismo.

São de autoria de Fernão Lopes:

Crônica de El-Rei D. Pedro I; Crônica de El-Rei D. Fernando; Crônica de El-Rei D. João I

A prosa doutrinária, também chamada de ensinanças, corresponde a textos de caráter didático, destinados à nobreza. São obras para o aprendizado de certas artes da época, como a montaria.

As novelas de cavalaria conservam basicamente as mesmas características do Trovadorismo.

Teatro (Gil Vicente)A manifestação teatral da Idade Média (antes de Gil Vicente) limitou-se à encenações de caráter litúrgico, presas aos ritos da religião católica. As encenações religiosas apresentadas no interior das igrejas dividiam-se em:

- mistério – representação da vida de Jesus Cristo;- milagre – representação da vida de santos- moralidade – representações curtas com finalidade didática ou moralizante.

As encenações que ocorriam fora dos templos religiosos recebiam o nome de profanas e apresentavam um caráter mais popular e não estavam relacionadas aos cultos católicos. Dividiam-se em:

arremedilho ou arremedo – imitação cômica de acontecimentos ou pessoas; pantomima alegórica – espécie de palhaçada circense da atualidade, na qual atores

mascarados imitavam as pessoas; farsa – encenação satírica com um humor primário, situações absurdas e ridículas; sotie – (sotie vem do francês sot e significa tolo) semelhante à farsa, mas com um

parvo, tolo no papel principal; momo – encenação carnavalesca com uma temática variada. As pessoas utilizavam

máscaras e imitavam pessoas e animais; entremeze – encenações breves apresentadas entre os atos de peças mais longas. Sua

função era preencher os intervalos; sermão burlesco – monólogo recitado por um ator mascarado;

Page 6: Literatura

écloga – auto pastoril. Atores vestidos de pastores pregavam os valores da vida no campo.

Pouco se sabe sobre os dados biográficos de Gil Vicente. Acredita-se que tenha tido muito prestígio na corte portuguesa, desempenhando a função de organizador das grandes festas palacianas. Para outros, entretanto, desempenhava a função de ourives, atraindo a atenção da rainha Leonor. Mas é unanime o seu reconhecimento como o fundador do teatro português e o maior representante do Humanismo.

Assim como o período, suas peças apresentavam o bifrontismo como característica central. Ora com fortes marcas medievais, ora com antecipações renascentistas.

Gil Vicente criticou toda a sociedade da época, suas peças apresentam indivíduos de todos os segmentos sociais. Só não criticou mordazmente a Família Real, da qual dependia. É importante destacar que todo o moralismo gilvicentino não é contra as instituições, mas contra os indivíduos que as corrompiam. Tanto que em nenhum de seus trabalhos questionou qualquer verdade cristã, apresentava uma visão teocêntrica e conservadora da sociedade. Na realidade, era contra as novidades trazidas pelas mudanças do período que punham em risco a integridade do povo português, seus autos representam uma tentativa de resgate dessa integridade que perdia-se través da corrupção, do adultério e da ambição.

Por outro lado, Gil Vicente inovou, mesmo escrevendo em redondilhos, não seguiu a rigidez do teatro clássico vigente até então (unidade de ação, tempo e espaço). Suas representações apresentavam uma grande variedade temática, povoadas por inúmeros personagens, amplitude temporal e justaposição de lugares. A alegoria, as personagens-tipos e a variedade lingüística também o distinguem de seu tempo. Suas personagens não apresentam características particularizadas, ao contrário, são generalizações, estereótipos, que representam toda categoria profissional ou uma classe social (povoam suas peças as alcoviteiras, os fidalgos, os frades, os judeus). Outras vezes, através da abstração, as personagens representam idéias ou instituições (a Fama, a Igreja, a Lusitânia, Todo-o-Mundo e Ninguém).

As personagens gilvicentinas expressavam-se através de diversos registros lingüísticos: arcaísmos, castelhano, saiaguês (falar típico de Saiago, região que faz fronteira com Portugal), latim, português chulo, coloquial, popular, culto e erudito.

A produção teatral de Gil Vicente divide-se em três fases:

Primeira Fase – marcada pelos traços medievais e pela influência espanhola de Juan del Encina. São desta fase: O Monólogo do Vaqueiro, o Auto Pastoril Castelhano, o Auto dos Reis Magos, entre outros;

Segunda Fase – aparecem a sátira dos costumes e a forte crítica social. São desta fase: Quem tem farelos?, O Velho da Horta, o Auto da Índia e a Exortação da Guerra;

Terceira Fase – aprofundamento da crítica social através da tragicomédia alegórica, da variedade temática e lingüística, é o período da maturidade expressiva. São desta fase: A Trilogia das Barcas, a Farsa de Inês Pereira, o Auto da Lusitânia.

Page 7: Literatura

A Farsa de Inês PereiraSurgiu por volta de 1523 autoria dos textos de Gil Vicente questionada.

Para provar sua inocência, pediu que lhe dessem um tema qualquer.

O tema dado foi um dito popular: “mais quero um asno que me leve que cavalo que me derrube”, expressão conhecidíssima da célebre farsa.

Inês Pereira, jovem ambiciosa e namoradeira, cansada dos afazeres domésticos decide se casar, mas não com qualquer rapaz de sua classe social, deseja um casamento nobre, com um homem que seja galante, discreto e que saiba cantar. Recusa o casamento com Pêro Marques, que mesmo rico era camponês e casa-se com Brás da Mata, falso escudeiro que a maltrata após o casamento.

Com a morte do marido, a jovem casa-se novamente com o primeiro pretendente, mesmo sem amá-lo. Ingênuo e devotado, Pêro Marques não percebe a traição da mulher com um falso religioso e, na cena final da farsa, leva a própria esposa para os braços do amante, daí a frase: “mais quero um asno que me leve que cavalo que me derrube”.

Era clássica

ClassicismoInicio da Era Clássica.

Retorno de Sá de Miranda. O Fim do Classicismo é marcado por uma crise em Portugal, quando a Espanha domina a península Ibérica e Portugal não consegue mais sustentação política e econômica.

Torre de Bélem, simboliza as grandes navegações portuguesas. (Ultramarinas) Rota de Vasco da Gama 1498 (Caminho das Indias)

Page 8: Literatura

Lisboa transforma-se em uma grande capital da Europa

Racionalismo; Retomada da mitologia pagã – Deuses gregos: exemplos de perfeição, ideais de beleza. Verossimilhança – imitação da natureza, o belo, o natural. Fusionismo – união da mitologia pagã com ideais do cristianismo. Medida Nova – não apenas no uso dos versos (5 e 7 sílabas como na medida velha),

mas:o Versos decassílabos: dez silabas métricaso Formas fixas: determinadas composições – regras preestabelecidas

Ex: Soneto = 14 versos (2 quartetos e 2 tercetos); Tercetos = estrofes de 3 versos Oitavas = 8 versos

Destaque para o autor: Luís Vás de Camões.o Jeito valentão;o Casos amorosos na corte;o Foi militar;o Briguento.

Obras de camões Poesias líricas;

o Dualidade: apresenta duas vertentes. Textos influência medieval (redondilhos 5,7 silabas poéticas; motes glosados (retomar o tema principal); Soneto;

Peças teatrais: 2 presas a tradição medival; a última latina. Obra épica: Os Lusíadas.

o Epopeia-narrativa dos grandes feitos de heróis e/ou nação;o retratou a aventura de Vasco da Gama.

“Amor é um fogo que arde sem se ver,É ferida que dói e não se sente;É um contentamento descontente;É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;É um andar solitário entre a gente;É nunca contentar-se de contente;É um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;É servir a quem vence, o vencedor;É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favorNos corações humanos amizade,Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”

Page 9: Literatura

Épica CamonianaOs Lusiadas, 1572. Maior poema épico da Literatura Portuguesa. Pela extensão e valor literário e histórico.

Extensão, pois a obra possui mais de 8 mil versos, 10 cantos, oitavas. Versos decassílabos (10 silabas poéticas). Oitavas: estrofes de 8 versos.

Epopeia: grande poema narrativo. Conta historia de grandes heróis e grandes feitos de um povo. Linguagem formal, rebuscada, palavras e vocábulos difíceis de compreender.

Epopeia:

Proposição: síntese do assunto Invocação: pede auxilio e inspiração aos deuses e musas.; Dedicatória: oferece a obra para uma figura ilustre; Narração: a história propriamente dita; Epílogo, final, desfecho.

Lusíadas: Lusitano, vem de Luso, Luso o primeiro português.

Por que os Lusiadas? Quem é o herói de Os Lusíadas?O herói, é um herói coletivo: toda a nação portuguesa. E não Camões.

“As armas e os Barões assinaladosQue, da Ocidental praia Lusitana,Por mares nunca dantes navegados,Passaram ainda além da TaprobanaEm perigos e guerras esforçados,Mais do que prometia a força humana,E entre gente remota edificaramNovo Reino, que tanto sublimaram (...)”

PROPOSIÇÃO, os grandes feitos dos célebres portugueses “os barões assinalados”. Taprobana ilha localizada no Oceano Índico, mais tarde denominada Ceilão, atual

Sri Lanka. Ir além dessa ilha demonstrava a superioridade náutica dos portugueses que se lançaram nas grandes navegações.

“Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram (...)” referem-se aos navegadores portugueses que realmente conquistaram as Índias e edificaram o Reino Português no Oriente.

E também as memórias gloriosasDaqueles Reis, que foram dilatandoA Fé, o Império e as terras viciosasDe África e de Ásia andaram devastando,E aqueles que por obras valorosas

Page 10: Literatura

Se vão da lei da morte libertando:Cantando espalharei por toda a parte,Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

Cessem do sábio Grego, e do troiano,As navegações grandes que fizeram:Cale-se de Alexandro e de Trajano,A fama das vitórias que tiveram,Que eu canto o peito ilustre Lusitano,A quem Netuno e Marte obedeceram:Cesse tudo o que a Musa antiga canta,Que outro valor mais alto se alevanta (...)”

Antropocentrismo; Superior as imposições divinas. Nacionalismo; “A memória gloriosa dos reis que foram dilatando a Fé e o Império...” Fusionismo; Baco, Netuno, Marte + Viagem dos portugueses para expandir o

cristianismo; Linguagem rebuscada; “Hipérbatos, figura de linguagem: inversão da ordem direta das

frases.” Invocação: Inspiração das ninfas do Rio Tejo, importante rio de Portugal. Dedicatória: D. Sebastião, protege Camões. Narração:

o Viagem de Vasco da Gama;o Narrativa da história de Portugal;

Dupla ação histórica (história de Vasco da Gama e de Portugal) e uma ação mitológica (esse conflito dos deuses - Vênus e Marte eram favoráveis aos portugueses, enquanto Baco e Netuno queriam a todo custo impedir a viagem de Vasco da Gama).

Inicia já no meio da viagem de Vasco da Gama. Ele e sua tripulação já estavam em pleno Oceano Índico, próximos à Moçambique, onde aportaram. Depois passaram por outros lugares da África até chegarem a Melinde, onde Vasco da Gama narra os acontecimentos anteriores, e a história de Portugal. Saindo de Melinde chegaram finalmente ao destino – Calicute, nas Índias.

Ilha dos amores: recepção dos portugueses pela deusa Vênus e várias ninfas antes da viagem de retorno a Portugal.

o Conflitos entre os deuses do Olimpo (monte na Grécia onde moram os deuses);

Epílogo: mudança do tom vibrante. Camoes apresenta tom mais pessimista, de descrédito, de crítica aos portugueses que estavam se esquecendo dos valores nacionais. Meio como prevendo a unificação da península Ibérica.

Entre os cantos mais pedido: o episódio da Inês de Castro, no Canto III e o episódio do Velho do Restelo, no Canto IV.

Page 11: Literatura

Inês de Castro, no Canto III, é um episódio lírico-amoroso que conta a história amorosa da jovem Inês de Castro com o Príncipe D. Pedro. D. Pedro já era casado e possuía um filho legítimo, mas também tinha outros filhos com a amante Inês. Quando sua esposa morre, o príncipe se vê obrigado a casar novamente, então declara já ser casado com Inês. O rei e a corte com medo de que um de seus filhos bastardos assumissem o trono, na ausência de D. Pedro, mandam matar Inês. Quando fica sabendo do acontecido, D. Pedro ordena que sua amada, mesmo morta, seja coroada rainha. Daí a conhecidíssima frase do episódio de Inês de Castro, “aquela que depois de ser morta foi rainha”.

O Velho do Restelo, no Canto IV é o episódio que narra a saída das naus de Vasco da Gama ainda no Porto de Belém. No momento da partida aparece um velho, o Velho do Restelo, e faz uma série de críticas à ambição expansionista dos portugueses, numa clara postura medieval e conservadora.

Barroco em PortugalSeculo XVI e XVII (Seiscentismo).

Marco inicial, unificação península ibérica domínio espanhol Arcadia Lusitana (Arcadismo) Turbulência (econômico, politico, social e religiosa)

o Reforma protestante, o contra-reforma católica, o decadência das grandes navegaçõeso Reforma protestante na Alemanha (Lutero) e na França (Calvino)

Cria e intensifica mito Sebastianista. o D.Sebatiao (a quem Camoes dedicou Os Lusiadas)o Ele não morreu, mas estaria vivo e encobertoo Voltaria para liberar Portugal do domínio espanhol

Termo Barroco não tem consenso, mas, acredita-se vir de Barroquia – região da India pérola irregular e áspera, manchas escuras.

o Esse movimento marcado pelo exagero, mau gosto, arte irregular.

Principais características do barroco:

Dualismo (intensificação do bifrontismo): características medievais em choque com a renascentistas.

o Arte do exagero, contrasteo Luta, oposição forças do universo

Fé razão Claro escuro Vida morte Deus inferno

o Unir as forças: união e fusão.o Figuras de linguagem que buscam a intensificação

Fugacidadeo Consciência da efemeridade da vida humana

Page 12: Literatura

Pessimismoo Angústia, crise, ideia da morte como síntese dessa vida passageirao Medo da morte

Feísmoo Apreço por cenas trágicas, situações cruéis e dolorosaso Comum o exagero de detalhes que torna a obra característica

Tensão religiosao Intensificação das questões antropocêntricas em choque com a teocêntrica

medieval

Apresenta duas faces principais:

Cultismo:

Jogo de palavras e imagens Preocupado com a forma, daí o uso exagerado das figuras de linguagem Gongorismo = Luís de Gôngora

Conceptismo:

Jogo de ideias, conceitoso Contradições do barrocoo Poeta tentava driblar a inquisição que censurava as produções

Convencimento e a argumentação Raciocínio lógico Quevedismo = Francisco de Quevedo

Padre Antônio Vieira (escrevia no Brasil, mas sobre Portugal)

Sermão da Sexagésimo Metalinguistico: a arte de construir sermões Critica os exageros do cultismo Mais voltado ao conceptismo.

Literatura de Informação ou Literatura de ViagensNo Brasil, século XVI, juntamente com o período Barroco em Portugal.

Chegada dos colonizadores Início da Colonização Brasileira Primeira Missa (foto)

Page 13: Literatura

Não há uma literatura brasileira propriamente dita Textos informativos

o Apenas relatos de viagens (novas descobertas)o Por isso aproximam-se mais de um caráter histórico do que literário

Literatura jesuíticao Prosa e poesiao Sempre a visão do europeuo Catequese do índio, instrução do colono, assistência religiosa e moral.

Page 14: Literatura

Era Colonial

Barroco no BrasilInício com a chegada dos primeiros portugueses, 1500 ~1808 (família Real chega ao RJ)

Quinhentismo (1500 XVI) Primeiros textos eram considerados apenas históricos, relatos de viagens. Ou os textos

jesuítas para catequese.

Barroco (XVII até XVIII) 1601: Prosopopeia de Bento Teixeira até 1768 com a Arcádia Ultramarina Barroco Literário e Arquitetônico do sec XVII, especialmente na Bahia.

o O Barroco Tardio (Barroco Mineiro) já é considerado Arcadismo. Prosopopeia:

o Assemelha-se muito aos Lusíadas de Camõeso Versos decassílaboso Oitavas

Fazendas produtoras de açúcar

o Refletiam as visões de mundo de uma colônia produtora de açúcar.o As movimentações culturais concentravam-se:o Salvadoro Recife

Cultismo e Conceptismoo Cultismo preocupado com o texto, a palavra, a beleza do texto.o O Conceptismo era o jogo de ideias.

Bento Teixeirao O primeiro, Prosopopeia.

Padre Antônio Vieirao Brancoo Colonizador Europeu

Gregório de Matos

Page 15: Literatura

o Grande autor Barrocoo Nasceu na Bahiao Diploma-se em Direito em Portugalo Primeiro poeta brasileiroo Vida atribulada e polêmica, conflitos com pessoas importantes da época. o Linguagem maliciosa, ferina e direta (apelido: Boca do Inferno)o Não publicou nada em vida. Apenas o que se sabe da Academia Brasileira de

Letras. o Dualismo

Textos sensuais e pornográficos Textos sagrados

o Insatisfação Vida na colônia Inadaptação ao ambiente baiano (Criticado em suas obras)

o Fugacidade Consciência sobre a transitoriedade da vida Vaidades humanas, insignificantes e passageiras

o Ousadia Pe Antonio era mais conservador Inovador e irreverente Jogo de ideias do conceptismo

o Poeta satíricoo Obras:

Poesia Lírica Sacra

o Religiosao Conflito entre vida terrena e espiritual

“ ... Esta razão me obriga a confiar,Que, por mais que pequei, neste conflitoEspero em vosso amor de me salvar.”

Amorosao Dualismo barroco: oscila entre amor espiritual e carnal

Page 16: Literatura

“ Ardor em firme coração nascido;Pranto por belos olhos derramado;Incêndio em mares de água disfarçado;Rio de neve em fogo convertido:Tu, que em um peito abrasas escondido;Tu, que em um rosto corres desatado;Quando fogo, em cristais aprisionado;Quando cristal, em chamas derretido.”

------XXXXXX------

“O Amor é finalmenteum embaraço de pernas,uma união de barrigas,um breve tremor de artérias.

Uma confusão de bocas,Uma batalha de veias, um rebuliço de ancas;Quem diz outra coisa, é besta.”

Encomiásticao Destinada à bajulação das pessoas importantes de seu

tempo. Poesia Satírica

Criticava as pessoas da época Exploração de Portugal nas terras brasileiras

“Que os brasileiros são bestasE estão sempre a trabalharToda a vida por manterMaganos de Portugal”

Arcadismo (XVIII até XIX) Barroco Mineiro, Barroco Tardio. Marcos iniciais:

o a fundação da Arcádia Ultramarina, Vila Rica, MGo a publicação das Obras poéticas de Claudio Manoel da Costa

Período de TransiçãoLuta pela independência política de Portugal, entre 1808 e 1836.

Page 17: Literatura

Arcadismo no BrasilTambém no século XVIII, mas começa em 1768, com a publicação das obras poéticas de Claudio Manoel da Costa.

Vila Rica, MG, ciclo da mineração, inconfidência, palco dos árcades. Nessa época, a cana de açúcar estava em decadência e a descoberta de ouro forçou a

substituição do eixo da Bahia e Pernambuco para Minas. O aumento dos impostos sobre os minérios e mercadorias provocaram uma

insatisfação dos brasileiros contra a metrópole e os primeiros movimentos de emancipação (Inconfidência Mineira) começaram a despertar. Participação de vários poetas árcades.

Antônio Francisco Lisboa (aleijadinho)o Era barroco, porém barroco tardio

Estende-se até 1836 com suspiros poéticos de Gonçalves de Magalhães (Romântico)

Poetas do Arcadismo:

Cláudio Manuel da Costa Tomás Antônio Gonzaga

o Único que não era brasileiro Basílio da Gama Santa Rita Durão

Todos participaram da inconfidência mineira.

Arcadismo Brasileiro: Essencialmente poético: lírica, satírica e épica.

Lírica:o Resquícios do barroco + antecipação românticao Claudio Manuel e Tomás Gonzaga

Satírico:o Tomás Antônio Gonzaga

Épica:o Cláudio Manuel, Basílio e Santa Rita

Cláudio Manuel da Costa:

Pseudônimo: Glauceste Satúrnio Musa inspiradora: Nise Obra lírica classicismo português

o Resíduos do barrocoo Temas: sentimento amoroso, descrição da natureza

Frequentemente ele inseria a descrição de Minas em suas obras. o Também demonstrava forte apego à metrópole Portuguesa.o Minas, ele descreve a paisagem áspera da região:

Pedras, Rochedos, Penhascos, Penhas (comum em sua obra)“... Destes penhascos fez a natureza

Page 18: Literatura

O berço, em que nasci! oh quem cuidaraQue entre penhas tão duras se criaraUma alma terna, um peito sem dureza!”

Poema Épico: Vila Rica. Narra a história da fundação da cidade, enaltecendo os Bandeirantes

Tomás Antônio Gonzaga

Pseudônimo: Dirceu Musa: Marília Poema satírico: Cartas chilenas, escrita em decassílabos em forma da carta (epistolar)

o Circularam pouco tempo antes da Inconfidência mineira.o História de Fanfarrão Minésio

Governador arbitrário, imoral e narcisistao Emissor: Critilio, Destinarario: Doroteuo Critilio poderia ser o próprio Tomás e Doroteu poderia ser Cláudio Manuel da

Costa.o Chile era Minas Geraiso Santiago era própria Vila Ricao Era crítica direta e não a instituições

Marílias de Dirceuo Obras mais publicadaso História baseada no amor verdadeiro entre Tomas e Marilia Dorotéia.o Liras: composições poéticas em que se repete o estribilho ou refrão.o Duas partes:

Felicidade proporcionada pelo amor Toma mais negativo (sofrimentos da prisão), série de reflexões sobre a

justiça humana e lembrança da amada Foi realmente preso pela sua participação na Inconfidência Mineira.

Basílio da Gama

O Uraguai Poema épico, lutas dos índios das 7 missoes Uruguais contra exercito português. Enquanto camoes 10 cantos, Basílio apenas 5. Não usa os versos rimados, são brancos. Não há a divisão em estrofes. As personagens mitológicas são substituídas pelas indígenas. Índio como bom selvagem. Descrição da natureza, como antecipação do romantismo. Gomes Freire (herói português), Balda o Vilão (Jesuíta), Cacambo, Lindoia, Caitutu e

Tanajura a vidente.o Exaltação da natureza, paisagem brasileira

Page 19: Literatura

o Morte da índia Lindoia que se deixa ser picada por uma cobra após a morte do marido.

Santa Rita Durão

Caramuru o Não foi bem aceito, e Santa Rita em raiva rasga os demais poemaso Exaltação da paisagem brasileira

Diogo Alves (português) o Caramuru, Índias: Paraguaçu e Moemao Processo do descobrimento da Bahia.o Chegada do português na figura de Diogo.

Tido como Deus, trovão Daí ser chamado de Caramuru

o Moldes da poesia Camoniana, 10 cantos, versos rimados e estrofes dividindoo Morte da India Moema.

Apaixonada por Diogo Paraguaçu casa com ele e na ida para Paris Moema se lança ao mar nadando atrás do navio Morre afogada

Arcadismo Brasileiro:

Tido por alguns estudiosos como o início da busca de identidade nacional para nossa literatura.

Alguns estudiosos acreditam apenas que o Romantismo foi.

Era Nacional1836 movimento romântico, até os dias atuais.

Arcadismo (ou neoclassicismo) Produção do século XVIII Arcadismo: Arcádia no Peloponeso, Grécia. Lugar de morada dos Deuses. Região

montanhosa. No real, habitada por pastores que dedicavam sua vida ao pastoreio. Começa com a fundação da Arcádia Lusitana. Estende-se até 1825 com a publicação de Camões de Almeida Garret (que marca o

Romantismo) Contexto de muitas transformações.

Page 20: Literatura

Iluminismo, movimento com objetivo clarear os valores e verdades do período. Sob a luz da Ciência e da Razão, o que se reflete na produção literária do período.

Consegue-se acentuar a fusão entre ciência e religião. Arcádias: grupos literários com o objetivo de retomar a antiguidade clássica greco-

latina. Os antigos eram considerados os símbolos da sabedoria e do equilíbrio. Por isso também chamamos o arcadismo de neoclassicismo.

Movimento de rebeldia contra os movimentos barrocos. “Inutilia truncat”, cortar as inutilidades. Aos exageros do barroco.

Equilíbrioo Modelos clássicoso Linguagens simpleso Períodos diretos e vocabulário fácilo Sem uso excessivo de figuras de linguagenso Literatura com caráter mais didático para contribuir pela formação da

consciênciao Humildadeo Contato com a natureza

Bucolismoo Fugir da cidade e da civilizaçãoo Contato com a naturezao Época do desenvolvimento industrial, daí a sugestão de fuga das cidades e

dedicação ao pastoreioo Na verdade, usavam a natureza apenas como uma moldurao Fingimento poético, pintando uma natureza artificial.

Na verdade o período foi marcado pela pouca expressividade e artificialismo

Monotonia provocada pela repetição, por vezes exaustiva, de temas bucólicos e pastoris.

Convencionalismoo Frases feitaso Clichês

Page 21: Literatura

o Lugares-comuns Carpe Diem

o Curta o momentoo Aproveite o diao Barroco tinha sentido negativo: fugacidade da vida pensando na morte.o Arcades mais positiva: poeta chama a pastora para que juntos curtam os

momentos.

Poeta Árcade:

Manoel Maria Barbosa Bocage, ou apenas Bocage.

Boêmio, conturbada Bares portugueses e conviver prosti, mari, vaga e algumas pessoas de nível social mais

elevado Aventureiro e arruaceiro Também era soldado, como Camões Fez o trajeto de Camões também. Além de referenciá-lo em suas poesias.

“Camões, grande Camões, quão semelhanteAcho teu fado ao meu, quando os cotejo!Igual causa nos fez, perdendo o Tejo,Arrostar co’o sacrilégio gigante;

Como tu, junto ao Ganges sussurrante,Da penúria cruel no horror me vejo;Como tu, gostos vãos, que em vão desejo,Também carpindo estou, saudoso amante.

Ludíbrio, como tu, da Sorte duraMeu fim demando ao Céu, pela certezaDe que só terei paz na sepultura.

Modelo meu tu és ... Mas, oh tristeza! ...Se te imito nos transes da Ventura,Não te imito nos dons da Natureza.”

Pseudônimo: Elmano Sadino (rio Sado que corta a cidade de Setúbal onde o poeta nasceu)

Poesia lírica o Pastores, pastoras e cenas naturais

Poesia encomiásticao Meio que dependente das pessoas da corte (como os bobos)

Poesia satíricao Direta e ao Absolutismo (político e religioso)o Criticou até os colegas árcades

Page 22: Literatura

Poesia eróticao Muito censurada no seu tempoo Linguagem direta, maliciosa, muitas vezes cenas de atos obscenos

Fase pré-romântica, contrário ao convencionalismo e pouca expressividade da época do Arcadismo é que ele se destacou

o Cenas pastoris substituídas por expressões e sentimentos negativosSobre estas duras, cavernosas fragas,Que o marinho furor vai carcomendo,Me estão negras paixões n’ alma fervendoComo fervem no pego as crespas vagas.

Razão feroz, o coração me indagas,De meus erros a sombra esclarecendo,E vás nele (ai de mim!) palpando, e vendoDe agudas ânsias venenosas chagas.

Cego a meus males, surdo a teu reclamo,Mil objetos de horror co’a idéia eu corro,Solto gemidos, lágrimas derramo.

Razão; de que me serve o teu socorro?Mandas-me não amar, eu ardo, eu amo;Dizes-me que sossegue, eu peno, eu morro.

o No poema, a invocação da razão e a forma do poema são árcades. Enquanto que o sofrimento e o pessoalismo são românticos.