Literatura Na Escola 6º Ano

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Literatura na escola - 6º ano - Contos de Carlos Drummond de Andrade Introdução Esta é a primeira de uma série de 16 sequências didáticas que formam um programa de leitura literária para o Ensino Fundamental II. Veja, ao lado, o conteúdo completo. Objetivos Estimular o gosto pela leitura; Desenvolver a competência leitora; Desenvolver a sensibilidade estética, a imaginação, a criatividade e o senso crítico; Inferir as características do gênero conto e o contexto histórico e literário do livro; Estabelecer relações entre o lido \ vivido ou conhecido (conhecimento de mundo); Conhecer alguns elementos básicos da narrativa; Perceber alguns efeitos estéticos da obra literária, principalmente aqueles que geram humor. Conteúdos Elementos da narrativa: narrador, enredo, personagens, tempo, espaço e tipos de discurso Verossimilhança na narrativa de ficção; Quebra de expectativa com efeito de humor. Tempo estimado Cinco aulas. Ano 6º ano. Material Necessário - Livro Rick e a Girafa, Carlos Drummond de Andrade, 112 págs, Editora Ática, tel. (11) 3990-1612 preço 25,90 reais. - Se possível, computador conectado à internet. Desenvolvimento 1ª etapa: Antecipação/Sensibilização Pergunte aos alunos se eles já ouviram falar do escritor Carlos Drummond de Andrade. Peça que pesquisem, em casa, a biografia do autor. Se possível, exiba para a turma um vídeo produzido por Fernando Sabino, no qual há uma rápida entrevista com Drummond. Após assistir ao vídeo ou ler a biografia, converse com os alunos sobre o fascínio que o autor tinha pelas palavras, desde sua infância. 2ª etapa: Leitura compartilhada do 1º conto Apresente à turma o livro Rick e a Girafa, antologia com 27 contos de Drummond. Peça que os alunos leiam um conto por dia em casa. São histórias pequenas e fáceis de ler. Em seguida, proponha a leitura em sala de aula da narrativa "Pescadores". Quando os alunos terminarem, faça algumas perguntas e peça que registrem as respostas no caderno: - Por qual motivo essa narrativa faz parte do capítulo "Confusões e surpresas"? Discuta com a sala se há confusões e surpresas no conto. - Por qual motivo a narrativa se torna engraçada?

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Literatura na escola - 6º ano - Contos de Carlos Drummond de

Andrade

Introdução

Esta é a primeira de uma série de 16 sequências didáticas que formam um

programa de leitura literária para o Ensino Fundamental II. Veja, ao lado, o

conteúdo completo.

Objetivos

Estimular o gosto pela leitura;

Desenvolver a competência leitora;

Desenvolver a sensibilidade estética, a imaginação, a criatividade e o senso

crítico;

Inferir as características do gênero conto e o contexto histórico e literário do

livro;

Estabelecer relações entre o lido \ vivido ou conhecido (conhecimento de

mundo);

Conhecer alguns elementos básicos da narrativa;

Perceber alguns efeitos estéticos da obra literária, principalmente aqueles que

geram humor.

Conteúdos

Elementos da narrativa: narrador, enredo, personagens, tempo, espaço e tipos

de discurso

Verossimilhança na narrativa de ficção;

Quebra de expectativa com efeito de humor.

Tempo estimado

Cinco aulas.

Ano

6º ano.

Material Necessário

- Livro Rick e a Girafa, Carlos Drummond de Andrade, 112 págs, Editora

Ática, tel. (11) 3990-1612 preço 25,90 reais.

- Se possível, computador conectado à internet.

Desenvolvimento

1ª etapa: Antecipação/Sensibilização

Pergunte aos alunos se eles já ouviram falar do escritor Carlos Drummond de

Andrade. Peça que pesquisem, em casa, a biografia do autor. Se possível,

exiba para a turma um vídeo produzido por Fernando Sabino, no qual há uma

rápida entrevista com Drummond.

Após assistir ao vídeo ou ler a biografia, converse com os alunos sobre o

fascínio que o autor tinha pelas palavras, desde sua infância.

2ª etapa: Leitura compartilhada do 1º conto

Apresente à turma o livro Rick e a Girafa, antologia com 27 contos de

Drummond. Peça que os alunos leiam um conto por dia em casa. São

histórias pequenas e fáceis de ler.

Em seguida, proponha a leitura em sala de aula da narrativa "Pescadores".

Quando os alunos terminarem, faça algumas perguntas e peça que registrem

as respostas no caderno:

- Por qual motivo essa narrativa faz parte do capítulo "Confusões e

surpresas"? Discuta com a sala se há confusões e surpresas no conto.

- Por qual motivo a narrativa se torna engraçada?

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Analise com a sala como as quebras de expectativa geram humor no conto.

3ª etapa: Análise do conto - tipos de discurso

Mostre à turma, por meio da narrativa "Pescadores", o que é discurso direto.

Analise como a estratégia desse tipo de discurso ajuda a dar vivacidade à

cena, aproximando o leitor dos fatos narrados. Aproveite para explicar aos

alunos que uso de travessões marca a fala dos personagens. Com isso, ainda

que não apareçam verbos de dizer (elocução), o leitor consegue distinguir

quem está falando.

4ª etapa: Análise do conto - foco narrativo

Pergunte aos alunos quem está contando a história. Certamente, alguns

responderão que é o escritor Carlos Drummond de Andrade. Explique a eles

que o autor é decisivo só no momento da escritura. Depois de a obra estar

pronta, ela fala por si só. O escritor apenas imagina a história, as

personagens, o cenário e cria alguém responsável pelo ato de narrar.

Explique à turma que o narrador é, assim como tudo na narrativa, um ser de

papel, inventado, ficcional. Mostre aos alunos que as narrativas podem ser

contadas tanto por um alguém que participa da história (narrador-

personagem), quanto por alguém de fora (narrador em 3ª pessoa). Lance a

seguinte questão: Quem conta a história "Pescadores"? Peça que a classe

retire do texto fragmentos que comprovem a resposta.

5ª etapa: Análise do conto - verossimilhança

Lance as seguintes questões à moçada:

- Os fatos narrados aconteceram na vida real?

- Você diria que as personagens dão a impressão de existirem

verdadeiramente?

- A casa de um dos pescadores existe de verdade? E a família?

Ouça as repostas dos alunos e comente sobre a narrativa de ficção,

mostrando que ela é verossímil, ou seja, assemelha-se à realidade, mas é

inventada.

Terminada a análise do primeiro conto, solicite que os alunos leiam outros

contos. Podem ser elaboradas atividades semelhantes às descritas acima.

Avaliação

Peça que os alunos leiam três contos determinados por você. Em uma aula,

individualmente e com consulta ao livro, entregue questões que contemplem

os elementos trabalhados anteriormente - tipos de discurso, narrador, efeito

humorístico e verossimilhança - e peça que os alunos respondam por escrito.

Quer saber mais?

Bibliografia:

Rick e a Girafa, Carlos Drummond de Andrade, 112 págs, Editora Ática, tel. (11) 3990-1612 ,

preço 25,90 reais

Internet:

Acesse o site do Brasil Escola para saber mais sobre elementos da narrativa

No Portal LPeU, há mais informação sobre verossimilhança

A entrevista de Drummond está disponível no YouTube

Consultoria

Helena Weisz

Mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São

Paulo (USP)

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Regiane Magalhães Boainain

Mestre em Literatura e Crítica Literária pela Pontifícia Universidade Católica

de São Paulo (PUC- SP)

Literatura na escola - 6º ano: A narrativa de Graciliano Ramos

Introdução

Esta é a segunda de uma série de 16 sequências didáticas que formam um

programa de leitura literária para o Ensino Fundamental II. Veja, ao lado, o

conteúdo completo.

Objetivos

Estimular o gosto pela leitura;

Desenvolver a competência leitora;

Desenvolver a sensibilidade estética, a imaginação, a criatividade e o senso

crítico;

Estabelecer relações entre o lido / vivido ou conhecido (conhecimento de

mundo);

Conhecer / exercitar alguns elementos básicos da narrativa;

Discutir relações de diferença / discriminação.

Conteúdos

Elementos da narrativa: narrador, enredo, personagens, tempo, espaço e tipos

de discurso;

Conceitos de real e imaginário;

Conceitos de Diferença, Tolerância, Preconceito e Discriminação.

Tempo estimado

Cinco aulas

Ano

6º ano

Material necessário

Livro A terra dos meninos pelados. Graciliano Ramos, 88 págs, Editora

Record, tel (21) 2585 2000, preço 24,90 reais.

Desenvolvimento

1ª etapa: Antecipação/ Sensibilização

Pergunte aos alunos se eles já ouviram falar de Graciliano Ramos (1892-

1953) e se eles conhecem alguma obra que ele publicou. Conte à turma que,

quando o escritor alagoano decidiu produzir livros para crianças, já era um

nome conhecido na literatura brasileira e havia publicado duas importantes

obras adultas: São Bernardo, de 1934 e Angústia, de 1936.

Explique à classe que, em 1937, Graciliano Ramos resolveu concorrer a um

prêmio literário proposto pelo Ministério da Educação e inscreveu uma história

não muito longa e bastante original, chamada "A terra dos meninos pelados",

que será lida pela turma nas próximas aulas. A narrativa foi a vencedora, mas

não contou com muitos apreciadores na época.

Em seguida, peça que os alunos leiam os dois primeiros capítulos do livro e

discuta com eles o conflito vivido pela personagem principal. Raimundo era

diferente dos outros meninos? Como? Por que os outros meninos mangavam

dele? Pergunte se a classe concorda com a atitude dos outros meninos e

como acham que Raimundo se sentia. Discuta a ideia de preconceito e

respeito às diferenças.

2ª etapa: análise dos dois primeiros capítulos - tipos de discurso

Peça que os alunos observem que, nos capítulos 1 e 2, poucas vezes a

personagem principal fala. Questione a classe sobre o motivo dessa ausência

de voz. Em seguida, pergunte se nesses capítulos predomina o discurso direto

ou indireto (lembre a turma dos conceitos aprendidos naprimeira sequência

didática desta série, sobre o livro "Rick e a girafa", de Carlos Drummond de

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Andrade). Peça que transcrevam as ocorrências do discurso predominante.

Observe que Raimundo fala pela primeira vez apenas no capítulo 2: "- Era

melhor que me deixassem quieto, disse Raimundo baixinho." Pergunte à

moçada por que ele demora a falar? Por que fala "baixinho"? O que essa fala

revela?

Para a aula seguinte, peça que os alunos leiam o 3º capítulo do livro.

3ª etapa: Análise do 3º capítulo - tipos de discurso e foco narrativo

Retome os dois primeiros capítulos de "A terra dos meninos pelados", e

comente com a turma que, neles, predomina a voz do narrador:

- "Havia um menino diferente dos outros meninos".

- "Um dia em que ele preparava com areia molhada a serra de Taquaritu e o

rio das Sete Cabeças, ouviu gritos dos meninos escondidos por detrás das

árvores..."

Comentar que, a partir do capítulo 3, começa a aparecer mais intensamente a

voz de Raimundo e peça que os alunos arrisquem uma interpretação. Por que

isso ocorre?

Uma possível explicação é que, a partir do momento em que Raimundo

transfere-se para o mundo imaginário, diminui a aparição do narrador em 3ª.

pessoa. Isso não quer dizer que, de uma hora para outra, a história muda de

foco narrativo (retomar o conceito de foco narrativo discutido na leitura de

"Rick e a girafa"). Pelo contrário, o narrador continua seguindo a trajetória de

Raimundo, só não interfere em momento algum com descrições, comentários,

explicações, deixa Raimundo dialogar, conviver com seus novos amigos sem

a presença de um adulto ou voz autoritária. Por esse motivo o discurso direto

permeia toda a história.

4ª etapa: O real e o imaginário

Peça que os alunos respondam por escrito:

1- No capítulo 3, Raimundo resolve momentaneamente o seu problema. Para

onde Raimundo vai?

2- Essa viagem é mágica? Justifique.

3- No mundo imaginário, não se busca a lógica dos fatos, nem a realidade

concreta, lá tudo é possível e todas as coisas podem acontecer. Como é a

terra dos meninos pelados? Descreva-a.

4- No mundo imaginário, por mais iguais que as crianças sejam, ainda assim,

mantêm diferenças que as distinguem. Que diferenças são essas? Retire do

texto fragmentos que comprovem sua resposta.

5- Durante toda a narrativa, Raimundo tem consciência da realidade.

Considera a terra imaginária excelente para se viver, mas sabe que deve

voltar para a realidade. Retire do texto fragmentos que indicam lembranças

que ele tem do mundo real.

Peça que os alunos leiam em casa os demais capítulos do livro.

5ª etapa: diferença e discriminação

Discuta oralmente com a classe os seguintes pontos:

1- Logo que Raimundo vê as crianças, algo semelhante ao mundo real lhe

acontece. O que acontece? Como Raimundo reage?

2- Sardento propõe a Raimundo um plano. Que plano é esse?

3- O que Raimundo acha desse plano? Qual o conselho ele dá ao amigo?

4- A atitude de Raimundo é contrária à que toma no mundo real? Por quê?

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5- O nome "Raimundo" significa "protetor" ou "sábio". Indica uma pessoa que

tende a se isolar, pois é muito rigorosa consigo mesma e supervaloriza as

virtudes e opiniões dos outros. Porém, quando essa pessoa se conscientiza

de sua própria importância, torna-se capaz de dar apoio e conselhos valiosos

a todo mundo. Tendo como base a informação sobre o nome "Raimundo",

você considera coerente com a atitude da personagem principal, no momento

em que ela orienta Sardento?

6- No capítulo 11, os novos amigos de Raimundo querem lhe dar outro nome:

"Mundéu" ou "Pirundo". Por qual motivo Raimundo não deseja trocar seu

nome?

7- "Raimundo diz para Sardento que o fato de ele ter sardas na pele não

muda nada, já que todos o amavam". Essa atitude revela um amadurecimento

de Raimundo?

8- A terra dos meninos pelados, segundo a estudiosa Regina Zilberman, pode

ser julgada como um texto politicamente correto, ao falar de pessoas

perseguidas pelos preconceitos da sociedade, que sabem dar volta por cima,

não por se adaptarem aos valores predominantes, mas por se aceitarem como

são. Vocês concordam com a opinião da autora? Considera que Raimundo

volta para a realidade mais forte para encarar os preconceitos?

Avaliação

Em uma aula, individualmente e com consulta ao livro, entregue questões que

contemplem os elementos trabalhados anteriormente (tipos de discurso,

narrador, realidade/imaginação e diferença/discriminação) e peça que os

alunos respondam por escrito.

Literatura na escola - 6º ano: Contos de José J. Veiga

Introdução

Esta é a terceira de uma série de 16 sequências didáticas que formam um

programa de leitura literária para o Ensino Fundamental II. Veja, ao lado, o

conteúdo completo.

Objetivos

Estimular o gosto pela leitura;

desenvolver a competência leitora;

desenvolver a sensibilidade estética, a imaginação, a criatividade e o senso

crítico;

estabelecer relações entre o lido / vivido ou conhecido (conhecimento de

mundo);

conhecer / exercitar alguns elementos básicos da narrativa (foco narrativo,

tempo e espaço);

discutir o papel da literatura como fonte de repertório para um imaginário mais

rico.

Conteúdos

Elementos da narrativa: narrador, tempo e espaço;

Conceitos de real e imaginário;

Conceitos de tempo do enunciado e tempo da enunciação.

Tempo estimado

Cinco aulas

Ano

6º ano

Page 6: Literatura Na Escola 6º Ano

Material necessário

Livro Os cavalinhos de Platiplanto. José J. Veiga. 32 págs, Bertrand Brasil,

tel (21) 2585 2000, preço 15,00 reais

Desenvolvimento

1ª etapa: antecipação/sensibilização

Pergunte se os alunos já ouviram falar do escritor José J. Veiga? Conhecem

alguma obra que ele publicou? Ouça as repostas e apresente à turma as

informações abaixo.

José Jacinto Pereira Veiga (1915-1999) nasceu em Corumbá, uma pequena

vila a 150 quilômetros de Goiânia (GO), e dizia dever a escolha de seu nome

literário à ajuda de Guimarães Rosa que, com argumentos numerológicos e

estilísticos, sugeriu José J. Veiga, na altura da publicação do livro de estreia

"Os Cavalinhos de Platiplanto", em 1959.

Faça uma leitura compartilhada do primeiro conto: "A Ilha dos Gatos

Pingados”, seguida de troca de impressões gerais.

2ª etapa: análise de “A Ilha dos Gatos Pingados” - tempo do enunciado e

tempo da enunciação

Retome o enredo do conto com a classe, assim como as impressões gerais –

elas são importantes para que o professor possa achar o fio condutor da

análise literária. Em seguida, releia com a turma o seguinte trecho:

“Já sei o que vou fazer. Se Cedil não voltar até o fim do ano, vou-me embora

para o sítio de minha avó. Lá eu vou ter uma bezerra pra tirar cria, um

cavalinho para montar e muitas coisas pra fazer o dia inteiro. É melhor do que

ficar aqui feito bobo, pensando toda a vida na ilha, nos brinquedos que a

gente brincava, nas coisas que Cedil e Tenisão diziam, e até nos sustos que

passávamos, como no dia que a jangada quase afundou com nós

três.”(página 1)

Discuta com os alunos:

- Quem é o narrador desse fragmento? Ele participa da história? Como você o

caracteriza?

- O fragmento revela que o narrador conta os fatos após algum tempo.

Retome o conto, se precisar, e pergunte quanto tempo se passou desde que

os fatos narrados ocorreram?

Explique os conceitos de tempo da narração e tempo do narrado (ou tempo da

enunciação e tempo do enunciado). Diga à turma que o narrador/personagem

conta a história da Ilha dos Gatos Pingados aproximadamente um mês depois

de ela ter sido vivida. A experiência dos meninos se revela tão intensa que o

narrador parece profundamente transformado e o intervalo entre o tempo da

narração e o tempo do narrado aparenta ser bem maior.

- Parece que faz só um mês que o narrador/personagem viveu o que conta?

Por quê?

3ª etapa: análise de “A Ilha dos Gatos Pingados” – o Espaço como

ambientação

Releia com a classe o relato a respeito da ilha

“Lá ninguém ia, o mato era fechado na beira da água, mas varando o mato o

resto era limpo, dava muito cará e sangue-de-cristo. Não tinha era canoa, a

que costumava ter tinham tirado, com certeza justamente pra menino não

atravessar. O jeito era fazer uma jangada de toro de bananeira”.

Depois o compare com um relato posterior:

Page 7: Literatura Na Escola 6º Ano

“Eu gostava bem da ilha, mas acho que gostava mais era por causa de Cedil.

Ele tinha deixado de falar em afogar ou fugir, decerto porque Zoaldo estava

viajando... Mas Cedil não parecia o mesmo, todo dia inventava um brinquedo

novo”.

Discuta com a sala os seguintes pontos:

- Onde se passa a história?

- O que acontece com Cedil?

- Por que os meninos decidem montar casa na ilha?

- A ilha é apenas um esconderijo ou representa algo mais para eles?

- A ilha significa a mesma coisa para Cedil e para os outros meninos?

Para ajudar na reposta, leia o trecho abaixo:

Os espaços de “A ilha dos gatos pingados” são de grande importância para a

vida dos narradores e dos personagens, são neles que acontecem os eventos

mais brutais da vida cotidiana. As narrativas têm como narradores e/ou

protagonistas, crianças diante de preocupações e questionamentos sobre a

vida e envolvidas em alguma situação de repressão, ou de morte. Oposto a

isso, há um outro lugar: mágico, exótico, distante, capaz de fazer esquecer

todos os desgostos enfrentados pelas criaturas de papel: tanto o narrador

quanto as personagens. É a Ilha dos Gatos Pingados.

4ª etapa: leitura compartilhada “Os cavalinhos de Platiplanto”

Reserve um tempo para a leitura compartilhada de “Os cavalinhos de

platiplanto”, seguida de troca de impressões gerais.

5ª etapa: análise “Os cavalinhos de Platiplanto”: o real e o imaginário

O conto “Os cavalinhos de Platiplanto” se inicia com o seguinte fragmento:

“O meu primeiro contato com essas simpáticas criaturinhas deu-se quando eu

era muito criança.” (p.27)

Percebemos que quem nos conta os fatos é um narrador em 1ª. pessoa que,

via memória, recupera os fatos vividos por ele ainda muito criança. Aqui, como

em “A Ilha dos Gatos Pingados”, há uma diferença entre o tempo da

enunciação e o tempo do enunciado, só que agora a diferença é entre infância

e idade adulta.

Destaque o fragmento a seguir e discuta com a turma:

“Quando a gente é menino parece que as coisas nunca saem como a gente

quer. Por isso é que eu acho que a gente nunca devia querer as coisas de

frente por mais que quisesse, e fazer de conta que só queria mais ou menos.

Foi de tanto querer o cavalinho, e querer com força, que eu nunca cheguei a

tê-lo.”

O fragmento acima revela um posicionamento de alguém já amadurecido, ou

seja, os fatos vividos quando criança são interpretados de outra forma por

alguém que, distante no tempo, com uma postura mais reflexiva, resolve

rememorá-los. O narrador, diante da impossibilidade de ganhar o cavalinho do

avô, sente o gosto amargo da frustração. Porém, para atenuar essa decepção,

a criança foge para um mundo imaginário.

Destaque os fragmentos a seguir:

Eu não entendia por que uma pessoa como meu avô Rubem podia mudar,

mas fiquei com medo de perguntar mais; mas uma coisa eu entendi: o meu

cavalinho, nunca mais. Foi a única vez que eu chorei por causa dele, não

havia consolo que me distraísse.

Não sei se foi nesse dia mesmo, ou poucos dias depois, eu fui sozinho numa

fazenda nova e muito imponente, de um senhor que tratavam de major. A

Page 8: Literatura Na Escola 6º Ano

gente chegava lá indo por uma ponte, mas não era ponte de atravessar, era

de subir.

Discuta com a moçada:

- Como o menino vai para a fazenda do major?

- O espaço para o qual o narrador-personagem é transportado é espaço físico

(real) ou imaginário? Que elementos o texto nos oferece para afirmar isso?

Explique à turma que o sonho do garoto se inicia com a ida dele a uma

fazenda desconhecida. O espaço se apresenta como um lugar novo,

reelaborado, idealizado pelo inconsciente, totalmente diferente dos locais que

o sonhador está acostumado a frequentar.

A chegada a esse local é feita por uma ponte que não era de atravessar, mas

de subir. O símbolo é recorrente nas narrativas de José J. Veiga e indica uma

passagem para o distanciamento entre o plano real e o plano imaginário. A

presença da ponte para se chegar ao outro lado também pode ser vista como

uma passagem difícil a ser superada. Ela coloca o homem sobre uma via

estreita onde ele encontra a obrigação de escolher se continua a travessia ou

desiste de superar aquele desafio.

Na narrativa “Os cavalinhos de Platiplanto”, o imaginário se torna o espaço

onde as frustrações podem ser atenuadas e as vontades realizadas. O desejo

que o menino tinha de receber o cavalinho prometido por seu avô aparece

realizado nos vários cavalinhos coloridos que se exibem na fazenda do Major,

mas que não podem sair de lá.

Pergunte aos alunos por que os cavalinhos não podem nunca sair da

fazenda? Destaque o trecho abaixo:

Depois de tudo o que eu tinha visto achei que seria maldade escolher um

deles só para mim. Como é que ele ia viver separado dos outros? Com quem

ia brincar aquelas brincadeiras tão animadas? Eu disse isso ao major, e ele

respondeu que eu não tinha que escolher, todos eram meus.[...] Mas depois

fiquei meio triste, porque me lembrei do que o major tinha dito que ninguém

podia tirá-los daqui.[...] Eles só existem em Platiplanto.(p. 35)

Conclua com a turma que “Os cavalinhos de Platiplanto” mostram a

importância da imaginação para que possamos suportar certas durezas do

mundo real. Discuta com os alunos o papel da literatura como fonte de

repertório para um imaginário mais rico.

Avaliação

Em uma aula, individualmente e com consulta, entregue questões dirigidas a

outros contos do livro, que contemplem os elementos trabalhados

anteriormente – narrador, tempo do enunciado e tempo da enunciação e

espaço; real e imaginário – e peça que os alunos respondam por escrito.

Literatura na escola - 6º ano: Poemas de Paulo Leminski

Introdução

Esta é a quarta de uma série de 16 sequências didáticas que formam um

programa de leitura literária para o Ensino Fundamental II. Veja, ao lado, o

conteúdo completo.

Objetivos

Estimular o gosto pela leitura;

Desenvolver a competência leitora;

Desenvolver a sensibilidade estética, a imaginação, a criatividade e o senso

crítico;

Estabelecer relações entre o lido / vivido ou conhecido (conhecimento de

mundo);

Conhecer a diferença entre sentido literal e figurado;

Perceber a particularidade da palavra poética.

Page 9: Literatura Na Escola 6º Ano

Conteúdos

Sentido literal e sentido figurado (ou denotativo e conotativo);

Paráfrase e interpretação;

Eu lírico ou Eu poético;

Forma literária.

Tempo estimado

Três aulas

Ano

6º ano

Material necessário

- Livro Melhores Poemas Paulo Leminski. 224 págs, Editora Global, tel (11)

3277-7999, preço 34 reais.

Desenvolvimento

1ª etapa: Sentido literal x sentido figurado - paráfrase dos poemas

Coloque no quadro os seguintes poemas de Paulo Leminski:

1)

você está tão longe

que às vezes penso

que nem existo

nem fale em amor

que amor é isto

2)

amarga mágoa

o pobre pranto tem

por que cargas-d’água

chove tanto

e você não vem?

3)

coisas do vento

a rede balança

sem ninguém dentro

Peça que os alunos respondam por escrito:

1. O que fala cada um dos poemas? Faça uma "paráfrase" de cada poema, ou

seja, explicite seu conteúdo no nível mais literal possível (saiba mais no Box

abaixo).

2. Do que falam os poemas? Arrisque uma interpretação do sentido figurado,

das entrelinhas de cada poema.

Na paráfrase, o leitor deve se ater ao que as palavras significam literalmente,

no seu sentido usual, como se estivessem fora de contexto. Quando

interpretamos um poema, buscamos seu sentido figurado, aquele que só

existe em situações não usuais. Para isso, temos que ler nas entrelinhas.

Assim, literalmente no poema 1 um Eu lírico reclama a ausência de um Tu

poético que está longe e diz que isso é amor. No segundo poema, a primeira

estrofe fala que o pranto tem uma mágoa amarga e, na segunda estrofe, o Eu

lírico pergunta por que o Tu poético não vem, já que chove muito. No último

poema, o vento balança uma rede vazia.

Discuta com a classe como uma leitura literal empobrece e distorce o

verdadeiro sentido dos poemas.

Page 10: Literatura Na Escola 6º Ano

2ª etapa: Interpretação dos poemas

Retome o sentido literal de cada poema com a classe e peça que eles

exponham suas ideias sobre o sentido figurado. Lembre-se que um bom

poema pode comportar mais de uma interpretação

O primeiro poema fala do sentimento de vazio provocado pela ausência da

pessoa amada, e que amar é sentir-se deixar de existir diante da ausência do

outro. No poema dois, realizando uma analogia entre o choro e a chuva, o Eu

lírico também reclama a ausência do ser amado. No último poema, o Eu lírico

constata o vazio diante da ausência de um ser que preenchia uma rede com

seu corpo e agora não a preenche mais.

Discuta com a sala:

- Os três poemas falam da mesma coisa?

- Os três poemas falam do mesmo jeito?

- No que os poemas são diferentes?

3ª etapa: Análise dos poemas: conceito de Forma Literária

Retome os três poemas e a discussão anterior.

De fato, os três poemas de Paulo Leminski se aproximam tematicamente na

medida em que tratam de ausência e saudade. No entanto, é importante

observar que são muito diferentes no que se refere à sua forma: para falar do

mesmo "assunto", cada um usa uma imagem e cada um faz um jogo diferente

com as palavras. Vejamos:

O primeiro poema figura a saudade do ser amado usando uma rima bastante

significativa: existo e isto. O ser amado vai para longe e ele sente como se

não existisse e, muito por meio da rima, afirma que isso é que é o amor.

O segundo poema figura o mesmo tipo de saudade fazendo uma analogia

entre o pranto e a chuva. Quando o Eu lírico pergunta "porque cargas d`água

chove tanto e você não vem" e a palavra "vem" rima com a amarga mágoa

que o pobre pranto "tem", percebemos a analogia entre pranto e chuva. O que

o Eu lírico reclama é a ausência do ser amado mesmo diante de seu intenso

sofrimento (traduzido em pranto, figurado em chuva).

O último poema, rimando vento e dentro, figura a ausência por meio da

imagem de uma rede vazia.

Mostre aos alunos que, na linguagem poética, a FORMA vale tanto quanto o

CONTEÚDO. Mais que isso, o conteúdo só ganha sentido por meio da forma.

Em poesia, e em arte de um modo geral, FORMA É CONTEÚDO.

Avaliação

Em uma aula, individualmente e com consulta ao livro e ao caderno, peça que

os alunos respondam as mesmas questões com poemas diferentes.