LITERATURA NA IDADE MÉDIA
description
Transcript of LITERATURA NA IDADE MÉDIA
LITERATURA NA IDADE MÉDIA
Religião e poder na Idade Média• A Idade Média tem início com a conquista de Roma pelos
comandantes germânicos, 476 (séc. V) e termina com a queda de Constantinopla em 1453.
• Cristianismo como herança da dominação romana na Europa.• Mudanças na ordem social com expressão significativa na
literatura do período.• Teocentrismo – postura servil perante Deus e a Igreja. Deus
centro de todas as coisas e o ser humano imperfeito e pecador.• Numa época em que apenas 2% da população europeia era
alfabetizada, a escrita e a leitura estavam praticamente restritas a mosteiros e a abadias.
• A morte do imperador Carlos Magno em 814, desencadeou o processo de enfraquecimento do poder central e obrigou a sociedade medieval a reorganizar-se em torno dos grandes proprietários de terra, os senhores feudais.
• Membros empobrecidos da nobreza, cavaleiros, camponeses livres e servos estavam unidos por uma relação de dependência pessoal: a vassalagem.
• As relações entre nobres, cavaleiros e senhores feudais eram regidas por um código de cavalaria baseado na lealdade, na honra e na cortesia.
• O servilismo dos vassalos ao seu suserano e dos fiéis a Deus dá origem ao princípio básico da literatura medieval: a afirmação de total subserviência de um trovador à sua dama (no caso da poesia) ou de um cavaleiro à sua donzela (no caso das novelas de cavalaria).
O projeto literário do Trovadorismo
• Os cavaleiros viram-se de uma hora para outra sem função social. Era preciso criar para eles um novo papel. A solução para essa situação veio com a idealização de um código de comportamento amoroso, que ficou conhecido como amor cortês.
• Quem idealizou o amor cortês foi Guilherme IX, nobre e senhor de um dos mais poderosos feudos da Europa. Esse código transferia a relação de vassalagem entre cavaleiros e senhores feudais para o louvor às damas da sociedade.
• Os praticantes do amor cortês teriam a chance de demonstrar, diante da corte, que o valor pessoal não se fundamentava apenas no sangue ou nas proezas militares, mas podia ser identificado no comportamento social: a cortesia.
• Era função da dama reconhecer e recompensar o trovador que cumprisse todas as regras do amor cortês. Se ela não fizesse isso, ele tinha o direito de denunciá-la publicamente por meio de cantigas satíricas.
• Outros trovadores também podiam censurar, em suas cantigas, o comportamento inadequado de trovadores que não seguissem as regras do amor cortês.
Regras do amor cortês• Escrito no final do séc. XII por André Capelão, o Tratado do
amor cortês codificou as regras da arte de amar. O texto teve grande circulação e contribuiu para consolidar o amor cortês na Europa. Algumas das regras podem ser identificadas nas cantigas dos trovadores.
• O amor sempre abandona o domicílio da avareza. (...)• A conquista fácil torna o amor sem valor; a conquista difícil
dá-lhe apreço. (...)• Todo amante deve empalidecer em presença da amante. (...)• Só a virtude torna alguém digno de ser amado. (...)• Quem é atormentado por cuidados de amor come menos e
dorme pouco.
• Unindo poesia e música, os textos medievais eram divulgados oralmente.
• O emprego de metros regulares e a presença constante de rimas facilitavam a memorização das cantigas.
• O trovador não devia revelar, em sua cantiga, o nome da dama a quem dirigia elogios, mas precisava apresentá-la de modo que permitisse que os membros da corte a identificassem, para isso usavam-se expressões como: senhor, mia senhor, senhor fremosa etc., em função da posição que ela ocupava socialmente.
O nascimento da literatura portuguesa
• O nascimento da literatura portuguesa coincide com o nascimento do próprio país.
• Os trovadores galego-portugueses desenvolvem sua lírica amorosa claramente influenciados pela literatura provençal.
• Acredita-se que o primeiro texto literário galego-portugues seja a Cantiga da Ribeirinha (Cantiga da Guarvaia), composta em 1198, por Paay Soares de Taveiroos. (Martim Soares)
As cantigas líricas e satíricas
Cantiga de amor• O eu lírico é sempre masculino e representa o trovador que
dirige elogios a uma dama.• O trovador que sofre com frequência, se autodenomina
coitado, cativo, aflito, enlouquecido, sofredor.• A dama é identificada por termos que destacam suas
qualidades físicas (fremosa, delgada, de bom parecer), moral (bondade, lealdade, comprida de bem), sociais (bom sen, falar mui ben).
• Poucas referências ao cenário. (corte ou natureza idealizada)
• Número reduzido de personagens. (trovador, senhora, rival ou Deus).
• Apresentam, na sua maioria, refrão.
Cantiga de amigo• Relação amorosa concreta entre pessoas simples, que vivem no
campo.• O tema central é a saudade.• Aludem aos sentimentos e a vida campesina.• O eu lírico é sempre feminino que lamenta a ausência do amigo
(namorado ou amante)• Escrita por um trovador homem, representa a visão feminina da
saudade e do amor.• O cenário é sempre um ambiente campesino.• Há várias personagens (donzela, amante, mãe, amigas, damas de
companhia).• Tom mais positivo e otimista.• Os trovadores usam versos semelhantes
em estrofes diferentes. (paralelismo).• Linguagem mais simples que a das outras
composições trovadorescas.
Cantiga de escarnio• O trovador critica alguém por meio de palavras de
duplo sentido, para que não sejam facilmente compreendidas.
• Efeito satírico obtido mediante ironias, trocadilhos e jogos semânticos.
• De modo geral, ridicularizam o comportamento de nobres ou denunciam as mulheres que não seguem o código do amor cortês.
Cantigas de maldizer
• O trovador faz suas críticas de modo direto, explícito, identificando a pessoa satirizada
• Apresentam linguagem ofensiva e palavras de baixo calão.
• Muitas vezes, tratam das indiscrições amorosas de nobres e membros do clero.
Novelas de cavalaria
• As novelas de cavalaria são os primeiros romances, ou seja, longas narrativas em versos, surgidas no séc. XII.
• Elas contam as aventuras vividas pelos cavaleiros andantes e tiveram origem no declínio do prestígio da poesia dos trovadores.
• Estão organizadas em três ciclos: clássico, anturiano ou bretão e carolíngio ou francês.
• Como acontecia com as cantigas dos trovadores, as novelas de cavalaria eram apresentadas para os membros da corte.