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PRÉ-VESTIBULAR LIVRO DO PROFESSOR LITERATURA Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br

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Produção Projeto e Desenvolvimento Pedagógico

Disciplinas Autores

Língua Portuguesa Francis Madeira da S. Sales Márcio F. Santiago Calixto Rita de Fátima BezerraLiteratura Fábio D’Ávila Danton Pedro dos SantosMatemática Feres Fares Haroldo Costa Silva Filho Jayme Andrade Neto Renato Caldas Madeira Rodrigo Piracicaba CostaFísica Cleber Ribeiro Marco Antonio Noronha Vitor M. SaquetteQuímica Edson Costa P. da Cruz Fernanda BarbosaBiologia Fernando Pimentel Hélio Apostolo Rogério FernandesHistória Jefferson dos Santos da Silva Marcelo Piccinini Rafael F. de Menezes Rogério de Sousa Gonçalves Vanessa SilvaGeografia DuarteA.R.Vieira Enilson F. Venâncio Felipe Silveira de Souza Fernando Mousquer

I229 IESDE Brasil S.A. / Pré-vestibular / IESDE Brasil S.A. — Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2008. [Livro do Professor]

360 p.

ISBN: 978-85-387-0573-4

1. Pré-vestibular. 2. Educação. 3. Estudo e Ensino. I. Título.

CDD 370.71

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Realismo /Naturalismo

O Realismo surgiu na França como uma resposta ao Romantismo e seu mundo de sonhos e idealiza-ções. A primeira obra realista veio a público no ano de 1857, era o romance Madame Bovary, do escritor Gustave Flaubert. O livro conta a história de Ema Bovary, uma jovem romântica, casada, que alimen-ta sonhos de uma vida conjugal perfeita. Porém, a realidade não se apresenta assim, e a moça comete o adultério com um homem rico que julgava ser seu verdadeiro e eterno amor. Tempos depois esse ho-mem a abandona.

É mostrada, pela primeira vez em um romance, uma personagem em contato com a realidade “nua”, impossibilitada de concretizar suas fantasias senti-mentais. Podemos observar que o escritor destrói, em sua obra, aquilo que era “o ponto de apoio” da sociedade burguesa: o casamento. A partir dessa visão, completamente antirromântica, é que vem à tona o Realismo.

A primeira obra naturalista foi publicada em 1867, era o romance Thérèse Raquin, do escritor, também francês, Émile Zola. Nessa obra, o autor construiu personagens sem autonomia. Eram ape-nas “joguetes” do meio e de seus instintos. É o mo-mento em que surge o Naturalismo com sua visão cientificista da realidade, baseando-se nas teorias científicas da época como a Teoria da Evolução das Espécies, de Darwin.

Ambas as correntes possuem influência direta do Positivismo, de August Comte, que entende a socie-dade em sua existência concreta, passível de ser com-preendida plenamente através de um método, de uma estrutura bem definida, de uma ciência positiva.

Percebe-se, então, que o Realismo e o Natu-ralismo são correntes artísticas que refletem uma sociedade que não cede mais espaço à dúvida. Tudo pode ser explicado à luz das teorias científicas e sociológicas da época, sendo o escritor do Realismo um analista, e o do Naturalismo, um cientista.

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À esquerda, Flaubert e à direita Zola: gênios do Realismo e do Naturalismo.

No Brasil, o Realismo começa em 1881 com a publicação da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (sempre lembrando que a técnica narrativa e a visão de mundo características desse autor inserem sua obra num realismo à parte, que será explicado adiante). O Naturalismo estreia no mesmo ano, apresentando ao público a obra O Mulato, de Aluísio Azevedo. Essas obras serão tra-tadas mais adiante.

O francês Millet foi um dos principais artis-tas da pintura realista.

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Contexto históricoA segunda metade do século XIX é o momento

em que o Capitalismo firma-se. Isso se deve a forte industrialização das grandes potências como Ingla-terra, França, Alemanha e Estados Unidos, que aca-baram concentrando riquezas. Como consequência desse desenvolvimento, observamos dois fenôme-nos: o nascimento de uma grande massa operária,

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que ganha voz e começa a fazer reivindicações de peso; e um crescimento do potencial econômico da burguesia, onde reinou a preocupação material e o luxo.

É a Belle Époque, transformando Paris no cen-tro de requinte do mundo ocidental, que influenciou de maneira profunda a nova estética literária, tais como o Positivismo, Darwinismo, Determinismo e o Marxismo.

Durante esse período, houve uma grande efer-vescência destas teorias.Os escritores brasileiros da época, influenciados por essas teorias oriundas do velho continente, construíram obras que buscaram revelar a realidade dos grupos sociais que constituí-am nosso país. O Realismo tendo como alvo a classe média e a alta burguesia brasileiras, e o Naturalismo, as áreas mais miseráveis da sociedade.

Agora veja quais eram as principais teorias científicas da época.

Positivismo: desenvolvido pelo francês August Comte (1798-1857), em seu Cours de Philosophie Po-sitive (Curso de Filosofia Positiva, 1830/1842), demonstra a ideia de que a realidade somente pode ter sua explicação através do conhecimento científico. Substitui-se a religião e a metafísica pela experimentação racional e científica (positiva).

Darwinismo: com a publicação da obra A Ori-gem das Espécies, o inglês Charles Darwin (1809-1882) explicita sua teoria evolu-cionista, na qual o ser mais forte – mais apto – é o que vence e continua a espécie.

Determinismo: criado pelo filósofo, crítico e historia-dor francês Hippolyte Taine (1828-1893), divulga a nova consciência crítica da arte que, baseando-se em precei-

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tos positivistas, busca descobrir as leis e as causas da criação literária. Para isso, parte da análise dos fatores que determinam o homem e a natureza da produção desse: a raça, o meio e o momento. Obra: Philosophie de l’Art (Filosofia da Arte, 1865).

Marxismo: É importante lem-brar que, em 1867, o filósofo alemão Karl Marx publica o livro O Capital, obra que revela uma nova consciên-cia social. Nessa obra, demonstra-se que a evolução histórica se deu atra-vés da luta de classes. A realidade é reinterpretada.

Realismo

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Enterro em Ornans, de Gustave Courbet, o grande nome da pintura realista.

Características

Verossimilhança

É semelhança com a verdade. O escritor rea-lista busca a demonstração da realidade como esta se apresenta aos nossos olhos. Assim, almeja contar uma história que, mesmo não tendo acontecido na vida real, fosse possível de haver existido. Vemos na estética realista, dessa forma, a negação de tudo aquilo que não seja provável ou que possa soar como fantástico.

Objetividade

Para conquistar a verossimilhança esperada, os escritores do Realismo assumem uma postura impessoal diante de seu objeto literário. Revelando-o através de uma análise objetiva dos fatos, situações e reações narradas.

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Racionalismo

Reflexo do ideal de objetividade e do racionalis-mo ideológico e científico da época em que surge, representa a tentativa de uma investigação objetiva – logo, racional – do homem como indivíduo e como representante de um determinado estrato (grupo) social. Resultando nos seguintes aspectos: análise psicológica e tipificação social.

Análise psicológicaRelacionada à vida psíquica do personagem,

nada mais é do que a investigação, o estudo dos ca-racteres, motivações e instintos mais obscuros do ser humano inserido num contexto sócio-histórico.

Tipificação socialAs ações, as atitudes, as falas, os “dramas” dos

personagens são representações particularizadas do grupo ao qual pertencem. Acaba-se com a ideia de um indivíduo que não estabeleça contato direto com a realidade concreta.

Contemporaneidade

Ao escritor realista importa demonstrar o mo-mento contemporâneo (séc. XIX), ao contrário dos ro-mânticos que buscavam incessantemente o passado histórico ou individual. Essa busca de atualidade por parte do realista deve-se pela questão da verossi-milhança (mais provável de ser atingida pelo artista que vive aquilo que quer retratar fidedignamente) e pelo caráter fortemente crítico das obras. Uma ca-racterística consequente da contemporaneidade na literatura realista é a ambientação urbana.

Ambientação urbanaPara o realista, o mundo urbano é onde se en-

contram, simultaneamente, os grandes horrores e as grandes possibilidades do homem moderno. Esse é o local onde se desvelam as grandes contradições da sociedade moderna, que veremos reveladas nos romances realistas.

Pessimismo fatalista

O pessimismo era um fator recorrente da visão desiludida e crua que o escritor tinha da realidade circundante. Levando-o, muitas vezes, a uma posição niilista perante a realidade.

Niilismo: princípio filosófico segundo o qual a negação (da fé, das hierarquias, das instituições etc.) é o grau supremo da verdade. (LUFT, Celso Pedro. Dicionário Luft. São Paulo: Ática, 2001).

Cuidado estilístico-formal supremo

Na estética realista, busca-se a perfeição formal da obra de arte. A ideia romântica do gênio inspirado que cria a obra, cede lugar à imagem de um verda-deiro trabalhador da palavra que quer criar a obra atemporal (criação artística de valores universais e perenes).

NaturalismoO Realismo se torna Naturalismo, na ficção,

no momento em que as “leis naturais” submetem personagens e enredo, postura baseada nas teorias cientificistas do século XIX.

CaracterísticasO Naturalismo, por ser um prolongamento do

Realismo, possui as características anteriormente citadas, agregando-as a outras quatro.

Determinismo

do meio ambienteO homem é produto do meio em que vive, mero

reflexo do ambiente no qual se insere. Por isso, nos romances naturalistas encontramos um certo exagero descritivista, pois é o contexto o que determina o ser humano, que não tem chances de escapar.

da hereditariedadeFator preponderante da constituição da perso-

nalidade humana, o temperamento era considerado tanto na ciência da época como na escola naturalista uma herança que determinava o caráter do homem. Dessa forma, uma criança, filha de pais violentos e lu-xuriosos, necessariamente herdaria esses caracteres, que se manifestariam mais cedo ou mais tarde.

do instintoO homem, por herança, contém instintos mais

fortes que sua razão, por mais desenvolvida que essa seja. Inevitavelmente esses instintos acabarão por se manifestar em forma de comportamentos anti-sociais como, por exemplo, a violência, a tara, a luxúria, o crime etc.

Patologias

O romance naturalista apresenta personagens patoló gicos – personalidades mórbidas, anômalas,

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doentias, anormais. Os romances são “recheados” de pessoas viciadas, prostitutas, devassos etc. O escritor buscava, assim, comprovar suas teses sobre a hereditariedade.

Crítica social explícita

Diferentemente do realista que estabelecia sua crítica implicitamente (insinua algo), o naturalista a exteriorizava de forma implacável (mostra a verda-de “crua”). Não significando que a crítica revelasse alguma espécie de esperança do escritor para com a sociedade que retratava, esperando conscientizá- -la com essa crítica. Lembremos que o Naturalismo apresenta uma visão pessimista e niilista diante da vida, como o Realismo.

Descritivismo

O escritor naturalista usa uma forma excessi-vamente descritiva para atingir a verossimilhança. Demonstra, desse modo, de forma minuciosa e, às vezes, exaustiva os detalhes precisos daquilo que descreve. Porém, esse descritivismo serve como um auxiliar para a narração, fator principal.

Autor e obra

Machado de Assis (1839-1908)

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Nome completo: Joaquim Maria Machado de Assis. Nascido no Rio de Janeiro, teve uma infância e uma juventude humilde. Foi aprendiz de tipógrafo

na Imprensa Oficial, dirigida por Manuel Antônio de Almeida (autor de Memórias de um Sargento de Milí-cias), seu primeiro mestre. Na década de 1860, inicia sua carreira de funcionário público exemplar. Torna- -se oficial de gabinete do Ministério da Agricultura. Logo após, Diretor Geral do Ministério da Viação. Falece em 1908, já viúvo de Carolina de Novais.

Machado de Assis começou sua carreira como prosador da corrente romântica. Em 1881, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, insere-se, daí em diante, na escola realista. Por esses dois momentos na obra ficcional de Machado se es-tabelece, para fins didáticos, a seguinte divisão.

Primeira fase machadiana

Composto por quatro romances que vão ao encontro das características do Romantismo: Ressur-reição (1872), A Mão e a Luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878). Essas obras inserem-se num romantismo convencional, em que encontramos o amor contrariado, envolvendo a família, o casamento, o dinheiro. Apresentam um enredo sentimental que torna a história, por vezes, enfadonha (note-se que o sentimentalismo presente nesses livros era sóbrio, se comparado aos demais escritores românticos). Todos, exceto Ressurreição, destinavam-se à publicação em folhetins, que eram distribuídos parceladamente em jornais ou revistas. Dessa forma, pode-se depreender que a intenção primeira da criação desses textos era entreter o público, cerceando a liberdade criativa do autor.

Segunda fase machadiana

Considerada a fase madura do escritor, é com-posta por cinco obras: Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1892), Dom Casmurro (1900), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908). Esse é o momento realista de Machado de Assis. Observa-se uma mudança radical: aquele escritor que, na década de 1870, apresentava-se conformado diante dos valores burgueses, transmuta-se em um artista altamente crítico, irônico e pessimista.

Características principais da segunda fase machadiana

Análise psicológica

Machado realiza o desmascaramento dos perso-nagens pela análise psicológica, assim o autor revela o universo íntimo e moral que os indivíduos jamais ousariam revelar.

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Crítica à sociedade

Por meio da análise psicológica citada acima, também se desvela o exame profundo acerca dos valores sociais vigentes na época (mais especifi-camente do Segundo Reinado). Com isso, além de demonstrar forte consciência da realidade histórica que o cercava, Machado faz severa crítica à bur-guesia e sua hipocrisia, seu jogo de aparências, seu parasitismo social etc. Observa-se, muito bem, esses caracteres no romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, em que o defunto-autor não mede palavras para criticar, ironizar e ridicularizar o meio em que viveu.

Ironia

A ironia permeia todas essas obras da segunda fase, como um reflexo da descrença no ser humano, que, acima de tudo e de todos, busca a sua plena satisfação, não importando os meios que utilize para esse fim; depreende-se disso o pessimismo das obras. Em Quincas Borba, por exemplo, vemos isso nas figuras do capitalista Palha e de sua esposa Sofia, ambos manipulando o inocente Rubião. Nunca é demais relembrar o célebre trecho final de Memó-rias Póstumas de Brás Cubas, símbolo de ironia e de pessimismo. Leia:

“Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.”

Observe também a ironia e o humor da definição que Brás Cubas faz sobre Marcela a partir do tempo que permaneceram juntos:

“Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada mais”.

Veja que a contagem do tempo no trecho trans-crito é feita a partir de unidades monetárias, aí se encontra a ironia, o humor e, ao mesmo tempo, o pessimismo de Machado de Assis.

Trabalho de linguagem

O trabalho de linguagem e seu refinamento são essenciais na obra machadiana, pois é esse trabalho que dá um caráter de poesia à linguagem de sua ficção. Machado diz muito escrevendo pouco, prova disso são os capítulos curtíssimos de seus romances, que apresentam uma polissemia impressionante.

Leitor imaginário

Machado em suas obras cria um leitor imaginá-rio (que possui fisionomia, gestos, posicionamento), com quem o narrador dialoga diversas vezes, fazendo uma discussão de sua própria obra. Assim, o autor estabelece um interlocutor em sua obra, funcionando

como um contraponto dialógico na ficção e ampliando a verossimilhança da obra, pois se assemelha a uma conversa ao vivo com seus imprevistos. Observe um trecho do capítulo IV de Memórias Póstumas de Brás Cubas:

“Era fixa a minha ideia, fixa como... Não me ocorre nada que seja assaz fixo nesse mundo: talvez a lua, talvez as pirâmides do Egito, talvez a finada dieta germânica. Veja o leitor a compa-ração que melhor lhe quadrar, veja-a e não esteja daí a torcer-me o nariz, só porque ainda não chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá iremos. (...) Todavia, importa dizer que este livro é escrito com pachorra (...)”.

Temas centrais e indicação de romances e contos

Adultério

Presente nas obras Dom Casmurro, Quincas Borba e Memórias Póstumas de Brás Cubas, no conto “A cartomante”.

Loucura

Machado discute a confusão que há entre o que pode ser considerado loucura ou razão, pois não há um conceito definitivo do que seja uma e outra; está presente no conto “O alienista”.

Ambiguidade

Um dos temas mais produtivos em Machado, é sua preferência em demonstrar a ambiguidade feminina. Esse tema encontra-se nos romances Dom Casmurro, através da personagem Capitu; Quincas Borba, com Sofia, que confunde Rubião em relação aos seus sentimentos; e nos contos “Missa do Galo”, com a personagem Conceição, e “Uns Braços”, com Severina.

Vaidade, o interesse, o egoísmo

O personagem Palha, de Quincas Borba, é o que melhor revela esses três aspectos. Ele consegue ascender socialmente explorando a ingenuidade do novo-rico Rubião, herdeiro do filósofo Quincas. Aí se desvela outro importante tema da obra machadiana: o parasitismo social.

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Hipocrisia

Machado discute o jogo de aparências entre os indivíduos que, para se inserirem e se destacarem em seu meio social e satisfazerem suas exigências, usam da dissimulação, da falsidade, nunca reve-lando sua verdadeira personalidade. É a luta entre a essência humana e a aparência das convenções sociais. O conto que melhor nos apresenta esse tema encontra-se em “O Espelho”, representado na figura do alferes Jacobina.

As três obras-primas machadianas: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro

Memórias Póstumas de Brás Cubas

Primeiro livro realista de Ma-chado, conta a história da trajetó-ria de insucessos de Brás Cubas. Narrado em primeira pessoa por um defunto-autor (o próprio Brás Cubas), que conta sua vida, desde a infância até a morte, demonstra, de forma crítica, toda a hipocrisia

e falsidade existentes na burguesia carioca do Se-gundo Reinado.

Brás Cubas não encobre nenhuma informa-ção referente à sua vida ou à de qualquer outra personagem, pois não deve mais nada a ninguém; afinal, já está morto. Conta seus relacionamentos amorosos malsucedidos com Marcela e Virgília (mu-lher que engravidou dele e abortou acidentalmente) e seu projeto não concluído de criar um emplastro – o “Emplastro Brás Cubas” –, que levaria sua foto no rótulo, tornando-o um homem célebre (revela-se aí a crítica à vaidade humana).

Essa obra pode ser classificada com o termo Realismo Cômico-Fantástico. Isso acontece por-que quem narra a história é um defunto, algo que seria inaceitável à estética realista. Porém, esse é um recurso inovador que Machado de Assis cria para, a partir de um fenômeno sobrenatural, contar, sem pudor algum, todas as mazelas escondidas do grupo social em que Brás se enquadra. Tudo isso com um humor irônico.

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Dessa forma, pode-se afirmar que Machado insere-se em um Realismo à parte na literatura ocidental, prova de seu grande talento e grandio-sidade literária.

Leia um trecho do livro:

Capítulo I – Óbito do Autor

“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro ber-ço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: a diferença radical entre este livro e o Pentateuco.”

Cena do filme Memórias Póstumas, de André Klotzel.

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Quincas BorbaÚnico, dentre essas

três obras citadas, narrado em terceira pessoa, aborda o tema do interesse e do egoísmo humano através do parasitismo social.

Rubião, professor de uma escola de crianças e posteriormente enfermeiro do filósofo Quincas Borba (já presente em Memórias Póstumas), herda dele uma fortuna em troca de um úni-

co favor: cuidar do cão do filósofo também chamado Quincas Borba. Vem morar no Rio de Janeiro, onde será assediado por Palha (esperto e interesseiro) e So-fia (ambígua e dissimulada), que acabarão levando-o à miséria e à loucura.

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É importante salientar que essa obra ironiza o cientificismo e o positivismo vigentes na época. O ingênuo Rubião nada mais é que a confirmação da célebre frase de Quincas: “– Ao vencedor as bata-tas!” – resumo do Humanitismo, sua filosofia. Isto é, os mais fortes e os mais aptos vencem. Nesse caso, os mais fortes são Palha e Sofia, sendo Rubião, o mais fraco.

Dom CasmurroEsse é o roman-

ce da dúvida. Dúvi-da de Bento Santiago (narrador-protagonista) quanto à fidelidade de sua esposa – Capitu – e seu melhor amigo – Es-cobar. Bentinho, como é chamado, recupera toda sua vida no papel para tentar confirmar sua desconfiança em relação à Capitu.

Desconfiança que se instaura por dois

fatores: seu filho Ezequielzinho ser a “cópia reduzi-da” de Escobar e a forma como Capitu olhava para Escobar morto no dia de seu velório, com “olhos de ressaca”. Sua desconfiança acaba tornando-o um homem quieto, introspectivo, casmurro, culminando na solidão completa.

Lembre-se de que todas as afirmações feitas nesse romance são questionáveis, pois quem o narra está amargurado e ressentido. Bento constrói suas impressões para, dessa forma, fixar suas ideias. As-sim, percebe-se, por exemplo, que a ambiguidade e dissimulação de Capitu parte da interpretação amargurada que Bento faz de sua pessoa.

O romance Dom Casmurro é considerado una-nimemente por todos os grandes críticos literários como uma das maiores obras-primas da Literatura brasileira e ocidental. Leia um dos principais capí-tulos do romance.

Capítulo XXXII – Olhos de Ressaca

Tudo era matéria às curiosidades de Capitu. Caso houve, porém, no qual não sei se aprendeu ou ensinou, ou se fez ambas as cousas, como eu. É o que contarei no outro Capítulo. Neste direi somente que, passados alguns dias do ajuste com o agregado, fui ver a minha amiga; eram dez horas da manhã. D. Fortunata, que estava no quintal nem esperou que eu lhe perguntasse pela filha.

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– Está na sala penteando o cabelo, disse-me; vá devagarzinho para lhe pregar um susto.

Fui devagar, mas ou o pé ou o espelho traiu-me. Este pode ser que não fosse; era um espelhinho de pataca (perdoai a barateza), comprado a um mascate italiano, moldura tosca, argolinha de latão, pendente da parede, entre as duas janelas. Se não foi ele, foi o pé. Um ou outro, a verdade é que, apenas entrei na sala, pente, cabelos, toda ela voou pelos ares, e só lhe ouvi esta pergunta:

– Há alguma cousa?

– Não há nada, respondi; vim ver você antes que o Padre Cabral chegue para a lição. Como passou a noite?

– Eu bem. José Dias ainda não falou?

– Parece que não.

– Mas então quando fala?

– Disse-me que hoje ou amanhã pretende tocar no assunto; não vai logo de pancada, falará assim por alto e por longe, um toque. Depois, entrará em matéria. Quer primeiro ver se mamãe tem a resolução feita...

– Que tem, tem, interrompeu Capitu. E se não fosse preciso alguém para vencer já, e de todo, não se lhe falaria. Eu já nem sei se José Dias poderá influir tanto; acho que fará tudo, se sentir que você realmente não quer ser pa-dre, mas poderá alcançar?... Ele é atendido; se, porém... É um inferno isto! Você teime com ele, Bentinho.

– Teimo; hoje mesmo ele há de falar.

– Você jura?

– Juro. Deixe ver os olhos, Capitu.

Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, “olhos de cigana oblíqua e dissimulada.” Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e exa-minar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira, eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra ideia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atri-buo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que...

Retórica dos namorados, dá-me uma com-paração exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do-

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Estudaremos agora outros nomes de destaque do Realismo e do Naturalismo brasileiro. Na primeira estética encontramos Raul Pompéia, autor de uma obra de traços impressionistas. Na segunda, vemos Aluísio Azevedo, principal escritor naturalista e Adol-fo Caminha, autor de importantes obras.

Outros autores do Realismo

Raul Pompéia (1863-1895)Raul D’Ávila Pompéia nasceu em Angra dos

Reis. Foi estudante de duas instituições tradicionais de ensino, o Colégio Abílio e o Colégio Pedro II. Ba-charel em direito pela faculdade de Recife,

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lico.

trabalhou em diversos cargos públicos. No ano de 1888, de-pois de um duelo malsucedido com Olavo Bilac, suicida-se.

A principal obra desse escritor é O Ateneu (1888). Obra que é narrada por Sérgio (narrador protagonista), ex- -estudante do colégio que dá nome à obra.

Numa linguagem impressionista (Impressionis-mo: observação pessoal e sensível da realidade), em que busca constantemente comparações, metáforas, semelhanças para contar seu passado, Sérgio faz um relato amargurado, carregado de ressentimentos. Es-ses são responsáveis pela construção de impressões e imagens depreciativas de sua vivência no colégio comandado à mão-de-ferro pelo diretor megaloma-níaco Aristarco.

Fortemente introspectivo, o romance pode ser interpretado como uma miniatura do mundo exterior, onde há a presença constante da corrupção, da re-pressão, da sede de poder e da troca de favores para se obter proteção (no caso de O Ateneu, a proteção dos rapazes mais novos pelos mais velhos dava-se através da prestação de favores sexuais – era um colégio interno somente para meninos).

Depreende-se do texto uma forte crítica ao sistema de ensino aplicado na época e à sociedade degradada que o internato simboliza.

Classificação da obra

O Ateneu pode ser classificado tanto como um Romance Memorialista – baseia-se nas lembranças de quem narra – como um Romance Impressionista – apresenta a captação imediata e momentânea, não racionalizada da realidade, observa-se a preponde-rância da impressão sobre a análise. Leia um trecho da obra:

“Vais encontrar o mundo”, disse-me meu pai, A porta do Ateneu. Coragem para a luta.

Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilu-sões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico, diferente do que se encontra fora, tão diferente que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sen timental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso.

estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às ore-lhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. Quantos minutos gastamos naque-le jogo? Só os relógios do céu terão marcado esse tempo infinito e breve. A eternidade tem as suas pêndulas; nem por não acabar nunca deixa de querer saber a duração das felicida-des e dos suplícios. Há de dobrar o gozo aos bem-aventurados do céu conhecer a soma dos tormentos que já terão padecido no inferno os seus inimigos; assim também a quantidade das delícias que terão gozado no céu os seus desafetos aumentará as dores aos condenados do inferno. Este outro suplício escapou ao divi-no Dane; mas eu não estou aqui para emendar poetas. Estou para contar que, ao cabo de um tempo não marcado, agarrei-me definitivamente aos cabelos de Capitu, mas então com as mãos, e disse-lhe, – para dizer alguma cousa, – que era capaz de os pentear, se quisesse.

– Você?

– Eu mesmo.

– Vai embaraçar-me o cabelo todo, isso sim.

– Se embaraçar, você desembaraça de-pois.

– Vamos ver.

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Lembramo-nos, entretanto, com sauda-de hipócrita, dos felizes tempos – como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora, e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam.”

Autores do Naturalismo

Aluísio Azevedo (1857–1913)Nasceu em São Luís do

Maranhão, onde realizou seus estudos secundários. Viveu al-gum tempo no Rio de Janeiro trabalhando como caricaturista de alguns jornais. Volta a São Luís, onde publica O Mulato (1881) – livro que tem como tema o racismo existente na sociedade

burguesa maranhense. Retorna ao Rio devido ao de-sagrado causado por esse romance; trabalha como folhetinista. No ano de 1895, ingressa na carreira diplomática, viajando por diversos países. Vem a falecer em Buenos Aires.

Sua principal obra é O Cortiço (1890), livro de referência do Naturalismo brasileiro.

Devido a um forte processo de transformações econômicas acontecidas no Rio de Janeiro, desen-volve-se uma nova classe social – o proletariado urbano – de fraco poder econômico. Esse estrato social, formado por trabalhadores e pessoas de ati-vidade econômica incerta, reunia-se em habitações precárias, minúsculas, sem acesso à higiene etc. Estes conglomerados eram denominados “cortiços”. Tal fenômeno social chama a atenção do escritor maranhense, que acaba transportando-o, por fim, para a literatura.

O Cortiço

Características principaislinguagem agressiva e permeada por termos •científicos;

cenas apresentadas em toda sua sordidez, •sujeira e podridão;

denúncia da degradação social que um •ambiente mórbido causa às pessoas – de-terminismo.

Dom

ínio

púb

lico.

O que se observa é a preponderância do coletivo sobre o individual, pois todos que no cortiço estão, transformam-se em produto daquele meio. Logo, pode-se concluir que o protagonista da história é o próprio Cortiço – uma grande “massa amorfa”.

PersonagensJoão Romão: português ambicioso, dono do

cortiço;

Negra Bertoleza: amásia de João Romão e es-crava falsamente alforriada;

Pombinha: “flor da inocência” que é corrompida pelo meio.

Jerônimo e Rita Baiana: casal que funciona como comprovação das teorias cientificistas da épo-ca. Principalmente o determinismo e o evolucionismo. Leia o trecho:

Aut

or d

esco

nhe

cid

o.

“(Rita) Amara-o (ex-namorado de Rita) a princípio por afinidade de temperamento, pela irresistível conexão do instinto luxurioso e canalha que predominava em ambos, depois continuou a estar com ele por hábito, por uma espécie de vício que amaldiçoamos sem poder largá-lo; mas desde que Jerônimo propendeu para ela, fascinando-a com a sua tranquila serenidade de animal bom e forte, o sangue da mestiça reclamou os seus direitos de apuração, e Rita preferiu no europeu o macho da raça superior.”

Todos esses personagens funcionam como recur-so literário para denunciar a miséria do proletariado urbano na sociedade carioca. Suas patologias servem como uma lente de aumento para o escritor (em sua postura de cientista) comprovar suas teses.

“Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua in-finidade portas e janelas alinhadas. (...)”.

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“(...) No confuso rumor que se formava, des-tacavam-se risos, sons de vozes que altercavam sem se saber onde, grasnar de marrecos, cantar de galos, na parede, cacarejar de galinhas.”

“Daí a pouco, em volta das bicas era um zum zum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara debaixo do rio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; (...); os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pelo, ao contrário, metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. As portas das latrinas não descansavam, era um abrir e fechar de a cada instante, um entrar e sair sem tréguas. Não de-moravam lá dentro e vinham ainda amarrando as calças ou as saias; as crianças não se davam ao trabalho de lá ir, despachavam-se ali mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás da estalagem ou no recanto das hortas.”

quais são as razões que levam Bento Santiago a a) crer que foi traído por seu melhor amigo e sua es-posa?

quais os nomes desses dois personagens? b)

quem indica ao leitor a ambiguidade da esposa de c) Bento?

Solução: `

A semelhança de seu filho Ezequiel com Escobar e a a) forma com que Capitu olhava o mesmo durante seu enterro (com “olhos de ressaca”).

Os nomes desses dois personagens são Ezequiel Es-b) cobar e Capitu ou Capitolina.

Quem indica a ambiguidade de Capitu para o leitor c) é Bento, pois é ele quem narra a história.

(Elite) “(...) é que não sou propriamente um autor de-3. funto, mas um defunto autor.”

Explique, a partir da análise dos sintagmas, a alteração de sentido acontecida em “autor defunto” e “defunto autor”.

Solução: `

Em “autor defunto”, o termo “autor” é o núcleo do sin-tagma nominal, sendo o regente de “defunto” – sintagma adjetival – caracterizando o sentido de autor já morto. Já em “defunto autor”, o núcleo do sintagma nominal é “defunto”, sendo o regente de “autor” – agora sintagma adjetival – caracterizando o sentido de um morto que torna-se autor.

Cite três características da obra 4. O Cortiço, de Aluísio Azevedo.

Solução: `

Linguagem agressiva, com a utilização de alguns termos científicos; a degradação do ser humano; crítica social explícita.

Além de romance realista, quais outras classificações 5. podem ser atribuídas ao romance O Ateneu? Quem é o autor dessa obra?

Solução: `

O romance O Ateneu, também pode ser classificado como romance memorialista e romance impressionista.

O que o colégio Ateneu simboliza na obra de mesmo 6. nome?

Solução: `

O colégio simboliza a pior face do mundo exterior. Cor-rupção, brutalidade, sede de poder estão presentes na instituição em que o jovem Sérgio estuda.

Adolfo Caminha (1867-1897)A Normalista: decadência da sociedade de

Fortaleza.

Personagem principal: Maria do Carmo, que engravida do padrinho e depois perde a criança.

O Bom-Crioulo: o homossexualismo entre ma-rinheiros.

Personagem principal: Amaro, que assassina Aleixo, seu amante, por ciúme de uma mulher.

(Fuvest) Em 1881 foram publicados dois romances 1. importantes no Brasil, com os quais se inicia um novo movimento literário na prosa brasileira.

Quais são esses romances?a)

Com que movimento literário eles rompem? b)

Solução: `

a) Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e O Mulato, de Aluísio Azevedo.

b) Romantismo.

(Elite) No romance Dom Casmurro, de Machado de 2. Assis:

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(Elite) No romance 7. O Cortiço, de Aluísio de Azevedo, há a narração entre Jerônimo e Rita Baiana.

“(Rita) Amara-o (ex-namorado de Rita) a princípio por afinidade de temperamento, pela irresistível conexão do instinto luxurioso e canalha que predominava em ambos, depois continuou a estar com ele por hábito, por uma espécie de vício que amaldiçoamos sem poder largá-lo; mas desde que Jerônimo propendeu para ela, fascinando-a com a sua tranquila serenidade de animal bom e forte, o sangue da mestiça reclamou os seus direitos de apuração, e Rita preferiu no europeu o macho da raça superior.”

Sobre a relação que ocorre entre as duas personagens responda:

A descrição do contatos entre Jerônimo e Rita Baiana é bem característica do romance naturalista – de forte influência das concepções naturalistas do século XIX. Uma dessas concepções é o determinismo (tanto racial quanto geográfico). Disserte sobre ele inserindo-o nesta época.

Solução: `

O século XIX era o momento de exaltação da ciência (cientificismo). Ela tinha como função explicar como funcionava o mundo.

Um dos campos de curiosidade da época era entender como algumas sociedades assumiam características próprias e distintas. Em outras palavras, por qual razão algumas evoluíam e outras não (evolucionismo).

O determinismo era uma chave explicativa muito comum no século XIX para responder a tais questionamentos. Ele era voltado a explicar as características que assumiam as sociedades, os povos, baseados em alguns princípios que determinariam a sua evolução.

Pensou-se, inicialmente, que o que determinaria o pro-gresso de um país seria o caráter racial: aqueles povos possuidores de raças inferiores (isto é, não-europeias – haja vista que este pensamento era criado e propagado pela Europa) estariam determinados a serem racialmente inferiores. Este era o determinismo racial.

Houve outros que pensaram não ser a raça, mas carac-terísticas geográficas (relevo, clima etc.) as responsáveis pelo atraso de alguns povos. Este era o determinismo geográfico.

Hoje, as teses deterministas estão superadas. O grande erro destas teorias era o de classificar a humanidade entre superiores e inferiores – quando na verdade o que temos é um conjunto dos mais distintos povos que vivem de forma diversa. O que há é uma diversidade e não uma superioridade.

(Unirio) Sobre o Realismo, assinale a afirmativa cor-1. reta.

O romance é visto como distração e não como meio a) de crítica às instituições sociais decadentes.

Os escritores realistas procuram ser pessoais e ob-b) jetivos.

O romance sertanejo ou regionalista originou-se no c) Realismo.

O Realismo constitui uma oposição ao idealismo d) romântico.

O Realismo vê o Homem somente como um pro-e) duto biológico.

(Elite) “O .............. se tingirá de ...................., no romance 2. e no conto, sempre que fizer personagens e enredos submeterem-se no destino cego das “leis naturais” que a ciência da época julgava ter codificado; ou se dirá ......................, na poesia, à medida que se esgotar no lavor do verso tecnicamente perfeito”.

No texto ac ima, preenchem-se as lacunas, respectivamente, com:

Realismo, Naturalismo, Parnasianismo.a)

Romantismo, Naturalismo, Parnasianismo.b)

Realismo, Naturalismo, Simbolismo.c)

Romantismo, Modernismo, Parnasianismo.d)

Romantismo, Modernismo, Simbolismo.e)

(FEI) Uma literatura se preocupa com os aspectos socio-3. lógicos da obra e faz um romance de tese documental, e outra se preocupa com os aspectos patológicos da obra e faz um romance de tese experimental.

Aponte, respectivamente, o nome dessas estéticas.

(UFPA) As personagens realistas-naturalistas têm seus 4. destinos marcados pelo determinismo. Identifica-se esse determinismo:

pela preocupação dos autores em criar persona-a) gens perfeitas, sem defeitos físicos ou morais.

pelas forças atávicas e/ou sociais que condicionam b) a conduta dessas criaturas.

por ser fruto, especificamente, da imaginação e da c) fantasia dos autores.

por se notar a preocupação dos autores de volta-d) rem ao passado ou ao futuro ao criarem suas per-sonagens.

por representarem a tentativa dos autores nacionais e) de reabilitar uma faculdade perdida do homem: o senso do mistério.

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(Mackenzie) Vários autores afirmam que a diferença 5. entre Realismo e Naturalismo é muito sutil. Um dos trechos a seguir é claramente naturalista.

Assinale a alternativa em que ele aparece.

“Desesperado, deixou o cravo, pegou do papel a) escrito e rasgou-o. Nesse momento, a moça, em-bebida no olhar do marido, começou a cantarolar à toa, inconscientemente, uma cousa nunca antes cantada nem sabida...”

“Enfim chegou a hora da encomendação e da parti-b) da. Sancha quis despedir-se do marido, e o deses-pero daquele lance consternou a todos.”

“Entretanto, das portas surgiam cabeças con-c) gestionadas de sono; ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar das ondas; pigarreava-se grosso por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar; o cheiro do café aquecia, suplantando todos os outros...”

“Foi por esse tempo que eu me reconciliei outra d) vez com o Cotrim, sem chegar a saber a causa do dissentimento. Reconciliação oportuna, porque a solidão pesava-me, e a vida era para mim a pior das fadigas, que é a fadiga sem trabalho.”

“E enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, e) meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo cho-rando seria monótono, tudo rindo, cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida.”

(PUCRS) Ela saltou em meio da roda, com braços na 6. cintura, rebolando as ilhargas e balançando a cabeça (...) numa sofreguidão (...) carnal, num requebrado luxurio so que a punha ofegante: já correndo de barriga empinada, já recuando de bra ços estendidos, a tremer toda, como se fosse afundando num prazer grosso que nem azeite em que se não toma pé e nunca se encontra o fundo.

O vocabulário do texto salienta os traços do:

Romantismo.a)

Realismo.b)

Naturalismo.c)

Impressionismo.d)

Modernismo.e)

(UMC-SP) Sobre o Realismo pode-se afirmar:7.

o Realismo e o Naturalismo são introduzidos em I. 1881 com as obras Memórias Póstumas de Brás Cubas e O Mulato;

no Realismo há predomínio da análise psicológica e II. no Naturalismo, da análise científica;

o melhor da produção realista está na poesia.III.

são corretas as afirmações II e III.a)

apenas a afirmação II é correta.b)

as três afirmações são corretas.c)

são corretas as afirmações I e II.d)

as três afirmações são incorretas.e)

(UFRGS) Considere as seguintes afirmações.8.

Os romances do Naturalismo sustentam-se nas I. teorias deterministas da época; por isso as per-sonagens geralmente apresentam características patológicas.

Aluísio Azevedo seguiu rigidamente os pressupos-II. tos teóricos do Naturalismo e, no romance O Cor-tiço, apresentou um painel das relações sociais do Rio de Janeiro no Final do Século XIX.

Nos textos naturalistas, a subjetividade do narra-III. dor contrasta com o rigor científico que permeia a construção do enredo.

Quais estão corretas?

I.a)

II.b)

I e II.c)

I e III.d)

I, II e III.e)

(Elite) Estabeleça a relação racionalismo/irracionalismo 9. com as correntes literárias citadas abaixo.

(1) racionalismo ( ) Classicismo

(2) irracionalismo ( ) Barroco

( ) Arcadismo

( ) Romantismo

( ) Realismo/Naturalismo

1-1-2-2-1.a)

1-2-1-2-1.b)

2-1-2-1-2.c)

2-2-1-1-2.d)

1-2-2-1-2.e)

(Elite) Leia as seguintes afirmações.10.

O romance realista apresenta fatos verossímeis de I. uma sociedade, com o objetivo de executar, a partir daí, uma interpretação crítica da mesma, da manei-ra mais imparcial possível.

Enquanto o romance naturalista apresenta as áreas II. miseráveis da sociedade, permeada de seres atípi-cos e anormais, o romance realista se fixa na classe

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média e alta burguesia utilizando os tipos sociais como personagens.

Na obra de Aluísio Azevedo, III. O Cortiço, é possível identificar a influência das teorias científicas da época como, por exemplo, o determinismo, o posi-tivismo e o darwinismo.

Quais estão corretas?

I.a)

I e II.b)

I e III.c)

II e III.d)

I, II e III.e)

(FCC-MG) Assinale a alternativa onde estão indicados 11. os textos que analisam corretamente alguns aspectos do romance realista.

As personagens independem do julgamento do I. narra dor, reagindo cada uma de acordo com sua própria vontade e temperamento.

A linguagem é poeticamente elaborada nos diálogos, II. mas procura alcançar um tom coloquial, com traços de oralidade, nas partes narrativas e descritivas.

Observa-se o predomínio da razão e da observação III. sobre o sentimento e a imaginação.

I, lI e III.a)

I e lI.b)

II e II.c)

I e III.d)

II.e)

(Elite) A Literatura de uma época é resultado de um 12. contexto social. Por esse motivo existem as diferentes correntes literárias. Afinal, os tempos mudam e com eles sua forma de pensar o mundo nos diversos campos da arte.

A partir da afirmação feita, disserte sobre o contexto histórico-social em que estavam inseridas a literatura realista e a naturalista e a influência do tempo nelas.

(PUC-Rio) “Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, 13. a porta do Ateneu. Coragem para a luta.

Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico, diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura a impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência

de um novo clima rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam.”

Raul Pompéia

O trecho acima é o início do romance O Ateneu, de Raul Pompéia. Considerando esta obra como um todo, constatamos nela uma perfeita correspondência entre a sociedade do Ateneu e a sociedade de fora dele, porque:

em ambas, os valores sociais, éticos e morais são a) irrepreensíveis.

a figura afável do diretor de escola equivale à do b) pai de família.

tanto na escola quanto na família a criança se sen-c) te “na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico”.

escola e sociedade completam eficazmente a edu-d) cação da criança e a preparam para a vida.

o internato é um pequeno mundo que reflete a so-e) ciedade e seus desequilíbrios.

(UERJ) No romance 14. O Cortiço, de Aluísio Azevedo, a sintonia com os ideais naturalistas é acentuada pela seguinte característica básica da história:

a personagem sobrepõe-se ao ambiente.a)

o coletivo sobrepõe-se ao individual.b)

o psicológico sobrepõe-se ao social.c)

o trabalho sobrepõe-se ao capital.d)

a força sobrepõe-se à razão.e)

(UFF) Assinale a alternativa correta sobre o romance 15. O Ateneu, de Raul Pompéia.

O romance se realiza pelo processo memorialista a) do narrador, permeado por uma profunda visão crí-tica.

Trata-se de uma crônica de saudades, em que o b) narrador revela, a cada instante, vontade de voltar.

O Ateneuc) representa uma apologia aos colégios internos como forma ideal para a formação do ado-lescente.

Apesar da tentativa de atingir um estilo realista, a d) obra mantém uma estrutura romântica aos moldes de José de Alencar.

Todas as personagens do romance buscam identifi-e) car-se com o diretor do Ateneu.

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“...uma preta velha, vergada por imenso tabuleiro de 16. madeira, sujo, seboso, cheio de sangue e coberto por urna nuvem de moscas, apregoava em tom arrastado e melancólico:” “Fígado, rins e coração”. Era uma ven-dedeira de fatos de boi. (...) os cães, estendidos pelas calçadas, tinham uivos que pareciam gemidos humanos, movimentos irascíveis, mordiam o ar, querendo morder os mosquitos.”

Nesse texto naturalista, Aluísio Azevedo enfatiza a:

patologia social;a)

brutalidade do quotidiano;b)

despreocupação ética;c)

força da hereditariedade;d)

ação do meio social.e)

(UFPR) “Marcas de lona suspensas em varais de ferro, 17. umas sobre as outras, encardidas com panos de cozinha, oscilavam à luz moribunda e macilenta das lanternas. Imagine-se o porão do navio mercante carregado de miséria. No intervalo das peças, na meia escuridão dos recôncavos moviam-se corpos seminus, indistintos. Respirava-se um odor nauseabundo de cárcere, um cheiro acre de suor humano diluído em urina e alcatrão. Negros, de boca aberta, roncavam profundamente, contorcendo-se na inconsciência do sono.”

Com relação a esse fragmento da obra Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha, é correto afirmar que apresenta a(s) seguinte(s) característica(s) naturalista(s):

tentativa de impessoalidade em relação à voz nar-I. rativa;

despreocupação com pormenores descritivos, o II. que torna o ritmo narrativo extremamente rápido.

subjetividade na descrição do espaço;III.

valorização de ambientes exóticos, objetivando a IV. recuperação estética das figuras marginalizadas socialmente;

preferência por espaços miseráveis e socialmente V. inferiores.

Está correta a sequência:

I, II e V.a)

I, IV e V.b)

II, III e IV.c)

I, II, III, IV. e V.d)

(PUC-Rio) Estão relacionadas a seguir características de 18. movimentos literários. Delas, apenas uma não se refere ao Naturalismo. Qual?

Busca da objetividade científica.a)

Idealização da natureza.b)

Determinismo biológico.c)

Tematização do psicológico.d)

Aplicação do método experimental. e)

(Mackenzie) Assinale a alternativa incorreta a respeito 19. de O Ateneu.

Devido a apresentar uma estrutura bastante ecléti-a) ca, não se trata de um roman ce que tem uma clas-sificação rigorosa como representante de uma ou outra tendência literária.

Tem um narrador em primeira pessoa, Sérgio, que b) relata fatos ocorridos com ele no passado.

A ação deste romance transcorre no ambiente fe-c) chado de um internato, onde convivem crianças, adolescentes, professores e empregados.

A maioria das personagens do romance é apre-d) sentada de uma forma caricatu ral, realçando seus aspectos negativos.

Em função de uma narrativa mais dinâmica, o autor e) abre mão da análise psico lógica de personagens.

(PUC) A mais terrível das instituições do Ateneu não era 20. a famosa justiça de arbitrio, não era ainda a cafua, asilo das trevas e do soluço, sanção das culpas enormes. Era o livro das notas.

Todas as manhãs, infalivelmente, perante o colégio em peso, congregado para o primeiro almoço, às oito horas, o diretor aparecia a uma porta, com solenidade tarda das aparições, e abria o memorial das partes.

Em O Ateneu, Raul Pompéia denuncia, como exemplifica o texto, a:

perversidade do sistema educacional.a)

relação perigosa entre adolescentes.b)

brutalidade física na educação.c)

vontade de poder do educador.d)

política interesseira da escola.e)

(UFRJ) “E naquela terra encharcada e fumegante, 21. naquela umidade quente e lodosa, começou a mi-nhocar, a esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, a multiplicar-se como larvas no esterco.”

O fragmento d’O Cortiço, romance de Aluísio Azevedo, apresenta uma característica fundamental do Naturalismo. Qual?

Uma compreensão psicológica do homem.a)

Uma compreensão biológica do mundo.b)

Uma concepção idealista do universo.c)

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Uma concepção religiosa da vida.d)

Uma visão sentimental da natureza.e)

(Elite) Sobre a obra 22. O Cortiço, de Aluísio Azevedo, são feitas as seguintes afirmações.

O autor denuncia a miséria e a degradação do pro-I. letariado urbano carioca.

Comprova, com as personagens Jerônimo e Pom-II. binha, que o ambiente em que se vive determina a conduta dos indivíduos.

Tem, na personagem Rita Baiana, a confirmação da III. seguinte tese determinista: o instinto é mais forte do que a razão.

Pode-se dizer que o protagonista do romance en-IV. contra-se na figura do português Miranda, homem de bom coração, que serve como contraponto ide-ológico do enredo.

Indique as afirmativas corretas.

I e II.a)

I, II e III.b)

I, III e IV.c)

III e IV.d)

I, II, III e IV.e)

Os romances 23. Dom Casmurro, de Machado de Assis, e O Ateneu, de Raul Pompéia, além de serem romances da fase realista possuem uma importante característica em comum, definidora dos enredos.

Que característica é essa?

(UFRJ)1.

O Padeiro (fragmento)

Rubem Braga

Tomo meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:

– Não é ninguém, é o padeiro!

Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo?

“Então você não é ninguém?”

Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater

a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era: e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: “Não é ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que não era ninguém...

Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo.

(In: BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 4. ed. Rio de Janeiro:

Editora do Autor, 1964. p. 44-45.)

Esaú e Jacó (fragmento)

Machado de Assis

– Que estranhos? Não vou viver com ninguém. Viverei com o Catete, o Largo do Machado, a Praia de Botafogo e a do Flamengo, não falo das pessoas que lá moram, mas das ruas, das casas, dos chafarizes e das lojas.

(In: Obra Completa. .

Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985. v. 1, p. 987.)

Vimos que Rubem Braga faz uso expressivo do indefinido ninguém. Diga com que sentido o mesmo termo é usado por Machado de Assis no texto acima, relacionando tal significado com um posicionamento marcante na obra do autor.

(Fuvest) A narração dos acontecimentos com que o leitor 2. se defronta no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, se faz em primeira pessoa, portanto, do ponto de vista da personagem Bentinho. Seria, pois, correto dizer que ela se apresenta:

fiel aos fatos e perfeitamente adequada à realida-a) de.

viciada pela perspectiva unilateral assumida pelo b) narrador.

perturbada pela interferência de Capitu que acaba c) por guiar o narrador.

isenta de quaisquer formas de interferência, pois d) visa à verdade.

indecisa entre o relato dos fatos e a impossibilidade e) de ordená-los.

(UFV-MG) Em se tratando de 3. Quincas Borba, romance de Machado de Assis, todas as alternativas abaixo estão corretas, exceto:

o Humanitismo, teoria filosófica de a) Quincas Borba, defende o princípio da li berdade de conservação.

a narrativa é lenta com abundância em detalhes.b)

as personagens são escrupulosas e despidas de c) egoísmo.

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a burguesia frívola da corte constitui a sociedade d) ficcional machadiana;

Rubião, personagem central, traz as marcas da fra-e) queza na luta pela sobrevivência.

(PUCPR) Capitu é uma das mais bem construídas 4. personagens da literatura brasileira. Quem a criou e em que obra?

Machado de Assis, a) Dom Casmurro.

Machado de Assis, b) Quincas Borba.

Raul Pompéia, c) O Ateneu.

Aluísio Azevedo, d) O Cortiço.

Machado de Assis, e) Memórias Póstumas de Brás Cubas.

(UFRJ)5.

Há seis ou sete dias que eu não ia ao Flamengo. 1. Agora à tarde lembrou-me lá passar antes de vir para casa. Fui a pé; achei aberta a porta do jardim, entrei e parei logo.

“Lá estão eles”, disse comigo.2.

Ao fundo, à entrada do saguão, dei com os dois 3. velhos sentados, olhando um para o outro. Aguiar estava encostado ao portal direito, com as mãos sobre os joelhos. D. Carmo, à esquerda, tinha os braços cruzados à cinta. Hesitei entre ir adiante ou desandar o caminho; continuei parado alguns se-gundos até que recuei pé ante pé. Ao transpor a porta para a rua, vi-lhes no rosto e na atitude uma expressão a que não acho nome certo ou claro: digo o que me pareceu. Queriam ser risonhos e mal se podiam consolar. Consolava-os a saudade de si mesmos.

(ASSIS, Machado de. Memorial de Aires. In: Obra Completa. Rio de

Janeiro: Aguilar, 1989.)

No texto, o narrador descreve o quadro formado pelo casal de velhos com:

impaciente ironia;a)

suavidade e melancolia;b)

desgosto e censura;c)

velado humorismo;d)

ceticismo e desesperança.e)

(UFRJ) Em “Consolava-os a saudade de si mesmos.” 6. (Machado de Assis, Memorial de Aires), o autor está empregando a linguagem:

denotativa;a)

coloquial;b)

conotativa;c)

paradoxal;d)

sinestésica.e)

(Fuvest) “Saímos à varanda, dali à chácara, e foi então 7. que notei uma circunstância. Eu gênia coxeava um pouco, tão pouco, que eu cheguei a perguntar-lhe se machu cara o pé. A mãe calou-se; a filha respondeu sem titubear:

– Não, Senhor, sou coxa de nascença.”

Trecho fundamental do romance, não só dá título a um capítulo, como serve para definir, com bastante nitidez, o caráter da personagem central.

De que obra se trata?

Dom Casmurroa) .

Esaú e Jacób) .

Quincas Borbac) .

Memórias Póstumas de Brás Cubasd) .

(UFRGS) Assinale a alternativa que preenche cor-8. retamente as lacunas do trecho abaixo. Os perfis femininos criados por Machado de Assis revelam, por exemplo, mulhe res preocupadas em ascender social-mente e em manter as aparências. Assim, hipócrita e dissimulada....................de....................assemelha-se à inescrupulosa.................. ávida pelo dinheiro de Rubião, em..........................

Conceição, Quincas Borba, Marcela, Uns Braços.a)

Marcela, A Cartomante, Flora, Dom Casmurro.b)

Virgilia, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Sofia, c) Quincas Borba.

Capitu, Memorial de Aires, Genoveva, Missa do d) Galo.

Sofia, Esaú e Jacó, Virgília, O Alienista.e)

(Mackenzie) Assinale a alternativa 9. incorreta a respeito de “A cartomante”, de Macha do de Assis.

Vilela e Camilo eram amigos de infância, sendo este a) funcionário público, e aque le, magistrado.

Quando da morte da mãe de Camilo, Vilela e Rita b) se mostram extremamente preocupados em ajudar o amigo.

O conto se inicia com Rita dizendo a Camilo que c) tinha consultado uma cartomante.

Um dia, próximo do meio-dia, Camilo recebe um d) bilhete de Vilela, dizendo que ele fosse à sua casa imediatamente.

Passando em frente à casa da cartomante, Camilo e) se mantém cético e não a visita.

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(Mackenzie) Sobre 10. Dom Casmurro é correto afirmar que:

a partir dos ciúmes de Sancha, Escobar deixa de a) frequentar a casa de Bentinho e Capitu.

Ezequiel, sem qualquer sombra de dúvida, apre-b) senta semelhança física com Escobar.

toda a narrativa é parcial, pois se desenvolve a par-c) tir da ótica do personagem-narrador, ou seja, Ben-tinho.

Capitu, devido a seus “olhos de ressaca”, deixa cla-d) ro o adultério cometido.

Dona Glória, mãe de Bentinho, devido aos conse-e) lhos de José Dias, não chega a mandar o filho ao seminário.

(UM-SP) Sobre o romance 11. Memórias Póstumas de Brás Cubas, não é correto afirmar que:

é uma obra inovadora do processo narrativo, que a) introduz o Realismo no Brasil.

é narrado por Brás Cubas, narrador-personagem, b) defunto-autor, capaz de alterar a sequência do tempo cronológico.

constitui um romance de crítica ao Romantismo, c) deixando entrever muita ironia em vários momentos da narrativa.

por ser um romance fortemente memorialista, aca-d) ba por conferir um caráter de crônica à obra.

revela crítica intensa aos valores da sociedade e ao e) próprio público leitor da época.

(UFRJ) Leia os fragmentos a seguir, selecionados de 12. Dom Casmurro, e assinale a associação correta.

“José Dias amava os superlativos. Era um modo de a) dar feição monumental às ideias.” – Machado de Assis elogia a retórica vazia comum a certas estra-tégias culturais de seu tempo.

“Tudo era matéria às curiosidades de Capitu” – tra-b) ços da personalidade da Capitu menina, segundo o narrador, não permanecem na Capitu adulta.

“Tudo isso vi e ouvi. Não, a imaginação de Ariosto c) não é mais fértil que a das crianças e dos namora-dos” – Dom Casmurro confessa ser imaginativo, mas isso não compromete a veracidade de sua narrativa.

“O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida d) e restaurar, na velhice, a adolescência.” – o narrador anuncia seu objetivo: recuperar a vida vivida, o que é feito com sucesso.

“Não é claro isto, mas nem tudo é claro na vida e e) nos livros.” – o narrador machadiano costuma dei-xar no texto pistas para o leitor atento.

(Elite) “Teve um pequeno legado no testamento, uma 13. apólice e quatro palavras de louvor. Copiou as palavras, encaixilhou-as e pendurou-as no quarto, por cima da cama. “Esta é a melhor apólice”, dizia ele muita vez. Com o tempo, adquiriu certa autoridade na família, certa audiência, ao menos; não abusava e sabia opinar obedecendo. Ao cabo, era amigo, não direi ótimo, mas nem tudo é ótimo neste mundo. E não lhe suponhas alma subalterna; as cortesias que fizesse vinham antes do cálculo que da índole. A roupa durava-lhe muito; ao contrário das pessoas que enxovalhavam depressa o vestido novo, ele trazia o velho escovado e liso, cerzido, abotoado, de uma elegância pobre e modesta.”

Esse trecho retirado do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, trata sobre qual personagem?

José Dias.a)

Tio Cosme.b)

Bento Santiago.c)

Escobar.d)

Ezequiel.e)

(UFRJ) O tema do ciúme foi abordado por Machado de 14. Assis em Dom Casmurro:

“CAPÍTULO CXXXV

Otelo

Jantei fora. De noite fui ao teatro. Representava-se justamente Otelo, que eu não vira nem lera nunca; sabia apenas o assunto, e estimei a coincidência. [...] O último ato mostrou-me que não eu, mas Capitu deveria morrer. Ouvi as súplicas de Desdêmona, as suas palavras amorosas e puras, e a fúria do mouro, e a morte que este lhe deu entre aplausos frenéticos do público.

– E era inocente, vinha eu dizendo rua abaixo; – que faria o público, se ela deveras fosse culpada, tão culpada como Capitu?” [...]

(ASSIS, Machado de. Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1982.)

No fragmento acima, observa-se uma característica recorrente nos romances machadianos, que é a:

crítica aos excessos sentimentais da personagem.a)

ausência de monólogos interiores.b)

preocupação com questões político-sociais.c)

abordagem de tema circunscrito à época realista.d)

análise do comportamento humano.e)

(Elite) Qual desses contos de Machado de Assis é 15. narrado em primeira pessoa?

“A cartomante.”a)

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“O espelho.”b)

“Um homem célebre.”c)

“O alienista.”d)

“Missa do galo.”e)

(Elite) Sobre o romance16. Dom Casmurro, de Machado de Assis, são feitas as seguintes afirmações.

Bento Santiago, faz uma autopsicanálise por meio I. de suas melancólicas reflexões, chegando a con-clusão de que, se pudesse começar toda sua vida novamente, a viveria da mesma maneira, pois não teria capacidade para modificar seus erros.

Como em II. O Ateneu o romance gira em torno de um ressentimento.

A ambiguidade de Capitu é motivada pela ambigui-III. dade psicológica de Bento.

Quais estão corretas?

I.a)

I e II.b)

II.c)

II e III.d)

I, II e III.e)

As questões 17 e 18 referem-se ao texto a seguir.

“Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas fal tas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci à morte de D. Plácida, nem à semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coi sas e outras, qualquer pessoa imaginaria que não houve mín gua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradei ra negativa deste capítulo de negativas: — Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.”

(Fuvest) Trata-se do trecho final de 17. Memórias Póstu mas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Levando isso em consideração, examine a expressão “ao chegar a este outro lado do mistério”. Com ela, o narrador:

refere-se ao mistério da semidemência de Quincas a) Borba, cuja causa nunca pôde compreender.

alude ao fato de não ter conseguido tornar-se b) minis tro, embora tivesse condições para tanto.

alude ao próprio passado, pois só agora percebe c) como a sua vida foi inútil e negativa.

refere-se ao mistério da morte, pelo qual ele já pas-d) sou.

refere-se ao mistério do casamento e da paternida-e) de, que ele não conheceu.

(Fuvest) O texto evidencia, com clareza, pelo menos uma 18. das características principais de Machado de Assis.

O pessimismo ingênuo dos escritores realistas e a) naturalistas do século XIX.

A linguagem rebuscada, de tal modo ambígua, que b) quase prejudica a compreensão do sentido.

Um pessimismo irônico, disfarçado sob a aparência c) de conformidade indiferente.

O gosto pela frase lapidar, carregada de expres-d) sões inusitadas.

A capacidade de sintetizar, em apenas um parágra-e) fo, todo o enredo do romance.

(USF-SP) Machado de Assis, na sua obra de ficção 19. narra tiva:

começou romântico e como tal se manteve na a) ideali zação com que descreve as personagens de suas obras.

condenou o Romantismo e introduziu no Brasil o b) Rea lismo, que só trocou pelo Naturalismo.

investigou com profundidade o homem universal, c) nas personagens cotidianas, indo além da crítica à socie dade.

centrou suas críticas na sociedade de sua época; d) por isso está hoje ultrapassado: o homem moderno não pode ver-se em suas personagens.

norteou-se pelos princípios do Naturalismo, e) ressaltan do sempre os fatores biológicos do com-portamento humano.

(UFRJ) “AMOR20.

A verdade é que devemos tudo aos amores infe-1. lizes, aos amores que não dão certo. A poesia se faz antes ou depois do amor, ninguém jamais fez um bom poema durante um amor feliz. Pois se o amor está tão bom, pra que interrompê-lo? O amor feliz não é assunto de poesia. Literatura é quando o amor ainda não veio ou quando já acabou, litera-tura durante é mentira. Ou ela é empolgação ou é remorso, revolta, saudade, tédio, divagação deses-perada - enfim, tudo que dá bom texto.

Desconfie de quem explica um estado de exaltação 2. criativa dizendo que está amando. Algo deve estar errado.

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– Você está amando, mas ela não está correspon-3. dendo, é isso?

– Não, não. Ela também me ama. É maravilhoso.4.

– É maravilhoso, mas você sabe que não pode du-5. rar, é isso? Seu poema é sobre a transitoriedade de todas as coisas, sobre o efêmero, sobre o fim inevitável da felicidade num mundo em que ...

– Não! É sobre a felicidade sem fim!6.

– Não pode ser.7.

– Mas é. Acabei o poema e vou fazer uma canção. 8. Depois, talvez, uma cantata. E estou pensando num romance. Tudo inspirado no nosso amor. Não pos-so parar de criar. Estou transbordando de amor e ideia. Crio dia e noite.

– E a mulher amada?9.

– Quem? Ah, ela. Bom, ela sabe que a atenção que 10. não lhe dou, dou ao nosso amor perfeito.

– Está explicado. Ele não canta a amada ou seu 11. amor. Está fascinado por ele mesmo, amando. E o poema certamente é ruim.

Porque o amor, para ser de verdade, tem de embur-12. recer. Só devem lhe ocorrer bobagens para dizer ou escrever durante um caso de amor. Ou é kitch, de mau gosto, piegas ou copiado, ou não é amor. Qualquer sinal de originalidade pode até ser sus-peito.

– Esses seus versos para mim ... Estão ótimos.13.

– Obrigado.14.

– Essas juras de amor, essas rimas, essa métrica ... 15. De onde você tirou tudo isso?

– Eu mesmo inventei. Pensando em você.16.

– Seu falso!17.

– O quê?18.

– Só deixando de pensar em mim por algumas ho-19. ras você faria uma coisa assim pensando em mim. Só tomando distância, escrevendo e reescrevendo, raciocinando e burilando, você faria isto. Um verso plagiado do Vinícius eu entenderia. Um verso ori-ginal, e bom desse jeito é traição. Só não sendo sincero você seria tão inteligente!

– Mas...20.

– Não fale mais comigo.21.

Pronto. O amor acabou, agora você pode ser criati-22. vo sem remorso. Você está infeliz, mas console-se. Pense em como isso melhorará o seu estilo.”

(VERISSIMO, Luis Fernando. O Estado de São Paulo, 25 jul. 1999.

Adaptado.)

“(...) – Só tomando distância, escrevendo e reescrevendo, raciocinando e burilando você faria isto.” (par.19) Essa fala revela uma concepção de texto literário compatível com a dos poetas:

românticos.a)

parnasianos.b)

simbolistas.c)

árcades.d)

barrocos.e)

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D1.

A2.

Realismo, Naturalismo3.

B4.

C5.

C6.

D7.

C8.

B9.

E10.

D11.

O Realismo e o Naturalismo surgem, na Europa, em 1857 12. e 1867, respectivamente. Nessa época temos uma gran-de efervescência de novas teorias científicas, surgidas na Europa, que influenciaram fortemente essas correntes literárias. O “Velho Mundo” vivia transformações econô-micas e sociais, França, Inglaterra, Alemanha e Estados

Unidos tornam-se as grandes potências econômicas do mundo, chega a era do capitalismo industrial.

Enquanto isso, no Brasil, que tinha como base a produção agrícola, vivia-se, não diferentemente, radicais modificações sociais. Dentre alguns fatos históricos importantes temos: a intensificação da campanha abolicionista; a Guerra do Paraguai (1864-1870); a decadência da Monarquia (D. Pedro II); a Lei Áurea e a Proclamação da República em 1889. Sendo esta última tematizada no livro Esaú e Jacó de Machado de Assis.

E13.

B14.

Toda a opressão sofrida pelos jovens de internato foi 15. revelada na obra O Ateneu, inclusive a troca de favores sexuais por parte dos mais novos para conseguirem a proteção dos mais velhos.

Para conseguir evidenciar a brutalidade do cotidiano a 16. cria cenas em que o aspecto grotesco prepondera.

B17.

B 18.

E19.

A20.

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B21.

B22.

A importante característica comum às duas obras referi-23. das é o Impressionismo. Tanto em Dom Casmurro como em O Ateneu a construção das impressões se dão por narradores -personagens que, amargurados e ressenti-dos, analisam o seu passado de maneira pessimista.

No texto de Machado de Assis, o pronome é usado 1. com o sentido de ‘pessoa alguma’/‘pessoa nenhuma’. Ao preferir a paisagem física da cidade aos seus seme-lhantes, o autor revela seu ceticismo em relação ao ser humano, um traço marcante na sua obra.

B2.

C3.

A4.

B5.

C6.

D7.

C8.

E9.

C10.

D11.

E12.

A13.

E14.

E15.

D16.

D17.

D18.

C19.

B20.

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