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LITERATURA - RESUMO ENEM

PERODO COLONIAL:

1 Literatura informativa,2Barroco3Arcadismo:

1 Literatura Informativa: Trs obras de destaque:Primeira: A Carta de Achamento, ou do Descobrimento: Escrita por Pero Vaz de Caminha, nela possvel perceber o interesse inicial dos europeus: o lucro, bem material, em seguida, j em Pindorama, o interesse espiritual, implcito nas ltimas frases do autor: A terra toda plana, nela dar-se- tudo por bem das guas que tem, mas o melhor fruto que nela se poder achar ser salvar essa gente! Esse discurso deixa transparecer o olhar do colonizador sobre o indgena, ou seja, era importante, docilizar, impor a f catlica, o que tornaria muito mais fcil a explorao, plano exitoso porque, diante da ingenuidade do indgena, o portugus, a partir da catequizao, obteve o escravo de quem precisava para a explorao do paul brasil (filme A misso): preciso relacionar tudo isso realidade do indgena hoje, sua identidade, seu papel na cultura brasileira, e quanto ao seu espao garantido por Lei.Segunda: A Literatura catequtica: Carter descritivo, pois era uma forma de manter o rei de Portugal informado sobre a converso do indgena, alm disso, foi desenvolvido o teatro catequtico, meio muito mais prtico de ensinagem, ou seja, de impor a f, a cultura, a lngua do explorador.Terceira: Hans Staden, Meu cativeiro entre os selvagens (filme documentrio), uma mostra do relacionamento entre o povo nativo e o explorador.

2 BARROCOLiteratura que retoma valores humanista: o homem ps teocentrismo, voltado para si e seus objetivos materiais.Gregrio de Matos, autor de poesias sacras, lricas e satricas, conhecido por Boca do Inferno, expe as fraquezas humanas absorvidas pelo antropocentrismo.A literatura barroca mostra um homem em conflito entre o sagrado e o profano, a matria e o esprito, por isso, a linguagem do exagero (hiprboles), da contradio (antteses), recurso potico que d o eu-lrico a expresso desejada atravs do cultismo (jogo de palavras). Gregrio de Matos faz uso da obra para criticar, denunciar os valores da poca, Brasil e Bahia de 1600. Logo, ele faz crticas aos costumes, poltica, corrupo (portanto esta no um mal recente!)Padre Antonio Vieira usa a linguagem do Conceptismo, jogo de ideias, ou seja, ele faz o ouvinte, ou interlocutor, atravs de seus sermes, deduzir o resultado a partir do processar o pensamento atravs do raciocnio lgico, por exemplo: Todos os homens so mortais, eu sou homem, logo ... eu sou mortal! Como na obra Sermo de Santo Antonio aos Peixes:() A primeira coisa que me desedifica, peixes, de vs, que vos comeis uns aos outros. Grande escndalo este, mas a circunstncia o faz ainda maior. No s vos comeis uns aos outros, seno que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrrio, era menos mal. Se os pequenos comessem os grandes, bastaria um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, no bastam cem pequenos, nem mil, para um s grande. ()

3ARCADISMOO Arcadismo ou Neoclassicismo retoma os valores clssicos gregos e romanos que esto relacionados forma esttica, ou a busca do belo na arte. Caracteriza-se por contrariar os valores da literatura barroca proporcionando uma temtica mais voltada para a busca da simplicidade, portanto tem uma abordagem sobre o Bucolismo, a vida campestre.Os autores, em boa parte, estavam ligados ao movimento Inconfidncia Mineira: Cludio Manoel da Costa e Toms Antonio Gonzaga, por sua condio, contrariavam o poder constitudo, faziam uso de pseudnimos: apelidos, meio de desviar uma possvel identificao de autoria dos textos crticos.Ambos foram presos acusados de conspiradores, Cladio Manoel foi morto na priso, e Toms Antonio Gonzaga condenado ao exlio.Grande parte dos autores da poca faziam seus estudos fora do Brasil, o que lhes proporcionava uma convivncia com os movimentos libertrios do mundo que clamava por liberdade: O Iluminismo, A Independncia dos Estados Unidos e a Revoluo Francesa, evidentemente que isso exerceu forte presso para que, no Brasil, lutassem para que tambm aqui fossem fomentados os mesmos ideias: liberdade, igualdade, fraternidade. O problema que o grupo, juntamente com Tiradentes, foi descoberto, e tiveram sua literatura interrompida, assim como os seus ideais sociais.Cludio Manoel da Costa escreveu sonetos ficando conhecido como o maior sonetista brasileiro, e Toms Antonio Gonzaga escreveu a obra lrica Marlia de Dirceu, este nome era um apelido usado por ele, e sua obra foi uma homenagem prestada a sua amada, a quem abandonou devido ao encarceramento. Tambm escreveu crtica poltica Cartas Chilenas que na verdade, eram crticas corrupo no Estado.

Soneto de Cludio Manoel da Costa

Onde estou

Onde estou? Este stio desconheo:Quem fez to diferente aquele prado?Tudo outra natureza tem tomado;E em contempl-lo tmido esmoreo

Uma fonte aqui houve; eu no esqueoDe estar a ela reclinado:Ali em vale um monte est mudado:Quanto pode dos anos o progresso!

rvores aqui vi to florescentes,Que faziam perptua a primavera:Nem troncos vejo agora decadentes.

Eu me engano: a regio esta no era:Mas que venho estranhar, se esto presentesMeus males, com que tudo degenera.

H ainda os autores: Baslio da Gama, com O Uraguai (narra a relao entre indgenas,jesutas portugueses e espanhis quanto catequizao e explorao dos indgenas nas misses: Sete Povos das Misses, localizado no sul do Brasil. H um fragmento romntico A morte de Lindia conhecido pelo amor frustrado, pois Lindia rejeita o casamento imposto pela tribo, e a partir para um lamento na mata, picada por uma cobra, ainda que irmo tente salv-la!E Frei Jos de Santa Rita Duro com Caramuru: Obra que relata a chegada de Diogo lvares Correia ao Brasil quando entra em contato com indgenas e antes de ser detido por eles, a sua arma dispara, o que para os indgenas visto como um poder e ento o nomeiam de Caramuru, o deus do Trovo. Diogo passa a conviver com eles e se apaixona por Paraguassu, mas uma outra indgena se apaixona por ele, romance narrado no fragmento A morte de Moema, quando esta morre na tentativa de alcanar Diogo que parte com Paraguassu ao retornar ao seu pas.

Fim da Literatura do perodo colonial.Resumo da Professora Maria Lcia Carneiro.

LITERATURA NACIONAL1Romantismo2 Realismo3 Naturalismo4 Parnasianismo5 Simbolismo1 ROMANTISMOA conquista da independncia ala no brasileiro o desejo de criar um smbolo que represente a nao, logo, o indgena aquele que ocupar este espao. Jos de Alencar lana Iracema e O Guarani, romances em que os protagonistas representam o herosmo e a idealizao do amor, numa exaltao nacionalista devidamente descrita quando pormenoriza detalhes fsicos usando de comparaes, e das aes dos personagens, ambientados nas tribos nativas.Evidentemente que a fico se distancia da realidade quando trata das questes subjetivamente, sem compromisso em deixar predominar a realidade.Alencar tambm escreve Senhora, obra em que explora a burguesia da poca, evidentemente sem deixar de tematizar o romance que resgata, redime o homem de seus erros e pecados, tornando possvel a ele, a redeno a partir do amor.

Na poesia, temos trs fases.Primeira: Nacionalista: Gonalves Dias: Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabi ... obra que inspirou tambm o Hino Nacional Brasileiro. Caracteriza-se pela exaltao exagerada da ptria e dos valores relacionados ao que a compe: a terra, a mata, a abundncia de gua etc.Gonalves Dias escreve Juca Pirama, smbolo da bravura do indgena atravs do jovem que diante da recusa de ser morto pelo inimigo,ao regressar para casa, o pai velho e doente o amaldioa por considera-lo covarde, o que faz com que ele retorne e lute se tornando heri, numa demonstrao da idealizao do indgena romntico.Tu choraste em presena da morte?Na presena de estranhos choraste?No descende o cobarde do forte;Pois choraste, meu filho no s!Possas tu, descendente malditoDe uma tribo de nobres guerreiros,Implorando cruis forasteiros,Seres presa de vis Aimors. (...)

S maldito, e sozinho na terra;Pois que a tanta vileza chegaste,Que em presena da morte choraste,Tu, cobarde, meu filho no s.

Segunda: Ultrarromntica, tambm conhecida como Mal do Sculo ou Byroniana, por Lord Byron, autor ingls romntico.Essa fase traz lvares de Azevedo que explora a temtica pessimista, o desnimo, a angstia de viver em um mundo de possibilidades sem nele estar inserido.Se eu morresse amanh, viria ao menosFechar meus olhos minha triste irm;Minha me de saudades morreriaSe eu morresse amanh!

Quanta glria pressinto em meu futuro!Que aurora de porvir e que amanh!Eu perdera chorando essas coroasSe eu morresse amanh!

Que sol! que cu azul! que doce n'alvaAcorda a natureza mais lou!No me batera tanto amor no peitoSe eu morresse amanh!

Mas essa dor da vida que devoraA nsia de glria, o doloroso af...A dor no peito emudecera ao menosSe eu morresse amanh!

Terceira fase: Social ou Condoreira, este nome por lembrar o Condor, ave de altos voos.Castro Alves escreve Navio Negreiro e Vozes D frica em que denuncia a escravido.Auriverde pendo de minha terra,Que a brisa do Brasil beija e balana, (...)Obra que implicitamente denuncia o nacionalismo exagerado de Gonalves Dias na primeira fase.Alm disso, Castro Alves tambm explora o amor realista, em contraposio ao amor romntico. Teresa a mulher carnal, a qual traiu o amado, que ao retornar, encontra a amada nos braos de outro!O "Adeus" de Teresa

A vez primeira que eu fitei Teresa,Como as plantas que arrasta a correnteza,A valsa nos levou nos giros seusE amamos juntos E depois na sala"Adeus" eu disse-lhe a tremer co'a falaE ela, corando, murmurou-me: "adeus."Uma noite entreabriu-se um reposteiro. . .E da alcova saa um cavaleiroInda beijando uma mulher sem vusEra eu Era a plida Teresa!"Adeus" lhe disse conservando-a presa

E ela entre beijos murmurou-me: "adeus!"

Passaram tempos sec'los de delrioPrazeres divinais gozos do Empreo... Mas um dia volvi aos lares meus.Partindo eu disse - "Voltarei! descansa!. . . "Ela, chorando mais que uma criana,

Ela em soluos murmurou-me: "adeus!"

Quando voltei era o palcio em festa!E a voz d'Ela e de um homem l na orquestraPreenchiam de amor o azul dos cus.Entrei! Ela me olhou branca surpresa!Foi a ltima vez que eu vi Teresa!

E ela arquejando murmurou-me: "adeus!"Joaquim Manoel de Macedo aconselha a mulher a no ser to romntica no poema:Mulher, Irm, escuta-me: no ames,Quando a teus ps um homem terno e curvojurar amor; chorar pranto de sangue,No creias, no, mulher: ele te engana!as lgrimas so gotas de mentiraE o juramento manto da perfdia.REALISMO/1881Contexto histrico europeu: Revoluo Industrial; correntes filosficas: Evolucionismo, determinismo, positivismo.Brasil: Abolio da escravatura (1888); Proclamao da Repblica (1889).

Caractersticas: Eliminao da idealizao romntica, busca da objetividade, atualidade, anlise explicativa, predomnio da prosa.

Machado de Assis inicia o romance psicolgico (sondagem da alma humana);Enredo no linear (tempo psicolgico, flash back); uso da ambiguidade (o talvez constante); explora a misria moral estimulada pelo fim em detrimento dos meios para se alcanar objetivos, momento em que o homem deixa transparecer a hipocrisia, o adultrio, a traio, as injustias, as ambies e a compensao psicolgica, forma de aliviar a conscincia). O autor apresenta intertextualidade, ou seja, para a compreenso de suas obras, faz-se necessrio a leitura de outras. Como a Bblia, em Esa e Jac, e Otelo, de Shakespeare, presente em Dom Casmurro.ESA E JACPublicado em 1904, Esa e Jac o penltimo romance de Machado. O livro conta a histria de Pedro e Paulo, filhos gmeos de Natividade e Agostinho Santos. A vida dos gmeos pauta-se pela rivalidade entre eles que, j brigando desde o ventre materno, continuaram a se desentender pela vida afora, a propsito de tudo, crescem iguais, mas como duas vidas incompatveis.As duas irms, Natividade e Perptua, senhoras de certa idade, sobem a ladeira do Livramento, no Rio de Janeiro, para consultar a cabocla adivinha Brbara. Tira os retratinhos dos filhos da bolsa, d-os adivinha, perguntando-lhe: Sero felizes?-Brigaram quando no ventre. Sero felizes e gloriosos.Descem a ladeira. Ao cegarem ao p do morro um irmo das almas pede-lhes uma esmola. Natividade lhe d dois mil ris. Nunca vira esmola tamanha, enquanto uma rica carruagem apanha as duas damas.O esmoler, ao chegar igreja, entrega o que recolheu, menos a nota, porque ele tambm alma.Ao entrar no Catete, Natividade recorda a missa que seu marido mandou rezar por um parente pobre. Foi uma missa de carro coup numa igrejinha onde tudo pobre. S eles eram ricos.E como est sendo a gestao? Santos para de danar. O motivo a gravidez da mulher. Natividade e Santos so colunveis, das altas rodas. Cessam tudo. Esperam apenas a vinda do filho.No dia 7 de abril de 1870 veio luz um par de gmeos.A me, l dentro de si cobia brilhante destino para o s dois. E que tal consultar uma sortista? Donde, a subida a sortista do Livramento. No catete, o coup e uma vitriase cruzam e param. Santos que quer saber o que a adivinha dissera. Incomoda-o a briga uterina dos filhos. Apesar de jurar que nada diria, vai procurar o doutor esprita Plcido, juntamente com Aires. O conselheiro Aires se retira e Santos narra os fatos nos pormenores.Plcido lhe diz que o apstolo Pedro brigou com Paulo e vice-versa e que nem por isso deixaram de ser grandes. Santos se retira deslumbrado e vai narrar tudo mulher. Os gmeos crescem: sete anos, nove anos, como as demais crianas.Natividade completa 40 anos. Ningum parece se lembrar. De repente Santos l no jornal a grande notcia: agraciado com o ttulo de Baro. Ela a baronesa de Santos.Tanto cresceram as opinies de Pedro e Paulo que um dia compraram um quadro de Luiz XV e outro de Rosbepierre. motivo para chacotas e brigas violentas a ponto de se rasgarem mutuamente as gravuras.(Aqui, Machado de Assis, faz longas referencias ao Conselheiro Aires, personagem principal do seu MEMORIAL DE AIRES).Paulo est agora na Faculdade de Direito em So Paulo e Pedro na Faculdade de Medicina do Rio. Chega o dia 13 de maio de 88, abolio da escravatura. Para Pedro um ato de justia e para Paulo, o incio de uma revoluo: necessrio agora emancipar os brancos.Natividade fica apreensiva com as afirmaes do filho, que para ela, so contra o Imperador e se enche demedo. Vai consultar o Conselheiro Aires que a tranquiliza, experiente que em poltica. Entre Pedro e Paulo as rivalidades crescem. O dia 15 de novembro de 1889: a revoluo! O imperador deposto. Custdio, o dono da padaria, cuja tabuleta dizia Imprio pede socorro ao Conselheiro: Que que mando escrever agora? Imprio? Repblica? Governo? Agora voltemos atrs. O esmoler do inicio, que recebera uma nota de dois mil reis, some do Rio e volta rico. Flora tem alucinaes. Ouve as vozes dos gmeos ao mesmo tempo. Os dois irmos se digladiam e mesmo chegam a se odiarem por Flora. Flora adoece. Falece.Paulo bota banca de advogado enquanto Pedro, consultrio mdico. Morre Natividade. Antes de expirar coloca um dos filhos de cada lado do leito, pede que se deem as mos e faz que jurem serem amigos. So, at certo tempo. Depois a averso se faz mais acentuada. Todos notam. Um deputado pergunta ao Aires: Quem sabe se no ser a herana da me que os mudou? Aires sabe que no , pois so assim desde o tero, mas prefere aceitar a hiptese para evitar debates.

NATURALISMO, 1882:Caractersticas:Realismo exacerbado;Homem: ser biolgico, produto do meio (Determinismo, Evolucionismo).Apresenta o lado patolgico do indivduo e da sociedade;Deixa transparecer a necessidade de reforma social; o determinismo nas relaes entre o homem e o ambiente, onde o homem produto do meio; hereditariedade.Autor: Alusio Azevedo-Obra: O Cortio O Mulato Casa de PensoAutor: Raul Pompia: O AteneuAdolfo Caminha: A Normalista, O bom crioulo.Reflexo: Ser o homem um produto do meio? Ou ele tem escolha?

NATURALISMO O CORTICO Alusio Azevedo

Uma transformao, lenta e profunda operava-se, dia a dia, hora a hora, reviscerando-lhe o corpo e alterando-lhe os sentidos, num trabalho misterioso e surdo de crislida. A sua energia afrouxava lentamente: fazia-se contemplativo e amoroso. A vida americana e a natureza do Brasil patenteavam-lhe agora aspectos imprevistos e sedutores que o comoviam; esquecia-se dos seus primitivos sonhos de ambio, para idealizar felicidades novas, picantes e violentas; tornava-se liberal, imprevidente e franco, mais amigo de gastar que de guardar; adquiria desejos, tomava gosto aos prazeres, e volvia-se preguioso resignando-se, vencido, as imposies do sol e do calor, muralha de fogo com que o esprito eternamente revoltado do ltimo tambor entrincheirou a ptria contra os conquistadores aventureiros.E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos os seus hbitos singelos de aldeo-portugus: e Jernimo abrasileirou-se. A sua casa perdeu aquele ar sombrio e concentrado que a entristecia; j apareciam por l alguns companheiros de estalagem, para dar dois dedos de palestra nas horas de descanso, e aos domingos reunia-se gente para o jantar. A revoluo afinal completa: a aguardente de cana substituiu o vinho; a farinha de mandioca sucede a broa; a carne-seca e o feijo-preto ao bacalhau com batatas e cebolas cozidas; a pimenta-malagueta e a pimenta-de-cheiro invadiram vitoriosamente sua mesa (...).E o curioso que quanto mais ia ele caindo nos usos e costumes brasileiros, tanto mais os seus sentidos se apuravam. Tinha agora o ouvido menos grosseiro para a msica, compreendia at as intenes poticas dos sertanejos, quando cantam a viola os seus amores infelizes. (...)Ao passo que com a mulher, a Sora Piedade de Jesus, o caso mudava muito de figura. Essa, feita de um s bloco, compacta, inteiria e tapada, recebia a influencia do meio s por fora, na maneira de viver, conservando-se inaltervel quanto ao moral, sem conseguir, a semelhana do esposo, afinar a sua alma pela alma da nova ptria que adotaram. Cedia passivamente aos hbitos de existncia, mas no intimo continuava a ser a mesma colona saudosa e desconsolada, to fiel as suas tradies como a seu marido. Agora estava at mais triste; triste porque Jernimo fazia-se outro; triste porque no passa um dia que lhe no notasse uma nova transformao; triste, porque chegava a estranha-lo, a desconhec-lo, afigurando-lhe at que cometia um adultrio, quando a noite acordava assustada ao lado daquele homem que se lavava todos os dias, aquele homem que aos domingos punha perfumes na barba e nos cabelos e tinha a boca cheirando a fumo. (...)

PARNASIANISMO (1882)Caractersticas:perfeio da forma: arte pela arte (mtrica, rima, ritmo);Importa a forma esttica perfeita, no o contedo;objetividade;poesia descritiva;universalismo (amor, vida, no envolvimento com assuntos sociais, abordagem a deuses da mitologia Greco-romana;arte pela arte;riqueza vocabular;preferncia pelo soneto (forma clssica);inverso (ordem indireta) (Hino Nacional Brasileiro).Autores: Trade Parnasiana: Olavo Bilac, Alberto Oliveira, Raimundo Correia.

PARNASIANISMO OLAVO BILAC

O poema que segue, de Olavo Bilac, representa uma espcie de plataforma do Parnasianismo no Brasil. Nele pode ser observado o projeto esttico de seu autor e dos parnasianos em geral.

PROFISSAO DE F (fragmentos)Invejo o ourives quando escrevo:Imito o amorCom que ele, em ouro, o alto-relevoFaz de uma flor.

Imito-o e, pois nem de CarraraA pedra firo:O alvo cristal, a pedra raraO nix prefiro.Por isso, corre a servir-me,Sobre o papelA pena, como em prata firmeCorre o cinzel.(...)

Quero a estrofe cristalina,Dobrada ao jeitoDo ourives, saia da oficinaSem um defeito (...)

Ouvir Estrelas

Ora ( direis ) ouvir estrelas!Certo, perdeste o senso!E eu vos direi, no entantoQue, para ouvi-las,muitas vezes despertoE abro as janelas, plido de espanto

E conversamos toda a noite,enquanto a Via-Lctea, como um plio aberto,Cintila.E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,Inda as procuro pelo cu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!Que conversas com elas?Que sentido tem o que dizem,quando esto contigo? "

E eu vos direi:"Amai para entend-las!Pois s quem ama pode ter ouvidoCapaz de ouvir e e de entender estrelas

As pombasVai-se a primeira pomba despertada...Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenasDe pombas vo-se dos pombais, apenasRaia sangunea e fresca a madrugada...

E tarde, quando a rgida nortadaSopra, aos pombais de novo elas, serenas,Ruflando as asas, sacudindo as penas,Voltam todas em bando e em revoada...

Tambm dos coraes onde abotoam,Os sonhos, um por um, cleres voam,Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescncia as asas soltam,Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,E eles aos coraes no voltam mais...Raimundo Correia

Mal SecretoSe a clera que espuma, a dor que moraNalma, e destri cada iluso que nasce,Tudo o que punge, tudo o que devoraO corao, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o esprito que choraVer atravs da mscara da face,Quanta gente, talvez, que inveja agoraNos causa, ento piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigoGuarda um atroz, recndito inimigo,Como invisvel chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,Cuja a ventura nica consisteEm parecer aos outros venturosa!Raimundo Correia

SIMBOLISMO (1893)Caractersticas: musicalidade (poesia msica);

religiosidade (citao de termos dos rituais religiosos);

temas subjetivos: morte, sonhos, destino, Deus, alma, mundo interior;linguagem simblica (aliteraes, sinestesias).Autor: Alphonsus de Guimares (apelido: O solitrio de Mariana): Obras: Ismlia, a Catedral.Autor: Cruz e Souza (apelido: O cisne negro)Obra: Missal e Broquis.

O Simbolismo no Paran:Curitiba foi escolhida na poca como a capital do Simbolismo devido ao clima propcio, pois no inverno, a cidade apresentava baixssima temperatura, cuja neblina estimulava a produo potica. Foi criado aqui o Centro Neopitagrico, espao cujo objetivo era o fazer potico.(Emiliano Perneta foi coroado, num evento realizado no Passeio Pblico, o prncipe dos poetas paranaenses, junto a ele, Dario Veloso e Silveira Neto formavam a trade do Simbolismo Paranaense.).

SIMBOLISMO CRUZ E SOUZAANTIFONA

Formas alvas, brancas, Formas clarasDe luares, de neves, de neblinas!...O Formas vagas, fluidas, cristalinas...Incensos dos turbulos das aras...(...)

Indefinveis msicas supremas,Harmonias da Cor e do Perfume...Horas do Ocaso, tremulas, extremas,Rquiem do sol que a dor da Luz resume...

Vises, salmos e cnticos serenos,Surdinas de rgos flbeis, soluantes...Dormncias de volupicos venenosSutis e suaves, mrbidos, radiantes

Infinitos espritos dispersos,Inefveis, ednicos, areos,Fecundai o Mistrio destes versosCom a chama ideal de todos os mistrios. (...)Cruz e Souza

Crcere das almasAh! Toda alma num crcere anda presa,Soluando nas trevas, entre gradesDo calabouo, olhando imensidades,Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandezaQuando a alma entre grilhes as liberdadesSonha e sonhando, as imortalidadesRasga no etreo Espao da Pureza.

almas presas, mudas e fechadas,Nas prises colossais e abandonadas,Da dor do calabouo, atroz, funreo!

Nesses silncios solitrios, graves,Que chaveiro do Cu possui as chavesPara abrir-vos as portas do Mistrio?!Cruz e Souza

AO CAIR DA TARDEAgora nada mais. Tudo silncio. Tudo.Esses claros jardins com flores de giesta,Esse parque real, esse palcio em festa,Dormindo sombra de um silncio surdo e mudo

Nem rosas, nem luar, nem damas No me iludo,A mocidade a vem, que ruge e que protesta,Invasora brutal. E a ns que mais nos resta,Seno ceder-lhe a espada e o manto de veludo?

Sim, que nos resta mais? J no fulge e no ardeO sol! E no covil negro desse abandono,Eu sinto o corao tremer como um covarde!

Para que mais viver, folhas tristes de outono?Cerra-me os olhos, pois, Senhor. muito tarde.So horas de dormir o derradeiro sono.Emiliano Perneta

VENCIDOSNs ficaremos, como os menestris da rua,Uns infames reais, mendigos por incria,Agoureiros da Treva, adivinhos da Lua,Desferindo ao luar cantigas de penria?

Nossa cantiga ir conduzir-nos tuaMaldio, Roland? ... E, mortos pela injria,Mortos, bem mortos, e, mudos, a fronte nua,Dormiremos ouvindo uma estranha lamria?

Seja. Os grandes um dia ho de cair de bruo ....Ho de os grandes rolar dos palcios infetos!E gloria fome dos vermes concupiscentes!

Embora, ns tambm, ns, num rouco soluo,Corda a corda, o violo dos nervos inquietosPartamos! inquietando as estrelas dormentes!Emiliano Perneta

Modernismo e Literatura Contempornea1, 2 3 fase!

PrimeiraRuptura com o passado em relao esttica e ao contedo.O Modernismo uma mudana nas artes de forma geral: da palavra, Literatura, da msica, da pintura, da escultura...Quanto esttica, pretendeu-se maior liberdade formal, ou seja, o abandono da mtrica clssica que limitao, segundo os modernistas, a produo potica.Quanto ao contedo, no havia na literatura anterior os tipos e esteretipos brasileiros com seus falares especficos no discurso direto, alm da temtica relacionada ao folclore e s caractersticas regionais. Mrio de Andrade cria o mito Macunama para representar a composio do povo brasileiro: indgena, negro e europeu imigrante! Relacionando atualidade, percebemos a dificuldade do brasileiro quanto compreenso da diversidade do povo e de seu sincretismo religioso! Oswald de Andrade, na poesia rompe com a formalidade da norma que impunha a correo gramatical, alm de criticar ironicamente a relao de superioridade do explorador/colonizador em relao ao explorado: escravos indgenas e povos africanos.erro de portugus (minsculo mesmo para destruir!)

Quando o portugus chegouDebaixo duma bruta chuvaVestiu o ndioQue pena! Fosse uma manh de solO ndio tinha despidoO portugus.

Segunda fasePerodo de Construo, posto que o comportamento modernismo, ainda que rejeitado pelos parnasianos e por todos os que defendiam o clssico no incio, agora passa para um momento de afirmao.Surge a temtica regionalista que deixa transparecer a dificuldade de adaptao do homem moderno metrpole em relao segurana que o mundo rural lhe oferecia. Graciliano Ramos apresenta os dois momentos: Em So Bernardo, ele expe atravs do protagonista Coronel Honrio, todo o contexto da Repblica Velha em transio para o Estado Novo de Getlio Vargas. A esposa de Paulo Honrio, ainda que professora, no se adapta s imposies do marido que a subestima e explora os empregados, o que perceptvel ao leitor principalmente quando diante da morte de um empregado, o coronel corta o uso de aguardente quando deveria promover a segurana do trabalhador providenciando equipamentos de proteo, o que na atualidade, uma exigncia da Lei e vistoriada nas empresas pelo CIPA. Graciliano, na obra Angstia expe as mazelas do homem que conquistou a metrpole e toda a corrupo que advm do desejo de visibilidade social.O regionalismo bastante explorado quando expe a condio do homem produto da seca atravs das obras de Raquel de Queirs em O Quinze, quando uma criana sem ter o que comer, se alimenta de mandioca envenenada e falece, deixando fico e realidade do leitor um questionamento sobre a soberba x pobreza e misria humanas. Em Os Ratos, Dyonlio Machado expe a explorao do trabalhador cujo trabalho o aliena. Jorge Amado, em Terras do Sem Fim permite uma reflexo sobre a atualidade quando deixa clara a origem da conquista dos grandes latifndios, luta de poder onde o mais forte se estabelece e se pe acima da Lei.Na poesia, Vincius de Morais se engaja na denncia da explorao do trabalhador, perceptvel no poema Construo, alm disso, alerta a humanidade sobre o perigo da guerra, em Rosa de Hiroshima.

Terceira fasePerodo de aceitao, quando, a partir do reconhecimento dos valores modernistas h o ecletismo, ou seja, possvel unir os ideais clssicos aos contedos que dizem respeito realidade brasileira e aos anseios do povo.Surge Joo Guimares Rosa, cuja obra, Sagarana, livro de contos, explora o regionalismo, alm de abordar o folclore brasileiro. Em Grande Serto Veredas, alm das lutas dos coronis pela posse de terra e status, tambm fica visvel aexplorao daqueles que sem trabalho, viam na jagunagem o status que procuravam.Surge ainda, Joo Cabral de Melo Neto exigindo um olhar sobre o povo nordestino em Morte e Vida Severina, poema em que o eu-lrico, num dilogo com Mestre Carpina, numdiscurso anlogo ao proposto por Shakespeare em Hamlet, pergunta ao amigo:

Seu Jos, mestre carpina,e que interesse, me diga,h nessa vida a retalhoque cada dia adquirida?espera poder um diacompr-la em grandes partidas? Severino, retirante,no sei bem o que lhe diga:no que espere comprarem grosso tais partidas,mas o que compro a retalho, de qualquer forma, vida. Seu Jos, mestre carpina,que diferena fariase em vez de continuartomasse a melhor sada:a de saltar, numa noite,fora da ponte e da vida?Ao que responde Mestre Carpina, aps o nascimento do prprio filho: Severino retirante,deixe agora que lhe diga:eu no sei bem a respostada pergunta que fazia,se no vale mais saltarfora da ponte e da vida;nem conheo essa resposta,se quer mesmo que lhe diga; difcil defender,s com palavras, a vida,ainda mais quando ela esta que v, severina;mas se responder no pude pergunta que fazia,ela, a vida, a respondeucom sua presena viva.E no h melhor respostaque o espetculo da vida:v-la desfiar seu fio,que tambm se chama vida,ver a fbrica que ela mesma,teimosamente, se fabrica,v-la brotar como h poucoem nova vida explodida;mesmo quando assim pequenaa exploso, como a ocorrida;mesmo quando uma explosocomo a de h pouco, franzina;mesmo quando a explosode uma vida severina.

O TEATRO BRASILEIROGrandes nomes se destacam no teatro brasileiro:Ariano Suassuna retoma Gil Vicente, dramaturgo humanista, em Auto da Compadecido, obra que critica a hipocrisia social, poltica e religiosa.Dias Gomes explora o sincretismo religioso em O pagador de promessas.E tantos outros: Gianfrancesco Guarnieri, Chico Buarque, Oduvaldo Viana Filho...Literatura contemporneaProsadores e poetas contemporneos.Uma gama ampla de escritores:Rubem Braga, Lus Fernando Verssimo, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, Lygia Fagundes Telles, Carlos Heitor Cony, Moacir Scliar; em Curitiba, Dalton Trevisan, Valncio Xavier, Roberto Gomes, Domingos Pelegrini...

NOTA: A literatura modernista est diretamente ligada aos movimentos populares contra a Ditadura imposta ao pas, assim como a contempornea denuncia aluta do povo pelo fortalecimento da democracia conquistada atravs da preservao daliberdade de expresso, e na atualidade, pela conquista e destaque das mulheresna poltica, e da proteo aos direitos humanos.Resumo da Professora Maria Lcia.