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PRÉ-VESTIBULAR LIVRO DO PROFESSOR LITERATURA Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br

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PRÉ-VESTIBULARLIVRO DO PROFESSOR

LITERATURA

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© 2006-2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

Produção Projeto e Desenvolvimento Pedagógico

Disciplinas Autores

Língua Portuguesa Francis Madeira da S. Sales Márcio F. Santiago Calixto Rita de Fátima BezerraLiteratura Fábio D’Ávila Danton Pedro dos SantosMatemática Feres Fares Haroldo Costa Silva Filho Jayme Andrade Neto Renato Caldas Madeira Rodrigo Piracicaba CostaFísica Cleber Ribeiro Marco Antonio Noronha Vitor M. SaquetteQuímica Edson Costa P. da Cruz Fernanda BarbosaBiologia Fernando Pimentel Hélio Apostolo Rogério FernandesHistória Jefferson dos Santos da Silva Marcelo Piccinini Rafael F. de Menezes Rogério de Sousa Gonçalves Vanessa SilvaGeografia DuarteA.R.Vieira Enilson F. Venâncio Felipe Silveira de Souza Fernando Mousquer

I229 IESDE Brasil S.A. / Pré-vestibular / IESDE Brasil S.A. — Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2008. [Livro do Professor]

360 p.

ISBN: 978-85-387-0573-4

1. Pré-vestibular. 2. Educação. 3. Estudo e Ensino. I. Título.

CDD 370.71

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Literatura: tropicalismo concretismo,

teatro e crônica

Plano Piloto para Poesia Concreta

“Renunciando à disputa do “absoluto”, a poesia concreta permaneceu no campo magné-tico do relativo perene. [...] a comunicação mais rápida (implícito um problema de funcionalidade e estrutura) confere ao poema um valor positivo e guia a sua própria confecção [...] poesia con-creta: uma responsabilidade integral perante a linguagem, realismo total contra uma poesia de expressão, subjetiva e hedonística, criar proble-mas exatos e resolvê-los em termos de linguagem sensível. Uma arte geral da palavra. O poema produto: objeto útil”.

Augusto de Campos

Décio Pignatari

Haroldo de Campos

O Concretismo foi um movimento literário de vanguarda, surgido em 1956, tendo como líderes Haroldo de Campos, Augusto de Campos (os irmãos Campos) e Décio Pignatari.

Os primeiros sinais de que uma nova estética nascia surgiram quatro anos antes, no primeiro nú-mero da revista Noigandres (palavra sem significado retirada da obra de Ezra Pound). Essa revista teve mais outras edições nos anos posteriores, saindo na

última edição o Plano Piloto para Poesia Concreta, do qual retirou-se o excerto anteriormente transcrito.

O Concretismo significou o rompimento com a poesia lírica das gerações anteriores. Foi um divisor de águas entre a poesia do passado, intimista, digres-siva e a poesia do presente, objetiva, dinâmica.

Os concretistas acabaram por influenciar diver-sos artistas de outros países, não somente no campo da literatura. O Concretismo acabou transcendendo a literatura e dialogou com outras formas de mani-festação artística.

As principais influências do Concretismo encon-tram-se nas vanguardas do Futurismo e do Cubismo, e no poeta simbolista francês Mallarmé, em seu livro Un coup de dés jamais n’abolira le basard (1897).

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Haroldo de Campos faleceu em 2003.

Além do Concretismo, estudaremos neste módu-lo uma gama de escritores que inovaram a narrativa brasileira a partir da segunda metade do século XX. Estamos falando da literatura brasileira.

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Concretismo

Características e não-temas

Décio Pignatari.

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Augusto de Campos.

Antes de se traçarem as características da poesia concreta, cabe esclarecer um fator que, mui-tas vezes, é o causador de uma certa rejeição por parte dos leitores mais tradicionais em relação ao Concretismo.

Como o Plano Piloto indica, os concretistas buscam criar o poema produto, objeto útil. Dessa forma, não se deve esperar de um poema concreto um tema, como na poesia romântica, por exemplo, em que temos na Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, o tema da saudade, tão recorrente no Romantismo, ou no bucolismo, o Arcadismo.

Na verdade, se pararmos para analisar os poemas concretos, nenhum deles possui um tema característico, sem contar que, na maioria das vezes, o tema não é o centro, o cerne da poesia concretista (como acontece nas demais correntes estéticas, que prezam antes de tudo pelo tema, o conteúdo).

Na poesia concreta vemos a centralização no significante (parte gráfica, física, concreta, plano de expressão) e não no significado (parte semântica, abstrata, plano de conteúdo). O significante deter-mina os possíveis significados, os significados são

consequência dos significantes. Por isso se afirma que a poesia concreta é uma realidade em si e não uma poesia sobre algo, como faziam as estéticas an-teriores. Em razão disso, os concretistas nomearam seus poemas de poema produto, pois um produto é uma realidade em si, autoexplicativo, e não um objeto que faz uma referência exterior a qualquer coisa que seja.

A poesia concreta deve ser lida com outro olhar, e não só lida, vista.

O Concretismo trouxe para a poesia uma série de inovações nos campos (tomou-se como base a divisão feita pelo crítico Alfredo Bosi):

Semântico: utilização do ideograma (como acontece com o mandarim, língua chinesa) e a busca da polissemia no intuito do leitor se tornar coautor do poema, preenchendo de significado o significante.

(Augusto de Campos)

Sintático: rompimento com o ordenamento sin-tático, a sintaxe de proposição, que se constrói para a formação de determinado juízo.

(Décio Pignatari)

Léxico: utilização de neologismo, de estrangei-rismos, de siglas, de palavras com idioma híbrido (vocábulo formado com morfemas de duas ou mais línguas).

(Haroldo de Campos)

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Morfológico: desmembramento das palavras em seus morfemas, aplicando-lhes novos significados e outros morfemas.

(Augusto de Campos)

Fonológico: utilização de figuras de repetição sonora com preferência pelas consoantes.

(Décio Pignatari)

Topográfico: utilização do espaço em branco (que agora também significa, observa-se o uso construtivo desse espaço), abolição dos nexos, da pontuação e aplicação da não linearidade (um po-ema pode ser lido tanto na direção vertical quanto na horizontal).

(Augusto de Campos)

A poesia concreta abandona a estrutura frásica e adota a estrutura nominal de poema, utilizando-se basicamente de substantivos e verbos (geralmente nas formas nominais: infinitivo, particípio e gerún-dio).

Dessa forma, a poesia concreta apresenta-nos objetos estéticos baseados na moderna cultura da imagem para surpreender, chocar nossos hábitos expressivos e cognitivos. Os concretistas mudaram o conceito que se fazia até então de poesia, e isso influenciou decisivamente os músicos tropicalistas. Algumas músicas de Caetano Veloso e Gilberto Gil, por exemplo, são poemas concretos.

O Concretismo proporcionou na arte aquilo que parecia desnecessário e improvável, uma nova libertação expressiva.

O TropicalismoO marco ini-

cial do Tropicalismo se dá em 1967, no Festival de Música da TV Record em que, mesmo com Gilberto Gil ficando em segundo lugar com a música “Do-mingo no parque” e Caetano Veloso em quar to com “Alegria, alegria”, atraem com suas canções a atenção do público.

O Tropicalismo tinha como característica a crí-tica satírica ao nacionalismo exacerbado e à mistura da cultura nacional com a cultura estrangeira (o rock and roll). Tinha um espírito antropofágico, absorven-do diversas influências e criando uma música de incontestável originalidade.

Em 1968, observamos o auge do Tropicalismo. Seus integrantes eram Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes, Torquato Neto, Tom Zé, Capinam, Gal Costa, Nara Leão e o arranjador Rogério Duprat. É nesse ano que lançam o disco-manifesto do Tropica-lismo: Tropicália ou Panis et Circencis. Caetano e Gil apresentam o programa Divino Maravilhoso.

Ainda no mesmo ano, esses dois músicos cau-sam grande polêmica no Festival da TV Globo, com a apresentação das músicas “Questão de ordem”, de Gilberto Gil, e “É proibido proibir”, de Caetano Veloso. Este é muito vaiado, e acaba respondendo ao público.

Com a edição do AI-5, o Tropicalismo, como movimento, acaba; contudo seus integrantes continu-aram produzindo. Caetano e Gil são presos e depois se exilam na Inglaterra.

Capa do disco Tropicália ou Panis et Circensis.

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Literatura contemporânea – autores e obras

Antônio CalladoAntônio Callado

nasceu em 1917, na cidade de Niterói. Com o falecimento do pai, devido à tuberculose, Callado teve de se de-dicar desde cedo ao jornalismo para con-seguir algum dinheiro para a família. Traba-lhando e estudando, o escritor conseguiu formar-se em Direito. Tempos depois, traba-lhou como correspon-

dente de guerra da BBC. Após vários anos de trabalho nessa emissora, retornou ao Brasil em 1947, traba-lhando na redação do Correio da Manhã. Antônio Callado viajou por diversos lugares (Nordeste, Xingu, Cuba, Vietnã, entre outros) fazendo reportagens de grande repercussão no país. Foi um grande intelec-tual de esquerda e diversas vezes preso durante o período ditatorial. Veio a falecer em 1997, na cidade do Rio de Janeiro.

Características e temas

Devido à diversidade geográfica das obras de Antônio Callado temos uma grande variação temá-tica em sua obra, podendo ser enquadrada tanto na temática rural, como na temática urbana (aqui deci-dimos pela primeira pelo fato de estar relacionada à sua obra mais importante, Quarup). Ambientou suas histórias no sertão baiano, em cidades do interior, na Floresta Amazônica, em capitais estaduais etc. Suas narrativas apresentam linearidade cronológica e re-velam a realidade brasileira nos campos da política, da cultura e, até mesmo, da etnografia.

QuarupObra fundamental de Antônio Calado, Quarup

é uma denúncia do estado das coisas na década de 1960. Esse romance aborda os principais assuntos da época: movimentos estudantis, grupos guerrilheiros, drogas, feminismo, ditadura e revolução sexual.

Essa narrativa conta a história do padre Nando, que vive num mosteiro em Recife e sonha em cons-truir uma sociedade utópica nas tribos indígenas do

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Antônio Callado.

Brasil Central. Todavia, estava receoso quanto ao fato de não resistir à nudez das índias e se entregar ao prazer carnal – conflito logo solucionado por sua amiga inglesa, que o inicia sexualmente. Com o fim de se preparar para a viagem, passa pelo Rio de Janeiro e permanece uma temporada no Serviço de Proteção ao Índio (atual Funai). Na capital, fica com um grupo de pessoas que passam por experiências com drogas (lança-perfume) e sexo. A expedição para o Xingu acontece.

Anos mais tarde, a expedição retorna ao Xingu, dessa vez com o fim de demarcar o centro geográfico do Brasil. Nando apaixona-se por Francisca, jovem, recém-chegada da Europa e que havia perdido seu noivo, assassinado por questões políticas. A jovem corresponde ao seu amor. Nessa expedição, assiste- -se a um desastre: uma tribo é dizimada pelas doen-ças trazidas pelos brancos (os índios se esvaecem em diarreia). Outro fato trágico é a morte do sertanista Fontoura, caído com o rosto em cima de um formi-gueiro, exatamente no centro geográfico do Brasil, simbolizando a situação terrível em que o país se encontrava na época.

Nando abandona o sacerdócio e retorna a Per-nambuco com Francisca, que se dedica à alfabeti-zação de camponeses. Acontece o golpe de 1964 e Nando é preso. Quando é libertado, Francisca já se encontrava na Europa. Ele decide partir para o sertão e integra-se a um movimento guerrilheiro contra a ditadura, usando o codinome de Levindo (nome do noivo assassinado de Francisca).

Rubem FonsecaRubem Fonseca nas-

ceu em 1925, na cidade de Juiz de Fora. Aos oito anos foi morar com a família no Rio de Janeiro, vindo a se formar em Direito na anti-ga Universidade do Brasil. Trabalhou como policial por alguns anos, esta-belecendo, dessa forma, contato com o submundo carioca, que acabaria reve-lando em muitos de seus

textos. Tempos depois, estudou Administração nos Estados Unidos. Retornando ao Brasil trabalhou em grandes empresas, ocupando cargos de relevância. Estreou com a obra Os Prisioneiros (contos, 1963), que não teve grande repercussão. Com a publicação de A Coleira do Cão (contos) em 1975, tornou-se um escritor muito admirado nos meios literários. O seu livro de contos Feliz Ano Novo em 1975 foi censurado

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Rubem Fonseca.

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pelo regime militar devido ao seu conteúdo tratado de forma “crua”, que atingia a moral do “cidadão decente” brasileiro. Tal fato o tornou célebre, sendo considerado desde então o maior escritor brasileiro depois de Guimarães Rosa. Foram adaptadas para a televisão e para o cinema muitas de suas obras.

Suas principais obras são: Contos – Os Prisionei-ros (1963); A Coleira do Cão (1965); Lúcia McCartney (1970); Feliz Ano Novo (1975); O Cobrador (1980); Buraco na Parede (1993); A Confraria dos Espadas (1998); Secreções, Excreções e Desatinos (2001); Pe-quenas Criaturas (2002). Romances – O Caso Morel (1973); A Grande Arte (1983); Buffo e Spalanzanni (1985); Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos (1988); Agosto (1990); Diário de um Fescenino (2003). Novela – Do Meio do Mundo Prostituto, só Amores Guardei ao meu Charuto (1997).

Características e temas

A obra de Rubem Fonseca caracteriza-se por apresentar da forma mais direta a violência das grandes cidades, mais especificamente do Rio de Janeiro. Escrevendo suas histórias num “realismo cruel”, o escritor revela o submundo carioca onde impera a marginália.

Com sua impiedosa visão da realidade mostra o lado inesperado da moderna vida urbana em seus extremos: aqueles que vivem à margem da socie-dade e os privilegiados do sistema. A partir dessa oposição é que se instaura a violência presente em suas narrativas.

É nessa violência que vemos o ambiente favo-rável ao surgimento dos dramas humanos na obra de Rubem Fonseca. Esse terrível fato social torna as pessoas arredias, consequentemente se isolam e permanecem em completa solidão, ou tomam atitudes que vão contra a ordem estabelecida, proporcionando mais violência num mundo já degradado por ela.

Nesse universo de sangue, as pessoas possuem um verdadeiro fascínio pelo mal, pela dor, pelo sofri-mento, não apresentando nenhum vestígio de culpa por isso. Tal atitude se deve à noção, mesmo que não totalmente explícita, do sem sentido da existência que os personagens de Rubem Fonseca têm. Logo, seus atos não são frutos de um questionamento, e sim, reflexos de uma personalidade desesperada inserida num mundo hostil. São seres que vivem um vazio existencial e tentam preenchê-lo de alguma forma, com a violência ou com o sexo. Sexo sem afeto, sem carinho, apenas compulsão desenfreada no desejo de sair desse vazio. Não há espaço para o amor na sociedade moderna que Rubem Fonseca tematiza. O autor faz o “desenho rápido e nervoso das relações entre os seres humanos”.

Aspectos formais

O interessante na obra de Rubem Fonseca é que as questões formais, principalmente de seus contos, acompanham o tema, havendo, dessa forma, uma constante variação da forma de acordo com o conteúdo. Portanto, percebe-se em sua produção uma grande quantidade de técnicas aplicadas.

Geralmente, escreve suas histórias em primeira pessoa. A linguagem utilizada vai de acordo com o personagem que fala. Rubem Fonseca constrói per-sonagens tipo, que agem de acordo com o grupo ao qual pertencem.

Seus textos apresentam um estilo despojado e linguagem seca e direta.

RomanceO Caso Morel e A Grande Arte são considerados

os dois grandes romances de Rubem Fonseca. Entre-tanto, o que ficou sendo mais conhecido devido à sua adaptação para a televisão em forma de minissérie foi Agosto, de 1990. Comparados aos seus contos, os romances do autor não atingem plenamente a grandeza de sua qualidade narrativa.

Agosto trata dos escandalosos acontecimen-tos de agosto de 1954, antecedentes ao suicídio de Getúlio Vargas. A tentativa de assassinato do jornalista Carlos Lacerda, arquitetada por Gregório Furtado – chefe da guarda pessoal do presidente – desencadeia uma série de acontecimentos que, no romance misturam realidade e ficção. O protagonista é o Comissário Mattos, que sofre de forte úlcera e está envolvido com duas mulheres. Ele investiga tanto o atentado ao jornalista como o assassinato de um milionário.

Único personagem bom, Mattos acaba sendo morto no final da obra pelo assassino do milionário. Ninguém tem chances num mundo violento e cor-rupto. Apenas dois dias após o suicídio de Getúlio Vargas, tudo transcorria na cidade do Rio de Janeiro como se nada houvesse acontecido.

ContosNa obra de Rubem Fonseca destacam-se seus

contos. Concisos e diretos, demonstram toda a vio-lência presente nas grandes metrópoles. A crueza com que são escritos revelam o mundo atual das re-lações entre os indivíduos, isolados em seus mundos e fechados a qualquer possibilidade de espontanei-dade para com o próximo. A violência individual e social impera. O interesse pessoal supera tudo, num mundo de angústias, medos e incertezas. O sem sentido da existência é a única certeza. Os principais livros de contos do autor são A Coleira do Cão (1965) e Feliz Ano Novo.

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Leia um trecho do conto “Feliz ano novo”, do livro homônimo.

Viu, não grudou o cara na parede, porra nenhuma.

Tem que ser na madeira, numa porta. Parede não dá, Zequinha disse.

Os caras deitados no chão estavam de olhos fechados, nem se mexiam. Não se ouvia nada, a não ser os arrotos do Pereba.

Você aí, levante-se, disse Zequinha. O sacana tinha escolhido um cara magrinho, de cabelos compridos.

Por favor, o sujeito disse, bem baixinho. Fica de costas para a parede, disse Zequinha.

Carreguei os dois canos da doze. Atira você, o coice dela machucou o meu ombro. Apoia bem a culatra senão ela te quebra a clavícula.

Vê como esse vai grudar. Zequinha atirou. O cara voou, os pés saíram do chão, foi bonito, como se ele tivesse dado um salto para trás. Bateu com estrondo na porta e ficou ali grudado. Foi pouco tempo, mas o corpo do cara ficou preso pelo chumbo grosso na madeira.

Eu não disse? Zequinha esfregou o ombro dolorido. Esse canhão é foda.

Não vais comer uma bacana destas?, per-guntou Pereba.

Não estou a fim. Tenho nojo dessas mulhe-res. Tô cagando pra elas. Só como mulher que eu gosto.

E você... Inocêncio?

Acho que vou papar aquela moreninha.

A garota tentou atrapalhar, mas Zequinha deu uns murros nos cornos dela, ela sossegou e ficou quieta, de olhos abertos, olhando para o teto, enquanto era executada no sofá.

Vamos embora, eu disse. Enchemos toalhas e fronhas com comidas e objetos.

Muito obrigado pela cooperação de todos, eu disse. Ninguém respondeu.

Saímos. Entramos no Opala e voltamos para casa.

[...]

Subimos. Coloquei as garrafas e as comi-das em cima de uma toalha no chão. Zequinha quis beber e eu não deixei. Vamos esperar o Pereba.

Quando o Pereba chegou, eu enchi os copos e disse, que o próximo ano seja melhor. Feliz Ano Novo.

Vamos comer, eu disse, botando a fronha dentro da saca. Os homens e mulheres no chão estavam todos quietos e encagaçados, como carneirinhos. Para assustar ainda mais eu disse, o puto que se mexer eu estouro os miolos.

Então, de repente, um deles disse, calma-mente, não se irritem, levem o que quiserem não faremos nada.

Fiquei olhando para ele. Usava um lenço de seda colorida em volta do pescoço.

Podem também comer e beber à vontade, ele disse.

Filha da puta. As bebidas, as comidas, as jóias, o dinheiro, tudo aquilo para eles era migalha. Tinham muito mais no banco. Para eles, nós não passávamos de três moscas no açucareiro.

Como é seu nome?

Maurício, ele disse.

Seu Maurício, o senhor quer se levantar, por favor?

Ele se levantou. Desamarrei os braços dele.

Muito obrigado, ele disse. Vê-se que o senhor é um homem educado, instruído. Os senhores podem ir embora, que não daremos queixa à polícia. Ele disse isso olhando para os outros, que estavam quietos apavorados no chão, e fazendo um gesto com as mãos abertas, como quem diz, calma minha gente, já levei este bunda suja no papo.

Inocêncio, você já acabou de comer? Me traz uma perna de peru dessas aí. Em cima de uma mesa tinha comida que dava para alimentar o presídio inteiro. Comi a perna de peru. Apanhei a carabina doze e carreguei os dois canos.

Seu Maurício, quer fazer o favor de chegar perto da parede? Ele se encostou na parede. Encostado não, não, uns dois metros de dis-tância. Mais um pouquinho para cá. Aí. Muito obrigado.

Atirei bem no meio do peito dele, esvaziando os dois canos, aquele tremendo trovão. O impac-to jogou o cara com força contra a parede. Ele foi escorregando lentamente e ficou sentado no chão. No peito dele tinha um buraco que dava para colocar um panetone.

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Dalton Trevisan

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Dalton Trevisan.

Dalton Trevisan nasceu no ano de 1925, em Curi-tiba. Não se sabe muito sobre sua vida, pois sempre se escondeu da mídia, criando em torno de si uma aura de mistério. O que se sabe é que se formou em Direito, foi repórter policial, teve uma pequena fábrica de cerâmicas, casou-se e teve duas filhas. Diversos de seus contos fazem parte de antologias mundiais. É um dos maiores nomes do gênero na atualidade.

Suas principais obras são: Contos – Novelas nada Exemplares (1959); Cemitério de Elefantes (1964); O Vampiro de Curitiba (1965); Desastres de Amor (1968); A Guerra Conjugal (1969); O Rei da Terra (1972); A Faca no Coração (1975); Crimes de Paixão (1978); Virgem Louca, Loucos Beijos (1979); Essas Malditas Mulheres (1982). Romance – A Polaquinha (1985).

Características e temas

Dalton Trevisan ambienta a maioria de suas histórias na provinciana Curitiba (atualmente uma cidade cosmopolita). Seus contos giram em torno dos desastres do amor, das decepções, dos desencantos no relacionamento, que levam à solidão.

Com uma visão impiedosa e corrosiva da nature-za humana, o autor revela as perversões, as taras, as compulsões sexuais dos indivíduos. Homens e mulhe-res são inimigos, maridos traem as esposas que, por sua vez, tentam matá-los colocando pó de vidro nas suas refeições. Não há espaço para a alegria e para a felicidade nas narrativas de Dalton Trevisan.

Com um humor sarcástico e brutal o autor mos-tra personagens solitários que vivem a constante perda das ilusões e o absurdo banal da existência na sociedade moderna. O crítico Massaud Moisés classifica sua obra como realismo ácido.

Em suas histórias, os bons acabam sempre traídos, o casamento é uma constante guerra, todos

possuem obsessões eróticas escondidas e a violência é um comportamento natural. O pessimismo toma conta da obra de Dalton Trevisan.

Muitos de seus personagens, em diversos con-tos têm o nome de João e Maria. Dessa forma, o autor realça a insignificância social dos seres que povoam seus relatos.

Aspectos formais

Em estilo sintético, o autor escreve relatos concisos, utilizando-se de implícitos e metáforas que causam impacto no leitor. Elimina o supérfluo deixando somente o essencial. Atualmente, seus contos são curtíssimos.

O Vampiro de CuritibaNelsinho é um cafajeste, de bigodinho e bri-

lhantina, que perambula pelas ruas de Curitiba à caça de mulheres. Anti-herói por excelência, esse personagem (protagonista da maioria dos contos do livro) é um solitário em busca de prazeres efêmeros, como todos os indivíduos.

Leia um trecho de O Vampiro de Curitiba.

Ai, me dá vontade até de morrer. Veja só a boquinha dela como está pedindo beijo – beijo de virgem é mordida de taturana. Você grita vinte e quatro horas e desmaia feliz. É das que molham os lábios com a ponta da língua para ficar mais excitante [...]. Se eu fosse me che-gando perto, como quem não quer nada – ah, querida é apenas uma folha seca ao vento – e me encostasse bem devagar na safadinha...

Lygia Fagundes TellesLygia Fagun-

des Telles nasceu em 1923, na ci-dade de São Pau-lo, onde fez seus estudos. No ano de 1945 formou-se em Direito, sendo nessa mesma épo-ca que começou a sua produção li-terária. Viveu um período no Rio de Janeiro. De volta a São Paulo exerceu a advocacia vindo depois a se tornar procuradora do

Lygia Fagundes Telles.

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estado. O primeiro livro que recebeu a atenção da crítica foi Ciranda de Pedra, de 1954. Contudo, a obra que lhe inseriu definitivamente entre os grandes nomes da literatura brasileira contemporânea foi Antes do Baile Verde (contos), de 1970. No ano de 1973 lançou um dos mais importantes romances da literatura brasileira do século XX, As Meninas.

Suas principais obras são: Contos – Histó-ria do Desencontro (1978); Antes do Baile Verde (1970); Seminário dos Ratos (1977); Venha Ver o Pôr do Sol (1987); Invenção e Memória (2000). Romances – Ciranda de Pedra (1954); Verão no Aquário (1963); As Meninas (1973); As Horas Nuas (1989).

Características e temas

Traço fundamental na obra de Lygia Fagundes Telles é introspecção. Alguns críticos afirmam que Lygia seria uma Clarice Lispector menor, entretanto suas obras comprovam que a autora foi capaz de criar um estilo característico que muito acrescenta à literatura intimista produzida no Brasil.

Suas narrativas são, geralmente, em primeira pessoa, revelando a preferência da escritora pela análise psicológica de personagens femininas. O mundo da mulher é desvendado em seus textos. Em sua obra somam-se dois elementos essenciais, de-finidores de sua produção: a interioridade feminina, seus conflitos psicológicos e a construção do mundo objetivo, flagrante dos costumes.

RomanceA principal obra de Lygia Fagundes Telles é uma

das mais relevantes de toda a literatura brasileira: As Meninas, de 1973. Seu romance mistura a análise psicológica, o monólogo interior (através do fluxo de consciência) com uma nova forma de narrativa, não convencional – as três protagonistas variam no papel de narradora da história, propiciando assim, uma visão de várias faces de uma realidade comum. Es-tabelece, dessa forma, uma espécie de novo realismo somado a um panorama sócio-histórico da época.

As MeninasConta a história de três universitárias, suas

vidas, suas relações afetivas, familiares e sociais, vivendo na cidade de São Paulo, em pleno regime ditatorial no fim da década de 1960.

As protagonistas são as jovens Lorena, Lia (Lião) e Ana Clara. Elas são de classes sociais di-ferentes, pensam de forma diversa, fazem cursos diferentes, apresentam visões de mundo divergentes, mas são muito amigas. Essas jovens dividem entre si seus problemas pessoais, suas inseguranças e suas aflições.

Lorena é oriunda de família tradicional de São Paulo, cursa Direito. Vive em seu próprio mundo, preocupada com os seus problemas, alimentando um amor fantasioso.

Ana Clara é de origem humilde, cursa Psico-logia. Utiliza-se de sua beleza como escada social. Acaba caindo no mundo das drogas.

Lia tem pai alemão e mãe baiana, sua família é de classe média, cursa Sociologia. Dentre as três é a mais consciente da realidade da época. Participa de um grupo de esquerda na universidade e namora um rapaz envolvido em ações políticas consideradas subversivas pelos militares.

ContosMestre na arte da narrativa curta, Lygia Fagun-

des Telles escreveu tanto contos de atmosfera em que há o predomínio da análise psicológica e do conto anedótico (tradicional), de final inesperado.

Aborda em seus contos as angústias existen-ciais do mundo infantil e dramas familiares entre pais e filhos. Todavia sua principal matéria é a mulher, de todas as idades, a qual passa por dramas amorosos, confusão de sentimentos e solidão. Os destinos in-felizes, a incomunicabilidade entre os indivíduos, a ambiguidade das relações humanas, o absurdo da existência são mais alguns dos assuntos discutidos em seus contos.

Os contos de Lygia Fagundes Telles centram-se em um momento particular da existência de alguém. Desvela-se, então, a realidade, assustadora e dramá-tica. A percepção do mundo concreto faz com que os indivíduos entrem num universo introspectivo em que sua subjetividade é modificada pelos elementos externos do mundo concreto, a dor e a consciência das coisas.

A “arte do desencontro” no cotidiano das pessoas, através da notação intimista, misturando o documental com o imaginário, num estilo fluente são a síntese dos contos da autora.

Seus mais belos contos são “A confissão de Leontina”, “Natal na barca”, “Antes do baile verde”, “O menino” e “A estrutura da bolha de sabão”.

Moacyr ScliarMoacyr Scliar nas-

ceu no ano de 1937, em Porto Alegre. Filho de imigrantes russo-judai-cos, viveu longo tempo no bairro judeu Bom Fim. Em 1960 formou-se em Medicina e especializou-

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Moacyr Scliar.Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,

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-se em Saúde Pública, trabalhando como sanitarista. Começou a ser conhecido nacionalmente com o livro de contos O Carnaval dos Animais, de 1968. No ano de 1980 publicou o seu livro de maior sucesso, o romance O Centauro no Jardim, sendo reconhecido interna-cionalmente. Em 2003, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras com expressiva votação.

Suas principais obras são: Contos – O Carnaval dos Animais (1968); A Balada do Falso Messias (1976); O Anão no Televisor (1979); O Olho Enigmático (1986); A Orelha de Van Gogh (1988); Novelas e Romances – A Guerra no Bom Fim (1972); O Exército de um Homem Só (1973); Os Deuses de Raquel (1975); Os Vo-luntários (1979); O Centauro no Jardim (1980); Max e os Felinos (1981); A Estranha Nação de Rafael Mendes (1983); Sonhos Tropicais (1992); A Majestade do Xingu (1997); A Mulher que Escreveu a Bíblia (1999).

Características e temas

Muitas das obras de Moacyr Scliar filiam-se ao realismo fantástico. Elabora situações improváveis, fatos absurdos com o fim de constituir um universo alegórico para suas histórias.

Scliar revela o lado misterioso e estranho do cotidiano, dando a impressão de que tudo é insólito, havendo uma perda de referenciais objetivos, con-cretos, que somente são retomados com os persona-gens, através de sua condição social, família, tempo histórico etc. Entretanto, esses aspectos são apenas sugeridos, nunca expostos diretamente.

Seus personagens sempre estão em conflito com a sociedade, sendo a maioria deles judeus. Uma das questões mais abordadas em seus textos é o drama da primeira geração judaica nascida na terra que seus pais adotaram: manter a tradição ou, através da ascensão econômica, apagar de suas vidas o passado de sofrimento. A discussão da identidade judaica se revela brilhantemente nos textos de Scliar. Entretanto, seus textos transcendem essa questão, elevando-se a valores universais, o que somente os grandes da literatura são capazes de atingir.

Raduan NassarRaduan Nassar nas-

ceu em 1935, na cidade de Pindorama, interior paulista. Sétimo filho de imigrantes libaneses. Em 1949, muda-se com a famí-lia para Catanduva para fazer seus estudos. Para facilitar os estudos dos fi-

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Raduan Nassar.

lhos, os pais de Raduan levam-no, juntamente com os irmãos para São Paulo. Em 1955, ingressa nos cursos de Direito e Letras da USP. Logo abandona o segundo, e no último ano abandona Direito. Dedica-se apenas a uma cadeira do curso de Filosofia da USP, no qual havia ingressado em 1957. Com a morte de seu pai, vai morar um período com suas tias no Canadá, passa dois meses nos Estados Unidos. Retorna ao Brasil em 1962. Antes de partir para o exterior havia escrito o conto “Menina a caminho”. Em 1975, é publicado Lavoura Arcaica, sua mais importante obra. Em 1978, é lançado Um Copo de Cólera. Depois disso, o autor praticamente abandonou a literatura para se dedicar a atividades do ramo agrícola.

Características e temas

A obra de Raduan Nassar caracteriza-se por se apresentar em linguagem lírica. Suas metáforas e sua forma de escrever, inevitavelmente, nos levam a crer que estamos lendo poesia, e, em verdade, é o que lemos. Com estilo extremamente original, expõe os problemas familiares de um mundo em crise.

Sua principal obra não é seu conto de estreia, e sim, suas novelas: Lavoura Arcaica, onde revela um texto lírico-introspectivo com referências bíblicas, em que capítulos inteiros equivalem a um único e extenso período, e Um Copo de Cólera.

Teatro e crônicaO teatro brasileiro tem uma renovação tardia

em sua história. É somente em 1943 que veremos o nascimento da dramaturgia moderna brasileira, com a encenação da peça Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues. Apesar de já na década de 1920 Oswald de Andrade ter escrito a peça O Rei da Vela, sua encenação só veio a ocorrer quarenta anos depois. Sem contar que os demais modernistas da época não deram atenção ao gênero teatral.

Estudaremos neste módulo os principais nomes do moderno teatro no Brasil, são eles: Nelson Rodri-gues, Dias Gomes, Plínio Marcos e Ariano Suassuna. Também veremos a obra de Jorge de Andrade.

Crônica: o termo “crônica” deriva da pala-vra grega cronos, que significa tempo. Tem um caráter efêmero, sendo feita para se consumir no dia em que é publicada.

Também estudaremos neste módulo aqueles cronistas que conseguiram transcender a definição de crônica exposta acima. Ou seja, autores que transformaram um gênero teoricamente efêmero

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em um texto literário que, mesmo tendo caráter es-sencialmente coloquial, mantém seu valor ao longo do tempo, podendo ser lido décadas depois de sua produção.

O grande florescimento desse tipo de crônica no Brasil aconteceu com o surgimento da antiga revista Manchete, em consequência da popularização da imprensa acontecida na Era JK (1956-1960). Grandes nomes como Rubem Braga, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, escrevendo crônicas para essa revista, difundiram o gosto pela crônica nos leitores. Além dessa revista houve outros órgãos da imprensa que também apresentaram grandes nomes como Carlos Drummond de Andrade, Nelson Rodrigues, Millôr Fernandes, entre outros.

Teatro – autores e obras

Nelson Rodrigues

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Nelson Rodrigues.

Nelson Rodrigues Falcão nasceu no ano de 1912, em Recife. Ainda menino veio para o Rio de Janeiro com sua família, pois seu pai, Mário Rodrigues, im-portante jornalista, estava à procura de melhores oportunidades na então capital federal. Quando jovem, Nelson Rodrigues assistiu a uma verdadeira tragédia familiar. Ofendida por uma matéria do jornal dirigido por Mário Rodrigues, uma mulher adentra armada na redação com o fim de matá-lo. Não o en-contrando, assassina seu filho, o desenhista Roberto Rodrigues, irmão de Nelson. O pai, alimentando uma terrível culpa pelo terrível acontecimento, sofre um infarto semanas depois, vindo a falecer. É a partir desse momento que Nelson começará a trabalhar incessantemente como jornalista e escritor de peças para sustentar sua família. Além disso, depois das duas mortes, ele e seus irmãos ficaram tuberculosos,

tendo que se internarem diversas vezes. Depois de A Mulher sem Pecado, peça que não foi bem aceita pelo público, Nelson atinge o sucesso com a encenação de Vestido de Noiva, tornando-se o maior dramaturgo do país, e confirmando seu talento com as peças subse-quentes. Entretanto, o sofrimento desse escritor não havia acabado ainda. Um de seus irmãos morre de tuberculose, outro morre em um desabamento, sua filha era cega e seu filho integrou-se na luta armada contra o regime militar. Faleceu no Rio de Janeiro em 1980.

Suas principais obras são: Peças Psicológicas – A Mulher sem Pecado (1941); Vestido de Noiva (1943); Valsa n.º 6 (1951); Viúva, porém Honesta (1957); Anti-Nelson Rodrigues (1973). Peças Míticas – Álbum de Família (1945); Anjo Negro (1947); Senhora dos Afo-gados (1947); Doroteia (1949). Tragédias Cariocas – A Falecida (1953); Perdoa-me por me Traíres (1957); Os Sete Gatinhos (1958); Boca de Ouro (1959); Beijo no Asfalto (1960); Otto Lara Resende ou Bonitinha mas Ordinária (1962); Toda Nudez Será Castigada (1965); A Serpente (1978).

Essa divisão foi feita por Sábato Magaldi, o maior estudioso da obra de Nelson Rodrigues.

Características e temas

Nelson Rodrigues é o renovador do teatro bra-sileiro, em suas peças revela as diversas faces da personalidade humana, descobrindo a morbidez que se esconde por um véu de aparente normalidade.

A obra de Nelson Rodrigues tem como tema principal os dramas familiares da classe média carioca. A partir desse núcleo temático, desvela os aspectos mais sórdidos do ser humano, seus desejos mais contidos e seus recalques. Os “traumas morais e sexuais”, dos integrantes desse estrato social, são vistos pelo escritor com um olhar fatalista e pessimis-ta. Através desse recurso estabelece severa crítica à estrutura social brasileira da época.

Seus personagens demonstram o lado sombrio dos indivíduos, manifestado pelo desejo reprimido que se esconde no subconsciente humano. Incesto, estupro, prostituição, violentas mortes, traições fami-liares, aberrações sexuais se fazem presentes cons-tantemente na obra teatral de Nelson Rodrigues.

Na peça Álbum de Família, os integrantes de uma família mantêm relações sexuais entre si.

Em Os Sete Gatinhos, vemos Noronha pros-tituindo quatro filhas para que a mais nova possa se casar de véu e grinalda. Quando descobre que a caçula não era mais virgem acaba assumindo sua profissão de explorador sexual das filhas e acabam assassinando-o.

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Em Beijo no Asfalto, observa-se a crítica à im-prensa, deturpadora dos fatos. Um homem é atro-pelado e, no asfalto, à beira da morte, faz um último pedido: um beijo ao desconhecido que o socorre, Arandir, que, então, o beija na boca. O repórter sensa-cionalista, Amado Ribeiro, que assistira à cena, criará uma história mirabolante de paixão homossexual, acabando com a vida pacata de Arandir, fazendo com que até sua esposa duvide dele. Arandir, vítima da imprensa, acaba isolado num hotel e é assassinado por Aprígio, seu sogro, que alimentava uma paixão secreta por ele, tendo ciúmes da própria filha.

A principal peça do dramaturgo Nelson Rodri-gues é Vestido de Noiva.

Vestido de NoivaEncenada em 1943, com a direção do polonês

Ziembinski, Vestido de Noiva (escrita em 1941) representou o nascimento do teatro moderno bra-sileiro.

Essa peça psicológica busca revelar da forma mais brutal a realidade familiar da burguesia carioca. O íntimo da protagonista é completamente exposto, revelando o que existe em seu subconsciente.

Sem ordem cronológica, apresentando cenas aparentemente desconexas, o drama é dividido em três planos superpostos. Para que fique mais claro, imagine um palco dividido em três partes, quando em uma dessas partes é contracenado algo, as luzes são dirigidas para aquele local, quando a cena ocorre na outra parte, as luzes focam-na.

Os três planos de Vestido de Noiva são os se-guintes:

A Realidade

Nesse plano vemos uma sala de cirurgia em que está sendo operada a jovem de vinte e cinco anos, Alaíde Moreira, casada com Pedro Moreira, in-dustrial. Ela fora atropelada violentamente (fato que chamou a atenção de repórteres), não se sabendo por acidente, assassinato ou tentativa desesperada de suicídio. Na mesa de cirurgia, a mulher tem delírios, que remeterão o público aos demais planos. Ao final da peça, no plano real, ela morre.

A Alucinação

É a partir desse plano que a peça se constrói, a partir da relação com os outros dois planos. O sub-consciente de Alaíde se liberta devido ao acidente no plano real. Moribunda, ela encontra Madame Clessi, uma cocote (prostituta) do início do século, de quem encontrou um diário (cena mostrada no plano da memória) na sua casa, na sua vida real, antes do atropelamento. Lendo o diário, Alaíde torna-se admi-radora de Clessi, que fora assassinada, em 1905, por

seu amante de dezessete anos. Surgem as suspeitas de que Alaíde pudesse ter sido assassinada a mando de Pedro e Lúcia, sua irmã, de quem roubou Pedro.

A Memória

Através da reconstituição dos fatos é revelado que Alaíde havia roubado Pedro de Lúcia. No plano da alucinação, motivado pelo seu sentimento de culpa, constrói-se na mente de Alaíde a imagem de uma mulher de véu, a qual se revela sendo Lúcia.

Nesse momento os três planos gradativamente começam a se misturar. Alaíde imagina cenas de trai-ção, lembra-se do seu casamento, da suspeita de que Pedro e Lúcia tinham um caso e que queriam matá-la. Alaíde morre e começa a perseguir Lúcia, que se sente culpada pela morte da irmã, aumentando as suspeitas de assassinato. No final, Lúcia casa-se com Pedro, e é Alaíde quem entrega o buquê à irmã, em companhia de Madame Clessi. A peça termina com todas as luzes voltadas ao túmulo de Alaíde.

Dias GomesAlfredo de

Freitas Dias Go-mes nasceu em 1922 na cidade de Salvador. Suas pe-ças iniciais são Pé-de-Cabra, Doutor Ninguém, Ama-nhã Será outro Dia e Zeca Diabo, produzidas nos primeiros anos da década de 1940. Logo após, para com sua produção para se dedicar integralmente por longos anos ao

rádio e à televisão. Somente no ano de 1959 Dias Go-mes consagra-se como dramaturgo com O pagador de Promessas, conquistando vários prêmios. A adaptação dessa peça para o cinema trouxe pela primeira vez para o Brasil a Palma de Ouro de Cannes (França).

Características e temas

A obra de Dias Gomes caracteriza-se por apre-sentar personagens ingênuas, que são atingidas por uma determinada força opressora, a qual os leva a uma tragédia inevitável. Estabelece, dessa forma, a crítica à intolerância e à hipocrisia so-cial, evidenciando o traço humanista de sua obra.

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Dias Gomes.

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Sua peça mais importante que apresenta tais carac-terísticas é O Pagador de Promessas.

Também escreveu tragicomédias e comédias, em que vemos como traço fundamental a ironia em relação a situações-limite. Destacam-se as peças O Berço do Herói e Odorico, o Bem Amado.

O Pagador de PromessasZé do Burro, um sertanejo, resolve pagar sua

promessa: levar uma cruz de sua propriedade (a 42 km da capital baiana) até uma Igreja de Salvador, devido à recuperação de seu burro, que havia sido atingido por um raio e sobrevivera. Para realizar isso percorre sete sofridas léguas até a Igreja – sempre acompanhado de sua mulher – carregando uma cruz imensa de madeira maciça. Chegando à frente da igreja, o padre não permite que o pobre sertanejo faça sua oferenda. O povo, indignado, apóia Zé. O padre chama a polícia e acontece o confronto. Mesmo sendo defendido por um grupo de capoeiristas Zé do Burro é morto.

O Pagador de Promessas é uma dura crítica à Igreja, ao Estado e à força política, frequentemente não favorável aos anseios do povo.

Cena do filme O Pagador de Promessas.

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O Berço do HeróiEssa é uma comédia política que ironiza a figura

do herói, do representante de uma coletividade que o orgulha. Uma cidadezinha do interior ganha fama devido ao Cabo Jorge, soldado da FEB, que havia sido morto na guerra contra a Alemanha. Devido a tal feito é alçado à condição de herói. Todavia, ele estava vivo, havia sido somente ferido, precisando abandonar a guerra. Logo, tinha se tornado um desertor. Com a anistia volta à sua terra natal e acaba sendo rejeitado por todos, principalmente pelos responsáveis que haviam construído um mito heroico com sua imagem. Estes, então, se unem para destruí-lo.

Odorico, o Bem AmadoEssa é sua peça mais conhecida. Odorico, prefei-

to de Sucupira, uma cidade do interior, é atormentado por não conseguir cumprir sua promessa da campa-nha eleitoral: inaugurar o cemitério municipal, pois até então a cidadezinha não possuía um. Por incrível azar, durante o seu mandato nenhum habitante da comunidade morre.

Leia a célebre fala de Odorico:

Bom governante é aquele que governa com os olhos no futuro. E o futuro de todos nós é o campo santo.

Cena da adaptação para a televisão de O Bem Amado.

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Plínio Marcos.

Plínio Marcos nasceu em 1935, em Santos. Teve, durante a ditadura militar, todas as suas peças cen-suradas. As mais visadas pelos militares foram Dois Perdidos numa Noite Suja (1967) e Navalha na Carne (1968). O autor chegou até a pensar em abandonar a dramaturgia, porém não o fez. Na década de 1980, com o fim do regime, suas peças foram liberadas. Faleceu em 1999.

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Características e temas

Sua obra caracteriza-se por apresentar indi-víduos provenientes do submundo de São Paulo e seu universo degradado. Gigolôs, prostitutas, desempregados decadentes, esses tipos à margem da sociedade são postos em situações de constante violência, desespero e sofrimento. A linguagem seca, cortante, crua (palavrões são seguidamente proferi-dos) utilizada pelos personagens de Plínio Marcos reflete o mundo em que vivem.

Ariano Suassuna

Ariano Suassuna.

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Ariano Suassuna nasceu em João Pessoa, na época em que essa cidade ainda se chamava Nossa Senhora das Neves. Seu pai era João Suassuna, go-vernador da Paraíba. Após o fim do mandato, Ariano retorna com sua família para o sertão paraibano, onde tinham terras. Muda-se para Taperoá, devido ao as-sassinato de seu pai. É nessa cidade que o autor faz seus primeiros estudos. No ano de 1938 mudam-se para Recife, onde Ariano estudou pintura e música. Ingressa na Faculdade de Direito em 1946, come-çando a advogar em 1952. Entretanto, abandona a carreira para se dedicar à literatura e ao magistério, atividades que exerce até hoje.

Suas principais obras são: Romance – Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971); História d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão: Ao Sol da Onça Caetana (1976). Teatro – Auto da Compadecida (1959); A Farsa da Boa Preguiça (1960); O Santo e a Porca (1964).

Características e temas

A obra teatral de Ariano Suassuna caracteriza-se por sintetizar o teatro de origem erudita com o de origem popular, ligado mais especificamente à cultura popular nordestina, utilizando-se do seu rico folclore.

Caricatura de Ariano Suassuna, de Baptistão.

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Auto da Compadecida

Cena do filme O Auto da Compadecida.

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Peça que segue o modelo vicentino (Gil Vicen-te), é uma comédia de caráter popular e religioso. Tem como protagonistas Chicó, o mentiroso ingênuo, e João Grilo, o malandro. Metem-se numa confusão, por causa do enterro de um cachorro, que envolverá todos os personagens da trama: o padeiro tolo, sua mulher devassa, o bispo, o padre corrupto e o sacris-tão. Sem contar o cangaceiro Severino, responsável pelo assassinato em massa de todos, menos Chicó, que conseguira se safar.

Para o julgamento dos mortos aparecem o En-courado (Demônio) e Manuel (Jesus). Todos eram pecadores. Por decisão de Manuel, o bispo, o padre,

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o sacristão, o padeiro e sua mulher são mandados para o purgatório. Os cangaceiros são enviados ao céu. Já João Grilo, muito esperto, apela para nossa Senhora da Compadecida, que lhe dá uma segunda chance e o faz reviver, para que pudesse estar ao lado de seu amigo Chicó.

Crônica – características gerais – autores e obras

As crônicas dos autores que aqui estudare-mos possuem em comum algumas características. São elas que possibilitam o caráter perene de suas crônicas, diferenciando-as da crônica convencional, que lemos diariamente. Dessa forma essas caracte-rísticas que serão listadas são os traços diferencia-dores entre a crônica literária e a crônica puramente jornalística.

São elas: o humor na abordagem dos temas, a dimensão poética do assunto tratado e a grande variedade temática, o que possibilita o desenvolvi-mento dos mais diversificados questionamentos.

Rubem BragaRubem Braga

nasceu no ano de 1913 na cidade de Cachoei-ro do Itapemirim. Fez o colegial em Niterói, ingressando logo após na Faculdade de Direi-to do Rio de Janeiro. Cedo, começou a tra-balhar como jornalista e, em seguida, como cronista publicando seus textos no Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Recife.

No ano de 1944, já consagrado cronista em todo o País, ingressou na Força Expedicionária Brasileira (FEB) para lutar na Europa. Desse acontecimento em sua vida surgiu Com a FEB na Itália (1945). Exerceu a função de diplomata na década de 1950, trabalhando no Chile e no Marrocos. Foi um dos grandes nomes dos cronistas da revista. Em 1990 veio a falecer, ví-tima de câncer.

Suas principais obras são: Um Pé de Milho (1948); O Homem Rouco (1949); A Borboleta Amarela (1956); A Cidade e a Roça (1957); Ai de ti, Copacaba-na! (1960); A Traição da Elegantes (1967).

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Rubem Braga.

Características e temas

A crônica de Rubem Braga caracteriza-se por revelar o lado significativo dos acontecimentos mais corriqueiros, mais banais. Isso é atingido devido à visão essencialmente lírica dos assuntos por ele abordados.

Seus temas partem basicamente de um mesmo motivo: a memória. É dela que se desvelam os temas da infância, da mocidade, dos amores vividos, das transformações do tempo (o vento, o sol, o mudar das estações), dos olhares trocados na rua, das notícias irrelevantes etc.

Todos os seus temas são permeados de melan-colia, devido à consciência do autor de que tudo é transitório, passageiro. Por isso, também a impressão de que em seus textos, busca-se viver intensamente e plenamente o momento que passa. Suas crônicas são o reflexo do mundo objetivo em seu íntimo.

Em estilo poético, as crônicas de Rubem Braga são escritas em períodos mais longos do que as crô-nicas convencionais (que primam pela objetividade), conferindo um caráter sugestivo aos textos. Utiliza a linguagem coloquial, simples, acessível a todos, mesclada com a linguagem elevada.

Leia um trecho de Visão.

No centro do dia cinzento, no meio da banal viagem, e nesse momento em que a custo equi-libramos todos os motivos de agir e de cruzar os braços de insistir e desesperar, e ficamos quietos, neutros e presos ao mais medíocre equilíbrio – foi então que aconteceu.

Eu vinha sem raiva nem desejo – no fundo do coração as feridas mal cicatrizadas, e a esperança humilde como ave doméstica – eu vinha como um homem que vem e vai, e já teve noites de tormenta e madrugadas de sede, e dias vividos com todos os nervos e com toda a alma, e charnecas de tédio atravessadas com a longa paciência dos pobres [...] – eu vinha como um elemento altamente banal, de paletó e gravata [...] – assim eu vinha, como quem ama as mulheres de seu país, as comidas de sua infância e as toalhas de seu lar – quando aconteceu. [...]

Foi apenas um instante antes de se abrir um sinal numa esquina, dentro de um grande carro negro, uma figura de mulher que nesse instante me fitou e sorriu com seus grandes olhos de azul límpido e a boca fresca e viva; que depois ainda moveu de leve os lábios como se fosse dizer al-guma coisa – e se perdeu, a um arranco do carro, na confusão do tráfego da rua estreita e rápida.

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Mas foi como se, preso na penumbra da mesma cela eternamente, eu visse uma parede se abrir sobre uma paisagem úmida e brilhante de todos os sonhos de luz. [...]

Luis Fernando Verissimo

Luis Fernando Verissimo.

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Luis Fernando Verissimo nasceu em 1936, na cidade de Porto Alegre. Ainda criança segue com sua família para a Califórnia, Estados Unidos, onde seu pai, o escritor Erico Verissimo ministrou aulas de Literatura brasileira na Universidade da Califór-nia. Quando volta a Porto Alegre, mal tem tempo de completar o ginásio retorna aos Estados Unidos com a família em 1954, onde fez seus estudos médios. Nesse período interessa-se pela música, especial-mente por jazz, e torna-se saxofonista. Na década de 1960, já estabelecido novamente em Porto Alegre, faz o curso de Publicidade. Em 1962 vai para o Rio de Janeiro, onde se casa e tem sua primeira filha. Retorna a Porto Alegre no ano de 1966, fixando-se aí permanentemente. Três anos mais tarde começa a publicar suas crônicas no jornal Zero Hora. Atinge o reconhecimento nacional a partir de 1982, quando publica suas crônicas no Jornal do Brasil e na revista Veja, tornando-se desde então um dos escritores mais lidos do Brasil. Também produziu scripts para a tele-visão. Desde a década de 1980 seus livros estão entre os mais vendidos no mercado literário brasileiro. É atualmente o maior nome da crônica no Brasil.

Suas principais obras são: O Popular (1973); As Cobras (1975); Ed Mort (1979); O Analista de Bagé (1981); O Gigolô das Palavras (1982); A Velhinha de Taubaté (1983); Comédia da Vida Privada (1996); Comédias para se Ler na Escola (2001); As Mentiras que os Homens Contam às Mulheres (2001).

Fernando Sabino

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lico.

Fernando Sabino nasceu no ano de 1923 em Belo Horizonte. Na capital mineira fez seus estudos primários e secundários, dedicando-se paralelamen-te à natação, conquistando vários prêmios. No ano de 1944 mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, onde concluiu seu curso de Direito. Morou em New York entre os anos de 1946 e 1948, experiência à qual seria revelada nas crônicas de A Cidade Vazia. Em 1956 publica o romance Encontro Marcado, livro que se tornou símbolo da juventude da época, tamanha a identificação que os jovens tiveram com a obra. Logo depois, com a publicação de O Homem Nu, sua popularidade se expandiu e Sabino se tornou um dos principais nomes da literatura brasileira. Entre 1964 e 1966, foi adido cultural da embaixada brasileira em Londres. Em parceria com Rubem Braga fundou a Editora do Autor e mais tarde a Editora Sabiá. Faleceu em 2004.

Suas principais obras são: O Homem Nu (1960); A Mulher do Vizinho (1975).

Características e temas

Fernando Sabino escreveu crônicas de humor, que visam essencialmente ao riso fácil. De tom diver-tido e jovial, suas crônicas apresentam quase sempre uma história com final surpreendente, aproximando-se muito do conto. Elas revelam o ridículo e simulta-neamente cômico do nosso cotidiano banal.

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Características e temas

As crônicas de Luis Fernando Verissimo caracte-rizam-se por apresentar uma visão desmistificadora e desconstrutora de todo e qualquer padrão social institucionalizado. Através do humor, põe à mostra as contradições da realidade da classe média urbana, revelando seu lado ridículo e por vezes absurdo.

Sua obra é permeada constantemente pela ironia em um estilo extremamente característico (mesmo um leitor que conheça pouco da obra de Luis Fernando Verissimo, reconhece seus textos à primeira leitura), algo extremamente difícil de se conseguir atingir na crônica. Utiliza-se em seus textos da lin-guagem coloquial.

Característico na obra desse escritor é a criação de tipos. Destacam-se o Analista de Bagé, em que Verissimo ironiza, juntamente com alguns aspectos da psicanálise, o bairrismo gaúcho; o es-pião Ed Mort, o 007 dos trópicos, detetive que não desvenda nada, está falido e não tem sorte com as mulheres; e a Velhinha de Taubaté, a última dentre todas as pessoas que acredita no Brasil e em tudo o que é transmitido na televisão.

Leia uma das crônicas de O Analista de Bagé.

– Certo. Bem. Acho que o meu problema é com a minha mãe.

– Outro...

– Outro?

– Complexo de Édipo. Dá mais que pereba em moleque.

– E o senhor acha...

– Eu acho uma pôca vergonha...

– Mas...

– Vai te metê na zona e deixa a velha em paz, tchê!

***

Contam que uma vez um casal pediu para consultar, juntos, o analista de Bagé. Ele, a princípio, não achou muito ortodoxo.

– Quem gosta de aglomeramento é mosca em bicheira...

Mas acabou concordando.

– Se abanquem, se abanquem no más. Mas que parelha buenacha, tchê. Qual é o causo?

– Bem – disse o homem – é que nós tivemos um desentendimento...

– Mas tu também é um bagual. Tu não sabe que em mulher e cavalo novo não se mete a espora?

– Eu não meti a espora. Não é, meu bem?

– Não fala comigo!

– Mas essa aí tá mais nervosa que gato em dia de faxina.

– Ela tem um problema de carência afeti-va...

– Eu não sou de muita frescura. Lá de onde eu venho, carência afetiva é falta de homem.

– Nós estamos justamente atravessando uma crise de relacionamento porque ela tem procurado experiências extraconjugais...

– Epa. Opa. Quer dizer que a negra velha é que nem luva de maquinista? Tão folgada que qualquer um bota a mão?

– Nós somos pessoas modernas. Ela está tentando encontrar o verdadeiro eu, entende?

– Ela tá procurando o verdadeiro tu nos outros?

– O verdadeiro eu, não. O verdadeiro eu dela.

– Mas isto tá ficando mais enrolado que linguiça de venda. Te deita no pelego.

– Eu?

– Ela. Tu espera na salinha.

Certas cidades não conseguem se livrar da reputação injusta que, por alguma razão, pos-suem. Algumas das pessoas mais sensíveis e menos grossas que eu conheço vêm de Bagé, assim como algumas das menos afetadas são de Pelotas. Mas não adianta. Estas histórias do psi-canalista de Bagé são provavelmente apócrifas (como diria o próprio analista de Bagé, história apócrifa é mentira bem-educada), mas, pensan-do bem, ele não poderia vir de outro lugar.

Pues, diz que o divã no consultório do analis-ta de Bagé é forrado com um pelego. Ele recebe os pacientes de bombacha e pé no chão.

– Buenas. Vá entrando e se abanque, índio velho.

– O senhor quer que eu deite logo no divã?– Bom, se o amigo quiser dançar uma mar-

ca, antes, esteja a gosto. Mas eu prefiro ver o vivente estendido e charlando que nem china da fronteira, pra não perder tempo nem dinheiro.

– Certo, certo. Eu...– Aceita um mate?– Um quê? Ah, não. Obrigado.– Pos desembucha.– Antes, eu queria saber. O senhor é freu-

diano?– Sou e sustento. Mais ortodoxo que reclame

de xarope.

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Além da crônica, o escritor também criou cartuns, em que aborda com o mesmo humor e a mesma ironia os dramas vividos pela classe média brasileira. Um dos seus cartuns mais conhecidos é As Aventuras da Família Brasil, em que é demonstrado o estarrecimento das mudanças comportamentais e da falência dos tradicionais valores acontecidos na sociedade brasileira.

Aventuras da Família Brasil – livro de Luis Fernando Verissimo.

Div

ulg

ação

da

Ed

itor

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bje

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.

Paulo Mendes CamposPaulo Mendes Cam-

pos nasceu em Belo Hori-zonte, no ano de 1922. Fi-lho do escritor e médico Mário Mendes Campos morou em algumas cida-des do interior mineiro. Iniciou os estudos em Odontologia, Veteriná-ria e Direito, porém não os concluiu. Nunca se diplomou no nível su-perior. Tempos depois, mudou-se para o Rio de janeiro, trabalhando em

diversos jornais e voltando a conviver com seus me-lhores amigos que naquela cidade já moravam: Fer-nando Sabino, Otto Lara Rezende e Hélio Pellegrino. Casou-se com Joan, descendente de ingleses. O casal teve dois filhos: Gabriela e Daniel. No ano de 1962 experimentou LSD com acompanhamento médico e depois descreveu a experiência que passou. Faleceu em 1991, no Rio de Janeiro.

Dom

ínio

púb

lico.

Paulo Mendes Campos.

Características e temas

Paulo Mendes Campos escreveu crônicas líri-cas. Em alguns momentos pode-se dizer que produziu verdadeiramente prosa poética. Flagra os aspectos nostálgicos e belos da vida no mundo urbano em um tom melancólico.

Nelson RodriguesBiografia, ver em Teatro.

Suas principais obras de crônica são: O Óbvio Ululante (1969); A Cabra Vadia (1970); O Reacionário (1977).

Características e temasCom frases de efeito, estilo agressivo e objeti-

vo, Nelson Rodrigues escreveu crônicas que aborda-vam o cotidiano. Leia algumas de suas frases mais conhecidas e chocantes.

Toda mulher gosta de apanhar.

No Brasil, quem não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte.

O amigo trai na primeira esquina. Ao passo que o inimigo não trai nunca. O inimigo é fiel. O inimigo é o que vai cuspir na cova da gente.

Qualquer menino parece, hoje, um experi-mentado e perverso anão de 47 anos.

Todo amor é eterno e, se acaba, não era amor.

O jovem só pode ser levado a sério quando fica velho.

Toda unanimidade é burra.

Pode-se dividir didaticamente (segundo o crítico e professor Sergius Gonzaga) sua obra cronística em três tipos básicos: crônicas esportivas, crônicas so-ciais e comportamentais e crônicas memorialistas.

Nas crônicas esportivas, Nelson Rodrigues fala de futebol não como esporte e sim como metáfora da existência, com seus grandes dramas e terríveis batalhas.

Nas crônicas sociais e comportamentais vemos o escritor não apoiar explicitamente o regime ditato-rial, entretanto, não economiza críticas à esquerda. Também faz severas acusações ao tipo humano que mais detestava: os idiotas.

Nas crônicas memorialistas trata sobre a sua nostalgia do antigo Rio de Janeiro e sobre a sua infância. Em alguns momentos atinge um lirismo

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poucas vezes visto na crônica brasileira. Leia esse emocionante relato sobre sua infância e sua filha numa de suas crônicas.

Volto aos meus quatro anos. E, de repente, os cegos aparecem.[...] Eram quatro e um guia. Estavam de chapéu, roupa escura, colarinho, gravata, colete, botinas. Juntaram-se na esqui-na da farmácia e tocaram violino. Não acordeão, não sanfona, mas violino. Saí da janela, fiz a volta e fui ver, de perto, os ceguinhos. [...] Uma certeza se cravou em mim: – eu ia ficar cego. Deus queria que eu ficasse cego. Era vontade de Deus. [...]

Muito anos depois, conheci Lúcia. Lembro-me de que, numa de nossas conversas, falei-lhe assim: – “Desde criança, tenho medo de ficar cego. Mas se isso acontecesse, eu...”. Fiz a pausa e completei: – “...eu meteria uma bala na cabeça”. [...]

Depois, a gravidez. Ah, quando eu soube que ela só podia ter filho com cesariana. [...] O marido, cuja mulher só pode ter filho com cesariana, terá de amá-la até a última lágrima. [...] Se for menina, o nome é Daniela”, disse Lúcia. [...]

Mais uma semana, Lúcia e Daniela vinham para casa. Tão miudinha a garota, meu Deus, que cabia numa caixa de sapatos.

Dois meses depois, dr. Abreu Fialho passa na minha casa. Viu minha filha, fez todos os exames. Meia hora depois, descemos juntos. Ele estava no carro e eu ia para a TV Rio, ofereceu-se para levar-me ao posto 6. No caminho, foi muito delicado, teve muito tato. Sua compaixão era quase imperceptível. Mas disse tudo. Minha filha era cega.

(A Menina sem Estrela, p. 45-48)

Nelson Rodrigues também fixou tipos em suas crônicas, criando personagens característicos como o sobrenatural de Almeida, a cabra vadia, a freira de minissaia, a estagiária de calcanhar sujo, a grã-fina com narinas de cadáver e Palhares, o canalha.

Além desses seres ficcionais, o autor inseriu em suas crônicas pessoas reais como seus amigos Otto Lara Rezende, Carlos Heitor Cony, Hélio Pellegrino, Alceu Amoroso Lima e Dom Heitor Câmara. Tanto com os personagens como as personalidades reais, Nelson Rodrigues estabelece um diálogo.

(Elite) Analisando os poemas vistos nos módulos, pode-1. mos afirmar que o Concretismo estabelece ligação com que outro tipo de manifestação artística?

Solução: `

Estabelece paralelo com as artes plásticas, principal­mente pela forma com que as poesias concretas se apresentam.

(Elite) Qual semelhança encontramos nas peças de 2. Nelson Rodrigues e Plínio Marcos?

Solução: `

Ambas mostram a natureza sórdida do ser humano. Nel­son Rodrigues faz isso a partir da apresentação de uma classe média hipócrita, que devido às convenções sociais, esconde e reprime esse lado. Plínio Marcos mostra­nos o lado sórdido dos indivíduos de forma crua, pois situa suas peça no submundo, onde vivem os tipos marginalizados da sociedade brasileira.

(Elite) Rubem Braga e Paulo Mendes Campos as­3. semelham­se em suas obras devido ao lirismo aplicado a abordagem dos assuntos. O que aproxima as crônicas de Luis Fernando Verissimo e Fernando Sabino?

Solução: `

O que aproxima tais obras é o tratamento dos temas de uma perspectiva do humor.

(UnB) Releia o poema “1. Beba Coca­cola”.

beba coca cola

babe cala

beba caca

bebe cala caco

caca

cola

cloaca

Marque a opção que caracteriza convenientemente o poema de Décio Pignatari.

Há apelo visual e verbal, ruptura da sintaxe e pode a) ser lido na horizontal e na vertical.

Os espaços brancos são irrelevantes na estrutura-b) do poema.

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Há desagregação dos sintagmas dos morfemas.c)

Não há traços de exploração das semelhanças so-d) noras.

(FCMSC­SP) Movimento poético surgido na década 2. de 1950, revela­se um fruto legítimo da civilização audiovisual, em que a noção de poesia se incorpora, fundamentalmente, o elemento visual. É o:

Verde­amarelismo.a)

Grupo da Anta.b)

Grupo Marajás.c)

Concretismo.d)

Pau­brasil.e)

(PUCPR)3.

de sol a sol

soldado

de sal a sal

salgado

de sova a sova

sovado

de suco a suco

sugado

de sono a sono sonado

sangrado

de sangue a sangue.

O poema concretista, acima transcrito, apresenta as seguintes inovações no campo verbal e visual:

abolição do verso tradicional; desintegração do a) sistema em seus morfemas; a palavra dá lugar ao símbolo gráfico.

apresentação de um ideograma; uso de estrangei-b) rismos; esfacelamento da linguagem.

ausência de sinais de pontuação; uso intensivo de c) certos fonemas; jogos sonoros e uso de justapo-sição.

uso construtivo dos espaços brancos; neologismo; d) separação dos sufixos e dos prefixos; uso de versos alexandrinos.

apresentação de trocadilhos; usos de termos plu-e) rilinguísticos; desintegração da palavra e emprego de símbolos gráficos.

(Mackenzie) Quando Caetano Veloso diz em Sampa: 4. “[...] da feia fumaça que sobe apagando as estrelas, eu vejo surgir seus poetas de campos e espaços”, refere­se a um grupo no qual se incluem Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos.

Sua proposta é, basicamente, usar todos os recursos de que a palavra dispõe, com os termos adquirindo validade não só pelo significado, como também pelos aspectos visuais.

Tal tendência é conhecida como:

poesia futurista.a)

poesia­práxis.b)

poema/processo.c)

metapoema.d)

poesia concreta.e)

(PUC­Rio) A poesia concreta do Brasil caracteriza­se 5. por:

dar continuidade à corrente intimista e estetizante a) dos anos 1940.

descaso pelos aspectos formais do poema e prefe-b) rência pela linguagem correta.

preocupação com a correção sintática, pela reno-c) vação dos temas relacionados com os estados psí-quicos do poeta.

rigidez no nível prosódico e pela impassibilidade d) diante dos problemas nacionais.

visar a atingir e a explorar as camadas materiais do e) significante (som, letra impressa, linhas, superfície da folha).

(FCC) O Concretismo brasileiro caracteriza­se por: 6.

renovação dos temas, privilegiando a revelação ex-a) pressionista dos estados psíquicos do poeta.

exploração estética do som, da letra impressa, da b) linha, dos espaços brancos da página.

preocupação com a correção sintática, desinteres-c) se pela exploração de campos semânticos novos.

descaso pelos aspectos formais do poema.d)

preferência pela linguagem formalmente correta.e)

(Objetivo) Os textos I e II, a seguir, referem­se à questão 7. seguinte.

Texto I

Haroldo de Campos

“de sol a sol

soldado

de sal a sal

salgado

de sova a sova

sovado

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de suco a suco

sugado

de sono a sono

sonado

sangrada

de sangue a sangue”

Texto II

José Paulo Paes

“negócio

ego

ócio

cio

O”

Sobre os textos I e II, só não se pode verificar:

a presença de uma linguagem enfática e declama-a) tória.

a decomposição da palavra e a exploração das ca-b) madas do significante.

a frequência de assonâncias e repetições de pala-c) vras ou fonemas.

a associação do aspecto visual aos demais aspec-d) tos da linguagem (fônicos e morfossintáticos).

a utilização de processos que visam a atingir e a e) explorar o som, a letra impressa, a linha, a superfície da página e outros elementos materiais do signifi-cante.

Considere as afirmações abaixo.8.

Antônio Callado, autor de vários romances e peças I. de teatro, escreveu Quarup, narrativa que mergulha nas profundezas da realidade brasileira pós­1964.

Dalton Trevisan, autor de contos que exploram, por II. meio de personagens comuns, situações extraordi-nárias vivenciadas em cidades gaúchas.

Lygia Fagundes Telles é autora de narrativas, entra III. as quais As Meninas e Seminário dos Ratos, que re-presentam ficcionalmente a vivência urbana de per-sonagens que se confrontam com o esvaziamento do sentido existencial.

Quais estão corretas?

I.a)

II.b)

III.c)

I e III.d)

I, II e III.e)

(ITA) Decretando o fim do verso e abolindo (a) (o) ___, 9. esses vanguardistas procuram elaborar novas formas de comunicação poética em que predomine o aspecto material do signo, de acordo com as transformações ocorridas na vida moderna. Nesse sentido, (a) (o) ___ explora basicamente (a) (o) ___, jogando com formas, cores, decomposição e montagem das palavras etc., criando estruturas que se relacionam visualmente.

Assinale a opção que completa corretamente as lacunas.

Sintaxe tradicional, concretismo, significante.a)

Metrificação, poesia­práxis, significado.b)

Lirismo, poema­processo, concreto.c)

Versificação, neoconcretismo, sonoridade.d)

Sintaxe, bossa nova, ritmo.e)

(UFRGS) Considere as seguintes afirmações a respeito 10. da narrativa de Dalton Trevisan.

Seu estilo é sintético, com as palavras a serviço do I. essencial no recorte que faz objetiva e cruamente, em cada narrativa, de situações exemplares da mi-séria humana.

Seus contos são flagrantes do cotidiano que reve-II. lam a força dos condicionamentos sociais, a degra-dação humana em meio à violência social e o ani-quilamento dos sonhos na sociedade de consumo.

Sua narrativa cética não impede a apresentação de III. situações de esperança e transcendência na vida dos personagens.

Quais estão corretas?

I.a)

II.b)

I e II.c)

II e III.d)

I, II e III.e)

Assinale as afirmativas com V para verdadeiro ou F para falso. Corrija as falsas.

( ) Nelson Rodrigues classificou suas peças da 11. seguinte forma: Peças Psicológicas, Peças Míticas e Tragédias Cariocas.

( ) As crônicas escritas por Rubem Braga carac-12. terizam­se por revelar o lado significativo dos mais banais.

( ) 13. Vestido de Noiva revolucionou o teatro brasileiro por apresentar em palco, simultaneamente, três planos superpostos: a realidade, a alucinação e a saudade.

( ) Pode­se classificar as crônicas de Fernando Sabino 14. como crônicas líricas e melancólicas.

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( ) As peças de Nelson Rodrigues revelam o lado 15. mórbido dos seres humanos, que o escondem devido às convenções sociais.

( ) Luis Fernando Verissimo criou em suas crônicas 16. tipos como o analista de Bagé e o detetive Ed Mort.

( ) A obra de Plínio Marcos revela o submundo da 17. cidade de Curitiba.

( ) Dias Gomes mostra em suas peças protagonistas 18. humildes, como Zé do Burro, em O Pagador de Promes­sas, que carrega uma imensa cruz para cumprir uma promessa em função da recuperação de seu burro, atingido por um raio.

( ) A obra teatral de Ariano Suassuna caracteriza­se 19. por fazer uma síntese entre o erudito e o popular. Ele-mentos da cultura nordestina são mostrados em Auto da Compadecida.

( ) Pode­se afirmar que Paulo Mendes Campos, em 20. suas crônicas, escreveu prosa poética.

(UFRGS) Assinale a alternativa que preenche corre-1. tamente as lacunas do texto abaixo, na ordem em que aparecem.

Rubem Fonseca é considerado por alguns críticos como um escritor ___, por focalizar, em diferentes textos, a ___ dos centros urbanos, nas ações dos ___, tal como acontece no conto ___ .

intimista – solidão – miseráveis – “Passeio noturno”a) .

realista – corrupção – ambientalistas – “Intestino b) grosso”.

brutalista – violência – delinquentes – “Feliz ano c) novo”.

pornográfico – corrupção – policiais – “Corações d) solitários”.

controvertido – violência – policiais – “Intestino e) grosso”.

Leia as afirmações abaixo sobre o escritor Moacyr 2. Scliar.

Scliar iniciou sua carreira literária na segunda me-I. tade do século XX como ficcionista, escrevendo, ao longo de três décadas, inúmeros livros de contos e novelas. A partir dos anos 1990, no entanto, deixou de lado a literatura para dedicar­se ao colunismo jornalístico, em Zero Hora e na Folha de São Paulo.

Um dos contos de Scliar, II. Max e os Felinos (1981), inspirou, recentemente, o escritor canadense Yann

Martel a escrever um livro com o qual ganhou im-portante prêmio na Inglaterra, gerando uma polê-mica sobre a prática de plágio.

A novela III. O Centauro no Jardim, uma das mais co-nhecidas de Scliar, a presença do fantástico, me-diante a personagem Guedali Tratskovsky, metade homem e metade cavalo, pode ser interpretada como uma representação metafórica da divisão do ser humano, na busca de sua identidade.

Quais estão corretas?

I.a)

II.b)

I e III.c)

II e III.d)

I, II e III.e)

(FCMSC­SP) Transcreve­se um poema de José Lino 3. Grunewald:

Este é um poema escrito dentro dos princípios do Concretismo, movimento poético brasileiro da década de 1950, no século XX.

Escrevemos, a seguir, que no Concretismo:

a poesia não fica apenas no âmbito do consumo I. auditivo.

à noção de poesia se incorpora um novo elemento: II. o visual.

o apelo à comunicação não­verbal exerce papel III. fundamental.

Escreveu­se corretamente em:

I e II apenas.a)

I e III apenas.b)

II e III apenas.c)

I, II e III.d)

nenhuma das frases.e)

(FCMSC­SP) Sobre o mesmo Concretismo referido no 4. enunciado da questão anterior, está errado afirmar que ele:

baseou­se, em sua formulação teórica, nos ensina-a) mentos de Mallarmé, Pound e Joyce.

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teria semelhanças, ou seria comparável ao movi-b) mento denominado Pau­Brasil, de 30 anos antes.

a brevidade e a concisão de seus poemas retomam c) a linha evolutiva do poema­minuto, de Oswald de Andrade, na década de 1920.

Mário de Andrade foi figura poética de proa e líder d) do movimento.

indiscutivelmente poético, o Concretismo, se não e) atingiu a prosa, pelo menos influenciou a música e a pintura.

Considere as afirmações a seguir, referentes à obra de 5. Dalton Trevisan.

Revela grande capacidade de recriar ambientes, I. descrever paisagens e traçar panoramas sociais que, abrangendo os dois últimos séculos da histó-ria brasileira, demonstram uma perspectiva crítica e humanista.

É composta por contos e novelas, geralmente am-II. bientados em Curitiba, que expõe a violência e a falta de perspectiva que impregnam o dia­a­dia de quem vive nos centros urbanos.

Alguns de seus contos mais importantes reprodu-III. zem o cotidiano dos habitantes dos morros cario-cas e da polícia encarregada de vigiá­los, narrando episódios violentos em que a disputa pelo tráfico de drogas provoca tiroteios, assassinatos e raptos.

Quais estão corretas?

I.a)

II.b)

I e III.c)

II e III.d)

I, II e III.e)

(Vunesp)6.

Por que é então que este livro

tão longamente é enviado

a quem faz uma poesia

de distinta liga de aço?

Envio­o ao leitor malgrado

e intolerante, o que Pound

diz de todos o mais grato;

àquele que me sabendo

não poder ser de seu lado,

soube ler com acuidade

poetas revolucionados.

O trecho faz parte do poema­dedicatória A Augusto de Campos (Agrestes, 1985). O poeta, autor também de Auto do Frade, Museu de Tudo, A Escola das Facas, A Educação pela Pedra etc., refere­se a Augusto de Campos como leitor ideal e alude à corrente poética a que este pertence. O autor do trecho e a corrente poética desse virtual leitor são, respectivamente:

Ferreira Gullar e Concretismo.a)

Haroldo de Campos e Neoconcretismo.b)

Caetano Veloso e Tropicalismo.c)

João Cabral de Melo Neto e Concretismo.d)

Carlos Drummond de Andrade e “geração de e) 1945”.

(PUC­Rio) A história da poesia brasileira no século XX 7. pode ser dividida em cinco momentos:

a coexistência do Parnasianismo e do Simbolismo.I.

o Modernismo, iniciado oficialmente com a Semana II. de Arte Moderna.

a Geração de 1945.III.

o Concretismo.IV.

a poesia contemporânea.V.

Numere as características abaixo de acordo com essa divisão e assinale a alternativa que contém a sequência encontrada.

Incorporação do espaço gráfico. )(

Ruptura com o formalismo da estética anterior. )(

O culto da forma, seja na técnica de composição, )(seja na expressividade sonora.

Misticismo e retomada da tradição formal. )(

Metapoética e experimentalismo. )(

II, III, IV, I e V.a)

IV, V, II, I e III.b)

II, III, V, I e IV.c)

IV, II, I, III e V.d)

Considere as seguintes afirmações.8.

Dalton Trevisan apresenta em seus contos perso-I. nagens sempre envolvidos em histórias de amor nas quais violência e morte misturam­se a elemen-tos sobrenaturais (por exemplo, intervenção de entidades místicas do espiritismo e da umbanda), tudo narrado com uma linguagem de inspiração barroca.

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Rubem Fonseca é autor de contos em que a vio-II. lência das cidades brasileiras na atualidade é re-portada de forma seca e direta, em sequências de muita ação, nas quais o narrador evita comentários digressivos e julgamentos morais.

João Antônio, no livro de contos intitulado III. Mala­gueta, Perus e Bacanaço, registra o cotidiano de prostitutas, gigolôs e pivetes, dando­lhes o papel de protagonistas em relatos caracterizados pela coloquialidade.

Quais estão corretas?

I.a)

II.b)

I e II.c)

II e III.d)

I, II e III.e)

(UM­SP) A poesia concreta, lançada oficialmente em 9. 1956, com a “Exposição Nacional de Arte Concreta” realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, teve três poetas que iniciaram tal experiência. São eles:

Augusto dos Anjos, Haroldo de Campos e Oswald a) de Andrade.

Alberto de Campos, Décio Pignatari e Augusto de b) Campos.

Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Augusto de c) Campos.

Oswald de Andrade, Décio Pignatari e Augusto de d) Campos.

Augusto dos Anjos, Alberto de Campos e Haroldo e) de Campos.

(Elite) Que classe gramatical de palavra predomina nos 10. poemas concretos?

(UFRGS) Considere as seguintes afirmações sobre 12. Nelson Rodrigues.

Em I. Vestido de Noiva, de 1943, Nelson Rodrigues inova radicalmente a dramaturgia brasileira, ao des-respeitar, pela primeira vez, as unidades de tempo e espaço, criando um cenário dividido em três planos: o da realidade, o da alucinação e o da memória.

Os impulsos primitivos do homem, a obsessão pela II. morte e os conflitos sexuais são as constantes na obra de Nelson Rodrigues, obra que o próprio au-tor caracterizou como “teatro desagradável”.

Álbum de FamíliaIII. desmascara a instituição familiar ao contrapor fotografias que sugerem uma aparên-cia tranquila diante da sociedade e, de outra parte, cenas que denunciam uma realidade cotidiana re-pleta de conflitos.

Quais estão corretas?

Apenas I.a)

Apenas II.b)

Apenas III.c)

Apenas I e III.d)

I, II e III.e)

(UFRGS) 11.

Plano piloto para poesia concreta

Augusto de Campos, Décio Pignatari, Haroldo de Campos

“Renunciando à disputa do “absoluto”, a poesia concreta permaneceu no campo magnético do relativo perene. [...] a comunicação mais rápida (implícito um problema de funcionalidade e estrutura) confere ao poema um valor positivo e guia a sua própria confecção [...] poesia concreta:

uma responsabilidade integral perante a linguagem, realismo total contra uma poesia de expressão, subjetiva e hedonística, criar problemas exatos e resolvê­los em termos de linguagem sensível. uma arte geral da palavra. o poema produto: objeto útil.

A partir do texto assinado pelos três autores, é correto afirmar que a poesia concreta:

vincula­se à tradição simbolista de pesquisa de a) temas astratos e metafísicos por meio de metá-foras sugestivas e ambíguas.

resgata a tradição confessional e modernista b) ilustrada por Manuel Bandeira e Carlos Drum-mond de Andrade, em que a coloquialidade acompanha a reflexão sobre o passado e a per-plexidade ante o presente.

quer manter­se sempre ligada à ideia de relati-c) vidade e longe das lutas pela verdade suposta-mente eternas, totais.

recusa o hedonismo e procura criar problemas d) a serem resolvidos por um leitor alerta para o contexto social capitalista, em que o produto do trabalho não pertence ao trabalhador.

propõe a elaboração de um poema que também e) seja um objeto útil, inserido na tradição român-tica do poema com o qual o poeta procura con-quistar sua amada.

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(Elite) Assinale a alternativa que apresenta a relação 13. incorreta entre autor e obra.

Nelson Rodrigues – a) Viúva, porém Honesta.

Dias Gomes – b) A Moratória.

Ariano Suassuna – c) O Santo e a Porca.

Plínio Marcos – d) Dois Perdidos numa Noite Suja.

Jorge de Andrade – e) Os Ossos do Barão.

(UFRGS)14. Em Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, predomina:

a oscilação entre o passado e o presente, uma vez a) que a ação se apresenta por meio da consciência, algo perturbada da personagem principal, o que quebra a linearidade no desenrolar da ação dramá-tica.

a disputa entre duas irmãs pelo mesmo noivo, o b) qual jamais se decide em casar com qualquer uma delas, preferindo partir para fora do país com um amigo e protetor.

a linearidade narrativa na exposição dos conflitos c) de uma família marcada pela brutalidade sexual do patriarca e pela fúria uterina da mãe, que chega a seduzir um filho e a levar outro à morte.

a denúncia da violência e da mesquinharia de uma d) família da pequena burguesia carioca cujo patriarca induz todas as filhas a se prostituírem, com exceção de uma delas, que deverá simbolizar a pureza do clã.

a exposição da decadência de uma família de cafei-e) cultores após a crise econômica e social de 1930, que leva o pai a desistir de tudo e a filha e a mãe a terem de trabalhar como costureiras para sobre-viver.

(UFRGS) Considere as afirmações abaixo, sobre três 15. dramaturgos contemporâneos.

Em I. Álbum de Família, Nelson Rodrigues denuncia as más condições de vida dos cafeicultores paulis-tas, que, depois da bancarrota causada pela crise de 1929, são obrigados a vender suas terras e a dedicar­se à agricultura de subsistência e à pecu-ária.

Em II. O Auto da Compadecida, Ariano Suassuna usa de humor e de linguagem coloquial para expor as desventuras de Chicó e João Grilo, dois persona-gens despossuídos, em uma pequena cidade nor-destina marcada pela injustiça social.

Em III. Navalha na Carne, Plínio Marcos explora a ten-são e a violência que marcam o relacionamento entre um delinquente homossexual, uma prostituta

e seu gigolô, com diálogos em que as acusações mútuas são trocadas em linguagem obscena e agressiva.

Quais estão corretas?

I.a)

II.b)

I e II.c)

II e III.d)

I, II e III.e)

(UFF) Assinale a alternativa 16. incorreta sobre O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna.

João Grilo é o personagem principal que, por ser a) mais instruído e por não acreditar em religião, se sobressai entre as demais.

A obra baseia­se em romances e histórias popula-b) res do Nordeste, dando expressão tanto à tradição cristã quanto às crenças mais ingênuas do povo.

Após a morte das personagens, a figura de Nossa c) Senhora intervém junto ao seu filho e pede compai-xão pelos pecados cometidos.

É um texto teatral de 1955, cuja temática central é d) a religiosidade brasileira, que serve de inspiração a uma história cheia de peripécias.

Além da Compadecida e de outras entidades so-e) brenaturais, o texto põe em cena personagens da terra, como o padre, o bispo e Chicó.

(Elite) Considere as seguintes afirmações sobre Nelson 17. Rodrigues.

Em I. Vestido de Noiva, peça revolucionária na drama-turgia brasileira pelas inovações formais que intro-duz, o autor desvela as relações familiares burgue-sas estruturadas sobre convenções sociais.

Álbum de Família II. e Senhora dos Afogados são ex-ceções na obra do autor, uma vez que tratam de questões políticas do Brasil dos anos 1950.

Bonitinha mas OrdináriaIII. , assim como Vestido de Noiva, é dividida em três planos simultâneos e su-perpostos.

Quais estão corretas?

I.a)

II.b)

I e II.c)

II e III.d)

I, II e III.e)

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(Elite) Indique a alternativa que apresenta somente 18. as Tragédias Cariocas de Nelson Rodrigues.

Beijo no Asfalto; Os Sete Gatinhos; Toda Nudez a) Será Castigada.

Vestido de Noiva; Viúva, porém Honesta; Valsa n.° b) 6.

Álbum de Famíliac) ; Anjo Negro; Senhora dos Afo­gados.

Beijo no Asfalto; Vestido de Noiva;d) Álbum de Fa­mília.

Os Sete Gatinhos; Anjo Negro, Valsa n.° 6.e)

(PUC­Rio) Associe os autores aos textos teatrais.19.

1. Plínio Marcos

2. Nelson Rodrigues

3. Jorge de Andrade

A Falecida )(

O Abajur Lilás )(

Bonitinha mas Ordinária )(

Navalha na Carne )(

A Moratória )(

A relação numérica, de cima para baixo que estabelece a sequência corretas das associações é:

2­2­1­1­3.a)

1­3­2­3­1.b)

2­1­2­1­3.c)

3­1­2­2­3.d)

1­3­1­2­2.e)

Leia os seguintes fragmentos extraídos das crônicas 20. de Nelson Rodrigues.

“E não era uma pane individual: era um afogamento coletivo. Naufragaram ali os jogadores, os torcedores, o chefe da delegação, a delegação, o técnico e o massagista. Nessas ocasiões falta o principal. Estão a postos os jogadores, o técnico e o massagista. Mas quem ganha ou perde as partidas é a alma. Foi a nossa alma que ruiu face à Hungria, foi a nossa alma que ruiu face ao Uruguai.

Não creio que a taça Jules Rimet jamais se transforme em passado. Ela representa uma vitória pessoal e coletiva, uma vitória de todos nós, de cada um de nós. Eis a característicfa dos grandes triunfos: – não desbotam, não passam, não fenecem. E é preciso que, de vez em quando, o brasileiro esfregue em si mesmo, como um óleo genial, o título fantástico.”

Em relação aos fragmentos acima, considere as afirmações que seguem.

Os trechos citados trazem a marca do estilo de Nel-I. son Rodrigues – a fala comum do país, acrescida o exagero que lhe é peculiar – e uma visão poética do futebol.

A abordagem do futebol, nas crônicas, se dá a par-II. tir do entendimento desse esporte como parte da identidade do brasileiro.

Para o cronista, o futebol brasileiro não se faz ape-III. nas com técnica e tática, ou apenas com jogado-res, técnico e massagista, mas principalmente com alma.

Quais estão corretas?

I.a)

II.b)

III.c)

II e III.d)

I, II e III.e)

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A1.

D2.

C3.

E4.

E5.

B6.

A7.

D8.

A9.

C10.

F11.

V12.

F13.

F14.

V15.

V16.

F17.

V18.

V19.

V20.

C 1.

D2.

D3.

D4.

B5.

D6.

D7.

D8.

C9.

Substantivo.10.

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C11.

E12.

B13.

A14.

D15.

A16.

A17.

A18.

C19.

E20.

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