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    Re l a e s In t e R n a c I o n a I s

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    S rg i o Lu i z Cr u z A gu i L A rH e ve L Lyn M ene z e S A L b re S

    (org.)

    Relaes InteRnacIonaIs:

    pesquIsa, pRtIcasepeRspectIvas

    Marlia

    2012

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    UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

    FACULDADE DE FILOSOFIA E CINCIAS

    Diretora:Profa. Dra. Maringela Spotti Lopes Fujita

    Vice-Diretor:Dr. Heraldo Lorena Guida

    Copyright 2012 Conselho Editorial

    Conselho EditorialMaringela Spotti Lopes Fujita (Presidente)Adrin Oscar Dongo Montoya

    Ana Maria PortichAntonio Mendes da Costa BragaClia Maria GiachetiCludia Regina Mosca GirotoMarcelo Fernandes de OliveiraMaria Rosngela de OliveiraMaringela Braga NorteNeusa Maria Dal RiRosane Michelli de Castro

    Ficha catalogrficaServio de Biblioteca e Documentao Unesp - campus de Marlia

    Editora afiliada:

    R382 Relaes Internacionais: pesquisa, prticas e perspectivas / Srgio Luiz

    Cruz Aguilar, Hevellyn Menezes Albres (org.). Marlia : Oficina

    Universitria ; [So Paulo] : Cultura Acadmica, 2012.

    272 p. : il.

    ISBN 978-85-7983-240-6

    1. Geopoltica. 2. Comrcio exterior. 3. Diplomacia. 4. Relaes interna-

    cionais. I. Aguilar, Srgio Luiz Cruz. II. Albres, Hevellyn Menezes.

    CDD 327

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    sumRIo

    Apresentao......................................................................................... 7

    ensaIosPresenadoHistoriadornosEstudosdeRelaesInternacionais

    Clodoaldo Bueno................................................................................... 15

    GeopolticaeForasArmadasnaAmricadoSul:Impasseseesafos

    doSculoXXIEurico de Lima Figueiredo.................................................................... 29

    ARelevnciadosOrganismosInternacionais

    Joo Clemente Baena Soares.................................................................... 41

    PrincpioseValoresnaPolticaExternaBrasileiranaEraLula

    Jos Augusto Guilhon Albuquerque.......................................................... 53

    PesquisaemRelaesInternacionaisnoBrasil:Passado,Presente

    ePerspectivas

    Jos Flavio Sombra Saraiva..................................................................... 67

    AAmricaLatinaeoMundo:onitos,MovimentosSociaiseauesto

    AmbientalnoontextodasRelaesInternacionaisTeresa Isenburg....................................................................................... 79

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    aRtIgosOrganizaesRegionaiscomoMantenedoraseonstrutorasdaPaz:

    PorqueantaAnsiedade?

    Andrea de Guttry.................................................................................... 97

    apacidadeivileasOperaesAricanasdeApoioPaz

    Cedric de Coning................................................................................... 125

    arybeVilar:Identidades,RedeseRepresentaesentreBrasil,

    ArgentinaeUruguai

    Eliane Garcindo de S............................................................................ 147

    LasumbresEmpresarialeshina-AmricaLatina:Aportesy

    Evolucin(2007-2011)

    Fernando Reyes Matta............................................................................ 165

    hinaylaExpansinOccidental:Estructuradelases,

    ImperialismoeIntervencinEstatalenPerspectivaHistricaGustavo Enrique Santilln...................................................................... 183

    hinayOccidente:osModelosdeesarrolloparalosPases

    Latinoamericanos

    Jos Luis Valenzuela Alvarez.................................................................... 203

    KanteoosmopolitismoRaael Salatini de Almeida..................................................................... 229

    GestoInterculturalnasRelaesomerciaisBrasil-hina

    Suzana Bandeira; Raael Guanaes.......................................................... 245

    SobreosAutores.................................................................................... 267

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    apResentao

    Odesenvolvimentodasociedadecontemporneatemcomoumade suas caractersticas a internacionalizao,com superao dos limitesdoEstadoNacional.Istoimplicaemoportunidades,mastambmemdesafos.Emumsistemainternacionalanrquicoecomplexo,oEstado-naoeasinstituiesmultilateraisconvivemcomumasriedeatoresglobaisetmquelidarcomumagamaenormedetemasquevododesenvolvimentoaosdireitoshumanos,domeioambientesegurana,docomrciosmigraes,e assim por diante. neste cenrio complexo que o estudo das RelaesInternacionaisvemganhandocadavezmaisimportncia,alcanandoostatusdeumadisciplinaautnomanoamploescopodasinciasHumanas.

    OcampodasRelaesInternacionais,aoprocurarseaproundarnaanlisedeestruturas,processos,instituies,atoresenormaspresentesnosistemainternacional,temqueinteragireseapoiaremdiversasreascomoincia Poltica, Histria, Economia, ireito, Sociologia, Antropologia eGeografa,dentreoutras.SeuestudoimplicanoentendimentoeutilizaodeteoriasemodelosdeanlisesobreasrelaesentreEstados,aorganizaodo

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    podermundial,ainteraoentrepaseseblocos,aatuaodeorganizaesinternacionais (governamentais e no-governamentais), a dinmica dosconitoseosatoresqueinuenciamnosprocessoseestruturasnombitodo

    sistemainternacional.Nessecontexto,aSemanadeRelaesInternacionaisaparecesomando

    esoros na construo da rea das Relaes Internacionais no Brasil. Eventoacadmico criado em2003,a Semana se consolidoupor sua periodicidadeeprojeo acadmica. Ao longo desses nove anos vem procurando contribuircom reexes conceituais relevantes na rea para o ortalecimento do estudodasRelaesInternacionaisnosnveisdegraduaoeps-graduao.esdeaprimeiraedio,contoucomaparticipaodeprofssionaiseacadmicosdoBrasiledoexterior,cujascontribuiesresultaramnapublicaodelivroseanais.

    A9SemanadeRelaesInternacionaisoipromovidapelosonselhosdosursosdeRelaesInternacionaisdaUNESP(ampusdeMarliaedeFranca)epeloProgramadePs-GraduaoeminciasSociais,comapoiodosdepartamentosdeSociologiaeAntropologia(SA)edeinciasPolticaseEconmicas(PE)daFaculdadedeFilosofaeincias,ampusdeMarlia.

    FoieleitocomotemaRelaesInternacionais:Pesquisa,PrticasePerspectivas.Suaamplitudetem relao com a prpriaabrangnciadasRelaes Internacionais. Buscamos, a partir de tal escolha, aproveitar aoportunidadedereunirproessores,diplomatas,profssionais,pesquisadoresealunos,parapromoverointercmbiodeideiaseexperincias,aapresentaoeadiscussosobreapesquisaquesedesenvolvenoBrasilenomundo,algumasprticasimportantesdasRelaesInternacionaiseasperspectivasdarea.Aoexpordierentestendnciastericasemetodolgicas,almejamosencontrar

    respostas para problemas complexos e plurais requentemente submetidosnosvriosambientesdeatuaodointernacionalista.Otemaselecionadooiabordado emconerncias, mesas redondas, minicursos, sessesde cinemae ofcinas. Serviu, tambm, de inspirao para a maioria dos trabalhosapresentadosnombitodosseminriostemticos.

    A presente obra o resultado das atividades realizadas durante aSemana,apresentadasnaormadecontribuiesoriginais(ensaioseartigos)dos

    participantesdoevento.Olivrooidivididoemduaspartes,cadaqualcomosrespectivostextosdispostosemordemalabticadeseusautores.

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    Aprimeirasessodolivrocontemplaensaios,escritosoriginalmenteparaapresentaooralnoeventoe,emdecorrnciadisso,guardaramotomcoloquial.Oprimeiroensaio, Presena do Historiador nos Estudos de Relaes

    Internacionais, de autoria do proessor lodoaldo Bueno (UNESP).O texto, abarcado pelo eixo temtico da pesquisa, ocaliza a anlise naabordagem histrica das Relaes Internacionais no Brasil. Nesse intento,tratadaevoluodadisciplinaHistriaiplomtica,relacionando-acomaemergnciaposteriordaHistriadasRelaesInternacionais.

    OproessorEuricoFigueiredo(UFF)abordouaGeopoltica e ForasArmadas na Amrica do Sul: impasses e desafos do sculo XXI.Otextotrataconceitualmentedotemageopoltica,tomandocomorecortesaAmricadoSuleoBrasil,incorporandoaindaadimensodasForasArmadas.Almdadiscussoconceitual,esteensaiotrazareexosobrealgunsimpassesedesafoscontemporneos,acrescentandosuacontribuiosperspectivasparaocenriointernacional.

    O terceiro ensaio,A Relevncia dos Organismos Internacionais, de autoria do Embaixador Joo lemente Baena Soares. Neste textoso apresentadas diversas reexes sobre a atual confgurao do sistema

    internacional,comanliseseitasdaperspectivaprivilegiadadeumpolicy maker.Ademais,oensaioseestendenasperspectivasdasRelaesInternacionaisdoBrasil,discutindopossibilidadesdearranjodosistemainternacionaleopapeldasOrganizaesInternacionaisnessatarea.

    OproessorJosAugustoGuilhonAlbuquerque(USP)apresentouoensaioPrincpios e Valores na Poltica Externa Brasileira na Era Lula.InseridonombitodasprticasdeRelaesInternacionais,otextosepreocupacom

    questesmetodolgicasreerentesormulaoeaplicaodapolticaexternabrasileira.endocomorecorteogovernodeLuisIncioLuladaSilva,masavanandonogovernodapresidenteilmaRousse,oautoranalisaaormadeinseroeoimpactodosprincpiosevaloresnapolticaexterna.

    Pesquisa em Relaes Internacionais: passado, presente e perspectivasoiotemaapresentadopeloproessorJosFlvioSombraSaraiva(UnB).InseridonodebatesobreapesquisaemRelaesInternacionaisnoBrasil,otextopartede

    dadosessenciaissobreosurgimentodessecampodeestudopara,emseguida,analisar as temticas de pesquisa, considerando avanos, difculdades e reas

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    prioritrias.Porltimo,apresentaumbalanodasprimeirasdcadasdapesquisaemRelaesInternacionaisnopas,indicandocaminhosparasuaconsolidao.

    ompletando o primeiro bloco, a proessora eresa Isenburg

    (Milo),apresentaoensaiointituladoA Amrica Latina e o Mundo: conitos,movimentos sociais e a questo ambiental no contexto das Relaes Internacionais.Otextodiscuteseexistemproblemasambientaisdeimportnciaprioritriaemescalaglobalequestionaaabrangnciadetalentendimentoesuaormade tratamento no sistema poltico-diplomtico internacional. Aborda aquestoambiental,aonernciasobreoMeioAmbientedoRiodeJaneiroeosacordosdeladecorrentes,porcontadeumasucessodecenriosquesefzerampresentesnosistemainternacional.

    Asegundapartedolivrocontmartigosproduzidospelospalestrantesda9Semana.Oprimeirodeles,Organizaes Regionais como Mantenedoras eConstrutoras da Paz: porque tanta ansiedade?deautoriadoproessorAndreadeGuttry(Pisa). OtextodiscuteatendnciaatualdedescentralizaonaexecuodeoperaesdemanutenoedeconstruodaPaznosistemadasNaesUnidas,comcrescenteparticipaodeEstadoseOrganizaesInternacionais,apresentando as motivaes desses atores em desempenhar um papel mais

    importanteembuscadapazeasconsequnciasassociadasaessatendncia.

    Oartigoseguintetrata,tambm,dasoperaesdepaz,temadedestaquena9Semana.OpesquisadordoentroAricanoparaaResoluoonstrutiva de isputas (AOR), edric de oning, aborda emCapacidade Civil e as Operaes Aricanas de Apoio Pazopapeldoscivisnamanutenodapaz,concentrandoaanlisenoprojetodasorasdepronto-empregodaUnioAricana.Nesserecorte,sodiscutidasasunescivis

    identifcadas, bem como a ormao, o recrutamento e a mobilizao depessoalparapreenchimentodoscargoscivisnasoperaesdepaz.

    Em Caryb e Vilar: identidades, redes e representaes entre Brasil,Argentina e Uruguai, aproessoraElianeGarcindodeS(UERJ)trazreexessobreosdemarcadoresdageopolticanacional/internacional,considerandoregistrosdaproduoculturalnumsistemaplanetrioglobalizado.Emsuasduastomadas,sobreoargentinoaribeouruguaioVilar,sodiscutidosno

    apenasatrajetriadosartistas,mastambmdierentesaspectosdaidentidadebrasileiraedasronteirasglobais.

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    Oquartoartigo,doEmbaixadorchilenoFernandoReyesMatta,intituladoLas Cumbres Empresariales China-Amrica Latina: aportes y evolucin(2007-2011).Esseoprimeirodeumasriedetextosquetratadahina,

    atorcadavezmaisrelevantenosistemainternacional,outrotemadedestaquena9SemanadeRelaesInternacionais.Oautortrataespecifcamentedasconernciasempresariaisentrea AmricaLatinaeahinaapartirdasuaconcepo,opapeldaEPALedoBInessesruns,paraconcluirqueaindanosoclarasasmetaseosresultadosdessesesoros.

    Emseguida,temosoartigoChina y la Expansin Occidental: estructurade clases, imperialismo e intervencin estatal en perspectiva histrica, doproessorGustavoE.Santilln(rdoba).OtextodiscuteaquestodaascensochinesaesuarelaocomosdemaisEstados-naonosistemainternacional.Paratanto,adotaaperspectivadaacademiasul-americana,azendoumaanlisehistricaqueenglobaosnveissocial,polticoeeconmico.

    OproessorchilenoJosLuisValenzuelaapresentaoartigoChinay Occidente: dos modelos de desarrollo para los pases latinoamericanos.Otextotambmenglobadonosestudossobreahinaeguardaproundodilogocomosanteriores.Apartirdosconceitosocidentalechinsdedesenvolvimentoe

    depasdesenvolvido,edoconrontoentreeles,oautordiscuteseaqueleeleitopelahinaseriaounoadequadoparaaAmricaLatina.

    Oartigoseguinte,doproessorRaaelSalatini(UNESP),temcomottuloKant e o Cosmopolitismo. Otextotrazumareexosobreaimportanteecontemporneadiscussosobreocosmopolitismo.AtemticadesenvolvidaapartirdopensamentotardiodeImmanuelKant,adotandoumaperspectivatantohistricaouteleolgicaquantojurdica.

    Encerrandoaobra,temosotextoGesto Intercultural nas RelaesComerciais Brasil-ChinaescritoporSuzanaBandeiraeRaaelGuanaes.Oartigo voltado para as relaes empresariais internacionais, destacandoa importncia da gesto intercultural. So apresentadas reexes sobreas relaes comerciais entre empresas brasileiras e empresas e instituieschinesas,destacandoalgunsaspectosculturaisdahinacujacompreensoundamentalparaosucessodessasrelaes.

    A diversidade de temticas abordadas reete nossa expectativade contemplar, de alguma maneira, a gama de espectros da pesquisa e da

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    prticanasRelaesInternacionais.EsperamosqueestaobrapossacontribuirparaoaproundamentodosestudosedareexosobretemasdasRelaesInternacionais e que, por meio destes ensaios e artigos, surjam ideias e,

    principalmente,questesqueinstiguemnovaspesquisas,agucemosdebates,e nos permitam pensar, analisar e compreender melhor os conceitos, ascategorias,osmodeloseasprticasquenorteiamocenriointernacional.

    SrgioLuizruzAguilarHevellynMenezesAlbres

    (Organizadores)

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    ensaIos

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    pResenado HIstoRIadoRnos estudosde Relaes InteRnacIonaIs

    Clodoaldo Bueno

    Noinciodosanos1980publiqueipequenotextosobreHistriaeteoriadasrelaesinternacionais:notaconceitual,numapocaemqueestareaerapoucocultivadanaacademia.Nasduasltimasdcadas,nomeadamente,asRelaesInternacionaisganharamprojeonasuniversidadesenagrandemdia nacional e internacional. Mesmo assim, algumas das questes que

    levanteinaocasio,sobretudonoquesereeresontes,aindapersistem.Na presente comunicao retomo algumas delas, adaptadas ao tempo e circunstncia,procurandonougirdosobjetivosdestamesa.umpre-meconsignar que o Pro. Antonio arlos Lessa, da Universidade de Braslia,contribuiuparaamanutenodemeuinteressepelotema,oquesetraduznapromessadeproduzir,maisadiante,umtextoconceitualmenteabrangentedestinadoaosestudantesdegraduao.

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    adelImItaodoscampos

    Sem querer entrar undo no debate acerca da autonomia dasRelaesInternacionaiscomodisciplina,sernecessriotraar,mesmoque

    resumidamente,seuhistricoafmdeaclararalgunsconceitosevislumbraroslimitesdaatuaodohistoriadoredocientistapoltico.

    A Histria iplomtica corporifcou-se no sculo XIX comoevoluodaHistriadosratados(queremontaaosculoXVI)eadquiriunotvelvigorapsaPrimeiraGuerra,emvirtudedoesorodesenvolvidopeloshistoriadoresnabuscadascausasdoconito.AHistriaiplomticaabrangia,almdoestudoespecfcodasguerras,tudooqueossedeordem

    estritamenteinternacional:osatosemanadosdaschancelarias,eventoscomoasconerncias,eostratados(MEINA,1973,p.37-39).

    Essa Histria iplomtica evoluiu para a Histria das RelaesInternacionais,denominaohojeconsagradaesobreaqualnopairamdvidasarespeitodeseucontedo.EstaafrmaonoimplicanegaraexistnciaeaimportnciadaHistriaiplomtica.Adierenaentreumaeoutraresidenotipodeenoquequedadoaoassuntoanalisado.OslimitesdaHistria

    iplomticaconfnam-senasatividadesdesenvolvidaspelaschancelarias,isto,nasrelaesdeEstadoaEstado.alabordagemnosatisazaohistoriadorcom preocupaes de totalidade, pois ela circunscreve sua anlise aosacontecimentos,sembuscarosatoresproundosqueosinuenciam,situadosemnveisinerioresaosacontecimentos.nestesentidoqueaHistriadasRelaesInternacionaisultrapassaoslimitesdoestritamenteinternacional.

    Os estudos de histria internacional tiveram grande avano noperodoentreguerrasgraas,sobretudo,aostrabalhosdePierreRenouvine

    Arnoldoynbee.Nadcadade1930,osestudosdeRelaesInternacionaispassaramaestabelecerconexoentrepolticainternacionalepolticainternaeavalorizar,almdatradio,osatoresdeordempoltica,econmica,geogrfca,demogrfca,psicolgica. Aanlise histrica deixou decingir-se apenas aoquesepassavaaonveldaschancelariasparalevaremaltalinhadecontaoqueRenouvindenominoudeorasproundas,isto,asorasemanadasdosatoresacimaenunciadosequesubjazemaoeventointernacional,por

    naturezapoltico,decurtadurao,nalinguagemdeBraudel.

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    MasaHistriadasRelaesInternacionaisnoparoupora.Pretende-se erigi-la em disciplina autnoma, como o ez Jean-Baptista uroselle,discpulodeRenouvin,aodestacaraHistriadasRelaesInternacionaisda

    Histriapropriamentedita,atribuindoaaquelaoestudode[...]tudooquesereeresrelaesentregruposdeumaoutroladodasronteirasnacionais. (apudMEINA,1973,p.41-43).Parauroselle,asRelaesInternacionaiscomportam o estudo das relaes entre Estados (poltica exterior) e asrelaesentregruposnoestataisatravsdasronteirasnacionais(oqueeledenominoudevidainternacional).

    Outroautorrancsdeprestgio,RaymondAron(1979),concebeuasrelaesinternacionaiscomorelaesentrenaesouentreunidadespolticas.Aron,todavia,reconheceuaimportnciadapolticainternanamedidaemqueelaexerceinunciasobreasrelaesqueseprocessamentreas unidades polticas autnomas. Stanley Homan no v possibilidadetericadetratarosproblemasinternoseexternosisoladamente:osobjetosdasrelaesinternacionaisso[...]osatoreseatividadesqueaetamapolticaexterior e o poder das unidades bsicas em que est dividido o mundo.(HOFFMANN,1963,p.22,24,37).

    H,comosev,certaunanimidadeemestabelecerdistinoentrepolticaexteriorehistriadasrelaesinternacionais,atribuindoaesta,como

    j oi dito, carter abrangente, para envolver as relaes entre as unidadespolticas,valorizandoatoresdequalquernatureza,desdequetenhampoderdeexercerinunciasobreasrelaesentreaquelasunidades.

    Importa, nesta altura, estabelecer a distino entre Histria dasRelaesInternacionais,campoprpriodohistoriador,eeoriadasRelaes

    Internacionais ou Relaes Internacionais propriamente ditas, objeto deestudodocientistapoltico.NoobstanteainterdisciplinaridadeprpriadaHistriaedasinciasSociais,demodoespecialnocasoemexame,emqueocorreentrelaamentocomaHistriaPoltica,impe-seanecessidadedeazerumatentativadedelimitaodosrespectivoscampos.

    Para Manuel Medina, a distino entre Histria das RelaesInternacionais e eoria das Relaes Internacionais clara. Esta ltima

    ocupa-se dos enmenos internacionais em geral, enquanto que HistriadasRelaesInternacionaisoereceumavisoparcialdaquelesenmenos.

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    Paraele,aHistriadasRelaesInternacionais-bemassimcomoapolticainternacional e a poltica exterior - constitui-se em disciplina auxiliar,emboraindispensvel,paraoestudodasrelaesinternacionais(MEINA,

    1973,p.142).EmiliordenasElorduy,nestesentido,tambmmencionaahistria[...]comoinstrumentooucomoenoquenoestudodarealidadeinternacional.(RENASELORUY,1971,p.7).

    eoriacompeteestudaraestruturaeaevoluodoconjuntodasociedadeinternacional,caracterizadapelaintegraodeunidadespolticasindependentes epela ausnciadepodercentral.A sociedade internacionalconstitui-seemsistemaeasunidadespolticas,emsubsistemas.Ossubsistemasinteragem,ormandoumasociedade,naqualasrelaesexistemnos[...]entreosrepresentantesdasunidadespolticasautnomas,mastambmentreindivduosegruposparticulares,atravsdasronteirasestatais.(MEINA,1973,p.150-151).1

    ArealidadedoobjetodeestudodotericodasRelaesInternacionaisedohistoriadordestasrelaesamesma,masexisteseparaoconceitualentreambos.AHistriaocupa-sedosingular,doconcreto,doirreversvel,submetidooradotempo.Ateoriapreocupa-secomopresenteebuscao

    comumemsituaesdiversas;estabelecegeneralizaesetipifcaes.Viaderegra,ohistoriador,queiraouno,temumateoriaquesubjazaoseutrabalho,notadanasuanarrativa.Otericoadotaocaminhoinverso:utiliza-sedanarrativahistricaparademonstrarsuateoria(MEINA,1973,p.175-176).

    Oscientistaspolticos,noobstantereconheceremqueaHistriadasRelaesInternacionaistenhaatingido,comRenouvineuroselle,oestgiodedisciplinaautnomadevidoaonveldeseustrabalhos,emgeral

    colocam-nanumaposiosubalterna,instrumentoparaaeoria.AdmitemaimpossibilidadedeoestudotericodasRelaesInternacionaisprescindirda Histria, mas o passado colocado numa situao idntica a imensolaboratrioaserviodateoria,isto,oequivalenteexperimentaonascinciasnaturais(RENASELORUY,1971,p.7;MEINA,1973,p.176).Assimconcebida,aHistriadasRelaesInternacionais,assimcomo

    1

    requente reservar o termo subsistema para os agrupamentos regionais. Assim, a expresso sistemainternacional designa o conjunto da sociedade internacional e sistema nacional as unidades polticasindependentes.Preerimosusar,emnossosestudos,asexpressesnosentidoaquiexpostoporentendermossemaislgicoeporquecontribuiparaevitarconuso.

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    outrasdisciplinashistricas,tambmclassifcadacomoauxiliardaeoriadasRelaesInternacionais(MEINA,1973,p.187-188).

    Aestepropsito,qualaposiodosdoisclssicosdanossadisciplina,

    Renouvin e uroselle? ientes de que os exemplos histricos oram e soutilizadoscomoapoiosreexesdostericos,esemnegarovalordosestudosqueelesazem,nemmesmodautilizaoqueeitadaHistria,ressalvamque

    [...]emvezdeprocurarnahistriaumelementodasustentaoaconceitosjelaborados,acreditamosossemaissensato investigaropassado,afmde estabelecer as constataes permitidas pelo estudo dos documentos;poderemosassim,certo,ornecermateriaisoumotivosdereexoaostericosdasrelaesinternacionais,maslevamosacabonossaspesquisassem nos deixar guiar por este tipo de preocupaes. (RENOUVIN;UROSELLE,1967,p.7-8).

    Paraambos,aaodosEstadosqueseachanocentrodasrelaesinternacionais.Istoporquenoobstanteoestudodasrelaesinternacionaisabrangerem relaes entre povos e indivduos, intercmbio de produtos,servios,ideias,inunciadeormasdecivilizao,taisrelaesnopodemservistasdemodoisoladodasqueexistememnveldosEstados,poisestes,

    nomaisdasvezes,queregulam,limitame/ouorientamtaisrelaes.OEstado,destaorma,estnocentrodesuasanlises:oestudodasrelaesinternacionaisaplica-seprincipalmenteaanalisareaexplicarasrelaesentrecomunidadespolticasorganizadasnombitodeumterritrio,asaber,entreosEstados(RENOUVIN;UROSELLE,1967,p.5-6).

    AprimaziadoEstadonosignifcaparaosautores,contrariamenteaoqueprimeiravistapossaparecer,conundirHistriadasRelaesInternacionais

    comHistriaiplomtica.Adistinoentreambaslhesntida.Semdescartarovalordasegunda(queseocupadasaesdogoverno),vistaatmesmocomoindispensvel, no reconhecem, todavia, sua sufcincia na construo deexplicaes.necessrioirmaisadianteeanalisarascondiesgeogrfcas,osmovimentosdemogrfcos,osinteresseseconmicosefnanceiros,ostraosdamentalidadecoletiva,asgrandescorrentessentimentais,poisestassoasorasproundasqueormaramoquadrodasrelaesentreosgruposhumanose,emgrandeparte,lhesdeterminaramocarter.AbuscadaidentidadedetaisorasnoimplicaadesvalorizaodaaodohomemdeEstado,poisesteaodecidirouplanejarnoasnegligencia.Ocorreumarelaodialtica,pois

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    elasoinuenciamelhe impemlimitesaseremrespeitados (RENOUVIN;UROSELLE,1967,p.5-6).

    Ao introduzir e valorizar as oras proundas (podem-se, alis,

    usarexpressescorrespondentes),corporifca-se,nosestudoselaboradospelosdoisautoresranceses,umaHistriadasRelaesInternacionaisaonveldedisciplinaelaboradaedistintadaHistriaiplomtica.

    Umaconstantenaobradessesautoresarepulsaaqualquertipodeexplicaomecanicista.Valeapenainsistirnesteponto.HautoresquelevamomecanicismoatalextremoquechegamaanularporcompletoaaodohomemdeEstado,comooazKrippendor,paraquemosistema

    internacional,produtodaRevoluoIndustrial,possui[]demarcaoderelaesepadresderelaesfxos,aceaosquaisa fgura do grande estadista se reduziu cada vez mais de uncionriode situaes constringentes pr-determinadas, malgrado o olclore e oprestgioqueopalcodapolticainternacionalpretensamenteproporciona.(KRIPPENORFF,1979,p.24).

    ParaRenouvineuroselle,aocontrrio,[]estudarasrelaes

    internacionaissemlevaremaltalinhadecontaconcepespessoais,mtodos,relaessentimentaisdohomemdeEstado,negligenciarumatorimportante,svezesessencial.(RENOUVIN;UROSELLE,1967,p.6).Nessamesmalinhaantimecanicista,insistemnaparticularidadedecadasituaoconcreta.Aanlisedevesereitacasoporcaso,poisosmveisdaaovariamconormeapocaeolugar,orapredominandoosatoreseconmicos,oraospolticos,oraosgeogrfcos,parafcarmosnosmaisgerais(RENOUVIN;UROSELLE,1967,p.480).aisatores,geralmente,noaparecemisolados,massimde

    talmaneiraurdidosquenohcomooanalistaestabelecerhierarquiaentreelesouprivilegiarumsobreosrestantes.Ademais,hmuitoasereitoaindaemtermosdehistriapropriamentedita,nosendopermitido,emmuitoscasos,alargrandesvostericosdevidoaltadeinormao(RENOUVIN;UROSELLE,1967,p.471-480).

    ue dizer, ento, no caso especfco do Brasil, ainda carente depesquisa histrica bsica no campo das relaes internacionais? S depois

    deseempreenderrazovelrestabelecimentodopassadopoder-se-teorizarcom relativa margem de segurana. No recomendvel ao historiador

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    mormenteaquelequenoseadaptaaotratoconstantecomasontestentarteorizaraanosamentesemosufcienteapoioempesquisaarquival.Sejamosumpoucomodestosenoqueimemosetapascommuitasoreguido.

    Apartirdoexposto,estobemdefnidasasposiesdohistoriadoredocientistapoltico.OqueseafguraultrapassadaatentativadedarocarterdeauxiliarHistrianomomentoemqueseelaboraumateoria.inciasauxiliaresnoexistem.Oquenoseconfguracinciatcnica,estasimauxiliar.EstasegundahiptesenoseaplicaHistriapormotivosquedispensamdemonstrao.Seriamaiscorretoalareminterdisciplinaridade.

    Aohistoriadordasrelaesinternacionaisnopermitidoignorarostrabalhosdostericosdasrelaesinternacionais,mesmoporqueoconhecimentodouncionamentodosistemainternacionaleaabsorodeconceitosqueelesutilizamsoundamentaisparaaanlisedohistoriador.eigualmodo,todateorizao em nvel de incia Poltica que prescindir de uma perspectivahistrica,quenoorestribadaemslidainormaodopassado,correoriscoderuiraoprimeirosopro.Oconcretohistrico,solidamenteestabelecido,pode,at,desmontaresquemasinterpretativosdotadosdergidacoernciainterna.

    NoBrasil,hcercadecincodcadas,haviaaindaumranocoma

    Histriaiplomtica,queemgrandemedidaexplicaodesinteressedaacademiapela Histria das Relaes Internacionais, pois, no raro, conundiam-nacomavelhadisciplinaquecuidavadahistriadostratados.MesmoapsareormauniversitriainiciadapelaLeiFederal5.540(1968),quereestruturouoscursosdeps-graduaodemodoacriarumsistemanacional,nosurgiusequerumqueabrigasseumareadeconcentraoreservadaHistriadasRelaesInternacionais.AUniversidadedeSoPaulo(USP),porexemplo,

    aoadaptarsua ps-graduaoemHistria aoregimenovo instalouapenasduasreas-HistriaEconmicaeHistriaSocialquepersistemathoje.Poreeitodemodismos,aHistriaPolticaerarelegadaasegundoplano,identifcadaporaquierroneamenteapenascomhistriadosacontecimentos,dos reis, gestes presidenciais, batalhas..., uma histria, enfm, desprovidadecharmeeimportncia.Assistia-seprimaziadoeconmicoedosocialnaanlisedosprocessoshistricos.AspoucasdissertaesetesesnareadeHistriadasRelaesInternacionaisnotinhamondeseenquadrar;eram

    acolhidasemreacorrelataouafmcomotemaanalisado,comoaHistriaEconmica,GeografaouinciaPoltica.

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    A partir da queda do muro de Berlim e da autodissoluo daUnioSovitica,otriunodaeconomialiberal,aintensifcaodoprocessodeglobalizao,eaormaodoMEROSUL,ointeressepelasRelaes

    Internacionais e pela respectiva disciplina ganhou nova dimenso, comrepercussonasuniversidades.Hojeexisteumapletoradecursosnopas,concentrados no Sudeste, mas presentes em todas suas regies. Os novoscursosatendemaumademandadegrupospaulatinamentemaisabrangentes,pois os assuntos internacionais, at pouco tempo discutidos em crculosrestritospassaramaserpreocupaomaisoumenosgeneralizada,namedidaemqueasricesinternacionaislocalizadascarregamempotencialoperigodainternacionalizao.

    Atapassagemdadcadade1980para1990abibliografabrasileirasobrerelaesinternacionaiseraescassa.Emtermosdemanuais,haviaapenasdoisdisponveissembibliotecas,osdeHlioViannaeelgadodearvalho,deboaqualidade,mascentradosnasquestesdelimitesenosgrandesconitosinternacionais.AcarnciadepesquisaemHistriadasRelaesInternacionaislevou,eaindaleva,noraro,aoaparecimentodetextoscarentesdelastroemprico,elaboradosnormalmenteporestudiososdeoradarea.Existem

    artigos,algumastesesedissertaesapoiadosemgrandemedidaemtextosprecedentes,oqueacabainduzindoseusautoresadescambarparaolugar-comumouparaaceitaodeconceitos, semquestionamentos oucontrole,que,noobstante,poraltadealgomelhor,contribuemparatransormar,custaderepeties,explicaesmalundamentadasemquaseaxiomas.

    Aaltadepesquisahistricadocumentalcontribuiparaosurgimentodeanlisesdescoladasdarealidade,criando-seummundoquesexistenos

    textos,ondesealaeseanalisacomsofsticaotericaevocabularoquepoderia estar acontecendo ou que se gostaria que acontecesse. O mundoreal,requentemente,surpreendeosanalistasdasquestesinternacionaisdopresentenomomentoemquesurgemrupturas,quandonoerupes,noesperadas.Pode,tambm,ocorrerquegrandesvaticnioscaiamporterrasemproduzirosresultadosqueseimaginavam.

    Utilizemosumexemplo.Halgunstextosdebrasileiroseargentinossobreintegraoregionalquevalorizamotratadode1915envolvendoBrasil,

    Argentinaehile,oamosoratadodoAB.Atribuem-lheostatusdemarconahistriadospasessignatrios.Noentanto,apesquisacuidadosaesclarece

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    queotratadonuncaentrouemvigorporqueseutrmitedeaprovaonooicompletado.omrequncia,vincula-seotratadode1915comoABdoRioBranco.Massocoisasdistintas.OABdoBarotinhaobjetivodiverso

    daquelede1915enoseconsolidouemtratadoporqueeleoabandonouemrazodeasrelaesBrasileArgentinaestarematravessandomomentodicilpocaporcausadapresenadeEstanisloS.Zeballos-fguradeexpressodacorrenteargentinaantibrasileira-nachefadachancelariadopasvizinho.

    OABde1915,porsuavez,insere-senaconjunturadaPrimeiraGuerraMundial,iniciadanoanoanterior.OsEstadosUnidos,aindaneutrosnoconito,assinaramtratadospacifstascomvriospases.OBrasilassinoucomelesovigsimodogneroemjulhode1914.verdadequeasrelaesBrasil-Argentinavoltaramaumpontotimo, sobretudoaps amediao,mesmo malograda, que ambos fzeram nas onerncias de Nigara Falls(anad,18demaioa1dejulhode1914),juntamentecomohile,nacrisedasrelaesdosEstadosUnidoscomoMxicoemdecorrnciadeeeitoscolateraisdarevoluoiniciadanopaslatinoem1910.PorumbrevemomentooABpassouaserumatorinternacional.Naesteiradetaisacontecimentos,nossoministrodasrelaesexterioresLauroMllerviajouparaBuenosAires,

    ondeassinoujuntocomosministrosdasrelaesexterioresdaArgentinaedohileoratadoPacifstade1915.OtratadooiratifcadopeloslegislativosdoBrasiledohile.NaArgentina,oSenadooaprovourapidamente,masnopassounamarae,portanto,otratadonochegouaentraremvigor.

    OtextonegociadoeraomesmodostratadospacifstasqueosEstadosUnidosfrmaramcomosoutrospases.SegundotestemunhodoembaixadordaFranaemBuenosAires,ogovernoargentinoacolheuapropostabrasileira

    apenasporumaquestodealtacortesia,nadamaisdoqueisso,porconsiderarotratadoirrelevante.NoBrasil,ainiciativadeLauroMllerrecebeuseveracrticainterna,chegandoaserconsideradafascodiplomtico,atporque

    j havia tratado de arbitramentobilateral em vigor com a Argentina.Paraquefrmaroutrodamesmanatureza?-perguntava-se-queincluatambmquestesdeguerraedepazeenvolviaohile.Emumtratadotripartitesemprehaviaa possibilidadedeagrupamentodedoisvotoscontraum. Oratadoseriaintil,portanto.Etodoatointilemdiplomaciaatoperigoso

    porque setemquemaniestaraodesenvolvereassumircompromissosque

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    noteriamamenorimportncia,masquepoderiamserinvocadosmaistardepelaoutraparteemumasituaoadversa(ALGERAS,1987,p.502).

    Pode-se, portanto, questionar os eventuais eeitos do tratado de

    1915naconstruodaamizadeBrasil-Argentina.Seuseeitospodemtersidocontrriosaoquesepropalahoje,contrariandopartedaopiniodapoca.Noentanto,custaderepetiesecitaescriou-seummitoamaisanosinduziraequvocosdeinterpretao.Oexemplooiaquitrazidoapenaspararealaranecessidadedeopesquisadorcontrolarasinormaesqueutiliza.

    A maneira de se azer isso dialogar com mais de um autor e, o que omelhor,buscarasontesgeradasnapocaestudadaeaerirasinterpretaescorrentes.Oalertanecessrioparaseevitaratitudestemerriastalcomoadeundamentar,svezesatumcaptulotodo,emumnicoautor,sejaporaltadeacessosontesdocumentais,sejaporvisideolgicoouporserotemapoucoestudado.Inelizmente,talcomportamentoderiscotemsidocadadiamaisrequentenaacademia.Ocontroledasontes,comoasoutras,etapaundamentalnumapesquisahistricasria.

    A distncia das ontes, a ausncia de esprito crtico ou a adesoideolgicarequentementeproduzemdanosirreparveisinterpretaodo

    passado, pois podem levar a negociaes desvantajosas em decorrncia daaltadeinormaohistricavlida,circunstnciaquecria,svezes,culpas,remorsoseretaliaesentrepovos.Otextohistricobemeitojustifca-seporsis,mas,tambm,matriaprimadocientistapoltico,dointernacionalista,dodiplomata,donegociador,dojornalista.Umavezaceitoisso,pergunta-seporqueaindasorelativamenteescassososbonstextosdepesquisahistricabsica,apesardosavanosdoperodorecente?

    A resposta comporta algumas explicaes e estas tanto agemisoladamente quanto em conjunto. Em primeiro lugar, porque produzirum texto de histria das relaes internacionais trabalhoso e apresentadifculdadesprpriasqueaugentamaquelesqueestoprocuradotemacerto, com bibliografa disponvel, ontes mapeadas e um orientador disposio. ifculdades existem em qualquer pesquisa, mas venc-las edifcante,poisdaopesquisadorsensaodevitriaedisposioparaazeromelhor.Entreaquelasdifculdades,aquemaisespantaoiniciantedizrespeitoaoacessosontes.NoquesereereaoArquivoHistricodoItamaratyoquesedizmaismitodoquerealidade.Oarquivobemorganizado,omais

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    importantedareanaAmricaLatina,contacomuncionriosprestativos,emboraempequenonmero.Ainternetabriupossibilidadesinimaginveisparaopesquisador.Hinmerosarquivos,cujosdocumentosesto,notodo

    ouemparte,digitalizados.Outrademandaqueotrabalhoemrelaesinternacionaisimpe

    aquemaelesededicaaaquisiodeboaculturanareadeHistria,poisserimpossvelchegarabomtermosemconhecerosprocessoshistricosinternos.Istoexignciadamodernahistriadasrelaesinternacionais,poisnoexistepolticaexternaquenosejaaceinternadamesmarealidade.EoEstadooprincipalatordomeiointernacional.

    ospassosRecentes

    NaHistria,asquestesdopassadoedopresenteestoimbricadas.Osassuntosinternacionaisatuaisquechamamaatenodaopiniopblicaprovocamdemandasdeespecialistase,assim,ohistoriadoracabaadquirindo,tanto quanto o cientista poltico e o internacionalista, oportunidade desocializarseusconhecimentoseopiniesnagrandemdia.Vrioshistoriados

    oram docemente capturados por ela e dela no mais se apartaram. Ohistoriador que se rende seduo da mdia, com requncia perde seurecatointelectualparasetornarumaespciedeclnicogeralnasrelaesinternacionais,alandoeescrevendosobretudodesdesquestesdoOrienteMdioaosproblemasdeintegrao.

    Emtermosdeperspectivas,sgostariadechamaratenoparaacarnciadeestudoshistricossobreasrelaesbilateraisdoBrasilcomseus

    vizinhos.emsadolivrosdeboaqualidadecomoso,porexemplo,osdeFranciscooratiotosobreBrasil-Paraguaimasumcampoaindaemaberto,noqualpersistemlacunas.Odesconhecimentodaalma,dosconceitospolticoseculturaisdasnaescomasquaissetratapemnossosnegociadoresemdesvantagem.

    Os norte-americanos deram-nos exemplo quando estimularamos estudos sobre o Brasil a partir de 1964, nomeadamente. Patrocinaram

    tesessobrenossopas,sobretudoasdoschamadosbrasilianistasecriaramcentrosdedocumentaobrasileira.Nohmelhormaneiradeseconhecerdeterminadopovodoqueestudarsuahistria.Estaensinamuito,porvezes

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    atpermitindoconhecer-lheocomportamento,quereetevisesdemundoeidiossincrasias.NoBrasil,atporpreconceitooualtademodismo,deixou-sedeestudarahistriadepasesdocontinente,comosquaissemantiverame

    mantmrelaesbilateraisrelevantes.Atrecentementepoucoseestudavanasuniversidadesbrasileiras,nasdisciplinasdeHistriadaAmrica,ahistriadosEstadosUnidosemproldanasenahistriadaAmricadealaespanhola,em parte explicada por razes romnticas, indicando um distanciamentoemocional daqueles. Os estudantes de graduao terminavam seus cursosmaisbeminormados,porexemplo,sobreahistriadaVenezuela,olmbia,Nicargua,ubaeseusmovimentospolticos,doquesobreosEstadosUnidos,pashegemnicodocontinenteenossoprincipalparceirointernacionaldesde

    fnsdosculoXIX.Ouncionamentodetalhadodademocraciaamericana,comseubipartidarismodeato,interessa-nosdeperto,poissuasmudanasinternasaetamnossasrelaesbilateraisemmaisdeumsentido.

    Estudar a histria de determinado pas no signifca estar a lhedarprovasdeamor.ProcurarentenderoprocessodaIndependncianorte-americana, nos seus aspectos polticos e econmicos, por exemplo, nosignifcaqueseestejaadotandoatitudeencomistica.Seumdeterminadopas

    umglobal playerdepesoouparceiroimportanteparaoBrasil,devemosestud-lo,nosaspectospoltico,comercialoucultural.Felizmente,nosdiasatuais tm sido dados passos promissores tanto pelo historiador quantopelocientistapoltico.NessesentidoaUNESPapresentabomexemplonoInstitutoNacionaldeinciaeecnologiaparaestudossobreEstadosUnidos(IN-INEU),coordenadopeloProessorulloVigevani,seuidealizador.

    RefeRncIasARON,Raymond.Paz e guerra entre as naes.raduodeSrgioBath.Braslia,F:Ed.UniversidadedeBraslia,1979.

    BUENO,lodoaldo.HistriadasRelaesInternacionais:conceituaoeontes.In:MEMRIAdaIISemanadeHistria.Franca:UNESP,1981.p.117-127.

    ALGERAS,Pandi.Ideias polticas de Pandi Calgeras.Introduo,cronologia,notabiogrfcaetextosselecionadosporFranciscoIglesias.Braslia,F:Senado

    Federal;RiodeJaneiro:FundaoasadeRuiBarbosa,1987.

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    RENAS ELORUY, Emilio. El camino hacia la teora de las relacionesinternacionales.Revista Mexicana de Ciencia Poltica,Mxico,n.63,p.5-23,jan./mar.1971.

    UROSELLE,Jean-Baptiste(ir.).La politique trangre et ss ondements.Paris:A.olin,1954.

    HOFFMANN,StanleyH.Teorias contemporaneas sobre las relaciones internacionales.raduoespanholadeM..LopezMartinez.Madrid:ecnos,1963.

    KRIPPENORFF, Ekkhart. Histria das relaes internacionais. raduo de A.Zilho.Lisboa:Antdoto,1979.

    MEINA,Manuel.La teoria de las relaciones internacionales.Madrid:SeminriosyEdiciones,1973.

    RENOUVIN,Pierre;UROSELLE,Jean-Baptiste.Introduo histria das relaesinternacionais.raduodeHliodeSouza.SoPaulo:iusoEuropia,1967.

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    geopoltIcae foRas aRmadasnaamRIcado sul:Impassese desafIosdo sculo XXI1

    Eurico de Lima Figueiredo

    OBrasilumasurpresa,umasurpresapositiva.AevoluoqueaconteceulentamentenaEuropa,aquioimuitorpida.OBrasilmodernoemquevivemostem80anos.Opasquepoderiaserconsideradoumagrandeazendanadcadade1930hojeasextaeconomiadomundo,caminhandoemlargospassosparaocuparaposiodequinta.

    Socialmenteasmudanasnoorammenosexpressivas.H80anos,vivia-seemumasociedadesemdegraus,compoucosemcimaemuitosnabasedapirmide,sendorareeitasaschamadasclassesmdias.Nosdiasquecorremsocadavezmaisdensaseexpressivasasclassesmdias,comextensodoportedaclassetrabalhadorabrasileira.Nocampo,apesardetodososentraves,eumareormaagrriaquetemmuitonoqueavanar,processa-seoquearcyRibeiroumdiapreconizoucomoumaRevoluoVerde.Brasil,celeirodomundo...

    1

    extopreparadoapsrevisodagravaodapalestraministradapeloautor,proeridadeimproviso,comosubstituiomesaredondaque,comomesmottuloacima,estavaprogramadaparaocorrernamesmadata,horrioelocaleque,pormotivossupervenientes,nopdeserrealizada.Otextoprocuroumanter,namedidadopossvel,otomcoloquialquecaracterizaasalasemsituaescomoessas.

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    No plano poltico, se h 80 anos ramos o pas das oligarquias,hojeacomplexidadedasrelaesquecaracterizamosistemapolticodopas,levaramPresidnciadaRepblicaummetalrgico,LuisIncioLuladaSilva.

    Noltimoquartodesculo,comaexaustodociclomilitar,em1985,vemsendoinstitudaumarepblicaque,apesardetodosseusproblemas,afrma-secadavezmais.Asmodifcaesocorridasnopasoram,ento,decarterestrutural,emcurtoespaodetempo.

    Masoquemaisascinapoderolharouturo.iziaOswalddeAndradequeaimaginaotudo.Aproveitemosaocasioevamossuporqueestamosemtornodeumagrandetvolaredonda.roquemosideiassobreouturo,evidentemente,utilizandoasliesdopassadoeaanlisedopresente.

    Nessaconversa,comecemospelomedo,ummedohobbesiano.Hobbesdiziaque,aonascer,suamehaviaparidogmeos:elemesmoeomedo.Pensemo-nos,ento,porumlado,emummundohostil,comcautelahobbesiana.Poroutrolado,frmemosaesperanacomomotedevida.Pensandoassim,essapalestrapoderiatercomosubttuloadialticadaesperanaedomedo.

    Primeiro,esperana.omparemo-nos,porexemplo,comogrande

    irmodoNorte,osEstadosUnidos.Somostotalmentedierentes,notemosnadaavercomeles.Precisamos,alis,afrmaremnossasmentesessadierena.Anossaintegraonacionalnooieitacomdoisinstrumentosundamentaisque lprevaleceram.Oprimeirooiaguerradeconquista,deinvaso,emdireoaoMxico. NoserpossvelentendermososEstadosUnidossemosestadosdoexas,alirniaouArizona,conquistadosaerroesangue.Osegundooiaexpansodocapitalismo,quepermitiuacompradeterritrioscomo Louisiana, Flrida e Alaska, dentre outros. A grande nao norte-

    americanaresultou,emmuitosaspectos,dessacombinaoentreaguerradeconquistaeopodereconmico.

    Nsnosomosassim.Experimentamosaviolncianaconstruodenossanacionalidade,porcerto.Somosviolentos,masnogostamosdealarsobreisso,oqueumdadointeressantenoquesepoderiachamardemodobrasileirodepensar.impossvelexplicarahistriabrasileirasemviolncia,inclusiveporquenaprpriaquestodanaoestaquestodaviolncia.No

    entanto,noempreendemosguerrasdeconquistanaregioquehabitamos.

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    Nooitambmatravsdacompradeoutrosterritriosqueconstrumosotamanhodenossopas,comexceodoAcre,noinciodosculopassado.

    As graves distores sociais que convivem com o pas desde sua

    descoberta, poderiam ter levado ruptura da ordem poltica, j que elasseparavam os brasileiros mais ricos, pequena minoria, dos mais pobres,imensamaioria.Isso,entretanto,noaconteceu,tendosemantidontegrooterritrioqueoquintomaiordomundo,contandocomquaseodobrodaextensodaUnioEuropeia.aberessaltar,alis,queadistnciaentrericosepobresvemsendoencurtada,nosltimos16anos,porpolticasdeEstado,degovernosdedoispartidosdistintos.eato,nesseperodoincorporou-seumnovopasdentrodopas,comumaemergenteclassemdia,comcercade30milhesdepessoas,contingentepopulacionalequivalenteaduasvezesodohile,trsvezesodePortugal,ouavriospasesdoLesteEuropeu,comoaHungria,Bulgria,Eslovquia,Srvia,somando-seapopulaodetodoseles.

    Eporquehesperanacommedo?Porquehojetemosummundosobameaas,criseseconmico-fnanceiras,recesso,moratrias.Pasesquesobemepasesquedescem,ciclosdedepressoedeexpansoeconmica.Porexemplo,quempoderiadizer60,50ouatmesmo20anosatrs,queteramos

    nomundohojeapujanachinesa?H30anosningumdiriaqueocorreriaaquedadomurodeBerlim,muitomenosocolapsodaUnioSovitica.

    Soentoameaaseconmicas,que,dinamicamente,reconfguramosistemaderelaesinternacionais.Nopodemosentenderessesistemasenoentendermosoqueestporbaixodele,osistemaderelaeseconmicasnoplanoglobal.emosqueentenderaeconomiamundial,paraentenderosistemaderelaesinternacionais.Eaemergnciadahina,mastambmdandiae

    doBrasil,reconfguramessesistema,paranoalardopapeldanovaRssia.Mas o mundo de nossos dias convive com ameaas no s

    econmicas. H as ameaas naturais, terremotos, maremotos, inundaes,camada do oznio, escassez da gua. Ameaas energticas, porquanto sesabequeociclodopetrleoestcomosdiascontados.Ameaaspolticas.Elas esto por toda parte. Golpes, contragolpes, soberania nacional emdeclnio,estadosalidos.Ameaasculturais:xenoobia,etnicismo,racismo,

    limpeza tnica, discriminao, undamentalismos a pretexto de combaterosundamentalismos.Almderevolues,guerras,guerrascivis,guerrasde

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    quartagerao,intervenesmultinacionais,terrorismos,contraterrorismos,operaesmilitarescomopeacekeeping e peace-enorcement(oucombinaesentreasduas),insurgncias,contra-insurgncias.

    Essepanodeundo,traadoemlinhastogeraisquantosucintas,servecomointroduomenostrivialaotemadehoje,GeopolticaeForas

    ArmadasnaAmricadoSul:impassesedesafosdosculoXXI.Abordaremosoassuntonaordemdostermospropostos.Primeiro,brevesconsideraessobreaGeopolticaoque,entrens,jenvolvecertograudedifculdades.epois,

    AmricadoSuleForasArmadas,e,fnalmente,osimpasseseosdesafos.

    onstaqueoconceitodeGeopolticaoicunhadopelosuecoJohan

    RudolKjelln(1844/1922),alunodograndeFriedrichRatzel(1844/1904).AsideiasdeKjellninuenciaramomundodeseutempoemuitoschamamateno para a penetrao delas nas concepes nazistas preconizadas por

    AdolHitler.Oditadorgermnicoteriasidotambminuenciadoporoutrogeopoltico,oinglsSirHalordJohnMackinder(1861/1947).Este,porsuavez, inuenciou o geopoltico norte-americano Nicholas J. Spykman (18931943),que,paramuitos,alimentoucomsuaobraaposiodosEstadosUnidosnodecorrerdaGuerraFria.Entrens,GolberydooutoeSilva(1911

    /1987)tornou-semundialmenteconhecidocomoumadasontesdachamadaoutrinadaSeguranaNacional . Falaremossobreelemaisadiante.

    Em Ratzel, no havia determinismo geogrfco, ao contrrio doquemuitosnoseutempoadvogaram.laro,oterritrioeaavaliaodassuaspotencialidadeseramvaliosos.Seoterritrioeramaisricoemrecursosnaturais,sepossuamaisgua,seeraricoemminrios,contavacommaiorpotencialidade para o seu desenvolvimento. A localizao dos pases era

    igualmentedimensoque deveria ser levadaemdevida considerao. Umterritrio rico, mas com baixa densidade na sua organizao poltica eeconmica,emacedeumpasgrandeerico,dotadodevontadepoltica,poderiaserincapazdedesenvolverporsissuasriquezas.Omenoremenosdotadopolticaeeconomicamenteteriaproblemascomogrande.

    Kjellnapresentouvisomuitotpicadaquelapoca,organicistaeevolutiva.Ouseja,aGeopolticadeveriaserentendidacomoumorganismo,

    ondeaGeografaFsicaseriainseparveldoque,maistarde,seriachamadodeGeografaHumana.Elechamavaatenoparaarelaoorgnicaentreo

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    homemeaterra,entreoespaoeahumanidade,entreageografaeahistria.Esse tipo de pensamento ganhou ora aps a Primeira Guerra Mundial,principalmenteemumpasquemudouomundo,aAlemanha.

    AGeopolticadapocaapresentavaaideiadoespaovital,reetindoascondiesdasituaoalem.NoOcidente,aAlemanhacompetiacomasduasgrandespotnciasdocontinente,aFranaeaGr-Bretanha;noOriente,agrandeRssia;eaAlemanhaespremidaentreasduasrentes.Aconquistadoespaoalemopassava,ento,pelasuaafrmaocomopotncianacionalnocentrodaEuropa.ominando-seocentrodaEuropa,ondeseradicavaocentrodegravidadedas relaespolticaseeconmicasnapoca,poder-se-iadominaromundo.Issoemnomedosangue,ouseja,daexcelnciadacapacidadealemquevinhadoseugene,dasingularidadedamentealemqueerareprimida,tolhida,nopodiaseexpressar.

    omaderrotadonazi-acismo,irrompeucrticaorteGeopoltica.Noplanoideolgico,aesquerdaalegavaqueadisciplina,nassuaslinhasdominantes,parecia no mais servir para explicar o mundo ps-guerra mundial. Almdisso,noseesqueciadecomoalgumasdesuasideiaseconceitostinhamsidoapropriadosporHitlereseusseguidores.Mas,paraadireita,elascontinuaram

    servindo,-emuito!NoBrasil,ganhoudestaque,comojadiantado,otrabalhodoGeneralGolberydooutoeSilva.Noseentender1964semlerdesuaautoriaPlanejamentoEstratgico (1955)eGeopolticadoBrasil(1966).

    AGeopolticadogeneralGolberydividiaomundoentreOcidenteeOriente.UmOcidenteagasalhadosobaoracentrugadosEstadosUnidoseoOrientenocampogravitacionaldaUnioSovitica.Evidentementeerauma lgica geopoltica orada. Porque, por exemplo, o Japo, que do

    Oriente, estava ideologicamente no Ocidente. Ou seja, a Geopoltica dogeneralapresentavatinturasortementeideolgicasnoquadrodaGuerraFria.

    AsconcepesdogeneralinstrumentalizaramnoBrasile,deresto,emgrandepartedaAmricadoSul,umaideologiaoudoutrina,comosequeira,dasegurananacional,baseadanoconrontodoOcidentecomoOriente.Nessavisada,ocomunismoeraentendidocomoinvasodanossaidentidadeocidental.Oscomunistaseseusaliadoseramsubversivoseprecisavamser

    combatidosnaorma(enalgica!)doinimigointerno.

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    AGeopoltica,colocadanostermostobrevementedescritosacima,jnoperododoregimeinauguradoem1964,oilogocombatidapelosqueseopunhamanovaordem.NessalinhaaGeopolticaoipaulatinamente

    substituda em muitos crculos acadmicos, pela expresso GeografaPoltica,quepassouaserpreeridaemrelaocontraoGeopoltica.Hoje,comopassardotempo,aastadososantasmasdopassado,aexpressopassouacircularnovamentenosmeiosacadmicosbrasileirosnasuaacepogeral,quejamaisperdeu,suarazodeser.

    A Geopoltica confgura, atualmente, rea de conhecimentomultidisciplinarquerelacionaasquestespolticasspropriamentegeogrfcas,tais como espao sico (localizao, territrio); possede recursos naturais;populao;topografa;clima;ecologia.Seuamploespectrodeinteressesdamaiorimportncianaanlisedasrelaesinternacionaiseestratgicasetambmnomenosimportantesnaanlisedecadapas.

    E,nesseponto,paraageopoltica,paraaAmricadoSuleparaoBrasilganhaoraaexpressoForasArmadas.UmresumodaRepblicabrasileiraapresenta:1889-GolpeMilitar;1889-1894-RepblicadaEspadadosMarechaiseodorodaFonsecaeFlorianoPeixoto;1894-1930-Repblica

    Oligrquica,comduasrevoltasmilitaresexpressivas,adejulhode1922eoMovimentoenentistaentre1924e1927;1930golpe,consagrandoomovimentoquederrubouaRepblicaVelha;1932-achamadaRevoluoPaulista,comtentativadecontragolpe;1935-tentativadegolpedaesquerda,aIntentonaomunista;1937-EstadoNovo,golpedeVargas;1938-tentativadecontragolpedireita,sobagidedointegralismo;1945golpemilitarapeandoVargasdopoder.

    Entre1945e1964,ns tivemosquatropresidenteseleitos,sendotrsciviseummilitar.OMarechalEuricoGasparutraconseguiucompletarseumandato,janeirode1946/janeirode1951.GetlioVargas,seusucessoreleitopelovotodireto,cometeusuicdioantesdecompletarseuperodo.EntreGetlioVargaseoprximopresidenteeleito,JuscelinoKubitschek,tivemosgravescrisesinstitucionais.MortoVargas,assumiuoseuVice,aFilho.Umanoepoucodepoisdesuaposse,elefcoudoente,teveuminarto,enopdevoltar.AssumiuarlosLuz,presidentedamara,quetentoudarumgolpe,visandoimpedirapossedeJuscelinoKubistchek,masacaboucontra-golpeadopeloentoMinistrodaGuerra,oMarechalLott.

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    oubeaNereuRamos,presidentedoSenado,daraposseaJKsobestadodestio.Kubitschekgovernoucomrelativapaz,masenrentouduasrevoltasmilitares,JacareacangaeAragaras.Veiooquartopresidenteeleito

    constitucionalmente,Jniouadros,querenunciou,apsbrevepermanncianocargo,possivelmentevisandoogolpecivil.OvicedopresidenteJniouadros,JooGoulart,oiimpedidodeassumirocargo,namedidaemqueseencontravanoexteriornaocasiodarennciadoPresidente.Ocorreramresistnciassuaposse,principalmenteporpartedosseusministrosmilitares.

    Por casusmo implantou-se, pela primeira vez na histria dopas,oparlamentarismo,umarreglo achadopelaselitespolticaseaJuntaMilitar,quepraticamentehaviaassumidoopoderapsasadadeuadros.Oparlamentarismonovingoue,emjaneirode1963,ocorreuavoltadoregimepresidencialista,apsrealizaodeplebiscito.Emmarode1964veioogolpemilitar.Em18dedezembrode1968,contragolpe,ogolpedentrodogolpe,comoAI-5,impedindo-sequeoVicePresidentePedroAleixo,comoalecimentodotitular,MarechalostaeSilva,tomasseposse.e1968atosanosfnaisdogovernoMdici,oBrasilviveuoschamadosAnosdehumbo,Araguaia,etc.Nasregiesconagradasviveu-seabeiradaguerra

    civil,comenretamentosmortais.Apartirde1974,comgoverno deErnestoGeisel,opas passoua

    viver processo de mudana poltica implementada de cima, isto , peloestablishmentnopoder.Foiaaberturapoltica.Formou-seapartirdessesanoso que literatura a respeito do perodo denominou como sociedade civil.Elanasceuortenobojodaslutaspolticas,encorpou-segradativamente.Osproessores, por exemplo, que nuncaseorganizaram, passarama az-lo. Os

    estudantesdispunhamdeuminstrumentocomoaUNE,masnoseusmestres.Foisomentenoquartelfnaldosanos70dosculopassadoquepassaramaserinstitudasasassociaesdocentesemtodooBrasil.Em1985ocorreuaquebradociclomilitar,respeitadaaviaconstitucional,dentrodopossvel.

    Essasbrevesanotaes,aquidesenvolvidasatoquedecaixa,servemparamostrarquenosepodeentenderahistriadaRepblicasemasForas

    Armadas.MasoqueaconteceunoBrasilaconteceuemtodaAmricadoSul,nosepodendo,claro,deixardeatentarparasingularidadedosdierentescasos. Mas a extenso, a proundidade e a importncia do protagonismopolticodosestamentosmilitaresocorreuemtodaaregio.

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    Apartirdosanosde1980ascoisascomearamamudar.OBrasil,ooneSul,omundoandino,aregiocomeouamudar.Aslideranaspolticastiveramqueaprendercomahistriaqueelesmesmosaziam.Emprimeiro

    lugar,nopasenaAmricadoSulnoocorreuaragmentaopoltica;ocontinentepermaneceuintacto.NosurgiuumasegundaBolvia,Argentina,umterceiroParaguai.Nosurgiuumsegundo,terceiroouquartoBrasil.Haviaseconseguido,afnaldecontas,manteraintegridadeestatal,noobstanteatensopoltico-ideolgicaeadespeitodasgravescrisessociais.Emsegundolugar,passou-seaentendermelhor,noquadrodoEstadodemocrticodedireito,aimportnciadacooperaocivil-militar.NoexistecasonaHistriadeumgrandepasquenoundamentesuasoberanianestacooperao.

    Acooperaocivil-militarsedemduasdirees.Uma,nombitodacinciaetecnologia,porquantonosepodedispordeForasArmadasefcientesepreparadassemoaportetecno-cientfconaormaodeumaindstriadedeesa.Semelenosepodeaspirarautonomiapolticaemacedospasesmaispoderosos.Outra,maisdicilecomplexa,sednaormaodepensamentoestratgicoprprioquesejaormuladoesedesenvolvacomnossasprpriascabeas.

    Permitam-meaqui,mesmoquecomcertatrivialidade,precisarotermoestratgico,quemuitolargoeempregadoemmuitasacepes.NareadosEstudosEstratgicosoocodosestudosepesquisasconcentra-senaanlisedopapelmilitarnocenrionacionaleinternacional.alococomportadoisobjetos,adeesanacionaleaseguranadopas.invivel,nessesentido,entender-seosistemaderelaesinternacionaissemadimensoestratgica. igualmente invivel a anlise estratgica sem suas interaces e conexes

    internacionais,especialmentecomosistemadeseguranainternacional.Osistemadeseguranainternacionalumsistemacomplexo,eque,

    emltimaanliseassenta-senopoderiomilitar.Orgoquedecidepelapazoupelaguerra,pelomenosnosentidoormal,oonselhodeSeguranadasNaesUnidas.Permitam-meacruacaricatura:seusmembrospermanentessentam-semesadasconversaesarmadosatosdentes,todoselescontamcomarsenaisnuclearesparabancarsuasposiespolticas.

    Equantoaosdesafoseosimpasses?Oimpassepodeserlogocolocado:oBrasilqueraintegraodaAmricadoSul,masserqueaAmricadoSul

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    queraintegrao?Naverdade,oimpassepodeestardentrodensmesmos.Seobservarmosaliteraturaabertaeescondida,maniestaelatente-enanossareanecessriaacapacidadedeselernasentrelinhasdosdocumentos-,umadada

    posiopropeamanutenodosvnculosdesemprecomosEstadosUnidoseaEuropa(Inglaterra,Frana,Itlia,EspanhaeatPortugal,mastambmcomosPasesBaixos).Proclamam:oicomessesvnculosquechegamosondeestamos,aposiolisonjeiraquehojeocupamosnocenriointernacional.

    Outraposiodeendevisomultilateral,semocoprivilegiado,semseatrelaraestaouaquelaregio,aesteouaquelepas.Implicaempragmatismocomercial e diplomtico. Uma terceira posio, uma espcie de variante daanterior, deende multilateralismo, mas com nase nas relaes bilaterais.Porexemplo,oBrasilschegariaaoonselhodeSeguranasefzessealianaespecial com os Estados Unidos, recuperando tradicional parceria. Outra,deendeamanutenodevnculosmeramentecomerciaiscomaAmricadoSul,tendoemvistaqueopasdelaseaastacadavezmaisemtermosdevolumeeconmico.Aintegrao,nessesentido,aopopelaAmricadoSul,obrigariaoBrasilaoerecercadavezmais,pararecebercadavezmenos.Aseventuaiscompensaesdeordempolticanocompensariamonuseconmico.

    Outrospropugnamoutraposioainda.Somosasextaeconomiadomundo.SegundoosdadosdoFMIde2010,onossoPIBnaqueleanoerademaisdedoistrilhesdedlares,hojemaiorqueodaItliaedoReinoUnido,

    jbastanteprximodaFrana.Aposiomelhorseria,nessecontexto,alutaanti-hegemnicaparaafrmarumanovahegemonia.OBrasildeveria,assim,concentrarsuasorasparapreparar-separaocuparamelhorposionessanovaordemqueseavizinha.

    Finalmente,outraargumenta que nadadissoestcerto.OBrasil,pelacapacidadedegeraromercadointernoquegeroue,inclusive,superara crise de 2008 como superou, atravs dos incentivos s suas prpriaspeculiaridades internas, deve voltar-se cada vez mais para dentro. H umcontinenteaconquistarquesomosnsmesmos.Noobstanteanecessidadedesereconheceraoradosprocessosglobalizantes,oBrasildevevoltar-se,cadavezmais,parasimesmo,devidoaseuportecontinental,pelariquezaquetem,pelomercadointernoquesealargaacadadia.Principalmenteagoraquandoestpertodaauto-sufcinciaenergticaeaumenta,cadavezmais,suacapacidadedeexportao.

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    AAmricadoSul tosomenteumadasopes,anteolequedeoportunidadesapresentado.aopodestepalestrante.Oquesignifcaaregioparans,osbrasileiros?Signifcaqueaquiqueseencontranosso

    habitathistrico,naregioqueseconormaonossoespaogeopoltico.Nsestamosaquiparasempre,ormamo-nosparaaquifcar,assimcomonossosvizinhos.Formamos,muitomaisquequalqueroutromaciocomunitrio,identidade histrica muito prxima. Espanhis e portugueses, nossospais histricos, vieram da mesma Pennsula Ibrica, so primos. A nossasensualidade,nossamaneiradeperceber,desentirassensaesdomundo,prxima.Formamosespaoculturalmentehomogneo,ondesoaladasapenas quatro lnguas.Na realidade, apenas duas,portuguesa e espanhola,

    umavezqueasoutrasduas-inglesa(Guiana)eholandesa(Suriname)solnguasofciaisdepequenospases.2

    Essas rpidas pinceladas j servem para contrastar a regio em quevivemos,porexemplo,comaEuropa,umcontinenteondecercadecinquentapasesguerrearamdurantetodasuahistria.Umaintegraoregional,inclusive,quedita,masnoaconteceu,comopodemosobservarcomosacontecimentosque l se desdobram durante o transcorrer deste ano de 2011. Mais ainda,

    porquenosetratatosomentedecinquentapases,masdepasesque,athoje,experimentamraturasculturaisinternas.AopensarmosnaEspanha,pensamosnos bascos. Se pensarmos no Reino Unido, pensamos no Pas de Gales, narealidadeumpasmuitopequenodentrodoReinoUnido,ondesealaogals,almdeoutraslnguasdochamadogrupocltico.PensamosnaIrlanda...

    emos,emsuma,essaorigemcomume,comopassardotempo,construmossomatrioderiquezaquenopodeserdesprezado.Sesomarmos

    osvolumeseconmicosdocontinenteveremosqueestamoschegandoaumPIBemtornodequatrotrilhesdedlaresecomumapopulaorareeita.Hojearendapercapitanaregiodealgoemtornode17mildlares,oquenopoucacoisa.erto,haindaasoutrasregiesamericanas,cadaumacomsuasparticularidadesgeopolticas.HaAmricaentral,aAmricaInsulareaAmricadoNorte(EstadosUnidos,Mxicoeanad).Emtodaselasortea inuncianorte-americana.Masmeparecequeexatamentepor causa desse desenho geopoltico que surge a Unio das Naes Sul-

    2 AGuianaFrancesaconsideradaterritriorancse,assim,nogozadesoberania,nopodeseintegrarregioporvontadeprpria.

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    Americanas(UNASUL).Pensareagirsupondoquehaindapossibilidadesde, pela unio de todos os pases do continente, deter-se massa poltica eeconmicaparaazerrenteapasese/oucentrosmaispoderosos,visando,

    commaiorautonomia,osmelhoresobjetivoseinteressesdocontinente.Nessecontexto,oprimeiroimpassedaAmricadoSulcomporta

    duasalternativas.OusesubmeteaumatradioquedizqueaquiumareadosEstadosUnidosedaEuropaou,aocontrrio,assume-seprotagonismoemrelaoaoprpriodestino.Eessaalternativapassaporumacooperaocada vezmaiorentreos pases da regio, indicandoabuscade sua uturaintegrao como e enquantouma comunidade sul-americana. Repito paraeeitodenase.Parece-meque,emsuaslinhasbsicas,oiesseopensamentoquelevoucriaodaUniodasNaesSul-Americanas.

    uantoaosdesafosrelativosaocomplexoAmricadoSul/ForasArmadas,elessovrios,masmepermitoindicarapenastrs.Oprimeirodizrespeitoaonecessrioajusteentrearetricaeaprtica,oquesempreumproblemasrionatradiosul-americana.Umacoisaoquealamos,outracoisaoqueazemos.Enssabemosqueaideologianoestnoquesediz,masnoqueseaz.

    Osdadosconcretosexistem.Emmaiode2008oicriadaaUnioSul-Americana(UNASUL).Emdezembrode2008,oiinstitudooonselhodeeesadaUNASUL,havendoconsensodequearegioprecisavadispordeseuprpriodispositivodedeesaesegurana.Emmaiode2011surgiuoentrodeEstudosEstratgicosdeeesa(EE),primeirorgopermanentedoonselhodeeesadobloco,sediadoemBuenosAires.odasessasiniciativastiveramcomobaseoorteapoiodoBrasil.

    A ormao de pensamento estratgico prprio, que no seundamenteemteoriasimportadas,calcadasemperspectivasquenopodemenemdevemserasnossas,nosedardanoiteparaodia.Auniversidadeserchamadaacumprirsuatarea,sopitandopreconceitos,generosamentecomolhonouturo.eigualmodosersignifcativaacolaboraomilitarna empreitada. Na verdade, no bastaro leis e decretos que obriguem asubordinaocastrensesinstituiesdemocrticas.Leisedecretosimpem

    pensamentos,conquistammentesecoraes,constroemlegitimidade,levamaceitaoespontneadopoderpoltico.

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    OsegundodesafodizrespeitomontagemdaBaseIndustrialdeeesadaAmricadoSul(BIAS).Issoimplicaemdesenvolvimentodecinciaetecnologiaparaareaestratgica.Masantesdoagir,deveviro

    pensar,undamentodaanlisecrtica.Serprecisosaberoquesequerenosetem,tendoemvistaasnecessidades,emparticulardoBrasile,emgeral,docontinente,aluzdoscenriosprovveis.Planosdedeesarequeremoexamepercucientedosistemadeseguranainternacional.Estamosaindanoinciodamarcha;otempourge;hdesecorrer.

    Oterceirodesafosecolocanoplanodasvulnerabilidadessociaisquepermeiamaregio.omooBrasil,ogigantedoSul,elemesmovitimadoporumpassadodeinjustiassociaisquevmdelonge,develidar,porexemplo,comumpascomoaBolvia,tocarenteenecessitadadetudo?AdistnciadoBrasilparaosEstadosUnidoshojedesetevezesemtermosdevolumeeconmico.AdierenadoBrasilparaohiledecercadedezvezeseemrelaoBolviadequasecemvezes.

    omo aremos isso tudo? No h respostas de colete. No hsoluesprontaseacabadas.Havendo,entretanto,nooderumoemrelaoaosobjetivospretendidos,deverprevaleceroensaioeerro.NosculoXX

    lanamos as bases do grande pas que ns vivemos, apesar de todas suasdefcincias,quesoinmeras.esafomaiorseraconstruodeumagrande

    Amrica do Sul no sculo XXI. Nesse processo ser de vital importncia,masnonica,aparticipaodoengenhoedaartedosquelideramanaobrasileiranoEstadodemocrticodedireito.

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    a RelevncIados oRganIsmos InteRnacIonaIs

    Joo Clemente Baena Soares

    Pretendemos apresentar algumas ideias, impresses e reexessobreomundoemquevivemosesobreapossibilidadedeorganizaodosinteressesnombitointernacional.

    Porvoltadosanosde1980,quandoexercemosaSecretariaGeraldoMinistriodasRelaesExteriores,incomodava-nosmuitoacrticaqueseaziaaoItamaraty.izia-sequeoItamaratyeraumatorredemarfm,que

    haviainteressescorporativosequenoseabriaaodilogo.Odesejodeabriraodilogoexistiusempre,masnohaviainterlocutorescomosquaisestabeleceressedilogo.ezanosdepois,aoretornaraoBrasil,percebioutropanoramamuitomaisanimador.Ascondieshaviammudadodemaneirasignifcativa.NasuniversidadescomoasdeBraslia,SoPauloeRiodeJaneiro,pioneiras,multiplicavam-se os cursos de Relaes Internacionais, e o interesse emacompanhararealidadeexterna.

    Exemplovigorosoesta9Semana,asriedetemasabordados,apreocupaocomapesquisa,tudoissoindicaumavano,umprogressoadmirvel

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    nessarea.Estamosemumencontrodeagentesdapaz.odosaquelesquesededicam s Relaes Internacionais, aqueles que iniciam as suas trajetrias,aquelesqueestomaisrente,aquelesquejencerraramasuatrajetria,mas

    continuamligadosaoassunto,sotodosagentesdapaz.Emociona-mesaberqueoentroAcadmicodoursodeRelaesInternacionaisdaUNESPampusdeMarliasechamaSrgioVieiradeMello.Eleoiexemplodeumagentedapazquesacrifcouaprpriavidanarealizaodasuamisso.

    MargaretMacMillan,napgina102datraduobrasileiradeseulivroPaz em Paris,publicadopelaEditoraNovaFronteiraem2004,reproduzoseguintepensamentodeHaroldNicholson,conhecidodiplomataeautorbritnicoqueparticipoudaonernciadeParisem1919,aoencerrar-seaPrimeiraGrandeGuerra:

    PartimosparaParisnosparadarfmguerra,masparabuscarumanovaordemparaaEuropa.NopreparvamosapazesimaPazEterna.Pairavanoarohalodemissodivina.eramosquepermaneceralertasenosmanterrigorosos,corretos,ascticos.Porqueestvamosporazercoisasgrandes,permanentes,nobres.(MacMILLAN,2004,p.102).

    ontinuamos ns essa busca da paz, embora sem o halo demissodivina.ambmemcondiesmuitodesavorveis,porquevivemosmomentosexasperadosdaculturadahipocrisianasRelaesInternacionais.Hvriosexemplos,mastalvezoprincipalhojeoqueestacontecendonoNortedarica.Movimentoslouvveis,generososdejovenspelaliberdade,pelaoportunidade,pelamudanadegeraes,enrentamlderes,ditadores,ouqueoramditadoresporquarenta,trintaanos.Masocuriosoquesagoraasmaiorespotnciasadmitiramoatodequeessaspessoassoditadores.Porque

    anteseramdirigentesdeEstadoscominteressesestratgicos,eramparceirosestratgicos,comooEgitodeMubarak.

    Hoje no so mais. Acabou o regime Gada. Ainda no seestabeleceuademocracianaLbia,queserumprocessobastantelongoepenoso.Masosespecialistasetcnicosempetrleoranceseseinglesesjocupamaindstriapetroleradaquelepas.Afnalsoosvencedores,comosmsseisdaOrganizaodoratadodoAtlnticoNorte(OAN),cujamisso

    era proteger os civis conorme resoluo do onselho de Segurana dasNaesUnidas.Masorealobjetivoeraoutro,eoialcanado.Aestabilidade

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    poltica,areconstruodopas,aconstruodademocracia,issotudofcaparadepois.Igualmentefcaemsegundoplanoaharmonizaodosinteressesde140tribosquehabitamaregioeaconstruodapazinterna.

    OEgitoaindatememseucaminhoumgovernomilitardetransio.ASriano tempetrleoe,portanto,estasalvodaOAN,devederrubarseuditadorcommeiosprprios,possivelmenteumaguerracivil.EosoutrosEstadosautoritrios,ArbiaSaudita,YemeneoBahrein?ParanoalardosEstadosdaricaaosuldoSaara.Porexemplo,aostadoMarfm,ondehouveumaguerracivilcommilharesdemortos,enquantooonselhodeSeguranaeaOANsepreocupavamcomaLbia.ambmpoderamostrazeralgunsoutrosexemplosparamostrarqueaculturadahipocrisiaestemtodolugar,todootempo.Emrelaoaomeioambiente,humesoronotvelpararesultadospfosporquenosereconhecequeosistemapredatrio.Oqueprecisasereitocorrigirosexcessoseoserrosdosistemanessamatria.

    Meupropsitoorneceralgunsapontamentossobreaorganizaoda comunidade internacional no mundo contemporneo e os organismosinternacionais. A eervescncia das transormaes, inovaes, desafos eperplexidadesatuaisdocarterdeurgnciaaqualqueresoronatentativade

    compreenso.omoobterrespostasparaangstiascriadasporcircunstnciasanteriormentedesconhecidas?omodisciplinaravidainternacionalnapazenademocracia?

    adaps-guerra,ouseja,cadafnaldeconitomundialmodernoinspirou maniestaes idealistas. A guerra para acabar com todas asguerrasem1919.Apazdefnitivaparatransormarespadasemaradosem1945.Esseselevadosemagnnimospropsitosnooramrealizados,mas

    houveconsequnciasbenfcas. Os Estadosconcordaramcomacriaodeorganismosinternacionais,comoLigaouSociedadedasNaes(SN)eaOrganizaodasNaesUnidas(ONU),squaisconfaramamanutenodapazedaseguranainternacionais.Oobjetivocentralnooiatingido.Entretanto, as atividades dos organismos de vocao universal trouxeramresultadoimportantenareadacooperaointernacional.

    Ainda no sculo XIX oram criadas entidades, como a Unio

    PostalUniversaleaUnioInternacionaldeelecomunicaese,em1919,aOrganizaoInternacionaldorabalho.OquehaviadenovonaSNera

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    apossibilidadeouacrenadepoderconstruirumasociedadeinternacionalmotivadaeorganizada,bemcomodesestimularousodaviolnciablicacomoinstrumentodepoltica-veja-seacondenaodaguerranoPactoBriand-

    Kellogde1928.Eazerprevalecertambmasoluopacfcadecontrovrsias.ontudo, na estrutura e no uncionamento da SN imps-se a

    realidadedopoderporcimadasmetasidealistas.AoladodeumaAssembleiaigualitria,estabeleceu-seumonselhorestrito.Neste,haviaarepresentaopermanentedecincograndespotncias:ImprioBritnico,EstadosUnidos,Frana, Itlia e Japo, aos quais se associavam outros quatro membrosdesignadospelaAssembleia:Brasil,Blgica,EspanhaeGrcia.omosev,acriseatualdoonselhodeSeguranadaONUtemantecedentes.

    Oonselho,naprtica,transormou-se.OsEstadosUnidosnoratifcaramopactodaSNeaAlemanhaoiadmitidaem1926deormapermanente. Isto resultou na retirada do Brasil no apenas do onselhoquantodaprpriaorganizaoem1927.OespritodeGenebranoresistiurealidadedopoder,aSNdebilitou-se.Atque,em1946,realizousualtimaassembliae,em1947,transeriuparaasNaesUnidasasresponsabilidadesquetinha,assimcomoosbensimobiliriosemGenebra.Asedeeuropeiada

    ONUocupaosediciosoriginalmenteconstrudosparaaSN.

    Empoderdessesatos,podemosazerumbrevelevantamentodosesoroshistricosdacomunidadeinternacionalnocaminhodapaz.Nose pode dizer que esse empenho oi totalmente vo. Alm de plantar assementesdasNaesUnidas,aSNdeixouentidadesdecooperaocriadasoureorganizadasemmatriadesade,economiaecultura.AheranamaisimportantetersidoaortePermanentedeJustiaInternacionalcriadanos

    anos1920,transormadadepoisnaorteInternacionaldeJustiadeHaia.Outrospontosigualmenteimportantesso:aestruturadasNaesUnidas;aprocuradauniversalidade;osobjetivosenaticamentereiteradosdepazesegurana;anasenasoluopacfcadecontrovrsias;acriaodafguradoservidorinternacionalindependentedeseupasdeorigem.

    ASNnopdeevitaraguerra,elaprpriaoivtimadaviolaodoireitoInternacionalporpartedosqueerammembrosdaorganizao.

    Algunsexemplos:a invasodahinapeloJapoedaEtipiapelaItlia,aexpanso europia pela Alemanha, a ocupao da cidade de antzig que

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    estavasobaproteoeadministraodaSociedadedasNaes.odosessesatosoramrealidadesdopoderqueacabarampordebilitaremataraprpriainstituio.OmpetodeorganizaodapazpartiudaSNparadesenvolver-

    senaONU,masasconcessesaopoderpermaneceramcomopreoapagar.EssepreosemaniestanoonselhodeSeguranacomaexistnciadovetoparaseusmembrospermanentes.OspassosdadospelaSNoramtmidoseoterritrioconquistadooireduzido.

    AsNaesUnidasconseguiramcontribuirparaoprogressodasideiasoriginais,aindaquenodamaneiraenaormadesejadas.Adescolonizaoumadesuasobrasmaispositivas,outraodebateeconmicodostemasdedesenvolvimento,organizaodocomrcioecooperaotcnica.SuaevoluotemalcanadoreasnoprevistasnaartadeSoFranciscocomo,porexemplo,asoperaesdemanutenodapaz.odaasequnciadaslongasconernciastemticas mundiais testemunho em avor da ONU. As preocupaesprioritriascomosdireitoshumanoscompletamoquadroavorvel.

    Acrescentamos,ainda,apromooeadeesadademocracia.AartadasNaesUnidasnoaladessamatria,nempedecomocondioparaaceitarnovosmembrosorespeitopelademocracia.Aartapedetosomente

    queospasessejamamantesdapazequeaceitemasobrigaesdaarta.Algumpodedeclarar-seinimigodapaz?Portanto,nstemoshojemaisde190membrosnasNaesUnidas.EmtemporecenteaONUincorporoumuitasiniciativasquetmavercomoprocessodemocrtico,comdecisesnoprevistasemSoFrancisco.UmadasrazesdesseenmenooramasaesdesbravadorasdaOrganizao dos EstadosAmericanos (OEA)nessecampo,aONU,ento,trilhariacaminhosabertospelaorganizaoregional.

    Humamultiplicidadedetemasedereasdeaodosorganismosinternacionaisnaatualidade.Aintensifcaodacooperaointernacionalpositivaeadequadasmodernascondiestecnolgicasquetantoaproximamospovos.Existemnovosatoresnocenriointernacional,algunsnemtonovos,mascompresenarenovadaeampliada:empresasdealcanceinternacional,global,OrganizaesNoGovernamentaiseoprprioindivduocomosujeitodeireitoInternacionalPblico.

    Novosesorosocupamonoticirioaoorganizaralgumaharmoniade interesses em tornode temas importantespara avida de todosns, as

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    chamadasgrandesconerncias.Emrelaoaomeioambiente, em2012teremos, vinte anos depois, um retorno daquela grande conerncia quereuniuumacentenadecheesdeEstadoedeGovernonoRiodeJaneiro.O

    quevamostrazercomoresultado,comoinventriodessesvinteanos?Porora,entendemosqueesseinventriosejapositivo,emboratmido.

    Amultiplicaodessesencontrosdamaiorrelevncia,emboradeescassosresultados,comotemosvisto.Aretricadosdiscursosedocumentosassinadosrecolhemuitosaplausos.Masondeestoosprogressosnocampo

    jurdico, onde esto as obrigaes vinculantes para os Estados? Esses soproblemasquecontinuamanosaborrecer.Ondeestoasmudanasprticasdecomportamentoparaprevenir ascatstroesanunciadas?Ondeestoosrecursosparaosprojetosambiciosos?

    Masnodevemoscomessavisopoucootimistaignorarumaspecto,oresultadopolticodeterasociedadeinternacionalconvocadaepresenteparadebateressasgrandesquestes.OquemaisressaltanessequadroaresistnciadosEstadosmaispoderososemaceitartextosvinculanteseobrigaes.Sobreosesorosdasociedadeinternacional,continuamaprevalecerdeormadeterminanteosegosmosnacionais.Osacordosounosoratifcadosousosubmetidosa

    declaraesinterpretativasquerestringemoualteramseucontedo.

    Hoje, existe algo novo, a opinio pblica internacional comorutodainterdependnciaentreospases.Nasdierentesregies,aopiniopblicaprocuraorganizar-sedamelhorormaquepodeparaapresentarseuspensamentos,opinies,propostaseprotestos.Eessecrescimentodaopiniopblicainternacionalevidente.

    OquearemosparadeterminaraprevalnciadoireitonasrelaesentreosEstadoseosdemaisatores?Hnasuniversidadescentrosdepensamentocom interesse e tenacidade para inormar, explicar e divulgar o ireitoInternacionalesuaimportncianavidadecadacidado.NombitodasNaesUnidas, a omisso de ireito Internacional existe desde 1947, prevista noartigo13daarta.Aomissocumpresuatareahmaisde60anosecomresultadosaltamentepositivos.UmdelesoribunalPenalInternacional,criadopeloEstatutodeRoma,quemuitodevespropostasdaomissodeireito

    Internacional.

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    Acriaodaorteacaboucomostribunaisad hoc,estabelecidospeloonselhodeSeguranaequetmumabasejurdicapelomenosdiscutvel.NoscasosdeRuanda,IugoslviaeSerraLeoaoonselhoagiuultravires,com

    interpretaoextensivadocaptulo7daartadaONU.Reconhecemosqueoobjetivonodeixadeserimportante,temosquereagircomfrmezadiantededelitos,doscrimescontraahumanidade,ningumavoreceaimpunidade.

    Parareagiradequadamente,abre-seestecaminho,odoribunalPenalInternacionaldaHaia,quemereceoapoiodacomunidadeinternacional.Nooutroextremo,umtribunalbelgaalgumtempoatrsatribuiuasimesmo

    jurisdio universal; no nosso entender esse seria um retrocesso. A orteInternacionalencontra-seemplenouncionamentoerecebeaplausosporsuaatuao.Entretantonoestisentadecrticas.Esperava-sequeosseumacorteindependente.No.Eaquivemopreoquesepagarealidadedopoder.AorteestvinculadaaoonselhodeSegurana.asoestedecidaporqualquerrazoqueumprocessonopodeprosseguir,aortedeveinterromperseustrabalhos.Almdisso,parasuaaprovaonaonernciaiplomticadeRoma,osdeensoresdoEstatutotiveramqueaceitarainclusodeexceesqueagridemoprincpiodauniversalidadedeaplicao.

    Em matria de crimes de guerra, genocdio ou crimes contra ahumanidade no se aceitam solues seletivas. No conhecemos nenhumexemplo,eacreditamosquejamaishaver,deumcrimecometidopornacionaisdospasesmembrospermanentesdoonselhodeSeguranaquetenhamsido

    julgadospeloribunalPenalInternacional.Issotambmserve,aindaqueemnvelmenor,comoexemplodoexercciodopoder.Hpoucotempo,umaautoridadeamericanaadmitiupublicamenteterutilizadomtodosdetortura

    condenadospeloireitoInternacional,enadaaconteceu.onseguiremosaprevalnciadoireitoInternacionalnaorganizao

    deumasociedadedepazedemocracia?Lograroosorganismosinternacionaisde competncia geral, universais ou regionais, realizar suas metas? Entreavanoserecuos,entreconstrangimentoseaudcias,osaldomostraalgumprogresso.Aquestocomoaceleraresseprogresso.Aventuramo-nosadizerqueencontramosrespostanapreservaodautopia.UtpicooiozelodosquepretendiamreorganizaromundoemSoFranciscoeemBrettonWoods.Foiutpicatodaadedicaoregional,tantoemnossocontinentequanto

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    emoutraspartesdomundo,paracriarorganismoseagnciasdeintegrao.Utopiasrealizadas.Pagou-seumpreo,comosempresepaga,opreopoltico.

    H uma novidade, como j mencionamos, a opinio pblica

    internacional.Seconseguirmosmotivaraopiniopblicadentrodenossospases,poderemosagirinternacionalmentecomomesmofm:oortalecimentodoireitoInternacionaleorespeitoaosorganismosinternacionais.laroquedicil.Vivemostemposdistintosnomundocontemporneo.ExistemsociedadesquejvivemnosavanosevanguardasdosculoXXIehoutrasqueaindalutamparasairdaIdadeMdia,senodaIdadedaPedra.omoconseguiremostrazerosretardatrioseassoci-losaoempenhoderealizarapaz eademocracia?alvezcomusodos recursosdamodernatecnologiapossamosaceleraroseutempo.

    OutropontoquedesejamoscomentarquetemosemnossaregioaOrganizaodosEstadosAmericanos(OEA),criadapelaartadeBogot.AartaoiaprovadaduranteummovimentopopularchamadodeBogotazo,portanto nasceu na violncia para acabar com a violncia. A arta e seusprotocolossoexcelentesdocumentos,aquestoquepoucagentealemenosgenteaindaaentendeemtodooseupotencial.Essaoutraquesto

    quenstambmpoderamosdebaterepesquisar.Humaexcelnciadetextoseumadefcinciadeaocombasenessesmesmostextos.Humadierenaentreoqueundamentanossaatuaopolticaeessamesmapoltica.

    Nas consideraes de paz e segurana, j tivemos algum tempodeanlise.Masasorganizaesinternacionaisavanaramemoutrasreas,OM, UNA, Banco Mundial, FMI. E muitos asseguram que estoemsuaeiodefnitiva,masjulgamosqueno.Acreditamosque,comoas

    NaesUnidas,essesorganismosrequeremimediatareormapoltica.H16agnciasespecializadasdaONUquerealmentejustifcamparaalgumapartedaopiniopblicaapresenadaorganizao,OMS,FAO,ANUR,OAI,almdeoutrasaquejnosreerimos.

    omamultiplicaodeorganismosdeintegraoUnioEuropeia,MEROSUL,UNASUL,ARIOM,GrupoAndino,SistemaEconmicoentro-Americano-htodoumesoroassociativopresentenasorganizaes

    internacionais.HorganizaesparatratardematriasnovasounemtonovasnoseiodasNaesUnidas,comoosdireitoshumanos.Etambmh

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    movimentoscomobjetivodeapoiomtuoecooperao.Ospasesserenemem grupos G20, G8, G4, BRIS, que no podem seno buscar umacoordenaoedepoistraz-laparaumambientemaisamplo,deorganismos

    internacionaismaisabrangentes.Noacreditamosemgovernomundial,no seriauma construo

    democrtica. Acreditamos sim no ortalecimento, reorma e utilizaode todo o potencial dos organismos de que j dispomos. ambm noacreditamosque hajaorganismos tcnicos. uando osEstados serenem,existenecessariamenteumacondiopoltica.Noverdadeiro,porexemplo,dizerqueumareuniodaOAI,quetratadaAviaoivil,essencialmentetcnica,jqueasdecisestomadasdependemdaharmonizaodosinteressespolticosdosEstados.

    UmcasoespecialodaOAN,umpactomilitarsurgidonocontextodaGuerraFriaquevemsetransormando,demodoaceleradonoperodomaisrecente,napolciadomundo.Porsuaprpriadeciso,modifcouseuconceitoestratgicoeagoratemalcanceuniversal.Portanto,elaseconsideracapazejustifcadaparaexecutaraesmilitaresemqualquerpartedomundo.HaesdaOANcomousemaautorizaodoonselhodeSeguranada

    ONU.emosexemplosmaisevidentesdemalogrosdessasaescomonoscasosdoAeganistoedoIraque.ualopapeldessepactomilitarnomundocontemporneo?omosejustifcasuapresena,resquciodaGuerraFria?

    EnstambmtemosemnossaregioumresquciodaGuerraFria,ochamadoratadodeAssistnciaRecproca,ratadodoRio.Essetratadonasceucomobjetivodedeesadenossocontinentecontraeventuaisinteressescomunistas.Elecontinuacomoummortoaquemningumdsepultura,

    noserveparamaisnada.Nessesentido,outrotemadepesquisaseria:qualoconceitodedeesanestemomento?Hvriosncleospensandoisso.Naprpria OEA h uma comisso azendo a anlise das novas exigncias dadeesadohemisrio.AUNASULtambmtemseuncleodepensamentosobreotema.muitoimportantereetirsobreisso.aquiapoucoteremosaOANvindoatuarnopr-sal.Noaltammotivose,sealtarem,cria-sealguns.Oqueinteressaaambio,anecessidadeeconmicadedominao.

    Algumas palavras caram em desuso. evemos recuper-las.Perderamseucontedodopassado,mascontinuamdefnindosituaes.Esse

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    momentodeeuoriadederrubadadeditadoresecrescimentodonmerode pases democrticos saudvel, sem dvida. Porm, no defnitiva,novaipersistirdiantedeinteresseseconmicosque,estessim,aindano

    se modifcaram. Estes so os que precisam ser pesquisados, examinados,defnidosparadecidirmosoqueazer.

    OBrasilsempreteveomultilateralismocomoumdosesteiosdesuadiplomacia.odososorganismosaquenosreerimostiveramoBrasilcomoscio-undador.SeexaminarmosdepertoaatuaodoBrasil,veremosumsaldoextremamentepositivo,eestaoutrasugestodepesquisa.Porexemplo,a questo das missesde paz nasNaesUnidas. esde a primeira grandeoperao,nocontextodanacionalizaodoanaldeSuez,edepoisnaquestodoongo,oBrasilestevepresente.esdeento,oBrasilapiaessesesorosdaONUemproldamanutenodapaz,conceitoqueevoluiuparaconstruodapaz.Notemosporquenonosalegrarcomocomportamentodenossopasnoambienteinternacional.Somosdeclaradamenteecomprovadamenteavorveisao multilateralismo como caminho para a harmonizao de interesses. Issotudo,naturalmente,semsubestimarasrelaesinternacionaisbilaterais.

    oncluindo,perguntamos:eapaz?itamosumautorrancsque

    teve seu momento de glria sendo mais esquecido recentemente, AnatoleFrance.NoinciodosculoXX,esseautordisseoseguinte:

    Apazuniversal serealizarumdia,noporqueoshomens se tornarammelhores(nopermitidoesper-lo),masporqueumanovaordemdecoisas,umacincianova,novasnecessidadeseconmicas,hodeimpor-lhesoestadopacfco,assimcomooutroraasprpriascondiesdasuaexistnciaospunhameosmantinhamnoestadodeguerra.(FRANE,1907,p.297,traduonossa).

    Achamosimportantequeeletenhaditoissonocomeodosculopassado, porque, se examinarmos mais de perto, algo nesse sentido estacontecendo.Vemostodososdiasessanovacinciatrazendonovassolues,bemcomosomostestemunhasdiaadiadenovasnecessidadeseconmicas.

    Justifcacertaesperanadequevamoschegaraoestadodepaz.

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    RefeRncIas

    FRANE,Anatole.Pourlapaix,pourlalibert.e New Age,London,n.678,p.297,5 Sep. 1907. isponvel em: .Acessoem:25jul.2011.MacMILLAN, Margaret. Paz em Paris: a onerncia de Paris e seu Mister deencerraraGrandeGuerra.RiodeJaneiro:NovaFronteira, 2004.

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    pRIncpIose valoResnapoltIcaeXteRnaBRasIleIRanaeRalula

    Jos Augusto Guilhon Albuquerque

    Neste artigo proponho-me a sugerir algumas precauesmetodolgicasnaabordagemdosprincpiosevaloresevocadosnaormulaoeoperao da poltica externa, usando ocaso do Brasil,na eraLula,parailustrarsuaaplicabilidade.omeoreiterandoadistinogeralmenteaceitaentreasduasprincipaisconcepestericassobreasunesdosprincpiosedosvaloresnapolticaexterna.

    ombasenessadistino,sugiroqueosprincpiosevaloresevocadosnapolticainternacionalsoatose,comotal,nodevemserdescartados,mas,aocontrrio,merecemumaanlisemaisaproundada.Emseguida,tentomostrarqueaatualpolticaexternabrasileiraperdeucredibilidadenosltimosanosporterignorado,aolongodaltimadcada,tantoosprincpiosquantoosvalorestradicionalmenteassociadoscomsuaormulaoeoperao.

    Finalmente,passoemrevistacasosconcretosdeaesexternasquevmconfgurandoumnovoperfl,intervencionista,denossapolticaexterna,comoobjetivodeanalisarosprincpiosemqueseapiaeosvaloresqueevoca.

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    Oresultadodessaanliseapontaparaumrecursocontinuadoaprincpiosadotadosad hocerequentementeincompatveisentresi,oquecorriumdospilaresdacredibilidadedeumapolticaexterna,suaprevisibilidade.

    pRIncpIosevaloRes

    preciso,antesdetudo,deixarclarooqueestouentendendoporprincpiosevaloresnasrelaessociais.Nopretendotratardeteoriaseideias,muitomenosdeintenesesentimentosntimos,masdeatosobservveis.Enquantoatos,princpiosevalores,ssemaniestamnaaoindividualespodemserobservadosnosresultadosdessaao.

    Ousetratadeprincpiosquesupostamentemobilizamaao,oudevaloresevocadosparajustifc-la.Emtermossumrios,podemosdizerquehduasmaneirasopostasemutuamenteexcludentesdedefnirseupapelnasrelaessociais.Parauns,osprincpiosevocadosnaaosooatorqueadesencadeiae,aomesmotempo,dirige-aparaumametaconscientementeassumida.Paraoutros,princpiosnadamaissodoqueumajustifcativaparaaaoque,narealidade,dirigidaparaumresultadoesperado,enopelo

    princpioquesupostamenteamotiva.Naprimeirahiptese,princpiosevaloresdeterminamatomadade

    decisesempolticaexterna,defnindoasmetasaserematingidaseasaesaseremadotadas.Observ-loseanalis-losseria,portanto,oinstrumentomaisvaliosoparacompreendereexplicarapolticaexternaadotadaporumEstado.

    Nahiptesealternativa,paraosqueacreditamqueprincpiossoapenasjustifcaesa posteriorideaeseobjetivos,tampoucoosprincpios

    evalorespodemserdesconsiderados,jqueestopresentesnaormulaoeoperaodapolticaexterna.Emboraaaonosejadirigidaporeles,massimpelosresultadosesperados,ormuladoreseoperadoresdepolticaexterna,aomesmotempoemquebuscamresultadosetratamdeatingirobjetivos,almejamtambmjustifcarocarterlegtimodesuaao.Eparaissoevocamprincpiosesereeremavalores.

    Assim sendo, podemosafrmar que, independentemente das crenas

    predominantesnasduasgrandescorrentesdasRelaesInternacionaisrealistaeidealista-aunolegitimadoradosprincpiosnoprocessodeormulaoe

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    operaodapolticaexternatorna-osparteintegrantedesseprocesso.ueessepapelsejaodeumaoramobilizadoraqueaorientaa prioriouodeummerodiscursoqueajustifcaa posteriori,analisarprincpiosevaloresnodeixadeser

    relevante.Reitero,portanto:Adiplomaciapodesersilenciosaoubombstica,discretaouespalhaatosa,masnuncamuda.Porisso,sempreala,commaioroumenornase,deprincpiosevalores,tantoparaacomunidadeinternacomoparaopblicoexterno,domsticoeinternacional.

    Oapeloavaloresestabelecidosconereconsistnciaeprevisibilidade,proporcionaumterrenoconhecidoe,portantoconortvel,comoontedelegitimidade.omisso,adiplomacianooradaaesgrimirsemprenovosargumentos para exibir credenciais de legitimidade e efccia. Nada , aocontrrio,maisvulnerveldoqueinovar,poisobrigaalutaremduasrentes,paraprovarqueosprincpiosemvogajnoseaplicame,almdisso,provaraefcciadosnovos,antesmesmoquesejampostosemprtica.

    o nusdapRova

    Aprimeiraprecauometodolgicaquepossosugerir:nuncadas

    costasparaosprincpioseosvaloresevocadosnapolticaexternadeumpas.Porque,comovimosacima,nopossvelestud-lasemanalisarosprincpiosmaniestadosemsuaormulaoeosvaloresevocadosemsuajustifcao.Assimsendo,devemosconsiderarcomcautelaredobradaqualqueranlisedepolticaexternaquenoleveemconsideraoosprincpiosevaloresnelaimplicados.

    Outraprecauometodolgicamaisgeralsempreassumironusda prova. ue intenes existem, todos sabemos. ue intenes sempre

    inspirem as aes, e que estas visem sempre expresso de valores, restaprovar.Formuladoresdepolticaexternatmcertamenteintenesprprias,nemsemprecoincidentescomaquelasqueelesexpressam,eseusoperadorescertamenteadotamvalores,tampoucosemprecoincidentescomosobjetivosalmejados. Mas seria pouco cauteloso, do ponto de vista metodolgico,atribuirumnexocausalentreasintenesecrenasdeumatoreosresul