Livro Bem-vindo a Miraí

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Projeto Turístico Miraí - Samba - Cutura - Lazer. A proposta é descobrir um novo caminho para o futuro de Miraí, aproveitando sua história, seu patrimônio cultural, musical e arquitetônico, sua localização e as características de sua gente. O projeto visa criar um clima bucólico, de arte, história música e poesia, que possa atrair visitantes frequentes, ao mesmo tempo que incentiva a produção individual e coletiva de produtos e serviços da região, fixando o miraiense em sua terra, pela criação de oportunidades de trabalho e renda. Além disso, o projeto visa ainda resgatar e preservar a história da região, com seus traços característicos, que marcaram o desenvolvimento do país.

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Bem-vindoa Miraí

SAMBA - CULTURA - LAZER

MAURo CRUZ

Juiz de Fora2009

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MEspaço EditoraTítulo original: Bem-vindo a Miraí - Samba – Cultura – Lazer© 2009 de Mauro CruzO autor autoriza a reprodução parcial ou total do conteúdo e sua utilização para quaisquer fins, desde que citada a fonte.

Capa e Diagramação: Eduardo GarciaRevisão: Prof. Levi Cruz Reis - UFJFImpressão e Acabamento: Di Gráfica e Editora Ltda.Colaboração: Valéria Cruz, Andréia Talma, Keler Castro

Cruz, MauroBem-vindo a Miraí - Samba – Cultura – Lazer / Mauro Cruz

ISBN1. Administração Pública 2.Turismo

APOIO INSTITUCIONAL:

Clinest – Centro Clínico de Pesquisa em EstomatologiaMK Arquitetura – Projetos, Construção, DecoraçãoMTalma – ComunicaçãoegalDesign - Editoração GráficaDi Gráfica e Editora LtdaMEspaço – EditoraDr. Mauro Cruz – Odontologia

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SumárioIntrodução .................................................07Fundamentação ...........................................09 Diamantina ...........................................10 Tiradentes ............................................11 Conservatória ........................................12 Williamsburg – EUA ..................................13 Curvelo ...............................................14Fundamentaçãoeconômico-financeira ....................................15Proposta ....................................................17 Música .................................................17 Carnaval ..............................................18 Literatura ............................................18 Cinema ................................................19 História ...............................................20 Ambientação .........................................21 Lazer ..................................................25 Arquitetura ...........................................25 Proposta ........................................27 Comércio e Indústria ...............................28 Gastronomia .........................................28Conclusão ..................................................29Anexos ......................................................31Referências ................................................42

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IntroduçãoMiraí é uma cidade ímpar! Tem características arquite-

tônicas, culturais e históricas que a diferenciam, dão-lhe uma atmosfera especial e podem atrair visitantes freqüen-tes (Fig. 1). Tem um clima agradável, uma natureza exube-rante e um povo sempre orgulhoso de sua terra. Possui uma história musical engrandecida por um dos ícones da música popular brasileira que, certamente, pode contribuir para despertar o interesse de turistas durante todo o ano. Conta com uma estrada em bom estado, capaz de permitir fácil acesso. Ainda não tem uma estrutura de hotéis, bares e restaurantes que suportem um movimento turístico, mas, se implantado, um bom projeto turístico, aos poucos, irá atraindo investidores.

A prefeitura pode acelerar o processo, apresentando a instituições financeiras e a empresários com experiência na área um projeto sério, fundamentado em bases sólidas, com altos índices de previsibilidade e confiabilidade.

Miraí tem muitos ingredientes que, somados, podem transformá-la em um ponto turístico, com a manutenção de sua estrutura e enriquecimento do município, independente de grandes indústrias. Esta idéia de indústria, parece-nos, ficou como única opção de recuperação da cidade, como uma sequela, em função de sua história. No entanto, essa idéia remanescente pode e deve ser mudada, aproveitando-se o potencial da cidade descrito acima e os novos interes-ses de lazer da sociedade (Fig. 2).

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Fig. 2 – Praça Dr. Justino Alves Pereira.

Fig. 1 – Antiga Estação Ferroviária, inaugurada em 1895.1 Atualmente funciona como Estação Rodoviária. Foto 2001.

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FundamentaçãoO mundo todo, e mais recentemente o Brasil, tem

descoberto uma fonte de divisas limpa, renovável, não poluente e altamente rentável que é o turismo.

A cada ano a população busca mais um tipo de tu-rismo, que são as pequenas viagens de fins de semana para curtir uma boa música, uma atmosfera diferente, um toque de nostalgia ou um pouco de história. O turis-mo deste tipo leva, ao contrário do passado de Miraí, à distribuição de rendas, e não à concentração e à depen-dência de uma única fonte, como foi o caso das fábricas têxteis.

Inúmeras pequenas cidades vivem destas atrações, algumas bem pequenas e sem as qualificações de Mi-raí. Algumas, com um patrimônio histórico que por si só atrai os visitantes, e outras, que criaram atrações baseadas em coisas simples, mas do gosto do turista. Mesmo as que detinham enorme patrimônio histórico e ficaram confiantes somente nele, ficaram esquecidas enquanto não se prepararam para encantar os visitan-tes mediante o oferecimento de outras alternativas e atrativos.

Alguns exemplos, a seguir, estão incluídos nestas si-tuações descritas.

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Esta cidade tem um patri-mônio histórico e arquitetônico de imenso valor, que por si só atrai muitos visitantes (Fig. 3a e 3b). No entanto, geograficamen-te está muito longe dos centros fornecedores de turistas, com ex-ceção de Belo Horizonte e, até pouco tempo, estava abandonada e decadente. Iniciou há alguns anos um projeto social criando orquestras sinfônicas com crian-ças carentes da cidade e hoje a Vesperata, um evento musical que começou tímido, leva à cida-de multidões oriundas de todo o país (Fig.3c). Não tinha também estrutura hoteleira suficiente, nem restaurantes e bares vol-tados para o turismo, mas foi adquirindo-os aos poucos, com a demanda, contando agora com boas opções.

Além da Vesperata, que ocor-re somente uma vez por mês, realiza outros eventos musicais semelhantes, que atraem um nú-mero de turistas até além de suas possibilidades. As diárias dos ho-téis, atualmente, variam de sete a dez vezes mais do que anterior-mente e não há disponibilidade de vagas.

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Fig.3 - a) Diamantina, b) Casa da Glória, c) Vesperata4

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Tiradentes também tem um acer-vo histórico e arquitetônico respei-tável e uma beleza especial (Fig.4). No entanto, até mais ou menos 15 anos atrás, quando não havia ainda criado atrações artísticas especiais, não tinha visitantes suficientes para manter hotéis, restaurantes e o co-mércio do artesanato local. Foi de-senvolvido então um projeto gastro-nômico, com ofertas permanentes, um festival de cinema e outros pe-quenos eventos mais constantes que a tornaram hoje, como Diamantina, um pólo de atração, tendo todos os fins de semana tomados por um grande número de turistas.

Pela falta de projetos deste tipo, São João del Rei (Fig. 4b e 4c), ao lado, com um acervo riquíssimo, não tem nem 5% do turismo de Ti-radentes. Quem lá visita, é porque se hospeda em Tiradentes. O site da revista Quatro-Rodas descreve as-sim a situação: “Um pouco ofuscada pela fama da vizinha Tiradentes, São João del Rei tenta sair da som-bra nos últimos tempos. A hotela-ria deu uma guinada recentemente e ganhou boas pousadas, e a cena gastronômica dá mostras de boa re-gularidade. Tudo bem que aqui não há um centrinho bucólico e lojinhas e ateliês transados, mas quem visi-ta o centro histórico da cidade se surpreende com o casario bem-man-tido, as ruas iluminadas com lam-piões e fiação subterrânea, igrejas antigas, belos solares e museus.” 6

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4cFig.4 - a) Matriz de Santo Antônio, b)Igreja do Rosário, c) Centro histórico de São João del Rei

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Esta cidade é um exemplo típi-co para Miraí (Fig.5). Sem querer diminuí-la, mas apenas para exem-plificar, observa-se que ela não tem o acervo histórico das outras, não tem a beleza de Miraí, as ruas são estreitas, as casas são simples, de pouco interesse arquitetônico, e o visual, de uma maneira geral, tam-bém não chama muito a atenção. No entanto, devido à tradição das serenatas e serestas, mantida e in-centivada pelos irmãos José Borges de Freitas Netto e Joubert Cortines de Freitas (Fig.5b e 5c), que cria-ram com seus próprios recursos o museu da seresta, simples, mas impregnado de paixão, hoje tem hotéis enormes e confortáveis, inú-meros restaurantes, bares e uma população de turistas que sustenta a cidade. As casas são identificadas por placas com nomes de melodias brasileiras famosas e todas as sex-tas e sábados saem à rua os seres-teiros, cantando em frente a cada casa, a música que a identifica. É um espetáculo belíssimo e extre-mamente simples. Não tem custo, tem entusiasmo, paixão e muita poesia. Isso atrai gente de todo o país. Há pouco tempo foi inaugura-do o Cine Centímetro, uma réplica do cinema carioca Metro Tijuca, que hoje abriga festivais de música e cinema.

A cidade hoje tem sua economia praticamente baseada no turismo.

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Fig. 5 - a) Centro de Conservatória, b) Estátua de José Borges de Freitas Netto, c) Joubert Cortines de Freitas8

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Williamsburg, no estado da Virgí-nia, é o berço da independência dos EUA (1776) (Fig. 6) e pode também ser um modelo para Miraí. Podería-mos exemplificar com várias cidades da Europa ou do Oriente, mas seria impossível competir com monumentos históricos tão valiosos e tão antigos que falam por si sós, sem a necessi-dade de reforço. Williamsburg, no en-tanto, pertence ao novo mundo, tem quase a mesma idade de Ouro Preto. Seus habitantes criaram um clima de história e um ar de época que maravi-lha o visitante. Não têm monumentos com milhares de anos, mas têm alma e souberam fazer a coisa certa. É um bom modelo a ser seguido e alguns detalhes, propostos neste projeto, foram inspirados nesta cidade, como carros de aluguel (táxi) usando mode-los de Ford 29, como era o do Paren-te, famoso e querido na cidade. Isto daria um clima especial a Miraí.

O centro de Williamsburg não tem calçamento, é do tipo macadamizado e não tem acesso a automóveis. Não tem iluminação elétrica, somente ve-las e lampiões. Esta atmosfera atrai multidões a cada fim de semana. Músicos tocam nas ruas antigas me-lodias, usando instrumentos daque-le tempo. Os habitantes vestem-se como na década da independência (Figs.6b e 6c) e os restaurantes ser-vem pratos da época.

Para o acesso a algumas áreas, cobra-se uma taxa, com validade va-riada de dias, e assim fatura-se bem e é possível se manter toda a estrutura.

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6cFig.6 - a) Casa típica de Williamsburg, b e c) Vestimenta típica dos habitantes.

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A cidade de Curvelo (Fig.7) despertou agora para este as-pecto do turismo e está inves-tindo muito seriamente em um projeto como este para mudar os destinos da cidade. Como afir-mou o atual prefeito, será uma nova era para a cidade.

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Fig.7 a) Matriz,b) Antiga Estação Ferroviáriac) Casario.

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FundamentaçãoEconômico-Financeira Como apresentado na introdução, Miraí tem muito

destas cidades e pode basear-se no samba, na seresta, na história do café, nas suas belezas, na sua arquite-tura e na sua gente para atrair turistas durante todo o ano.

Sabe-se que qualquer pessoa em viagem gasta mais do que no seu dia-a-dia, que como turista o indivíduo compra 5 vezes mais.11

O crescimento econômico e financeiro de Miraí po-derá ser considerável e todo este patrimônio históri-co, arquitetônico, cultural e musical da cidade, que está-se depredando e deixando de fazer dinheiro, po-derá ser uma grande fonte de divisas.

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PropostaTransformar Miraí em um pólo turístico fundamenta-

do em características gerais que atraiam turistas durante todo o ano.

• Introdução do samba dos tempos de Ataulpho Alves (Fig.8) e contemporâ-neos, como carro chefe da área musi-cal e atração permanente da cidade (Anexo 2).

• MPB de seresta, com programações regulares durante todo o ano, mas principalmente nas noites enluaradas. Utilizar situações especiais como, nas noites de lua cheia, apagar as luzes nas áreas destinadas ao percurso da serenata ou utilizar uma iluminação especial indireta nestas ocasiões.

• Chorinho – festivais e apresentações des-te gênero, dando especial destaque aos seus precursores, como Pixinguinha.

• Noites de “jazz” no estilo New Orleans, com conjuntos distribuídos pelo entor-no da praça principal e antiga Estação Ferroviária (Fig.9). Programação regular durante todo o ano.

Fig. 8 – Ataulpho Alves.

Fig. 9 – Outra vista da Estação Rodoviária.

MÚSICA

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• Música erudita – com a apresentação de orquestras sin-fônicas compostas de crianças, adolescentes e adultos, criadas segundo um projeto sócio-cultural específico. Os músicos deste programa podem ocupar os diferen-tes conjuntos para os diferentes estilos musicais.

• Identificação das residências, a exemplo de Conser-vatória, com o nome de músicas famosas, separadas em áreas diferentes da cidade, de acordo com cada estilo musical.

CARnAvAL

• Manutenção e incentivo do Carnaval (Fig.10), um evento já consagrado em Miraí, que atrai visitantes em grande número e de diversas par-tes. O lado negativo deste evento é que ele só ocorre uma vez por ano. No entanto, pela fama que já tem, deverá ser mantido e estimulado.

LITERATURA

• Criar jogos e competições literárias associadas aos programas musicais.

• Incentivar e divulgar os escritores da cidade e região, imprimindo ou reimprimindo suas obras como:

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Fig. 10 – Carnaval em Miraí, 1968.

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- Camapuã - de J. Catta Preta (Fig.11)- Arraial do Brejo (Fig.12) e Ataulpho Alves Um Bamba

do Samba (Fig.16) - de Luizito Pereira- Casos de Miraí - de Dinardo Triani (Fig.13)- Os Cruz (Fig.14) e O Riacho (Fig.15) – de Mauro Cruz- etc.

Apoiar projetos literários que visem à história ou à ambientação na região.

CInEMA

• Recuperação do cinema (Fig.17) e sua utilização para festivais de cinema e eventos literários. Sessões de filmes históricos e educativos na programa-ção de fins de semana.

• Criar filme histórico sobre Miraí, com exibições contínuas e gratuitas para os visitantes.

Fig.12Arraial do Brejo, de Luizito Pereira.

Fig.11Camapuã, deJ. Catta Preta.

Fig.14Os Cruz, de Mauro Cruz.

Fig.15O Riacho, de Mauro Cruz.

Fig.16Ataulpho Alves Um

Bamba do Samba, de Luizito Pereira.

Fig.13Os Pecadilhosdo Padre e Outras Historinhas, de Dinardo Triani.

Fig.17 – Cinema, prédio à esquerda.

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• Fazer, em parceria com o Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvol-vimento do Café-CBP&D/Café (Fig. 18)12, um programa educativo com impressos e filmes sobre esta época áurea do país e da história de Miraí. Distribuir e exibir gratuitamente aos visitantes.

• Restauração de alguma fazenda típi-ca da região cuja atividade principal foi o cultivo do café. Simular todo o processo de plantio, colheita e ma-nejo do café (Fig.19). A fazenda po-derá ser uma grande atração para os turistas, com visitas guiadas e pagas. Deverá ainda dispor de loja para a venda de café, produtos típicos da região, peças antigas e “souvenirs”.

• Na cidade, criação do museu do café (Fig.20) , e desta época áurea das fazendas de Miraí, base da estrutu-ração da cidade, aos moldes do me-morial de Ataulpho Alves. Este espa-ço vai gerar o interesse da visita à fazenda, e vice-versa.13

• Criação de um museu com a história das fábricas têxteis de Miraí, que es-creveram importante página de sua história e do país (Fig. 21-23).14

HISTóRIA

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Fig.18 – Cafezal.

Fig.19 – Sede de antigafazenda de café.

Fig.20 - Museu do Café – Santos – SP.

Fig. 21Calandra.

Fig.22Carda de Fiação.

Fig.23Tear Mecânico.

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AmbientaçãoEstimular o conhecimento de outros personagens de

Miraí, que se projetaram pelo país e pelo mundo, como o Sr. Afonso Alves Pereira, Sr. José Loures, o primeiro no mundo a usar o álcool como combustível (Anexo 3), seu filho, o Prof. Marcos Coutinho Loures, grande educador, escritor e poeta e ainda o filho deste, Marcos Valério Mannarino Loures15, Dr. Clóvis da Cruz Reis, dentista, cientista, professor, escritor, inventor e poeta (Anexo 1), e muitos outros, especiais, que marcaram em sua épo-ca a atmosfera da cidade. Um trecho do livro Ataulpho Alves – Um Bamba do Samba, do Prof. Luizito Pereira,16 da apresentação feita pelo Marcelo Siqueira da Rocha, filho de José Paixão da Rocha, o famoso Paixão, e irmão do Mauro Rocha, dá uma boa idéia de uma época efer-vescente da cidade: “Prefiro lembrar-me dos tipos que, por qualquer motivo, marcaram a cidade; quem não se lembra do Quirino (Fig.24), do Padre Ernesto, da Dino-rah, do Dinheiro, que jogava um bolão, do Escolástico ao piston e do Bebeto, da Estrada de Ferro Leopoldina. Grandes figuras!

É difícil citar nomes, porque a gente acaba se es-quecendo de um ou de outro, ou de tantos. Mas prefiro me arriscar, citando aqueles que me vêm no momento, outros muitos não lembrados estão guardados no sub-consciente ou no fundo do coração.

O Dr. Abraão e Dona Carminha; os dentistas Miguel Paulo e Clóvis; os tantos Vieira e quantos Rezende; os

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Siqueira, Leopoldino e Abilinho; o Dr. Geraldo; os comerciantes Eduardo Es-panhol, Indalécio, Fatorelli, Laudemi-ro, Dudu, Leônidas, Bebê Benevenuti e Marcelo Castelano; o contador Alberto Espíndola e Dona Dina, que, carinho-samente, me hospedavam na sua casa; a Cidália e seus fantásticos doces; o famacêutico Seu Lombardo e sua Dona

Dió; o Paulo Barbosa; Os Pereiras, sempre presentes pelo trato cordial, personalidade marcante e, também, pelo poder, tendo à frente o Sr. Afonso e Dona Lalá, o Dr. Luiz e Dona Aracy, o Gabriel e Regina, o Justino Luiz, casado com minha prima Dinha, o Severiano e os irmãos Afonso Luiz, Marcelo e Justino Afonso.

E, continuando essa agradável visita, passo pelo bar dos irmãos Walter e Wagner. E me recordo de outras destacadas pessoas da comunidade: Abílio Cury, do ho-tel, e seu filho João Antônio; Alipão e Dona Eneida do ginásio; Seu Cruz e Dona Augusta, Aniceto Pitta e Dona Prudência, amigos próximos dos meus pais; Emidinho e os Paiva Ge; o alfaiate Barroquinha; Nelson Vieira e Fernando Bolacha; Navantinho, Cristiano e Sô Nerino; o Lolô da barraca dos cavalos; o Zé Diogo, que me ensinou a dirigir automóvel, na verdade um jeep; os amigos Mi-guel, Nelsinho, Júlio César, Ceceu, Tunim Vieira, Jair, Carlos Alberto, César e Faete”.

Acrescente-se, ainda, Alípio Dutra, Sr. Esbelo, Luís Fortucci, Seu Ioiô, a Dona Zizinha, dos deliciosos e microscópicos caramelos, Zé Ovídio, o barbeiro, Seu Oswaldo, da venda, Dr. Waldir Rezende, Seu Alberto Al-meida, da venda em frente ao Bar Werneck, Dona Nina,

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Fig.24 – Quirino.

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Professor Álvaro, sempre de terno, chapéu, gravata borboleta e bengala - um lorde!, Caseca, Galdino, Dedé e Hermínio Vieira, João Bilheiro, Neneco, que ia ao cinema todos os dias, sem exceção, mesmo repetindo o filme durante uma semana, Sebastião, o sacristão do padre Ernesto, Dona Ediméia, Ildeu Resende, Eterbal, Zé Muralha, Prof. Adelites, Dona Iracema, Prof. Germa-no, que passava cedinho a cavalo e sempre coçando as mãos, Dona Gilca, Sr. Íniman, o Dilermando Araújo, que fazia o serviço de radiodifusão pelo alto-falante na torre da matriz, Sr. Geraldo Baesso, o sapateiro, Dona Glória, do telefone, Sr. Eugênio, Sr. Vanir Werneck, semente do 1º de Maio, Nilton Lambari, Milton Vargas, João de Ma-tos, Severininho, o Foca, o Romanelli, o Valminha, Dr. Miguel Pereira, Dr. Maurício Delgado, o Juiz de Direito João Bilheiro e muitos outros.

Seria mais um atrativo, o levantamento biográfico destes personagens e a criação de um memorial co-mum que conte as suas histórias, colhendo facetas e características de alguns, que poderão criar uma at-mosfera interessante na cidade.

Possivelmente haverá outros, de outras gerações que também poderão compor este elenco da história de Miraí.

• Contratação de turismólogos, atores e diretores de arte cênica para prepararem o ambiente e cuidarem do treinamento do pessoal.

• Promover curso para moradores da cidade e, principal-mente, dos comerciantes e atores, sobre o conteúdo do projeto e a história da cidade.

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• Criar uma atmosfera bucólica, introduzindo objetos, vestuário e objetos antigos de diferentes épocas, como automóveis.

• Como já citado, criar táxis como o do Parente, pinta-dos da mesma cor, com os choferes vestidos a cará-ter, para circularem nos “tours” pela cidade. Adquirir veículos dos anos 50 e 60, como AeroWillis, Simca, Renault Gordini, DKW-Vemag, Impala, Oldsmobile, Desoto, etc, para dar uma atmosfera típica daqueles anos (Fig.25-30).

• Introduzir atores para interpretar os personagens tí-picos da cidade, citados anteriormente, caminhando pela cidade e vestidos a caráter, como em Williamsburg (Fig.6).

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Fig.25 – Simca. Fig.28 - DKW-Vemag.

Fig.29 – Oldsmobile.Fig.26 - Aero Willis.

Fig.27 – Gordini. Fig.30 – Impala.

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LAZER

• Incentivar a criação de bares e restaurantes dentro de padrões de qualidade e com características sofis-ticadas, charmosos e elegantes. A Prefeitura poderá manter projetos prontos para fornecer aos interessa-dos, gratuitamente.

• Recuperar ambientes antigos e tradicionais da cida-de, como o Bar Werneck (Fig.31), o Bar do Walter, do Sr. Leto, do Cici e Marcelino Campos, etc.

Fig. 31 – Transcrição da legenda original na Fig.b: Retrato Histórico / Bar Werneck / Miraí / Maio / 1966 / Cabritada Especial / Turma dos Amigos de Miraí / Clube dos Comilões / Em pé, discursando Aquilino Silva / Oferta da lembrança: Prof. José Soares (Filho), Fernando Siqueira e Antônio Torres (Sobrinhos) Miraí, 02/02/99

A proposta é atrair um público de bom poder aquisiti-vo, como os turistas da 3ª idade, aposentados e os da faixa de 25 anos para cima. O público jovem não tem dinheiro e, por isso, comercialmente não é vantajoso. Este últi-mo público virá automaticamente, após a consagração da imagem da cidade como atraente e interessante.

ARqUITETURA

Miraí tem uma urbanização diferenciada das cidades de seu porte e de suas contemporâneas. As ruas são lar-gas e a cidade tem uma planta interessante (Fig.32-35). A arquitetura é especial, variando do colonial, neo-clássico,

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“art déco”, moderno, com exemplares típicos. No entan-to, vários edifícios estão sendo descaracterizados, como é caso do Fórum, cuja arquitetura típica “art déco” foi alte-rada e perdeu a originalidade. O patrimônio arquitetônico de Miraí pode ser explorado e tornar-se uma atração. Veja o distrito “art déco” de Miami Beach, cuja originalidade é atração mundial. Poucas cidades do porte de Miraí têm um arquitetura tão típica e sofisticada.

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Fig.32 – Casario.17

Fig.33 – Hotel Central. 17 Fig. 34 – Prefeitura. 17

Fig.35 - Igreja Matriz de Santo Antônio. 17

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PRoPoSTA:

• tombamento de toda edificação (pelo menos a facha-da) que represente interesse arquitetônico.

• estudo e identificação das várias linhas arquitetôni-cas da cidade.

• identificação, com placas, de cada edificação, des-crevendo o estilo, a data, o primeiro proprietário, o construtor e o arquiteto, o que for possível resgatar (Fig.35).

• elaboração de projetos padrões pela prefeitura para as novas edificações e a obrigação de serem seguidas.

• fornecimento pela Prefeitura de Miraí, de assessoria técnica, sem custo, para os novos projetos.

• estímulo ao proprietário cujas edificações estejam fora do padrão para que as enquadrem, com redução do IPTU e facilitação de empréstimo com juros me-nores, por uma instituição financeira acordada com a Prefeitura e parceira do projeto.

• recuperação dos edifícios das antigas fábricas, man-tendo a arquitetura da época, modernizando-os in-ternamente e transformando-os em centros de con-venção e exposição de produtos locais.

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CoMéRCIo E IndÚSTRIA

• Estímulo ao artesanato local com a criação de escolas para a formação de artesãos (Fig.36), por meio de convênio com o SEBRAE, EMBRAPA, e ONGs especializadas nesta área.

• Elaborar um programa de orienta-ção para a produção de alimentos orgânicos e produtos que preser-vem o meio ambiente, como os recicláveis.

• Incentivar a produção de derivados do leite, doces, pães, bolos, etc, que possibilitem ao pequeno produ-tor atingir ótima qualidade e vendê-los ao turista, sem intermediários.

GASTRonoMIA

• Incentivar a criação de pratos es-peciais por bares e restaurantes que contenham novidades gastro-nômicas (Fig.37).

• Incentivar a criação de estabele-cimentos com pratos clássicos e culinária refinada.

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Fig.36 – Artesanato.

Fig.37 – Gastronomia.

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Conclusão O projeto é viável, pois a cidade tem um grande po-

tencial nas áreas descritas, boa localização e com fácil acesso (Fig.38).

O tempo para a consolidação do projeto depende da capacidade de divulgação, do volume de trabalho, dos parceiros e do dinheiro aplicado, mas se for bem conduzido, em pouco tempo a história de Miraí poderá ser outra.

Fig.38 - Casario e Matriz.

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AnexosAnExo 1

Clóvis da Cruz Reis1

Nos idos de 1930, quando ainda emergiam todos os ramos das ciências e época em que floresceram muitas das inteligências que trariam à humanida-de a evolução de hoje, nasceu, no dia 22 de agosto, um genial homem que, com certeza, foi responsável por im-portantes contribuições científicas para a Odontologia brasileira e mundial.

Poucos seres neste mundo conseguem se diferenciar da massa, tornar-se importantes líderes e transcender a morte por seus atos. Este privilégio não cabe aos ho-mens comuns, que vivem apenas o cotidiano. Somente alguns iluminados parecem destinados a mudar o rumo da história da humanidade, perpetuando no futuro a marca da evolução. Uma destas pessoas ímpares foi este homem! Odontólogo, artista, poeta, cientista e inventor – em tudo o que fez foi brilhante, perfeccio-nista, notável! Dedicou sua vida à ciência odontológica e a ela doou um esforço sobre-humano.

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Clóvis da Cruz Reis, 1991.

1-Transcrito e adaptado da homenagem publicada pela família no Jornal Tribuna de Minas em 20-07-96 e em seu Livro Aos Trancos e Barrancos. Texto de Valéria Cruz e Mauro Cruz.

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Clóvis da Cruz Reis, nascido na fazenda de seu avô, nas proximidades de Muriaé, Minas Gerais, mudou-se logo depois para Sereno, vilarejo perto de Cataguases, onde seu pai adquirira uma propriedade rural. Como qualquer criança inteligente, não fugiu à regra, menino muito travesso, irrequieto e malicioso. Era precoce em tudo, sendo sempre uma fonte de preocupações para sua mãe, que, nos seus cuidados, tinha uma mão carinhosa para afagar, mas também severa para corrigir, forjando nele um caráter sem jaça, duro como granito, reluzente como um diamante, diáfano como uma gota d’água.

Irrequieto como um potro bravio, obstinado como o foram poucos homens, decidiu, ainda rapazola, que seria o maior Dentista do planeta. Assim ele sempre dizia e tudo fazia para que este desejo se tornasse uma realidade irrefutável. Após inúmeras peripécias nos co-légios e sem completar o segundo grau, seguiu aos de-zenove anos para a pequenina Guiricema, foi aprender com um Dentista amigo da família este ofício, como era tão de costume na época. Não demoraria, porém, que o discípulo ultrapassasse o mestre. Dois anos depois, chegou a Santo Antônio do Glória, transportando o seu humilde equipamento num carro de bois. O “motor de Dentista”, de então, era acionado através de um pedal, energizado pelo próprio pé. Ele superava tudo! Se o paciente não podia ir ao consultório, ele, várias vezes, sobre lombo de animais, transportava seu equipamento para as fazendas de café, onde mitigou a dor de inú-meras pessoas e levou sua Odontologia a ermos recan-tos. Que grande artesão ele foi! Na década de 50 fazia restaurações invejáveis, muitas das quais permanecem ainda hoje em seus pacientes.

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Em 1955, foi para a pequenina Miraí, como cantou Ataulpho Alves. Lá trabalhou por 13 anos e constituiu sua família: esposa e oito filhos. Nesta cidade com ape-nas 3.000 habitantes, na época, já demonstrou sua di-ferenciação profissional, trabalhando em um consultó-rio anexo à sua residência, de excelente padrão para a época, utilizando paramentos impecáveis e organi-zação exemplar. Mesmo sendo prático, tinha como pa-cientes as pessoas mais ilustres da cidade e até profes-sores de Odontologia conceituados de São Paulo vieram ao seu consultório para serem atendidos, depositando nele toda a confiança, contrariamente ao habitual. Pa-cientes também de distantes lugares afluíam a ele e sua fama crescia. Exatamente por isso, começou sua grande odisséia.

Por ser “dentista prático”, como se dizia e, logi-camente, autodidata, estudava com afinco compên-dios de anatomia, farmacologia e matérias clínicas, e deixava longe os licenciados, com formação regular. Sobressaindo-se, passou, naturalmente, a sofrer perse-guição sistemática, pois estes, com todo o direito, não queriam permitir a ele exercer, desta maneira, a Odon-tologia. Essa luta durou alguns anos até que, em 1968, mudando-se para Muriaé, o problema agravou-se pelo aumento do sucesso. Tinha a clínica mais bem equipada da cidade e sua atuação, assim como os trabalhos exe-cutados, mostravam ser de um profissional altamente capacitado. Mais uma vez seus pacientes se diferencia-vam, sendo conhecido como o melhor e o mais “carei-ro” Dentista da cidade. Assim, em 1970, quis o destino que alguns dos Dentistas da cidade fechassem sua clíni-ca com a ajuda da polícia. Seu desespero foi total, pre-cisava sustentar a família e não tinha outro recurso, a

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não ser o seu trabalho. Através de políticos influentes e amigos, conseguiu reabri-la pouco tempo depois. Nes-ta pressão dolorosa e insuportável, tomou uma atitude que mudaria tudo e abriria suas portas para o mundo: decidiu estudar regularmente! A partir daí, preparou-se às pressas para o exame supletivo. Em um só ano con-cluiu o 2º grau e foi aprovado no exame vestibular da Faculdade de Odontologia de Campos, Rio de Janeiro, na qual ingressou em 1972. Após cursar um ano nessa instituição, transferiu-se para a Faculdade de Odonto-logia da Universidade Federal de Juiz de Fora, onde se graduou em 1975, aos 45 anos. Durante este tempo, quatro anos, trabalhou arduamente aos sábados e do-mingos sem faltar, um só segundo, aos seus deveres de chefe de família. Neste período, todos os seus filhos continuaram estudando, tendo sido também contem-porâneo de alguns na mesma universidade, um deles em Odontologia. Mesmo com esta idade e com todas as dificuldades advindas de ser o sustentáculo de uma grande família, continuou, após a graduação, seus es-tudos, e durante dois anos, fazendo uma ponte entre Muriaé, onde residia, e o Rio de Janeiro, pós-graduou-se duplamente, em Oclusão e Prótese Dental pela Pon-tifícia Universidade Católica. Registrou-se no Conselho Federal de Odontologia como Especialista em Prótese Dental em 1979.

Aquele espírito incansável e indomável, aquela obs-tinação pétrea trouxeram-no para Juiz de Fora, onde sua carreira atingiu o ápice. Em 1980 fundou, juntamen-te com seus dois filhos, também Dentistas, o CLINEST - Centro Clínico de Pesquisa em Estomatologia, com o objetivo de realizar uma Odontologia diferenciada, apri-morando os recursos da ciência convencional. Através

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de instalações ergonomicamente ideais e equipamentos de vanguarda em todo o mundo, começaram juntos a desenvolver uma série de pesquisas que proporcionaram a obtenção de várias conquistas, levando o conceito do Clinest a todo o país e ao exterior. Criou um sistema de reabilitação, denominado CCQ - Controle Constante de Qualidade, no qual inovou em áreas como dentística, técnicas de moldagem e de fundição, e na aplicação das cerâmicas, culminando tudo isso com a excelência na qualidade final dos trabalhos. Com o advento dos im-plantes, seu trabalho foi verdadeiramente de vanguar-da, desenvolvendo um revolucionário implante para os-seointegração - o Bioform, que pela sua forma inédita permite um índice de aplicabilidade de 95%, bem su-perior à média de outros sistemas que era, na época, em torno de 55%. Para materializar toda a sua ideologia científica e tecnológica, criou uma indústria, a Maxtron, que passou a produzir os implantes e todo o seu instru-mental. Mais um sonho realizado!

Ministrou cursos em vários países e por todo o Bra-sil. Neste período de intensa atividade, como fruto na-tural do seu amadurecimento científico, sua personali-dade profissional firmou-se definitivamente. Ministrava cursos regulares mensais para Dentistas vindos de todo o país. Publicou vários artigos em revistas especializa-das. Iniciou a elaboração de um livro de Odontologia onde constaria toda sua experiência na área da reabili-tação oral, infelizmente inacabado. Aprimorou-se con-tinuamente, freqüentando congressos odontológicos no Brasil, na América Latina e nos Estados Unidos, e fez cursos na Europa. Foi co-fundador de várias entidades odontológicas, entre elas a Academia Mineira de Odon-tologia. Foi membro efetivo de inúmeras outras entida-

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des como: Associação Brasileira de Odontologia - ABO, Sindicato dos Odontologistas de Juiz de Fora, Pierre Fauchard Academy, Associação Brasileira de Cirurgia Oral - ABCO, Sociedade Brasileira de Implantologia Oral - SOBRAIMO, Instituto Brasileiro de Implantodontia - IBI, Associação Paulista de Implantologia Oral - APIO, SOLAIAT, COBRACIO e outras.

Foi presidente do V Congresso de Odontologia da Zona da Mata Mineira/1990, promovido pela Associa-ção Brasileira de Odontologia - JF, com 3026 inscrições (até hoje não superado) e cuja repercussão foi além das fronteiras nacionais.

Recebeu nos últimos anos inúmeras homenagens odontológicas, de instituições, universidades, poderes legislativo e executivo, como:

Comenda do Mérito Dr.Milton H. EricksonComenda do Mérito Prof. Walter CuriComenda do Mérito Francisco DegniHomenagem da Associação Brasileira de Odontologia-Mato Grosso. Homenagem da Universidade Federal do Espírito Santo.Diploma de Mérito da Associação Brasileira de Odontologia – Seção Espírito SantoSócio benemérito da ABCO – Pouso AlegreSócio Honorário da ABO – Seção M. Gerais – Pouso AlegreSócio Benemérito da ABO – Seção M. Gerais – Pouso AlegreGrande homenageado pelo VI Congresso Sul Mineiro de OdontologiaSócio Honorário da ABCO – Pouso AlegreGrande Homenageado pelo I Congresso Mineiro de Hipno-se e Medicina Psicossomática.

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Sócio Benemérito da ABO – Seção Minas Gerais - Subseção de Visconde do Rio Branco.Sócio Honorário da ABO – Seção Minas Gerais - Subseção de Visconde do Rio Branco.Homenageado Especial no I Congresso Brasileiro de Pre-venção, Reabilitação e Saúde Oral.Comenda do Mérito Ivan Petrovitch PavlovHomenagem Especial II Congresso Brasileiro de Reabilita-ção e Saúde Oral.Mérito por Contribuição – São Paulo, Maio, 1989.Aplausos e Congratulações pela criação do Implante Bioform, pela Câmara Municipal de Oliveira – MG, Outubro, 1991.Mérito “Prof.Alfredo Reis Viegas”.Certificado de Gratidão da Pierre Fauchard Academy-Seção Brasil, Caxambu, 1993.Homenageado Especial no XXVI Congresso Sul Mineiro de Odontologia.Mérito Implantodôntico, concedido pelo Instituto Brasi-leiro de Implantodontia – 1994 – Rio de JaneiroComenda Expressão e Mérito – 1995Título de Cidadão Honorário de Juiz de Fora, pela Câmara Municipal. Comenda do mérito do I.R.C.O.I. – International Research Committee of Oral Implantology.

Em 1997 foi homenageado por um grupo de entida-des de representação internacional, coordenadas pelo Dr. Alfredo Campos Pimenta, que criaram a comenda Clóvis da Cruz Reis, cuja medalha leva sua efígie. Em 2007, relembrando sua partida, realizou-se destacado evento, outorgando sua comenda a importantes perso-nalidades da Odontologia. Também neste ano a Associa-ção Brasileira de Odontologia de Juiz de Fora homena-geou-o, dando seu nome ao Anfiteatro de sua sede.

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Enfim, ele participou e dignificou como poucos a sua profissão. Viveu cercado de amigos, os quais conside-rava como irmãos. Foi polêmico, contestador, mas sua busca da verdade trouxe-lhe o maior dos prêmios: o respeito. Nos intervalos da vida profissional dava vazão aos seus atributos de poeta e literato, tendo sido sele-cionado em diversos concursos de poesia, na cidade e fora dela. Foi também membro da Academia Juizforana de Letras. Nos últimos seis meses entre nós, escreveu o livro Aos Trancos e Barrancos, de crônicas autobiográfi-cas, que foi publicado por seus filhos um ano após.

Como último arroubo de seu sentimento poético, escreveu horas antes de deixar-nos:

Quando partiste esperei,Que o teu retorno farias.Por isso, amor, não choreiNa hora em que tu partias.

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COMENTANDOMarcos Coutinho LouresPublicado no Correio Muriaense – Muriaé, 20 de maio de 2006 – Pág.2

Merece destaque, em meu “comentando” de hoje, a amizade que, por longo tempo, tivemos com Ataulpho Al-ves, um dos mais festejados compositores da MPB, conhe-cido por “Mestre Ataulpho”, no meio musical brasileiro.

O último contato que com ele tivemos deu-se aqui em Muriaé, num barzinho da Rua do Rosário, depois da visita que ele havia feito ao também Miraiense Flávio Siqueira e, deste encontro, participou o jovem Fernando Cruz, um dos mais brilhantes alunos que tivemos.

Reservado e até tímido, fora dos palcos, Mestre Ataulpho mostrava-se muito preocupado com a opera-ção de úlcera gástrica que iria fazer num dos mais bem aparelhados hospitais do Rio de Janeiro.

A cirurgia estava marcada para a semana do carnaval e este parecia ser um dos motivos da apreensão de Ataulpho, a aponto de ter deixado gravado com Flávio Siqueira um “depoimento” em que se despedia dos amigos.

Segundo ele, “caso o pior acontecesse”, ele queria ser enterrado em Miraí, mas, caso amigos e familiares não deixassem, ele pedia que, mais tarde, seus ossos fos-sem levados para sua terra natal.

E Ataulpho, antes de se despedir de mim, teve opor-tunidade de cantar para Fernando Cruz, a pedido do mes-mo, o “Meus Tempos de Criança”.

Muito pouco tempo depois, a triste notícia de seu fa-lecimento deixou de luto a MPB e, principalmente, o “pequenino Miraí”, por ele cantado em prosa e verso, em suas canções.

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Marcando fortemente o nefasto acontecimento, o grande David Nasser, jornalista e compositor, colunista de “O Cru-zeiro”, pediu à família que não culpasse os médicos”, pois, segundo ele, a morte de Ataulpho havia sido uma fatalidade, pois “maktub” – estava escrito, como dizem os árabes.

Inevitável, porém, foi buscar as razões da morte do Mestre e descobrir que o amigo Ataulpho havia falecido num dos mais bem aparelhados hospitais do Rio por falta de acompanhamento pós-operatório.

Na despedida que ele nos deixou naquele encontro da Rua do Rosário, Mestre Ataulpho falava da certeza de que “desta” ele não sairia, mas aquela preocupação não justi-fica o ocorrido nem nos consola.

Há, sem dúvida, “mais coisas entre o céu e a terra do que imagina nossa vã filosofia”, mas isto também não nos serve de consolo.

As coisas se sucederam da forma preconizada pelo amigo Ataulpho, com o enterro no Rio de Janeiro, mas estamos cer-tos de que o “Mestre” só terá descanso eterno quando seus ossos forem repousar em Miraí, como era de seu desejo.

Aliás, soubemos que esforços neste sentido foram fei-tos por João Bilheiro, mas obstáculos maiores impossibili-taram o translado que, seguramente, iria dar um final feliz a esta história de amor.

Lá, de onde estiver, acreditamos que Ataulpho tenha matado as saudades de “Maria de Aurora”, ou se reecon-trado com “Mariazinha” e com aquela sua “Professorinha”, por ele imortalizadas em suas canções.

Mas, para que Miraí se reencontre com sua história, é importante que ele volte a morar nos “Verdes campos de sua terra natal”!

Apenas assim também é que nós, Miraienses ou não, poderemos estar em paz com nossas consciências...

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Revista Em Voga – Abril de 2006

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Referências:1 – http://www.estacoesferroviarias.com.br2 - http://www.diamantina.com.br3 - http://www.diamantina.mg.gov.br4 - http://www.brasilviagem.com 5 - http://www.tiradentes.mg.gov.br6 - http://viajeaqui.abril.com.br 7 - http://www.capitaldaseresta.kit.net8 - http://www.ideias.org.br 9 - http://www.history.org 10 - http://www.curveloportaldosertao.com.br11 - http://www.turismodeportugal.pt 12 - http://www.embrapa.br 13 - http://www.museudocafe.com.br http://sabores.sapo.pt 14 - http://www.geira.pt15 - http://www.minhapoetica.blogspot.com http://www.marcosloures.com16 – PEREIRA, L.A. Ataulpho Alves - Um Bamba do Samba. Viçosa: Suprema Gráfica e Editora, 2004. 272p.17 - http://www.interminas.com.br

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