livro Ciesp - Campinas

78

description

Livro - Relatório de Meio Ambiente CIESP Campinas

Transcript of livro Ciesp - Campinas

Page 1: livro Ciesp - Campinas

Em Março de 2002, foi criado o Departamento de Meio Ambiente (DMA) do Ciesp-Campinas.

No momento em que o mercado e o ambiente sinalizavam sobre a impor tância de se considerar a questão ambiental no planejamento de negó­cios­sustentáveis,­a­criação­do­DMA­objetivou­viabilizar­um­espaço­no­qual­representantes­de­empresas,­instituições­e­sociedade­pudessem­se­conhecer,­discutir­seus­desafios,­identificar­interfaces­comuns­e­propor­encaminhamentos.

Mais do que isso, o DMA tem elaborado e implementado encontros, projetos e parcerias reconhecidos e premiados no Estado de São Paulo. A meta em sido sempre o fomento a Negócios Sustentáveis, assim como o fortalecimento­das­ações­de­excelência­socioambiental,­para­as­empresas­paulistas­e­as­instituições­parceiras.

Tendo­completado­seis­anos­de­existência­em­2008,­a­intenção­desta­obra­foi­deixar­registrada,­para­toda­a­sociedade,­no­ano­de­comemora-ção dos 60 anos do Ciesp-Campinas, a Memória de um Compromis so: os esforços,­as­iniciativas,­as­ações­e­as­contribuições­das­pessoas,­empresas­e­instituições­que­protagonizaram­esta­história.

Ao­apresentar­as­razões­e­os­meios­que­fizeram­da­promoção­de­Ne-gócios Sustentáveis um pilar essencial na história do DMA, mais que pres-tar­contas­às­empresas­associadas,­este­trabalho­teve­o­propósito­de­esti-mular­iniciativas­e­promover­ações,­tanto­para­a­comunidade­empresarial­quanto para todos os agentes indutores de Sustentabilidade.

Realização:

Compromisso Ambiental Promovendo Negócios 6anos

Este­livro­foi­produzido­com­Vitopaper:­um­papel­sintético­feito­a­partir­de­plásticos­reciclados­pós-consumo,­conferindo-lhes­um­nobre­destino.­Leve,­resistente­e­infinitamente­reciclável,­este­é­um­novo­papel­da­indústria.­Um­exemplo­de­Sustentabilidade­Empresarial­e­Inovação em uma tecnologia 100% nacional e inédita no mundo.

Patrocínio:

Page 2: livro Ciesp - Campinas
Page 3: livro Ciesp - Campinas

Realização:

Patrocínio:

Apoio Institucional:

Compromisso Ambiental Promovendo Negócios

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

6anos

Este livro foi produzido com Vitopaper: um papel sintético feito a partir de plásticos reciclados pós-consumo, conferindo-lhes um nobre destino. Leve, resistente e infinitamente reciclável, este é um novo papel da indústria. Um exemplo de Sustentabilidade Empresarial e Inovação em uma tecnologia 100% nacional e inédita no mundo.

5Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 4: livro Ciesp - Campinas

Federacão das Indústrias do Estado de São Paulo

PresidentePaulo Skaf

DMA - Departamento de Meio AmbienteDiretor TitularNelson Pereira dos Reis

Diretores Titulares AdjuntosArthur César Whitaker de CarvalhoMarco Antonio Barbieri Nelson Vieira Barreira Raul Ardito Lerário Walter Toscano

DiretoresAntonio Joaquim de Oliveira Caio Pereira de Queiroz (Representante do CJE)Carlos Henrique da Silva Ferreira Carolina Aristakessian (Representante do CJE)Celso Cardoso Simões Alexandre César Figueiredo de Mello Barros Darlene de Pádua Melo SpilaEliane Maria Haddad

Eugênio Carlos Deliberato Francisco Laterza Neto Gilberto Frederico Barbero José Alcades Theodoro José Luiz Miranda SimonelliJosé Ricardo Sukadolnik José Rogélio Miguel MedelaJosé Valverde Machado Filho (Representante do CJE)Lecy Ribas Camargo Filho Luciano Shigueru Sakurai Luiz Gonzaga BertelliMárcio Esteves da Silva Márcio NappoMarco Antonio de Almeida Mário HiroseMarlúcio de Souza Borges Moacir José Lordello BeltramePaulo Roberto Dallari Soares Renato José Giusti Ricardo de Souza Esper Romildo de Oliveira Campelo Sérgio Daneluzzi Azeredo Silvio Roberto Isola Tasso de Toledo Pinheiro Walter Françolin

Centro das Indústrias do Estado de São PauloCiesp-Campinas

Diretor TitularNatal Martins

1º Vice-DiretorJosé Nunes Filho

2º Vice-DiretorJosé Henrique Toledo Corrêa

DMA - Departamento de Meio AmbienteDiretor TitularMarlúcio de Souza Borges

Diretor AdjuntoRicardo Rodrigues Ribeiro

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Sustentabilidade Empresarial : Memória de um Compromisso : Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002-2008. -- Campinas : Ciesp, 2009.

Vários autores. Bibliografia

1. Centro das Indústrias do Estado de São Paulo. Departamento de Meio Ambiente - História2. Desenvolvimento Sustentável3. Empresas - Responsabilidade Ambiental4. Empresas - Responsabilidade Social5. Indústria - São Paulo (Estado)6. Industrialização.

09-09604 CDD-338.098161

Índices para catálogo sistemático:1. Sustentabilidade Empresarial : Departamentode Meio Ambiente do Ciesp-Campinas - Centrodas Indústrias do Estado de São Paulo :História 338.098161

Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO6 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 5: livro Ciesp - Campinas

O trabalho do Departamento de Meio Ambiente (DMA) do Ciesp-Campinas, expresso nesta publica-ção, é um exemplo importante do alcance da Respon-sabilidade Socioambiental. Para o Brasil, é decisiva a mobilização dos setores produtivos na direção da Sustentabilidade, pois se torna inexorável adequar os padrões produtivos à realidade de um mundo em processo de mudança climática e cada vez menos rico em recursos naturais e fósseis.

O Ciesp-Campinas, ao realizar projetos susten-táveis e viabilizar um espaço no qual repre sentantes das empresas associadas possam somar esforços para vencer os desafios ambientais, ali nha-se à filo-sofia que hoje norteia toda a indústria paulista. En-tendemos que o definitivo resgate da dívida social brasileira não depende apenas da ex pansão do PIB, mas, sim, do crescimento sustentado da economia. Esta é a bandeira que empunhamos na Fiesp/Ciesp e procuramos estender em todo o País.

Vencer tal desafio, independentemente da res-ponsabilidade do Estado, somente será possível com o amplo engajamento da sociedade. Nesse con-texto, é decisivo disseminar a causa da Sustentabi-lidade, que deve ser um dos parâmetros do desen-volvimento do Brasil.

Sustentabilidade, umaBandeira da Indústria

Paulo Skaf, Presidente da

Federação e do Centro das Indústrias

do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp)

Rena

ta C

aste

lo B

ranc

o

Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

7Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 6: livro Ciesp - Campinas

Ciesp-Campinas e Meio Ambiente - Registro de Nossa Historia

Natal Martins, Empresário e Diretor Titular do Ciesp-Campinas - Gestão 2007-2011

Esta publicação coroa um trabalho realizado com com-petência, com compromisso e com a seriedade de um de-partamento, motivo de orgulho à Regional Campinas do Ciesp. Criado no ano de 2002, durante a gestão do compa-nheiro Francisco de Oliveira Lima Filho, que acreditou na proposta e a apoiou, o departamento veio a se consolidar sob” as mãos” de Luiz Alberto Soares Souza, o que nos concede, no momento atual, o privilégio de apresentar a memória destes primeiros anos de trabalho dentro da área ambiental.

Ao desenvolver e ao aplicar o conceito de Negocios Sustentáveis, valendo-se de parcerias institucionais e de ações de notória excelência socioambiental tivemos, neste período, resultados inéditos e significativos, reconhecidos na Região e no Estado de São Paulo.

Parabéns ao Departamento de Meio Ambiente do Ciesp-Campinas por este registro que, certamente, contri-buirá ainda mais para o crescimento da Comunidade Em-presarial.

Plín

io M

orae

s

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSODepartamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO8 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 7: livro Ciesp - Campinas

Nosso Compromisso com a Sustentabilidade

Marlúcio Borges, Diretor do

Departamento de Meio Ambiente

da Fiesp e Diretor Titular do Departamento de

Meio Ambiente do Ciesp-Campinas

No ano do sexagenário do Ciesp-Campinas é uma imensa satisfação apresentar este material que resgata a memoria dos seis primeiros anos de seu Departamento de Meio Ambiente (DMA).

Apesar da pouca idade - se comparada à longa e à rica trajetória do Ciesp-Campinas -, entendemos que seria importante regis trar os primeiros passos, açoes e conquistas do DMA: uma forma de reconhecer o envolvimento das pessoas, das empresas e das instituiçoes que, ao longo destes anos, dedicaram-se e se comprometeram para que a Sustentabilidade no setor empresa-rial pudesse se consolidar e avançar firmemente.

A partir de um ideal comum e de uma necessidade local, cami-nhamos na direção de um plano de trabalho que conseguiu traçar objetivos, viabilizou um espaço de integração entre as empre-sas e os seus representantes, pôde enfrentar desafios e propor alternativas, construindo parcerias, concretizando projetos bem como ideias inovadoras e, acima de tudo, permitiu que o Ciesp-Campinas criasse uma identidade de compromisso da indústria para com a Sus tentabilidade.

Esta é uma época de grandes desafios e de enormes res-ponsabilidades. O planeta tem respondido às nossas próprias ações – convocando-nos a reinventar o nosso modo de produ-zir, de consumir e de agir. Nossa esperança, portanto, é que esta Memória de Compromisso possa, ainda que restrita ao âmbito de sua infância de apenas seis anos, con tribuir como semente e estímulo ao compromisso de vanguar da da Indústria Paulista, que é o de transformar recursos em valor, continuar a exercer o papel fundamental do sistema Fiesp/Ciesp enquanto indutor de desen volvimento aliado à Sustentabilidade e, não menos im-portante, ao nosso compromisso individual de constantemente ousar, apri morar e recriar um mundo melhor, mais justo e mais próspero. Se é na infância que experimentamos e aprendemos, é nela que também moldamos muitos de nossos valores essenciais.

Tom

as M

ay

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

9Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 8: livro Ciesp - Campinas

Direitos editoriais da obra:

Centro das Indústrias do Estado de São Paulo - Ciesp-Campinas

Projeto e Coordenação Editorial:

Marlúcio Borges

Apoio Editorial:

Alessandra Píngaro, Amanda Lima, Graziele Píngaro, Jorge Galgaro, Juliana Moretto, Luis T. Furlan, Márcia E. C. Molinari, Ricardo R. Ribeiro e Stefan Rohr

Textos:

Graziella Cristina Demantova e Josiane Giacomini Alves

Convidados:

Cleusa Hércoli (Rigesa), Cristina Montenegro (Pnuma), Er de Oliveira (3M-EUA), Fabio Barbosa (Grupo Santander Brasil), Fernando Rei (Cetesb), Flávio R. Miranda (Cetesb), Francisco O. Lima Fo. (Mediterranea), Francisco R. de Cerqueira Neto (Petrobras), Jorge Galgaro (Rhodia), José L. Corte (Grupo Santander Brasil), José Maria F. Bueno

(Ciesp), José Ricardo R. Coelho (Vitopel), Henrique Gianezzi (Tyco), Linda Murasawa (Grupo Santander Brasil), Luís Tadeu Furlan (Petrobras), Luiz Alberto S. Souza (DDL), Luiz Fernando Furlan (Sadia/Fundação Amazônia Sustentável), Márcio Barbado (Cenic), Marlúcio Borges (Fiesp/Ciesp-Campinas), Meena Hassanali (Oceta-Canada), Natal Martins (Ciesp Campinas), Nelson P. Reis (Fiesp), Newton Scavone (International Paper), Nirvana França (FW), Orlando J. G. Bueno (Bueno Advocacia), Paula Carvalho (Ciesp-Campinas), Paulo Skaf (Fiesp/Ciesp), Rafael Cervone Neto (Ciesp),

Renata F. Moreno (Emerenciano, Baggio, e Associados - advogados), Ricardo R. Ribeiro (3M - Brasil), Tania Del Matto (My Sustainable Canada), Tania M. Gasi (Cetesb) e Ulysses Luna (Icape).

Arte, Diagramação e Tratamento de imagens:

Fellows Marketing & Co.

Revisão Gramatical:

Fabiana Aparecida de Souza

Natália Giacomini Alves

Primeira Edição:

1000 exemplares

Impressão:

Gráfica Ideal - Campinas-SP Brasil 2009

Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO10 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 9: livro Ciesp - Campinas

Capítulo 1 Mundo Empresarial: a Sustentabilidade Entra em Pauta pág. 13

Capítulo 2 O Ciesp-Campinas: Contexto e Desafio pág. 19

Capítulo 3 Departamento de Meio Ambiente (DMA): Compromisso Ambiental Promovendo Negócios pág. 27

3.1 Grupo de Estudos Ambientais (GEA): a Serviço da Sustentabilidade pág. 37

3.2 Produção mais Limpa (P+L): a Prevenção como Plataforma para uma

Cultura de Produção e Consumo Sustentáveis pág. 47

3.3 Projetos e Parcerias: Solidificando Ações e Cooperações pág. 59

Capítulo 4 Considerações Finais: Sustentar o Compromisso pág. 69

SUMÁRIOSUMÁRIO

Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

11Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 10: livro Ciesp - Campinas

Ainda que esta obra tenha buscado contemplar ao máximo a história, o contexto e os partícipes dos primeiros seis anos do Departamento de Meio Ambiente do Ciesp-Campinas - ela foi concebida e consolidada como uma Memória. Portanto, uma coletânea, um quadro representativo

de fatos - incapaz, por concepção, de abarcar a integralidade de méritos a tudo e a todos.

Desse modo, registramos aqui nosso mais amplo e pleno agradecimento às pessoas, empresas e instituições - as citadas e as não citadas nesta Memória - que, por intermédio de suas

participações, competências, apoios, influências ou estímulos, contribuíram e contribuem com nossa trajetória de trabalho para a Sustentabilidade Empresarial.

Para a consolidação e para a disponibilização desta obra, foram necessários, todavia, um depósito de confiança e um empenho sem os quais tal empreitada não teria sido possível. Assim, nossos especiais agradecimentos aos patrocinadores e incentivadores: Petrobras, por intermédio

da REPLAN, 3M do Brasil, Grupo Santander Brasil e Vitopel.

Igualmente, nosso agradecimento ao apoio institucional irrestrito do Ciesp-Campinas e do sistema FIESP/CIESP/SESI/SENAI e à fundamental colaboração por meio de sugestões e de revisões

de caráter voluntário de profissionais do mais alto gabarito, como Cleusa Hercoli, Er de Oliveira, Jorge Galgaro, Luis Tadeu Furlan, Newton Scavone, Ricardo R. Ribeiro e Stefan Rohr.

Compromisso Ambiental Promovendo Negócios

Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Agradecimentos Essenciais

Agradecimentos Especiais

12 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 11: livro Ciesp - Campinas

11 Mundo Empresarial: a Sustentabilidade Entra em Pauta

O empresariado assume hoje o conceito de Desenvolvimento Sustentável, seguro de que esta é a resposta moderna aos desafios do mundo atual. Há muito, os empresários se convenceram de que não há mais lugar para o falso dilema que, durante muito tempo, contrapôs o desenvolvimento econômico à conservação ambiental. Hoje, têm a plena consciência de que a geração de riquezas é perfeitamente compatível com a proteção do meio ambiente e com a Sustentabilidade. Espera-se que alianças possam ser formadas em torno da percepção comum sobre o valor ambiental dos recursos naturais, em termos de crescimento e de competitividade nos negócios. Assim, as atividades já desenvolvidas pelos empresários mostram claramente o compromisso do setor produtivo de se integrar às mudanças necessárias para a consecução do Desenvolvimento Sustentável racional, ao buscar soluções que beneficiem toda a sociedade.

Rafael Cervone Neto, Empresário e 1º Vice Presidente do CIESP

Div

ulga

ção

Page 12: livro Ciesp - Campinas

Se é consenso que, durante os dois últimos séculos, o processo de industrialização no mundo se desenvolveu de forma não-sustentável, as duas últimas décadas evidenciaram, ao contrário, uma grande mudança na postura da indústria, dos governos e da sociedade em geral, no que diz respeito à proteção do ambiente.A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, ocorrida no Rio de Janeiro, em 1992, a ECO-92, representou um marco fundamental na relação da Indústria com o Desenvolvimento Sustentável. A Sustentabilidade - considerada integralmente em seus planos ambiental, social e econômico passou a ser incorporada não somente como um diferencial de competitividade, mas, sobretudo, como critério mandatório de sobrevivência e de manutenção das organizações. Neste contexto, a indústria assume um papel fundamental de responsabilidade e de participação já que, por um lado, utiliza e transforma recursos e, por outro, gera emprego, renda, desenvolvimento e, principalmente, propicia qualidade de vida às pessoas.

“Pela primeira vez, o homem compreendeu realmente que é um habitante do planeta e, talvez, deva pensar ou agir sob novo aspecto, não somente sob o indivíduo, família ou gênero, Estado ou grupos de Estados, mas também sob o aspecto planetário.” (Vernadski)

Revista Hoje Ciesp-Campinas - Encarte Meio Ambiente - 2ª edição, Maio/2002

Compromisso Ambiental Promovendo Negócios11

Page 13: livro Ciesp - Campinas

CAPÍTULO 1 Mundo Empresarial: a Sustentabilidade Entra em Pauta

Transcorridos mais de 40 anos desde o

primeiro encontro internacional, no qual

cientistas, empresários e políticos, pre-

ocupados com a pressão exercida sobre o uso

dos recursos na turais, reu niram-se para discu-

tir os limites do cresci mento (Clube de Roma,

1968), muito se evoluiu em conceitos, posturas

e ações. Hoje, a Sustentabilidade se insere defi-

nitivamente na pauta do planejamento estratégi-

co não só do setor produtivo, como também dos

principais setores da sociedade global.

Os problemas enfrentados naquela época

relacionavam-se, principalmente, ao processo

da industrialização acelerada, impulsionado para

promover o desenvolvimento neces sário à pro-

dução de bens de consumo e ao atendimento de

demandas sociais básicas. Além disso, a consci-

ência sobre a finitude dos recursos naturais e o

conhecimento sobre as implicações socioam-

bientais do uso indiscriminado de tais recursos

ainda não se constituíam fatores primordiais ao

pla nejamento das atividades produtivas.

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO 15Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 14: livro Ciesp - Campinas

Entretanto, com a realização da Conferência

das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Hu-

mano, na Suécia, em 1972, algumas mudanças

começaram a ser incorporadas às agendas gover-

namentais com a aprovação da Declaração de

Estocolmo. A partir desse momento, a dimensão

ambiental foi introduzida no contexto político

in ternacional como fator limitante do modelo

tra dicional de desenvolvimento, o que resultou

na cria ção de órgãos de proteção ambiental em

diversos países para regular e orientar ações, au-

xiliando o empreendedor a identificar os efeitos

ambientais do seu negócio e, assim, decidir qual

a melhor maneira de preveni-los e/ou gerenciá-

los.

Aliar o desenvolvimento à proteção ambien-

tal foi um dos temas centrais de outro en contro,

realizado na Noruega, em 1986, e presidido pela

Ministra do Meio Ambiente, Gro Harlem Brun-

tland. Nesta conferência, a Comissão Mundial

sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, cria-

da pelas Nações Unidas, elaborou um documen-

to deno minado Nosso Futuro Comum (1987),

também conhecido como Relatório Bruntland.

Nele se reafirmava a crítica ao desenvolvimento

construído a partir do uso excessivo dos recursos

naturais, sem considerar a capacidade de supor-

te dos ecossistemas, assim como se relatava a

incompa tibilidade de tal uso em relação aos pa-

drões de produção e de consumo vigentes.

Desse modo, o Relatório Bruntland acabou

por lançar os pilares conceituais do que seria co-

nhecido, futuramente, como Desenvolvimento

Sustentável: “aquele que satisfaz as necessidades

presentes, sem comprometer a capacidade das

gerações futuras de suprir suas próprias neces-

rente do ocorrido em outros eventos, apresentou

direcionamentos mais concretos e abrangentes,

os quais foram consolidados em documentos,

como a Agenda 21. Alguns resultados transfor-

maram-se em acordos e compromissos, firmados

entre os países signatá rios, para a solução ou a

minimização dos principais problemas e desafios

a serem enfrentados: foi o caso da Convenção

sobre Mudanças Climáti cas, a qual influenciou a

elaboração do Protocolo de Kyoto, em 1997, um

documento de fundamental importância até os

dias atuais porque, através dele, tornou-se pos-

sível o início do processo de minimização dos

efeitos e do retardamento dos impactos do aque-

cimento global.

A ECO-92 não só sinalizou as diretrizes para

a indústria, como também serviu de bússola para

que governos e sociedades refletissem sobre

suas riquezas - não aquelas produzidas como um

bem de consumo, mas as naturais, particulares e

únicas, compostas pela biodi versidade própria de

cada país. Nunca, até então, tantos haviam pen-

sado na mesma direção.

sidades”. Satisfaz, no sentido da aquisição quan-

titativa e qualitativa de bens e de serviços pro-

vidos pela natureza e utilizados com o objetivo

de atender às ne cessidades econômicas, sociais

e ambientais dos indivíduos de determinada co-

munidade.

Cabe aqui apresentar a Sustentabilidade

como um conceito estrutural mais amplo e intrín-

seco ao novo desenvolvimento que se impõe: um

processo contínuo e a longo prazo, o qual , por in-

termédio de acesso, conservação e reposição de

bens, de serviços e de recursos, é capaz de garan-

tir a permanência de um sistema. Sob este enfo-

que, a Sustentabilidade Empresarial extrapola o

papel da indústria para além da eficiência econô-

mica e produtiva, uma vez que traz as dimensões

ambientais e sociais para integrarem uma nova

forma de atuar e de fazer negócios.

Em 1992, a Conferência das Nações Unidas,

realizada no Rio de Janei ro (ECO-92), assinalou

um momento posterior de ampla conscientização

em relação aos problemas ambientais e que, dife-

Mundo Empresarial: a Sustentabilidade Entra em Pauta

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO16 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 15: livro Ciesp - Campinas

No início do mesmo ano, previamente à reali-

zação da Conferência da Organização das Nações

Unidas (ONU), o então Secretário-Geral , Maurice

Strong, com a intenção de estimular o interesse e

o envolvimento do setor empresarial em relação

ao meio ambiente, formulou uma perspectiva

global sobre o Desenvolvimento Sustentável. Foi

fundado, então, o Business Council for Sustainable

De velopment (BCSD), responsável pela edição do

livro-relatório “Mudando o Rumo: uma perspec-

tiva empresarial global sobre desenvolvimento

e meio ambiente”. A publicação fomentou uma

dis cussão acerca da idéia de Justiça Econômica

nas relações entre as empresas e todos aqueles

que estão ao seu redor: acionistas e empregados,

con sumidores e vizinhos, cidades e países.

O assunto extrapolou a esfera das fronteiras

territoriais e ampliou a percepção de que tudo

afeta a todos de maneira cada vez mais intensa e

com menos tempo de absorção. Por isso, inclusi-

ve, houve a necessidade de uma redefinição

conceitual e pragmática do clássico processo de

desenvolvi mento consumidor de recursos natu-

rais.

Abordagens mais racionais, objetivas e sis-

têmicas dos problemas causados pela poluição e

pelos impactos das atividades humanas sobre o

ambiente1 passam a exigir, de modo progres sivo,

ações mais efetivas da indústria na constru ção de

um desenvolvimento sustentado. De um modo

geral, as iniciativas voluntárias de auto-regulação

(ISO 9000 e ISO 14000, por exemplo) firmaram-

se como o estágio mais avançado no pro cesso de

sistematizar esforços rumo à Susten tabilidade no

setor produtivo.

(Inter governmental Panel on Climate Change),

de feve reiro de 2007, que demonstrou, com aval

científico, a responsabilidade do homem frente

ao aquecimento global, porém não apenas do

homem individualizado, de empresas ou de go-

vernos: a questão é planetária e requer uma con-

junção de esforços científicos, políticos, sociais e

econômi cos na busca de soluções locais e globais

que res pondam à envergadura deste desafio.

Considerado este cenário e o término da vi-

gência do Protocolo de Kyoto, em 2012, há agora

uma grande tarefa a ser cumprida: a de garantir

que, após este ano, o mundo continue a se de-

senvolver atendendo, pelo menos, a padrões

míni mos de qualidade de vida.

Diante dessa evolução de posturas, a indús-

tria percebeu que poderia fazer a diferença para

além de transformar recursos e gerar empregos,

uma vez que poderia colocar a qualidade de vida

neste mesmo patamar. Junto às resoluções da

Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sus-

tentável Rio + 10, realizada em 2002, em Johan-

nesburgo, na África do Sul, o setor anteviu o pa-

norama delicado do equilíbrio ambiental global

no qual teria que tra balhar. Dentre os inúmeros

cenários listados pelo relatório, destacaram-se as

previsões de que, até 2032, cerca de 70% da su-

perfície do globo poderia estar afetada pelo im-

pacto direto ou indireto das atividades humanas.

Essa constatação foi apresentada de forma

objetiva e inequívoca no IV Relatório do IPCC

1 VALLE, C. E. Qualidade Ambiental: como ser competitivo protegendo o meio ambiente. São Paulo: Pioneira, 1995.

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Mundo Empresarial: a Sustentabilidade Entra em Pauta

17Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 16: livro Ciesp - Campinas

Além dos resultados práticos de todos esses

encontros internacionais, é importante ressaltar

um resultado indireto, mas nem por isso de me-

nor importância: o reconhecimento da necessi-

dade de ação conjunta entre todos os segmentos

da sociedade, de modo a que se consiga dar res-

postas eficazes aos desafios impostos pela dinâ-

mica histórica de desenvolvimento.

No que diz respeito ao Setor Industrial, a con-

juntura imposta pelo aquecimento global influen-

cia diretamente na governança das empresas,

desde o gerenciamen to de riscos, passando pelo

zelo da imagem corporativa, até a identificação

de novos negócios.

A cada dia se comprova, com mais contun-

dência, o fato de que a atuação socioambiental

responsável, além de trazer benefícios econômi-

cos e sociais , também representa um fator de

diferenciação dentro do mercado, tornando-se

- mais que forte vantagem competitiva - uma pre-

missa no ambiente global de negócios.

Em relação ao Setor Industrial Bra sileiro, é

crescente o número de indústrias que adotam

práticas de Gestão Ambiental e já in vestem em

atividades ligadas à proteção do am biente.

Uma pesquisa, realizada pela Confederação

Nacional da Indústria (CNI, 2007)2, assinala que,

ao identificar as principais razões para a adoção

de medidas associadas à Gestão Ambiental no

Setor Industrial, torna-se evidente que as preo-

cupações acerca da Sustentabilidade foram efe-

tivamente colocadas em pauta no planejamento

uma opção e transformou-se em um requisito na

conquista e na manu tenção de mercados, seja

em função das exigên cias legais, seja devido à

pressão exercida pela socie dade.

Vale aqui registrar o papel de iniciativas go-

vernamentais3 para estimular práticas sustentá-

veis com o objetivo de desonerar os investimen-

tos de indústrias nacionais, preocupadas com a

Sustentabilidade de seus produtos e processos,

como também para incentivar empresas que in-

corporem, em suas ações, o incentivo à adoção

de práticas sustentáveis.

A adoção de tais práticas traz ganhos em pro-

dutividade/lucratividade, em qualidade ambien-

tal e de vida não somente à própria empresa e

a seus colaboradores, mas, principalmente, ao

ampliar a oferta de tais benefícios em relação à

região na qual está instalada.

Para uma região como a de Campinas,

segun do polo industrial do país, esta constata-

ção assu me uma grande relevância, pois ações

e posicionamentos podem significar o rumo de

Sustentabilidade que a própria região vai tomar

(ou não).

Trabalhando nesta direção, e colocando em

pauta todas as preocupações expostas, atua o

Ciesp-Campinas, já que a constante promoção

de ini ciativas para que a indústria seja um agen-

te de transformações positivas, no contexto de

Susten tabilidade Empresarial, é um compromisso

funda mental da Entidade.

das ativi dades industriais. Dentre as principais ra-

zões in dutoras para tais iniciativas, destacam-se

as se guintes:

• Atender ao regulamento ambiental;

• Estar em conformidade com a política social da empresa;

• Atender às exigências do licenciamento;

• Melhorar a imagem perante a sociedade;

• Atender o consumidor com preocupações ambientais;

• Reduzir os custos dos processos industriais;

• Aumentar a qualidade dos produtos;

• Atender à reivindicação da comunidade;

• Aumentar a competitividade das exporta-ções;

• Atender às exigências de instituições financei ras ou de fomento;

• Atender às pressões de Organizações Não Gover namentais ambientalistas.

Uma análise, ainda que breve, destas ra-

zões, revela o setor empresarial não só compro-

metido em atender às regulamentações legais

para o desen volvimento de suas atividades, mas

também, ao mesmo tem po, atento às exigências

da sociedade e à ecoe ficiência de seu processo.

A adoção de práticas sustentáveis tem se apre-

sentado como um cami nho fundamental para se

conciliar ganhos socioe conômicos com a preser-

vação do ambiente.

Estamos presenciando uma nova Revolução

Industrial, cujas ações associam as preocupações

com produtividade, eficiência econômica e qua-

lidade, com a busca do compromisso ambiental.

Participar deste compromisso deixou de ser

2 “O número de empresas que declararam ter investido na proteção do meio ambiente, em 2006, subiu para 79,1% frente a um total de 76,5%, em 2005. A maior parte das empresas investiu até 3% do seu faturamento em medidas de proteção ao meio ambiente (...) Os setores de atividades que se destacaram com o maior número percentual de empresas que realizaram procedimentos gerenciais associados à gestão ambiental, em 2007, foram: Refino de Petróleo (100%), Química (84,1%), Indústria Extrativa (84,1%), Limpeza e Perfumaria (82,9%) e Alimentos (82,3%). O setor de Vestuário, ao contrário, foi o que apresentou o menor percentual (29,9%)”. (Confederação Nacional da Indústria - CNI - Sondagem Especial sobre Meio Ambiente, 2007. In: Sondagem Especial da CNI - Ano 5, Nº 2 - Junho de 2007). Disponível em: http://www.cni.org.br3 Confederação Nacional da Indústria. Crescimento. A visão da indústria - Brasília: CNI, 2006.

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Mundo Empresarial: a Sustentabilidade Entra em Pauta

18 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 17: livro Ciesp - Campinas

22 O Ciesp-Campinas: Contexto e Desafio

A indústria paulista é privilegiada por contar com uma Entidade que tem a força de representação do sistema FIESP/CIESP/SESI/SENAI. Claro que esta força se construiu e se constrói por pessoas.Tendo sido, por um período, Diretor de Integração Regional do Ciesp percorri o estado e testemunhei a riqueza e a diversidade de nossa indústria. Somar e convergir este patrimônio é uma missão importantíssima da Entidade.Em Campinas, uma região onde a indústria tem uma participação tão preponderante, é ainda maior a responsabilidade do Ciesp.Penso que construir solidamente a confiança entre os associados e o empresariado local, por intermédio da competência e da dedicação de seus representantes, é o único caminho que permitiu ao longo desses quase sessenta anos - e que permitirá - ao Ciesp-Campinas exercer, com eficiência e reconhecimento, seu papel de genuíno porta-voz da indústria da região.

José Maria Ferraz Penteado Bueno, Empresário, Diretor Titular DIR (Departamento de Integração

Regional) 2001-2004, Diretor Titular Ciesp-Campinas

1992-1995, Co-fundador do Gênese - Grupo de Estudos e Negócios dos

Setores Empresariais.

Arq

uivo

pes

soal

Page 18: livro Ciesp - Campinas

É fato que, hoje, a indústria não pode ser concebida simplesmente como um agente transformador de recursos, mas, essencialmente, como uma organização sociopolítica com grande influência nos destinos da sociedade. A Indústria Paulista, nesse contexto, responde por quase 40% do PIB brasileiro (IBGE, 2004), ou seja, para além da expressão percentual, isto significa uma grande responsabilidade do Setor Industrial em relação ao norteamento para o desenvolvimento no Estado e no país. Tal vocação delega ao sistema FIESP/CIESP/SESI/SENAI/IRS, enquanto genuíno representante da indústria paulista, um papel fundamental. O Ciesp-Campinas tem o privilégio de se situar em uma região que se consolidou como um importante polo no processo de desenvolvimento econômico, tecnológico, científico e industrial do país e, frente a uma conjuntura tão favorável, os desafios que se apresentam, por seu turno, também se mostram de grande envergadura. Prestes a completar seus 60 anos, em 16 de dezembro de 2009, o Ciesp-Campinas tem se posicionado, por intermédio de crescente representatividade, de uma maior participação política, de inserção comunitária e na prestação de serviços - como interlocutor e grande indutor de Sustentabilidade Empresarial , tanto na sua dimensão econômica, quanto ambiental e social.

“A maior liberdade de mercado implica maiores responsabilidades.” (Gro Harlem Bruntland)

Revista Hoje Ciesp- Campinas - nº 68/Encarte Meio Ambiente, 14ª Edição - Janeiro/2005.

Compromisso Ambiental Promovendo Negócios22

Page 19: livro Ciesp - Campinas

CAPÍTULO 2 Ciesp-Campinas: Contexto e Desafio

Para compreender o Ciesp-Campinas, é

fundamental conhecer melhor a região

que o abriga: seu Estado, suas cidades,

suas indústrias e a sua história singular.

Dados apontam o Estado de São Pau lo como

o responsável por cerca de 1/3 do PIB agroin-

dustrial brasileiro, ou seja, o lugar que concentra

aproximadamente 30% de todos os in vestimentos

privados realizados nacionalmente1, uma evidên-

cia clara da história de trabalho e de conquista da

região. A consolidação destes números tem sido

mo vida por uma força motriz extremamente pro-

pulsora, que faz deste Estado do Brasil o maior

centro de desenvolvimento da América Latina,

com 645 municípios e cerca de 40 milhões de ha-

bitantes.

O processo de industrialização desta região

foi construído a partir de muito trabalho e com

adaptações constantes às mudanças sociais e po-

líticas ocorridas no Brasil e no mundo, gerando o 1 Fonte: Produto Interno Bruto dos Municípios 2002-2005. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 19 de Dezembro de 2007. Página visitada em 01 de Setembro de 2009.

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO 21Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 20: livro Ciesp - Campinas

ce nário econômico e social atual do Estado. O se-

tor agroexportador de sua economia sofreu sua

primeira mudança de foco no início do século XX,

devido à dificuldade de se esta belecer o comér-

cio internacional, em razão da Pri meira Guerra

Mundial (1914-1918), fato que acabou por incen-

tivar o desenvolvimento de indústrias locais.

O empresariado passou, então, a voltar-se

para o seu território local e regional de atuação,

por causa das dificuldades inerentes em se rea-

lizar negócios com outras partes do mundo, na-

quele momento envolvidas na busca de soluções

para os danos causados pelo conflito bélico na

Euro pa, com reflexos e consequências em todo

o planeta. A saída, desse modo, foi expandir as

indústrias localmente, impulsionadas pela am-

pliação da malha rodoviária no País, que saltaria

de 113.570 quilômetros em 1928, para 258.390

(em 1939) e para 400 mil km (em 1955). Propor-

cionalmente, também cresceria o número de ca-

minhões em circulação: de 54.842, em 1939, para

cerca de 210 mil em 19512.

Em 1920, enquanto a Ford recebia a conces-

são para montar automóveis em São Paulo, Cam-

pinas - por iniciativa do vereador Álvaro Ribeiro

- publicou a Resolução 606, a qual ofereceu in-

centivos para as indústrias se instalarem na ci-

dade. Já foi um sinal de que as lideranças locais

estavam atentas à emergência da industrialização

e à necessidade de mudanças. Nesse mesmo ano,

foi inaugurada no município a primeira fábrica

de tecidos elásticos da América Latina, a Godoy

& Valbert, na Rua José Paulino, o que permitiu

a substituição das importações de tecidos elás-

ticos, advindas principalmente da Inglaterra, da

Suíça e da Itália. A era dos barões do café chegava Figura 2.1 Regionais Ciesp no Estado de São Paulo com a Regional Campinas em destaque. (Ciesp, 2008)

2 e 3 Matéria Correio Popular, 04 de Fevereiro de 2000. Campinas Século XX - 100 anos de História.

Rogério Capela/AAN

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Ciesp-Campinas: Contexto e Desafio

Godoy & Valbert, em Campinas, a primeira fábrica de tecidos elásticos da América Latina: tempos de industrialização3

O Ciesp em São Paulo

22 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 21: livro Ciesp - Campinas

a seu fim. Campinas iniciava sua marcha rumo à

industriali zação e já se preparava para os novos

tempos.

A década de 20 foi, portanto, marcada por

acontecimentos – externos e internos - impor-

tantes que acabaram por impulsionar e fortalecer

o processo de industrialização no Estado, como

o “crack” da bolsa de Nova Iorque em 1929 e a

instituição da República Nova, esta niti damente

ancorada na industrialização.

Foi assim que, em 1928, houve a fundação

do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo

(CIESP), uma sociedade civil sem fins lucrativos,

criada para articular ações entre empresas in-

dustriais e suas controladoras, entre associações

ligadas à indústria e às demais empresas, com o

objetivo de congregar os interesses mútuos rela-

das mais diferentes cadeias produti vas. Além de

representar as categorias da indústria, defenden-

do seus interesses, a FIESP acabou por ampliar o

escopo de seus objetivos, ao atuar como órgão

técnico e consultivo, ao administrar o Serviço

Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI e o

Serviço Social da Indústria - SESI.

No ano de 1949, o CIESP, em um processo

de consolidação de uma gestão descentralizada,

decidiu expandir suas ações, com o intuito de

impulsionar o desen volvimento local. Surgiram,

assim, as Diretorias Regionais, com a missão de

“falar” pela indús tria local e de influir nas deci-

sões dos poderes públicos, preservando os in-

teresses da indústria e a de seus associados. A

descentralização das ati vidades teve como prin-

cipal meta regionalizar os serviços prestados às

empresas associadas (prestar as sessoria nas áre-

cionados à indústria. Em 1931, em função do de-

creto que instituiu um modelo sindical baseado

em Associações de Classes, Federações Estaduais

e em Confederações, o Centro das Indús trias do

Estado de São Paulo passou a se cha mar “Fe-

deração das Indústrias do Estado de São Paulo”

(FIESP).

Após tentativas frustradas para um retorno

às atividades originais, o CIESP, em 1942, passou

a ter diretorias próprias e a cuidar de estudos

econômicos e legislativos, ao passo que a FIESP

passou a cui dar de assuntos institucionais e da

mobilização industrial. Hoje, acompanhando as

demandas do setor industrial do país, as atri-

buições da FIESP se ampliaram, tornando-se a

principal interlocutora do setor produ tivo, ao re-

presentar 132 sindicatos patronais, que agregam

cerca de 150 mil indústrias de todos os portes e

Sede FIESP/CIESP/SESI/SENAI/IRS na Avenida Paulista, em São Paulo. Sede do Ciesp-Campinas no Bairro Bonfim.

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Ciesp-Campinas: Contexto e Desafio

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

23Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 22: livro Ciesp - Campinas

as jurídico-consultiva, técnica, econômica, atuar

no comércio exterior, na infra-estrutura, na tec-

nologia industrial, no setor da responsabilidade

social, meio ambiente, crédito, pesquisas, feiras,

simpó sios, rodadas de negócios etc) bem como

desenvolver projetos que visassem à melhoria da

qualidade de vida na re gião. Atualmente, há 42

núcleos espalhados pelo Estado, com cerca de 10

mil empresas associadas. O Ciesp-Campinas é um

deles.

Porém, não é sempre que se consegue fa-

zer com que um lugar prospere, tampouco que

possa se constituir o responsável por estabelecer

padrões de produção industrial para os demais,

como uma espécie de viga-mestra. Inegavelmen-

te, é vital que haja uma série de “coincidências”

bem-vin das, a começar pela própria posição es-

tratégica de “boca do sertão e ao mesmo tempo

porta de acesso ao litoral”4, como é o caso da re-

gião de Campinas.

Em razão, portanto, de sua localização estra-

tégica (sua proximidade com o centro industrial

e comercial de São Paulo) e de sua excelente

logística aeroportuária, rodoviária e ferroviária,

Campinas tem se consolidado ao longo dos anos

como um polo de destaque no processo do de-

senvolvimento econômico pau lista. A região de

Campinas possui uma malha rodo-ferroviária

tão desenvolvida que garante sua conexão com

os mais importantes centros regio nais do país

– a saber, a Região Metropolitana de São Paulo

(RMSP), a Região Metropolitana da Baixada San-

tista (RMBS), Sorocaba, Vale do Paraíba, Rio de

Janeiro, Paraná, Triângulo Mineiro, Sul de Mi nas

e Mato Grosso. Entretanto, cabe ressaltar que

açúcar, da agro-indústria ca feeira, da indústria

propriamente dita e, atualmente, também vem

desempenhando um papel fundamental no to-

cante ao setor da alta tecnologia.

Resultados desse processo apontam a Região

Administrativa de Campinas – composta por 83

municípios, 19 deles integrantes da Região Me-

tropolitana de Campinas (RMC) – como uma das

mais desenvolvidas do Estado, com grande con-

centração industrial e agropecuária no país.

E é nesta área privilegiada que se encontram

a Regional Ciesp-Campinas e a Região Metro-

tal vantagem logística pôde ser construída, em

grande parte, devido à privilegiada localização de

Campi nas e região, o que acabou por proporcio-

nar o avanço dos paulistas a Goiás, o domínio do

eixo Campinas - Sorocaba, norte do Paraná, Vale

do Paraíba, litoral e Rio de Janeiro e, mais tarde,

para São Paulo e para o porto de Santos, favore-

cendo uma malha estratégica de acessos e cami-

nhos essenciais para o escoamento da produção

e para a formação do parque industrial.

A consolidação das atividades econômicas

da região foi essencial em diversos períodos de

nossa história recente: no período da cana-de-

4 GOMES, Eustáquio; Região Metropolitana de Campinas – Caminhos de Futuro; Campinas, 2008.

Cidades que integrama Regional CIESP Campinas

RMC (Região Metropolitanade Campinas)

Figura 2.2 Identificação dos municípios da RMC e do Ciesp-Campinas

Região Metropolitana de Campinas e Regional Ciesp-Campinas

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Ciesp-Campinas: Contexto e Desafio

24 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 23: livro Ciesp - Campinas

5 Fonte: Seade - PIB e Participação no Total de Municípios Selecionados do Estado de São Paulo, 2006.

politana de Campinas (RMC), ambas compostas

por 19 municípios, os quais, em bora não sendo

coincidentes, consolidam uma leitura regional

comum, expressa numa infra-es trutura invejável:

desde uma excelente logística aeroportuária, ro-

doviária e ferroviária, como já mencionado ante-

riormente, até uma grande base de pesquisa e de

desenvolvimento tec nológico, com instituições

de ensino de renome internacional. Tal perfil faz

desta região a segunda mais importante do Esta-

do de São Paulo. Vale dizer que Campinas, consi-

derada a cidade-sede da RMC, responde, sozinha,

por R$ 4,9 bilhões de reais do valor adicionado ao

PIB nacional5.

sificados e complexos parques industriais e todas

as re lações decorrentes das atividades comerciais

estabelecidas na região acabam por criar uma

teia de relacionamentos e um fluxo de pessoas

e de mercadorias que favorecem e diferenciam

este polo industrial dos demais. Ao mesmo tem-

po, delegam um papel de representatividade e de

atuação decisivo ao Ciesp-Campinas, enquanto

interlocutor.

O Ciesp-Campinas presta serviços de asses-

sorias jurídica, técnica e econômica em 19 mu-

nicípios, entre eles: Águas de Lindóia, Am paro,

Artur Nogueira, Campinas, Conchal, Estiva Gerbi,

E ainda hoje o interior paulista continua a

cres cer, atraindo empresas de todos os portes:

micro, pequenas, médias e grandes indústrias

que con tam sempre com o suporte do Centro das

Indústrias do Estado de São Paulo - CIESP, para

a consolidação e para o aprimoramento de suas

atividades.

A história nos mostra que a região de Cam-

pinas adaptou-se às mudanças e consolidou de-

finitivamente sua marcha rumo ao desenvolvi-

mento, tornando-se uma das cidades que melhor

representam a ascensão da indústria no Brasil.

Atualmente, a região possui um dos mais diver-

Figura 2.3 Distribuição por segmentos produtivos dos associados ao Ciesp-Campinas

Regional Ciesp-Campinas: diversidade de produção

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Ciesp-Campinas: Contexto e Desafio

25Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 24: livro Ciesp - Campinas

6 Dados levantados pelo Departamento de Estudos e Pesquisas Econômicas (DEPECON) do Centro e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP e FIESP), com base nos dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), apresentados pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística – NTC&Logística, em notícia publicada em 15 de Maio de2009 disponível em: http://www.ntcelogistica.org.br/noticias/materia_completa.asp?CodNoti=34409

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Ciesp-Campinas: Contexto e Desafio

trimestre de 20096.

No entanto, hoje, frente aos novos desa-

fios impostos pelos impactos ambientais globais

e pela crise econômica emergente, qualquer

desenvolvimen to só faz sentido se tiver a Sus-

tentabilidade por princípio. Por isso, conscientes

desta realidade, a FIESP e o CIESP têm promovido

ações com foco na construção de um desenvolvi-

mento sustentável e, com isso, de fendido e con-

ciliado os interesses e os negócios da indústria,

missão de todos os Departamentos de Meio Am-

biente do sistema Fiesp-Ciesp.

Convicto desta premissa e dos apelos globais

pela preservação ambiental, e consciente da in-

fluência socioeconômica dos negócios para além

dos limites municipais, o Ciesp-Campinas criou,

em 2002, o seu Departamento de Meio Ambien-

te (DMA).

Holambra, Hortolândia, Itapira, Jaguariú na, Lin-

dóia, Mogi-Guaçu, Mogi-Mirim, Paulínia, Pedrei-

ra, Santo Antonio de Posse, Serra Negra, Sumaré

e Valinhos.

Fazem parte de seu elenco 527 empresas

associadas, sendo 56 delas multinacionais (Fon-

te Ciesp-Campinas dez/2008). E dentre as asso-

ciadas, 159 são exportadoras, as quais, além de

desempenharem um importante papel para o de-

senvolvimento econômico local e regio nal, tam-

bém agregam valor no exterior ao propiciarem

visibilidade a esta região. Jun tas, estas empresas

empregam 83.355 funcionários. No Ciesp-Cam-

pinas, estão representados os seguintes seg-

mentos: Metalúrgico; Farmacêutico; Alimentos;

Têxtil; Mecânico; Madeireiro; Bebidas; Gráfico;

Construção; Calçados; Autopeças e Transporte;

Elétrico, Eletrônicos e de Comunicação; Borracha;

Mobiliário; Papel e Papelão; Químico e Petroquí-

mico; Vestuário; Produção de Materiais Plásticos;

Produção de Minerais não Metálicos; Piscicultu-

ra; Comércio Atacadista e Varejista; Entidades

de Classe; Prestadores de Serviços ligados à In-

dústria e Diversos. Essa rica e diversa formação

(FIGURA 2.3) compõe uma realidade industrial

muito singular, o que confere ao Ciesp-Campinas

uma responsabilidade ainda mais relevante em

sua missão de agente indutor de desenvolvimen-

to.

As ações do Ciesp-Campinas, em seus 60

anos de atuação, atingiram resultados significa-

tivos no tocante ao desenvolvimento da região,

a ponto de contar com a ter ceira posição no

ranking das 39 unidades regio nais, as quais, jun-

tas, representam US$ 9,8 bilhões do montante

exportador estadual, são responsáveis por 8% do

total vendido no estado e por 31,5% do total ven-

dido no Brasil no mercado global, somente no 1°

26 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 25: livro Ciesp - Campinas

33 Departamento de Meio Ambiente (DMA): Compromisso Ambiental Promovendo Negócios

O DMA - Departamento de Meio Ambiente - foi criado em 2002, em um momento no qual a sociedade demonstrava claramente a importância da inclusão do conceito de Sustentabilidade no planejamento de negócios das empresas.Nesse processo de evolução, o DMA desempenhou um importante papel de facilitador, buscando trazer, para a prática, os fundamentos básicos de Sustentabilidade. Entre outras ações, viabilizou um espaço no qual as empresas associadas, em diferentes estágios de implantação de práticas sustentáveis, pudessem partilhar suas experiências, analisar os casos de sucesso e replicá-los de acordo com a realidade de suas organizações. Foi um processo de aprendizado sempre com foco na preservação ambiental, no entanto com evidências concretas de que a sua prática é um componente de adição de agregação de valor para as empresas e para a comunidade. Esses foram os primeiros passos, cadenciados, mas efetivos, na busca do desenvolvimento equilibrado, o que contribuiu para a inclusão da noção de Sustentabilidade na agenda das empresas da nossa região.

Er de Oliveira, Vice-Presidente, 3M

Engineering,Diretor Adjunto do DMA

Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Arq

uivo

3M

St P

aul M

N U

SA

Page 26: livro Ciesp - Campinas

Construir um compromisso coletivo, no qual a excelência ambiental e a Sustentabilidade norteassem as ações e inspirassem um novo jeito de fazer negócios no setor empresarial: com esta visão, o Departamento de Meio Ambiente (DMA) do Ciesp-Campinas foi criado em 2002. Considerando a riqueza e a complexidade do Estado de São Paulo e da região de Campinas, cujos desafios são potencializados por uma situação global que clama por soluções emergentes e inovadoras, o DMA procurou concretizar-se como um centro de referência e de estímulo a práticas, projetos e ações sustentáveis que pudessem adicionar valor aos negócios, às organizações e às comunidades locais. Em seus primeiros seis anos de existência, buscando corresponder ao rico legado de 60 anos do Ciesp-Campinas, o DMA priorizou o fortalecimento do espírito cooperativo em suas relações, como um princípio fundamental para a sua consolidação.

“Só o entendimento do papel social da empresa, tanto como geradora de renda, como responsável pelo meio ambiente e preocupada com o desenvolvimento social, conduz ao sucesso nos negócios.” (Martin F. Altorfer - Holcim Brasil S.A.)

Revista Hoje Ciesp-Campinas nº 64/Encarte Meio Ambiente, 11ª Edição - Março/2004.

Compromisso Ambiental Promovendo Negócios33

Page 27: livro Ciesp - Campinas

CAPÍTULO 3 Departamento de Meio Ambiente (DMA): Compromisso Ambiental Promovendo Negócios

Se as iniciativas empresariais de cunho

ambiental, durante as décadas de 80 e

90, ainda eram predominantemente mo-

tivadas por pressões regulatórias, a conjuntura

global, no iní cio dos anos 2000, sinalizou uma

forte mudança referente à incorporação da ques-

tão ambiental no planejamento dos negócios.

Um forte indicativo disso pôde ser notado, por

exemplo, no tocante à evolução em relação ao

número de empresas com certificação ISO 14000:

de 100 empresas, em 1999, para 1500 em 2004

(RMAI, 2004). Todavia, ao se considerar a ado-

ção desta mesma certificação como uma etapa

indicativa do estágio de incorporação da variável

“ambiente” pelas empresas na região de atu-

ação do Ciesp-Campinas, observou-se que, do

total das empresas associadas, apenas 27% das

grandes indústrias contavam com a certificação

ISO 14.001 e meros 2% das pequenas empre sas

a detinham (CIESP, 2004). Tais números eviden-

ciaram, neste momento, a dimensão do desafio

para a Entidade: como se fazer um agente impul-

sionador de mudanças para a Sustentabilidade

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO 29Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 28: livro Ciesp - Campinas

Empresarial na região, como viabilizar um espaço

no qual representantes das empresas associadas

pudessem se conhecer, discutir seus desafios am-

bientais, identificar interfaces comuns e propor

encaminhamentos por meio da representativi-

dade institucional da Entidade? Eis a missão que

se impôs.

A partir desta visão e desta vocação é que

o De partamento de Meio Ambiente (DMA) do

Ciesp-Campinas foi pensado e desenvolvido.

Assim foi que, em 22 de março de 2002, Dia

Mundial da Água, houve a apresentação do novo

Departamento à comunidade local. A criação do

DMA teve o apoio e o estímulo fundamentais do

então Diretor Titular do Ciesp-Campinas, Sr. Fran-

cisco Oliveira Lima Filho (gestão 2001-2004), e de

“No ano de 2002, durante a Gestão da Dire­toria do Ciesp­Campinas (2001­2004) da qual eu fazia parte como Diretor Titular, junto com os meus companheiros Diretores Adjuntos Antonio Carlos Reinholz e Wladimir Tadeu Mantovani (em memória), nós, da Diretoria, consideramos indis­pensável transformar a Área de Meio Ambiente – que, na época, era uma das divisões do Depar­tamento Jurídico da Entidade ­ em um Departa­mento, pois o mundo já sinalizava a necessidade de mudanças na gestão empresarial em relação à questão ambiental.

Acreditamos no sucesso dessa iniciativa de criação do Departamento, pois tínhamos, de um lado, a necessidade do mercado e, de outro, no pró prio Ciesp­Campinas, um Diretor da Área Ambien tal: Marlúcio Borges, que aceitou o desa­fio e foi, assim, nomeado Diretor do novo Depar­tamento de Meio Ambiente.

O Ciesp­Campinas é, hoje, referência na área ambiental para o Sistema FIESP/CIESP, graças ao trabalho eficiente, dinâmico e responsável que o Departamento de Meio Ambiente tem realiza­do desde 2002. Concluo parabenizando todos os que contribuíram e contribuem para a construção dessa história de sucesso que, com certeza, ainda está apenas no começo.”

Francisco de Oliveira Lima, Empresário e Diretor Titular Ciesp-Campinas 2001 – 2004

“Reconhecemos a relevância social e técni­ca da matéria meio ambiente para a Regional e seus associados, motivo maior pelo qual reco­mendamos a criação de uma estrutura própria e de uma diretoria específica para a área. Coube a Marlúcio Borges o convite para criar e dirigir o DMA desde então. Houve um consenso, tanto da Área Jurídi ca como da Diretoria Titular, sobre a importância de se estruturar a Entidade de modo a incluir um tema tão essencial para a sociedade e para os negócios, como é a questão ambiental. Fazia todo sentido, especialmente em uma região como a de Campi nas e para o próprio CIESP, con­solidar este seg mento.”

Dr. Orlando Bueno, Diretor do Departamento Jurídico do CIESP nas gestões 2001-2004 e 2004-2007

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Departamento de Meio Ambiente (DMA): Compromisso Ambiental Promovendo Negócios

Div

ulga

ção

30 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 29: livro Ciesp - Campinas

seu Diretor Titular do Departamento Jurídico, Dr.

Orlando Bueno. Ambos en dossaram e incentiva-

ram a proposta de criação de um departamento

focado na questão ambiental e com um impor-

tante papel em relação à governan ça corporati-

va, de modo a atender a uma demanda crescente

dos associados do Ciesp-Campinas e da Região.

Como primeira regional CIESP, fora da capi-

tal, a se estruturar de modo organizacional e a

criar um Departamento específico para atender

à temá tica ambiental, iniciaram-se as primei-

ras articu lações em torno da necessidade de se

mudar o paradigma, em vigor até então, no qual

a questão ambien tal era vista como um custo

adicional a ser internalizado ao processo. Era o

momento de reconhecer a necessidade de se

olhar adiante e para além do âmbito interno das

atividades e processos industriais, ou seja, o mo-

mento de se enxergar a prática da Sustentabili-

dade como um meio impres cindível ao desenvol-

vimento. E de fomentá-la, portanto. Um longo e

desafiador caminho se desdobrava à frente.

A criação do Departamento de Meio Ambien-

te (DMA), em 2002, consolidou o compromisso,

assumido pelo Ciesp-Campinas, de promover

ações que inspirassem um novo jeito de fazer ne-

gócios, no qual a excelência ambiental se firmava,

então, como um fator de competitividade. Três

ações interligadas passaram a nortear o plano de

gestão da nova área que surgia: conhecer, capa-

citar e fortalecer.

Sem conhecer os associados - no que diz res-

peito ao seu grau de envolvimento com o tema

ambiental e sem permitir que eles conheçam o

DMA, identificando-o como parceiro e apoiador

UM POUCO DE HISTÓRIAEm 2001, às primeiras quintas-feiras de cada mês, um pe queno

grupo de cinco a dez representantes de empresas locais reu-

nia-se para discutir as questões ambientais,majoritariamente

aquelas vinculadas ao cumprimento da legislação. Era a Di-

visão de Meio Ambiente, incentivada e coordenada pela Dra.

Cleusa Hércoli, da Rigesa. Originalmente uma Divisão do

Departamen to Jurídico do Ciesp-Campinas, naquele momento

dirigido pelo Dr. Orlando Bueno, as reunioes passaram a abor-

dar um volume crescente de assuntos, de competências e de

pessoas. Trocas de informa çoes, de experiências, de alternati-

vas técnicas e procedimen tais passaram a se intensificar e a

se sistematizar no Grupo. Em uma época em que o conceito de

meio ambiente estava au tomaticamente vinculado a um custo

adicional ao processo, novas abordagens e caminhos de inter-

nalização da questão am biental no planejamento de negocios

das empresas começa ram a tomar corpo. Um novo valor pas-

sou a ser gerado e, com ele, a semente para o futuro “Departa-

mento” de Meio Ambiente.

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Departamento de Meio Ambiente (DMA): Compromisso Ambiental Promovendo Negócios

31Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 30: livro Ciesp - Campinas

de seu negócio - qualquer outra ação de capacita-

ção e de fortalecimento não será capaz de atingir

integral mente seus objetivos.

Diante da diversidade e da complexidade,

tanto do parque industrial como dos aspectos

adminis trativos e geográficos da região, conhecer

as especificidades locais e regionais e diagnosti-

car potencialidades e vulnerabilidades (a fim de

promover iniciativas condizentes com a re alidade

local) torna-se essencial. O conhecimento sistê-

mico das dife rentes realidades possibilita a mu-

dança de ações, não apenas com o intuito de se

adequar às exigências le gais, mas também visan-

do à integração do quotidiano das indústrias ao

contexto sócioespacial e econô mico no qual es-

tão inseridas. Desse modo, exer cendo seu papel,

o CIESP consolida os benefícios obtidos através

da adoção de práticas sus tentáveis, levando-os às

empresas, ao ambiente e às pessoas.

Ao capacitar seus associados em diversos

temas relativos à Sustentabilidade de suas ativi-

dades - o que envolve desde aspectos legais e

conceituais até técnicos e operacionais - as ações

desenvolvidas pelo DMA buscam subsidiar os

seus parceiros no enfrentamento das questões

estratégicas das organizações. Nesse sentido,

abordagens atu alizadas, consagradas e inova-

doras transformam-se em vigas-mestras no pro-

cesso de capacitação. O estímulo à cultura da

prevenção, tendo como protagonista a Produção

mais Limpa (p+l), consti tuiu-se, sem dúvida, em

um exemplo de iniciativa que atualmente tornou-

se “bandeira” do DMA.

Em seu exercício de capacitar, o DMA reali za

ações para disseminar informações e para quali-

seu encarte de Meio Ambiente), a divulgação

permanente de informações relevantes à temáti-

ca ambiental sob o ponto de vista da indústria -

como legislação, normas, projetos e tecnologias

-, também são uma constante na rotina do DMA.

De maneira macro-conjuntural, as ações do

DMA buscam acompanhar também as mudan-

ças políticas e econômicas de ordem mundial,

tal como no caso do tratamento dos Resíduos

de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos – EEEs.

A partir das primeiras publicações e da divulga-

ção de informações sobre as normas da União

Européia (UE), que tinham por objetivo encorajar

os países a desenvolverem produtos passíveis de

reciclagem, o DMA, imediatamente e de forma

ficar seus desdobramentos, acompanhando não

só a evolução das exigências legais, mas também

as ten dências e as mudanças globais e seus re-

flexos para a Sustentabilidade Empresarial, desta-

cando aqui a amplitude da definição já apresen-

tada an teriormente em relação a esse conceito.

Ações pontuais, como respostas a consultas

de associa dos via profissionais qualificados, a

difusão de conceitos e de práticas, a promoção

de eventos como workshops e debates com a

par ticipação de convidados altamente especiali-

zados, a capacitação de representantes empre-

sariais para os diversos fóruns e colegiados dos

quais a indústria parti cipa, além da publicação

regular na Revista Hoje do Ciesp-Campinas (em

Evento sobre mudanças climáticas no Ciesp-Campinas, em maio de 2007, com os convidados ao centro, a partir da esquerda:José Marengo (INPE), Edson Ferreira (I.V.A.) e Sergio D’Amore (Rhodia), ladeados por Marlúcio Borges e Jorge Galgaro.

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Departamento de Meio Ambiente (DMA): Compromisso Ambiental Promovendo Negócios

Div

ulga

ção

32 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 31: livro Ciesp - Campinas

Abaixo, encontram-se elencados os principais tópicos que se concretizaram em ações ao longo destes seis anos e que acabaram ,também, por desenhar um perfil temático desse período:

• Diretrizes, procedimentos e compromissos com o Desenvolvimento Sustentável, conforme preconizado pela Agenda 21;• Modelos de Gestão Ambiental;• Apresentação de informações a partir de relatórios produzidos nos grupos de trabalho provenientes da “Mesa Redonda Paulista

de Produção + Limpa” (lançada em julho de 2002);• Eliminação do Cloro Flúor Carbono (CFC) - Protocolo de Montreal (1987);• Normas que classificam e regulamentam o gerenciamento de resíduos sólidos, industriais e eletrônicos;• Soluções inovadoras para o tratamento de resíduos – (plasma térmico);• Tecnologias não poluidoras;• Orientações para a realização do licenciamento ambiental, a fim de assegurar a prevenção dos impactos de atividades

potencialmente poluidoras;• Orientação quanto à necessidade de outorga de direito de uso dos recursos hídricos, de modo a garantir o uso adequado e a

existência de disponibilidade hídrica da região;• Redução da geração de biossólidos;• Captura e armazenamento de gás carbônico para mitigar o efeito estufa em relação ao aquecimento global (criação e preservação

de áreas verdes e de fixação de carbono, projetos de MDL, crédito de carbono);• Experiências no controle de não-conformidade em conjunto com ações corretivas e preventivas;• Técnicas de tratamento de efluentes líquidos e gasosos;• Desafios e orientações para o gerenciamento do lixo tecnológico;• Atualização das resoluções CONAMA, referentes à classificação dos corpos hídricos;• Adequação a decretos e outras normas legais que regulamentam as emissões atmosféricas;• Programas de Redução de Emissões Atmosféricas (PREA-Cetesb);• Criação de marcos regulatórios e de diretrizes com o objetivo de monitorar emissões atmosféricas (evolução técnica e regulatória);• Participação do Grupo de Estudos Ambientais (GEA) do DMA na revisão do Plano Diretor de Campinas (2006) (desenvolvimento

com foco no Desenvolvimento Regional Sustentado);• Instrumentos de Gestão Ambiental como Análise do Ciclo de Vida (ACV);• Propagação de informações provenientes dos relatórios advindos do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC)

das Nações Unidas.

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Departamento de Meio Ambiente (DMA): Compromisso Ambiental Promovendo Negócios

33Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 32: livro Ciesp - Campinas

precursora, buscou incentivar ações que não limi-

tassem as exportações e, simultaneamente, fos-

sem capazes de impedir que res trições se impu-

sessem sobre determinados setores produtivos,

diante da nova ordem mundial instaurada.

Localmente, no tocante à questão de Recur-

sos Hí dricos, por exemplo, tema absolutamente

crucial para a região - dada a sua disponibilidade

crítica e sua natural importância estratégica - a

capacitação tem sido uma ação constante. Des-

de eventos nos quais se objetiva ampliar a cons-

cientização do setor industrial sobre a importân-

cia na otimização do uso deste recurso, a partir

da apresentação de ins trumentos para seu uso

racional, até cursos de capacitação para repre-

sentantes industriais nos Comitês de Bacia. Vale

ressaltar aqui a relevante cooperação do Comitê

das Bacias Hidrográficas do Piracicaba, Capivari e

Jundiaí (CBH – PCJ), cujos representantes sempre

estiveram presentes no Ciesp-Campinas quando

convidados a expor e a discutir temas vinculados

ao uso da água, seja em eventos específicos da

Entidade ou em reuni ões ordinárias de trabalho

do DMA. Igualmente relevante torna-se o regis-

tro dos apoios ope racional e técnico concedidos

pelo Departamento de Meio Ambiente da FIESP,

por intermédio de seu gerente, Nilton Fornasari,

e de todos os especialistas nos diversos eventos

te máticos que conduzimos na entidade: Anicia

Pio, Luciano Coelho, Maria Cristina Murgel, Maria

Marta Vasconcelos e Ricardo Garcia.

A cooperação, por sua vez, constitui-se pre-

missa essencial para o fortalecimento do De-

partamento - terceira ação do plano de gestão

do DMA. Se na natureza toda competição está

intrinsicamente ligada à cooperação, para o se-

No Conselho Municipal de Meio Ambiente

de Campinas (COMDEMA), o Ciesp-Campinas

conta, desde 2002, com um representante, por

inter médio do DMA. O permanente intercâmbio

de informações - acerca das grandes questões

socio ambientais estratégicas do município - é

essencial à Entidade para que seja possível uma

atuação sintonizada com a reali dade local.

Na relação com o Órgão Ambiental, o

distanciamen to inicial foi sendo gradativamen-

te substituído pela aproximação e pela constru-

ção de uma agenda positiva. Inúmeras foram as

ocasiões em que representantes da CETESB e do

DMA Ciesp-Campinas se reuniram. Desde even-

tos celebrati vos como o da Assinatura da Decla-

ração Interna cional de Produção mais Limpa em

2005 e encontros para a discussão de Recursos

Hídricos e de Produção mais Limpa – os quais, ali-

ás, puderam contar com a presença de seu então

Pre sidente, Fernando Rei, em 2003 - a reuniões

de tra balho e palestras técnicas, nas quais o DMA

Ciesp-Campinas, seus associados e a comunida-

de compartilharam a presença e a contribuição

de técnicos especialistas, gerentes e diretores da

CETESB.

E não foi diferente em relação ao setor aca-

dêmico. O intercâmbio de informações e de

iniciativas com representantes da Academia,

amplamente reco nhecida como propulsora de

desenvolvimento, foi também cuidadosamente

cultivado pelo DMA enquanto canal im portante

para alavancagem de inovações e de negócios.

Em 2007, por exemplo, um evento específico foi

realizado de modo a permitir a in tegração en-

tre as experiências das empresas e as das uni-

versidades, a partir do tema diretriz da Produção

tor empresarial e para um tema com um grau de

transversalidade como o ambiental, tal conceito

é fundamental. O espírito cooperativo nas rela-

ções com pessoas, com empresas e instituições

tem sido a ferramenta-chave e exaustivamente

utilizada pelo DMA ao longo de seus pri meiros

seis anos de existência.

O diálogo com órgãos públicos e privados e a

busca de atuações convergentes, que gerem in-

crementos positivos à Sustentabilidade, tem sido

uma constante nesse período. Em reuniões com

a Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente

(SEPLAMA), da Prefeitura Municipal de Campi-

nas, o Plano Diretor da cidade pôde, assim, ser

amplamente discutido. Em 2006, por exemplo, o

próprio Secretário Munici pal, Sr. Márcio Barbado,

compareceu ao Ciesp-Campinas para apresentá-

lo, assim como para discutir os di versos pontos

levantados pela comunidade em presarial presen-

te.

"Para que o poder público se consolidasse como agente ativo do Desenvolvimento Econô­mico Sustentável, no processo de construção do Plano Diretor da cidade de Campinas, foi preciso trabalhar de fora para dentro e, neste contexto, o Ciesp­Campinas, através de seu Departamento de Meio Ambiente, participou e contribuiu com pro­postas de especial importância para o município."

Marcio Barbado, Presidente do Centro de Negócios e Informação de Campinas, Secretário Municipal da SEPLAMA (Secretaria de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente de Campinas, 2005-2007)

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Departamento de Meio Ambiente (DMA): Compromisso Ambiental Promovendo Negócios

34 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 33: livro Ciesp - Campinas

mais Limpa (p+l), como plataforma para uma

cultura de produção e de consumo sustentáveis.

Empresas da região como a 3M, a Rigesa, a Villa-

res Metals, a Rhodia e a ICAPE e universidades

como a Unicamp e a UNIP apresentaram seus ca-

sos e discutiram, conjuntamen te com o público

convidado, novos caminhos e avanços para a Sus-

tentabilidade na produção e no consumo.

Projetos e iniciativas específicos, com outras

entidades indutoras de Sustentabilidade, compu-

seram também parte importante das ações do

DMA e serão tratados de modo mais particulari-

zado no capítu lo sobre projetos e parcerias.

"Tenho acompanhado mais de perto o tra­balho do DMA Ciesp­Campinas nos últimos três anos e, durante este período, pude perceber a importância que o Departamento tem para a re­gião. Através de diversas atividades, realizadas em seus seis primeiros anos de história, o DMA firmou­se como um polo de informação, ação e aglutinação de profissionais, ligados ao meio ambiente, das principais empresas da Região Metropolitana de Campinas, ajudando­as a trilhar um caminho mais sustentável e adequado à rea­lidade atual do mundo empresarial. O DMA tem sido, também para todo o sistema CIESP/FIESP, um bom exemplo de inovação e de determinação no encaminhamento das questões ambientais. As empresas e toda a sociedade mostram­se cada vez mais envolvidas no debate sobre como chegar a um mundo mais sustentável e, seguramente, o DMA Ciesp­Campinas tem dado sua efetiva con­tribuição para esta discussão e para a implemen­

Não menos importante tem sido a atuação

cotidiana do DMA, que busca sempre imprimir a

marca da cooperação em seus projetos, um ele-

mento imprescindível para fortalecer a atuação

sustentável junto às em presas associadas. Tal

abordagem é preconizada tanto no âmbito in-

terno das organizações – em relação ao modo de

assimilar e de conduzir práticas sustentá veis em

todos os níveis hierárquicos – quanto no âmbito

externo, o qual diz respeito ao tipo de relaciona-

tação de ações concretas que ajudarão as empre­sas a alcançar tal objetivo."

Ricardo Rodrigues Ribeiro, EHS - Latin America, E&S and Sustainability - 3M Brazil, Diretor Adjunto do DMA Ciesp-Campinas

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Departamento de Meio Ambiente (DMA): Compromisso Ambiental Promovendo Negócios

João

Bati

sta

O espírito cooperativo e o compromisso ambiental,

como formas de fortalecimento empresarial, estão

presentes, desde sempre, no logo do DMA Ciesp-

Campinas. Três árvores (simbolizando processos

produtivos perfeitos), em tamanhos diferentes,

retratam as pequenas, médias e grandes empresas

coexistindo de maneira interativa e harmônica. Ao

fundo, as cores representam o ar, a água e o solo.

Abaixo, escolhido de forma democrática, em 2002, o

slogan do DMA.

Compromisso Ambiental Promovendo Negócios

35Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 34: livro Ciesp - Campinas

mento existente entre as empresas e as partes

interessadas, notadamente no que se refere às

pequenas empresas – uma vez que, para essas,

a dificuldade em acessar e em praticar a Susten-

tabilidade revela-se diretamente proporcional ao

seu grau de importância para a sobrevivência.

As mudanças relativas à percepção da ques-

tão ambiental passaram também a ser incorpora-

das ao âmbito de operação interna da Regional

de Campinas.

"Entender a área ambiental e trabalhar da melhor forma com as questões que a envolvem são ações necessárias a qualquer empresa. In­ternamente, passamos pelo mesmo processo. O estímulo foi crescente ao percebermos que os associados foram claramente beneficiados pelo empenho desse novo braço da Regional e também pelos resultados ­ que nunca param.

O Departamento tornou­se modelo devido à sua atuação e competência. Para mim, é um or­gulho fazer parte dessa história."

Paula Carvalho, Gerente Regional Ciesp-Campinas

Se na gestão de Francisco de Oliveira Lima Fi-

lho como Diretor Titular (2001-2004), o DMA foi

criado e deu início a sua trajetória de consolidar a

questão ambiental como fundamental ao plane-

de trabalho do DMA e que aceitaram o convite

para con tribuir e para compartilhar seu conheci-

mento e sua expe riência.

Graças a elas, trilhar um caminho - que não

foi e não será fácil, uma vez que se encontra per-

meado de conflitos e de resistências - tem sido

uma missão cada vez mais estimulante. Por ou-

tro lado, atingir gradativa mente os objetivos de

aumentar a competitivi dade industrial, porém

de modo integrado à proteção do ambiente e à

promoção de qualidade de vida para as pessoas,

só reforça e renova o compromisso do DMA de

inovar e de se recriar na busca de caminhos e de

soluções, não só para a Sustentabilidade Empre-

sarial, como também para o desenvolvimento

regional.

Os capítulos seguintes abordam - de manei-

ra sucinta, ou seja, sem conseguir contemplar a

integralidade de agentes e de ações que partici-

param da construção do DMA em seus primeiros

seis anos - a estrutura, as frentes temáticas e as

iniciativas mais representativas.

jamento estratégico das empresas, na gestão de

Luiz Alberto Soares Souza (2004-2007) e de Na tal

Martins (2007-2011), o processo evoluiu e a Sus-

tentabilidade Empresarial passou a orientar, de

forma pragmática, a atuação do Departamento.

"Na era da Sustentabilidade, combater o desperdício de matéria­prima, de água, de ar e de energia passa a ser um compromisso de todos. Ao usar tais riquezas de maneira consciente, atra­vés de equipamentos e de hábitos de consumo adequados, a indústria torna­se uma importante aliada para a prática da Sustentabilidade em um mundo que, apesar de estar em pleno desenvol­vimento, apresenta recursos naturais cada vez mais escassos.

Assim, a importância desta publicação, e uma das funções do Departamento de Meio Am­biente é fomentar a adoção de atitudes empre­sariais sustentáveis, ao transformar desafios em oportunidades, ao promover não só ganhos finan­ceiros para as empresas, mas também ao fazer a diferença no que diz respeito à preservação do planeta."

Luiz Alberto Soares Souza,

Empresário (Metalúrgica

DDL), Diretor Titular

Ciesp-Campinas (1998-

2001 e 2004-2007)

Crescente é o número de pessoas, de empre-

sas e de instituições que acreditaram na proposta

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Departamento de Meio Ambiente (DMA): Compromisso Ambiental Promovendo Negócios

Ronc

on &

Gra

ça C

omun

icaç

ão

Plín

io M

orae

s Jr.

36 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 35: livro Ciesp - Campinas

33.1Grupo de Estudos Ambientais (GEA):A Serviço daSustentabilidade

A parceria entre o Ciesp-Campinas e a Petrobras - Refinaria de Paulínia, a qual sempre apresentou, como princípio básico, a ética em suas relações, resultou nos melhores benefícios para a sociedade. A importância do Ciesp-Campinas em relação ao seu papel de apoio às indústrias da Região Metropolitana tem sido demonstrada através da melhoria gradativa da qualidade dos bens e de serviços fornecidos pelas indústrias.O Ciesp e seu Departamento de Meio Ambiente vêm proporcionando, também, a defesa dos interesses empresariais da Região Metropolitana de Campinas com responsabilidade e com compromisso ambiental.No período em que estive à frente da Refinaria de Paulínia - REPLAN, o Ciesp desempenhou um importante papel de auxílio às questões ambientais da refinaria, não só ao apontar soluções conjuntas com a CETESB e com a SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE, mas também junto à comunidade.O Ciesp participou ativamente dos processos de audiência pública das fases de licenciamento ambiental de grandes projetos da Petrobras e, por conhecer o compromisso ambiental da empresa em relação à região, pôde prestar depoimentos e tecer comentários sobre todos os avanços tecnológicos que a Petrobras - Refinaria de Paulínia apresentou para a sociedade em benefício do meio ambiente da região.A postura proativa em defesa da indústria sempre colocou o Ciesp-Campinas como uma entidade de extrema responsabilidade, de credibilidade e de liderança dentro do cenário regional e nacional.

Francisco Raymundo de Cerqueira Neto, CEO - PRSI, Pasadena Refining System,

Inc., Gerente Geral da Refinaria de Paulínia - REPLAN (2005-2008).

Robe

rto

de B

iase

Page 36: livro Ciesp - Campinas

O Grupo de Estudos Ambientais (GEA) do DMA Ciesp-Campinas tem desempenhado um papel imprescindível de serviço e de apoio aos associados e à comunidade local. Como um espaço para reunir pessoas, para discussões e para aprendizado, é a célula executiva na qual acontecem, mês a mês, reuniões ordinárias pautadas pelas demandas vigentes da Sustentabilidade Empresarial. Sempre com a coordenação de profissionais renomados de empresas associadas e que, de modo voluntário e comprometido, contribuem com sua experiência e com sua dedicação no que diz respeito à condução dos trabalhos, o GEA se firmou, ao longo dos anos, como um canal sério e permanente através do qual o DMA Ciesp-Campinas disponibiliza não apenas o compartilhamento do conhecimento, mas, sobretudo, as discussões de alto nível, a expansão de relacionamentos, a proposição de ações e de novas oportunidades de negócios sustentáveis.

“Feliz é aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”(Cora Coralina)

Revista Hoje Ciesp-Campinas nº 70/ Encarte Meio Ambiente, 16ª Edição - Maio/2005.

Compromisso Ambiental Promovendo Negócios33.1

Page 37: livro Ciesp - Campinas

CAPÍTULO 3.1 Grupo de Estudos Ambientais (GEA): a Serviço da Sustentabilidade

Consolidado o apoio e definida a estraté-

gia, era o momento de colocá-los em prá-

tica e de iniciar os trabalhos. Para a im-

plementação das ações de conhecer, de capacitar

e de fortalecer, estabelecidas no plano de gestão

do DMA, a cons trução de um processo que pu-

desse não só envolver, mas também mobilizar

as pessoas e gerar comprometimento tornou-se

fundamental. Embora cada vez mais rele vantes,

tanto a questão ambiental quanto a Sustentabi-

lidade ainda não se constituíam assuntos priori-

tários na pauta empresarial. Desse modo, valo-

rizar toda a demanda já identificada pelo grupo

embrioná rio de Meio Ambiente do Ciesp-Campi-

nas, coor denado pela Dra. Cleusa Hércoli (Rige-

sa), pautada pela pressão advinda da legislação

ambiental vigente, mostrava-se como o primeiro

passo do caminho.

Com o objetivo de viabilizar, portanto, um

espaço que pudesse, ao mesmo tempo, disponi-

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO 39Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 38: livro Ciesp - Campinas

bilizar toda a representatividade do Centro das

Indústrias, per mitir a reunião e a manifestação

dos mais diversos setores empresariais em um

ambiente amistoso, profissional e fértil em infor-

mações, direcionamentos e trocas, foi criado o

Grupo de Estudos Ambientais (GEA).

Idealizado inicialmente para ser conduzi do

por coordenadores voluntários, oriundos das

próprias empresas associadas, foi feito a Newton

Scavone (International Paper) o convite para co-

ordenar o GEA, já sob o novo escopo de atuação,

consolidando um trabalho consistente realizado

pela Divisão de Meio Ambiente do Dep. Jurídico

do Ciesp-Campinas.

"O movimento é de suma importância para as empresas e para os profissionais que militam na área ambiental (técnicos, engenheiros, advoga­dos, etc), pois oferece a oportunidade, aos profis­sionais, para trocas de experiências, discussões técnicas, jurídicas e pleitos (em nome da entidade associativa) sobre vários assuntos do dia­a­dia da indústria e/ou do escritório, o que permite o aprimoramento do profissional e, em consequ­ência, das próprias empresas, uma vez que elas passam a ter a oportunidade de implementar um gerenciamento ambiental mais responsável e pre­ventivo, o qual evita autuações e transtornos. Profissionais e empresas trabalham para garantir um meio ambiente saudável para esta e para fu­turas gerações"

Dra. Cleusa Hércoli - Gerente do Dep. Jurídico Rigesa - Campinas; Coordenadora da Divisão de Meio Ambiente Ciesp-Campinas (2000-2001)

“Confesso que minha satisfação foi muito grande quando a International Paper foi convi­dada para participar das primeiras reuniões do CIESP de Campinas sobre o Meio Ambiente.

Naquela época, recém egresso na área am­biental, meu sentimento era uma mescla de curiosidade e, até mesmo, de fascínio pelo tema, pois teria acesso a uma excelente oportunidade de adquirir conhecimentos com profissionais que buscavam formas de compreender e atuar nesse vasto campo, além de compartilhar as interpre­tações da legislação pertinente, dentre elas as responsabilidades que temos como cidadãos e profissionais.

Foi muito gratificante receber o convite para aumentar a responsabilidade, agora não mais como um participante ativo do comitê, mas sim como líder de um grupo de profissionais volun­tários e altamente capacitados que buscavam ajudar empresas da região a desenvolver práticas que trariam Sustentabilidade aos seus negócios frente aos aspectos ambientais.

Para a International Paper, minha partici­pação no Departamento de Meio Ambiente do CIESP foi nitidamente percebida pela capacidade em compartilhar e em prevenir práticas e casos de insucesso no trato do meio ambiente e que, eventualmente, poderiam ocorrer em nossa em­presa.

Finalizo esse depoimento com um grande agradecimento ao Ciesp­Campinas, pelo convite e pelo apoio no período em que liderei um grupo de elite técnica. Agradeço também à International Paper por dar respaldo a esse projeto, disponibi­lizando profissionais e suas melhores práticas de

Sustentabilidade, para contribuir com o desenvol­vimento do setor industrial em equilíbrio com a questão ambiental.”

Newton Scavone, Gerente de Melhorias de Processo - International Paper; Coordenador do GEA em 2002.

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Ambientais (GEA): a Serviço da Sustentabilidade

40 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 39: livro Ciesp - Campinas

O GEA reunido em março de 2003

Ao ter em sua estrutura um viés altamente

vinculado ao voluntariado (ancorado pela re-

presentatividade institucional e política da Enti-

dade), tornava-se essencial que o GEA possuísse,

em seu quadro profissional, coordenadores com

características elementares como comprometi-

mento, consistência em sua for mação e atuação

profissional e apoio de suas empresas . O teste-

munho de Scavone sintetiza o perfil que, ao longo

de seus primeiros seis anos, constituiu-se exem-

plo da postura que se buscou nos futuros coor-

denadores que vieram a ocupar o cargo e que,

igualmente, cederam sua contri buição. Tendo

neste espírito sua mola propulso ra, o GEA iniciou

seus trabalhos construindo uma agenda anual de

reuniões, levantando pautas e ampliando a rede

de contatos. A disponibilização de informações

relevantes e atuais, que pudessem tornar-se re-

ferências no cotidiano e na tomada de decisões

de todo o empresariado local, corroborou de

imediato para a proposição da primeira divisão

temática do Grupo. Visando a uma abordagem

ampla que não se restringisse exclusivamente a

questões de fim-de-tubo (resíduos, emissões e

efluentes, por exemplo) foi proposta a primeira

estrutura de trabalho do GEA, a partir da com-

posição de cin co grupos temáticos: Sólidos, Lí-

quidos, Gasosos, Legislação Ambiental e Energia

(cuja estrutura se encontra representada na fi-

gura 3.1.2). Além de poder im primir uma análise

mais integral da questão am biental no processo

produtivo, a divisão proposta sob a coordenação

de Scavone pretendeu valorizar as diversas com-

petências e conhecimentos dos participantes do

GEA.

Com o tempo, o GEA assumiu, assim, o papel

de cé lula executiva da Área Ambiental do Ciesp-

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Ambientais (GEA): a Serviço da Sustentabilidade

Cam pinas, transformando-se em um serviço

sistema tizado prestado aos associados e à comu-

nidade local. Desde 2002, as reuniões mensais do

GEA acontecem na Entidade com novas empre-

sas, no vos coordenadores, novos temas e novas

respon sabilidades.

Grandes, médias e pequenas empresas, es-

critórios de advocacia e prestadores de serviço

participam das reuniões.

À gestão de Newton Scavone, seguiram-se as

de Paulo Deuber (3M do Brasil, 2003), de Luís Ta-

deu Furlan (REPLAN, 2004-2006) e de Jorge Gal-

garo (Rho dia, 2007 - atual).

Nesse período, mais que trocas de infor-

mações e de experiências, levantamento de de-

mandas, proposição de encaminhamentos por

intermédio do sistema FIESP/CIESP, o GEA vem se

firmando como um espaço de relacionamentos

presencial e virtual, ou seja, uma referência per-

manente para os seus associados.

Div

ulga

ção

41Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 40: livro Ciesp - Campinas

Figura 3.1.1 Estrutura organizacional do DMA e do Grupo de Estudos Ambientais (GEA) do Ciesp-Campinas, 2003.

O acompanhamento das questões e das pre-

ocupações ambientais locais e globais sempre

nortearam as atividades desenvolvidas pelo GEA.

Entretanto, os desafios ambientais enfrentados

pelo setor produtivo não são poucos: há pressões

legais e normativas visando à conformidade as-

sim como existe a cobrança crescente dos con-

sumidores, dos investidores e das organizações

não-governamentais para uma atuação corpora-

tiva com responsabilidade socioambiental.

O cenário político-econômico exige ainda - e

continuamente - do setor produtivo o atendimen-

to a requisitos, a regras e a protocolos ambientais

que se transformam muitas vezes em custos adi-

cionais.

Diante de tal cenário, o Grupo de Estudos

Am bientais também passou a informar, a escla-

recer e a capacitar o setor industrial sobre as exi-

gências e estratégias viáveis tanto sob o ponto de

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Ambientais (GEA): a Serviço da Sustentabilidade

“O Ciesp­Campinas desempenha um papel fundamental na defesa dos interesses das peque­nas, médias e grandes empresas da Região Me­tropolitana de Campinas.

No período de 2002 a 2004, tive a imensa satisfação e alegria de coordenar o Grupo de Es­tudos Ambientais (GEA) do CIESP, a convite do Diretor de Meio Ambiente da casa, Eng. Marlúcio Borges. O convite foi feito à Refinaria de Paulínia, que o aceitou e me liberou para exercer as fun­ções de Coordenador do GEA, durante uma manhã por semana. Nesse mesmo período, eu exercia a função de Gerente de Meio Ambiente da REPLAN, onde inúmeros processos de licenciamento acon­teciam na maior refinaria da Petrobras.

Posso afirmar que aprendi muito com os cole­gas das outras empresas, pois, juntos, trouxemos inúmeros temas ambientais para serem debati­dos; exemplos de casos de sucesso e de novas tecnologias ambientais foram apresentados e dis­seminados por todo o GEA.

Podemos citar também as inúmeras questões jurídicas que foram trazidas pelas empresas e debatidas dentro do GEA, entre elas a discussão do decreto estadual sobre saturação de bacias aéreas, Decreto 48.523/04. Nessa questão espe­cífica, o GEA teve um papel fundamental na ela­boração de propostas tecnicamente embasadas, visando a alterações em tal decreto. Tais propos­tas foram encaminhadas à FIESP e diretamente à CETESB, com o objetivo de sua adequação. Muitas dessas acabaram sendo incorporadas e o decreto foi reeditado sob o número 50.753/06.

Outra questão que vale a pena registrar e que demandou um grande trabalho do GEA foi o sobre­voo de uma ONG, a qual realizou fotos aéreas de várias empresas da região, com o fim de propagar matérias inverídicas sobre questões ambientais relacionadas a tais indústrias. Nesse episódio, o Departamento de Meio Ambiente e o GEA reuni­ram provas concretas sobre a não veracidade dos fatos publicados e a defesa jurídica das empresas da região foi levada à FIESP e ao COSEMA – Con­selho Estadual de Meio Ambiente.”

Luís Tadeu Furlan, Gerente de Eficiência Energética da Refinaria da Petrobras, Coordenador do GEA (2002 a 2004).

Div

ulga

ção

42 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 41: livro Ciesp - Campinas

Figura 3.1.2 Estrutura de trabalho do Grupo de Estudos Ambientais (GEA), 2002.

“De fato, o GEA é um espaço de suma impor­tância, cuja proposta é abordar temas ambientais de grande relevância ao empresariado e ao setor industrial, fomentando a discussão da legislação, normas, novas tecnologias e diretivas nacionais e/ou internacionais voltadas ao meio ambiente, contribuindo para o fortalecimento da indústria e para o compartilhamento do conhecimento e da experiência de profissionais de diversas áreas, cujos maiores interesses se traduzem no desen­volvimento da qualidade ambiental.”

Renata Franco de Paula Gonçalves Moreno, Advo-gada - Direito Ambiental da Emerenciano, Baggio e Associados – Advogados.

vista econômico quanto técnico para, através do

conhecimento difundido, conso lidar a cultura da

Sustentabilidade Empresarial entre os associados

do Ciesp-Campinas.

Para atender a esses objetivos, foram pro-

postas e realizadas, na agenda do GEA, diversas

ações, tais como workshops, seminários (nacio-

nais e internacionais) e palestras com temas re-

levantes e pertinentes à área ambiental , visitas

técnicas, for mação de grupos de força-tarefa,

publicações e projetos. Pales tras e eventos com

os associados - como a 3M do Brasil, Ambicamp,

Ambiental Solutions, Am phenol TFC do Brasil

Ltda, Bluepoint Ambiental Ltda, Borg Warner,

Dow Corning do Brasil Ltda, EagleBurgmann do

Brasil, Eaton, Emerenciano, Baggio & Associados,

Estre, Evonik Degussa, FW Soluções Ambientais,

Honda Automóveis do Bra sil Ltda, HP, Kraton

Polymers do Brasil, Lima Ju nior Advogados, Lira &

Associados, Medley S. A., International Paper do

Brasil, Miracema-Nuodex, Motorola, Petrobras,

PPG, Rigesa, REPLAN, Rho dia, Robert Bosch, Sin-

ger do Brasil, Spartan do Brasil, Super Zinco, Tec-

nol Técnica Nacional de Óculos Ltda, TRB Pharma,

Tyco Eletronics, Villares Metals - fizeram parte

das reuniões do GEA e trouxeram importan tes

contribuições para os trabalhos desenvolvi dos

junto às empresas da região.

Além das reuniões, foram criados grupos de

for ça-tarefa para o aprofundamento de temas,

como ocorreu com o Decreto 48.523 (capacidade

de suporte das bacias aéreas) em que advogados,

engenheiros, técnicos e acadêmicos formaram

um grupo, em 2005, para melhor analisar, discu-

tir e poder difundir os entendimentos do Grupo

aos as sociados e à FIESP/CIESP.

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Ambientais (GEA): a Serviço da Sustentabilidade

43Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 42: livro Ciesp - Campinas

As palestras foram realizadas sempre por

especialistas consagrados e versaram sobre te-

mas estra tégicos para a promoção de Negócios

Sustentá veis, como estratégias ambientais (Siste-

mas de Gestão Ambiental (SGAs), Produção mais

Limpa, Ecoeficiência, Análise de Ciclo de Vida),

Legis lação Ambiental (Licenciamento e demais

Leis e Decretos), Recursos Hídricos (Racionaliza-

ção do Uso, Tecnologias e Cobrança pelo Uso da

Água), Resíduos, Emissões e Efluentes (Gerencia-

mento e Legislação Pertinente), Mudanças do Cli-

ma (Go vernança Climática), Eco-Economia, entre

outros que também foram importantes como es-

tímulos para mudanças no setor. A busca pela in-

clusão e o estímulo à participação dos presentes,

por meio de perguntas e de es clarecimentos que

pudessem auxiliar a assimila ção dos assuntos tra-

tados, foi sempre o mote desses eventos. O GEA

consolidou-se também como espaço promotor

de temas no âmbito do Departamento de Meio

Ambiente. Entre os temas sugeridos, estudados,

debatidos e esclarecidos pelo GEA encontram-

se os relativos à: I - legislação que regula menta

as atividades e os processos do setor produ tivo;

II - estratégias de gerenciamento ambiental; III -

procedimentos e tecnologias para promoção da

produção mais limpa; IV - normas técnicas que

definem regras mínimas de segurança e qualida-

de para a produção e/ou prestação de serviços;

V - fundamentos da cobrança de uso das águas

enquanto um instrumento de gestão dos recur-

sos hídricos; VI - tecnologias e processos existen-

tes para o gerenciamento de resíduos sólidos e

para o controle de emissões, entre outros temas

também relevantes.

Para registrar e difundir os temas e as res-

pectivas informações produzidas, o GEA adotou

o procedimento de publicar sis tematicamente,

desde 2002, artigos técnicos no Encarte de Meio

Ambiente, o qual integra a Revis ta Hoje, publi-

cação trimestral do Ciesp-Campinas. Além de

se apresentarem como uma oportunidade para

que representantes de empresas associadas e

convidados exponham seus artigos e pareceres

(independentes de quaisquer posicionamentos

da Entidade), os encartes se consolidaram como

um importante instrumento de disseminação de

informações para estimular e também para dar

subsídios ao desen volvimento de Ações Susten-

táveis por parte das empresas associadas. No

encarte bimestral da revista CIESP são publicados

artigos, textos, comentários, críticas e informa-

ções técnicas que acompanha m as mudanças

políticas e socioeconômicas externas e internas

à região de Campinas, a fim de nortear a ade-

quação das empresas associadas às exigências

ambientais e econômicas impostas pelo mundo

globalizado. Nos encartes são di vulgados desde

assuntos relativos às questões contem porâneas

sobre a Sustentabilidade Empresarial, passando

por temas de abrangência global, como o Proto-

colo de Kyoto e o contexto das mudanças climáti-

cas, até discussões mais locais, como a revisão do

Plano Diretor de Campi nas, tudo com o propósito

de inserir as ações regionais no contexto global

de mudanças.

Também são apresentadas as normas le-

gais que regulamentam os processos industriais,

como as relativas ao licenciamento ambiental, à

classificação de resíduos sólidos e industriais, à

Política Nacional de Recursos Hídricos e ao trata-

mento das emissões atmosféricas.

Além das bases legais que dizem respeito à

ação do setor, o en carte também esclarece con-

ceitos importantes (relacionados à captura de

O GEA em visita à iniciativa "Barco Escola" em Americana - SP

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Ambientais (GEA): a Serviço da Sustentabilidade

Div

ulga

ção

44 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 43: livro Ciesp - Campinas

gás carbônico e a áreas verdes, ao crédito de

carbono, à Sustentabilidade Empresarial, à reci-

clagem agrícola de lodo de esgoto, entre outros)

e apresenta importantes ferramentas de Gestão

Ambiental, como a Produção + Limpa e a Análise

do Ciclo de Vida, visando sempre a:

• Fortalecer os Negócios Sustentáveis através da construção de novas abordagens e de formas de pensamento;

• Estimular a gradual inserção de Práticas Sus tentáveis na produção e na governança cor porativa (PMEs e cadeia produtiva);

• Fomentar o avanço de tecnologias limpas, através da criação de habitats de inovação e de qua lidade;

• Incrementar a cultura da prevenção: da mu-dança de atitude aos ganhos finais;

• Potencializar a cooperação entre os agen-tes indutores com o fim de construir um Desenvol vimento Sustentado e uma melhoria da qualidade de vida, por meio do despertar de um novo olhar participativo e responsável.

Dar um sentido de concretude e estímulo

aos conceitos e às iniciativas apresentados é o

que o DMA, no âmbito de atuação do GEA, tem

buscado alcançar. Por isso, a apresentação de ca-

sos de sucesso é sempre privilegiada. O escopo

de casos inclui estratégias ou práticas ambien-

tais, alternativas tecnológicas, procedimentos de

ges tão. A comprovação dos ganhos econômicos

e socioambientais obtidos geram estímulos para

a adoção de Práticas Sustentáveis, como plata-

formas de competitividade e de manuten ção de

mercados. Os relatos de casos de sucesso desem-

penham, assim, um papel importante no sentido

de testemunhar as viabilidades técnicas, legais e

econômicas do “como” fazer. Entre os casos apre-

sentados estão:

• A implantação de uma Estação de Tratamen-to de Efluentes Gasosos (ETEG) e de uma Estação de Tratamento de Efluentes Líquidos (ETEL) na indústria química Miracema-Nuodex;

• O Programa de Redução da Geração de Bios-sólidos pela NEOTEX Soluções Ambientais;

• A parceria da Transpetro com a Soft Expert Quality Software, na utilização do Isosystem Action para controle de não-conformidades, ações corretivas e preventivas da empresa;

• A eliminação total do uso de ácido na pro-dução, via substituição de tanques de lava-gem por processo de ultra-som na em presa Riberball, sediada em Ribeirão Preto, que também investiu no reaproveitamento e no tratamento da água usada na produção e na captação da água da chuva para redução do seu consumo;

• A substituição da soda fresca, na injeção no sistema de águas ácidas, pela soda gasta, procedimento adotado pela REPLAN de Campinas, o que gerou a transformação de um subprodu to em matéria-prima, otimi-zando o uso de recursos naturais e obtendo outros ganhos como a redução da vazão de efluente com avanços na tratabilidade, a melhoria da qua lidade do efluente, com redução dos teores de fenóis e a redução de estoques imobiliza dos com soda gasta, além de vantagens econô micas significativas;

• A redução da geração de resíduos de óleos so lúvel e integral e a otimização do con-sumo de água e de energia nos processos produtivos da empresa ICAPE de Campinas, que tam bém obteve ganhos econômicos e ambien tais a partir das das medidas adota-das.

No rol de atividades que se somaram ao GEA,

foram também incorporadas visitas técnicas a

empresas com práticas sustentáveis consagradas.

A visita realizada à Essencis Soluções Ambientais,

em julho de 2006, por exemplo, teve como obje-

tivo principal conhecer o processo de tratamento

e de disposição final de resíduos sólidos (classes

I e II). Para tal, foi visitada a Central de Tratamen-

to de Resíduos (CTR), localizada no município de

Caieiras, consi derada a maior da América Latina,

com uma área de 3,5 milhões de metros quadra-

dos.

Esta provou ser uma das atividades signifi-

cativas para o aprendizado e para o estímulo dos

envol vidos, uma vez que possibilitou aos parti-

cipantes iden tificarem as etapas, as tecnologias

empregadas e os procedimentos socioambientais

que a CTR utiliza, ampliando seus conhecimentos

e suas expe riências.

"A visita à CTR da Essencis nos possibilitou um conhecimento mais amplo no que diz respei­to à disposição final de resíduos sólidos, ou seja, algo que vai além de um simples sistema de ater­ro. Foi possível verificar soluções ambientais di­versificadas e integradas ­ todas direcionadas ao gerenciamento de resíduos, como os sistemas de aterros classes I e II, tratamento e co­processa­mento."

Henrique Gianezi, Coordenador de Meio Ambiente, Tyco Electronics Brasil Ltda.

"Somente quem conhece um lixão sabe o quão valoroso foi comprovar que há empresas dispostas a gerenciarem adequadamente os re­síduos e a implantarem medidas de preservação ambiental e novas tecnologias."

Nirvana França, Diretora da FW Soluções Ambientais.

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Ambientais (GEA): a Serviço da Sustentabilidade

45Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 44: livro Ciesp - Campinas

Em 2006, a LWART Lubrificante foi visita-

da pelo GEA: o propósito era, então, conhecer

o processo de refino de óleos lubrificantes e a

des tinação dos seus subprodutos para enfatizar

a importância de uma gestão adequada dos Resí-

duos Industriais na minimização de impactos que

pudessem degradar o meio ambiente.

Outras visitas – promovidas e organizadas

pelo GEA - ocorreram no decorrer desses seis pri-

meiros anos, sempre buscando demonstrar, “in

loco”, como cada experiência em determinado

tema foi concretizada, mostrando os processos,

as etapas, as reais dificuldades e os ganhos finais.

"O GEA vem desempenhando papel da maior importância no sentido de discutir os temas mais relevantes da sempre dinâmica área ambiental, trazendo debatedores da mais alta competência técnica e contribuindo de forma decisiva para o enriquecimento do conhecimento dos profis­sionais das áreas ambientais das empresas da região. Além disso, a participação do GEA e do DMA do Ciesp­Campinas, nos grandes fóruns da indústria e da Região Metropolitana de Campinas, tem sido notável, ao gerar trabalhos e documen­tos de alto nível, de acordo com as posições da indústria, sobre temas focados na Sustentabilida­de Empresarial."

Jorge Marino Galgaro, Responsible Care Manager for Latin America – Rhodia e Coordenador do GEA

Assim, em um trabalho permanente de le-

vantamento, divulgação, discussão, vivências,

relacionamentos e encaminhamentos de ques-

importante instrumento sistemático de serviços

da Entidade em prol da comunidade empresarial

e da socie dade como um todo.

tões pertinentes à Sustentabilidade Empresarial,

por intermédio da representatividade do sistema

FIESP/CIESP, o GEA tem se consolidado como um

Vista da Essencis visitada pelo GEA em 2006

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Ambientais (GEA): a Serviço da Sustentabilidade

Div

ulga

ção 3.2

46 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 45: livro Ciesp - Campinas

33.2Produção mais Limpa (P+L): a Prevenção como Plataforma para uma Cultura de Produçãoe Consumo Sustentáveis

Ao longo de sua história de 40 anos, a CETESB sempre pautou suas ações por meio da adoção de estratégias e de políticas ambientais modernas e aplicáveis à realidade local. Dentre estas, destaca-se a Produção mais Limpa, instrumento eficiente, positivo e não regulatório, alternativo ao simples comando e controle, para a promoção da Sustentabilidade. Nesse contexto, a cooperação entre Estado e setores produtivos torna-se estratégica, e constatar que já se notam inúmeras parcerias, que rendem uma variedade de ricos frutos à sociedade, é gratificante. Saudamos, pois, o trabalho que o Departamento de Meio Ambiente do Ciesp-Campinas vem realizando nos últimos anos, tendo se mostrado um importante interlocutor junto à indústria para trilharmos, juntos, o caminho rumo ao Desenvolvimento Sustentável do Estado de São Paulo.

Fernando Rei,Diretor Presidente CETESB-

Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

Arq

uivo

Cet

esb:

Ped

ro C

alad

o

Page 46: livro Ciesp - Campinas

Produção mais Limpa (p+l) tem a ver ,antes de tudo, com mudança de atitude na maneira como são produzidos bens e serviços. Em um momento planetário pautado pela urgência na racionalização de uso dos recursos naturais, pela redução de geração de resíduos e pela eficiência do uso da energia – a p+l se apresenta como um instrumento vital para o Desenvolvimento Sustentável. A estratégia está consagrada mundialmente pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde a década de 80 e, oficialmente, reconhecida na Agenda 21 (ECO-92) como área-programa essencial à Sustentabilidade para a Indústria e o Comércio. Fomentar e implementar a cultura da prevenção no setor produtivo: com este objetivo, o DMA Ciesp-Campinas tem auxiliado empresas e pessoas a ultrapassarem o modelo de “fim-de-tubo”, com foco na reação e no tratamento, e a priorizarem os ganhos econômicos e socioambientais provenientes da abordagem preventiva. Como frente de ação, a p+l tem sido estimulada como plataforma para um novo modelo de negócios que alie, à produtividade e à competitividade, o integral respeito ao ambiente e às pessoas.

“Antecipar o futuro é construir o presente sobre bases sólidas, que alicercem o Desenvolvimento Sustentado.” (Paul Johnson, citado por Ruy Altenfelder na I Conferência sobre Produção mais Limpa, ocorrida na FIESP – Julho de 2002)

Revista Hoje Ciesp-Campinas nº 56/Encarte Meio Ambiente, 3ª Edição - Agosto/2002.

Compromisso Ambiental Promovendo Negócios33.2

Page 47: livro Ciesp - Campinas

CAPÍTULO 3.2 Produção mais Limpa (P+L): a Prevenção como Plataforma para uma Cultura de Produção e Consumo Sustentáveis

A Produção mais Limpa (P+L)1 foi reconhe-

cida internacionalmente em 1992,

duran te a ECO-92, no Rio de Janeiro2,

dentro de um contexto de evolução do reconhe-

cimento das práticas preventivas no setor indus-

trial como pontos fundamentais ao Desenvolvi-

mento Sustentável. Isso porque P+L apresenta-se

como uma aborda gem preventiva ao gerencia-

mento ambiental, na medida em que ultrapas-

sa o modelo “fim-de-tubo” – o qual foca a ação

após o processo (reagir e tratar) - e se propõe

como filosofia que aborda o processo desde seu

início (antecipar e prevenir).

Priorizar a promoção da Produção mais Lim-

pa nos negócios e na indústria constituiu-se, por-

tanto, uma diretriz estabelecida pela Agenda 213,

no âmbito de atuação das Nações Unidas.

1 De acordo com o costume adotado, a abreviatura P+L será utilizada neste texto, sempre que for possível e pertinente, para identificar o termo e o conceito de Produção mais Limpa.2 ECO-92 é como também ficou conhecida a CNUMAD- Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992.3 Produzida durante a CNUMAD, no Rio de Janeiro, em 1992, e transformada em Programa 21 pela ONU (Organização das Nações Unidas), a Agenda 21 é um plano de ação consolidado em diversos relatórios, tratados, protocolos e outros documentos elaborados, durante décadas, na esfera de atuação da ONU.

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO 49Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 48: livro Ciesp - Campinas

O capítulo 30 da Agenda 21, dedicado à In-

dústria e ao Comércio, estabelece a promoção

da P+L como uma área-programa prioritária para

estes setores, por objetivar o aumento da efici-

ência na utilização dos recursos e dos insumos,

uma vez que preconiza a redução de geração de

resíduos por unidade pro duzida. A Agenda 21 en-

fatiza, ainda, a necessidade de reduzir ou elimi-

nar o uso ineficiente de recur sos naturais, cujos

resíduos provocam vários im pactos sociais e am-

bientais negativos.

Assim, ações e iniciativas mais estruturadas,

base adas na promoção da P+L, começaram a ser

construídas. Além de benefícios econômicos e

ambientais, outra vantagem da adoção da P+L

pode ser percebida no fato de poder ser aplica-

da a processos, produtos e serviços em qualquer

tipo de indústria, ampliando a escala de ação e

o al cance dos benefícios no setor produtivo. Em

par ques industriais complexos e diversificados,

como o da região na qual atua o Ciesp-Campinas,

este é um grande diferencial no modelo de ges-

tão.

Em seu aspecto mensurável para os proces-

sos produtivos, a P+L resulta da: conservação de

matérias-primas, água e energia e/ou elimina ção

de materiais tóxicos e perigosos e/ou redu ção

na fonte da quantidade e de toxicidade de todas

as emissões e resíduos. Para os produtos, a Pro-

dução mais Limpa objetiva: reduzir os impactos

ambientais, dirimir os riscos à saúde e promover

a segurança dos produtos ao longo de seus ciclos

de vida completos, desde a extração da matéria-

prima, passando pela ma nufatura e pelo uso até

a disposição final do produto. E, finalmente, para

ganhos eco nômicos e socioambientais, menos

ainda. Com o constante suporte de Tania Gasi

(CETESB), que par ticipou da fundação da Mesa

Paulista e exerceu o cargo de Se cretária Executi-

va de 2002 a 2007, o GT de Ações P+L no Setor

Produtivo pôde, enfim, iniciar sua trajetória com

o claro objetivo de difundir e de implementar a

P+L ao setor produtivo em todo o estado de São

Paulo, atendendo às vocações produtivas locais e

buscando agregar as instituições mais represen-

tativas e atuantes em torno do conceito.

"Søren Aabye Kierkegaard, filósofo dinamar­quês, dizia que a vida só pode ser compreendida quando olhamos para trás, mas que deve ser vi­vida olhando para a frente, ou seja, para o que não existe. Tomar decisões com base no futuro incerto exige coragem e determinação, o que leva a maioria a se agarrar a valores tradicionais e a caminhar sobre suas próprias pegadas. Por isso existem raros pioneiros, inúmeros espectadores e infindáveis críticos. A adoção de Produção mais Limpa no Estado de São Paulo iniciou­se na déca­da de 1990, com a proposta de compreender, de forma inovadora, as relações entre meio ambien­te, produção e sociedade. Desde então, houve um inegável avanço na implementação da P+L, e a Mesa Redonda Paulista desempenhou um papel fundamental para a disseminação dos conceitos, metodologias, casos de sucesso e inovações."

Tania Gasi, CETESB, Secretária Executiva da Mesa Redonda Paulista P+L, 2002-2007

os serviços, a Produção mais Limpa implica incor-

porar as preocupações ambientais no projeto e

na entrega dos serviços4.

Assim, em julho de 2002, quatro meses após

o lançamento do DMA Ciesp-Campinas, numa

feliz coincidência cronológica, foi lançada na

FIESP, em São Paulo, a Mesa Redonda Paulista

de Produção mais Limpa. A proposta, idealizada

e concretiza da pela Companhia Ambiental do

Estado de São Paulo - CETESB (tendo como fun-

dadores FIESP/CIESP, ABIT, ABIQUIM, ABICLOR,

SABESP, SENAI/SP e CPC, SENAC, FISP, UNICAMP

e USP), criou o primeiro fórum permanente bra-

sileiro multi-setorial e sem fins lucrativos, com

participação voluntária para promover e difundir

iniciativas de Produção mais Limpa (P+L).

A convergência de objetivos institucionais

em torno da P+L resultou em benefícios mútuos

às Entidades envolvidas e ao setor empresarial.

Ao assumir a coordenação do Grupo de Trabalho

dedicado a Ações Regionais de P+L para o Setor

Produtivo e Financiamento no Estado de São Pau-

lo, o DMA Ciesp-Campinas acabou por contribuir

em grande escala para a consolidação da Mesa

Paulista de P+L. Do mesmo modo, esse fó rum

constituiu-se um permanente estímulo ao DMA

como agente multiplicador de uma cultura pre-

ventiva no setor empresarial e não só da re gião

de Campinas, mas de todo o território pau lista,

visto que a divulgação e o fomento a Práticas Sus-

tentáveis são missões comuns às Di retorias Re-

gionais do Ciesp e às Regionais FIESP no estado.

Um grande desafio, no entanto, fazia-se

presente. O conceito era pouco conhecido, seus

Produção mais Limpa (P+L): a Prevenção como Plataforma para uma Cultura de Produção e Consumo Sustentáveis

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

4 Texto original disponível em: www.uneptie.org/pc/cp/understanding_cp/home.htm; Cleaner Production – Key Elements (Tradução nossa).

50 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 49: livro Ciesp - Campinas

Velhos tempos: Reunião em São Carlos (novembro de 2002) do GT Setor Produtivo. À esquerda, Americo Guelere (USP) e Ruth Tabaczensk: (CIESP), coordenadores do Grupo de São Carlos

Já em setembro de 2002 foi lançado o Gru-

po Local de Campinas. Em reunião realizada no

Ciesp-Campinas, representantes de empresas

lo cais, da CETESB, da Mesa Redonda Paulista de

P+L e de universidades estiveram presentes para

conhecer e participar do novo Grupo. O formato

de apresentação de conceitos, o tipo de lingua-

gem, as demandas mais comuns e o padrão de

divulgação começaram, neste momento, a tomar

corpo a partir da proposta do fórum e da mani-

festação dos pre sentes.

Ao final do mesmo ano, em 21 de outubro

de 2002, a ini ciativa chegou a São Carlos, mais

especificamen te ao Ciesp-São Carlos. Sérgio Pe-

pino e Carlos Partel foram os anfitriões naque-

la Entidade e a coordenação do Grupo Local foi

compartilhada entre o Ciesp-São Carlos (repre-

sentado por Ruth Tabaczenski) e a USP São Carlos

(representada pelos pesquisadores Aldo Roberto

Ometto e Americo Guelere Filho) - uma configu-

ração que refletia tanto o espírito multi-setorial

da Mesa quanto a abrangente aplicabilidade da

P+L. Este foi um trabalho relevante, que abriu

várias outras frentes, pois aproximou indústria e

universidade na região em torno da P+L, conso-

lidou casos de su cesso, principalmente no setor

metal-mecânico, e gerou workshops e outros

eventos nos anos que se seguiram. Nesta pionei-

ra reunião de São Car los, iniciaram-se também

as tratativas que resul tariam na parceria com o

Banco Real: o primeiro financiamento do Brasil

em P+L especificamente criado para pequenas e

médias empresas. Este projeto será descrito, com

mais detalhes, no capítulo seguinte.

No início de 2003, aconteceu, na sede do

Ciesp - Ribeirão Preto, o lançamento do Grupo

Em maio de 2003, o GT de Ações Regio-

nais, no setor produtivo, chegou ao sudoeste do

esta do, mais precisamente em Paranapanema,

para fomentar a P+L, onde a produção agríco-

la de gê neros alimentícios básicos, através do

empreendi mento da hidroagricultura, constituía-

se a prin cipal vocação produtiva da região. O

SINDIPAR – Sindicato Rural de Paranapanema -,

por intermé dio do seu então diretor João Carlos

Menck, assu miu a coordenação local. O incenti-

vo e a divulgação de casos de sucesso de plantio

direto na palha, as sim como o fomento ao uso

racional da água por meio de projetos que conta-

ram com a parceria da UNESP de Botucatu e par-

te dos recursos do FEHIDRO, firmaram-se como

bandeiras de ação do ativo Grupo Local coorde-

nado por Menck.

Lo cal de P+L. Fomentar a cultura da prevenção na

Agroindústria Sucroalcooleira era uma das priori-

dades. Adriana M. Ferreira foi a primeira coorde-

nadora local que, posteriormente, encontraria,

como interlocutor na região, o Grupo de Meio

Ambiente do Ciesp de Ribeirão Preto. Nesta reu-

nião, dado o crescente número de participantes

e da grande necessidade da troca de informações

e de experiências, foi sugerida a criação de um

grupo ele trônico para sistematizar esta prática

e, dessa forma, surgiu o producaomaislimpa_

acaore [email protected], o primeiro

grupo eletrônico cuja responsabilidade de mo-

deração ficou a cargo do DMA Ciesp-Campinas.

O fluxo de in formações, tão vital ao avanço e à

implementação de novos conceitos e práticas,

começava a se es tabelecer de modo sistemático.

Produção mais Limpa (P+L): a Prevenção como Plataforma para uma Cultura de Produção e Consumo Sustentáveis

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Div

ulga

ção

51Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 50: livro Ciesp - Campinas

Também em 2003, foi realizada, em São

Paulo, a II Semana de P+L, em evento que objeti-

vou dar continuidade - de modo sistemático- ao

lançamen to e às ações da Mesa Redonda Paulista

de P+L em julho do ano anterior.

Foi com satisfação que o Ciesp-Campinas

recebeu todos os GTs da Mesa para o evento de

abertura da II Semana de P+L: um evento de tra-

balho conjunto e de preparação com todos os GTs

da Mesa. Além do GT do Setor Produtivo, coorde-

nado pelo DMA Ciesp-Campinas, estiveram pre-

sentes coor denadores e representantes dos GTs:

• Ciência e Tecnologia;

• Comunicação;

• Educação Ambiental, Ética e Cidadania e de

• Políticas Públicas.

O objetivo foi fazer um balanço das ações e

se preparar operacional e estrategicamente para

os próximos dois anos (a próxima Semana de P+L,

que passou a ser bianual, veio a acontecer em

2005).

Grupos de vans, com pessoas provenientes

do in terior, uniram-se às pessoas que vieram de

São Paulo em um ônibus que partiu da CETESB e

se perdeu pelas ruas de Campinas antes de che-

gar ao CIESP. O sempre lembrado “passeio” não

chegou a afetar a rica reunião de trabalho que

durou o dia todo, com 125 pessoas de todos os

se tores participando ativamente. Acompanhan-

do o trabalho esteve também a gestora de pro-

jetos do C2P2 (Canadian Centre for Pollution Pre-

vention) - o Centro Canadense para Prevenção à

Poluição-, Tania Del Matto. Além do intercâmbio

de expe riências em P+L, a participação de Tania

acabou por abrir caminhos, nos anos seguintes,

O trabalho do GT no Setor Produtivo seguiu

sua consolidação, tanto por meio do permanente

fomento à P+L localmente - através de seminá-

rios, reuniões locais com as entidades envolvidas

– quanto pela pro posição de parcerias, palestras

em universidades, instituições empresariais, ór-

gãos públicos e em presas. A implementação dos

objetivos do GT de Ações P+L para o setor indus-

trial avançou aliada à proposta da Mesa e à da

própria Agenda 21, que es tabeleceram priorida-

de para a P+L à Indústria e ao Comércio, como

estratégia essencial à consecu ção do Desenvolvi-

mento Sustentável.

Já em setembro de 2005, para a III Sema na

de P+L, o crescimento e a disseminação das ações

do GT no Setor Produtivo proporcionaram a reali-

zação de várias atividades pulverizados pelo esta-

do. A abrangência do movimento já não compor-

para outras frentes de cooperação com o Canadá.

Nesse espírito, o GT do Setor Produtivo apresen-

tou5 casos de su cesso:

• São Carlos: iniciativas em adequação am-biental em manufatura, tendo a P+L como diretriz estratégica (NUMA-USP São Carlos por Americo Guelere) e as ações em P+L da Tecu mseh do Brasil (dentre elas a substitui-ção do sistema de pintura com tinta à base de sol ventes, por um sistema de pintura com tinta à base de água, por Walter Barão França).

• Ribeirão Preto: substituição do uso de ácido clorídrico por tanques de lavagem com ultra-som na produção de bexigas (Riberball, por Dorival Luiz Balbino de Souza).

• Paranapanema: P+L na tecnologia de produ-ção: plantio direto na palha, uso racional da água, conservação do solo e reflorestamen-to de matas ciliares.

• Campinas: a reutilização da soda gasta na Refinaria de Paulínia (REPLAN), por Bentací Corrêa Junior.

Produção mais Limpa (P+L): a Prevenção como Plataforma para uma Cultura de Produção e Consumo Sustentáveis

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Participantes e coordenadores da Mesa Redonda da II Semana P+L, no Ciesp-Campinas, em 2003.

Div

ulga

ção

52 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 51: livro Ciesp - Campinas

Evento Campinas da III Semana de P+L em 2005. A partir da esquerda, embaixo: Romildo Campelo (FIESP), Luiz Alberto S. Souza (Diretor Titular Ciesp-Campinas), Elza Bastian e Tania Gasi (CETESB/Mesa Redonda Paulista P+L), Linda Murasawa (Banco ABN AMRO REAL), Emilio R. Veloso (SuperZinco), Luis T. Furlan (REPLAN), Marlúcio Borges (DMA Ciesp-Campinas), Celso Páfaro (Icape) , Victor Hugo Kamphorst (Banco ABN AMRO REAL) e representantes da Mesa Redonda paulista de P+L

tava a realização do evento em um único local.

Aos Grupos Locais de Campinas, de São

Carlos, de Ribeirão Preto e de Paranapanema

somaram-se os de São José dos Campos (GPMAI

e Ciesp-S. J. dos Cam pos), de São Bernardo do

Campo (Ciesp-S. B. do Campo) e de Catanduva

(Prefeitura Municipal), que promoveram os even-

tos regionais de P+L para o Setor Produtivo nas

respectivas cidades. Em tor no de 350 pessoas

participaram dos eventos nos quais foram apre-

sentados mais de 25 casos de sucesso. A cultura

da prevenção solidificava seu alicerce no setor

produtivo e preparava o terreno para os próxi-

mos avanços.

O ano de 2005 foi ain da mais expressivo para

a P+L. Em dezembro, o Ciesp-Campinas sediou o

evento de assinatura da Declaração Internacional

de Produção mais Lim pa, promovido pelo PNU-

MA - Programa das Na ções Unidas para o Meio

Ambiente. O documen to, lançado em Seul, na Co-

réia do Sul, em 1998, detalha uma série de com-

promissos a serem assumidos pelas organizações

visando à adoção da Produção mais Limpa e da

Prática da Produção e do Consumo Sustentáveis.

A assinatu ra, por sua vez, representa uma inicia-

tiva pública, voluntária e mundial. Desde então,

organizações de diversos países têm preparado

cerimônias de adesão à referida Declaração, dei-

xando suas assi naturas registradas em um livro

que fica sediado em Paris.

Em 05 de dezembro de 2005, portanto, na

sede da En tidade em Campinas, o evento de as-

sinatura da Declaração contou com 64 adesões

de em presas, associações, universidades, direto-

rias re gionais do CIESP e outras entidades/insti-

tuições de todo o estado de São Paulo, além de

repre sentantes da Bahia, de Minas Gerais e de

Santa Catari na. O evento foi, à época, o maior

do mundo em número de assinaturas após seu

lançamento em Seul. Mais que o alcance quan-

titativo, a adesão e a repercussão, o evento re-

presentou um mar co na trajetória do DMA do

Ciesp-Campinas, no trabalho de divulgação e

implementação da P+L e em sua missão de fazer

da cultura ambiental pre ventiva um pilar para a

promoção de negócios.

Em um olhar mais acurado, fica nítido tam-

bém que, em relação aos âmbitos de atuação e

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

suas abrangências, o Programa das Na ções Uni-

das para o Meio Ambiente (PNUMA) e a área

ambiental do sistema FIESP/CIESP e, nela, o DMA

Ciesp-Campinas, possuem objetivos e papéis

muito semelhantes quais sejam: prover lideran-

ças, encorajar parcerias com foco no Desenvol-

vimento Sustentável fomentando, informando e

capacitando os respectivos públicos com vistas a

garantir incrementos de desempenho ambiental,

os quais, em última instância, resultem não só

no aumento da Ecoeficiência dos processos, pro-

dutos e serviços envolvidos, mas essencialmente

na qualidade de vida das pessoas.

Div

ulga

ção

Produção mais Limpa (P+L): a Prevenção como Plataforma para uma Cultura de Produção e Consumo Sustentáveis

53Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 52: livro Ciesp - Campinas

“Os tempos de mudanças, as crises e os desafios impostos pela competitividade exigem abordagens continuamente renovadas. É neste contexto que o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) vem apoiando e acompanhando as iniciativas do CIESP voltadas para a Sustentabilidade Empresarial desde 2005, principalmente no âmbito da promoção da Decla­ração Internacional sobre Produção Mais Limpa. Nesse período, CIESP e PNUMA engajaram 96 empresas no processo de desenvolver processos, produtos e serviços que reduzam os riscos para a saúde humana e para o meio ambiente, ao mesmo tempo em que perseguem maiores benefícios eco­nômicos e competitividade.

A expectativa do PNUMA é que o Departa­mento de Meio Ambiente do CIESP amplie cada vez mais sua estratégia de Sustentabilidade Ambiental, convocando e apoiando as empresas associadas a melhorar suas gestões de desempe­nho, identificando riscos e oportunidades, apor­tando padrões cada vez mais sustentáveis de produção e de consumo ao mercado.”

Cristina Montenegro, Gerente do Escritório do Brasil do Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente.

Em 2006, outro passo importante. Por in-

termédio da Secretaria Executiva da Mesa Re-

donda Paulista de P+L e com realização do DMA

Ciesp-Campinas, aconteceu na sede da Entidade

o “I Seminário Internacional de P+L: Fomento à

adoção de boas práticas em pequenas e médias

empresas (PMEs)”. Com foco na capacitação de

pequenas e médias empresas, o Seminário foi

concebido e realizado de modo a fomentar as

práticas preventivas e a viabilizar o intercâmbio

de conhecimento e de experiências. Para isto

contou com representantes de três das mais con-

sagradas entidades ligadas à P+L no Canadá: o

C2P2 – Canadian Centre for Pollution Prevention

(Centro Canadense de Prevenção à Poluição),

representado por Kady Cowan; OCETA - Ontario

Centre for Environment Technology Advancement

– (Centro de Ontário para o Avanço da Tecnologia

Ambiental), representado por Meena Hassanali e

o Eco-efficiency Centre/Dalhousie University/Ha-

lifax - O Centro de Ecoeficiência da Universidade

de Dalhousie, em Halifax, por intermédio de sua

gerente Peggy Crawford.

Uma intensa e pragmática agenda - compos-

ta por apresentações das experiências canaden-

ses apontando as dificuldades e os avanços das

entidades convidadas, pela apresentação de ca-

sos e de experiências brasileiras, por discussões

e planejamentos de futuros planos de coopera-

ção, além de visitas técnicas a pequenas e gran-

des empresas da região - foi pensada e executada

para os três dias do Seminário.

Produção mais Limpa (P+L): a Prevenção como Plataforma para uma Cultura de Produção e Consumo Sustentáveis

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Evento de Assinatura da Declaração Internacional de P+L no Ciesp-Campinas em 2005

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

54 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 53: livro Ciesp - Campinas

Mundo Empresarial: a sustentabilidade entra em pauta

Page 54: livro Ciesp - Campinas

"I was honoured to be invited by the members of Canadian Centre for Pollution Prevention and São Paulo Cleaner Production Roundtable to participate in a two­day seminar series on Engaging Small and Medium­sized Enterprises (SMEs) in Cleaner Production held in São Paulo and Campinas, Brazil (March 2006). The seminar presented a great opportunity for OCETA to share its Toronto Region Sustainability Program model and case studies on cleaner production technical assistance for the small and medium­sized business community in the Greater Toronto Area. Representing OCETA, I was pleased to engage in dialogue with various stakeholders including São Paulo Cleaner Production Roundtable Working Group Members to share the Canadian experience and in turn learn about best practices, lessons learned and form new partnerships in Brazil."5

Meena Hassanali.

I Seminário Internacional (Brasil e Canadá) de P+L no Ciesp-Campinas

5Foi uma honra ter sido convidada, pelo Centro Canadense de Prevenção à Poluição e pela Mesa Redonda Paulista de P+L (MRPP+L), nos dois dias em que participei do seminário “Engajando Pequenas e Média Empresas (PMEs) em P+L”, que aconteceram em São Paulo e em Campinas, em Março de 2006. O seminário representou uma grande oportunidade ao Centro de Ontário para o Avanço da Tecnologia Ambiental (OCETA) ao dividir estudos de caso em PMEs e seu modelo de Programa de Sustentabilidade da região de Toronto. Representando o OCETA, eu fiquei muito feliz em discutir com as diversas partes interessadas, incluindo os representantes da MRPP+L , em compartilhar nossas experiências e, ao mesmo tempo, em aprender sobre as melhores práticas e lições, além de iniciar parcerias. (tradução nossa) Meena Hassanali, Gerente de Programas de Sustentabilidade, OCETA, Toronto, Canadá.

Produção mais Limpa (P+L): a Prevenção como Plataforma para uma Cultura de Produção e Consumo Sustentáveis

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Meena Hassanali, Kady Cowan e Peggy Crawford, representantes canadenses no I Seminário Internacional de P+L no Ciesp-Campinas em 2006

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

56 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 55: livro Ciesp - Campinas

A ICAPE, empresa de médio porte do se tor

metal-mecânico, fornecedora do setor automo-

tivo, foi uma das empresas visitadas. A equipe

canadense pôde testemunhar como a fi lial da

ICAPE em Valinhos implementou a P+L de um

modo inovador, adotando a interatividade en-

tre os colaboradores e conferindo-lhes poder de

participação durante o processo. Dentre os resul-

tados tangíveis obtidos, destacaram-se a incor-

poração da Embraer ao portfólio de clientes e a

certificação ISO 14001 da planta de Valinhos. O

aprimoramento da gestão ambiental - resultan-

te da implementação da P+L - foi apontado como

elemento essencial a estas conquis tas expressi-

vas, conforme assinala o presidente da ICAPE, Sr.

Ulysses Luna:

“Adotamos no início de 2005, em nossa Unidade na cidade de Valinhos, o programa P+L visando a sistematizar a redução da geração de resíduos e a otimizar recursos naturais em nossos processos industriais.

Passados quatro anos deste programa, te­mos hoje uma consciência ambiental diferencia­da, além de alcançarmos uma ecoeficiência em que conseguimos, num mercado competitivo, manter nossos preços adequados.

Nesse período, reduzimos os impactos am­bientais e de forma progressiva, com o objetivo futuro de reduzir ainda mais.

Com um quadro de gestão à vista, todos os colaboradores tiveram acesso às informações so­bre a evolução do programa, dos ganhos para a empresa e para o meio ambiente, o que ocasionou um efeito positivo, pois proporcionou a todos um

ambiente de trabalho diferenciado.Este programa também foi um facilitador

para implantar o programa P+L na Unidade de Campinas e, em seguida, o início da implementa­ção do Sistema de Gestão Ambiental (NBR ISO 14001:2004)”.

Ulysses Luna, Presidente da ICAPE.

No ano seguinte, já se chegava à IV Semana

de P+L, com cada região exercitando a maturida-

de adquirida para o enfrentamento de seus de-

safios. Em 2007, também foram apresentadas ao

mundo as contundentes conclusões do IPCC – In-

ternational Panel on Climate Change (Painel In-

ternacional de Mudanças Climáticas), ratifican do

um peso crucial às atividades humanas como res-

ponsáveis pelo aquecimento global. O desafio de

garantir as condições de vida no planeta deixou,

então, de ser somente ambiental e passou a de-

pender também de fatores políticos, sociais, eco-

nômicos, culturais e éticos. Mais que isso, passou

a estar vinculado fundamentalmente à capacida-

de de articulação e à cooperação entre os líderes

e os agentes do mundo moderno para a busca de

soluções no tocante à séria ques tão global.

Sob esta ótica, o GT de Ações P+L no se tor

produtivo , no âmbito da IV Semana & Conferência

Sr. Ulysses Luna (à direita), Kady Cowan (C2P2), Peggy Crawford (Eco-Efficiency Centre, Dalhousie University) e equipe P+L na ICAPE, planta de Valinhos, em Junho de 2006.

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Div

ulga

ção

Produção mais Limpa (P+L): a Prevenção como Plataforma para uma Cultura de Produção e Consumo Sustentáveis

57Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 56: livro Ciesp - Campinas

um importante parceiro que, desde a criação de seu Departamento de Meio Ambiente, vem atu­ando muito além da difusão do conceito, tanto em ações específicas, como o Projeto Prevenir, quanto, e principalmente, na criação e na opera­ção da Mesa Redonda Paulista de P+L, na qual exerce ativo e destacado papel. Ao longo desses anos, não apenas se fortaleceram as iniciativas, mas construiu­se uma efetiva parceria, com a qual contamos para a construção conjunta de um Futuro Sustentável para o Estado de São Paulo.”

Flávio de Miranda Ribeiro, Gerente da Divisão de Produção mais Limpa e Qualidade Laboratorial da Cetesb. Secretário Executivo da Mesa Redonda Paulista de Produção mais Limpa desde Março de 2007.

Figura 3.2.1 Evento do setor produtivo no Ciesp-Campinas durante a IV Semana Paulista de P+L.

Paulista de P+L e do 1st Internatio nal Workshop

Advances in Cleaner Production (UNIP), buscou

resgatar, discutir e convergir as experiências dos

setores acadêmico e produtivo naquilo em que

cada um havia realizado e aprendi do e naquilo

que poderia convergir para uma cultura de pro-

dução e de consumo sustentáveis em âmbito lo-

cal. Unicamp, UNIP e USP se somaram à 3M, à

Petrobras e à ICAPE na apresentação de seus con-

ceitos, casos e experiências. Temas trabalha dos a

partir da P+L junto ao público presente e a repre-

sentantes da Mesa Paulista e da Cetesb (Flávio de

Miranda Ribeiro, Geren te da Divisão de Produção

mais Limpa e Secre tário Executivo da Mesa a par-

tir de março/2007 e Meron Petro Zajac – então

Gerente do Dep. de Desenvolvimento, Tecnologia

e Riscos Ambien tais), como Eficiência Energética,

6δ, Ecodesign, Inovação Social e outras práticas

sustentáveis compuseram a linha de condução do

evento de nominado “Produção mais Limpa (P+L):

Ações e Adições para uma Cultura de Produção e

Consu mo Sustentáveis”.

“Assim como a percepção da sociedade, a postura das empresas em relação à questão am­biental tem evoluído de modo bastante promissor nos últimos anos. Em vez de apenas responder às exigências regulatórias, muitas empresas já perceberam as oportunidades na aplicação de novas estratégias ­ como, por exemplo, a Produ­ção mais Limpa (P+L), abordagem preventiva que busca eliminar ou reduzir impactos na fonte, além de promover ações como reuso e reciclagem ­ ob­tendo, além de ganhos ambientais, maior compe­titividade, redução de custos e outras vantagens. Nesse caminho, a Cetesb tem no Ciesp­Campinas

As atividades do DMA Ciesp-Campinas, rela-

cionadas à P+L e à Mesa Redonda Paulista, cer-

tamente contribuíram sobremaneira para que o

Departamento se consolidasse tanto em seu esti-

lo de atua ção, pautado no diálogo aberto, quanto

em ações que tiveram na cultura da prevenção

um pilar crucial para o desenvolvimento da Sus-

tentabilidade Empresarial.

Produção mais Limpa (P+L): a Prevenção como Plataforma para uma Cultura de Produção e Consumo Sustentáveis

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

3.3

58 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 57: livro Ciesp - Campinas

33.3Projetos e Parcerias: Solidificando Ações e Cooperações

Sempre dizemos que nosso objetivo é fazer negócios que sejam bons para todos. Quando conseguimos equilibrar as questões sociais, ambientais e econômicas nos negócios, isto gera um resultado sustentável. É isso o que aconteceu quando nos aproximamos do CIESP em 2005. Quando se unem instituições mobilizadas em construir um novo jeito de fazer negócios e que, ao mesmo tempo, cuidem das pessoas e do meio ambiente, o resultado rende ótimos frutos. Foi assim que o Banco Real e o CIESP criaram uma linha de financiamento para Produção mais Limpa. Trata-se do primeiro financiamento brasileiro em tecnologias limpas para pequenas e médias empresas, batizado de CDC (Crédito Direto ao Consumidor) P+L.Reforçamos a crença de que, quando compartilhamos valores e unimos esforços, conseguimos muito mais do que planejamos. Nessa parceria com o CIESP, desenvolvemos esse produto inovador, que promove a prática da Sustentabilidade entre as pequenas e as médias empresas. Quando conseguimos realizar projetos como este, ficamos bastante orgulhosos, principalmente porque temos percebido, por meio de nossos clientes, que as questões socioambientais representam um grande diferencial para essas empresas, pois, dessa maneira, podem se tornar mais competitivas e aumentar a capacidade de geração de renda para o país como um todo. Enfim, participamos da produção de bons negócios para todos.

Fábio Barbosa,Presidente do Grupo Santander Brasil, Presidente da Febraban.

Pisc

o D

el G

aiso

Page 58: livro Ciesp - Campinas

Fortalecer o posicionamento da indústria local em seus ambientes de atuação, negócios e responsabilidades, a partir da adoção dos princípios da Sustentabilidade Empresarial, consolidou-se como objetivo primordial do plano de gestão do DMA Ciesp-Campinas.Colocar em prática o espírito cooperativo em suas relações mostrou-se como um caminho decisivo nesta empreitada.Esta filosofia foi aplicada na identificação e na efetivação de vínculos representativos do Ciesp-Campinas junto às diversas instâncias e instituições, desde aquelas interlocutoras da proteção, do controle e da regulação até as de incentivo da qualidade ambiental na região. O mesmo espírito cooperativo alicerçou a proposição e a concretização de parcerias entre as próprias empresas e, por sua vez, destas com organizações como universidades, bancos, órgãos ambientais e outras instituições públicas e privadas, do Brasil e do exterior.Em todas estas circunstâncias, a sinergia de competências e de propósitos sustentáveis foi a base sobre a qual se construíram as iniciativas, os projetos e as parcerias que serão descritos a seguir.

“... só ações solidárias cooperativas de todos os setores e no âmbito de cada país poderão livrar o mundo de um colapso no saneamento e no abastecimento de água até meados do século XXI.” (III Fórum Mundial das Águas, Kyoto , Março de 2003)

Revista Hoje Ciesp-Campinas nº 61/Encarte Meio Ambiente, 8ª Edição - Julho/2003

Compromisso Ambiental Promovendo Negócios33.3

Page 59: livro Ciesp - Campinas

CAPÍTULO 3.3 Projetos e Parcerias: Solidificando Ações e Cooperações

Fortalecer: a terceira frente de ações do

plano de gestão do DMA Ciesp-Campinas

objetivou o fortalecimento das empresas

associadas, por intermédio da implementação

da Sustentabilidade em sua atuação. Conhecer e

capacitar se revelaram, então, como ações ante-

riores e imprescindíveis para a viabilização deste

fortalecimento.

Para avançar na implementação das dimen-

sões econômica, ambiental e social nos negócios,

conforme assumido no conceito de Sustentabili-

dade já descrito, o espírito cooperativo, em suas

relações, constituiu-se em um pilar essencial para

o DMA. Na natureza, toda competição está ligada

à cooperação. No ambiente empresarial, que en-

contra na competitividade um quesito indicador

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO 61Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 60: livro Ciesp - Campinas

de efi ciência e de sobrevivência, não poderia ser

diferente. As relações cooperativas e simbióticas

são carac terísticas essenciais ao crescimento, à

perpetua ção.

O primeiro passo nessa direção ocorreu não

só através da efetiva ção de vínculos representa-

tivos com as diversas instituições e organizações

atuantes na prote ção e no controle da qualidade

ambiental da região, mas também no desenvolvi-

mento e na aplicação de tecnologias e de proces-

sos sustentáveis que for neceram subsídios técni-

cos e legais para trans formar, de modo positivo, a

gestão dos processos no setor produtivo.

O DMA estimulou, ao longo dos anos, a parti-

cipação de representantes de empresas associa-

das em colegiados para defender os interesses da

indústria e para manter as empresas informadas

sobre as questões e as exigências da atualidade.

A participação no GEA foi sempre uma refe-

rência a partir da qual se possibilitou identificar os

representantes industriais e associados que aten-

dessem aos critérios de interesse, disponibilida-

de e demais requisitos específicos para pleitear

e assumir a representação em nome do Ciesp-

Campinas, nos mais variados fóruns e colegiados

do Estado.

Representantes de empresas associadas

ao Ciesp-Campinas passaram a compor tam-

bém Con selhos Municipais de Defesa do Meio

Ambiente do Município de Campinas (COMDE-

MA) e do de Paulínia (CONDEMA) – (Conselhos

Deliberativos que dispõem sobre as questões

ambientais de seus respectivos municípios) pas-

sando pelo Conselho Consultivo de Campinas

ões ordinárias do GEA - coordenado por Luís

Tadeu Furlan – houve a consolidação de forma

ampla e estrutural do projeto que acabou por

envolver empresas, a Cetesb (que tinha um de

seus téc nicos participando da reunião) e a Uni-

camp. A ideia de se destinar lodo, da Estação de

Tratamen to de Água (ETA) da Refinaria de Paulí-

nia (REPLAN) para a Olaria Schiavollin, com a fina-

lidade de que fosse utilizado como matéria-prima

na produção de tijolos, já estava em andamento.

Em virtude da abrangência do projeto e da multi-

plicidade dos agentes integran tes, foi identifica-

da a pertinência de o DMA articu lar as ações e os

esforços necessários à sua concre tude. Por outro

lado, os ganhos em ecoeficiência e P+L que o pro-

jeto delineava para o ambiente, para a sociedade

e para as empresas estavam absolutamente ali-

nhados com os desdobramen tos conceituais da

Sustentabilidade Empresarial. O estabelecimento

de reuniões, pautas, visitas técnicas a campo e ao

órgão ambiental, estru turação e apresentação do

caso compuseram as responsabilidades do DMA.

Sob o título de “Do lodo ao tijolo: solidifican-

do ações e cooperações”, o projeto foi convidado

a concorrer na XI Mostra CIESP de Meio Ambien-

te, em 2004, e recebeu o 1º prêmio como me-

(contribuin do com as discussões sobre o Plano

Municipal de Desenvolvimento de Campinas),

pela Mesa Redonda Paulista de Produção mais

Limpa (na divulgação e na implementação da P+L

no setor pro dutivo do Estado de São Paulo, cap.

3.2) e pelo Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba,

Capivari e Jundiaí CBH – PCJ (através da partici-

pação técnica e institucional pela indústria no ge-

renciamento dos recursos hídricos no Estado de

São Paulo). Neste último, por conta não só do re-

conhecimento e da consolidação insti tucional do

CBH-PCJ, mas também da importân cia estratégi-

ca da água para todos os segmentos da socieda-

de e, naturalmente, para a indústria, foi delegada

uma atenção especial à capacitação de represen-

tantes industriais junto ao Comitê. Já em 2003, a

partir de uma iniciativa do DMA FIESP, um curso

de capacitação para representantes da In dústria

nos CBHs foi promovido no Ciesp-Campi nas. Aní-

cia Pio (Especialista da FIESP) esteve à frente do

processo que se mostraria fundamental e que vi-

ria a se ampliar ao longo dos próximos anos para

melhor estruturar e fortalecer o posicionamento

da in dústria paulista na questão dos recursos hí-

dricos. O quadro abaixo apresenta o cenário de

repre sentantes Ciesp-Campinas por Câmaras Téc-

nicas no CBH-PCJ, no final de 2008.

É importante frisar que os valores gera dos

pelas diversas representações e participa ções não

se restringiram a um único ponto. O contato e a

aproximação construídos com os re presentantes

de todas essas instituições se re verteram tam-

bém em suas crescentes presenças e participa-

ções nas reuniões de trabalho, nos eventos e nos

projetos do DMA.

Foi assim que, em 2004, em uma das reuni-

Projetos e Parcerias: Solidificando Ações e Cooperações

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO62 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 61: livro Ciesp - Campinas

COMITÊS DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DOS RIOS PIRACICABA, CAPIVARI E JUNDIAÍ (COMITÊ PCJ)

Mauro José Lauro (REPLAN) - Plenário do Comitê - Titular

Mauro José Lauro (REPLAN) - Plenário do Comitê - Titular CT- Uso e Conservação da Água na Indústria - Titular

Kelerson Modenesi (Rigesa) - Plenário do Comitê - Titular CT- Uso e Conservação da Água na Indústria - Suplente

Renata Franco (Emerenciano & Baggio e Associados Advogados) - CT Outorgas e Licenças

Geraldo Rossi (Ambicamp) - CT Saúde Ambiental

Jorge Antônio Mercanti (REPLAN) - CT Monitoramento Hidrologico - Titular

Renato Gonçalves (REPLAN) - CT Monitoramento Hidrologico - Suplente

Henrique Gianezi (Tyco Electronics) - CT Plano de Bacias - Titular

Erica Cristiane Canevassi (Rigesa) - CT Águas Subterrâneas

Dirson Antônio Garcia Júnior (Ecosofia) - Titular CT Educação Ambiental

Sheila Medeiros Suplente (Ecosofia) - CT Educação Ambiental

Marcio José Pereira Suplente (Ecosofia) - CT Educação Ambiental

Representantes pelo Ciesp-Campinas no CBH-PCJ

lhor caso ambiental do Estado pela relevância do

tema, pela estratégia de trabalho adotada e pela

ampla gama de benefícios econômicos e socio-

ambientais alcançados e dentre os quais se des-

tacaram e ainda se destacam:

• Minimização de resíduos: o lodo de ETA que, anteriormente, era classificado como resíduo de classe I, passou a ser matéria-prima na confecção de tijolos;

• Ganhos econômicos: eliminação de gastos, por meio da disposição em aterro do outrora resí duo classe I;

• Economia no consumo de recursos naturais: via a diminuição do uso de áreas de jazidas e da diminuição no consumo de água;

• Qualidade e eficiência: através da confecção de tijolo de melhor qualidade e maior resis-tência a um custo menor;

outras localidades.

Essas lições foram de grande valia para uma

outra parceria que se desenvolveria a partir da

atuação do DMA Ciesp-Campinas como Coorde-

nador do GT de Ações Regionais em P+L - para

o se tor produtivo da Mesa Redonda Paulista de

P+L, mais precisamente uma reunião no Ciesp-

São Carlos em 2004.

Tendo a P+L tanto como conceito quanto por

diretriz e discu tindo a versatilidade desta estraté-

gia como ge radora de ganhos econômicos e so-

cioambientais em processos, produtos e serviços,

iniciaram-se as tratativas entre a área de Produ-

• Sustentabilidade: alcançada pela otimização da atuação dos agentes e seus processos, com ganhos diretos na cadeia produtiva.

Da condução e da execução deste projeto,

fica ram lições e conclusões conjunturais para o

DMA Ciesp-Campinas, embora a importância do

espírito cooperativo nas relações inter-organiza-

cionais para a concre tização da Sustentabilidade

Empresarial tenha sido o grande destaque – atra-

vés do papel imprescindível desempenhado pelo

sistema FIESP/CIESP enquanto representante

genuíno do se tor produtivo para alavancar e im-

plementar esse espírito ao estabelecimento de

um modelo local de sucesso e no setor da juris-

prudência, para a multiplicação da proposta em

Projetos e Parcerias: Solidificando Ações e Cooperações

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO 63Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 62: livro Ciesp - Campinas

tos Socioam bientais do ABN AMRO REAL e o DMA

Ciesp-Cam pinas. Victor Hugo Kamphorst e Linda

Murasawa foram os interlocutores, pelo então

Banco Real, da parceria que dava seus primeiros

passos. Fazer convergir os papéis respectivos de

uma Associação Industrial e de um Banco Priva-

do, com foco na Sustentabilidade Empresarial,

exigiu uma condução séria e transparente, em

muito respaldada pelo reconhecimento de atua-

ção destas Entidades ao longo de déca das. Defi-

nida, então, a P+L como estratégia-mestre da par-

ceria e o norte conceitual estabelecido pela Mesa

Redonda Paulista, era preciso avançar da te oria

à prática. Como capitalizar o papel de induto res

de desenvolvimento dos parceiros em torno da

P+L? Qual o recorte de empresas, de região, de

segmentos produtivos a serem definidos?

Qual a metodologia capaz de contemplar as

especificidades de cada parceiro, sem deixar de

atender integralmente ao escopo de Sustentabi-

lidade Empresarial da P+L? Como chegar a um

produto para o mercado capaz de consolidar, em

si, todas as respostas às perguntas acima?

Tais questionamentos pautaram diversas e

produtivas reuniões em São Paulo e em Campi-

nas, as quais contaram com a participação de

repre sentantes do DMA Ciesp-Campinas e da

área de Produtos Socioambientais do ABN AMRO

REAL. O caminho dos questionamentos parecia

se mostrar aparentemente mais tortuoso e me-

nos objetivo, mas foi ele, sem dúvida, que garan-

tiu uma maior legitimidade ao processo que se

construía. Ao se discutir as perguntas, chegou-se

ao consenso de que FIESP/CIESP e Banco Real

tinham um alicerce de atuação co mum e funda-

mental ao avanço da parceria que se concretiza-

Projetos e Parcerias: Solidificando Ações e Cooperações

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO64 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 63: livro Ciesp - Campinas

Projetos e Parcerias: Solidificando Ações e Cooperações

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

va: a promoção de Negócios Susten táveis.

A partir desse momento, o trabalho passou

a ganhar es trutura e objetividade. Definida a P+L

como fio de condução para a Sustentabilidade, a

parceria voltou seu olhar para as pequenas e as

médias empresas (PMEs), que representavam,

previamente ao início do projeto, mais de 90%

dos associados ao Ciesp-Campinas. Por outro

lado, se considerada a ISO 14001 como critério

indicativo da incorporação da variável ambiental

nos negócios, o percentual de sua adoção era de

meros 2% entre as pequenas e 7% entre as mé-

dias - frente aos 27% alcançados pelas grandes

empresas (CIESP, 2004). Se os números refletiam

uma grande dis crepância entre as empresas, ain-

da assim não se podia deixar de observar a impor-

tância das PMEs para as relações inter-setorias,

seja como base da ca deia produtiva, seja como

geradoras de emprego e de renda. Além disso,

as PMEs avançavam rumo ao mercado externo,

tornando a excelência am biental um fator cada

vez mais decisivo à manu tenção e à expansão de

seus negócios.

As dificuldades destas empresas em relação

ao acesso a financiamentos de equipamentos e

de máquinas, por exemplo, tinham no valor da

garantia um empe cilho clássico.

De posse destas informações, e depois de

meses de trabalhos, análises e discussões aqui

re sumidos em poucas linhas, chegou-se, final-

mente, ao lança mento do Protocolo de Coo-

peração Banco Real/Ciesp-Campinas, ocorrido

na sede da Entidade, em Campi nas, em Junho

de 2006. O Protocolo registrava quais seriam as

bases de atuação dos parceiros para criar o CDC

P+L, o primeiro financiamento brasileiro em P+L

exclusivamente concebido para pequenas e mé-

dias empresas.

“A sociedade está vivendo um momento de transição e percebe que é necessário rever alguns modelos de negócios para caminhar em direção a um mundo sustentável.

Precisamos agir com um olhar que leve a um equilíbrio social, ambiental e econômico, ou seja, rever a forma de se fazer negócios. Por isso, desenvolver esta parceria em torno de um tema como a Produção Mais Limpa significa demons­trar que esta forma de agir é possível. A FIESP/CIESP e o Grupo Santander Brasil acreditam ser possível fazer Negócios Sustentáveis, tanto que o primeiro passo foi dado.

A atuação em pequenas e médias empresas é importante, pois justamente neste nicho de mer­cado está a maior necessidade de apoio e de in­formação, para que, assim, possamos incentivar a transformação.

É preciso que todas as partes envolvidas se engajem e colaborem, pois somente por meio da construção coletiva conseguiremos obter o De­senvolvimento Sustentável.”

Linda Murasawa – Superintendente de Desenvolvimento Sustentável – Grupo Santander Brasil

O produto, que nasceu com o diferencial de

ter na alienação do próprio equipamento adqui-

rido o objeto de sua garantia – buscando solucio-

nar, assim, um dos empecilhos detectados (o alto

valor da garantia para uma pequena empresa

normalmente exigido em financiamentos se-

melhantes) tinha, na verdade, em seus demais

critérios técnicos e operacionais, ao financiar

equipamentos, práticas, metodologias e tecno-

logias limpas, suas vantagens mais subs tanciais.

Os equipamentos, detalhados no quadro

(3.3.1), compunham a listagem zero de produ-

tos pré-aprovados, uma vez que se garantiu, de

modo inicial, atender a características operacio-

nais ali nhadas à cultura da prevenção:

• Aumento da produtividade, ao assegurar o uso mais eficiente de matérias- primas, água e energia;

• Promoção de melhor desempenho ambien-tal e maior lucratividade através da redução na fonte de resíduos e emissões;

• Redução de danos ao homem e ao meio am-biente.

A fase inicial foi efetivada como fase-piloto,

cuja abrangência ficou circunscrita à área de ju-

risdição do Ciesp-Campinas. Nessa fase, as defi-

ciências foram detectadas e os pro cedimentos

operacionais, envolvendo os parcei ros, aprimo-

rados. A atuação em rede, tanto do Banco como

do sistema FIESP/CIESP, facilitou sobremaneira a

implementação do projeto.

Inúmeras apresentações foram realizadas

no Ciesp-Campinas, com o intuito de apresen-

tar o projeto, o produto e os agentes. Conduzi-

das sempre através de representantes das duas

Entidades, as apresenta ções visaram a apresen-

tar, em linguagem simples (mas não simplista),

o conceito de P+L que embasava o produto, as

vantagens e as especificidades fi nanceiras. O

propósito de superar o objetivo de, no mínimo,

conseguir apresentar ao mercado mais um pro-

duto com seus diferenciais de Sustentabilidade,

65Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 64: livro Ciesp - Campinas

incentivou a proposição de ações que estimulas-

sem, de modo permanente, a cultura da preven-

ção entre pequenas e médias empresas. Como o

re conhecimento é fundamental ao ser humano

em quaisquer áreas de suas atuações, , ele tam-

bém foi contemplado no âmbito do CDC P+L. A

entrega de bottons de afixação coloridos (figura

tecnologia).

Depois do piloto Campinas, teve lugar uma

nova etapa de expansão do projeto. O Protocolo

de Cooperação com o Banco Real foi estendido,

no início de 2007, para o sistema FIESP/CIESP em

evento ocorrido na sede da FIESP, em São Paulo,

3.3.4) aos representes industriais em momentos

diferentes do processo foi adotada como manei-

ra de explicitar este reconhecimento. Bottons

verdes foram utilizados para identificar o apoio

(quando da presença em eventos que apresenta-

vam o projeto) e os azuis, para identificar a ade-

são (quando da aquisição de um equipamento ou

Projetos e Parcerias: Solidificando Ações e Cooperações

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Figura 3.3.1. Lista de equipamentos elegíveis pelo CDC P+L.

ÁGUA• EQUIPAMENTOS PARA REUSO DE ÁGUA;• EQUIPAMENTOS PARA AUTOMAÇÃO DO SISTEMA DE

LAVAGENS;• EQUIPAMENTOS PARA SEPARADORES DE ÁGUA E DE ÓLEO

(FILTROS COALESCENTES).

AR• EQUIPAMENTOS DE PREVENÇÃO/CONTROLE DE EMISSÕES DE

POLUENTES;• EQUIPAMENTOS/FILTROS PARA TRATAMENTO DE EMISSÕES

ATMOSFÉRICAS (INTERNA E EXTERNA).

ENERGIA• EQUIPAMENTOS PARA CONSERVAÇÃO DE ENERGIA

MEDIANTE ISOLAMENTO TÉRMICO;• EQUIPAMENTOS PARA PROJETOS DE EFICIÊNCIA

ENERGÉTICA (EX.: SENSORES DE PRESENÇA);• EQUIPAMENTOS PARA USO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS (EX.:

SOLAR, EÓLICA);• EQUIPAMENTOS DE TROCA DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

PARA COMBUSTÍVEIS MENOS POLUENTES (EX.: DIESEL PARA GÁS NATURAL, BOILERS ELÉTRICOS PARA GÁS NATURAL).

MOTORES• EQUIPAMENTOS DE ALTO RENDIMENTO OU ECOLÓGICOS.

RESÍDUOS• EQUIPAMENTOS PARA RECICLAGEM/REPROCESSAMENTO

DE RESÍDUOS SÓLIDOS E LÍQUIDOS;• EQUIPAMENTOS PARA DIMINUIR/ELIMINAR A

QUANTIDADE DE RESÍDUO GERADO (EX.: CERÂMICA, ÁGUA, ENERGIA, REJUNTE, ZINCAGEM, ABRASIVOS, ETC.);

SAÚDE• EQUIPAMENTOS PARA DIMINUIÇÃO DE RUÍDOS;• EQUIPAMENTOS DE TRATAMENTO ATMOSFÉRICO

DENTRO DAS INSTALAÇÕES.

TECNOLOGIA

• EQUIPAMENTOS QUE UTILIZAM MENOS QUANTIDADE DE SUBSTÂNCIAS TÓXICAS (EX.: FABRICAÇÃO DE TINTAS);

• EQUIPAMENTOS DE TECNOLOGIA DE PREVENÇÃO À POLUIÇÃO DO AR, DA ÁGUA E DO SOLO;

• EQUIPAMENTOS PARA SUBSTITUIÇÃO DE PRODUTOS NÃO DEGRADÁVEIS PARA BIODEGRADÁVEIS;

• EQUIPAMENTOS DE CONTROLE DE VAZAMENTOS (ÁGUA, VAPOR, ETC);

• EQUIPAMENTOS LIGADOS A SISTEMAS DE TORRES DE RESFRIAMENTO VISANDO A ELIMINAR PERDAS DE ÁGUA E ENERGIA.

66 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 65: livro Ciesp - Campinas

Projetos e Parcerias: Solidificando Ações e Cooperações

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

e no qual estiveram presentes o então Diretor da

área de Produtos Socioambien tais do Banco Real,

Sr. Fábio João Conciglio, a Su perintendente da

mesma área, Sra. Linda Mura sawa, juntamente

com o Sr. Antonio Lombardi e o Diretor de Rede

para o Interior de São Paulo do Banco Real, Sr.

José Luiz Corte.

Representando o sistema FIESP/CIESP esti-

veram presentes o Diretor de Meio Ambiente do

CIESP, Sr. Sílvio Ísola, o Sr. Mario Hirose, represen-

tante do CIESP na Mesa Redonda Paulista de P+L,

o Sr. Marlúcio Borges, Diretor de Meio Ambiente

do Ciesp-Campinas e as Sras. Tania Gasi e Elza Yu-

riko Onishi Bastian, representando a Cetesb e a

Mesa Redonda Paulista de P+L.

Novos desafios, ações e estratégias se des-

cortinaram a partir de então. Sessões de trei-

namento envolvendo gerentes regionais do

CIESP e do Banco Real, com o objetivo de alinhar

conceitos, procedimentos e linguagem, além de

apre sentações na plenária da FIESP, nas regionais

do CIESP e do Banco Real, foram exemplos, ainda

que pontuais, do projeto que se sedimentava. Em

todas estas ações enfati zou-se os objetivos pri-

mordiais do projeto:

• financiar iniciativas para que as organizações ultrapassem o modelo de FIM – de – TUBO;

• reduzir os custos de produção e aumentar a ecoeficiência e a competitividade das empre sas;

• reduzir as infrações aos padrões ambientais previstos na Legislação;

• diminuir os riscos de acidentes ambientais;

• estimular o programa de P+L observando os critérios da Mesa Redonda Paulista de P+L;

• efetivar, para os agentes parceiros, o papel de indutores de Sustentabilidade no proces-

so produtivo;

• incrementar a qualidade de vida das pessoas e do planeta.

Com o constante empenho de José Luiz Cor-

te, na condição de Diretor de Rede para o Interior

do Banco Real, reuniões para consolidar a nova

filosofia de trabalho passaram também a ocorrer.

O modelo começou a chamar a atenção de Fede-

rações de Indústrias de outros estados e, ainda

que longe da perfeição, um caminho de orienta-

ção havia sido pavimentado, apontando para a

possibilidade e para a concretização de projetos

e de parcerias entre instituições, dife rentes em

sua estrutura, mas convergentes em relação aos

princípios de Sustentabilidade sobre os quais os

negócios devem, a partir deste início de século,

fundamentar-se.

Figura 3.3.2 Bottons de identificação dados aos participantes do projeto de tecnologias limpas para pequenas e médias empresas.

ETAPA 2Nos adotamos P+L!Botton azul

ETAPA 1Nos apoiamos P+L!

Botton verde

Incentivando uma cultura: bottons coloridos de apoio e adoção de tecnologias limpas

67Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 66: livro Ciesp - Campinas

Projetos e Parcerias: Solidificando Ações e Cooperações

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

“Se perguntarem, hoje, sobre qual o maior desafio que a espécie humana e a sociedade, de maneira geral, enfrentam, sem dúvida responde­ria que é a correta utilização e a preservação dos nossos recursos naturais. Todos nós, de alguma forma, experimentamos hoje os efeitos desastro­sos tanto do abuso e da falta de cuidados com o meio ambiente quanto das enormes diferenças sociais, frutos do crescimento sem a devida pre­ocupação com o Desenvolvimento Sustentável, baseado na interdependência entre pessoas, pla­neta e lucro, ou seja, não basta ter crescimento, pois, acima de tudo, é preciso gerar desenvolvi­mento sem comprometer a sobrevivência das ge­rações futuras.

Os projetos e as ações para preservação de energia, reciclagem, entre outros, são de extrema importância, mas, sobretudo, tornam­se neces­sários uma mudança de atitude e um exercício permanente de conscientização por parte de cada

indivíduo, bem como da sua capacidade de multi­plicar esse comportamento para toda sociedade.

Assim foi construído esse trabalho que publi­camos. A iniciativa e a liderança do Ciesp­Campi­nas, as contribuições e o empenho de pessoas, de empresas públicas e privadas, além do interesse de órgãos reguladores, enfim, tudo isso nos pos­sibilitou chegar a esse momento.

Além de agradecer a oportunidade e de sen­tir­me honrado em contribuir com este projeto, desejo que pessoas, empresários e lideranças, que dele tomarem conhecimento, multipliquem a prática de P+L, pois isso possibilitará um mundo melhor para todos a partir de agora.

Jose Luiz Corte, Diretor de Rede do Grupo Santander Brasil.

Se o espírito cooperativo, presente nas rela-

ções, foi fun damental para que estes dois proje-

tos - descritos com mais detalhes - se concreti-

zassem, essa mesma filoso fia de gestão já tem

sido empregada nas inúmeras iniciativas do DMA

Ciesp-Campinas ao longo de seus seis primeiros

anos aqui considerados. Das reuniões mensais

ordinárias do GEA, mantidas como um serviço

permanente aos associados, descortinaram-se

so luções e respostas extraordinárias que têm

auxiliado empresas e pessoas em seus caminhos

próprios para a atuação responsável e sustentá-

vel. Dos inúmeros casos e oportunidades, não

citados aqui por uma questão de limites físicos

da obra, a co operação, seja entre empresas, seja

através do órgão am biental - nas diversas vezes

em que frequentou a Casa e contribuiu com es-

clarecimentos técnicos, seja com a academia,

com os especialistas, ou com institui ções públicas

e privadas – só fez aumentar a responsabilidade

e o compromisso do DMA com a promoção de

Negócios Sustentáveis nos anos vindouros.

Div

ulga

ção

4

68 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 67: livro Ciesp - Campinas

44 Considerações Finais: Sustentar o Compromisso

Estudos apontam para cenários cada vez mais preocupantes quanto à escassez de recursos naturais, à degradação ambiental e aos efeitos negativos das mudanças climáticas para o planeta. Diante disso, é urgente a criação de Processos Sustentáveis de Produção de forma coerente com os conceitos de uma economia de baixo carbono.O cuidado com a Sustentabilidade dos processos produtivos será, cada vez mais, um diferencial de mercado e, atualmente, já está se tornando um fator relevante na decisão de compra por parte dos consumidores.É necessária uma transformação global quanto à consciência ambiental e à mudança dos sistemas de produção, visando a novos padrões de consumo e de comportamento. As empresas que não se adaptarem às novas tendências dos consumidores estarão sujeitas ao fracasso.

Luiz Fernando Furlan, Empresário, Co-Presidente do

Conselho de Administração da BRF Brasil Foods S/A, Presidente da

Fundação Amazonas Sustentável. Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

(2003/2007)

Div

ulga

ção

Page 68: livro Ciesp - Campinas

Mais do que valorizar o processo de construção do compromisso coletivo com a Sustentabilidade Empresarial aqui descrito, há uma missão maior a ser empreendida: a de sustentar o próprio compromisso, pois o conceito de Sustentabilidade, adotado nesta obra, prevê a manutenção e a reposição, ao longo do tempo, das variáveis que dão suporte a um processo ou a um sistema.Pela expressiva importância da indústria no Brasil, sobretudo no Estado de São Paulo, existe uma responsabilidade inerente às conquistas já realizadas: o compromisso com o que se pode e com o que ainda se deve realizar.Fazer uso da capacidade de articular sinergias, não só como incentivadoras da produção, mas também como agentes capazes de influenciar e de alavancar transformações em temas estruturantes, como a educação, a inovação tecnológica, o empreendedorismo e a competitividade – é, sem dúvida, um caminho que se impõe em nossa missão de assumir o compromisso como forma de promover a Sustentabilidade Empresarial.

“Necessitamos civilizar nossas teorias, ou seja, desenvolver nova geração de teorias abertas, racionais, críticas, reflexivas, autocríticas - aptas a se auto-reformar.”(Edgar Morin)

Revista Hoje Ciesp-Campinas nº62/Encarte Meio Ambiente, 9ª Edição - Setembro/2003.

Compromisso Ambiental Promovendo Negócios44

Page 69: livro Ciesp - Campinas

CAPÍTULO 4 Considerações Finais: Sustentar o Compromisso

Por que decidimos registrar esta Memória

dos seis primeiros anos do DMA Ciesp-

Campinas?

A ideia de produzir este relato não nasceu

com a pretensão de apresentá-lo como um mo-

delo estanque de gestão e nem mesmo como um

puro relatório técnico de balanço opera cional.

À maneira de um álbum, ou de um arquivo

de via gem feito para ser revisitado em suas me-

lhores imagens, acon tecimentos e lembranças

que, além de contenta mento, geram um constan-

te entusiasmo na busca de se descobrirem novos

destinos e também o inegável sentimento de per-

tencer à situação vi vida, celebrada: muito disso

se pretendeu nesta Memória.

Mas também não é só isso.

Inerente ao reconhecimento do processo de

realização coletiva, aqui descrito, aos avanços

obtidos na construção de valores para a cultu-

ra empresarial, surge a responsabilidade com o

que ainda se pode e com o que se deve realizar:

a necessidade de se sustentar o compromisso.

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO 71Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 70: livro Ciesp - Campinas

A memória de um passado, mesmo que breve,

serve como um poderoso estímulo para o com-

promisso em relação ao presente e ao futuro da

Sustentabilidade Empresarial.

Sendo este início de século um dos momen-

tos mais decisivos e críticos de nossa história,

esta responsabilidade adquire proporções ainda

maiores e determinantes. Ao apontar a ativida-

de hu mana como a principal responsável pelas

mudan ças do clima advindas do aquecimento

global, o aval científico do IPCC, por intermédio

de seus relatórios, notadamente o IV, produzido

em 2007, ratifica um desafio que extrapola a es-

fera ambiental e a de segmentos ou de regiões.

O mundo se encontra à frente de um desafio que

é também econômico, político, social e cultural.

A humanidade é convocada a exercitar sua

capacidade de articular sinergias a partir de suas

diferenças e de suas especificidades, com vista

a um novo desenvolvimento e, acima de tudo, a

sua própria sobrevivência. Isto se torna válido em

qualquer âmbito: nações, estados, municípios,

comunidades e indivíduos.

A Indústria, como expressivo partícipe,

encontra neste cenário de mudanças a ímpar

oportuni dade de adicionar valor, de maneira ino-

vadora, ao englobar o universo econômico, social

e ambiental em seus negócios. A Sustentabilida-

de passa a ser exercida na prática, uma vez que

Sociedades Sustentáveis são formadas por Orga-

nizações Sustentáveis que se perpetuam através

do crescimento.

Se a imediata necessidade de redução da

emissão dos gases de efeito estufa firma-se como

"A Sustentabilidade, ou o equilíbrio entre a proteção ambiental e o desenvolvimento econô­mico e social, só pode ser alcançada se houver livre iniciativa, associada ao diálogo permanente, e parceria efetiva na relação entre o poder públi­co, o privado, a sociedade e suas entidades re­presentativas. Na FIESP, realizamos um trabalho estratégico de base junto às entidades represen­tativas da indústria, através da ação de seu De­partamento de Meio Ambiente e da Câmara Am­biental da Indústria Paulista, organismos técnicos e tomadores de decisão, e por meio do Conselho Superior de Meio Ambiente, de caráter consultivo e ligado à presidência, constituído por membros da sociedade civil. Nossa expectativa é a de con­tinuar e de aprimorar este trabalho estratégico de base, ao capacitarmos os setores, ao chamarmos a atenção para as questões mais urgentes, no campo ambiental e da Sustentabilidade, ao aten­tarmos para os fatores que intervêm diretamente na produtividade e na competitividade dos seto­res industriais, assim como na Sustentabilidade de toda a sociedade. Em grande parte, isso é re­plicado nos CIESPs por todo o Estado, como ocor­re, de forma exemplar, no Ciesp de Campinas, o qual, por meio de seu Departamento de Meio Am­biente, continuará a realizar este trabalho, não só diretamente junto a seus associados, ou seja, às empresas industriais, mas também junto ao poder público e às entidades representativas regionais."

Nélson Pereira dos Reis, Vice-Presidente da FIESP e Diretor Titular do Departamento de Meio Ambiente.

consenso e pressão mundiais, se o consumo de

recursos e a destinação de seus produtos exigem

princípios e processos que garantam a continui-

dade da humanidade, encontram-se aí alguns

macro-contornos a desenhar um novo e promis-

sor ambiente de negócios, não contornos exclu-

sivamente restritivos, mas, sim, elementos que

conduzem a mais um patamar evolutivo do papel

da indústria enquanto agente de transformações

positivas.

Neste contexto, o Brasil é um candidato na-

tural a assumir o protagonismo de uma nova ci-

vilização industrial, se considerado, a princípio,

seu extraordinário potencial de recursos subuti-

lizados de produção.

São Paulo, como o Estado expoente da Indus-

trialização no Brasil, uma vez que, sozinho, res-

ponde por mais de 40% do PIB nacional, desem-

penha, natural mente, um papel decisivo no que

diz respeito aos caminhos do de senvolvimento e

da Sustentabilidade Empresarial no país.

Sendo o grande interlocutor da indústria pau-

lista, o sistema FIESP/CIESP/SESI/SENAI/IRS assu-

me uma singular legitimidade de represen tação

do setor produtivo, não só como um dos maiores

incentivadores da produção, mas como Entidade

capaz de influenciar e de alavancar transforma-

ções em temas estruturantes, como a educação,

a inovação tecnológica, o empreendedorismo, a

competitividade, a Sustentabilidade Empresarial.

Neste último (e nos demais por analogia), cabe

prioritariamente a função de levar, à comunida-

de empresarial, a compreensão sobre as oportu-

nidades e as implicações decorrentes das estraté-

gias de Sustentabilidade.

Considerações Finais: Sustentar o Compromisso

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Div

ulga

ção

72 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 71: livro Ciesp - Campinas

Segundo Polo Industrial do Estado de São

Paulo, a Região Metropolitana de Campinas en-

contra, na Indústria, o setor de atividade que re-

presenta quase 60% de seu valor adicionado, o

que ala vanca, por sua vez, um forte setor de ser-

viços que atende por quase 40 % deste valor, con-

forme dados, de 2004, da Fundação

Seade, IBGE. Some-se a isso o fato de

a região ser, reconhecidamente, um

centro criador e difusor de tec nologia

e de conhecimento, ancorado em suas

renomadas universidades e centros

de pesquisa, que atendem por 15% da

produção científica na cional. Assistida

por uma sólida in fra-estrutura de ro-

dovias, de ferrovias e de aeroportos,

a região abriga uma rica e complexa

rede de empresas dos mais diversos

segmentos.

É neste pequeno universo cos-

mopolita que o Departamento de

Meio Ambiente do Ciesp-Campinas

tem buscado, desde sua criação, em

2002, imprimir sua visão, baseada na

importância do compromisso, para a

promoção de Negócios Susten táveis.

Entendíamos que criar uma visão seria

impor tante no sentido de responder, de maneira

inova dora e assertiva, a questionamentos especí-

ficos; de dar um norte consistente a nossas em-

presas associadas, frente a situações complexas

ou a con ceitos de Sustentabilidade ainda pouco

assimila dos (e pouco claros) para a maioria da

indústria local, na verdade, para grande parte

delas: pequenas e médias empresas que consti-

tuem, hoje, mais de 90% das mais de 500 empre-

organiza ções, dotadas de tal cultura, valorizam

a diversi dade (...) e os experimentos que dilatem

a sua margem de conhecimento. Em outras pa-

lavras, o questionamento é fundamental para se

enxergar o novo. Contu do, consideradas princi-

palmente as pequenas empresas, concentradas

em sua luta pela sobrevivência diária,

e nas quais muitas das atividades cru-

ciais são executadas pelo dono e pelo

gerente do negócio, é utópico pen sar

que tal reflexão questionadora vai

encontrar espaço e condições para

se concretizar. Onde esta mos? Onde

queremos chegar? E, principalmente,

como chegar lá? Considerando-se o

complexo cená rio de Sustentabilida-

de atual – são questões a impulsio-

nar trajetó rias de inovação, de cresci-

mento. Foi assim também que estas

ques tões compuseram, naturalmen-

te, a construção da visão de objeti-

vos do DMA Ciesp-Campinas, posto

o fundamental papel de representa-

tividade e de interlocução do sistema

Fiesp/Ciesp/Sesi/Senai/IRS junto à

indústria paulista.

Como parte do processo de

implemen tação desta visão, o Grupo de Estudos

Am bientais (GEA) foi criado. Um espaço de ser-

viço sistemático a preconizar a troca pessoal de

ex periências entre os associados, a valorizar os

diálogos significativos, as conversas como sinôni-

mo de ação, como fonte de onde brotam deci-

sões baseadas em informação e a partir das quais

re lacionamentos e confiança são gerados. Em um

momento de ampla crise, como o que vivemos,

a confiança torna-se imprescindível, como outro-

sas associadas ao Ciesp-Campinas.

Como incentivar as Práticas Sustentáveis,

como fa cilitar sua implementação, como fomen-

tar a cultura de inovação e de valor em uma or-

ganização, inde pendente de seu porte e de sua

complexidade? Tais ques tões são de cunho re-

lativamente incomum para o cotidiano das em-

presas, mas absolutamente per tinentes à res-

ponsabilidade que nos cabia, pois sa bíamos que

respostas inovadoras deveriam estar na pauta

dos possíveis encaminhamentos. Em seu livro

“Conexões Ocultas”, de 2002, Capra assina la

que, para o surgimento da novidade, é preciso

criar uma cultura que encoraje o questionamen-

to constante e que recompense a inovação. As

Considerações Finais: Sustentar o Compromisso

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO 73Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 72: livro Ciesp - Campinas

Considerações Finais: Sustentar o Compromisso

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

ra assinalado pelo patrono da indústria, Roberto

Simonsen, em sua citação intemporal: “Otimismo

é esperar pelo melhor. Confiança é saber lidar

com o pior”. É fato, assim, que a confiança na

postura de compromisso com a Sustentabilidade

daqueles que coordenaram este Grupo, no perío-

do coberto por esta Memória - Newton Scavone

(International Paper), Paulo Deuber (3M), Luís Ta-

deu Furlan (Petrobras) e Jorge Galgaro (Rhodia)-

precedeu, enquanto critério, à sua reconhecida

reputação profissional.

Adotar a Produção mais Limpa (p+l), como

prática sustentável a orientar iniciati vas e parce-

rias no setor empresarial, consolidou-se, igual-

mente, em uma ação estruturante e não simples-

mente uma mera comprovação de resultados

práticos de superação do paradigma baseado na

aparente não conciliação entre eficiência produ-

tiva/econômica e ganhos socioambien tais. Cabe-

nos, também, como responsáveis institucionais

pelo desenvolvimento, o exercício de constante-

mente desmantelar o enorme arse nal de meca-

nismos que promovem a reprodução deste velho

paradigma.

Sobre o trabalho de divulgação e de

implemen tação da P+L, Tânia M. T. Gasi, Enge-

nheira da Cetesb e Secretária Executiva da Mesa

Redonda Paulista de Produção + Limpa, 2002/

março de 2007, assinala e propõe:

“O DMA/Ciesp-Campinas foi uma das prin-

cipais lideranças deste processo, que repercutiu

em outros estados e países e gerou resultados

excepcionais, que dificilmente serão adequada-

mente mensurados. Afortunadamente, existem

instituições e pessoas que, como eles, possuem

74 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 73: livro Ciesp - Campinas

brilho próprio e combinam visão inteligente com

determinação, competência e habilidade. O de-

safio que propomos - a eles e a todos nós - é não

esmorecer e encarar o futuro nos olhos.”

"Sustainable economies must be built around Sustainable Products, services and consumption patterns. Sustainable Industrial Processes can effectively reduce the environmental impacts associated with the design and manufacture of products. These strategies however do not account for the significant environmental impacts associated with the selection, use, and disposal of products by consumers. We need to educate product designers, producers, government leaders and consumers about the environmental and social impacts of available goods and services; to help them make informed decisions about purchase, use and ‘end­of­life’; and to increase the market share of sustainable products and services."1

Tania Del Matto é co-fundadora e Diretora Executiva da organização nacional canadense “My Sustainable Canada”. Mestre em Estudos Ambientais pela Universidade de Waterloo, Tania esteve no Ciesp-Campinas em 2005,

em evento de parceira p+l para pequenas empresas com o Centro Canadense de Prevenção à Poluição, por intermédio da Mesa Redonda Paulista de Produção mais Limpa.

Div

ulga

ção

Considerações Finais: Sustentar o Compromisso

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

1 Economias sustentáveis precisam ser construídas sobre produtos, serviços e padrões de consumo sustentáveis. Processos industriais sustentáveis podem efetivamente reduzir os impactos ambientais quando associados ao projeto e manufatura dos produtos. Tais estratégias, no entanto, não respondem pelos significantes impactos ambientais associados com a seleção, uso e disposição de produtos feitos pelos consumidores. Precisamos educar projetistas de produtos, fabricantes, líderes de governo e consumidores sobre os impactos ambientais e sociais dos produtos e serviços disponíveis; ajudá-los a tomar decisões acertadas sobre compra, uso e descarte e, assim, aumentar a participação no mercado de produtos e serviços sustentáveis. (tradução nossa)

75Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 74: livro Ciesp - Campinas

Estudante do Sesi, Dandara Beatriz Belizario da Silva, 4 anos, em evento aberto sobre Sustentabilidade do DMA Ciesp-Campinas, Semana de Meio Ambiente, Junho de 2008.

de transferências de tecnologia e aproveitar as oportunidades econômicas já verificadas na ge­ração de energia por fontes renováveis. É com o entrosamento entre o governo, o setor privado e a sociedade civil que a importância estratégica da Inovação será reconhecida."

José Ricardo Roriz Coelho, Empresário, Diretor -Titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia da FIESP.

É neste contexto de história, ao mesmo tem-

po crucial e decisivo, desolador e promissor, de

caos e de possibilidades - que o com promisso de

cada indivíduo, de cada liderança e de cada orga-

nização poderá fazer a diferença, a transforma-

ção positiva.

Assim, esta breve Memória foi a maneira que

encontramos de valorizar um passado de pes-

soas, de organiza ções e, também, de consolidar

nossa esperança em continuarmos a servir de

inspiração, para que se renove, perpetuamente,

o compro misso de cada um com a Sustentabilida-

de, no pre sente e no futuro.

Por outro lado, é preciso reconhecer que a

sociedade contemporânea construiu instrumen-

tos e é potencialmente detentora de meios que

a credenciam ao êxito no enfrentamento deste

momento de crise. (“crise” em chinês).

No segmento empresarial, as oportunidades

na era da economia do baixo carbono apontam

para di versos caminhos e o Brasil não pode se es-

quivar de se pronunciar proativamente no debate

em relação às as saídas para esta nova era, desde

a inovação tecnológica, sustentada por fontes e

energias lim pas, ao espaço a ser exercido por en-

tidades como o sistema Fiesp/Ciesp/Sesi/Senai/

IRS no estímulo e na proposição de ações e de

processos amplos e contí nuos de mudança para

a Sustentabilidade. É fato que o setor industrial

tornou-se um dos mais importantes agentes no

pro cesso e que sem semelhante exercício do

setor público, por meio de subsídios que garan-

tam o retorno a investimentos e que estimulem

ganhos de produtividade, dificilmente a nação

avançará em uníssono a um novo patamar de

desenvolvimen to limpo.

"O País do futuro deve ser competitivo e Am­bientalmente Sustentável e, para que isso ocorra, é preciso investir em inovação. A empresa só gera inovação quando há políticas de Estado de longo prazo para educação e desenvolvimento, além de uma estratégia de fortalecimento da capacidade produtiva. Às entidades representativas cabe a interface entre a área pública e a privada, para que seja possível uma governança capaz de es­timular e de cobrar resultados de ambas as par­tes. Ademais, o Brasil deve evitar a dependência

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Considerações Finais: Sustentar o Compromisso

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO76 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 75: livro Ciesp - Campinas

SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

Luiz Granzotto/PMC

Velhas Árvores(Olavo Bilac)

Olha estas árvores, mais belas

Do que as árvores moças, mais amigas,

Tanto mais belas quanto mais antigas,

Vencedoras da idade e das procelas...

O homem, a fera, o inseto, à sombra delas

Vivem, livres da fome e de fadigas:

E em seus galhos abrigam-se as cantigas

E os amores das aves tagarelas

Não choremos, amigo, a mocidade!

Envelheçamos rindo. Envelheçamos

Como as árvores fortes envelhecem,

Na glória de alegria e da bondade,

Agasalhando os pássaros nos ramos,

Dando sombra e consolo aos que padecem! “Seo Rosinha”: Jequitibá-rosa de aproximadamente

180 anos que reina no Paço Municipal de Campinas.

Velhas Árvores

Contato e informações:Departamento de Meio Ambiente do Ciesp-Campinas

[email protected] 3743 2206/3743 2200

www.ciespcampinas.org.br

77Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 76: livro Ciesp - Campinas

Nossa trajetória registrada nos encartes do DMA...

MEMÓRIA DE UM COMPROMISSO

20022002

20032003

20042004

20052005

20062006

20072007

20082008

78 Departamento de Meio Ambiente - Ciesp-Campinas 2002 - 2008

Page 77: livro Ciesp - Campinas
Page 78: livro Ciesp - Campinas

Em Março de 2002, foi criado o Departamento de Meio Ambiente (DMA) do Ciesp-Campinas.

No momento em que o mercado e o ambiente sinalizavam sobre a impor tância de se considerar a questão ambiental no planejamento de negó­cios­sustentáveis,­a­criação­do­DMA­objetivou­viabilizar­um­espaço­no­qual­representantes­de­empresas,­instituições­e­sociedade­pudessem­se­conhecer,­discutir­seus­desafios,­identificar­interfaces­comuns­e­propor­encaminhamentos.

Mais do que isso, o DMA tem elaborado e implementado encontros, projetos e parcerias reconhecidos e premiados no Estado de São Paulo. A meta em sido sempre o fomento a Negócios Sustentáveis, assim como o fortalecimento­das­ações­de­excelência­socioambiental,­para­as­empresas­paulistas­e­as­instituições­parceiras.

Tendo­completado­seis­anos­de­existência­em­2008,­a­intenção­desta­obra­foi­deixar­registrada,­para­toda­a­sociedade,­no­ano­de­comemora-ção dos 60 anos do Ciesp-Campinas, a Memória de um Compromis so: os esforços,­as­iniciativas,­as­ações­e­as­contribuições­das­pessoas,­empresas­e­instituições­que­protagonizaram­esta­história.

Ao­apresentar­as­razões­e­os­meios­que­fizeram­da­promoção­de­Ne-gócios Sustentáveis um pilar essencial na história do DMA, mais que pres-tar­contas­às­empresas­associadas,­este­trabalho­teve­o­propósito­de­esti-mular­iniciativas­e­promover­ações,­tanto­para­a­comunidade­empresarial­quanto para todos os agentes indutores de Sustentabilidade.

Realização:

Compromisso Ambiental Promovendo Negócios 6anos

Este­livro­foi­produzido­com­Vitopaper:­um­papel­sintético­feito­a­partir­de­plásticos­reciclados­pós-consumo,­conferindo-lhes­um­nobre­destino.­Leve,­resistente­e­infinitamente­reciclável,­este­é­um­novo­papel­da­indústria.­Um­exemplo­de­Sustentabilidade­Empresarial­e­Inovação em uma tecnologia 100% nacional e inédita no mundo.

Patrocínio: