Livro Comunicação, Tecnologia e Cultura de Rede

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E-book produzido pelos pesquisadores do Grupo de Pesquisa TECCRED, do Programa de Mestrado da Cásper Libero. Reúne nove artigos de pesquisadores do campo da Comunicação e Tecnologia, refletindo a trajetória multidisplinar do grupo.

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Walter Teixeira Lima JuniorOrganizadorWalter Teixeira Lima JuniorOrganizadorCapas e Ilustraes: Ldia Zuin.Reviso: Amanda Luiza, Murilo Machado e Tiago Agostinho.Editorao Eletrnica e Projeto Grfco: Erica Peroni e Thais Aux.Organizado por: Prof. Walter Teixeira Lima JuniorLicena Creative CommonsRealizao:A obra Comunicao, Tecnologia e Cultura de Rede est licenciada sob uma Licena Creative Commons. Atribuio: Uso no-comercial - Partilha nos mesmos termos 3.0 Brasil. Com base na obra disponvel em: livroteccred.blogspot.comPara ver uma cpia desta licena, visite:http://www.livroteccred.blogspot.comGrupo de Pesquisa em Comunicao, Tecnologia e Cultura da Rede.Programa de Ps-Graduao em Comunicao da Faculdade Csper LberoDados Internacionais de catalogao na publicao (CIP)Comunicao, tecnologia e cultura de rede. - So Paulo: Momento Editorial, 2011.303 p.ISBN 978-85-62080-06-71. Jornalismo2. Colaborao3. Narrativa Visual4. Tecnologia5. Convergncia6. Marco Regulatrio 7. Internet. Lima Junior, Walter Teixeira.ApresentAo Oprimeiroe-bookdoGrupodePesquisaTecnologia,ComunicaoeCultura de RededoProgramadeMestrado da Csper Libero reflete a trajetria multidiscipli-nar do grupo desde que foi criado em 2006.Com o objetivo de analisar a evoluo e os processos tecnolgicos, os seus impactos e a sua organizao em uma sociedade informacional conectada, tendo como foco a relao entre comunicao, tecnologia e cidadania, o Teccred tem como meta captar o cotidiano em mutao, emvirtudedastransformaessociais,culturaisecomportamentais,impetradaspelas tecnologias digitais conectadas, pesquisando os processos de governana informacional, as redes sociais, as mdias sociais, as prticas colaborativas, o udio visual multimdia interativo, as mudanas nos direitos individuais e coletivos, a mobilidade, as interfaces digitais e os games.OTeccredformadoporprofessores-pesquisadoresealunosdaps-graduao daFaculdadeCsperLbero;professores-pesquisadoresealunosdagraduaoda Faculdade Csper Lbero; professores-pesquisadores da Linha de Pesquisa 1: Tecnologia eComunicaodoCIP(CentroInterdisciplinardePesquisa)daFaculdadeCsperLbero epesquisadoresdeoutrasinstituiesdepesquisaeorganizaesdasociedadecivil. Atualmente,possuiprojetoapoiadopeloCNPq,oNeofuxo,quetevecomo objetivoprincipalidentifcarocomportamentodofuxoinformacionalnasredessociais duranteoprocessoeleitoraldaseleioesmajoritriasde2010.Osresultadosiniciais etodasinformaessobreoprojetopodemserconferidasnowww.neofuxo.net. Almdestapesquisa,ogrupopossuioutrasduasemandamento,WebSocialTVe HiperlocaleRelevnciadaInformaonoendereodogrupo,www.teccred.net. Como fruto das pequisas de Mestrado, da Especializao e da Graduao, a publicao eletrnica rene nove artigos de pesquisadores do campo da Comunicao e Tecnologia que foram divididos em trs temticas: Jornalismo: colaborao e narrativa visual; Humanos e sistemas computacionais: uma relao tecnolgica; Regulao e desafos tecnolgicos.Acredito que o e-book do Teccred seja uma excelente publicao para quem deseja ter um panorama, sobre as conexes entre Comunicao e Tecnologia, que no passe por ques-tes ideolgicas ou ligadas a hipteses tericas que no tem o menor respaldo na realidade.Aproveitoparaagradeceraosautoresqueconcordaramemcederosseus direitosLicenaCreativeCommons,aLiaRibeiro(EditoraMomentoEditoral);a LidiaZuin(ilustraes);AmandaLuiza,MuriloMachadoeTiagoAgostinho(reviso); aricaPeronieThaisAux(editoraoeletrnica);AndrRosaePriscillaAdaime (divulgao).Essa,portanto,umaobracoletivaquereproduzoespritodacincia.Walter Teixeira Lima JuniorCoordenador do TeccredSumrioJornAlismo: colAborAo e nArrAtivA visuAlMinha Notcia, iReport e OhmyNews: modelos de cooperao ou colaborao no Jornalismo Digital?Rafael Sbarai Santos Alves12O internauta produtor de notcia nas mdias sociais: a participao do pblico como um diferencial do jornalismo feito na internetLusa Gonalves Brito40Histrias em telas: A narrativa da galeria de fotos na webAretha Martins73HumAnos e sistemAs computAcionAis: umA relAo tecnolgicAMdias digitais inteligentes em um novo patamar da comunicao homem-mquinaWalter Teixeira Lima Junior e Renata Reche Simon Peppe 106A relao homem-mquina e a cooperao nas redesRafael Vergili141Wired Protocol 7: um estudo sobre Serial Experiments Lain e a alucinao consensual do ciberespaoLidia Zuin176regulAo e desAfios tecnolgicosOs desafios da implantao da IPTV no BrasilDilia de Carvalho Graziano209Convergncia de mdias, demanda por nova regulao e riscos de controle na internetLia Ribeiro Dias243EXPERIMENTAL RE:COLETIVO: Por uma outra diviso do trabalho na produo do filme publicitrioMarcos Ryo Hashimoto 266JornAlismo: colAborAo e nArrAtivA visuAlJORNALISMO: COLABORAO E NARRATIVA VISUALMinha Notcia, iReport e OhmyNews: modelos de cooperao ou colaborao no Jornalismo Digital?Rafael Sbarai Santos AlvesMestre em Tecnologia e Mercado (Faculdade Csper Lbero)E-mail: [email protected]>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_ResumoEsteartigotratadaevoluodosmodelosdecooperaooucolaboraopormeiodousode plataformastecnolgicaseanalisaosmodelosdeparticipaodoscanaisdestinadoscontribuio docidado-reprterMinhaNotcia,doportaliG,iReport,darededetelevisonorte-americanaCNNe OhmyNews,daCoriadoSultrsseesdigitaisanalisadasnadefesadedissertaodemestrado Compreensodaconstruodocidado-reprterporintermdiodosmodelosdecolaboraoem ambientesjornalsticosestruturadosemtecnologiasdigitaisconectadas,naFaculdadeCsperLbero.Palavras-chave: cooperao; colaborao; Jornalismo Digital; Jornalismo Colaborativo; cidado-reprter.AbstractThis paper discusses the evolution of models of cooperation or collaboration through the use of technology platforms and analyzes participation patterns of the channels for the contribution of the citizen-reporter Minha Notcia, from iG, iReport, network television U.S. CNN and OhmyNews, South Korea - three digital sections analyzed in the defense of dissertation Understanding the construction of the citizen reporter through the collaboration models in structured environments journalistic connected in digital technologies, in Faculdade Casper Libero.Keywords: cooperation; collaboration; Digital Journalism; Collaborative Journalism; citizen-reporter.14>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_Ohomemessencialmenteumsersocialquenecessitadeinteraoparadiscursar, questionar, ouvir pontos de vistas e refetir, com a premissa de ampliar a autonomia do seu pensamento e, claro, buscar novos rumos sociais. Uma das questes mais intrigantes compreender o que faz o ser humano escolher uma opo entre as diversas perspectivas que lhe so oferecidas.A importncia de participar e contribuir para um produto fnal percebida no campo da psicologia por Vygotsky (1978) no sentido em que enfatiza a dialtica entre sociedade eoindivduo.Esteprocessofundamentalparaainteriorizaodoconhecimento,que gerado e construdo conjuntamente com uma ou mais pessoas, exatamente porque se produzehumfuxodeideiascasuais,isoladasouintencionais.Contudo,talprtica possibilita a criao implcita de uma rede, uma relao colaborativa ou cooperativa, que pressupe questionamentos que transcendem o processo de conhecer.Os movimentos que percorrem toda a ao coletiva so inquietaes constantes no s na sociologia, mas tambm na comunicao. Segundo Antoun (2006, p.11), as questes 15>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_envolvem os meios de comunicao na medida em que eles transformam os modos como pessoas colaboram, sobretudo se as maneiras como elas vem a si mesmas e as vem. Emumasociedadeemredeinterconectada(CASTELLS,2000),oaparecimento vertiginosodenovastecnologias,aliadoaoaperfeioamentodastelecomunicaes, permitem que o acesso rede mundial de computadores coloque nos dedos instrumentos necessrios para dialogar, colaborar, criar valores e, principalmente, competir. Desde ento, as facilidades e fexibilidades proporcionadas provocaram reformulaes depensamentoseconceitos.Jornalistasencontramespaosilimitados,facilidadede ampliar contedos e conhecimento, elasticidade no momento de informar e, claro, uma interaojamaisvistaentreoantigoconsumidordeinformaoeumprofssionalde comunicao. No entanto, se engana quem diz que o processo em contribuir para uma informao em veculos de comunicao apenas existiu com a internet. Na prtica, a web apenas potencializou esse artifcio. 16Graas s novas tecnologias de informao e comunicao, os conhecimentos podem circular independentemente do capital e do trabalho. Porm, ao mesmo tempo, esses conhecimentos nascem e se difundem por heterognese (ou seja, ao longo de trajetrias desenhados por aportes criativos cumulativos, cooperativos e largamente socializados) nos contextos de produo e uso. por isso que se pode falar a justo ttulo de produo de conhecimento por conhecimentos, o que traduz e denota a ideia de que se passa de um regime de reproduo a um regime de inovao (WEISSBERG in COCCO et al, 2003, p.27).Para tanto, o presente artigo se baseia na dissertao de Mestrado Compreenso da construo do cidado-reprter por intermdio dos modelos de colaborao em ambientes jornalsticosestruturadosemtecnologiasdigitaisconectadas1,doprogramadePs-1 A pesquisa baseou-se no estudo de trs canais de participao na web Minha Notcia, do portal iG, iReport, da CNN e o OhmyNews. No primeiro dia de agosto de 2010 perodo em que j havia concludo a dissertao a seo on-line decidiu modifcar o trabalho de colaborao que o consagrou desde o nascimento virtual, em 2000, por no atender a demanda enviada por seus cidados-reprteres em todo o mundo. Desde ento, OhmyNews se considera o centro de conversao global do JornalismoColaborativo.Noentanto,ositeseguenoar,comtodasasantigasfunese,portanto,permaneocomosua avaliao por ser de referncia no segmento de estudo.17Graduao Stricto Sensu da Faculdade Csper Lbero, para compreender se a participao do cidado-reprter2 em um contedo informativo faz parte de um processo de cooperaoou colaborao, termos que j serviram como sinnimos, mas possuem divergncias conceituais que podem ajudar a explicar processos de participao no Jornalismo Digital3.2SegundoSBARAI(2010:73),cidado-reprterotermoqueseaproximaprticaquedesempenhadaemsees on-line colaborativas: a informao. Por cidadania, Marshall (1973) entende como pertencimento pleno a uma comunidade. Pertencimento,porsuavez,implicaparticipaoeinteraodosindivduosnadeterminaodascondiesdesuaprpria associao. Portanto, cidadania uma posio que garante s pessoas direitos e deveres semelhantes, liberdades e restries, poderes e responsabilidades todas, sem exceo, caractersticas que so exercidas por um cidado-reprter. A criao de um contedo exige compromisso. Reportagem expe uma situao e interpreta fatos; possui um carter de responsabilidade bem maior que produtor de contedo, caracterstica digna de referncia, mas que possui um esprito de primeira pessoa.3Atribui-seaoJornalismodigitaltodaaproduodoseventoscotidianosestruturadasegundoprincpiosespecfcosao ambiente das redes telemticas por onde circularo os contedos veiculados a partir de diferentes formatos e com atualizao contnua,atravsdaWWW,dasintranets(asredesinternasdasempresas),dasaplicaesbaseadasemWAP(Wireless Application Protocol) e de outros dispositivos tecnolgicos integrantes do chamado ciberespao (Barbosa, 2002, p.11). Tanto o contexto de Jornalismo on-line, ciberjornalismo, quanto webjornalismo no envolvem esferas fora da rede Jornalismo digital j engloba processos da mobilidade, como no caso o WAP. Os termos em destaque no abordam quais dispositivos o jornalismo apresentado e desenvolvido. Salaverria (2005, p.21) defende, por exemplo, o termo ciberjornalismo como a especialidade do jornalismo que usa o ciberespao para investigar, produzir e difundir contedos jornalsticos. Mielniczuk (2003, p.27) destaca oJornalismoon-lineumaprticaqueenvolvatecnologiasdetransmissodedadosemredeeemtemporeal,enquanto WebJornalismo diz respeito utilizao de uma parte especfca da internet.18Processos de cooperao e colaboraoCastelfravistanchi, Henrich, Henrich e Tummolini (2006, p.221) empregam a cooperao para analisar, sob aspecto antropolgico, a cultura e evoluo do comportamento do ser humano. Segundo os autores, o termo exemplifcado e estruturado para benefciar uma ou mais pessoas. A cooperao ocorre quando indivduo provoca um custo pessoal para fornecer benefcios outirarproveitodealgoparaumaoumaispessoas.Custosincluemrecursoscomo dinheiro, tempo, trabalho e comida. A partir de nossas discusses, usamos de modo freqente o termo cooperao como ajudar o prximo, mas atos cooperativos no se limitamaisso.Interaescooperativasacontecemempares,pequenosougrandes grupos, e podem ocorrer entre amigos, parentes ou estranhos4.4Traduoprpria:Cooperationoccurswhenaindividualincursacostinordertoprovideabeneftforanotherpersonor people. Costs include things that relate to genetic ftness like resources (e.g., money, time, labor, and food). Through-out our discussions we often refer to cooperative acts as giving help - but cooperate acts are not limited to giving help. Cooperative interactions take place within pairs, small groups or large groups, and can occur among friends, relatives or strangers.19AcooperaotambmumelementofundamentalparaadescriodaTeoriados Jogos. O conceito de razes econmicas5 busca desenvolver pensamentos sobre tomadas dedeciso(VONNEUMANN;MORGENSTERN,1944).Dedica-seaodesenvolvimentode formulaesmatemticasparaanalisarcomportamentodepessoasemsituaesde confito. Os jogadores possuem estratgias para alcanar objetivos aumentar ganhos ou diminuir perdas. Ao contrrio de uma deciso unilateral, leva-se em conta resolues de outros agentes envolvidos, o que contribui para a compreenso da cooperao estratgica de cada ser humano.A manifestao de maior destaque da Teoria dos Jogos o Dilema dos Prisioneiros. Axelrod(1984)descreveaTeoriadaCooperaoapartirdeexperimentoseestudos envolvendo jogos semelhantes ao Dilema dos Prisioneiros, criado pelos matemticos norte-americanos Melvin Dresher e Merril Flood em 1950 para testar a ideia de equilbrio de John Nash. Kreps (1990, p.32) explica a dinmica do jogo:5 Em, 1928, o matemtico hngaro naturalizado norte-americano John von Neumann, responsvel tambm pela criao da arquitetura bsica de um computador, publicou um artigo que estabelecia os primeiros rascunhos de uma teoria cientfca em lidarcomoconfitohumanomatematicamente.Posteriormente,vonNeumannpublicaem1944olivroTeoriadosJogose Comportamento Econmico, trabalho que estabelece a Teoria dos Jogos como campo de estudo. 20>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_A polcia capturou dois indivduos suspeitos de um crime (e que de fato o cometeram juntos). Mas a polcia no possui a prova necessria para conden-los, devendo libertar os dois prisioneiros, a menos que um deles providencie tal prova contra o outro. Ela (a polcia) os tem em celas separadas e faz a seguinte oferta: acuse seu colega. Se nenhum de vocs acusarem ao outro e no for acusado, ns libertaremos o primeiro e levaremos o segundo para o juiz que dar a pena mxima permitida por lei. Se vocs seacusaremmutuamente,iropresos,masojuizserpiedosoemfunodesua cooperao com as autoridades. (Kraps, 1990, p.32)Axelrod (1984) organizou dois torneios de computadores e convidou especialistas em Teorias de Jogos e amadores para inscreverem programas na disputa. Primo (2005, p.6) mostra seu funcionamento:A cada programa seria fornecido o histrico das interaes passadas, para que pudesse serutilizadanadefniodaprximaao.Noprimeirotorneioforaminscritos14 programas,desenvolvidosporpesquisadoresdeeconomia,psicologia,sociologia, cinciapolticaematemtica.Oprogramaquevenceuoprimeiraediodoevento foi TIT FOR TAT (olho por olho), o mais simples de todos os inscritos. Ele seguia uma pequena regra: cooperar em seu primeiro movimento e repetir a estratgia do outro 21>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_jogadoremtodassuasprximasaes.Todososresultadosforamdivulgadoseum segundo torneio foi realizado, desta vez com 62 candidatos. Mais uma vez TIT FOR TAT venceu a competio, mesmo que seu funcionamento e o histrico de sua participao noprimeiroeventofossemplenamenteconhecidosportodosospesquisadorese programadores (Primo, 2005, p.6).O resultado serviu para comprovar como o altrusmo recproco explica a cooperao entre agentes egostas que vislumbram o auto-interesse em busca da prpria sobrevivncia e reproduo.Para Axelrod (1984), Dilema dos Prisioneiros mostra que as escolhas de estratgias de jogo diferem do pensamento econmico libertrio a busca por interesses prprios pode serautodestrutiva.Nocasoexemplifcado,ofuturodosindivduosnodependeapenas de si. A cooperao mtua apresentada como a soluo mais segura (Axelrod, 1984, p.126).Na Cincia Cognitiva, Matusov e White (1996, p.2) buscam o conceito participativo de um sistema sociocultural e usam o termo open colaboration para um tipo de trabalho 22compartilhadoentreduasoumaispessoascomprincpiosdeobterconhecimentoe aprendizadoemumambienteseguroaosparticipantes6.Paraosautores,esteconceito busca uma atividade comum entre membros de uma comunidade que desenvolvem metas globais para resolver problemas locais, impulsionado por esforos, respeito e integrao. Conforme explica o quadro a seguir, a expresso a nica dentre os tipos de atividades conjuntas colaborao fechada, cooperao, diviso de trabalho e competio que possui engajamento mtuo de participantes.6 Traduo prpria: Open Collaboration as a type of working together that provides shared ownership for joint activity and promotes opportunities for learning in a safe environment for all participants.23>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_Quadro 1. Comparativo entre colaborao, open collaboration e cooperao.Table 1. Open collaboration na some other types of joint activity with different areas of participants mutual engagementTypes of joint activityParticipants mutual engagement indevelopment of Solving localDeliberate integration of effortsRespect for peoples agency for actionsEfforts for integration of the activity with other aspects of participants lifeglobal goals problemsOpen collaboration yes yes yes yes yesClosed (pseudo) collaborationyes yes yes no noCooperation no yes yes yes or no noDivision of Labor yes or no no yes yes or no yes or nocompetition no yes no yes or no no24>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_No mbito da Educao, Piaget (1973) aborda a cooperao quando h uma coordenao e encontro de pessoas com pontos de vista diferentes e pela existncia de regras autnomas de condutas fundamentais no respeito recproco. Na Psicologia, Vygotsky (1978) explica que a colaborao entre pares acontece de forma no-hierrquica e contribui no desenvolvimento para solues de problemas. Segundo o autor, a linguagem e a comunicao so fundamentais na estrutura do pensamento para promover uma discusso.Entre todos os posicionamentos, percebe-se que o conceito de cooperao complexo, restrito, extremamente direcionado a um grupo e com um custo para que se possa benefciar umaoumaispessoas.Acolaborao,porsuavez,possuiumaposturadetolernciae um processo de negociao constante em busca de um produto fnal. Percebe-se que, na cooperao, necessrio ter aes conjuntas e coordenadas, com custos (dinheiro, tempo ou trabalho) e o processo no visto individualmente (o conceito do conjunto prevalece sobre o esforo pessoal), enquanto na colaborao h uma interao mtua ou unilateral descentralizada. Enquanto cooperao descrito como uma diviso de trabalho na qual cada um responsvel por parte da soluo de um problema, a colaborao compreendida 25>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_como um engajamento mtuo dos participantes, com um nico fm resolver pendncias e problemas (ROSCHELLE; TEASLEY, 1995). Em um dos ltimos estudos da dcada de 80 na rea de informtica, Bair (1989, p.17) explica e aborda a sutileza entre os dois termos. A colaborao uma comunicao interpessoal e pressupe que indivduos trabalhem juntos e com um mesmo objetivo, porm pessoas so avaliadas individualmente. J a cooperao a comunicao em que no existe mais o conceito de indivduo, mas o de grupo. Modelos de participaoMinha Notcia: A seo destinada participao do cidado-reprter faz parte de uma srie de produtos do iG, portal fundado no dia 09 de janeiro de 2000 e que j se envolveu em duas negociaes em menos de cinco anos. Em maio de 2004 quatro anos aps seu nascimento na Web foi adquirido pela Brasil Telecom, empresa de telecomunicaes originada da privatizao da Telebrs. Na poca, adotou-se um novo logotipo e nome: de Internet Grtis para Internet Generation e, posteriormente, para Internet Group. A fuso com os portais iBest e BrTurbo 26>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_acontece em 2006, aps consolidao e fxao da BrT ao grupo. Desde janeiro de 2009, o iG passou a fazer parte da Oi, operadora fundada no Brasil em 2002 pela antiga Telemar e que, desde maio de 2008, adquiriu a Brasil Telecom.Atualmente, presidido por Fbio Coelho, o iG um dos portais que mais incentivam a produo do cidado. Com a poltica O Mundo de quem faz, iG ampliou seus espaos virtuais com abertura de comentrios a todas as notcias, acrscimo na estrutura de blogs, almdeexpandiroMinhaNotcia,canalcolaborativocriadoemjulhode2006.Doseu nascimento virtual at junho de 2009, o Minha Notcia era a nica seo de participao com um espao fxo na pgina principal do portal. Desde ento, o Minha Notcia perdeu visibilidade e virou apenas uma seo na barra lateral esquerda da capa do portal.A seo no informa, em seu site ofcial, a existncia de um profssional do Jornalismo para editar e/ou avaliar contedos enviados pelos interagentes. No entanto, este personagem existe e essencial para a evoluo e prosseguimento da seo on-line. As informaes produzidas pelos cidados-reprteres so checadas, conforme explica Hassegawa (2010, 27s.p)7,editordocanal.Humprocessodeseleodecontedos.Duranteoprocesso depublicaodocontedo,oprofssionalresponsvelpelareamantmcontatocomo cadastrado ao site. Diz Hassegawa: sempre h um feedback com o interagente ao publicar o contedo. O processo de checagem feito na redao. De porteiro, o jornalista passa-se a um vigilante, no qual deve desempenhar o papel de monitorar o trfego e fuxo de dados. No caso, sai de cena a necessidade de descartar notcias por falta de espao.AgerentedeprojetosWeb2.0doiG,MarcelaTavares,ressaltaquecadacanal destinado participao do interagente possui seus princpios e, que no, caso do iG, h menor interferncia editorial.Isso um caso especfco do Minha Notcia e de tantos outros servios destinados ao JornalismoColaborativo.Otrabalho,porexemplo,doDanielapurareeditar.Mas isso,maisumavez,dependedoformatodoambientevirtual.Hexemplosnopas em que o prprio jornalista alimenta o contedo produzido pelo usurio. Logo, h uma interferncia maior, sendo editorial ou no, do veculo. Modelos existem e todos so respeitados. (HASSEGAWA; TAVARES, 2010)7 Entrevista concedida durante produo da dissertao, em junho de 2010.28>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_OhmyNews Fundado em 22 de fevereiro 2000 pelo sul-coreano Oh Yeon Ho, OhmyNews considerado umadasmaisbem-sucedidaspropostasparticipativasenvolvendoojornalismo.Todoe qualquercontedopublicadonoambientevirtualquepossuiediesemsul-coreano, japons e ingls produzido por um cidado-reprter. De setembro de 2007 a janeiro de 2009, segundo comunicado ofcial do site, apenas as matrias que fossem publicadas em sua pgina principal seriam remuneradas. Desde o ms de fevereiro de 2009, o ambiente virtual colaborativo premia mensalmente o cidado-reprter que produz o melhor contedo eoquegeramaistrfegoentenda-seaudincia.Ospagamentosvariamentre200e 300 dlares. Segundo editores do OhmyNews, a restrio aos pagamentos por contedo produzido por usurios amplia a qualidade global da informao e aumenta a competitividade por um lugar de destaque.Com dez anos de existncia, o OhmyNews um dos servios colaborativos destinados aoJornalismocommaiorrigidezparaoingressoeconstruodecidados-reprteres. Todas as matrias do espao so escritas por cidados, de todo o mundo, e antes mesmo 29>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_dapublicaosoeditadosoucorrigidosposteriormenteporjornalistas.Aempresa compostaporumconselhoeditorialde65profssionaisdacomunicao,queanalisam everifcamminuciosamenteasmatriasescritaspeloscolaboradores.Eessachecagem envolve trocas de e-mails sobre dados e informaes, ao passo em que mnimos detalhes das informaes so denunciados e mostrados ao responsvel pela matria. O processo de fltro um dos traos caractersticos defendidos e utilizados nos oito anos de existncia do site.iReport (CNN) A CNN (Cable News Network) uma das mais famosas redes de televiso norte-americana que transmite informao para o mundo todo a partir de correspondentes e reprteres 24 horas por dia. Pertencente ao grupo Time Warner, CNN foi fundada em 1 de junho de 1980 por Ted Turner, um ex-iatista e, hoje, um dos maiores scios do grupo que envolve seu veculo de comunicao.30Ao todo, a rede de televiso norte-americana conta com quatro mil profssionais, onze agncias nos Estados Unidos e 23 em todo o mundo. No Brasil, a CNN est presente nas cidades de So Paulo e Rio de Janeiro. Alm da transmisso pela televiso, a rede possui duasrdios,12sitesedoisoutroscanaisemversoespanhola.Segundopesquisado instituto Nielsen de junho de 20108, CNN um dos trs canais de maior popularidade nos Estados Unidos.Desde 13 de fevereiro de 2008, a CNN possui um canal virtual colaborativo na internet: oiReport.Ainiciativa,quecontacomaproduodeimagensevdeosporcidados-reprteres do mundo todo, foi desenvolvida a partir de um programa da CNN o Fans Zonequepromoviaacontribuioudio-visualduranteadisputadaCopadoMundo de 2006, na Alemanha e custou 750 mil dlares aos cofres da empresa pela aquisio do domnio http://iReport.com. OiReportnocontacomumfltrodeseleodecontedos.Portanto,qualquer informao produzida estar publicada e presente na seo on-line participativa. O meio 8EstudodoInstitutoNielsen:. Data do acesso: 10 jan. 2009.31>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_ressalta que os prprios cidados-reprteres so donos do prprio contedo, o que garante a iseno da CNN, caso exista informaes enganosas.Um caso emblemtico e que repercutiu aps uma produo de contedo no canal colaborativo da CNN foi a suposta morte de Steve Jobs, cofundador da Apple. No dia 03 de outubro de 2008, um usurio cadastrado no servio como Johntw anunciou o falecimento de Jobs. O contedo foi rapidamente propagado na internet, j que na poca o empresrio passava por problemas de sade. Houve at uma queda de 5,4% das aes da Apple na bolsa eletrnica Nasdaq depois do boato de ataque cardaco do empresrio. Horas aps o falso anncio, a Apple emitiu um comunicado em seu site ofcial desmentindo qualquer informao e exigindo a retirada do contedo, j que o registro provocou turbulncia no mercado fnanceiro. O iReport eliminou o cadastro de Johntw e retirou o contedo do ar. Aps este fato e a marca de 15 mil contribuies por ms, o iReport decidiu colocar uma espcie de selo On CNN s contribuies de cidados-reprteres que so consideradas importantes e, consequentemente, ganhariam destaque na programao tradicional da emissora. Todos os contedos que possuem este carimbo de autenticao da CNN foram checados, revisados e confrmados pela equipe editorial que 32>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_coordena o site colaborativo. Qualquer pessoa que viole um dos princpios estabelecidos pelos termos de uso pode ser excluda do iReporters grupo de participantes do site.Paraaescolhadoscontedosparticipativosquefaropartedaprogramaoda emissora, uma equipe de jornalistas monitora vdeos e fotos postadas durante o dia e faz a coleta e seleo sem especifcar critrios de avaliao, mas geralmente os materiais que sodivulgadossoosdemelhorqualidadeequefaamdebatesenvolvendoassuntos regionais. Durante o processo, no h dilogo virtual entre produtor de contedo e o responsvel pela seleo de notcias.Caractersticas dos sites de participao do cidado-reprterApesardetodossemexceocumpriremamissodeincentivaregerarproduo participativa do cidado-reprter, cada site contm peculiaridades vitais para a motivao epermannciadointeragentecomocolaboradordaseoon-line.Aversoemingls doOhmyNews,porexemplo,onicoquepermiteoenviodetextos,fotosevdeos todosmoderadosporumaequipedejornalistassendoqueexisteumarecompensa 33>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_fnanceira pelo contedo publicado. No Minha Notcia, o cenrio parecido, com exceo ao pagamento do contedo publicado. J o iReport, da CNN, s recebe informaes multimdia produzidas em fotos ou vdeos. A moderao e edio de contedo o fator essencial para tentar compreender se existem modelos de colaborao ou cooperao nas sees on-line, conforme explica o quadro a seguir:Quadro 2. Caractersticas dos sites Minha Notcia (iG), iReport (CNN) e OhmyNews.sites estudadosCaractersticasPermite o envio de textosPermite o envio de fotosPermite o envio de vdeosModerao e edio do contedoPagamento por contedo produzidoMinha notcia (iG)Sim Sim Sim Sim NoiReport (CNN) No Sim Sim No NoOhmyNews Sim Sim Sim Sim Sim34>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_Consideraes finaisO modelo de participao descrito nas sees on-line permite inferir que um cidado-reprter nosdefnidocomoaquelequecolaboracomaproduodasnotcias,mastambm como um perfl que acompanha repercusso, validao, ou rejeio do contedo conforme oresponsvelpelaseoon-lineeditainformaesecontexto.Ocidado-reprtersurge de um processo que no comea e nem termina apenas no envio de uma contribuio. No entanto, no so todos os servios disponveis na web que mantm esta poltica. Neste caso, acredita-se que o OhmyNews seja o nico - entre os trs sites avaliados com um espao propriamentedefnidocomocolaborativoportertrocasdeconhecimento,informaese dadoseforneceraointeragenteasensaodefazerpartedeumapublicaodigitalde notcias. O site criado na Coria do Sul o nico que prope interao frequente para checar informaes do contedo.Essa condio que lhe conferida permite levantar tambm a concluso que existem nomenclaturasquereduzemocidado-reprteraumafontedeinformaoeoutrasque expressam melhor o interagente com o desejo de compartilhar informao, de se fazer til. Oprprionomequedesignadopessoaqueproduzcontedoemumsitecolaborativo 35>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_possibilita inferir diferentes refexes entre quem coopera e colabora em ambientes jornalsticos estruturados por tecnologias digitais conectadas. Neste caso, perceptvel a diferena dos termos e como eles podem ser aplicados aos sites escolhidos. Em OhmyNews, h a efetiva colaborao, um processo que envolve participar, dialogar, avaliar, checar e validar. Portanto, h um compromisso do cidado conectado junto ao site, um sentimento explcito do cidado-reprter de alertar, desafar canais tradicionais ou sites de notcias.No Minha Notcia, do portal iG, essas caractersticas so tentativas de torn-lo um site com preceito de colaborao. No h o rigoroso trabalho desempenhado no OhmyNews, mas o canal ainda d sinais, paulatinos, do princpio de colaborar e no cooperar. Durante o processo de publicao de contedo, h a possibilidade de trocas de dilogo e conhecimento, sem a existncia de uma interao frequente por conta do nmero de contedos enviados pelos cadastrados no site. Neste caso, se percebe que ainda no h o princpio de colaborar, j que a idia da participao do cidado envolve um trabalho conjunto sem que os indivduos se dissolvam no grupo.Em iReport, da CNN, o interagente que envia vdeos ao site conhecido como iReporter uma pessoa que contribui com um contedo na seo sem o dever de checar a informao, 36>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_j que qualquer contedo produzido publicado na seo on-line. O modelo permite inferir que o compromisso de participar questionvel e subjetivo, j que o interagente ir participar com o conhecimento que no ter uma avaliao e validao do servio prestado. Os nveis de participao que so explcitos nas descries dos sites permite questionar se sees on-line como o iReport, da CNN, so colaborativas, j que no h nenhuma das caractersticas para a construo de um canal on-line participativo. Neste caso, a prtica se aproxima dos conceitos de cooperao entenda-se como uma contribuio pontual, sem verifcar e atestar o compromisso com a informao produzida. Portanto,oprprioformatodeumsitedestinadocontribuiocomseustermos deusoeprocessodepublicao-oferecepistaserastrosvirtuaisdoquenecessrio para ser um efetivo participante da publicao. Hoje, a internet interliga indivduos, fornece mecanismos e o direito de contribuir por um contedo informacional. Para ANDERSON (2006, p.52),ocomputadortransformoutodasaspessoasemprodutoreseeditores,masfoia internetqueconverteupessoasemdistribuidores.oimpriodoserhumanoagora conectado com o mundo.37>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_Referncias:ANDERSON, Chris. A cauda longa. Rio de Janeiro: Campus, 2006.ANTOUN,Henrique.Cooperao,ColaboraoeMercadonaCibercultura.RiodeJaneiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2006.AXELROD, Robert. The evolution of cooperation. 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Rio de Janeiro: DP&A, 2003.2O internauta produtor de notcia nas mdias sociais: a participao do pblico como um diferencial do jornalismo feito na internetLusa Gonalves BritoFormada em jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em 2003, concluiu a ps-graduao lato sensu em comunicao jornalstica pela Faculdade Csper Lbero em agosto de 2010. Atualmente trabalha como reprter do portal de notcias G1 da Rede Globo.41>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_ResumoO advento das tecnologias digitais e a facilidade de acesso internet possibilitam uma maior insero do pblico na veiculao de informaes de relevncia social. O internauta hoje produz contedo e divulga naredesemprecisardoavaldasgrandesempresasmiditicas.Ampliaraparticipaodopbliconos portais noticiosos vital para que o jornalismo feito na rede se mostre uma forma totalmente inovadora de veicular notcia e confgure uma ruptura defnitiva com os outros meios (impresso, radiofnico e televisivo). Palavras-chave: interatividade; internet; notcia; informao; pblico.AbstractThe rise of digital technologies and the easy access to the internet has enabled a greater integration of thepeopleinpublishingsociallyrelevantinformation.Today,thepublicisabletoproduceandpublish contentinthewebwithouttheapprovalofthebigmediacompanies.Increasingtheparticipation ofthepublicinnewsoutletsisessentialinmakingjournalismontheinternetacuttingedgewayof publishinginformation,breakingawaydefnitivelyfromothermedia(print,radioandtelevision).Keywords: interactivity; internet; news; information; public.42>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_O internauta como produtor de notciaA internet, como nenhum outro meio, potencializa a participao do pblico no processo noticioso. A possibilidade de uma maior interao ocorre, principalmente, pelas caractersticas do meio que, diferentemente de outros veculos, de mais fcil acesso e no possui uma delimitao rgida de espao.Com o advento das tecnologias digitais, a popularizao do computador, da cmera digital,dotelefonecelularquefotografa,flmaeenviamensagenseimagens,entre outros equipamentos tecnolgicos, os cidados comuns passaram a ter acesso a formas de publicao de contedo. Uma pessoa que presencia e registra um fato jornalstico ou que quer transmitir algo que julga importante para a sociedade passou a ter acesso mais rpido e fcil aos meios que possibilitam essa publicao. Quem quer divulgar algo pode montar um site, um blog ou at mesmo postar o contedo num portal colaborativo e deixar aquela notcia acessvel a todos. O internauta no depende do jornalista ou do dono de um determinado veculo para divulgar as informaes que deseja.43>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_Embora os meios impresso, televisivo e radiofnico contem com espaos de participao do pblico - como a seo de cartas enviadas por leitores -, a publicao do contedo feito pelo cidado comum depende da aprovao das pessoas que trabalham nesses meios. O leitor,telespectadorououvintenotemaliberdadededivulgaroquequiserequando desejar.Aredefacilitaaveiculaodeinformaesporcausadeumasriedefatores, como enumeram Primo e Trsel (2006):O maior acesso Internet e interfaces simplifcadas para publicao e cooperao online; popularizao e miniaturizao de cmeras digitais e celulares; a flosofa hacker como esprito de poca; insatisfao com os veculos jornalsticos e a herana da imprensa alternativa.Poroutrolado,astecnologiasdigitaistmservidocomomotivadorpara uma maior interferncia popular no processo noticioso. (Primo e Trsel, 2006, p.3)A ferramenta online possibilita a publicao de uma grande quantidade de informaes, pois,nomeioweb,oespaobaratoevasto,aocontrriodosoutroscomoimpresso, televisivoeradiofnico,nosquaisoespaoeotempo,respectivamente,socurtose caros. O custo para manter esses veculos alto e eles dependem do suporte de grandes 44>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_empresasparapodersesustentar.Jnainternet,qualquerpessoapodecriarumsite, umblog,umapginanumaredederelacionamentoecomearanoticiarfatoscomum custo baixo ou at mesmo sem ter de pagar nada. Sem falar na colaborao por meio de enquetes, e-mails enviados a jornalistas e comentrios postados em matrias.Ainternetdariaaosindivduososmeiostcnicoseeconmicosquelhesfaltavam para desenvolver iniciativas de jornalismo ordinrio; criar um jornal impresso demanda competnciaserecursosraros;adigitalizaodacaptao,doagenciamentoeda transmisso,baixaconsideravelmenteoscustosepermitemaoordinriotambm escapar da dominao dos profssionais sobre o jornalismo. (Ruelan, 2007)A interao do pblico na publicao de contedo vital para a efcincia da internet como meio de divulgar informaes jornalsticas. Segundo Costa (2006), interagir signifca permitir a no-profssionais da comunicao a comunicao on line e imediata entre si, e de forma pblica nunca mais restrita s sees de cartas da imprensa tradicional (Costa, 2006, p.8)45>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_A essa maior participao do pblico na veiculao de notcias os tericos do diversas nomenclaturas como jornalismo cidado, participativo, colaborativo, cvico, ordinrio, open source,entreoutros.Paraalgunsautores,comoSchwingel(2008),hdiferenciaes entre eles, mas o princpio bsico proporcionar formas de interao entre produtores e consumidores de informao, onde a audincia possui papel preponderante na formatao da produo informacional. (Schwingel, 2008, p.10). Ela cita que o jornalismo cvico surgiu a partir de aes de ativistas muito antes de a internet existir. J o jornalismo participativo, segundo a autora, foi criado no ciberespao com lgicas e processos sistematizados pelas ferramentas de publicao de contedo. O chamado open source, ainda conforme Schwingel (2008), teve sua origem no processo de desenvolvimento colaborativo dos softwares de cdigo aberto e de cdigo livre.Primo e Trsel (2006) preferem usar o termo jornalismo colaborativo e o defnem como prticas desenvolvidas em sees ou na totalidade de um peridico noticioso na Web, onde a fronteira entre produo e leitura de notcias no pode ser claramente demarcada ou no existe (Primo e Trsel, 2006, p.10). Por peridico noticioso, entendam-se sites, pginas, 46>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_portais, entre outros, com objetivo de divulgar informaes de relevncia social e no s portais jornalsticos de grandes corporaes. Esses diversos espaos nos quais o internauta pode participar do processo noticioso com fns informativos tambm so conhecidos como mdia social. De acordo com Lima Jnior (2009b), o que difere a Mdia Social das mdias tradicionais o nvel de interatividade, poisosusuriospodemparticiparativamente,inserindocontedos,comentrioseat editando. (Lima Jnior, 2009b, p.7)mdiaSocialumformatodecomunicaomediadaporcomputadorquepermitea criao,compartilhamento,comentrio,avaliao,classifcao,recomendaoe disseminaodecontedosdigitaisderelevnciasocialdeformadescentralizada, colaborativa e autnoma tecnologicamente. (Lima Jnior, 2009b, p.7).Emissor x receptor se torna todos x todosCom a rede, a tarefa de transmitir informaes no mais exclusiva de uma elite dominante e passa a fcar ao alcance de todos. A facilidade de publicao de contedo faz com que 47>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_deixe de existir a distino clara entre emissor e receptor - to presente nos veculos de massa -, pois o internauta passa a ser emissor e receptor ao mesmo tempo. Ele veicula e consome informao.ao modelo Um-Todos dos media tradicionais, opem-se o modelo Todos-Todos, ou seja, uma forma descentralizada e universal (tudo pode ser convertido em bits - sons, imagens, textos, vdeo...) de circulao das informaes. (Lemos, online)Para Chamusca (2009), ao concretizarem uma relao no ltimo nvel de interatividade, os papis do produtor e do consumidor de informao tornam-se completamente hbridos, uma vez que os agentes envolvidos no processo de interao passam a atuar de maneira dupla. No sistema de transmisso Todos Todos no existe um emissor ofcial da notcia, pois todos tm o direito de produzir e participar da informao que circula, concordando, discordando e at acrescentando novos dados a ela (Chamusca, 2009). Nos meios de massa, a via de mo nica: o profssional que trabalha para esses veculosdivulgaainformaoecabeaopblicoreceberaquilo.Ainteraoqueexiste 48>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_basicamentepormeiodecartas,e-mailoutelefonemasdestinadossredaes.Nas rdios, a relao com o produtor de notcia se aproxima um pouco mais quando o ouvinte convidado a fazer parte da programao com informaes sobre trnsito, por exemplo, algo muito comum nas emissoras paulistanas. A era na qual quem detinha os meios de comunicao detinha o poder, mudou. Agora, todospodemproduzirereceberinformaesatravsdamaiorrededecomunicaodo planeta, que a internet.Nos meios de massa, o fuxo de comunicao , predominantemente, de sentido nico. Mesmodispondodevriasformasdefeedback,comondicesdeaudincia,cartas dos leitores, telefonemas, e-mail, a capacidade de contribuio ou de interveno dos receptores restrita. (...) Com a evoluo das tecnologias digitais, os receptores passaram a ser, tambm, emissores das mensagens. Surge a comunicao hipermiditica que caracterizada por processos descentralizados de mediao social, da qual o jornalismo colaborativo exemplo. (Amaral, Baldessar, Lapolli, e Spanhol, 2009, p.2) 49>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_Neste cenrio, no faz mais sentido falar da fgura do jornalista como gatekeeper, que na traduo literal o guardador dos portes. No mais s o jornalista que controla os portes por onde a informao entra e tambm no apenas ele que decide o que deve ser veiculado. Agora a audincia tambm tem esse poder. Na era da internet, o conceito do que de relevncia social muda de acordo com o pblicoaquesedestinaocontedo.Ojornalistadeumgrandeveculotemumaviso doquenotciaparaseupblico(emgeral,umapopulaodemilhescomdiversas diferenasculturais).Japessoacomumqueescreveparasuacomunidadesedirigea uma audincia mais especfca, e o que encarado muitas vezes como no relevante na classifcao de um veculo de massa pode ser importante para outros tipos de pblico. Na rede, os usurios fnais tambm exercem o papel de gatekeeper, navegando e selecionando quais informaes querem acessar:Essa mudana no processo de comunicao traz mudanas muito intensas na sociabilidade darede,emqueanoodeformadoresdeopinioestcadavezmaisdistante daqueles que se intitulavam detentores da informao relevante, tendo em vista que 50>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_todospodemagora,narede,seposicionarcomodetentoresdeumainformaode primeira mo. (Ribeiro, 2005, p.101).Bruns(2003:4,apudAmaral,Baldessar,Lapolli,eSpanhol,2009,p.5)propeo conceito de gatewatching, que, segundo ele, combina as funes de bibliotecrio e reprter. o cidado que seleciona e rene as notcias que quer ler e tambm pode transmitir o que achar interessante. O internauta como produtor de notciaComo em toda rea, muitos executando um determinado trabalho produzem mais do que poucos. Talvez esse seja um dos maiores pontos positivos do jornalismo feito por cidados comuns: cobrir o que a imprensa tradicional no consegue, seja por no estar em todos oslugaresaomesmotempo,sejaporfaltadeprofssionais,sejaporterpoucoespao deveiculaooupornoterinteresseemdeterminadosassuntos.ParaPrimoeTrsel (2006), o papel principal do webjornalismo colaborativo cobrir o vcuo deixado pela mdia tradicional. 51>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_Hoje em dia, comum ver jornais e emissoras de rdio e televiso repercutindo uma notciaquefoidivulgadaemprimeiramonainternet.Emmuitoscasos,informaes relevantessoencontradasemredessociais,comoOrkut,Twitter,Facebook,esites agregadores de notcias. Muitas pessoas no procuram um meio tradicional para publicar algo.Comafacilidadeeliberdadeconferidaspelainternet,oscidadossimplesmente postamoquedesejam,muitasvezessemnemterideiadopotencialdaquiloqueest sendo colocado na rede. Um exemplo de informao veiculada na internet que alcanou grande espao na mdia de massa ocorreu em 2009: o caso de uma estudante da Uniban que foi hostilizada pelos colegas por usar um vestido curto durante a aula. A aluna teve de sair da sala escoltada por policiais, pois a universidade no conseguiu controlar o nimo dos estudantes que queriam agredi-la. Vrias pessoas que estavam no local flmaram a cena, postaram no You Tube, o assunto virou tema de conversa no Twitter, em blogs e, em poucos dias, ganhou destaque naimprensatradicional.Quemregistrouasimagensnoprocurouumagranderedede 52>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_televisoparavenderocontedo,nemligouparaumjornal.Aspessoassimplesmente postaram o vdeo num dos portais mais vistos no mundo, que o You Tube.Este caso um exemplo de algo que seria difcil a mdia tradicional cobrir, pois no havia jornalistas na universidade no momento da confuso. Segundo Dal Vitt (2009) o cidado-reprter testemunha ocular da histria. Ele informa por estar presente no momento em queofatoacontece,sendoespectadorprivilegiadodopalcodaao.(DalVitt,2009, p.8). Vrios outros fatos j viraram notcia na grande imprensa aps serem veiculados nas redes sociais como, por exemplo, as reclamaes a respeito do servio de banda larga da empresa Telefnica em So Paulo. Irritados com os problemas, os internautas comearam a reclamar em redes sociais como Orkut e Twitter, e o problema chegou ao conhecimento das empresas de mdia tradicional. O uso de redes sociais para comentar sobre a qualidade de servios prestados j mobiliza o setor empresarial, que contrata pessoas para monitorar essas redes e tentar resolver o problema antes que ele ganhe repercusso.Outra vantagem da internet dar acesso informao para as pessoas que moram distante dos grandes centros e no veem notcias sobre a sua comunidade em jornais. Com 53>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_a rede, essas pessoas podem criar pginas online sobre a regio onde vivem. o chamado jornalismo hiperlocal. O criador de um dos sites colaborativos mais conhecidos no mundo, o OhmyNews, Oh Yeon Ho, destaca a importncia da participao do pblico para que seja possvel cobrir reas que no tm ateno da mdia tradicional.Em um vilarejo afastado de centros urbanos, onde antenas parablicas captam o sinal de emissoras de cobertura nacional e jornais de alta circulao chegam por meio de correios, provavelmente os habitantes deste vilarejo estaro bem supridos de informaes sobre as capitais mais prximas, sobre os pases vizinhos, sobre o noticirio internacional. Masqualveculodarcontadoqueaconteceentreasruelas,aigreja,apraaeo boliche daquele distrito? (Ho, 2005, apud Brambilla, online, p.7)Manuel Castells, em seu livro A Galxia da internet (2003), diz que a web uma rede global da comunicao local, pois, alm de possibilitar que assuntos de interesse de uma pequena comunidade ou de um pblico restrito sejam divulgados, tambm permite a quem est longe da cidade natal ou pas saber o que acontece naquela localidade. A liberdade de 54>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_contornar a cultura global para atingir sua identidade local funda-se na internet. (Castells, 2003, p.162).UmapesquisafeitaporDalVitt(2009)sobreocontedopublicadoporleitoresno canal VC no G1, do portal de notcias G1, da Rede Globo, mostrou que pelo menos metade das notcias vindas de internautas no haviam sido publicadas no portal. A pesquisadora analisouoquefoipostadode1a30denovembrode2008,umtotalde91notcias,e constatou que, de tudo publicado por internautas, 75 matrias versavam sobre assuntos do municpio onde o autor dizia morar. Os voluntrios buscam cobrir o espao vazio deixado pela mdia tradicional, j que o nmerodeequipesjornalsticasinsufcienteparacobrirtodososacontecimentos. Oscidados-reprteres,porestaremnasruas,estomaissuscetveisafagrartais ocorrncias,oque,naprtica,valorizaoacontecimentolocal.Assim,oveculode comunicao que oportunizar maior espao para a participao das pessoas, certamente, conseguir cobrir mais amplamente a atualidade. (Dal Vitt, 2009, p.15)55>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_Acolaboraodopblicotambmuminstrumentomuitotilparasedivulgar informaesemregimesditatoriaiseondeaimprensanolivre.Foinumcenriode restrio liberdade de imprensa que surgiu na Coreia do Sul, no ano 2000, o portal de notciascolaborativasOhmyNews.Opashaviasadodeumaditadura,masaimprensa continuou atrelada ao governo federal a ponto de existir uma lei que estimulava a delao dejornaissuspeitosdepublicarinformaesquecontradissessemaposturaofcialdo governo. A criao do portal deu voz populao e permitiu a veiculao de notcias que no eram divulgadas nos grandes veculos de imprensa do pas. Criado com a mxima de todo cidado um reprter, o portal publica texto, foto evdeodequalquerpessoa,desdequeomaterialpassepelaseleodeumgrupode jornalistas profssionais. Mais do que uma resposta a um mercado miditico defcitrio, subjugado prepotncia depoderespolticos,oOhmyNewssurgecomopropostaparaumnovomodelode jornalismopossibilitadopelaestruturareticularqueconectapessoasespecializadas aopblicoleigo.OsloganEverycitizenisareporter,proclamadoquasecomoum mantrapelosorganizadoresecolaboradoresdosite,rompecomosparadigmasde 56>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_umaimprensacentralizadora,verticalizadae,nocasodaCoreiadoSul,altamente burocratizada e comprometida com fontes ofciais. (Brambilla, online, p.12).PrimoeTrsel(2006)ressaltamoutroaspectoimportantedeumamaiorinterao dos internautas no processo noticioso, que a correo de erros veiculados na imprensa tradicional. Leitores especialistas em determinado campo irritam-se com as imprecises ouerrosfagrantescontidosemreportagens.(PrimoeTrsel,2006,p.5).Segundoos autores, antes essas pessoas tinham apenas o instrumento das cartas e telefonemas para reclamar. Com a internet, elas podem veicular suas prprias informaes, alm de comentar o erro que existe no texto publicado, de modo que o autor da reportagem possa checar o dado e corrigi-lo.57>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_Canais colaborativosAtentos importncia da participao do leitor, sites noticiosos brasileiros criaram canais pararecebermateriaiscolaborativos.Algunsatpagamcasooprodutosejapublicado, comofazoFotoReprterdoGrupoEstado.Aestratgiatantogaranteaudincia,pois muitas pessoas vo acessar o canal e enviar notcias para poder ter o nome e a informao publicados num veculo da grande mdia, como tambm traz contedo importante para os portais, visto que, em meio a essas colaboraes, eles podem receber imagens e notcias de relevncia sobre fatos que a equipe de profssionais da empresa no conseguiu cobrir.Para Belochio (2009), quanto maior for o engajamento do pblico, mais complexa e dinmica a rede de transmisso de informao formada. Segundo Ruelan (2007), esses espaos de participao do internauta mostram que o jornalismo colaborativo no segue margem do tradicional e pode cooperar para uma melhor veiculao da informao.precisoquepensemosojornalismoordinrionocomoumarelaosubmissa, infeudal ou proletarizada, em relao ao profssional. Os sites que praticam o jornalismo 58>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_ordinrio mostram que as prticas profssionais e amadoras no agem paralelamente, nos espaos estanques; elas cooperam na realizao. (Ruelan, 2007)No Brasil, vrios sites jornalsticos possuem espaos nos quais convidam o leitor a enviar textos, fotos e vdeos para serem publicados no portal. Portais conhecidos nacionalmente como Terra, G1, Globo Online e IG possuem sesses colaborativas denominadas Vc reprter, Vc no G1, Eu-reprter e Minha notcia, respectivamente, na qual publicam material enviado por internautas. O G1, o Globo Online e o IG determinam regras sobre o tamanho que deve ter o texto, os vdeos e as fotos enviados, tambm do dicas de como a pessoa deve estruturar a matria ealertamquenosopublicadostextosplagiados,ofensivosequecontmameaasa outras pessoas. Os portais deixam claro que todo material enviado ser submetido ao crivo de um editor e que a publicao deste vinculada concordncia do internauta com um termo de cesso das empresas. Partindo da noo de que a participao do internauta algo essencial e inevitvel, os jornalistas agora precisam saber como fazer essa incluso de forma positiva, gerando 59>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_benefciosaoprodutofnal,queaveiculaodanotcia.Acostumadascomaerado controle total dos veculos de massa, as empresas tm difculdade de ampliar a participao dopblicoeacabam,emmuitoscasos,usandoainformaoapenascomopautapara reportagens, sem ao menos citar que a sugesto partiu de um colaborador.Seria honesto e inovador os veculos de comunicao comearem a dar o crdito da pautaaointernautaquandoelepropeoudapistaparaumareportagemrelevante. Logicamente, preciso checar se a pessoa aceita ter seu nome veiculado, pois, em alguns casos, quem indica a pauta quer manter-se no anonimato. O crdito do internauta poderia serdadodentrodotextocomumafrasedotipoessareportagemfoifeitaapartirda sugesto do internauta fulano de tal, ou, dependendo da relevncia do assunto, at assinar o nome do internauta junto com o do reprter, informando quem sugeriu a pauta. Essas iniciativas muito provavelmente atrairiam mais participaes, pois as pessoas gostam de verseunomeeoassuntoquesugeriramveiculadosnamdia.NaopiniodeAmaral, Baldessar, Lapolli, e Spanhol (2009): A principal motivao das pessoas ganhar status e construir uma reputao na comunidade. Elas querem demonstrar seus conhecimentos 60>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_eseremreconhecidascomoautoridadesemumassunto.(Amaral,Baldessar,Lapolli,e Spanhol, 2009, p.12)Outra forma de promover uma melhor insero dos internautas a criao de nveis de privilgio para aqueles que enviam constantemente contedo confvel. Eles poderiam ter vantagens como serem os primeiros a ter as notcias avaliadas, contar com um canal de interatividade especfco com outros leitores, e tambm ter acesso mais fcil aos profssionais que cuidam da moderao de mensagens mandadas por internautas.Para garantir a ampliao da participao do pblico, o veculo de imprensa tambm devecriarumlugarfxodedestaquenapublicaoparaasnotciasenviadaspor colaboradores. O jornalista como mediadorAparticipaodointernautanoprocessonoticiosodevitalimportnciaparafazerum jornalismodiferente,maiscompletoeinovador.Noentanto,necessrioressaltarque isso no dispensa a fgura do jornalista. Mesmo com uma maior participao do pblico, 61>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_o trabalho do profssional essencial para garantir a veracidade e a qualidade do que publicado. Neste novo cenrio da comunicao, o jornalista deve assumir o papel de mediador, organizador, apurador e checador de informao. Para Lima Jnior (2009b), a participao do usurio de suma importncia, mas a interveno dele no pode alterar a qualidade e a pertinncia informativa do contedo jornalstico.A veiculao de uma notcia falsa pode causar srios problemas. O site colaborativo do grupo de mdia americano CNN, o iReport, por exemplo, permite que os usurios publiquem informaes sem a mediao de jornalistas, o que acaba gerando a veiculao de notcias falsas. Em outubro de 2008, um internauta colocou no ar no iReport que o executivo-chefe da Apple, Steve Jobs, havia tido um ataque cardaco. Em poucos minutos, a notcia gerou uma queda nas aes da Apple no mercado fnanceiro e a empresa teve de se apressar em negar a informao. Apesar de o iReport deixar claro em sua pgina inicial que a CNN no se responsabiliza pelasnotciaslpostadas,muitaspessoasnoprestamatenonoaviso.Htambm 62>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_aqueles que recebem um link com a informao e acreditam na veracidade da notcia s em ver o endereo eletrnico do site e ler o nome de um conhecido veculo de comunicao. Em sua dissertao de mestrado apresentada na UFBA, a pesquisadora Daniela Marques Ribeiro(2005)analisouaforadosboatosnomeiowebeconcluiuquearedeamplia consideravelmenteoalcancedessasinformaesnoconfrmadasetambmdifcultaa identifcao do ponto de partida do boato. Uma vez inserido na dinmica ciberespacial, [oboato]encontrouterrenofrtilparaapotencializaodaproduoecirculaode informaes no-autorizadas, (Ribeiro, 2005, p.1). Ela tambm aponta para a importncia da ao do internauta nesse processo na medida em que ele pode se apropriar de uma informaopostanumsiteeretransmiti-laatravsdeseucorreioeletrnico,fazendo com que os boatos co-existam no somente entre meios virtuais e fsicos, mas dentro das diversas estruturas comunicativas presentes dentro da rede. (Ribeiro, 2005, p.103).ApsoepisdionoiReport,aCNNbloqueouaentradanosistemadousurioque publicou a notcia sobre Steve Jobs, mas isso no impede que outros textos falsos sejam colocados na pgina. Por isso, jornalistas da empresa monitoram constantemente o que 63>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_postado. Embora no tenham como impedir que um determinado contedo seja publicado, eles podem tirar do ar algo que desrespeite os preceitos de colaborao da empresa como notciasfalsas.Omonitoramentotambmfeitocomoobjetivodeencontrarassuntos relevantes que possam ser noticiados em veculos do grupo. As notcias checadas ganham a tarja CNN iReport.O jornalista Oh Yeon Ho sempre defendeu a importncia da atuao de um profssional para fazer o trabalho de checagem de dados. O OhmyNews nunca dispensou a atividade de jornalistas, que so responsveis por escolher as informaes que vo ao ar e tambm produzir contedo hard news, algo que os colaboradores participativos no do conta.Esse problema tambm foi observado por Dal Vitt (2009) na anlise feita do Vc no G1. A pesquisadora constatou que o contedo enviado por internautas ao portal versava quase sempresobreassuntosqueafetamdiretamenteavidadoscidados-reprteres,como congestionamentos,enchentesemudanasnoclima.Temasrelacionadosaeconomia, poltica, educao e cincias no foram abordados. De forma que a autora conclui: Nesse ponto, o jornalismo assume funo vital, pois o leitor necessita deste tipo de informao, 64>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_quecontextualizaequestionaarealidadesocial(DalVitt,2009,p.6).Apesquisadora tambm observou que os colaboradores, na maioria dos casos, no consultam as fontes deinformaoenvolvidasnemautoridadescompetentesnoassunto,oquegerauma superfcialidadenocontedo.Maisumfatoquereforaanecessidadedamediaodo profssional.Amaral, Baldessar, Lapolli, e Spanhol (2009) afrmam que o papel do jornalista como mediador essencial para dar signifcado e contexto diversidade de materiais publicados por internautas.Novas funes foram adquiridas, como facilitar a comunicao e organizar os arquivos enviados pelos cidados-reprteres, verifcar, reformular e complementar as informaes, controlar a qualidade do material publicado, entre outras. O jornalista passa a ser visto mais como um intrprete do que guardio da informao. (Amaral, Baldessar, Lapolli, e Spanhol, 2009, p.11)O grande desafo do profssional que atua em portais noticiosos garantir uma maior incluso do internauta sem prejudicar a qualidade da informao. errado pensar que a 65>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_insero de contedo colaborativo v restringir o campo de trabalho dos profssionais, pois h diversos novos papis que o jornalista pode assumir. Lima Jnior (2009a) cita as funes de editor de comunidades, editor de distribuio de dados e tambm a tarefa de enviar alertas e links do portal noticioso para sites agregadores de contedo. Vrios veculos esto construindo comunidades e colocando jornalistas para gerenci-las, pois as fontes que delas participam tornam-se colaboradoras, co-produtoras edistribuidorasdecontedo,(LimaJnior,2009a,p.103).CitandoPaulBradshaw,o pesquisadorafrmaqueojornalistaconectado,almderelatarnotcias,deveexercero papel de estimular o internauta a participar do processo noticioso.A adaptao dos profssionais de jornalismo ao novo ambiente comunicacional digital conectado gera novas formas de trabalho e possibilidades de tratamento das informaes de relevncia social. Todavia, no se deve apenas migrar funes e habilidades enraizadas nosprocessostradicionaisdeproduodecontedojornalsticoparaoutroespao. As habilidades e caractersticas, anteriormente requeridas, atualmente so acrescidas deoutras,quedevemestarsintonizadascomasnovaspossibilidadesinterativas proporcionadas pelo meio digital conectado. (Lima Jnior, 2009a, p.101).66>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_Na viso de Jarvis (2006), inevitvel repensar e reinventar o jornalismo para se adequar aos novos tempos nos quais todos esto interconectados. Para Costa (2006), o desenvolvimento das novas tecnologias de comunicao capaz de alterar continuamente o ambiente e exige quesecompartilheopoderdacomunicaocomoconsumidor.Segundoele,ocontedo colaborativo sugere um salto quntico no horizonte do negcio da comunicao: Esse salto est em processo de realizao, e vem acompanhado de uma outra forma de comunicao, que no ser apenas interativa. Ela ser pervasiva, palavra proveniente do adjetivo ingls pervasive, presente em tudo, difundido em todas as partes, algo que est em todo lugar. (Costa, 2006, p.27).As novas tecnologias abriram espao para uma maior interferncia do pblico na divulgao de informaes em todos os meios (impresso, radiofnico, televisivo), mas na internet isso acontecedeformadiferenciada,maisinovadoraeabrangente.Amaiorparticipaodo internauta na veiculao de notcias pode se tornar a grande inovao do jornalismo feito na internet em comparao com os outros meios, confgurando uma ruptura decisiva desta nova forma de divulgar informao de relevncia social. 67>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_Referncias:AGUIAR,Felix;Paiva,CludioCardoso.Twitter,celularesejornalismo:Mdiasmveisno processo informativo. Trabalho apresentado na Diviso Temtica Comunicao Multimdia, da Intercom Jnior Jornada de Iniciao Cientfca em Comunicao - XXXII Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao, Curitiba, 2009.AMARAL,Roberto;BALDESSAR,MariaJos;LAPOLLI,Mariana;SPANHOL,FernandoJos. Jornalismocolaborativo:produodenotciasdocidadoreprternoiReport.comda CNN.TrabalhoapresentadonoGPContedosDigitaiseConvergnciasTecnolgicas-XXXII Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao, Curitiba, 2009.BELOCHIO,Vivian. Ojornalismodigitaleosefeitosdaconvergncia:meta-informao, encadeamento miditico e a cauda longa invertida. Artigo apresentado no XXXII Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao Curitiba, 2009. Disponvel em: < http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2009/resumos/R4-0943-1.pdf>. Acesso em: 04 abril de 2010.68BRAMBILLA, Ana Maria. Jornalismo online em OhmyNews. Paper da mestranda em comunicao einformaodaUFRGS.Disponvelem:http://culturaderede.pbworks.com/f/genealogia_do_ohmynews.pdf. Acesso em 12/10/2010.BREIER,Lucilene.SlashdoteosfltrosnoOpenSourceJournalism.Disponvel em:http://www.bocc.ubi.pt/pag/breier-lucilene-slashdot.html.Acessoem02/05/2008. 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In these works, the images are the main characters and they are what contain the content of the narratives. Already the Internet user, the observer, gets the message quickly and can still interact with the work, creating their paths and sharing contents.Keywords: photografy; photo gallery; narrative; Web; Internet; layout.74>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_Imagens que contam histriasContarhistriasfazpartedoserhumano.Eutilizardesenhospararepresentaroreal tambm. Desde a idade das cavernas, o homem desenhava nas paredes para relatar suas faanhasedeix-lasregistradasparatodos.Eporquenoseaproveitardessaideiae usar fotografas para contar as histrias? Ao invs de um narrador apenas dizendo o que aconteceu, ou mesmo um texto, a histria no poderia ser contada por meio de fotografas que reconstrussem a cena ou destacassem alguns detalhes signifcantes? Essa a proposta da galeria de fotos na web. Deixar que as imagens contenham os fatos, mostrem como tudo aconteceu, reascendam sentimentos antigos ou despertem novos em quem as est observando.Colocadasladoalado,demaneiraorganizadaemumagaleriadefotosna web, as fotografas viram as protagonistas das narrativas, ganham voz e conversam com os observadores. Asfotografasdomaisveracidadeshistriasesobessapremissainvadiramas pginas de jornais e revistas. Mais do que escrever um texto, a imagem entendida como provadequeoqueestdescritonaquelaslinhasdefatoocorreu.Eaconteceudaquela 75>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_maneira que est exposta na imagem. Segundo Sontag (2004), o que est escrito sobre uma pessoa ou um fato , declaradamente, uma interpretao. O mesmo acontece com as manifestaes visuais feitas mo, como pinturas e desenhos. Imagens fotografadas no parecem manifestaes a respeito do mundo, mas sim pedaos dele, miniaturas de realidade que qualquer um pode fazer ou adquirir (SONTAG, 2004, p.15). As fotografas so recortes do mundo feitos por um profssional. No resultado fnal, estaro expostas as vises do fotgrafo, que mirou a sua cmera e escolheu registrar um determinado ngulo. Ainda assim, como lembra Kossoy (2003), no importa a razo pela qual o fotgrafo registra determinado assunto, mas sim que uma vez registrado no haver dvida de que o fato aconteceu. A imagem do real obtida pela fotografa fornece material e testemunho visual aos espectadores ausentes na cena. um fragmento congelado da realidade passada (KOSSOY, 2003, p.36). Seguindo a ideia dos autores, mais claro e prximo do real do que contar em texto ou em fala como foi a vitria de seu time do corao, por exemplo, mostrar isso em imagens. Um fotgrafo bem posicionado consegue captar o momento em que a bola estufa a rede, 76>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_o rosto do atacante que acertou o chute, a decepo do goleiro e a alegria da torcida. Com imagens, a histria ganha mais cor e mais vida do que se fosse apenas escrita. Alm disso, existe a ncora no real: A imagem comprova, por exemplo, que a bola foi parar no canto superior esquerdo, fora do alcance do goleiro. A galeria de fotos se aproveita disso para narrar os fatos, colocando imagens umas ao lado das outras e deixando que elas falem o que aconteceu naquela partida.77 Figura 1. Messi faz gol para o Barcelona na Liga dos Campees deste ano.

Fonte: Getty Images.78>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_Pinho (2003) aponta que o leitor pisca menos diante da tela do computador do que diante de um livro. Alm disso, a tela fxa e preciso que o leitor se ajuste ao tamanho dasletraseluz.Emfunodisso,aleituranocomputador25%maisdevagardo que no papel. Entretanto, as fotografas passam a mensagem de forma rpida aos seus observadores e, por isso, uma galeria de fotos na web, que narra seus fatos por meio de imagens, consegue passar a mensagem sem cansar o internauta que est diante da tela, oferecendo imagens em cores vivas, de forma dinmica e praticamente instantnea. A compreenso das palavras, como explica Kossoy (2004), demandam tempo, enquanto as fotos conseguem passar a sua mensagem mais rapidamente. A fotografa, muito mais complexa,vistanumpassardeolhoseseriaomeiodecomunicaoideal(KOSSOY, 2004, p.117).Ao se deparar com uma galeria de fotos, o internauta ter informaes que devem ser lidas, como o ttulo da obra e as legendas das fotografas, mas as principais informaes para a comunicao estaro expostas nas imagens e, por isso, a mensagem recebida de maneira muito mais veloz do que se estivesse em um texto. E em um ambiente no qual 79>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_apermannciadiantedeumamesmatelaefmera,asfotosaparecemcomoformato ideal. Entretanto,amesmaimagemserpercebidadeformasdiferentespelosdiversos observadores das galerias de fotos na web. O motivo que nos leva a nos sentirmos atrados pela notcia fotografada refere-se, de certa maneira, ao sentido coletivo que a imagem tem ou provoca em boa parte ou em todos os leitores simultaneamente (MUNTEAL, 2005, p. 11). Uma imagem de uma bola no fundo da rede signifca gol no Brasil ou em qualquer parte do mundo. Porm, uma imagem que mostre a Marginal Tiet completamente lotada de carros, repleta de luzes de faris, vai impactar muito mais os paulistanos, que conhecem a sua cidade e sabem como o caos do trnsito, do que um observador de outra regio do Pas.Segundo Kossoy (2004), contedos que despertam sentimentos profundos de afeto, dio ou nostalgia para uns, podem ser exclusivamente meios de conhecimento e informao paraoutrosqueosobservamlivresdepaixes,estejamelesprximosouafastadosdo lugar ou da poca em que aquelas imagens tiveram origem. Para um morador de uma praia 80>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_do Nordeste, a fotografa da Marginal Tiet pode ser uma imagem bela, composta pelas luzes dos carros. Para o paulistano, pode despertar um sentimento negativo. Outracaractersticadforagaleriadefotoscomoumainteressanteformade narrativa. Os leitores na web, em geral, so scanneres, ou seja, procuram apenas o que os interessa e no lem o texto completamente. De acordo com Nielsen (apud CANAVILHAS, 2006, p. 2), 79% das pessoas que navegam pela internet no leem palavra por palavra. Diantedeumagaleriadefotos,ointernautapodeexerceressafunodescanner.Ele abre a obra em seu computador e navega pelas fotografas da forma que quiser, abrindo a imagem que desejar primeiro. Se uma fotografa chamar sua ateno possvel parar e observ-la o tempo que desejar. Se outra no for to interessante assim, ela deixada para trs com apenas um clique. Com isso, ele estar no controle. Como afrma Sontag (2004), as fotografas podem ser mais memorveis do que as imagens em movimento de um flme ou de um programa de televiso.Se com a foto o observadordecideotempoquefcardiantedaimagem,omesmonoserepetecom outros meios. A televiso um fuxo de imagens pouco selecionadas, em que cada uma 81>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_cancelaaprecedente.Cadafotoummomentoprivilegiado,convertidoemumobjeto diminuto que as pessoas podem guardar e olhar outras vezes (SONTAG, 2004, p. 22). Na televiso, o tempo de exibio de cada imagem j pr-defnido e observador fca passivo, apenas a espera da prxima sequncia. Se perdeu alguma coisa ou no gostou do contedo e quer logo ver o que est mais adiante, no tem sada a no ser esperar. Com a galeria na web ele volta ao comando, j que as fotos congelam em representaes os fragmentos da realidade que estaro ali expostos hoje, amanh ou pelo tempo que for desejado, ou at que a obra seja apagada, e o usurio pode observ-las no tempo e com avelocidadequeacharmelhor.Issoumparadoxodafotografa,comolembraSontag (2004), pois as fotos congelam aquilo que, na realidade, no esttico, tornando-o fxo para sempre. E tudo isso est ali, a apenas um clique do internauta, com inmeras histrias esperando para serem descobertas e exploradas. 82>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_Organizao da nova narrativaPara contar uma histria por meio de uma galeria de fotos, no basta colocar as imagens umas ao lado das outras e esperar que a narrativa acontea. preciso planejar e organizar os contedos, escolher quais informaes sero expostas em cada tela, o que fcar a cargo das legendas, quais cores usar para no poluir e tirar o foco da histria e at prever os movimentos do internauta ao longo da obra. A galeria de fotos um produto jornalstico que rene fotos e textos para passar uma mensagem, como o resumo dos acontecimentos do dia, a campanha de um candidato Presidncia ou a fnal da Copa do Mundo de futebol. Nas galerias, as fotografas carregam os principais contedos, que so complementados por legendas, ttulos e links relacionados.Para receber a mensagem, o internauta navega pelas telas que, em geral, abarcam uma imagem cada. o usurio quem desenha o caminho a ser percorrido pela obra. As galeriastambmsoobrasabertas,ouseja,aocontarodesenrolardeumcaso,fotos novas, com novas informaes, podem ser adicionadas a qualquer momento. Essas obras formam um arquivo virtual, sempre aberto a atualizaes. 83>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_SeguindoadefniodeSouza(2002)sobregnerosjornalsticos,asgaleriasse enquadram nas chamadas picture stories ou histrias em fotografas. Tal gnero procura constituirumrelatocompreensivoedesenvolvidodeumtema,cujasimagensexpem diversas facetas de assunto tratado. Comoumprodutojornalstico,asgaleriasdevemconterumleadlogonaprimeira tela, fotos que contextualizem os fatos narrados e um fechamento. o mesmo princpio seguidoemreportagenstextuais.Elasnoacontecemsozinhas.necessrioumeditor para organizar e planejar os contedos. Como diz Janet Murray (apud GOSCIOLA, 2008, p. 32), o autor da narrativa digital um coregrafo que estabelece o ritmo, o contexto e os passos da performance. Gosciola(2008,p.133)tambmapontaquaisoselementosdeumanarrativa,os quais tambm devem estar presentes nas galerias de fotos na web: logos (estrutura pela palavra, o que ajuda a dar forma ao texto); pathos (o que gera acontecimento e levam ao confito, criando uma identifcao com o leitor) e ethos (a mensagem que deseja passar). Na galeria, logos pode ser o ttulo, as legendas, os links ou mesmo os cones que guiam 84>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_os leitores de uma tela para outra e, assim, do estrutura para a obra. J pathos so as fotos, que contm a histria, geram os confitos e narram os fatos. O ethos o conjunto da galeria, seu tema e a histria que ela est narrando. Esse tipo de obra est no ambiente hipermiditico, com a reunio de imagens, texto e sons, e ainda d liberdade e poder de interao ao usurio, devendo, segundo Gosciola (2008), preocupar-se em levar ao internauta o maior nmero de informaes no menor tempoecomamaiorclarezapossvel,jqueawebumlocal,emgeral,devisitas efmeras e que oferece uma gama quase infnita de opes a quem est navegando.A galeria de fotos deve ter um bom contedo e ser atraente ao usurio, para chamar sua ateno e fazer com que ele percorra todas as telas e receba a mensagem completa. E esse um grande desafo desse formato de narrativa: fazer com que o internauta percorra toda a obra. Como o observador quem detm o controle, ele pode escolher seus caminhos, ver apenas a primeira ou a ltima foto e clicar em imagens aleatoriamente, dentre outras opes.EssedesafoestnateoriadeGunnasLiestol(apudGOSCIOLA,2008),aqual diferencia o discurso armazenado do discurso decorrido. Neste caso, o primeiro abarca toda 85>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_aobraconstruda,enquantoosegundorefere-seaopercursorealizadopelousuriona obra. O ideal que todo o discurso armazenado, ou pelo menos grande parte dele, torne-se discurso decorrido. Paraisso,essencialmensagemvisualguieousurionabuscaporinformaes, levando-o a ver o que est procurando, dizendo a ele que chegou ao destino, para onde ir e como ir. Basicamente estamos falando de um sistema de criaes de interfaces que sejam sufcientemente intuitivas e instintivas com as quais o usurio possa atingir seus objetivos sem interrupes (CANAVILHAS, 2006, p.2).Os usurios devem encontrar um fo condutor pela obra e neste ponto importante contar com um layout bem planejado. Alm de limpo e, em geral, com fundo preto, o que deixa toda a luz para a foto e ressalta as imagens, o layout deve servir como um mapa ao internauta. Por exemplo, as setas de avano e recuo de uma tela para outra ou a numerao das fotografas guiam o usurio, dizendo que pode seguir em frente ou voltar na obra e ainda indicando em qual parte da obra ele est naquele determinado momento.86>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_ comum vermos galerias de fotos com miniaturas das imagens na parte inferior ou na lateral da obra, o que tambm serve como auxlio ao observador, j que ele tem uma viso geral da obra e tambm pode, por meio dessas miniaturas, escolher qual imagem ser exibida. Isso o que Canavilhas (2006) chama de mapa de navegao. Esse recurso mantm o usurio em contato com o seu caminho de leitura e ainda apresenta diversas possibilidades de se criar trajetrias pela obra. Os coadjuvantes na narrativaSe nas galerias de fotos na web as imagens so responsveis pelos contedos, os textos tambm tm a sua funo. As fotografas impactam de maneira diferente em cada internauta easlegendaspodemampliarosignifcadodasimagens,aproxim-ladosusuriose contextualizar o que est sendo narrado. No cotidiano da fotografa da imprensa so as letras das legendas que vo dar a direo do impacto da imagem. a que ela pode exibir toda a sua capacidade de transmitir informaes (MUNTEAL, 2005, p. 187).87>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_Issoumainversodepapisdesdequeafotografacomeouaserusadano jornalismo. Antes, era a foto o acessrio ao texto. Ela estava ali para dar veracidade aos fatos narrados, completar a informao e transportar o leitor ao local dos acontecimentos. Otextoerafundamental. Eranelequeahistriaeradescritaedetalhada, eraneleque estavaaemoodosfatos,pormeiodeaspaseentrevistascomospersonagens.Sea melhorfotonoeraobtida,notinhaimportncia.Areportagemiriacontinuarmesmo sem a imagem. Com as fotorreportagens e as galerias de fotos, a situao mudou. So as imagens que contm toda a emoo, a tenso e as alegrias das histrias. Sem uma boa imagem,noexisteproduo.Asfotorreportagensnosoumareportagemilustrada, mas sim, uma reportagem visual complementada pelo texto (MUNTEAL, 2005, p. 49). O que determina a criao de uma galeria de fotos so as imagens. A partir delas que so escritas as legendas. A legenda a voz que falta, e espera-se que ela fale a verdade. Mas mesmo uma legenda inteiramente acurada no passa de uma interpretao, necessariamente limitadora, da foto qual est ligada. E a legenda uma luva que se veste e se retira muito facilmente. 88>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_Nopodeimpedirquequalquerteseouapelomoralqueumafoto(ouconjuntode fotos) pretende respaldar venha a ser minado pela pluralidade de signifcados que toda foto comporta, ou abrandado pela mentalidade aquisitiva implcita em toda atividade de tirar ou colecionar fotos e pela relao esttica com seus temas, que todas as fotos inevitavelmente propem (SONTAG, 2004, p.125). Em uma galeria de fotos na web, o leitor ir conhecer a histria por meio das fotografas, com toda a rapidez da mensagem passada pelas imagens, j citada neste texto, e ainda ter a legenda como um apoio para, por exemplo, dizer o local onde foi feita aquela foto ou adicionar alguma informao. Outro apoio em forma de texto que est presente nas galerias de fotos o ttulo. Ele carrega a ideia geral da obra e repetido em todas as telas, sempre no mesmo lugar. Com isso, ajuda a orientar o leitor. Se a galeria de fotos conta como foi a festa da entrega do Oscar, por exemplo, o ttulo pode ser Oscar 2010. Dessa forma, qualquer que seja a imagem exibida, o usurio j sabe de que evento se trata e qual a data. 89>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_Entretanto, no so apenas as palavras de legendas e ttulos que podem complementar uma galeria de fotos. Alguns portais, como os de jornais norte-americanos como o The New YorkTimesouBostonGlobeouabritnicaBBC,observa-seosudioslideshows,obras acompanhadas por udio, que podem ser a voz de um narrador ou o som ambiente referente imagem que est sendo exibida. O udio d mais dramaticidade e ajuda a transportar o internauta para a cena observada. Segundo Canavilhas (2006), com o udio possvel darcorspalavrasetambmemprestaralgumainterpretaoimagem.Almdisso, conferem ainda mais veracidade histria. Nada melhor do que dar voz para o personagem aocontarasuahistria.Ouparatraduzirobarulhoensurdecedordasvuvuzelas,as famosas cornetas sul-africanas da Copa do Mundo 2010, colocar o seu som abafando gritos dos jogadores ao invs de explicar isso por meio de palavras. De acordo com Martinez-Costa (apud DE SOUZA; CARREIRO, 2009, p. 11), so trs os elementos da narrativa radiofnica: palavra, msica e efeitos sonoros. Eles esto presentes nasgaleriasdefotoscomudio.ABBC,porexemplo,publicou,em17desetembrode 902010,umudioslideshowsobreaviladeImber,naInglaterra.1Oshabitantesdolocal foram forados a deixar as suas casas h 70 anos e a vila, que fcou abandonada, virou local de treinamento do exrcito. Na obra, a histria da vila contada por fotos, as quais mostram os militares em meio s construes antigas. A palavra aparece em dois formatos: Nas legendas e no ttulo, mas tambm na voz do narrador. Como efeitos sonoros, h, por exemplo, sons de balas. Alm disso, h tambm a msica. E tudo caminha em conjunto. Um elemento complementa o outro e o que est sendo dito pelo outro, como a msica, que d leveza ao mesmo tempo em que a imagens mostram idosos passeando pelo local.De Souza e Carreiro (2009) explicam que o udio pode ser inserido nas galerias de duas maneiras. A juno de fotos e udio pode ser feita previamente, antes da publicao, como a edio de um vdeo, no qual as imagens em movimento do lugar sequncia de fotos pr-estabelecida pelo editor. o caso mostrado no exemplo acima. Na segunda opo, a galeria de fotos contaria com um player para o udio, que seria inicializado automaticamente com a abertura da pgina. Dessa forma, o internauta caminharia pelas fotos da galeria e 1 Disponvel em: . Acesso em 22 out. 2010.91o udio, como acontece com as legendas, acompanharia as imagens exibidas. Para isso, o udio no seria contnuo. Existiria um udio para cada imagem que, juntos, formariam a histria completa. Ou eles poderiam ser ouvidos separadamente, de acordo com a imagem exibida e na ordem estabelecida pelo usurio. Essencial para seduzir, orientar e comunicarParaqueointernautacaminhepelagaleriadefotos,percorratodasastelaseexplore todo o contedo, o layout, alm de simples e intuitivo, deve contar com alguns elementos essenciais. Para o designer Guilherme Mattos2 so fundamentais os botes de navegao de avano e recuo. Em geral, eles so setas que fcam no topo da obra ou ao lado das fotos e permitem que o usurio avance para a tela seguinte ou volte para a anterior. Segundo Mattos, a galeria no pode, por exemplo, oferecer apenas a opo de ser vista como um slideshow, modo no qual as fotos so exibidas como se constitussem um vdeo, em uma 2Guilherme Mattos designer grfco e trabalha com internet desde 1997. Atua no portal iG na rea de arte e infografa. Entrevista em: 12 jul. 2010.92>comunicao, tecnologia:\ e cultura de rede_velocidade pr-estabelecida pelo editor. O usurio deve ter a liberdade de clicar e mudar de foto a hora que desejar e na velocidade que desejar. A forma mais simples para isso soosbotesdeavanoerecuo,afrma.Dessamaneira,ointernautaditaoritmoda passagem das telas e se mantm no controle. Almdisso,tambminteressantecontarcomasminiaturasdasfotosqueesto naobra,oschamadosthumbnails.Elesservemcomoummapaparaorientarousurio enquanto ele cria o seu caminho. Em alguns casos, a miniatura que correspondente foto que est sendo exibida ganha uma mscara e, com isso, o observador sabe se h ou no maiscontedoantesoudepoisdaquelaimagem.Mattosaindalembraqueesserecurso pode atrair usurios.Segundo o designer, quem gosta de fotografas sentir vontade de navegar se souber, assimqueentrarnaobra,quealiterumadezenadeimagensdoassunto,jquetem diversas miniaturas expostas. O contrrio tambm vlido. Quem busca uma informao rpida pode gostar de abrir a galeria e j saber que toda a histria est narrada em apenas 93>comunicao, tecnologia:\ e c