Livro da Dança

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    Gonalo M. Tavares

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    Sumrio

    Livro da Dana

    8. Confirmao

    9. Morte dos Antigos

    10. Velhice nova

    11. O segredo12. O importante

    14. Metodologia

    15. Comear a escultura, acabar noutro lado

    17. Museu

    18. Apario

    19. O ombro

    20. Sntese

    21. O ritmo

    22. De qualquer modo

    23. Pssaros e dana

    24. A tcnica

    25. Recordar o bvio

    26. Entre uma e outro

    27. Ser rpido

    28. Descrio pormenorizada

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    30. Recomendaes

    31. Medidas do corpo

    33. Projecto34. Sexualidade sem rosto

    35. Os velhos

    36. Danarino subtil

    37. Tarefa completa

    38. Salvao39. O problema

    40. Treinar

    41. Circunferncia perfeita

    42. Vocabulrio e alfabeto

    43. Inveno

    44. Substituio no exacta

    45. Evitar

    46. Sobreviver

    47. O corpo

    48. Psicanlise

    49. Esttica do tomo

    50. Beleza

    51. Quatro perguntas, quatro respostas

    52. Claro que h

    53. O erro

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    54. Conselho consequncia da definio do erro

    55. A indstria

    56. Redundncia58. Orao

    59. Sobre a alegria

    60. Rapazes e raparigas dentro do corpo

    61. Sobre o osso

    62. fcil63. Ainda o exemplo

    64. Ainda, ainda o exemplo

    65. Exibio

    66. Esttica

    67. Pedido

    69. Vrias questes, vrias respostas

    72. Dilogo rigoroso

    73. Eis

    74. Uma frase

    75. Questionrio

    76. Um pedido

    77. Declarao de amor

    78. Um objecto exacto

    79. Perceber no corpo

    80. No ter vergonha

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    110. Sobre o que fazer com o minsculo

    111. Indicaes quase gerais

    112. Planeamento e milagre114. Dimenses do movimento

    115. Biografia e prestgio

    116. De novo

    117. Descida rpida

    118. Recomendao til119. F e corpo

    120. Contabilidade dupla

    122. Aniversrio dessincronizados

    123. O punhal

    124. Lembrana nica

    125. No uma ideia

    126. Extremamente

    127. Exactamente aqui

    128. Corao e cicatriz

    129. realidade

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    Confirmao

    Confirmar o crculo com os ps.Comecei hoje a metafsica da casa: comecei por limpar a

    pele.

    Comecei hoje a metafsica da casa.

    O PARTO no PALCO deve evitar o sangue mas no o

    SUSTO, espalhar a FISIOLOGIA dos anjos pelopblico, libertar a Religio e os animais no meio da Lgica

    do bvio e do Sensato.

    Confirmar Crculos com os ps.

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    Morte dos Antigos

    Coreografia da Morte, Inocncia.Material cnico com Pecados no Meio.

    Coreografia do Azar e do Imprevisto.

    A Morte dos antigos igual Contempornea. morre-se.

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    Velhice nova

    Intensidade errada alojada na Perfeio.Escolher movimentos Racionais e Suicdios.

    Suicidar Possibilidades de Movimento aceitando a velhice

    com o chapu na Mo e Desrespeito.

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    O importante

    o importante da respirao o modo como ela parece

    no existir.

    a cabea deve respirar como a gua: so os outros - o

    Peixe, por exemploque respiram pela gua: a cabeadeve respirar como a gua, ou seja: os outros devem

    respirar substituindo a cabea.

    Se a cabea Respira crebro. E no h Pacincia para o

    crebro.

    Portanto: a cabea no deve respirar porque a inteligncia

    crime: pulmonar a matemtica dos pulmes e crime

    tornar abstracto um tendo.

    O corao (uma sntese de aurculas e Lixo e querem

    faz-lo centro do Apaixonado) o corao belo e crime

    ainda maior tornar abstracta a Vagina, por exemplo, o PNIS,

    o nus, o esperma, a urina e a Saliva.

    a cabea no deve respirar.

    impedir que o pensamento atravesse a PONTE.

    a cabea no deve respirar.

    a FRACTURA da Tbia dor porque algum --- o corpo

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    --- pensou antes como definitiva a Tbia, assim, completa,

    nica, compacta: A tbia.

    Impedir que os ossos pensem ou Respirem.aceitar a FRACTURA, a NEVROSE, o Psicopata, a dor,

    aceitar tudo como se isso fosse a ideia NOVA mostrada

    por quem dana.

    Deitar Sal na prpria CARNE e oferecer-se ao Banquete

    Sem angstias.Se falarmos do que belo a botnica debaixo do

    Movimento MAGRA (falamos do que Belo).

    Respirar ou pensar no meio do Movimento ter as Razes

    gordas e todos sabem que se os anjos tivessem Razes

    gordas seriam HIPOPTAMOS, no anjos, isso no.

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    Metodologia

    Tornar o cho Louco.

    a importncia da ATMOSFERA a Psicanlise perante

    o deitado (o cho).

    Tornar o cho Louco para que a ATMOSFERA possa

    dar conselhos.

    Depois, a seguir, tornar a atmosfera louca.

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    Deixar sede mas no se deixar beber (O corpo).

    a botnica geral sem TAXONOMIAS um metro acima

    da gua (o corpo).

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    Museu

    Descoberta do Museu.

    Deitar abaixo do Museu.

    No corpo as obras-primas resistem um quinto de segundoe menos de meio instinto.

    Descoberta do Museu.

    Deitar abaixo do Museu.

    O Museu dos Movimentos estragou-se.

    Destruio do lugar comum no lugar do corpo.

    Descoberta do Museu.

    Deitar abaixo do Museu.

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    O ombro

    O ombro tem dentro um OMBRO Profundo.

    As palavras tm dentro um corpo Profundo.O estmago tem dentro 1 estmago Profundo.

    Esqueleto, Fezes e Filosofia. A vida Profunda simples.

    Esqueleto, Fezes e Filosofia.

    Mostrar a Filosofia com o Corpo mesmo quando o corpo

    s Mostra os dejectos.

    EVITAR a camuflagem:

    o corpo Profundo o corpo entre as fezes e a beleza.

    Mscara Profunda.

    Apario sbita de deus no OMBRO.

    Mscara Profunda.

    No o OMBRO. deus.

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    O ritmo

    De qualquer modo dana.

    De qualquer modo sente.

    De qualquer modo o corpo contm o dia.

    De qualquer modo as cores e o Msculo.De qualquer modo o corao.

    De qualquer modo sempre no Fundo a Memria.

    Mas de qualquer modo sem TEORIAS.

    De qualquer modo com a teoria da potica que no

    existir teoria e s existir potica.

    De qualquer modo a cincia atrapalha 1 pouco mas no

    totalmente.

    De qualquer modo Curiosidade.

    De qualquer modo colecionar montanhas.

    De qualquer modo acabar quando o ritmo exige que se

    continue o ritmo exige coisas a que no devemos aceitar

    obedecer ser escravos.

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    Pssaros e dana

    A histria da dana no poder ser o Percurso dos

    Movimentos Traado no cho. (tem de ser) o Percurso dos Movimentos Traado no

    ar.

    Acreditar que os Pssaros so restos de

    COREOGRAFIAS. Imagens do corpo que ficaram atrs,

    suspensas.

    (As nuvens ainda, tudo que alto, o cu)

    Os pssaros so restos de COREOGRAFIAS.

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    A tcnica

    A tcnica a MQUINA

    Desligar a Mquina e a Indstria.

    NO ANIMAL VERTEBRADO A TCNICA SO AS

    VRTEBRAS.Nos homens utilizar a alma como a NICA TCNICA.

    A alma a Tcnica.

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    Recordar o bvio

    Contar a MITOLOGIA pelos dedos.

    O corpo todo parado mas na extremidade da Mo a

    extremidade da Mo volta ao Incio; AOS

    ARQUTIPOS.Comear o espao.

    At o DEDO pode comear o Espao.

    No comear no Espao.

    comear o Espao.

    At o dedo pode comear o Espao.

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    Ser rpido

    Dvidas no Tronco e na Cabea.

    Ser infotografado: impossvel fotograf-lo.

    ser INFOTOGRAFVEL.

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    1 bailarino. Acrobata dos Aromas, dizes.

    Dana (isto : cheira bonito do espao).

    Consigo tocar o Aroma de cima com o de baixo. Assim.Flexibilidade do Invisvel.

    Pobreza no Excesso.

    Transbordar de Mnimos.

    (apocalipse demorado e quase tranquilo).

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    Recomendaes

    dominar a natureza mas dominar primeiro o instinto de

    dominar a natureza.

    dominar a Natureza mas dominar depois o instinto dedominar a Natureza.

    No dominar a Natureza.

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    Medidas do corpo

    Meter na dana carne.

    a carne igual no Feminino e no Masculino.

    Descobrir o corpo anterior ao Feminino e descobrir o

    corpo anterior ao Masculino.

    A carne o corpo anterior ao sexo.Meter carne na dana.

    Deixar a dana ser primeiro que o corpo.

    O corpo anterior ao Feminino e ao corpo anterior ao

    Masculino impossvel acrescentar algo de novo.

    No abrir o exterior do corpo para a carne entrar; No

    abrir o exterior do corpo para deixar sair a CARNE.

    No meter CARNE na Dana. No tirar CARNE da

    dana.

    Deixar a Dana naturalmente ser Carne.

    a potica dos ossos e dos mortos igual: CARNE.

    a Matria da Potica obedece aos instrumentos de

    Medida.

    Exibir as Medidas da Alma.

    A carne quando aparece apario antes do corpo exibe as

    Medidas da alma.

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    A carne quando aparece apario antes do corpo exibe as

    Medidas da alma.

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    Danarino subtil

    O corpo no pode interromper o espao.

    CORPOinlocalizvel insituvel.O corpo no pode interromper o tempo.

    CORPOINEXINSTANTE.

    (Mais magro que o instante mais mnimo)

    Corpoinexistante

    e INSITUVEL.

    No interrompe os Velhos.

    (M educao: interromper os Velhos)

    Danarino Subtil: mais Magro que o instante mais

    mnimo.

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    O problema

    executar o problema.esculpir o Problema.

    habilidade: esculpir tomos;

    pedra que se move s nossas ordens: corpo: pedra que se

    move s nossas ordens.

    A dor no obedece, se no a dor no existia, a dor noobedece se no a dor no existia.

    Proibir a dor.

    executar o problema da impossibilidade de proibir a dor

    esculpir o problema da impossibilidade de proibir a dor

    Proibir a doena.

    executar e esculpir o problema da impossibilidade de

    proibir a doena.

    Proibir a morte.

    Alcanar o corpo e nele proibir a Morte.

    executar o grande Problema

    esculpir nos tomos o grande Problema

    executar o problema da impossibilidade de se proibir a

    Morte.

    executar o Problema.

    esculpir o Problema.

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    Treinar

    Treinar a nudez.

    Pintar de cu a nudez.

    Pintar de sexo a nudez.

    Desenhar na nudez a inocncia.Desenhar a Fornicao na nudez.

    a nudez clssica igual nudez actual.

    experimentar roupas nuas.

    confirmar que a nudez mais nua que a roupa nua.

    Treinar a nudez.

    Ser melhor NU que ontem se foi nu, ser melhor nu que

    ontem se foi nu.

    Treinar a nudez.

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    Vocabulrio e alfabeto

    Vocabulrio da mo e dos dedos.

    Vocabulrio das Pernas, do Corao.Vocabulrio do Espao e da Ansiedade.

    Vocabulrio do estmago, do tronco.

    Vocabulrio da inteligncia.

    Vocabulrio das no palavras.

    Vocabulrio da Potncia e do Corpo.

    Vocabulrio da Tristeza.

    alfabeto da alma.

    alfabeto do calor e das guas.

    alfabeto dos cabelos e do tero.

    alfabeto do tero.

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    Inveno

    inventar o Repouso.

    No meio do movimento o Repouso.

    No interrupo. No paragem. continuidade.O Movimento continua para o Repouso que continua

    para o Movimento que continua para o Repouso que

    continua para o Movimento.

    inventar o movimento no repouso, inventar o repouso

    no movimento.

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    Substituio no exacta

    Substituir no Msculo a confuso pela cor.Tocar no cho com a parte do EROTISMO e com

    a parte sonora dos ps.

    (O Erotismo o Som)

    O universo abstracto abstracto e no universo.

    Ser universo no Msculo, no ser abstracto.

    Substituir a confuso pela cor.

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    Evitar

    Evitar Pitgoras. Evitar Pitgoras dos Nmeros.

    Evitar Pitgoras dos nmeros no centro do corpo.

    Entender PITGORAS.

    Entender PITGORAS para alm dos nmeros.Entender PITGORAS para alm dos nmeros no

    centro do corao no corao do corpo.

    PITGORAS fora do cotovelo da pele do movimento

    da fasca do susto.

    Pitgoras fora da seduo do CORPO e da doena do

    CORPO.

    Pitgoras dentro do cu da cabea da Fria.

    Pitgoras dentro da luz que acende a noite por dentro da

    luz que acende a noite por dentro.

    Evite amar entender PITGORAS.

    O corpo deve ao mesmo tempo, no mesmo momento,

    evitar amar e entender.

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    Sobreviver

    O Paradoxo abre o belo.

    Os stios claros permanecem claros:

    O stio que permanece no stio, permanecer.

    Mudar o Stio para o stio onde o corpo Melhor.O Paradoxo abre o belo.

    A sobrevivncia do belo: urgente tornar PARADOXO.

    o belo: a sobrevivncia do belo.

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    Esttica do tomo

    a esttica do tomo.

    a arte do tomo.

    Que importa a beleza daquilo que pode ser belo?Importante a beleza do Impossvel.

    a cincia encontrou muito, no encontrou nada, a cincia

    no encontrou nada, encontrou nomes.

    a esttica do tomo.

    a arte do tomo.

    a deusa interior foi mudar a cor do cabelo e c fora os

    atentos elogiam a brusca mudana brusca mas acertada

    do cabelo da Mudana do cabelo, a deusa interior da

    anatomia exterior est de parabns porque mudou a

    esttica e a arte para azul claro, claro mas FUNDO.

    (Preocupaes estticas com o tomo

    Preocupar-se com a esttica do tomo)

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    Quatro perguntas, quatro respostas

    O que o danarino que falha?

    No se escondeu.

    O que o Mau Danarino?

    Escondeu-se belo no esconderijo Feio.O que o bom danarino?

    Escondeu-se belo no esconderijo belo.

    O que o danarino que falha?

    No se escondeu.

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    Claro que h

    Claro que h tambm os pressupostos.

    Para o Lixo!

    Claro que h tambm o teatro: IMITAR os mortos empalco.

    Para o Lixo!

    Claro que h tambm o Stio certo para os Mveis para

    os tapetes e para a Msica.

    Para o Lixo!

    Claro que h tambm a Psicanlise: o meu ombro no

    anda bem. Claro que h tambm a Psicanlise.

    Para o Lixo! Para o Lixo!

    Claro ainda, h tambm os revolucionrios: construir

    uma estrutura para se opor a quem construiu uma

    estrutura para se opor a quem construiu uma estrutura.

    Lixo! Lixo! Lixo!

    Talvez, permitam-me, o pequeno erro junto s sementes

    seja visto por quem v l de cima, como um milagre, : o

    milagre do pequeno milagre junto s sementes.

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    Conselho consequncia da definio do erro

    S voltar atrs se for Frente.

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    A indstria

    a indstria dos Msculos no aceita a excepo do

    Msculo.

    a tecnologia sente, s que sente tecnologia.O corpo sente corpo.

    a ma sente ma.

    o vinho sente vinho.

    o calcanhar calcanhar.

    A neurose da nuvem desaparece com a chuva e a neurose

    do Msculo desaparece com a Excepo.

    A indstria dos Msculos exige o bom tempo exige o

    bom tempo exige o bom tempo.

    A indstria dos Msculos exige o bom tempo exige o

    bom tempo exige o bom tempo.

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    Orao

    no repetir a orelha nem o Movimento.

    no repetir a ideia que cada orelha tem, cada orelha s

    tem um ideia, no repetir a ideia que cada orelha tem.No repetir a ideia que cada brao direito tem, cada brao

    direito s tem uma ideia, no repetir a ideia que cada

    brao direito tem.

    no repetir o corpo nem o Movimento.

    no repetir a ideia que cada corpo tem, cada corpo s

    tem uma ideia, no repetir a ideia que cada corpo tem.

    deitar o corpo fora depois de cada corpo,

    no repetir o corpo.

    deitar o corpo fora depois de cada corpo,

    no repetir o corpo.

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    Rapazes e raparigas dentro do corpo

    Corpo com Rapazes e Raparigas l dentro.

    a funo do indivduo ser Planeta e ser modesto.

    Corpo com dedos; cuidados atentos na festa dos adultosque so estoicos de modo exagerado.

    festa sem barulhos nem VINHO.

    festa em silncio PURO.

    Corpo com Rapazes e Raparigas l dentro. Danar, isto

    , deix-los sair para o jardim, corpo com Rapazes e

    Raparigas l dentro.

    Festa em silncio PURO: dana onde se festeja e ao

    mesmo tempo se recordam os ossos, o tmulo.

    Festejar o Osso.

    Deixar sair os Rapazes e as Raparigas para o jardim.

    (a pele melhor do que o quarto)

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    Sobre o osso

    Quando o Movimento acaba o osso sobrevive.O movimento da dana, o potico no oxignio deve

    MOSTRAR que o osso SOBREVIVE, o osso permanece

    quando acaba o movimento.

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    fcil

    fcil exemplificar a vida com a vida.

    potico exemplificar a vida com a Morte, a Morte com

    a vida.

    fcil exemplificar a Morte com a Morte. fcil exemplificar a vida com a vida.

    potico exemplificar o outro lado do que se exemplifica.

    fcil o exemplo ser exemplo.

    difcil o exemplo ser TUDO.

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    Ainda, ainda o exemplo

    o dedo que s dedo nem sequer o dedo

    o corpo que s corpo s tapa o espao s tapa o espao

    s tapa o espao

    - deixem-me ver o espaoou ento

    - deixem-me ver tudo.

    (para que importa exibir o corpo se s para exibir o

    corpo? S exibir o corpo se para exibir o que no

    corpo)

    Para que importa exibir o corpo se s para exibir o

    corpo?

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    Esttica

    A esttica da potica da dana: a Rosa Rpida na VioletaLenta

    (acelerar a Rapidez e a lentido no mesmo momento)

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    Pedido

    Pedidos para me tornar pior:- Por favor, torna-te claro.

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    Como a tua dana, a tua esttica, a tua potica?

    O brao. o Brao.

    Mas como, o qu? Explica!O brao, o brao, o brao.

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    Dilogo rigoroso

    Outros poetas e outras FILOSOFIAS?

    O Percalo na tese.

    A prova de que a tese existe o Percalo e o Percalo

    que torna inexistente a TESE.

    A existncia inexistente no existe.A inexistncia existente existe.

    Gostas mais dos ps ou das mos?

    Depende.

    O Corao VARIVEL. Depois da Morte, sim, os

    GRFICOS ainda perdem validade. No h VARIAO.

    Ainda mais? SIM.

    Jogar s cartas com o corpo e fazer do corpo o Acaso que

    surpreende os BATOTEIROS.

    Quem engana quem?

    Os olhos dos outros escravizam a potica do Msculo.

    Quando comea a potica?

    a potica comea quando imaginamos que os outros so

    cegos.

    A exibio?

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    A melhor exibio perante os cegos, o corpo vem de l de

    dentro c para fora e traz a NOVIDADE.

    O FIM?Quando disseram que a Alquimia era uma FARSA e

    esqueceram que tudo o que no Alquimia tambm

    uma FARSA.

    O que que no uma FARSA?

    O que impede a MORTE.O corpo que dana pode impedir a morte?

    No. Tudo uma FARSA. Mas o corpo que dana pode

    obrigar os OUTROS ao desejo.

    Uma explicao?

    O Prazer muito mais baixo do que o Desejo.

    O Desejo alto, o que no se toca, queremos TOCAR.

    O Prazer baixo, o que se toca.

    Uma definio rpida?

    O Desejo uma Prateleira do Cu.

    Outra definio?

    O Cu uma prateleira de deus.

    Outra ainda?

    deus uma prateleira do homem.

    uma indicao final?

    O incio.

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    73

    Eis

    a idade o que ?

    os dias a partir do encontro com deus?

    O resto?

    os dias antes do encontro com deus.a dana, o que deve ser?

    o dia, o dia!

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    Uma frase

    uma frase?

    as frases no tm importncia

    Insisto. Uma frase?

    as frases no tm importnciaInsisto. Peo desculpas. Uma frase?

    as frases no tm importncia.

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    Um pedido

    Ouvi isto uma vez, c dentro, antes da dana (um

    pedido):

    - Por favor, d-me um exemplar de deus.

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    Declarao de amor

    Que me dizes do crebro?

    - Fao-lhe uma declarao de amor:

    O meu corao antigo mas tu tens a idade do meucorao.

  • 8/12/2019 Livro da Dana

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    Um objecto exacto

    Entreter o infinito.

    Tratar o infinito como objecto, atir-lo ao cho, partir-

    lhe a FACE,

    curar-lhe as feridas, chamar pelo pai e pela me; dar-lhepo boca no dia das doenas, contar-lhe os ossos e, por

    fim, desprez-lo.

    Entreter o infinito.

    Tratar o infinito como objecto.

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    Perceber no corpo

    as maneiras ETERNAS.

    Perceber no corpo as maneiras ETERNAS.

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    No ter vergonha

    uma parte do movimento excremento.

    a outra desejo.

    Caem Fezes; atravessam o ar; roubam o AROMAescondido do invisvel e FAZEM-NO aparecer de modo

    FEIO, CLARO, MORTAL.

    uma parte do movimento esse excremento.

    a outra desejo.

    Caem dos Ps da bailarina que delicada e bailarina.

    No pode ter vergonha das fezes, a bailarina.

    Se o Mortal tem medo da Morte tem medo de si do

    corpo do Ego da conscincia de pensar, tem medo do

    corpo, Medo da Morte e do corpo e de tudo.

    No pode ter vergonha das fezes, a bailarina.

  • 8/12/2019 Livro da Dana

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    Duas potncias

    a cabea completa Transversal.

    O corpo completo Transversal.

    Atravessa a sala e atravessa geraes, quando atravessa a

    sala atravessa geraes.a me do Movimento a Imobilidade.

    todos os movimentos se concentram no IMVEL.

    A Potncia sublime do SUSPENSO sublime e Potncia.

    A morte sublime porque algum a suspendeu um

    centmetro acima de NS.

    TER no corpo o sublime do suspenso. Ter no corpo a

    ameaa.

    a imobilidade ameaa. Provoca Medo, insegurana.

    a mo treme e chama pelo PAI.

    A Famlia urgente porque a Imobilidade do danarino

    tal como a invisibilidade da Morte se suspenderam a

    centmetros do Corao; e chamamos corao ao que

    cada corpo pensa em cada momento.

    A Morte foi suspensa desde o incio, no tecto do crebro;

    no se v.

  • 8/12/2019 Livro da Dana

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    Com a dana suspender a outra Ameaa no Tecto do

    crebro; no se v.

    O corpo a 2 Potncia(mesmo quando se move deve ter imobilidades que

    ameaam e se suspendem sobre o exterior)

    A Morte a Primeira Potncia.

    O corpo a 2 Potncia.

  • 8/12/2019 Livro da Dana

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    Ouvir e avanar

    Define exactamente a alma.

    Pedido feito ao louco.

    Define exactamente a alma.

    Ouvi resposta. Aplic-lo ao corpo, lig-lo correnteelctrica; danar.

  • 8/12/2019 Livro da Dana

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    Objectos a utilizar

    A esquizofrenia 1 dos objectos a utilizar.

    o outro pode ser a angstia.

    o Desejo, de to utilizado, perdeu a FUNO; serve

    para Pendurar o chapu.Esquecer agora o DESEJO,

    Relembrar agora a Tranquilidade que d no ter FUTURO.

    a doena outro movimento que di e normalmente

    deita atira o corpo CAMA.

    o doente deitado na cama a gemer a coreografia do

    doente deitado na cama a gemer.

    Cada dia a famlia dos Movimentos desse dia.

    A esquizofrenia um dos objectos a utilizar e pode parecer

    mau mas afinal no.

    Di na Mo (ou seja na alma que tem a forma de Mo)

    di nas Mos quando se agarra o objecto com demasiada

    Fora.

    No agarrar, no pode.

    TOCAR e Fugir

    ALTERNATIVA: Tocar, amar e Fugir.

  • 8/12/2019 Livro da Dana

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    a esquizofrenia um dos objectos a utilizar.

    o outro pode ser a angstia.

    definio: um bocado de MORTE.Angstia: um bocado de Morte.

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    Movimento

    O Movimento Porttil. Quem v leva-o para CASA,

    deixa-o na cadeira da Sala ou transporta-o at o Quarto.

    Por vezes sobe ao Sonho e aos Pesadelos, mas quasesempre Fica no tapete onde, de manh, se procuram os

    sapatos e as MEIAS.

    Tem a utilidade de um DIA.

    Em tardes de calor a CARNE perde o cheiro.

    Mudar de cheiro. A gua urgente.

    Vestir outro movimento.

    O Movimento PORTTIL mas MORTAL.

    O Movimento PORTTIL

    mas MORTAL.

  • 8/12/2019 Livro da Dana

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    Definio de funo

    Pergunta: o que dana que j no se deve danar?

    ajuizar os movimentos, cada movimento, como

    imortal.

    O que o bom corpo que dana bem? O que odanarino?

    o COVEIRO! o COVEIRO!

  • 8/12/2019 Livro da Dana

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    Exibio possvel

    No h nenhum corpo completo.

    Faltam sempre peas ou seja rgos ou seja

    MOVIMENTOS.

    Ao corpo a que faltam Movimentos chamamosINcompleto.

    Ao outro chamamos deus.

    Deus no se exibe.

  • 8/12/2019 Livro da Dana

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    Isso claro

    a ideia vem de qualquer lado.

    Por exemplo: do osso.

    A avaria no osso pode ser evidente c fora e UMAIDEIA.

    Avaria no osso.

    danar e ter avarias nos ossos e continuar como se os

    ossos permanecessem 253; intactos.

    Quanto ao curto-circuito na pele Fcil. A pele c fora

    e mostra-se.

    Para qu MOSTRAR o que h muito tempo C-

    FORA?

    Avaria nos ossos.

    interferncia sbita de deus no tendo direito da PERNA.

    a ideia vem de qualquer Lado.

    As mais evidentes vm de FORA. So a pele a exibir-se.

    As mos profundas vm de dentro, claro, do interior,

    claro, do Profundo, claro, de deus, claro,de deus.

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    Depois sim, antes no

    EPIFANIAS Localizadas.

    deus revelar-se inteiro a parte do corpo.

    Exemplo: o nervo ptico.

    Outro exemplo: a tbia (osso Lindo, longo).Trs dedos da mo esquerda a entenderem a linguagem

    de Cristo, os outros 2 a exigirem os Prazeres do Sculo.

    De resto no acredito no Corao.

    O Corao o ltimo rgo.

    Depois a Morte.

    A Morte o ltimo rgo depois do Corao.

    Antes do Corao ver o sublime o sublime tem de rodear

    o Corao.

    O Corpo do Moribundo, de alguns Moribundos, tem o

    divino a cercar o Corao.

    Depois SIM o Corao.

    Depois morre-se.

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    Livro de cabeceira

    Explorar a electricidade prxima.

    Cada clula (todas as clulas) tem uma mquina dePRAZER no Quarto, junto ao Livro de Cabeceira.

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    Mais um conselho

    Dizer com o movimento: encontrei o stio do Corpo

    onde o corpo deixa de ser stio.

    A ENERGIA pura no Stio, acima do Stio, abaixo

    do Stio, alm do Stio.

    a Energia no tem lugar, procura-o.Dizer aos outros com o movimento: encontrei o stio do

    corpo onde o corpo deixa de ser stio.

    Provocar inveja.

    8 stios por cotovelo.

    Cada lugar que o corpo ocupa um lugar a mais.

    Se o corpo encontrar dentro a clula que o TAPA o corpo

    no deve sair da clula que o tapa a se encontrar.

    Cada lugar que o corpo ocupa 1 lugar a mais.

    Se o corpo encontrar dentro a clula que o TAPA o corpo

    no deve sair da clula que o tapa a se encontrar.

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    evidente

    evidente que devemos explicar.

    evidente que devemos concluir.

    evidente que podemos curar.

    evidente que podemos abrir 1 consultrio e dizer:PAGA!

    evidente que podemos psicanalizar.

    evidente que podemos ter componentes.

    evidente que podemos comear pelo incio.

    evidente que podemos ter emoo e razo e cu em

    cima e terra por baixo.

    evidente que podemos comer e no dar por isso, defecar

    e no dar por isso, fornicar e fecundar e no dar por isso.

    evidente que podemos Regressar.

    evidente que podemos enumerar e dar os nomes certos

    s coisas erradas.

    evidente que podemos acertar.

    evidente que podemos ter 1 corpo sem falhas excepto a

    Falha Grande que MORRER e as outras falhas pequenas

    que so a dor e a velhice.

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    evidente que podemos fixar, explicar, concluir,

    exemplificar, comear, abrir 1 consultrio, curar, receber

    e pagar, estruturar, desenvolver, ter ideias claras e ideiasclaras,

    evidente que podemos pensar, danar e depois pensar

    ou ento o contrrio

    evidente, enfim, de novo, insisto, que podemos explicar,

    mas melhor no.

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    Penso que agora fica claro

    Validar com a invalidao.

    Demonstrar com a indemonstrao.

    Substituir a demonstrao pela indemonstrao.

    demonstrar dizer: esta a verdade.a maior humildade da demonstrao (quando muito):

    no sou a verdade, levo-te at l.

    indemonstrar no dizer: esta a verdade, no sequer

    dizer.

    indemonstrar deixar andar e aceitar o deixar andar,

    no entender e entender o desentendimento geral que

    se possuir acertar.

    Indemonstrar afinal e sempre aceitar.

    No respondo, mas tambm no fao perguntas.

    FAO.

    Algum me FAZ.

    Aconteo ou algum acontece por MIM.

    (ou algum me aconteo)

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    Exclamao

    Algum me aconteo.

    Algum

    Me

    aconteo!

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    Aprendizagem

    Dobrar-se de modo a que o ouvido se encoste s prprias

    costas e ao peito, ouvir o prprio corao com o prprio

    ouvido.

    No acrobacia. No flexibilidade. no tomo pr o conhece-te a ti mesmo.

  • 8/12/2019 Livro da Dana

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    Obedincia

    O corpo obediente e quem manda o oxignio.

    Danar agradecer ao invisvel que nos alimenta.

    O corpo o filho dependente do Espao.

    Danar o ritual de aceitao do Antepassado.

    O corpo obedece ao oxignio.

  • 8/12/2019 Livro da Dana

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    No perder o territrio (o pudor)

    A carne no tem Pudor a no ser a carne do crebro que

    tem pudor toda a outra carne no tem pudor a no ser a

    carne do crebro que tem pudor.

    Explicao: a biologia UNIVERSAL: carne e desejo. Eapenas surge o pudor quando a biologia diz Eu mas

    quando a biologia diz Eu a biologia deixa de ser biologia.

    O Eu diz Eu sozinho.

    Sntese: o meu territrio inaugura o meu Pudor.

    O territrio a Vergonha, o comeo do Envergonhado.

    Quem dana deve apenas ser biologia.

    No diz Eu, quem dana no deve dizer Eu,

    diz ou deve dizer todos, tudo tu tambm imperador, tu

    tambm Multido.

    Perder territrio: ganhar o Fora e perder o dentro.

    Mas o mais dentro biologia e o Pudor esquecer a

    biologia e a memria esqueceu o mais dentro porque foi

    ocupada por signos, a biologia anterior memria ter

    perdido o mais dentro e

    a carne no tem pudor a no ser a carne do crebro que

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    tem pudor a outra carne no tem pudor a no ser a

    carne do crebro que tem pudor.

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    Sobre memria e profecia

    Interditar a memria.

    Tornar a inteligncia bela, voltar no inteligncia.

    S belo o que no inteligente; inteligente o noimediato: um passo atrs ou frente enquanto o belo

    o instante, a superfcie to fina que a frente igual s

    COSTAS, o incio o mesmo que o FIM.

    Interditar a memria.

    a memria a ocupao do espao.

    a memria o no imediato.

    a memria o inteligente.

    interditar pois a memria.

    O Corpo inteligente inteligente mas no corpo porque

    corpo agora, por completo, e o inteligente repito o

    inteligente o no-imediato, um passo a atrs ou Frente.

    A dana no tem memria.

    O Corpo comea agora no momento em que acaba.

    O Corpo comea no mesmo stio que acaba.

    O Corpo 1 stio e 1 tempo e depois 1 outro stio e 1

  • 8/12/2019 Livro da Dana

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    outro tempo que no recordam o stio e o tempo

    anteriores.

    CORPO AMNSICO.Esqueceu porqu aqui e agora.

    Aqui e agora e antes nada.

    Aqui e agora e depois nada.

    CORPO AMNSICO e sem projectos.

    Cortar a cadeira dos velhos e o monte onde se v oFUTURO dos novos.

    Um CORPO sem cadeira (no h cansao porque antes

    no se existiu) e um CORPO sem viso.

    Sem viso no h lado onde chegar e sem cadeira no h

    stio onde descansar por isso s resta ao corpo danar e

    outra vez danar.

    (Corpo a quem eliminaram cadeiras e olhos).

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    Se

    Ter uma gruta no corpo isto uma casa sem porta UMabrigo para onde se possa escapar se o conforto e a

    segurana cansarem.

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    Duas sugestes

    A alma deve encher todos os cantos da casa-corpo e a

    alma deve encher todos os cantos da casa-corpo.

  • 8/12/2019 Livro da Dana

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    106

    Hoje fui ver o corpo

    Cobrir a pele com aquilo que na natureza incerto: o

    Musgo, algas, lama, o Corao, a VIDA, o Slido Mole,

    o lquido lento.Cobrir o Corpo com aquilo que faz escorregar os

    OUTROS: o musgo, algas, lama, o Corao, a vida, o

    Slido mole, o lquido lento.

    Escorregar no bom nem Mau o Susto de poder descer

    ao baixo; ao Minsculo, ao incio da escada.

    Escorregar no Corao o mesmo que escorregar nas

    algas ou na lama.

    Danar e obrigar os outros ao susto; qualquer momento

    possibilidade de voltar ao incio, descer Cave,

    Biologia, carne.

    Obrigar os corpos que veem o corpo que dana a

    regressarem Possibilidade imediata de Morte.

    - Hoje fui ver o corpo e escorreguei.

  • 8/12/2019 Livro da Dana

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    107

    Sobre o verdadeiro milagre

    Tapar a luz e os rudos: no deserto que a indstria dos

    Milagres comea.

    Primeiro ser como o MORTO: MORTO.

    Depois como o recm-nascido: aparecer.Aps 40 dias no deserto o corpo aparece.

    Porm os 40 dias no deserto no so necessariamente 40

    dias nem so necessariamente no deserto.

    40 dias no deserto e em jejum, mas no corpo, frente de

    todos, dos que veem, dos olhos; e mais: num instante,

    imediato, nico, pequeno at.

    assim: primeiro mostrar o CORPO que desaparece;

    Provocar a espera: os olhos esperam e aguardam o regresso

    daquele CORPO.

    A espera a suspenso do CORPO sobre o instante que

    a vem; todo o corpo inteiro est naquilo que se apresta

    a aparecer. assim: no h reservas, no h rgos a pensar

    em direco distinta. O corpo que v todo no que a

    VEM.

    S assim, de resto, se pode acreditar no Milagre.

  • 8/12/2019 Livro da Dana

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    108

    O cptico o que nunca todo por inteiro num certo

    momento e num certo acontecimento. O p ou qualquer

    outro rgo atrs.Em sntese: o corpo deve desaparecer no deserto depois

    de se ter mostrado vivo; e em sntese ainda: na espera

    vive a possibilidade de aceitar o Milagre o corpo voltou:

    o visvel renasceu do invisvel.

    Quem dana deve, repito, possuir movimentos que so40 dias no deserto e depois voltar.

    No regressar com Milagres, Regressar o Milagre.

    No trazer, depois do deserto, nmeros de Magia ( muito

    o barulho).

    Trazer-se sim MILAGRE.

    (O milagre no o Rudo o enorme Rudo Suspenso;

    a enorme Suspenso do rudo enorme).

  • 8/12/2019 Livro da Dana

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    109

    Esse rudo a que alguns chamam morte

    O corpo deve:

    a) ser.b) desaparecer (deserto: 40 dias).c) Provocar a espera.d) Reaparecer o Milagre.

    (Provocar a enorme suspenso do Rudo enorme).e) acabar.f) agradecer os aplausos.g) deixar que o rudo enorme (a morte quando cai dentrodo corpo provoca o Rudo enorme) deixar que o Rudoenorme se faa l FORA, quando cada CARNE voltou casa(a carne volta a casa quando a memria toda ocupada

    pela Morte).L fora, no exterior, nos sofs, no meio do CONFORTO,antes de dormir: o Rudo ENORME.

  • 8/12/2019 Livro da Dana

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    110

    Sobre o que fazer com o minsculo

    Personagens instaladas no corpo, diferentes personagensinstaladas no corpo, diferentes personagens instaladas emdiferentes partes do corpo.Danar com os dedos teatrais, um para cada lado.Os dedos so personagens.Dez personagens.Os dedos so personagens.Dez personagens.

  • 8/12/2019 Livro da Dana

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    111

    Indicaes quase gerais

    Danar sendo Universal na aldeia.

    A arquitectura dos Msculos treme;

    o concerto dos NERVOS e a sinfonia na Direco da

    Alma.A bela Arte da Limpeza do Ar e da pele.

    Poesia em colaborao com o Invisvel (o corpo Move-

    se).

    Poesia em colaborao com o Invisvel.

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    112

    Planeamento e milagre

    Planear Milagres e ensaiar.

    Ensaiar Milagres.

    Colaborar com deus na coreografia.

    O corpo estranho e FUNDO.Ser profundo nos ENSAIOS e mostr-lo depois

    superfcie.

    SER PROFUNDO no dia da EXIBIO Profunda.

    Exibio anterior.

    Planear Milagres e ensaiar.

    Exibio anterior.

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    Os movimentos tm comprimento, altura, profundidade

    e o Milagre.

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    Biografia e prestgio

    a biografia do Movimento deve comear no Equvoco e

    TERMINAR no PARADOXO.

    Pr Movimentos por entre gravatas, engravatar joelhos:

    o quotidiano se LEVITA porque esconde MOTORES.

    EVITAR o enforcamento da trajectria com o SALTOMESMO beira do FIM.

    Regressar ao infantil: no ter pacincia para as Clulas.

    (O corpo impaciente perante o lento crescimento dos

    prprios tomos).

    O tomo adolescente insuportvel, o tomo velho

    LENTO.

    No ser insuportvel nem lento.

    (o insuportvel o LENTO, o lento insuportvel).

    A definio esta: a biografia de cada movimento deve

    aumentar o PRESTGIO do Corpo.

    Quem dana procura entender o que h para entender,

    por isso dana porque procura entender o que h para

    entender.

    a biografia de cada movimento deve aumentar o

    PRESTGIO do CORPO.

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    De novo

    a biografia de cada movimento deve aumentar o Prestgio

    do Corpo.

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    Descida rpida

    Portanto, em concluso: primeiro objectivo do corpo que

    se exibe: mostrar que a metafsica transversal: ela

    Atravessa todo o interior do Corpo e prova que o Ausente

    o MESMO para todos os rgos.Todo o ausente igual.

    O ausente o Divino.

    O Visvel Lixo.

    Desce at Provocao e PROVOCA.

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    Recomendao til

    O espao tem de ser sob os ps como o objecto frgil nas

    mos do bbado: devemos temer por ele, pela sade das

    suas FORMAS.

    Cuidado: no partas o ESPAO.Cuidado no inclines demasiado a alma sobre o METRO

    quadrado do quotidiano.

    O espao tem de ser sob os ps como o objecto frgil

    nas mos do bbado.

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    F e corpo

    Massajar o Corpo com pedaos da Realidade.

    Massajar a Realidade com pedaos do Corpo.

    O Corpo delicado deve ajudar a descontrair os Msculos

    da Realidade.A Cincia j ofereceu o que tinha: TENSO em demasia;

    CONTRACES (COLAPSOS) nos stios de

    CRUZAMENTO.

    O Corpo delicado deve ajudar deus a descontrair-se.

    - No Preciso de MILAGRES (a cientfica PROVA do

    incientfico), basta-me a F.

    O Corpo demonstra a f. Ajudar deus (e a Realidade) a

    descontrair-se.

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    Contabilidade dupla

    Os amantes tm mos a menos.

    No amor exibe-se o que FALTA ao CORPO.

    No Corpo deve exibir-se o que FALTA (mesmo assim)

    ao AMOR.

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    Aniversrio dessincronizados

    Cada osso e cada movimento tm a intensidade que vem

    dos aniversrios.

    O osso envelhece e o movimento envelhece.

    Se gasto a emoo gasto a emoo.Se gasto o osso gasto o osso.

    Se gasto o movimento gasto o movimento.

    O aniversrio da trajectria do Msculo pode no

    coincidir com a Idade do Portador dos Movimentos.

    No corpo possumos Movimentos com idades diferentes

    entre eles e entre eles o Corao.

    O Movimento A infantil.

    O B adolescente.

    O C adulto e tem 4 Filhos.

    O D velho: av.

    No devemos nunca chamar em voz alta o nome do

    Msculo ou do Movimento recentemente falecidos.

    Os movimentos mortos caem com a queda da

    imaginao.

    A questo : ARRISCO ou COLECCIONO.

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    Coleccionar s coleccionar impossveis.

    O Corpo no deve coleccionar seno Centaurosfilhos

    de Centauros.

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    O punhal

    Tocar na carne que nos toca, tocar e ser tocado o mesmo.

    Temer o abstracto pois violento;

    o PUNHAL pode interromper a Coreografia VIDA mas

    o PUNHAL no pode interromper a coreografia-MORTE.

  • 8/12/2019 Livro da Dana

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    Lembrana nica

    Falar do amor.

    A cabea deve SITUAR-SE dentro da realidade com a

    cabea cheia de Rapazes ou Raparigas conforme o desejoe a inclinao das razes.

    A suspenso do violento leva o Fracoe tudo FRACO

    - leva o FRACO at junto do Corao.

    A casa quente e todo o exterior nocturno.

    ASSUSTAR a parte infantil do Corpo dos outros com a

    parte perversa do corpo prprio: o Projecto.

    Falar do amor utilizando a impresso digital do Desejo.

    Deslocar animais para a casa dos Filsofos.

    O Fracoe tudo FRACOquando se aproxima do

    Corao torna-se FORTE.

    A cabea do bailarino deve situar-se dentro da realidade

    com a cabea cheia de Rapazes ou Raparigas conforme o

    desejo e a inclinao das razes.

    Mas s para lembrar a fraqueza essencial; exclusivamente

    para lembrar a fraqueza.

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    Extremamente

    Extremamente descalo.

    Extremamente no decifrvel,

    Extramente FUNDO.Extremamente humano e BOTNICO e animal.

    Extremamente quase homicdio.

    Extremamente obriga a mudar de vida.

    Extremamente fundo.

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    127

    Exactamente aqui

    Prximo do longe, isto : no centro.

    Sempre.No sair de C. DAQUI. Hoje.

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    Corao e cicatriz

    Cicatriz porttil: levar a dor para onde se quer; os ossos

    para onde se quer.

    Bicho e Pessoa de Repente.Pessoa e Bicho de Repente.

    O corpo deve ser por vezes, algumas vezes, uma pedra

    nascida do que lento.

    OUTRAS vezes no. Depende.

    Corao PORTTIL (todos os msculos tm direito a

    sentir).

    Corao Porttil.

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    Gonalo M. Tavares (Luanda, Angola, 1970). Ganhador doPrmio Portugal Telecom em 2007, com o seu romance Jerusalm(Cia das Letras), que faz parte da srie O REINO, junto com A

    mquina de Joseph Walser, Um homem: Klaus Klump, eAprender a rezar na era da tcnica. Publicou tambm O homemou tonto ou mulher (Casa da Palavra), gua, co, cavalo,cabea (Caminho) entre outros, e uma srie de senhores quemontam o seu projeto intitulado O BAIRRO: O Senhor Henri, OSenhor Brecht, O Senhor Kraus, O Senhor Juarroz, O Senhor

    Valry, etc. O Livro da Dana tem uma edio portuguesa pelaAssrio Alvim, em 2001, e o primeiro livro de Gonalo M.Tavares. Vive em Lisboa, Portugal.