Livro de Zacarias - Maturidade 2012

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Livro de Zacarias 1ª Noite Zacarias 1:1 Para os eruditos judeus, o livro de Zacarias não está aberto ao entendimento. Eles aguardam que o Mestre venha para lhes dar entendimento. Para os cristãos, é um dos livros mais difíceis de serem interpretados. Nós sabemos que esse Mestre já veio e enviou o Espírito Santo para interpretá-lo para nós. Não há referências a reis ou outros profetas no livro de Zacarias, a não ser ao rei Dario. Ele era um dos reis da Pérsia, um rei gentio. Foi-nos dado, ainda, uma referência temporal. Em Lucas 21, quando o Senhor predisse o futuro de Jerusalém, ele se referiu ao tempo dos gentios e que Jerusalém seria pisada por eles até que esse tempo se completasse. Não há referÊncia ao ano de Davi, mas ao ano de Dario. De alguma forma, o povo de Deus estava sob o tempo dos gentios. Segundo o livro de Daniel, o tempo dos gentios tem início com Nabucodonosor; a partir daquela estátua, da cabeça de ouro até os pés de barro. Deus ainda é Deus, mas, estudando todos os livros proféticos posteriores, inclusive o de Zacarias, a referência a Deus é feita apenas como o “Deus dos céus”. De alguma forma, a glória de Deus se retirou de entre o povo de Deus, até mesmo do templo. O tempo dos gentios cobre um longo tempo, passando pelos babilônios, persas, gregos, romanos. Há na Bíblia, alguns livros chamados “livros de restauração”, porque se referem, de alguma forma, à situação de um povo sob o domínio dos gentios, de um rei a outro, aguardando a restauração. As dez tribos, 100 anos antes do cativeiro babilônico, foram levadas cativas e não mais retornaram. Todavia, as outras duas tribos ainda experimentaram alguma restauração, depois de 70

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Livro de Zacarias

1ª Noite

Zacarias 1:1

Para os eruditos judeus, o livro de Zacarias não está aberto ao entendimento. Eles aguardam que o Mestre venha para lhes dar entendimento. Para os cristãos, é um dos livros mais difíceis de serem interpretados.

Nós sabemos que esse Mestre já veio e enviou o Espírito Santo para interpretá-lo para nós. Não há referências a reis ou outros profetas no livro de Zacarias, a não ser ao rei Dario. Ele era um dos reis da Pérsia, um rei gentio. Foi-nos dado, ainda, uma referência temporal.

Em Lucas 21, quando o Senhor predisse o futuro de Jerusalém, ele se referiu ao tempo dos gentios e que Jerusalém seria pisada por eles até que esse tempo se completasse. Não há referÊncia ao ano de Davi, mas ao ano de Dario. De alguma forma, o povo de Deus estava sob o tempo dos gentios. Segundo o livro de Daniel, o tempo dos gentios tem início com Nabucodonosor; a partir daquela estátua, da cabeça de ouro até os pés de barro. Deus ainda é Deus, mas, estudando todos os livros proféticos posteriores, inclusive o de Zacarias, a referência a Deus é feita apenas como o “Deus dos céus”. De alguma forma, a glória de Deus se retirou de entre o povo de Deus, até mesmo do templo.

O tempo dos gentios cobre um longo tempo, passando pelos babilônios, persas, gregos, romanos.

Há na Bíblia, alguns livros chamados “livros de restauração”, porque se referem, de alguma forma, à situação de um povo sob o domínio dos gentios, de um rei a outro, aguardando a restauração.

As dez tribos, 100 anos antes do cativeiro babilônico, foram levadas cativas e não mais retornaram. Todavia, as outras duas tribos ainda experimentaram alguma restauração, depois de 70 anos de tratamento pelo Senhor. Eles ainda reconstruíram Jerusalém e o templo a partir das ruínas. Apenas duas tribos retornaram, de fato, à sua terra de origem.

No tempo do reino do norte e reino do sul, havia duas realidades políticas, mas um só lugar de adoração. Porém, o reino do norte criou um centro próprio de adoração e as dez tribos buscaram manter a sua unidade política, à parte da vontade de Deus. Eles sabiam que o templo representava a presença de Deus e que Jerusalém estava relacionada à glória de Deus. Ainda assim, afastaram-se de Deus para manter a unidade de 10 tribos, muito inferior do que aquilo que Deus planejara. O testemunho do Senhor repousou, assim, sobre apenas duas tribos.

As dez tribos foram totalmente dispersas, as duas tribos passaram por disciplina. Depois de 70 anos em cativeiro, o Senhor promoveu sua restauração. Ainda que essas pessoas tenham

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falhado para com Deus, eles foram restaurados a Jerusalém pela graça de Deus. Se Deus os tivesse destruído, ele seria totalmente justo; por outro lado, o fato de eles voltarem a Jerusalém significa que o choro pode durar por uma noite, mas a alegria vem pela manhã.

Por esse motivo, Deus usa cinco livros para descrever o que aconteceu com aquele povo que foi levado ao cativeiro e, após, restaurado pela graça do Senhor à terra prometida. Esse povo, no AT, é chamado de remanescente. Nem todos retornaram da Babilônia para Jerusalém.

Esdras, Neemias, Ester, Ageu e Zacarias são os livros da restauração. O livro de Malaquias também costuma ser incluído nesta relação. Certamente que um deles é melhor compreendido se for observado em conjunto com os demais. Em verdade, o livro de Zacarias é a chave para o entendimento dos demais. Aquele remanescente sabia que deveria retornar a Jerusalém, mas não muito além disso.

Antes do cativeiro babilônico, os judeus eram os melhores agricultores do mundo. Após, eles se tornaram os melhores comerciantes e hoje têm nas mãos o império econômico. Muitos ficaram na Babilônia e prosperaram, mas apenas o remanescente decidiu sair de lá e retornar a uma Jerusalém em ruínas. No entanto, foram essas pessoas que construíram o “judaísmo”, tornaram-se escribas e fariseus, formaram sinagogas, e causaram tantos problemas ao Senhor chegando ao ponto de crucificá-lo fora do arraial.

É oportuno questionar: esse povo saiu da Babilônia, amava a Deus, eram fiéis à palavra de Deus, criam que cada palavra era inspirada. Eles estaram em Jerusalém e pensavam estar seguros, que tudo estava no seu devido lugar. Ao ler Zacarias, o Senhor nos mostra o motivo de aquelas pessoas serem restauradas.

Quando as pessoas se tornam raras, elas se tornam soberbas. Devemos pensar nisso não apenas quanto ao tratamento com o povo terreno de Deus, mas com a sua igreja, o seu povo celestial. Algo aconteceu com aquele povo; algo também aconteceu com a igreja. Por muitos anos ela também foi levada cativa e estava sob o domínio babilônico. Que o Senhor tenha misericórdia para que não nos tornemos como aquele povo da restauração, que se tornou soberbo, orgulhoso, e crucificou o nosso Senhor.

Esses livros não se aplicam apenas aos judeus, como algo histórico, ou com profecia e coisas a se cumprir. Isso é verdadeiro, mas, da mesma forma, o tratamento de Deus com a Igreja também passa por esse quadro; a história da Igreja mostra, sem sombra de dúvida, este paralelo. Infelizmente, continuamos a repetir tantos erros cometidos no passado...

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Esdras 4:24; 5:1-2; Zc 1:1 – O período em que Deus falou com Zacarias, enquanto o templo estava sendo reconstruído – 20 anos. Estar em Jerusalém significa estar no centro da vontade de Deus?

Abraão veio do outro lado do Eufrates. Por causa de sua fé não ter sido “100%”, ele entrou na terra em dois estágios. Saiu de Ur dos Caldeus e, por causa de seu pai, ficou em Harã; de Harã, foi à terra prometida. Muitos anos depois, os filhos de Abraão falharam com Deus e percorreram o mesmo caminho, todavia inverso, para “retornar” à Babilônia. As duas tribos

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foram levadas cativas, também em dois estágios, no caminho inverso de Abraão, também em dois estágios, à terra prometida.

O retorno à Jerusalém não é o fim da restauração, mas sim o testemunho de Deus.

O cativeiro na Babilônia é um fato histórico muito importante na história dos judeus. Foi dessa forma que eles construíram um império financeiro “invisível”. Um remanescente entre aqueles cativos, retornou a Jerusalém, cerca de 50 mil pessoas, sob a liderança de Zorobabel e Josué, sumo-sacerdote. Eles queriam trazer, de volta, a presença de Deus. Ergueram o altar e, depois, os fundamentos do templo esperando que a glória de Deus voltasse a Jerusalém.

Ao estudar o livro de Esdras, vemos que encontraram muita oposição de todas as direções até que, por um momento, foram forçados a parar os trabalhos por 16 anos. Ao concluir esse tempo de esperar, temos o livro de Ageu.

Ageu 1:1 – no segundo ano do rei Dario, no sexto mês.

Apenas dois meses depois, o Senhor falou a Zacarias. Estes são profetas do reavivamento. Em razão da oposição dos inimigos, pararam a edificação do templo e até diziam que ainda não era tempo de retomar a construção. Não retornaram a Babilônia, mas estavam vivendo para si mesmos, dando muitas desculpas como “ainda não é o tempo”, “precisamos esperar” e, enquanto isso, usavam o material da construção do templo para a construção de suas próprias casas. Eles estavam no lugar certo, mas estava na hora de considerar os caminhos que estavam percorrendo. Pensavam que era melhor fazer nada em Jerusalém do que fazer nada na Babilônia.

Ageu nem fala do líbano; simplesmente fala em subir aos montes. Era hora de retomar a obra de reconstrução do templo. É muito provável que Ageu já contava com alguma idade e ainda tinha memória de como era o templo, antes do cativeiro. “Considerai o vosso passado...”.

Ageu 1:14-15 mostra que, por causa da palavra, no segundo ano do rei Dario, o templo começou a ser reconstruído.

Esse reinício durou apenas um mês e foi necessário que, no sétimo mês, o Senhor falasse novamente através de Ageu. Pouco tempo depois do recomeço, o povo se deu conta da fria realidade e, facilmente, o homem natural passa ao estado de desânimo. Por essa razão, Deus precisou falar mais uma vez – precisamos da palavra do Senhor todos os dias. Comparar o templo de Salomão e o templo que agora estavam a reconstruir foi desanimador; passam a sofrer da “síndrome” de Elias, pensando serem “o remanescente” destinado à extinção. Elias percebeu ser apenas um dentre sete mil.

O reavivamento verdadeiro não dura apenas um mês. Não é apenas emoção; depois de um breve tempo, a emoção esfria e apenas o Espírito Santo pode nos conduzir até o fim naquele propósito. Quantos reavivamentos são fabricados pelo homem. O reavivamento moraviano não foi assim rápido; John Wesley foi impactado pela vida naquele lugar na Alemanha, onze anos após o início daquele reavivamento.

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Essa empolgação, às vezes, é necessária para nos levar de volta a Jerusalém. No entanto, as primeiras dificuldades não podem nos fazer pararpor 16 anos. Ageu 2:4 encoraja Zorobabel, Josué e todo o povo da terra. Muitas vezes Deus passa a ser referido como o “Senhor dos Exércitos”.

Qual era a razão de reconstruir o templo? Ageu diz que o Senhor fará abalar céus, terra e todas as nações. O Messias é o Desejado de todas as nações e aí está a glória. Os olhos do povo conhecia apenas a glória de Salomão, mas estava por vir aquele que é maior do que Salomão. Não se pode comparar a glória da sombra com a glória da realidade.

Ageu 2:20 o Senhor fala novamente ao povo, ainda no segundo ano de Dario

Por um lado, amamos a Deus, mas também amamos a benção de Deus. Por um lado imaginam o trabalho prosperando na construção do templo e, também, a benção do Senhor nos seus próprios assuntos. O Senhor, porém, fez essa benção tardar. Antes pensavamos que o Senhor deveria nos abençoar; às vezes, essa benção não pode ser imediata e precisamos aprender a esperar. É o que o vs. 19, no fim, nos mostra. Quando o Senhor atrasa sua benção, faz-nos perceber que mais apreciamos a benção do que Ele mesmo. Esse foi o ministério de Ageu.

Zacarias falou, pela primeira vez, exatamente um mês antes da última profecia de Ageu (Zacarias 1:7 e Ageu 2:20). Zacarias 1:1 se refere apenas ao mês, não ao dia em que o Senhor falou. Zacarias era um profeta jovem, ao contrário de Ageu.

1 No sétimo mês, ao vigésimo-primeiro do mês, veio a palavra do SENHOR pelo ministério do profeta Ageu, dizendo:1 No oitavo mês do segundo ano de Dario, veio a palavra do SENHOR ao profeta Zacarias, filho de Baraquias, filho de Ido, dizendo:10 Ao vigésimo-quarto dia do mês nono, no segundo ano de Dario, veio a palavra do SENHOR pelo ministério do profeta Ageu, dizendo:20 E veio a palavra do SENHOR segunda vez a Ageu, aos vinte e quatro do mês, dizendo:7 Aos vinte e quatro dias do mês undécimo (que é o mês de sebate), no segundo ano de Dario, veio a palavra do SENHOR ao profeta Zacarias, filho de Baraquias, filho de Ido, dizendo:

Em apenas uma noite, Zacarias teve oito visões e, assim, as mãos daqueles que estavam trabalhando na reconstrução do templo foram fortalecidas. Mas ele vai ainda além, para um futuro distante, o propósito de todo aquele trabalho.

Todas as profecias da bíblia podem ser reunidas em dois pontos focais: a primeira vinda do Senhor e a segunda vinda, respectivamente, o livro de Daniel e o livro de Apocalipse. Zacarias faz conexão entre as duas vindas.

Aquele remanescente, aquelas pessoas, tudo o que elas tinham em mente era retornar a Jerusalém e reconstruir o templo. O Senhor tinha muito mais em mente e é isso o que ele revela no livro de Zacarias. Deus tem um propósito eterno e Zacarias toca nesse assunto. O testemunho de Deus tem um futuro muitíssimo brilhante!

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1ª Manhã – 1ª Sessão

Zc 1:1-3;7-8

10 tribos capturadas pela Assíria se perderam (10 tribos perdidas). Apenas 2 tribos foram levadas cativas para a Babilônia e destas, cerca de 50 mil pessoas retornaram a Jerusalém. Foi um número pequeníssimodentre os muitos judeus que foram levados à Babilônia e lá permaneceram.

Através do livro de Esdras vemos aquele remanescente sob a liderança de Neemias e Zorobabel. Lançaram os fundamentos para a reconstrução do templo e muitos choraram de alegria, por estarem novamente em Jerusalém. Por outro lado, a euforia inicial logo foi apagada pela dura realidade, pelas dificuldades e oposições encontradas na reconstrução do templo. Foram 16 anos de obra parada. Deus havia chamado esse remanescente para aquela obra, mas o povo não foi capaz de realizá-la. Por 16 anos, a casa de Deus ainda estava em ruínas.

Aquele chamamento inicial era verdadeiro? Por que a obra parou? Por que a casa de Deus ainda estava em ruínas? Se era assim, qual foi o motivo de voltar da Babilônia?

Um dia, Deus falou ao povo através de Ageu: considerai os vossos caminhos! Outra vez, Deus falou por meio de Zacarias, dois profetas falando àquele povo remanescente, ambos no segundo ano de reinado do rei Dario. Assim o Espírito Santo tornou a palavra viva no povo, a fim de que o templo voltasse a ser reconstruído.

Por efésios, sabemos que precisamos estar cheios do Espírito Santo e, ao mesmo tempo, em colossenses, vemos que juntamente a isso está o sermos cheios da palavra de Cristo. Assim, a palavra do Senhor veio àquele povo, dizendo: “sede fortes”.

O templo permanece templo sem a glória de Deus, mas deixa de ser a Casa de Deus e passa a ser apenas mais um prédio qualquer, um amontoado de pedras.

Para Deus, há apenas um templo e, certamente, a glória do segundo seria maior do que a do primeiro.

Zacarias era um profeta jovem. Ele começou a falar quando a mensagem através de Ageu estava quase no fim. Zacarias 1:7 mostra que em uma noite, este profeta recebeu do Senhor oito visões. Quatro anos depois, aquele povo terminou a reconstrução do templo, isto é, vinte anos após regressarem da Babilônia. Depois, Esdras embelezou a casa de Deus e redescobriu a palavra do Senhor (embelezamento significa, no NT, amadurecimento da Igreja, por meio da palavra). Pouco depois, Neemias foi levantado para a reconstrução das muralhas de Jerusalém, a cidade de Deus.

O livro de Zacarias não está fechado ao entendimento, nem está restrito à história daquele povo remanescente. Aqui vemos que há um futuro também para a Igreja.

Lutero sonhava com a verdadeira igreja, dentro da igreja. Infelizmente, ele via muitos descrentes dentro da estrutura. Chegou a hora, então, em que surgiram os pietistas.

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Aquele sonho de Lutero se realizou aproximadamente 100 anos depois, com os pietistas. Zinzendorf cresceu pietista e um grande teólogo da história disse que era difícil encontrar alguma pessoa que fosse tão cristocêntrico como ele.

A influência dos pietistas foi sentida por muitos anos depois, no avivamento inglês por John Wesley, no avivamento americano, por George Whitefield, até na China, por Hudson Taylor. Nessa lista podemos falar de Mathew Henry, John Vankle, George Muller e muitos outros que estudavam a bíblia não só com a mente, mas também com o coração.

É com esse mesmo espírito que devemos nos aproximar do ensino em Ageu e Zacarias. De fato, essa é a forma bíblica de nos aproximarmos da palavra de Deus. Precisamos usar a mente, mas isso não é tudo; não se trata de mera ciência, mas de vida. É a partir daí que o Espírito Santo pretende trabalhar em nossas vidas.

Se somos chamados para sermos vencedores, como podemos completar nossa missão? Quanto tempo será que ainda temos? Nosso chamado foi em vão? Paulo não foi desobediente à visão celestial.

Após Lutero, nos últimos quatro séculos, temos visto essa história dos remanescentes na Igreja. Os pietistas, os anabatistas, os quackers. A questão desses irmãos não era apenas o “batismo”, mas a Igreja, a obediência à palavra do Senhor, não a tradições que se colocam acima da vontade de Deus.

Assim como aquele remanescente no AT, a vontade do povo em voltar a Jerusalém era para reconstruir o templo e o testemunho do Senhor. Qualquer outra obra não era legítima. O remanescente da Igreja também precisa ver sua posição a partir dessa realidade e atender ao chamado do Senhor para cumprir o seu propósito.

Willian Pen, um famoso Quacker, escreveu um livro chamado “no cross, no crown”; nesse livro, ele fala que o objetivo dos quackers era o de retornar àquela experiência da Igreja do início. Eles não aceitam elementos exteriores, bem mesmo o batismo nas águas e o partir do pão. Foram ao extremo, mas a intenção era o retorno à palavra e à experiência espiritual.

Todos esses sabiam que eram os remanescentes. Não sabiam como a Igreja podia ter se desviado tanto do seu propósito.

É preciso entender, entretanto, que a Igreja é diferente do povo judeu.

Os congregacionalistas estão nesse grupo também.

Em verdade, existe um desejo geral, até hoje, em muito povo, de “retornar a Jerusalém”, quer dizer, voltar à experiência original da Igreja, daqueles tempos primeiros. Isso passa até pelo movimento de restauração do louvor e adoração na Igreja.

A.T. Pierson era um presbiteriano e deu um testemunho de ver duas igrejas apostólicas, uma em Bristol (George Muller) e outra em Boston (Gordon).

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2ª Noite – 1ª sessão

Espírito do Senhor + Palavra do Senhor (Ageu e Zacarias)

Zacarias 1:1-3

O centro do verso três, como se lê, é “o Senhor dos Exércitos”; a expressão aparece três vezes num pequeno verso como Zc 1:3. Zacarias procura abrir os nossos olhos, porque o próprio criador do universo, o Deus que fez os céus e a terra, o Senhor dos Exércitos falava ao povo. A mensagem para o remanescente vem do Senhor dos Exércitos: tornai-vos para mim e Eu me tornarei para vós. Esse é o centro da mensagem dada a Zacarias, a chave para abrir o resto do livro.

Aquele povo não estava mais na Babilônia, não significava voltar para Jerusalém. O Senhor não falou isso antes de começar a reconstrução do templo, pois Ageu já havia dado a sua mensagem. Zacarias veio depois de Ageu. Inicialmente aquele povo construiu as próprias casas; o Senhor, porém, chamou-os para a construção da Casa de Deus.

Zacarias, certamente, sabia dizer a coisa certa, no tempo certo, para a audiência certa, porque aquela era a palavra do Senhor dos Exércitos. Ageu havia encorajado o povo a ser forte na obra de reconstrução haver reiniciado. Será que não era suficiente voltar a Jerusalém e retomar a obra de reconstrução do templo?

Voltar a Jerusalém é o princípio de voltar para o Senhor; estar envolvido com a reedificação da casa de Deus é outro passo; NADA pode substituir o Senhor, nenhuma de suas bençãos pode substituí-lo. A obra de Deus não é Deus. Por isso Zacarias diz, naquele momento em que tudo poderia parecer no caminho certo, “tornai-vos para mim”. Nada pode substituir a nossa comunhão com o Senhor, nem mesmo boas obras, nem mesmo a reconstrução da Casa de Deus.

Não importa o preço pago para retornar a Jerusalém, não importa o preço pago para realizar a reconstrução do templo; se não tomarmos cuidado, podemos trabalhar integralmente para o Senhor e não satisfazer o seu coração, por estar muito ocupados com a obra e não com Ele mesmo. Não podemos confundir o meio com o fim. A mensagem dada através de Zacarias se ocupou em chamar aquele povo não para seus grandes sacrifícios realizados para retornar a Jerusalém, para reconstruir o templo, a Casa de Deus; o foco estava em aquele povo se voltar para o SENHOR.

Estar envolvido na obra de Deus não significa, por si só, estar envolvido com Deus.

Hoje muitos estão preocupados em retornar àquela experiência da Igreja do NT, desejosos por realizar algo para o Senhor, produzir algo para o mundo ver. Zacarias anteviu a história daquele remanescente, isto é, que a sua obra se tornaria o seu mundo, um mundo religioso, apenas de aparência. O que está sendo feito hoje?

Nos EUA e em muitos lugares do mundo vemos as mega-igrejas (mais de 2k membros).

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Quando queriam tornar Jesus rei, pelas obras que ele fez, Mateus diz que Jesus expeliu o povo; a mesma palavra usada para enxotar animais. Após fazer isso, ele partiu para o monte para orar. Tudo com o que Jesus se preocupava era em agradar o Pai, ele nunca desviou seu olhar do Pai por causa da obra que estava realizando.

Os discípulos não haviam entendido o que estava acontecendo. Todavia, obedeceram e se lançaram ao mar. O mar, naquela noite, estava bravio, com ventos contrários, querendo levá-los de volta ao lugar onde o Senhor despedira as multidões. Dez horas depois de remar contra o vento, o Senhor foi até os seus discípulos no mar. Naquele momento, após recusar-se a ser feito rei pela multidão, após os discípulos remarem dez horas contra o vento, ele vai por sobre as ondas aos seus discípulos e se identifica como o Messias, segundo nos fala Isaías 52.

Algumas vezes queremos substituir a presença do Senhor pelos seus milagres. Ainda que estejamos envolvidos com a obra de Deus, há uma possibilidade de não estarmos envolvidos com o Senhor. Essa é a mensagem do livro de Zacarias.

O propósito de Deus haver chamado todo aquele povo de volta a Jerusalém era que Jesus pudesse nascer em Belém; o fim era o próprio Senhor. O objetivo era oferecer as condições para a vinda do Messias. Alguns poucos permaneceram aguardando o Messias, como Ana, Simeão e outros. Tudo deveria estar pronto para receber o Messias, mas não foi isso que aconteceu. Eles conheciam bem a Bíblia, que Cristo nasceria em Belém, como foi dito a Herodes, culminando na matança dos infantes.

Aqueles escribas haviam, além dos 10 mandamentos, encontrado 613 regulamentos. Um pesado fardo que, por fim, levou à crucificação do Senhor. Por um lado, Pilatos foi representante romano, mas foram os escribas, fariseus e o sumo sacerdote que disseram “não temos rei além de César", “caia o seu sangue sobre nós e nossos filhos”. Para poderem se livrar de Jesus, para “salvar” o judaísmo, submeteram-se não a Deus, mas a César. Crucifica-o! Foi o que disseram, mesmo pensando serem ortodoxos, obedientes aos mandamentos de Deus. Somente Deus sabia o quanto eles estavam distantes dos Seus propósitos. Eles perderam o propósito final do retorno a Jerusalém, que era a recepção ao Messias.

Apenas um punhado de gente se voltou ao Senhor. Esses formavam o verdadeiro remanescente.

Zacarias não poderia ser o sumo-sacerdote, mas foi-lhe sorteada a função do altar de incenso, a posição mais alta após a do sumo-sacerdote. Era a posição de intercessão pelo povo, uma oração corporativa. Eles oraram para que o Messias viesse, não para que ele tivesse um filho. Mas foi assim que nasceu João, o Batista.

Tornai-vos para mim e eu me tornarei para vós!

Simeão se voltou para o Senhor. Ele estava no templo e lá, pode segurar Jesus, ainda bebê, em seus braços.

Todavia, ainda é possível estar em Jerusalém com os olhos vendados, fazer as coisas conforme a palavra de Deus, não estar na Babilônia, achar que são “Filadélfia” e que os demais são “Laodicéia”, achar que apenas nós estamos em Jerusalém....quão enganoso pode ser nosso

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coração, quando não nos ocupamos com o Senhor. Ainda hoje aqueles rabinos judaicos aguardam a vinda do Messias. Um dia eles olharão para aquele a quem traspassaram, quando o inimigo circundar Jerusalém, em súplicas e graça, verão o Senhor descendo no monte das Oliveiras, e chorarão, como os irmãos que traíram José. Esse é o quadro de Zacarias 12 a 14. Por tantos anos pensaram fazer a vontade de Deus e, de repente, reconhecem a verdade.

Tornai-vos para mim!

É por isso que o autor do livro de Hebreu diz para sairmos do arraial ao seu encontro, levando o seu vitupério.

:::::::::::::::::::::: 2ª sessão

Zacarias 1:7-19

Não se trata de sonhos. Zacarias teve uma noite com oito visões, uma após a outra, numa longa noite de seu início, quase até o alvorecer. A quarta onda de avivamento foi no dia 24 do nono mês, por Ageu. Zacarias 1:7-19 se trata da quinta onda desse avivamento da restauração.

A primeira visão era um homem montado num cavalo vermelho. Imediatamente buscamos saber o que significam os cavalos, quantas cores e o motivo de ser vermelho, etc. Todavia, antes disso, é necessário entender qual é a mensagem. Eles cavalgavam em um vale, mas não se sabe qual era o vale que Zacarias viu, mas via muitos anjos e uma conversa. Um anjo foi falar a Zacarias, sempre tentando interpretar para ele o que estava acontecendo. Havia um anjo responsável por interpretar a palavra. No hebraico, esse anjo tem um título, traduzido como “aquele que falava comigo”, mas na verdade, deveria ser “aquele que falava em mim”. A palavra foi inserida em Zacarias (vs. 9). No vs. 11 vemos a expressão “o anjo do Senhor”, a qual aparece na Bíblica muitas vezes e sempre se apresentava na forma humana. Antes da encarnação de Cristo, antes que o verbo se fizesse carne, como aqueles três amigos que visitaram Abraão, Deus se apresentou em forma humana várias vezes como “o anjo do Senhor”, a segunda pessoa da trindade, Deus Filho (ele é a imagem do Deus invisível).

O anjo do Senhor apareceu a Abraão, a Hagar, etc. Quando Abraão estava prestes a imolar Isaque sobre o altar, aquele que bradou e o impediu foi o anjo do Senhor.

Naquele vale havia muitas murteiras (simbolizando os israelitas). Deus estava, mais uma vez, plantando aquele remanescente naquela terra, nos lugares baixos e havia cavalos entre as murteiras.

Havia, então, o anjo do Senhor e o anjo que falava dentro de Zacarias. Não está dito, mas na linguagem no NT, Jesus é sempre o foco da visão, mas é o Espírito Santo quem nos conduz a toda a verdade.

No mês 11 do segundo ano de Dario, os muitos anjos voltaram a se reportar ao anjo do Senhor, dizendo que toda a terra estava tranquila e descansada. A palavra do Senhor era de encorajamento, porque ele disse que faria abalar céus e terra. Aquela calmaria, então, era apenas a traquilidade antes da tormenta. O momento em que Deus abalaria as nações estava por chegar.

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No vs. 12 vemos que o anjo do Senhor intercede por aquele remanescente ao Senhor dos Exércitos. Precisamos que nosso Senhor interceda por nós. Que grande conforto!

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2ª Manhã – 1ª sessão

Zacarias 1:12-17

Quando aquele povo retornou da Babilônia para Jerusalém, tiveram um grande avivamento através da palavra dada pelo Senhor por Ageu, Zacarias, Esdras e Neemias. Entre os remanescentes, havia aqueles que realmente aguardaram a vinda do Messias; perceberam que a razão de voltar a Jerusalém não se esgotava aí, em retornar à terra natal; não, eles entenderam que havia algo mais, aguardando a realização do plano de salvação de Deus. Outros não atenderam a esse chamado do Senhor.

Antes da vinda do Messias, era necessário que houvesse um templo. Com o retorno daquele remanescente, sabemos que foi possível, de acordo com a profecia de Malaquias, que o bebê Jesus, ao oitavo dia, fosse levado ao templo.

Após a reconstrução do templo, ainda que Jerusalém fosse uma cidade santa, formaram um arraial, um “acampamento”, formou-se uma religião da mesma forma como existiam as religiões pagãs: o judaísmo. Por esse motivo, primeiramente o Senhor foi às ovelhas perdidas de Israel e sempre falava nas sinagogas; ele percebeu, porém, que tendo vindo para os seus, os seus não o receberam. Após haver curado milagrosamente o homem com mão resequida no sábado, os líderes do judaísmo se voltaram contra ele para o matar.

Zacarias apresentou uma mensagem focada em “tornai-vos para mim”.

Uma parte do remanescente tornou-se verdadeiramente ao Senhor e estava pronta para recebê-lo na sua primeira vinda; entretanto, outra parte daquele remanescente foi responsável pela sua crucificação.

Depois da reforma, quando a Igreja de Deus “voltou para Jerusalém” sob liderança do Espírito Santo, foi maravilhoso, mas, gradualmente, ela foi institucionalizada; engessou-se da mesma forma como quando o judaísmo foi criado. Na primeira geração, aquele vaso estava cheio de água viva; na segunda, estava pela metade e, na terceira, aquela água quase já se havia acabado, mas havia muitos vasos para encher. Agora tudo o que poderiam discutir não era sobre o vaso estar cheio ou vazio, mas sobre o meu vaso ser mais bonito do que os demais. Trata-se apenas de aparência, de estrutura.

Formou-se o arraial do catolicismo e, após a reforma, o arraial do protestantismo também foi criado. Estrutura, clero, altar, púlpito, liturgia...onde estava a vida? A igreja anglicana, por exemplo, tinha o livro de orações como a grande fonte de toda a sua liturgia; o mesmo se deu em vários outros setores da igreja, isto é, um programa definido para a adoração.

De acordo com pesquisas contidas em uma enciclopédia cristã de 2001, já existem 38 mil denominações cristãs. Todos cremos haver voltado para Jerusalém, no início tudo era vivo. Muitas vezes, após havermos recebido a luz, temos a tendência de dar a essa luz a forma a que

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já estamos acostumados. Mesmo as “igrejas livres”, na Inglaterra, ao se divorciarem da igreja Anglicana, herdaram aquela forma de adoração, aquela liturgia. Um historiador cristão, ao examinar as “igrejas livres” disse que a igreja Anglicana foi a mãe daquela liturgia, e que o judaísmo foi a avó.

Retornando à primeira visão, os olhos de Zacarias foram abertos para perscrutar aquele mundo dos espíritos. Quando se fala no Senhor dos Exércitos, aí estão envolvidos, ao menos, os anjos.

Segundo a visão de Daniel, no tempo de Zacarias, era o império persa, aquele urso, que estava a governar sobre a terra e o relato é que toda a terra está repousada e tranquila. Todavia, essa era aquela calmaria que antecede a tempestade. O profeta teve o privilégio de ouvir uma conversa entre a 1ª e a 2ª pessoas da trindade. Juntos eles traçam um plano; que informação privilegiada. O vs. 12 é o centro da primeira visão, quando o Anjo do Senhor intercede ao Senhor dos Exércitos por aquele povo remanescente. Eles não estão órfãos, não estão isolados. Nós temos um sumo-sacerdote que vive para interceder por nós!

A resposta está no vs. 14, mas não foi o Anjo do Senhor, nem o Senhor dos Exércitos quem falou agora; foi aquele Anjo que falava “em mim”, fazendo referência à 3ª pessoa da trindade. É sempre esse anjo que traduz o que está acontecendo ao profeta. Apenas este Anjo é que pode fazer com que o profeta entenda a mensagem. Aquele conversa entre a 1ª e a 2ª pessoas da trindade é traduzida ao profeta pela 3ª pessoa da trindade. Foram palavras boas e consoladoras. Essa palavra deveria ser compartilhada com aquele povo remanescente.

Jerusalém = Trono de Davi + Casa de Deus; a isso Deus chamava de Sião. Depois de 70 anos de disciplina, de ira contra aquele povo idólatra que foi levado cativo à Babilônia, já era tempo de retornar a Jerusalém. Deus estava, com grande empenho, zelando por Jerusalém e por Sião; estava grandemente irado contra as nações em descanso. Por isso, em Jerusalém será edificada a Casa de Deus e o cordel será estendido sobre Jerusalém: a reconstrução de toda a cidade. A obra do Senhor seria alcançada e cumprida. No vs. 17, o Senhor fala “minhas cidades” e uma delas, certamente é Belém, a cidade em que Jesus deveria nascer.

No salmo 132, o Senhor disse haver escolhido Sião por habitação.

As demais visões, todas, derivam da primeira visão.

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2ª sessão

Zacarias 1:18-21

A primeira visão continha palavras tão carinhosas. Deus é o Deus da glória, também é de amor. Ele disse estar zelando com grande zelo e empenho por Sião. Normalmente Paulo não era sentimental, mas assim agiu quando escreveu aquelas cartas aos Tessalonissenses. Através de Zacarias, o Senhor deu uma palavra de consolo, depois de tantos anos de sofrimento. O Senhor queria expandir a visão daquele povo, não só para o fato de terem retornado a Jerusalém, mas para a Casa de Deus, para Sião, para as Suas cidades, para a vinda do Messias!

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Malaquias 3:1

Era necessário, para o cumprimento da profecia, não só pelo testemunho de Deus, que o povo retornasse da Babilônia, reconstruísse o templo e a cidade de Jerusalém. O desejo daquele povo, depois de tanto sofrimento, era de manter-se vivo, de não ser aniquilado. Esse não era o propósito do Senhor; tratava-se de muito mais.

Miquéias 5:2

Esta é a profecia sobre o lugar de nascimento do Messias, isto é, em Belém. É por isso que o Senhor diz, em Zacarias, que as suas cidades ainda transbordarão de bens. Belém está a apenas cerca de 7km de distância de Jerusalém, ou seja, era uma das cidades circunvizinhas.

Jesus deveria nascer em Belém e, em oito dias, seria apresentado no templo, na cidade de Jerusalém. Para isso aquele povo retornou da Babilônia.

Apocalipse 11:8 / Hebreus 13:12

Jesus foi crucificado fora das portas de Jerusalém, para além dos muros de Jerusalém. Neemias deveria reparar os muros e portões da cidade. Fora do arraial significa, foram dos portões de Jerusalém.

Jerusalém, o templo, os muros e portões, tudo era um meio preparado para receber a primeira vinda do Messias. A igreja, hoje, está ocupada com a obra de Deus, mas são coisas e meios para a 2ª vinda do Senhor, esse é o foco.

Aquele verso de Malaquias tem um cumprimento duplo e, para a segunda vinda do Senhor, o templo literal deverá ser reedificado. Em 1948 os judeus retornaram à sua terra natal; por que isso aconteceu?

Quando Zacarias vê o futuro de Jerusalém, sua visão não está restrita ao tempo de Zorobabel, nem à primeira vinda do Messias, mas vai até a segunda vinda do Senhor, quando seus pés pousarão sobre o Monte das Oliveiras.

Na segunda visão, a visão dos 4 chifres e 4 ferreiros. Voltando ao vs. 11, ao que foi reportado pelos anjos, aquela calmaria antes da tempestade já prevista por Ageu. Os chifres sempre se referem, na Bíblia, a poder, isto é, a nações poderosas e opressoras. Israel era como um cordeiro na boca do leão, urso, leopardo e da besta (Babilônia, Persia, Grecia, Roma). Se o julgamento inicia por sua casa, isso explica os 70 anos de sofrimento. Quão grande é a indignação do Senhor com os demais.

Jerusalém, Israel e Judá. Retornando ao livro de Daniel, os 4 chifres estão muito bem relacionados. Os quatro ferreiros vão tratar dos quatro chifres. Aqui podemos ver como o Senhor abala as nações. Os quatro chifres representam as quatro bestas do livro de Daniel. Elas também falam de quatro reis, o que tem a ver com os ferreiros também. Nabucodonosor, Ciro, Alexandre o Grande, Cesar Augusto: os quatro reis. No livro de Isaías temos o chamamento de Ciro mesmo antes de seu nascimento. Ele foi instrumento de julgamento para lidar com a Babilônia. Ciro foi o primeiro ferreiro, seguido por Alexandre, o Grande, depois Cesar Augusto.

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No capítulo 7 de Daniel há um quinto reino, quando aquela rocha bate nos pés da estátua, despedaçando-a. O quinto reino corresponde ao último ferreiro, isto é, a Jesus Cristo.

Lucas 2:1 – decreto de Cesar Augusto. Naquele momento Cesar era o senhor, mas com o nascimento de Jesus, ele é o Senhor para sempre, o quarto ferreiro.

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3ª Noite – 1ª sessão

Zacarias 2:1-5 terceira visão

A terceira visão, com início em Zc 2:1 é um prolongamento, uma expansão da primeira visão. Em Zacarias 1:16 já vemos o cordel que será estendido sobre Jerusalém.

Nesta visão, Zacarias como que toma em suas mãos o “telescópio do tempo”, vendo num futuro bastante distante, até a época do milênio, a reconstrução de Jerusalém. O cumprimento imediato foi na época de Neemias, a qual é sombra da realidade celestial, que é o cumprimento remoto.

Sem dúvida, foi uma palavra de encorajamento àquele povo remanescente, mas não estava restrito a isso. É uma profecia de cumprimento duplo. Na época do milênio, o muro será o próprio Senhor, como uma muralha de fogo e o próprio Senhor será a glória de Jerusalém. A profecia da terceira visão tem um cumprimento imediato, mas o seu cumprimento pleno acontecerá apenas no tempo do milênio. Hoje, Jerusalém é sete vezes maior do que a Jerusalém dos tempos de Zacarias e do Senhor Jesus. Atualmente, há uma multidão de homens e animais nela e se sua extensão vai para além das muralhas. Todavia, isso ainda não é o cumprimento da profecia. Ainda não vemos que Deus é a glória de Jerusalém, o que acontecerá apenas no milênio.

Esse cordel significa apenas que Jerusalém será reedificada; mesmo na época de retorno do Senhor Jesus, a Jerusalém terrena ainda será figura da cidade celestial, que é a cidade que tem fundamento. Aos olhos de Deus há apenas uma Jerusalém, isto é, a celestial.

Zacarias 2:6-7

Nesses versos continuamos a ver a tensão entre Babilônia e Jerusalém. Apenas quando Babilônia cair é que a nova Jerusalém descerá do céu. Quando o Senhor fala para fugir, isso significa que ele fará abalar as nações, céus e terra e dá lembrança àquele povo que ainda estava na Babilônia. Deus estava excessivamente irado para com as nações e estava prestes a abalar Babilônia.

O vs. 8 se refere ao Messias, o qual foi enviado, para que o Senhor obtenha a glória. Aquele remanescente era, para o Senhor, a menina do seu olho, estava em seu coração de forma preciosíssima. Foi o Messias quem abalou as nações e, em cumprimento mediato, essa profecia se estende até o milênio também.

A parte norte do Irã corresponde ao império Medo (Teerã); o império persa está na porção sul do Irã, onde ficava Susã (livro de Ester). No Irã, há muitos sítios arqueológicos da UNESCO, no

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antigo território Medo-Persa e, alguns deles, estão relacionados à Bíblia. Num deles, há uma grande rocha, na divisa entre Iraque e Irã, a montanha de Behistium (1700 pés de altitude); aos 300 pés de altitude está essa grande rocha, um monumento com uma inscrição em três línguas, contando a história de Ciro a Dario, o grande. Este queria mostrar as grandes contribuições que ele realizou ao império, inclusive dizendo que desde Ciro, houve muitas rebeliões e, finalmente, um ano antes de começarem a reedificar a Casa de Deus, Dario venceu todas as batalhas e toda a terra repousou tranquila e em paz. Exatamente como o relato dado ao anjo do Senhor. Naquele tempo, ainda que o povo da Babilônia estivesse sob domínio persa, havendo rebeliões, Dario e seus generais, por duas vezes, trouxeram destruição àquela cidade.

No vs. 10 e 11, pela terceira vez num só capítulo, o Senhor fala “habitarei no meio de ti”. O vs.12 é o único lugar, na bíblia, que fala da “terra santa”. Hoje é como se nada estivesse acontecendo, mas é como aquela bonança antes da tempestade, quando o Senhor abalará a terra.

Sião também é citada por mais de uma vez. Jerusalém nasceu em Sião. Quando Davi tomou aquela cidade pertencente aos jebuseus, já era uma cidade cercada por muros. Foi necessário tomar a cidade de dentro para fora. Aquela é chamada a Fortaleza de Sião e, quando Davi a conquistou, tornou-se a cidade de Davi e ele tomou aquele nome de Sião, a partir do monte Sião. Hoje há dois montes Sião em Jerusalém, um deles é o tradicional e o outro, é o bíblico.

O monte oriental é o monte Moriah. O monte Sião verdadeiro é o menor monte de Jerusalém, a porção sul do monte Moriah. A parte mais ao norte é o calvário e, no meio, está o templo. O monte Moriah desce até o fundo do vale e, quase no fundo, lá está o Monte Sião, entre o vale de Cedrom e o vale Central. Ele representa a vitória de Davi e Sião sempre se refere ao local do trono de Davi. Também, Deus escolheu Sião como o lugar de sua habitação. Sião, especificamente, refere-se ao trono de Davi e à casa de Deus.

Zacarias 3:7;4:6

A quarta visão fala de Josué, que era sumo-sacerdote (Casa de Deus); a quinta visão fala de Zorobabel (Trono de Davi).

::::::::::::::::::::::::::: 2ª sessão

Mateus 1:1,6,12

Zorobabel não era rei, mas representava o governo civil no tempo de Zacarias, era da linha real, descendente de Davi. Não era rei de fato, mas para Deus, representava a posição do trono de Davi.

Os remanescentes tem grande responsabilidade. Eles não aguardaram que todo aquele povo retornasse da Babilônia para retomar a reconstrução do templo. Porém, quando eles finalizaram a construção do templo, foi como se todo o povo estivesse reunido; todos se beneficiaram daquela vitória.

Esdras 3:1 – o remanescente não vence para si mesmo, apenas, mas por todo o povo.

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Quando Sião é reconstruído, quando a realidade existe, atinge-se o propósito para o qual aquelas pessoas retornaram a Jerusalém. Josué e Zorobabel representam todo o remanescente.

Zacarias 3:1-2

O sacerdócio é a realidade da Casa de Deus. O que é a Igreja? É o sacerdócio universal dos santos. Não é a estrutura, a ordem da Igreja, o que importa, mas a sua realidade diante de Deus. No vs. 8, descobrimos que aqueles sacerdotes estavam funcionando no serviço do templo, mesmo antes de estar finalizada a reconstrução.

Josué tinha estado num lugar sujo por 70 anos, suas vestes estavam sujas. Satanás se levantou contra Josué, mas o Senhor o repreendeu. Ele esteve no fogo, sob julgamento, na Babilônia. Por outro lado, Josué, mesmo assim, estava diante do Anjo do Senhor. Ele foi vestido com vestes novas, finos trajes. Na linguagem do NT, ninguém pode estar diante do Senhor sem estar revestido de Cristo. Por isso, todos os demais sacerdotes puderam servir como sacerdotes; a Casa de Deus estava em operação.

Josué era o sumo-sacerdote e ganhou autoridade de julgamento sobre a casa de Deus, andando nos seus caminhos e observando as suas ordenanças.

Josué – o Renovo – Pedra com sete olhos

Em um só dia, no vs. 9, significa de uma vez por todas. O vs. 10 ainda será cumprido no milênio.

Zacarias 4:1-6

Novamente, o anjo despertou Zacarias para uma nova visão. Todo aquele candelabro era uma palavra do Senhor a Zorobabel, o qual servia, naquele momento, como autoridade civil e representante do trono de Davi.

Duas oliveiras, vaso produzido, sete lâmpadas, todas conectadas a um suprimento abundante. Todo esse quadro do candelabro e as duas oliveiras forma uma só palavra: não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos! Mesmo com muita oposição, pelo Espírito do Senhor, montes grandes se tornarão campinas. A pedra de remate é a ultima pedra da obra: a casa de Deus seria reconstruída.

Sião = Casa de Deus + Trono de Davi

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3ª Manhã – 1ª Sessão

Zacarias 4:2,11-14 ...os dois ungidos...

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A questão interessante na figura não é o candelabro, mas a existência de um vaso de azeite acima das sete lâmpadas e duas oliveiras, uma de cada lado daquele vaso. A bíblia nunca menciona a dimensão desse vaso. O vaso e as duas oliveiras estava acima do candelabro.

O candelabro tinha luz por causa do óleo, em um suprimento que precisava ser renovado pela ação do sacerdote. Todavia, nessa figura, cada uma das sete lâmpadas tinha sete tubos de abastecimento de óleo diretamente do alto, provindo daquele vaso e das duas oliveiras. Até dá pra imaginar que esse vaso tem dimensões grandes para prover óleo através de 49 tubos para aquelas sete lâmpadas do candelabro. Havia dois tudos dourados conectando as oliveiras ao vaso e deste, pelos tubos, até as lâmpadas do candelabro.

Pentecostes era a festa dos sete setes (7x7=49). Por Apocalipse também vemos que o candelabro está relacionado ao testemunho do Senhor e à Igreja. Nos últimos dois capítulos de Apocalipse, vemos que a igreja é o candelabro, mas ele não tem luz própria; a sua luz é Deus e a lâmpada é o cordeiro de Deus. Paulo viu a Igreja como o corpo de Cristo, e João a viu como um candeeiro.

O óleo para a unção de Arão era feito de uma especiaria muito rara. A igreja é o corpo de Cristo, mas sua missão é a do candelabro e ela somente pode ser exercida através da provisão do Espírito Santo.

Zorobabel tinha a função de cabeça civil, de representante do Trono de Davi, mas não poderia fazê-lo sem o suprimento celestial, repousar sob o comando do Senhor. Ele havia tentado por força e por poder durante 16 anos, mas não era este o caminho: pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos. Dentro de quatro anos, então, a Casa de Deus ficou pronta e Zorobabel colocou a pedra de arremate com aclamações, mas isso não se deu por causa da força do povo, mas por causa do Espírito Santo. A obra de restauração é sempre a obra de Deus, dependente dele, realizada em submissão a Ele.

Aqueles dois ungidos, as duas oliveiras, como que estão sobre toda a terra, entre ela e o céu, correspondem ao Sacerdote e ao Rei, ambos eram ungidos, um relacionado à Casa de Deus, outro ao Trono de Davi. É a combinação da quarta e da quinta visões: Josué + Zorobabel, ambos juntos ao Senhor de toda a terra.

Apocalipse 11:4

As duas testemunhas, na época da grande tribulação. No contexto de apocalipse, é provável que uma delas seja Moisés e a outra Elias, respectivamente, tomando o lugar de Zorobabel e de Josué. Qual é o propósito do seu testemunho? No monte da transfiguração, Jesus conversava com Moisés e Elias sobre sua ascensão ao céu, o que aconteceu apenas depois de descer ao Gólgota. Enfim, quando Jesus foi assunto ao céu, lá havia duas testemunhas, mas a Bíblia não diz quem eles são, mas seria muito natural não serem anjos, mas Moisés e Elias.

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2ª Sessão

Zacarias 5:1-3

Page 17: Livro de Zacarias - Maturidade 2012

Obediência a Deus deve ser absoluta, mas não é possível pregar obediência absoluta à igreja, porque todos nós ainda somos pecadores redimidos pela graça.

As próximas três visões estão relacionadas à nossa falibilidade. Quando Abraão entrou na terra prometida, passou pelo monte Ebal e monte Jerizim, antes de ir a Berseba. O mesmo se deu quando Moisés conduziu o povo pelo deserto; em razão das características geográficas, por um lado do monte estar voltado ao Monte Hermom, estava cheio de vida; o outro lado do monte, por receber a brisa seca do deserto, estava sempre sem vida. Foi nesse lugar que proclamaram as bençãos e as maldições, seis tribos de cada lado do monte.

A quarta e a quinta visões falam da benção, árvore da vida, do desejo de Deus para o seu povo. Estamos envolvidos com uma obra que requer perfeição, mas nós mesmos não somos perfeitos.

O rolo voador tinha dois lados, fazendo lembrar das duas tábuas da lei.

Logo depois das duas visões de benção, há duas visões de maldições: o rolo voante e a mulher com o efa. A dimensão do rolo voante é a mesma dimensão do lugar santo: o padrão de santidade é o lugar santo no tabernáculo.

O desejo pela riqueza leva ao roubo e a jurar falsamente.

Mamon nunca acha conforto na posição de escravo; sempre quer ser Senhor. Os judeus se tornaram, com a queda da Babilônia, os agentes financeiros do mundo. Com a re-ascensão da Babilônia, aos poucos, esse dinheiro está voltando para lá, exatamente como a profecia.

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4ª Noite – 1ª Sessão

Zacarias 5:5-11

Esta é a sétima visão. Já é quase o final daquela noite. As 6ª e 7ª visões tem a ver com iniquidade e formam um conjunto.

Aquele rolo voante, o roubo e o juramento falso pelo nome do Senhor era para o pecado em geral, são dois itens para representar todos os dez mandamentos. Todavia, para aquelas pessoas, para aquele remanescente, havia um significado especial em função da relação com o comércio aprendido na Babilônia. Jurar falsamente pelo nome do Senhor serviria para tentar “provar” que eles não tinham cometido nenhum roubo.

Quando enfrentamos situações difíceis, de sobrevivência, podemos ter de enfrentar dilemas que nos forçam a abrir mão de princípios. Sobreviver é uma necessidade? A vida é valor maior do que a santidade?

Efa é uma medida de quantidade utilizada no comércio, para os judeus, é a maior medida de “unidade” de volume. Zacarias viu um grande vaso, cujo volume era de um efa. O que Zacarias viu, assim como na sexta visão, estava relacionado com o comércio. Através do versículo sete, vemos que a tampa daquele vaso era de um talento de chumbo, que era a maior medida de peso usada no comércio pelos judeus.

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Por causa da impiedade no comércio, para sobreviver, às vezes as pessoas roubaram, depois elas juraram falsamente pelo nome do Senhor, até um ponto em que a conciência daquele povo já não o incomodava. O dinheiro é tão doce, mas muitas vezes está misturado com amargura.

No vs. 6, olhando para o efa com o talento, é fácil fazer a conexão com o dinheiro. A tradução brasileira fala traduz como iniquidade em toda a terra, mas o original fala de aparência do mundo.

Na sétima visão, é possível ver algo mais, pois há uma mulher sentada no meio do efa, que corresponde ao talento (tampa). Depois, duas mulheres, com o vento em suas asas, como de cegonha (ave impura), e a levaram de volta para casa, na Babilônia.

2ª Sessão

Apocalipse 17:5,1-6

Antes que a nova Jerusalém desça do céu, a grande Babilônia cairá. Nesse ponto não haverá nenhuma alternativa; a única escolha será a árvore da vida.

Na visão de Zacarias, qual é a conexão da mulher com a Babilônia, por que ela saiu do seu lugar originário? Em Apocalipse 17, aquela mulher certamente representa a Babilônia, mãe das prostitutas e de todos os ídolos (abominações) da terra. A Babilônia é a mãe de todas as religiões do mundo. A religião babilônica, no princípio, adorava Ninrode e sua esposa, um deus e uma deusa e seu líder religioso era chamado “pontífice máximo”. A Babilônia de Apocalipse 17 é uma Babilônia religiosa que se espalhou pelo mundo.

Provavelmente, 200 anos antes de Cristo, o centro da religião babilônica foi transferido para a cidade de Pérgamo. Nas cartas às igrejas, em Apocalipse, a carta à igreja de Pérgamo falava sobre o lugar do trono de Satanás. Lá havia um altar dedicado a Zeus, um grande altar. Arqueólogos alemães fizeram escavações e descobriram esse altar e, concluídas as escavações, levaram todo o altar para Berlim. Ainda hoje, em Pérgamo, é possível ver duas grandes árvores no lugar onde estava o altar.

Nos tempos de Julio Cesar, o centro de adoração da religião babilônica foi transferido para Roma. O pontífice máximo passou a ser o imperador, que usava duas coroas, uma relacionada ao império e outra à liderança religiosa, o pontifício máximo.

Roma ou Babilônia; Babilônia ou Roma?

Houve um momento em que um imperador cristão não quis tomar para si o título de pontífice máximo e concedeu esse título e ofício ao bispo de Roma. Também, os bispos, tomando elementos emprestados do judaísmo (diáconos – levitas; bispos – sacerdotes), resolveram ter um “sumo-sacerdote”, um bispo sobre os outros. Na mesa do Senhor, o pão e vinho tornaram-se em sacrifício; a mesa, o altar; o edifício, o templo. A igreja foi secularizada e judaizada,

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assim como o Senhor havia predito. Uma religião foi formada, uma estrutura, uma instituição, uma liturgia. Cada grande cidade se tornou reprodução de Roma e foi formada uma hierarquia – Roma, Constantinopla, Jerusalém, Alexandria, etc. O bispo de Roma se tornou muito importante e, um dia, recebeu o título de pontífice máximo e, por consequência, todos os bispos que o seguiram nessa posição. Papa = pontífice máximo.

Esse é o motivo pelo qual a mulher sentada na besta, Babilônia, moveu-se de seu lugar original para Pérgamo; depois para Roma. A igreja foi capturada pela Babilônia. Esse é o motivo do grande espanto de João em Apocalipse 17.

No século XVI, o Senhor nos levou de volta a Jerusalém. É límpido o paralelo do cativeiro dos judeus e o cativeiro dos cristãos.

Haverá um tempo em que essa mulher será levada de volta para a Babilônia. Ela é a mãe das abominações, dos ídolos, mas também um grande centro comercial.

Nas profecias de Jeremias, a cidade de Babilônia já havia passado para a história. Isaías 13 fala, também, da Babilônia, que é aquela cidade no dia de Jeová, isto é, no futuro, nos dias do fim. Lucas 21 fala que não só a figueira há de florescer, mas também das demais árvores, com referência a reinos antigos que haverão de renascer. Daniel 4 fala de uma grande árvore, cortada, mas o cepo permanece no chão e, depois de sete tempos (2520 anos), aquela árvore haverá de ressurgir.

Foi o império persa (Irã) que cortou aquela árvore (Babilônia – Iraque); em 1990, houve a guerra Irã-Iraque, exatamente 2520 anos depois daquele primeiro confronto. Nessa ocasião, as nações ocidentais apoiaram o Iraque – seu exército se tornou o quinto maior do mundo. O poderio babilônico começou a se reerguer e a cidade de Babilônia também já foi reconstruída e, atualmente, é apenas um centro turístico. Essa cidade será um grande centro financeiro no futuro.

Aquele sonho de Nabucodonosor, da estátua, ele esqueceu porque não gostou dele. Apenas a cabeça era de ouro, isto é, o império babilônico cairia. Para Nabucodonosor, toda aquela estátua deveria ser de ouro. Ao mesmo tempo há o aspecto da idolatria, pois foi ordenado a todos que adorassem a estátua, mas não apenas isso, todos deveriam adorar o ouro, isto é, Mamom.

Um dia, quando o império babilônico ressurgir, o mundo não será mais controlado pelo poder finaceiro dos judeus. A economia mundial deu uma guinada em 1918. Na mesma época da queda do império otomano, as terras do oriente médio (descendentes de Ismael) ficaram sob domínio da França e da Alemanha. Quando aquele povo estava em apuros, Deus o ouviu e descobriram petróleo sob a terra. Dessa forma, foram capazes de sentar na mesma mesa das nações ocidentais. Hoje muitos descendentes de Ismael se tornaram muito ricos. O dinheiro, Mamom, costumava pertencer à Babilônia. Atualmente, o mundo financeiro está em tensão entre os descendentes de Isaque e os de Ismael.

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4ª Manhã – 1ª Sessão

Page 20: Livro de Zacarias - Maturidade 2012

Zacarias 6:1-8

Essa é a oitava visão. São quatro carros de guerra para conduzir o julgamento de Deus sobre a terra (quatro reinos – estátua de Daniel). O bronze (monte de bronze), na bíblia, sempre se refere a julgamento. O julgamento sempre começa pela casa de Deus; depois, se estende por toda a terra.

Deus estava irado para com as nações que oprimiram Israel. Deus as havia usado para corrigir e julgar o pecado de Israel, para que eles pudessem crescer. Todavia, aquelas nações foram além e agravaram o mal.

O império persa, que veio após o império babilônico, tinha um imenso exército, por volta de um milhão de soldados (urso). A manutenção desse exército era feita através de pesados impostos cobrados pelo império das nações conquistadas; o pagamento era feito em prata.

Alexandre, o grande, do império grego, com um exército muito menor, derrotou o império persa e experimentou uma vitória após a outra. Todos os escudos e armaduras dos gregos eram feitos de bronze. Na sequência, os romanos tinham essas peças feitas em aço. Alexandre acreditava que a cultura grega era tão grande, que toda a terra seria atraída para ela; seu sonho era helenizar toda a terra. Por isso, ele se casou com uma mulher persa e encorajou dez mil de seus soldados a se casar com mulheres persas. Antes disso, todas as pessoas do oriente eram iletradas, mas aprenderam grego, começaram a ir à escola. Assim, boa parte do oriente foi helenizado. Foi dessa forma que surgiu o grego coloquial, usado nas relações comerciais. Roma conquistou o império grego, mas a cultura grega também conquistou Roma. Esse é o motivo de o NT ser escrito em grego.

A grandeza de Alexandre não foi apenas militar. A cultura grega se espalhou por todo o mundo e isso explica muito bem o leopardo, pois, além da velocidade, era cheio de manchas, pela mistura com todas as nações.

A quarta besta era excessivamente forte. Será enfretada por cavalos malhados, todos fortes. Deus julgará a quarta besta.

Há quatro tipos de cavalos: vermelhos, pretos, brancos e malhados, todos fortes. Eles percorreram toda a terra, iniciando pela terra do sul. Não fala para aonde foram os cavalos vermelhos e o motivo de não ver a sua ação é porque o trabalho deles já havia sido feito, isto é, a queda do império Babilônico. O cavalo preto estava destinado ao império persa, os brancos e malhados, para o império grego. Todos os cavalos, fortes, para o julgamento do império romano.

*** império persa após morte de Alexandre se dividiu em quatro; os cavalos brancos foram para o norte e os malhados para o sul, que era a extensão do império grego, tanto na Grécia, Pérsia, Babilônia e Egito.

O império romano ainda há de ressurgir. O julgamento também continuará até o fim, sobre o império romano.

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Essa foi a última visão da noite e o dia já está raiando. Aquela longa noite estava chegando ao fim.

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2ª sessão

Zacarias 6: 9-13

A oitava visão foi concluída no vs. 8. Ao final dela, vimos os quatro ventos que saem pela terra para julgá-la e executar a vontade de Deus. Esse será o fim do reinado do anti-Cristo. Agora não se trata mais de uma visão.

No calendário judaico, os dias são contandos de noite a noite. O vs. 10 fala que, ainda no mesmo dia (Zc. 1:1), ele deveria ir aos que foram levados cativos, receber ofertas em ouro e prata, e entrar na casa de Josias. Nesse ato simbólico, Josué, o sumo-sacerdote foi coroado, mas no sistema levítico, o sumo-sacerdote nunca usava coroa. Lendo Apocalipse 19, falando do rei dos reis, vemos que há muitos diademas sobre sua cabeça. Em verdade, a coroa de Zacarias 6 é descrita como uma coroa composta, uma sobre a outra. Provavelmente, era uma coroa de prata e, sobre ela, uma coroa de ouro. Esse ato é um tipo, pois após aquela longa noite, no alvorecer da manhã, Josué deveria ser coroado não com a mitra sacerdotal, mas também com aquela coroa.

Josué está reunindo, numa só pessoa, o sumo-sacerdote e o rei, isto é, o rei-sacerdote. No AT, tanto o rei como o sacerdote eram ungidos. Aqui, todavia, neste ato simbólico, devemos retornar ao Salmo 110:1-2,4: o Messias reinando e, ao mesmo tempo, sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque. Josué tipifica o Messias, por um lado rei, por outro, sacerdote.

Agora está muito claro o significado das visões: a visão do Messias. Tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor dos Exércitos. Toda aquela longa noite, todas as visões culminando no Messias, rei e sacerdote.

Os gregos e os romanos sempre olham para o passado com muito orgulho. Por outro lado, há aquelas pessoas que olham para o futuro, onde está a sua glória: os cristãos e os judeus. Entretanto, quando aconteceu, ou acontecerá, o salmo 110? Muitos acreditam que isso acontecerá num futuro distante. Todavia, outros pensam que o cumprimento não está num futuro tão distante assim.

Atos 2:32-35 é uma citação de Pedro do Salmo 110. Quando Jesus ascendeu aos céus, vemos o cumprimento do Salmo 110; Jesus foi ungido como Senhor e Cristo, eis a conclusão de Pedro. Não apenas Cristo, mas Senhor – ele é Rei e também nosso sumo-sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque. Deus o exaltou e lhe deu um nome que é sobre todo o nome!

O reino dos céus tem início com a ressurreição do Senhor, mas haverá um momento, no futuro, em que tudo se tornará visível.

Zacarias 6:12 fala do homem cujo nome é renovo, em referência ao Senhor antes da crucificação.

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5ª Noite – 1ª Sessão

Zacarias 6:9-11/Salmo 110/Atos 2:34

Cristo é o Sacerdote e o Rei, assim feito e ungido por Deus, quando ascendeu à sua destra. A figura central no livro de Zacarias é o Senhor Jesus glorificado.

João 19:1-5 – eis aqui o homem.

O Messias é apresentado como homem; o mesmo a quem crucificaram, Deus o exaltou como Senhor e Cristo. Esse é o quadro que Zacarias estava mostrando. A descrição é:

a) Eis o Homemb) Renovoc) Brotará do seu lugard) Edificará o templo do Senhor

Mateus 2:23 – no AT não há nenhum verso exatamente assim. Mateus escreveu que isso não foi falado por um profeta específico, mas por profetas. Jesus nasceu em Belém, mas cresceu em Nazaré. Zacarias diz que ele brotará do seu lugar.

Isaías 11:1 tem redação semelhante a Zacarias. Renovo, em hebraico, é traduzido por “Nazaré”. É provável que a família de José, pai de Jesus, segundo a carne, não voltou da Babilônia na época de Zorobabel, Esdras e Neemias.

Originalmente, Nazaré não era o nome de um lugar, mas de uma família. As pessoas de cuja descendência poderia vir o Messias, o Renovo, eram chamados nazarenos e, provavelmente, esse é o caso da família de José. Mateus se refere, naquele verso, a Isaías e Zacarias.

Dizia-se que nada de bom poderia vir de Nazaré. O solo naquela região está cheio de calcário branco, que não absorve a luz do sol e, por isso, nada cresce ali. Calcário não é bom para a produção agrícola, mas é perfeito para a pavimentação do caminho. Jesus foi aquele renovo em terra seca; veio da manjedoura e seu destino era a cruz.

Eu edificarei a minha igreja, disse o Senhor Jesus, isto é, ele edificará o templo do Senhor. A glória da última casa será maior do que a da primeira! Foi exaltado, derramou o Espírito Santo e edificou a sua Igreja.

e) Levará a glóriaf) Assentar-se-á no seu tronog) Dominaráh) Será sacerdote no trono

Tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor dos Exércitos.

Page 23: Livro de Zacarias - Maturidade 2012

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2ª Sessão

Zacarias 6:14

Até o ano 70 a.d., quando o templo foi foi queimado, aquela coroa ficou como memorial. Nessa ocasião, verificou-se que muito ouro e prata derretidos fluiram por entre as rochas. Depois, o general romano determinou que cada pedra fosse revirada, para separar o ouro e a prata. Não ficou pedra sobre pedra. Por que a coroa não está mais lá, como memorial? Por que o templo foi destruído? Não há mais necessidade da sombra, quando já existe a realidade.

O vs. 15 fala que pessoas que estão longe virão e ajudarão a edificar o templo do Senhor.

Efésios 2:11-22

Assim, vemos o cumprimento daquela profecia de Zacarias. No vs. 14, fala-se do “muro de separação”, o qual existiu apenas no templo do tempo de Jesus. A parte mais exterior, mas dentro dos muros, era chamada de “átrio dos gentios” (casa de oração para todas as nações); dentro dos muros, o templo, propriamente dito, era circundado pelo átrio dos gentios. A porta para o monte das oliveiras dá entrada ao templo. Ali havia um átrio das mulheres (e crianças).

Paulo faz referência àquele muro de separação, também, porque foi ali que ele foi preso, acusado de haver introduzido Trófimo (gentio), no templo. Trófimo sabia que era de longe; os judeus poderiam ir além, muito mais próximos do Senhor. Mas em Cristo, aquela profecia foi cumprida, conforme o texto de Efésios.