Livro eBook Os Paradoxos Da Oracao

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Os paradoxos da oração

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    Uma publicao da Igreja Batista da Lagoinha

    1 Edio: dezembro/2013

    Capa e Diagramao:

    Junio Amaro

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    APRESENTAO

    A orao uma das questes que mais produzparadoxos na vida do cristo. Ela , ao mesmo tem-

    po, simples e complexa, abstrata e concreta, escura

    e clara, verdadeira ou falsa, sim e no (com varia-

    es no espera). Ao contrrio de outros temas b-

    blicos, a orao assunto que poucos entendem afundo se podemos crer nesses que dizem que en-

    tendem. Muito se tem escrito a respeito, mas pou-

    co se tem vivido de fato na Igreja que, nos ltimos

    tempos, preferiu se dedicar mais sala de visitas do

    que ao quartinho de orao.

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    Neste livro, reencontramos o pregador Gusta-

    vo Bessa exortativo, com seus costumeiros lam-

    pejos de memria privilegiada, citando e ana-

    lisando a prtica da orao na vida dos grandes

    evangelistas do passado, cujas Histrias comple-

    tas conhece e pode comparar com a orao que

    realizaram. A servio do tema orao, o autor re-

    vela sinceros paradoxos desses homens que nos

    elucidam a questo e parecem ter sido extradosda experincia atual de cada um de ns. Ele es-

    creve: A constante comunho com o Senhor trouxe

    ao corao de (David) Brainerd um misto de satis-

    fao e insatisfao. De um lado, ele era satisfeito

    pelo privilgio de poder vivenciar um profundo re-

    lacionamento com Deus. Por outro, ele era insatis-

    feito pela sua prpria condio imperfeita. Ele reco-

    nhecia o quanto ainda o seu corao era inclinado

    para o pecado e o quo profundamente precisava

    ser transformado pela ao sobrenatural de Deus.

    Na sequncia, em busca do equilbrio, o autor

    viaja nas cartas paulinas e encontra respostas claras

    aos paradoxos, produzindo reflexes que tornam

    este livro um texto que vai alm dos triviais, que te-

    mos lido a respeito do tema.

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    A concluso surpreender sua expectativa, pois

    aponta uma verdade absolutamente incontestvel:

    um avivamento coletivo s acontecer depois de

    haver um avivamento individual, pois o propsito

    maior da orao nos relacionarmos com Deus e

    nos tornarmos cada vez mais parecidos com Jesus.

    Aps a leitura deste livro, mais um paradoxo lhe

    ser apresentado e voc ter que escolher: ficar na

    sala de visitas ou mudar para o quartinho de orao.Boa leitura!

    ATILANO MURADAS

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    NO PODIAMAO MENOSPERMANECER

    DE P

    muito difcil algum ler o livro A vida de DavidBrainerde permanecer a mesma pessoa. Ainda que

    no seja uma leitura muito popular, h mais de 250

    anos esse livro tem incendiado o corao de vrios

    cristos. Joo Wesley, por exemplo, o homem que

    Deus usou para avivar a Inglaterra no sculo XVIII,

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    incentivou todos os pregadores a considerarem e

    imitarem a vida de David Brainerd.

    Uma das caractersticas mais notveis de Brai-

    nerd, como se pode notar no seu dirio pessoal, era

    a sua vida de orao. Em seu dirio, verificamos as

    tantas menes que ele faz sobre os seus momen-

    tos de orao e de intercesso diante de Deus. Nem

    sempre eram momentos fceis. Havia momentos

    de grande refrigrio como tambm de agonia e lutanesses perodos de orao.

    Contudo, aps tantas horas, dias e meses de

    orao e comunho com Deus, Brainerd pode ex-

    perimentar um avivamento em sua prpria vida e

    na vida dos pagos em favor de quem ele tanto in-tercedia. No dia 8 de agosto de 1745, podemos ler

    as seguintes palavras no seu dirio:

    Preguei tarde para os ndios, cujo nmero agora era de

    cerca de sessenta e cinco pessoas, entre homens, mulherese crianas. Meu sermo estava alicerado sobre Lucas

    14.16-23, para o qual fui favorecido por uma incomum

    liberdade espiritual. Entre os ndios houve um interesse

    muito visvel enquanto eu discursava publicamente; mas,

    em seguida, quando falava particularmente com um ou

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    outro que demonstrava estar sob mais forte impresso, foi

    que o poder de Deus pareceu descer sobre a assembleia

    como um vento impetuoso, o qual, com

    espantosa energia, derrubava a todos sua frente.

    Fiquei admirado diante da influncia espiritual que

    tomara conta quase que totalmente da audincia, no

    podendo compar-la com outra coisa seno com a fora

    irresistvel de uma poderosa torrente de uma inundao

    crescente, que, com seu insuportvel peso e presso, levade roldo a tudo e a qualquer coisa em seu caminho. Quase

    todas as pessoas, sem importar a idade, foram envolvidas,

    inclinando-se sob a fora da convico, e quase ningum

    foi capaz de resistir ao choque daquela surpreendente

    ao divina. Homens e mulheres idosos, que tinham sidoviciados em lcool por muitos anos, e at algumas crianas

    pequenas, de no mais de seis ou sete anos, pareciam

    estar aflitas devido ao estado de suas almas [...]. Estavam

    quase todos orando e clamando por misericrdia por toda

    parte da casa, e at do lado de fora da casa, e alguns delesno podiam ao menos permanecer de p.1

    Deus usou David Brainerd para vivenciar um dos

    mais impressionantes avivamentos da Histria da

    igreja. Sem dvida, a sua fome e sede por Deus, o

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    seu anelo pela presena do Salvador, a sua compai-

    xo pelos perdidos, a sua perseverana na orao e

    a sua dependncia do Senhor foram fundamentais

    para que ele fosse esse vaso de honra nas mos do

    Pai.

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    AMIZADE COMDEUS

    As oraes de Brainerd, longe de serem frias ou

    repetitivas, eram a expresso de um corao que

    ansiava por ter amizade com Deus. Em seu dirio,

    frequentemente, se notam expresses como: Des-

    frutei de vrias outras ocasies, doces e preciosas, de

    comunho com Deus [...], nas quais minha alma go-

    zou de indizvel consolo; Oh! Uma hora com Deus

    ultrapassa infinitamente todos os prazeres e deleites

    deste mundo terreno; Oh, meu Deus bendito! Dei-

    xe-me subir para bem perto dEle, e am-lo, e anelar1EDWARDS, Jonathan. A vida de David Brainerd. So Jos dos Campos: Fiel,

    1993.p.107-108.2Idem p.24.

    3 Ibidem p.24.

    4 Ibidem p.28.5 Ibidem p.29.6Ibidem p.33.

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    por Ele, e pleitear, lutar, e expandir-me at Ele, para

    libertao do corpo do pecado e da morte; Sentindo

    meus desejos centrados em Deus, tive grande atrao

    de alma por Ele, em vrios momentos do dia; Senti

    algo da doura da comunho com Deus, bem como

    a fora constrangedora de seu amor; quo notavel-

    mente esse amor cativa a alma, e faz com que todos

    os desejos e afetos centralizem-se em Deus!

    O nico desejo de Brainerd era poder se rela-cionar intimamente com Deus e ser o embaixador

    do Senhor no meio dos pagos. Como ele amava

    os perdidos e ansiava por v-los salvos! Como ele

    se angustiava por ver os indgenas aprisionados no

    lcool e escravizados pelo pecado! O seu corao,pode-se dizer, batia no mesmo ritmo do corao de

    Deus que, tambm por amor, desceu dos cus a fim

    de proclamar a salvao aos perdidos.

    A compaixo que Brainerd tinha dos perdidos

    era certamente um reflexo da compaixo do Salva-dor pelos pecadores. Por causa das tantas oraes,

    das muitssimas horas na presena do Senhor, dos

    inumerveis encontros com Jesus, dos incontveis

    momentos de comunho com o Pai Celestial, Da-

    vid Brainerd foi irresistivelmente influenciado pelo

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    amor do Senhor. A presena de Deus o afetou pro-

    fundamente, deixando-o mais parecido com Jesus

    Cristo.

    CONFORMARSE A JESUS CRISTO

    Esse o propsito maior da orao: levar-nos,

    por nossos perodos de relacionamento com Deus,

    a nos tornarmos cada vez mais parecidos com Je-

    sus. O Pai anseia que os seus filhos sejam confor-mados imagem do Seu primognito. Igualmente,

    essa a ardente expectativa de toda a criao. Ela

    ansiosamente aguarda que os filhos de Deus sejam

    revelados.

    Equivocadamente, alguns imaginam que essarevelao dos filhos de Deus est relacionada com

    a manifestao de sinais, maravilhas e prodgios.

    E, por isso, oram incessantemente pelos sinais so-

    brenaturais. Entretanto, ainda que a manifestao

    sobrenatural certamente acompanhe aqueles quecreem em Jesus, os sinais sobrenaturais no so

    uma evidncia confivel de que algum filho de

    Deus. No final do Sermo do Monte, o prprio Se-

    nhor Jesus afirmou que, no ltimo dia, muitos se

    7Romanos 8.298Romanos 9.19

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    aproximaro dEle, dizendo terem realizado diversos

    prodgios e maravilhas; e que, apesar disso, a des-

    peito de todos os sinais sobrenaturais, eles sero

    lanados para longe da Sua santa Presena.

    A nossa orao, portanto, no deve colocar a sua

    maior nfase na busca do sobrenatural. Ainda que

    esse desejo seja legtimo , ele no deve ser o foco

    da orao. O foco da orao deve ser a comunho

    com Deus, e, consequentemente, o conformar-se aJesus Cristo.

    Esse era o maior desejo do apstolo Paulo. Escre-

    vendo aos crentes da cidade de Filipos, ele afirmou:

    Quero conhecer a Cristo, o poder da sua ressurreio

    e a participao em seus sofrimentos, tornando-me

    como ele em sua morte, para, de alguma forma, al-

    canar a ressurreio dentre os mortos.12 O nosso

    anelo, o propsito de toda busca em orao deve,

    necessariamente, ser a conformao com Cristo.

    VS REPETIES

    Nessa busca, ns no devemos usar de vs

    repeties como faziam os gentios dos tempos

    de Jesus.13 Eles supunham que se repetissem

    constantemente a mesma orao, eles seriam

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    respondidos por Deus. A orao deles era mera

    repetio mecnica de palavras. Em vez de nascer

    no corao, a orao nascia da boca para fora. Era

    um simples discursar de palavras de cunho religioso.

    Nos dias atuais, muitos, ignorantemente, tm

    repetido a prtica dos gentios que viveram nos

    tempos de Jesus. So crentes bem intencionados

    que distraidamente recitam oraes, supondo que

    as palavras tm poder nelas mesmas. Seguem obem traado caminho do pragmatismo , e assim,

    deduzem que se a orao funcionou uma vez, ela

    se tornou frmula que funcionar todas as vezes.

    Entretanto, a orao no esttica, como julgam os

    pragmticos. Porque a orao tem a sua existnciano contexto do relacionamento, ela dinmica. Ela

    segue os livres contornos de um relacionamento

    saudvel e equilibrado. Imagine um relacionamen-

    to em que uma das pessoas s conversasse, utili-

    zando-se de frmulas pr-fabricadas por outros.

    9Cf. Marcos 16.17; Joo 14.1210 Mateus 7.21-23

    11 Atos 4.29-30.12 Filipenses 3.10-11 NVI13 Mateus 6.7

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    Como voc reagiria a esse tipo de relacionamento

    to frio e mecnico? Voc no sentiria falta do calor

    do corao? E no desejaria que o relacionamento

    fosse menos superficial e mais profundo?

    Infelizmente, muitas pessoas tm se relaciona-

    do com Deus como se Ele fosse uma mquina de

    computador, esperando receber os dados corretos

    para efetuar as operaes correspondentes. Esses

    indivduos se aproximam dEle com versculos b-blicos, frmulas prontas, construes teolgicas,

    reivindicaes e ordens. Eles imaginam que Deus

    uma coisa, e, no uma Pessoa que, transbordante

    de amor, deseja se relacionar com o ser humano.

    Ainda que o modelo pragmtico14possa funcio-nar algumas vezes, pelas misericrdias divinas, ele,

    dificilmente, aproximar a pessoa do Salvador. Pelo

    contrrio, ele far com que a distncia entre Deus

    e o homem se torne cada vez maior: de um lado,

    o Deus pessoal, amoroso, anelando por ter amiza-de com o homem; e, de outro lado, o homem frio,

    mecnico, repetitivo, equivocadamente, pensando

    que Deus uma mquina.14Em termos gerais, a teoria pragmtica implica que uma crena P verdadeira se, e

    somente se, P funcione, ou seja, til possu-la. (MORELAND, J.P., GRAIG, William Lane.

    Filosofia e cosmoviso crist. So Paulo: Vida Nova, 2005.p.184.)

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    DEUS NO UMA MQUINA

    Talvez, para o homem moderno, seja mais c-

    modo pensar em Deus como uma mquina, do que

    pensar nEle como uma pessoa. Uma mquina no

    tem afeies, no se entristece conosco, no apon-

    ta as nossas falhas, no anseia por relacionamento,

    no nos chama para um dilogo e nem nos convida

    para um tempo de comunho. A mquina insen-

    svel e est sempre a disposio para que ns a use-mos da maneira que quisermos. A pessoa, no.

    Muitos preferem pensar em Deus como uma

    mquina porque querem se manter acomodados.

    Sabem que todo relacionamento interpessoal traz

    exigncias e mudanas. E essas pessoas no que-rem mudar. Antes, querem continuar vivendo as

    suas vidas solitrias, egostas e medocres. Tm

    medo de serem tiradas da zona de conforto e de se-

    rem levadas a lugares mais altos e profundos. No

    desejam perder o controle da situao.Contudo, Deus no se transforma em mquina

    porque esse o desejo de muita gente. Deus e

    sempre ser Pessoal. Ele e sempre ser relacional.

    Ainda que muitos o vejam como uma mquina, e se

    aproximem dEle como se estivessem se aproximan-

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    do de um objeto, Ele permanece sendo Pessoa, e,

    pouco a pouco, faz com que a sua presena desor-

    ganizeo mundo acomodado do indivduo que se

    aproxima dEle.

    DEUS DESORGANIZA A VIDA ORGANIZADA

    Durante muitos anos Isaas serviu como profeta

    e sacerdote no meio do povo de Israel. Ele serviu

    durante os reinados de Uzias, Joto, Acaz e Eze-quias, reis de Jud 15. Apesar de ter contato com as

    coisas de Deus, Isaas, aparentemente, no desen-

    volvia um relacionamento profundo com o Senhor.

    Parece que ele, simplesmente, cumpria com as suas

    obrigaes religiosas, servindo diante de Deus.Contudo, houve um momento em que a vida

    de Isaas mudou completamente. Um dia, quando

    estava servindo no templo, no ano da morte do rei

    Uzias, a presena de Deus desorganizoua sua vida

    organizada.16 Isaas foi completamente transfor-mado e se tornou um poderoso arauto de Deus no

    meio do povo de Israel.

    Da mesma maneira como Deus desorganizoua

    vida acomodada de Isaas, Ele desorganizoua vida

    acomodada de Jeremias, de Osias, de Ams, de

    15Isaas 1.1

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    Pedro, de Tiago, de Mateus, de Paulo, de David Brai-

    nerd e de tantos outros que se aproximaram dEle.

    Mesmo que as pessoas, despretensiosamente, se

    aproximem de Deus, no h como elas no serem

    influenciadas e afetadas no relacionamento com

    Ele. impossvel algum permanecer o mesmo, ou

    manter-se no controle da situao, depois que se

    encontra e se relaciona com o Senhor.

    Todo e qualquer relacionamento dinmico, epor isso, de alguma maneira, imprevisvel. O mesmo

    ocorre no nosso relacionamento com Deus. No sa-

    bemos o que Ele ir nos trazer e desconhecemos de

    que modo a convivncia com Ele ir afetar as nos-

    sas vidas. Ainda que tentemos manter alguns limi-tes enquanto nos relacionamos, nem sempre esses

    limites so inflexveis. Pelo contrrio, muitas vezes

    Deus os ultrapassa, e faz com que a nossa vida seja

    mudada.

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    JOIO NO MEIO

    DO TRIGO

    Infelizmente, nem sempre a presena de Deusir levar algum a se parecer cada vez mais com

    Jesus Cristo. H muitos que optam por resistir e

    permanecer resistindo doura da ao divina. H

    muitos que preferem manter as suas capas religio-

    sas e as suas vidas arrogantes.Houve inmeros fariseus que resistiram a Jesus.

    Eles escolheram manter o seu estilo de vida orgu-

    lhoso a serem transformados durante o relaciona-

    mento com o Salvador. Eles optaram pela religio,

    pelo pragmatismo, pela superficialidade e pela sua

    16Isaas 6.1-8

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    zona de conforto. A orao dessas pessoas no se

    dava em um contexto de relacionamento, mas sim,

    em um ambiente de cobranas e de legalismos.

    Deus, para eles, continuava a ser como que uma

    mquina, que exigia os dados certos para apresen-

    tar as respostas correspondentes.

    A presena de Deus, para esses fariseus, no

    trouxe transformao para a vida, mas sim, justia

    para a condenao. Diante da contnua resistncia presena transformadora de Deus, os fariseus foram

    chamados por Jesus de filhos do diabo,17 e como

    parte daquele grupo que no pertencia a Deus.18

    O apstolo Paulo tambm se deparou com pes-

    soas desse tipo e preveniu Timteo contra esse tipo19 de gente. Judas, escrevendo aos crentes, tambm

    alertou sobre essas pessoas.20 gente que perma-

    nece na igreja, mas que no conformada a Cristo

    nos seus momentos de orao e relacionamento

    com Deus. So joio no meio do trigo, e que, portan-to, s sero distinguidos no dia da vinda do Senhor.

    17Joo 8.44.

    18 Joo 8.47.192 Timteo 4.14-15.20 Judas 4,8-13.

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    A PERSEVERANA NA COMUNHO

    O nosso chamado certamente inclui a perseve-

    rana da nossa comunho com Deus. Porque Brai-

    nerd no desistiu de buscar essa intimidade, ele foi

    afetado pelo amor do Senhor e pde servir como

    vaso de honra e instrumento para a converso dos

    ndios. O avivamento veio porque ele perseverou

    em estar Coram Deo.

    Como Brainerd, muitas outras pessoas, em diver-sos momentos da Histria, perseveraram na comu-

    nho com Deus, se tornaram imitadores de Cristo e,

    consequentemente, referenciais para outros indiv-

    duos. O sculo XVII abrigou um desses homens. Ele

    ficou conhecido como irmo Lawrence.Dentre as poucas cartas do irmo Lawrence que

    chegaram at ns, vrias comentam sobre a impor-

    tncia de se viver uma vida de comunho diria com

    o Senhor. Em uma delas, ele revela quando e de que

    modo ele comeou a vivenciar um relacionamentocontnuo com Deus. Ele escreveu o seguinte:

    Alguns dias atrs, eu estava conversando com um irmo

    sobre piedade. Ele me disse que a vida espiritual era

    uma vida de paz alcanada em trs etapas. Disse que

    h primeiro o medo; em seguida, o medo converte-se

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    em esperana de vida eterna; finalmente, vem uma

    consumao, que a do puro amor. Ele disse que cada um

    desses estgios um estgio diferente que, por fim, leva a

    pessoa a essa bendita consumao.

    Nunca segui esse mtodo. Pelo contrrio, foi por

    tanto desanimar-me com esses mtodos que, quando

    finalmente vim para o Senhor, decidi apenas entregar-

    me a Ele.[...]. Compreendi que somente por causa do

    puro amor para com Ele pude renunciar todas as outraspreocupaes e interesses do mundo.

    Durante os primeiros anos de minha busca por Deus,

    usei mtodos. Eu reservava momentos para dedicar

    meus pensamentos morte, ao juzo, ao cu, ao inferno

    e aos meus pecados. Fiz isso durante anos. Entretanto,no restante do dia, comecei a fazer outra coisa. Passava

    o resto do meu tempo, mesmo em meio ao trabalho,

    voltando cuidadosamente minha mente para a presena

    de Deus. Sempre pensei que Sua presena estivesse

    comigo, at em mim!Por fim, deixei de usar esses momentos especficos de

    orao para praticar qualquer tipo de devoo metdica

    que fosse de grande prazer e conforto para mim. Comecei

    a usar meus momentos regulares de devoo do mesmo

    modo que usava o restante do meu tempo, no sentido de

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    concentrar minha mente na presena de Deus. Esta nova

    prtica revelou-me uma excelncia ainda maior do meu

    Senhor. Somente a f no um mtodo e, certamente,

    no o medo foi capaz de satisfazer-me enquanto vinha

    para Ele.

    Foi assim que comecei.21

    Ns precisamos compreender que se quisermos

    alcanar mais profunda intimidade com Deus, de-

    vemos, hoje mesmo, nos comprometer a investirtempo no nosso relacionamento com Ele. Precisa-

    mos comear. Certamente, pouco a pouco, medi-

    da que perseveramos em nos encontrar diariamen-

    te com o Senhor, notaremos que a nossa vida se

    tornou diferente e que comeamos a nos parecermais e mais com Jesus.

    Mas no somente isso: tambm, as pessoas

    nossa volta notaro essa nossa transformao e,

    sob o impacto da nossa companhia, tambm sero

    transformadas pelo Esprito Santo. Um avivamentocoletivo s acontecer depois de haver um aviva-

    mento individual; somente depois de reconhecer-

    mos as nossas prprias fragilidades.

    21LAWRENCE, irmo; LAUBACH, Frank. Praticando a presena de Deus. Rio de Janeiro:

    Danprewan, 2003.p.103-104.

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    AS NOSSASPRPRIASFRAGILIDADES

    A converso apenas o incio da caminhada

    crist, e no o fim. Isso significa que, durante todaa jornada, ns experimentaremos transformao

    interior a partir da ao e interveno do Esprito

    Santo. Quanto mais ntimos nos tornarmos de

    Deus, quanto mais prximo estivermos do Senhor,

    mais a Sua luz incidir sobre o nosso corao, e

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    mais conscincia ns teremos das nossas prprias

    fragilidades e pecaminosidades.

    O relacionamento e a intimidade com Deus no

    nos deixam embrutecidos e insensveis diante da

    situao do nosso prprio corao. Pelo contrrio,

    mediante a nossa crescente comunho com Ele,

    na orao e meditao das Escrituras, nos torna-

    mos mais cnscios da necessidade que temos de

    ser profundamente transformados. Somos levadosa reconhecer que ainda estamos muito aqum do

    propsito de Deus para ns e que carecemos da

    atuao do Esprito Santo em nossas vidas para nos

    conformarmos mais a Cristo.

    Ao editar o dirio de David Brainerd, JonathanEdwards fez as seguintes observaes acerca da ca-

    minhada desse homem de Deus:

    Brainerd era dotado de um esprito suave e terno! Oh,

    como as suas experincias, esperanas e alegrias sedistanciavam da tendncia de embrutec-lo e endurec-

    lo, de depreciar as suas convices e sensibilidade de

    conscincia, de amortecer seus sentimentos para com

    seus pecados atuais e passados, e de torn-lo menos

    cnscio acerca de seus pecados futuros! Quo longe

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    estavam essas experincias, esperanas e alegrias de

    deix-lo mais tranquilo quanto a negligncia dos deveres

    difceis e inconvenientes, de deix-lo mais vagaroso e

    parcial no cumprimento de mandamentos difceis, menos

    apto a ficar alarmado diante de seus prprios defeitos

    e transgresses, mais facilmente induzido a admitir

    apetites carnais! Pelo contrrio, quo sensvel era a sua

    conscincia! Quo tendente era o seu corao a culp-lo!

    Quo facilmente ele se alarmava diante do aparecimentoda perverso moral! Quo grande e constante era seu

    cuidado com o seu prprio corao! 22

    A constante comunho com o Senhor trouxe ao

    corao de Brainerd um misto de satisfao e insa-tisfao. De um lado, ele era satisfeito pelo privil-

    gio de poder vivenciar um profundo relacionamen-

    to com Deus. Por outro lado, ele era insatisfeito pela

    sua prpria condio imperfeita. Ele reconhecia o

    quanto ainda o seu corao era inclinado para o pe-cado e o quo profundamente precisava ser trans-

    formado pela ao sobrenatural de Deus.

    O apstolo Paulo expressou essa mesma con-

    vico em vrias de suas cartas. Escrevendo aos fi-

    lipenses, por exemplo, ele afirmou:

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    No que eu j tenha obtido tudo isso ou tenha sido

    aperfeioado, mas prossigo para alcan-lo, pois para

    isso tambm fui alcanado por Cristo Jesus. Irmos, no

    penso que eu mesmo j o tenha alcanado, mas uma coisa

    fao: esquecendo-me das coisas que ficaram para trs e

    avanando para as que esto adiante, prossigo para o alvo,

    a fim de ganhar o prmio do chamado celestial de Deus

    em Cristo Jesus. [...] Pelo poder que o capacita [Jesus]

    de colocar todas as coisas debaixo do seu domnio, eletransformar os nossos corpos humilhados, tornando-os

    semelhantes ao seu corpo glorioso.23

    SANTOS E PECADORES

    Martinho Lutero se referiu a essa mesma situa-o, descrevendo o cristo como santo e pecador,

    ao mesmo tempo. O cristo no em parte pecador

    e em parte justo. Mas ele , ao mesmo tempo, com-

    pletamente justo e pecador. Lutero expressou esse

    paradoxo assim:Somos verdadeira e totalmente pecadores, com

    respeito a ns mesmos e ao nosso primeiro nascimento.

    Inversamente, j que Cristo nos foi dado, somos santos e

    22 EDWARDS, Jonathan. A vida de David Brainerd. So Jos dos Campos: Fiel,

    1993.p.232.23 Filipenses 3.12-14, 21 NVI

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    justos totalmente. Ento, de diferentes aspectos, somos

    considerados justos e pecadores ao mesmo tempo. 24

    O cristo, durante a sua jornada em direo Ci-

    dade Celestial, jamais deixar de ser completamen-

    te pecador. E de igual modo, ele jamais deixar de

    ser completamente santo. Ele ao mesmo tempo e

    completamente pecador e santo semper iustus et

    peccator.Esse paradoxo que caracteriza a pessoa do cris-

    to to somente um dos tantos paradoxos apre-

    sentados nas Escrituras 25. Qualquer afirmao que

    ignore essa tenso na pessoa do cristo est con-

    denada ao simplismo e superficialidade. E nosomente isso: a ignorncia quanto a essa tenso na

    pessoa do cristo pode levar o indivduo ao dese-

    quilbrio dos extremos. Por achar-se somente santo,

    ele pode cair nas garras da negligncia e do orgu-

    lho; ou, por achar-se somente pecador, ele pode so-frer nas mos do legalismo e da condenao.

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    ODESEQUILBRIODOS EXTREMOS

    Na Idade Mdia, por exemplo, o desequilbrio

    pendeu para o legalismo e a condenao. As pesso-

    as se achavam to somente e completamente peca-doras. O desequilbrio era to extremo que as pes-

    soas se martirizavam inclusive com chicotes, como

    era o caso dos flagelantes.

    Houve diversas tentativas de aliviar a culpa que pesava

    to fortemente na alma das pessoas. A mais radical de

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    todas eram as vrias companhias de flagelantes, ascetas

    rigorosos que viajavam de cidade em cidade, aoitando-

    se publicamente com chicotes de couro, na esperana de

    expiar os pecados seus e da sociedade. 26

    Em outras ocasies, o desequilbrio pendeu para

    a negligncia e o orgulho. Esse tipo de desequilbrio

    caracterizou , por exemplo, os ensinos de Marcio,

    um herege que viveu nos primeiros sculos da eracrist. Se por um lado, Marcio no colocava a sua

    nfase na santidade do cristo, por outro lado, ele

    ignorava a sujidade do pecado no ser humano. Ele

    desconsiderava o problema do pecado no cristo

    ignorando a ira e a justia do Senhor e ressaltava oamor, a bondade e a compaixo ilimitada de Deus.

    Parece que, na atualidade, esse o tipo de pen-

    samento que tem sido enfatizado no meio de mui-

    24LUTERO, Martinho apud GEORGE, Timothy. Teologia dos reformadores. So Paulo:

    Vida Nova, 1993.p.7325 Ao revelar-nos os profundos e sbios desgnios de Deus, a Escritura constantemente

    utiliza-se de paradoxos, tais quais: lei e evangelho, ira e graa, f e obras, carne e

    esprito, liberdade e escravido, coram Deo e coram mundo, Deus revelado e Deus

    oculto, soberania de Deus e responsabilidade do homem. O paradoxo semper iustus et

    peccator apenas mais um dos diversos paradoxos encontrados nas Escrituras.

  • 5/23/2018 Livro eBook Os Paradoxos Da Oracao

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    tos cristos ocidentais. Esse ensinamento desequili-

    brado se fortaleceu no final do sculo XIX, quando

    alguns pregadores desconsideraram o paradoxo

    justia e graa. Em vez de manterem a tenso apre-

    sentada nas Escrituras, eles comearam a enfatizar a

    graa de Deus em detrimento da sua justia. Segun-

    do o escritor Richard Lovelace:

    Toda a igreja estava se deixando levar em direo aomarcionismo, evitando o retrato bblico do Deus soberano

    e santo que fica irado com os maus, todos os dias, e cuja

    ira permanece sobre aqueles que no querem receber seu

    Filho. Reservando essa imagem a um canto no-visitado

    de sua conscincia, a igreja substituiu-a por um novodeus que era a projeo da bondade de av misturada aos

    modos gentis e atraentes de um Jesus que quase no tinha

    que morrer pelos nossos pecados. Muitas congregaes

    americanas j estavam pagando seus pastores para

    proteg-las do Deus real. 27

    26GEORGE, Timothy. Teologia dos reformadores. So Paulo: Vida Nova, 1993.p.28.

    27 LOVELACE, Richard F. Teologia da vida crist: as dinmicas da renovao espiritual.

    So Paulo: Shedd Publicaes, 2004. p.49-50.

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    Obviamente, com essa abordagem focalizando

    desequilibradamente apenas o amor e a miseri-

    crdia de Deus, os cristos comearam a ignorar a

    presena do pecado em seus prprios coraes. Por

    no considerarem tal realidade, eles comearam a

    se imaginar to somente e totalmente santos. Tal

    descompensada suposio resultou em uma igreja

    condescendente com pecado, negligente na busca

    de um relacionamento com Deus e triunfalistica-mente orgulhosa, a despeito de sua precria situ-

    ao.

  • 5/23/2018 Livro eBook Os Paradoxos Da Oracao

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    J E AINDANO

    Diante dessa exposio sobre a situao pa-

    radoxal em que vive o cristo, algumas perguntas

    podem surgir, tais como: Mas o que dizer sobre os

    efeitos da morte e da ressurreio de Jesus na vida do

    cristo? Ser que o sacrifcio de Jesus foi insuficiente

    para resgatar o crente da triste situao de pecado?

    Aquele que tem f em Jesus continua sendo totalmen-

    te pecador, a despeito do que Jesus fez por ele?

    A Bblia responde a essas perguntas apresentan-

    do um novo paradoxo: o crente j foi salvo, mas ain-

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    da no completamente. Ainda que o sacrifcio de

    Jesus tenha sido perfeito e o cristo j experimen-

    te, cotidianamente, os benefcios desse sacrifcio, o

    cristo ainda no usufrui completamente a plenitu-

    de das bnos advindas da morte e da ressurrei-

    o de Jesus.

    O apstolo Paulo, por exemplo, apresenta essa

    tenso do j e ainda noem praticamente todos

    os seus escritos. Escrevendo aos crentes de feso,ele diz: pois vocs so salvos pela graa.28A ideia

    nesse texto a de que a salvao j aconteceu. Con-

    tudo, essa no a nica afirmao de Paulo acerca

    da salvao.

    Uma vez que a salvao final ainda no foi plenamente

    realizada, ele [Paulo] pode [tambm] falar da salvao

    como alguma coisa presentemente em processo

    (estamos sendo salvos, 1Co 1.18 NVI) e de igual

    modo [como algo] a ser completado (seremos salvosda ira de Deus, Rm 5.9 NVI) 29

    28Efsios 2.8 NVI.29FEE, Gordon D. Paulo, o Esprito e o povo de Deus. So Paulo: United Press,

    1997.p.57.

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    O paradoxo acerca da salvao do crente to-

    talmente evidente nas Escrituras: o crente j foi sal-

    vo, mas ainda no foi completamente salvo. Mas o

    paradoxo no se restringe ao ensinamento sobre a

    salvao. Ele continua permeando o ensinamento

    de toda a Escritura. A Bblia, ao ensinar sobre a re-

    deno, afirma que ela j aconteceu30; porm, no

    completamente, pois ainda aguardamos o dia em

    que ela acontecer.31 Da mesma maneira, a nossaadoo de filhos j aconteceu ,32 mais ainda no

    completamente, uma vez que ainda gememos in-

    teriormente, esperando ansiosamente nossa adoo

    como filhos, a redeno do nosso corpo.33 E a mes-

    ma tenso do j e do ainda nose aplica justifi-cao. Ns j experimentamos o dom da justia, ou

    seja, j fomos justificados pela f em Jesus34, mas

    ainda aguardamos pela f a justia, que a nossa es-

    perana.35

    30Efsios 1.7.31Efsios 4.30.32Romanos 8.15.33Romanos 8.23 NVI.

    34 Romanos 5.1.35Glatas 5.5 NVI.36 Colossenses 3.9-10.

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    Esse paradoxo do j e do ainda no referente

    como vimos aos elementos concernentes salva-

    o do crente, que explica o paradoxo da pessoa

    do cristo, que completamente e ao mesmo tem-

    po santo e pecador. Na carta aos Colossenses, por

    exemplo, Paulo afirma que o crente j foi despido

    do velho homem e revestido do novo. 36

    Contudo, at mesmo essa expresso encontra o

    seu paradoxo nas Escrituras. Ao mesmo tempo emque Paulo ensina que esse despir do velho homem

    e esse revestir do novo homem j aconteceu, ele

    mostra que o crente ainda precisa se esforar para

    fazer isso acontecer.

    Embora o vestir-se de um novo homem seja visto como

    algo acontecido em Cristo, no um evento que j

    aconteceu de uma vez por todas, pois Paulo exorta a nos

    despirmos do velho homem que se manifesta na conduta

    pag, para nos revestirmos do novo homem, que criado semelhana de Deus (Ef 4.22-24) 37

    Obviamente, esse despir-se do velho e revestir-

    -se do novo diz respeito s atitudes do crente diante

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    do pecado e da sua natureza pecaminosa. Na ver-

    dade, ns s conseguimos resistir, lutar e vencer o

    pecado que ainda reside em ns por causa da pre-

    sena do Esprito Santo dentro de ns. Igualmente,

    a santidade que temos toda ela devida presena

    do mesmo Santo Esprito em nossos coraes. Ele

    quem nos fortalece e nos capacita a vencer o pe-

    cado.

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    A INTENSALUTA INTERIOR

    Naturalmente, porque ainda vivemos dentro

    do contexto do paradoxo, ns experimentamos in-

    tensas lutas em nosso interior. David Brainerd, por

    exemplo, suportando violentas batalhas em seu

    corao, escreveu no dia 26 de outubro de 1742 asseguintes palavras:

    Estive em grande agonia sob um senso de minha prpria

    indignidade. Pareceu-me mais que merecia ser expulso

    do lugar, e no que algum me tratasse com gentileza

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    e viesse ouvir-me pregar. De fato, estava de nimo to

    deprimido, naquelas horas (e em vrias ocasies), que

    me parecia impossvel que pudesse tratar almas imortais

    com fidelidade. Sentia-me to infinitamente vil em

    mim mesmo que pensei que no poderia trat-las com

    fidelidade e intimidade. Oh, no passo de p e cinzas, para

    pensar em pregar o evangelho aos outros! De fato, nunca

    poderei ser fiel por um momento sequer, mas certamente

    ficarei apenas caiando paredes, no dizer deEzequiel 13.10, se Deus no me outorgar ajuda especial. 38

    Essas lutas jamais iro terminar. Enquanto for-

    mos peregrinos na terra, ns vivenciaremos esses

    perodos de guerra e paz, lutas e trguas, fora efraqueza, vitrias e derrotas, risos e lgrimas. A nos-

    sa condio atual no nos permite enxergar a nossa

    caminhada com outros olhos. Nem mesmo a Escri-

    tura aponta para outra direo. Pelo contrrio, a B-

    blia nos chama a ter a conscincia do paradoxo, nosexorta a desembaraarmo-nos de todo o peso e pe-

    cado e nos encoraja a buscar e viver em santidade.

    37 LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. ed. rev. So Paulo: Hagnos,

    2003.p.653.38EDWARDS, Jonathan. A vida de David Brainerd. So Jos dos Campos: Fiel,

    1993.p.39.

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    H muitos sculos, viveu um homem conhecido

    como So Pacon. Ele abriu mo de todas as coisas

    que possua com o nico propsito de se dedicar

    inteiramente a buscar a Deus. Mas, mesmo depois

    de anos de intensa busca, ele continuava sendo ata-

    cado por demnios, sofrendo tentaes e propenso

    a pecar contra o Senhor. Ele mesmo nos narra uma

    das lutas que enfrentou em sua caminhada:

    Embora eu seja muito avanado em idade e tenha passado

    quarenta anos de minha vida nesse [quarto] pensando

    apenas em minha salvao [diz um dia so Pacon a

    Paldio], continuo sempre a ser tentado. H mais de

    doze anos, no passou um s dia, uma s noite sem queeu tenha sido atormentado ou perseguido pelo demnio.

    Um dia, tendo se transformado numa jovem etope que

    eu tinha visto no vero, em minha juventude, colhendo

    espigas de trigo, pareceu-me que ela vinha sentar-me

    sobre meus joelhos. Excitou em mim tamanho desejo deofender a Deus com ela que fiquei penetrado de dor e lhe

    dei uma bofetada, depois do que ela sumiu. Mais de dois

    anos depois, minha mo ainda fedia tanto que eu no

    podia suportar o mau cheiro. 40

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    Esse e outros testemunhos tm o propsito de

    nos encorajar a viver para o Senhor, aproximarmo-

    -nos dEle, aprofundarmo-nos em nossa comunho

    sem deixarmos a perseverana e perdermos a espe-

    rana. Certamente, quanto mais nos aproximarmos

    de Deus, mais teremos a conscincia do paradoxo

    no meio do qual vivemos e mais notaremos que so-

    mos completamente e ao mesmo tempo santos epecadores. Contudo isso no deve nos desanimar.

    Pelo contrrio, deve levar-nos a seguir adiante at

    que Cristo seja engrandecido em nossas vidas e at

    cumprirmos a nossa carreira.

    John Bunyan, no seu livro O Peregrino, descre-ve de forma alegrica e magistral o fim da jornada

    de tantas lutas dos crentes. Ele escreveu:

    39Hebreus 12.140LACARRIRE, Jacques. Padres do deserto: homens embriagados de Deus. So Paulo:

    Loyola, 1996.p.211.

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    Ento, vi no meu sonho os dois homens passando pelo

    porto, e eis que, entrando, se transfiguraram e receberam

    vestes que resplandeciam como ouro. Tambm alguns os

    receberam com harpas e coroas, que lhes foram dadas: a

    harpa para o louvor e as coroas como sinal de honra.

    Nesse momento, ouvi no meu sonho que todos os sinos

    da cidade repicavam de jbilo, e aos peregrinos se disse:

    Entra no gozo do teu Senhor(Mt 25.21). Ouvi

    tambm que os prprios peregrinos cantavam a plenospulmes:

    - quele que est assentado no trono, e ao Cordeiro, seja o

    louvor, e a honra, e a glria, e o domnio pelos sculos dos

    sculos (Ap 5.13). 41

    Em breve, as lutas que diariamente travamos

    iro cessar; e, ento veremos o quanto foi proveito-

    so perseverarmos em nossa jornada e guardarmos

    o nosso corao no Senhor. Naquele dia, ns nos

    alegraremos com a nossa plena transformao. En-fim seremos to somente e completamente santos.

    41 BUNYAN, John. O peregrino. So Paulo: Mundo Cristo, 1999.p.231.

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    JESUS TEAMA E QUER

    VOC!

    1 PASSO: Deus o ama e tem um planomaravilhoso para sua vida.Porque Deus amou

    o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unig-

    nito, para que todo o que nele cr no perea, mas

    tenha a vida eterna. (Jo 3.16.)

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    2 PASSO: O Homem pecador e est

    separado de Deus.Pois todos pecaram e ca-

    recem da glria de Deus. (Rm 3.23b.)

    3 PASSO: Jesus a resposta de Deus,

    para o conflito do homem.Respondeu-lhe

    Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida;

    ningum vem ao Pai seno por mim. (Jo 14.6.)

    4 PASSO: preciso receber a Jesus em

    nosso corao. Mas, a todos quantos o rece-

    beram, deu-lhes o poder de serem feitos filhos

    de Deus, a saber, aos que crem no seu nome.

    (Jo 1.12a.) Se, com tua boca, confessares Jesus

    como Senhor e, em teu corao, creres que Deus

    o ressuscitou dentre os mortos, ser salvo. Porque

    com o corao se cr para justia e com a boca

    se confessa a respeito da salvao.(Rm 10.9-10.)

    5 PASSO: Voc gostaria de receber a

    Cristo em seu corao? Faa essa orao de

    deciso em voz alta: Senhor Jesus eu preciso

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    de Ti, confesso-te o meu pecado de estar

    longe dos teus caminhos. Abro a porta do

    meu corao e te recebo como meu nico

    Salvador e Senhor. Te agradeo porque me

    aceita assim como eu sou e perdoa o meu pe-

    cado. Eu desejo estar sempre dentro dos teus

    planos para minha vida, amm.

    6 PASSO: Procure uma igreja evang-

    lica prxima sua casa.

    Ns estamos reunidos na Igreja Batista da

    Lagoinha, rua Manoel Macedo, 360, bairroSo Cristvo, Belo Horizonte, MG.

    Nossa igreja est pronta para lhe acom-

    panhar neste momento to importante da

    sua vida.

    Nossos principais cultos so realizadosaos domingos, nos horrios de 10h, 15h e

    18h horas.

    Ficaremos felizes com sua visita!

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    Uma publicao da Igreja Batista da Lagoinha

    Gerncia de Comunicao

    Rua Manoel Macedo, 360 - So Cristvo

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