Livro Festas Juninas

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Festas Juninas Festas de São João Origens, Tradições e História LÚCIA HELENA VITALLI RANGEL Patrocínio:

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Festas JuninasFestas de São João

Origens, Tradições e História

LÚCIA HELENA VITALLI RANGEL

Patrocínio:

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Copyright © YOKI Alimentos S.A.

EDIÇÃO, CAPA E FOTOGRAFIAS: Publishing SolutionsIMPRESSÃO E ACABAMENTO: Ipsis Gráfica e Editora

Todos os direitos desta edição são reservados à YOKI Alimentos S.A.Rua Paes Leme, 524 – 4º andar – São Paulo, SP

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Rangel, Lúcia Helena VitalliFestas juninas, festas de São João: origens, tradições e história / Lúcia Helena Vitalli

Rangel. – São Paulo: Publishing Solutions, 2008.

Bibliografia.ISBN 978-85-61653-00-2

1. Festa de São João – História 2. Festas juninas – História. I. Título.

Índice para catálogo sistemático:Índice para catálogo sistemático:Índice para catálogo sistemático:Índice para catálogo sistemático:Índice para catálogo sistemático:1. Festas juninas : Costumes : História 394.268209

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Apresentação

“““““O balão vai subindo, vem caindo agaroa. O céu é tão lindo e a noite é

tão boa. São João, São João, acende afogueira no meu coração.”

Quem não cantou e se encantou comessa música de Carlos Braga e AlbertoRibeiro? Ou não colocou chapéu de palhae dançou a quadrilha com o balancê e ocaminho da roça? Ou ainda resistiu àsdelícias dessa festa?

Aliás, a culinária junina é um capítulo àparte. A canjiquinha e o munguzá noNordeste, o curau e o bolo de fubá com erva-doce no Sudeste, o amendoim torradinho ouem suas variações, como a paçoquinha, opé-de-moleque e o gibi. Além, é claro, dapipoca, sem dúvida uma unanimidadenacional. E o cheirinho dessa época... Festajunina sem quentão, quem já viu? No ar o

cheirinho do cravo, da canela e do gengibre.O fato é que as festas juninas são come-

moradas em todo o país e representamuma das mais ricas manifestações culturaisbrasileiras. No entanto, na mesma medidaem que essas tradições culturais perma-necem, apesar das profundas mudançasestruturais do Brasil — que em pouco maisde meio século passou de eminentementerural à condição de urbano —, começam ase esgarçar na memória das novas gera-ções de brasileiros as origens desses feste-jos. As crianças continuam dançando a qua-drilha no mês de junho, porém não conhe-cem mais a história da festa e de seus santos,o significado de seus rituais, as letras dasmúsicas mais tradicionais.

Este livro, patrocinado pela Yoki, em-presa ligada às tradições brasileiras e, em

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variados das comemorações. Narra sua his-tória, que remonta a períodos anteriores à eracristã, e o papel dos santos juninos nos fes-tejos; fala das diversidades regionais, da re-presentação do boi-bumbá no Norte à tra-dição caipira no Sudeste; explica as origensda quadrilha e das roupas usadas na festa.Contém também o roteiro do casamentocaipira e da dança da quadrilha, reproduzas letras das músicas mais representativas eensina a fazer os quitutes típicos de todas asregiões de nosso país.

Esperamos que você, leitor, aprecie anossa contribuição e tenha tanto prazer emler este livro quanto nós, da Yoki, tivemosem editá-lo.

Bom proveito!

GABRIEL JOÃO CHERUBINI

VICE-PRESIDENTE – YOKI ALIMENTOS S.A.

especial, a essa festa, uma vez que estáenvolvida na produção de ingredientes equitutes juninos há mais de quarenta anos,é uma colaboração no sentido de mantervivo na memória nacional esse verdadeiropatrimônio cultural. Na decisão de publicá-lo pesou também o compromisso da em-presa com as novas gerações, pois a idéiaé que o livro possa servir de subsídio paraa pesquisa escolar.

Para desenvolver um trabalho com o nívelde profundidade adequado, a Yoki contratoua antropóloga Lúcia Helena Vitalli Rangel,especialista no assunto, que foi auxiliada porVivian Catenacci. O conteúdo dessa pesquisaé agora lançado em forma de livro. FestasJuninas, Festas de São João abrange aspectos

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Apresentação à 3a Edição

CCCCCom o sucesso das edições ante-riores, estamos apresentando a 3a

edição de Festas Juninas, Festas de São João– Origens, Tradições e Histórias, totalizando180.000 exemplares publicados. Oresultado da pesquisa elaborada por LúciaHelena Vitalli Rangel mostra-se oportuna eatual. Os festejos juninos estão enraizadosem nossas memórias, com suas melodias earomas característicos.

Esta edição apresenta nova diagra-mação e apresentação gráfica. Facilitar oacesso ao conteúdo da obra é nosso intuito.Buscamos uma aparência mais leve. Noprojeto gráfico note-se o destaque dado aoselementos ícones das festas juninas. Tudopara estimular a leitura desse material depesquisa tão bem aceito, nas escolas ebibliotecas brasileiras.

A Yoki participa dessas festas tão bra-sileiras, estimulando ações que dêem con-tinuidade a essas vivências e também pa-trocinando eventos culturais que tenham

como tema a Festa Junina. Nesta 3a ediçãoestamos acrescentando um capítulo depoesias juninas, onde publicamos aspoesias vencedoras do Concurso de Poesiade Dois Córregos, cidade do interior de SãoPaulo. Não deixe de ler!

O livro tem como objetivo ajudar naperpetuação dessa tradição cultural tãoimportante. Para isso pretende ser umsubsídio à pesquisa do tema, princi-palmente às crianças em idade escolar. Emseu conteúdo encontramos, simpatias ju-ninas, adivinhas, letras de músicas cantadasnas festas juninas, representação de casa-mento matuto e evolução da quadrilhacaipira. E como não poderia deixar defaltar, as saborosas comidas típicas en-contradas em qualquer festa junina.

Convido você, leitor, a entrar nestemundo maravilhoso.

GABRIEL JOÃO CHERUBINI

VICE-PRESIDENTE – YOKI ALIMENTOS S.A.

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SumárioSumárioSumárioSumárioSumário

NOTA INTRODUTÓRIA

1 Origem das Festas JuninasA coleta e o cultivoRituais de fertilidadeO dia de São João na Sardenha

2 As Comemorações Juninas no BrasilAs relações sociais e o compadrioSão João em Caruaru e Campina GrandeNa Região NorteNo Sudeste

3 Santo Antônio, São João e São PedroSanto Antônio: camarada e casamenteiroSimpatias, sortes e adivinhas para Santo AntônioA festa de Santo AntônioSão João, a purificação pelo batismoSimpatias, sortes e adivinhas para São JoãoA festa de São JoãoSão Pedro, fundador da Igreja CatólicaA festa de São Pedro

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4 Casamento Caipira ou MatutoSugestão para a representação do casamento caipira ou matuto

5 Danças JuninasOrigem da quadrilhaTrajes usados na dançaSugestão para a evolução da quadrilha caipiraFandangoBumba-meu-boiLunduCateretê

6 Jogos JuninosJogos de terreiroJogos de barracas

7 Músicas Juninas

8 O Mastro

9 Comidas e Bebidas Juninas

Concurso de redaçõesConcurso de PoesiasBibliografia

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Nota Introdutória

EEEEEste livro é resultado de uma pes-quisa realizada a pedido da Yoki,

o que gerou uma troca fecunda entreuniversidade e empresa.

O tema festas juninas proporciona umcampo fértil de análise do significado desseperíodo tão importante na cultura brasi-leira: sua origem, sua transformação nahistória européia e suas redefinições nocontexto brasileiro, desde os temposcoloniais até a atualidade.

A pesquisa, concebida por mim, foi rea-lizada em conjunto com Vivian Catenacci,na ocasião minha aluna no curso degraduação em Ciências Sociais da PUC-SP.

A prática da pesquisa representa umdos pilares fundamentais do conhecimentosobre a vida social. Aprender fazendo émuito importante na formação do aluno,

não apenas porque a pesquisa a respeitoda realidade social contribui para oconhecimento da vida de um povo e dasquestões sociais, políticas, econômicas eculturais que o configuram, mas tambémporque sua prática revela o prazer deconhecer.

O ato de conhecer conduz ao desco-brimento, à ampliação da capacidade deanalisar, de sistematizar, de explicar.Conhecer, portanto, amplia os horizontesda consciência, da cidadania e da crítica.

Tudo isso fornece bases consistentespara as instituições de ensino e, particu-larmente, para a universidade, centro deensino, pesquisa e extensão.

Outro aspecto importante a ressaltaré que a atividade de pesquisa enriquecede modo muito especial a relação pro-

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fessor/aluno. Produzir em conjunto éestimulante para ambos porque ensinare aprender são dimensões do mesmo ato,cuja base pode estar assentada nareciprocidade.

Sendo assim, este livro tem caráterdidático e constitui um convite à pesquisa.Agradeço à Yoki a oportunidade de realizarum trabalho prazeroso e importante e aVivian a saudável prática da partilha.

LÚCIA HELENA VITALLI RANGEL

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Origem das Festas Juninas1OOOOO calendário das festas católicas

é marcado por diversas come-morações de dias de santos. Seu ciclo maisimportante se inicia com o nascimento deJesus Cristo e se encerra com sua paixão emorte. Na tradição brasileira, as maioresfestas são Natal, Páscoa e São João. Ascomemorações de cunho religioso foramapropriadas de tal forma pelo povobrasileiro que ele transformou o Carnaval— ritual de folia que marca o início daQuaresma, período que vai da quarta-feirade Cinzas ao domingo de Páscoa — emuma das maiores expressões festivas doBrasil no decorrer do século XX.

Do mesmo modo, as comemoraçõesde São João (24 de junho) fazem parte deum ciclo festivo que passou a ser conhecidocomo festas juninas e homenageia, além

desse, outros santos reverenciados emjunho: Santo Antônio (dia 13) e São Pedro eSão Paulo (dia 29).

Se pesquisarmos a origem dessasfestividades, perceberemos que elasremontam a um tempo muito antigo, ante-rior ao surgimento da era cristã. De acordocom o livro O ramo de ouro, de sir JamesGeorge Frazer, o mês de junho, tempo dosolstício de verão (no dia 21 ou 22 de junhoo Sol, ao meio-dia, atinge seu ponto maisalto no céu; esse é o dia mais longo e a noitemais curta do ano) no Hemisfério Norte, eraa época do ano em que diversos povos —celtas, bretões, bascos, sardenhos, egípcios,persas, sírios, sumérios — faziam rituais deinvocação de fertilidade para estimular ocrescimento da vegetação, promover afartura nas colheitas e trazer chuvas.

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Na verdade, os rituais de fertilidadeassociados ao cultivo das plantas, incluindotodo o ciclo agrícola — a preparação doterreno, o plantio e a colheita —, sempreforam praticados pelas mais diversassociedades e culturas em todos os tempos.Das tradições estudadas por Frazerdestacam-se os ritos celebrados nas terrasdo Mediterrâneo oriental (Egito, Síria,Grécia, Babilônia) com o objetivo de regu-lar as estações do ano, especialmente apassagem da primavera para o verão, quesela a superação do inverno.

A Coleta e o Cultivo

O ciclo anual da natureza prevê a mortee o ressurgimento da vegetação. Todos osanos as plantas passam por um processo detransformação: no outono, as folhas mudamde cor, tornando-se amareladas e murchas;no inverno, elas caem e deixam a planta semfolhas até que chega a primavera. O solentão começa a brilhar com mais inten-

sidade e a vegetação renasce, brota e flo-resce para oferecer as sementes do novociclo, cujos frutos estarão maduros no verão.

No Hemisfério Norte, as quatro estaçõesdo ano estão demarcadas nitidamente; naregião equatorial e nas tropicais do Hemis-fério Sul, o movimento cíclico alterna os perío-dos de chuva e de estiagem, mas ainda assimo ciclo vegetativo pode ser observado damesma maneira — alteração na coloração eperda das folhas, seca e renascimento.

O que ocorre com a natureza é algosemelhante à saga de Tamuz e Adônis, quesubmergem do mundo subterrâneo eretornam todos os anos para viver comsuas amadas Istar e Afrodite e com elasfertilizar a vida.

As lendas de Tamuz e Adônis

“Na literatura religiosa da Babilônia,TTTTTamuz amuz amuz amuz amuz surge como o jovem esposo ouamante de Istar, a grande deusa-mãe, apersonificação das energias reprodutivas da

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natureza. [...] Tamuz morria anualmente [...]e todos os anos sua amante divina viajava,em busca dele, ‘para a terra de onde nãohá retorno, para a mansão das trevas, ondeo pó se acumula na porta e no ferrolho’. Du-rante sua ausência, a paixão do amor deixa-va de atuar: homens e animais esqueciamde reproduzir-se, toda a vida ficava amea-çada de extinção. Tão intimamente ligadasà deusa estavam as funções sexuais de todoo reino animal que, sem a sua presença, elasnão podiam ser realizadas. [...] A inflexívelrainha das regiões infernais, Alatu ou Eresh-Kigal, permitia, não sem relutância, que Istarfosse aspergida com a água da vida epartisse, provavelmente em companhia doamante Tamuz, para o mundo superior e que,com esse retorno, toda a natureza revivesse.”

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“Refletida no espelho da mitologiagrega a divindade oriental, Adônis Adônis Adônis Adônis Adônis surgecomo um belo jovem, amado de Afrodite. Emsua infância, a deusa o ocultou numa arca,

que confiou a Perséfone, rainha dos infer-nos. Mas, quando Perséfone abriu a arca eviu a beleza da criança, recusou-se adevolvê-la a Afrodite [...]. A disputa entre asdeusas do amor e da morte foi resolvida porZeus, que determinou que Adônis devia viverparte do ano com Perséfone no mundo infe-rior, e com Afrodite, no mundo superior ouna terra, durante a outra parte. [...] a lutaentre Afrodite e Perséfone pela posse deAdônis reflete claramente a luta entre Istare Alatu na terra dos mortos, ao passo que adecisão de Zeus de que Adônis devia passarparte do ano no mundo inferior e parte doano no mundo superior é apenas uma versãogrega do desaparecimento e reapareci-mento anual de Tamuz.”

(Frazer, 1978, p. 123)

Com o tempo os homens, além dedesfrutar o ciclo da natureza coletando seusfrutos, passaram a domesticar animais e acultivar plantas para sua alimentação. Ocultivo de raízes e legumes, juntamente com

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a caça, a pesca e a coleta, representa oconjunto das atividades produtivas quetornaram possível a adaptação da espéciehumana em todas as regiões do planeta,mas foi a produção de grãos e a domes-ticação de animais que ampliaram essacapacidade adaptativa.

Imitando o ciclo anual da natureza, ohomem descobriu as sementes que podiaguardar a cada colheita e replantar no anoseguinte, quando seriam fertilizadas pelaincidência solar e irrigadas pelas chuvas. Assementes dos grãos germinam e crescem. Ohomem colhe, debulha, seca e tritura osgrãos para que eles se tornem seu alimento.

Rituais de Fertilidade

Com o cultivo da terra pelo homem,surgiram os rituais de invocação de fertili-dade para ajudar o crescimento das plan-tas e proporcionar uma boa colheita.

Na Grécia, por exemplo, Adônis eraconsiderado o espírito dos cereais. Entre os

rituais mais expressivos que o homena-geavam estão os jardins de Adônis: na prima-vera, durante oito dias, as mulheres plantavamem vasos ou cestos sementes de trigo, cevada,alface, funcho e vários tipos de flores. Com ocalor do sol, as plantas cresciam rapidamentee, como não tinham raízes, murchavam aofinal dos oito dias, quando então os pequenosjardins eram levados, juntamente com asimagens de Adônis morto, para ser lançadosao mar ou em outras águas.

Os rituais de fertilidade perduraramatravés dos tempos. Na era cristã, mesmoque fossem considerados pagãos, não eramais possível acabar com eles. SegundoFrazer, é por esse motivo que a IgrejaCatólica, em vez de condená-los, os adaptaàs comemorações do dia de São João, queteria nascido em 24 de junho, dia do solstício.

O Dia de São João na Sardenha

Conta Frazer que, no início do século XX,na Sardenha, os jardins de Adônis ainda eram

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plantados na festa do solstício de verão, quelá tem o nome de festa de São João:

“No final de março ou 1o de abril, umjovem da aldeia se apresenta a uma moça,pede-lhe para ser a sua comare (comadreou namorada) e oferece-se para ser o seucompare. O convite é considerado comohonra pela família da moça e aceito comsatisfação. No fim de maio, a moça faz umvaso com a casca de um sobreiro, enche-ode terra e nele semeia um punhado de trigoe cevada. Como o vaso é colocado ao sol eregado com freqüência, os grãos brotamcom rapidez e, na véspera do solstício(véspera de São João, 23 de junho), já estábem desenvolvido. [...] No dia de São João,o rapaz e a moça, vestidos com suas me-lhores roupas, acompanhados por umagrande comitiva e precedidos de criançasque correm e brincam, vão em procissão atéuma igreja da aldeia. Ali quebram o vaso,

lançando-o contra a porta do templo.Sentam-se em seguida em círculo na gramae comem ovos e verduras ao som da músicade flautas. O vinho é misturado numa taçaservida a todos, que dela vão bebendo,passando-a adiante. Em seguida dão-se asmãos e cantam ‘Namorados de São João’(Compare e comare di San Giovanni) váriasvezes, enquanto as flautas tocam durantetodo o tempo. Quando se cansam de cantar,levantam-se e dançam alegremente emcírculo até a noite”.

(Frazer, 1978, p. 133)

Outro aspecto que aproxima a festa deSão João às de Adônis e Tamuz é o costumede tomar banhos no mar, em rios, nascentesou no sereno na noite da véspera. Tambémperdura, desde os tempos antigos, o costumede acender fogueiras e tochas, que devemlivrar as plantas e colheitas dos espíritos mausque podem impedir a fertilidade.

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As Comemorações Juninas no Brasil2NNNNNa Europa, os festejos do solstício

de verão foram adaptados àcultura local, de modo que em Portugal foiincluída a festa de Santo Antônio de Lisboaou de Pádua, em 13 de junho. A tradiçãocristã completou o ciclo com os festejos deSão Pedro e São Paulo, ambos apóstolosda maior importância, homenageados em29 de junho.

Quando os portugueses iniciaram oempreendimento colonial no Brasil, a partirde 1500, as festas de São João eram aindao centro das comemorações de junho.Alguns cronistas contam que os jesuítasacendiam fogueiras e tochas em junho,provocando grande atração sobre osindígenas.

Mesmo que no Brasil essa época mar-casse o início do inverno, ela coincidia com

a realização dos rituais mais importantespara os povos que aqui viviam, referentesà preparação dos novos plantios e àscolheitas. O período que vai de junho asetembro é a época da seca em muitasregiões do Brasil, quando os rios estãobaixos e o solo pronto para enfrentar oplantio. Derruba-se a mata, queimam-seas ramagens para limpar o terreno, que éadubado com as cinzas, e a seguir começao plantio. É a técnica da oivara, tãodifundida entre os povos do continenteamericano.

Nessa época os roçados velhos, doano anterior, ainda estão em pleno vigor,repletos de mandioca, cará, inhame,batata-doce, banana, abóbora, abacaxi,e a colheita de milho, feijão e amendoimainda se encontra em período de consumo.

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Esse é um tempo bom para pescar e caçar.Uma série ritual, que dura todo o período,inclui um conjunto muito variado de festasque congregam as comunidades indígenasem danças, cantos, rezas e muita farturade comida. Deve-se agradecer a abun-dância, reforçar os laços de parentesco (asfestas são uma ótima ocasião para ali-anças matrimoniais), reverenciar as divin-dades aliadas e rezar forte para que osespíritos malignos não impeçam a fer-tilidade. O ato de atear fogo para limparo mato, além de fertilizar o solo, serveprincipalmente para afastar esses espíritosmalignos.

Houve, portanto, certa coincidênciaentre o propósito católico de atrair os índiosao convívio missionário catequético e aspráticas rituais indígenas, simbolizadaspelas fogueiras de São João. Talvez seja porcausa disso que os festejos juninos tenhamtomado as proporções e a importância queadquiriram no calendário das festasbrasileiras.

As Relações Sociais e o Compadrio

Outro fato que ajuda a compreender aimportância desses festejos está relacionadocom a forma de sociabilidade que foicaracterística da sociedade brasileira. Desdeo período colonial até meados do século XX,a maioria da população de todas as regiõesdo Brasil vivia no campo (até 1950, 70% dapopulação brasileira vivia na zona rural;hoje, mais de 70% vive nas cidades). Fossemcolonos e agregados das fazendas agrícolasou vaqueiros em grandes fazendas de gado,fossem pescadores nas regiões litorâneas ouseringueiros na Amazônia, fossem sitiantespor esse Brasil afora, os brasileiros viviamintegrados em grupos familiares, enten-dendo-se como família o conjunto de pais efilhos, tios e primos, avós e sogros.

As relações familiares eram comple-mentadas pela instituição do compadrio,que servia para integrar outras pessoas àfamília, estreitando assim os laços entre vizi-nhos e entre patrões e empregados. Até

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mesmo os escravos podiam ser apadri-nhados pelos senhores de terra.

Havia duas formas principais de tornar-se compadre e comadre, padrinho emadrinha: uma era, e ainda é, pelo batismo;a outra, por meio da fogueira. Nas festas deSão João, os homens, principalmente,formavam duplas de compadres de fogueira:ficavam um de cada lado da fogueira edeveriam pular as brasas dando-se as mãosem sentido cruzado. Era comum recitaremversos como estes:

São João dormiu,São Pedro acordô,

vamo sê cumpadreque São João mandô.(Nordeste sertanejo)

Ou:São João disse,São Pedro confirmou,que nosso Senhor Jesus Cristo mandoua gente ser compadrenesta vida e na outra também.

(Amazônia cabocla)

Os laços de compadrioeram muito importantes,pois os padrinhos po-diam substituir os pais naausência ou na mortedestes, os compadres inte-gravam grupos de coope-ração no trabalho agrícola e osafilhados eram devedores deobrigações aos padrinhos. A instituiçãobeneficiava os patrões, que tinham umséquito de compadres e afilhados leaistanto nas relações de trabalho como nascampanhas políticas, quando se benefi-ciavam do voto de cabresto.

O compadrio ainda vigora em muitaslocalidades, mas o processo de urbanizaçãoque hoje atinge todas as regiões do paísenfraquece essa instituição e promovediversas mudanças nas formas de sociabili-dade. Atualmente, os favores (doações,pagamentos, promessas) têm sido maisimportantes nas eleições do que a lealdadeadvinda dos laços de compadrio.

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São João em Caruaru eCampina Grande

Hoje as festas juninas possuem cor lo-cal. De acordo com a região do país,variam os tipos de dança, indumentária ecomida. A tônica é a fogueira, o foguetório,o milho, a pinga, o mastro e as rezas dossantos.

No Nordeste sertanejo, o São João écomemorado nos sítios, nas paróquias, nosarraiais, nas casas e nas cidades. A impor-tância dessa festa pode ser avaliada pelonúmero de nordestinos e turistas queescolhem essa época do ano para sair deférias e participar dos festejos juninos. Ascidades de Caruaru, em Pernambuco, eCampina Grande, na Paraíba, são as quemais atraem gente curiosa em conhecer asmaiores festas de São João do mundo.

Caruaru criou uma cidade cenográfica,a Vila do Forró, que é a réplica de umacidade típica do sertão, com casas coloridasde arquitetura simples habitadas pela

rainha do milho, pela rezadeira, pelarendeira, pela parteira. Ali há tambémcorreio, posto bancário, delegacia, igreja,restaurantes, teatro de mamulengo. Atoresencenam nas ruas o cotidiano dos habitan-tes da região. O maior cuscuz do mundo,segundo o Livro Guinness de Recordes, éfeito lá, numa cuscuzeira que mede 3,3metros de altura e 1,5 metro de diâmetro ecomporta 700 quilos de massa.

Uma das grandes atrações da festa é odesfile junino na véspera de São João demais de vinte carros alegóricos, carroçasornamentadas com cortejo de bacamar-teiros, bandas de pífaros, quadrilhas,casamentos matutos e grupos folclóricos.

Campina Grande construiu um Forró-dromo que recebe todos os anos milhõesde pessoas. Elas se divertem assistindo aapresentações do tradicional forró pé-de-serra, de quadrilhas, cantores, bandas edesfiles de jegues, participam de jogos ebrincadeiras e deleitam-se com as comidastípicas vendidas nas barracas.

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Na Região Norte

Na Amazônia cabocla, a tradição dehomenagear os santos possui um calendárioque tem início em junho, com Santo Antônio, etermina em dezembro, com São Benedito. Cadacomunidade homenageia seus santos preferidose padroeiros, com destaque para os santosjuninos. São festas de arraial que começam nodécimo dia depois das novenas e nas quaisestão presentes as fogueiras, o foguetório, omastro, banhos, muita comida e folia.

No eixo Belém/Parintins/Manaus, desde ostempos coloniais, a criação do boi, introduzidapelos portugueses, deu lugar a manifestaçõesculturais que lhe são típicas: o boi-bumbá,dançado em diversas ocasiões, transformou-seatualmente em grande espetáculo, cujo ápiceé a disputa entre os grupos Caprichoso eGarantido no Bumbódromo de Parintins, nosdias 28, 29 e 30 de junho.

No Sudeste

A tradição caipira, especialmente a doSudeste do Brasil, caracteriza-se pelas festasrealizadas em terreiros rurais, onde nãofaltam os elementos típicos dos três santosde junho. Mas elas também se espalharampelas cidades e hoje as festas juninasacontecem, principalmente, em escolas,clubes e bairros.

Como em outras partes do Brasil, ocalendário das festas paulistas destaca osrodeios e as festas de peão boiadeirocomo eventos ou espetáculos maisimportantes, que se realizam de março adezembro.

As festas juninas, com maior ou menordestaque, ainda são realizadas em todas asregiões do Brasil e representam uma dasmanifestações culturais brasileiras maisexpressivas.

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Santo Antônio, São João e São Pedro3Santo Antônio:

Camarada e Casamenteiro

FFFFFestejado no dia 13 de junho, SantoAntônio é um dos santos de maior

devoção popular tanto no Brasil como emPortugal. Fernando de Bulhões nasceu emLisboa em 15 de agosto de 1195 e faleceuem Pádua, na Itália, em 13 de junho de1231. Recebeu o nome de Antônio aopassar, em 1220, da Ordem de SantoAgostinho para a Ordem de São Franciscoe é conhecido como Santo Antônio deLisboa ou Santo Antônio de Pádua.

Santo Antônio era admirado por seusdotes de ótimo orador, pois quando pre-gava a palavra de Deus ela era entendidaaté mesmo por estrangeiros. É por assimdizer o “santo dos milagres”, como afirmou

o padre Antônio Vieira em um sermão de1663 realizado no Maranhão: “Se vos

adoece o filho, Santo Antônio; se vos foge

um escravo, Santo Antônio; se requereis o

despacho, Santo Antônio; se aguardais a

sentença, Santo Antônio; se perdeis a

menor miudeza de vossa casa, Santo

Antônio; e, talvez se quereis os bens

alheios, Santo Antônio”.

É o santo familiar e protetor dosvarejistas em geral, por isso é comumencontrar sua figura em estabelecimentoscomerciais. É também o padroeiro daspovoações e dos soldados, pois enfrentouem vida aventuras guerreiras como soldadoportuguês. Sua figura aparece com des-taque em episódios da História do Brasil:teria desempenhado o papel de heróicodefensor da integridade do solo brasileiro,

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como explicam os cronistas que relatam alibertação de Pernambuco dos holandeses,assim como os que falam da defesa dacolônia do Sacramento, ao Sul, e do Rio deJaneiro com relação aos franceses, atri-buindo a vitória à proteção deste santo.

Sua influência é marcante entre o povobrasileiro. Seus devotos, em geral, não têmem casa uma imagem grande do santo epreferem levar no bolso uma pequena parase proteger. É a ele que as moças ansiosaspedem um noivo. A prática de colocar o santode cabeça para baixo no sereno, amarradanum esteio, ou de jogá-lo no fundo do poçoaté que o pedido seja atendido, por exemplo,é bastante comum entre os devotos.

Dos santos juninos, somente Santo Antônioé feito de madeira. Em geral, é esculpido emnó de pinho, daí terem surgido os versos:

Meu querido Santo Antôniofeito de nó de pinho,

com vós arranjo o que quero,porque peço com jeitinho.

Os devotos mais exagerados sóconfiam seu pedido à imagem do SantoAntônio das igrejas franciscanas, pro-curadas especialmente nas terças-feiras ede modo particular no dia 13 de junho.

Todos são devotos desse santo“camarada”. Os cantadores se apegammuito a Santo Antônio para tentar venceros desafios, pois o consideram o mais fiel eo maior intercessor; os vaqueiros pedemproteção contra o estouro da boiada e ospescadores acreditam que no dia 13 dejunho as redes se enchem de peixes. Bastalançá-las dizendo:

No dia 13 de junhoé pô a rede e tirá:

os peixes ’stão na fiúzade Santo Antônio falá.

Em homenagem a Santo Antônio,geralmente realizam-se duas espécies derezas e festas: os responsos, quando ele éinvocado para achar objetos perdidos, e a

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trezena, cerimônia que se prolonga comcânticos, foguetório e comes e bebes de 1o

a 13 de junho de cada ano.

Simpatias, Sortes e Adivinhaspara Santo Antônio

O relacionamento entre os devotos eos santos juninos, principalmente SantoAntônio e São João, é quase familiar:cheio de intimidades, chega a ser, porvezes, irreverente, debochado e quaseobsceno. Esse caráter fica bastanteevidente quando se entra em contato comas simpatias, sortes, adivinhas e acalantosfeitos a esses santos:

Confessei-me a Santo Antônio,confessei que estava amando.Ele deu-me por penitênciaque fosse continuando.

Os objetos utilizados nas simpatias eadivinhações devem ser virgens, ou seja,

estar sendo usados pela primeira vez,senão… nada de a simpatia funcionar!

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A seguir, algumas simpatias feitas paraSanto Antônio:

Em certas zonas paulistas, como naSerrana e na Mantiqueira, Santo Antôniorecebe um vintém para achar os animaisperdidos nas matas e uma pequena moedade cobre para o porco voltar ao chiqueiro.

Moças solteiras, desejosas de se casar,em várias regiões do Brasil, colocam-no decabeça para baixo atrás da porta ou dentrodo poço ou enterram-no até o pescoço.Fazem o pedido e, enquanto não sãoatendidas, lá fica a imagem de cabeça parabaixo. E elas pedem:

Meu Santo Antônio querido,meu santo de carne e osso,se tu não me dás marido,não tiro você do poço.

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Meu querido Santo Antônio,feito de nó de pinho,me arranje um casamentocom um moço bonitinho (ou bonzinho).

Santo Antônio, casamenteiro,não deixe a (dizer o nome) ficar solteira.Santo Antônio, me case já,enquanto sou moça e viva.

O milho colhido tardenão dá palha nem espiga.Minha avó tem lá em casaum Santo Antônio velhinho.Em os moços não me querendodou pancadas no santinho.

Santo Antônio, Santo Antônio,abaixai-me esta barriga,que não sei que tem dentro,se é rapaz ou rapariga.

Santo Antônio pequenino,mansador de burro brabo,

vem amansar minha sogra,que é levada do diabo.

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Para arrumar namorado ou marido,basta amarrar uma fita vermelha e outrabranca no braço da imagem de SantoAntônio, fazendo a ele o pedido. Rezar umPai-Nosso e uma Salve-Rainha. Pendurar aimagem de cabeça para baixo sob a cama.Ela só deve ser desvirada quando a pessoaalcançar o pedido.

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Para sonhar com o noivo, basta colocartrês rosas vermelhas debaixo do travesseirona véspera de Santo Antônio.

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A moça quer saber com quem vai secasar? Então, no dia de Santo Antônio, emcada refeição que fizer, deve deixar um poucode comida no prato. No final do dia, elaprecisa rezar para Nossa Senhora e pedir

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para que o homem amado venha comer osrestos que deixou durante o dia. Depois é sóadormecer, e o amado aparecerá em seussonhos comendo a comida.

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No dia 13, é comum ir à igreja parareceber o “pãozinho de Santo Antônio”, queé dado gratuitamente pelos frades. Emtroca, os fiéis costumam deixar ofertas. Opão, que é bento, deve ser deixado juntoaos demais mantimentos para que estesnão faltem jamais.

Feito um pedido a Santo Antônio, casoa pessoa tenha pressa em ser atendida, deverezar um Pai-Nosso pela metade que o santoa atenderá logo, para que o suplicantetermine a oração.

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Santo Antônio também é bastantelembrado nos acalantos:

Numa ponta, Santo Antônio,noutra ponta, São João,

no meio, Nossa Senhora,com seu raminho na mão.

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Se o noivado não vai muito bem ou seestá se prolongando muito, as donzelasrezam a seguinte oração:

“Padre Santo Antônio dos cativos, vós que

sois um amarrador certo, amarrai, por vosso

amor, quem de mim quer fugir, empenhai o

vosso hábito e o vosso santo cordão com

algemas fortes e duros grilhões que façam

impedir os passos de (nome do amado), que

de mim quer fugir, e fazei, ó meu bem-

aventurado Santo Antônio, que ele case

comigo sem demora!

Pelos vossos milagres; pela palavra

quando a Jesus faláveis; pela defesa do

vosso pai, um pedido eis-me a fazer.

Abrandai a ira do mar; o sopro do vento;

o negrume da noite; a chama abrasadora

do sol; a frialdade da lua; a voracidade das

feras; o horror dos desertos. Depois de tudo

isso, abrandai o que de mais empedernido

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existe sobre a terra: o coração dos homens.Oh!, meu milagroso Santo Antônio, fazei

com que aquele por quem meu coraçãochama ouça a minha voz e, ouvindo-a, váaos pés de Deus Nosso Senhor, comigo, vossahumilde devota.

Amém.”””””

A Festa de Santo Antônio

Nos primeiros treze dias de junho, osdevotos de Santo Antônio rezam as trezenascom o intuito de alcançar graças através dasua intervenção ou de agradecer um milagreque o santo tenha realizado:

Se queres milagres,implora confiantede Antônio o favor.Seu braço é tão forteque do erro e da mortedestrói o furor…

O folclorista Basílio de Magalhães, no

artigo “Santos padroeiros no domíniofolclórico” (Cultura Política, n. 35, dez. 1943),descreve uma festa de Santo Antônio nacidade de Guarabira (Espírito Santo): nanoite de 13 de junho, no centro de um terreirobem varrido, decorado com bambu ebandeirinhas de papel coloridas, encontra-se um mastro com uma bandeira e a figurade Santo Antônio em seu topo. Numa casaem frente, há um oratório preparado com aimagem do padroeiro da festa.

Em determinado momento, começam ascantorias e danças matutas/caipiras ao somde violas, pandeiros e tambor. Os devotos en-tram dançando no meio do terreiro e cantam:

Fui ao mato cortar lenha,Santo Antônio me chamou.

Quando o santo chama a genteque fará os pecador.

E todos na roda respondem:Na porta da sala,tá me chamando.

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Oh gente danada,tá me xingando!

Eu não sou daqui,vou me arretirando.Ai, ai, ai! Ai, ai, ai!

Santo Antônio me chamou!

Como o dia de Santo Antônio écomemorado alguns dias antes donascimento de São João, estão presentesem suas festividades elementos própriosdas festas deste último, como os fogos ea fogueira.

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São João,a Purificação pelo Batismo

João Batista nasceu no dia 24 dejunho, alguns anos antes de seu primo JesusCristo, e morreu em 29 de agosto do ano31 d.C., na Palestina. Foi degolado porordem de Herodes Antipas a pedido de suaenteada Salomé, pois a pregação do filhode Santa Isabel e São Zacarias incomo-dava a moral da época. Antes mesmo deJesus, João Batista já pregava publicamen-te às margens do rio Jordão. Ele instituiu,pela prática de purificação através daimersão na água, o batismo, tendo inclu-sive batizado o próprio Cristo nas águasdesse rio.

São João ocupa papel de destaque nasfestas, pois, dentre os santos de junho, foiele que deu ao mês o seu nome (mês deSão João) e é em sua homenagem que sechamam “joaninas” as festas realizadas nodecurso dos seus trinta dias. O dia 23 dejunho, véspera do nascimento de São João

e início dos festejos, é esperado com es-pecial ansiedade. Segundo Frei Vicente doSalvador, um dos primeiros brasileiros aescrever a história de sua terra, já no anode 1603 os índios acudiam a todos os fes-tejos portugueses, em especial os de SãoJoão, por causa das fogueiras e capelas.

São João é muito querido por todos,sem distinção de sexo nem de idade.Moças, velhas, crianças e homens o fazemde oráculo nas adivinhações e festejam oseu dia com fogos de artifício, tiros ebalões coloridos, além dos banhoscoletivos de madrugada. Acende-se umafogueira à porta de cada casa paralembrar a fogueira que Santa Isabelacendeu para avisar Nossa Senhora donascimento do seu filho.

São João, segundo a tradição, ador-mece no seu dia, pois se estivesseacordado vendo as fogueiras que sãoacesas para homenageá-lo não resistiria:desceria à Terra e ela correria o risco deincendiar-se.

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A lenda do surgimento da fogueira de São João

Dizem que Santa Isabel era muito amiga de Nossa Senhora e, por isso, costumavam visitar-

se. Uma tarde, Santa Isabel foi à casa de Nossa Senhora e aproveitou para contar-lhe que

dentro de algum tempo nasceria seu filho, que se chamaria João Batista.

Nossa Senhora então perguntou:

— Como poderei saber do nascimento dessa criança?

— Vou acender uma fogueira bem grande; assim você poderá vê-la de longe e saberá

que João nasceu. Mandarei também erguer um mastro com uma boneca sobre ele.

Santa Isabel cumpriu a promessa. Certo dia Nossa Senhora viu ao longe uma fumaceira e depois

umas chamas bem vermelhas. Foi à casa de Isabel e encontrou o menino João Batista, que mais tarde

seria um dos santos mais importantes da religião católica. Isso se deu no dia 24 de junho.

A lenda das bombas de São João

Antes de São João nascer, seu pai, São Zacarias, andava muito triste por não ter filhos.

Certa vez, um anjo de asas coloridas, envolto em uma luz misteriosa, apareceu à frente de

Zacarias e anunciou que ele seria pai.

A alegria de Zacarias foi tão grande que ele perdeu a voz desse momento em diante. No

dia do nascimento do filho, perguntaram a Zacarias como a criança se chamaria. Fazendo um

grande esforço, ele respondeu “João” e a partir daí recuperou a voz. Todos fizeram um barulhão

enorme. Foram vivas para todos os lados.

Vem daí o costume de as bombinhas, tão apreciadas pelas crianças, fazerem parte

dos festejos juninos.

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Simpatias, Sortes eAdivinhas para São João

A moça deve apanhar pimentas num péde pimenteira com os olhos vendados.Caso ela colha pimenta verde, seu noivoserá jovem; se for madura, o casamento serácom um velho ou viúvo; se a pimenta for deverde para madura, o casamento será comum homem de meia-idade.

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Aplicar um jejum forçado a um galo portrês dias. À noite, no terreiro iluminado,colocar montículos de milho nos pés demoços e moças, que devem ter formadouma grande roda. Soltar, então, o galofaminto no centro. O montículo de milhoescolhido pelo galináceo será daquele(a)que se casará em breve.

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Passar descalço sobre as brasas dafogueira com uma faca nova na mão. A

seguir, enfiar a faca numa bananeira. Nooutro dia, pela manhã, retirá-la e interpretaro desenho, ou melhor, as iniciais do nomeda pessoa com quem vai se casar.

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Na noite de São João, escrever o nome dequatro pretendentes em cada ponta do lençole dar um nó em cada uma delas. De manhã, onó que estiver desmanchado tem o nomedaquele com quem a pessoa vai se casar.

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No dia de São João, perguntar o nomedo primeiro mendigo que lhe pediresmolas. Esse será o nome do futuro cônjuge.

Na noite de São João, encher uma ba-cia com água e ir com ela para a beira dafogueira. Rezar então uma Ave-Maria e,quando terminar, aparecerá na água a som-bra do rapaz com quem a moça se casará.

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Escrever três nomes em pedaços de

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papel. Dobrá-los bem e colocar, aleatoria-mente, um no fogão, outro na rua e o últi-mo sob o travesseiro. Ao amanhecer, des-dobrar o que está sob o travesseiro; esseserá o futuro cônjuge.

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Na noite de São João, passar um ramode manjericão na fogueira e jogá-lo no te-lhado. Se na manhã seguinte ele estiververde, a pessoa vai se casar com moço. Seestiver murcho, o noivo será velho.

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Ainda ao pé da fogueira, segurar umpapel branco e passá-lo por cima da fo-gueira. Sem deixar o papel queimar, girá-lo enquanto se reza uma Salve-Rainha. Afumaça vai desenhar o rosto do futuromarido.

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Na noite de 23 de junho, quebrar umovo dentro de um copo e deixá-lo ao

relento. Na manhã seguinte, interpretar oque está desenhado na clara: torre deigreja é casamento (em algumas regiõesdo Brasil) ou ingresso na vida religiosa(Maranhão); túmulo, caixão de defunto ourede de defunto significa morte na certa emalgumas regiões; em outras, a redetambém pode ser interpretada comorenda, de que é feito o véu de noiva;significa, portanto, casamento.

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Encher uma bacia ou prato virgem comágua e levá-la para a beira da fogueirana noite de São João. Acender então umavela e, enquanto se vai rezando uma Ave-Maria, deixar os pingos da cera caírem naágua. Depois é só interpretar a inicial donome da pessoa com quem vai se casar.

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Pôr três pratos sobre uma mesa: um comflores, outro com água e o terceiro com umterço ou rosário. Os candidatos à sorte en-

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tram na sala com os olhos vendados epostam-se atrás das cadeiras à frente dasquais estão os pratos. As flores significamcasamento; o terço, ingresso na vida reli-giosa; a água, viagem. Esta é uma sorte ca-racterística de regiões marítimas ou fluviais.

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Quando estiverem soltando um balão,pensar em algo que se deseja. Se ele subir,acontecerá o que se pensou; caso se incen-deie, certamente o “sorteiro” ficará solteiro.

Prender uma fita no travesseiro e rezarpara São João. No outro dia, se ela apa-recer solta é porque a pessoa vai se casar.

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Numa bacia com água, colocar duasagulhas. Se elas se juntarem, é sinal de quea pessoa deve se casar em breve.

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Às 6 da tarde da véspera de São João,pôr um cravo num copo com água. Na ma-

nhã seguinte, se ele estiver viçoso, é sinalde casamento; se estiver murcho, nada decasamento.

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Para curar verrugas, passar sobre elaso primeiro ramo que encontrar ao clarearo dia de São João.

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À meia-noite de São João, aquele quenão enxergar sua imagem completa no riomorrerá logo. Quem enxergar seu corpoapenas pela metade morrerá no decorrerdo ano.

Salve-RainhaEsta oração está presente em muitas

adivinhações de São João e Santo Antônio.

“““““Salve-Rainha, mãe de misericórdia,vida, doçura e esperança nossa, salve!

A vós bradamos, os degredados filhosde Eva.

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A vós suspiramos, gemendo e chorando,neste vale de lágrimas.

Eia, pois, advogada nossa, esses vossosolhos misericordiosos a nós volvei e depoisdeste desterro mostrai-nos Jesus, benditofruto do vosso ventre,

Ó clemente,Ó piedosa,Ó doce sempre Virgem Maria.Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para

que sejamos dignos das promessas de Cristo.Amém.”””””

A Festa de São João

Em festa de São João, na maioria dasregiões brasileiras, não faltam fogos deartifício, fogueira, muita comida (o bolo deSão João, principalmente nos bairros rurais,é essencial), bebida e danças típicas decada localidade.

No Nordeste, por exemplo, essa festa étão tradicional que no dia 23 de junho,depois do meio-dia, em algumas localida-

des ninguém mais trabalha. Enfeitam-sesítios, fazendas e ruas com bandeirolascoloridas para a grande festa da vésperade São João. Prepara-se a lenha para agrande fogueira, onde serão assados ba-tata-doce, mandioca, cebola do reino emilho. Em torno dela sentam-se os familia-res de sangue e de fogueira.

O formato da fogueira varia de lugarpara lugar: pode ser quadrada, piramidal,empilhada… Quanto mais alta, maior é oprestígio de quem a armou. A madeirautilizada também varia bastante: pinho,peroba, maçaranduba, piúva. Não sequeimam cedro, imbaúba nem as ramas davideira, por terem uma relação estreita coma passagem de Jesus na terra.

Os balões levam, segundo os devo-tos, os pedidos para o santo. Quando afogueira começa a queimar, o mastro, querecebeu a bandeira do santo homenagea-do, já se encontra preparado. Ele é levan-tado enquanto se fazem preces, pedidose simpatias:

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São João Batista, batista João,levanto a bandeiracom o livro na mão.O nosso corpo é uma podridão,no fundo da terra,no centro do chão.

São João adormeceuno colo de sua tia.Se meu São João soubessequando era seu dia,descia do céu na terracum bandeira de alegria.

Depois do levantamento do mastro, teminício a queima de fogos, soltam-se os busca-pés e as bombinhas. A arvorezinha, tambémchamada de mastro, que é plantada em frenteàs casas e, no lugar da festa, é plantada pertoda fogueira, está enfeitada com laranja,milho verde, coco, presentes, garrafas, etc.

A cerimônia do batismo simbólico deSão João Batista faz parte da tradição dafesta, mesmo que ela tenha deixado de ser

praticada em alguns lugares hoje em dia.Os devotos se dirigem ao rio cantandocom entusiasmo:

Vamos, vamos,toca a marchar,n’água de São Joãovamos nos lavar.

Depois do banho coletivo, todos voltampara o terreiro cantando:

N’água de São João me lavei.Toda mazela que tinha deixei!

Ou ainda trazem na cabeça grinaldasde folhagens:

Capelinha de melãoé de São João.É de cravo, é de rosa,é de manjericão.

A cerimônia do banho varia de uma

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região para outra. No Mato Grosso, porexemplo, não são as pessoas que se ba-nham nos rios, e sim a imagem do santo.Na Região Norte, principalmente emBelém e Manaus, o banho-de-cheiro fazparte das tradições juninas. A preparaçãodo banho de São João inicia-se algunsdias antes da festa. Trevos, ervas e cipóssão pisados, raízes e paus são raladosdentro de uma bacia ou cuia com água edepois guardados em garrafas até omomento do banho.

Chegada a hora da cerimônia, os

devotos lavam e esfregam o corpo comesses ingredientes. Acredita-se que o banho-de-cheiro tenha o poder mágico de trazermuita felicidade às pessoas que o praticam.

As danças regionais, o som de violas,rabecas e sanfonas, o banho do santo, oato de pular a fogueira, a fartura de ali-mentos e bebidas — tudo isso transforma afesta de São João numa noite de encanta-mento que inspira amores e indica a sortede seus participantes. No fim da festa, todospisam as brasas da fogueira para demons-trar sua devoção.

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São Pedro,Fundador da Igreja Católica

São Pedro, o apóstolo e pescador dolago de Genezareth, cativa seus devotospela história pessoal. Homem de origemhumilde, ele foi apóstolo de Cristo e depoisencarregado de fundar a Igreja Católica,tendo sido seu primeiro papa.

Considerado o protetor das viúvas edos pescadores, São Pedro é festejado nodia 29 de junho com a realização degrandes procissões marítimas em váriascidades do Brasil. Em terra, os fogos e opau-de-sebo são as principais atrações desua festa.

Depois de sua morte, São Pedro,segundo a tradição católica, foi nomeadochaveiro do céu. Assim, para entrar no céu,é necessário que São Pedro abra as portas.Também lhe é atribuída a responsabilidadede fazer chover. Quando começa a trovejar,e as crianças choram com medo, é costumeacalmá-las dizendo: “É a barriga de São

Pedro que está roncando” ou “ele estámudando os móveis de lugar”.

No dia de São Pedro, todos os quereceberam seu nome devem acender fo-gueiras na porta de suas casas. Além disso,se alguém amarrar uma fita no braço dealguém chamado Pedro, ele tem a obri-gação de dar um presente ou pagar umabebida àquele que o amarrou, em ho-menagem ao santo.

Acalanto de São Pedro

Acalanto registrado em Cunha (SãoPaulo):

Acordei de madrugada,fui varrê a Conceição.Encontrei Nossa Senhoracom dois livrinhos na mão.Eu pedi um com ela,ela me disse que não;eu tornei a lhe pedi,ela me deu um cordão.

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Numa ponta tinha São Pedro,na outra tinha São João,no meio tinha um letreiroda Virgem da Conceição.

A Festa de São Pedro

Em homenagem ao santo, acendem-se fogueiras, erguem-se mastros com suabandeira e queimam-se fogos, porémnão há, na noite de 29 de junho, a

mesma empolgação presente na festa deSão João.

Também se fazem procissões terrestres,organizadas pelas viúvas, e fluviais, pois,como vimos, São Pedro é o protetor dospescadores e das viúvas. Em várias regiõesdo Brasil, a brincadeira mais comum nafesta é a do pau-de-sebo.

Embora São Paulo também seja home-nageado em 29 de junho, ele não é figurade destaque nas festividades desse mês.

A mãe de São Pedro

A bondade, a simplicidade e a boa-fé desse santo estão presentes nesta história:“““““A mãe de São Pedro era uma velhinha muito má, não tinha amizades e todos fugiam

dela. Certo dia, quando estava lavando num córrego um molhe de folhinhas de cebolas,uma delas se desprendeu, ganhou a correnteza e lá se foi água abaixo. Ao não conseguirpegá-la, ela exclamou:

— Ora, seja tudo pelo amor de Deus!Não levou muito tempo, ela morreu e foi apresentar-se no céu. Mas acabou indo para

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o inferno, tão grande era o peso de seus pecados. O filho ainda andava pelo mundo e nãolhe podia valer.

Quando São Pedro morreu, foi nomeado chaveiro do céu. Sua mãe o viu no gozo dasglórias celestes e pediu-lhe por gestos que a salvasse. Como ele não podia resolver nadapor si, apelou ao Senhor:

— Salva minha mãe, Divino Mestre.O Senhor lhe respondeu com essas palavras:— Se houver, no Livro das Almas, na vida de tua mãe, ao menos uma boa ação, estará

salva caso ela saiba aproveitá-la.Examinou-se o livro e a certa altura, nas contas da mãe de São Pedro, encontrou-se a

folhinha de cebola, nada mais! Era a mesma que motivara o comentário da velha, que aomenos uma vez na vida se mostrara conformada:

— Seja tudo pelo amor de Deus!Então o Senhor disse a Pedro:— Lança uma das pontas da folhinha em direção ao inferno. Tua mãe que se agarre a

ela e tu a puxarás. Se ela conseguir subir até aqui, estará salva.Pedro fez tudo o que o Senhor lhe ordenou.A velhinha agarrou-se à folha, mas uma porção de almas, querendo aproveitar a

oportunidade de salvação, segurou-se às pernas da velha. Apesar disso, ela subia.Quando o grupo já estava a certa altura, outras almas se agarravam às pernas dasprimeiras.

A velha, indignada, de avara que era, esperneou e atirou novamente ao inferno ascompanheiras, pois não queria levá-las para o céu. Nesse mesmo instante, porém, afolha de cebola partiu-se, e a mãe de São Pedro ficou no espaço. Não tinha por onde

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subir ao céu, e o pedacinho de folha que conservava nas mãos não a deixava voltar aoinferno.

E até hoje ela vive assim: nem na terra nem no céu.Costuma-se dizer que quem fica com a mãe de São Pedro não está nem com Deus nem

com o diabo.”””””

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subir ao céu, e o pedacinho de folha que conservava nas mãos não a deixava voltar aoinferno.

E até hoje ela vive assim: nem na terra nem no céu.Costuma-se dizer que quem fica com a mãe de São Pedro não está nem com Deus nem

com o diabo.”””””

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Casamento Caipira ou Matuto4OOOOO casamento caipira ou matuto

aborda de forma bem-humo-rada a instituição do casamento e as re-lações sexuais pré-nupciais e suas conse-qüências. Seu enredo, com algumas va-riações de uma região para outra, é oseguinte:

A noiva fica grávida antes do casa-mento e seus pais obrigam o noivo a se

casar com ela. Como ele tenta fugir, o paipede a interferência do delegado e deseus ajudantes. Em algumas localidades,o casamento civil é realizado após a ceri-mônia religiosa, sob a vigilância dodelegado e de seus auxiliares. Depois, ésó acompanhar a sanfona, o triângulo ea zabumba e comemorar o casamentocom a dança da quadrilha.

Sugestão para a Representação do Casamento Caipira ou Matuto

Personagens

Padre, coroinha, noiva, noivo, dele-gado, ajudantes do delegado, pais da noivae padrinhos.

Cenário

Representação de um altar de igrejaou capela.

Os convidados estão posicionados em

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duas fileiras, deixando o centro para a noiva. O padre anuncia achegada da noiva, que entra com o pai e vai até o altar, ondeestão o padre, devidamente paramentado, seu coroinha e ospadrinhos e pais dos noivos.

Os personagens, carregando bastante no sotaque interiorano,dizem o seguinte:

PPPPPADREADREADREADREADRE: : : : : A noiva tá chegano! Vamo batê parma pr’ela, pessoar!!!Cadê o noivo???

NNNNNOIVAOIVAOIVAOIVAOIVA: : : : : Ai, mãe, ele num vem, acho que vou dismaiá... (E,simulando um desmaio, é acudida pela mãe e pela madrinha.)

O pai da noiva faz um sinal para o delegado e cochichacom ele.

DDDDDELEGADOELEGADOELEGADOELEGADOELEGADO::::: Peraí, seu padre, eu já vô buscá ele. (Saiacompanhado por dois ajudantes, armados de espingarda ecassetetes.)

Entra o noivo empurrado pelo delegado, que permanece noaltar, grande parte da cerimônia, atrás do noivo, para que elenão fuja.

PPPPPADREADREADREADREADRE::::: Bão, vamo começá logo esse casório. Ocê, Chiquinha

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Dengosa, promete, de coração, pra marido toda vida o PedrinhoFoguetão?

NNNNNOIVAOIVAOIVAOIVAOIVA: : : : : Mas que pregunta isquisita seu vigário faz pra mim. Euvim aqui mais o Pedrinho num foi pra dizê que sim???

PPPPPADREADREADREADREADRE: : : : : E ocê, Pedrinho, que me olha assim tão prosa, qué mesmopra sua esposa a sinhá Chiquinha Dengosa?

NNNNNOIVOOIVOOIVOOIVOOIVO: : : : : Num havia de querê, num é essa minha opinião, mas,se não caso com a Chiquinha, vô direto pro caixão... (Vira-se parao delegado, que está com a espingarda em punho.)

PPPPPADREADREADREADREADRE: : : : : Então, em nome do cravo e do manjericão, caso aChiquinha Dengosa com o Pedrinho Foguetão! E viva os noivos!

CCCCCONVIDADOSONVIDADOSONVIDADOSONVIDADOSONVIDADOS::::: Viva!!! (Conforme os noivos passam pelosconvidados, pode-se jogar arroz.)

PPPPPADREADREADREADREADRE: : : : : E vamo pro baile, pessoar!!!

Com os convidados já devidamente formados, tem início aquadrilha — o grande baile do casamento.

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Danças Juninas

Origem da Quadrilha

TTTTTambém chamada de quadrilhacaipira ou de quadrilha matuta, é

muito comum nas festas juninas. Consta dediversas evoluções em pares e é aberta pelonoivo e pela noiva, pois a quadrilharepresenta o grande baile do casamentoque hipoteticamente se realizou.

Esse tipo de dança (quadrille) surgiuem Paris no século XVIII, tendo comoorigem a contredanse française, que porsua vez é uma adaptação da country danceinglesa, segundo os estudos de MariaAmália Giffoni.

A quadrilha foi introduzida no Brasil du-rante a Regência e fez bastante sucesso nossalões brasileiros do século XIX, prin-cipalmente no Rio de Janeiro, sede da Corte.

Depois desceu as escadarias do palácio ecaiu no gosto do povo, que modificou suasevoluções básicas e introduziu outras,alterando inclusive a música.

A sanfona, o triângulo e a zabumba sãoos instrumentos musicais que em geralacompanham a quadrilha. Também sãocomuns a viola e o violão. Nossos com-positores deram um colorido brasileiro àsua música e hoje uma das canções pre-feridas para dançar a quadrilha é Festa naroça, de Mario Zan.

O marcador, ou “marcante”, da qua-drilha desempenha papel fundamental,pois é ele que dá a voz de comando emfrancês não muito correto misturado com oportuguês e dirige as evoluções da dança.Hoje, dança-se a quadrilha apenas nasfestas juninas e em comemorações festivas

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no meio rural, onde apareceram outrasdanças dela derivadas, como a quadrilhacaipira, no Estado de São Paulo, o bailesifilítico, na Bahia e em Goiás, a saruê(combina passos da quadrilha com outrosde danças nacionais rurais e sua marcaçãomistura francês e português), no Brasil Cen-tral, e a mana-chica (quadrilha sapateada)em Campos, no Rio de Janeiro.

A quadrilha é mais comum no Brasilsertanejo e caipira, mas também é dançadaem outras regiões de maneira muitoprópria, caso de Belém do Pará, onde hámistura com outras danças regionais. Ali,há o comando do marcador e durante aevolução da quadrilha dança-se o carimbó,o xote, o siriá e o lundum, sempre com ostrajes típicos.

Trajes Usados na Dança

No fim do século XIX as damas quedançavam a quadrilha usavam vestidos atéos pés, sem muita roda, no estilo blusão,

com gola alta, cintura marcada, mangas“presunto” e botinas de salto abotoadas dolado. Os cavalheiros vestiam paletó até ojoelho, com três botões, colete, calçasestreitas, camisa de colarinho duro, gravatade laço e botinas.

Hoje em dia, na tradição rural brasileira,o vestuário típico das festas juninas não diferedo de outras festas: homens e mulheres usamsuas melhores roupas. Nos centros urbanos,há uma interpretação do vestuário caipiraou sertanejo baseada no hábito deconfeccionar roupas femininas com tecido dechita florido e as masculinas com tecidos dealgodão listrados e escuros. Assim, as roupasusadas para dançar a quadrilha variamconforme as características culturais de cadaregião do país.

Os trajes mais comuns são: para oscavalheiros, camisa de estampa xadrez,com imitação de remendos na calça e nacamisa, chapéu de palha, talvez um lençono pescoço e botas de cano; as damasgeralmente usam vestidos com estampas

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florais, de cores fortes, com babados erendas, mangas bufantes e laçarotes nocabelo ou chapéu de palha.

Sugestão para a Evolução daQuadrilha Caipira

CCCCCAMINHOAMINHOAMINHOAMINHOAMINHO DDDDDAAAAA F F F F FESTESTESTESTESTAAAAA::::: os pares seguem atrásdos noivos, iniciando a dança e parando emdeterminado momento no centro terreiro.

AAAAANARIÊNARIÊNARIÊNARIÊNARIÊ (do francês en arrière, para trás):::::as damas e os cavalheiros se separam (4metros, aproximadamente), formando duascolunas.

OOOOOSSSSS C C C C CAAAAAVVVVVALHEIROSALHEIROSALHEIROSALHEIROSALHEIROS C C C C CUMPRIMENTUMPRIMENTUMPRIMENTUMPRIMENTUMPRIMENTAMAMAMAMAM ASASASASAS D D D D DAMASAMASAMASAMASAMAS:::::eles se aproximam das damas, cumprimen-tando-as. Flexionam o tronco, mantendo acabeça erguida, e voltam a seus lugares,caminhando de costas.

AAAAASSSSS D D D D DAMASAMASAMASAMASAMAS C C C C CUMPRIMENTUMPRIMENTUMPRIMENTUMPRIMENTUMPRIMENTAMAMAMAMAM OSOSOSOSOS C C C C CAAAAAVVVVVALHEIROSALHEIROSALHEIROSALHEIROSALHEIROS:::::elas repetem a evolução dos cavalheiros.

SSSSSAUDAÇÃOAUDAÇÃOAUDAÇÃOAUDAÇÃOAUDAÇÃO G G G G GERALERALERALERALERAL::::: tanto as damas comoos cavalheiros andam para a frente e,quando se encontram, cumprimentam-se.

“““““BBBBBALANCÊALANCÊALANCÊALANCÊALANCÊ” ” ” ” ” EEEEE “T “T “T “T “TURURURURUR” ” ” ” ” (balanceio e giro):::::damas e cavalheiros fazem o passo nolugar, balançando os braços naturalmente,e giram dançando juntos.

GGGGGRANDERANDERANDERANDERANDE P P P P PASSEIOASSEIOASSEIOASSEIOASSEIO::::: as damas colocam-seà direita dos cavalheiros e os dois dão-seos braços. Do lado de fora o outro braçocontinua balanceando ao longo do corpo.Formam um círculo e seguem dançando.Quando o marcador anuncia nova evolu-ção, a progressão cessa e os participantesfazem o que foi ordenado.

“C“C“C“C“CHANGÊHANGÊHANGÊHANGÊHANGÊ” ” ” ” ” DEDEDEDEDE D D D D DAMASAMASAMASAMASAMAS (trocar de damas):::::no grande passeio, os cavalheiros avançame colocam-se ao lado da dama imediata-mente à frente. Se for dito “mais uma vez”,repetem o movimento. Os comandos“passar duas” e “passar quatro” tambémsão executados pelo cavalheiro.

OOOOOLHALHALHALHALHA OOOOO T T T T TÚNELÚNELÚNELÚNELÚNEL::::: os noivos, que estão nafrente, param e elevam os braços internospara cima e, de mãos dadas, fazem o túnel.O segundo par flexiona o tronco, passa pelotúnel, coloca-se à frente dos noivos e eleva

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os braços, e assim sucessivamente, até quetodos passem. Executa-se o passo no lugardurante essa evolução.

SSSSSEGUEEGUEEGUEEGUEEGUE OOOOO P P P P PASSEIOASSEIOASSEIOASSEIOASSEIO::::: é a voz de comandopara que o grande passeio continue.

CCCCCAMINHOAMINHOAMINHOAMINHOAMINHO DADADADADA R R R R ROÇAOÇAOÇAOÇAOÇA::::: as fileiras de damas ecavalheiros fundem-se, formando uma só co-luna. O primeiro segura, com as mãos à alturados ombros, as mãos de quem está atrás. Osdemais colocam as mãos nos ombros dequem está à sua frente. A coluna progride,fazendo curvas para um lado e para outro,como se fosse uma serpente. O marcador daquadrilha continua dando voz de comando.

OOOOOLHALHALHALHALHA AAAAA C C C C CHUVAHUVAHUVAHUVAHUVA!!!!!::::: todos dão meia-volta.JJJJJÁÁÁÁÁ P P P P PASSOUASSOUASSOUASSOUASSOU!!!!! ::::: todos dão meia-volta

novamente dizendo “ehh!”.OOOOOLHALHALHALHALHA AAAAA C C C C COBRAOBRAOBRAOBRAOBRA!!!!!::::: as damas gritam e

pulam, os cavalheiros procuram segurá-lasem seus braços.

É MÉ MÉ MÉ MÉ MENTIRAENTIRAENTIRAENTIRAENTIRA!!!!!: os “caipiras” ou “matutos”continuam o passo e gritam “uhh!”.

A PA PA PA PA PONTEONTEONTEONTEONTE Q Q Q Q QUEBROUUEBROUUEBROUUEBROUUEBROU!!!!!::::: todos dão meia-volta novamente.

JJJJJÁÁÁÁÁ C C C C CONSERTONSERTONSERTONSERTONSERTOUOUOUOUOU!!!!!::::: voltam a dançar nooutro sentido.

OOOOOLHALHALHALHALHA OOOOO C C C C CARACOLARACOLARACOLARACOLARACOL!!!!!::::: em coluna e com as mãosainda sobre os ombros de quem está à frente,todos obedecem às ordens do marcador, quecomeçará a descrever um percurso cheio decurvas que fazem lembrar o casco de um ca-racol. Quando o marcador disser “desvirar”, oguia deverá fazer as curvas em sentido contrário,voltando a dançar em linha reta.

FFFFFORMARORMARORMARORMARORMAR AAAAA G G G G GRANDERANDERANDERANDERANDE R R R R RODAODAODAODAODA::::: os participantesda quadrilha dão as mãos formando umagrande roda e, ao ouvir a voz de comando“à direita”, “à esquerda”, deverão se des-locar no sentido determinado pelo marcador.

DDDDDAMASAMASAMASAMASAMAS AOAOAOAOAO C C C C CENTROENTROENTROENTROENTRO::::: as damas formamuma roda no centro e deslocam-se nosentido indicado pelo marcador.

CCCCCOROAOROAOROAOROAOROA DEDEDEDEDE R R R R ROSASOSASOSASOSASOSAS::::: os cavalheiros, de mãosdadas, erguem os braços na vertical sobre acabeça das damas, como se as coroassem,depois abaixam os braços passando-os pelafrente, até a altura da cintura das damas,contornando-as. Fazem o passo no lugar

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durante a coroação. Depois podemdeslocar-se “à direita” e “à esquerda”.

CCCCCOROAOROAOROAOROAOROA DEDEDEDEDE E E E E ESPINHOSSPINHOSSPINHOSSPINHOSSPINHOS::::: nesse momento, sãoas damas quem elevam os braços sobre acabeça dos cavalheiros, coroando-os.

OOOOOLHALHALHALHALHA OOOOO G G G G GRANDERANDERANDERANDERANDE P P P P PASSEIOASSEIOASSEIOASSEIOASSEIO!!!!!::::: repetem aformação descrita anteriormente.

VVVVVAIAIAIAIAI C C C C COMEÇAROMEÇAROMEÇAROMEÇAROMEÇAR OOOOO G G G G GRANDERANDERANDERANDERANDE B B B B BAILEAILEAILEAILEAILE. O. O. O. O. OLHALHALHALHALHA AAAAA

VVVVVALSAALSAALSAALSAALSA DOSDOSDOSDOSDOS N N N N NOIVOSOIVOSOIVOSOIVOSOIVOS!!!!!::::: os noivos entram no cen-tro da roda e dançam juntos.

OOOOOLHALHALHALHALHA OSOSOSOSOS P P P P PADRINHOSADRINHOSADRINHOSADRINHOSADRINHOS!!!!!::::: os padrinhosdançam no centro da roda.

BBBBBAILEAILEAILEAILEAILE G G G G GERALERALERALERALERAL!!!!!::::: todos os pares dançam nocentro da roda.

O GO GO GO GO GRANDERANDERANDERANDERANDE B B B B BAILEAILEAILEAILEAILE E E E E ESTÁSTÁSTÁSTÁSTÁ A A A A ACABANDOCABANDOCABANDOCABANDOCABANDO. V. V. V. V. VAMOSAMOSAMOSAMOSAMOS

NOSNOSNOSNOSNOS D D D D DESPEDIRESPEDIRESPEDIRESPEDIRESPEDIR DODODODODO P P P P PESSOALESSOALESSOALESSOALESSOAL!!!!!::::: todos executam aevolução do grande baile e se retiram docentro do terreiro, despedindo-se das pes-soas que estão assistindo.

Fandango

Dançado em várias regiões do país emfestividades católicas como o Natal e as

festas juninas, o fandango tem sentidosdiferentes de acordo com a localidade.

No Sul (Paraná, Santa Catarina, RioGrande do Sul e até em São Paulo) o fan-dango é um baile com várias dançasregionais: anu, candeeiro, caranguejo,chimarrita, chula, marrafa, pericó, quero-quero, cana-verde, marinheiro, polca, etc.A coreografia não é improvisada e segue atradição.

O fandango se divide em três gruposnessa região:

1. BBBBBAAAAATIDOSTIDOSTIDOSTIDOSTIDOS: caracterizam-se pelo fortesapateado, barulhento, que quase abafa oconjunto de tocadores. Apenas os homenssapateiam.

2. VVVVVALSADOSALSADOSALSADOSALSADOSALSADOS: : : : : dança lenta com paresfixos, do começo ao fim.

3. MMMMMISTISTISTISTISTOSOSOSOSOS::::: as valsas são intercaladasde batidos.

Em São Paulo, o fandango é umadança que se aproxima do cateretê e às

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vezes é sinônimo de chula (bailadomasculino muito comum no Rio Grande doSul, de coreografia agitada e bastantecomplexa).

No Norte do Brasil, o fandango não ébaile nem dança de par ou individual. Ésempre um auto popular, seqüência de temascom certa articulação, que tem origem naconvergência das cantigas portuguesas,como aponta Cascudo (1988, p. 320 e 321),e está presente no nosso país desde aprimeira década do século XIX.

Já no Nordeste brasileiro, o fandangoé o auto característico dos marujos, sendoconhecido também como chegança dosmarujos ou marujada.

A cana-verdecana-verdecana-verdecana-verdecana-verde, dançada principalmenteno Sul e no Centro do Brasil, apesar de fazerparte do fandango, também é bem popu-lar em outras festividades. Nas festas juninas,as quadras dessa dança são geralmenteimprovisadas, podendo encarregar-se des-sa tarefa tanto os violeiros como os própriosdançadores.

Eu plantei caninha-verdesete palmos de fundura.

Quando foi de madrugadaa cana ’stava madura.

Uai, uai, sete palmos de fundura.Quando foi de madrugada

a cana ’stava madura.Pra cantar caninha-verde

não precisa imaginá.De qualquer folha de mato

tiro um verso pra cantá.Eu tenho um chapéu de palha,

de pano não posso ter.De palha eu mesmo faço,

de pano não sei fazer.Eu tenho um chapéu de palhaque custou mil e quinhentos.

Quando eu ponho na cabeçanão me falta casamento.

Formação

Forma-se uma roda em fila, no sentidodos ponteiros do relógio. A cana-verde

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pode ser dançada só por homens etambém por pares.

Movimentação

Os participantes deslocam-se, saindocom o pé esquerdo (eu); no quarto passo,batem o pé direito (verde) com uma palmapara o centro da roda. Quando cantam“madrugada”, a palma deverá estar dolado de fora, sempre junto com o pédireito. No refrão (uai, uai) a roda faz meia-volta, girando no sentido contrário, e seguesempre a mesma movimentação, ou seja,uma palma para dentro e outra para fora,sempre batendo com o pé direito.

No Maranhão, essa dança é executadade forma bastante semelhante à daquadrilha.

Bumba-meu-boi

Dança dramática presente em váriasfestividades, como o Natal e as festas juninas,

o bumba-meu-boi tem características dife-rentes e recebe inclusive denominaçõesdistintas de acordo com a localidade em queé apresentado: no Piauí e no Maranhão,chama-se bumba-meu-boi; na Amazônia,boi-bumbá; em Santa Catarina, boi-de-mamão; no Recife, é o boi-calemba e noEstado do Rio de Janeiro, folguedo-do-boi.

O enredo da dança é o seguinte: umamulher grávida (cujo nome varia de acordocom a região do Brasil) sente vontade decomer língua de boi. O marido resolveatender a seu desejo e mata o primeiro boique encontra. Logo depois, o dono do boi,que era seu patrão, aparece e fica muitozangado ao ver o animal morto. Para con-sertar a situação, surge um curandeiro, queconsegue ressuscitar o boi. Nesse momento,todos se alegram e começam a brincar.

Os participantes do bumba-meu-boidançam e tocam instrumentos enquanto aspessoas que assistem se divertem quandoo boi ameaça correr atrás de alguém. Oboi do espetáculo é feito de papelão ou

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madeira e recoberto por um pano colorido.Dentro da carcaça, alguém faz os movi-mentos do boi.

Lundu(lundum/londu/landu)

De origem africana, o lundu foi trazidopara o Brasil pelos escravos vindos prin-cipalmente de Angola. Nessa dança,homens e mulheres, apesar de formar pares,dançam soltos.

A mulher dança no lugar e tenta seduzircom seus encantos o parceiro. A princípioela demonstra certa indiferença, mas, nodesenrolar da dança, passa a mostrar in-teresse pelo rapaz, que a seduz e a envolve.Nesse momento, os movimentos são maisrápidos e revelam a paixão que passa aexistir entre os dançarinos. Logo o cavalheiropassa a provocar outra dama e o lundurecomeça com a mesma vivacidade.

O lundu é executado com o estalar dosdedos dos dançarinos, castanholas e sapa-

teado, além do canto acompanhado porguitarras e violões. Em geral, a música éexecutada como compasso binário, comcerto predomínio de sons rebatidos.

Essa dança é típica das festas juninasnos Estados do Norte (como parte da qua-drilha tradicional e independente desta),Nordeste e Sudeste do Brasil.

Cateretê

Dança rural do Sul do país, o cateretêfoi introduzido pelos jesuítas nas comemo-rações em homenagem a Santa Cruz, SãoGonçalo, Espírito Santo, São João e NossaSenhora da Conceição. É uma dança bas-tante difundida nos Estados de São Paulo,Rio de Janeiro e Minas Gerais e tambémestá presente nas festas católicas do Pará,Mato Grosso e Amazonas.

Nas zonas litorâneas, geralmente édançado com tamancos de madeira dura. Nointerior desses Estados, os dançarinos dançamdescalços (Taubaté, Cunha, Lagoinha) ou usam

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esporas nos sapatos (Barretos, Guaratinguetá,Itararé). Em algumas cidades o cateretê éconhecido como catira (Araçatuba, NazaréPaulista, Piracaia e Pereira Barreto).

Em geral, o cateretê é dançado apenaspor homens, porém, em alguns Estados,como Minas Gerais, as mulheres tambémparticipam da dança. Os dançarinos formam

duas fileiras, com acompanhamento deviola, cantos, sapateado e palmas. Os saltose a formação em círculo aparecem rapida-mente. Os dançarinos não cantam, apenasbatem os pés e as mãos e acompanham aevolução. As melodias são cantadas por doisvioleiros, o mestre, que canta a primeira voz,e o contramestre, que faz a segunda.

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Jogos Juninos

OOOOOs jogos que valem prendas sãouma atração tradicional nas

festas juninas. Dividem-se em jogos deterreiro e jogos de barracas.

Jogos de Terreiro

Pau-de-seboBrincadeira que anima as festas juninas,

principalmente a festa em homenagem aSão Pedro no Sudeste, e também estápresente nas festas natalinas, no Nordeste.O pau-de-sebo é um mastro (não confundircom o mastro dos santos juninos) demadeira envernizada com aproximada-mente 5 metros de altura. É cuidadosa-mente preparado: tiram-se todos osnódulos da madeira, que depois é lixada,e passa-se sebo de boi ou cera. O pau-de-

sebo é então solidamente plantado no chãoe muitas vezes recebe, no topo, um triângulode madeira ao qual se amarra dinheiro(uma cédula de valor alto ou um depósitorepleto de dinheiro).

A brincadeira consiste em, abraçado aopau-de-sebo, tentar subir e alcançar oprêmio. Como o mastro foi revestido comcera, dificilmente os que participam dabrincadeira conseguem subir até seu topo,Escorregam até perto do chão e voltam ainsistir várias vezes, até desistir ou atingir oalvo, quando recebem palmas e vivas daspessoas que estão assistindo.

Catar amendoimCada criança deve apanhar, com uma

colher, os amendoins colocados à suafrente, a uma certa distância, e levá-los

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para seu lugar, junto à linha de partida,um de cada vez. Vence quem primeiroreunir cinco grãos.

Corrida de funisIntroduzir dois funis numa corda, com

a parte mais estreita voltada para um laçofeito no centro. Os jogadores terão de,apenas soprando, levar os funis até o laço.

Corrida do saciRiscar no chão duas linhas paralelas,

sendo uma a de chegada. Ao sinal combi-nado, as crianças saem pulando num pé sóem direção à linha de chegada.

Corrida de sacosSemelhante à corrida do Saci, cada

jogador faz o percurso com o corpo enfiadonum saco bem preso à cintura.

Corrida de três pésCada jogador amarra a sua perna

esquerda à perna direita do parceiro e,assim, os dois pulam até a linha de chegada.

Jogos de Barracas

Acertar o AlvoCada jogador recebe três bolinhas e,

de certa distância, procura jogá-las dentroda boca de um grande caipira, desenhadoem cartolina. Em algumas regiões, um pa-lhaço substitui o caipira no cartaz.

Jogo de argolasColocam-se várias garrafas estrategi-

camente no centro de uma barraca. Cadajogador recebe determinado número deargolas e tenta encaixá-las nas garrafas.

PescariaNum tanque de areia, colocam-se

peixinhos feitos de lata ou papelão. Cadaum tem na boca uma argolinha, que deverá

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ser enganchada pelo anzol do pescador, oujogador. Cada peixinho tem um número quecorresponde a uma prenda.

Tiro ao AlvoColoca-se um alvo a certa distância; o

jogador deverá acertá-lo utilizando dardos.

Toca do CoelhoVárias tocas numeradas são espalha-

das num espaço fechado da barraca. Osjogadores apostam em determinadatoca. Quando se solta ali um coelhinho,vence o jogador da toca em que eleprimeiro entrar.

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Músicas Juninas7AAAAAs músicas típicas das festas juninas

podem ser apenas cantadas outambém dançadas. Até hoje muitas sãocompostas especialmente pelos nordes-tinos, e formam o repertório do forró, quese transformou em baile realizado nãoapenas no período junino.

Entre os compositores e cantores maisfamosos, destaca-se o pernambucano LuizGonzaga. Algumas estrofes de suas músicassão conhecidas de todos os brasileiros,como as de Olha pro céu, meu amor (emparceria com José Fernandes):

Olha pro céu, meu amor.Vê como ele está lindo.

Olha praquele balão multicorcomo no céu vai sumindo

as de Derramando o gai (coco de LuizGonzaga e Zé Dantas):

Eu nesse coco num vadeio mai,apagaro o candihero,derramaro o gaiApagaro o candihero,derramaro o gai.Coisa boa nesse escuroeu sei que não sai.

Já não tão mai respeitandonem eu qui sou pai,pois me dero um beliscão,quase a carça cai.Não se pr’onde vaipor isso nesse coconum vadeio mai

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e as de São João na roça (em parceriacom Zé Dantas):

A fogueira tá queimandoem homenagem a São João.O forró já começou.Vamos, gente, arrasta pé nesse salão.

Algumas das músicas juninas maisconhecidas, pelo menos na Região Sudeste,são as seguintes:

Cai, cai, balão

Cai, cai, balão.Cai, cai, balão.Aqui na minha mão.Não vou lá, não vou lá, não vou lá.Tenho medo de apanhar.

Capelinha de melão(João de Barros e Adalberto Ribeiro)

Capelinha de melãoé de São João.É de cravo, é de rosa,é de manjericão.São João está dormindo,não me ouve não.Acordai, acordai,acordai, João.Atirei rosas pelo caminho.A ventania veio e levou.Tu me fizeste com seus espinhosuma coroa de flor.

Pedro, Antônio e João(Benedito Lacerda e Oswaldo Santiago)

Com a filha de JoãoAntônio ia se casar,mas Pedro fugiu com a noivana hora de ir pro altar.

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A fogueira está queimando,o balão está subindo,Antônio estava chorandoe Pedro estava fugindo.

E no fim dessa história,ao apagar-se a fogueira,João consolava Antônio,que caiu na bebedeira.

Isto é lá com Santo Antônio(Lamartine Babo)

Eu pedi numa oraçãoao querido São Joãoque me desse um matrimônio.

São João disse que não,São João disse que não,isto é lá com Santo Antônio.Implorei a São Joãodesse ao menos um cartãoque eu levasse a Santo Antônio.

São João ficou zangado.São João só dá cartãocom direito a batizado.

São João não me atendendoa São Pedro fui correndo.No portão do paraísodisse o velho num sorriso:”Minha gente eu sou chaveiro,nunca fui casamenteiro”.

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Balãozinho

Venha cá, meu balãozinho.Diga aonde você vai.Vou subindo, vou pra longe,vou pra casa dos meus pais.

Ah, ah, ah, mas que bobagem.Nunca vi balão ter pai.Fique quieto neste cantoe daí você não sai.

Toda mata pega fogo.Passarinhos vão morrer.Se cair em nossas matas,o que pode acontecer.Já estou arrependido.Quanto mal faz um balão.Ficarei bem quietinho,amarrado num cordão.

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Chegou a hora da fogueira(Lamartine Babo)

Chegou a hora da fogueira.É noite de São João.O céu fica todo iluminado,fica todo estrelado,pintadinho de balão.

Pensando na cabocla a noitetambém fica uma fogueiradentro do meu coração.Quando eu era pequenino,de pé no chão,recortava papel finopra fazer balão.E o balão ia subindopara o azul da imensidão.Hoje em dia meu destinonão vive em paz.O balão de papel finojá não sobe mais.O balão da ilusãolevou pedra e foi ao chão.

Sonho de papel(Carlos Braga e Alberto Ribeiro)

O balão vai subindo,vem caindo a garoa.O céu é tão lindoe a noite é tão boa.

São João, São João,acende a fogueirano meu coração.

Sonho de papela girar na escuridãosoltei em seu louvorno sonho multicor.

Oh! Meu São João.Meu balão azulfoi subindo devagar.

O vento que soproumeu sonho carregou.Nem vai mais voltar.

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Sem título(Djalma da Silveira Allegro e Paulo Soveral)

A mesa tá preparada,os conviva vão chegando,o quentão vai se servido,o leitão tá esturricando.Tem pipoca, tem pamonha,mio verde com fartura.Tem cabrito e frango assado,tem doce de rapadura.Tem tanta coisa gostosaque barriga quase fura…Chame o Mané Sanfoneiroque o baile vai começá!Vamos dançá a quadrilha,cada um no seu lugar.

E a festança continua,continua o arrasta-pé.Dança home com otro homee muié com otra muié.Um já gastô as butinas,otro já sentô cansado.

As moça dançam com o padre,as véia com o delegado.Uns ainda tão na mesacomendo doce e salgado.

A fogueira vai queimandoque dá gos to a gente vê.As estrelas ain da piscando,o sol quase pra nascê.Tá todo mundo esperandootro dia amanhe cê…

Pula a fogueira(João B. Filho)

Pula a fogueira Iaiá,pula a fogueira Ioiô.Cuidado para não se queimar.Olha que a fogueirajá queimou o meu amor.

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Nesta noite de festançatodos caem na dançaalegrando o coração.Foguetes, cantos e trocana cidade e na roçaem louvor a São João.

Nesta noite de folguedotodos brincam sem medoa soltar seu pistolão.Morena flor do sertão,quero saber se tu ésdona do meu coração.

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O Mastro8CCCCComo os demais elementos das

festas juninas que estão direta-mente relacionados com a época da co-lheita (do milho, principalmente, no Brasil),os mastros são símbolos da fecundaçãovegetal, segundo o folclorista CâmaraCascudo (1988, p. 481 e 482).

No topo do mastro, que deve ter maisou menos 5 a 6 metros de altura, fica a ban-deira do santo padroeiro da festa, símboloda sua presença durante a festividade. Acrença popular é de que o mastro tem opoder de sinalizar, dependendo do ladopara onde virar a bandeira que está no seutopo, muita prosperidade ou morte.

Em alguns lugares, colocam-se trêsbandeiras sobre o mastro, cada uma coma figura de um dos santos juninos: SantoAntônio é representado como um homem

de meia-idade que segura o menino Jesusnos braços; São João é uma criança decabelos encaracolados que tem um carnei-rinho no colo, simbolizando Jesus Cristo,apontado por São João Batista como overdadeiro Cordeiro de Deus; São Pedroaparece na bandeira como uma pessoaidosa que tem nas mãos as chaves do céu.

A preparação do mastro, até a ocasiãode seu erguimento, é parte essencial dasfestas em homenagem aos santos juninos,principalmente São João. O mastro recebeum tratamento especial desde o momentoda escolha da madeira. O tronco da árvoredeve ser o mais reto possível e ser cortadoem uma sexta-feira de lua minguante portrês pessoas que, antes de derrubá-lo, de-vem rezar o Pai-Nosso. No momento emque a árvore é derrubada e cai no chão,

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esses homens, em sinal de respeito, devemtirar o chapéu e evitar cuspir naquele lugar.

O transporte do tronco escolhido paramastro também requer cuidado especial.A madeira deve ser colocada sobre um tipode andor ou nos ombros dos homens, quenão precisam ser os mesmos que derru-baram a árvore. Na verdade, todos oshomens que participarão da festa queremcarregá-lo pelo menos por algunsinstantes, até o seu levantamento. Asmulheres levam a bandeira que serácolocada em seu topo.

A preparação do mastro não incluinecessariamente a pintura. Quando ele épintado, em geral adquire uma só cor noNorte do Brasil e duas cores no Sul, onde o

azul e o vermelho são as cores preferidas.Evita-se pôr pregos no mastro e é geral-mente o promotor da festa quem determinaonde será feito o buraco para levantá-lo.

Também são chamadas de mastro asárvores que em geral nessa época, maisespecificamente no dia de cada santo ju-nino, são plantadas em frente às casas dosroceiros enquanto eles rezam a oraçãoSalve-Rainha. Depois de erguidas, essasarvorezinhas são decoradas com fitas,flores, laranjas espetadas nos galhos ecipós de flor-de-são-joão. Seu pé fica repletode ovos de galinha, grãos de milho e feijão,para assegurar que a colheita seja farta ehaja uma boa produção de ovos, sempestes nem doenças.

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Comidas e Bebidas Juninas9PPPPProdutos agrícolas genuinamente

americanos, como milho, amen-doim, batata-doce e mandioca, cultivadospela população indígena, tornaram-se abase da alimentação dos brasileiros. Osportugueses trouxeram a tecnologia, comoo forno de fazer farinha, e costumes —

modo de preparo dos pratos e temperosvariados — que provocaram mudanças noprocessamento desses produtos.

Hoje eles constituem o cardápio básicodas festas juninas, acrescentando-se pro-dutos regionais como o pinhão sulino, ascastanha-de-caju e a do pará.

Arroz-DoceArroz lavadoLeite, açúcar (ou leite condensado)Canela em pauRaspas de limão ou laranjaCanela em póCozinhe o arroz na água com a canela em pau e, se quiser, com

as raspas de limão ou laranja. Depois de cozido, acrescente o leitequente e o açúcar ou leite condensado. Salpique canela em pó.

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Bolo de Batata-Doce1 quilo de batatas-doces cozidas e amassadas3 xícaras de açúcar refinado4 gemas, leite puro de 1 coco120 gramas de manteiga100 gramas de castanhas-do-pará torradas e moídas1 xícara de farinha de trigo1 colher de chá de fermento2 claras em neve

Misture a batata-doce com todos os ingredientes. Se ficarpesado, junte um pouco de leite de vaca. Bata bem e coloque, porúltimo, as claras em neve. Forno quente em fôrma untada.

Bolo de Fubá1 xícara e meia de açúcar1 xícara e meia de farinha de trigo1 xícara de fubá1 xícara de óleo1 xícara de leite1 colher de chá de fermento3 ovos1 colher de chá de erva-doce

Bata todos os ingredientes e leve ao forno para assar, depreferência numa forma com buraco no meio.

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Bolo de Fubá Cozido2 xícaras de chá de fubá2 xícaras de chá de açúcar2 xícaras de chá de leite2 colheres de sopa cheias de manteiga1 colher de chá de erva-doce4 cravos-da-índia1 rama de canela1 pitada de salFaça um mingau com todos os ingredientes, mexendo sempre

até ficar solto da panela. Deixe esfriar.4 ovos1 colher de sopa bem cheia de fermento em pó1 xícara de chá de leite1 pires de queijo parmesão raladoBata as claras em neve e adicione as gemas batendo um pouco

mais. Junte ao mingau já frio, adicione o fermento em pó dissolvidono leite e o queijo parmesão ralado. Leve ao forno quente emfôrma untada com manteiga.

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Bolo de Macaxeira1 quilo de macaxeira crua ralada1 coco ralado1/2 litro de leite1 colher de sopa de manteigaAçúcar a gostoMisture tudo e leve ao forno em fôrma untada.

Bolo de Milho500 gramas de milho para angu (xerém)1 colher de chá de erva-doce2 cocos250 gramas de açúcar refinado3 xícaras de água quente para retirar o leite dos cocosSal a gosto2 colheres de sopa de fubáCozinhe o xerém no leite de coco. Depois de cozido, acrescente

os outros ingredientes e leve a assar em tabuleiros untados. Umavez assado, corte em retângulos.

Bolo de Milho Elétrico1 lata de milho sem água1 medida da lata de açúcar1 medida da lata de milho de leite de coco

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1 medida da lata de flocos de milho3 ovos inteiros1/2 pote pequeno de margarinaBata bem o milho (sem a água) com o leite de coco e os ovos no

liquidificador, acrescente os demais ingredientes, um por vez, batendosempre até formar uma massa homogênea. Asse em forno regular,em fôrma bastante untada e polvilhada. Assim que desenformar,polvilhe açúcar peneirado por cima do bolo ainda quente.

Bolo de Milho Verde6 espigas de milho verde2 xícaras de chá de leite2 colheres de sopa de margarina derretida2 xícaras de chá de açúcar4 ovos1 colher de café de canela em pó1 colher de sobremesa de fermento em póRetire os grãos de milho verde com uma faca afiada, cortando-

os rente ao sabugo. Coloque o milho e o leite no liquidificador ebata muito bem. Junte os ovos, o açúcar, a canela e a margarina,batendo até ficar uma mistura homogênea. Finalmente acrescenteo fermento. Unte muito bem uma assadeira com margarina. Leveao forno por aproximadamente 40 minutos. Deixe esfriar duranteduas a três horas e corte em quadradinhos.

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Bolo de Santo Antônio250 gramas de farinha de trigo250 gramas de manteiga8 ovos250 gramas de açúcar10 gramas de erva-doce100 gramas de castanhas-do-pará assadas sem cascaMisture o açúcar com a manteiga até ficarem bem ligados,

acrescente a erva-doce e vá colocando as gemas uma a uma,mexendo sempre. Bata bastante e, por fim, junte a farinha de trigo.Asse em fôrma redonda, untada e forrada com papel vegetal,também untado. Forno regular. Com as claras, faça uma massade suspiro e cubra o bolo depois de assado, enfeitando-o comcastanhas. Volte ao forno para o suspiro dourar.

Bolo de São João1 tigela de massa de mandioca lavada14 gemas de ovos1/2 quilo de açúcar100 gramas de manteiga1 xícara de leite de cocoBata as gemas e, quando estiverem bem batidas, acrescente

100 gramas de manteiga e 1 xícara de leite de coco sem água.Junte os demais ingredientes e continue a bater até que tudo esteja

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bem ligado. Leve ao forno regular numa assadeira untada commanteiga.

Bolo Souza Leão1 quilo de açúcar4 cocos2 quilos de mandioca mole400 gramas de manteiga5 xícaras de água12 gemas1 pitada de salDesmanche a mandioca em bastante água. Peneire. Ponha num

saco grande e lave bastante, até perder completamente a goma.Esprema e pese 1 quilo. Coloque a massa em uma tigela grandee “machuque” as gemas uma a uma. Reserve.

Com 3 xícaras de água quente, retire o leite dos cocos e acrescenteà massa. Faça uma calda rala com o açúcar e 2 xícaras de água,desmanche nela a manteiga e despeje-a quente na massa, aospoucos, mexendo com uma colher de pau. Tempere com sal. Peneiree leve a assar em fôrma untada. Forno quente. Está assado quando,introduzindo um palito no bolo, ele sair melado com uma massaligada, como grude.

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Broa de Fubá700 gramas de farinha de trigo300 gramas de fubá150 gramas de açúcar150 gramas de margarina10 gramas de sal (1 pitada)100 gramas de fermento de pãoErva-doceNuma bacia, coloque a farinha e, fazendo no centro uma cova,

junte o fermento desmanchado em um pouco de água ou leite (vaidobrar de volume). Acrescente o sal, o açúcar, o fubá, a margarinae a erva-doce. Misture e bata bem. Deixe descansar por 40 minutos.

Faça então as broinhas do formato que quiser e deixe crescer jána fôrma untada com manteiga e farinha de trigo ou fubá. Depoisde crescerem, leve ao forno a 200 graus.

Canjica ou MungunzáMilho próprio para canjicaLeiteCanela em pauOpcionais: casquinhas de limão ou laranja, leite condensado, coco

ralado, amendoim torrado.Deixe o milho da canjica de molho na água de preferência de

um dia para outro. Cozinhe em água suficiente na panela de

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pressão por mais ou menos 20 minutos com a canela em pau e, sequiser, as casquinhas de limão ou laranja. Depois de cozido,acrescente o leite quente e o açúcar (ou leite condensado) e deixeferver mais um pouco (querendo, pode-se pôr também coco raladoe amendoim torrado).

Canjica Pernambucana25 espigas de milho verde1 xícara de leite de coco grosso4 litros de leite de coco ralo3 xícaras de açúcar refinado1 colher de sopa de manteiga1 colher de sopa rasa de sal1 xícara de chá de erva-doce50 gramas de queijo de manteiga ralado (opcional)Rale as espigas e lave a massa com parte do leite ralo em

peneira finíssima. Passe na máquina de carne (peça sem dente) ouno liquidificador. Junte o resto do leite ralo e leve ao fogo, mexendosempre com colher de pau. Depois de meia hora de fervura,acrescente os outros ingredientes e, por último, o leite grosso.Cozinhe com fervura constante, sempre mexendo. Despeje empratos e polvilhe com canela em pó.

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CurauEspigas de milho verdeAçúcarÁgua (ou leite)Canela em póRetire o milho da espiga com uma faca, rale-o ou bata-o no

liquidificador e passe-o em peneiras finas, apertando bem comuma colher para obter o suco. Junte o açúcar e leve ao fogo,acrescentando água ou leite e mexendo sempre com uma colherde pau, até que o creme fique totalmente cozido. Despeje emrecipientes untados com água fria e salpique canela em pó.

Com o farelo que sobrou na peneira ao preparar o curau,aproveite para fazer bolinhos de milho verde fritos. Bastaacrescentar ovos, sal, um pouco de óleo e uma pitada de fermento.Com uma colher, em panela com óleo quente, vá fritando pequenasquantidades de massa.

Cuscuz de Milho250 gramas de flocos de milho1 coco raspadoSal ou açúcar a gostoÁguaCom a água salgada, umedeça os flocos de milho, misture bem

e leve a cozinhar no cuscuzeiro. Ou faça o seguinte: ferva água numa

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chaleira; coloque a massa em um pires, formando montes; cubracom um guardanapo úmido, amarre embaixo do pires e tampecom ele a boca da chaleira. Em 10 a 15 minutos o cuscuz estarácozido. Deixe esfriar e ensope-o com leite de coco açucarado e comum pouquinho de sal. Leve ao fogo e mexa sempre até ferver.

Grude1 quilo de goma (polvilho)250 gramas de coco raspado1 colher de café de salLave a goma até tirar o azedo, passe por um tecido fino e

seque, colocando um pano sobre ela. Quando estiver apenas ú-mida, passe numa peneira e junte o coco e o sal, misturando bempara a massa ficar ligada. Leve para assar no forno em assadeira.

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Pamonha com coco25 espigas2 1/2 xícaras de açúcar refinadoLeite grosso de 2 cocosLeite ralo de 2 cocos (7 xícaras)1 xícara de chá de erva-doce1 colher de sopa de manteiga derretidaCascas de milho verde em formato de saquinhosRale o milho. Com a metade do leite do coco ralo, lave a

massa e passe-a por peneira mais grossa do que a da canjica.Acrescente o restante dos ingredientes. Encha os saquinhos feitoscom as palhas, amarre-os com tiras finas de palha e leve a cozinharem bastante água fervente com um pouquinho de sal.

PamonhaFazer pamonha no interior é sempre um acontecimento festivo

que reúne familiares, vizinhos e amigos. Todos dividem as tarefase trabalham num clima de muita alegria e empolgação.

Espigas de milho verdeLeiteBanhaAçúcar (se for pamonha doce)Sal (se for pamonha salgada)

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Reservar boas palhas de milho para fazer os saquinhos das pamonhas etambém para amarrá-las.

Descasque e rale as espigas de milho, raspando os sabugos comuma colher. Acrescente o leite, a banha quente em quantidade suficientepara uma massa consistente e tempere com açúcar ou com sal.

Coloque a massa em cada saquinho feito da palha, amarre-os e leve para cozinhar em um caldeirão com água fervente. Cubracom sabugos para que as pamonhas afundem na água,proporcionando cozimento homogêneo.

OBSERVAÇÃO: na pamonha salgada, pode-se acrescentar, emcada uma, pedaços de queijo fresco.

Pé-de-moleque1 quilo de amendoim cru e com casca2 copos de açúcar1 colher de café de bicarbonatoLeve uma panela ao fogo com o amendoim e o açúcar e vá

mexendo com uma colher de pau para torrar. Quando estivercaramelado, apague o fogo e jogue o bicarbonato.

Mexa bem e jogue numa superfície de mármore devidamenteuntada com manteiga. Deixe esfriar e quebre os pedaços.

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Pé-de-moleque da Amazônia1 quilo e meio de massa de macaxeira (aipim ou mandioca) mole2 cocos600 gramas de açúcar refinado5 gramas de cravo torrado5 gramas de erva-doce torrada1 litro de água quente300 gramas de castanhas-do-pará torradas e moídas100 gramas de castanhas-do-pará torradas para enfeitar2 ovos inteiros2 gemas1 colher de sopa de manteiga derretidaDesmanche a massa na água; peneire e lave até perder o

azedo. Esprema e pese 1 quilo. Retire o leite dos cocos com toda aágua e junte à massa com o restante dos ingredientes. Enfeite comcastanhas inteiras. Fôrma untada e forno quente.

Esta receita também pode ser feita de maneira mais simples,com macaxeira cozida e amassada, castanha-do-pará, açúcar eerva-doce. Misturar bem todos os ingredientes e fazer pequenasporções redondas e achatadas. Levar à chapa do fogão a lenha.O resultado é uma espécie de bolacha torrada por fora e maciapor dentro. Essa é uma das delícias culinárias típicas daspopulações ribeirinhas da Amazônia.

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Pé-de-Moleque de Rapadura1 rapadura pura1/2 quilo de amendoim torrado sem casca e ligeiramentemoído ou passado no liquidificador1 xícara de café de leite1 pedaço médio de gengibre cortado miúdoPique bem a rapadura e leve ao fogo para derreter juntamente

com o leite e o gengibre, mexendo com uma colher de pau. Quandodesmanchar e formar um melado, coloque um pouco deste numaxícara com água — se estiver no ponto, formará uma bolinhaconsistente. Apague o fogo, acrescente o amendoim e bata bem.Quando o fundo da panela começar a ficar esbranquiçado,despeje numa superfície de mármore untada com manteiga. Deixeesfriar e corte os pés-de-moleque.

Pipoca Doce1 xícara de chá de milho de pipoca1 xícara de açúcar1 xícara de chá de água1 1/2 xícara de óleoMisture bem os ingredientes até formar uma calda. Tampe a

panela e deixe a pipoca estourar. Depois de pronta, despeje-a numaassadeira e deixe esfriar para ficar crocante.

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Pipoca SalgadaNuma panela ou pipoqueira, coloque o milho de pipoca com

um pouco de óleo. Tampe a panela, dando umas sacudidelas paraque os grãos estourem. Acrescente sal e misture bem.

Sopa de Milho Verde20 espigas de milho verde5 espigas de milho maduro1 quilo de costelinha de boiTemperos secos a gostoSalVinagreCoentroCebolinha2 dentes de alho amassados4 tomates picados2 cebolas picadas1 pimentão picado2 colheres de sopa de extrato de tomateRale os 5 milhos maduros e reserve. Em um caldeirão, refogue

as costelinhas com todos os temperos secos e verdes e junte osgrãos dos milhos ralados e as outras espigas de milho. Cubra tudocom bastante água e deixe em fogo brando até que as espigasestejam cozidas. É preciso mexer constantemente, pois os grãos

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ralados descem ao fundo do caldeirão. Observe sempre a águapara que o milho cozinhe bem.

TapiocaGomaSal a gostoCoco raladoLave bem a goma para tirar todo o azedo. Deixe secar numa

vasilha coberta com um guardanapo e, quando estiver úmida, passena peneira. Ponha sal com muito cuidado, pois ela salga comfacilidade.

Leve uma frigideira ao fogo e, quando estiver bem quente,acrescente uma xícara ou um punhado da goma e espalhe com amão mesmo em toda a superfície da frigideira. Espalhe por cimaum pouco de coco ralado e polvilhe sobre o coco um pouco degoma. Quando estiver levantando dos lados, retire e feche emforma de papel.

Para Assar na Fogueira

Batata-doceEmbrulhe em papel-alumínio e coloque na fogueira para

cozinhar. Depois de cozida, abra ao meio e cubra com manteigaou queijo catupiry.

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Cebola do reinoEmbrulhe em papel-alumínio e coloque na fogueira para

cozinhar. Depois de cozida, corte em pedaços e tempere com azeitede oliva.

Bebidas Juninas

Quentão1 garrafa de pinga2 xícaras de açúcar2 xícaras de águaGengibreCanela em pauCravoNoz-moscada raladaLimão cortado em quatroLeve ao fogo todos os ingredientes, menos a pinga, e deixe ferver

até soltar o sabor. Tire do fogo e acrescente a pinga. Leve novamenteao fogo até levantar fervura.

Vinho QuenteVinho tintoCanela em pauCravo

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Gengibre picado2 xícaras de açúcar2 xícaras de águaOpcional: frutas picadas (maçã, abacaxi, uva, pêssego...)Leve todos os ingredientes ao fogo, menos o vinho e as frutas, e

deixe ferver até soltar o sabor. Tire do fogo e acrescente o vinho,leve ao fogo novamente até levantar fervura. Se quiser, acrescenteas frutas picadas.

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Concurso de RedaçõesApresentação das Redações Nota 10

SSSSSandro Silva escreve que ficou bonitovestido de noivo e a noiva ficou

linda na dança da quadrilha de sua escola.Raiza Ribeiro descreve que São João dormiuno dia de seu aniversário e Caroline Crachoque São João, Santo Antônio e São Pedrobrigaram no céu para saber qual deles erao santo mais importante da festa junina.Letícia Abelha informa que essa festa já teveo nome de Festa Joanina, porque São Joãoera homenageado.

David Silva afirma que a criançada ficaesperando a hora da comilança e Rodrigoda Costa que “soltou balão, que faz parteda tradição, mas que tomou cuidado paranão queimar nada não”.

Priscila Brito garante que é preciso terbom coração para entrar na festa, que éconsiderada por Daniel Lisboa como umadas mais antigas e populares do Brasil.Alessandra Mallmann conta que em umaépoca que não tinha telefone ou correio,

a moça Isabel avisou sua prima Maria donascimento de seu filho através de umafogueira bem alta acendida na noite deSão João.

Hugo Bertazoni aprendeu histórias dasfestas juninas com seus avós. “Minha avó dizque conquistou meu avô em uma dessas fes-tas. “Ela só não diz que deixou Santo Antôniode cabeça para baixo, aquela tradicionalsimpatia para arrumar casamento”. Ele dizsaber “que os tempos são outros, mas seDeus quiser essas festas nunca vão acabar”.

Essas frases, retiradas das dez redaçõesde crianças que venceram o Concurso Cul-tural, promovido pela Yoki em 2003, refle-tem duas coisas muito importantes. Primeiro,são o resultado de um trabalho de pesquisa,que tão bem faz ao desenvolvimento in-telectual das crianças; segundo, explicitamvivências positivas e alegres que acabamconferindo à infância aquela aura mágica quedepois de adultos elas nunca esquecerão!

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“Festas Juninas”

Conta a lenda dos mais velhos que no dia do seu aniversário São João não conseguiuser acordado por sua mãe. Tanto dormiu, que perdeu o mais lindo espetáculo de umanoite Junina. O céu fica iluminado como se fosse dia, com a explosão dos fogos de artifícios,dando colorido especial juntando-se ao brilho das estrelas. No chão o calor das fogueirasa que das noites frias do mês de junho; incendeia o coração dos namorados; que comsuas crendices tradicionais, tiram sua sorte nas brincadeiras e advinhações.

O clima festeiro de alegria toma conta do povo, da cidade aos lugarejos maisdistantes. O Terreiro se transforma em arraiá, ao som do forró, quadrilha e xaxado ninguémdança sozinho; somente de rosto colado, o suor castiga o corpo os pés ficam encaliçadomais o povo não arreda o pé, e quando vem da fé, o dia já tem clareado. Comida nãopode faltar, pamonha, canjica e milho assado. Fica a vontade do próximo São Joãopoder brincar mais animado.

RAIZA LEITE VIANA RIBEIRO • RECIFE – PE

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O Arraial da Paz

Precisamos fazer uma grande festa, a maior possível, bem enfeitada, colorida, commuitas bandeirinhas, balõezinhos, uma grande fogueira, muita música, e danças, commuita alegria e inúmeros convidados.

Com barracas de doces, comidas, bebidas, pipocas, milho-verde e tudo de bom queexistir.

Vamos fazer brincadeiras, reunir todos os amigos e as famílias, nessa grande festa éproibido indiferenças, todas as pessoas podem ir, ricos e pobres, brancos e negros, enfimtodos aqueles que querem paz, amor e diversão.

Nessa festa tudo será dividido haverá muita união, compreensão, afeto, harmonia emuita esperança no futuro para que se mantenha tudo isso sempre.

Para entrar nessa festa é preciso ter um bom coração, gostar da natureza e dos animais,respeitar o próximo e ter fé em Deus.

Essa festa pode ser comemorada todos os dias do ano, sempre que você quiser.É um verdadeiro arraial da paz feito para você, nunca deixe de sonhar, de ser feliz, de

acreditar que o mundo pode ser uma grande festa colorida e que você será sempre oconvidado especial.

Então vamos todos começar a comemorar dar as mãos e cantar. E se cantarmos bemalto o mundo irá ouvir e só basta começar.

PRISCILA NUNES DE BRITO • CAMPINAS – SP

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Briga na Festa JuninaNo céu, São João, Santo Antônio e São Pedro estavam brigando para ver qual era o

santo mais importante das Festas Juninas:— Eu sou o santo mais importante das Festas Juninas. As moças me deixam até de

castigo; de ponta cabeça e embaixo da cama. Eu arranjo muitos casamentos sofridamentee me orgulho disso! — disse Santo Antônio.

— E eu que além de guardar as portas do céu, tenho que confirmar os compadresque pulam fogueiras, pois a música diz: “ São João falou, São Pedro confirmou, que nóssomos compadres, porque Deus mandou ”! — disse São Pedro.

— Eu também já estou cansado de ler o futuro das pessoas e me acordarem nasFestas Juninas! — falou São João.

— Xiii! Não estão vendo que a quadrilha vai começar! — exclamou Deus.E a quadrilha começou. Lindo como nunca. As moças com tranças e vestidos floridos

e os moços com chapéis de palhas, camisa xadrez e calça jeans.— Quantas guloseimas! Pipocas, paçocas, pamonhas, tapiocas!— Por isso que você está engordando alguns quilinhos João! — falou São Pedro.— Mas você não é nenhum santinho, vive alagando a grande São Paulo! – exclamou

São João.— Agüenta! — gritou DeusEu tenho barracas com jogos, como pescaria e argolinhas. E como Deus e os santos

estavam vendo uma Festa Junina lá no Maranhão, a rua ficou repleta de Bois-Bumbá. Afesta estava repleta de bandeirinhas coloridas, também tinha uma fogueira imensa. E sevocê quer saber como terminou a briga, Deus deu uma bronca nos santos e eles nuncamais brigaram.

CAROLINE ANDREASSA CARACHO • SÃO PAULO – SP

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Festas JuninasFFFFFoi com meu avô que aprendi muitas coisas sobre festas juninas.EEEEEle com sua simplicidade, criado na roça me falou o quanto essas festas eram

importante para as famílias que viviam na zona rural.SSSSSempre quando ele começa a falar fico atento. Eu sei que essa tradição foi trazida

pelos europeus, onde lá eles comemoravam as grandes safras. Aprendi isso na escola.Mas as histórias que meu avô conta é demais!

TTTTTodo ano no mês de junho acontecia a tão esperada festa.AAAAAs moças e os rapazes chegavam na festa sem par, mas nunca iam embora sem

deixar um coração apertado.SSSSSempre acabava em casamento.JJJJJura a minha avó que foi numa dessas festas que meu avô à conquistou. Ela só não

diz que deixou Santo Antônio de cabeça pra baixo. Aquela tradicional simpatia paraarrumar casamento.

UUUUUma vez meu avô disse que algumas pessoas ridicularizam esse povo da roça.NNNNNa escola sempre aprendi que devemos respeitar e resgatar os costumes desse povo.

Falei isso pro meu avô e ele ficou feliz.IIIIIgnorar esses costumes é impossível pois o cheirinho da pipoca e o gostinho da paçoca

é inresistível. E o meu avô concorda.NNNNNão dá também prá resistir ao som da sanfona e as guloseimas dessa gostosa festa.AAAAAh! Mas uma coisa é certa, eu adoro essas festas.SSSSSei que os tempos são outros. Mas se Deus quiser essas festas nunca vão deixar de existir.

HUGO BERTAZOLI • MOGI GUAÇU – SP

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História de um Milhinho de PipocaEu sou um pequeno grão de milho de pipoca. Nasci há alguns meses junto com

muitos irmãozinhos, todos enfileiradas na mamãe espiga. E foi ela que contou que estamosreservados para uma festa muito especial.

— O destino de vocês é ajudarem a animar uma festa junina.Como nós não sabíamos o que era esta festa, nos explicou tudo bem direitinho: disse

que a comemoração é bem antiga e era chamada “festa Joanina” porque homenageavaSão João. Sendo uma festa religiosa, não faltavam procissões e missas.

Com o passar do tempo, São Pedro e Santo Antônio também começaram a serhomenageados. Como as festas sempre aconteciam nos meses de junho, viraram tradição.Sendo um mês frio, havia sempre uma fogueira para aquecer o povo. As bebidas tambémeram quentes: canjicão e quentão. A pipoca quentinha não podia faltar e o local dafestança era todo enfeitado com bandeirolas.

Eu e meus irmãozinhos começamos a ficar preocupados.— A pipoca quentinha somos nós?— Claro, a maior glória para um milhinho de pipoca como vocês é estourarem de alegria

no mês de junho – mamãe nos acalmou, fazendo com que todos imaginassem a cena –Enquanto um gostoso cheirinho invade o ar, olhinhos gulosos de crianças com roupinhascaipiras brilham aguardadndo o momento de saborear esta delícia tão simples e insubstituível.

Desde o dia que mamãe nos falou sobre esta festa, não vemos a hora de participar.Hoje estamos dentro de uma sacolinha esperando o grande momento de ir para panela.Oba! O mês de junho chegou!

LETÍCIA SOARES ABELHA • IPATINGA – MG

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“Festas Juninas”

A noite estava fria. O céu cheinho de estrelas curiosas. Todas olhavam para a casa deIsabel. Queriam ser as primeiras a ver o menino que ia nascer.

O mês era de junho. O dia, 24!Foi nesta noite fria, cheia de estrelas e grilos, que João nasceu.Zacarias e sua esposa estavam felicíssimos. Os vizinhos e parentes também estavam

alegras.Mas no meio de tanta felicidade surgiu uma preocupação:— Zacarias, disse Isabel, minha prima Maria não sabe, que Joãozinho nasceu. Como

vou avisá-lá?Não havia telefone naquele tempo. Nem telégrafo. Nem correio.Então, acenderam uma fogueira e levantaram um mastro ali perto.Nossa Senhora, que morava muito longe, viu a claridade e adivinhou:— Garanto que o filho de Isabel nasceu.Esperou o dia amanhecer. Arrumou uns presentes e montou num camelo.Ia visitar sua prima. Ia dar-lhe os parabéns. E sabe de uma coisa? Ainda hoje o povo

acende fogueira na noite de São João. E comem muitas coisas gostosas!

ALESSANDRA MALLMANN • ESTRELA – RS

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Festa de São João

Fui na festa de São João, pra cantar uma canção, e tocar meu violão. Mas chegandolá esqueci o refrão.

Fui então soltar balão, pois faz parte da tradição, mas tomei cuidado pra não queimarnada não.

Comi Pipoca Yoki pra ficar bem mais forte e também tomei quentão.Fui dançar a quadrilha, com uma linda menina, vestida de Festa Junina.Estava tudo legal, tinha fogos e foguetes na festa do arraial.Tinha tudo de bom, algodão doce, pé de moleque, vinho e pinhão.Naquela noite estrelada, toda a criançada brincava animada.Fui pular a fogueira, queimei meus pés e tive que me jogar na cachoeira.Saí todo molhado, mas o mais engraçado foi na hora do casamento, quando os

noivos chegaram encima de um jumento.Veio a melhor parte, teria que ter muita sorte, como toda festa de São João, teve um

bingão e o prêmio seria um computador. Aí fiz uma oração ao querido São João praganhar no bingão. Pena que era muita gente envolvida pra realizar o sonho da minhaVIDA!

RODRIGO DA COSTA • BLUMENAU – SC

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Redação sobre Festas JuninasA Festa Junina é uma das mais antigas e populares do Brasil.Ela começa no dia 13 de junho e dura todo o mês.

O céu cheio de estrelasParece trazer uma cançãoPara comemorar neste mêsSanto Antônio, São Pedro e São João.

Antigamente, os agricultores pediam aos santos uma boa colheita. E para seprotegerem dos maus espíritos, eles usavam bombas e fogos de artifício.

As crianças soltaram bombinhasOs adultos soltaram rojõesSão Pedro respondeuCom muitos trovões.

São três os santos homenageados nas festas juninas no dia 13, São João, no dia 24,São Pedro, no dia 25 de junho.

No interior, as festas ainda são muito parecidas com aquelas trazidas da Europa.Na cidade há uma lei que proíbe soltar balões e fazer fogueiras nas ruas. Mas as

quermesses nas escolas, igrejas e clubes continuam animando o mês.Na noite de São Joãoem volta da alegre fogueiracom a turma tocando violãovamos dançar a noite inteira.

No céu-espada-buscape-balão; na mesa-milho, licor, cocada YOKI. Uma festa típicade São João, lá fora onde, a fogueira queima chama Maria Helena.

DANIEL LISBOA • SALVADOR – BA

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As Festas JuninasFesta junina é festa pra valer.Todo mundo gosta de festas juninas, velho, rapaz, moça, menino e menina.As crianças fazem a maior festa nos dias de festa junina é muita alegria e correria

nesses dias de festança, a gente fica só esperando a hora da comilança, os vizinhos seajuntam para acender a fogueira, soltam bombas e rojões, só não pode soltar balão pranão causar confusão.

As mocinhas e rapazes se preparam pra quadrilhas, todos cantam e dançam nosmodos de antigamente, dos tempos dos meus avós. depois de tanta folia é a hora daalegria e pra repor a energia comemos de tudo um pouco, bolo de milho, mugunzá,arroz doce, amendoins, pé-de-moleque, cocada, milho assado e cozido, doses de diversostipos e tapioca recheada.

Os homens bebem quentão pra alegrar o coração e arrastar pé no forró, as mulheresamimadas dançam até de madrugada e só então vão para casa levar a criançadacansada de tanta festa e folia, aí agente dorme sonhando e fica só esperando o ano quevem, para ter novamente muita festa no Brasil, e fartura, muita dança e alegria durante asfestas juninas.

DAVID ABRANAVEL SANTOS SILVA • MACEIÓ – AL

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Festa JuninaOi meu nome é Sandro Lino da Silva tenho 7 anosEu gosto muito do mês de junho porque é comemorada a festa junina e também o

dia dos santos = São João, São Pedro e Santo Antônio.Quando chega a festa junina as pessoas enfeitam toda a rua com bandeiras balões.

fazem barracas e vendem doces, pipocas, amendoim, pé de moleque e batata doceassada na brasa da fogueira e toca da música caipira para as pessoas dançarem. eugosto muito de estourar bombinhas e buscapés

Eu sei que é um pouco perigoso mais eu tomo cuidado.Na minha escola todo ano as professoras fazem festinhas pra nós, enfeitam a escola

toda com bandeiras de papel e nós dança quadrilhaEu já dancei 3 vez mais a vez que eu mais gostei foi o ano passado porque eu fui o

noivo a professora me emprestou o terno porque eu não tinha fiquei bem bonito a minhanoiva também ficou linda esse ano eu quero dançar de novo as professoras, fazem bolode fubá e canjica é muito bom

Eu estudo num colégio de freiras elas são muito boazinhas eu queria muito ganhar oslivros pra ajudar a minha escola, porque ela é municipal e nós só temos ajuda do prefeito,as professoras ia ficar muito feliz se eu desse os livros pra escola.

Se eu ganhar o dinheiro eu vou dar pra minha mãe porque ela tá precisando mais aminha mãe nunca vai poder me da um. Eu assisto a Fábrica Maluca todo dia daí eu vi aEliana falando dessa promoção daí eu escrevi pra ver se eu ganho. A Eliana mandoupesquisar na internet ou no livro pra saber mais sobre a festa junina mais como eu nãotenho nenhum dos dois eu escrevi o que eu sabia.

Espero que tenha gostado da minha histórinha,Ficarei muito feliz se eu ganharMuito obrigado fiquem todos com Deus.

SANDRO LINO DA SILVA • LUPIONÓPOLIS – PR

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Concurso de Poesias

EEEEEste capítulo é dedicado às poesias

juninas. Um material rico e que tra-

duz, por meio de versos, a importância das

Festas Juninas em nossa cultura. Todos os

trabalhos foram selecionados durante o

tradicional Concurso Regional de Quadrilhas

promovido, em 2007, pela prefeitura de Dois

Córregos, no interior Paulista.

A cidade é tradicional incentivadora

de eventos, que mantêm vivos os costumes

e hábitos do interior. Essa filosofia, de

promover atividades que resgatam as

raízes do povo brasileiro, também faz

parte da missão da Yoki Alimentos, que

apoiou essa manifestação cultural da

região.

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Sonho Caipira

SSSSSe tem coisa que me animaÉ ver uma festa juninaNão sei bem o que me trocaSe o calor da fogueira ou o cheiro da pipoca

SSSSSó sei que fico de um jeitoMe dá uma sardade no peitoUma vontade de grita, de tirá o sapatoE corrê pro arraia

MMMMMas a vida tem seus caminhosE com moço fino eu fui me casáVim morá aqui na cidade e tenho que me comportáEle diz que moça fina não pode se misturá

EEEEEntão eu fico na janela vendo a quadria dançáE quando a fogueira apagaA minha maior alegriaÉ esperá junho de novo chegá

M.C.P.C. - DOIS CÓRREGOS (CONCURSO REGIONAL)

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Festa Junina

FFFFFesta de comemoraçãoE muita animaçãoTodos reunidosPara festejar o mês de São João

TTTTTem quadrilha e tem famíliaTem bomba e tem rojãoTodos dançam, comem e bebemNa maior agitação

FFFFFesta junina é pra issoPular, sorrir e se divertirNão importa idade, raça ou corO que todos querem é curtir

AAAAA festa começa ao escurecerE vai até o sol raiarNinguém tem a menor vontadeDe fazer essa alegria terminar

LETHICIA MASSOLINI ROMAQUELI - DOIS CÓRREGOS(CONCURSO MUNICIPAL)

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Se nóis não recicrá o mundo vai acabá

QQQQQuando chega as festa juninaFico esperano a sanfona tocáE só folia e alegria, que o coração chega a apertáPrá agradecê, no pé do mastro, a coieita eu vô ofertá

AAAAAntonio, Pedro e João, parô prá adimiráEsse ano o tema é fazê o povo conscientizáAs roupa tão bonita, não dá prá comparápaper, vidro, latinha e prástico, usamo pra enfeitá

AAAAAté a lenha prá fogueira logo, logoNem árvore vai precisá cortáCeis vão vê, o fogo vai sê recicrave, hão de inventá.Lá de longe vai dá pra avistá, o brilho do arraiá

AAAAA emporgação é tanta com essa história de recicráQue dá vontade até de prantá os mio dos piruáJá pensô se os grão brota, que bonito vai sê o miaráÉ o jeito caipira prá camada de ozônio preservá.

MARILDA CASONATO – MINEIROS DO TIETÊ (CONCURSO REGIONAL)

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Ao Reciclar, Viver

IIIIIA vontade de viver bem nesta terra

Se encontra lá bem dentro do teu serDa consciência soberana que carrega

Dentro dela, reciclado o saber

IIIIIIIIII

Temos metas ao forjar este ambienteVidro, plástico, embalagens ganham vida

Conquistando a natureza no presenteGeração que aproveita não é perdida

IIIIIIIIIIIIIII

Lixo orgânico, eu entendo sua históriaMais parece um arauto do amor

Quando quase não resiste à luto inglóriaHúmus forte, gera a inesperada flor

IVIVIVIVIV

Cate aquilo que não possa mais usarNa coleta seletivo e inteligente

Vamos descalçar a bota da misériaReciclando este país e sua gente

MARCONDES SEROTINI FILHO – BARRA BONITA (CONCURSO REGIONAL)

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Reciclagem

O O O O O planeta em que vivemosTem recursos limitadosMuitos já estão esgotadosDisso tudo já sabemos.

MMMMMas estamos aguardandoUm milagre acontecerCom os braços cruzados e sem nada fazerAssim, os dias vão passando!

HHHHHá tempo ainda, talvez!Não fique só no abstratoReciclar é um belo atoFaça então sua vez!

MMMMMais o que é reciclagem?É evitar desperdício pela reutilizaçãoDe materiais como vidro, plásticos, papelãoE Tantos outros: é impossível a contagem!

ANTONIO VIEIRA - JAÚ (CONCURSO REGIONAL)

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