Livro Historia Da Arte - O Renascimento

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O Renascimento

O homem Vitruviano, Leonardo da Vinci www.revista-tema.com

importante lembrar que: Segundo Hauser (2003: 333) no Renascimento, a concepo cientfica de arte, que forma a base da instruo nas academias, inicia com Leon Batista Alberti. Ele o primeiro a expressar a idia de que a matemtica a base comum da arte e das cincias, uma vez que a teoria das propores e a da perspectiva so disciplinas matemticas. Tambm o primeiro a dar expresso clara quela unio da tcnica experimental e do artista observador. Um dos mais importantes conceitos do classicismo, retomado no Renascimento, foi a definio de beleza como harmonia de todas as partes. Segundo Alberti a obra de arte est constituda de tal modo, que impossvel retirar-lhe ou adicionar-lhe qualquer coisa sem prejudicar a beleza do todo. Essa idia que Alberti tinha encontrado em Vitruvio e, na realidade, tem origem em Aristoteles, continua sendo uma das proposies fundamentais da teoria clssica da arte. Nesse contexto, importante lembrar as principais caractersticas dos ideais no Renascimento: Antropocentrismo Hedonismo Individualismo Otimismo Racionalismo

Durante a Renascena, as inovaes tcnicas e as descobertas de obras de arte antigas possibilitaram

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novos estilos para representar a realidade. Os quatro grandes passos dados em direo inovao foram: a mudana da pintura a tmpera em painis de madeira, e dos afrescos em paredes de alvenaria, para a pintura a leo em telas esticadas; o uso da perspectiva, dando peso e profundidade forma; o uso de luz e sombra, em oposio a linhas desenhadas; e a utilizao das composies piramidais na configurao da imagem. O Renascimento O incio de um novo movimento

A burguesia fede A burguesia quer ficar rica Enquanto houver burguesia No vai haver poesia (Cazusa, Burguesia) A partir do sculo XIV, percebemos mais claramente os sinais de desagregao do feudalismo e sua fragmentao poltica. Lembre-se que neste perodo o rei no possua um poder poltico especial, acima dos senhores feudais e o alto clero da Igreja. A baixa produtividade agrcola que sustentava o feudalismo, j no atendia as necessidades dos feudos e a misria fazia eclodir uma srie de revoltas camponesas que colocavam em risco o poder local dos senhores da nobreza. A soluo encontra foi a unificao poltica em torno da figura do rei, pois um exrcito forte e unificado poderia garantir a estabilidade e a segurana necessria, freando a violncia das rebelies. Evidentemente que o exrcito unificado no era a nica razo pela qual a nobreza abriu mo de parte de seu poder. O absolutismo monrquico unificou politicamente as regies possibilitando a formao dos Estados Nacionais, ou seja, o surgimento de muitos dos pases que hoje conhecemos, como a Frana, a Itlia, a Inglaterra, a Espanha e Portugal, entre outros. Adotando um nico exrcito, uma nica lei, uma nica moeda, os negcios podiam prosperar ainda mais, pois, evidenciamos neste perodo, uma grande expanso das atividades mercantis, primeiramente quelas ligadas ao mar em rotas pelos mares Mediterrneo e Bltico, em seguida, em rotas terrestres rumo ao oriente. Como as cidades italianas monopolizavam o comrcio no mar Mediterrneo, portugueses e espanhis procuraram novas rotas martimas para chegar ao Oriente. Contornando a frica, chegaram a ndia e s terras a oeste do mundo conhecido, descobrindo as Amricas.

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Frederick Kemmelmeyer, A Chegada de Cristvo Colombo Amrica (1800/1805) www.artcyclopedia.com O grande afluxo de produtos e metais preciosos na Europa Ocidental provocou uma mudana significativa na atividade comercial da poca, produzindo o que ficou conhecido como a revoluo comercial. O mercantilismo pode ser definido como sendo a poltica econmica adotada na Europa Ocidental durante o Antigo Regime. O objetivo principal do Estado era alcanar o mximo possvel de desenvolvimento econmico, por meio do acmulo de riquezas. Quanto maior a quantidade de riqueza do Estado, maior seu prestgio, poder e respeito internacional. O trabalho servil gratuito (corvia), foi sendo gradativamente substitudo pelo pagamento de rendas em produtos ou em dinheiro. Durante a Idade Mdia, as cidades protegidas por fortalezas conhecidas como burgos, reuniam sobretudo a classe dos burgueses, que por falta de alternativa, dedicavam-se ao comrcio. Alguns sculos mais tarde a burguesia expandiu sua atuao comercial, enriquecendo e construindo as bases do capitalismo moderno.

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Quentin Metsys, O Cambista e sua mulher, leo sobre tela, Museu do Louvre, Paris www.perugeek.com O Renascimento Razes absolutistas no espao da renascena italiana

Membros da famlia Mdici, que governava Florena e que se destacou como grande incentivadora das artes (mecenas), Benozzo Gozzoli, fresco de c. 1459. www.answers.com

Os monarcas absolutistas, seus tericos e os artistas por eles financiados sofreram enorme influncia da Antigidade clssica. Os conceitos jurdicos romanos tornaram-se forte instrumento intelectual na formulao de um programa de integrao territorial e centralismo administrativo, mas no deixaram de utilizar a justificao divina do rei to importante na Idade Mdia. Todos os novos pases que surgiram na

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Europa nesse perodo, passaram irremediavelmente por esse processo, embora observando ritmos diferentes e caractersticas particulares, como veremos no caso da pennsula Itlica. Por se tratar de uma pennsula postada dentro do mar Mediterrneo, as cidades italianas se ergueram como centros mercantis ligados ao comrcio martimo, dominadas por uma pequena nobreza e povoada por indivduos que muitas vezes combinavam as atividades rurais, de produo de modelo feudal, com atividades urbanas e os ofcios. O crescente intercmbio comercial com o Oriente trazia produtos, modismos, arte, riqueza, o que possibilitou o desenvolvimento dessas cidades porturias transformando-as em prsperos centros de produo urbana, cuja organizao baseava-se no trabalho nas corporaes de ofcio, onde se desenvolveu um alto nvel tcnico de industrias manufatureiras txteis e metalrgicas. A fragmentao poltica e econmica verificada na regio da pennsula itlica, associada em parte aos processos materiais de produo manufatureira de cada cidade e a resistncia papal a qualquer tentativa de unificao territorial, retardou decisivamente seu processo de unificao na forma de absolutismo nacional que unisse toda a regio. As cidades italianas tenderam a cair nas mos de tiranias iluminadas, interessadas em manter o poder poltico e os lucros do mercado martimo. Muitos dos tiranos italianos gozavam de uma temporria simpatia popular em virtude de seu enfrentamento com oligarquias medievais ainda mais odiadas pelo povo. Segundo Anderson, Florena, o maior centro bancrio e manufatureiro da pennsula, escorregou finalmente para o sereno controle hereditrio dos Mdici, embora no sem recidivas republicanas: foram necessrias a proteo diplomtica e militar dos Sforza, senhores de Milo e mais tarde, a presso dos papas Mdici em Roma para assegurar a vitria final dos prncipes em Florena. [Idem:160] A economia mercantil das cidades italianas crescia vigorosamente e a fragmentao poltica da pennsula ressaltava cada vez mais suas semelhanas com as cidades-estados da antiguidade grega, acrescentando ainda mais elementos ao repertrio figurativo dos artistas, preparando o ambiente para o grande movimento cultural e artstico que ali se desenvolveria. Certamente essas semelhanas reforavam no imaginrio cultural e a idia de reconstruo clssica pode ter sido um elemento determinante na construo do novo sistema de imagens que mesclava esses novos elementos, aos fortes elementos medievais. A Sociologia da Arte de Pierre Francastel chama ateno para o grande erro das interpretaes da arte do quatroccento italiano a idia pr-concebida de que existiria uma relao fixa entre o universo sensvel e uma frmula de espao projetivo nomeado perspectiva linear, e mais, no a arte descrio de sries, que ordena ou justifica a pesquisa: o que interessa a problemtica que dela se tira, o sentido de um

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desenvolvimento que nunca linear, que nunca obedece a esquemas mentais dentro dos quais temos o hbito de o aprisionar. [La Figure et le Lieu, Lordre visuel du Quattrocento.1967: 144] Para entendermos melhor esse perodo, devemos considerar que a arte encontra-se articulada com o seu contexto, uma concepo global das capacidades da expresso da sociedade formando-se e atuando nas diferentes reas da produo e criao humana. A arte ao mesmo tempo um modo de compreenso e um modo de ao, por meio dela poderemos compreender o que se passa no tempo e no espao em que ela criada, possibilitando a reconstruo de largas zonas dos sistemas de pensamento das sociedades, como seus rituais e suas atividades tcnicas [FRANCASTEL, Pintura e Sociedade, 1990: 86]. O Renascimento Pr-histria da Academias O comrcio naval Mediterrneo e as manufaturas do final da Idade Mdia aumentaram enormemente a influncia de cidades independentes como Florena dos Mdicis, famlia da nobreza oligrquica responsvel pela construo, no norte da Itlia, de um modelo de absolutismo que mais tarde iria se espalhar por toda a Europa Ocidental. Alm do ambiente de progresso tecnolgico e riqueza trazida pelo intercmbio com diferentes regies, as sociedades ocidentais no incio do sculo XV procuravam um aprofundamento e no um desarranjo de sua experincia figurativa[Idem:1967:221]. Inovadoras tcnicas de pintura, como o caso da pintura a leo nos Flandres, com a inveno de um novo processo de fixao da cor ampliava as experincias no aprimoramento das anlises ticas, em Florena uma nova concepo do papel desempenhado pela triangulao matemtica do visvel, provocou uma revoluo no domnio da figurao do espao e aos poucos, um novo sistema de imagens se impondo. Uma das manifestaes caractersticas da Renascena a renovao das antigas escolas filosficas gregas. Se na Idade Mdia o representante mximo do pensamento clssico foi Aristteles, no renascimento Plato assume seu lugar, ficando os estudos sobre Aristteles e demais filsofos gregos em segundo plano. O retorno da geometria e sua aplicao, assim como da matemtica, s artes estavam em plena consonncia com o esprito inovador da poca. Em 1419, o arquiteto Filippo de Brunelleschi empregou as regras da perspectiva pela primeira vez na construo do prtico do Hospital dos Inocentes. Para conseguir reduzir o espao tridimencional ao plano bidimensional, Brunelleschi utilizou instrumentos ticos inventados por ele mesmo. Essa tcnica foi o passo principal para distino das obras renascentistas das medievais, que tinham uma concepo hierrquica para distribuio da cena em uma tela.

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losviajesdemarcosyjordi.nireblog.com A cpula de Santa Maria Del Fiore, criada por Brunelleschi, o centro de um vasto sistema cuja chave a geometria, substitui o manejo de blocos, a cincia dos cortadores de pedra, por uma arquitetura baseada em linhas que constituem planos. O ponto de partida no ser mais o volume da pedra, mas o esboo linear destinado a definir a tarefa dos construtores. Mergulhar no universo visual e de significados da arte produzida neste perodo no tarefa muito fcil, mas o aprofundamento nos sistemas de significados desse domnio pode alargar nossas informaes. Um caminho seguro entender o impulso decisivo para a imposio dos estudos platnicos na Itlia acontecido no Conclio de Florena, em 1439, que trouxe para a pennsula vrios eruditos bizantinos, profundos conhecedores da obra de Plato. Quando por volta de 1460, Marclio Ficino, mdico e filsofo florentino representante legtimo do neoplatonismo, utilizou o termo academia em suas tradues de Plotino, ele props a idia de formar um crculo de filsofos, digno de ser chamado de academia, idia amplamente encampada pelos humanistas italianos, recebendo nela os luminares do seu tempo: o arquiteto Alberti, o filsofo Pico della Mirandola, o poeta Poliziano, Maquiavel e Lorenzo de Mdicis, o Magnfico, entre outros.

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Zacaria no Templo: Marsilio Ficino, Cristoforo Landino, Angelo Poliziano e Demetrios Chalkondyles (detalhe). 1486-1490. Fresco. Santa Maria Novella, Tornabuoni Cappella, Florence, Italy. www.abcgallery.com

As academias reeditadas no incio da Renascena, mesmo apresentando um carter informal, assumem um papel fundamental na construo de um novo sistema de significados, tornando-se o local onde o conhecimento e suas novas imagens so difundidos. No sabemos com certeza se a primeira academia designada desta forma, como escola onde se ensinava arte, foi quela fundada por Leonardo da Vinci em Milo, outra importante cidade italiana, mas podemos imaginar, analisando algumas obras deixadas por alguns artistas da poca, que tratava-se de reunies informais, onde aprendizes cuidadosamente selecionados recebiam orientao de mestres reconhecidos, que ensinavam a arte do disegno, estando submetidos proteo do poder estatal local.

Leonardo da Vinci, Estudos sobre a impossibilidade do movimento perptuo (Codex Forster II / 1495-1497) www.ceticismoaberto.com

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Leonardo da Vinci. Coito, c. 1492-4, Biblioteca Real de Windsor, Inglaterra. www.metrocamp.edu.br

As teorias de Leonardo da Vinci reunidas em seu Libro della pittura, de forte influncia humanista, abre uma nova perspectiva para a pintura, buscando elev-la ao status de cincia e no como o resultado de um exerccio de habilidade manual. A pintura considerada como cincia, modifica consideravelmente a posio social do artista. Leonardo fazia parte de um grupo influente que descobriu um novo interesse no mundo material, na natureza das coisas e do homem, questionando a transcendncia filosfica tpica da Idade Mdia. O humanismo desenvolve uma nova mentalidade voltada para a pesquisa experimental, libertada do dogma religioso, a verdade cientfica de dominao da natureza. As academias passaro ento a se caracterizar cada vez mais, como o ambiente perfeito para o exerccio da pesquisa orientada, cientfica, potencializada mais a diante pelo protestantismo e pelas novas relaes de trabalho trazidas pelo mercantilismo. As primeiras escolas, academias de arte foram pea importante no mecanismo de funcionamento e consolidao de um novo sistema a medida que afastavam a formao dos artistas do trabalho do arteso e do rgido sistema das guildas e corporaes de ofcio da Idade Mdia. O processo de mudana na posio social do artista contou provavelmente com a ajuda dos pensadores humanistas da poca como Petrarca, Villani, Facius entre outros, que seguindo os mesmos moldes da antiguidade clssica, teceram comentrios elogiosos s obras e aos seus autores de forma inconcebvel pela tradio medieval. Essa importante mudana seria reforada ainda mais pelo trabalho de pesquisa de Giorgio Vasari, Vida dos Artistas As Vidas dos melhores pintores escultores e arquitetos publicado em 1555, que deu incio s primeiras indagaes sobre os procedimentos metodolgicos a serem usados na discusso da arte, configurando-se como a primeira obra dedicada Histria da Arte, na qual ele constri uma rica obra bibliogrfica sobre a Renascena Italiana e seus artistas, baseado em premissas antropocntricas que destacam o papel social dos artistas.

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A mudana na posio do artista na sociedade vai evidentemente provocar discusses sobre uma nova concepo do ensino de arte, o pblico que procurava formao nos atelis dos grandes mestres se diversificou e as vagas eram disputadas por jovens aprendizes vindos at mesmo da nobreza. Os mtodos de ensino utilizados na Idade Mdia, onde os alunos aprendiam na prtica tudo o que era necessrio, triturao de pigmento, preparao dos fundos da tela, o desenho e a pintura, eram agora questionados. O espectador preciso destacar outro pensamento importante implcito na proposta Renascentista de Arte, uma nova concepo de pblico, visto que durante a Idade Mdia, o espectador no possua um papel relevante, o artista estava sujeito s interferncias seja da nobreza, seja de crescentes setores da burguesia surgidos em meio a crise feudal. O novo sistema sugere ao espectador que se deixe guiar pela intuio e pelo conhecimento cientfico do artista, para que ele possa adquirir o discernimento necessrio a apreciao da qualidade esttica obra de arte. A nica preocupao do artista expressar pelo seu trabalho a sua viso do mundo, da natureza, do homem. Esse momento de certa independncia vai determinar desdobramentos importantes no futuro, pois fora das regras impostas pelas guildas, o artista passa a ter uma posio social de vulnerabilidade e insegurana, que ser suprida nos sculos seguintes pelo estabelecimento de relaes de dependncia com o poder monrquico absolutista especialmente na Frana. O Renascimento Processo de expanso da Renascena

Os Quatro Grandes Patamares (Elementos tcnicos)

Por Carol Strickland 1. leo sobre Tela

O leo sobre tela tornou-se o meio por excelncia na Renascena. Com esse mtodo, um mineral como o lpis-lazli era modo e o p resultante misturado a terebintina e aplicado sobre a tela. O aumento das opes de cores, com suaves nuances de tonalidades, permitiram aos pintores representar texturas e simular formas em trs dimenses. 2. Perspectiva

Uma das descobertas mais significativas da historia da arte foi o mtodo de criar a iluso de

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profundidade numa superfcie plana, chamado perspectiva, que veio a ser base da pintura europia nos quinhentos anos seguintes. A perspectiva linear cria o efeito tico dos objetos se alinhando conforme a distncia por meio de linhas convergentes para um nico ponto no quadro, chamado ponto de fuga. (No quadro de Masaccio o Dinheiro do Tributo, as linhas convergem para a parte de trs da cabea de Cristo.) Os pintores reduziam o tamanho dos objetos e apagavam as cores ou borravam os detalhes medida que os objetos ficavam mais afastados. 3. O uso de luz e sombra

O chiaroscuro (pronuncia-se quiaroscuro), que significa claro/escuro em italiano, se referia a uma nova tcnica para modelar formas em que as partes mais claras parecem emergir das reas mais escuras produzindo, na superfcie plana, a iluso de um relevo escultural. 4. Configurao em pirmide

Os rgidos retratos em perfil e o agrupamentos da figuras numa grade horizontal no primeiro plano da pintura deram lugar a uma configurao piramidal, tridimensional. Essa composio simtrica alcana o clmax no centro, como na Mona Lisa de Leonardo, em que o em ponto focal a cabea da figura.

No Renascimento alm da introduo de novos elementos tcnicos houve, na pintura, a introduo de diferentes elementos formais : A incluso de cenrios arquitetnicos nas cenas retratadas Uma grande naturalidade na representao de objetos, animais e pessoas Um forte realismo anatmico na retratao do corpo humano (o que implicou o estudo profundo da anatomia por parte de diferentes artistas) Para estudar de maneira mais profunda a introduo dos diferentes elementos tcnicos e formais na pintura renascentista, podem pesquisar o site sobre Renascimento: http://pt.wikipedia.org/wiki/renascimento

Na expanso da Itlia para o norte da Europa, a Renascena tomou diferentes formas: 11

Renascena Italiana Caractersticas Estilo Beleza ideal Formas simplificadas, prop. exatas

Renascena do norte Realismo intenso Traos Realistas, honestidade sem bajulao Cenas religiosas e domsticas Cidados prsperos, camponeses Revelam a personalidade leo sobre madeira Aparncia visvel Observao Complexa, irregular

Temas

Cenas religiosas e mitolgicas

Figuras

Nus masculinos hericos

Retratos Tcnica nfase Base da Arte Composio

Formais, reservados Afresco, tmpera, leo Estrutura anatmica subjacente Teoria Estatstica equilibrada

Para tentar entender melhor as mudanas que ocorreram na pintura renascentista, vamos estudar algumas leituras de obras renascentistas elaboradas por trs estudiosos de histria da arte. Vamos tentar perceber as diferentes maneiras de ler e interpretar uma obra, partindo dos elementos visveis e inteligveis nela contidos. Vocs percebero como, durante este exerccio de leitura, cada autor enfatiza um tipo de abordagem compatvel ao seu interesse e sua formao. Como foi estudado no comeo da disciplina, existem diferentes linhas interpretativas que influenciam a leitura de uma imagem; vamos, ento, conhecer parte da produo renascentista partindo do olhar de diferentes tericos que nos acompanharo nessa viagem de descoberta rumo produo do sculo XVI.

No basta mais que se veja em um quadro um tema anedtico; preciso examinar o mecanismo individual e social que o tornou legvel e eficaz. Uma obra de arte um meio de expresso e de comunicao dos sentimentos ou do pensamento. 12

(Pierre Francastel, 1990: 2)

Piero Della Francesca, Triunfo de Federico de Montefeltro duque de Urbino Palcio dos Ofcios, portalplanetasedna.com

Do ponto de vista da composio, esse delicioso trabalho tem como ponto de partida o tema do desfile, tambm se apia na viso familiar das festas da poca. O carro roda num estradorochedo. provvel que se veja reproduzido aqui quer um episdio das festas de casamento desse casal principesco, quer, pelo menos, uma descrio baseada no costume da poca. A paisagem cai igualmente em ngulo reto sobre o cho, como uma cortina de fundo. A composio, entretanto, no tem alas, no tem enquadramento estvel. A montagem , em primeiro lugar, uma montagem pictrica. O tema , no o da cena, mas o desfile. Tem-se, mais uma vez, aqui um bom exemplo um bom exemplo daquilo que chamei de segregao dos planos, isto a escolha de um pequeno nmero de zonas de viso tornadas ntidas sem a notao das passagens ao contrrio do que acontece diante da natureza. Essa arte essencialmente uma montagem que tem seu ponto de apoio concreto na utilizao de um material de objetos, ainda que no sempre teatrais, pelo menos, de modo geral associados a ritos sociais tradicionais. (FRANCASTEL, 1990:66)

Conceitos importantes trabalhados na obra que merecem uma reflexo: Composio Tema do desfile Viso familiar das festas Paisagem 13

Montagem pictrica Segregao dos planos Ritos sociais tradicionais

Paolo Uccello O milagre da hstia (1468) Urbino palcio Ducal. Fragmento de uma predela. www.epdlp.com

Uccello conserva a fragmentao das cenas; ele simplesmente varia a orientao dela atravs de meios geometricamente mais racionais do que os de Giotto. Todavia, os valores essenciais so, aqui, mticos: a coluna um substitutivo da rvore, smbolo da vida, fora viril do homem. A influncia do teatro provada pelo fato de que, essa predela, executada especialmente para a confraria do Corpus Domini de Urbino figurao, cena a cena, de um mistrio parisiense transposto para os fins polticos e Federico de Montefeltro. porta-bandeira de Pio II, papa da cruzada contra os infiis. (FRANCASTEL, 1990: 52)

Conceitos importantes trabalhados na obra que merecem uma reflexo: Fragmentao da cena Valores mticos Influncia do teatro

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Ghirlandaio, A visitao (1485-1490) Florena, Santa Maria Novella. uploadwikipedia.org

Essa obra oferece uma espcie de inventrio dos materiais e dos sistemas de que se serviu o Quattrocento. Os objetos do teatro e da simbologia medieval rochedos, porta da cidade, esto associados s figuras vestidas antiga e s cenas de gnero. O muro transversal, que proporciona profundidade, integra a lembrana do espao cbico dos oratrios medievais ao novo sistema, que destaca do fundo um palco onde desfilam figuras moas vestidas s antigas e misturadas com retratos modernos. Nota-se uma variante muito interessante: por trs do primeiro plano, o espao mergulha subitamente, de modo que as figuras paream recortadas sobre o fundo (FRANCASTEL, 1990:68)

Conceitos importantes trabalhados na obra que merecem uma reflexo: Inventrio dos materiais e dos sistemas Simbologia medieval Profundidade Espao cbico Fundo Primeiro plano

Figura

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Mantegna, So Sebastio. (1472) Paris, Museu do Louvre. uploadwikipedia.org

A aliana entre o homem-heri e a coluna - a verdura acentua a identificao com a rvore constitui o ponto de uma especulao que tende a determinar um modo de representao moderno da vida. O arco e a arquitrave lembram a hiptese fundamental do cubo acessrio quase fundamental durante toda a composio plstica desse perodo. Constata-se aqui a insero direita e esquerda de duas vedutas. V se claramente como os artistas inventam por introduo de formula de ateli. A veduta tambm a figurao da vida triunfante a pesar das ameaas e da ferocidade dos maus, encarnados pelo carrasco. O assunto a Roma eterna, o triunfo da vida, o mesmo que o das obras O milagre da hstia e A visitao. Tema cristo tanto quanto antigo ou primitivo. O Renascimento o expressa por meio dos novos objetos de sua cultura e de sua experincia: o corpo humano, as runas.

Conceitos importantes trabalhados na obra que merecem uma reflexo:

Modo de representao Veduta Ateli Frmula de ateli 16

Figurao Objetos de sua cultura e de sua experincia

Em outras palavras, as obras no so realmente olhadas pois ver no o mesmo que olhar, assim como ouvir no o mesmo que escutar. Ver envolve apenas o esforo de abrir os olhos ; olhar significa abrir a mente e usar o intelecto. Olhar uma pintura partir para uma viagem - uma viagem com muitas possibilidades, incluindo o entusiasmo de partilhar a viso de outra poca (Robert Cumming, 1996: 6)

Boticcelli, O nascimento de Vnus (1480) Florena, Palcio dos Ofcios farm1.static.flicr.com

O contexto A Lenda: Vnus uma das deusas mais conhecidas da Antiguidade, mas a histria que diz respeito seu nascimento no mar trgica. Urano (o cu) e Gaia (a terra) haviam se unidos para produzir os 17

primeiros seres humanos, chamados tits. Mas um dos seus filhos, Cronos ou Saturno (o tempo) castrou seu pai com uma foice. Jogou, ento, seus genitais no mar, e da espuma que da resultou nasceu Vnus. Note-se que Vnus seu nome romano; os gregos a chamavam de Afrodite. a deusa do amor, da beleza, do riso e do casamento. O Quadro: Este famoso quadro de Botticelli foi revolucionrio em sua poca, poe ser a primeira pintura renascentista com tema exclusivamente leigo e mitolgico. A admirao pela antiguidade clssica, isto , pelas antigas civilizaes da Grcia e de Roma, era uma caracterstica bsica da Renascena, e foi um interesse compartilhado por diversos artistas, estudiosos, estadistas, comerciantes e colecionadores. A famlia Medici foi um exemplo de patrono das artes ou mecenas. O nascimento de Vnus , representando um dos mitos clssicos mais pitoresco, nos transporta para um mundo de sonho e poesia. Vnus, ao centro, est ladeada pelo vento Oeste e por uma Hora que a acompanha. As figuras alongadas flutuam num fundo plano e simples como se fossem recortes de papel. O Autor: Botticelli passou quase toda sua vida em Florena, sua cidade natal. Sua nica viagem importante foi em 1481-82, quando trabalhou na decorao da Capela Sistina. Esta encomenda mostra como era grande sua reputao na poca. Contudo morreu na obscuridade e sua fama s ressurgiu no final do sculo XIX.

Os elementos da obra Cores: O esquema das cores deste quadro to restrito e modesto quanto a prpria deusa os frios verdes e azuis so contrabalanados pelas reas suaves, rosadas e clidas e pelos toques dourados.

esquerda de Vnus: Rosas sagradas de Vnus Segundo a antiga mitologia, a rosa que a flor sagrada de Vnus, foi criada ao mesmo tempo que o nascimento da deusa do amor. A rosa, com sua encantadora beleza 18

e fragrncia, o smbolo do amor. Seus espinhos nos lembram que o amor pode ferir. O vento Oeste Zfiro, o Vento Oeste, o filho da Aurora. a brisa suave da primavera que impele Vnus at a praia. O rapto de Cloris A ninfa Cloris foi raptada por Zfiro do jardim das Hesperides. Mas Zfiro apaixonou por sua vtima, e ela consentiu em ser sua esposa. Assim, a ninfa elevou-se ao nvel de deusa e tornou-se flora que tinha perptuo poder sobre as flores. Juncos Os longos e esguios juncos reproduzem a pose e o cabelo dourado da deusa. A Vnus: A Vnus de Botticelli representa um ideal de beleza clssica muito admirada no incio do Renascimento, em especial nos crculos intelectuais da Florena. Porm, Botticelli, abranda a severidade desta imagem ao rodear Vnus de longos cabelos ondulantes. Estrutura ssea Botticelli sempre destaca a estrutura dos ossos sob a pele, e os rostos que pinta tem o nariz elegante, zigomas elevados e uma forte linha do maxilar. Mos e ps caracterstico da arte de Botticelli o uso de contornos ntidos e precisos, cheios de energia e de tenso, e de mos e ps bem cuidados, com longos dedos. Referncias clssicas Vnus parece feita de puro mrmore. Ela imita a pose de uma famosa esttua da Roma antiga; Botticelli faz assim uma referncia erudita que com certeza ser reconhecida. O recato de Vnus Botticelli escolheu uma pose chamada Vnus Pudica em que a deusa esconde castamente o corpo com as mos. Outros artistas escolheram uma representao mais sensual, chamada Vnus Anadyomede, em que surge nua do mar, secando as longas tranas. 19

Olhar longnquo Os rostos pintados por Botticelli costumam ter uma expresso longnqua, como se estivessem recolhidos em seu mundo interior e perdidos em pensamentos. direita de Vnus: Laranjeiras Estas rvores esto carregadas de flores brancas com pontas douradas. As folhas tm nervuras douradas e os troncos tm tambm toques dourados., de modo que o bosque parece imbudo da divina presena de Vnus. No auge da moda A Hora traz em torno da cintura um ramo de rosas cor-de-rosa. Em torno dos ombros usa uma elegante guirlanda de mirta verde, smbolo do amor eterno. Uma Hora espera A elegante ninfa parece receber Vnus. uma das quatro Horas, espritos que personificavam as estaes do ano. Seu manto branco flutuante, bordado com flores delicadamente entrelaadas, esvoaa ao vento. Ela representa a primavera, a estao do renascimento e da renovao. Anmona Uma nica anmona azul est em flor aos ps da ninfa. Sua presena refora a idia de primavera. Nunca se acaba de aprender no campo da arte. H sempre novas coisas a descobrir. As grandes obras artsticas parecem ter um aspecto diferente cada vez que nos colocamos diante delas. Parecem ser to inexaurveis e imprevisveis quanto seres humanos de carne e ossos. um mundo excitante, com suas prprias estranhas leis, suas prprias aventuras. (Ernst Gombrich: 1999, 36)

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Leonardo Da Vinci, Santa Ceia www.ceallankardec.org.br

Por singular infortnio, as poucas obras que Leonardo completou chegaram at ns em pssimo estado de conservao. Assim quando vemos o que resta do seu famoso mural A ltima Ceia deviemos imaginar como seria contemplado pelos monges para quem foi pintado. O mural cobre uma parede de uma sala oblonga que era usada como refeitrio pelos monges do monastrio de Santa Maria delle Grazie em Milo. Deve-se visualizar como seria quando a pintura foi descerrada e quando, lado a lado com as compridas mesas dos monges , surgiu a mesa de Cristo e seus apstolos. Nunca o episdio sacro fora apresentado to prximo e real. Era como se outra sala fosse acrescentada deles, na qual a ltima Ceia assumia uma forma tangvel.

Como era pura a luza que inundava a mesa, e como acrescentava solidez e volume s figuras. Talvez os monges se impressionassem primeiro pela veracidade e o realismo com que todos os detalhes estavam retratados, os pratos espalhados sobre a toalha, as pregas destacadas nas vestes. Ento, como agora, as obras de arte eram freqentemente julgadas pelos leigos de acordo com o grau de fidelidade vida real. Mas essa s pode ter sido a primeira reao. Uma vez suficientemente admirada a extraordinria iluso da realidade, os monges passariam a considerar o modo como Leonardo apresentara a histria bblica. Nada havia nesse afresco que se assemelhasse s representaes anteriores do mesmo tema. Nas verses tradicionais, viam-se os apstolos calmamente sentados mesa numa fila apenas Judas segregado dos demais-, enquanto Cristo disse: Em verdade vos digo que um dentre vs me trair.E eles, muitssimo contristados, comearam um por um a perguntar-lhe: Por ventura sou eu, meu Senhor? (Mateus XXVI, 21-2).

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O evangelho de S. Joo acrescenta: Ora, ali estava, chegando Jesus, um dos seus discpulos, aquele a quem Ele amava. A esse fez Simo Pedro sinal para que indagasse a quem Ele se referia. (Joo XIII, 23-4). So essas interrogaes e esses sinais que trazem movimento cena. Cristo acabou de pronunciar as palavras trgicas, e os que esto ao Seu lado, recuam horrorizados ao ouvir a revelao. Alguns parecem protestar seu amor a Jesus e sua inocncia, outros discutem gravemente a quem o senhor poderia se referir, outros ainda, parecem aguardar uma explicao para o que Ele disse. S. Pedro, o mais impetuoso deles, precipita-separa S. Joo, que se senta direita de Jesus. Ao segredar algo ao ouvido de S. Joo, empurra inadvertidamente Judas para diante. Judas no est segregado dos demais e, no entanto, parece isolado. o nico que no gesticula nem faz perguntas. Inclina-se para diante e ergue os olhos com desconfiana ou clera, um contraste dramtico com a figura de Cristo, calmo e resignado em meio a esse crescente alvoroo. Quanto tempo teria sido necessrio para que os primeiros espectadores se apercebessem da arte consumada que resultou em toda essa dramtica movimentao? Apesar da excitao causada pelas palavras de Jesus, nada existe de catico na obra. Os doze apstolos parecem dividir-se muito naturalmente em quatro grupos de trs, ligados, mutuamente, por gestos e movimentos. H tanta ordem nessa variedade e tanta variedade nessa ordem que ningum pode esgotar inteiramente o jogo harmonioso entre movimento e contramovimento. (...) Recordemos que os artistas dessa gerao tinham batalhado para combinar as exigncias do realismo com as do padro convencional. Leonardo resolveu o problema com desenvoltura. Se esquecermos por um instante o que a cena representa, poderemos ainda deliciar-nos com o belo padro formado pelas figuras. A composio parece ter aquele equilbrio descansado e aquela harmonia que tinha nas pinturas gticas, e que artistas como Rogier van der Weyden e Botticelli, cada um a seu modo, haviam tentado reconquistar para a arte. Mas Leonardo no considerou necessrio sacrificar a correo do desenho ou a exatido da observao s exigncias de um delineamento satisfatrio. Se esquecermos a beleza da composio, sentimo-nos subitamente diante de um fragmento da realidade to fidedigna e to impressionante quanto a que vimos nas obras de Masaccio e Donatello. E mesmo essa realizao extraordinria mal chega a tocar a verdadeira grandeza da obra. Com efeito, para alm de questes tcnicas como a segurana do desenho e a composio, devemos admirar a profunda intuio de Leonardo sobre a natureza ntima do comportamento e das relaes dos homens, e o poder de imaginao que o habilitou a colocar a cena diante dos nossos olhos. Uma testemunha ocular diz-nos que viu freqentemente Leonardo Trabalhando na Ultima Ceia. Subia no andaime e a ficava ereto por dias inteiros, os braos cruzados, apenas olhando com olho crtico o que j tinha feito, ante de aplicar outra pincelada. Foi o resultado desse pensamento que ele nos legou, e, mesmo em sua condio deteriorada. A ltima Ceia continua sendo um dos grandes milagres produzidos pelo gnio humano. 22

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O Renascimento Os Artistas

Para estudar a vida e as obras dos artistas renascentistas recomendamos pesquisar o site da wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/categoria:pintores-do-renascimento http://wikipedia.org/wiki/pintura-do-renascimento Uma outra possibilidade para visualizar as diferentes obras desse perodo, pesquisem o item desejado (por exemplo obras do Renascimento) e cliquem em IMAGENS.

Artistas mais conhecidos que participaram da produo renascentista italiana:

Primeiro perodo MASACCIO

Masaccio, A Santssima Trindade. www.csupomona.edu.com

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DONATELLO

Donatello, Maria Madalena (1455) Escultura em bronze www.oceanru.com

BOTTICELLI

Boticcelli, Jovem Moa blog.vdare.com

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Perodo posterior LEONARDO DA VINCI

Leonardo da Vinci, Monalisa www.ezmuseum.com

MICHELANGELO

Michelangelo Buonarroti, A criao do homem webexibits.org

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RAFAEL

Raphael Sanzio, A alva Madona, c. 1510. omelhordaleitura.blogspot.com

TICIANO

Ticiano, 1511-2 As Trs Idades do Homem The National Gallery of Scotland, Edimburgh www.fflch.usp.br

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Artistas mais conhecidos que participaram da produo renascentista da Europa do norte:

JAN VAN EYKE

Van Eyke, Casal Arnolfini, final 400 raizdotempo.blogspot.com

BOSCH

Hyeronimus Bosch, O Jardim das Delicias, Painel Central, 1505-1510 www.ufmg.br

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BRUEGEL

Bruegel, Jogos de Crianas (1560) www.artchive.com

Artistas mais conhecidos que participaram da produo renascentista germnica: HOLBEIN

Hans Holbein, Os embaixadores, 1533 www.usm.maine.htm

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DURER

Albrecht Durer, Coelho (1507) www.ccs.neu.edu

As artes grficas Durante o Renascimento, surgiram formas de artes grficas como a da xilogravura e a da litogravura. Embora j conhecida na China (como o caso da xilogravura), durante o sculo XV que essas tcnicas surgiram e se afirmaram na Europa. A xilogravura e a litogravura foram tcnicas fundamentais no processo de reproduo e divulgao das obras dos artistas desse perodo. A Impresso nas artes grficas Por W.H. Janson A principal contribuio alem arte do sculo XV foi o desenvolvimento da impresso, tanto de quadros quanto de livros. Os primeiros livros impressos com caracteres topogrficos foram produzidos na Rennia, logo aps 1450. A nova tcnica difundiu-se por toda a Europa, transformando-se numa indstria que teve os mais

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profundos efeitos sobre a civilizao ocidental. As pinturas impressas, no entanto, tambm foram importantes; sem elas, o livro impresso no poderia ter substitudo o trabalho do copista e do iluminador medieval to rpida e completamente. A mais antiga tcnica de impresso pictrica a xilogravura, feita a partir de pranchas de madeiras gravadas em relevo. O Renascimento A arquitetura do espao

DICA INTERESSANTE:

Os quatro Rs da arquitetura renascentista Por Carol Stricland Os quatro Rs da arquitetura renascentista so Roma, Regras, Razo e aRitmtica (do ingls Rithmetic). Roma Em conformidade com sua paixo pelos clssicos, os arquitetos renascentistas mediam sistematicamente as runas romanas para copiar o estilo e a proporo. Retomaram elementos como arco pleno, construo em concreto, domo redondo, prtico, abbada cilndrica e colunas. Regras Dado que os arquitetos se consideravam mais estudiosos do que os construtores baseavam seus trabalhos nas teorias apresentadas nos diversos tratados. As regras estticas formuladas por Alberti tinham ampla aceitao. Razo As teorias enfatizavam a base racional contida nas cincias, na matemtica e na engenharia. A razo pura substitua a mentalidade mstica da Idade Mdia. ARitmtica Os arquitetos dependiam da aritmtica para produzir a beleza e a harmonia. Um 31

sistema de propores ideais assentava as partes de um edifcio em relaes numricas, como a razo 2/1 para uma nave com altura igual ao dobro da largura da igreja. As plantas dos prdios se baseavam em formas geomtricas, principalmente no crculo e no quadrado.

es.wikipedia.org blog.uncovering.org

A Baslica de So Pedro o principal edifcio do Vaticano, estado soberano dentro de Roma. Sua construo foi iniciada em 1506 e terminada em 1626. A cpula desenhada por Michelangelo uma das caractersticas da produo arquitetnica renascentista. Para os arquitetos da Renascena, a maior preocupao era a criao de espaos compreensveis de todos os ngulos visuais. Uma das principais caractersticas da arquitetura renascentista foi a necessidade de buscar nas medidas e nas propores uma ordem visual e uma harmonia entre as formas construdas a partir de leis matemticas. Um dos arquitetos mais importantes foi Filippo Brunelleschi (1377-1446) que alm de arquiteto foi pintor, escultor, conhecedor de poesia, matemtica e geometria. Um dos seus trabalhos mais conhecidos a cpula da catedral de Florena da igreja de Santa Maria del Fiore. Famoso , tambm, o hospital dos Inocentes e a Capela dei Pazzi.

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Cappellla dei Pazzi de Brunelleschi web.kyoto-inet.or.jp

O Renascimento A escultura no Renascimento

Por volta da metade do sculo XV, com a volta dos papas de Avinho para Roma, a cidade retomou o antigo prestigio. Protetores das artes, os papas passam a residir no Vaticano onde grandes escultores se revelaram. Um dos mais importantes foi Michelangelo que dominou quase toda a escultura italiana do sculo XVI. Algumas das suas obras: Moiss, Davi (4,10m) e a Piet.

Um outro grande escultor desse perodo foi Andrea del Verrochio. Esse artista trabalhou tambm na ourivesaria e esse fato acabou influenciando sua produo escultrica. Uma obra que podemos destacar: Davi (1,26m) em bronze.

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Michelangelo, David, escultura em mrmore, c.1501-1504 Academia de Belas Artes, Florena www.unicamp.br

As principais caractersticas da escultura do perodo renascentista: Representao do homem tal como ele na realidade Utilizao da proporo da figura mantendo a sua relao com a realidade Uso da perspectiva para representar a profundidade nfase no estudo do corpo e do carter humano possvel dizer que a escultura foi uma das formas de expresso artstica que melhor representa o conceito humanista no Renascimento. Os artistas utilizando-se da perspectiva e do estudo das propores geomtricas, dedicavam-se representao das figuras humanas. Essas, como foi visto na escultura gtica, estavam, at ento, relegadas a segundo plano, acopladas s paredes ou capitis. No renascimento a escultura ganhou uma nova independncia e a obra, que agora era colocada acima de uma base, podia ser apreciada, pelas pessoas, de todos os ngulos (conceito retomado com nfase na arquitetura).

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Michelangelo Buonarroti, Piet galactidades.blogs.sapo.pt

Na produo escultrica enfatizavam-se:

a expresso corporal a expresso facial o equilbrio entre as partes do corpo as propores ideais os sentimentos (especialmente no perodo tardio) a relao com o espao em volta da escultura a finalidade da produo escultrica

No que diz respeito escultura, lembramos que mesmo contrariando o pensamento moralizante de cunho cristo da poca, a representao do nu voltou a ser 35

considerada e realizada como possibilidade escultrica, refletindo a tendncia naturalista. Encontramos tambm, nesse momento, diferentes obras que abordavam a temtica mitolgica repropondo histrias e personagens elaborados na antiga Grcia. Nesse perodo deu-se uma grande nfase produo de bustos e figuras eqestres (figura humana montada sobre um cavalo) utilizadas como forma de homenagear as autoridades da poca. Nessa produo os escultores renascentistas se inspiraram diretamente nos modelos clssicos onde as figuras humanas eram representadas de forma harmoniosa demonstrando um profundo estudo da anatomia.

Importantes escultores renascentistas:

MICHELANGELO

Michelangelo, Madonna e a criana (1501-1505) gropius.org

LORENZO GHIBERTI

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Painel original da Porta do Paraso do Batistrio de So Joo em Florena, representando a histria do sacrifcio de Isaac. Lorenzo Ghiberti, Museo dell'Opera del Duomo pt.wikipedia.org

ANDREA DEL VERROCCHIO

Andrea del Verrocchio Cristo e So Toms (A incredulidade de So Toms), 1467-1483 Museu de Orsanmichele, Florena

www.nga.gov

ANTONIO PALLAIUOLO

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Escultura de Antonio Pollaiuolo, "Hercules e Anteu" c.1475 bjornsmestad.blogspot.com

LUCA DELLA ROBBIA

Luca Della Robbia, Madona no nicho (1440-1460) www.jayneshatzpottery.com

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