Livro Historia Da Arte - O Renascimento

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O Renascimento O homem Vitruviano, Leonardo da Vinci www.revista-tema.com É importante lembrar que: Segundo Hauser (2003: 333) no Renascimento, a concepção científica de arte, que forma a base da instrução nas academias, inicia com Leon Batista Alberti. Ele é o primeiro a expressar a idéia de que a matemática é a base comum da arte e das ciências, uma vez que a teoria das proporções e a da perspectiva são disciplinas matemáticas. Também é o primeiro a dar expressão clara àquela união da técnica experimental e do artista observador. Um dos mais importantes conceitos do classicismo, retomado no Renascimento, foi a definição de beleza como harmonia de todas as partes. Segundo Alberti a obra de arte está constituída de tal modo, que é impossível retirar-lhe ou adicionar-lhe qualquer coisa sem prejudicar a beleza do todo. Essa idéia que Alberti tinha encontrado em Vitruvio e, na realidade, tem origem em Aristoteles, continua sendo uma das proposições fundamentais da teoria clássica da arte. Nesse contexto, é importante lembrar as principais características dos ideais no Renascimento: Antropocentrismo Hedonismo Individualismo Otimismo Racionalismo Durante a Renascença, as inovações técnicas e as descobertas de obras de arte antigas possibilitaram 1

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Renascimento

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O Renascimento

O homem Vitruviano, Leonardo da Vinci

www.revista-tema.com

É importante lembrar que:

Segundo Hauser (2003: 333) no Renascimento, a concepção científica de arte, que forma a base da

instrução nas academias, inicia com Leon Batista Alberti. Ele é o primeiro a expressar a idéia de que a

matemática é a base comum da arte e das ciências, uma vez que a teoria das proporções e a da

perspectiva são disciplinas matemáticas. Também é o primeiro a dar expressão clara àquela união da

técnica experimental e do artista observador.

Um dos mais importantes conceitos do classicismo, retomado no Renascimento, foi a definição de beleza

como harmonia de todas as partes. Segundo Alberti a obra de arte está constituída de tal modo, que é

impossível retirar-lhe ou adicionar-lhe qualquer coisa sem prejudicar a beleza do todo. Essa idéia que Alberti

tinha encontrado em Vitruvio e, na realidade, tem origem em Aristoteles, continua sendo uma das

proposições fundamentais da teoria clássica da arte.

Nesse contexto, é importante lembrar as principais características dos ideais no Renascimento:

• Antropocentrismo

• Hedonismo

• Individualismo

• Otimismo

• Racionalismo

Durante a Renascença, as inovações técnicas e as descobertas de obras de arte antigas possibilitaram

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novos estilos para representar a realidade. Os quatro grandes passos dados em direção à inovação foram: a

mudança da pintura a têmpera em painéis de madeira, e dos afrescos em paredes de alvenaria, para a

pintura a óleo em telas esticadas; o uso da perspectiva, dando peso e profundidade à forma; o uso de luz e

sombra, em oposição a linhas desenhadas; e a utilização das composições piramidais na configuração da

imagem.

O RenascimentoO início de um novo movimento

“A burguesia fede

A burguesia quer ficar ricaEnquanto houver burguesia

Não vai haver poesia”(Cazusa, Burguesia)

A partir do século XIV, percebemos mais claramente os sinais de desagregação do feudalismo e sua

fragmentação política. Lembre-se que neste período o rei não possuía um poder político especial, acima dos

senhores feudais e o alto clero da Igreja.

A baixa produtividade agrícola que sustentava o feudalismo, já não atendia as necessidades dos feudos e a

miséria fazia eclodir uma série de revoltas camponesas que colocavam em risco o poder local dos senhores

da nobreza. A solução encontra foi a unificação política em torno da figura do rei, pois um exército forte e

unificado poderia garantir a estabilidade e a segurança necessária, freando a violência das rebeliões.

Evidentemente que o exército unificado não era a única razão pela qual a nobreza abriu mão de parte de

seu poder. O absolutismo monárquico unificou politicamente as regiões possibilitando a formação dos

Estados Nacionais, ou seja, o surgimento de muitos dos países que hoje conhecemos, como a França, a

Itália, a Inglaterra, a Espanha e Portugal, entre outros.

Adotando um único exército, uma única lei, uma única moeda, os negócios podiam prosperar ainda mais,

pois, evidenciamos neste período, uma grande expansão das atividades mercantis, primeiramente àquelas

ligadas ao mar em rotas pelos mares Mediterrâneo e Báltico, em seguida, em rotas terrestres rumo ao

oriente.

Como as cidades italianas monopolizavam o comércio no mar Mediterrâneo, portugueses e espanhóis

procuraram novas rotas marítimas para chegar ao Oriente. Contornando a África, chegaram a Índia e às

terras a oeste do mundo conhecido, “descobrindo as Américas”.

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Frederick Kemmelmeyer, A Chegada de Cristóvão Colombo à América (1800/1805)www.artcyclopedia.com

O grande afluxo de produtos e metais preciosos na Europa Ocidental provocou uma mudança significativa

na atividade comercial da época, produzindo o que ficou conhecido como a “revolução comercial”.

O mercantilismo pode ser definido como sendo a política econômica adotada na Europa Ocidental durante o

Antigo Regime. O objetivo principal do Estado era alcançar o máximo possível de desenvolvimento

econômico, por meio do acúmulo de riquezas. Quanto maior a quantidade de riqueza do Estado, maior seu

prestígio, poder e respeito internacional.

O trabalho servil gratuito (corvéia), foi sendo gradativamente substituído pelo pagamento de rendas em

produtos ou em dinheiro. Durante a Idade Média, as cidades protegidas por fortalezas conhecidas como

burgos, reuniam sobretudo a classe dos burgueses, que por falta de alternativa, dedicavam-se ao comércio.

Alguns séculos mais tarde a burguesia expandiu sua atuação comercial, enriquecendo e construindo as

bases do capitalismo moderno.

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Quentin Metsys, O Cambista e sua mulher, óleo sobre tela, Museu do Louvre, Paris© www.perugeek.com

O RenascimentoRaízes absolutistas no espaço da renascença italiana

Membros da família Médici, que governava Florença e que se destacou como grande incentivadora das artes (mecenas),

Benozzo Gozzoli, fresco de c. 1459.© www.answers.com

Os monarcas absolutistas, seus teóricos e os artistas por eles financiados sofreram enorme influência da

Antigüidade clássica. Os conceitos jurídicos romanos tornaram-se forte instrumento intelectual na

formulação de um programa de integração territorial e centralismo administrativo, mas não deixaram de

utilizar a justificação divina do rei tão importante na Idade Média. Todos os novos países que surgiram na

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Europa nesse período, passaram irremediavelmente por esse processo, embora observando ritmos

diferentes e características particulares, como veremos no caso da península Itálica.

Por se tratar de uma península postada dentro do mar Mediterrâneo, as cidades italianas se ergueram como

centros mercantis ligados ao comércio marítimo, dominadas por uma pequena nobreza e povoada por

indivíduos que muitas vezes combinavam as atividades rurais, de produção de modelo feudal, com

atividades urbanas e os ofícios.

O crescente intercâmbio comercial com o Oriente trazia produtos, modismos, arte, riqueza, o que

possibilitou o desenvolvimento dessas cidades portuárias transformando-as em prósperos centros de

produção urbana, cuja organização baseava-se no trabalho nas corporações de ofício, onde se desenvolveu

um alto nível técnico de industrias manufatureiras têxteis e metalúrgicas.

A fragmentação política e econômica verificada na região da península itálica, associada em parte aos

processos materiais de produção manufatureira de cada cidade e a resistência papal a qualquer tentativa de

unificação territorial, retardou decisivamente seu processo de unificação na forma de absolutismo nacional

que unisse toda a região. As cidades italianas tenderam a cair nas mãos de tiranias iluminadas,

interessadas em manter o poder político e os lucros do mercado marítimo.

Muitos dos tiranos italianos gozavam de uma temporária simpatia popular em virtude de seu enfrentamento

com oligarquias medievais ainda mais odiadas pelo povo. Segundo Anderson,

Florença, o maior centro bancário e manufatureiro da península, escorregou finalmente para o sereno

controle hereditário dos Médici, embora não sem recidivas republicanas: foram necessárias a proteção

diplomática e militar dos Sforza, senhores de Milão e mais tarde, a pressão dos papas Médici em Roma

para assegurar a vitória final dos príncipes em Florença. [Idem:160]

A economia mercantil das cidades italianas crescia vigorosamente e a fragmentação política da península

ressaltava cada vez mais suas semelhanças com as cidades-estados da antiguidade grega, acrescentando

ainda mais elementos ao repertório figurativo dos artistas, preparando o ambiente para o grande movimento

cultural e artístico que ali se desenvolveria.

Certamente essas semelhanças reforçavam no imaginário cultural e a idéia de reconstrução clássica pode

ter sido um elemento determinante na construção do novo sistema de imagens que mesclava esses novos

elementos, aos fortes elementos medievais.

A Sociologia da Arte de Pierre Francastel chama atenção para o grande erro das interpretações da arte do

quatroccento italiano “é a idéia pré-concebida de que existiria uma relação fixa entre o universo sensível e

uma fórmula de espaço projetivo nomeado perspectiva linear”, e mais, “não é a arte descrição de séries, que

ordena ou justifica a pesquisa: o que interessa é a problemática que dela se tira, o sentido de um

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desenvolvimento que nunca é linear, que nunca obedece a esquemas mentais dentro dos quais temos o

hábito de o aprisionar”. [La Figure et le Lieu, L’ordre visuel du Quattrocento.1967: 144]

Para entendermos melhor esse período, devemos considerar que a arte encontra-se articulada com o seu

contexto, uma “concepção global das capacidades da expressão da sociedade” formando-se e atuando nas

diferentes áreas da produção e criação humana. “A arte é ao mesmo tempo um modo de compreensão e um

modo de ação”, por meio dela poderemos compreender o que se passa no tempo e no espaço em que ela é

criada, possibilitando a reconstrução de largas zonas dos sistemas de pensamento das sociedades, como

seus rituais e suas atividades técnicas [FRANCASTEL, Pintura e Sociedade, 1990: 86].

O RenascimentoPré-história da Academias

O comércio naval Mediterrâneo e as manufaturas do final da Idade Média aumentaram enormemente a

influência de cidades independentes como Florença dos Médicis, família da nobreza oligárquica responsável

pela construção, no norte da Itália, de um modelo de absolutismo que mais tarde iria se espalhar por toda a

Europa Ocidental. Além do ambiente de progresso tecnológico e riqueza trazida pelo intercâmbio com

diferentes regiões, “as sociedades ocidentais no início do século XV procuravam um aprofundamento e não

um desarranjo de sua experiência figurativa”[Idem:1967:221]. Inovadoras técnicas de pintura, como é o caso

da pintura a óleo nos Flandres, com a invenção de um novo processo de fixação da cor ampliava as

experiências no aprimoramento das análises óticas, em Florença uma nova concepção do papel

desempenhado pela triangulação matemática do visível, provocou uma revolução no domínio da figuração

do espaço e aos poucos, um novo sistema de imagens se impondo.

Uma das manifestações características da Renascença é a renovação das antigas escolas filosóficas

gregas. Se na Idade Média o representante máximo do pensamento clássico foi Aristóteles, no

renascimento Platão assume seu lugar, ficando os estudos sobre Aristóteles e demais filósofos gregos em

segundo plano.

O retorno da geometria e sua aplicação, assim como da matemática, às artes estavam em plena

consonância com o espírito inovador da época. Em 1419, o arquiteto Filippo de Brunelleschi empregou as

regras da perspectiva pela primeira vez na construção do pórtico do Hospital dos Inocentes. Para conseguir

reduzir o espaço tridimencional ao plano bidimensional, Brunelleschi utilizou instrumentos óticos inventados

por ele mesmo. Essa técnica foi o passo principal para distinção das obras renascentistas das medievais,

que tinham uma concepção hierárquica para distribuição da cena em uma tela.

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© losviajesdemarcosyjordi.nireblog.com

A cúpula de Santa Maria Del Fiore, criada por Brunelleschi, é o centro de um vasto sistema cuja chave é a

geometria, substitui o manejo de blocos, a ciência dos cortadores de pedra, por uma arquitetura baseada

em linhas que constituem planos. O ponto de partida não será mais o volume da pedra, mas o esboço linear

destinado a definir a tarefa dos construtores.

Mergulhar no universo visual e de significados da arte produzida neste período não é tarefa muito fácil, mas

o aprofundamento nos sistemas de significados desse domínio pode alargar nossas informações. Um

caminho seguro é entender o impulso decisivo para a “imposição” dos estudos platônicos na Itália

acontecido no Concílio de Florença, em 1439, que trouxe para a península vários eruditos bizantinos,

profundos conhecedores da obra de Platão.

Quando por volta de 1460, Marcílio Ficino, médico e filósofo florentino representante legítimo do

neoplatonismo, utilizou o termo “academia” em suas traduções de Plotino, ele propôs a idéia de formar um

círculo de filósofos, digno de ser chamado de “academia”, idéia amplamente encampada pelos humanistas

italianos, recebendo nela os luminares do seu tempo: o arquiteto Alberti, o filósofo Pico della Mirandola, o

poeta Poliziano, Maquiavel e Lorenzo de Médicis, o Magnífico, entre outros.

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Zacaria no Templo: Marsilio Ficino, Cristoforo Landino, Angelo Poliziano e Demetrios Chalkondyles (detalhe). 1486-1490. Fresco. Santa Maria Novella, Tornabuoni Cappella, Florence, Italy. ©

www.abcgallery.com

As academias reeditadas no início da Renascença, mesmo apresentando um caráter informal, assumem um

papel fundamental na construção de um novo sistema de significados, tornando-se o local onde o

conhecimento e suas novas imagens são difundidos. Não sabemos com certeza se a primeira “academia”

designada desta forma, como escola onde se ensinava arte, foi àquela fundada por Leonardo da Vinci em

Milão, outra importante cidade italiana, mas podemos imaginar, analisando algumas obras deixadas por

alguns artistas da época, que tratava-se de reuniões informais, onde aprendizes cuidadosamente

selecionados recebiam orientação de mestres reconhecidos, que ensinavam a arte do disegno, estando

submetidos à proteção do poder estatal local.

Leonardo da Vinci, ‘Estudos sobre a impossibilidade do movimento perpétuo’(Codex Forster II / 1495-1497)© www.ceticismoaberto.com

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Leonardo da Vinci. Coito, c. 1492-4, Biblioteca Real de Windsor, Inglaterra.© www.metrocamp.edu.br

As teorias de Leonardo da Vinci reunidas em seu Libro della pittura, de forte influência humanista, abre uma

nova perspectiva para a pintura, buscando elevá-la ao status de ciência e não como o resultado de um

exercício de habilidade manual. A pintura considerada como ciência, modifica consideravelmente a posição

social do artista. Leonardo fazia parte de um grupo influente que descobriu um novo interesse no mundo

material, na natureza das coisas e do homem, questionando a transcendência filosófica típica da Idade

Média. O humanismo desenvolve uma nova mentalidade voltada para a pesquisa experimental, libertada do

dogma religioso, a verdade científica de dominação da natureza.

As academias passarão então a se caracterizar cada vez mais, como o ambiente perfeito para o exercício

da pesquisa orientada, científica, potencializada mais a diante pelo protestantismo e pelas novas relações

de trabalho trazidas pelo mercantilismo. As primeiras escolas, academias de arte foram peça importante no

mecanismo de funcionamento e consolidação de um novo sistema a medida que afastavam a formação dos

artistas do trabalho do artesão e do rígido sistema das guildas e corporações de ofício da Idade Média.

O processo de mudança na posição social do artista contou provavelmente com a ajuda dos pensadores

humanistas da época como Petrarca, Villani, Facius entre outros, que seguindo os mesmos moldes da

antiguidade clássica, teceram comentários elogiosos às obras e aos seus autores de forma inconcebível

pela tradição medieval. Essa importante mudança seria reforçada ainda mais pelo trabalho de pesquisa de

Giorgio Vasari, Vida dos Artistas – As Vidas dos melhores pintores escultores e arquitetos publicado em

1555, que deu início às primeiras indagações sobre os procedimentos metodológicos a serem usados na

discussão da arte, configurando-se como a primeira obra dedicada à História da Arte, na qual ele constrói

uma rica obra bibliográfica sobre a Renascença Italiana e seus artistas, baseado em premissas

antropocêntricas que destacam o papel social dos artistas.

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A mudança na posição do artista na sociedade vai evidentemente provocar discussões sobre uma nova

concepção do ensino de arte, o público que procurava formação nos ateliês dos grandes mestres se

diversificou e as vagas eram disputadas por jovens aprendizes vindos até mesmo da nobreza. Os métodos

de ensino utilizados na Idade Média, onde os alunos aprendiam na prática tudo o que era necessário,

trituração de pigmento, preparação dos fundos da tela, o desenho e a pintura, eram agora questionados.

O espectador

É preciso destacar outro pensamento importante implícito na proposta Renascentista de Arte, uma nova

concepção de público, visto que durante a Idade Média, o espectador não possuía um papel relevante, o

artista estava sujeito às interferências seja da nobreza, seja de crescentes setores da burguesia surgidos

em meio a crise feudal. O novo sistema sugere ao espectador que se deixe guiar pela intuição e pelo

conhecimento científico do artista, para que ele possa adquirir o discernimento necessário a apreciação da

qualidade estética obra de arte. A única preocupação do artista é expressar pelo seu trabalho a sua visão do

mundo, da natureza, do homem. Esse momento de certa independência vai determinar desdobramentos

importantes no futuro, pois fora das regras impostas pelas guildas, o artista passa a ter uma posição social

de vulnerabilidade e insegurança, que será suprida nos séculos seguintes pelo estabelecimento de relações

de dependência com o poder monárquico absolutista especialmente na França.

O RenascimentoProcesso de expansão da Renascença

Os Quatro Grandes Patamares(Elementos técnicos)

Por Carol Strickland

1. Óleo sobre Tela

O óleo sobre tela tornou-se o meio por excelência na Renascença. Com esse método, um mineral

como o lápis-lazúli era moído e o pó resultante misturado a terebintina e aplicado sobre a tela. O

aumento das opções de cores, com suaves nuances de tonalidades, permitiram aos pintores

representar texturas e simular formas em três dimensões.

2. PerspectivaUma das descobertas mais significativas da historia da arte foi o método de criar a ilusão de

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profundidade numa superfície plana, chamado “perspectiva”, que veio a ser base da pintura

européia nos quinhentos anos seguintes. A perspectiva linear cria o efeito ótico dos objetos se

alinhando conforme a distância por meio de linhas convergentes para um único ponto no quadro,

chamado “ponto de fuga”. (No quadro de Masaccio “o Dinheiro do Tributo”, as linhas convergem

para a parte de trás da cabeça de Cristo.) Os pintores reduziam o tamanho dos objetos e

apagavam as cores ou borravam os detalhes à medida que os objetos ficavam mais afastados.

3. O uso de luz e sombraO chiaroscuro (pronuncia-se quiaroscuro), que significa “claro/escuro” em italiano, se referia a uma

nova técnica para modelar formas em que as partes mais claras parecem emergir das áreas mais

escuras produzindo, na superfície plana, a ilusão de um relevo escultural.

4. Configuração em pirâmideOs rígidos retratos em perfil e o agrupamentos da figuras numa grade horizontal no primeiro plano

da pintura deram lugar a uma “configuração piramidal”, tridimensional. Essa composição simétrica

alcança o clímax no centro, como na “Mona Lisa” de Leonardo, em que o em ponto focal é a

cabeça da figura.

No Renascimento além da introdução de novos elementos técnicos houve, na pintura, a introdução

de diferentes elementos formais :

A inclusão de cenários arquitetônicos nas cenas retratadas

Uma grande naturalidade na representação de objetos, animais e pessoas

Um forte realismo anatômico na retratação do corpo humano (o que implicou o estudo

profundo da anatomia por parte de diferentes artistas)

Para estudar de maneira mais profunda a introdução dos diferentes elementos técnicos e formais

na pintura renascentista, podem pesquisar o site sobre Renascimento:

http://pt.wikipedia.org/wiki/renascimento

Na expansão da Itália para o norte da Europa, a Renascença tomou diferentes formas:

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Renascença Italiana Renascença do norte

Características Beleza ideal Realismo intenso

Estilo Formas simplificadas, prop. exatas Traços Realistas, honestidade sem bajulação

Temas Cenas religiosas e mitológicas Cenas religiosas e domésticas

Figuras Nus masculinos heróicos Cidadãos prósperos, camponeses

Retratos Formais, reservados Revelam a personalidade

Técnica Afresco, têmpera, óleo Óleo sobre madeira

Ênfase Estrutura anatômica subjacente Aparência visível

Base da Arte Teoria Observação

Composição Estatística equilibrada Complexa, irregular

Para tentar entender melhor as mudanças que ocorreram na pintura renascentista, vamos estudar

algumas “leituras” de obras renascentistas elaboradas por três estudiosos de história da arte.

Vamos tentar perceber as diferentes maneiras de ler e interpretar uma obra, partindo dos

elementos visíveis e inteligíveis nela contidos. Vocês perceberão como, durante este exercício de

leitura, cada autor enfatiza um tipo de abordagem compatível ao seu interesse e à sua formação.

Como foi estudado no começo da disciplina, existem diferentes linhas interpretativas que

influenciam a leitura de uma imagem; vamos, então, conhecer parte da produção renascentista

partindo do olhar de diferentes teóricos que nos acompanharão nessa viagem de descoberta rumo

à produção do século XVI.

“Não basta mais que se veja em um quadro um tema anedótico; é preciso examinar o mecanismo

individual e social que o tornou legível e eficaz. Uma obra de arte é um meio de expressão e de

comunicação dos sentimentos ou do pensamento.”

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(Pierre Francastel, 1990: 2)

Piero Della Francesca, Triunfo de Federico de Montefeltro duque de UrbinoPalácio dos Ofícios, © portalplanetasedna.com

“Do ponto de vista da composição, esse delicioso trabalho tem como ponto de partida o tema do desfile, também se apóia na visão familiar das festas da época. O carro roda num estrado-

rochedo. É provável que se veja reproduzido aqui quer um episódio das festas de casamento

desse casal principesco, quer, pelo menos, uma descrição baseada no costume da época. A

paisagem cai igualmente em ângulo reto sobre o chão, como uma cortina de fundo. A composição,

entretanto, não tem alas, não tem enquadramento estável. A montagem é, em primeiro lugar, uma

montagem pictórica. O tema é, não o da cena, mas o desfile. Tem-se, mais uma vez, aqui um

bom exemplo um bom exemplo daquilo que chamei de segregação dos planos, isto é a escolha

de um pequeno número de zonas de visão tornadas nítidas sem a notação das passagens ao

contrário do que acontece diante da natureza. Essa arte é essencialmente uma ‘montagem’ que

tem seu ponto de apoio concreto na utilização de um material de objetos, ainda que não sempre

teatrais, pelo menos, de modo geral associados a ritos sociais tradicionais.” (FRANCASTEL,

1990:66)

Conceitos importantes trabalhados na obra que merecem uma reflexão:

• Composição

• Tema do desfile

• Visão familiar das festas

• Paisagem

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• Montagem pictórica

• Segregação dos planos

• Ritos sociais tradicionais

Paolo Uccello O milagre da hóstia (1468) Urbino palácio Ducal. Fragmento de uma predela. © www.epdlp.com

“Uccello conserva a fragmentação das cenas; ele simplesmente varia a orientação dela através

de meios geometricamente mais racionais do que os de Giotto. Todavia, os valores essenciais são,

aqui, míticos: a coluna é um substitutivo da árvore, símbolo da vida, força viril do homem. A

influência do teatro é provada pelo fato de que, essa predela, executada especialmente para a

confraria do Corpus Domini de Urbino é figuração, cena a cena, de um mistério parisiense

transposto para os fins políticos e Federico de Montefeltro. porta-bandeira de Pio II, papa da

cruzada contra os infiéis. (FRANCASTEL, 1990: 52)

Conceitos importantes trabalhados na obra que merecem uma reflexão:

• Fragmentação da cena

• Valores míticos

• Influência do teatro

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Ghirlandaio, A visitação (1485-1490) Florença, Santa Maria Novella.

© uploadwikipedia.org

“Essa obra oferece uma espécie de inventário dos materiais e dos sistemas de que se serviu o

Quattrocento. Os objetos do teatro e da simbologia medieval – rochedos, porta da cidade, estão

associados às figuras vestidas à antiga e às cenas de gênero. O muro transversal, que proporciona

profundidade, integra a lembrança do espaço cúbico dos oratórios medievais ao novo sistema,

que destaca do fundo um palco onde desfilam figuras – moças vestidas às antigas e misturadas

com retratos modernos. Nota-se uma variante muito interessante: por trás do primeiro plano, o

espaço mergulha subitamente, de modo que as figuras pareçam recortadas sobre o fundo”

(FRANCASTEL, 1990:68)

Conceitos importantes trabalhados na obra que merecem uma reflexão:

Inventário dos materiais e dos sistemas

• Simbologia medieval

• Profundidade

• Espaço cúbico

• Fundo

• Primeiro plano

• Figura

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Mantegna, São Sebastião. (1472) Paris, Museu do Louvre.

© uploadwikipedia.org

A aliança entre o homem-herói e a coluna - a verdura acentua a identificação com a árvore –

constitui o ponto de uma especulação que tende a determinar um modo de representação moderno da vida. O arco e a arquitrave lembram a hipótese fundamental do cubo acessório quase

fundamental durante toda a composição plástica desse período. Constata-se aqui a inserção à

direita e à esquerda de duas vedutas. Vê – se claramente como os artistas inventam por

introdução de formula de ateliê. A veduta é também a figuração da vida triunfante a pesar das

ameaças e da ferocidade dos maus, encarnados pelo carrasco. O assunto é a Roma eterna, o

triunfo da vida, o mesmo que o das obras O milagre da hóstia e A visitação. Tema cristão tanto

quanto antigo ou primitivo. O Renascimento o expressa por meio dos novos “objetos” de sua cultura e de sua experiência: o corpo humano, as ruínas.

Conceitos importantes trabalhados na obra que merecem uma reflexão:

• Modo de representação

• Veduta

• Ateliê

• Fórmula de ateliê

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• Figuração

• Objetos de sua cultura e de sua experiência

“Em outras palavras, as obras não são realmente olhadas – pois ver não o mesmo que olhar,

assim como ouvir não é o mesmo que escutar. Ver envolve apenas o esforço de abrir os olhos ;

olhar significa abrir a mente e usar o intelecto. Olhar uma pintura é partir para uma viagem - uma

viagem com muitas possibilidades, incluindo o entusiasmo de partilhar a visão de outra época”

(Robert Cumming, 1996: 6)

Boticcelli, O nascimento de Vênus (1480) Florença, Palácio dos Ofícios

© farm1.static.flicr.com

O contexto

A Lenda:

Vênus é uma das deusas mais conhecidas da Antiguidade, mas a história que diz respeito seu

nascimento no mar é trágica. “Urano (o céu) e Gaia (a terra) haviam se unidos para produzir os

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primeiros seres humanos, chamados titãs. Mas um dos seus filhos, Cronos ou Saturno (o tempo)

castrou seu pai com uma foice. Jogou, então, seus genitais no mar, e da espuma que daí resultou

nasceu Vênus. Note-se que Vênus é seu nome romano; os gregos a chamavam de Afrodite. É a

deusa do amor, da beleza, do riso e do casamento.”

O Quadro:“Este famoso quadro de Botticelli foi revolucionário em sua época, poe ser a primeira pintura

renascentista com tema exclusivamente leigo e mitológico. A admiração pela antiguidade clássica,

isto é, pelas antigas civilizações da Grécia e de Roma, era uma característica básica da

Renascença, e foi um interesse compartilhado por diversos artistas, estudiosos, estadistas,

comerciantes e colecionadores. A família Medici foi um exemplo de patrono das artes ou mecenas.

O nascimento de Vênus , representando um dos mitos clássicos mais pitoresco, nos transporta

para um mundo de sonho e poesia. Vênus, ao centro, está ladeada pelo vento Oeste e por uma

Hora que a acompanha. As figuras alongadas flutuam num fundo plano e simples como se fossem

recortes de papel.”

O Autor:“Botticelli passou quase toda sua vida em Florença, sua cidade natal. Sua única viagem importante

foi em 1481-82, quando trabalhou na decoração da Capela Sistina. Esta encomenda mostra como

era grande sua reputação na época. Contudo morreu na obscuridade e sua fama só ressurgiu no

final do século XIX.”

Os elementos da obra

Cores:

O esquema das cores deste quadro é tão restrito e modesto quanto a própria deusa – os frios

verdes e azuis são contrabalançados pelas áreas suaves, rosadas e cálidas e pelos toques

dourados.

À esquerda de Vênus:

Rosas sagradas de Vênus – Segundo a antiga mitologia, a rosa que é a flor sagrada de Vênus, foi

criada ao mesmo tempo que o nascimento da deusa do amor. A rosa, com sua encantadora beleza

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e fragrância, é o símbolo do amor. Seus espinhos nos lembram que o amor pode ferir.

O vento Oeste

Zéfiro, o Vento Oeste, é o filho da Aurora. É a brisa suave da primavera que impele Vênus até a

praia.

O rapto de Cloris

A ninfa Cloris foi raptada por Zéfiro do jardim das Hesperides. Mas Zéfiro apaixonou por sua vítima,

e ela consentiu em ser sua esposa. Assim, a ninfa elevou-se ao nível de deusa e tornou-se flora

que tinha ‘perpétuo poder sobre as flores’.

Juncos

Os longos e esguios juncos reproduzem a pose e o cabelo dourado da deusa.

A Vênus:

A Vênus de Botticelli representa um ideal de beleza clássica muito admirada no início do

Renascimento, em especial nos círculos intelectuais da Florença. Porém, Botticelli, abranda a

severidade desta imagem ao rodear Vênus de longos cabelos ondulantes.

Estrutura óssea

Botticelli sempre destaca a estrutura dos ossos sob a pele, e os rostos que pinta tem o nariz

elegante, zigomas elevados e uma forte linha do maxilar.

Mãos e pés

É característico da arte de Botticelli o uso de contornos nítidos e precisos, cheios de energia e de

tensão, e de mãos e pés bem cuidados, com longos dedos.

Referências clássicas

Vênus parece feita de puro mármore. Ela imita a pose de uma famosa estátua da Roma antiga;

Botticelli faz assim uma referência erudita que com certeza será reconhecida.

O recato de Vênus

Botticelli escolheu uma pose chamada ‘Vênus Pudica’ em que a deusa esconde castamente o

corpo com as mãos. Outros artistas escolheram uma representação mais sensual, chamada ‘Vênus

Anadyomede’, em que surge nua do mar, secando as longas tranças.

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Olhar longínquo

Os rostos pintados por Botticelli costumam ter uma expressão longínqua, como se estivessem

recolhidos em seu mundo interior e perdidos em pensamentos.

À direita de Vênus:

Laranjeiras

Estas árvores estão carregadas de flores brancas com pontas douradas. As folhas têm nervuras

douradas e os troncos têm também toques dourados., de modo que o bosque parece imbuído da

divina presença de Vênus.

No auge da moda

A Hora traz em torno da cintura um ramo de rosas cor-de-rosa. Em torno dos ombros usa uma

elegante guirlanda de mirta verde, símbolo do amor eterno.

Uma Hora à espera

A elegante ninfa parece receber Vênus. É uma das quatro Horas, espíritos que personificavam as

estações do ano. Seu manto branco flutuante, bordado com flores delicadamente entrelaçadas,

esvoaça ao vento. Ela representa a primavera, a estação do renascimento e da renovação.

Anêmona

Uma única anêmona azul está em flor aos pés da ninfa. Sua presença reforça a idéia de primavera.

“Nunca se acaba de aprender no campo da arte. Há sempre novas coisas a descobrir. As grandes

obras artísticas parecem ter um aspecto diferente cada vez que nos colocamos diante delas.

Parecem ser tão inexauríveis e imprevisíveis quanto seres humanos de carne e ossos. É um

mundo excitante, com suas próprias estranhas leis, suas próprias aventuras.”

(Ernst Gombrich: 1999, 36)

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Leonardo Da Vinci, Santa Ceia© www.ceallankardec.org.br

“Por singular infortúnio, as poucas obras que Leonardo completou chegaram até nós em péssimo

estado de conservação”. Assim quando vemos o que resta do seu famoso mural “A última Ceia”

deviemos imaginar como seria contemplado pelos monges para quem foi pintado. O mural cobre

uma parede de uma sala oblonga que era usada como refeitório pelos monges do monastério de

Santa Maria delle Grazie em Milão. Deve-se visualizar como seria quando a pintura foi descerrada

e quando, lado a lado com as compridas mesas dos monges , surgiu a mesa de Cristo e seus

apóstolos. Nunca o episódio sacro fora apresentado tão próximo e real. Era como se outra sala

fosse acrescentada à deles, na qual a Última Ceia assumia uma forma tangível.

Como era pura a luza que inundava a mesa, e como acrescentava solidez e volume às figuras.

Talvez os monges se impressionassem primeiro pela veracidade e o realismo com que todos os

detalhes estavam retratados, os pratos espalhados sobre a toalha, as pregas destacadas nas

vestes. Então, como agora, as obras de arte eram freqüentemente julgadas pelos leigos de acordo

com o grau de fidelidade à vida real. Mas essa só pode ter sido a primeira reação. Uma vez

suficientemente admirada a extraordinária ilusão da realidade, os monges passariam a considerar

o modo como Leonardo apresentara a história bíblica. Nada havia nesse afresco que se

assemelhasse às representações anteriores do mesmo tema. Nas versões tradicionais, viam-se os

apóstolos calmamente sentados à mesa numa fila – apenas Judas segregado dos demais-,

enquanto Cristo disse: ‘Em verdade vos digo que um dentre vós me trairá.’E eles, muitíssimo

contristados, começaram um por um a perguntar-lhe: ‘Por ventura sou eu, meu Senhor? ’(Mateus

XXVI, 21-2).

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O evangelho de S. João acrescenta: ‘Ora, ali estava, chegando Jesus, um dos seus discípulos,

aquele a quem Ele amava. A esse fez Simão Pedro sinal para que indagasse a quem Ele se

referia.’ (João XIII, 23-4). São essas interrogações e esses sinais que trazem movimento à cena.

Cristo acabou de pronunciar as palavras trágicas, e os que estão ao Seu lado, recuam horrorizados

ao ouvir a revelação. Alguns parecem protestar seu amor a Jesus e sua inocência, outros discutem

gravemente a quem o senhor poderia se referir, outros ainda, parecem aguardar uma explicação

para o que Ele disse. S. Pedro, o mais impetuoso deles, precipita-separa S. João, que se senta à

direita de Jesus. Ao segredar algo ao ouvido de S. João, empurra inadvertidamente Judas para

diante. Judas não está segregado dos demais e, no entanto, parece isolado. É o único que não

gesticula nem faz perguntas. Inclina-se para diante e ergue os olhos com desconfiança ou cólera,

um contraste dramático com a figura de Cristo, calmo e resignado em meio a esse crescente

alvoroço. Quanto tempo teria sido necessário para que os primeiros espectadores se

apercebessem da arte consumada que resultou em toda essa dramática movimentação? Apesar da

excitação causada pelas palavras de Jesus, nada existe de caótico na obra. Os doze apóstolos

parecem dividir-se muito naturalmente em quatro grupos de três, ligados, mutuamente, por gestos

e movimentos. Há tanta ordem nessa variedade e tanta variedade nessa ordem que ninguém pode

esgotar inteiramente o jogo harmonioso entre movimento e contramovimento. (...) Recordemos que

os artistas dessa geração tinham batalhado para combinar as exigências do realismo com as do

padrão convencional. Leonardo resolveu o problema com desenvoltura. Se esquecermos por um

instante o que a cena representa, poderemos ainda deliciar-nos com o belo padrão formado pelas

figuras. A composição parece ter aquele equilíbrio descansado e aquela harmonia que tinha nas

pinturas góticas, e que artistas como Rogier van der Weyden e Botticelli, cada um a seu modo,

haviam tentado reconquistar para a arte. Mas Leonardo não considerou necessário sacrificar a

correção do desenho ou a exatidão da observação às exigências de um delineamento satisfatório.

Se esquecermos a beleza da composição, sentimo-nos subitamente diante de um fragmento da

realidade tão fidedigna e tão impressionante quanto a que vimos nas obras de Masaccio e

Donatello. E mesmo essa realização extraordinária mal chega a tocar a verdadeira grandeza da

obra. Com efeito, para além de questões técnicas como a segurança do desenho e a composição,

devemos admirar a profunda intuição de Leonardo sobre a natureza íntima do comportamento e

das relações dos homens, e o poder de imaginação que o habilitou a colocar a cena diante dos

nossos olhos. Uma testemunha ocular diz-nos que viu freqüentemente Leonardo Trabalhando na

Ultima Ceia. Subia no andaime e aí ficava ereto por dias inteiros, os braços cruzados, apenas

olhando com olho crítico o que já tinha feito, ante de aplicar outra pincelada. Foi o resultado desse

pensamento que ele nos legou, e, mesmo em sua condição deteriorada. ‘A última Ceia’ continua

sendo um dos grandes milagres produzidos pelo gênio humano.”

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O RenascimentoOs Artistas

Para estudar a vida e as obras dos artistas renascentistas recomendamos pesquisar

o site da wikipedia:

http://pt.wikipedia.org/wiki/categoria:pintores-do-renascimento

http://wikipedia.org/wiki/pintura-do-renascimento

Uma outra possibilidade para visualizar as diferentes obras desse período, pesquisem

o item desejado (por exemplo obras do Renascimento) e cliquem em IMAGENS.

Artistas mais conhecidos que participaram da produção renascentista italiana:

Primeiro período

MASACCIO

Masaccio, A Santíssima Trindade. © www.csupomona.edu.com

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DONATELLO

Donatello, Maria Madalena (1455) Escultura em bronze© www.oceanru.com

BOTTICELLI

Boticcelli, Jovem Moça © blog.vdare.com

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Período posterior

LEONARDO DA VINCI

Leonardo da Vinci, Monalisa © www.ezmuseum.com

MICHELANGELO

Michelangelo Buonarroti, A criação do homem© webexibits.org

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RAFAEL

Raphael Sanzio, A alva Madona, c. 1510.

© omelhordaleitura.blogspot.com

TICIANO

Ticiano, 1511-2 As Três Idades do HomemThe National Gallery of Scotland, Edimburgh

© www.fflch.usp.br

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Artistas mais conhecidos que participaram da produção renascentista da Europa do norte:

JAN VAN EYKE

Van Eyke, Casal Arnolfini, final 400© raizdotempo.blogspot.com

BOSCH

Hyeronimus Bosch, O Jardim das Delicias,Painel Central, 1505-1510

© www.ufmg.br

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BRUEGEL

Bruegel, Jogos de Crianças (1560)

© www.artchive.com

Artistas mais conhecidos que participaram da produção renascentista germânica:

HOLBEIN

Hans Holbein, Os embaixadores, 1533© www.usm.maine.htm

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DURER

Albrecht Durer, Coelho (1507)© www.ccs.neu.edu

As artes gráficas

Durante o Renascimento, surgiram formas de artes gráficas como a da xilogravura e a

da litogravura. Embora já conhecida na China (como é o caso da xilogravura), é

durante o século XV que essas técnicas surgiram e se afirmaram na Europa. A

xilogravura e a litogravura foram técnicas fundamentais no processo de reprodução e

divulgação das obras dos artistas desse período.

A Impressão nas artes gráficas

Por W.H. Janson

A principal contribuição alemã à arte do século XV foi o desenvolvimento da

impressão, tanto de quadros quanto de livros. Os primeiros livros impressos com

caracteres topográficos foram produzidos na Renânia, logo após 1450. A nova técnica

difundiu-se por toda a Europa, transformando-se numa indústria que teve os mais

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profundos efeitos sobre a civilização ocidental. As pinturas impressas, no entanto,

também foram importantes; sem elas, o livro impresso não poderia ter substituído o

trabalho do copista e do iluminador medieval tão rápida e completamente. A mais

antiga técnica de impressão pictórica é a xilogravura, feita a partir de pranchas de

madeiras gravadas em relevo.

O Renascimento

A arquitetura do espaço

DICA INTERESSANTE:

Os quatro R’s da arquitetura renascentista

Por Carol Stricland

Os quatro Rs da arquitetura renascentista são Roma, Regras, Razão e aRitmética (do

inglês Rithmetic).

RomaEm conformidade com sua paixão pelos clássicos, os arquitetos renascentistas

mediam sistematicamente as ruínas romanas para copiar o estilo e a proporção.

Retomaram elementos como arco pleno, construção em concreto, domo redondo,

pórtico, abóbada cilíndrica e colunas.

Regras Dado que os arquitetos se consideravam mais estudiosos do que os construtores

baseavam seus trabalhos nas teorias apresentadas nos diversos tratados. As regras

estéticas formuladas por Alberti tinham ampla aceitação.

Razão As teorias enfatizavam a base racional contida nas ciências, na matemática e na

engenharia. A razão pura substituía a mentalidade mística da Idade Média.

ARitmética Os arquitetos dependiam da aritmética para produzir a beleza e a harmonia. Um

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sistema de proporções ideais assentava as partes de um edifício em relações

numéricas, como a razão 2/1 para uma nave com altura igual ao dobro da largura da

igreja. As plantas dos prédios se baseavam em formas geométricas, principalmente no

círculo e no quadrado.

© es.wikipedia.org© blog.uncovering.org

A Basílica de São Pedro é o principal edifício do Vaticano, estado soberano dentro de

Roma. Sua construção foi iniciada em 1506 e terminada em 1626. A cúpula desenhada

por Michelangelo é uma das características da produção arquitetônica renascentista.

Para os arquitetos da Renascença, a maior preocupação era a criação de espaços

compreensíveis de todos os ângulos visuais. Uma das principais características da

arquitetura renascentista foi a necessidade de buscar nas medidas e nas proporções

uma ordem visual e uma harmonia entre as formas construídas a partir de leis

matemáticas. Um dos arquitetos mais importantes foi Filippo Brunelleschi (1377-1446) que além de arquiteto foi pintor, escultor, conhecedor de poesia,

matemática e geometria. Um dos seus trabalhos mais conhecidos é a cúpula da

catedral de Florença da igreja de Santa Maria del Fiore. Famoso é, também, o hospital

dos Inocentes e a Capela dei Pazzi.

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Cappellla dei Pazzi de Brunelleschi© web.kyoto-inet.or.jp

O RenascimentoA escultura no Renascimento

Por volta da metade do século XV, com a volta dos papas de Avinhão para Roma, a

cidade retomou o antigo prestigio. Protetores das artes, os papas passam a residir no

Vaticano onde grandes escultores se revelaram. Um dos mais importantes foi

Michelangelo que dominou quase toda a escultura italiana do século XVI. Algumas das

suas obras: Moisés, Davi (4,10m) e a Pietá.

Um outro grande escultor desse período foi Andrea del Verrochio. Esse artista

trabalhou também na ourivesaria e esse fato acabou influenciando sua produção

escultórica. Uma obra que podemos destacar: Davi (1,26m) em bronze.

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Michelangelo, David, escultura em mármore, c.1501-1504Academia de Belas Artes, Florença

© www.unicamp.br

As principais características da escultura do período renascentista:

Representação do homem tal como ele é na realidade

Utilização da proporção da figura mantendo a sua relação com a realidade

Uso da perspectiva para representar a profundidade

Ênfase no estudo do corpo e do caráter humano

É possível dizer que a escultura foi uma das formas de expressão artística que melhor

representa o conceito humanista no Renascimento. Os artistas utilizando-se da

perspectiva e do estudo das proporções geométricas, dedicavam-se à representação

das figuras humanas. Essas, como foi visto na escultura gótica, estavam, até então,

relegadas a segundo plano, acopladas às paredes ou capitéis. No renascimento a

escultura ganhou uma nova independência e a obra, que agora era colocada acima de

uma base, podia ser apreciada, pelas pessoas, de todos os ângulos (conceito retomado

com ênfase na arquitetura).

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Michelangelo Buonarroti, Pietá© galactidades.blogs.sapo.pt

Na produção escultórica enfatizavam-se:

a expressão corporal

a expressão facial

o equilíbrio entre as partes do corpo

as proporções ideais

os sentimentos (especialmente no período tardio)

a relação com o espaço em volta da escultura

a finalidade da produção escultórica

No que diz respeito à escultura, lembramos que mesmo contrariando o pensamento

moralizante de cunho cristão da época, a representação do nu voltou a ser

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considerada e realizada como possibilidade escultórica, refletindo a tendência

naturalista. Encontramos também, nesse momento, diferentes obras que abordavam a

temática mitológica repropondo histórias e personagens elaborados na antiga Grécia.

Nesse período deu-se uma grande ênfase à produção de bustos e figuras eqüestres (figura humana montada sobre um cavalo) utilizadas como forma de homenagear as

autoridades da época. Nessa produção os escultores renascentistas se inspiraram

diretamente nos modelos clássicos onde as figuras humanas eram representadas de

forma harmoniosa demonstrando um profundo estudo da anatomia.

Importantes escultores renascentistas:

MICHELANGELO

Michelangelo, Madonna e a criança (1501-1505)© gropius.org

LORENZO GHIBERTI

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Painel original da Porta do Paraíso do Batistério de São João em Florença,

representando a história do sacrifício de Isaac. Lorenzo Ghiberti, Museo dell'Opera del Duomo© pt.wikipedia.org

ANDREA DEL VERROCCHIO

Andrea del Verrocchio

Cristo e São Tomás (A incredulidade de São Tomás), 1467-1483Museu de Orsanmichele, Florença

www.nga.gov

ANTONIO PALLAIUOLO

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Escultura de Antonio Pollaiuolo, "Hercules e Anteu" c.1475© bjornsmestad.blogspot.com

LUCA DELLA ROBBIA

Luca Della Robbia, “Madona no nicho” (1440-1460)

www.jayneshatzpottery.com

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