[Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

download [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

of 84

Transcript of [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    1/84

    1

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    2/84

    2

    LIVRO:INSTRUMENTO DE

    LIBERDADE E PODERVimos, neste espao, com muito orgulho literrio, apresentar a coleo A Obra-prima de

    cada Autor, um ambicioso projeto editorial idealizado e realizado pelo editor Martin Claret.

    Pelas nossas pesquisas de campo constatamos que, apesar de crises e turbulnciaseconmicas, o brasileiro atualmente est lendo mais.

    Comeamos a compreender que conhecimento liberdade e poder: mais e mais as pessoasesto buscando informaes de todos os tipos. Nesse contexto, o livro, em seus vrios formatos,cada vez mais refora sua verdadeira funo informar e transformar.

    O presente projeto foi construdo sobre estatsticas e potencialidades. Quantitativamente aproposta de 400 ttulos de autores clssicos, nacionais e estrangeiros nos campo da fico e no-

    fico, abrangendo todas as reas do conhecimento humano.O critrio de seleo dos ttulos foi o j estabelecido pela tradio e pela crtica especializada.

    Em formato de bolso, com periodicidade semanal, com alta qualidade grfica, e a preos acessveis,esta srie de livros vem preencher uma lacuna editorial: livros clssicos e de leitura obrigatria,muitos adotados em universidades, que estavam (a maioria), ausentes de nossas livrarias e pontosalternativos de venda.

    Nossa misso oferecer aos leitores brasileiros uma alternativa de leitura altamentequalificada e de fcil acesso.

    A coleo est aberta a sugestes de ttulos e quaisquer outros tipos de sugestes para

    aperfeioar nosso trabalho editorial.Revolucione-se culturalmente: leia mais para ser mais!

    CONSIDERAES INICIAISEsta obra foi digitalizada pelo grupo Digital Source para proporcionar, de maneira totalmente

    gratuita, o benefcio de sua leitura queles que no podem compr-la ou queles que necessitam demeios eletrnicos para ler.

    Dessa forma, a venda deste e-book ou at mesmo a sua troca por qualquer contraprestao

    totalmente condenvel em qualquer circunstncia.A generosidade e a humildade a marca da distribuio, portanto distribua este livro

    livremente.

    Aps sua leitura considere seriamente a possibilidade de adquirir o original, pois assim voc

    estar incentivando o autor e a publicao de novas obras.

    http://groups.google.com/group/digitalsource

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    3/84

    3

    CRDITOS

    Copyrightdesta traduo: Editora Martin Claret, 2005

    IDEALIZAO ECOORDENAO

    Martin Claret

    CAPA

    IlustraoMarcellin Talbot

    MIOLOReviso

    M de Ftima C. A. Madeira

    Traduo

    Pietro Nassetti

    Projeto Grfico

    Jos Duarte T. de Castro

    Direo de Arte

    Jos Duarte T. de Castro

    Digitao

    Graziella Gatti Leonardo

    Editorao Eletrnica

    Editora Martin Claret

    Fotolitos da Capa

    OESP

    Papel

    Off-Set, 70g/m2

    Impresso e Acabamento

    Paulus Grfica

    Editora Martin Claret Ltda. Rua Alegrete, 62 Bairro Sumar

    CEP: 01254-010- So Paulo SPTel.: (Oxx11) 3672-8144 Fax: (Oxx11) 3673-7146

    www.martinciaret.com.br

    Agradecemos a todos os nossos amigos e colaboradores pessoas fsicas e jurdicas que deram ascondies para que fosse possvel a publicao deste livro.

    Este livro foi impresso na primavera de 2005.

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    4/84

    4

    P R E F C I O

    A histria do livro e acoleo A Obra-Prima de Cada Autor

    MARTIN CLARET

    Q ue o livro? Para fins estatsticos, na dcada de 60, a UNESCO considerou o livro umapublicao impressa, no peridica, que consta de no mnimo 48 pginas, sem contar as capas. Olivro um produto industrial.

    Mas tambm mais do que um simples produto. O primeiro conceito que deveramos reter o de que o livro como objeto o veculo, o suporte de uma informao. O livro uma das mais

    revolucionrias invenes do homem.A Enciclopdia Abril (1972), publicada pelo editor e empresrio Victor Civita, no verbete

    livro traz concisas e importantes informaes sobre a histria do livro. A seguir, transcrevemosalguns tpicos desse estudo didtico sobre o livro:

    O livro na Antiguidade

    Antes mesmo que o homem pensasse em utilizar determinados materiais para escrever (como,por exemplo, fibras vegetais e tecidos), as bibliotecas da Antiguidade estavam repletas de textosgravados em tabuinhas de barro cozido. Eram os primeiros livros, depois progressivamentemodificados at chegar a ser feitos em grandes tiragens em papel impresso mecanicamente,proporcionando facilidade de leitura e transporte. Com eles, tornou-se possvel, em todas as pocas,transmitir fatos, acontecimentos histricos, descobertas, tratados, cdigos ou apenas entretenimento.

    Como sua fabricao, a funo do livro sofreu enormes modificaes dentro das mais diversassociedades, a ponto de constituir uma mercadoria especial, com tcnica, inteno e utilizaodeterminadas. No moderno movimento editorial das chamadas sociedades de consumo, o livro podeser considerado uma mercadoria cultural, com maior ou menor significado no contextosocioeconmico em que publicado. Como mercadoria, pode ser comprado, vendido ou trocado.Isso no ocorre, porm, com sua funo intrnseca, insubstituvel: pode-se dizer que o livro essencialmente um instrumento cultural de difuso de idias, transmisso de conceitos,

    documentao (inclusive fotogrfica e iconogrfica), entretenimento ou ainda de condensao eacumulao do conhecimento. A palavra escrita venceu o tempo, e o livro conquistou o espao.Teoricamente, toda a humanidade pode ser atingida por textos que difundem idias que vo deScrates e Horcio a Sartre e McLuhan, de Adolf Hitler a Karl Marx.

    Espelho da sociedade

    A histria do livro confunde-se, em muitos aspectos, com a histria da humanidade. Sempreque escolhem frases e temas, e transmitem idias e conceitos, os escritores esto elegendo o queconsideram significativo no momento histrico e cultural que vivem. E assim, fornecem dados para

    a anlise de sua sociedade. O contedo de um livro aceito, discutido ou refutado socialmente integra a estrutura intelectual dos grupos sociais.

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    5/84

    5

    Nos primeiros tempos, o escritor geralmente vivia em contato direto com seu pblico, que eraformado por uns poucos letrados, j cientes das opinies, idias, imaginao e teses do autor, pelaprpria convivncia que tinha com ele. Muitas vezes, mesmo antes de ser redigido o texto, as idiasnele contidas j haviam sido intensamente discutidas pelo escritor e parte de seus leitores. Nessapoca, como em vrias outras, no se pensava no enorme percentual de analfabetos. At o sculoXV, o livro servia exclusivamente a uma pequena minoria de sbios e estudiosos que constituam os

    crculos intelectuais (confinados aos mosteiros no incio da Idade Mdia) e que tinham acesso sbibliotecas, cheias de manuscritos ricamente ilustrados.

    Com o reflorescimento comercial europeu em fins do sculo XIV, burgueses e comerciantespassaram a integrar o mercado livreiro da poca. A erudio laicizou-se, e o nmero de escritoresaumentou, surgindo tambm as primeiras obras escritas em lnguas que no o latim e o grego(reservadas aos textos clssicos e aos assuntos considerados dignos de ateno).

    Nos sculos XVI e XVII, surgiram diversas literaturas nacionais, demonstrando, alm doflorescimento intelectual da poca, que a populao letrada dos pases europeus estava maiscapacitada a adquirir obras escritas.

    Cultura e comrcio

    Com o desenvolvimento do sistema de impresso de Gutenberg, a Europa conseguiudinamizar a fabricao de livros, imprimindo, em cinqenta anos, cerca de vinte milhes deexemplares para uma populao de quase cem milhes de habitantes, a maioria analfabeta. Para apoca, isso significou enorme revoluo, demonstrando que a imprensa s se tornou uma realidadediante da necessidade social de ler mais.

    Impressos em papel, feitos em cadernos costurados e posteriormente encapados, os livrostornaram-se empreendimento cultural e comercial: os editores passaram logo a se preocupar commelhor apresentao e reduo de preos. Tudo isso levou comercializao do livro. E os livreiros

    baseavam-se no gosto do pblico para imprimir, sobretudo, obras religiosas, novelas, colees deanedotas, manuais tcnicos e receitas.

    O percentual de leitores no cresceu na mesma proporo que a expanso demogrficamundial. Somente com as modificaes socioculturais e econmicas do sculo XIX quando olivro comeou a ser utilizado tambm como meio de divulgao dessas modificaes, e oconhecimento passou a significar uma conquista para o homem, que, segundo se acreditava, poderiaascender socialmente se lesse houve um relativo aumento no nmero de leitores, sobretudo naFrana e na Inglaterra, onde alguns editores passaram a produzir, a preos baixos, obras completasde autores famosos. O livro era ento interpretado como smbolo de liberdade, conseguida porconquistas culturais. Entretanto, na maioria dos pases, no houve nenhuma grande modificao nos

    ndices percentuais at o fim da Primeira Guerra Mundial (1914/18), quando surgiram as primeirasgrandes tiragens de livros, principalmente romances, novelas e textos didticos. O nmero elevadode cpias, alm de baratear o preo da unidade, difundiu ainda mais a literatura. Mesmo assim, amaior parte da populao de muitos pases continuou distanciada, em parte porque o livro, em si,tinha sido durante muitos sculos considerado objeto raro, passvel de ser adquirido somente por umpequeno nmero de eruditos. A grande massa da populao mostrou maior receptividade aos

    jornais, peridicos e folhetins, mais dinmicos e atualizados, alm de acessveis ao poder aquisitivoda grande maioria.

    Mas isso no chegou a ameaar o livro como smbolo cultural de difuso de idias, comofariam, mais tarde, o rdio, o cinema e a televiso.

    O advento das tcnicas eletrnicas, o aperfeioamento dos mtodos fotogrficos e a pesquisade materiais praticamente impere -cveis fazem alguns tericos da comunicao de massa pensar emum futuro sem os livros tradicionais, com seu formato quadrado ou retangular, composto de folhas

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    6/84

    6

    de papel, unidas umas s outras por um dos lados.

    Seu contedo e suas mensagens, racionais ou emocionais, seriam transmitidos por outrosmeios, como, por exemplo, microfilmes e fitas gravadas.

    A televiso transformaria o mundo inteiro em uma grande aldeia (como afirmou MarshallMcLuhan), no momento em que todas as sociedades decretassem sua prioridade em relao aos

    textos escritos.Mas a palavra escrita dificilmente deixaria de ser considerada uma das mais importantes

    heranas culturais, para todos os povos.

    E no decurso de toda a sua evoluo, o livro sempre pde ser visto como objeto cultural(manusevel, com forma entendida e interpretada em funo de valores plsticos) e smbolo cultural(dotado de contedo, entendido e interpretado em funo de valores semnticos). As duas maneiraspodem fundir-se no pensamento coletivo, como um conjunto orgnico (em que texto e arte secompletam, como, por exemplo, em um livro de arte) ou apenas como um conjunto textual (no quala mensagem escrita vem em primeiro lugar em um livro de matemtica, por exemplo).

    A mensagem (racional, prtica ou emocional) de um livro sempre intelectual e pode ser

    revivida a cada momento.O contedo, esttico em si, dinamiza-se em funo da assimilao das palavras pelo leitor,

    que pode discuti-las, reafirm-las, neg-las ou transform-las. Por isso, o livro pode ser consideradoum instrumento cultural capaz de liberar informao, sons, imagens, sentimentos e idias atravs dotempo e do espao.

    A quantidade e a qualidade das idias colocadas em um texto podem ser aceitas por umasociedade, ou por ela negadas, quando entram em choque com conceitos ou normas culturalmenteadmitidas.

    Nas sociedades modernas, em que a classe mdia tende a considerar o livro como sinal de

    status e cultura (erudio), os compradores utilizam-no como smbolo mesmo, desvirtuando suasfunes ao transform-lo em livro-objeto.

    Mas o livro , antes de tudo, funcional seu contedo que lhe confere valor (como oslivros das cincias, de filosofia, religio, artes, histria e geografia, que representam cerca de 75%dos ttulos publicados anualmente em todo o mundo).

    O mundo l mais

    No sculo XX, o consumo e a produo de livros aumentaram progressivamente. Lanadologo aps a Segunda Guerra Mundial (1939/45), quando uma das caractersticas principais da

    edio de um livro eram as capas entreteladas ou cartonadas, o livro de bolso constituiu um grandexito comercial. As obras sobretudo best-sellers publicados algum tempo antes em edies deluxo passaram a ser impressas em rotativas, como as revistas, e distribudas s bancas de jornal.Como as tiragens elevadas permitiam preos muito baixos, essas edies de bolso popularizaram-see ganharam importncia em todo o mundo.

    At 1950, existiam somente livros de bolso destinados a pessoas de baixo poder aquisitivo; apartir de 1955, desenvolveu-se a categoria do livro de bolso de luxo. As caractersticas principaisdestes ltimos eram a abundncia de colees em 1964 havia mais de duzentas nos EstadosUnidos e a variedade de ttulos, endereados a um pblico intelectualmente mais refinado.

    A essa diversificao das categorias adiciona-se a dos pontos-de-venda, que passaram a

    abranger, alm das bancas de jornal, farmcias, lojas, livrarias, etc. Assim, nos Estados Unidos, onmero de ttulos publicados em edies de bolso chegou a 35 mil em 1969, representando quase35% do total dos ttulos editados.

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    7/84

    7

    Proposta da coleoA Obra-Prima de Cada Autor

    A palavra coleo uma palavra h muito tempo dicionarizada, e define o conjunto oureunio de objetos da mesma natureza ou que tm qualquer relao entre si. Em um sentidoeditorial, significa o conjunto no-limitado de obras de autores diversos, publicado por uma mesma

    editora, sob um ttulo geral indicativo de assunto ou rea, para atendimento de segmentos definidosdo mercado.

    A coleo A Obra-Prima de Cada Autor corresponde plenamente definio acimamencionada. Nosso principal objetivo oferecer, em formato de bolso, a obra mais importante decada autor, satisfazendo o leitor que procura qualidade.*

    Desde os tempos mais remotos existiram colees de livros. Em Nnive, em Prgamo e naAnatlia existiam colees de obras literrias de grande importncia cultural. Mas nenhuma delassuperou a clebre biblioteca de Alexandria, incendiada em 48 a.C. pelas legies de Jlio Csar,quando estes arrasaram a cidade.

    A coleo A Obra-Prima de Cada Autor uma srie de livros a ser composta de mais de 400volumes, em formato de bolso, com preo altamente competitivo, e pode ser encontrada emcentenas de pontos-de-venda. O critrio de seleo dos ttulos foi o j estabelecido pela tradio epela crtica especializada. Em sua maioria, so obras de fico e filosofia, embora possa havertextos sobre religio, poesia, poltica, psicologia e obras de auto-ajuda. Inauguram a coleo quatrotextos clssicos: Dom Casmurro, de Machado de Assis; O Prncipe, de Maquiavel; Mensagem, deFernando Pessoa e O Lobo do Mar, de Jack London.

    Nossa proposta fazer uma coleo quantitativamente aberta. A periodicidade mensal.Editorialmente, sentimo-nos orgulhosos de poder oferecer a coleo A Obra-Prima de Cada Autoraos leitores brasileiros. Ns acreditamos na funo do livro.

    * Atendendo a sugestes de leitores, livreiros e professores, a partir de certo nmero da coleo, comeamosa publicar, de alguns autores, outras obras alm da sua obra-prima.

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    8/84

    8

    A ti,a quem j pertence

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    9/84

    9

    Prefcio

    DRCIO DEZOLT

    Como entender o sucesso das obras de Joel S. Goldsmith?Como explicar com que facilidade expe, nas entrelinhas de suas obras, a profunda verdadetranscendental? O trecho transcrito a seguir, de sua autoria, certamente tem a ver com as respostas atais perguntas: "Ningum possui uma mensagem pessoal. No existe o que chamaramos demensageiro de Deus. Deus Seu prprio mensageiro, e aparece conscincia humana no exatoinstante da demonstrao". Por "demonstrao" entende-se "cura espiritual".

    Goldsmith impersonalizava as revelaes. Suas aulas e palestras tinham como preparo apenasuma atitude de silncio e escuta, at que as mensagens flussem pela sua mente transparente verdade. E o material gravado em fitas foi sendo compilado, editado e publicado em livros. A frasedo Salmo 127, que diz: "Se o Senhor no edificar a casa, em vo trabalham os que edificam"

    presena obrigatria na abertura de todos os seus ttulos. O presente volume, O Caminho Infinito,recebe o nome que tambm foi escolhido para ser a expresso que define todo o seu trabalho dedivulgao da Verdade, e teve grande parte de seu contedo, escrito de prprio punho pelo autor. Ocaptulo das "Sabedorias", por exemplo, encerra uma compilao de revelaes esparsas queGoldsmith colecionou ao longo de sua trajetria espiritual. So frases que lhe vinham a qualquerhora do dia ou da noite, e que eram anotadas, uma a uma, como verdadeiros tesouros. O leitoratento, e desejoso de discernir a Realidade divina, por certo ir perceber a importncia e o valor queeste captulo representa ao lado de todos os demais.

    Tomei conhecimento de Goldsmith alguns anos aps ter passado por algumas experinciasespirituais profundas. Dividia meu tempo entre a busca da Verdade e as atividades da profisso de

    engenheiro, que na poca exercia. Estando a negcios no sul do Brasil, fazendo hora num aeroportoe aguardando chamada para o vo, eis que, passando pela livraria, pude notar o seguinte ttulo: AArte de Curar pelo Esprito. Nessa poca, toda literatura sobre iluminao espiritual chamava-me aateno. Queria achar mais algum que tivesse passado por experincias interiores iguais s minhas.Assim, adquiri o livro e, para minha surpresa, pude observar a pureza, a simplicidade e aprofundidade com que os temas elevados eram desenvolvidos. Maravilhosas e oportunas eramtambm as palavras de abertura escritas pelo tradutor, o Prof. Huberto Rohden. Gostaria de registraro seguinte trecho: "H quase dois mil anos que o maior dos curadores disse: 'Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertar', e h quase vinte sculos que os homens vivem escravizados pelainverdade; ouviram a mensagem da Verdade libertadora, creram nela, repetiram-na em discursos,sermes e livros, mas no a realizaram na sua vida diria e no foram libertos de seus males, porque

    no se libertaram das suas maldades pelo poder do Esprito. chegada a hora de tomarmos a srio amensagem do Cristo e realizarmos o homem crstico, em esprito e verdade o homem de perfeitasantidade, sapincia e sanidade o homem integral". Creio que estas palavras so ainda maisoportunas nos dias atuais. A partir de ento, a obra de O Caminho Infinito mereceu de minha parteuma ateno toda especial, at que, posteriormente, acabei por conhecer praticamente todos osescritos de Goldsmith.

    A obra de O Caminho Infinito se compe de trs pontos bsicos: a natureza de Deus, anatureza do ser individual e a natureza da iluso. Os princpios vo contra tudo aquilo que a mentehumana condicionada costuma aceitar. Goldsmith mantinha, ele prprio, livros de sua autoria paraserem lidos e relidos. Digo isto porque h pessoas que lem livros de auto-realizao como se

    lessem um romance, do incio ao fim, uma nica vez, e saem em busca de outros livros pararepetirem este esquema. A coisa no funciona assim. Cada revelao deve ser reconhecida comovlida para o leitor exatamente neste aqui e agora. Como o livro fala por si mesmo, estou

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    10/84

    10

    preferindo, neste prefcio, falar sobre como ele deve ser encarado, para que seu contedo no fiquesomente no mbito terico ou intelectual. Voltemos s palavras do Prof. Rohden: " chegada a horade tomarmos a srio a mensagem do Cristo!". Se assim fizermos, o livro ter cumprido o seuobjetivo. Que objetivo? Revelar a natureza divina do suposto ser humano. Trata-se de um obra para,alm de ser lida, ser principalmente vivida na prtica. Era da vontade do autor que estes princpiosfossem conhecidos e praticados por seguidores de todas as religies ou denominaes, a exemplo de

    Jesus que disse: "Quem no contra ns por todos ns." (Lucas, 9:50).Goldsmith sabia bem a diferena entre imortalidade e longevidade. Aps anos de bem-

    sucedida carreira de prtica de cura espiritual, chegou concluso de que nada estava fazendo,seno adiar as datas a serem postas nos tmulos de seus pacientes. Assim, passou a se dedicar maisao ensino da Realidade absoluta, transmitindo aos interessados o conhecimento de que, sendo ohomem a prpria individuao de Deus, ele a prpria imortalidade.

    Joel S. Goldsmith fez sua "transio" em 17 de junho de 1964. Em mensagem deixada comsua esposa, Emma, disse "estar preparado para realizar maiores obras por detrs do cenrio". Mas,no meu entender, tambm no cenrio visvel estas obras continuam presentes, pois, cada um de seuslivros um "Goldsmith", tal a unidade que sinto haver entre ele, suas obras, e Deus.

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    11/84

    11

    Palavras de umcolaborador

    Este livro nos lembra de que o grande Poder necessrio para dissipar o erro que noscircunda pode ser encontrado dentro de ns mesmos e mostraremos como isso pode serconseguido.

    Como nunca, anteriormente, buscamos algo que nos liberte do medo, da ansiedade e dosperigos da vida material. Sabemos que o que quer que seja que nos traga repouso mental e paz deesprito no se encontra no reino do pensamento humano.

    Vivemos na iluso de que as foras materiais e a vontade humana sejam grandes poderes, atque aprendemos que o poder que dissipa tal iluso reside dentro do nosso prprio ser.

    Dentro da nossa conscincia h a "Paz e a quietude" que podem acalmar qualquer tempestadeda vida, sanar nossos males, e elevar-nos para alm das contendas e fadigas da existncia humana.

    Nosso papel est em reconhecer a sua presena dentro de ns e deixar que cumpra o seutrabalho.

    Este Poder universal da Verdade, da Vida e do Amor nos pertence independentemente de qualseja a igreja que freqentamos ou a filosofia que seguimos. Ele mora no mago de cada indivduo,seja santo ou pecador, esperando apenas ser reconhecido.

    A conscincia de que o poder humano no regula o sol e as estrelas no cu, o fruto da terra, eo adejar das aves no ar, a f suficiente para remover montanhas de discrdias. Nenhuma f maiorser necessria.

    O que podemos fazer para nos salvarmos dos males e do terror de nossos dias? Deixe a

    mensagem deste livro preencher sua conscincia com seu significado espiritual, e tenha pacincia;deixe a harmonia da existncia espiritual desabrochar do seu interior e gui-lo para longe daescravido dos sentidos, para a terra prometida da paz.

    Joel S. Goldsmith, autor deste livro, buscou a Verdade em todas as grandes religies efilosofias. Dedicou muitos anos prtica da cura e aconselhamento em todos os contingentes davida humana.

    Seu desenvolvimento da Luz Interior popularizou-se atravs de suas Cartas, que tiveramampla circulao por diversos anos. Formaram-se grupos de estudo por todos os Estados Unidospara o aprofundamento nos escritos de Goldsmith.

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    12/84

    12

    Introduo

    JOHN VAN DRUTEN

    Sentado diante de uma folha de papel em branco, pensando no que iria escrever comointroduo para este livro que conheo to bem, folheei suas pginas em busca de alguma frase oupassagem que me servisse como incio; percebi que meus pensamentos galopavam para longe, parao mistrio fundamental da minha profisso de escritor o mistrio de como comeou a me chegaro fluxo de palavras, destas palavras que iria escrever, das palavras que escrevo agora. Precisomesmo dizer que esta no foi a primeira vez que esta questo me surgiu; alis, ela ressurge toda vezque me encontro sem idia do que irei escrever a seguir, e me faz indagar de onde elas me vm, osmuitos milhares de palavras e pensamentos que escrevi, reproduzidas pela imprensa ou expostas emum palco.

    Este o tipo de pergunta que algum se faz apenas em tais momentos de perplexidade; namaior parte das vezes, tomamos como bvias estas coisas que so na realidade os milagres diriosda vida, tais como o brotar e o crescer, espalhar sementes num jardim e no se maravilhar quesurjam flores destas coisinhas pretas, no prximo vero.

    Esta atitude aquela que G.K. Chesterton sempre censurava ao mundo, por tornar seusmistrios e seus milagres como coisas corriqueiras. Este o tema do seu pouco conhecido trabalho

    Manalive, cujo heri vivia em estado de permanente deslumbramento diante do milagre da vida eera to ansioso para manter vivo tal deslumbramento que deu a volta ao mundo para reviver aemoo de chegar sua prpria casa, diante da sua porta, cortejar, raptar e casar com sua prpriamulher, com seis nomes diferentes, de modo a nunca deixar murchar a incrvel maravilha que oamor.

    E trgico que ns vivamos neste estado de passividade, embora as necessidades da vida diriapaream solicitar a continuidade de nossos negcios ou trabalho. Usei "paream" propositalmente,pois eu acho que, de fato, a verdade exatamente o contrrio, e aquilo que foi chamado de uma"vida plena e rica" impossvel de acontecer nessas bases.

    Mesmo uma vida comum e montona torna-se difcil; seus mecanismos enguiam e asadversidades e infortnios tornam-se slidos obstculos contra os quais se quebra inutilmente acabea.

    Nesses momentos, o homem comea a se questionar sobre o mundo em que vive buscandoexplicaes, socorro ou apoio.

    As religies, em suas formas convencionais que apresentam um Deus pessoal, a quem so

    dirigidas as preces e peties, provaram ser estreis e conduzem a uma resignao piedosa esombria; e a filosofia do puro materialismo, aceitando que "as coisas so assim mesmo", levaapenas a um calamitoso desespero.

    Algo mais se faz necessrio; sempre foi necessrio e, embora sempre esteja presente, pareceque os homens nunca o encontram.

    Este algo escapou ao homem por entre os escritos dos que buscaram a Verdade sobre o eternomistrio, desde os orientais Lao-Ts e Shankara, passando por Jesus, pelos msticos europeus daIdade Mdia e pelos pensadores do Novo Mundo.

    Em essncia, ensinaram todos as mesmas coisas e por isso Aldous Huxeley chamou a sua

    Antologia do Pensamento Religioso de Filosofia Eterna.Mas as respostas, embora tenham sido reveladas, ficaram distantes, "l longe", desligadas do

    viver quotidiano do homem e de seus fatos e disso resultou um tipo de esnobismo infeliz, como se

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    13/84

    13

    fosse errado esperar da vida resultados prticos e tangveis.

    Assim o homem foi induzido a um dualismo fatal, tentado a viver simultaneamente em doisplanos distintos, o plano material e o espiritual, ambos aparentemente reais mas sem relaocompreensvel entre si, como se fossem dois scios de uma firma que nunca se falassem.

    Posto isso, parece-me que este livro vai alm, desmascarando a dualidade, mostrando que os

    dois scios so apenas um, que o mundo apenas um e que as verdades eternas esto entretecidasem nossa vida diria, expandindo sua harmonia e anulando as discrdias.

    Mas que este livro? Os leitores de hoje querem um ttulo, querem saber o que estocomprando. Mas um ttulo poderia desorient-los e, por isso, acho muito difcil qualificar estetrabalho.

    Metade da humanidade, embora necessite desesperadamente de uma resposta,conscientemente, para seus problemas, no abrir um livro classificado como religioso.

    Se arranjasse um ttulo do tipo "Como ser mais saudvel, mais rico e mais feliz",provavelmente seria um sucesso de vendas, mas os leitores exigentes e de maior discernimento seafastariam dele como de algo malcheiroso. Se usasse a palavra "metafsica", soaria como algo

    distante e intelectualizado.Se o apresentar como um volume de ensaios, teremos a compreenso do porque hoje Emerson

    lido quase exclusivamente como literatura, e no porque tenha as respostas para tais perguntas.

    Ser possvel atingir a todos pelo mesmo caminho? A prpria palavra Deus para muitosaterradora; e ela perpassa este livro todo.

    O impulso que tenho de me justificar por escrever tudo isso, d bem uma idia do meuproblema.

    Ora, se difcil rotular o livro, mais difcil ainda rotular seu autor. Quem e o que Goldsmith? Um Mestre? Um curador? Tais palavras so no mnimo suspeitas e inquietantes para a

    maioria e seriam tambm repudiadas pelo prprio autor, visto que sua filosofia aponta para arenncia de qualquer elemento pessoal tanto no ensino como na cura.

    Relembrando uma passagem deste livro: "Sempre houve homens que trouxeram a divinamensagem da presena de Deus e da irrealidade do mal, que trouxeram a Luz da Verdade aoshomens, e sempre estes entenderam tais mensageiros como sendo a prpria Luz, por no conseguirver que aquele que tomavam como algum 'de outro mundo' era a Luz da Verdade dentro de suaprpria conscincia".

    Deixarei, pois, por ora, o homem e o livro de lado para voltar ao ponto de partida.

    Nos momentos de apuro e frustrao, o homem comea a se questionar, mesmo que sejam s

    perguntas como estas: "Por que deveria acontecer isto comigo?" ou "Como posso evitar taisacontecimentos?". Busca uma explicao para o mundo e, creio eu, a encontrar aqui, neste livro.Ele espera que tal esclarecimento possa, de algum modo, agir como cura para suas mazelas. Creiotambm que, se a compreenso for correta, isso acontecer.

    Contudo, devo novamente deixar aqui um alerta: logo nas primeiras pginas, o leitorencontrar um paradoxo que poder assust-lo. Ele se acerca deste livro tendo um problemahumano, na esperana de encontrar uma soluo. Mas est dito que se procurar usar a verdadeespiritual para melhorar a condio humana, no ter nem poder nem vontade para faz-lo.

    E isso lhe ser mostrado com argumentos lgicos. Mas tambm est dito que se procura averdade por si mesma, sua condio humana melhorar. Isto se parece com algo de fabuloso, algo

    como um desafio impossvel proposto por um mago malicioso.Contudo, notvel que muitas vezes haja um fundo de verdade universal nos contos de fada.

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    14/84

    14

    H uma lenda sobre um alquimista que prometera transformar qualquer coisa em ouro, "desdeque ningum do auditrio pensasse em um macaco azul". Pelas condies, poderia substituir por"contanto que ningum pensasse em ouro".

    Isto parece impossvel, mas pode acontecer. Deve acontecer. "Buscai primeiro o reino de Deuse a sua justia, e todas essas coisas vos sero dadas de acrscimo." Mas no vos deveis preocuparcom estas outras coisas.

    O importante deste livro que ele ensina a olhar para fora dos problemas, em vez de olharpara eles e, assim fazendo, encontrar as solues, tal como eu, que deixando de olhar para o meuproblema do que escrever como introduo deste livro, bem ou mal a escrevi.

    No uma tarefa fcil o que se prope, mas a reputo como essencial. Acho que sem um poucode compreenso dos ensinamentos deste livro, simplesmente no vale a pena viver.

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    15/84

    15

    Prefcio do autor

    H um caminho pelo qual podemos nos libertar do pecado, da doena, da pobreza e dasconseqncias das guerras e das crises econmicas. Este caminho consiste na mudana da nossa

    viso materialstica da existncia pela compreenso e conscincia da espiritualidade da vida.Ao longo dos sculos, a viso materialstica do universo e do homem gerou o medo acerca de

    ns mesmos e de nossas naes. Isto continuar e at mesmo se intensificar medida que sejamdescobertas foras materiais sempre mais destrutivas.

    A ltima descoberta anunciada foi um produto qumico do qual bastaria apenas uma ona paradestruir toda a populao dos Estados Unidos e do Canad, e mesmo este no seja talvez o mximodas foras materiais.

    No h poder material que supere isto ou o da bomba atmica, no h esperana na matria ena viso materialstica. O caminho da segurana, da harmonia e da sade est em obter um certo

    grau de conscincia espiritual.O grande segredo est em que, apesar de crermos o contrrio, o poder no est na matria ou

    na viso materialista sobre o homem e o universo, tanto para o bem como para o mal.

    Aqueles que alcanaram um certo grau de conscincia espiritual, comprovam a realidade doEsprito.

    A necessidade de abandonar a concepo materialstica da vida para obtermos a conscinciaespiritual da vida e de seus desdobramentos, o segredo de todos os videntes, profetas e santos detodos os tempos. Que tudo isto praticvel, demonstrado pelos trabalhos de cura e regeneraofeitos por muitos estudiosos de modernas escolas de Cristianismo cientfico ou prtico. Quando omundo perceber que todo sucesso obtido em melhorar as condies de sade e de segurana por

    estes seguidores modernos dos antigos ensinamentos foi possvel apenas atravs da renncia visomaterialista em favor da obteno da conscincia espiritual, poderemos ter novas esperanas.

    A questo : Que pode o homem fazer para obter esta conscincia espiritual e com issoabandonar o sentido materialista? A resposta : "Leia e estude as verdades reveladas ao longo dostempos sobre a Conscincia universal, Alma ou Esprito e sobre a criao espiritual e suas leis.Absorva o sentido destas revelaes".

    Neste pequeno livro descrevi a verdade espiritual como a visualizei durante mais de trintaanos de estudos das maiores religies e filosofias de todos os tempos, dos quais os ltimos quinzeempregados em aplicar praticamente as verdades aos problemas da existncia humana problemasde sade, de negcios, de vida familiar e segurana.

    Tenha a certeza de que, medida que voc se voltar para a conscincia espiritual, encontrar apaz, e o seu dia-a-dia se tornar mais calmo. O mundo externo se amoldar compreenso interiorda Verdade.

    A testemunha de todas estas revelaes ser voc mesmo, na medida em que vivenciar astransformaes interiores e exteriores.

    No preciso sair para ver melhor,

    nem assomar janela. Habite apenas no centro do seu ser;

    quanto mais dele se afastar, menos saber.

    LAO-TS

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    16/84

    16

    A verdade est dentro de ns.

    H um centro profundo em todos ns,

    onde mora a Verdade em sua plenitude;

    e, para saber, antes rasgar um caminho

    por onde possa sair o esplendor cativo

    que mergulhar na luz que imaginamos externa.

    ROBERT BROWNING

    Um Deus fez sua morada em nosso peito:

    quando Ele nos desperta, a chama da inspirao

    nos aquece; este supremo xtase brota das sementes

    que a mente divina semeou no homem.

    OVDIO

    Muitos no assumem o problema para si mesmos,

    no para o recndito de sua prpria mente, mas

    para o primeiro grupo de pessoas que encontram.

    VALDIVAR

    O reino de Deus est dentro de vs.

    JESUS

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    17/84

    17

    C A P T U L O I

    Assumindo aimortalidade

    No princpio era o Verbo, e o Verbo era com Deus, e o Verbo era Deus... E o Verbo se fezcarne..." "O Verbo se fez carne" mas ainda o Verbo. No mudou sua natureza, sua qualidade ousubstncia por ter-se feito carne. A Causa tornou-se visvel como efeito, mas a essncia ousubstncia continua sendo o Verbo, o Esprito ou Conscincia.

    Por este prisma, podemos compreender que no h um universo espiritual e um universomaterial, mas que o que se nos apresenta como o nosso mundo o Verbo feito carne, o Espritotornado visvel, ou a Conscincia que se expressa como idia.

    Todo o erro que se consumou durante os sculos baseia-se na teoria ou crena em dois

    mundos, um sendo o reino celeste ou vida espiritual e o outro um mundo material ou existnciamortal, separados um do outro.

    Apesar desta crena em dois mundos, o homem sempre tentou levar a harmonia s mazelas daexistncia humana, tentando, por meio da orao, fazer contato com tal outro mundo, ou reinoespiritual, para que o Esprito, ou Deus, atue na chamada existncia material.

    Comecemos por entender que o nosso mundo no um mundo errneo, mas trata-se do reinoda realidade do qual mantemos um falso conceito. Para obtermos sade e harmonia em nossa vida,no temos de nos desfazer nem mesmo mudar este universo material e efmero, mas bastarcorrigirmos a viso limitada que temos da nossa existncia.

    O pesquisador da verdade comea sua busca com um problema talvez com vrios deles. Os

    primeiros anos de sua busca so empregados na superao da desarmonia e na cura das doenaspela orao a um Poder mais alto ou pela aplicao das leis espirituais ou da verdade s condieshumanas. Chega, porm, o dia em que percebe que a aplicao da verdade aos problemas humanos

    j no funciona mais, ou, pelo menos, no como funcionava no incio, e que j no traz a mesmainspirao e satisfao aos seus estudos.

    Por fim receber, eventualmente, a grande revelao: os mortais podem assumir aimortalidade apenas na medida em que anulem a mortalidade eles no podem acrescentarharmonia de espiritualidade imortal s condies humanas. Deus no criou nem rege as coisashumanas. "O homem natural no compreende as coisas do Esprito de Deus, pois que lhe parecemloucura: nem pode entend-las, porque s se podem discernir espiritualmente."

    Estaremos ns buscando as "coisas do Esprito de Deus" com algum propsito humano? Oude fato estamos nos esforando para nos livrar do que mortal, para podermos contemplar aharmonia do reino espiritual?

    Enquanto lutamos e combatemos os pretensos poderes deste mundo, combatendo a doena, opecado e a carncia, o sentido espiritual, por sua vez, revela-nos que "O meu reino no destemundo". Somente quando soubermos transcender o desejo de melhorar nossa vida humana quecompreenderemos o sentido desta mensagem vital; quando deixamos os limites do aperfeioamentohumano, temos o primeiro vislumbre do significado das palavras: "eu venci o mundo".

    No teremos vencido o mundo enquanto mais buscarmos seus prazeres e menos desejarmossuas dores. E se no superarmos a postura de luta contra as coisas do mundo, no entraremos no

    reino das coisas do cu."Porque todo o que nascido de Deus, vence o mundo." A conscincia espiritual vence o

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    18/84

    18

    mundo tanto os prazeres como as dores do mundo. No podemos conseguir a evangelizao dahumanidade pelo poder mental ou pela fora fsica, mas apenas pela viso espiritual da vida, quepode ser cultivada por todos que devotam seus pensamentos s coisas do Esprito.

    "Porque tudo o que est no mundo, os prazeres da carne, os prazeres dos olhos, o orgulho, novem do Pai, vem do mundo." Observemos, por um pouco de tempo, nossos pensamentos, nossasambies e interesses e vejamos se a nossa mente est voltada para a nossa sade, para os prazeres

    dos sentidos ou para os ganhos mundanos. Se constatarmos tais pensamentos mundanos,aprendamos a afast-los, pois j no estamos no caminho do aperfeioamento das coisas humanas,mas a caminho do reino espiritual.

    "No tenhas amor ao mundo nem ao que do mundo. Pois no homem que ama o mundo noest o amor do Pai." Significaria isto que devemos nos tornar ascetas? Deveramos desejar uma vidadiferente do que normal, alegre e de sucesso? No nos enganemos. Somente aqueles queaprenderam a manter sua ateno nas coisas do esprito saborearam a completa alegria do lar, docompanheirismo e dos empreendimentos de sucesso. Somente aqueles que em certo grau secentraram em Deus encontraram segurana, proteo e paz em um mundo combalido pela guerra. Opensamento espiritual no nos afasta do nosso meio normal, no nos priva do amor e do

    companheirismo to necessrios para uma vida plena. Ele apenas coloca tudo isto em um nvel maisalto, onde no mais dependemos da sorte, das mudanas ou do azar, onde se manifesta o valor doque chamamos de cenrio da vida.

    "No vos esforceis pelo alimento que perece, mas pelo alimento que dura pela vida eterna...Pois que o Reino de Deus no consiste em comer e beber, mas na justia, na paz e no contentamentono Esprito Santo."

    Quando nos defrontarmos com um problema humano, em vez de nos esforarmos paramelhorar as humanas condies, afastemos essa imagem e concentremo-nos na presena do Espritodivino em ns. Esse Esprito dissolve as aparncias humanas e revela a harmonia espiritual, aindaque essa harmonia se nos apresente como uma melhora de sade ou de riqueza. Quando Jesus

    alimentou as multides, o que apareceu como po e peixe foi a sua conscincia espiritual deabundncia. Quando curou os doentes, foi o seu sentimento da Presena Divina que se manifestoucomo sade, fora e harmonia.

    Tudo isso pode ser resumido nas palavras de Paulo: "Voltai vosso olhar para as coisas do alto,no para as coisas da terra".

    Vivemos em um universo espiritual, mas a finitude de nossos sentidos desenhou para ns umaimagem de limitaes. Enquanto tivermos nossos pensamentos voltados para o cenrio nossafrente "este mundo" , estaremos nos esforando para melhor-lo ou mud-lo. Mas, assim queelevarmos nosso olhar e no mais nos preocuparmos com o que comer, beber ou vestir,comearemos a perceber a realidade espiritual; e embora nos parea apenas uma crena mais

    perfeita, de fato a manifestao mais intensa da realidade. Esta manifestao traz consigo umaalegria inimaginvel, aqui e agora, uma satisfao com a qual nem sonhamos e o amor de todoscom quem fazemos contato, mesmo daqueles que desconhecem a fonte da nova vida quedescobrimos.

    "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou. No como o mundo a d." "No recebemos o espritodo mundo, mas o Esprito que vem de Deus... Coisas que tambm falamos, no com as palavrasditadas pela sabedoria dos homens, mas como as ensina o Esprito Santo... O homem natural nocompreende as coisas do Esprito, que lhe parecem loucura; nem pode compreend-las porque elasse discernem espiritualmente."

    Quantas vezes nos enganamos neste ponto! Com quanta freqncia tentamos compreender a

    verdade espiritual com nosso intelecto humano! E isso leva indigesto mental, pois que tentamosdigerir alimento espiritual com nossa mente erudita. Isso no funciona. A verdade no umprocesso de raciocnio, e por isso s pode ser entendida espiritualmente. A verdade no est

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    19/84

    19

    normalmente na esfera do nosso entendimento, e, quando parece estar, deve ser investigada maisprofundamente para verificar sua autenticidade. Temos de desconfiar de uma verdade que nosparea fcil de compreender.

    Jesus caminhou sobre as guas, alimentou multides com poucos pes e peixes, curou osdoentes e ressuscitou os mortos parece aceitvel para o seu intelecto? Se o princpio subjacente aessas experincias pudesse ser entendido com a inteligncia, todas as igrejas o ensinariam como um

    meio vivel e recomendariam seu uso. Este princpio, porm, s apanhado pelo sentido espiritual,e esta conscincia espiritual elevada pode fazer as coisas que o Cristo fez. Aquilo que foi possvel Cristo-conscincia no tempo de Jesus, possvel mesma Conscincia agora.

    Cultivando este sentido espiritual, nosso sucesso ser tanto maior na proporo queabandonarmos o esforo mental e nos tornarmos receptivos s coisas que o Esprito de Deus nosensina. Em vez de tentarmos fazer que o Esprito atue sobre nossos corpos e nossas coisasmateriais, aprendamos a desviar nosso olhar desses quadros terrenos, dirigindo-o para as coisas doalto. Quando "descermos novamente terra", perceberemos que as desarmonias e as limitaes dossentidos desapareceram, e apareceu mais claramente a Realidade.

    O Reino de Deus no consiste em mais e melhor matria, nem encerra um mais ricovocabulrio sobre a verdade. Todavia, os frutos da compreenso espiritual so uma maior harmonia,paz, prosperidade, contentamento e amizades e relacionamentos mais prximos do ideal.

    Assim compreendemos que "agradecemos por isso continuamente a Deus pois vs, querecebestes a palavra de Deus ouvida de ns, no a recebestes como palavra humana, mas como ela de fato, a palavra de Deus que atua sobre vs para que nela creiais".

    Para recebermos a Palavra de Deus, ou sentido espiritual, precisamos mais sentir queraciocinar.

    E a isso que a Bblia se refere com a expresso receber a palavra "no corao". Notemos queo desenvolvimento da conscincia espiritual redunda em maior capacidade de intuir a harmonia do

    Ser. Compreendemos que nem a viso, nem o ouvido, o tato, o olfato ou o paladar podem nosrevelar a verdade espiritual ou sua harmonia; por isso tal revelao s pode nos acontecer atravs deoutra faculdade, a intuio, que atua pelo sentimento.

    At o momento, ao orar ou meditar, vinha-nos de imediato uma enxurrada de palavras epensamentos. Talvez estivssemos comeando a reafirmar a verdade e a rejeitar o erro. , porm,evidente que isso ocorria completamente no domnio da mente humana.

    Ao cultivarmos o sentido espiritual tornamo-nos receptivos aos pensamentos que emanam dasprofundezas do nosso ser. Mais do que falar a Palavra, tornamo-nos seus ouvintes. Nesse estado, asintonia com o Esprito tal que sentimos a harmonia do Ser; sentimos a presena real de Deus.Transcendidos os cinco sentidos materiais, nossa faculdade intuitiva fica desperta, receptiva e

    sensvel s coisas do Esprito; e aps este renascimento espiritual, comeamos uma nova existncia.Estvamos, at aqui, ocupados com a palavra da Verdade; e daqui em diante nos ocuparemos

    apenas com o Esprito da Verdade. J no nos interessa saber o que seja a Verdade, mas sim emsentir a Verdade. E isso conseguimos na medida em que dedicarmos menos empenho na letra doque receptividade e ao sentir. A palavra "sentir", alis, se refere tambm revelao, conscinciae ao sentido da verdade. Agora j no estamos falando da verdade, e sim recebendo a verdade, eaquilo que recebemos no silncio, podemos falar abertamente e com autoridade.

    A cura espiritual o resultado natural de uma conscincia divinamente iluminada. Mas estailuminao s nos dada na medida em que estejamos receptivos e sensveis a ela.

    um mal entendido associarmos a idia de imortalidade pessoa humana ou ao sentidoindividualista de eu. A morte no produz a imortalidade nem pe fim ao sentido do eu, e tampoucoa continuao do humano viver leva obteno da imortalidade.

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    20/84

    20

    Obtemos a imortalidade na medida em que superamos o sentido pessoal do eu, nesta vida oudepois dela. E, ao nos despojarmos do nosso ego e alcanarmos a conscincia do nosso Euverdadeiro nossa Realidade, ou Conscincia divina , chegamos imortalidade. E isso podeacontecer aqui e agora.

    Ao contrrio, o desejo de perpetuarmos nosso falso conceito de corpo e seu bem-estar nosamarra morte, nos enleia na mortalidade.

    O primeiro passo para obtermos a imortalidade viver a partir do centro do nosso ser, comouma idia de desdobramento do nosso ntimo, mais que a idia de acrscimo vindo de fora.

    mais no sentido de dardo que de receber, de sermais que obter. Nessa conscincia no hjulgamento ou crtica, dio ou medo, e sim um sentimento contnuo de amor e de perdo.

    No coisa fcil descrever a alegria e a paz da imortalidade, pois para aqueles que noquerem abandonar seus atuais conceitos de ser, ela pode transparecer um processo de extino. Masno bem isso: ela a eterna preservao de tudo o que real, belo, nobre, harmonioso, gracioso,altrusta e pacfico. a realidade, trazida luz, em substituio iluso dos sentidos. o despertarda conscincia da infinitude do ser individual, em substituio ao sentido finito de existncia. O

    egosmo e o amor-prprio se vo de ns quando temos a percepo da divindade do nosso ser.Esta percepo nos ensina a ser pacientes e indulgentes com aqueles que ainda lutam com a

    conscincia material, mortal. E isto estar no mundo, no ser do mundo.

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    21/84

    21

    C A P T U L O I I

    Iluminao espiritual

    A iluminao espiritual nos capacita discernir a verdade espiritual quando se nos apresentaum conceito meramente humano. A conscincia espiritual reconhece a verdade naquilo que aparececomo um conceito.

    O desenvolvimento da conscincia espiritual comea quando, pela primeira vez, percebemosque aquilo que apreendemos atravs dos sentidos da viso, da audio, do olfato, do tato e dopaladar no a realidade das coisas. Retirando por completo a ateno das aparncias, o primeiroraio da iluminao espiritual nos traz um fulgor do divino, do eterno e do imortal. Isso, por sua vez,torna as aparncias menos reais para ns, tornando-nos assim mais receptivos iluminao.

    Nosso progresso rumo ao Esprito ocorre na medida da nossa iluminao, o que nos capacitaapreender cada vez mais a Verdade. O enfoque usual da vida se deve a uma interpretao errnea,

    devida falsa percepo das coisas; por isso devemos abandonar qualquer inteno de curar,corrigir ou mudar o cenrio material para que possamos ver a Verdade nele oculta.

    A iluminao espiritual comea a nos ser concedida quando da primeira busca da Verdade denossa parte. Acreditamos estar procurando o bem e a Verdade; contudo, foi a luz que comeou abrilhar em nossa conscincia e nos impeliu a dar aqueles primeiros passos.

    Todo aumento de nossa compreenso espiritual representa mais luz para ns, que expulsa astrevas dos sentidos. Este fluxo de iluminao continuar at que tenhamos compreendido por inteiroque a nossa verdadeira identidade a "luz do mundo". Sem a iluminao, lutamos contra as forasdo mundo, trabalhamos para viver, nos esforamos para manter nossa posio e competimos porriquezas e honrarias. Muitas vezes lutamos contra nossos amigos, para acabarmos percebendo quelutamos contra ns mesmos. No h segurana nas posses materiais, mesmo que tenhamos vencidoa luta pela sua obteno.

    A iluminao nos traz primeiro a paz, e depois a confiana e a segurana; isto nos d repousodas contendas do mundo, e ento todo o bem flui para ns pela Graa. Podemos agora perceber queno vivemos pelo que ganhamos ou conquistamos; vivemos, sim, pela Graa.

    Tudo que temos ddiva de Deus; ns no ganhamos o nosso bem, pois que j o possumos.

    "Filho, tu ests sempre comigo, e tudo que tenho teu."

    Os prazeres e os sucessos do mundo nada so se comparados com as alegrias e os tesourosque se desdobram diante de ns pela conscincia espiritual. luz da Verdade, os maiores triunfos e

    felicidades mundanas so como nada, diante dos tesouros da Alma e sua imensa glria, insondvel edesconhecida pelos sentidos.

    Possuindo a Luz divina dentro de si, ganha o homem sua liberdade do mundo, e a seguranacontra todos os perigos terrestres e humanos. Nosso momento histrico tem amedrontado eassustado a muitos. Os espiritualmente iluminados reconhecero que nenhum bem aparece oudesaparece, que a atividade espiritual tem por natureza a realizao, e que, como a sua iluminaolhes revelou a verdade dos fatos, eles esto ancorados Alma, conscincia divina, paz espiritual, segurana e serenidade.

    No mais temeremos as mudanas das condies exteriores, que no passam do reflexo datotalidade interior. Com a certeza de que somos conscincia espiritual individual, embora infinita, eque incorpora todo o bem, no mais precisamos levar em considerao aquilo que os sentidos nosmostram.

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    22/84

    22

    A iluminao espiritual revela a harmonia do Ser e dispersa as aparncias captadas pelossentidos materiais. Ela nada muda no universo, pois que o universo espiritual, habitado pelosfilhos de Deus, mas muda nossa viso do universo.

    Este apenas o comeo deste vasto tema, e enquanto discutimos a seu respeito, mantenhamosnosso pensamento o mais longe possvel do mundo dos sentidos e ancorado conscientizao darealidade espiritual.

    Sempre houve homens que trouxeram a divina mensagem da presena de Deus e dairrealidade do mal: Buda, na ndia, Lao-Ts, na China, Jesus de Nazar. Estes, e muitos outros,trouxeram a Luz da Verdade aos homens, e os homens sempre tomaram os mensageiros como sefossem a Luz, sem perceber que aqueles que pensavam ser algum "exterior" eram a Luz daVerdade dentro de sua prpria conscincia.

    Na adorao de Jesus, os homens perderam o Cristo. Na sua devoo a Jesus, no perceberamo Cristo; procurando o bem atravs de Jesus, no encontraram o Cristo onipresente em sua prpriaconscincia.

    Em todos os casos, o mensageiro que apareceu aos homens foi a vinda do Cristo conscincia

    individual, e quando isto for compreendido o homem ter alcanado a libertao do conceito de"pessoa" e de limitao pessoal.

    Jesus disse "... se eu no for, o Consolador no vir at vs". Isso no ficou bastante claro,para que todos compreendessem? Se no pudermos ver alm do sentido pessoal de salvao, demediao e guia, nunca encontraremos a grande Luz dentro de nossa prpria conscincia.

    A iluminao espiritual no vem de uma pessoa, mas do Cristo impessoal, da Verdadeuniversal, da conscincia iluminada do nosso Eu.

    A iluminao espiritual dispersa a viso do "eu pessoal" com seus problemas, doenas, idadese erros. Revela o Eu verdadeiro, o Eu que Eu Sou, ilimitado, irrestrito, sem problemas, harmoniosoe livre. Este Eu em ns nos ser revelado quando nos recolhermos dentro de ns mesmos

    diariamente e aprendermos a "ouvir" e a observar. Assim, em vez de ficarmos ansiosos sobre otrabalho do dia, ou sobre os eventos futuros, deixemos que a Alma, ou Esprito divino, v nossafrente aplanando e preparando o caminho, e deixemos que esta influncia divina permanea nossaretaguarda, salvaguardando cada passo das iluses dos sentidos.

    A conscincia iluminada sempre sabe que existe uma Presena infinita, todo-poderosa, quefaz prosperar todos os atos e que abenoa todos os pensamentos. Sabe que todos aqueles quecruzam o nosso caminho sentem a bno do nosso pensamento.

    Quando a conscincia est inflamada com a Verdade e o Amor, destri todo sentido de medo,toda dvida, todo dio, inveja, doena e discrdia e esta pura conscincia percebida por todos aquem encontramos, e lhes alivia os fardos. impossvel ser a "luz do mundo" e no desfazer as

    trevas dos que nos rodeiam.Reconheamos que todo o bem que vivenciamos emana de nossa prpria conscincia, mesmo

    que nos parea vir de ou atravs de outro indivduo. Reconheamos que toda aparncia de mal uma percepo falseada da harmonia, e por isso no para ser temida ou odiada; e, como resultado,a iluso desaparecer e a realidade se tornar clara. Apenas a conscincia iluminada pode olhar paraas aparncias de mal e perceber a realidade divina. Somente o Cristo em nossa conscincia podeseparar o erro da sua aparente realidade e retirar-lhe os espinhos.

    A iluminao espiritual nos revela que no somos mortais nem mesmo seres humanos ,mas que somos puro ser espiritual, conscincia divina, vida que se auto-sustenta, menteoniabrangente. E esta luz desfaz as iluses do sentido pessoal.

    A iluminao desfaz todas as amarras materiais e une os homens uns aos outros com asdouradas correntes da compreenso; ela s reconhece a liderana do Cristo.

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    23/84

    23

    No h rituais ou regras: somente o divino e impessoal Amor universal; no tem outro cultoque no a chama interior que fulgura eternamente no santurio do Esprito.

    Esta unio um estado de livre fraternidade. A nica limitao a disciplina da Alma, e assimconhecemos a liberdade sem licenciosidade; somos um universo coeso sem limites fsicos, umservio divino a Deus sem cerimonial ou credo.

    O iluminado caminha sem medo pela Graa.Sabemos que somos a realizao de Deus, somos a condio de conscincia onde emana a

    Luz de Deus, e isto ter a mente espiritual. A percepo que em cada indivduo h a presena deDeus, e que tudo o que ele , uma aparncia de Deus, a conscincia espiritual. A compreensoque tudo o que vemos, ouvimos, tocamos, cheiramos ou saboreamos com nossos sentidos no passade um conceito finito de realidade e que no tem relao com a realidade espiritual, sentidoespiritual.

    A Cristo-conscincia reconhece Deus onde quer que brilhe, atravs da bruma do sentidopessoal. Para ela no h pecador a se redimir, doena a se curar ou pobre para se enriquecer. Ailuminao espiritual desfaz os falsos conceitos ou imagens da limitada percepo, e revela que

    tudo que existe manifestao de Deus.A Luz da conscincia individual revela o mundo da criao de Deus, o universo da realidade,

    os filhos de Deus. Sob esta Luz, desaparece o cenrio da mortalidade e o mundo de conceitos; "estemundo", cede lugar ao Meu Reino, realidade das coisas como elas so.

    Temos tambm com freqncia a sensao de, no nosso ntimo, termos companhia. Sentimosum calor interior, uma presena viva, uma segurana divina. Sentimos, por vezes, uma mo fortesobre as nossas, ou uma face sorridente por sobre nossos ombros. Nunca estamos ss, e sabemosdisso. Esta Presena suave nos d tranqilidade interior; permite-nos relaxar das labutas do mundo enos brinda com a alegria da paz. Na verdade trata-se de um "paz, s quieto" frente aos problemas etenses do humano existir. uma influncia reparadora dentro de ns, e todavia pode ser percebida

    por todos que esto nossa volta.Esta Presena interior da qual tomamos conscincia a Verdade em si mesma, que se nos

    revela como presena, poder, companhia, luz, paz e poder curador como o Cristo. A conscinciadeste Ser interior o resultado de nossa maior iluminao espiritual, de nossa conscincia espiritualcultivada. Esta Verdade o Deus que cura nossos males e que caminha nossa frente tornandosuaves nossos caminhos. Esta Verdade a riqueza que se mostra sob a forma de suprimento farto.Nenhuma circunstncia ou humana condio pode reduzir a nossa riqueza, enquanto habitarmosnesta conscincia da presena do Amor.

    Estabelea esta verdade dentro de voc, e ela se tornar o seu verdadeiro ser, semconhecimento de nascimento ou de morte, juventude ou velhice, sade ou doena apenas a

    eternidade do ser harmnico. Esta verdade desfaz todas as iluses dos sentidos, e revela a infinitaharmonia do seu ser; desfaz a mortalidade e revela sua imortalidade. Devemos nos livrar dequalquer coisa, em nossos pensamentos, que no seja a divina Presena, o Eu Real, para podermosbeber a pura gua da Vida e comermos o po espiritual da Verdade.

    Temos de livrar o corao dos erros do nosso eu, da obstinao, dos falsos desejos, daambio e da ganncia para refletir a luz da Verdade, como um diamante perfeito reflete sua prprialuz interior.

    Cerca de quinhentos anos antes de Cristo, algum escreveu: "Pode facilmente acontecer quealgum, tomando banho, pise em uma corda molhada e imagine tratar-se de uma serpente. Ficarhorrorizado, tremer de medo ao antecipar, em pensamento, as agonias causadas pela mordida

    venenosa da cobra. Que grande alvio sentir ao constatar que a corda no uma serpente! A causado seu pavor estava em seu erro, em sua ignorncia, sua iluso. Reconhecendo a verdadeiranatureza da corda, voltar sua serenidade; ficar aliviado, contente e feliz. Este o estado de

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    24/84

    24

    esprito de quem descobre que no h um eu pessoal, e que a causa de todos os seus problemas,cuidados e vaidades, no seno uma miragem, uma sombra, um sonho".

    Reafirmamos, a iluminao revela que no existe o erro, que aquilo que nos pareceu ser aserpente pecado, discrdia, doena e morte a Verdade mal interpretada pelos nossossentidos limitados. Assim, a discrdia no para ser odiada, temida ou lamentada, e simreinterpretada, at que a natureza verdadeira da corda a realidade possa ser discernida pelos

    sentidos espirituais. A cobra doena ou discrdia apenas um estado mental, que nocorresponde realidade exterior. Devemos compreender que nenhuma iluso pode assumir formaexterior.

    A iluminao espiritual pode ser alcanada por aqueles que constantemente vivenciam aconscincia da presena da perfeio, e continuamente traduzem as aparncias para a Realidade.Todos os dias e noites nos defrontamos com aparncias desarmoniosas, e estas devem serimediatamente traduzidas pela nossa compreenso da "nova lngua", a linguagem do esprito.

    Todos os acontecimentos do nosso dia-a-dia nos oferecem novas oportunidades de usarmosnossa compreenso espiritual, e cada uso dessas faculdades espirituais resulta em maior percepoespiritual que, por sua vez, nos revela sempre mais e mais da luz da Verdade.

    "Orai sem cessar... e conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertar."

    Reinterprete as aparncias e os fatos da vida diria nos termos da nova lngua, a lngua doesprito, e a conscincia sofrer uma expanso contnua, at que a traduo ocorra automaticamente,sem a necessidade de se pensar.

    Isto tornar-se- um estado habitual de conscincia, uma percepo constante da Verdade.

    S desse modo poderemos ver nossa vida se desdobrar com harmonia a partir do centro donosso ser, sem que para isto precisemos conduzir qualquer pensamento. Nossa vida, em vez de seruma seqncia de "demonstraes", tornar-se- o feliz, harmonioso e natural desdobramento dobem. No lugar dos contnuos esforos para atrair o bem, v-lo-emos emanar visivelmente a partir

    das profundezas do nosso prprio ser sem esforo consciente de nossa parte, quer fsico quermental. No mais dependeremos de pessoas ou circunstncias, nem mesmo do nosso esforopessoal. A iluminao espiritual nos permite abandonar os esforos pessoais e confiar cada vez maisna Divindade, que se revela e desdobra como cada um de ns.

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    25/84

    25

    C A P T U L O I I I

    O Cristo

    Uma antiga escritura revela: " difcil de se entender: doando nosso po, nos tornamos maisfortes; dando nossas roupas aos outros, ganhamos em formosura; fundando moradas de pureza everdade, adquirimos grandes tesouros".

    Abrao, pai dos hebreus, baseou a prosperidade do seu povo na idia do dzimo doar umdcimo dos ganhos para propsitos espirituais e caritativos, sem pensar em retorno ou recompensa.

    "A imortalidade se pode alcanar apenas pela prtica contnua de atos de benevolncia, e aperfeio se obtm pela compaixo e pela caridade." Quanto maior o degrau de amor altrusta quegalgamos, mais nos aproximamos da compreenso do Eu universal como nosso ser real.

    O sentido pessoal de "eu" est ocupado em ter, em obter, em desejar, em conseguir e

    acumular; enquanto nosso Eu verdadeiro est empenhado em dar, conceder, repartir e abenoar.O sentido pessoal de "eu" representa a corporificao de todas as nossas experincias

    humanas, muitas das quais limitadas e indesejveis. O Eu verdadeiro corporifica as idias eatividades infinitas, espirituais, que se manifestam continuamente, sem limites ou restries.

    O pequeno "eu" preocupa-se basicamente com seus problemas pessoais e seus negcios,dilatando seus limites para incluir neles seus parentes prximos e seus amigos. O sentido pessoal,muitas vezes, avana alm, envolvendo-se em trabalhos caridosos e de assistncia comunitria, masquando analisamos seus motivos percebemos tratar-se de ao governada pelo prprio sentidopessoal.

    O "Eu" verdadeiro alimenta sua vida do centro do seu prprio ser, abenoando todos os que

    dele se aproximam; reconhecido pelo seu altrusmo e desinteresse, por no buscar oreconhecimento, a recompensa ou qualquer engrandecimento pessoal. No se trata de uma entidadesem vigor ou de um boneco que possa ser manipulado pelos mortais de fato no pode nunca servisto nem compreendido pelos mortais.

    Recordo-me de dois belos exemplos que, em quadros comoventes, revelam as diferenas entreo pequeno eu pessoal e o Eu imortal.

    Sidharta, que abandonara o lar e a famlia em busca da Verdade, recebeu por fim ailuminao, tornando-se o Buda, o Iluminado ou, poderamos dizer, o Cristo do seu tempo. Seu pai,grande rei, sentindo a morte se aproximar e desejando rever o filho, mandou procur-lo, pedindoque retornasse. Ao rever o filho, percebeu que o perdera, em sentido pessoal de pai e filho, mas

    assim mesmo tentou reconquist-lo. Disse o rei: "Eu te daria meu reino, mas se o fizesse, teria parati o mesmo valor da cinza". Buda respondeu-lhe: "Sei que o corao do rei transborda de amor...mas deixe que os laos do amor que te prendem ao filho que perdeste enlacem igualmente todos osteus sditos; assim em lugar de Sidharta recebers algo muito maior: recebers o Iluminado, oMestre da Verdade, o Pregador da Retido e ainda a Paz de Deus em teu corao".

    O outro exemplo diz respeito ao grande Mestre. "E falando ainda multido, estavam fora suame e seus irmos que desejavam falar-lhe. E disse-lhe algum: Eis que esto l fora tua me e teusirmos querendo te falar. Mas ele respondeu quele que o chamara: Quem minha me? E quemso meus irmos? E abrindo seus braos, apontando seus discpulos, disse: Pois qualquer um quefaa a vontade do meu Pai que est no cu, este minha me, minha irm e meu irmo."

    medida que nos tornamos espiritualmente iluminados, somos procurados por aqueles quebuscam se libertar de diversas formas de trevas materiais da doena, do pecado, do medo, da

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    26/84

    26

    limitao, da agitao e da ignorncia. E ns podemos defrontar estas necessidadesimpersonalizando tanto o bem como o mal, e compreendendo que a harmonia uma atividade euma qualidade da Alma, que se expressa universal e individualmente.

    Na meditao, ou comunho, nos tornamos receptivos Verdade que se desdobra dentro dens e a isto ns chamamos de orao. Nosso orar no deve ter ligao com o chamado paciente.De fato, a orao no um processo, uma combinao de palavras ou pensamentos, de colocaes,

    de declaraes, de afirmaes ou de negaes. A orao um estado de conscincia no qualexperimentamos a percepo da harmonia, da perfeio, da unidade, da alegria, da paz e dodomnio. Com freqncia, a meditao ou comunho traz ao indivduo alguma verdade especfica, eesta verdade aparece externamente como o fruto de sua prpria conscientizao do ser real.

    Foi revelado, vezes incontveis, que o talento, habilidade, educao e a experincia de cadaindivduo so de fato a Conscincia que se desdobra em caminhos individuais como artista,msico, vendedor, homem de negcios ou ator. Segue-se disso que a Conscincia, que expressa a Simesma, nunca est sem oportunidade, reconhecimento e aceitao. Assim, no pode haver dom semreconhecimento, um talento ou habilidade sem expresso, um esforo sem recompensa, uma vezque todos os esforos e aes so Conscincia expressando suas infinitas capacidades e

    possibilidades. A percepo consciente desta verdade far dispersar a iluso de desemprego, a faltade recompensa ou de reconhecimento. Contudo, guarde isso muito bem, a repetio destas palavrassem uma parcela de "sentimento" da verdade que encerram, ser como "nuvens sem chuva", "vsrepeties", nada.

    Desta mesma maneira j foi revelado que h apenas uma Vida, e que esta nica Vida nuncaest sujeita ao perigo de doena, de acidente ou morte. Esta Vida a vida do ser individual. Nunca necessrio tratar diretamente uma pessoa ou um animal, mas estar sempre alerta para nunca aceitara idia ou sugesto de qualquer outra presena, poder ou atividade que no a nica Vida, a nicaLei, a nica Alma. O viver constantemente nesta conscincia do bem, da harmonia, dissipar ailuso dos sentidos, quer se manifeste como pessoa doente ou pecadora. O simples declarar ou

    afirmar constante desta verdade nos seria de bem pouca valia, enquanto sua conscientizao ousentimento se nos manifestar como cura, como modificao, como renovao e at mesmo comoressurreio.

    Recentemente, escrevi a um amigo por ocasio de seu aniversrio, e creio que ele gostaria queeu compartilhasse com vocs as idias que me ocorreram no caso:

    Quanto aos votos de aniversrio, eu apenas gostaria que no tivesse qualquer aniversrio, demodo que se lhe tornasse familiar a idia de continuidade da existncia consciente, sem parada ouinterrupo a conscientizao do desenvolvimento progressivo.

    Na verdade, no h interrupo na continuidade da conscincia que desenvolve, nem pode aconscincia deixar de estar cnscia do corpo, assim como voc jamais perde a conscincia musical

    ou artstica, ou qualquer outro talento que porventura possua.A conscincia se desdobra de dentro para fora de uma fonte ilimitada, da infinitude do seu ser,

    para a percepo individual de si mesma, em infinitas variedades, formas e expresses.

    A morte a crena de que a conscincia perde a percepo do seu corpo. A imortalidade acompreenso da verdade de que a conscincia est eternamente ciente de sua prpria identidade,corpo, forma ou expresso.

    A conscincia, cnscia do seu infinito ser e corpo eterno, a imortalidade atingida no aqui eagora. A percepo da conscincia da manuteno de sua prpria identidade e forma a vida eterna.A percepo da conscincia que se desdobra eternamente nas formas individuais da criao oumanifestao, a imortalidade demonstrada aqui e agora. "Esta conscincia voc."

    A conscincia espiritual o abandono do esforo pessoal na realizao de que a harmonia algo que "j ". Esta conscincia, com a renncia ao esforo pessoal, atingida quando percebemos

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    27/84

    27

    o Cristo dentro de ns como uma realidade presente. O Cristo a atividade da Verdade naconscincia individual. mais uma receptividade Verdade do que a sua verbalizao. Na medidaem que conseguimos a quietude interior, tornamo-nos sempre mais receptivos Verdade que se nosrevela, dentro de ns mesmos. A atividade desta Verdade na nossa conscincia o Cristo, a prpriapresena de Deus. A Verdade recebida e mantida continuamente em nossa conscincia a lei daharmonia em todas as nossas vicissitudes. Ela governa, dirige, orienta e suporta todas as nossas

    atividades da vida cotidiana. Quando nos aparecer a idia de doena ou carncia, esta Verdadeonipresente ser o nosso curador e nosso recurso; ser mesmo nossa sade e nosso suprimento.

    Para muitos, a palavra Cristo continua sendo um termo mais ou menos misterioso, umaentidade desconhecida, algo raramente ou nunca vivenciado diretamente. Se, porm, quisermos nosbeneficiar com a revelao da Presena divina ou Poder dentro de ns, feita por Cristo Jesus eoutros, teremos de modificar este estado de coisas. Devemos chegar experincia do Cristo comouma revelao permanente e contnua. Temos de viver com a percepo consciente e contnua daverdade interior ativa; mantendo sempre uma atitude receptiva ouvidos atentos no demorarpara que tenhamos a experincia do despertar interior. Esta a atividade da Verdade dentro daconscincia, ou o Cristo que alcanamos.

    Uma tal compreenso do Cristo nos esclarecer a respeito da orao. Todas as definies dodicionrio so unnimes em conceituar a orao com base na crena errnea de que haja um Deus,em algum lugar, a esperar que Lhe imploremos de algum modo. Ento, se pudermos encontrar esteDeus bem disposto, teremos nossas oraes respondidas favoravelmente; a menos que, logicamente,nossos pais ou avs, at a terceira ou quarta gerao tenham pecado e, neste caso, seremosimputveis pelos seus pecados e teremos nossas oraes jogadas na cesta do lixo do cu.

    Ns temos um sentido diferente do que seja a orao. Percebemos que qualquer bem que nosacontea o resultado direto da nossa prpria compreenso da natureza do nosso prprio ser. Nossacompreenso da vida espiritual se desenvolve medida da nossa receptividade Verdade, noorando a Deus, mas deixando que Deus Se revele e Se manifeste a ns. Este o mais alto conceito

    de orao; alcanado quando dedicamos alguns minutos, tanto de dia como de noite, meditao,a comungar, a escutar. Na quietude, chegamos a um estado de receptividade que nos abre o caminhopara sentir ou para perceber a presena real de Deus. Esta percepo, ou sentimento, a atividadede Deus, a Verdade em nossa conscincia, o Cristo, nossa Realidade.

    Normalmente, vivemos imersos num mundo sensorial, e nos preocupamos apenas com oobjeto de nossos sentidos. E isso nos traz nossa experincia de bem e de mal, de dor e de alegria. Sens, atravs do estudo e da meditao, nos voltarmos mais para o lado mental da vida, veremos quenossos pensamentos se tornam mais elevados e, com isso, teremos melhores condies. A medidaque refinamos nossas qualidades mentais e manifestamos mais pacincia, mais gentileza, caridade eperdo, estas qualidades se refletiro sobre nossa experincia humana. Mas no paremos por aqui.

    Mais alto que o plano do corpo e da mente est o domnio da Alma, o reino de Deus. Aquiencontramos a realidade do nosso ser, nossa natureza divina no que o corpo e a mente estejamseparados ou afastados da Alma; apenas que a Alma o recndito mais profundo do nosso ser.

    Nos domnios da Alma encontramos completa tranqilidade, paz absoluta, harmonia edomnio. Aqui no encontramos nem bem nem mal, nem dor nem prazer, apenas a alegria de ser.Estamos no mundo, mas no pertencemos a ele, pois no mais vemos o mundo dos sentidos comoaparenta ser, mas, tendo despertado nosso sentido espiritual, ns o "vemos como ele " vemos aRealidade atravs das aparncias.

    At aqui, buscamos nossa felicidade no universo objetivo, em pessoas, lugares ou coisas.Agora, porm, atravs do sentido espiritual, do sentido da Alma, o mundo todo tende a nos trazer

    seus presentes, embora no mais pela busca direta de pessoas ou coisas, mas servindo-se destascomo canais. No sentido material, pessoas e coisas so os objetivos aquilo que desejamos.Atravs do sentido da Alma, nosso bem se desdobra a partir do nosso interior, embora se apresente

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    28/84

    28

    como pessoas e condies melhoradas. O sentido da Alma no nos priva dos amigos, da famlia edo conforto da existncia humana, mas nos d isso com maior segurana, num nvel de conscinciamais alto, mais belo e duradouro.

    Por muitos sculos, a ateno foi focalizada em Jesus Cristo como o Salvador do homem, e aolongo deste sculo o sentido espiritual da vida oscilou entre dois extremos, entre a luz e as trevas.Um mestre do sculo XVI escreveu: "Cristo (Jesus) chamou a Si mesmo de Luz do mundo, mas

    completou dizendo que Seus discpulos tambm eram a Luz do mundo. Todo cristo em quemesteja vivo o Esprito Santo, isto , os verdadeiros cristos, so um com o Cristo em Deus e socomo o Cristo (Jesus). Portanto, eles tero experincias semelhantes, e o que Cristo (Jesus) fez, elestambm faro".

    Nossa tarefa a descoberta do Cristo na prpria conscincia. Reconhecemos com alegria eamor profundo o quanto do Cristo foi alcanado, no s por Jesus, mas por muitos videntesespirituais e profetas de todos os tempos. Nosso corao est cheio de gratido pela revelao doCristo para tantos homens e mulheres de nossos dias. E olhamos agora para a frente, para arealizao do Cristo em nossa prpria conscincia. "O reino de Deus est em vs, e aquele que oprocura fora de si mesmo nunca o encontrar, pois fora de si mesmo ningum pode ver ou achar

    Deus; pois aquele que procura Deus, em verdade j O tem."Temos de compreender a palavra "conscincia", pois s podemos comprovar aquilo de que

    estamos conscientes. Como estamos em termos de conscincia? Somos ainda mortais? Ou jrenunciamos nossa individualidade material e reconhecemos ser o Cristo a plenitude, a presenade Deus? Algum dia teremos de abandonar o esforo para tudo conseguir e reconhecer a nsmesmos como sendo o eterno Doador em ao. Temos de alimentar cinco mil pessoas sem ter apreocupao de onde vir o alimento. A multido pode ser alimentada pela nossa cristicidade. Eonde estaria, pois, a carncia a no ser na crena de que somos apenas humanos? Temos de noslivrar desta crena e proclamar nossa verdadeira identidade.

    Quando nos deparamos com pessoas ou circunstncias que tm aparncia de mortalidade,

    devemos reconhecer: "Tu s o Cristo, o Filho de Deus vivo", e aquilo que nos aparece como mortal iluso, nada. No temos de temer nenhuma circunstncia mortal ou material, uma vez quereconhecemos sua nulidade.

    A Verdade simples. No h verdade metafsica profunda ou misteriosa. Ou verdade ou no verdade; e no pode haver verdade profunda ou superficial nem pode haver diversos graus deverdade. Para a verdade ser verdade, deve ser verdade absoluta. Ocupamo-nos agora com a verdadede que ns individualizamos o poder infinito. No devemos procurar um poder fora ou separado dens mesmos. Ns individualizamos o poder infinito na medida de nossa conscientizao daVerdade.

    A Vida, que Deus, nossa vida. H apenas uma Vida, e esta a vida de todos os seres, de

    todos os indivduos. Ns individualizamos esta vida eterna, e no h menos Deus em alguns seresdo que em outros. E esta vida, em todos, sem doena e imortal. Nossa conscincia desta verdade a influncia curadora dentro de ns.

    Existe apenas uma Conscincia, Deus. Em ns se individualiza esta Conscincia onipotente eonisciente; por isso, nossa conscincia o socorro sempre presente em qualquer circunstncia. Poresta razo no oramos ou buscamos a um Ser longnquo, mas percebemos a onipresena da divinaConscincia como nossa conscincia, e deixamos que o aparente problema se v. A percepo destaverdade nos confirma na conscincia da presena da Vida, da Verdade, de Deus. A compreenso daunidade da Conscincia como a nossa conscincia, da Vida como a nossa vida, a Verdade eterna.

    O prximo passo no desenvolvimento a descoberta de que, como individualizao da

    Conscincia, ns incorporamos em nossa prpria conscincia nosso corpo, nossos negcios e nossolar. Podemos comprovar nosso domnio sobre o tempo, o clima, a renda, a sade e o corpo apenasna medida em que sabemos serem idias da conscincia que somos. O lar, o trabalho e o corpo so

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    29/84

    29

    idias nossas, sujeitas nossa compreenso, e a conscientizao desta verdade nos confere odomnio. Isto no nos exalta como seres humanos nem nos torna divinos: isto varre de ns anatureza humana e revela nossa divindade.

    Podemos medir nosso desenvolvimento espiritual observando se estamos, ou no, tentandomelhorar uma condio fsica. Temos de lembrar que a vida orgnica do homem, do animal ou daplanta no a Vida, Deus, e sim conceitos humanos e limitados da Vida real; assim, qualquer

    tentativa de curar, mudar ou corrigir o universo fsico uma evidncia de que no temosdesenvolvido o suficiente a conscincia espiritual.

    A Cristo-conscincia reconhece que toda a vida Deus mas percebe que aquilo que nosaparece como viso ou som materiais no a Vida, mas mera iluso ou um falso sentido deexistncia. A conscincia espiritual distingue a vida que real.

    J que no podemos resolver um problema em seu prprio nvel, temos de subir alm dasaparncias para trazer s claras a harmonia do ser. Aquilo que recai sob os cinco sentidos no arealidade das coisas; assim no podemos julg-las neste nvel. Deixando de lado as aparncias,damos as costas ao quadro que se apresenta aos nossos sentidos e comeamos a ter conscincia daRealidade daquilo que eterno.

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    30/84

    30

    C A P T U L O I V

    Nossa verdadeiraexistncia

    Nossa verdadeira existncia como o esprito, e s abandonamos o falso sentido de vidamaterial na medida em que percebemos isto. Vemos ento que a vida fsica, do homem, do animal eda planta no passa de um sentido enganoso da existncia; aquilo que geralmente nos preocupa comas chamadas necessidades da vida material , de fato, desnecessrio; que embora todas as belezasque contemplamos apontem para uma criao de Deus, elas no so a criao espiritual e perfeita deDeus; que as aparncias de doena, de envelhecimento e morte no fazem absolutamente parte davida real. Quando atingimos este estado de conscincia, comeamos a ter vislumbres da eternaexistncia espiritual, intocada pelas condies materiais ou pensamentos mortais. Quando damos ascostas para o mundo sensorial, que podemos ver, ouvir, cheirar, saborear e apalpar, temos vises

    inspiradas que nos mostram a terra como criao de Deus.No trabalho de cura, temos de dar as costas para o mundo fsico, assim como o vemos. Temos

    de lembrar que no fomos chamados para cur-lo, para mud-lo, para corrigi-lo ou salv-lo; temosde perceber, antes de mais nada, que ele existe s como uma iluso, como um sentido da vidatotalmente falso. E deste ponto elevado de conscincia, ns olhamos, atravs do sentido espiritual,para a "casa que no foi construda com as mos, eterna no cu".

    Temos o hbito de considerar certas pessoas como bons provedores, bons merecedores, bonsvendedores ou curadores. Entendamos isso corretamente. Nunca uma pessoa, e sim um estado deconscincia, que cura, que regenera, que pinta, escreve ou compe. O estado de conscincia semanifesta a ns como pessoa por causa do conceito finito que temos de Deus e do homem. Ficamos

    com freqncia desapontados quando algum no corresponde ao quadro que formamos dele. E istoporque lhe atribumos as boas qualidades de conscincia; e quando a pessoa no preenche taisqualidades, que ns acreditamos erroneamente serem sua personalidade, sofremos.

    Na Bblia, nos deparamos com as figuras de Moiss, de Isaas, de Jesus e de Paulo.Percebemos que Moiss representa o estado de conscincia chefe, ou liderana; Isaas nos apresentaa profecia; Jesus mostra a conscincia messinica, ou a Graa da salvao e da cura; e Paulo traz aconscincia do mensageiro, do pregador ou mestre. Contudo, sempre se trata de um estado deconscincia especfica que se manifesta a ns como homem.

    George Washington representa certamente a conscincia da integridade nacional; AbrahamLincoln, a conscincia da integridade e da igualdade individuais.

    Pensando em ns mesmos, esqueamos nossa natureza humana com suas qualidades humanase tentemos compreender o que ns representamos como conscincia, para ento perceber que estaconscincia que se expressa como ns tambm o que nos mantm e faz prosperar nosso empenho.

    O fracasso ocorre freqentemente por causa da descrena de que ns somos a expresso deDeus, ou da Vida, ou da Inteligncia ou das qualidades divinas. Isso nunca verdade. Deus, ou aConscincia, expressa eternamente a Si mesmo e Suas qualidades. A conscincia, a vida, o Esprito,nunca pode falhar. Nossa tarefa aprender a relaxar e deixar que nossa Alma se manifeste. Oegosmo a tentativa de ser ou de fazer algo pelo esforo pessoal fsico ou mental. O no nos

    preocupar nos privar do pensamento consciente e deixar que as idias divinas preencham nossaconscincia. Uma vez que somos Conscincia espiritual individual, podemos sempre confiar que a

    Conscincia realize a Si mesma e Sua misso. Somos expectadores e testemunhas desta divinaatividade da Vida que realiza e manifesta a Si mesma.

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    31/84

    31

    Cada vez mais devemos nos tornar expectadores ou testemunhas. Temos de ser observadoresda Vida e Sua harmonia. A cada manh temos de acordar ansiosos para ver um novo dia que revelee desdobre, a cada hora, novas alegrias e vitrias. Diversas vezes por dia temos de perceberconscientemente que estamos testemunhando a revelao da Vida eterna, o desdobramento daConscincia e de Suas infinitas manifestaes, da atividade do Esprito e de Suas grandiosasformas. Em cada situao do nosso dia-a-dia, aprendamos a ficar por trs de ns mesmos e ver Deus

    ao trabalho, testemunhar a ao do Amor nas nossas vicissitudes e esperar que Deus Se revele emtudo que nos rodeia.

    Temos de perceber, toda noite, que o nosso descanso no nos leva a uma interrupo daatividade de Deus sobre nossa vida, mas que o Amor a influncia protetora e a substncia doprprio descanso, que a Conscincia nos transmite suas idias mesmo durante o sono, que oPrincpio a lei que nos guia durante a noite toda. Nada de externo pode penetrar em nossaconscincia para nos perturbar, e esta verdade fica de sentinela ao portal de nossa mente, parapermitir o acesso s realidade e suas harmonias.

    Sejamos observadores, testemunhas; vejamos o desvelar-se do Cristo na nossa conscincia.

    H um estado de guerra permanente entre a carne e o Esprito, e isso continuar enquantomantivermos o sentido de identificao corprea, mesmo pequeno. A tentativa de trazer o Esprito esuas leis para atuar sobre as concepes materiais, o que constitui esta guerra, e a paz s poderser alcanada quando o sentido material do universo e corporal do homem tiverem sido superados.

    Observe com quanta freqncia tentamos aplicar alguma verdade metafsica a algumproblema humano, e descobrir os motivos do conflito dentro de voc. Nosso verdadeiro intento mais a obteno da harmonia espiritual do que a continuidade do enfoque material da existncia,com mais facilidades e conforto.

    Nos momentos iniciais de nossa busca da Verdade, no tnhamos provavelmente outrapreocupao que no curar um corpo doente, fazer um pobre mais prspero ou transformar umpecador em algum tico. No h dvida de que, ao nos tornarmos um praticante ou mestre deconscincia espiritual, parecamos ter atingido esta finalidade, e por algum tempo continuamos a"usar" a Verdade, ou Deus, para direcionar nossa concepo material do homem e do mundo.

    Foi s com a continuao de nossos estudos e da meditao que nos apercebemos do conflitointerior. Nos regozijamos com momentos de grande elevao; ns camos no vale da incerteza;conseguimos vitrias e amargamos fracassos; oscilamos entre as aparncias de bem e de mal,sucesso e fracasso, espiritualidade e mortalidade, sade e doena. Este o conflito interior que seevidencia como uma guerra entre a carne e o Esprito. E isso s terminar quando abandonarmos oconceito de mortalidade e a identificao corporal para alcanarmos a conscincia da existnciaespiritual.

    "Meu reino no deste mundo" representa o fundamento da construo de uma nova e maisalta conscincia. A vontade e a capacidade de olharmos para alm do sentido material de pessoa ecoisa, e de perceber o homem e o universo da criao de Deus, so fatos essenciais.

    Ganhar mais dinheiro no suprimento espiritual; poupar mais no significa segurana; sadefsica no necessariamente a base de vida eterna: tudo isso constitui meramente uma crenahumana melhorada.

    O estudioso avanado abandonar aos poucos sua tentativa de melhorar crenas ou aspectoshumanos, para que a verdade da existncia espiritual possa desabrochar em sua conscincia.

    O reino espiritual a fonte da sade que , na verdade, a eterna harmonia do ser; umaconscincia de suprimento sem limites, e que obtido sem esforo. Lembre-se, contudo, de que no

    estamos associando novamente Deus, ou o Esprito, com o conceito humano de sade e suprimento.Estamos, antes, entrando numa concepo espiritual de sade e suprimento. At aqui, nossosesforos foram na direo de manifestar maior harmonia e domnio em nossos negcios terrenos.

  • 8/6/2019 [Livro] O Caminho Infinito - Joel S. Goldsmith

    32/84

    32

    verdade que esta conscincia de ser celestial parece resultar num viver humano mais harmonioso,mas estas so "as coisas dadas de acrscimo", conseqncia da busca do cu e de sua justia. E servisto como sendo muito diferente do conceito humano de bondade, e este conceito mais elevado oque devemos estar buscando.

    "Meus pensamentos no so os teus pensamentos e os meus caminhos no so os teuscaminhos." Por esta razo no tentamos ter mais ou melhores pensamentos humanos, ou tornar

    nossos caminhos humanos mais planos. Na verdade estamos buscando aprender os pensamentos deDeus e o caminho de Deus.

    Nesse estgio de desenvolvimento, sentimos a necessidade de nos desfazer das preocupaescom nossa pessoa e com o nosso bem-estar. Aprendemos que os cuidados com nosso bem-estar socomo construir sobre areia, enquanto uma vida voltada para a busca da Verdade como uma basede slida rocha sobre a qual podemos construir o templo eterno da vida. Encontramos felicidade eprosperidade permanentes quando temos um princpio ou uma causa a que podemos nos devotar.Assim encontramos menor escala da personalidade em nossa existncia, e, por isso mesmo,deixamos espao para a revelao e o desdobramento do nosso divino Eu. Nesse Eu encontramosnossa completeza e a infinitude de nosso ser. Aqui tambm descobrimos a razo de nossa existncia.

    Deus criou o mundo e tudo o que nele existe. O que ns observamos atravs dos sentidos no o mundo, mas uma imagem finita e falsa