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Livro-Objeto-que-Deseja (começo)
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1
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
DE SANTA CATARINA – CAMPUS FLORIANÓPOLIS
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE METAL MECÂNICA
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE PRODUTO
ANNA PAULA DA SILVA STOLF
FLORIANÓPOLIS
2010
2
ANNA PAULA DA SILVA STOLF
LIVRO-OBJETO-QUE-DESEJA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Tecnólogo em Design de Produto ao Curso Superior de Tecnologia em Design de Produto do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina.
Profa. Orientadora: Isabela Mendes Sielski
Profa. Coorientadora: Lurdete Cadorin Biava
FLORIANÓPOLIS
2010
3
ANNA PAULA DA SILVA STOLF
LIVRO-OBJETO-QUE-DESEJA
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para a obtenção do grau de
Tecnólogo em Design de Produto, do Curso Superior de Tecnologia em Design de Produto do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina
Florianópolis, 09 de julho de 2010
BANCA EXAMINADORA
Profa. Isabela Mendes Sielski, Doutora
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina
Orientadora
Profa. Lurdete Cadorin Biava, Mestre
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina
Coorientadora
Profa. Carla Arcoverde Aguiar, Mestre
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina
Profa. Sandra Maria Correia Favero, Mestre
Universidade do Estado de Santa Catarina
Marcos Namba Beccari
Diretor Geral da Editora Parêntesis
4
INSTITUIÇÃO
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina
Campus Florianópolis
Departamento Acadêmico de Metal-Mecânica
Curso Superior de Tecnologia em Design de Produto
Av. Mauro Ramos, 950
Centro, Florianópolis – SC, Brasil
CNPJ Nº 81.531.428/001-62
(48) 32711414
ACADÊMICA
Anna Paula da Silva Stolf
Aluna do Curso Superior de Tecnologia em Design de Produto do IF-SC
Bolsista do Programa de Educação Tutorial de Design do IF-SC
Rua Lauro Linhares, 635, apto. 205, bloco B2
Trindade, Florianópolis – SC, Brasil
(48) 84277205 | (48) 32049759 | [email protected]
EMPRESA PARCEIRA
Parêntesis Design e Editora
Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 327, apto. 105
Centro, Curitiba – Paraná, Brasil
CNPJ Nº 10.743898/0001-41
(41) 35274452 | (41) 92034034
Representante: Marcos Namba Beccari | [email protected]
5
(um quase-sussurro)
Para Raquel Stolf.
6
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais e irmãos, por tudo; à minha irmã, por tudo e mais um pouco; à Elisa
Smania, à Maika Milezzi e ao Luciano Nunes, por serem indispensáveis na minha vida; ao
Guilherme Missen, por ser meu amigo mais nonsense; ao Tiago Bonin, por ser meu cúmplice; ao
Alex Liz e à Maria Antonieta, pela deliciosa sopa de ontem à noite; à Isabela Sielski e à Lurdete
Biava, por acompanharem minha trajetória no curso se tornando grandes amigas; ao Rodrigo
Gonçalves, por ter me encorajado no design mesmo quando meus interesses pareciam
impossíveis; à Carla Arcoverde Aguiar e à Sandra Fávero, por contribuírem gentilmente no
desdobramento deste trabalho; ao Marcos Beccari, por se manter sempre à disposição,
conduzindo a parceria com a Editora Parêntesis de maneira agradável e efetiva; ao Mauro Alex,
pela feliz indicação da Parêntesis como parceria; à Helena Bello e à Leyla Beraldo, pelas
descontraídas conversas sobre este projeto; ao grupo PET Design, por me fazer acreditar nas
pessoas enquanto profissionais pensantes e pró-ativos; ao Unblur, ao Parque Monstro e ao
Costelas, por serem os projetos mais felizes do curso de que fiz parte; à existência do chocolate,
por contribuir com a minha felicidade diária, e aos demais amigos, entre pessoas e cachorros, por
me fazerem uma pessoa mais leve todos os dias ou muitos dias seguidos.
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RESUMO
Este projeto trata do desenvolvimento de um "Livro-Objeto-que-Deseja" que envolve,
resumidamente, o conceito de não-senso e de desejo, além dos conceitos de livro-objeto e de
objeto-de-desejo. Assim, propôs-se a construção de um livro para as pessoas e não das pessoas,
para as palavras e não das palavras: que fosse alargada a relação entre o objeto-livro e a
sociedade. Na tentativa de vivenciar uma nova teoria de formação do livro, foram estudados
também o rizoma e o devir, de Deleuze e de Guattari, ambos os conceitos salientes enquanto
materialização do projeto, pois ele se fez de seu desdobramento, não unicamente em seu
desdobramento. Além da teoria abordada, foi formada uma parceria com a Editora Parêntesis,
situada em Curitiba, que auxiliou principalmente em questões de detalhamento e de produção do
livro, além de colaborar com inúmeras conversas também sobre os conceitos do projeto. Por fim,
tomou-se o paradoxo da regressão ou da proliferação indefinida, explicado por Deleuze, no qual
para cada sentido existe outro sentido, para expor que o livro é formado de três partes, sendo ele
um livro-objeto-que-deseja chamado de “Começos-Meios-Fins” que, por sua vez, é denominado
“Mandíbula Sonâmbula Perambula”. No entanto, o livro é, na verdade, “três meios”. Mandíbula
Sonâmbula Perambula é, portanto, inacabado, pois percorre as faltas e os preenchimentos ao
mesmo tempo.
PALAVRAS-CHAVE: Não-senso. Livro-objeto. Desejo. Design de Produto.
8
- Em que sentido, em que sentido? pergunta Alice. A pergunta não tem resposta, porque é próprio do sentido
não ter direção, não ter “bom sentido”, mas sempre as duas ao mesmo tempo, em um passado-futuro
infinitamente subdividido e alongado. (DELEUZE, 2007, p. 79)
9
SUMÁRIO o
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 10
MÉTODO ................................................................................................................................... 12
CADERNO A .............................................................................................................................. 14
CADERNO B .............................................................................................................................. 14
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................ 119
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 120
APÊNDICES .............................................................................................................................. 123
10
INTRODUÇÃO
Peixoto (1998, p. 10) resume a paisagem urbana afirmando que “a paisagem é um muro”.
Nota-se nesse contexto que as pessoas carecem de impulsos para enxergar a grande extensão
que é possível ser experimentada “para além do muro”; nota-se que lhes falta não-senso.
Em uma breve abordagem, segundo Deleuze (1998), o não-senso ou nonsense não se
opõe ao sentido, mas à ausência de sentido, ao mesmo tempo em que não possui nenhum
sentido particular. Mas como atingir pessoas por meio de um objeto que as faça desejarem o não-
senso?
Um livro.
Um livro-objeto.
Um livro-objeto-de-desejo.
Um livro-objeto-que-deseja?!
Foi, então, que surgiu a linha de pensamento que tomou forma neste projeto, uma mistura
de conceitos provenientes da arte, da filosofia e do design. A proposta envolve, resumidamente, o
conceito de não-senso e de desejo, além dos conceitos de rizoma, de livro-objeto e de objeto-de-
desejo. Assim, propôs-se a construção de um livro para as pessoas e não das pessoas, para as
palavras e não das palavras: que fosse alargada a relação entre o objeto-livro e a sociedade.
Para trabalhar a proposta, formou-se uma parceria com a Editora Parêntesis, que contribuiu
consideravelmente durante todo o desdobramento do projeto, auxiliando principalmente em
questões de detalhamento e de produção do livro, além de colaborar com inúmeras conversas
também sobre os conceitos do projeto.
O desejo de possuir um objeto parece indicar uma ação pontual, mas, ao contrário, afirma
Deleuze em seu Abecedário, “não há desejo que não corra para um agenciamento”. Ao procurar
um termo abstrato correspondente a desejo, o autor adota “construtivismo”, indicando que
desejar é construir um agenciamento, enfim, construir um conjunto.
Ao pensar o objeto como um agenciamento, propõe-se ao livro-objeto uma relação mais
humana, assim como acontece nos “objetos-paixão”, como denomina e exemplifica Baudrillard
(2006, p. 94), em “Sistema dos Objetos”: “se utilizo o refrigerador com o fim de refrigeração,
trata-se de uma mediação prática: não se trata de um objeto, mas de um refrigerador”. Baudrillard
descreve a diferença entre ter e possuir, o que significa que o indivíduo não procura sua
“devolução ao mundo”, mas sim sua participação pessoal inserida no objeto.
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Assim como a máquina, o livro possui oportunidade de ser projetado além de sua função
que é a de registrar, comunicar e divulgar informação/conhecimento. Em uma possível analogia, o
design gráfico hoje estaria para a poesia concreta, assim como o design de produto estaria para
este projeto: para o “Livro-Objeto-que-Deseja”, convergindo para uma nova abordagem de
composição, para a tentativa de uma nova teoria de formação de um livro.
Raquel Stolf (1998, s/p) coloca em resumo que, “para os poetas concretos, o poema
comunica sua própria estrutura (estrutura-conteúdo), sendo um objeto por si mesmo e não um
intérprete, negando a usual comunicação de mensagens.” A autora afirma que “é a poesia
concreta que deixa seu rastro, lastro de influências, trajeto, marco, atalho direto para o corpo da
palavra” e acrescenta, citando Àvila (apud STOLF, 1998, s/p): “O verso foi e voltou reverso”.
Na tentativa de vivenciar, portanto, uma nova teoria de formação do livro, foram estudados
conceitos como o rizoma e o devir, de Deleuze e de Guattari, ambos salientes enquanto processo
de construção do projeto, pois ele se fez de seu desdobramento, não unicamente em seu
desdobramento.
O desejo foi e voltou desejando.
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MÉTODO
O método foi pensado sob a perspectiva do Creative Method, Método Criativo,
apresentado por Ponge (1997), juntamente com o Método do Desdobramento das Três Etapas
(MD3E), descrito por Santos (2006). Em resumo, o Método Criativo explica a visão sistêmica do
projeto, e o MD3E, o modo de trabalho do projeto.
Ponge (1997, p. 27) discorre sobre criar objetos literários, os quais não tenham
necessariamente chances de viver, mas sim de se opor, como um objeto exterior, com
disposição para o desejo e gosto pelo concreto, com evidente oposição do mundo já englobado,
acostumado. “Em suma, eis o ponto importante: tomar o partido das coisas: levar em
consideração as palavras” (PONGE, 1997, p. 30), ou seja, partir das coisas, da criação das
coisas, não da sua explicação prematura. Significa fazer o objeto nascer para a palavra e não
nascer da palavra, criar múltiplas possibilidades sem preocupação antecipada com suas não-
validações.
Ponge (1997, p. 34) exclama: “evidentemente, aquilo de que menos se trata é de
entendimento, mas de discussão, e finalmente de imposição - razão pela qual, naturalmente,
não há necessidade alguma de definições: ao contrário!”. O autor, então, expõe três pontos
consistentes acerca da questão: o primeiro ressalta que, mesmo ao considerar suas virtudes, o
“mais bem exprimido”, as definições morrem para os lugares comuns por serem feitas para
eles; o segundo deixa claro que o essencial é exprimir o que não se concebe bem e que seja
enunciado claramente, pois o que não se concebe bem não cairá em lugares comuns; e o
terceiro ponto é sobre conceber a propósito do mundo exterior, em miúdos, ser saliente e exigir
expressão com objetividade confrontável.
A forma de trabalho para o projeto foi definida por utilizar o MD3E, descrito por Santos
(2006), como foi apresentado anteriormente. O método foi desdobrado e construído por meio de
uma estrutura circular (Figura 01), expandindo-se radialmente, dependendo das necessidades do
projeto. Essa estrutura, Santos (2006, p. 40) salienta, pretende mostrar uma relação de causa e
efeito e, mesmo não havendo pré-definições das atividades a serem executadas, na medida em
que são definidas, tem-se uma visão geral do projeto.
Santos (2006, p. 42) destaca que o importante é seguir uma sequência lógica e coerente,
não necessariamente linear e sequencial. Como o método não tem ênfase pré-definida, ele pode
se adaptar a diferentes propostas de projeto. Este método é denominado de Método do
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Desdobramento das Três Etapas
justamente por ser desdobrado nas três
etapas básicas: pré-concepção,
concepção e pós-concepção.
Para este projeto pontuaram-se as
entregas, os pacotes de trabalho e as
tarefas do projeto (Apêndice A) para que
fossem visualizadas juntamente com o
Modo de Trabalho/Cronograma (Apêndice
B), o qual não hierarquiza as tarefas
linearmente, sobrepondo, inclusive, as
tarefas executadas.
Adaptou-se, assim, o MD3E,
unindo o Modo de Trabalho com o
Cronograma em uma estrutura que
possibilitou a visualização geral das etapas e prazos, além de ter permitido essa
complementação de segmentos quando houve necessidade. Contudo, notou-se indispensável
para um bom entendimento do projeto a apresentação do Mapa Mental (Apêndice C), servindo
como uma espécie de legenda de conteúdo para o Modo de Trabalho/Cronograma. Vale
ressaltar que as etapas foram executadas simultaneamente, por isso optou-se por apresentar o
projeto em um relatório que consiste em dois cadernos que podem ser lidos ao mesmo tempo.
Os cadernos servem de tentativa para explicar o que é o projeto, uma vez que ele não se
separa de seu processo. Eles foram separados para possibilitarem a leitura simultânea e facilitar
as relações entre os assuntos, salientando o método em que as etapas não aconteceram
hierarquizadas, mas se permitiram seguir o fluxo das áreas estudadas, do aparecimento de
idéias e do processo vivo em que o projeto se inseriu.
Sugere-se intercalar as leituras dos dois cadernos para facilitar a compreensão dos
assuntos, entretanto, para o caso de leitores que optem por ler um caderno após o outro,
tentou-se citar um caderno dentro do outro quando foi percebida uma ligação quase siamesa
entre eles. Outra proposta de leitura do projeto implica fazer correlações rápidas entre os dois
sumários, os quais foram organizados partindo da premissa de que os leitores os tomariam
como mapeamento dos assuntos abordados.
Figura 01 - Estrutura Circular do Método Aberto Fonte: SANTOS, 2006