LIVRO Para entender as linguagens documentárias

download LIVRO Para entender as linguagens documentárias

of 36

Transcript of LIVRO Para entender as linguagens documentárias

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    1/36

    - , '_" - ..: , :;..~~-_. I" ~

    ANNA MARIA. rvJARQUES CINTRAMARIA DE FATDvIA GON

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    2/36

    Copyright 1994 das aurorasCap a: Mafsa Kawata

    ,1 " ' : : : D ) \ -r 'j;)} (~~~~" ,1 l : ! .' - < - _ _ . . " ' " _ I ~ , . . _ ., _ _ ( . . ~fl : : : ? c ''1 ~ f" 1 ( ': f I ' " ~ 1 3 u ;.; .) . \)1 -- \:A n ;h) ~.,,'n,..'1 _ ; } (.t I~ir I( ,'J -. U r ,) r} i _ : " r> " .I ,G .. - : : ; ' " " '~f'L.." ' - ' . : > . . . ~ Ii J ~ . . 1:~$ - "; 0 ~~~-{~~.i/ ,e;.~jl- i'---'~,-:,-. .I \J . 1 d I d ..CINTRA, Ana Maria et a . P ara enten er as inguagen s ocumentarias.

    Sao Pau lo: Polis: APB, 1994. (Co lecao Palavr a Chave, 4 )72p.

    I.Linguagens documentarias, T.Titulo.CDD - 025.4CDU - 025.4

    Direitos reservados pelaEDITORA POLIS LTDA.R. Caramuru, 1196 ~ Satide - 04138-002 .~ Sao Paulo ~ SPTeL (011)275-7586

    "0 sentido ndo e nunca unta evidencia. "Edward Lopes

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    3/36

    SUIVIARIO

    APRESENTAC;Ao 91. CONHECIMENTO, INFORMA

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    4/36

    APRESENTA

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    5/36

    to. Sem conhecimento, 0hornem permaneee sernpre muitoproximo do polo dos que nao percebem a extensao do muncloem que vivern, em que circularn. E ai esta um dos aspectos ciaimportancia cia informacdo.

    "Nesse sentido, parece que a informacdo cumpre papeldecisivo namudanca dos destin os da humanidade, tunave z que ela estd diretamente ligada ao conhecimento eao desenvolvimento de cada unia das areas do saber, jaque todo conhecimento coineca pot algum tipo deinformaciio e se constitui em inforinacdo " (.. .) E paraque 0 conhecimento da sociedade ndo se perca epossaser compartilhado, de e registrado 11[{J/l dado suporte:livro, imagem.foto, disco. etc., passando a se constitu ir/Ill/II documento ",

    A informacdo nao e um dado. Ela se constroi no encon-tro de duns dinamicas: a dinamica de quem "emite", de quem"enuncia" (0 enunciador) e a dinarnica de quem "recebe" 0enunciado (0 enunciatario). EIa ocorre sempre num espa e~ ~ ~ f o r~ 1 a

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    6/36

    concerto das nacoes. A constituicao de palos hegernonicosconsolida-se a partirdo conhecimento. E a LINGUAGEMDOCUMENT ARIAjoga papel decisivo nessa realidade,o desafio e grande. As palavras, "suspensas no at",param sua danca. Mas as autoras desse livro, com ciencia ecornpetencia, topam 0desafio. E vencem. E ler para crer.

    Maria Aparecida BaccegaProfessora Livre-docente

    da Escola de Comunicncces e Artes da Universidade de Siio Paulo

    12

    1CONHECIMENTO, INFORl\1Ac;AO ELINGUAGEJVI

    1.1. CONHECIMENTO E INFORMAC;AoEm estado dicionario Informacdo significa "acao ouefeito de inforrnar", "instrucao", "indagacao", "investiga-

    cao", "noticia"._- 0significado de Informaciio implica a presenca de se~ .

    iU;1S' que envolvem apresentacao, representacao, ou criacao .de id~i_a,segundo un.ulforma~Em suma,a:i1lformac;ao se-C-;nstitui ela mesma num conhecimento potencialmentetransmissive!'Sob outro angulo, pode-se dizer que 0terrno i nf o r m a c d ose relaciona a identificacao de um "sinal" e que supoe uma"forma" passive I de ser interpretada como mensagem.De outra otica, ainda, sabe-se que a informaciio seconstitui, na sociedade moderna, em ingrediente indispensa-vel do dia-a-dia das pessoas, atraves, de modo especial , dosveiculos de comunicacao de massa.Entretanto, e em sentido especifico de algum tipo deconhecimento produzido no nivel do mundo cientifico etecno16gico que interessa fazer consideracoes,Da mesrna forma que a informacdo acontece nos doisextremos do circuito da comunicacao, 0conhecimento aCOl1-tece no extrema do emissor responsavel pela criacao em sie no extrema do receptor, onde se d a a recepcao da inforrna-caocriada.

    Neste sentido, parece indiscutivel que a informacdocum pre papel decisi vona mudanca dos destinos dahurnani-13

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    7/36

    clade, urna vez que ela esta, diretamente, ligada ao conheci-mento e ao desenvolvimento de cada uma das areas do saber ,jri que todo conhecimento come

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    8/36

    com, praticamente, a mesma taxa exponencial das revistasprim arias , Em 1960 calculou-se em 19000 numero destasrevistas secundarias,o volume de revistas secundarias levou a criacao derevistas terciarias que informavam sobre asrevistas desintese.Sob essamesma perspectiva criou-se o Sistema Universal deInformacao Cientifica, sob 0patrocinio das Nacoes Unidas(UNISIST), com a tarefa central de armazenar toda a infer-macae cientifica em um computador central, com um sistemade busca.o terceiro desdobramento diz respeito a urn fenomenomuito comum hoje: e mais facHredescobrir algo que saber sealguem ja 0 descobriu antes. Acreditam alguns que estefen6meno da "redescoberta" possa se tornar urn dos princ i-pais fatores limitadores da taxa de avanco da ciencia nasociedade conternporanea, Ha, por vezes, urn dispendioenorme de recurs os humanos e materiais para descobrir 0adescoberto,A tendencia a especialidade, constituiu uma caracteris-tiea muito presente nas decadas passadas, ehegando mesmoa motivar filosofos e educadores para discutir a questao dainterdisciplinal'idade, Nos ultimos anos, embora ainda persis-ta com saliencia esta caracteristica, assiste-se a uma fortereacao a alta especialidade, de modo particular, com osmovimentos denominados pos-modernos.A velocidade de producao de inforrnacao tern comoconseqiiencia quase imediata a obsolescencia de conhecimen-tos. DE SOLLA PRICE discutiu isto em termos do que elechamou de coeficiente de lmediatismo: se a quantidade deinforrnacao dobra em quinze anos, ela seria A no inicio desteperiodo e2A no fim do rnesmo periodo. 0 acrescimo de A eA e0coeficiente de imediatismo e Aj2A "" 1/2.Isto e,ao cabode quinze anos, 50% das informacocs disponiveis serao frutode descobertas realizadas durante periodo em questao(PRICE, 1965).Nao e dificil perceber que em areas de avango muitoveloz, como a computacao, 0periodo de duplicayao nao e 15

    16

    anos, mas muito rnenor, talvez 4, 0 que amelia bastante 0Indice de obsolescencia. ..., Assim, c~ar,oesta que ninguern pode, nern mesmo numaarea de .especlahdade, aventurar-se a "conhecer" tudo 0quese p,:b~lca, Mas tambern e claro que uma pessoa pode con-seg~u mformago~s parciais emniveis satisfatorios, gracas aosmeios desenvolvidos para guarda e recuperacao da infor-macae.As necessidades, naturalmente, variam de urn dominicpara outro: de urn grupo para outro, segundo estagio dedesenvolvimento da area, a natureza dos usuaries seuso?jetivos. Apesar dessas variacoes e precise que as illfo1'ma-goes sejam confiaveis, atuais e imediatamente disponiveis,Para se chegar a isso e indispensavel um trabalho siste-mati~o ~ue ~e cornpoe de um conjunto de operacoes emcadeia, isto e, operacoes marcadas por intima relacao entreca?a ,:ma das et~pa~: as ultimas operacoes estao ligadas aspnmeuas e as pruneiras VaG conduzindo as ultirnas.Numa extremidade da cadeia estao os documentos queserao tratados e, na outra, os resultados desse processoexpr~s~os em produtos documentaries do tipo: referencias,descricao de documentos, publicacoes secundarias eterciarias,o processo comeca pela operacao de coleta de dadosque se ~onstitui num procedimento de alimentacdo, atravesdo, conJunt? de documentos que passam a integrar umaunidade de inforrnacao.A _ primeira ~ase,_que se decornpoe em algumas etapassucessl,vas (localizacao de documentos, triagem e escolha,p,roce,dunent.osde aquisicao propriamente dita), exige profis-~lonals atualizados emrelacao a evolucao doconhecimento ea ~roduya? no d,ominio considerado, 0 que supoe que aunidade seja bem integrada num circuito cientifico nacional einternacional, formal e informal,Quando se trata de publicacoes disponiveis no mere adoa coleta,se ~p6ia ~mfontes identificaveis e acessiveis: dep6sit~legal, bibliografias nacionais, catalogos de editores ou cata-log~s. coletivos, indices, repertories, bibliografia~ de todaespecie, Mas quando se trata de localizar uma literatura dita

    17

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    9/36

    1.2. LINGUAGElVI: CARACTERiSTICAS GERAIS

    Embora desclesempre ela tenha sido considerada na suaarticulacao homem/sociedade, hoje se busca urn isolamentometodologico, na tentativa cleve-la como objeto particular,em simesma. 0hornem como que se distancia, sedescola dalinguagem que 0constitui e obriga-se a "dizer 0modo comodiz" (KRISTEVA, 1969, p. 14).Neste esforco clemais emelhor conhecer a linguagem, osprimeiros aspectos que se sobressaem sao a demarcacao, asignificacao e a comunicacao.Em primeiro Ingar, e precise dizer que toclas as praticashumanas sao tipos de linguagens, ja que elas tern a funcao dedemarcar, significar e comunicar. Entretanto, como assinalaBARTHES (1964),qualquer sistema semiologico repassa-se delinguagem verbal.Ao longo dos tempos, a concepcao de linguagem foi semodificando, it merce do saber const ituido e da ideologiareinante. Ate 0seculo XVIII predominou uma concepcaoteologica que colocava em primeiro plano sua origem e asregras universais ciasua logica, 0 seculo XIX foi marcado poruma concepcao historicista que via a linguagem como urnprocesso em evolucao, atraves clostempos. Hoje predomi-narn as concepcoes cialinguagem como sistema em funcio-namento,A pratica cial inguagem e marcada par uma tendencianatural do homem: compreender, governar e modificar 0mundo. Com efeito, homem busca, incansavelmente, en-contrar uma ordem para as coisas, ja que urn mundo caoticoseria incornpreensivel, insuportavel; porisso ele busca encon-trar em meio a aparencia caotica uma ordem mesmo quesubjacente, uma estrutura capaz de explicar as coisas.Na sua busea reflex iva 0 homem trabalha com umaestrutura que e a um so tempo estatica e dinamica, isto e, quepermite a fixacao de cada aparencia dentro do esquema geralclereferencia, ao mesmo tempo que deixa espayo para queessa mesma aparencia surja num outro ponto do"quadro, apartir de outras relacoes, repetindo 0mesmo processo.Assim, situa-se numa ponta a apreensao e na outra a ..cornpreensao. 0 primeiro esforco, 0 da fixacao, equivale a

    subterrdnea, e fundamental que sepossa dispor de uma redede permuta e de aquisicao sistematica, que implica integracaono circuito cientifico da area.A segunda fase do processo consiste em operacoes decontrole e registro domaterial. Nesta fase e feito 0tratamentointelectual dos documentos atraves de descricao bibliografi-ca, descricao do conteudo, estocagem, busca e difusao. Todas

    essas operacoes visam encontrar, de imediato, a informacaonecessaria para responder a demanda.A tarefa inicial consiste em proceder a identificacao dodocumento, 0que e feito atraves de uma descricao bibliogra-fica au decatalogo, que explicitasuas caracteristicas formais:autor, titulo, fonte, formato, lingua, data da edicao etc.Em seguida efeita a descricao do conteudo, denominadaAnalise Documentaria. Esta etapa recobre operacces dedescricao das inforrnacoes que trazern 0documento e atraducao dessas informacoes numa formulacao aceitavel pelosistema adotado.

    Dai nasee a relacao da Ciencia da Informacao com alinguagem natural, relacao que precisa ser anal isada do angulocia guarda e da recuperacao dos documentos, atraves desistemas que fazem arepresentacao dainforrnacao e veiculamconhecimento.Nao e so 0 volume de documentos constituidos emlinguagem natural, como tambern a natureza da linguagemverbal que justifica uma reflexao especifica,

    A linguagem enquanto objeto de reflexao perde-se notempo; entretanto, enquanto objeto de uma ciencia erelativa-mente recente.o carater cientifico deu a linguagem uma forca tal que,hoje, pode-se dizer que ela se constitui na chave de acesso dohomem modemo a s leis do funcionamento social (KRISTEV A,1969).

    18 19

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    10/36

    uma catalogacao do mundo. 0 segundo, o da coordenacao,equivale a uma hierarquizacao do mundo.

    E dentre as coisas a conhecer, provavelmente, seja alinguagem verbal uma das mais intrigantes, ja que ela se fazpresente no dia-a-dia de forma inalienavel, participando doprocesso e do produto deste conhecer.

    Como e feita de palavras a grande maioria dos dados deque 0homem dispoe, daguilo que forma seu intelecto, pareceimportante pensar a palavra, unidade recoberta par imirnerasdificuldades, entre as quais pcde-se citar 0fato de nem todasas Iinguas possuirem escrita e, portanto, a identificacao dapalavra com 0espaco em branco ser inviavel.

    FLUSSER(1963, p. 22) tentaatingirumnivel de explica-

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    11/36

    Essa classificacao, nao obstante ser enfatizada, oferecepontos de confli to muito evidentes. Antes de rnais nada, elapressupoe uma realidade absoluta, um universo uniforrne-mente ordenado, uma estrutura rigida demundo espelhada naestrutura da lingua. Emais ou menos como na concepcaoplat6nica de que 0fenomenal espelha a estrutura do mundodas ideias.. Sea realidade mais amplamostra lfnguas como 0chinese deresto asIinguas aglutinadas eassilabicas onde esta divisaonao faz sentido, a presence mais imediata da lingua maternamostra realidades que poem em cheque esta divisao,Enquanto na frase "Isto e uma caixa grande", "caixa" e"grande" sao expressoes autenticas, respectivamente, dassignificacoes substancia e qualidade, na frase "Isto e umCaL"XaO"qualidade como que vem engolida pela substancia,1 3 . na Frase "Viver e lutar" observam-se processes assumidoscomo substancias.Os exemplos poderiam se multiplicar para mostrar quea classificacao absoluta n50 corresponde it realidade. Entre-tanto, epreciso admitir que aclassificacao tradicional, rnesmocom possiveis defeitos, oferece vantagens, namediciaem queeIa permite vet a lingua como um sistema de simbolosapontando para algo, ou significando algo. Na realidade, alingua nao se constitui num conjunto de simbolos equi valen-tes, mas, antes, num conjunto de simbolos, hierarquicarnente,diferenciados, 0 significado de cada simbolo so se tornacompreensivel dentro do conjunto do sistema inteiro,A lingua nao e fU119aodo sujeito falante, nem suc~ssaode palavras correspondentes a outras equivalentes. E urnsistema-estrutura de valores e formas, Os sistemas de valoresnao sao construcoes particulares de um individuo; sao anteso resultado de todo urn contexte socio-historico que determi-na as condicoes de producao do discurso.

    2LINGUAGENS DOCUMENTARIAS

    2. L NATUREZA, ESPECIFICIDADE E FUN

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    12/36

    LD, ao estabelecimento demecanismos para a estruturacao decampos sernanticos, de campos associativos e de categoriasfuncionais.A Estatistica, por sua vez, foi tomada como instrumentode apoio, tendo emvista determinar freqiiencias de descritores,mapeamento de ocorrencias, analise de citacoes, 0que levouao desenvolvimento da Bibliometria,Dentre os varies produtos da sistematizacao desses

    estudos surgiram os tesauros, construidos em funcao decampos semanticos,Com efeito, dentro do amplo universo da linguagem, asLDs possuem umstatlls muito particular: atraves delas pede-se representar, de maneira sintetica, as informacces materia-

    lizadas nos textos.Tal como a LN, as LOs sao sistemas simbolicos institu-ides, que visam facilitar a comunicacao, Sua funcao comuni-cativa, entre tanto, e restrita a contextos documentaries, ouseja, as LOs devem tornar possivel a cornunicacao usuario-sistema.

    Grande parte das discussces teoricas sobre LOs inse-rem-se no funbito da Analise Docurnentaria que, por sua vez,se define como uma atividade metodologica especifica nointerior cia Documentacao, que trata da analise, sintese erepresentacao ciainformacao, com 0objetivo de recupera-lae dissernina-la,Nesse contexte, as LDs sao, pois, instrumentos interme-diarios, ou instrumentos de comutacao, atraves dos quais serealiza a "traducao" da sintese dos textos e das perguntas dos

    USU;) rios. Esta "traducao" e feita em unidades inforrnacionaisou conjunto de unidades aptas a integrar sistemasdccumentarios. A forrnalizacao das perguntas dos usuaries efeita emlinguagem do proprio sistema. E por esta razao queas LOs podem ser concebidas como instrumentos de cornu-nicacao documentaria.

    Mas, diferentemente cia LN, 0sistema de relacoes dasLDs nao e virtual, bern como seus mecanismos de articulacaosilo extrema mente precarios, face aqueles existentes nasIinguas, em'geral, Bern ao contrario, elementos c1essalingua-

    gem especifica sao selecionados de universes determinados eseu sistema de relacoes e construido, sendo indispensavel,para utiliza-la, a existencia de regras explicitas, Por essemotive, as LDs sao linguagens construidas.CadaLD especificarepresenta, poroutro lado, um pontode vista particular sobre a realidade. Como sistema de rela-90es construido, 0significado de cada urn de seus elementosvai estar diretamente subordinado as definicoes correspon-dentes aos elementos colocados nas posicoes superiores dosistema.Segundo GARDIN, uma LD e um conjunto de termos,providos ou nao de regras sintaticas, utilizado para represen-tar conteudos de documentos tecnico-cientificos, com fins declassificacao ou busca retrospectiva de informacoes (GARDINet al. , 1968).Para 0autor, uma LD deve integrar tres elementosbasicos:- um lexico, identificado com uma lista deelementosdescritores, devidamente filtrados e depurados;

    - uma rede paradigrnatica para traduzir certasrelaccesessenciais e, geralmente estaveis, entre os descritores. Essarede, organizada de maneira logico-semantica, correspondeaUlnaorganizacao dos descritores numa forma que, late sensu,se poderia chamar classificacao; e- urna rede sintagmatica destinada a expressar asrelacoes contingentes entre os descritores, relacoes essas queso sao validas no contexto particular onde aparecem. Aconstrucao de "sintagmas" e feita atra ves de regras sintaticasdest inadas a coordenar os termos que dao conta do tema.Embora 11aLN haja diferenca conceitualclara entrelexico, voca bulario, nomenclatura e tenuinologia, observant-se usos sinonimicos de lexico e vocabulario, por urn lado enomenclatura e terminologia, por outro.Nas LOs, par sua vez, e bastante freqiiente 0 usaindiscriminado destas palavras, o,que pode comprometer 0proprio conceito de represeutacao documentaria, na medidaem que a cada termo deveria corresponder uma funcaodiferente dentro da linguagem.

    24 25

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    13/36

    Entretanto, cada uma destas palavras rernete a conceitosespecificos, 0 que nos perrnite dizer que cad a uma terncaracteristicas e funcces proprias, fator suficiente para impe-dir sua utilizacao indiscriminada,Embora mesmo nos estudos das ciencias da linguagernhaja, eventualmente, referenda a lexico e vocabulario comoconjunto de palavras de uma lingua ou de urn autor, de umaarte ou de um meio social , a rigor, lexica designa 0conjuntodas unidades reais e virtuais que formam a lingua de umacomunidade, algo como urn deposito constituido de elemen-tos em estado virtual e de regras que permitem a construcaode novas unidades, necessarias para a atividade humana dafala, Ja vocabulario serefere ao conjunto das ocorrencias queintegram urn determinado corpus discursivo, como uma listade unidades dafala (DUBOIS et aI., 1973). Assim, pode-se falarno vocabulario que encontramos no trabalho de CUNHA,relativamente as ocorrencias registradas nos discursos sobrepolitica colonial de Adriano Moreira (CUNHA, 1990), ou 110vocabulario medico, a partir de levantamento em deterrnina-das obras medicas, por exemplo.Em termos de LDs, nao faz sentido falar nern em lexico,nem em vocabulario nas acepcoes daLinguistica, uma vez queesses elementos sao especificos da LN. As LOs, linguagensconstruidas que sao, com finalidades especificas del:~l;resentac;-ao documentaria, nao sao suficienternentearticuladas, nern se consti tuent em unidades geradoras denovos elementos.Tarnbem nfio integram vocabularies propriamente ditos,porque sao formadas de palavras preferenciais, combinandopalavras de vocabularies dedeterminados dominies e palavrasutilizadas pelos usuarios. Desta forma, englobam variesvocabularies, representatives de varies discursos. Assim,quando a palavra vocabulario se refere it LD, deve serentendida segundo esta ultima acepcao, que privilegia limaconstituicao a partir de origens diferentes.Uma nomenclatura, por sua vez, como sugere a propriapalavra, diz respeito it acao de charnar algo por seu nome.

    Assim, se constitui em lista denomes quesupoem biunivocidadeda relacao significado-significante (DUBOIS et al., 1973).Talvez se possa melhor caracterizar uma nomenclatura comoetiquetas que designam coisas ou conceitos pre-existentes,como a nomenclatura da quimica, por exernplo, na qual,independentemente deum sistema nccional particular, algo sechama ouro, nitrogenio ou potdssio.

    Diferenternente de uma nomenclatura, uma terniinolo-gia se refere ao conjunto de terrnos de uma area, terrnosrelacionados e definidos rigorosarnente para designar asnocoes que lhe sao uteis (idem ibidem). Assim, pOl'exernplo,a terrninologia da Educacao Brasileira pode ser encontrada noGlossario de Tennos em Educacao (BRASIL, Ministerio daEducacao e Cultura, 1980). Trata-se de urn sistema de termosorganizados, estruturados a partir de nocces particulates.Eborn lembrar que todo conhecimento tecnico-cientifi-co se desdobra num universo de linguagem. A linguagemcondiciona 0conhecimento objeti vo, determinando as Iimitesde sua formulacao (GRANGER, 1974). As linguagensconstruidas exigem formulacoes de sentido rigorosas, a me-dida que a propria atividade se encontra subordinada aarticulacao da linguagem. Desse modo, a atividadeterrninologica e parte constitutiva da atividade tecnico-cien-tifica e diz respeito, diretamente, a urn conjunto de termosorganizados.

    Todas as definicoes analisadas anteriorrnente Ievam-nosa concluir que as Ll.is nao se confundem com lexicos,vocabularies, nomenclaturas e terminologias, embora incor-porern elementos de todoseles. Eimportante queessa diferen-ciacao seja feita pararnelhor delimiter suas caracteristicas facea funcao que devem desempenhar na representacao da infer-macae documentaria.A representacao documentaria e obtida atraves de umprocesso que se inicia pela analise do texto, com 0objeti vode -Iiclentificar conteudos pertinentes em fU11C;

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    14/36

    A sintese e a representacao documentarias advindas doprocesso de analise, podem apresentar-se, geralmente, sobduns forrnas: 0 resumo, que e feito sem a interrnediacao deuma LD e 0 indice, que para rnaior qualidade, deve serelaborado a partir de uma LD determinada.A operacao de traducao de textos em LN para uma LDdenornina-se Indexacao, Inerente ao processo de indexacao

    estao operacoes de classificacao.As varias fases do processo analitico apresentam umacomplexidade consideravel, pois nao se trata de adquirir osdocumentos e armazena-los numa ordem logica. A documen-tacao e memoria, selecao de ideias, reagru pamento de noccese de conceitos, sintese de dados. Trata-se de triar, de avaliar,de analisar, de "traduzir", de encontrar respostas para neces-sidades especificas,A utilizacao ciaLN neste processo leva, seguramente, aincompreensao e it confusao, devido a fenomenos naturalscomo a redundancia, a ambigiiidade, a polissemia e as varia-coes idioletais,A condicao para se obter resultados positivos na buscade informacao e que apergunta e aresposta sejam formuladasnomesmo sistema. Assim, e necessario realizar a traducao deuma pergunta feita emLN, para0sistema em que foi traduzidoo conteudo do documento, isto e , numa LO univoca porexcelencia,Dito de outre modo, uma LO e utilizada na entrada dosistema, quando 0documento e analisado para registro. Seuconteiido e identificado e "traduzido", de acordo com osterrnos d~ LD, utilizaJa e segundo a politica de indexacaoestabelecida. E da mesma forma utilizado it saida do sistema ,

    ql~ando, a partir da solicitacao da informacao pelo usuario, efeita a representacao para busca. Assim, seu pedido e analisa-do, seu conteudo identificado e devidamente "traduzido" 110Sterrnos da LO utilizada,

    .Para realizar tais funcoes de interrnediacao, as LOsdeveru ser construidas de tal forma que seja possivel 0controle sobre 0 vocabulario. Tal controle e necessario paraque a cada unidade preferencial integrada numa LD

    corresponda urn conceito ou nocao, Essa correspondencia soe assegurada atraves das terminologias de especialidade.Vale lembrar que, isoladas, aspalavras nao tern signifi-cado ou tern todos os significados possiveis. E so no discurso,ou seja, no uso, que as palavras assumem significados parti-culares. Como, via de regra, os elementos das LDs saodesvinculados dos contextos onde aparecem, pode-se correro risco de que aspalavras que as integram assumam todos ounenhum significado. Atraves das Terrninologias de especiali-dade, aspalavras passam aser termos, assumindo significadosvinculados asistemas de conceitos determinados. Confere-se,desse modo, referencia as palavras, que passam a significar,segundo determinados sistemas nocionais, assegurando inter-pretacoes pertinentes.As LDs mais conhecidas sao 0 tesauro e os sistemas declassificacao documentaria (GOMES, 1990). As diferencasentre esses dois tipos de LDs reside no maior ou menor gran-de reproducao das relacoes presentes na LN e no universo deconhecimento que pretendem cobrir.

    Os primeiros sistemas de classificacao bibliograficaconhecidos sao de natureza enciclopedica, como a COD -Dewey Decimal Classification, a COU - Classificacao Deci-mal Universal e a LC - Library of Congress, e visam cobrirtodo 0 espectro do conhecimento. Sistemas datadosposteriormente, as classificacoes facetadas desenvolvidaspeIo CRG - Classification Research Group e com base naColon Classification, de Ranganathan, visam dominiosparticulates. Os tesauros, por seu lado, originaram-se a partirde taisclassificacoes facetadas comuma preocupacao adicional:a do controle do vocabulario,

    Historicamente, verifica-se uma continua progressaodas LDs a caminho da especializacao, Conseqiientemente,abandona-se a pretensao de cobrir todo 0universo doconhecimento para voltar-se a dominies cada vez maisespecificos.Todas asLOs, entretanto, sao utilizadas para representaro conteudo dos textos, mas nao os textos e1es mesmos, Afuncao de representacao deve ser entendida, neste contexte,28 29

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    15/36

    como sendo denatureza eminentemente referencial: asunida-des deuma LD devem ser utilizadas como indices relativos aassuntos tratados nos textos, nao tendo, portanto, a funcao desubstitui -los.Os produtos obtidos atraves da interrnediacao das LDssao, desse modo, generalizantes. Nao se representa 0textoindividual, mas a classe de assunto a qual elese refere. Amaioroumenor especificidade doassunto a ser representado depen-de da maior ou menor correspondencia da LD ao sistemanocional dos dominios de especialidade. Assim, atraves deurnsistema de classificacao enciclopedico, textos muito especifi-cos sao classificados em classes de assunto mais gerais; arepresentacao da especificidade dos assuntos de tais textos sosera possivel atraves de uma LD voltada, especificamente,para 0dominic correspondente.Os estudos das LDs tern avancado, progressivamente, nadirecao da definicao dos constituintes e de suas interrelacoes,gerando varias linguagens, de acordo com a dominio deespecialidade. Isto, par urn lade, perrnitiu que a area fosse seliberando do monopolio das classificacoes universals, mas,por outro, tem mostrado imimeros problemas ligados it faltade rigor na construcao das LDs.Tais problemas se referem: it definicao do conjunto determos que compora a lista de descritores; it organizacao dostermos numa mesma rede paradi grnatica (arvoresclassificatorias ou relacoes verticais) que reunira taisdescritores; ao estabelecimento da rede sintagrnatica (rela-coes horizontais entre descritores e mecanismos de sintaxe)que devers permitir a agilizacao da recuperacao de assuntos;a definicao das chaves de acesso aosistema (compati bilizacaode linguagem usuario/sistema).

    2.2. CONFIGURA

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    16/36

    convencionalrnente denominadas associatrvas. Nenhumaunidade pode figurar numa LD sem que esteja Iigada a umaoutra.

    Nas LDs mais modernas - tesauros - os diferentestipos de relacoes entre as unidades sao mais claramenteapresentados atraves de recurs os notacionais. Ja os sistemasde classificacao bibliografica nao raras vezes arnalgamam,numa mesma hierarquia, relacoes de natureza diferente.

    As variacces na forma de apresentacao das LDs devern-se it maior ou menor incorporacao dos diferentes tipos derelacoes existentes entre as palavras na LN e entre os termosde especialidade. Tais variacoes exprirnem, tarnbem, 0maiorou rnenor aprimoramento da funcao de representacaodocumentaria.

    Algumas LDs foram construidas visando, principalmente,a organizacao dos clocumentos nas estantes, sendo que suafuncao de representacao, nesse caso, deve ser diferenciada: arepresentacao aqui implicita cleve ser entendida como aidentificac ao de docurnentos com classes genericas de assun-tos reconhecidos mais ou menos canonicamente.A estru tura basica de uma LD e dada atra ves das relacoeshierarquicas, que podemser genericas, especificas ou partitivas.(Relacoes genericas e relacoes partitivas serao tratadas nocapitulo 3.) 0 vertice da hierarquia e 0 genero ou 0 todo,conforme 0 caso. As subdivisoes sucessivas na hierarquiaconst ituem asespecies e/ou as partes , que podem, novamente,se subdividir. As relacoes hierarquicas proveem as unidadessuperordenadas e as unidades subordinadas. Unidades subor-dinadas ao mesmo vertice, quando no rnesmo nivel da cadeiadenominam-se coordenadas, . )

    Nos sistemas de classificacao bibliografica a estruturahierarquica e dada pela notacao (decimal, no caso da CDD eclaCD U). 0 vert ice das cadeias hierarquicas e constituido pordisciplinas convencionais que se subdividem sucessi vamente,A indicacao dos assuntos e fei ta atraves da notacao numericaou alfa-numerica, conforme 0 tipo de sistema.

    A organizacao basica dos tesauros tambern e hierarquica,existindo tantos vertices, que equivalem a classes, quantos

    32

    for em os aspectos escolhidos para organizar 0dominic deespecialidade. Nos tesauros rnais modernos tais vertices saodenominados Top Terms, e nao constituem descritores, masidentificam as classes escolhidas para reunir os descritores.Via de regra, utilizam-se notacoes numericas apenas paraapresentar ashierarquias basicas e suas principais subdi visoes.Tais notacoes, entretanto, raramente sao utilizadas paradescrever 0conteudo dos textos. A ligacao log ico-hierarquicaentre descritores e , no caso dos tesauros, mais clara, uma vezque e identificada pelos codigos TO (Termo Generico ouTermo Geral), TE (Termo Especffico).: Alguns tesaurosuti lizam, tambem, os c6digos TOP (Tenno Generico Parti tivo)e TEP (Termo Especffico Parti tivo) para apresentar as relacoeshierarquicas do tipo todo/parte,

    As LDs apresentam, tambem, unidades que sao relacio-nadas de forrnanao-hierarquica. As relacoes nao-hierarquicassao normalrnente denominadas associativas, muito emboranao se possa afirmar que as relacoes hierarquicas tarnbem naoo sejam. E precise lembrar, entretanto, que as relacoeshierarquicas representam associacoes entre terrnos que saomais estaveis, enquanto que as relacoes nao hierarquicasexpress am outro genera de proximidade entre os termos. Osrelacionamentos nao-hierarquicos indicam a ligacao entretermos que estao em campos semantic os distintos, porernproximos, Cada termo relacionado pode se constituir noponto de partida para uma familia de terrnos aparentados.

    Nos sistemas de classificacao bibliografica osrelaciona-mentes nao-hierarquicos, quando ocorrem, sao, erronearnen-te, "encaixados" nas hierarquias. E so nos tesauros que estasrelacoes sao explicitamente identificadas, atraves do codigoTR (Terrno Relacionado).Adicionalrnente, as LDs apresentam relacoes de equi va-lencia. Este genero de relacionamento entre os termos euti lizado para permit ir a entrada no sistema, operando no nivelda sinonimia e da polissemia. Quase inexistente nos sistemasde classificacao bibliografica (os raros casos aparecem noindice de tais codigos), nos tesauros essas relacoes saoindicadas pelas expressoes USE (Use) e UP (Usado Para). As

    33

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    17/36

    relacoes de equivalencia estabelecem as remissi vas, definindoo conjunto dos nao-termos ou nao-descritores e dos termosou descritores. A finalidade dessas remissivas e encaminhar 0usuario para os termos preferidos pelo sistema. Constitui -se,desse modo, a chave de acesso ao sistema.o conjunto de relacoes que constitui a estrutura dotesauro e , para GOIv IES (1990 , p. 1 6) "urn elemento importan-te para que ele possa cumprir sua funcao: ela permite aousuario (indexador ou consulente) encontrar o(s) termo(s)mais adequado(s), rnesmo sem saber, de inicio, 0nomeespecifico para representar a ideia ou 0conceito que eleprocura. A partir de urn termo que 0usuario conhece, 0tesauro, atraves de sua estrutura, mostra diversos outros quepodem ser tao oportunos ou mais do que aquele que lhe veioit mente".

    Vale ressaltar, ainda, que no uso das LDs podem serconstruidas novas .relacoes entre os termos, a partir doconjunto de operadores sintaticos disponiveis, como, porexemplo, as add notes, na CDD; + I : ::,no caso da CDU;operadores booleanos, no caso dos tesauros,Uma vez elaboradas e postas em uso, as LDs maisdesenvolvidas, como os tesauros, sao permanentementeatualizadas, mediante operacoes de supressao de termos emdesuso, reagrupamento de descritores em funcao da existen-cia de palavras raramente utilizadas ek: adicao de termosnovos. S6 assim as LDs se rnantern como instrumentosdinamicos, capazes de incorporar os avances do conhecimen-to, ou asmcdificacoes de significado de termos ja existentes.

    3SISTEMA NOCIONAL

    A todo e qualquer campo de conhecimento correspondeum conjunto de nocoes que lhe e proprio. As areasespecializadas da experiencia humana devern ter seu uni versonocional devidamente identificado, apartir de urn dado pontode vista, para que seja possivel organiza-lo de forma s.istema-tica, ou seja, inter-relacionada. S6 a organizacao nocional deuma area permite a utilizacao deinstrumentos eficazes para 0tratamento e recuperacao da inforrnacao,A ausencia de um sistema de nocoes, devidamentesistematizado, inviabiliza 0empreendimento de dar forma aurn conjunto de palavras, narnedida em que esbarra, necessa-riamente em dificuldades advindas da falta de compreensao, .ou da compreensao incorreta das possibilidades de relaciona-mento entre terrnos.Considerando que as LDs, norrnalrnente, funcionam apartir do controle do "vocabulario" em cada area, pode-sefacilmente depreeender que 0sistema nocional deuma area seconstitui em urn parametro basico, ou em viga mestra desustentacao das LDs. .Assim, na pratica, a ausencia de urn sistema nocionalcompromete nao soa indexacao, mas tambem, a economia dapropria atividade documentaria, fragmentando-a com ques-toes relativas ao significado e it cornpreensao dos termos,Alem disso, nao raro, as respostas as questoes formuladassubmetem-se a variacoes, segundo 0entendimento que cadaindexador tem da area ou segundo 0humor do momentodaquele que opera com a inforrnacao, a que, fatalmente,introduz deforrnacoes, descaracterizando os instrumentosdocumentaries.

    34 35

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    18/36

    Desta maneira, faz-se necessario estabelecer, a priori,que a utilizacao de qualquer LDsupce a explicitacao nocionalda area a que se refere e a sua organizacao na forma de umsistema.Segundo a norma ISO 1087, u rn sistema nocional sedefine como urn "conjunto estruturado de nocoes que refleteasrelacoes estabelecidas entre asnocoes que 0cornpcem enoqual cada nocao e determinada pela sua posicao no sistema".Nao basta, portanto, recuperar as nocoes, enumerando-as. Epreciso iralem e estabelecer suas posicoes relativas, 0 que seobtem atraves dadeterminacao das relacoes que as associam.A nocao ou 0conceito, por sua vez, define-se como"unidade de pensarnento const ituido por propriedades co-muns a lima classe. de objetos"(ISO 1087). Embora nao.estejam ligadas a linguas especificas, asnocoes sao express aspor termos e simbolos, sendo influenciadas pelo contextosocio-cultural.Asnocoes, devidamente, relacionadas, constituem, pois,o arcabouco fundamental para a organizacao deuma area, namedida em que possibilitam um ponto de vista, materializadono sistema de nocoes, para 0 trabalho docurnentario.As relacoes entre as nocoes materializam 0sistema denocoes, que se express am, documentariamente, em relacoeshierarquicas e relacces nao- hierarquicas.As relacoes hierarquicas sao aquelas que se definementre nocoes subordinadas em urn ou varies niveis (ISO1087). Dito de outra forma, as relacoes hierarquicas saoaquelas que acontecem entre termos de urn conjunto, ondecada termo e superior ao termo seguinte, por uma caracterfs-tica de natureza normativa. .

    No conjunto das relacoes hierarquicas, ha que se levarem conta 0conceito de ordem e de subordinacao. A ordemdeve set observada como uma superordenacao que consistena possibilidade desubdivisao deuma nocao hierarquica maisalta em um certo numero denocoes denivel inferior, chama-das nocoessubordinadas. E este processo de subdivisao quese denomina subordinacao, Inversamente, a nOr;80 subor-dinada e a nOr;80 que nurn "sistema hierarquico pode ser

    agrupada com uma ou mais nocoes do rnesrno nivel (nocoescoordenadas entre si), para formar uma nocao de nivelsuperior (ISO 1087), ou seja uma superordenacao.

    A

    superordenll

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    19/36

    A nos:8. 0 especffica e , portanto, uma nocao subordinadaque indica a existencia de uma diferenca, face a urn conjuntode caracteristicas comuns. Ao mesmo tempo, apresenta ascaracteristicas comuns e pelo menos urna caracterfstica que adiferencia da nocao generica,Assim, por exemplo, aosubdi vidir 0conjunto dos rnami-feros emracionais e irracionais, afirrna-se, simultaneamente,a existencia de uma diferenca (racional e irracional) sobre urn

    plano cornum ou semelhante (mamiferos).A (mamffero) No.;iio generica

    su p c rordc n , H , ; a Dsemcthancus) subordinucao(difcrcncus)

    b(racional)

    c No.;oes( ir racional) especff lcas

    . . . . . - - --coordeuacao

    Fig. 2 - Esquema de relacao generica.

    Na relacao generica, a superordenacao caminha dasdiferencas para as semelhancas, ou seja, da especie para 0genera e, inversamente, a subordinacao caminha das serne-lhancas para as diferencas a partir das primeiras, isto e , dogenero para as especies,Exemplificando, a nocao de "ernbarcacao" subclividide-

    se, segundo 0"tipo", em nocces mais especificas como a deiate,jangada, canoa, navio, chata, etc. Em relacao a essasultirnas, a noC;~o especifica, "embarcacao", e a nocaosuperardenada. E apartir c1essasrelacoes que sepode afirmarque iate e uma especie de "ernbarcacao, que "embarcacao'' eurn genera e que iate e canoa sao nocoes coordenadas.

    . Ja a relacao partitiva e urn tipo de relacao hierarquica, naqual a nocao superordenada refere-se a urn objeto conside-38

    rado como urn todo e as nocoes subordinadas a objetosconsiderados como suas partes. Face a "navio", a nocao de"casco" e uma nocao especifica partitiva, denotando que"navio" e uma nocao referente ao todo (superordenada) e que"casco" e uma nocao referente a parte (subordinada), Domesmo modo, a nocao "conves" denota uma subdivisao porpartes da nocao "navio", Relacionadas por coordenacao, asnocoes "conves" e "quilha" sao denominadas nocoes coorde-nadas.

    nuvio NO\110 gcnerlca0 p u rt it iv u ( to d o)o 0o- ' ' ' '" '-": oj'" .S'? "0e I-0

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    20/36

    hierarquiaencontram-setodosnomesmonivelcomo, "racio-nal" e "irracional" na figura 2.Num outro plano estao terrnos que, em principio, naoapresentam uma relacao evidente, como boi e arvore.As relacoes que nao se submetem a uma hierarquia saoaquelas que apresentam entre si uma dependencia, resultantede contiguidade espacial ou temporal. Por esta razao, taisrelacoes tambem sao chamadas de relacoes seqiienciais.Sao relacoes seqiienciais aquelas que se impoem entre asnocoes de causa e efeito, de produtor e produto, de etapas deurn processo, de oposicao e de contradicao.o importante e observar que, invariavelmente, as rela-coes sequenciais nao se originarn de hierarquias e delas naodependem, nao expressando, portanto, a existencia de rela-coes genero/especie ou todo/parte. Provavelmente, seja essa

    a razao pela qual tais relacoes sao denominadas, generic amen-te, associativas.Entende-se, por isso que expressam algum tipo derelacao entre nocoes, uma vez que nao se submetern a

    hierarquias e sao mais livres.A impropriedade do termo "associacao" deve-se, nestecaso, ao fato de que qualquer que seja a natureza da relacao,ela e, em certo grau, associativa. 0problema entao continu-aria: relacoes associativas hierarquicas e relacoes assocjativasnao-hierirquicas.Por outro lado, a associacao HaO pode ser livre. Eprecisoreestabelecer 0contexto que a valide, ou seja, indagar a suanatureza. 0exemplo, transcritoabaixo, daNorma ISO 1087,ilustra este aspecto.

    3.1 RELAC;OES HIERARQUICAS

    DOEN

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    21/36

    postuladas por BACON; ja os tesauros voltam-se a dominioscada vez mais particulares, sendo construidos em funcao deuniversos muito determinados, Sao, por essa razao, maisflexiveis quanto it estruturacao do esquema classificatoriobasico e mais adequados ao atendirnento das necessidadesinformacionais de domini os especializados.A flexibilidade dos tesauros vincula-se aurn principio deutilidade. Desse modo, pode-se construir, para urn campo

    particular do conhecimento, tantos tesauros quantos foremnecessaries. Cada urn deles procurara organizar urn dadouniverso nocional de acordo com 0 ponto de vista que seirnprime ao dorninio, para responder a diferentes necessida-des. Para a ISO 704, "urn objeto especifico pode ser visto dediferentes pontos de vista por discip1inas diferentes."

    Assim, por exemplo, "em termodinamica as caracteris-'ticas essenciais do conceito 'lfquido' sao aquelas que indicamque ele e < tuna substdncia em estado condensado, intermedi-ario entre solido e gasoso'" (idem ibidem)."Em hidromecanica, as caracteristicas essenciais doconceito 'liquido' sao que ele e lima substdncia que e

    ' intcompressivel', 'densa' e capar de 'fluir'" (idem ibidem).No exernplo da ISO, as caracteristicas (propriedades)privilegiadas nadeflnicao de "liquido", em terrnodinamica au

    emmecanica, determinama definicao, implicando, portanto,modos especificos de abordagem do assunto e, conseqiiente-mente, a construcao das hierarquias.Do rnesmo modo, epossivel construir tantas hierarquiasquantas diferentes conjuncoes realizarmos entre as palavras.Exemplificando:

    Cada uma dessas construcoes delimita e conforma asnocoes ou conceitos a serem representados, refletindo esco-lhas de determinadas propriedades, tal como numa arvore dePorfirio. "0 homern enecessariamente mortal sornente numaarvore de Porfirio particularmente focalizada no problema daduracao da vida" (Eco, 1984, p.51).Refletindo tais principios de organizacao, a configura-

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    22/36

    caracteristicas que compoam estanorao (BOUTIN-QUEt 1 1985) " . "T 1 SNEL: a:, ; Ja.a fite,US.aode um conceito diz respeito ittotalidads das calactensticas deste conceito (ISO 704) P _taut t . . . or0, _quan ? maier a intensao do conceito, rnenor suaextensa~ e.VIce-Versa. Ou seja, quanto maior 0 numero dcaractenstlcas que composm urn conceito men r e , ed bi , 0 eonumeroe 0 ~et~s que comparti1ham destas caracteristicas (lei dacorrelacao reversa),~ validade de uma relacao generic a pode ser constatadaatraves de urn esquema Iogico do tipo "todos/ 1 0 ' "a buns.

    INSETOS/ " -ALGUNS sAO- .

    Podem existir, todavia, casos especiais onde 0campo"Controle de Pragas" determina asubordinacao de "Gafanho-tos" a "Pragas", atendendo a objetivos muito especificos(idem ibidem).

    Conforme ja mencionado, uma sequencia de conceitossubordinados forma uma sequencia vertical, enquanto quenocoes diferenciadas no mesmo nivel de abstracao formamuma sequencia horizontal, denominada coordenacao,A ccordenacao resulta, pois, da associacao entre nocoesobtidas atraves da divisao a partir de uma mesma caracteris-tica. Sao, portanto, coordenadas as nocoes obtidas a partir de"maquina", resultante da subdivisao por tipo: maquina demoer carne, de costura, de fresar, de rnacarrao etc.

    TODOS SAO/ 3.1.2 RELAc;:AoPARTITIVAGAFANHOTOS

    /PRAGAS~ALGUMAS sxo - . ALGUNS sAo/GAFANHOTOS

    A relacao partitiva expressa arelacao entre 0todo e suaspartes. E precise observar que a relacao partitiva nao seconfunde com a relacao generica, embora geralmente elassejam representadas do mesrno modo.

    Na relacao partitiva 0conceito da parte depende doconceito do todo. 0conceito da parte nao pode ser definidopreviamente adefinicao do conceito do todo. Nao podemosdefinir "urn motor de automovel", antes de definirmos "urnautomovel" (ISO 704):,

    As Diretrizes para a elaboracao de tesauros da UNESCOreconhecem quatro tipos principais de classes que represen-tam relacionamento tcdo/parte: sistemas e orgaos do corpo,localidades geograficas, disciplinas ou areas de estudo eestruturas sociais hierarquizadas (IBICT, 1984).

    Os conceitos que estao em uma relacao partitiva podemformar series horizontais e verticais similares a s series hori-zontais everticais formadas por relacoes genericas (ISO 704),como no exemplo:

    o esquema precedente (IBIeT, 1984, p.26; Is02788-.:986, 1~,S~,p.605) ~ndica que alguns membros da classeInsetos sao conhecidos como "Gafanhotos"t d "0 C h " 'enquanto queo os os aran otos sao "Insetos", por definicao e inde-pe~dentemente do C?l~texto.Isso porque a classificayao ternpor b~s~ a~.~arac~enstlcas que sao necessarias e suficientespara dlt~g?lr nocoes. 0conjunto de objetos ao qual se atribuicar~ctenstICas ou pl'Opriedades comuns, ou seja, ao qual foiaplicada a rnesma caracteristica de divisao forma a IAt is d ' c asse.raves 0 teste de classe, garante-se qu t"G f nl ,,- . e 0 errnoa a rotos nao seja indevidamentesubordinad . 1 d"p . " J: c 0a c asse eragas ,COlliOrme0esquema abaixo:

    44 45

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    23/36

    SISTEMANERVOSO NOyao generica partitiveSISTEMA NERVOSO CENTRAL

    CE.REBROl'vlEDULAESPINHAL

    Nocoes partitivasmentos Iegais, procedimentos administrativos. Conceitos destetipo, com alguma freqtiencia, representam acoes que podemser subdivididas em acces partitivas, tomando Ingar consecu-tivamente au simultanearnente (ISO 704).A grande dificuldade para definir asrelacoes associati vasnao-hierarquicas deve-se ao fato de que todas as palavras,termos ou conceitos podem se relacionar entre si em algummomento. Isto porque as associacoes dependem, em Iargamedida, do universo de referenda considerado.As associacces entre termos pertencentes a categoriasdiferentes sao dadas a partir do universo de referencia indivi-dual. Para 0controle de vocabulario, entretanto, e essencialconhecer e explicitar deterrninados universes de referencia.Tais referencias sopodem estar assentadas em principiosfuncionais, como 0 reconhece Dahlberg, para quem urnrelacionamento funcional e "aquele em que urn termo quedenote atividade ou operacao se liga, conceitualmente, a umae~tidade ou propriedade" (apud IBICT, 1984, p.31). Assirnsendo, a delimitacao das associacoes entre os terrnos deve seligar it estrutura conceitual de dominios especificos,operacionalizada pela terminologia, onde os conceitos deve-rao estar mapeados e definidos. Escapa-se, desta maneira, davirtualidade associativa passivel deser desencadeada em LN;confere-se, por outro lado, consistencia aos procedirnentospara a determinacao das associacoes em dominios especifico.Como ressalta 0 documento do IBICT, "nao existepesquisa suficiente para determinar as bases teoricas dasrelacoes associativas" (IBIeT, 1984, p.3l). Face a esse proble-ma, amaier parte das recornendacoes existentes nos manuaise normas para construcao de LDs sao resultantes da pratica(idem ibidem).A experiencia na elaboracao de LDs permitiu enumerarvaries tipos de associacao, segundo a sua natureza. Entretan-to, a ocorrencia e utilidade desta ou daquela associacaodepende do modo de organizacao dos dominies de especi-lidade. .

    Confrontando-se asrecornendacoes dispostas pelo IBICT,e aquelas apresentadas por LANCASTER (1987) epor MOTT A

    (Fonte: IBICT, 1984, p.27)

    Tais relacoes estao presentes nos sistemas de classifica-cao bibliografica como a CDD e a CDD..Tambem os relacionamentos enumerativos podem sercons.lderados como uma modalidade de relacao partitiva, namedida em que indicam "a conexao existente entre umac~tegoria geral de objetos au acontecimentos expresses me-diante urn substantivo comum e urn caso individual de talcategoria, que constitui urn exemplo ou classe de urn soelemento, representado por um nome proprio", como em:REGIOES MONT ANHOSAS

    AndesHirnalaia

    FONTE: (ISO 2788)

    Neste caso, Andes e Himalaia sao subordinados hierar-quicamente, porque, mesrno que nao sejarn tipos nem partesde "r~g!6es rnontanhosas", representam exemplos ou casosespecificos do terrno generico (Idem ibidem).

    3.2 RELA

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    24/36

    (1987), observa-se grande variedade de relacces marc adaspar diferentes pontos de vista. ~ba,ixo estao reunidos urngrande mimero de exemplos passrveis de esclarecer as com-plexas relacoes entre termos, cuja associacao resulta decontiguidade temporal au espacial:

    f) Coisa/aplicacao:ABASTECIMENTO DE AGUA IRRIGAC;Ao

    ECONOMIA NIVEL DEATIVIDADE ECONOrvIICA

    g) Acao/resultado da acaoTECELAGEMPINTURA (Arte)CRESCIIvIENTO

    ECONOMICO

    TECIDOSrvfURAISDESENVOLVIMENTO

    ECONOMICO

    a) Atributiva:

    b) Disciplina ou campo de estudo/objetos ou.fenomenosestudados:ENTOMOLOGIA INSETOS

    h) Causalidade au Causa/Conseqiiencia:CRESCIMENTO DESENVOL VIMENTO

    ECONOMICO ECONOMICOESTETICA BELEZAPACIFISMO PAZ i) Efeito/Causa:

    FEBRE INFECC;Ao

    c) Processo ou operacao/seu agente au instrumento:CONTROLE DA TEMPERATURAILUMINAC;AOAUTOMAC;AoAQUECTh1ENTOPOLITICA MONET AR IA

    TERl\rlOSTATOSLA..iVIPADASCOMPUTADORESCOMBUSTivEISTAKAS DEJUROS

    j)Dependencia causal:DOEN

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    25/36

    n) Opostos:VIDAEMPREGO MORTEDESEIVfPREGO

    u)Expressoes sincategorematicas/ substantivos nelas incluidcs:PElXES FOSSEIS PEIXESFLORES DE PAPEL FLORES

    0) Ar:;ao/ seu paciente:EXTRADI

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    26/36

    4RELA(_ ;OES LINOufsTICAS E

    DOCUMENTAc;AOUma vez estabelecido urn sistema nocional, existem

    condicoes para propor relacoes entre termos. 0 rigor com quetais relacoes se propoem determina 0grau de controle de limalinguagem construida. Dito de outro modo, uma linguagemconstruida e produto de uma operacao nas palavras, que astransforma em termos. De fato, a linguagern construidaneutralize as diferencas existentes 11 a relacao entre a palavrae seus significados em LN. Neb naopodem coexistir, pOl'exemplo, duns ou mais palavras que se refiram a Ul11 mesmoconceito Olluma palavra p~Ui1esigner varies conceitos, semque 0 fato seja suficientemente registrado, ou seja, devida-mente "contro lado". POl' essa razao, as linguagensdocumentarias integram vocabularies controlados,

    Para caracterizar 0que vern a ser 0controle do vocabu-Lirio, e precise entender como se comporta a significacao.BAKHTIN (1981) observa que, no plano ideologico, apalavraCuma unidade "neutra", isto e , apta a se adequar a diferentespad roes culturais, E isso ocorre porque ela e portadora de umagmlla de significacao que a torna capaz de assumir sentidos ouvalores diferentes, dependendo do contexto.Assim, a despeito de seus semas basic os que constituemo que se poderia chamar micleo "duro" de significacao ciapalavra, ela como que se arnolda a cada realidade contextual,permitindo diferentes focalizacces,

    Desta forma, e improprio dizer que uma dada palavratem 0 significado y, embora seja vi ..vel, a partir de urnsignificado basico, afirmar que ela assume varies sentidos ou

    53

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    27/36

    valores, dependendo de contextos. Nao e por acaso, pois, quea LN sepropoe como espaco para 0exercicio da Iiberdade. 0sujeito falante nao e apenas urn reprodutor de sentido. Ao seapossar da Linguagem, ele exercita 0 ate de significar, quesup6e liberdade de escolha.

    Esta e uma das razoes pelas quais a LN se define,invariavelmente, pela sua dinamicidade, ja que, a cada mo-mento, ela se transforma, evolui. Eo instrumento de represen-tacao da realidade que deve ser caracterizado como multiplee plurissignificativo.

    As unidades constitutivas das Iinguagens construidas, aocontrario, significam de maneira precisa. Contrap6em-se asunidades da LN,justamen:te, por imporem significados fixos,demaneira coercitiva, Ao contrario dapalavra polissemica dovocabulario geral da LN, 0termo do vocabulario especializa-do das linguagens construidas tende a se comportar demaneira uniforme, com pequenas variacoes, isto e , nele asrelacoes entre forma significante e significado tendem a serunivocas. Diz-se, nesse caso, que 0 tenno, ao contrario dapalavra polissemica, e de natureza monossernica. Em dia-grama:

    LD LN

    compreendem unidades capazes de representar ~fOl'mac;:a?Nao e suficiente que tais unidades signifiquem, E necessarioque elas signifiquem demaneira determinada.Portanto, quando se afirma que aslinguagens documen-tarias supoem 0controle do vocabulario, afirma-se, simulta-neamente:

    a) a existencia de mecanismos interpretativos proprios,uma vez que nao sepode utilizar 0mecanisme interpretativoda LN para determinar significados das unidades destinadasit representacao da informacao;

    b) a possibilidade de se produzir linguagens de naturezamonossemica que participam da elaboracao de LDs. Face anatureza plurissernica da LN, a elaboracao de LDs supoealterar a Fontede significacao, isto e , alterar a possibilidade designificar, orientando-a para a necessidade de fixar significa-dos. Este processo perrnite a transformacao da unidade designificacao em unidade de informacao.

    c)a existencia deum vocabulario proprio de uma LD quecomporta, preferencialmente, unidades de lingua gens de es-pecialidade, isto e, termos, tambern denominados "vocabu-larios especializados", 0 vocabulario geral que secompoe depalavras, se, por um lado, e rnais rico que 0 primeiro, poroutro, pelo lade do tratarnento da inforrnacao, e mais li-mitado.Ste. Sdo Ste sdo l sdo2 sd03 4.1 POLISSEMIA E AMBIGUIDADE

    E precise entender, portanto, que e intrinseco it palavrasignificar demaneira propria a cada ocorrencia. Esse nao eumdefeito. E antes uma caracteristica importantissima para ainterprytac;:aodo mundo. Nao sepode exigir que a LN declinec ia SUafuncao tambern interpretativa e criadora para exercitarapenas a funcao informativa. As LDs, ao contrario, porquesao elaboradas para 0exercicio estrito da funcao informativa

    Para a Linguistica a palavra e sernpre fonte de significa-c;:ao,mas ha que se distinguir a plurissignificacao comofenomeno geral, decorrente da organizacao sintatico-seman-tica de enunciados ea polissernia, fenctneno especifico da areavocabular.A ambigiiidade, por sua vez, e entendida como a possi-bilidade de uma comunicacao lingiiistica se prestar a mais deuma interpretacao e ocorre em funcao tanto da pluris-significacao, como da polissemia.

    54 55

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    28/36

    Defato, ela podeserconseqiiencia, na area vocabular dapolissemia ou da homonimia e, no plano mais geral, , dedeficiencias na utilizacao de padroes sintatico-semdnticos.Pela polissemia, como foi mencionado anteriormenteobserva-se que uma palavra pode comportar mais de urnsignificado, como em "Hoje trabalhei muito com ar condicio-

    nado", em que tanto posso estar dizendo que trabalhei comaparelhos de ar condicionado, quanta sob at condicionado.Ouna frase "0cachorro do meu vizinho uivou anoite toda"onde posso estar dizendo que 0cachorro pertence ao meuvizinho, ou que 0meu vizinho e urn cachorro.

    Em funcao da hornonimia, que consiste em uma mesrnaforma significante rerneter a duas realidades vocabularesdiversas, sejam unidades com identidade fonica (hornofonia)ou identidade grafica (homcgrafia), pode-se gerar ambigiii-dade. Por exemplo, numa frase como "0 mestre entregou acadeira ao colega", o significante cadeira tanto pode remeterit palavra cadeira ""objeto para sentar, quanto a cadeira =catedra de urn docente.Pelas deficiencias no usa de padroes sintaticos se eviden-ciam tambem ambiguidades, geralmente, resolvidas em LNcorn modificacoes de colocacao, comoem "Os juizes encara-yam osreus enigmaticos", onde tanto a significacao pode serrelativa a atitude dos juizes, quanta ao estado dos reus. Acolocacao dos sintagmas, ou a sele9ao de padroes sjntaticospode, entretanto, desambigiiizar a frase: "Os juizes enigrnati-cos encaravam os reus" ou "Osjuizes encaravarn os reus queeram (estavam) enigmaticos",

    Numa lingnagem documentaria, tanto apolissemia quantaa ambigiiidade devem ser neutralizadas, para que seja garan-tida a monossernia.A ambigiiidade evidencia, de maneira inequivoca adivergencia entre a aparencia e a realidade do sistema e nos

    perrnite dizer que a aparencia nao e sempre a pista interpreta-ti vamais segura, Levados pela aparencia operamos normal-, ,mente, com os mecanismos interpretativos habituais enos!

    56

    acostumamos com significados repetitivos. Isso diz respeitoaos nossos habitos e nao ao sistema lingiiistico.Pouco adianta normalizar 0sistema e continuar com osrnesmos habitos, Sendo assirn, suPOt que apenas a homonimiagramatical deva ser controlada e negar 0carater polissemico(ou plurissignificativo) da linguagem. A polissernia nao e aambigiiidade, porquerelaciona-se as leis relativamente geraisque regulam a passagem de uma significacao a outra, Amaioria das unidades lingiiisticas ternuma significacao geralque lhes permite operar em situacoes diferentes. Essa carac-teristica, como vimos, diz respeito a propria natureza dalinguagem e nao autoriza afirmar que toda expressao sejaambigiia. Porexemplo, apalavra casamento significa global-mente "uniao". No entanto, a cada uso associarn-se a elatraces de modo a garantir uma variacao, uma significacaopropria.Por estarem num sistema relacional, as palavras devemser observadas em oposicao umas asoutras. Em simesma, porexemplo, a palavra "alta" pode ser incorretamente interpre-tada como ambigua.ja que pode estar associada a significa-coes diferentes, como: crianca alta e mulher alta. 0 mesmopode-se afirmar em relacao it palavra "baixo", uma vez que"crianca baixa" e "mulher baixa" apresentam igualmentesignificacoes diversas. A arnbigiiidade das palavras inexiste seas observamos como oposicao, Fica evidente, desse modo,que "crianca baixa"/ "crianca alta" e uma oposicao analoga itoposicao "mulher baixa'v''mulher alta". A significacao, nessecaso, denomina-se oposicional e possibilita detenninar 0senti do propondo limites para a indeterminacao original.Estamos diante, entao, dedais fenomenos que devem serobjeto das operacoes de elaboracao de linguagensdocumentarias: a polissemia.responsavel pelas leis que regu-lam a passagem de uma significacao a outra, que deve setcontida, de modo que asunidades sejam capazes de represen-tara inforrnacao. A informacao, ao contrario da significacaogeral, deve ser determinada. Pam que ela0seja a significacaoque a representa nao pode ser de natureza polissemica. Amonossemia, natureza desejavel das LOs, e obtida atraves de

    57

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    29/36

    redes relacionais e definicoes dos termos. Isto quer dizer que,ao contrario da LN, onde a riqueza vincula-se a polissemia, afixacao de relacoes e definicoes precis as e seu principioorganizador elemental' e basico,Assim, ao operar com LDs devemos analisa-las tendo emvista desvendar 0modo pelo qual nelas as significacoes saoorganizadas,A rigor, nao se deseja que urn termo se enriqueca, Exige-se que ele expresse conceitos determinados. A definicao deveproporuma expressao (sintagma ou palavra) semanticarnenteequivalente it unidade a ser definida. Nao se deve descrever 0objeto concreto, por ex. ferro ou agua, mas 0funcionamentoIinguistico do termo no sistema nocional em questao, porexemplo, Fe e H20, respectivamente, para 0 vocabulario daquimica.termo, tarnbem, sedefine por suas relacces com outrostermos. Extraindo 0 termo do lugar que ocupa, 0 qual lheconfere seu valor, privamo-nos do iinico meio possivel paradefinir sua existencia linguistica, rigorosa 0suficiente paragarantir seu funcionamento como unidade de inforrnacao.Sendo assim, Fe eH20passam a ter significados fixadose determinados. Integrarn urn vocabulario especializado (tee-nico ou cientffico). Seus correlatos ferro e agua integram 0vccabulario geral da LN, no qual podem assumir significacoesdiversas. Por exemplo, ferro, em relacao ao objeto, conceitoetc. Por vezes, observa-se confusao entre ambigii idade epolissemia, A ambigiiidade lexical impoe-se atraves dapolissemia e da homonimia, Na linguagem documentaria, aambigiiidade e tratada atraves de modificadores quecontextualizam 0sentido. Ex.: planta (botanica), planta (ar- .quitetura), companhia (empresa), companhia (pessoa).Em principio, emLN, a ambigiiidade e facilmente resol-vida pelo contexto. mesmo nao ocorre com apolissemia. Navisao ingenua qqe identifica ambigiiidade e polissemia, acaba-mos por acreditar que apenas a ambigiiidade nos leva aindeterrninacao do sentido. Ela e , de fate, 0fen6meno maisaparente e 0menos grave. A armadilha e acreditar que a

    palavra tenha urn unico significado. Nega-se a polissemiacomo fen6meno global e estabelecem-se operadores de sen-tido que pouco tern a vet com 0 campo nocional , isto e ,substitui-se 0 conceito ou nocao proprio dos vocabulariesespecializados pelas indeterrninacoes do vocabulario geral.Para neutralizar apolissemia e preciso lancarrnao de doisrecursos: elaboracao de redes relacionais e estabelecimentode definicoes e notas de escopo, sempre que as redes semostrarern insuficientes para a interpretacao univoca dasignificacao. Tais recursos impoem operadores de sentido,isto e , elementos que conduzem 0 indexador a interpretaradequadamente, em conformidade com0sistemanocional emquestao,

    4.2 SINONIMIAA sinonimia e uma relacao de equivalencia entre, aomenos, duas palavras. Atraves dela nao se afirrna a identidade

    entre oselementos envolvidos na relacao. Isto e, x equivale ay indica que x pode, em deterrninadas circunstancias, substi-tuir y . A equivalencia e urn recurso norrnalizador importantepara acornpreensao deuma linguagem documentaria, De urnIado, permite norrnalizar a polissernia, indicando que variaspalavras, uma vez que compartilham significados proximos,expressam-se por urn mesmo descritor. De outro, permitecompatibilizar alinguagem dos usuaries com alinguagem dosistema} funcionando assim como operador de sentido.E importante entende-la sempre como consequencia docontexto. Este fator caracteriza a equivalencia como umaoperacao relativamente arbitraria, mas isso e pouco importan-te, uma vez que a arbitrariedade esteja registrada.

    De fato, a transforrnacao daunidade de significacao emunidade de informacao e a caracteristica fundamental docontrole de vocabulario.ja que numa linguagem construida,a cada unidade de informacao deve corresponder urn unicosentido referencial.NC?ntanto, a existencia desinonimos ou quase-sin6nimos

    58 59

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    30/36

    nos leva a considerar relacces de equivalencia para 0trabalhodocumentario.A grande importancia das relacoes de equivalencia e queelas intensificam 0processo de controle sobre a variacao designificado, permitindo maior rigor no tratamento da inforrna-9ao e eficacia na sua recuperacao, Como os outros generos derelacoes mencionadas anteriorrnente, as relacoes de equiva-lencia introduzem parametres para 0uso da Iinguagem,determinadas por urn grupo,No sentido estrito, a sinonimia pode ser definida comoidentidade de significacao entre elementos lexicais, porern, aexistencia de sinonimia absoluta e controversa, sendo causade inumeros debates entre lexic61ogos. Alguns autores admi-tern sua existencia para 0 caso da equivalencia entre duaslinguas funcionais, como em Gaivotas - nome popular /Larideos - nome cientifico; outros, ao contrario, tratarn taisequivalencies como quase-sinonimia.Entre linguistas e mais freqiiente a aceitacao do conceitode quase-sinonimo, ou depara-sinonimo, uma vez que parecemuito pouco provavel que, em LN, duas palavras portadorasde exatamente 0mesmo significado possam sobreviver,Entre documentalistas tarnbern sao utilizados os concei-tos desinonimo e quase-sinonimo. Enquanto sinonimo indicacada um dos termos de uma lingua dada que designam umamesma nocao, mas que se situam em niveis da lingua ou deconceptualizacao diferentes, ou que se empregam em situa-coes de comunicacao diferentes, quase-sinonimos designamformas que nao sao intercarnbiaveis em todos os enunciadosrelativos a urn mesmo dominio.A variada gama de quase-sincnimos, talvez, possa serresumida em alguns tipos:- palavras pertencentes a dialetos diferentes (dialetosregionais, sociais, etarios etc.), como pesquisa (Brasil) /investigacao (Portugal); aviao / aeroplano;- palavras pertencentes a diferentes esti los ou regis-tros, como dor de cabeca / cefaleia; gaivotas /larideos; acidocloridrico (quimica) / acido muriatico (construcao civil);- palavras que guardam apenas uma diferenca ernotiva

    ou valorativa, como paises em vias de desenvolvimento /paises subdesenvolvidos;- palavras que tern sua ocorrencia limitada, na medidaque so aparecem com outras, como" debarbear" que vern comlaminas: giletes / laminas de barbeat;- palavras cujos significados sao de fato muito proxi-mos e se intersectam, como bela/bonito; casa/residencia;falecirnento/morte.

    Na elaboracao de LDs e fundamental urn trabalho espe-cifico com sinonimos e quase-sinonimos, uma vez que essaslinguagens tern par funcao compatibilizar pelo menos duasoutras Iinguagens: a de especialidade au da literatura emquestao e a do usuario, atraves de termos preferenciais.Numa acepcao mais arnpla, como e0caso da sinonimiautilizada na elaboracao de tesauros, dais termos sao sinoni-mos quando tern a possibilidade funcional de se substituirernurn ao outro, podendo compreender tanto a sinonimia abso-luta como a quase-sinonimia. A sinonimia nas LDs ede caratereminentemente preferencial e visa remoter 0usuario de urntermo nao-preferencial, para urn terrno selecionado, au pre-ferencial.

    4.3 HIPONIMIADo ponto de vista da Lingtiistica, a estruturacao hierar-quica de urn vocabulario pode ser dada sob dois modes: pOl'uma relacao de hiponirnia au atraves da relacao parte/todo.No nivel das relacoes de sentido 0problema da signifi-

    cacao pode ser visto sob diversos angulos, ou seja, a partir dediversas categorias.A categoria denominada hiponimia opera com a nocaode inclusao, amesma nocao que perrnite reunir unidades numaclasse. Assim, rosa e cravo estao incluidas emflor, ou gato eledo estao incluidos ettianimal, au esca ri a te esta incluido emvermelho,A inclusao tern aver, pois, com a insercao de urn dadoelernento numa classe. Issodito de outra forma, indica que a

    60 61

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    31/36

    hiponimia expressa "a relacao existente entre urn lexema maisespecifico, ou subordinado, e urn lexema mais geral ausuperordenado, tal como 6 exemplificada por pares como'vaca't 'animal", 'rosa' :' flor' etc." (LYONS, 1977,p.235).Nesta relacao ha que se considerar do is terrnos: 0superior, denominado por LYONS (1977) Superordenado e0inferior, Hiponimo.

    Os termos constitut ivos de uma classe S3.0, pois, co-hiponimos. Entretanto e necessario observar que, nem todaclasse dispoe de urn superordenado. E mais: a existencia deurn superordenado encabecando uma classe pode variar delingua para lingua.LYONS menciona a existencia, em grego classico, deuma forma superordenada para abranger todas as profiss6ese oficios, desde sapateiro, medico, passando por tocador deflauta e 1imoneiro. Em ingles e em portugues nao ha palavraque possa encabecar conjunto hie variado. Neste caso, tern-

    se uma lacuna lexical.A hiponimia pode ser definida, tambem, em terrnos deimplicacao unilateral e representa uma relacao transitiva, detal modo que se 'x' e hiponimo de 'y' e 'y' ehiponimo de "z ',entao .x ' e hiponimo de 'z '.Ex.: vaca ->mamifero ->nimal

    I 'v IER (1976) menciona como exemplo a palavra animal quepode ser usada em tres pontos da cadeia:1. em contraste com "vegetal", incluindo, neste caso aves,peixes, insetos, mamiferos;2. no sentido de "mamifero", contrapondo-se a aves, peixese insetos, mas incluindo seres humanos {'bichos;3. no sentido de "bicho", opondo-se a seres humanos.

    Assim, a palavra animal podera surgir tres vezes naclassificacao hierarquica da natureza, como mostra Palmer(p.92):

    Com vida vs Sem vidavegetal animal

    ave pelxe inseto animalhumano animal

    vaca - > animal

    Os exemplos poderiam se multiplicar. No entanto, pa-rece ser suficiente levar em conta que, em razao da polissemia,urn termo como cdo pode, por ser 0generico da classe, sertomado como superordenado e como hiponimo, respeitadas,naturalmente, as situacoes contextuais:caDA hiponimia e, ainda, uma proposicao analitica, sendoque a leitura e compreensao do significado dos hiponimos

    podeser feita segundo a formula 'x euma especie (au tipo) dey': 0gato e uma especie de animal.

    A relacao de hiponimiajhiperonimia (ou subordinacao/superordenacao) permite verificar que urn termo pertence, ousubordina-se a urn termo rnais geral, o. g enero, mas naopermi teidentificar em que ostermos subordinados sediferen-ciam entre si.Por outro lado, em virtude da polissernia, urna mesmapalavra pode aparecer em varios pontos da hierarquia. PAL-

    cdo cadela cachorroResta observar quealemdanocao de inclusao, ahiponimiacontem implicita, tambern, a relacao logic a de conseqiiencia,ja que ao dizer "Isto 6uma rosa", tern-se, necessariamente, apressuposto "Isto e uma flor". Ou seja, a frase que contern 0hiponimo pressupoe, necessariamente, 0 ~uperorde.nado. 0inverso, evidentemente, nao e verdadeiro,Se as membros de uma classe sao especificados com

    "todos", ocorre 0inverse:62 63

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    32/36

    "Todas as flores sao belas" inclui "Todas as rosas saobelas", mas 0inverso nao e verdadeiro,Pode-se dizer que a relacao dehiponimia representa umaoperacao de conjuncao face ao termo superordenado, berncomo de disjuncao, tomando-se a serie de termos obtidos apartir da divisao realizada.Como na LN, nas LDs a superordenacao/subordinacfiorepresenta urn caso de implicacao unilateral, onde 0termo

    superordenado implica terrnos subordinados, denominadoshiponimos.Em termos do lexico, 0 sentido de urn hiponimo eproduto do sentido de urn nome superordenado e de urnmodificador adjetival real ou potencial, que responde a per-d . " .. d ?" . d ?'guntas 0segumte tipo: que especle e.... ; que tipo e.... .

    POl' exernplo, "Que especie de animal era?"

    Ha casos, por exernplo, em que dois ou mais terrnosencontram-se em contraste e nao existern, no lexico, palavras(au terrnos, no caso das LDs) que Ihes sejam superordenadose, a nao ser que se utilizem elementos de natureza diferente,provenientes de outras partes do discurso, nao e possivelreuni-Ios.

    Era um elefante.

    cidades mediascidades pequenasmegal6poles

    Este e urn caso de relacao quase-paradigrnatica (ou umaquase- hiponimia), uma vez que utiliza -se uma expressao maisgeral ("tamanho") para reunir os diferentes tipos de cidade.Aqui, entretanto, nao e valida a aplicacao da f6rmula "xe urn genero de y' '. A frase obtida da sua aplicacao nao enatural ou e inaceitavel, A estruturacao do vocabulario, nestecaso, e feita por outras palavras ou sintagmas que desempe-nham 0mesmo papel de "que genero de ... " (ou que especiede ...). ,

    "Cornparaveis as questoes Que genera de animal era?,e Era uma vaca ou outra especie de animal", sao Como e queele obteve isso -comprando-o ou roubando-o? eEle comprOllisso ou arranjou-o de algum outro modo ? " (LYONS, 1977,p.237) ... ou ainda, no caso de adjetivos "Quando dizes queo tea vestido e carmim, queres dizer que e em tons dev er m e l h o Oil de outra co r? Assim como podemos dizer A vacae um animal de un t certo genero, tambern podemos dizer .. .Camp rar alguma coisa e obtd-la de 11 1nadete I'minada maneirae Um objeto carniim e U1Il objeto vermelho de lima certantaneira "(idem ibidem).Em resume, responde-se, nestes casos, a perguntas dotipo "como" e "de que maneira", muito embora elas naopossum, tambem, set amplamente empregadas com sucesso.A hiponimia, na verdade, pode manifestar-se de muitas rna-neaas. , Isto explica porque nao e possivel aplicar, muitas vezes,o esquema l6gico "todos/alguns" sugerido pelos manuals deelaboracao de vocabularies documentaries.

    Tamanho das cidadesExemplo.:

    Dito de outre modo, aresposta a perguntas desse genero~ e outras similares, do tipo 'como ...?', 'de que maneira ...?'- se dao apart ir daintrcducao de uma diferenca, que produzas subclasses.

    Os co-hip6nimos - au os termos coordenados queformam uma mesma serie - contrastam em sentido, sendoque anatureza do contraste pode ser explicada em termos dascliferentes modificacoes adjetivais (LYONS, 1977).

    Pode-se dizer que as modificacoes adjetivais no lexicocorrespondent, nas LDs, a caracteristicas ou propriedadesque realizam a individuacao de tennos. Do ponto de vistaextensional, os termos quese subordinam a urn superordenadocontent todos os elementos que caracterizam a classe, maisum que os dist ingue dos demais.

    A relacao dehiponimia colocada pela lingiiistica permiteexplicar, nas LDs, varies tipos de relacionamentos tomadoscomo hierarquicos que 11< \0 cabem dentro da classificacaogenero/especie (e tampouco nas relacoes todo/parte, parte/parte).

    64 65

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    33/36

    o exemplo anteriorrnente mencionado:Il'l"SETOS/

    A LGUNS SAO

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    34/36

    a reuniao de lexemas pode ocorrer uma relacao quase-paradigmatica (idem ibidem).Assim, para reunir os adjetivos 'vermelho' , 'amarelo,'azul ' etc., pode-se utilizar: 'cor'; para falar de 'redondo','quadrado ', 'oblongo ': 'forma'.Por outro lado, ha casos onde nao ha, no vocabulario,lexemas para organizar, hierarquicamente, os termos. Trata-se das "lacunas lexicais", devidas, na maior parte das vezes,

    a fatores culturais,Uma lacuna lexical pode ser descrita como urn "buracono modelo" .ou seja, a ausencia de urn lexema num dado lugarda estrutura de urn campo lexical" (LYONS, 1977).A relacao hiponimia/superordenacao corresponde, emlogica, a relacao genero/especie (ou especie/genero). 0 con-junto desse tipo de relacionamento e denominado, via deregra, como relacionamento generico.

    REFERENCIAS BIBLIOORAFICAS

    BAKHTIN, M. (1981). Marxismo e Filosofia do Liuguagetn. Sao Paulo:Hucitec.BARTHES, R. (1971). Elementos de Semiologia. Sao Paulo: Cultrix.

    BOUTIN-QUESNEL, R. et al. (1985) . Vocabulaire systematique deTenninologie. Quebec: Publications du Quebec.BRASIL. Minister io da Educacao e Cultura. Service de Estat ist ica daEducacao (1980). Glossdrio de termos utilizados IIQ EstatisticaEducacional, 1. Rio de Janeiro: Fundacao lYIUDES.CDU - CLASSIFICA

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    35/36

    GREIl'vIAS, A.-J. (1976). Senuintica estrutural: pesquisa de metoda.Trad. de Haquira Osakabe e Izidoro Blikstein, 2.ed. Sao Paulo:Cultrix/ED USP.IBICT (1984). Diretrizes para elaboractio de tesauros tnouolingiies.

    projeto coord. por Hagar Espanha Gomes . Brasi lia: IBICT.ISO 704 (1987). Principles and methods of Terminology. Geneve: ISO.ISO 1087 (1990). Principes de terminologie. Geneve: ISO.ISO 2]88 (1986). Brit ish Standard Guide [0 establishment anddevelopment oj monolingual thesauri. London: BSI.KRlSTEVA, J.(1969). Hist6ria da linguagem, Lisboa: Edicoes 70.

    LE GUERl\f, M. (1989). Sur les relat ions entre terminologie et lexique.Meta, v.34, n.3, p.340-343.LYONS, J . (1977). Senuintica. Lisboa: Ed. Presence/Martins Fontes.v.I.

    MOTTA, D. F. da (1987). Metoda relacional como /lova abordagempara a coustrucdo de tesauros. Rio de Janeiro: SENAI.PALMER, F.R. (1979). A Seindntica. Lisboa.Edicces 70.POTTIER, B. (1974). Linguistique generale: theorie et description.Paris: Klincksieck,PRICE, D.S. (1965). Little science, big science. New York: ColumbiaUniversity Press.RANGAHATHAN, S.R . (1963). Co lon Classification. 6.ed. reprinted

    with amendments. Bombay: Asia Publ. Deuse.VIET,J. (1985). Macrathesauruspara elprocesaniiento de la irfonuacionrelativa al desarrollo economico ysocial. 3.ed, New York: NacionesUnidas.VIET,1. (1986). Thesaurus paPIN: thesaurus multilingiiede populacao.

    Trad. e adapt . de Leticia B. Costa. Sao Paulo: SEADE.WADDINGTON, C.H. (1977). Instrumental para 0pensamento. BeloHorizonte/Sao Paulo: ItatiaiaJEDUSP.

    BIBLIOGRAFIA

    r-

    AITCHISON, J. & GILCHRIST, A.(1979).lYlallllal para construcdo detesauros. Rio de Janeiro: BNG/Brasilart.BARANOW, YO. (1979). Aspectos linglristicos de linguagens deindexacao, In: CONFERENCIA BRASILEIRA DE CLASSIFI-CAC;Ao BIBLIOGRAFICA. Anais. Rio de Janei ro, IBICT, v.I,p.295-310.

    CINTRA. AM.M. (1983). E lementos de Lingii istica para estudos deindexacao. Ciencia da lnformacdo, Brasilia, v.12, n.I, p.5-22.CINTRA, A.M.M. (1987). Estrategias de lei tura em documentacao. In:SMIT, J.W. (org.). Analise documentaria: a anali se da sintese .Brasilia: lBICT, p.28-35.CINTRA,A.M.M.;TALAMO,M.F.G.M.;LARA,M.L.G&KOBASHI,N.Y. (1993) Do termo ao descritor: estudo exploratorio, Revista deComuuicaciies e Artes, Sao Paulo. (no prelo).COYAUD, M. (1966). Introduction a I'etude destal/gages documentaires.Paris: Klincksieck.DAHLBERG,I. (1978). Fundamentos teorico-conceituais da Classifica-crao. Revista de Biblioteconomia de Brasilia, v.6, n .1 , p .12.

    FINNErvIANN, N.O. (1990). Computerization as a means of culturalchange: on the relat ions between information theor ies and the ideaof an Information Society. AI & Society, n.4, p. 314-328.

    FRANK, H. (l970.). "Informacao e Pedagogia", In: Cahiers deRoyaumont. 0Conceito de I nf on n ae ii o 1 IaCiencia Coutempordnea.Rio de Janeiro: Paz e Terra, p. 127 - 153.GARCIA GUTIERREZ, A. (1990). Estructura linguistica de fadocumentacion: teoria y metoda. Murcia: Universidad de Murcia.

    GARCIA GUTIERREZ, A. y LUCAS FERNANDEZ, R. (l987).Languages documenta les e informacion de actua lidad. In:

    "

    70 71

  • 5/9/2018 LIVRO Para entender as linguagens documentrias

    36/36

    Documentacion automatizada en los medias informativos. Madrid:Paraninfo, p.67-90.GARDIN, l.-C. (1973). Document Analysis and Linguistic theory. TheJournal of Documentarian, v.29, n.2, pp.137 -168.GROLIER, E.de. (1962). Etude sur les categories generales applicables. aux classificationset codifications documentaires. Paris: UNESCO.KOBASHI, N.Y. (1989). Analise Documentaria: consideracoes sobreum modele logico-semantico. In: CUNHA, I .M.R.F. , org. Analise

    Documentaria: consideracoes teoricas e experimentacao. Sao Paulo:FEBAB. pA5-57.KOBASHI, N.Y. (1989). Analise Documentaria: tipologias discursivas.In: CUNHA, LM.R.F. , org. Analise Documentaria: consideracoesteoricas e exper imentacao. Sao Paulo: FEBAB. p.31-44.LARA, M.L.G. de. (1993). A representacdo documentaria: em jogo asignificacdo. Sao Paulo, ECA-USP. (Dissertacao de Mestrado)MONTGOMERY, C.A. (1972). Linguist ics and Information Science.Journal of the American Society for Information Science, v.23,p.195-219.

    RANGf\NATHAL"\.J, S.R. (1959). Elements to library classificationLed. Bombay: Assoc.of Assistant Librarians.RANGANATHAN, S.R.. (1967). Prolegomena to library classification.3.ed. Bombay: Asia Publ. House.RIVIER, A. ( l992) . Cons trucao de linguagens de iudexacao: aspectos

    teoricos, Rev ista da Escola de Bibliotecouotuia do UFklG, BelaHorizonte, v.21, n.l, p.56-99.SMlT, lW., coord. (1987). Analise Docuutentaria: a analise da sintese,Brasilia: IBICT.SMIT, lW. (1974). Analise semantica eAnalise Documentaria. Revista.Brasileira de Semiotica, n.I, p.168-177.SIVIIT, 1.W. (NATALI) (1978). Documentacao e Linguist ica: inter-

    relacao e campos de pesquisa, Revista Brasileira de Biblioteconomiae Documentacdo, v.l I, n.1/2.TALAMO, M.F.G.M. (1987). A definicao semantica para a elaboracaode glossaries . In: SMIT, J. , org. Analise docutnentaria: a analise dasintese. Brasilia: IBICT. p.87-98.

    TALAMO,M. F.M;LARA, M.L.G. &KOBASHI, N.Y. (1992) Contri-buicao da Terminologia para a elaboracao de tesauros . Cieucia doluformacdo, v. 21, n .3 , p . 197-200.

    ViCKERY, B.C. (1980). Classificacdo e indexaciio lias ciencias. Trad.de Maria Christina Girao Pirolla. Rio de Janeiro: BNG/Brasilart.

    ~~} l~: . ;[ 1 ~ ~_ l}f ' ~ ~

    72

    '/~;

    o , - ~ _