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Formação, Manejo e Recuperação de Pastagens em Rondônia Newton de Lucena Costa Editor

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Fazenda Planalto Em Costa Rica

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  • Formao, Manejo e Recuperao de

    Pastagens em Rondnia

    Newton de Lucena Costa

    Editor

  • Repblica Federativa do Brasil

    Luiz Incio Lula da Silva

    Presidente

    Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

    Roberto Rodrigues

    Ministro

    Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria - Embrapa

    Conselho de Administrao

    Jos Amauri Dimarzio

    Presidente

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    Clayton Campanhola

    Diretor-Presidente

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    Embrapa Rondnia

    Newton de Lucena Costa

    Chefe-Geral

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    Chefe-Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento

  • Embrapa Rondnia

    Porto Velho, Rondnia

    2004

    Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria

    Centro de Pesquisa Agroflorestal de Rondnia

    Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

    Formao, Manejo e Recuperao de Pastagens em Rondnia

    Newton de Lucena Costa Editor

  • Exemplares desta publicao podem ser adquiridos na:

    Embrapa Rondnia BR 364 km 5,5, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, RO Telefones: (69) 222-0014/8489, 225-9386, Fax: (69) 222-0409 www.cpafro.embrapa.br Normalizao: Alexandre Csar Silva Marinho Editorao eletrnica: Marly de Souza Medeiros Reviso gramatical: Wilma Ins de Frana Arajo Capa: Itacy Duarte Silveira

    1 edio 1 impresso: 2004 Tiragem: 500 exemplares

    Todos os direitos reservados. A reproduo no autorizada desta publicao, no todo ou em parte, constitui violao dos

    direitos autorais (Lei n 9.610).

    CIP-Brasil. Catalogao-na-publicao. Embrapa Rondnia

    COSTA, NEWTON DE LUCENA (Editor). Formao, manejo e

    recuperao de pastagens em Rondnia. Porto Velho: Embrapa Rondnia, 2004. 219p.

    ISBN 85-98654-01-9

    1. Forragicultura - Rondnia. 2. Pastagem - Rondnia. I. Costa, Newton de Lucena. II. Ttulo.

    CDD 633.2

    Embrapa - 2004

  • Editor

    Newton de Lucena Costa Eng. Agrn., M.Sc. Embrapa Rondnia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, RO. E-mail: [email protected]

    Colaboradores

    Antnio Neri Azevedo Rodrigues Eng. Agrn., M.Sc., Escola Agrotcnica Federal de Colorado do Oeste Caixa Postal 47, CEP 78996-000, Colorado do Oeste, RO. E-mail: [email protected] Carlos Alberto Gonalves Eng. Agrn., M.Sc., Embrapa Amaznia Oriental Trav. Dr. Enas Pinheiro s/n, CEP 66095-100, Belm, PA. E-mail: [email protected] Claudio Ramalho Townsend Zootecnista, M.Sc., Embrapa Rondnia. E-mail: [email protected]

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  • Apresentao A expanso da pecuria em reas de floresta da Amaznia foi fortemente influenciada pelo desenvolvimento do sistema virio na regio, por incentivos governamentais, programas especiais de crdito e por presses geopolticas e scioeconmicas de outras regies do pas e da prpria regio. Nas ltimas trs dcadas, a pecuria de corte e leite tem experimentado um extraordinrio crescimento em Rondnia, tendo-se expandido a uma taxa de 22% ao ano, na ltima dcada. A escassez de mo-de-obra, descapitalizao do produtor e os baixos preos dos produtos agrcolas tm induzido o Estado a um acelerado processo de pecuarizao. Atualmente, o efetivo estadual superior a 10 milhes de cabeas, representando o 10 rebanho bovino nacional. Apesar de ser uma explorao tpica de abertura de reas da fronteira agrcola, a pecuria continua desempenhando papel de destaque na economia regional, j que outras atividades agrcolas - mais dependentes de capital e tecnologia, porm com maiores taxas de rentabilidade econmica - que normalmente a substituem no processo de consolidao do agronegcio, at o momento no lograram uma efetiva implementao. Nesse sentido, a nica alternativa existente hoje para atenuar os impactos negativos da pecuria sobre o meio ambiente, consiste em aumentar o grau de tecnologia da atividade para alcanar ndices competitivos globais de eficincia na produo de carne e leite. Para assegurar o desenvolvimento sustentvel da pecuria em Rondnia necessrio que a sociedade assuma sua responsabilidade nesse processo e que o Governo, nas instncias Federal, Estadual e Municipal promovam a estabilizao da economia local, atravs de instrumentos econmicos e estratgico de comando e controle. Neste contexto, a declarao de Rondnia como Zona Livre de Febre Aftosa com Vacinao, significa um reconhecimento internacional aos esforos governamentais para promover o desenvolvimento da pecuria com sustentabilidade econmica, social e ambiental. A bovinocultura de corte tem se desenvolvido, em maior escala, nas grandes propriedades localizadas nas regies sul e sudeste do Estado, apresentando rebanhos com bom padro racial. Atualmente existem 11 frigorficos instalados. Nos projetos de colonizao predomina a bovinocultura mista, caracterizada por rebanhos de baixo padro zootcnico. Nas proximidades dos municpios localizados ao longo do eixo da BR 364, predomina a pecuria leiteira, a qual apresenta baixos ndices de produtividade. Atualmente, existem no Estado 59 unidades de beneficiamento e industrializao de leite. A maior parte destas unidades esto localizadas na regio centro-sul do estado. O efetivo bovino dever continuar crescendo em ndices significativos, dado o interesse do produtor rural em eliminar seus problemas de mo-de-obra e assegurar um investimento de capital com alto nvel de liquidez. A produo de leite apresenta-se extremamente favorvel, com taxas de crescimento de 6% ao ano e baixos custos operacionais totais de produo, no caso de produtores que utilizam mo-de-obra familiar. Atualmente Rondnia ocupa a 8 posio na produo nacional de leite. Entretanto, a produo realizada sob

  • condies de baixos nveis de tecnologia e caracterizada por pequenos investimentos em equipamentos. No caso dos pequenos produtores os problemas so agravados devido aos baixos volumes de produo. Apesar disso, a atividade leiteira competitiva, alicerada na produo em pastagens cultivadas, mo-de-obra familiar e facilidades de comercializao do bezerro para a pecuria de corte.O segmento da pecuria de corte e de leite, ocupa de forma parcial e integral mais de 50% do pessoal que trabalha na rea agropecuria, significando uma importante fonte de gerao de renda e emprego para o estado. Particularmente a produo de leite uma atividade com grande contedo social, pois desenvolvida principalmente nas pequenas propriedades familiares rurais, envolvendo cerca de 44 mil famlias, com produo de 1,8 milho de litros dirios, o que determina a necessidade de constante apoio de crdito, fomento, assistncia tcnica e gerao de tecnologias socialmente justas, ecologicamente corretas e economicamente viveis. As pastagens cultivadas, cerca de 5 milhes de ha, representam a principal fonte de alimentao dos rebanhos. No entanto, a utilizao de prticas de manejo inadequadas, principalmente nos solos de baixa fertilidade natural, tem contribudo decisivamente para a instabilidade tcnica, econmica e ecolgica do processo produtivo adotado. Atualmente, pelo menos 40% das pastagens cultivadas apresentam algum estgio de degradao. Isto reflete diretamente nos baixos ndices de desempenho animal e na necessidade de novos desmatamentos ou a transformao de reas cultivadas em pastagens. Este aumento de rea tem como finalidade de alimentar satisfatoriamente os rebanhos, alm de comportar o seu crescimento vegetativo. A adoo de prticas adequadas de manejo que envolva a utilizao de germoplasma forrageiro com baixo requerimento de nutrientes e com alta capacidade de competio com as plantas invasoras e sistemas e presses de pastejo compatveis com a manuteno do equilbrio do ecossistema, pode ser considerada como a chave para assegurar a produtividade das pastagens cultivadas por longos perodos de tempo, nas reas de floresta da Regio Amaznica, conciliando desenvolvimento sustentvel da pecuria com qualidade ambiental. A Embrapa Rondnia, neste documento, disponibiliza alternativas tecnolgicas, para a formao, recuperao e manejo de pastagens cultivadas, fundamentadas em pesquisas realizadas nas condies edafoclimticas estaduais, visando disseminar entre os pecuaristas, os agentes planejamento, de financiamento, de asistncia tcnica e extenso rural e a comunidade cientfica, os avanos na gerao e adaptao de conhecimentos nos ltimos 30 anos.

    Luiz Cladio Pereira Alves

    Secretrio de Estado da Agricultura, Produo e do Desenvolvimento Econmico e Social - SEAPES

  • Sumrio Fisiologia e Manejo de Plantas Forrageiras ........................................................... 9 Germoplasma Forrageiro para a Formao de Pastagens .................................. 31 Calagem e Adubao de Pastagens .................................................................... 84 Rendimento, Composio Qumica e Valor Nutritivo da Forragem .................. 120 Formao e Manejo de Pastagens Consorciadas .............................................. 142 Utilizao Estratgica das Pastagens Durante o Perodo Seco ........................ 156 Degradao, Recuperao e Renovao de Pastagens .................................... 173

    Sistemas Silvipastoris ........................................................................................ 212

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    Fisiologia e Manejo de Plantas Forrageiras

    Newton de Lucena Costa; Joo Avelar Magalhes; Cludio Ramalho Townsend; Valdinei Tadeu Paulino

    1. Introduo As pastagens representam a principal e mais barata fonte de alimentos para os ruminantes, mas nem sempre so manejadas de forma adequada, muitas vezes devido falta de conhecimento sobre suas condies fisiolgicas de crescimento e composio nutricional. Manejar uma pastagem de forma adequada significa produzir alimentos em grandes quantidades, alm de procurar o mximo valor nutritivo da forragem. A produo de forragem afeta significativamente a capacidade de suporte das pastagens (nmero de animais que a pastagem comporta sem que sua produtividade ou persistncia seja afetada), sendo influenciada pela fertilidade do solo, manejo e condies climticas, enquanto que o valor nutritivo, representado pela composio qumica, digestibilidade e aproveitamento da forragem digestvel, afeta a produo por animal (kg de carne/animal, produo de leite/vaca) e depende, primariamente, do consumo de forragem, o qual afetado pela palatabilidade, velocidade de passagem e disponibilidade da forragem. Associando-se a capacidade de suporte e a produo por animal, tem-se a produo por rea de pastagem, que via de regra o principal fator que determina a eficincia no manejo de pastagens (Figura 1). No manejo de uma pastagem deve-se procurar:

    a) manter a populao e a produtividade das espcies forrageiras existentes na

    pastagem, visando a utilizao uniforme durante o ano;

    b) adequar o mximo rendimento e a qualidade da forragem produzida, com base no pastejo controlado, visando produo econmica por animal e por rea;

    c) suprir as exigncias nutricionais segundo as diferentes categorias de animal e ciclo de produo; e,

    d) manejar adequadamente o complexo solo/planta/animal para produo econmica, tanto para o produtor como para o consumidor, de produtos de origem animal.

    Dentre os fatores relacionados ao manejo de pastagem, os mais sujeitos a interveno direta do homem so: a) a produo e a qualidade da forragem produzida na pastagem;

    b) o consumo animal; c) sistema de pastejo adotado; d) equilbrio da composio botnica da pastagem; e, e) correo e fertilizao do solo na formao e manuteno da pastagem. O manejo de pastagens pode ser caracterizado como o controle das relaes do sistema solo-planta-animal visando a maior produo e melhor utilizao e persistncia das pastagens. Em termos prticos, um animal em pastejo representa a forma mais simples do sistema solo-planta-animal. O solo a base do sistema e atua como fonte de nutrientes para a pastagem. A planta a fonte de nutrientes para o animal e atua como modificador das condies fsicas e qumicas do solo. O animal atua como modificador das condies do solo e da planta.

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    Um manejo satisfatrio aquele em que: 1. controla-se a presso de pastejo, que pode ser expressa em termos de carga animal (nmero de animais por unidade de rea), da forragem disponvel por animal ou da altura da pastagem aps um perodo de utilizao (pastejo rotativo) ou em utilizao (pastejo contnuo); 2. controlam-se os perodos de ocupao e descanso, constatando a perfeita recuperao da pastagem.

    2. Princpios Bsicos do Manejo de Pastagens O corte ou pastejo de uma planta forrageira acarreta uma srie de alteraes em sua morfologia e fisiologia, sendo as principais: * diminuio na absoro de gua e, conseqentemente de nutrientes;

    * paralisao temporria no crescimento de razes; e

    * menor eficincia fotossinttica.

    Produo forrageira/ hectare

    Composio qumica

    Digestibilidade

    Aproveitamento da forragem digestvel

    Aceitao (Palatabilidade)

    Velocidade de passagem

    Disponibilidade

    Idade, peso e sexo do animal

    Potencial gentico

    Tratamento prvio (histrico)

    Efeito do ambiente

    Alimentao suplementar

    Quantidade de alimentos/ha

    Percentagem de nutrientes na MS

    Valor nutritivo da forragem

    Forragem consumida

    Potencial do animal

    Qualidade da forragem

    Lotao nas pastagens an/ha

    Kg leite/vaca Kg carne/animal

    Performance animal

    Produo de leite e/ou carne/hectare

    Grupo II

    Grupo I

    Figura 1. Parmetros que afetam a produo animal em pastagens (Mott, 1973).

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    Com base nestas alteraes foram postulados os princpios bsicos do manejo de pastagens, considerando os aspectos morfolgicos e fisiolgicos das plantas forrageiras.

    2.1. Aspectos morfolgicos A perenidade das gramneas forrageiras assegurada por sua capacidade de rebrotar aps cortes ou pastejos sucessivos, ou seja, sua habilidade de emitir folhas a partir de meristemas remanescentes, que lhe permite a sobrevivncia s custas da formao de uma nova rea foliar. Ademais, apresentam a capacidade de emisso de afilhos, os quais so produtos do desenvolvimento de gemas axilares que, quando localizadas na base do colmo, so denominadas de gemas basilares e os afilhos delas originados de afilhos basais. A pastagem formada por uma populao de afilhos, em estado dinmico de renovao, sendo a persistncia das gramneas perenes atribudas, em parte, a essa contnua produo e substituio de afilhos. O fitmero a unidade bsica do afilho e composto por n, entre-n e gemas axilares (Figura 2). O desenvolvimento das folhas, o surgimento de afilhos originados das gemas axilares e a formao de razes so processos de desenvolvimento do afilho como um todo, que apresentam similaridades, diferenas e interaes que resultam no acmulo de biomassa do afilho (Nabinger & Pontes, 2001).

    Quanto ao hbito de crescimento as plantas forrageiras podem ser divididas em dois grupos: as cespitosas de crescimento ereto, formando touceiras e, as estolonferas/ rizomatosas de crescimento rasteiro ou prostrado. As primeiras por exporem mais facilmente os seus meristemas apicais decapitao, necessariamente devem ser manejadas sob pastejo menos intenso (manter resduos de maior porte) ou sob pastejo rotativo; enquanto que as de crescimento rasteiro toleram pastejo mais intenso, pois seus meristemas apicais ficam menos expostos decapitao pelos animais. Os meristemas apicais so os tecidos responsveis pela produo das novas folhas, alongamento dos caules e inflorescncias, determinantes na intensidade de rebrota logo aps o corte ou pastejo. As gemas axilares e basilares so tecidos que promovem a rebrota das plantas, sendo a presena das axilares fator determinante no manejo do pastejo em espcies forrageiras de crescimento cespitoso.

    Figura 2. Corte esquemtico de uma haste de gramnea no estdio vegetativo (A) (Jewiss, 1972) e sua interpretao (B) (Gillet, 1980).

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    As gramneas forrageiras, geralmente, durante a fase vegetativa mantm seu meristema apical prximo ao solo, contudo, na fase reprodutiva ocorre o alongamento das clulas dos entre-ns, resultando na elevao do meristema apical, expondo-o eliminao atravs do corte ou pastejo. Os efeitos da intensidade de corte ou pastejo na rebrota de um afilho podem ser visualizados na Figura 3 (Rodrigues & Rodrigues, 1987). Na altura h1, quando as condies ambientais e nutricionais forem favorveis, o crescimento da planta ser pouco afetado, considerando-se que o processo de fotossntese no foi interrompido. Em condies desfavorveis, poder ocorrer uma paralisao temporria no crescimento do sistema radicular, o que reduziria a taxa de crescimento logo aps a desfolha, sem contudo afetar a produo de forragem da rebrota. A desfolha na altura h2, alm da eliminao de um elevado percentual de folhas fotossinteticamente ativas, poder remover pores do colmo mais prximas do solo e que atuam como regies de armazenamento de CNE. Neste caso, a recuperao da planta est relacionada com a intensidade dos danos causados ao sistema radicular e depende da rpida reposio de folhas pelos meristema apical. Finalmente, a desfolha na h3 ocorrer a remoo do meristema apical, resultando na paralisao do crescimento e eventual morte do afilho. Logo, a rebrota ser muito mais lenta, pois ocorrer a partir de gemas basais ou axilares. As gramneas forrageiras apresentam diferenas entre espcies ou mesmo entre cultivares de uma mesma espcie, quanto precocidade na elevao e, conseqentemente, remoo do meristema apical. Costa (1991), avaliando os efeitos da freqncia (28, 42 e 56 dias) e altura de corte (10 e 20 cm acima do solo) em Andropogon gayanus cv. Planaltina, verificaram que seu afilhamento no foi afetado pela altura de corte, contudo, foi incrementado com cortes a cada 56 (38 afilhos/planta) ou 42 dias (31 afilhos/planta). Cortes menos freqentes implicaram maior remoo de meristemas apicais (52,5; 40,4 e 28,6%, respectivamente para cortes a cada 56, 42 e 28 dias). Para pastagens de P. atratum cv. Pojuca, B. humidicola e de B. brizantha cvs. Marandu e Xaras, Costa & Paulino (1999) e Costa et al. (2003a) verificaram que o vigor de rebrota foi inversamente proporcional idade das plantas, ocorrendo o oposto quanto eliminao de meristemas apicais (Tabela 1).

    Figura 3. Estrutura de um afilho de gramnea. a) folhas expandidas e fotossinteticamente ativas; b) folhas que esto emergindo e que no atingiram sua capacidade fotossinttica total; c) folhas que no emergiram e que dependem dos assimilados produzidos por folhas mais velhas; d) meristema apical; e) gemas axilares; f) h1,h2, h3 = alturas de corte ou pastejo.

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    Tabela 1. Vigor de rebrota aos 21 dias aps o corte (VR - kg de MS/ha) e remoo de meristemas apicais (RMA - %) de gramneas forrageiras tropicais, em funo das idades das plantas.

    Idade das plantas

    (dias)

    P. atratum

    cv. Pojuca B. brizantha cv.

    Marandu B. brizantha cv.

    Xaras B. humidicola

    VR RMA VR RMA VR RMA VR RMA

    14 544 0,0 510 0,0 1.194 0,0 274 0,0

    21 1.027 0,0 638 8,0 1.330 5,2 385 0,0

    28 1.420 0,0 2.759 17,0 3.720 14,5 619 3,2

    35 1.365 12,5 2.740 22,3 3.360 25,3 1.013 6,9

    42 987 25,6 1.061 34,7 2.385 31,8 985 7,7

    Fonte: Costa & Paulino (1999); Costa (2002); Costa et al. (2003a).

    2.2. Aspectos fisiolgicos 2.2.1. ndice de rea foliar (IAF) a relao entre a rea de folhas e a superfcie de solo que elas cobrem (m2 de folha/m2 de solo), expressando o potencial de rendimento de forragem, relacionado com a utilizao da energia solar, atravs da fotossntese. Com o aumento da interceptao da luz solar ocorrem, simultaneamente, incrementos no rendimento de forragem, at ser atingido um plat, quando as folhas mais velhas entram em senescncia e so sombreadas pelas mais novas, acarretando a diminuio da eficincia fotossinttica com menores taxas de crescimento. Em Rondnia, Costa & Paulino (1998a,1999) verificaram que os IAF de gentipos de B. brizantha e B. humidicola foram diretamente proporcionais idade das plantas, sendo os maiores valores registrados aos 35 e 42 dias de rebrota (Tabela 2). Para Paspalum atratum cv. Pojuca, o IAF foi significativamente incrementado em plantas com at 98 dias de rebrota, contudo as taxas de assimilao aparente - parmetro que representa a diferena entre a fotossntese e a respirao, ou seja, uma estimativa da fotossntese lquida, devido ao auto-sombreamento das folhas - foram mximas no perodo compreendido entre 14 e 28 dias de rebrota (Costa & Paulino, 1998b). O IAF timo de uma planta forrageira aquele associado com altos rendimentos, bem distribudos ao longo da estao de crescimento. Normalmente, ocorre quando as folhas interceptam cerca de 90% da energia radiante incidente. As leguminosas, por apresentarem as folhas na posio horizontal, so capazes de interceptarem mais luz por unidade de rea foliar do que as gramneas com suas folhas semi-eretas. Em Rondnia, Costa et al. (1999), avaliando a morfognese de trs gentipos de B. humidicola, verificaram que o IAF timo ocorreu com plantas aos 35 dias de rebrota, enquanto que para B. dictyoneura e P. maximum cv. Centenrio, este ocorreu no perodo entre 35 e 42 dias aps o corte das plantas (Costa et al., 2003c,d,e).

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    Tabela 2. ndice de rea foliar de gentipos de B. brizantha, B. dictyoneura e B. humidicola, em funo da idade das plantas.

    Gramneas Idade das plantas (dias)

    14 21 28 35 42

    B. brizantha cv. Marandu 0,53 0,89 1,57 2,01 2,33

    B. brizantha cv. Xaras 0,61 1.41 2,30 2,86 3,07

    B. brizantha BRA-003395 0,52 0,79 1,32 1,70 1,98

    B. dictyoneura 0,80 1,57 2,44 2,97 3,38

    B. humidicola 0,73 0,92 1,45 2,26 2,58

    B. humidicola BRA-003564 0,86 1,17 1,80 2,64 2,94

    B. humidicola BRA-003545 0,98 1,40 1,93 2,71 2,89

    Fonte: Costa & Paulino (1998a); Costa et al. (1999; 2003d).

    O IAF remanescente, ou seja, a quantidade de tecido fotossinteticamente ativo que permanece na planta aps o pastejo ou corte, de fundamental importncia no manejo de uma pastagem. A rebrota se dar s expensas dos produtos da fotossntese das folhas remanescentes, desde que a quantidade de CO2 assimilada seja superior ou igual quantidade de CO2 liberada pela planta durante a respirao. No entanto, deve-se considerar que a eficincia fotossinttica diminui medida que as folhas vo ficando mais velhas. Por outro lado, se as plantas forrageiras forem manejadas sob desfolha intensa, o crescimento do sistema radicular e o acmulo de carboidratos de reservas sero prejudicados. Para P. atratum cv. Pojuca, Costa et al. (2003b) observaram que o vigor de rebrota foi diretamente proporcional ao IAF remanescente, sendo os maiores rendimentos de matria seca (MS) obtidos com cortes a 30 cm (29,1 t/ha), comparativamente a 15 cm acima do solo (23,4 t/ha). Da mesma forma, Costa et al. (2000b), em pastagens de P. atratum cv. Pojuca, submetidas a pastejo rotativo (7 dias de ocupao por 21 dias de descanso), verificaram que a carga animal afetou significativamente o IAF remanescente e, conseqentemente, a disponibilidade de forragem e MS residual de folhas (Tabela 3). Tabela 3. Disponibilidade de matria seca (DMS), matria seca residual de folhas (MSRF), matria seca da resteva (MSR), ndice de rea foliar (IAF) e ndice de rea foliar remanescente (IAFR) de Paspalum atratum cv. Pojuca, em funo da carga animal.

    Estao Carga animal

    (UA/ha)

    DMS

    (t/ha)

    MSRF

    (t/ha)

    MSR

    (t/ha) IAF IAFR

    Chuvosa1 2,0 3,58 a 1,30 a 2,84 a 2,78 a 0,69 a

    3,0 2,74 b 0,91 b 2,65 a 1,95 b 0,52 b

    Seca2 2,0 2,03 c 0,41 c 1,74 b 1,76 b 0,32 c

    3,0 1,41 d 0,28 d 1,65 b 0,80 c 0,27 c

    - Mdias seguidas de mesma letra no diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Duncan. 1 Outubro a maio = 1.897 mm; 2 Junho a setembro = 278 mm. Fonte: Costa et al. (2000b).

    2.2.2. Taxa de aparecimento foliar (TAF) A TAF, geralmente expressa em nmero de folha/dia/afilho, uma varivel morfognica que mede a dinmica do fluxo de tecido de plantas, influenciando diretamente cada um dos componentes da estrutura do relvado (tamanho da folha,

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    densidade de afilho e folhas por afilho) (Lemaire & Chapman, 1996). Entre os termos usados para descrever o aparecimento foliar, plastocrono, auxocrono e filocrono, Wilhelm & McMaster (1995) apontam o filocrono, definido como o intervalo de tempo trmico decorrido entre o aparecimento de duas folhas consecutivas ou seja, o tempo necessrio para a formao de uma nova folha, como o mais prtico e vivel. O filocrono para determinado gentipo relativamente constante durante o desenvolvimento vegetativo de um afilho, quando em condies ambientais constantes; contudo, Gomide (1997) pondera que a TAF, expressa em folhas/dia, est em funo do gentipo, do nvel de insero, dos fatores ambientais, dos nutrientes minerais, da estao do ano e da intensidade e freqncia de desfolhao. O equilbrio entre a TAF e a senescncia do afilho altamente dependente do regime de desfolhao do pasto, o qual por sua vez determina a evoluo do ndice de rea foliar (IAF), que parece ser o fator mais importante na determinao do aparecimento e na senescncia dos afilhos (Lemaire & Chapman, 1996). A TAF praticamente no afetada por uma desfolhao que remova apenas duas a trs folhas/afilho, mas diminuda em cerca de 15 a 20% quando todas as folhas de um afilho so removidas (Davies, 1974), demonstrando a intensa fora de demanda dos meristemas foliares por assimilados aps uma desfolhao. O pastejo pode provocar uma leve tendncia a diminuir a TAF da rebrota aps uma desfolhao severa, o que pode ser conseqncia do aumento no comprimento da bainha das folhas sucessivas, determinando uma maior demora no surgimento de novas folhas (Skinner & Nelson, 1994a,b). Desta forma, a TAF de pastagens, mantidas em baixo IAF por desfolhao freqente, aparenta ser maior do que a observada em pastejo rotativo.

    2.2.3. Taxa de expanso foliar (TEF) A taxa de expanso foliar, expressa em mm/dia, correlaciona-se positivamente com o rendimento forrageiro (Horst et al., 1978) e o rendimento por afilho (Nelson et al., 1977), mas negativamente com o nmero de afilhos/planta (Jones et al., 1979). Como o nmero de afilhos/planta depende da TAF, observa-se correlao negativa entre esta medida e a TEF (Zarrough et al., 1984). Enquanto a expanso da lmina foliar cessa com a diferenciao da lgula, o alongamento da bainha persiste at a exteriorizao da lgula. Modificaes na TEF ocorrem em funo de duas caractersticas celulares: nmero de clulas produzidas por dia (diviso celular) e mudana no comprimento da clula (alongamento celular). Grandes variaes entre espcies e dentro de cada espcie so reportadas, em funo do manejo adotado e das condies climticas. Almeida et al. (1997), em P. purpureum cv. Ano, observaram um aumento da TEF de 2,0 para 3,4 cm/dia quando em nveis maiores de oferta de forragem, que naturalmente proporcionam maiores resduos, maior senescncia e, conseqentemente, maior reciclagem de N. Segundo Lemaire & Agnusdei (1999), cerca de 50% do carbono e 80% do nitrognio (N) reciclado das folhas durante o processo de senescncia, podendo ser usado pela planta para a produo de novos tecidos foliares. Costa et al. (1998a; 1999) verificaram que as TEF de gentipos de B. brizantha e B. humidicola foram diretamente proporcionais idade das plantas, sendo os maiores valores registrados no perodo compreendido entre os 14 e 28 dias de rebrota (Tabela 4). Em Rondnia, Costa et al. (2000b, 2001, 2003c,e; 2004), em pastagens de P. atratum cv. Pojuca e P. maximum cvs. Tanznia-1, Massai, Centenrio e Mombaa, constataram que as TEF foram significativamente reduzidas com o aumento da presso

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    de pastejo durante o perodo chuvoso, no sendo detectado efeito significativo no perodo seco (Tabela 5). Esta resposta desfolhao, provavelmente, est mais relacionada expanso celular que produo de clulas no-expandidas via diviso. Grant et al. (1981) observaram que a TEF positivamente correlacionada com a quantidade de folhas verdes remanescentes no afilho aps a desfolhao. A relao do tamanho do afilho com a TEF pode ser responsvel pela longa durao das taxas de alongamento por afilho para populaes de afilhos de diferentes tamanhos. Tabela 4. Taxas de expanso foliar (mm/dia) de gentipos de B. brizantha e B. humidicola, em funo da idade das plantas. Porto Velho, Rondnia.

    Gramneas Idade das Plantas (dias)

    14 21 28 35 42

    B. brizantha cv. Marandu 17,13 15,38 11,10 7,11 7,98

    B. brizantha cv. Xaras 25,24 23,50 18,51 11,24 13,11

    B. brizantha BRA-003395 15,58 16,51 9,39 9,78 7,47

    B. humidicola 12,07 15,14 11,75 8,70 7,44

    B. humidicola BRA-003564 13,10 14,80 10,70 6,51 6,84

    B. humidicola BRA-003545 15,32 17,49 16,21 12,10 11,49

    Fonte: Costa et al. (1998a; 1999).

    Tabela 5. Taxa de expanso foliar (mm/dia) de gramneas forrageiras tropicais, em funo das estaes do ano e da carga animal. Presidente Mdici, Rondnia.

    Estao Carga animal

    (UA/ha)

    P. atratum

    cv. Pojuca P. maximum

    cv. Tanznia P. maximum

    cv. Massai P. maximum

    cv. Centenrio P. maximum

    cv. Mombaa

    Chuvosa 2,0 5,58 a 6,19 a 5,96 a 18,97 a 24,17 a

    3,0 4,72 b 4,17 b 4,02 b 13,76 b 20,05 b

    Seca 2,0 2,17 c 1,24 c 1,64 c 6,65 c 5,10 c

    3,0 1,84 c 1,11 c 1,01 c 4,90 c 4,11 c

    - Mdias seguidas de mesma letra, na coluna, no diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Duncan. Fonte: Costa et al. (2000b, 2001, 2003c,e).

    2.2.4. Morfognese A emergncia, o alongamento, a senescncia e a morte de folhas definem o fluxo de biomassa em um relvado e determinam o IAF da pastagem, juntamente com sua populao de afilhos. Por isso, suas respectivas taxas so importantes parmetros no estabelecimento de modelos alternativos de manejo da pastagem, visando ao aumento de produtividade e eficincia de utilizao da forragem produzida (Grant et al., 1988; Parsons & Penning, 1988). Numa pastagem em crescimento vegetativo, na qual aparentemente apenas folhas so produzidas (pois ainda no h alongamento dos entrens) a morfognese pode ser descrita por trs caractersticas bsicas: taxa de aparecimento de folhas (TAF), taxa de expanso das folhas (TEF) e durao de vida da folha (DVF) (Chapman & Lemaire, 1993). Estas caractersticas so determinadas geneticamente, porm influenciadas por variveis ambientais como temperatura, disponibilidade hdrica e de nutrientes. A combinao destas variveis morfognicas genotpicas determina a dinmica do fluxo de tecidos e as principais caractersticas estruturais das pastagens:

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    - Tamanho da folha, que determinado pela relao entre TAF e TEF, pois a durao do perodo de expanso de uma folha uma frao constante do intervalo de aparecimento ou seja do filocrono (Robson, 1967; Dale, 1982);

    - Densidade de afilhos, que parcialmente relacionada com TAF, que por seu lado determina o nmero potencial de stios para o surgimento de afilhos (Davies, 1974). Desta forma, genotipos com alta TAF apresentam alto potencial de afilhamento e assim determinam uma pastagem com uma densidade de afilhos mais elevada do que quelas com baixa TAF.

    - Nmero de folhas vivas por afilho, que o produto da TAF pela durao de vida das folhas.

    Assumindo que, para um dado gentipo h uma relao constante entre rea e comprimento da folha, o produto das trs caractersticas estruturais da pastagem determina o seu IAF (Figura 4).

    2.2.5. Carboidratos no-estruturais (CNE) So substncias orgnicas elaboradas e armazenadas pelas plantas forrageiras, em certos perodos, nos rgos mais permanentes (razes, base dos caules, estoles, rizomas etc.), para serem utilizadas, em momento oportuno (rebrota aps pastejo, perodos crticos, florescimento, dormncia), como fonte de energia para a respirao ou na constituio de novos tecidos estruturais (Costa, 2002, 2003; Costa & Saibro, 1985). Nas gramneas e leguminosas forrageiras tropicais so representadas, principalmente, pelo amido e de uma pequena proporo de glucose, frutose, sacarose e maltose. Quando as condies ambientais (temperatura, umidade, fertilidade do solo) e de manejo (carga animal e sistema de pastejo) so favorveis para o crescimento, normalmente no h acmulo de CNE, uma vez que eles so utilizados para a produo de forragem ou como fonte de energia para as plantas. Quando a sntese de CNE exceder os gastos com respirao e crescimento, ocorrer o seu acmulo.

    Figura 4. Diagrama esquemtico das relaes entre as principais caractersticas morfognicas das forrageiras e as caractersticas estruturais da pastagem (Lemaire & Chapman, 1996).

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    Dependendo do grau de desfolhao, o tecido foliar remanescente poder no suprir, via fotossntese, a quantidade necessria de CNE para o novo crescimento; neste caso, haver uma mobilizao dos CNE como fonte de energia ou como substrato para o crescimento estrutural (Costa & Saibro, 1985; Botrel, 1990). Aps o pastejo ou corte que reduza drasticamente a rea foliar, observa-se uma queda acentuada na concentrao de carboidratos de reservas, j que com a interrupo do processo de fotossntese, estes so utilizados como fonte de energia para a respirao e constituio de novos tecidos (rebrota). Com o progressivo restabelecimento da rea foliar, com aumento da capacidade fotossinttica da planta, o acmulo de carboidratos de reserva ser crescente, enquanto o processo de fotossntese se eqivaler ou superar o de respirao. Em Rondnia, Costa & Saibro (1990), avaliando a flutuao estacional dos CNE em seis gramneas forrageiras, verificaram variaes significativas nos teores dos CNE, em funo das idades de rebrota, sendo as maiores redues observadas aos sete dias aps o corte, notadamente em P. guenoarum (53%), P. maximum (52%) e P. coryphaeum (42%), enquanto que B. humidicola (21%) apresentou a menor flutuao (Figura 5). Para todas as gramneas avaliadas houve uma alta correlao positiva e significativa entre o vigor de rebrota e os teores de CNE. Para pastagens de P. guenoarum, Costa & Saibro (1994) constataram um padro cclico de acmulo e utilizao de CNE, ocorrendo variaes significativas em funo das estaes do ano. Durante a primavera, vero e outono, os maiores teores foram observados com cortes praticados com as plantas em estdio vegetativo, a 10 cm acima do solo, enquanto que durante o inverno no observou-se efeito significativo do estdio de crescimento (Tabela 6).

    Figura 5. Flutuao dos teores de CNE em gramneas forrageiras tropicais, em funo das idades de rebrota. Presidente Mdici, Rondnia. (Costa & Saibro, 1990)

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    Tabela 6. Percentagem de CNE na base do colmo e rizomas de P. guenoarum, em funo do estdio de crescimento, altura de corte e estao do ano.

    Estdios de crescimento Altura de

    corte (cm)

    Estaes do Ano

    Primavera Vero Outono Inverno

    Vegetativo 5 9,3 11,8 7,5 9,6

    10 12,0 14,7 10,4 13,0

    Florescimento 5 7,8 10,5 8,0 10,8

    10 9,8 12,8 8,7 13,2 Fonte: Costa & Saibro (1994).

    2.2.6. Interao IAF x CNE

    O potencial de crescimento das plantas forrageiras est diretamente correlacionado com o seu IAF e a concentrao de CNE. Ward & Blaser (1961), com Dactylis glomerata, simularam dois nveis de concentrao de CNE (alto e baixo), associados rea foliar remanescente alta (5 cm) e baixa (0,25 cm). A rebrota subseqente de novas folhas foi influenciada pelos dois fatores, enquanto que a emisso de novos afilhos teve maior relao com a concentrao de CNE, j que a diviso e a expanso celular so estimuladas por estes e outros compostos orgnicos (Figura 6). No entanto, Humphreys & Robinson (1966) verificaram que a rebrota de Panicum maximum foi mais dependente do IAF remanescente aps o corte que da concentrao de CNE (Tabela 7). Para Gomide et al. (1979) e Nascimento et al. (1980), a velocidade de rebrota de P. maximum, H. rufa e M. minutiflora foi direta e positivamente correlacionada com a percentagem de meristemas apicais remanescentes aps o corte ou pastejo. A importncia dos CNE seria mais evidente no perodo em que os cortes no resultam em intensa decapitao de afilhos, podendo limitar-se aos primeiros dias de recuperao aps o corte, enquanto se expandem as primeiras folhas. Com plantas em idades mais avanadas, devido ao processo de alongamento do caule, o vigor de rebrota fica na dependncia da preservao dos meristemas apicais. Rebrotas mais vigorosas foram constatadas em plantas cortadas aos 28 dias de idade, quando ento, os nveis de CNE j haviam se estabilizado e a eliminao de meristemas apicais ainda era baixa.

    Figura 6. Efeito dos nveis de CNE e IAF remanescente sobre o vigor de rebrota de gramneas (Ward & Blaser, 1961).

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    Tabela 7. Efeito do nvel inicial de CNE e do IAF remanescente na rebrota (g/vaso/dia) de plantas de Panicum maximum, aos 20 dias aps o corte.

    IAF Inicial Nvel de CNE (g/vaso)

    0,6 1,1 1,5

    0,0 1,21 1,02 1,55

    0,3 1,95 1,77 2,15

    0,8 2,72 1,87 2,89

    Fonte: Humphreys & Robinson (1966).

    Diante do exposto, pode-se inferir que tanto o super como o subpastejo so prejudiciais pastagem. No superpastejo as desfolhaes intensas e freqentes eliminam drasticamente a rea foliar e, conseqentemente esgotam os CNE das plantas, alm de exporem seus pontos de crescimento decapitao, redundando em menor produo de forragem (vigor de rebrota) e persistncia das plantas forrageiras. No subpastejo ocorre o acmulo de tecidos com baixa capacidade fotossinttica e senescentes, resultando em menor rea foliar ativa, com diminuio dos teores de CNE, implicando produo de forragem com baixo valor nutritivo.

    3. Prticas de Manejo de Pastagens No manejo de pastagens o principal objetivo assegurar a produtividade animal, a longo prazo, mantendo sua estabilidade e persistncia. Para que se possa alcanar alta produo animal em pastagens, trs condies bsicas devem ser atendidas: a) alta produtividade de forragem com bom valor nutritivo, se possvel, com

    distribuio estacional concomitante com a curva anual dos requerimentos nutricionais dos animais;

    b) propiciar aos animais elevado consumo voluntrio; e,

    c) a eficincia de converso alimentar dos animais deve ser alta. Dentre os fatores de manejo que mais afetam a utilizao das pastagens, destacam-se a carga animal e o sistema de pastejo. A carga animal ou intensidade de pastejo influi na utilizao da forragem produzida, estabelecendo uma forte interao com a disponibilidade de forragem como conseqncia do crescimento das plantas, da defolhao e do consumo pelos animais. J, o sistema de pastejo est relacionado com os perodos de ocupao e descanso da pastagem e tem por finalidade bsica manter uma alta produo de forragem com bom valor nutritivo, durante a maior parte do ano, de modo a maximizar a produo por animal e/ou por rea.

    3.1. Manejo de formao A utilizao intensa das pastagens, logo aps o seu estabelecimento pode comprometer sua produtividade e diminuir sua vida til. Se o plantio foi bem sucedido e ocorreu boa emergncia de plantas, aproximadamente 3 a 4 meses aps, quando a espcie forrageira atingir uma altura aproximada de 30-40 cm (plantas prostradas) e 60-100 cm (plantas cespitosas), faz-se um pastejo inicial e rpido com uma carga animal de 4 a 6 UA/ha, preferencialmente utilizando-se animais jovens,

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    visando a consolidar o sistema radicular e estimular novas brotaes, contribuindo tambm para maior cobertura do solo. Segue-se uma limpeza das plantas invasoras, replantio das reas descobertas e descanso das pastagens at o completo estabelecimento. No entanto, recomenda-se no iniciar o pastejo durante a primeira estao chuvosa. Quando se tem uma densidade de plantas muito baixa, desejvel deixar que estas cresam livremente para a produo de sementes e, ento, dar-se- um pastejo para que os animais auxiliem na queda e distribuio das sementes em toda a rea, favorecendo, dessa forma, a ressemeadura natural na estao chuvosa seguinte (Costa, 2002; 2003).

    3.2. Sistemas de pastejo Um sistema de pastejo composto basicamente por: a) Dias de ocupao: perodo em que os animais permanecem pastejando uma

    determinada rea;

    b) Dias de descanso: perodo compreendido entre dois pastejos subseqentes, no qual a pastagem fica em repouso para rebrotar, variando desde o pastejo contnuo, com zero dia de descanso, at sistemas com uma ampla relao de dias de descanso, em que o perodo de ocupao pode ficar reduzido a um dia ou menos, como ocorre no pastejo rotativo; e,

    c) Presso de pastejo: a relao entre o peso vivo dos animais em pastejo e a quantidade de forragem disponvel na pastagem, normalmente expressa em kg de MS oferecida (disponvel) por 100 kg de peso vivo/dia, ou seja, uma presso de pastejo de 3% significa uma oferta diria de 3 kg de MS disponvel para cada 100 kg de peso vivo/dia. Diferencia-se do conceito de taxa de lotao, pois este relaciona a carga animal com a rea, no levando em considerao a disponibilidade de forragem.

    Independentemente do mtodo de pastejo, contnuo ou rotativo, a presso de pastejo o principal fator que determina o sucesso ou insucesso no manejo de uma pastagem. Partindo-se do princpio em que os demais componentes do sistema no sejam limitantes, a mxima produo por animal (p.e. kg de leite/vaca) determinada pelo valor nutritivo (qualidade) da forragem disponvel, e a mxima produo por rea (kg de leite/ha = kg de leite/vaca x nmero de vacas/ha) funo da quantidade de forragem disponvel na pastagem. A mxima produo por animal e por rea no pode ser atingida simultaneamente. No manejo de uma pastagem deve-se procurar manter a presso de pastejo e/ou disponibilidade de forragem em nveis que, embora no representem o mximo ganho por animal, propiciem os maiores ganhos por rea (zona de amplitude tima), pois, desta forma, a pastagem estar expressando o seu potencial produtivo, ou seja, conciliando elevada produo de forragem com alto valor nutritivo (Figura 7).

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    O mximo ganho por animal ocorre quando a presso de pastejo baixa e/ou a disponibilidade de forragem alta, o que propicia o pastejo seletivo por parte dos animais (rea de subpastejo); em casos extremos o desempenho animal poder ser prejudicado, devido ao decrscimo na qualidade da forragem, em funo do acmulo de material senescente. medida que a presso de pastejo vai aumentando e/ou a disponibilidade de forragem vai diminuindo o ganho/rea crescente e o por animal decrescente; inicialmente as taxas so pequenas, mas com o aumento na restrio de forragem disponvel as taxas de decrscimo passam a ser maiores, at ser atingido o ponto em que tanto o ganho/rea como por animal, passam a ser decrescentes (rea de superpastejo), chegando-se ao plat em que os ganhos so nulos. Um dos fatores que limitam o manejo de pastagens com base na presso de pastejo a determinao da disponibilidade de forragem, pois as tcnicas tradicionais de corte e pesagem da forragem so onerosas (mo-de-obra, tempo, custo), embora as metodologias de dupla amostragem, que procuram correlacionar amostragens de corte com estimativas visuais, realizadas por avaliadores treinados, representem um grande avano neste sentido. Uma forma simples e prtica de se estimar a disponibilidade de forragem em uma pastagem atravs da altura de suas plantas, desde que a densidade e a composio botnica estejam adequadas, uma vez que estas variveis guardam uma estreita correlao entre si. Para as condies edafoclimticas de Rondnia, as alturas mnimas recomendadas para o manejo, sob pastejo contnuo e rotativo, e uma estimativa da capacidade de suporte das principais gramneas forrageiras cultivadas so apresentadas nas Tabelas 8 e 9.

    Figura 7. Relao da presso de pastejo (n) com o ganho por animal (g) e o ganho por unidade de rea (G)(Mott, 1960).

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    Tabela 8. Alturas recomendadas como indicadoras da presso de pastejo consideradas timas para gramneas forrageiras tropicais, nas condies edafoclimticas de Rondnia.

    Gramneas

    Alturas mnimas de pastejo (cm)

    Pastejo contnuo Pastejo rotativo

    Entrada Sada

    A. gayanus cv. Planaltina 40-50 80-120 30-40

    B. brizantha cvs. Marandu, Xaras 30-40 80-100 25-30

    B. decumbens, B. ruziziensis 20-25 30-40 15-20

    B. dictyoneura, B. humidicola 15-20 30-40 10-15

    C. dactylon, C. nlenfluensis 15-20 25-30 10-15

    P. maximum cvs. Tobiat, Mombaa 40-50 120-140 30-40

    P. maximum cvs. Tanznia, Centenrio, Vencedor 40-50 80-120 30-40

    P. maximum cv. Massai 25-30 50-70 20-25

    P. atratum cv. Pojuca 25-30 40-60 15-20

    S. sphacelata 30-40 80-100 25-30

    Tabela 9. Estimativas da capacidade mdia de suporte (UA/ha)1 das principais gramneas forrageiras tropicais, nas condies edafoclimticas de Rondnia.

    Gramneas Pastejo contnuo Pastejo rotativo

    Chuva Seca Chuva Seca

    A. gayanus cv. Planaltina 1,5 1,0 2,2 1,2

    B. brizantha cvs. Marandu, Xaras 1,5 1,0 2,5 1,2

    B. decumbens, B. ruziziensis 1,5 1,0 2,0 1,2

    B. dictyoneura, B. humidicola 1,8 1,0 2,5 1,4

    H. rufa 1,0 0,5 1,2 0,6

    P. maximum cvs. Tobiat, Mombaa 2,0 0,6 2,8 1,0

    P. maximum cvs. Tanznia, Centenrio, Vencedor 1,6 0,6 2,5 1,0

    P. maximum cv. Massai 1,5 0,8 2,2 1,0

    P. atratum cv. Pojuca 2,0 1,0 2,5 1,2

    S. sphacelata 1,5 0,8 2,0 1,0 1 UA: unidade animal equivalente a 450 kg de peso vivo. - Dados obtidos com base em resultados de pesquisas, literatura disponvel para a Regio Amaznica, utilizando-se prticas de manejo compatveis com as caractersticas agronmicas de cada espcie: pastejo contnuo com ajuste estacional da carga animal; pastejo rotativo (um a sete dias de ocupao e 21 a 35 dias de descanso); moderados nveis de adubao (50 kg de P2O5/ha); sem suplementao alimentar e com adequada mineralizao do rebanho.

    3.2.1. Tipos de pastejo a) Pastejo Contnuo: caracteriza-se pela permanncia dos animais na pastagem durante

    toda a estao de pastejo, podendo a carga animal ser fixa ou varivel. Apresenta reduzido investimento em instalaes e equipamentos; maior seletividade dos animais na coleta de forragem e distribuio irregular do pastejo, fezes e urina. A variao na carga animal recomendada, dada a estacionalidade na produo de forragem durante o ano, adotando-se uma lotao para o perodo chuvoso e outra, menor, para o perodo seco. Quando se adota carga animal fixa, a lotao utilizada deve ter como base a capacidade de suporte no perodo seco; havendo sobra de forragem na estao chuvosa, esta poder ser utilizada como feno-em-p durante o perodo seco subseqente. A distribuio de bebedouros (aguadas), cochos para mineralizao e

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    sombreamento (natural ou artificial) deve ser bastante racional, de modo a minimizar o pastejo desuniforme. Em geral, este sistema apresenta baixa produtividade e rentabilidade inferior aos sistemas rotacionados;

    b) Pastejo rotativo: as reas so subdivididas em dois ou mais piquetes, proporcionando descansos peridicos s plantas forrageiras, cuja durao depende do nmero de divises e extenso do perodo de ocupao de cada piquete. A carga animal ou a presso de pastejo pode ser fixa ou varivel. Quando utiliza-se apenas dois piquetes o pastejo dito alternado. Caracteriza-se por maior investimento em instalaes e equipamentos; menor seletividade animal; manejo mais sofisticado e distribuio mais regular do pastejo, fezes e urina. As leis universais do pastejo rotativo foram estabelecidas por Andr Voisin, as quais esto fundamentadas nos princpios fisiolgicos das plantas forrageiras e nas prticas adequadas de manejo dos rebanhos (Voisin, 1974):

    1 Lei - Para que uma pastagem, cortada pelo dente do animal, d sua produtividade mxima, preciso que entre dois cortes sucessivos haja tempo suficiente (perodo de descanso) para permitir pastagem: a) acumular, em suas razes, reservas orgnicas necessrias para uma nova rebrota;

    b) propiciar um alto vigor de rebrota com a mxima produo diria/rea (parte sigmide da curva de crescimento);

    2 Lei - O tempo total de ocupao de um piquete deve ser suficientemente curto para que uma planta pastejada no primeiro dia, no o seja de novo antes da sada dos animais (a nova rebrota da forrageira no deve ser pastejada imediatamente); 3 Lei - preciso auxiliar os animais que possuam exigncias nutricionais maiores a consumir maior quantidade de forragem de melhor qualidade (dividir o rebanho em lotes); 4 Lei - Para que uma vaca d produes regulares, ela no deve permanecer mais que trs dias sobre um mesmo piquete. Os rendimentos sero mximos se ela no permanecer mais que um dia no mesmo piquete. De acordo com o manejo dos animais e das pastagens, o pastejo rotativo pode apresentar algumas variantes:

    b.1) Um grupo de animais: os mesmos animais permanecem na pastagem durante todo o perodo de utilizao;

    b.2) Dois grupos de animais: nos primeiros dias de ocupao o pastejo realizado pelos animais despontadores (categorias de maior exigncia nutricional), seguidos pelos animais rapadores (categorias de menor exigncia nutricional);

    b.3) Creep grazing: no caso do rebanho de cria, em que os piquetes so dotados de porteiras especiais, que permitem apenas a passagem de bezerros (as) s pastagens de melhor valor nutritivo;

    b.4) Em faixas ou racional: os pastejos so realizados em faixas, dimensionadas para suprir as necessidades dirias do rebanho; como referncia considerar 100 m2/dia/UA a rea de pastagem a ser utilizada; e

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    b.5) Diferido: consiste em se manter, durante o final do perodo das chuvas, reas de pastagens diferidas (sem animais), com a finalidade de acumular forragem (feno-em-p) para utilizao durante o perodo seco, prevendo-se uma rea de 0,5 a 1,0 ha/animal.

    c) Pastejo rotacionado intensivo: desenvolvido pela Embrapa Amaznia Oriental, em

    Belm, Par, busca o aproveitamento mximo da forragem de melhor qualidade nutritiva, ajustando-se os perodos de pastejo fisiologia de rebrota das plantas forrageiras, evitando-se a perda de qualidade pela maturao ou excesso de pisoteio. O acompanhamento da pastagem deve ser dirio, com aplicao de fertilizantes, mineralizao adequada dos animais e o permanente controle de plantas invasoras. O perodo de pastejo deve ser curto (um a sete dias), deixando-se, por ocasio da retirada dos animais, um estoque de forragem nunca inferior a 1,5 t de MS/ha. Recomenda-se a diviso da pastagem em um mnimo de seis piquetes. A capacidade de suporte neste sistema de manejo alta, alcanando at 4 UA/ha (Costa et al., 2000a).

    3.2.2. Diviso das pastagens A diviso das pastagens uma prtica de grande importncia tanto para o manejo do rebanho quanto das pastagens. O nmero de divises varia de acordo com as categorias animais existentes no rebanho e do sistema de pastejo adotado (contnuo, alternado ou rotativo). Em geral, mdulos constitudos por 8 a 12 piquetes so adequados para a maioria das situaes. O tamanho das divises depende de cada rebanho (nmero de animais por categoria animal) e da capacidade de suporte das pastagens. A distribuio e a forma das divises devem ser compatveis com a disponibilidade das aguadas naturais da propriedade, sempre visando economia de cercas. O nmero de subdivises (piquetes) a ser adotado em um sistema de pastejo rotativo definido pela frmula:

    Nmero de subdivises = Perodo de descanso + 1 Perodo de ocupao

    Recomenda-se, sempre que possvel, acrescentar mais algumas subdivises, para se ter maior flexibilidade no manejo e como precauo nos perodos de escassez de forragem. Um grande nmero de divises, alm de onerar os custos com construo de cercas, bebedouros etc., no se traduz em aumentos significativos nos perodos de descanso das pastagens. Em condies normais, perodos de descanso oscilando entre 21 a 42 dias permitem o pleno restabelecimento, aps o pastejo da maioria das gramneas forrageiras tropicais (Tabela 10). Menores intervalos entre pastejos podero ser adotados, desde que as condies de solo e clima sejam favorveis e seja mantida boa quantidade de tecido foliar remanescente. Em geral, o perodo de pastejo no deve ultrapassar 7 dias, pois medida que prolonga-se o pastejo, h o risco de os animais passarem a consumir as novas brotaes, o que pode comprometer a persistncia das pastagens. Quanto menor o tempo de permanncia dos animais na pastagem, melhor ser o aproveitamento da forragem disponvel.

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    Tabela 10. Perodos de descanso recomendados para o manejo das principais gramneas forrageiras, sob pastejo rotativo, nas condies edafoclimticas de Rondnia.

    Gramneas Perodos de descanso (dias)

    A. gayanus cv. Planaltina 28 42

    B. brizantha cv. Marandu, Xaras 28 35

    B. decumbens, B. ruziziensis 28 - 42

    B. dictyoneura, B. humidicola 21 - 35

    C. dactylon, C. nlenfluensis 21 - 28

    P. maximum cvs. Tobiat, Mombaa 28 - 42

    P. maximum cvs. Tanznia, Centenrio, Vencedor 28 - 35

    P. maximum cv. Massai 28 - 35

    P. atratum cv. Pojuca 21 - 35

    P. purpureum cvs. Cameroon, Pioneiro 35 - 49

    S. sphacelata 35 - 42

    3.2.3. Sistemas de pastejo x produo animal O desempenho animal em pastagens est diretamente correlacionado com a disponibilidade e com o valor nutritivo da forragem (composio qumica, digestibilidade e aproveitamento da forragem digestvel), as quais afetam o consumo e, conseqentemente, a eficincia de transformao de forragem em produtos animais (carne e leite). A utilizao de prticas de manejo adequadas, notadamente, carga animal e sistema de pastejo, podem maximizar a produo animal, alm de assegurar a persistncia das pastagens. Geralmente, com a utilizao de taxas de lotao baixas o sistema de pastejo contnuo pode ser superior ao pastejo rotativo, ocorrendo o inverso quando so utilizadas taxas de lotao mais altas. Em pastagens de A. gayanus cv. Planaltina, pastejadas por ovinos deslanados, o aumento da carga animal (6, 12 e 18 an/ha) reduziu significativamente a disponibilidade de forragem e o ganho de peso dirio, contudo implicou na obteno dos maiores teores de PB. A carga animal mais adequada foi de 12 an/ha, a qual alm de assegurar a persistncia da pastagem, proporcionou melhor desempenho animal durante o ano. A utilizao de 18 an/ha mostrou-se invivel, j que resultou num processo de degradao completa da pastagem (Costa et al., 1995). Em Rondnia, Gonalves et al. (1986), avaliando o desempenho produtivo de bovinos de corte em pastagens de A. gayanus cv. Planaltina, submetidas a pastejo contnuo, com ajustes das taxas de lotao, em funo da disponibilidade de forragem, constataram, durante o perodo chuvoso, que os ganhos de peso/rea foram diretamente proporcionais s taxas de lotao, ocorrendo o inverso quanto ao ganho de peso/animal, enquanto que durante o perodo seco, o melhor desempenho animal foi registrado com a taxa de lotao mdia (1,5 UA/ha) (Tabela 11). Em pastagens de H. rufa, Gonalves et al. (1990) obtiveram maior ganho de peso/animal com a utilizao de pastejo contnuo e taxa de lotao de 1,5 an/ha, enquanto que com 3,0 an/ha, no foi constatado efeito de sistema de pastejo sobre a produo de carne/ha (Tabela 12). No entanto, em pastagens de S. sphacelata cv. Kazungula, Gonalves et al. (1988), durante o perodo chuvoso, verificaram que o pastejo rotativo implicava maior ganho/animal com a utilizao de 1,0 ou 1,5 UA/ha, no sendo detectado efeito significativo entre sistemas de pastejo quando da

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    utilizao de 2,0 UA/ha; contudo, durante o perodo seco, o pastejo rotativo resultou em melhor desempenho animal, no sendo constatado efeito significativo de carga animal. Quanto ao desempenho animal/rea, o pastejo rotativo, independentemente da carga animal, resultou num acrscimo de 168% no ganho de peso/ha, comparativamente aos obtidos com o pastejo contnuo (Tabela 13). A disponibilidade de forragem registrada com a utilizao do pastejo rotativo foi, em mdia, 96,7% superior quela obtida com o pastejo contnuo (2,85; 2,14 e 1,86 x 1,99; 0,93 e 0,57 t MS/ha, respectivamente para cargas de 1,0; 1,5 e 2,0 UA/ha). Tabela 11. Ganho de peso de novilhos anelorados em pastagens de A. gayanus cv. Planaltina, submetidas a diferentes taxas de lotao.

    Ganho de peso

    Taxas de lotao (UA/ha)

    Perodo chuvoso1 Perodo seco2

    1,22 1,97 2,81 0,77 1,50 2,23

    kg/an/dia 0,741 0,600 0,630 0,545 0,385 0,160

    kg/ha/dia 0,904 1,182 1,770 0,420 0,578 0,357

    kg/ha/perodo 190,7 249,4 373,5 35,7 49,1 30,3 1 Perodo chuvoso = 211 dias; 2 Perodo seco = 85 dias. Fonte: Gonalves et al. (1986)

    Tabela 12. Ganho de peso de novilhos anelorados em pastagens de H. rufa, em funo do sistema de pastejo e da carga animal. Presidente Mdici, Rondnia.

    Sistema de pastejo Carga animal

    (an/ha)

    Ganho de peso

    kg/animal kg/ha

    Contnuo 1,5 134 a 201 b

    Contnuo 3,0 110 b 330 a

    Rotativo1 3,0 113 b 339 a

    - Mdias seguidas de mesma letra, na coluna, no diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Duncan. 1 10 dias de ocupao x 30 dias de descanso. Fonte: Gonalves et al. (1990).

    Tabela 13. Desempenho produtivo de novilhos Nelore em pastagens de S. sphacelata cv. Kazungula, em funo do sistema de pastejo e da carga animal. Porto Velho, Rondnia.

    Sistema de pastejo Carga animal

    (UA/ha)

    Ganho de peso

    kg/animal/dia kg/ha/ano

    Chuva Seca

    Contnuo

    1,0 0,329 b 0,007 c 123,5 b

    1,5 0,280 c -0,106 b 91,0 c

    2,0 0,244 d -0,156 b 73,5 d

    Rotativo1

    1,0 0,453 a 0,235 a 255,5 a

    1,5 0,301 b 0,221 a 257,0 a

    2,0 0,242 d 0,196 a 262,0 a

    - Mdias seguidas de mesma letra no diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Duncan. 1 14 dias de ocupao x 56 dias de descanso. Fonte: Gonalves et al. (1988).

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    Germoplasma Forrageiro para a Formao de Pastagens

    Newton de Lucena Costa; Carlos Alberto Gonalves; Maria Alice Santos Oliveira; Cludio Ramalho Townsend; Joo Avelar Magalhes

    Introduo Em Rondnia, as pastagens cultivadas representam a principal fonte econmica para a alimentao dos rebanhos. A baixa disponibilidade e valor nutritivo da forragem durante o perodo seco so fatores limitantes produo animal, implicando um baixo desempenho zootcnico, causando a perda de peso ou a reduo drstica na produo de leite. A formao de extensas reas de pastagens monoespecficas se contrape a diversidade dos ecossistemas naturais das florestas tropicais midas, j que, uma vez rompido o equilbrio ecolgico, h o favorecimento para a proliferao da populao de diversos organismos (insetos, fungos, bactrias, vrus, nematides e plantas invasoras), que se constituem em fatores que contribuem para a instabilidade e degradao destas reas de pastagens. A seleo de plantas forrageiras adaptadas s diversas condies edafoclimticas da regio representa a alternativa mais vivel para a melhoria da alimentao dos rebanhos, notadamente durante o perodo de estiagem, proporcionando incrementos significativos na produo de carne e leite, alm de aumentar a capacidade de suporte das pastagens. As plantas forrageiras introduzidas e avaliadas, nos ltimos 30 anos, foram selecionadas considerando-se as caractersticas apresentadas por Veiga & Tourrand (2001) (Tabela 1). Tabela 1. Caractersticas desejveis na escolha de plantas forrageiras para a formao de pastagens em Rondnia.

    Caractersticas Desejveis Vantagens Comparativas

    - Resistncia a pragas e doenas - Diminuio do risco de perda total e maior sobrevivncia

    - Tolerncia a baixa fertilidade do solo - Menor demanda de fertilizantes para manuteno e maior

    competitividade com as plantas invasoras em condies de baixo uso de insumos

    - Boa cobertura do solo - Maior competitividade com as plantas invasoras e maior

    proteo do solo (menor eroso)

    - Tolerncia seca - Maior produo de forragem no vero, diminuindo a

    variao estacional

    - Boa produo de sementes viveis - Maior capacidade de reproduo e competitividade com as

    plantas invasoras

    - Tolerncia a altas lotaes - Maior persistncia sob condies adversas de manejo e

    maior produo por rea

    - Alta relao folha/colmo - Geralmente melhor valor nutritivo e maior produo animal

    - Boa produo de forragem - Maior capacidade de suporte e maior produo animal

    por rea

    - Bom valor nutritivo - Maior produo por animal e por rea

    Fonte: Veiga & Tourrand (2001).

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    A diversificao de espcies forrageiras nas pastagens no aumenta os custos de produo, apenas proporciona maior racionalizao no processo de produo de forragem. Ademais, os riscos de ocorrncia de pragas e doenas que podem atacar uma espcie so diludos ou at eliminados. A explorao do potencial de produo das diferentes espcies e de suas caractersticas agronmicas especficas elimina a necessidade de adoo do fogo como prtica de manejo das pastagens cultivadas. A seguir so apresentadas as caractersticas agronmicas das gramneas e leguminosas forrageiras que se destacaram como promissoras, por apresentarem altas produes de forragem, persistncia, tolerncia a pragas e doenas e competitividade com as plantas invasoras. Um resumo das principais caractersticas agronmicas das gramneas e leguminosas forrageiras recomendadas para a formao e/ou renovao de pastagens em Rondnia est apresentado nas Tabelas 2 e 3. Tabela 2. Caractersticas agronmicas das gramneas forrageiras recomendadas para formao de pastagens em Rondnia.

    Gramneas Exigncia

    em solo

    Tolerncia Palatabilidade

    Seca Umidade Sombra Cigarrinhas

    A. gayanus cv. Planaltina Baixa Alta Baixa Baixa Alta Mdia/alta

    B. brizantha cv. Marandu Mdia/alta Mdia Baixa Alta Alta Mdia/alta

    B. brizantha cv. Xaras Mdia/alta Mdia Baixa Alta Mdia Mdia/alta

    B. dictyoneura Baixa Alta Mdia Alta Mdia Mdia

    B. humidicola Baixa Alta Alta Alta Mdia Mdia

    P. maximum cv. Centenrio Mdia/alta Baixa/mdia Baixa Mdia Mdia Alta

    P. maximum cv. Massai Mdia/alta Baixa/mdia Baixa Mdia Mdia Mdia/alta

    P. maximum cv. Mombaa Alta Baixa/mdia Baixa Mdia Mdia Alta

    P. maximum cv. Tanznia-1 Alta Baixa/mdia Baixa Mdia Mdia Alta

    P. maximum cv. Tobiat Alta Baixa Baixa Baixa/mdia Mdia Alta

    P. maximum cv. Vencedor Alta Baixa/mdia Baixa Mdia Mdia Alta

    P. atratum cv. Pojuca Baixa/mdia Baixa Alta Alta Alta Mdia

    S. sphacelata Mdia Mdia Mdia/alta Mdia Alta Mdia

    Fontes: Costa et al. (2003c); Kichel & Kichel (2001).

    Tabela 3. Caractersticas agronmicas das leguminosas forrageiras recomendadas para formao de pastagens em Rondnia.

    Leguminosas Exigncia

    em solo

    Tolerncia Palatabilidade

    Seca Umidade Sombra

    A. pintoi Mdia/alta Baixa Alta Alta Alta

    C. mucunoides Baixa Baixa Mdia Mdia Baixa/mdia

    C. cajan Alta Mdia Baixa Baixa Alta

    C. acutifolium Baixa/mdia Mdia Mdia Alta Alta

    C. brasilianum Baixa/mdia Mdia Mdia Alta Alta

    C. macrocarpum Baixa/mdia Mdia Mdia Alta Alta

    D. ovalifolium Baixa Alta Mdia Alta Baixa/mdia

    L. leucocephala Alta Baixa/mdia Baixa Mdia Alta

    P. phaseoloides Baixa Baixa/mdia Mdia Alta Mdia/alta

    S. guianensis cv. Bandeirante Baixa Alta Baixa Mdia Alta

    S. guianensis cv. Mineiro Baixa Alta Baixa Mdia Alta

    S. macrocephala cv. Pioneiro Baixa Alta Baixa Mdia Alta

    Fontes: Costa et al. (2003c); Kichel & Kichel (2001).

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    1. Gramneas Forrageiras 1.1. Andropogon O andropogon (Andropogon gayanus cv. Planaltina) uma gramnea forrageira perene, ereta, que cresce formando touceiras de at 1,0 m de dimetro e produz afilhos com altura variando entre 1,0 e 3,0 m. Originrio da frica Tropical, encontra-se amplamente distribudo na maioria dos cerrados tropicais, em reas com estao seca bem prolongada (Costa et al. 2001a). Clima e solo: vegeta bem em altitudes que variam desde o nvel do mar at 1.400 m, principalmente em regies onde a precipitao oscila entre 1.000 e 2.000 mm/ano. Tolera at nove meses de seca, embora seu crescimento seja favorecido em regies com trs a cinco meses de estiagem. Mantm sua atividade fotossinttica e metablica sob condies de estresse hdrico e rebrota rapidamente com as primeiras chuvas. Apresenta excelente adaptao a solos cidos e de baixa fertilidade natural, desenvolvendo-se melhor nos profundos e bem drenados. No entanto, responde satisfatoriamente aplicao de doses moderadas de calcrio dolomtico (600 a 1.000 kg/ha) e de fsforo (P) (50 a 100 kg de P2O5/ha) (Costa et al., 1990a). O nvel crtico interno de P (teor no tecido vegetal abaixo do qual h probabilidade de respostas significativas adio do nutriente ao solo) foi estimado em 1,35 g/kg, o qual foi obtido com a aplicao de 57,9 kg/ha de P2O5 (Costa, 1996). J, os nveis crticos internos de clcio (Ca) e magnsio (Mg), relacionados com 90% da produo mxima de MS, foram estimados em 4,52 e 4,12 g/kg, respectivamente (Gonalves et al., 2002). Estabelecimento: a semeadura deve ser realizada no incio do perodo chuvoso (outubro/ novembro). O plantio pode ser em sulcos espaados de 0,6 a 1,0 m entre si, a lano ou em covas (0,5 x 0,5 m) quando se utilizam mudas. A profundidade de semeadura deve ser de 2,0 cm, j que as sementes so muito pequenas, o que pode ser obtido pela passagem de um rolo compactador. As densidades de semeadura so determinadas em funo da qualidade das sementes e do mtodo de plantio, sendo recomendado 250, 350 e 450 pontos de valor cultural (pontos de VC), respectivamente para condies de plantio tima (formao em reas novas ou com preparo de solo mecanizado), mdia (formao em capoeiras ou renovao de pastagens degradadas com infestao mdia de plantas invasoras) e ruim (renovao de pastagens degradadas, com alta infestao de plantas invasoras) (Kichel & Kichel, 2001). Para calcular a quantidade de sementes (kg/ha), divide-se os pontos de VC recomendados pelo valor cultural das sementes. Por exemplo, a taxa de semeadura do andropogon quando a condio de plantio tima e o VC de 20%, seria de 250/20 = 12,5 kg de sementes/ha. Quando em consorciao com leguminosas, o plantio pode ser feito a lano ou em linhas espaadas de 1,0 a 1,5 m. Caractersticas agronmicas: grande tolerncia ao fogo; bom potencial para a produo de sementes; no apresenta problemas de fotossensibilizao; resistente ao ataque das cigarrinhas-das-pastagens; mal hospedeiro de carrapatos; muito palatvel e com bom teor de protena bruta (PB); rpida rebrota na seca; facilmente eliminado pelo arado e boa aceitao por eqinos. Por apresentar hbito de crescimento ereto, forma consorciaes bastante equilibradas com leguminosas forrageiras como Pueraria phaseoloides, Centrosema macrocarpum, C. acutifolium, Desmodium ovalifolium,

    Stylosanthes guianensis, S. capitata e S. macrocephala (Gonalves et al., 1992).

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    Produtividade e composio qumica da forragem: a produtividade de forragem, em geral, bastante elevada, no entanto, pode ser afetada por diversos fatores (solo, espaamento, densidade de plantio, manejo e condies climticas). Em Rondnia, as produes de matria seca (MS) esto em torno de 10 a 14 e, 3 a 6 t/ha, respectivamente para os perodos chuvoso e seco. O valor nutritivo do andropogon considerado entre moderado e bom, considerando-se consumo, digestibilidade e composio qumica. Com seis semanas de rebrota apresenta, em mdia, digestibilidade in vitro da MS (DIVMS) de 55 a 60% e teores de PB entre 8 e 10%. Em Rondnia, foram obtidos teores de 10,7 e 7,0% de PB; 2,0 e 1,5 g/kg de P e, 2,9 e 2,0 g/kg de Ca, respectivamente para plantas aos 35 e 63 dias de rebrota (Gonalves, 1985). Manejo: pastagens bem formadas e manejadas apresentam uma capacidade de suporte de 1,5 a 2,0 UA/ha no perodo chuvoso e 1,0 a 1,3 UA/ha no perodo seco (1 UA = 450 kg de peso vivo). Sempre que possvel utilizar pastejo rotativo, de modo a otimizar o desempenho animal. Recomenda-se retirar os animais da pastagem quando as plantas forem rebaixadas entre 30 e 35 cm de altura. Os ganhos de peso podem variar de 400 a 600 g/an/dia e entre 290 e 440 kg/ha/ano. Em Rondnia, utilizando-se pastejo contnuo, com ajuste estacional da carga animal, foram obtidos ganhos de 235, 310 e 421 kg/ha/ano, respectivamente para taxas de lotao de 1,0; 1,74 e 2,52 UA/ha (Gonalves et al., 1986b). Para pastagens de andropogon consorciadas com D. ovalifolium cv. Itabela, submetidas a pastejo rotativo (7 dias de ocupao por 21 dias de descanso), considerando-se a disponibilidade e composio qumica da forragem, recomenda-se a utilizao de 1,5 e 1,0 UA/ha, respectivamente para os perodos chuvoso e seco (Costa et al., 1996a).

    1.2. Brizanto ou Marandu O capim-marandu (Brachiaria brizantha cv. Marandu) uma gramnea forrageira perene com hbito de crescimento cespitoso, formando touceiras de at 1,0 m de dimetro e afilhos com altura de at 1,5 m. Apresenta rizomas horizontais curtos, duros, curvos, cobertos por escamas glabras de cor amarela a prpura. Suas razes so profundas o que favorece sua sobrevivncia durante perodos de secas prolongadas. Originrio da frica tropical, encontra-se amplamente distribudo na maioria dos cerrados tropicais e em reas anteriormente sob vegetao de florestas da Regio Amaznica (Costa, 2002a). Clima e solo: vegeta bem em altitudes que variam desde o nvel do mar at 1.800 m, principalmente em regies onde a precipitao oscila entre 1.000 e 3.500 mm/ano. Desenvolve-se bem em diferentes tipos de solos, apresentando boa adaptao aos solos arenosos ou argilosos. Caractersticas agronmicas: boa adaptao e produo de forragem em solos de mdia fertilidade natural; excelente comportamento em solos arenosos; sistema radicular profundo o que permite a obteno de gua durante os perodos de seca; requer solos bem drenados, pois no tolera o encharcamento prolongado; resistente ao ataque das cigarrinhas-das-pastagens; apresenta maior palatabilidade que as outras espcies de Brachiaria; a dormncia das sementes pode ser rompida aps 4 a 5 meses de armazenamento ou acelerada mediante escarificao com cido sulfrico. Por apresentar hbito de crescimento semi-ereto, forma consorciaes bastante equilibradas com leguminosas forrageiras como P. phaseoloides, D. ovalifolium, Arachis pintoi, C.

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    macrocarpum, C. acutifolium e S. guianensis (Costa et al., 1991a). Responde satisfatoriamente aplicao de doses moderadas de calcrio dolomtico (1,5 a 2,0 t/ha) e de P (60 a 100 kg de P2O5) (Paulino et al., 1994). O nvel crtico interno de P foi estimado em 1,62 g/kg, o qual foi obtido com a aplicao de 35,7 kg/ha de P. Estabelecimento: a semeadura deve ser realizada no incio do perodo chuvoso (outubro/ novembro). O plantio pode ser em sulcos espaados de 0,6 a 1,0 m entre si, a lano ou em covas (0,5 x 0,5 m) quando se utiliza mudas. A profundidade de semeadura deve ser de 2,0 a 3,0 cm, j que as sementes so pequenas, o que pode ser obtido pela passagem de um rolo compactador. As densidades de semeadura so determinadas em funo da qualidade das sementes e do mtodo de plantio, sendo recomendado 300, 400 e 500 pontos de VC, respectivamente para condies de plantio tima, mdia e ruim. Quando em consorciao com leguminosas, o plantio pode ser feito a lano ou em linhas espaadas de 1,0 a 1,5 m. Produtividade e composio qumica da forragem: sua produtividade de forragem, em geral, bastante elevada, no entanto, pode ser afetada por diversos fatores (solo, espaamento, densidade de plantio, manejo e condies climticas). Em Rondnia, as produes de MS esto em torno de 10 a 12 e, 2 a 4 t/ha, respectivamente para os perodos chuvoso e seco. O valor nutritivo considerado entre moderado e bom, considerando-se consumo, digestibilidade e composio qumica. Com duas a seis semanas de rebrota apresenta, em mdia, DIVMS entre 72 e 65%; teores de PB entre 15 e 7%; teores de P entre 1,7 e 1,5 g/kg e de Ca entre 2,2 e 1,4 g/kg. Manejo: pastagens bem formadas e manejadas apresentam uma capacidade de suporte de 1,5 a 2,5 UA/ha no perodo chuvoso e 1,0 a 1,5 UA/ha no perodo seco, dependendo do sistema de pastejo adotado e da disponibilidade de forragem. Sempre que possvel utilizar pastejo rotativo, de modo a otimizar o desempenho animal. Recomenda-se retirar os animais da pastagem quando as plantas forem rebaixadas entre 25 e 30 cm de altura. Os ganhos de peso podem variar de 450 a 600 g/an/dia e entre 400 e 500 kg/ha/ano. Visando a conciliar produtividade e qualidade de forragem, as pastagens podem ser diferidas em maro para utilizao em junho e julho e, em abril para utilizao em agosto e setembro. Com este sistema, so obtidos rendimentos de MS entre 5 e 7 t/ha; teores de PB entre 6 e 8% e coeficientes de DIVMS entre 50 e 59% (Costa et al., 1993).

    1.3. Centenrio O Centenrio (Panicum maximum cv. Centenrio) uma gramnea forrageira perene de hbito de crescimento cespitoso, formando touceiras de at 1,0 m de dimetro e afilhos com altura entre 1,5 a 2,0 m. Originrio da frica Tropical, encontra-se amplamente distribudo na maioria dos cerrados tropicais e em reas anteriormente sob vegetao de florestas da Regio Amaznica. A cultivar foi desenvolvida pela Seo de Gentica do Instituto Agronmico de Campinas (IAC). Caractersticas agronmicas: apresenta boa adaptao e produo de forragem em solos de mdia a alta fertilidade natural; possui boa tolerncia seca e ao sombreamento, no entanto possui pouca adaptao a solos midos ou encharcados. Os rendimentos de MS esto em torno de 14 a 18 t/ha/ano. Em parcelas sob cortes mecnicos, o Centenrio produziu 150% mais que o colonio comum. Durante o perodo seco, produz cerca de 15 a 20% de seu rendimento anual de forragem. Em

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    Rondnia, pastagens de Centenrio, submetidas a cargas animal de 2,5 e 1,5 UA/ha, respectivamente para os perodos chuvoso e seco, apresentaram rendimentos de 5,0 e 2,4 t/ha. Seus teores de PB variam entre 8 e 12% ao longo do ano (Costa et al., 2003d). Apresenta alta percentagem de folhas, cerca de 70% durante o ano. Possui elevada palatabilidade tanto para bovinos quanto eqinos, bubalinos, ovinos e caprinos. Por apresentar hbito de crescimento ereto, forma consorciaes equilibradas com leguminosas forrageiras como Pueraria phaseoloides, Arachis pintoi, Desmodium ovalifolium e Centrosema acutifolium. O Centenrio revelou-se medianamente resistente s cigarrinhas-das-pastagens. Estabelecimento: a semeadura deve ser realizada no incio do perodo chuvoso (outubro/ novembro). O plantio pode ser em linhas espaadas de 0,5 a 1,0 m entre si ou a lano. A profundidade de plantio deve ser de 2 a 4 cm. As densidades de semeadura so determinadas em funo da qualidade das sementes e do mtodo de plantio, sendo recomendado 260, 320 e 450 pontos de VC, respectivamente para condies de plantio tima, mdia e ruim. Quando em consorciao com leguminosas, o plantio pode ser feito a lano ou em linhas espaadas de 1,0 a 1,5 m. Para os solos cidos, recomenda-se 2,0 a 3,0 t/ha de calcrio dolomtico (PRNT = 100%) e a aplicao de 80 a 120 kg de P2O5/ha. Em Rondnia, o P fo