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    Empreendedorismo

    e inovao em uma

    era de mudanas

    significativas

    armando clemente emarlia de santanna faria

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    200 captulo 9

    Introduo

    Nos captulos anteriores deste livro, apresentamos informaes que podero contri-

    buir, e em muito, para o planejamento da sua carreira profissional e pessoal. Entre-

    tanto, no poderamos deixar de apresentar dois temas extremamente relevantes no

    mundo atual do trabalho: o empreendedorismo e a inovao. Nas ltimas dcadas, o

    universo empreendedor tem sido estudado em todo o mundo, pois abrange um con-

    junto de prticas orientadas para o sucesso de empresas e instituies. Dessa forma, as

    universidades tm papel fundamental no sentido de ampliar os conceitos pertinentes

    ao tema, alm de estimular prticas empreendedoras e inovadoras e capacitar os alu-

    nos para enfrentar os constantes desafios de um mercado cada dia mais competitivo.

    De acordo com o Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o

    Brasil um dos pases mais empreendedores do mundo, mas apresenta taxas significativas

    de mortalidade de empresas. Nesse sentido, polticas e estratgias devem ser estimuladas

    para que as instituies de ensino superior, governos, entidades de classe e centros de pes-

    quisas atuem no sentido de diminuir os ndices de insucesso de empreendedores individu-

    ais e de empresrios das micro e pequenas empresas, que agora esto buscando cada vez

    mais informaes para aperfeioar o gerenciamento de seus negcios.

    As universidades devem estimular as caractersticas e os comportamentos empre-

    endedores de seus alunos, aliando o conhecimento acadmico com a prtica, de forma

    que possam atender, rapidamente, todas as exigncias impostas pelo mercado. Uma

    pesquisa feita pela Organizao Internacional do Trabalho (2013) apontou que o de-

    semprego entre jovens brasileiros com idades entre 15 a 24 anos apresentou taxa de

    15,3% em 2011. Diante deste contexto, a via do empreendedorismo revela-se como uma

    possvel sada para o desenvolvimento. importante ressaltar que se torna necessrio

    difundir no meio acadmico o desenvolvimento de habilidades relacionadas gesto

    de pequenos negcios, inovao e competitividade das empresas.

    Em 2004, uma pesquisa realizada pelo Sebrae e pelo Instituto Cidadania j tinha apon-

    tado a preocupao dos jovens com o seu futuro profissional. Nesse sentido, a universidade

    um celeiro de conhecimento e deve estimular o empreendedorismo no meio acadmico,

    criando alternativas para inserir seus alunos no mercado de trabalho.

    Devido s constantes mudanas, o corpo discente deve aproveitar o ambiente acadmico

    no somente para adquirir conhecimentos, como tambm para aprimorar novas habilida-

    des. A interao entre estudantes universitrios e professores experientes que detm conhe-

    cimento tcnico e vivncia profissional contribui diretamente para o desenvolvimento de ati-

    tudes corporativas e prticas, atendendo as exigncias impostas pelo mercado de trabalho.

    O ambiente e o estmulo para a aprendizagem que uma boa universidade proporciona

    representam um diferencial na vida acadmica, pois incentiva a busca por novos conheci-

    mentos, estimula a criatividade, fortalece as competncias ligadas ao processo de negocia-o, alm de fomentar o desenvolvimento de prticas empreendedoras.

    9 Empreendedorismo e inovao emuma era de mudanas significativas

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    Torna-se imprescindvel formar cidados preparados para enfrentar um mercado cada

    vez mais competitivo. Portanto, o ensino do empreendedorismo apresenta-se como uma

    proposta de inovao curricular com o objetivo de desenvolver conceitos e prticas visando

    preparar os alunos para enfrentar desafios, ter iniciativa, buscar oportunidades, aumentar

    o conhecimento e ampliar o potencial que cada um tem de empreender.Um dos objetivos das instituies de ensino superior disseminar a educao e a cultura

    empreendedora e, para isso, torna-se imprescindvel a formao de jovens que possam em-

    preender na vida adulta, e que apresentem melhor preparo gerencial na conduo de suas

    profisses e/ou seus negcios reduzindo as taxas de mortalidade das empresas brasileiras.

    De acordo com Wickert (2006): Os educadores e pesquisadores devem propiciar um am-

    biente favorvel construo de conhecimentos e de valores para que os empreendedores com-

    preendam as mudanas e possam se desenvolver no novo cenrio.Assim, a construo do co-

    nhecimento e o desenvolvimento de comportamentos empreendedores sero praticados

    durante toda a vida. Dessa forma, os conceitos trabalhados no currculo da universidade

    so reforados, pois a temtica interdisciplinar, ou seja, propicia estabelecer correlao

    com todas as disciplinas, ao mesmo tempo em que coloca o currculo escolar conectado

    com as novas tendncias da sociedade.

    Conforme cita a mesma autora, a educao precisa ressaltar a pluralidade e a transdisci-

    plinaridade, associando os saberes cientficos e as relaes com os demais, com o ambiente,

    valorizando a diversidade. Nesse sentido, a autora tambm aponta para o desenvolvimento

    do pensamento crtico proporcionando o desenvolvimento de habilidades cognitivas, tais

    como: anlises, comparaes, levantamento de hipteses, questionamentos, argumentos,

    entre outros; e criativo orientado por valores, habilidades, talentos e imaginao.

    Termos e conceitos

    Empreendedorismo

    Conforme cita o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), no Relatrio Executivo Brasil

    2013: Entende-se como empreendedorismo qualquer tentativa de criao de um novo empre-

    endimento, como, por exemplo, uma atividade autnoma, uma nova empresa ou a expanso de

    um empreendimento existente. importante destacar que o foco principal o indivduo empre-

    endedor, mais do que o empreendimento em si.

    A temtica do empreendedorismo abrangente e no est restrita somente criao

    de uma empresa. importante destacar que existem diversas questes relacionadas a esse

    tema. Alguns autores consideram que esto envolvidas duas perspectivas principais: a

    comportamental e a econmica. Na viso dos economistas, o empreendedorismo est rela-

    cionado obteno de lucro, mas para os profissionais ligados rea de recursos humanos,

    o termo envolve um conjunto de caractersticas e prticas comportamentais.

    De acordo com Filion (1999) um empreendedor resultado do seu prprio ambiente. O

    autor refora que a cultura empreendedora pode se tornar um catalisador para formar um

    perfil empreendedor. Nesse sentido, o ambiente que a pessoa se desenvolve pode fazer adiferena e contribuir para a constituio desse perfil.

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    Empreendedor

    De acordo com o Sebrae (2012):

    Empreendedor algum que ativo, arrojado e que gosta de realizar alguma coisa. Na ver-

    dade, todos ns conhecemos esse impulso para construir e crescer, de prosperar na vida.

    De provar que somos capazes. De fazer melhor. A diferena est apenas no grau de vontade,

    nos meios de que dispe e na coragem de cada um em enfrentar as dificuldades e os riscos

    que existem em qualquer empreendimento seja montar um negcio ou sair em viagem de

    frias. Empreendedor, portanto, a pessoa que gosta de fazer coisas e tem o conhecimento

    e a determinao necessria para faz-las.

    Segundo livro publicado pela mesma instituio (2013), o professor Louis Jacques Fi-

    lin identifica cerca de 60 definies de empreendedor na literatura e 24 caractersticas,

    mais frequentemente atribudas aos empreendedores pelos behavioristas.

    Intraempreendedor

    Dolabela (1999) menciona que esse conceito refere-se ao empregado empreendedor. Ou seja,

    ao funcionrio que aplica os comportamentos empreendedores em sua rea de atuao. So

    indivduos motivados, visionrios, que buscam novas formas de fazer as coisas, ao mesmo

    tempo em que lutam para alcanar as metas e objetivos da instituio em que trabalha.

    Empreendedor social

    Esse tipo de empreendedor desenvolve atividades visando beneficiar um tipo de pblico ou

    uma localidade. Sua atuao diferente de um negcio tradicional, pois visa proporcionar

    mudanas em um determinado contexto e contribuir para o desenvolvimento social.

    Empreendedor pblico

    Osborne (1995) cita que os empreendedores pblicos devem aplicar recursos de diver-

    sas maneiras visando aumentar a eficincia e a produtividade do setor. Segundo os au-

    tores, os empreendedores que atuam na esfera pblica no esto procurando riscos e

    sim oportunidades.

    Empresrio

    No artigo 966 da lei n 10.406/02, que institui o Cdigo Civil, consta: Considera-se em-

    pres rio quem exerce profissio nalmente ativ idade econmica organiza da para a produ o

    ou a circulao de bens ou de servios. Empresrio uma pessoa que constitui uma em-

    presa, ou seja, administra os recursos fsicos, financeiros, humanos e tecnolgicos. Na

    esfera econmica aquele que abre um negcio para poder produzir bens ou prestar

    servios visando obter lucro. importante destacar que um empresrio necessaria-mente no um empreendedor e vice-versa.

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    EIRELI

    Esta definio refere-se empresa individual de responsabilidade limitada, criada pela lei

    n 12.441/2011. Essa modalidade define a pessoa que abre uma empresa individual de res-

    ponsabilidade limitada para prestar servios de qualquer natureza oriunda da cesso dedireitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o

    titular da pessoa jurdica, vinculados atividade profissional. Cabe mencionar que nessa

    modalidade o empresrio tem benefcios da separao do seu patrimnio e o da empresa.

    Caractersticas e comportamentos praticados porempreendedores

    Nas ltimas dcadas, o Sebrae tem publicado estudos sobre as caractersticas de empre-

    endedores que obtiveram sucesso. Foram mapeadas dez caractersticas que envolvem um

    conjunto de comportamentos praticados periodicamente por pessoas que fazem a diferen-

    a em suas respectivas reas de atuao:

    1. BUSCA DE OPORTUNIDADES E INICIATIVA

    O empreendedor manifesta alto grau de iniciativa e est sempre em busca de oportunidades. Ele

    capaz de visualizar novas chances, criar produtos e servios e apresentar solues inovadoras.

    2. CAPACIDADE DE CORRER RISCOS CALCULADOS

    Perante os desafios apresentados, os riscos devem ser previamente analisados. Vale destacar

    que o empreendedor est disposto a correr riscos, mas mensurados.

    3. PERSISTNCIA

    As adversidades devem ser enfrentadas e todos os esforos devem ser enveredados para cum-

    prir o que foi planejado. Vale a pena destacar que serpersistente diferente de ser teimoso.

    4. COMPROMETIMENTOOs empreendedores so comprometidos com seus objetivos e se esforam para finalizar suas

    atividades. Alm disso, colaboram com outros membros da equipe para cumprir uma tarefa ou

    entregar um determinado projeto.

    5. ESTABELECIMENTO DE METAS

    As metas e os objetivos no somente representam um verdadeiro desafio como tambm tm um

    significado pessoal. So especficas, alcanveis e possveis de ser mensuradas.

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    6. CAPACIDADE DE PLANEJAR E MONITORAR AES

    Atravs do planejamento, as tarefas complexas so divididas em atividades menores. Assim,

    fica mais fcil controlar e administrar possveis mudanas e imprevistos. O monitoramento sistemtico e auxilia no alcance de solues para problemas que possam ocorrer durante a

    realizao dos trabalhos.

    7. CAPACIDADE PARA BUSCAR E UTILIZAR INFORMAES

    A busca de informaes envolve a participao em treinamentos, palestras, pesquisas e con-

    versas com fornecedores, clientes, parceiros e at concorrentes. Abrange tambm a consulta

    com especialistas para conseguir alguma assessoria comercial ou tcnica.

    8. PODER DE PERSUASO E REDE DE CONTATOS

    fundamental ter boas relaes e ampliar a sua rede de contato, principalmente com clientes

    e fornecedores. Para isso, o poder de negociao e persuaso deve ser sempre estimulado

    visando o alcance de metas e objetivos.

    9. INDEPENDNCIA E AUTOCONFIANA

    Para enfrentar desafios torna-se necessrio acreditar em todo o potencial e desenvolver auto-

    nomia. Dessa forma, ser possvel completar tarefas complexas e obter o nvel de excelnciaem cada rea de atuao.

    10. EXIGNCIA DE QUALIDADE E EFICINCIA

    Os conhecimentos e as habilidades devem sempre ser aprimorados. Assim, fundamental fazer o

    melhor, dar o melhor de si para alcanar um objetivo e/ou oferecer produtos e servios que pos-

    sam no somente surpreender e atender a necessidade dos clientes, mas encant-los.

    Pesquisa GEM Brasil (Global Entrepreneurship Monitor)A pesquisa GEM Brasil 2013 faz parte do projeto Global Entrepreneurship Monitore fruto

    de uma parceria entre oBabson Collegee aLondon Business Schooldesde 1999. Mais de cem

    pases, representando 75% da populao global e 89% do Produto Interno Bruto (PIB) mun-

    dial, so associados ao projeto que hoje o maior estudo sobre empreendedorismo em

    todo o planeta. Um dos objetivos da pesquisa visa apresentar e entender o papel do empre-

    endedorismo no desenvolvimento da economia dos pases envolvidos.

    A realizao da pesquisa GEM Brasil tambm tem como objetivos analisar as esti-

    mativas brasileiras e promover anlises regionalizadas. Em 2013, foram entrevistadosmais de 10.000 adultos e verificadas informaes sobre as atividades, atitudes e aspi-

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    raes. O resultado foi significativo, pois, em nosso pas, aproximadamente quarenta

    milhes de pessoas esto ligadas abertura ou gesto de uma empresa. Ou seja, entre

    a populao de 18 a 64 anos (123 milhes de indivduos), mais de 32% esto empreen-

    dendo de alguma maneira.

    A temtica do empreendedorismo relevante, pois, de acordo com o GEM, 19 milhesde empreendedores tm negcios estabelecidos e 21 milhes de empreendedores pos-

    suem negcios em fase inicial. A tabela 1 mostra as taxas de empreendedorismo de acordo

    com as caractersticas sociodemogrficas brasileiras.

    Tabela 1 - Taxas especficas de empreendedorismo estabelecido segundo caractersticas sociodemogrfi-

    cas nas regies brasileiras. Fonte: GEM (2013)

    Motivos que levam as pessoas a abrirem seus negciosExistem diversas razes que impulsionam a abertura de uma empresa, tais como: desem-

    prego, sonho, vontade de ser patro, confiana em seu prprio sucesso, ter uma ideia ino-

    vadora, investimento econmico, entre outros.

    Para a abertura e/ou desenvolvimento de um negcio importante levar em consi-

    derao o ambiente no qual a empresa estar inserida. Assim, devem ser considerados

    alguns aspectos, tais como: questes financeiras, as polticas do governo, carga tribu-

    tria, impostos, acesso capacitao e ao mercado, verificao de barreiras de entrada,

    normas legais, identificao de oportunidade, grau de inovao, nvel de motivao ede valorizao dos scios.

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    Empreendedorismo e prestgio social

    O empreendedorismo goza de certo prestgio entre a populao, pois, para grande parte,

    iniciar um novo negcio representa uma opo desejvel de carreira e tambm que os

    empreendedores bem sucedidos obtm status e respeito perante a sociedade.Um fato apontado no GEM (2013) revela que mais de 50% dos pesquisados no tm

    medo de fracassar e isso no seria um impedimento para abrir uma empresa, pois pos-

    suem conhecimentos, vivncia e habilidades. Merece destaque que ter o prprio neg-

    cio representa o terceiro maior sonho dos brasileiros. Conforme apresentado na tabela

    2, 34,6% sonham em ter seu prprio negcio enquanto 18,8% sonham em fazer uma

    carreira em uma empresa.

    A mentalidade empreendedora percebida entre a populao porque 37% dos brasi-

    leiros entre 18 e 64 anos conhecem pessoas que abriram uma nova empresa nos ltimos

    dois anos. Tal aspecto no surpresa, pois a mdia veicula muitas notcias sobre empreen-

    dedores bem-sucedidos, negcios inovadores e mercados pouco explorados. Existem pro-

    gramas de televiso, revistas especializadas, diversos sites e blogs apresentando histrias

    sobre negcios bem-sucedidos. Alm disso, vrias instituies oferecem prmios, como:

    Empresrio do Ano, Mulher Empreendedora, Prefeito Empreendedor, Prmio MPE Brasil,

    Prmio Folha Empreendedor Social de Futuro, entre outros.

    Tabela 2 Sonho da populao brasileira. Fonte: GEM (2013)

    Classificao das atividades empreendedorasDe acordo com a metodologia utilizada na pesquisa GEM Brasil 2013 os empreendedores

    so classificados como:

    EMPREENDEDORES INICIAIS: NASCENTES E NOVOS

    EMPREENDEDORES ESTABELECIDOS

    A seguir vamos entender melhor cada um deles.

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    Empreendedores iniciais ou em estgio inicial

    EMPREENDEDORES NASCENTES

    So considerados aqueles que fazem parte da estrutura de uma empresa, mas ainda no

    pagaram salrios nem foram remunerados por um prazo superior a trs meses.

    EMPREENDEDORES NOVOS

    So donos de uma nova empresa ou administradores que foram remunerados de alguma for-

    ma ou que pagaram salrios por um prazo maior que trs e menor que quarenta e dois meses.

    Aspectos importantes sobre os empreendedores iniciais

    O percentual de empreendedor inicial no Brasil maior que o de empreendedor estabele-

    cido. Enquanto o primeiro apresenta taxa de 15,4% (4,5% de empreendedores nascentes e

    11,3% de empreendedores novos), o segundo de apenas 15,2%.

    Apesar da similaridade, as mulheres tm apresentado taxas maiores que as dos ho-

    mens. Ou seja, nos ltimos 12 anos as taxas entre os dois gneros tm se aproximado. A

    faixa etria que se destaca a de 25 a 34 anos, representando 21,9%. Porm, se for levada em

    considerao a faixa etria de 25 a 44 anos, esse percentual atinge 41,8%. Merece destacar

    que o tamanho da famlia dos empreendedores iniciais de cerca de 4 a 5 pessoas e a renda

    familiar de 6 a 9 salrios mnimos.

    Motivao para a atividade empreendedora: empreendedores por necessidadee por oportunidade

    importante ressaltar que h dois tipos de motivao para a atividade empreendedora

    classificadas no GEM Brasil (2013):

    EMPREENDEDORES POR NECESSIDADE

    Os empreendedores por necessidade precisam gerar renda e iniciar uma atividade autnoma

    por no conseguir outras formas de ocupao.

    EMPREENDEDORES POR OPORTUNIDADE

    Por outro lado, os por oportunidade visualizaram novas possibilidades de atuao e optaram

    por empreender como uma forma alternativa para gerao de renda.

    A proporo de empreendedores que identificam uma oportunidade considera-

    da expressiva, pois envolve 71,3% dos empreendedores iniciais. O GEM (2013) cita que

    dos empreendedores iniciais do Brasil, existem 2,5 por oportunidade para cada empreen-dedor por necessidade. Apesar do nmero de empregos formais ter crescido nos lti-

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    mos anos, muitos brasileiros tm iniciado um negcio por meio de uma deciso base-

    ada em um planejamento.

    Empreendedores estabelecidos

    So administradores ou donos de uma empresa classificados como consolidados, ou

    seja, que geram remunerao (pr-labore) e fazem o pagamento de salrios por um prazo

    superior a 3,5 anos.

    RESUMO

    0 AT 3 MESES 3 AT 42 MESES ACIMA DE 42 MESES

    ESTGIO INICIAL ESTABELECIDOS

    NASCENTES NOVOS ESTABELECIDOS

    Quadro 1: Tempo e classificao. Fonte: GEM (2013)

    Caractersticas dos empreendimentos abertos no Brasil

    Conforme cita o GEM (2013), 97% dos produtos ou servios oferecidos pelos empreendedores

    em estgio inicial no apresentam novidades, ou seja, no so inovadores. Alm disso, h a

    percepo de diversos concorrentes e 98% possuem clientes somente no mercado interno.

    Outro fator apontado que grande parte (66,1%) no tm funcionrios e 76,5% no tm pers-

    pectiva de gerar novos empregos. Portanto, so negcios gerenciados pelo proprietrio.

    Fatores limitantes para empreender no Brasil

    Alguns fatores limitantes apontados pelo Sebrae (2013) foram a excessiva carga tributria,

    o alto nvel de burocracia, dificuldades em obter linhas de financiamento com taxas de ju-

    ros acessveis, falta de conhecimento tcnico e experincia no mercado que atua.

    Cabe destacar que a abertura de uma empresa representa um grande desafio a ser

    enfrentado e, por isso, os riscos devem ser calculados. Nesse sentido, importante que

    seja feito um estudo preciso e tambm que informaes essenciais sejam apuradas an-

    tes de tomar qualquer deciso.

    A falta de conhecimento do mercado e de informao real sobre o negcio pode ser

    crucial para a sobrevivncia empresarial em um mercado cada dia mais competitivo. Uma

    curiosidade o fato de mais de 80% dos empreendedores no consultaram os rgos de

    apoio para solicitar algum tipo de auxlio para seus empreendimentos.

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    Linhas de financiamento

    No Brasil, algumas instituies financeiras oferecem linhas de financia-

    mento no somente para abrir um negcio como tambm para incremen-

    tar empresas existentes. Os bancos de fomento, como Banco Nacionalde Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES) e o Banco Regional de

    Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), oferecem crdito para projetos

    e programas ligados ao desenvolvimento econmico e social.

    Alm desses, existem os bancos oficiais, como o Banco do Brasil e a

    Caixa Econmica Federal, que operam com recursos do Fundo de Ampa-

    ro do Trabalhador (FAT). Vale a pena destacar que os bancos comerciais

    tambm tm linhas prprias que so oferecidas para pessoas fsicas e

    jurdicas. Uma alternativa tambm recorrer cooperativa de crdito,

    que visa prestar assistncia creditcia para seus associados.

    Cabe mencionar que muitas empresas de pequeno porte que desen-

    volvem atividades produtivas so abertas com recursos obtidos atravs

    de instituies de microcrdito. As instituies oferecem taxas de juros

    praticadas no mercado e analisam a necessidade do financiamento e a

    capacidade de pagamento.

    Cenrio nacional

    importante ressaltar que em nosso pas aproximadamente 99% dos

    empreendimentos so de microempreendedores individuais e empre-

    sas de micro e pequeno porte e que tais empresas absorvem 52% dos em-

    pregos. Conforme a PNAD 2011, existem aproximadamente 23 milhes

    de donos de empresas no Brasil. Esses empreendimentos contribuem

    ativamente para o desenvolvimento da economia brasileira. Tal fator

    tambm pode ser visto em outros pases desenvolvidos. Portanto, torna-

    se de fundamental importncia estimular o desenvolvimento de empre-

    sas de pequeno porte capacitando seus gestores e funcionrios de forma

    que possam promover o crescimento econmico, aumentando a renda,

    gerando novos postos de trabalho e proporcionando melhores salrios.

    Classificao das micro e pequenas empresas

    No Brasil, as micro e pequenas empresas so classificadas de acordo

    com a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas (Lei Complementar n

    123/06), que definiu critrios relativos ao faturamento (exceto os produ-

    tores rurais). A lei faz distino conforme o faturamento:

    CONCEITO

    Cooperativa de crdito

    Cooperativa de Crdito uma associa-

    o de pessoas, que buscam atravs da

    ajuda mtua, sem fins lucrativos, uma

    melhor administrao de seus recursos

    financeiros. O objetivo da cooperativa

    de crdito prestar assistncia credit-

    cia e a prestao de servios de nature-

    za bancria a seus associados com con-

    dies mais favorveis. As Cooperativas

    de Crdito so em muitos pases do

    mundo uma das principais instituies

    financeiras a servio das comunidades.

    CONCEITO

    Instituies de microcrdito

    Microcrdito produtivo so operaes

    em que instituies especializadas em-

    prestam pequenas quantias de dinheiro

    para empreendedores de baixa renda

    que dificilmente conseguiriam abrir uma

    conta num banco. As instituies que

    operam as linhas de microcrdito pre-

    cisam ser slidas. Podem ser bancos

    pblicos, privados, ONGs ou Oscips

    associaes da sociedade civil, ou seja,

    no governamentais que atuam em

    setores de interesse pblico. Para mais

    informaes, consulte a Lei n 11.110,

    de 25 de abril de 2005.

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    Classificao Faturamento (ao ano)

    Microempreendedor individual At R$ 60.000,00

    Microempresa At R$ 360.000,00

    Empresa de pequeno porte De R$ 360.000,00 at R$ 3.600.000,00

    Produtor ruralAt 3.600.000,00 ou propriedade com at

    quatro mdulos fiscais

    Tabela 3 - Classificao e faturamento das empresas. Fonte: Sebrae (2014).

    Microempreendedor Individual (MEI)

    Em 2008, foi criada a Lei Complementar n 128, visando reduzir o nmero de empreen-

    dedores informais no Brasil. Assim, surgiu uma nova modalidade que contempla mais de

    400 atividades de negcios para empresrios que apresentam faturamento bruto anual de

    at R$60.000,00. Outro diferencial que como o MEI goza de benefcios fiscais, pode ser

    contratado um funcionrio e tem diferenciao no recolhimento de impostos. Alm disso,

    os benefcios previdencirios incluem: auxlio doena, salrio maternidade, aposentadoria

    por invalidez, por idade e penso por morte.

    Microempresa (ME)

    Em nosso pas, as microempresas tm regime tributrio diferenciado, pois de acordo com

    a Lei Complementar n 123/06, podem ser enquadradas no Simples Nacional, passando a

    pagar impostos unificados e gozar de tratamentos diferenciados para acessar financiamen-

    to, exportar e participar de licitaes.

    Empresa de Pequeno Porte (EPP)

    As empresas de pequeno porte (EPP) tambm podem fazer a opo pelo Simples Nacional,

    mas somente se a atividade estiver contemplada pela Lei Complementar n 123/06.

    Relao existente entre empreendedores e grau deescolaridade

    importante destacar que, em estudos realizados pelo Sebrae (2013), percebe-se que a ten-

    dncia do aumento das taxas de sobrevivncia das empresas brasileiras nos ltimos anos

    est sintonizada com a evoluo dos empreendedores nos aspectos que envolvem a capaci-

    tao empresarial e o aumento da escolaridade.

    De acordo com pesquisa do IPEA (2009), apenas 13% dos jovens de 18 a 24 anos tiveram

    a oportunidade de frequentar o ensino superior. Esse percentual est aqum da meta esta-belecida no Plano Nacional de Educao (PNE) para 2011, que era de 30%. Ou seja, o ingres-

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    captulo 9 211

    so universidade torna-se importante para ampliar no somente o acesso educao bra-

    sileira, como tambm melhorar os nveis de informao e gerenciamento das empresas.

    Microempreendedores individuais

    A maioria dos microempreendedores individuais tem o nvel mdio, ou seja, aproximada-

    mente, 62,8%. Cabe destacar que grande parte das atividades no exige especializao tc-

    nica, porm em 2012 e 2013 houve um aumento no nvel de escolaridade referente ao nvel

    superior incompleto ou mais, passando de 16% para 19%.

    PS-GRADUAO

    SUPERIOR COMPLETO

    SUPERIOR INCOMPLETO

    MDIO OU TCNICO COMPLETO

    MDIO OU TCNICO INCOMPLETO

    FUNDAMENTAL COMPLETO

    FUNDAMENTAL INCOMPLETO

    SEM INSTRUO FORMAL

    1,2%

    9,8%

    7,7%

    44,10%

    9,50%

    10,4%

    16,5%

    0,8%

    Grfico 1 - Escolaridade dos microempreendedores individuais. Fonte: Sebrae (2013)

    Empreendedores iniciais e estabelecidos

    De acordo com o GEM (2013), 50,9% dos empreendedores iniciais tm nvel de escolaridade me-

    nor que o ensino mdio. Na regio Norte, apenas 20,3% concluram o ensino mdio e, na regio

    Sul, 14,3% no concluram o ensino mdio. Com relao aos empreendedores estabelecidos,

    somente 12,1% tm o ensino mdio completo ou mais e 13,9% tm o ensino mdio completo.

    A maior parte dos empreendedores estabelecidos apresenta menor escolaridade e faixa

    etria mais elevada que a dos empreendedores iniciais. Mas importante ressaltar que no

    Brasil indivduos com alto grau de escolaridade e faixas de renda elevadas tm altas propor-

    es de abertura de empreendimentos por identificao de uma oportunidade.

    Empresrios de empresas constitudas

    De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), em 2011, o percen-

    tual de empresrios e/ou empreendedores que conseguiram chegar ao ensino superior

    significativo para a economia brasileira, ou seja, a mdia de estudos de 11 anos. Os em-

    presrios que tm ensino superior completo e incompleto totalizam 38%. importante res-

    saltar que para exercer determinadas atividades, tais como: mdico, dentista, engenheiro,

    farmacutico, advogado, arquiteto, entre outras, obrigatria a apresentao de diplomade curso superior e registro no Conselho da categoria profissional a que pertence.

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    212 captulo 9

    EMPRESRIO POTENCIAL EMPRESRIO PRODUTOR RURAL

    Contaprpria

    Empre-gador

    TOTALContaprpria

    Empre-gador

    TOTALContaprpria

    Empre-gador

    TOTAL

    Sem instruo

    ou fundamental

    incompleto

    21% 15% 19% 48% 34% 47% 81% 52% 79%

    Ensino fundamental

    completo10% 9% 9% 13% 13% 13% 8% 10% 8%

    Ensino mdio com-

    pleto ou incompleto40% 38% 39% 30% 34% 30% 10% 25% 11%

    Ensino superior

    incompleto5% 7% 6% 2% 3% 2% 0% 2% 1%

    Ensino superior

    completo ou mais24% 31% 27% 6% 16% 7% 1% 11% 2%

    Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

    Tabela 4 - Distribuio por grau de escolaridade de empresrios das empresas. Fonte: Sebrae, a partir de

    processamento dos dados do IBGE (PNAD 2011)

    De acordo com o Instituto, das empresas constitudas, 43% pertencem ao setor de co-

    mrcio, 26% ao setor de servios, 15% em outros no definidos, 11% na indstria e apenas

    4% na construo civil. Vale a pena ressaltar que a prestao de servios tem crescido nos

    ltimos anos e as atividades que mais se destacaram entre os empresrios foram: engenha-

    ria, arquitetura, imobilirio, informtica, ou seja, so atividades que necessitam de produ-

    tos sofisticados, bom nvel de informatizao e alto grau de escolaridade.

    Como a economia brasileira apresenta caractersticas focadas no aumento do mercado

    interno e do consumo de massa, tais aspectos favorecem a quantidade de novas empresas.

    No entanto, essas empresas encontram pequenas barreiras de entrada, so pouco inovado-

    ras e apresentam baixa penetrao no mercado internacional.

    Empreendedores digitais (Startup)

    Merece destaque o alto grau de escolaridade dos empreendedores que trabalham em ne-

    gcios digitais. Aproximadamente 75,2% possuem nvel superior completo e 29% j con-

    cluram pelo menos um curso de ps-graduao. No surpresa o fato de um quinto dos

    pesquisados serem formados em Cincia da Computao.

    ENSINO MDIO COMPLETO

    ENSINO TCNICO COMPLETO

    ENSINO SUPERIOR INCOMPLETO

    ENSINO SUPERIOR COMPLETO

    PS-GRADUAO INCOMPLETA

    PS-GRADUAO COMPLETA

    2%

    1%

    21%

    33%

    13%

    29%

    Grfico 2 - Escolaridade dos empreendedores digitais. Fonte: Sebrae (2012)

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    Empreendedores criativos

    De acordo com estudo feito pelo IPEA (2013), o empreendedorismo criativo tem apresen-

    tado crescimento significativo devido a fatores de mercado e tambm adoo de novas

    tecnologias. Merece destaque a atuao de empreendedores que utilizam esses fatorescombinados com comportamentos e caractersticas especficas para negcios pouco explo-

    rados, cuja atividade principal est diretamente ligada criao e promoo de produtos

    ou servios inovadores e criativos.

    Nesse contexto, conforme o mesmo estudo, a economia criativa definida como

    conjunto de atividades econmicas que dependem do contedo simblico nele includo a

    criatividade como fator mais expressivo para a produo de bens e servios, guardando es-

    treita relao com aspectos econmicos, culturais e sociais que interagem com a tecnologia

    e a propriedade intelectual.

    importante ressaltar que tanto empreendedores criativos quanto trabalhadores da

    indstria criativa apresentam nveis mais altos de escolaridade, tm a tendncia de serem

    mais inquietos e buscam maiores remuneraes. A idade mdia dos trabalhadores cria-

    tivos, em 2009, era de 33 anos, contra a idade mdia de trabalhadores de outros setores

    identificados na RAIS, que era de 36 anos. As atividades desenvolvidas, o tempo mdio de

    estudo e de emprego e os critrios ligados s dimenses setorial (setor de atuao da em-

    presa) e ocupacional (ocupao do trabalhador) esto listadas na tabela 5.

    Critrio setorial Critrio ocupacional

    N deempregados

    Tempo de

    emprego(meses)

    Anos deestudo

    N deempregados

    Tempo de

    emprego(meses)

    Anos deestudo

    Artes performticas 14.320 59,7 9,8 20.181 86,1 12,3

    Artes visuais 10.677 42,0 42,0 9.172 78,2 11,4

    Audiovisual 96.131 72,1 11,7 77.309 73,6 11,0

    Design 60.198 49,4 9,8 132.349 60,3 10,0

    Expresses culturais

    tradicionais26.840 56,3 9,4 21.573 54,8 9,8

    New media 115.517 54,1 11,3 62.943 62,1 13,9

    Publicao e mdia

    impressa130.153 69,4 11,0 55.794 77,4 11,9

    Servios criativos 113.215 78,8 11,9 155.740 99,5 13,9

    Stios culturais 15.974 78,7 11,5 39.973 105,8 12,3

    Total da economia

    criativa583.025 65,7 11,2 575.034 78,7 12,1

    Total da RAIS 30.485.676 84,3 10,3 30.485.676 84,3 10,3

    Tabela 5 - Tempo de emprego mdio e anos de estudo dos trabalhadores em economia criativa (2010).Fonte: IPEA (2013)

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    Tecnologia e negcios digitais

    O avano das tecnologias de informao e sua disseminao na vida dos indivduos mu-

    daram as formas de comunicao e relacionamento. O mercado digital apresenta cresci-

    mento expressivo, pois a cada dia so lanados e disponibilizados novos equipamentoseletrnicos. Com isso, outras maneiras de integrao entre empresas e clientes so estabe-

    lecidas aumentando a competitividade, permitindo a reduo de custos, agregando valor

    ao negcio, ao mesmo tempo em que proporciona incremento para venda no somente de

    produtos como tambm de servios.

    importante ressaltar que grandes empresas de ponta que atuam no mercado di-

    gital comearam como microempresas. Portanto, o uso de tecnologias e o acesso a no-

    vos ambientes virtuais indicam o surgimento de modelos inovadores de negcios. Nesse

    sentido, a regio sudeste agrega 59,6% desses empreendedores. A atuao das empre-

    sas digitais no se limita somente a um determinado tipo de negcio. Os servios que

    se destacam so ligados ao mercado da msica, ao espao de coworking, plataforma de

    crowdfunding, consultoria de redes, telecomunicaes e TV digital interativa. Para os

    empreendedores, os temas importantes para o sucesso nos ambientes digitais englobam

    o acesso a clientes, marketing e a gesto da empresa.

    De acordo com o Sebrae (2013), a taxa de sobrevivncia de empresas ligadas fabrica-

    o de equipamentos de informtica, produtos eletrnicos e pticos de 86%. Trata-se de

    um segmento com a tendncia de incorporar mais inovaes, pois est ligado adoo

    de novas Tecnologias da Informao e Comunicao (TIC). Devido a isso, apresenta alto

    potencial de diferenciao de produtos e servios. Merece destaque a demanda por esse

    segmento pois ela cresce concomitantemente ao aumento da renda e tambm ao grau de

    escolaridade da populao brasileira.

    Empresas brasileiras fazem pouco uso de novas tecnologias

    significativo o percentual de empreendedores iniciais que no fazem uso de novas tecno-

    logias. Aproximadamente 99,5% das empresas abertas utilizam tecnologias que tm mais

    de cinco anos. Tal fato representa grande concentrao em atividades com baixo grau de

    inovao e poucas barreiras de entrada. Portanto, pode-se verificar que os negcios digitais

    se apresentam como uma boa oportunidade de mercado.

    Empresas Startups

    So empresas nascentes, de base tecnolgica, criadas por pessoas com ideias inovadoras e que

    acreditam no potencial de sucesso desses empreendimentos. Muitas vezes, so vendidas ainda

    em fase embrionria por apresentar viabilidade tcnica, financeira e alto potencial de mercado.

    crescente esse tipo de empresas em nosso pas, pois para enfrentar a concorrncia, modelos

    diferentes de negcios esto surgindo, ligados ao desenvolvimento de novas tecnologias.

    Em diversos pases as startupspossuem eventos direcionados, vocabulrio prprio e sis-

    temas dirigidos de investimento. Seus empreendedores so pessoas dispostas a enfrentar

    um ambiente de incerteza, pois muitos precisam de patrocinadores e parceiros para que onegcio tenha continuidade.

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    captulo 9 215

    Muitos investidores e tambm o governo esto em busca de startupsdevido possi-

    bilidade de apresentarem negcios inovadores, pouco explorados e com mais chances

    de retorno que os negcios tradicionais. O Ministrio da Cincia, Tecnologia e Inova-

    o mantm o programa Startup Brasil,que seleciona e apoia empresas nascentes de

    base tecnolgica.O Startupoferece vrias aes conjuntas ligadas ao financiamento, pesquisa, desen-

    volvimento, inovao, consultoria mercadolgica, tecnolgica, acesso a investidores e

    mentores, entre outras. Espera-se que possa haver um aumento na acelerao de startups

    fazendo com que no somente o mercado nacional, como tambm internacional, tenha

    acesso a produtores inovadores. Com esse programa, o poder pblico estimula parcerias

    entre o governo e as empresas proporcionando assim um ambiente favorvel ao empreen-

    dedorismo com foco no aumento de empresas de base tecnolgica em nosso pas. Cabe

    destacar que o Googlee o Yahooso exemplos bem-sucedidos de startups.

    Incubadora de empresas e parques tecnolgicos

    A primeira incubadora de empresa foi fruto de uma iniciativa de dois estudantes da Uni-

    versidade de Stanford que, em 1938, fundaram a Hewlett & Packard(HP). Hoje a empresa

    conhecida em todo o mundo. No Brasil, em 1970, foi criada a Companhia de Desenvol-

    vimento Tecnolgico (CODETEC), ligada Unicamp, em Campinas (SP). Em nosso pas,

    existem 384 incubadoras, que abrigam 2.509 empresas, gerando mais de 16 mil empregos,

    de acordo com estudo feito em 2011 pela Associao Nacional de Entidades Promotoras de

    Empreendimentos Inovadores (Anprotec).

    As incubadoras de empresas so entidades que promovem empreendimentos vol-

    tados inovao e tecnologia. Elas auxiliam o desenvolvimento de empresas de micro

    e pequeno porte, em estgio inicial ou j estabelecidas, com o objetivo de modernizar

    suas atividades com foco na cultura de inovao e transformao de ideias em negcios

    (produtos, servios ou processos). Oferecem infraestrutura, assessoramento gerencial,

    tecnolgico e capacitao complementar para promover o acesso inovao e criativi-

    dade. Para participar da seleo de uma incubadora existem alguns critrios, tais como:

    a verificao do grau de inovao que o produto ou servio ir proporcionar; a apresen-

    tao do estudo de viabilidade econmica e financeira; a qualificao do responsvel

    e da equipe; a integrao do negcio com os objetivos da incubadora e a contribuio

    para o avano tecnolgico.

    J os parques tecnolgicos so um complexo industrial de produtos e servios tecnol-

    gicos. Neles esto implantadas empresas que tm como base pesquisa e desenvolvimen-

    to. Assim como as incubadoras, os parques tambm visam promover a competitividade e

    a inovao com base na transferncia de tecnologias e conhecimentos para gerar riqueza

    para determinada localidade.

    Alm de propiciar oportunidades de inovao, as incubadoras e os parques reduzem

    os riscos de mortalidade das empresas nascentes, geram empregos especializados, ao

    mesmo tempo em que proporcionam a realizao de sonhos de milhares de empreende-

    dores em todo o mundo.

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    Inovao e Competividade das micro e pequenasempresas MPE

    Tem sido generalizada a opinio de que, para ser competitiva, uma empresa deve melhorarseus processos de gesto. Conforme mencionado anteriormente, baixo o grau de inova-

    o das empresas brasileiras. A contribuio de melhoria ou a introduo de novidades gi-

    ram em torno do estabelecimento de novos mtodos ou processos, lanamentos de novos

    produtos ou servios e a conquista de um mercado novo.

    Nesse sentido, de acordo com o estudo sobre competitividade e inovao das micro e

    pequenas empresas brasileiras (2008), existem seis dimenses que precisam ser prioriza-

    das para que um negcio esteja apto para enfrentar no somente a concorrncia como tam-

    bm as mudanas impostas pelo mercado cada vez mais dinmico:

    1. LIDERANA

    Envolve aspectos relacionados ao gestor e tambm misso e viso do negcio.

    2. PLANEJAMENTO ESTRATGICO

    estabelecido um plano de ao e so definidos os objetivos e metas.

    3. CLIENTES

    Manter um bom relacionamento e monitorar a satisfao dos consumidores aumenta as chances

    de sobrevivncia do negcio.

    4. INFORMAO

    Para ser competitivo, torna-se crucial ter conhecimento do ambiente em que atua.

    5. GESTO DE PESSOAS

    O comprometimento da equipe fundamental para o sucesso do negcio. As pessoas so a

    alma da empresa e por isso a participao deve ser estimulada.

    6. PROCESSOS E RESULTADOSOs processos devem ser otimizados e os resultados precisam ser monitorados periodicamente.

    Dessa forma, torna-se possvel corrigir possveis falhas ou melhorar procedimentos visando

    eficincia do negcio.

    Conforme cita o mesmo estudo, os mtodos ou processos adotados por empresas de

    micro e pequeno porte esto ligados aquisio de mquinas e equipamentos, ao acesso

    novas tecnologias e informatizao, s mudanas no quadro de pessoal, s atividades liga-

    das ao marketing, adoo de carto de crdito e s mudanas de arranjo fsico.

    Com relao explorao de mercados, pode-se verificar que tal aspecto envolve a con-quista de novos tipos de clientes; ampliao da atuao do negcio em novos setores, outras

  • 7/25/2019 livro_capitulo09

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    captulo 9 217

    cidades, estados e tambm no mercado externo. Para buscar informaes sobre os tipos de

    inovao envolvendo produtos, processos e mercados, as principais fontes de consulta dos

    empresrios so a internet, os fornecedores, os clientes, concorrentes e publicaes afins.

    De acordo com o estudo, para inovar, as empresas necessitam principalmente de im-

    postos menores, linhas de financiamento, oportunidade para participao em cursos e pa-lestras, ter consultoria e apoio para divulgar seus produtos ou servios. Merece destaque

    mencionar que os principais fatores que estimulam a realizao de melhorias e inovaes

    so a proatividade dos scios, sugestes e demandas de clientes, as prticas dos concorren-

    tes e o incentivo governamental.

    Portanto, com relao ao grau de inovao, os dados que dispomos apontam para o fato

    de que nos ltimos doze meses a maioria das empresas brasileiras no inovaram (54%),

    somente 43% fizeram algum tipo de inovao de processo ou de produto e apenas 4% inova-

    ram em aspectos relacionados ao processo, produto e tambm ao mercado.

    Nesse sentido, algumas ferramentas de gesto podem ser utilizadas para proporcionar

    melhorias e incluir inovao ao negcio, tanto inicial como j estabelecido, tais como: o

    Canvas Business Modele o Plano de Negcios.

    Canvas Business Model

    O Canvas Business Model uma metodologia estratgica que indica o potencial de uma

    ideia para que a mesma possa ser transformada em um negcio rentvel. uma forma de

    apresentar informaes lgicas sobre a criao, a disponibilizao de produtos e servios e

    a respectiva gerao de valor.

    No Canvas,as informaes primordiais so agrupadas e apresentadas em nove reas es-

    tratgicas: segmentao de clientes; propostas de valor; canais envolvidos; relacionamento

    com clientes; previso de receitas; principais recursos; atividades; alianas estratgicas e

    estruturao de custos.

    ATENO

    importante destacar que o Canvasno invalida o plano de negcios. Muitos empreendedores

    preferem elaborar o Canvasao plano de negcios devido simplicidade na apresentao de informaes

    e a forma integrada que podem ser disponibilizadas de maneira simplificada aos possveis investidores e/

    ou parceiros. Mas o plano de negcios essencial para o sucesso do negcio, como veremos a seguir.

    Plano de negcio

    De acordo com pesquisas do Sebrae (2013), a cada 10 empresas abertas em 2 anos ape-

    nas 7 sobrevivem. Nesse sentido, a elaborao do plano de negcios representa um es-

    tudo antecipado do ambiente do mercado que se pretende atuar. Com o levantamento

    de informaes compatveis com a realidade, possvel minimizar riscos e tomar deci-ses de forma mais segura.

  • 7/25/2019 livro_capitulo09

    20/33

    218 captulo 9

    O plano um documento que apresenta os objetivos, a viso, misso, os aspectos rela-

    cionados aos investimentos financeiros, fsicos, humanos e tecnolgicos. Ao escrev-lo

    possvel simular aspectos do mercado, tais como: concorrncia, custos e preos de venda, e

    corrigir possveis falhas antes de comet-las no dia a dia da empresa. Os estudos apontam

    que os empreendedores que desenvolvem bons planos de negcios tm mais chances paraencontrar novos investidores.

    H diversas publicaes, softwarese aplicativos que podem ajudar a passar a ideia da

    cabea para o papel. Os principais tpicos que devem ser analisados na construo de um

    plano envolvem a experincia dos empreendedores, os dados do novo negcio, sua misso

    e viso, os setores a serem trabalhados, o enquadramento tributrio, as fontes de recursos

    envolvidas e a viabilidade tcnica e financeira.

    Para fazer uma anlise detalhada do mercado no qual se pretende atuar necessrio

    apurar o perfil dos clientes, fornecedores e concorrentes. Deve ser verificada a faixa etria,

    sexo e renda dos clientes, localizao do negcio, as formas de pagamento praticadas pelos

    concorrentes, entre outras. Alm disso, o plano de marketing descreve os principais produ-

    tos e servios oferecidos, as estratgias de promoo e as formas de comercializao. J o

    plano operacional envolve os recursos humanos, o arranjo fsico do negcio, os processos

    operacionais e o levantamento da capacidade produtiva.

    Um dos quesitos mais importantes a elaborao do plano financeiro, pois envolve os

    aspectos relacionados ao capital de giro, faturamento, aos custos fixos, variveis, de mate-

    riais, de servios, pessoal e de comercializao. Alm disso, possvel verificar o ponto de

    equilbrio, a lucratividade e a rentabilidade e, assim, apurar o prazo de retorno. Atravs des-

    ses dados pode-se estimar o valor do investimento total do negcio que se pretende abrir.

    Design Thinking

    Trata-se de uma abordagem que tem como objetivo o desenvolvimento de novos pro-

    dutos e servios, associando vivncias inovao e ao processo criativo. Para se manter

    competitiva no mercado, as organizaes devem encontrar caminhos para obter alto de-

    sempenho organizacional. Nesse sentido, as necessidades dos consumidores precisam

    ser atendidas e, para isso, so criados, de forma colaborativa, sistemas que simulam a

    satisfao e tambm as experincias dos clientes.

    Essa abordagem direcionada para resoluo de problemas difceis atravs da apresen-

    tao de ideias criativas e propostas inovadoras. importante destacar que a participao

    dos clientes durante o processo criativo para soluo de problemas imprescindvel, pois

    visa ao pleno atendimento de suas necessidades e demandas.

    uma ferramenta para imaginar situaes futuras e trazer produtos, servios e experincias

    para o mercado. Caracterizado como um processo de design multidisciplinar, passvel de

    ser gerenciado e implementado, porm um processo, no existe a melhor forma de ser

    percorrido. (BALEM, Francieli; et al., 2011).

    O estilo de trabalho do design thinkingno o mesmo adotado pelo design tradicional,pois as limitaes so encaradas como desafios. Alm disso, considerada tambm a per-

  • 7/25/2019 livro_capitulo09

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    captulo 9 219

    cepo das atividades dos clientes e no somente dos resultados. Sua contribuio tem se

    tornado efetiva devido ao seu foco estratgico. Por estar encadeada em um processo, uma

    ferramenta de integrao transformadora, contnua e dinmica, contribuindo diretamente

    para propostas de novas solues adequadas s necessidades dos consumidores.

    Franchising

    A opo por abrir uma franquia tem crescido muito nos ltimos anos. Tal sistema defi-

    nido pela lei n 8.955/94, que trata sobre a cesso de direitos do uso de marca ou patente,

    distribuio de produtos ou servios, uso de tecnologia de implantao e gesto de um ne-

    gcio mediante remunerao sem que exista vnculo empregatcio.

    A relao entre franqueador (detentor da franquia) e franqueado (empresrio) de-

    finida de forma contratual. Essa parceria possibilita a melhor organizao e gesto de

    mercados, envolvendo a produo, as formas de distribuio e os aspectos que dizem

    respeito comercializao.

    Os resultados so expressivos para a economia nacional, pois de acordo com a Asso-

    ciao Brasileira de Franquias (ABF), em 2012 o faturamento total atingiu R$ 103 bilhes,

    ou seja, apresentou crescimento de 16,2% em relao ao faturamento de 2011. Alm dis-

    so, o nmero de redes do franchisingbrasileiro em 2012 foi de 2.426 marcas que totalizam

    104.543 unidades ou pontos do segmento, gerando 941 mil empregos. Os setores que apre-

    sentaram expressivo crescimento foram Hotelaria & Turismo (97,8%), Limpeza & Conserva-

    o (44,5%), e Informtica & Eletrnicos (32,5%).

    Sucesso familiar

    O processo de sucesso empresarial deve ser baseado em um rigoroso planejamento, pois

    envolve a administrao de conflitos e tambm aspectos relacionados governana. Nesse

    sentido, torna-se crucial a elaborao de um plano de sucesso familiar, bem como o de

    profissionalizao da gesto, alm do desenvolvimento de competncias e atitudes para

    no ameaar a sobrevivncia do negcio. Portanto, a sucesso empresarial representa um

    grande desafio, visto que pode comprometer a parte financeira e o patrimnio no somente

    da empresa como tambm de toda famlia.

    A Universidade e o empreendedorismo

    Devido s diversas alteraes no mundo do trabalho, o ensino superior deve proporcionar

    uma aprendizagem dinmica de acordo com a realidade prtica exigida pelo mercado.

    Nesse sentido, a interdisciplinaridade possibilita a associao de novos conhecimentos, ao

    mesmo tempo em que preserva a especificidade de cada rea do saber.

    Merece destaque o fato de que o processo de transformao dos saberes resulta no de-

    senvolvimento e na aplicao de competncias e atitudes que proporcionam mais autono-mia ao corpo discente. A Universidade um verdadeiro celeiro de conhecimento, mas no

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    mercado que os alunos tero a oportunidade de aplic-los e gerar valor para a sociedade

    nos campos poltico, econmico, social e cultural.

    As Universidades brasileiras e a temtica empreendedora

    H mais de 15 anos as universidades brasileiras vm promovendo aes para fomentar o em-

    preendedorismo no mundo acadmico. Todo ano so oferecidos cursos para capacitar no

    somente alunos da graduao, especializao, do mestrado e doutorado, como tambm as

    comunidades, nas temticas de gesto e inovao. Alm disso, em todo o Brasil, so promo-

    vidas diversas atividades, tais como: palestras, workshops, oficinas, seminrios, entre outras.

    importante destacar que para atender as exigncias do mercado diversas instituies

    oferecem disciplinas e tambm cursos ligados temtica, como, por exemplo: gesto pbli-

    ca empreendedora, administrao de novos negcios, empreendedorismo e inovao, es-

    tratgia empresarial, gesto de carreiras, liderana etc. Os alunos e as comunidades devem

    aproveitar as oportunidades que so oferecidas para estudar, adquirir novas informaes

    e aprimorar seus conhecimentos a respeito do tema. Cabe destacar que, alm dos cursos

    presenciais, diversas universidades em todo o pas oferecem treinamentos na modalidade

    a distncia e disponibilizam suas instalaes para o acesso internet.

    Cabe destacar tambm que, ao longo dos anos, muitas instituies de ensino superior

    tm feito investimentos em literatura sobre a temtica empreendedora, visando disseminar

    o conhecimento com obras de autores renomados (nacionais e internacionais) e revistas es-

    pecializadas para acesso a novas informaes. Pode-se verificar tambm a importncia que

    o tema tem para os alunos, pois a cada semestre so elaborados diversos trabalhos de con-

    cluso de curso abordando o universo empreendedor e a gesto de empresas e instituies.

    As universidades e os quatro pilares da educao apresentados em relatrioda Unesco

    Como j foi citado anteriormente, a metodologia educacional da Comisso sobre Educao

    para o sculo XXI, apresentada no Relatrio de Estudos, Cincia e Educao (Unesco) por

    Delors (1997), prope quatro pilares que tm sido adotados nos planos de ensino: aprender

    a conhecer,aprender afazer,aprender a convivere aprender a ser.

    APRENDER ACONHECER

    Proporciona o conhecimento de uma cultura geral que envolve des-

    de o funcionamento do mercado at as diversas mudanas (sociais,

    econmicas, polticas, culturais) estabelecidas pelo mundo globalizado.

    Visa despertar nos alunos o interesse em transcender os limites da

    experincia individual.

    APRENDER A SERTrata-se de explorar o potencial discente, estimulando o desenvolvimento da

    memria, do raciocnio, da imaginao, das capacidades fsicas, da facilidade

    de comunicao e do autoconhecimento.

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    APRENDER ACONVIVER

    As atividades interdisciplinares favorecem a criao de um esprito colabo-

    rativo, promovendo a integrao entre alunos, professores, universidade e

    comunidade. Nesse contexto, o aluno adquire mais conscincia sobre o seu

    papel na transformao da sociedade.

    APRENDER A FAZER

    Os alunos do ensino superior sentem-se mais preparados para enfrentar

    diversas situaes medida que atuam no mercado. O mundo empresarial

    um espao que exige a aplicao prtica de todos os conceitos aprendidos

    para promover o desenvolvimento poltico, econmico, social e cultural.

    Jogo de negcio: Desafio Universitrio Empreendedor

    Uma das formas de se estimular os quatro pilares e promover a cultura empreendedora

    no ambiente acadmico a participao no Desafio Universitrio Empreendedor. Trata-

    se de um jogo de negcio promovido anualmente pelo Sebrae que possibilita a simulao

    da gesto de uma empresa atravs da aplicao de conceitos adquiridos na Universidade,

    aplicados de forma ldica.

    importante destacar que o Brasil tem registrado aumento da participao da sua popu-

    lao universitria nas edies anuais do Desafio Universitrio. Os jogos estimulam o desen-

    volvimento de competncias e habilidades que devem ser aplicadas de diversas maneiras:

    para ingressar no mercado do trabalho, atravs do intraempreendedorismo, empreendedo-

    rismo social ou autnomo. Os alunos que ainda no definiram suas ambies profissionais

    ao participar de jogos de negcios podem descobrir seu potencial empreendedor.

    Os jogos so uma importante ferramenta virtual de simulao empresarial que permite a

    aplicao dos conceitos aprendidos na universidade. Permite tambm o desenvolvimento dos

    comportamentos empreendedores, principalmente o planejamento, organizao, habilidade

    para tomada de deciso, trabalho em equipe e capacidade de buscar solues rapidamente.

    Para os universitrios que j esto no mercado, a competio pode estimular ainda

    mais seus talentos. O Desafio Universitrio Empreendedor oferece grande aprendizado e,

    de acordo com pesquisa realizada pelo Sebrae (2011), 13% dos participantes, nos ltimos

    sete anos, abriram seu prprio negcio enquanto cursavam a faculdade. No jogo permi-

    tido errar e correr riscos, e os alunos aprendem mais com os erros do que com os acertos,

    ganhando assim mais experincia para aplicar no mercado cada dia mais competitivo.

    Em um jogo desse tipo os participantes fazem um verdadeiro estgio de patro, pois como

    donos do seu prprio negcio adquirem a experincia da gesto de um empreendimento.

    O Desafio Empreendedor simula a gesto de uma empresa de um determinado setor eco-

    nmico. A escolha do setor deve-se a importncia que o mesmo tem na economia nacional.

    Durante o jogo os participantes tomam decises sobre contratao e demisso de funcion-

    rios, investimentos, estratgias de marketing, formao de preos, emprstimos bancrios,

    compra de mquinas e equipamentos, infraestrutura, responsabilidade social etc.

    Um aluno participante citou: "O jogo ensina a tomar decises em equipe, treina para o mer-

    cado e d noes importantes sobre recursos humanos, desenvolvimento e treinamento. Eu fao

    psicologia e me sinto preparado para montar uma empresa".A interao entre os professorese os alunos imprescindvel para que haja o acompanhamento e orientao durante o jogo.

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    Dessa forma, proporciona ao discente o aumento de seus conhecimentos de maneira inte-

    grada com o projeto pedaggico das instituies de ensino superior.

    Com a aplicao de jogos de negcio nas universidades, a expectativa que o Brasil torne-se

    um celeiro de empreendedores com empresas slidas e capazes de contribuir para o desenvol-

    vimento econmico nacional, gerando mais empregos formais e renda para os cidados.

    Estudo de caso 1

    Empreender respondendo s questes da vida

    Em 2001, aos nove anos de idade, Paulo Monteiro sonhava em estudar no Colgio Mili-

    tar. A frustrao por no ter passado na primeira tentativa s fez aumentar a vontade de

    ser aprovado, estudar em um colgio de referncia nacional e conseguir crescer na vida.

    Em 2002, prestou novo concurso e logrou xito. Gostava muito de matemtica e fsica,

    participou de olimpadas e foi considerado um dos melhores alunos da instituio. Aos

    treze anos, prestava trabalho voluntrio ministrando aulas das matrias de exatas em

    cursinhos de pr-vestibulares comunitrios. Gostava muito de estar ligado educao

    e ao desenvolvimento de pessoas.

    Aos 17 anos, pensando em seguir carreira ligada engenharia prestou concurso e foi

    aprovado em instituies renomadas na rea, como o Instituto Militar de Engenharia (IME)

    e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Percebendo que no se enquadrava em

    um sistema rgido de normas e regras estabelecidas, optou pela UFRJ.

    Na universidade, entrou para a empresa jnior e tambm fez parte da criao de um

    grupo de empreendedorismo chamado GN2. Tinha grandes sonhos e gostava de trabalhar

    com questes ligadas ao empreendedorismo, inovao e criatividade. Enquanto estava

    na universidade, trabalhou em duas startups.

    Em 2009, fez parte do Movimento Osis para ajudar as vtimas das enchentes de Santa

    Catarina (SC). Ele tinha que mobilizar quarenta pessoas em uma semana para trabalhar em

    SC como voluntrios durante dez dias, para ajudar a reconstruir as comunidades atingidas.

    Ele conseguiu mais voluntrios que o esperado, que prestaram atividades colaborativas li-

    gadas plantao de horta, auxlio na restaurao de parques, praas, entre outros.

    Outro fato marcante ocorreu em 2010, quando ele ganhou bolsas de estudo em trs

    importantes instituies. Uma delas foi a Fundao Estudar, que tem como caracters-

    tica investir no estudante com o potencial de liderana. No final do ano, decidiu con-

    tinuar seus estudos em engenharia em uma das trs maiores faculdades da Frana. O

    gosto pela temtica empreendedora fez com que buscasse novas experincias e assim,

    enquanto estudava, conseguiu trabalhar em uma incubadora de empresas na ESCP Eu-

    ropa, onde ficou um ano.

    Em Paris, conheceu um grupo de jovens chamado Makesense,que trabalhava com em-

    preendedorismo social em quarenta pases. No final de 2011, o grupo seria criado na China

    e precisava de voluntrios. Assim, ele encarou o desafio e foi para Pequim com esse objetivo.

    Aps ter criado oMakesense,em 2012 voltou ao Brasil e retomou seus estudos na UFRJ.

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    Sementes no campus

    A experincia adquirida no exterior reforou seu grande sonho, que era criar algo que im-

    pactasse positivamente a vida das pessoas. No sabia o que fazer e nem que caminho tri-

    lhar, mas comeou a procurar problemas na rea de Educao. Assim, percebeu uma di-

    ficuldade latente dos estudantes de engenharia: aproximadamente 70% dos alunos eramreprovados em fsica e clculo. Ele percebeu que muitos alunos tinham vrias dvidas nos

    exerccios dessas matrias, os livros eram grossos e havia a necessidade de ler at 150 pgi-

    nas para somente depois iniciar a resoluo dos exerccios.

    Paulo identificou que grande parte do problema da alta reprovao estava ligada a al-

    guns fatores como: falta de base na matemtica apresentada nos ensinos fundamental e

    mdio, falta de organizao e planejamento de estudo, pouco tempo de dedicao reso-

    luo de exerccios, pouca maturidade, dificuldade de conciliar o trabalho com a universi-

    dade e at mesmo o mau costume de estudar somente em datas prximas s provas. Para

    tentar resolver esses problemas, alguns alunos contratavam professores particulares, mas

    o custo era alto. Outra sada era contar com monitores, pois a universidade oferecia moni-

    toria gratuita, porm era disponibilizada somente uma vez por semana e muitas vezes em

    um horrio que os alunos no podiam comparecer.

    Paulo procurou entender o processo de estudo dos alunos que apresentavam dificulda-

    des e pensou em representar esse fluxo de estudo em uma plataforma. Assim, inspirado em

    um site americano, pensou que poderia fazer uso da tecnologia para ajudar os alunos a re-

    solverem questes de exatas. Dessa forma, com outros trs universitrios, abriu seu primei-

    ro negcio: o Responde A.O site ajudava os estudantes a tirar suas dvidas atravs da re-

    soluo de exerccios feita por outros alunos expertse tambm por professores voluntrios.

    Com o uso dessa plataforma tecnolgica, ele poderia oferecer contedos de qualida-

    de, resolver os problemas comuns dos estudantes e proporcionar ganhos de escala. Assim,

    Paulo conseguiu aliar seus dois grandes sonhos: trabalhar com educao e fazer algo que

    melhorasse a vida das pessoas. Para isso, escolheu os dez melhores alunos da UFRJ e do

    IME para ajudar a resolver passo a passo as questes dos livros de clculo e fsica. Dessa

    forma, atravs do site passou a auxiliar os estudos de alunos no somente da UFRJ, mas

    tambm de todo o pas.

    O setor ligado ao ensino superior no Brasil tem apresentado crescimento significativo.

    Em 2013, contava com sete milhes de alunos e a projeo para 2020 de dez milhes. No

    entanto, a evaso brasileira significativa e impactante para a educao em nosso pas. De

    acordo o Censo do Ensino Superior divulgado em 2010 pelo Ministrio da Educao e Cul-

    tura (MEC), calcula-se que em 2009 o Brasil perdeu R$ 9 bilhes com a evaso ocorrida no

    ensino superior. Tal valor representa aproximadamente 20,9% do nmero total de universi-

    trios. Conforme o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimento de Ensino

    Superior no Estado de So Paulo (Semesp), 50% dessa evaso de alunos das classes C e D.

    Alm disso, 40% das matrculas so de alunos que entram na universidade despreparados

    para o ensino superior.

    Tal situao tambm percebida em instituies privadas, no qual grande parte dos

    alunos das classes C e D tm ingressado no ensino superior. Foi identificado que, devido ao

    despreparo dos alunos, a evaso maior nos cursos ligados ao desenvolvimento tecnolgi-

    co e econmico, ou seja, dos vinte cursos com maior ndice de evaso, onze pertencem scincias exatas, como, por exemplo, o de informtica.

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    Dificuldades vista

    Em 2012, aps o lanamento da plataforma e o crescimento do nmero

    de clientes, o primeiro problema enfrentado envolveu a necessidade de

    dedicao de tempo integral de todos os scios, pois dois deles eram

    empregados de outras empresas e dedicavam-se parcialmente ao site.Assim, esses dois scios tiveram que sair da sociedade. No entanto, um

    deles era o programador do site, o que comprometeu bastante o aprimo-

    ramento da plataforma. Outra questo adversa foi ter baseado o servio

    do site no modelo americano, que envolvia a realizao de exerccios

    para casa e no direcionado para fazer as provas.

    Paulo comeou a perder clientes e teve dificuldades em conseguir

    novas adeses. Como seu negcio estava declinando, pensou em desis-

    tir, pois havia passado quase um ano construindo um tipo de servio

    que no tinha a ver com o que o pblico alvo necessitava. Tentou obter

    financiamento do governo atravs da participao no Programa StartUp

    Brasil,mas no teve xito. Chegou a procurar um investidor para tentar

    vender o site, mas ele fez crticas que o fizeram mudar o foco do negcio.

    A empresa estava perdendo clientes e teve que refazer seu planeja-

    mento estratgico, pois o servio oferecido no era exatamente o que o

    pblico alvo queria. Fez cerca de seis planos de negcios para buscar no-

    vas parcerias. As grandes questes giravam em torno de duas perguntas:

    Como adaptar a plataforma para ser um lugar que facilitasse o

    estudo para as provas?

    Como atrair os clientes de volta e conquistar novos?

    Busca de novas alternativas

    Paulo Monteiro se reuniu com seu scio e estabeleceram algumas es-

    tratgias, entre elas duas cruciais: a entrada de um scio que fosse pro-

    gramador e a realizao de pesquisas de mercado com universitrios

    clientes e no clientes. Selecionaram e conversaram com cem alunos de

    alguns estados brasileiros. A pesquisa foi feita e ratificou que o maior

    problema era que o site oferecia um material de apoio para quem j es-

    tudava muito, quando o foco do negcio era auxiliar o aluno que apre-

    sentava deficincia em seus estudos.

    Assim, a empresa precisou se reinventar. Foi criada a proposta de

    valor para o negcio, tanto o site como os servios oferecidos foram me-

    lhorados, adaptados s necessidades reais dos universitrios. Tambm

    foi identificada a necessidade de investimento financeiro. Nesse mes-

    mo ano, participou do concurso de startuppara jovens Bota para fazer,

    da Endeavor. Foi entrevistado por uma banca de investidores, ganhou oconcurso e teve um ano de mentoriacom renomados empresrios.

    CONCEITO

    Mentoria

    A tcnica de mentoria vem crescendo

    e se difundindo muito rapidamente no

    meio empresarial e sua correta prtica

    pode auxiliar o crescimento e desenvol-

    vimento da empresa ou instituio, pois

    juntar a experincia do mentor com a

    fora de vontade e desejo de aprender

    do mentorado.

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    As sementes comeam a crescer

    No segundo semestre de 2013, o foco do negcio foi redefinido: auxiliar qualquer aluno no

    estudo das disciplinas de Exatas. As estratgias para conquistar novos alunos envolveram a

    divulgao online atravs de grupos de e-mail, das redes sociais e tambm do Google. Alm

    disso, foi criado pela empresa oPrograma Embaixadorno qual alunos que so apaixonadospelo nosso produtoajudam a fazer a divulgao em suas universidades.

    Um diferencial do negcio foi o lanamento do Detonado,um resumo da teoria com a

    apresentao dos pontos principais de cada assunto da matria, os respectivos exerccios e o

    passo a passo da resoluo. Trata-se de um guia de estudo para as provas com exerccios sele-

    cionados e colocados em ordem de dificuldade. Dessa forma, os alunos conseguem entender o

    problema e o que est sendo pedido na questo, para assim conseguirem fazer uma boa prova.

    Aps a reestruturao, no incio de 2014, a empresa obteve crescimento de 500% do n-

    mero de clientes. Atualmente, tem mais de 6.000 usurios cadastrados e, conforme pes-

    quisas, cerca de 90% dos alunos da disciplina Clculo 1 da UFRJ utilizam a plataforma para

    estudar. O Responde Aconta atualmente com sete funcionrios e tem um banco de dados

    com 300 expertscadastrados, que so remunerados de acordo com a demanda.

    Paulo apresentou novo projeto para o Programa StartUp Brasile, entre os 700 projetos,

    ficou entre os 40 selecionados. Alm do investimento pblico, conseguiu tambm investi-

    mento semente de duas empresas privadas ligadas promoo da Educao. Portanto, os

    esforos e a extrema dedicao de Paulo Monteiro e seus scios mostram que empreender

    envolve responder no somente as questes para as provas, mas tambm para a vida.

    ATIVIDADE

    Questes para reflexo e discusso em sala de aula:

    1)Quais os principais desafios que Paulo Monteiro enfrentou para continuar trabalhando na rea de

    Educao?

    2) Aponte algumas alternativas de atuao que poderiam ter sido escolhidas por Paulo para reestruturar

    o site Responde A?

    3) Que outros produtos ou servios podem ser oferecidos pela empresa?

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    captulo 9 227

    Para a sua inspirao, leia mais um caso de sucesso no Brasil

    O professor que se tornou um dos maiores empreendedores do Brasil:Carlos Wizard Martins

    Alzira Sterque*Como primognito de uma famlia numerosa, Carlos Wizard Martins, desde pequeno, teve

    incutido pela me um senso de responsabilidade. Dona Hilda dizia: Voc o mais velho,

    meu brao direito, tem de cuidar dos irmos. O que lhe dava satisfao, mas tambm o preo-

    cupava, como se fosse um peso. Ele sabia que se tudo desse certo o crdito seria dos irmos

    que eram bonzinhos e se comportavam bem. E se alguma coisa desse errado a culpa

    era dele, que no tinha cuidado bem dos menores. O interessante foi a lio que ele extraiu

    disso tudo, pois ensina o mesmo conceito no mundo corporativo: o lder divide o crdito

    da vitria com a equipe e assume a responsabilidade se os objetivos no forem atingidos.

    Sua me, apesar de todas as suas limitaes e desafios, sempre encontrava tempo para

    alimentar a sua autoestima. Frequentemente ela lhe dizia: Pense grande, acredite em

    voc, tudo o que voc desejar na vida voc alcanar, querer poder. Era como ouvir uma

    voz proftica, que moldou toda a sua linha de pensamento a partir de ento.

    Com certeza, Carlos entregou a sua vida a um sonho que transcendeu o mundo fsico. Ele

    vive e continua projetando sonhos profundos na Terra e alm, sonha com um Brasil bilngue,

    um Brasil cujo povo ele tem plena convico disso nasceu para empreender. um cria-

    dor brilhante de ideias. Observador arguto do mundo. Por isso um transformador. Analtico,

    fruto de sua formao em Computao naBrigham Young University,em Utah. Possuidor de

    concepes nada modestas. Homem cujo olhar mirou a lua, mas cuja trajetria j alcanou

    as estrelas. Pode at errar, e costuma citar um ensinamento marcante de Francisco de Assis:

    Comece fazendo o necessrio, depois o possvel. E, de repente, estar fazendo o impossvel.

    Um homem que acredita no potencial das pessoas. Em suas palavras: Descobri que as

    pessoas, em sua maioria, so honestas, talentosas, criativas, cheias de potencialidades. Preci-

    sam apenas de uma oportunidade de se descobrir, de por em prtica sua capacidade de realiza-

    o. To logo encontram um ambiente promissor, com perspectivas de desenvolvimento pessoal

    e profissional, realizam empreendimentos grandiosos. Mudam, ganham autoestima, confiana,

    esto prontas a arriscar e sonhar. Ento, seu desempenho fantstico. Elas se surpreendem com

    o que so capazes de conquistar. Ele no cansa de ensinar lies advindas de uma mxima:

    Voc o criador de suas prprias circunstncias. E o que isso significa? Que os nossos pen-

    samentos, sentimentos e palavras tm poder.

    Ao gastarmos energia e tempo preocupando-nos com tudo o que no queremos, acabamos

    catalisando para ns mesmos aquilo que no desejamos. Isso acontece no nvel inconsciente 24

    horas por dia, 7 dias por semana. Tudo o que est nos acontecendo neste exato momento somos

    ns mesmos que estamos atraindo para o nosso dia a dia. O Universo nos dar certamente aqui-

    lo que buscamos, seja algo positivo ou negativo. No existe meio termo na busca dos prprios

    sonhos. Ou estamos nos aproximando ou nos distanciando deles. A escolha de cada um. Ns

    decidimos, a cada dia, a cada instante, os pensamentos que circulam em nossas mentes, sendo

    que as nossas aes determinam o nosso prprio destino. Deste modo, cada um de ns o

    responsvel pela obra-prima de nossa prpria vida, de nossa existncia, e de nossos sonhos.

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    E como definir o seu maior sucesso empresarial, o Grupo Multi Educao? Um conglo-

    merado com 3 mil escolas, gerando 50 mil empregos, atendendo 1 milho por ano, pre-

    sente em 10 pases. Foi vendido para o grupo ingls Pearson, no incio de 2014 por apro-

    ximadamente 2 bilhes de reais, sendo a maior transao realizada no setor educacional

    do Pas. Mais do que um sucesso econmico, uma ideia, uma filosofia de vida: Acima detudo, uma escola de empreendedores. Um grupo formador de talentos empresariais que est em

    contnuo processo de mudana, qualificao e atualizao.Esse Carlos Wizard Martins:

    sempre pensando alm.

    E agora, para alm do Grupo Multi, um mestre do empreendedorismo para o Brasil,

    para o mundo. Seja palestrando no Vale do Silcio, na ndia, na China, na Finlndia, ou em

    qualquer cidade brasileira, em empresas, universidades ou nos plpitos da Igreja de Jesus

    Cristo dos Santos dos ltimos Dias, a vocao do professor foi muito alm do ensino. Sua

    vocao primordial motivar as pessoas, extrair sonhos adormecidos dentro do esprito

    delas e torn-los realidade. Ele ama ensinar aquilo que aprendeu. E no para. Nunca.

    Tem orgulho de ter formado mais de 100 milionrios no Pas. E, imaginem s, o tal gru-

    po privilegiado de alunos empreendedores no foi constitudo das pessoas mais sbias,

    nem das mais cultas. O grupo formado de gente simples, como cada um de ns, que tam-

    bm fracassou inmeras vezes, mas que superou os prprios conflitos; que focou naquilo

    que realmente importava; que abriu os coraes ao incentivador de sonhos, aplicou seus

    ensinamentos e os imprimiu nos coraes. Nas palavras do professor Carlos: Quando voc

    acredita o suficientemente em si mesmo, em seu potencial multiplicador, estar pronto para dar

    este passo fundamental: influenciar as pessoas ao seu redor a abraar o seu sonho. Quando as

    pessoas sua volta se unirem a voc na busca do seu sonho, seu empreendimento se transforma-

    r em algo muito maior do que si mesmo.A pergunta : Como fazer isso acontecer?. Segundo

    o professor, seguindo sete conceitos fundamentais:

    ACREDITARO primeiro passo para criar um time vencedor acreditar nas pessoas e em

    sua capacidade de realizao. Acreditar confiar, e a confiana um valor para

    quem a d e para quem a recebe, pois cria um vnculo slido em qualquer time.

    TREINARPor realmente acreditar em sua equipe, voc dedicar tempo e recursos para qua-

    lificar, capacitar e treinar seus profissionais. Desenvolver um dos desafios mais

    gratificantes de um lder bem-sucedido.

    MOTIVAR

    Como lder de uma organizao, voc precisar ser o principal motivador daqueles

    que esto sob a sua gesto. Seus liderados sero um reflexo direto seu. Se voc se

    apresentar cabisbaixo, abatido, mal humorado, seus liderados iro agir da mesma

    maneira. Se voc tiver energia e entusiasmo, contagiar a todos.

    DELEGARQuem possui o esprito empreendedor precisa se familiarizar bem com o princpio da

    delegao. O lder sabe que seu tempo e capacidade so limitados e por isso conta

    com o talento e experincia dos membros de seu time.

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    ACOMPANHAR

    Delegao sem acompanhamento e prazo combinado para a entrega das tarefas

    pura enganao, tanto para quem d a ordem quanto para quem a recebe. Se um

    lder deixar a equipe solta sem acompanhamento e cobrana talvez ele nunca mais

    oua falar do assunto delegado.

    AVALIAROutro aspecto importante para quem lidera um time , de tempos em tempos, reunir

    a equipe para avaliar os resultados, estabelecer prioridades e corrigir o rumo.

    COMEMORARAs pessoas so mais motivadas pela valorizao, reconhecimento e oportunidade

    de crescimento profissional, do que somente pela remunerao. Por isso, reserve

    sempre um tempo para comemorar os resultados alcanados.

    Na essncia, trata-se de ajudar seus colaboradores a ver neles os talentos que muitas

    vezes eles prprios no conseguem ver.

    Mas, afinal, Carlos Wizard Martins um educador ou um empreendedor? Ele domina

    muito bem estas duas reas. Seja na rea comercial, seja na rea de marketing. E muitas

    outras. Mas foi a sua formao espiritual que fez nascer todas essas capacidades extraor-

    dinrias. O encontro de sua famlia com a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos ltimos

    Dias (Mrmon), quando ainda era adolescente, permitiu que todos se dessem conta de que

    nunca tiveram antes o apoio, um norte, uma sustentao emocional e espiritual. A f em

    Deus transformou a vida de cada um deles, que passaram a ter um propsito maior do que

    simplesmente trabalhar para obter bens materiais e pagar as contas. A famlia inteira pas-

    sou a enxergar a perspectiva de ser uma famlia eterna.

    O professor Carlos Wizard Martins lanou um livro, em 2012, sucesso na lista dos mais

    vendidos do Brasil: Desperte o milionrio que h em voc. Como gerar prosperidade mudando

    suas atitudes e postura mental. A obra, parte fundamental de sua intensa intimidade com

    Deus e filosofia pessoal, vendeu mais de 150 mil exemplares e esteve na lista dos mais vendi-

    dos no Brasil. Conquista rara para um autor brasileiro. Ele ama escrever. Suas lies primor-

    diais: ser rico no questo de sorte e sim de empenho, postura mental e disciplina.

    Medo, vergonha, culpa de ser rico? Carlos Wizard Martins jamais ensinar isso a

    ningum. As pessoas precisam descobrir os prprios talentos, explor-los, criar solu-

    es para os problemas do cotidiano e aprender a acumular e a multiplicar a prpria

    riqueza, com o objetivo de fazer o bem, socorrer aos necessitados e dar uma chance

    de crescimento aos que esto comeando sua jornada rumo ao sucesso. Sua pretenso

    como escritor ajudar seus leitores a construrem a prpria histria de superao, a se

    reinventarem, a obterem ascenso profissional e financeira. Nunca pretendeu ensinar

    prticas de gesto, frmulas complicadas de economia, de anlise mercadolgica ou

    maneiras de administrar a prpria empresa. H que se conhecer o que existe dentro de

    cada um de ns; o que habita na mente, no corao e no esprito. Lies tiradas dos per-

    sonagens do filme The Wizard of Oz (O Mgico de z).Cada um tinha um sonho e cada

    um dos sonhos tinha possibilidades de ser plenamente realizado.

    E quando a riqueza chegar? Como agir? H que se cultiv-la, assim como a uma

    planta, pois riqueza tambm para ser regada, cuidada, valorizada, aplicada e compar-tilhada de forma inteligente.

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    Outra lio do empresrio: temos de deixar de ouvir os matadores de sonhos, os tais

    pessimistas, os desiludidos, os acomodados, os que se deixaram levar por uma vida resig-

    nada. E seguir um rumo oposto a eles. Geralmente so pessoas boas, porm, por no terem

    atingido seus objetivos, tentam convenc-lo de que voc tambm no pode realizar os seus

    sonhos. Afaste-se deles, ensina o professor.E alerta aos que esperam frmulas e equaes matemticas precisas para se obter pros-

    peridade, riqueza e sucesso: a vitria est mais relacionada prpria postura mental,

    maneira de pensar, acreditar e agir, do que a fatores palpveis. Ele ensina que a riqueza

    deve comear dentro de cada um de ns. Temos de seguir a nossa voz interior. Acreditar nos

    prprios sonhos, pois o futuro pertence aos que acreditam na riqueza dos prprios sonhos.

    Somos ns quem criamos a prpria riqueza. Temos de romper com as correntes do passa-

    do. E quando iniciamos esse vigoroso processo de mudana, estamos cuidando da nossa

    prpria alma. A mudana real jamais imediata, mas tem que ser persistente.

    O professor Carlos Martins acredita que todas as pessoas conseguem vencer, prosperar

    e enriquecer. O elemento principal o desejo, ou seja: a transformao do prprio desejo

    em um projeto de vida e no se esquecer de seguir as regras, os conceitos e as leis que tiram

    a pessoa de seu estado financeiro atual e a projetem rumo a um novo mundo de prosperi-

    dade. Quem seguir estes trs princpios, com certeza vencer.

    Mas a histria incrvel deste grande professor colecionou alguns fracassos, como relata-

    do em seu livro Sonhos no tm limites a vida de Carlos Wizard Martins,escrito por Igncio

    de Loyola Brando. Ele relata que teve vrios fracassos: abriu uma rede de franquias de in-

    formtica para crianas. Que no foi para frente. Teve uma agncia de locao de veculos.

    Que faliu. Montou uma lanchonete. Que teve de ser desmontada, pois tambm no pros-

    perou. Tentou abrir uma sorveteria. E foi preciso fech-la. Alm