ll • -...

33
\ \IH11 'ºl'kA:"n·OM!i 1 lfr,L\ ft-1.1\\••ll"

Transcript of ll • -...

\ \IH11 'ºl'kA:"n·OM!i 1 lfr,L\ ft-1.1\\••ll" •

li SE.RIR

Só não tem cabello nem barba quem quer! ~=:·~j .. ~.n~•c::r.::b:~: ••m •li• em 20 • 24 dl••· Oara11t•-•• ,,.,. n • o 4 nor:lro. Rem•ll~~•• com toda• dlac,..ç• o • . Multa ~('ntf', 1·~oJh..:i. o 110,·.i, ~m to110 o mun1h'I, 11rvl·~n<H a l>nrbA bonfla ~o ("b no a.bundant~. Tl.'mos 1 \'~do com o uo-so b•l••mo lffoolc.Y a l • llold ade a milha,..• • milhar•• .-&...----------...de R•••o••· Um

ll"• ndelmper•dO#' reco,.reu a n6a pedindo o no••o 1u11tllto • n.lo ,.._ COl'l'•U debafd#I llomrn• noLa.vPli> o não

~ nota1·ti<l, todo MS . te('m \'iodo pettlr o

nosso toncurso. Em to­' ' d•• •• '"'"' d• ti<»•· pa 1.'.i\mP 1c.t, 4' JU mnl-

~ w~ logartll da Arrio P .. !!'m•ÚI•••••• .. ~o·~~~J1~o:h~~3~: ;1111"d31lo l'.~111""" 1Jór 1, o diil'r, '"º'" 1·erda lf', li' '• g<1$"1 dí' 1'3m 1 unlv f"1tl.O 1rt'C >11ára •) MootcJI ~ d~ 2•1115 rtJ le J}O" i•fm;âO fum.ti (lOr(.âO cheg.l r·Jf ita•ncn\.•\, 0

~=~.1 it:. ~11~ o~~~ 5~<; u~~faf~:!1 l$~~~ :::'~o';~ :d~ 1Jor .. ·âi> f<l' 1un C~llfll>'fC.\00 DE GAIUNTL\ el0(1t1;1I M<t nbrf,l'lr1H1s a dar outra \"('& n dinb~iro retebtclo, !l(l o rcm ·dlo n!o dl"r rdulUdo algum.

Se l•to nio lôr

~:r:3~$o"o~~;;:;.:io:':1r::f.j~ • quantia P~ra pre-Yc>n­

cJ.o conlra :is lmH~s A faJ :os r4'mc>cll0<t f:az41mos nornr

~1~~1~º-~~s d~:rç:;:;~:~io1~~:~~ \·:i~f ~s tl~~t:. r~,=~:'~~; ~~ ~-~1!s~~~·~:a~:l :('~~~t~n:~s~1~~;~(ja;~~rra~~ o'!1~~i:[.~ ~l'z. contra l'!ll.l:&Dlcnto 2d1:antMo (111 p;i,Amf'nlo pcl) eori eio no atlO da t>11t,.i:-~a •. \ !I praç.:is do t>\erelto do ul­tr:.m:11r !IÓ lt" envia o Moo/c,Y "''a orJl•m \ler a··~ m ta•

~~a~~ ~i;gjf~·~t;:r ·~~~:!i3e~1~rf!W~:~ ~d~rfi~n~:~,'~~~ = Moot cy depôt =

Holmens Kanal 28 Kopenhagen 133. O MAIOR E MAIS IMPORTANTE ESTABELE­CIMENTO OA ESPECIALIDADE NA EUROPA

Agencia. de Viagens

ERNST

O..LUSTR.\CÃO PôRTUGV~7.A

.lsslgnatura da •lllustração Portugueza• para Portugal. cotontas e Hespanba

Por anno .. . ... . • t>f'mhLre .. •. • lrim('slrc ...

Asstgnatura conjuncta do .seculo•. •Supplemento Humo· rlstlco do Seculo• e da •lllustração Portugueza.

Por anno .. .. rom'CG,\ I,, COLONIAS E Hf.Sr,1~11 .1

8$ 00 rt"ls 4~ ~SHOI)

íl •

..:emestrc .. . .... . trimestre ....... . mez (em Lisboa~ . ;oo

Meio seculo de successo

ESTOMAGO O Elixir da O• Mialhe

de pepsina coneeotrada faz digerir tudo rapidament e GASTRALGIAS, DYSPEPSIAS. '

A ~otntta 1 m todasª' Pharmac/111 d1Portugal 11 do Braz/' P ba-macie MJ A.LHf;, 8, rue Favar &. Pa ris

laltm R. Bella da Rainha, 8-LISBOA

GEORGE S UCCESSC>RES

Vonda do bllhatas da passagam am va• pores e caminho do ferro para todas .. partes do mundo sem augmento nos

pr99os. Viagens e rculatorias a pre9os reduzidos na Franoa, ltalla, Sulssa, Alle-

manha, Au•trJa, eto., eto.

Viagens ao Egypto e no Nilo Viagens de RECREIO no Mediterraneo

e ao Norte Ohaquas da viagem, substituindo vanta• Josamanta as oartas de orodlta. Oha•

ques para hotel••

Viagens baratissimas á TERRA SANTA

Enorme sort i111eotó de :ae«hsorl0$, tae$ tom~: 11ro· tel'lores C'lntlnrntal. DunJot1. Conn~ntr1. C1unara.s

~~~ 3 8p~~~sf>.,~lt!~f!'.::3~l~~E~~~•1Vo

da. melhores macltlnas ratante!i e t.l l•eo'I 11w .. 11lex dos qum atab~mo<1 dr> rerfbe.; ll nd.i'lsl·

:,s;, P,~!C:=lle ::::1n!~•r.i::,.!1°L::._ J CASTELLO BRAN CO ~:: t: 11~':.1:A:fio~4:2 • ª' LISBOA

ACKNTK .EM rAJ<.I:,: CAMILL& LIPMAX, 26, lh 'M \'IGZ\O:-:

·AFFONSO·XJII·~~-~ V ~~~

\S' ·UM·REI-OUE·S BE·REINAR· ~-\~ "(?·--":!··· * ·~r ~ if Finalmente, no W. n~o deixariam ele attrib~

m11tc, quando de \rolta do ~;/ lh~ os de..,·aneadores 1nr-theatro da ZarzueJa. aonde (; ra ;1 <f: nal ~tas da mmha pobre ttrra., ~15ttr ~ C!otreia dos ba1- ?°/l C mais do que llUnU em-ladosda peru:rbante Tru.. be\·edda ~;· admiraçào hanowa a dança rina dos rhctomos e d.,i; no--rus~a que na G rande ,·elJeiro!->, m;1s em vào eu Opcru de Paris vi- < lnrnrnria em meu nha de dançur a auxilio a super-.. 'kJ/omf cu reco- abundante phanta· lhi<L ao hotel para ~ia de um 1"(1man-iant.ar, cnrontrei a ci1ta para tncon-·pa rtiripaç!lo da trar o pretexto de mordomia, cm que uma 1111inu\çào o marquei de Ter- matrilnonial a cs--restllo1 me tommu- c;.e C'IH ontro de dois okava que S. l\I. rci!t n;1 sala dos ('fllholirn. O. Af· Duquc!l do paço fuo§o X l ll, se di· de \'illa \'iço~. gna' il re~-eber-rue O bo1n ~enso man-no <lí.1 )('g"Uinte, dava·me capitular ao meio-dia. e~ entrc,1-.ta-já

;\a su.:i edição 001 ·tuma, o Hera/· áo d;1va jà a noti­ria tlc que o rei de l icspanha ia (Mrhr JMra V i l· la \"iço~o1, a en­COl1tra.r0$C com o rei de 1•ortugal~ e a cvin idencia d"cssa significatfra entrçvi~ta dos dofa mon;.rch,1s n 'esse historko solar dos Bras:anças, de on· de D. Jo~o IV partirot. em 16.;o para aproveitar dos benetldos de uma .-cvoluç!\o que lhe trdopusa,•;1 o ~ce­pt n11 au<tadosa­rnentc ~1 rrebatado d~1s m~os de Fi­lippc 1V 1 mais es­timuJava a~ impa­dendas in.!otlridas da minha curiosi· dadc.

Certamente a minha :magiilação,

po~ta a trabalhar, mC?omo excitada pelos bailadoo da Truhanowa, n3o con· bCguia emprestar a esse lll t·d·f!le de soberanos a unportancia política que

lo de amigo, ao juvenil rei de Ponupl, e que nunca exorbitariam do caracter diticrctu que im· J'>UOham \-lS COO\ enien­(:i:l.$ .

por dua.s \'ctt.::-. pn)­JCC ta da 11arcce que par:t. \'illa Garcia e para Cas.caes-­<'omo UH) simples anh('lu alfectuoso.

Sal>tclu cumo C c:ot1~ua a inidativa que 1105 reis com"· t tuc1ona~ t pcr­mithda nas gran­dcs queJ.ttc.·.., de politit .1 int<"rnacio­n;il, rt.guladas por rc!inltu./"es do po· der executivo, afi­gur<.t.Va "'C·m~ que ~e alguma impor­ta1.c1a de maior pu­deSSC' \ir a resul­tar d ·t:'.sse cncon· tro dos <lois che· re"' dt Estado da pcninsula, ella e manaria r.penas Ua qm1Jitiade dos con. ··lhos que Af­íor 1'0 XIII. com a expcritnda dequa· ~i sete anno~ de realeza. n:t.o deixa­ria de dar1 a titu-

N 1essa vasta sala de jantar do Grande Hotel d4 Paris, onde, havia uma semana, estava vendo passar as caravanas numerosas de estrar.geiros, que todos os dias do anno enchem de exclamações de maravilhada surpreza as galerias do mu•eu do Prado, e para quem a sociedade de hoteis Ritz está construi1\do em Madrid um hotel explendido­porque na Hespanha essas iniciativas da civHisaçào não encontram como nas barbarescas terras de Por· tugal o obstaculo das opposiçõcs ind:igcnas, - cu pela ultima vez assistia ao indescriptivel espccta· t":olo de animaçao estonteadora da Puerla dei Sol e da ~alie de A leal.ti, comparando·a mentalmente ;"t melancholia d'esta Lisboa de quinhentas mil al­mas, que ~o impressivamente reflecte, no tedio e na penumbra das suas tt\,as pouco rnenos que ermas, o car.1.cter abatido de um povo, que pa· rece aguardar, com o despresivcl fatalismo dos suicidas, que o despejem na fossa commum da liistoda com os seus estadistas irrisorios e os

' - ~ ('l . ., seus tres milhões de analphabetos. E a inda uma ~ ~ vez, a saudade d'esta patria infeliz, de cuja ido· ~ latria o nosso coraçao nâo poderá nunca liber·

-0 ~ tar·se, nos conduzia â vis~o confortadora, esli­" mulada pelas prosperidades a lheias, de um Por-

ttigal refeito desde as bases, e de uma Lisboa

~ magnifica, onde viessem hibernar os millionarios,

R acudidos ao chamariz do seu clima caJido de '"'õ estufa.

Era com os jubilos d'esse sonho optimista, n'uma demorada crise de delirio ima_ginativo, que ainda no dia seguinte atravessavamos Ma· drid, desde a Puerla dei .S't'Jt á Pla::a tle Oriente, onde se ergue em frente do 7 healro Real, no mesmo sitio do Ale.azar dcstruido pelo terremoto de q6ó, o palacio dos reis de Hespanha, man­dado consttuir por Filippe V, segundo os projc-ctos de Juvara e Saqueti.

Do \•asto terreiro de entrada, que uma gradaria de ferro fecha no extremo das alas Leste e

1-A porta 1.attral do palado f«-al, qu.:- dsl P:lrll a Píl\\'$ do 01•e111.:- ~ ~ban1ada \'\1!prn111"ntc pcwta df' 1<<:rviço

-(h laJH.'\'itOll ua cM'inM:>11ia do ~ndf!r dn g:\lardn. nn prllç:t rle 1mna1' do p:dacto do Orie11lt

Oe~te, vinham os accorde\111;0Jemnes do hvmno real he:\panhol, locado pela,- bandas de inf.a.ntaria e cba· ranstas de ca"·allaria. n11 decurSO da. quotidiana e a11paralo:o.J. ccri· monia do render dJ. guarda. A c!teolta de lanceiros, com o seu dohuan •-titul g-uarnet:ido a aslra­lan, t• o pequeno capacete alle· m!lo s.dntillando ao s<>I, rendia as scntincllas. O po"·o livremente cir· cula"·"' na immensa praça de Ar­m.1.1. Vendedores de laranja, de ameodolm e de ~taoha• anan· t·hu-am çomo n ·uma romaria em frente aos portões de ícrro con­nudamcnte abenO$, e di .. 1inguiam­se ao fundo, atrai du portas de vidro do vestibu .. lo, º' alabardeiros de scn·iço, perfllados, de calÇão e tricornio, empunhando a:; decorativas alabardas.

A slmptes declara.\~O de que tinhamos audiencia abriu.nos caminho com maiores facilidadts do que as conted1das nos lt.aY~1U burocratico5 do Terreiro do 1>a~·o. No ultimo patamar da escadaria, em cuja abobadn Giaquinto J>intou a íanio~a allegoria do triumpho da Religi~o e da Egreja Calhulka, os ala­

t>:1.rdeiros iodic;uam~oos á esquerda uma pe­quena antecamara, para onde ahria a porta,

forr .. <la de ,·eHudo carmtzim, do sa· lao ttumptuoso de entrada. Xo relo·

gio de bronze da chJ.miné de m.um11rc "erifi· cámot que fc1luv.lm ainda dez mrnuto1 para o meio dia. Apeou ã porta que co mmuni· ta\"a o sa13.o com outr.i. sala menor. de pacc­de!l revestidas de ,·clludo azul com tlt.rcs de lys e decoradas tom os retratos dos ultimos reis de Hcspanha do ~eculo XVlll, C\tacio­nava um lacaio. Os irradi:i.dorcs de ar quente

que íuncdonam em todo"' os predio' novos tJe ~[adrld, ioduindo, bom é di.zer·ie, <..•-" de aluguei- mantinham uma tempcr:nu- d~ pri­ma"·era nas grande-J ~las deserta fujas janellas amplat deita,·am para ;t

prot.Ça de :\nna1. e de onde a vista alcançava o zimborio de S. Fran· cisco o Grande. forndodc,·cllu· do 1avndo, cm l1orlie1 ''crmclhos sobre fundo amarello, e adorna· do com tapeçaria.a hr,panholas da Real Fabrica de Madrid, re­produtindo composições de Te­niers, o vasto aal:lo tinha por unico mobiliario t rcmós de talha

doirada, guarnecidos de serpcn· tinas de bronze cinzelado e ta­lhas de porccllana, extensos bah­cos e tainborctcs estofados com o me1mo opulcntissimo \·elludo das paredes, e ao centro, sob os mil pingentes do lustre enorme, de bal3.o, uma meia preciosa, que faria empallidcccr de gula \lm antiquario.

-~ ~ ;;.."'

para uma cntiada de outras Q)a.$,

de paredes recobcnaa pela.s e:;­macc.:idas C•jrcs dt• \'tlhas tapeça­rias hespanh0Ja5 e thuncngas, ficá­mcs apenas oft tict e uma perso­nagem pafatina, cum a grar1 ·CfU7. da Coocei\!IO t :t tha"e doirada de e-amarista.

Nos altos C!Jpclhos, que encima­vam os trero.')s Lu1z X v. reflectiam­sc bustos de m.umore e pe.3adas serpenuna:) de bronze. em est~ ­lo lmperio: e do r"rnale da apcr logia mO\'imcmada e CD) ~matica do tecto um pczado lu~tre de.sc:ia sobre a mee-. ctnlral, cujos pés elegantes mcq,tulh:woun n·urna <:C$­

ta doir;ul,l plantada de espedis:tas. ( • retrato de Af­fonso x11, por Casado dei Alisal, reprct.cntando o filho de habel n encostado ao battl\o de commando, fardado de t.:ap1t!l.o-~eneral1 fazia, r. 'um \)O~ ti1pos da sala, lrente ao da rainha Chrisuna.

l.a.eaios de farda agaloada circu13vam "~m tu· mor sobre 011 dcnso5 tapete:. da R~al 1-"'.abnfa: e em breve a sala cnchia·se, como uma scena de thea.tro. Entre ª" !IObrec.asae-as, requeridc.o; pela c1iqueta ma.· tutina, de1taca,·am os uniforme".'! esses appara· to~ uniformes hcsp•mhoes, que parectm o ui· timo reíui;::io, ainda compalivel com a-; cxigenda ... tla dvilisaçào, do ,·elho Ía\1'•

t-(k rt:i.11 d~ M('1;panM f'n1 li•HrlotJ-' 1 lt. t.ab. do throno IH• p.ali&j·M> do ~ ~11~11lt

!lJI

''er~a"!o, interrompi· das um instante, á pa.s-;a~em dJ. prtn· C"Cta l~auiz de flat· tenberg .. reala"·am· se n ·um tom ele la­ruiliaridad e, por completo i"ento d'es~a mtJrg-ue pa· latina, que ainda é de uso 1u·e>to1.:ular n 'aJ,1;um<ts r1~rtt"fl, e mesmo mr'.u Cnc· krane, dama <la princt"za, e Luja hn· da ntl'(.'._a branca, de quaoro de Wa.1· ttau, tlo sin@ul~r­mentç <se harm<mi :-.a .. ·a com a rnoldu· ra, toda seculo Xvtrt, do ulào, clc­plora"-a. a rir. pc-· rante uma atHuen· eia t:"to ~tande á audlenc.:ia, u ufTa. cial de -;erviço, nf­ferec.:tn<lo-st: par a apf>orler d es bís· cuils ..•

{i# t/l1>•fil'fJ(/" l'/1f.lt'J#" H•ll'íf'/o.,1# 0 AftOnso XIII. ll(i)f11í•;utlllt\o du &C'•I r._1,l.rritt' tlv Cul)5C'11'0

IJ •. \nt~~~~~~· ~ia•;~~~:~~·,: 1~',':•t;;,:~ 1~~~:,',;~11 dt IU'l'1

?-0 .. rei~ d~ llHJ':rnha 11.Pi•'lml') D \ln\11 rnrrida dt- tQU.1'0&

1-0 ,,., d,. llf'lolMllh• 11.nt,. o Ar.:ebi$p0 11•· H.t.h-di•t1:r. J-1) . .;\ft"on..:1 '.\Ili p;ioa.ndo re"'i:ila á>111u-.• ltutt -1

trato animado de l.a Gandara. A Juz d;,l jaoella acariciava a sua ~lle rosca de setim e fatia reluzir toda a meada de oiro do!ii ~eus hnos e abellos cendrado!t. Xunca a In~faterra 1t-.·c ccr· tamente uma mah lindól 1,rinceza, nfm nun<".a a ll~panha uma maís linda rainha. ~la•, sobre· tudo, o que ma1~ ldzia resplandecer a sua bel­leza, humanisando·a, era a alegria de noiva, que propagava áquclla php~ionornia heraldica de idolo a C'ontagiosa :rnimaçtio <la felicidade.

Sentia-se, ns/Jfrtti•o·se, por todo o palatio, a influcnda do rei ju-.·enil e enamorado, do rei :tle(re e valente. do rei bem hespanhol, que L.'lo admiravelmente a\lxiliava a obra 1aboriot.a do.) 'tus estadi~tu. fa1.endo circular a fé n~ de~U· dos da patria por todas as pro .. ·incias de Ht.!­panha, e incitando as energias unanimcs do povo n'cs:sa obra ra,cinadora de progres.§0, de que soubera í.n:cr•SC, a tempo, O paladino.

lá a silÁouelle oito e Ycrde da rainha Victoria

~ se· perdia ao longe, na penumbra solem. nc das ultimas salas, quando a minha vc1 de audien­c-ia chegou. Ao fundo de uma pequena anlc­ramara forrada de damasco carmezim, hcnv.a o g~hincte, cm est)'IO lmpcrio, onde, de~dc a por­

t:t., avistei o rei, perfilado, retribuindo.me •l MC$U-

ra com a continenda militar. Alto, c-om um c·or-11º ._,gil, desenvolvido 1>elo sport, a face g:lahr,1, rom leves ;:1rripios de higodc na commissura <los la­hios. o meato e:;tigmati!li::tdo por um l igeiro pro· ~n;iti'-mO do!:. 1Iabihur~rol'4, o nariz burbonico, e, ' , )Jn todo esse conjunrto varonil de grande raça. a cxprcssão seduc-tora. aftabiHl'>~iina, que herdMo• de aeu pae.-<' reide Jlesp;inha part-ceu-meinteiramcnte outro do que eu vira ern Lisboa, dançando .a qua­drilha de honra na J.ala do throno da Ajuda. O c·al· \:to {1 hussarc e a bota {L Chantilly. estreitamente c.:mglda ás pernas magra.s e musculadas de g.nn-

nasta, ncrc!i:dain-lhe a elegancin '\ hnha ver Lic-al do thora~ e a largurà dos hombros, con· qui.stadas pelo exercicio, complcta-.·am agora com proporÇt~ solidas de columna o capitd nistocrati<·o da cabeça. Era um homem. O mo-.·imcnto rnarciaJ que o immobi1iúra por instantes f'm c;ontinencia, n 'uma ''""' h.iera­tica, revclai.·a uma firmeza .. ·irH, nàn ist·nta de 1 magestade. Era um soldado.

Aquella hirta linha militar dca-.•<meccu-se, porém, tomo por cncd.Dto, m:\I eu pas!>Ítra o ~ limiar da poru. E surgiu o tAn1-mtNr. Aftonso ~ XIU estendcra·me a m:to, cordil.lmcnte, in· dicára-me um pequeno cana(\é, sentára·~ n 'uma cadeira; eco-mo eu csbo1.a-.sc um mo .. ;mcn· to de rc~· pcitosa rc· cusaáqucl· la distinc­ç:to, logo soube en­contrar a phra<e de es· iri· to para app''>i•tr a intimativa da su" gentilc7.e.

-Por cau'ln ri.is correntes d'ar ... Nào queira t.·\pe· rimentar a!<. do Palaciodo Oricn· te •..

Tendo ._..im logo diMipado es~c mo­le:;to embar.açu que sempre e~torv.a e 1,a. nalil:ia a primeira con-

versa entre desco­nhecidos. e que a sua c;athegoria de rei mais agravava, Affonso XIII le· vantou-se, foi bus­car acima da mesa uma caixa de pra· ta com cigarros, que pousou no ca­napé, a rneu lado: e com utna corte­sia que nada tinha de affectada, antes revelava um feitio naturalmente ÍT:ln­co e scductor, cHc proprio accendeu o meu cigarro.

Posta 1\ 'estes ter­mos cord iaes uma conversa, que eu temera iria desca­hir n'essa banali­dade classica a que estllo condemna­dos os reis nas suas relações com os estranhos, pude em­fim ço!Jotar as minhas phrases ele agradecimento e confessar a impaciencia com que1 durante dez dias, aguardára aqueHe momento de conhecer de peno o rei de Hespanha. Contára eu que n 'esse rumo -O dialogo iria avisinhar-se de assumptos palpitantf's. mas a minha especta-

malogrou - se ante o interesse in­esperado de Sua Ma­gestade em :onhecer a tiragem da Jiius­Jraçllo Porlttgut:a, que cu confessei ter attingiclo já 23.000 e.xemplares. -~J as é enorme,

em Portugal! E a sua curiosida­

de indagadora logo quiz saber a parte com qoe as coloni~s çontribuiam para es· sa tiragem conside­ravel.

-Com bem peque­na parte- .

A resposta surpre­hendeu-o vivamente.

-U1n dominio co­lonial tao e:->tenso! -E de colonisa­

çào portugueza cào exigua, dada a pre·

ferencia tradicional da emigração para o Brazil, os reduzidos recursos de que pc'lde dispôr um pequeno paiz com S milhôe~ de h:t­bit.antcs. e a morosidade, reflexo da nossa falta de iniciativa, com que t.ào vastos domínios teem sido preparados para o exercício compensador da actividadc portugueia ..•

1-D. Aflouw XIII (:l.Ç3rldO em \filia \'iÇo!!a-tCJicAt :-.O\Ag:111] AIJc'in$O XIII " a talu)u1 O. AnleHa d.e l'orll1Kal, no 1iro :l.0$ poinh<a11, de Madt;d-tClrdti IIB~ot.llltl.)

- N àO i1nporta ! S~o uma ga .. rantid rolossal para o futuro, es ..

ses grandes dominios çolon1:'1.es .. • E de novo eu proçurava um meio de

libertar a conversa d 1esse incidente falho de interesse, quando Aflonso :<JLJ, abertamente me 1nteroelou :

-Et i~J aj/11ires du Portugal? N:io pude dominar o movimento instin ..

ctivo de fitar o rei, no receio de lhe surprc­hendcr o arrependimento tardio por aquella perg\luta, que revelava, sem dissimulações hypocritas, uma curiosidade vi,•issima. Mas na sua physiorlomia intclligente havia ape .. nas o repouso da C!)pcctativa.

Certamente Míonso XIII nao aguardava as minhas revelações para fazer um juit.o da crise política portugue1..a, sobretudo nao igno­rando a minha falta de cathcgoria nas filei­ras dos exerci tos combatentes, que se degla .. diavam cm desordem para além das suas

munha, lealmente, como se ti­vesse jurado sobre os Evange-)hos1 - deput. Preoccupado em n'ão desperdiçar palavras, esforcei-me por definir a crise portugueza como a reac · ção de um paiz - que se sente ignomi­niosamente morrer entre os triumphos da civilisaçao universal - contra a immobili­dade govnnativa, que lhe jugula as ini­ciativas e lhe afoga os ultimos alentos. O drnmatico processo epilogava.se, nos seus quesitos fundamentaes, entre a na· çlio e o Terreiro do Paço. A força do par· tido republicano provinha menos do pro­blematico prestigio d'cssa velha palavra de Republica, que da adopçllo, como pro· gramma, de todas as grandes reivindicações de um povo que n~o queria morrer âs mãos egoístas dos caciques elcitoraes, debaixo do joelho dos grandes regedores políticos. O regímen tinha ainda um recurso: o de ir

1 Ro

O t'e'i. de Ht"painhn. CI!\ lb.n;clona

fronteiras bem guarnecidas de soldados.

A' s}·mpathica ermeerie d•a­quella pergunta 1 n'ão podia po­rém corresponder com a im .. postuta que as convenicncias porvf'ntura me impunham. N:to que eu 1ivessc ero grande conta a lmportancia do meu depoimen­to . Nào me creava i11usões. Mas na minha qualidade de teste·

pedir ás novas gcraçôes a sua audacia para o emprehendimen· to de um prograrnma de refor .. mas capaz de transformar desde os alicerces a vicia nacional, e que impell isse p <:tra o trabalho as derradeiras energias de um povo, decidido a desbaratal·as no tremeodo sacrifido, talvez improfiquo_, de uma revolução.

Aflonso XITI 1 que ouvira a té

ahi,imperturbavclmen1e, o meu de· poimento, interrompeu·me ent~o:

-E o actual governo clprescntará ao parlamento um orçamento com dtji&il

ou J11f>e1'fl'l'il l -lnfc1.llive}mente com dtfiâl! Nem a mo·

nomania de parcimonia do c<-n .. clheiro Jo:.io Fr~nco obtC\'C o milagre de o.tinguir o dt·

/Í<il. E' que o problema, em Portugal, não con.sh•tc cm reduzir despe..zat, mas em applical·as bem, crcan·

do novos clementfls de traba· 1 ho e ".!e riqueza fóri do rc· cuno fiscal jà o:.haundo. Se n6s tcnios aloda alé um for· midavcl ddidl alimenlicio e maia de 10 '/•de ter-titorios incultos . • . I' sa~c a quanto aobc em Hcspanha Ct!ia pcrcenta~em? . ..\. ''5 •J.J Cá lambem ê preciso trabalhar, culth·ar! E uma das minha :ot preoccupa· çõet é c•sa : a d• promover 01 rcducçào progressiva do ter· ritorio i11culto • . .

Com a dillercnçode que em fles­panha existe j:L um con-

.Em Portugal \'ê·:tC o governo, jo. spirado pelo c,;hcíc dos !iberaes, mooopoli1>ar cada dia mais despotka n1eote o poder e oxercer a Lutella mes· mo na instituiçn.o secu la r dos municipio11. Quando cm Portugal assistimos ao desen· volvimento libera l do programma de Maurn o nosso atntimento reparte-se entre a ver­gonha da no~\a immobilidade e a surprcia d'e''ª prodigiosa e,·oluÇão. Que &tJa o chefe do J"Urtido conservador quem s.e ba1; pela lei de administraçào local, eis o q!le, no nosso atraio, nos surprth,ade.

- E a mim lambem! - exclama o rei, sorrindo.

Animada pelo succes­so, a minha auclacia cu· rneçou cnl!\o procura:\do acercar a con,·cna de um capit•1lo entre todos perigoso, mas dcinte­rc:sse <:apit• I para o meu modesto in· querito de a na. lysto.. lne•pcrada­mente. eu encontra\·a

\tl 0>11..u XIII nn .;,u11. t\çur&lk> 110 forlr de Gn.nd:ih:pC"

0 ju_ntto admirh·cl de providcndu para acu­dir a c~sc mal, e cm Portugal nao .•.

O rereio de que no cspirito ct'aquelle rei, nOSJo vi~inho, a '·erdade doloron dt.s nos­sas du ... enturas andauc dc.flgu1iida pela \'ersa.o europeia que n<•S afttonta. fc,·oo·me a pôr cm confronto com a c,terihdade dos no!-.ws estadistas, apenas occupadoi. em consolidar as suas inHuendu pohtiras e tm favorcct'r as suas ambiçl'>cs pcss.oau, a obra intrepida e fecunda de Mauro, repartindo o

poder com as mancommunidades das provincial e 11\>rindo por toda a naç:to verdadeiras esco­l~s de adminii.tuc;no e de ci .. vismo.

- Em Hespanha \·ê--se o po-­der centn1I. pe"onificado no chefe dos con1cr•adore., des.po­jar-se vo!untariamcnte c' c uma pane das suu pruogati ... as de mando para as dc:vol\'cr ao povo.

no palacio do Oriente um rei sem precon­ceitos c:xcc~!-Ívos e sem cautelas timoratas, que sabia pôr cm pratica essa sciencia aubtil de diligir a c.:on,erq e dominai-a: dom emi· nentcmcnte inteltectual, que o simples c:xcr· cicio da realez.a, ao contrario do que ~e diz. na.o ba!.ta para desenvolver, e antes requer recutsos de penetrante inte11igencia e de sen sibilissimo tt1cto.

A proxima visita de AAonso Xlll • Vdla Viçosa ntlo deixaria de fazer avultar os ru­mores que a vinda a Lisboa do conde de la Union tinha já pro­vocado. Pro:.:urar adivinhar atC: que ponto a hypothe-se de uma inter\C:íl\JO , embora clandestina, do soberano hc.panhol na p~li· tica portu1ut11, era admis.s1vcl, eis o que n'actuc:He momento­encontran~o-me decidido a ir até ~ ,KtrJ/r - me obsecava.

(C.11rlu<) e. M. D.

-:·r1·çaánrts re· p11/J/U:o11os da Cmnara Jlfu­niripal, prc­Jt•1ln aq ado da i1ta11.f'" a­'"º do NIORlt -

~ ... #10.

:-Vs descen.Jnt .. ln t represen· la11/es artmres ,/a marechal dtfl/IU Je Sa/­dn•1'1:1, U»tt•i· ,f11d"s para as· Julir ti cô'i· m0•1a sollttlJU da iu ".l'"ª­(ik> Jo monu­mcnlo do seu ~lot ioso anle·

pnuaJo.

268

CILIA Sensações

~· .arte kenan deslinda muilo lucidamcnte a

com p( siçào ethnica e hicrarchica do pes· 5e>;tl empregado na obra archilcrtonica e decorativa do pcriodo normando. O in­signe critico, que cm 1~';.\ vi•itou a Si­cilia em companhia de Gasion Paris e do marquei Laborde, explica-nos: Sob a conqui•ta normanda a populaçio arabe manteve os seus antigos habito•. os a.cus usos1 a pratica dos seus mi1tcru1 o cuho

~das suas artes. Q uando os reis norman­dos, t;randes edificadores. quiieram cons­truir palacios, mosteiros, abbadias e ca .. pell ar. recorreram aos archltcctos e pe­dreiros ara~s. que naturalmente fü:cram !") que sabiam fazer. Dccoradorts bysan­

tinos remataram a obra. Exerceu ; A uma ioftucnda deci1iva o clero '/, normando. Os conquistadores

r, ( nao tinham comsigo pedreiros )'~ mas tinham clerigo1,

r~t-;? ,.. ,.,, .• ii}j .~\\\)

i-l'ah-11110 \ l<>ne de Matem-•11• 1- \'!tia T&-"C&

"

1-flf<J$IN(J: U11()Jl}O.

conformes ao csty lo que conheciam, e im­punham o seu p lano geral. Assim - conclue Renan-sob a influencia do grande, no· bre e concilic;,dor cspirito d'essa dynastia, que foi a casa verdadeiramente r)acional

da Sicilia, se formou uma arte que em seu tempo-principio do sc-

t _ culo xn-íoi a primeira do .'\:! 1/ mundo. ~ i Os principaes edificios sicilia-

nos d'esta epoca s:i.o o duomo de Ceíalú, a Capella Palatina de Palermo, S. G iovani degli Ere­miti, $. Cataldo. a Martorana,

a cathedral de Palermo, a cathedral de Monreale. A Martorana, antiga S. Afaria <kit Ammi,..aglUJ, é

uma egreja erigida em t q.3 por Giorgio Autioche­nos, almirante de Rogerio 11 . Depois de profunda­mente modificada no seculo xvn pelas reJigioSIJS do

convento da Martorana, a egreja foi moder· namente recoostituida segundo o plano pri· mitivo, e é mui interts!:iante e característico o schema d'este recente tubalho. As po­bres monjas tinham ingenuamente procura· do ampliar o templo primitivamente qua· d rado, com tres absides e uma cupula sus­tentada em quatro columnas, tu· do em estylo bysantino~ sob a mais profusa ornamentação de mosaicos. Substituiram a abside central poi uma amplacapella·mór, ecobriram calamitosamente de novos mosai· cos, aliás riquissimos, dos melho·

res marmores da Sicilia, de alabastro e de lapisla.zuli , os: preciosos quadros primitivos de fundo de ouro, obra dos mosaistas incomparaveis do seculo xu.

A commiss!lo italiana di A n!idlita e belle a1·te desfez até onde foi pos~1vcl o in1\ocente desacato das monjas: L. descobriu quanto poude dos mo· ~ , \' 1 - t saicos primitivos, fechou a egre- ~ ·1 ja nos seus pri mordiaes limites, separando-a da sobreposta ca· pella-mór e construindo uma abside de tabique destinada a restabelece:r a fórma interior da

260

,11 "") egreja de 1145 Nas paredes de que P<~ haviam sido arrancados os mosai­V cosantigos fez pintar succintamen-

te . a uma só c8r, as silhut:tas do primitivo ornato, segunde,. o risco authen .. tico encontrado nos archivos ae Pa1er­mo1 inscrevendo em cada encasamcnto breves mas minudentes e rigorosas indi­

< \ l/~.,;_:,,°ªções da reconstituiç~o completa. Os

~- .~ 1 .... ,.. ,

matcriaes empregados no se­culo xu eram todos italianos. granito. porpbyro, agatha e o bello verde antigo.

As columoas do portico, tra­zidas talvez de algum aotigo templo, s~o de granito verme:· lho do Egypto.

O campanilo ad.miravel, do viajante arabe Ibn Giobair, em tempo de Guilherme o Bom, é de granito estreitado de ornatos embutidos cm lava negra do Etna.

S. Giovani degli Eremiti é urna egreja inteiramente orien.. '1

com tres absides e cinco cupu.. 1 I ta l, em fúrma de cruz egypcia ~

las. Claustro pequenino, 1 1

~ou~~isd~~~i~~=~~:n=:~ ~ \\~A·::-.::;;;f~~~~~!!'~~~=~~~~~~~~=;~~~~ ealegrissimopclavogeta- ~~\ '': -çào que o enfeita,palmei· ~~· ras, figueiras, cactos, ro- ~ !ii;;::' sas e jasmins, que cmbal· --=----~

lJO

1- A ("ltlh("d rn l " "' Pnlt-nno 1--lf<'1s. ,w .• l nlc rk•r do D\lorno

- ·1

,. -~-~!01

mente lhe ter deposto um .. beijo. E conta-me enternecido a historia d'esse arbusto. ./

Garibaldl d issera ao mor­rer: Queimem-me, e enter­rem ª' minhas cinzas debaixo daa minhas acac1as de Ca­prero.. O guarda meu cice­rone, un.1 dos Mil de Gari­baldi, fôrz piedosamente a Ca­prcca, ajoelbira perante a~ arvorei amigas d'aquelle a quem clle chamava o liber­tador da Sicilia, e de uma &. d'ella'J trouxera para plantar em Palermo o ~arfo de que provinham as Hôres que a 1-Pal('rltlô, f . .l(IC'I.!. c1 .. 1 \'C',l-'11: !:iotKt'-llil ) - .\<; ruir1.1'1

do thutm J t;llil'\ii" do1 l:.tna l1'"1P I

lia•~• llt numa--.o .. ..,....a1«t.al ~l·iankl 4o ......_.~ Tlilomu C09&.a

ha <09fGftKU &:':'°~r.~= ~~ ~ ~~~-= ltnuno t~arriL 1(11li••1tc11~"-"llU).

dores, evocado pela arte como n'um museu sobrenatural, o panno azul do firmamento se raJgasse e por um momeDlo avi.stauemos o céu da Biblia, ao som dos orga.os e dos can. ticos sagrados, n'um hosann.a immcnao. o'uma alleluia enorme.

A Capella Palatina é, C<'mo se o vis~emos no c.:>njuncto de ulT'a dispo,)içao pano1amica,

"" todo um Fios SaRLIDT'km ampliado dos mais preciosos evangeliarios do seculo xv, tm que os illuministas: benedtctinos succeslliivamc nte 1101 descrevem pelo pincel todos os m111

pocticos e graciosos episodios da epopeia , chri\t:L, engastados em ouro e em e1mtr;t.ldas

1 de verdura, entre grinaldas e olbturadas de . , .1 boninas, de ancmonas, de lirios e de JISres , flll'~' • ; (de rfc,~'~;;,~·, li li era_ rios que ,conhe· /='="""-T'::'__;;:::_:::..=.=.::=:;;;;..,..._.:._ _ _ _ .;....;.'---::-1 ( J_ ço, aquelle que ma1S analogias tem

~ lf:!:;;,---.._ -~: . · ~V1f1Yi

t · /1.f,,,N•·'· lol• "''' ~1e lisa 1- 1111111.u1l.r ..,,•lu1W•

- c.1t1INl<I. l.rt•1•~4o do ... lnll (IS~tl

~-;.:•w Ç'..7~f~re. --:d.!..._ \. ........ -

' . il com a c.lecor•- ~ _ ç3o das cgreJas oor- :\ · •.· mando·sicilittnaa e parect ser como que a sua im a­gem verba l e o seu dcs­cnvolvimcntv poetico, é O J i vro incornparavel, es ­ctípto cerca de uma cen­turia mais tarde, na se­gunda mt'tade do seculo '(Ili. livro que inundou de poe:.ia 01 ultimo.s annos da edaJe mec.lí• e se in­titula A L'gtmla A urea do beato arcebispo de Ge­nova jacopo da Varagine (Jacques de Vora9ine).

Suprema ron41a~rac;ào de uma data hi~tnrica: na ca­thedral de Monreal, d'en­tre as figuraçi:•cs tclcstiacs a que 111c retiro. por doa da sNk.s ''ti11. de,ta-:a-se a figura do rei Guilbenne li, r~:cbend~:> a 1mposi~o da corôa nào dJs màos do papa mas da• do proprio Chrlsto. Nos mo~icos da Martorana appa1ere Roge· rio l1 sumptooMmentc ves­tido â oriemal como um/; imperador ele :lyuntio.

A C<>J)ioii.a compl cx~d,ad< do:, elcmcntoA que corn-

cidcm na archi· ~ tectura •iciliana

1) 11 Â' r,'l.~ ~/~~O(~;, ;>;n-" '! i':\·

• A n11h .. •lf•I •tft C:11111ni.:1 1 <·"~'"'º l• .• 1 .. j11 dll Cv11c1Jrdia

São famosos os cantos popula· ~--res de Mineo, onde existe uma .. pedra chamada a µdra da P«· sia, da qual se conta que todos aqucllcs que de 1oclhos a beijam se levan. tam poetas. Oinamos, perante a historia das nossas mait gloriosas origens littera .. rias, que todn a Sicilia é para o mundo o que é pata a Sici lia a pedra de Mineo.

do o épodo á e•trophc e h nntistrophe . .... ~;) Aqu i nascem Archimedctl e Empedocles,

~ Ir um dos maiores genio1 1 scnn.o, talvez, o maior do mundo, o mestre de Lucrecio

I e de F.picuro. e, a dois mil e duzentos annos de distancia, o precursor de New-­ton e de Darwin. Quem nao conhece co. mo perwnagem dos nossoe diu aquelle qu .. , nu pelas ruas de Siracusa, gritou F.•rüaf Quem nào sabe que o vulcào do Ktna eni;uliu Empedocles, vomitando c-om a sua lav(l as sandalias de bronic do gran· de siracusano?

E' na Sicília que existe o Monte Erix, onde Eneias sr.pu ltou Anchisca e onde se ergueu o templo de maior devoçno que teve Venus, a mais grandio1a das ideali­sações humanas. a divina Aphrodite, a mle dos homens e a prolongadora da Vi· da, aquella a quem Lucrecio consagtou o maís fervo-

ta.1 cc ·11.o ;oi.os, as euc..1rmes pedreiras

subtcrrancas de que se extrahiain e unde se cinze­lavam os marmores dos tem­plos gregos, ctcavando fun ­das e tortuosa.! cavernas­as latomias de Siracw~a -ho­je convertid;u em jardins onde vicejam limoeiros e roman.ie1tas nas mesmas pro­fundidades tragica1 cm que octr'ora m·:>rrcram de deses­pero e de fome. pavorosa­mente cnc•rccrados, sete mil atheniensc•.

F.' aioda na Sicília que perennemcnte chora sobre mouchõe .. de papyros a casta Aretusa convertida cm fonte por querer evitar que Plutho raptasse Proserpina, assim como no Mon­te t"ellegrino a adoravel santa Ros dia. descenden­te de duques e de reis, voluntariamente se refugia, joven e bclla, par• chorar até morrer sobre os pcc· cados dos homem •.

A me•ma attracç:lo qu" exercia sobre 01 antigos exerce-a ainda a Sicília .:iObre º' e'plritos modernos. Com que enternecida piedade a visitaram Rcnan, Boissicr, GHton Paris, LerO}'-Bcaulicu, Chãmber­lain, Tissot, Bourget, Maupassant!

Theodorc de Jidnville chama-lhe a i1h" das es1>igas tremulas e dos grandes lirios. Renal\ anirma que a Sicí lia é um torr!lo aurlíero ainda por lavar. E. antes de lo­do~ estes, di""'Cra Ga:the: A halia 5Cm a Sic;ilia nlo dtixa imagem oenhurna no C"· pirito. A chave de tudo é a Sicilia, a r;u­nha das ilhai.

Sobre eua patria da Bcllcza acaba de pasur a impiedosa catastrophe. Pos~•m estas modc!tas linhas chamar por um m· •· mento a rompadecida syinpathia e;,.~ que .. ";~.:::. ::.:.::""" ,., ...... ~ 1'~' i.

~""

~

1 (;;,.,-,,,,_,;,. Sa.tCOÍAt'O ICJU"O 1-fo'11;r~11ti: T'e111J>I<> de Juno J,ndulll.

277

:;B

Qual será o ac1Jlhimt-nl11 que O:' frcquenta­'lorcs de S. Carlos far!\o á 1 tb-alog-ia de \Va. ftner, cxeC'utada por arti~tal\ allem:ies?- pcr­i.:;unt{1mos, cm nome dn ll/11sf,a(OU Porlug"Ueza, a um peregrino de Bayrcuth-a Meca v:agr.e· riana - e que, ainda rcn·utt"ll\cnte, ouviu na t'pcra de Parls o Cupusttdo dos D~usu cantado tm franccz.

O no~so illustrf' comp:t\Ji<ila, erudito como poucos, arti .. ta até a medula. he!-'1tou um mNntntn, romrôz os ocu:ot de arvs de ouro e e.xdamou C<•mo que a medo:

- ~ao ~i. :\ pre\·t .. :io é difficil. A pS)t.ho1oi:ia do maior numero tini, frequeotadous do nosw thtollro lyrho con ... mut a .. ,.umpto em que me não ciucro met· ter. Sem duvida que todos os que \•àO a S. CarloM oo proposito de 11.atitía7.Cr uma neCC!l:!>idndc t·~thetica, a<!_uelles para q uem scri\l a ngustioso o disoen'4arcm·se do manjar C!ipirilual de boa musica, intcrprcto•da a primor, batem a~ potlmas ao t'ommettimento arrojadis­

~imo da em11rcn 1 se eHa cumprir enru~ulo~ me111~ o que ºº' pwmetteu. como é de 1•r•· u mir. ~la~ o arolhimcoto do tal maior numero 1 t­rece me de\·cr nobo n!lo o apredar c:om antn 1· paç~o.

O J1106iJ•O rema em S. Carlos como Knhor d(')poticn. l"m.l r~peltavel perctnt.igem \'aC ape· nai rxhil>ir te, namorar, dl:-secar o e~(·an<lalo do dia. f., o:-. que oec dao ares de en1c1HledureA, n:\o perdt'm <'nsejo de critkar tudo e todois, dc,dc a exe· cuçào, a ~t·t·nog"tiphia. a indurnentnria, a luva brt.mta do mac-~tro ,·alt;atla n::i ma.o C8qucrda1 durante o primcito acto, at/· !t mLJgreza ou ás cnxundiu dus cantores e á plastica de bailuina~ e <·oristas • •

)bis do que um forte e sinctro interes.se arti!rotico, a f"UrioSJda<lc e o <"Xhibicion~mo ':to, ccrl4tnttnte, eoc-h<r a :>ala de S. Carfo .. e, se nem t<.tdds furem 1mpr~5fona­dos pela grandc1.a gcnial da oLra \\J~t'riana, por falta de capadd,.Je othetit a e de educ<1t;!\o mu1ical1 htto de, av mC'no11 1 )itl·o pela no\·idadc e imp< ntn~ ia dol 11ÚS<•en­srú1e, ~e n 'ell.L, como tudo le\'a a cri-r, 11e ubscrv;.ucm, com cxal tid!ln, as rubricas do auctor.

Com eflritu, l>ara apprehende ra nrn~e1toM~ belltza da 7elralogin pro&epuiu o 00$50 inte-rlocutur ou, se qoi­ze-r, do Rt'n~ la trilo,g"io), como lhe d1amuu \\'<tgner1

porqu· o º"'o IÍl' Hkeno era por elle t.:tinsidrr-ado cou10 o (>rol"J:" d.t U"a/ki-ria, de Sieg/rüd e du (uf'usrulo dos Dmus- cumpre <t<"atar preee1to!> a que: "3.o alheios os ha1iito~ rlos •auiicophiio~ de S. Carl<1-., (1u. 1)olra falar com mah propriedade. - dfJ$ frcqucntadorc3 do I~ rico. O theatro. nas noites da opera allemà, f'On\·lru que nào "eiil cnícrmaria de ~ngrippado'.:;. O; re1ardat:uio1 tambern dc\'tm corririr·"'t! do !;Cu defeito, )o.t: n!lo quizcnm ~r­dcr o m.ignifirt'nte e:-.prctaculo. porqur é uma das con­diçõc~ do c.:ontrarto com a empreza a t·!Jldu .. !'lo de quem n:.o en1rar :1 tt.·inpo e horas na sala •• ,

A obra \\<1Rn~riaoa e~tá no polo oppnsto d;1 obra mu· .i,ic·al da jovcn lta lia1 que Pierre Lalo diA'-'c n1\o ter •a apparenda, a "i.t1môra, a idêa d'urna idta . . A inspi· rac;!\o drama,1,·a da 1t'lrr.ltJ;:ia é complexa <"Mno ucnhu·

m:t outn. o prdc:r de s~ntht"l'>C de \\'ai.i-ntr, prodi· gioso, a 1,.onm:xào dos tTC$ dramas e do .l'C'U prolo~:<•.

J>eríei1a. Ouvi ultimamente, cm Pan1', o Ct~­'"'"''" dos Deli.Ses, executado a.m extrema ,-..,rrM"(!lO mas cantado cm Crantu. o que tal· \'t·i o prejudique. :-\o r~pcrtono da Opera falta ª~"ª" o 011rtJ do RJtow. Ouvir. i.;ol ... da·

~ mente, qualquer dns dt;uua .. n~o pcrmitte

===-- O tl'n.nr Aloru 1'• 1111,11111

~1uc o npredemos d'um do tapa1. • ..

Torna·!)C nt:ce~<ario ouvir a "'eríe par .. a pcu.:e1>\'ão da obra immotw.1, porque a~ id(·a$ de ·-ada um e.los ctrama~ 'e cnça. dci<tm, 1iun.:e~wõ1mentc, nas clol'.f outro1: porque o acccn to dr;1m;t1h o dos wns cresce de sccn;_1 para "l·ena, de acto para acto, Je drama para drama, porque as tigura:J se tornam cada \"C); mais nitidas e mais directa J. familiaridade com os 4rnoÜ\'OS conductores que ta1nanho papel dbempenh.am na ::rand' a epupeica da ac· ç~o.

1-.m no\·<"mbro passado nn· tou--.t·, c"1no lhr db.:;.e, em Pa­ri,, o '1 /'NUHIO. 0:-;. moti­vos nnvc'"' do drama, como íoi ac1 cntu;_1du pelo~ musico;ra· phos, s.'\o muilo poucos, mas

cnti1.:o e~ta.1' palavras que "·ale a pena n1n~idcra1. Nao ~1 de .,., ena, em theatro, que f>Oua en­

u.o comparar-!;c ;. formid.a,·el scena fma do Cre· /Jltl~11/o em que a ll1trente mosit31 'cm precipi­tar, <omo no fundo d'um ab)'mo, os principat'S mouvns que durante quatro noitC'S no1 Ncupa mm n! uuvido~ e nos prenderam o ("tpirito. E.' um irre~i"llivd turbilhao, um3 "·ert•gcm çon~ientc C t Ctl in:I. 1'.'i§e final d'um drnu a C licm V hm d'um n'l\rnclo • •. •

E , p.tr.1 <lcmunstrar a vantagem de ouvir iute· gralmf'nle :\ 'f'tlYnlo~ia, o critico musical a que rne estou referindo, c;onduiu:

4Ma, •• cumpre frbar que se., (r1j>11so1!0 d"s DtM.Sts é, n1m~"> na Opera. cxeçut.adu i,!oladamen· te, ~e n3.o ll;r ímmediatamente precedido do º'"" do R•111tJ, da llàl.lrria. de .c.;;,,gjri~d perde uma D· •& metade do ~cu etfeit•> e da ~ua be:llcza •.

~tais ícliies que ~s pari..,icns.es. (.r.S h~bocta5 de 1nm ~o!\lO v:lo admirar, dentro de pou' 01 dia'.'>. a c.::bra priina do mu:-.ico-poeta, que é <1 lct:;itimo <JT· gulho da Allemanha. Os costumu fran<:e1es, qu<1si int'ompi-ttiveis, como os uussuic, nlm a exe· tuç:io intcgr;1 e: perfeit.a dos drama~ de \\'agner, a •1ual dtrnamla e:-.pcdaei> cond1çi\cs aiuhientes, re.

C!!irrevcu ttnl cr itico com quem tonror.lo em :-1b .. oluto " in· tensidade musical e dram<ttica do~ th('111as já conhecido~. e CUJO progrt'bO expressho nao dclxou de exi~tir nun·

ca. amngc JU.,.lamc.-ntc n'es .. ~~~~;;,~~~~~§~;~~~~~~~~~~ te ultimo cdii• do Rutg um ,·crd;idciro paroxismo-. E acc 1 CM entou o mesmo

O .opraM • MllQJ t1.ur1 /. ir1nenn.u1n

279

si[;'naram-se a ceder, talvez mais pelo attrac:tivo cta no,·idade e dos •jantarc~

na Opcrn• 1 do que pi.ira corresponder aoii louva\"ei~ intuito .. artislic:os do pri-meiro thc.llro lpico da França. O CYe/nts• c11/D dos J)r11sn. sem t:<lrtes, comCÇa\·~ pelas ~eh1 horas da t.w·le, e o fcicto e:stra.nho e ine· dito do movimento de t·arruagcns e automo· Yeis, .i4uclla h< .. ra ,.c,1-.ertina. em frente do editiC'it.) da Opera, de,pcjando as clegancia.., Ô<;' l>o11/r,;ord1, a nobreza do sangue e do dinbtiro, os in!cllec-tuaes de "-alor e o:; que

!i::7 6ngc10 sei.o, 1uscuou o~ mais pitt1>resco5 e ~ ;:raC1osos commtntarfo~ da impreo .. a munda­Y na, que lhes n~o re!l'ateeu louv0res. Para

uma 1odcdadc que Ula.S<1na de culta, como a Hsl.<-eta, !lira 01 lrequentadures d'um theatro cuja fa.na de: illu~tndo ma-. :-.cvcro rigoris.mo. i..to

tornou lcnd;1ria, a \'inda d'uma companhia ~llcmà para a c~ecuçlo inle~r;ll d;J 7 tlra/4gi.a devia ser mohvo de afvoro,;ado jubilo. embora S. CarJo~ nao possua tradi~·1"1(:$ wagnerianas, antes, até hoje, 11e tC'nha mostrado rebelde a quasi tudo o que não 8Cja a opera italiana e ape· nas c.stc turno desperta'lltt p:na o reconheci· mcnto do <fUC hn ele original e delicioso na oper.i frant~c1.a cantada por francezes. Cum· prc, poi'\, :tl>I 1tal>1l1tis do I~ rico, que ves· tem, com fino gosto. os ti~urino;') parbicn· ses, imitar, pelo menos, o exemplo dos fre· quentadt_)r~ da Crande Opera. O cantei llf"1fdaú1 d°' Jornaes registará. dc.:;\-anecido. o bello gesto; 01 \'crdadeiro:; amadores. da grande mulica applaudir--.c·hào por vêr coroada de exito uma honro~a iniciativa1

pitulo! de iocootestavel ful~or, illuslrar·~C· ha, d'um modo singular. com a inno\·a.;!lo cm u~o o sentido admiravel.

E o devoto de \Ya.gner. l-omo se com­partilhasse das glorias do seu idolo, ttmii· nou: Que 0§ frequentado~ de S. Ctrlos se n!\o esqueç.am: ~[cno.s. to,--c. m~i.J pon·

tualidade e alguma leitura sobre \\'a· g:ncr. Artista algum inc;pimu, t"OIQO

e~ gigante, uma bibliographia m;us opulenta!

a educa\:lo mus.ical indigena ver;'• rasgarem· que bastaria para t"onsagrar uma emprC7.3; l~~~~~J~~~;~1;~~i~~~~(i~~ se no\'03 e amplos hori1.C1ntCll ante os se~ pa~sos, que nào sno. po~itivnmente, dos mab; largo5 e ~cguros. n'uma palavra, a hi~toria de S. Carlos, <1ue conta alguns ca·

z8o

1 O letlól Fnr.nx ('M.1a l-0 ~OJ)UlllO El:ia r-;c(l

·O·E:SCULPTOR· MOREIRA· RATO· ·O·SEU·PROJECTO·DE·MONUMENTO·A·JOAO-DE·DEUS

ij ll e

Pmject.)u o escul· plor sr. Moreira Rato u1n rnonurnenlo a J oao de Deus, <uja maqrutte expôt no seu at..elier. A /f/us­lra(liO Porluguera, no seu permanente proposito de trazer os seus leitores ao corrente de todas as manifcstaçôcs da. ioi­daliva nacional no dominio das artes, procurou dar <la ma· qu,ç/le, por interme­dio <la photographia, variados 3spectô$, que melhor pcrmit­tis.sem avaliar do seu merecimento. Ao

atelier do distincto esculptor, que tem sido muito felicitado, tem aflluido grande numero de pessoas,

Wi\GNER EM o o o o o o o o

3.CARLOS O OURO 00 RHENIJ

Os PROxafOS 1sP1c1A( ui.os OA COMPAXHIA D.E OJ'IRA Al.• 1.· '.\.!..\. xo TH&ATRo m S. C>-M·

6 A TURA.LOGlA 00 •AXNIL DOS ~ l BBLCSGLX f! A U: S" DA

:\ obra • agneriana que brevemente vae ser executida, conforme o original e por artistas alicm:les, no theatro de S. Carlos, conslitue o maior trabalho do genial auctor do f-qftotlf'i", Certo, não tem aquella sobri,dade de oxpres· são, simples, Jeve, mas ao mesmo tem· po poderosa e intensa. que fu de Pa,-. sijal a mais mara\'ilhosa du obras­prlmas: ceno, egualmente n:lo tem aquelle poder emoth·o perturban1e e lnolvid&\'tl que llo ardentemente vibra no sublime duetto d"amor de 71 islbl> ~ lso/Ja .• mas. a qualquer d' essas crea· ções ultrapassa na largueu da conce· pção e no vigor do estylo.

Longe de mim a idéa de trat.er para as paginu d'esta revi~ta um erudito estudo sobre o Amul dot Nihelunr"'• t~o avcs.so .; indofe d'c11a como h minhas mais que modestas habilitações de musicographo. Apenas, n'e11e e em 1ub1equeotes artigos, procurarei desfa .. zer do modo mais singelo, no upirito dos que me lêem, a imprH.UO precooceiluoH e errada de que a belleia da obra do musico •tlemão é inaceessívcl ao entendimento de todo aquelle que oào seja um ~abio em (usas ou um taníona1or de profissão. A analy•e dos poemas, acir.gida h suas linhas gcracs e dominantes e â coordenação dos motit'Os principacs .da parti .. tura, habilitar!o toda a gcntc 1 n!\o decerto a considerar.se um conhecedor pcríeito da obra de \Vagner, mas a, n'uma audição attrnt.a, con1c:icntemcnte poder admiral-a. Nto é crivei que, 1~11 uma auêiç3o, por mais escrupulosa e preparada que ella s.eja, o no1so dikll1llflt duça o Chiado assobiando o Lüd celebre da Wal· A-, ria ou os J4/11,..11rios "4 jlorn/11 do Sig/rird com a mesma petulante a6na("IO com que api .. ta a a· ia do ultimo acto da Tosrn ou o c:ôro dos marinheiros da Buller/f;·. Mas é de vêr que nem todas as emoções de e~thetica musical se compadecem com a faculdade d'uma immc­diata e feliz reproducç:to.

A cruprez.a de S. Carlos merec-e, f6ra de du .. \'Ída, pela sua iniciativa de íazcr executar entre

nós musica de \\'agner por allemãcs, o mais inteiro e iocondkional applauso. Para toda a gente de bom senso e de bom ,;osto, as noites de opera fraocez.a que já tivemos n'est.a ttmporada com as de opera allem:i que vamos ter sup-­prem com decidida ,·antagem a cxecu-

ç:i:o brilhante do''"'"' da L11ria e os pro· fusos e sonoros d.tis tk j>eilo ao e.stoinr de cadcnciad.u <.:'tltiJcas, cuja falta para certo numero de auignantesdeS. Carlos, ao que parece, $C tem feito sentir. Mas, se (a. .. zer escutar o Jt't1ther, a ft.fa111>1l e o lhemincau por artistns c1ue ntl.o conhec~m vo/(l/nt e /iqri­l11r11 desnte d'um publico que até '1.a pouco ainda seboqucabria-t:iosómente aos 9uiq11in'q1ds dob :.•irlwost' italianos, demonstra uma solida orientaç3.o e uma decidida força d'animo, tra­zer a llemles a cantar \Vagncr. com as portas fechadas e a sala b e.scura.s, deante d'aqucllc me,:,mo publico que ba rluu epocas ainda disse basta aos ttrctir~ 1'/eslru Úl11Jwu quoe a ba­tuta stgura de Mancinelli lhes pretend;a dar -é mais ainda que uma oricntaç~o solida e u:r.a força d'aoimo decidida, porque tran•Jl<'e afoitamcnte os humbraes do hcroi"lmo. l<:, tic alguma coítia vàlebse a vot d'um pobre garatu· jador de impres~ôes varias nas altas regioe11 dos que dominam, eu ousaria lembrar ao governo de Sua Mages1adc que pendura$SC no 'Ir. Ana. tory, n~o a farda de moço-fidalgo que bem iria com a su.a ootoria elegancia. ma.J a C>mmeoda da Tone e Espada, de recompen~a pelo ~cu merito e de preito á sua valentia • Der RinN dts JVWelungen (a 7-riloria

do Amrel dos ;\'l6ehmgenJ é um f4:stival sccnico dhidido tm um prolC1go e tres jorna­du. O prologo é [)ns Rhd1111utd (0 u11n> d• Rke11q), e as Jornadas J)il' HQIJ:lire (A ~Val­krn'a), Sie&fru:d e (;a11enfw111mt1 ''"K (O N't·

fJ11st11/o dos deu.su). Vulgarmente, porém, dá.· se a essa obra o nome de 7~bolosia.

< >1 pcT'10n~gens do poema pertencem to:Jos 1 mylhologia scaodioava • .A lenda dos Xibe-­lungcn. ampliada e divulgada pelos troveiros do1eculo :xvtn, dC$envoh·ida oos mil e duztn­tosvcrsosd'um poema e in.spiratlora, pelos tem­pos ftlra, de muitos motivos d'arte, ~conhecida, nas suas linhas primitivas, de tradiçOes que remontam ao seculo v da nossa era. Certas d'cssas tradições contam que o heroc Sigufrid

libertou uma mulher adormecida sobre um rochedo e cercada d'uma barreira de chammas que só o ma ia audaz dos heroes poderia trans­pôr. Outras narrativas referem que Sigufrid, orphlo de pae, passou os primeiros annos da sua vida na Aoreata, sem conhecf'r ramilia, educado por um a.nciào muito 1abio, habil forjador e t.xpcrimeotado em sonilegios. Trans­formado no heroe mais valoroso, Sigufrid, ma­tando um draaao. cooSC"guiu a pc>S$C d'um im· menso thesouro que comsigo trazia &ôdo o P°"' der das forças mysteriosas. ~las. caindo nas m:t.os dos Nibelungen, raça malíeitora e fu. , neAta, possuidora primeira do grande thesou· ~~ ro , Sigufrid é obrigado a conquistar para um d'ellcs uma virgem guerreira (Brunnhilda). ~

2k\

r'l:l ' '>w do R....,_- .\ -"""" despnjado do thesouro e finalmente as- do, por fim, para essa lenda a í6rma &assinado por traiçào. dramatica que debalde outros antes

Z Ntlo 6 este decerto o ensejo de mostrar o d'clle procurararY'I, ergueu-a a interprete bri-dr,envolvimento d'cssa lenda atra"és dos tem· lhantc dos mais altos conceitos, no escrinio pus, nem de relacional-a, como certos aucto· d'ouro da mais goberaoamente bclla e mais res. e entre clJcs \\'agncr1 pretendem, com a artisticamente Japidar das expressões. historia do dominio doa francos nas velhas O prologo da trilogia, intitulado O l>Nro d4 terras da Allcmanba. E' de reato prc5umh·cl Rhr'"'· é dividido cm quatro quadro!t, o pri· que o leitor pouco intcrcs~c 1coha em coohe- 1J1tiro dos quau se passa nas profundeu.s do cer ~ <•s hcroes guerreiro~ que \·ae vêr no ta· rio allemào. entre as aguas, os rochedos e u biado de S. Carlos representam os dC$ceoden· cavernas. E' .ahi que as trcs Ondinu, filhas tes direc\os de Pepino, o /Jrn.:t, e aquella do Rheno, guardam o puro ouro, thesourfl

raça poderosa e dominadora a que pertco- precioso que o rio lhes confiou, quando ceu o famigerado Carlos Magno. B:tsta-lhe d'ellas se approxhna, ardendo em desejos , , saber, por certo, que \\"agner, encontrao- voluptuosos, um gnomo repugnante quo \\e''//

pretende seduzil-as. E' o mais astucioso e audaz dos Nibelungen, raça de creatu· ras odiosas que habitam escusas re­giões, subterraneas e sombrias, no do­minio tenebroso de Nifelheim. As nym­phas attraem·no com promessas, troçam·

~===:::J no depois, mas, em meio dos risos e '- z('lmbarias, revelam-lhe o segredo do

- ( ~-

PRUH~VOLL J>Rí\HLT DER "PRilNGfN~l BilU

\

thesouro cuja guarda o rlo, seu senhor, lhes con6ou: todo aquelle que lograsse possuir o metal precioso poderia con':l_uis­tar o mundo com a condiç:lo unica de, pa­ra todo o sempre, renuncia1 ao amar. Des­lumbrado, o Nibelung esquece a formosu­""' das filhas do Rheno, sente den .. tro de si a ambição do domioio sup·C::===::i

};-:! .fi.r No .o ••••• •h···" °" .; .......

l I plantar os desejos da volupia, amaldiçôa mento e Freta, apavorada, supplic-a dos

o am8r. arranca o thesouro do rochedo deuses seus irmaos que a nào deixem par-

i onde elle brilha e foge levando comsigo tir. Mas os gigantes exigem e, perante a

1

o mysterioso talisman que irá dar aos da rcsistencia de Froh e Donner, uma dis· sua raça a gloria suprema de dominar o pula se levanta quando Loge, o astucioso mundo. As nymphas correm perseguindo companheiro de \Votan 1 deus das cham-Alberlt:h e, entretanto, sobre o rio cae uma mas e da mentira, contando aos gigantes

1

noite profunda. a aventura de Alber1ch, desperta-lhes de 11 O palacio que, ao começar o segundo sub1to o deS.CJO amb1c1oso de se apodera· 1

quadro do Ou10 d() Rhen(), \\·otan, o rei rem do ouro funesto. Por clle deixa1:io dos deuses, e Fricka, sua esposa, estào Freia. E então \Yotan resolve, acompa-contemplando, é tambem a obra d'uma nhado de Loge, descer ás entranhas da

.TJ ambiçào de opulenda e poderio que attin- terra, penetrar no N1belhc1m e conquis- ll giu o Senhor do universo quando, com a tar o ouro. !l juventude, do seu espirito se foi afa$tan- Passa-se o primeiro quadro nos dorui-

1 do a paixào do amôr. Sob as ordens do nios do aoão v1ctonoso. Graças ao ma. deus, os gigantu Fasolf e Fafner coo- gico annd que forjou com o ouro do l struiram esse palacio com a promessa de, Rheno, Alberich exerce despoticarncote como recompensa, lhes ser dada a posse o domínio da sua raça Para ma1s, Mimo, de Frela, a deusa da mocidadi;:, do amôr seu irm!io, ÍOIJOU para eJle o larnM!m.

e da bellcza, innã de Fricla e aos deuses Froh e especle de elmo encantado que lhe permiue, a Donner. E/ chegada, porém, a hora do paga- seu agrado, tornar. se in\•isivel ou transformar-se .

Com o auxilio d'use cimo, o NibeJung quer convencer \\'ctan e l.ogc do seu 1)4>

der supremo: transforma-se primeiro cm draglo, depois em sapo, e é n'e55a meta­morphose que, sem esforço, 01 deuses se a;>ossam d'cl1e, pondo-lhe um pé cm cima,

aprii.ionando .. o e condu:r.indcro à superticie da terra.

Somos chegidos ao quarto e ultimo quadro da p~a inicial da tetralogia. De novo nos encontramos no dominio dos deuses que chegam trazendo com elles, íulo de ralva, o Klbelung venddo. D'elle recebem os thesouros, o elmo, o annel e tom este ultimo a maldiç:i.o para todos quantos o posauircm. Os gigantes vctm buscar a re-

.Jl.>I -::! .r:: clD lll•• 1 O r1c.ntto orichul

aac- •R!'w.o' t Oit&lllli• do RM:ao; \ "'"''ktSo

.--o oero • Rhc..: !-(l &DMI ,, .. ,,..,.. .. b.~ ,,,,, . . .. .,.,,,, ,.., ' ..

-!.r::,--: J,:"TU:.r. ,,. # llf:/J~= ''::-/"',,'" ·"~"' "ÚJI

O nll(l"f, fW ~·UI O Qll•ct - ,.,. .... " ,.,.,, 7 \\;alball H<1I•• lu dn• hotfi11•·•

llHHH,_ li! 1) 1•;!1•0; •,.-.\ l11t~nt1.ç.1.o tio A11.br

<ompcn"a e \\'otan, eolre· g;mdo·lhca de prompto to· das as riquezas mostra·se mais re-soJvido a abando­nar Frda que a deapojar­se doannc1,quando, appa­ret.c'lido e11trc os roche­d<,s. n um nimbo de luar, Erda, a alma antiga da terra, a mie das tre3 :\or• nas que fiam o cabo do de~lino, a vidente que tu· do >abe, tudo presente, tudo adivinha, prevê a de· cadencia da soberba raça dos de\:ses e aconselha Wotan a que enlregue o thesouro maldito. O Se· nhor do univerao1 abala~ do pela• palavras myste· riosas de Rrda, resolve entregat o annel aos gi· gantc1, que logo entre si o disputam, caindo morto Fasolt is rrlos do irmlo. S:to os primeiros eAcitos da maldiçlo terri­ve de Alberich. Os deuses, hor·

11 ~'=r:;UJ:i .t.:-e "-":gi

~:gg~u~

n ™=!-kf:= H:t: t: ~ lt~~i ;:ip

~~§" Q;~~-·-+-".. 'T ~ .... • • •-•t

Aa fllhu.11 !11> kh"'º

10-Fn-i:1(U.,."4/

'"" ......... ,_.,.~ ..... '° IJ-0 .. -np.kldo,

1t-\forjattu.~11w1 .. ~ 1~-0 tri_pbo._ ' ·td•ft.1""9.:

16-.\ .. ~ao c-""·-...Mu .. - • •-f-fl'G•<P,,...JI

,J, .... .,, ,,,fa --""''"'· 1;-0 .,.m·1•ihlDl"llto

dOll ~at.luPf•n.; 1" - A'I '.'.••ruaa: '"' fl l1.-11<1wu.lo

d.• 11 ........ : ~o f'nclnto ''"'' lf'l'lll"°"-''k-.;

H - 0 :1h....-Hl'lj tJ,-0Jfl"1lu1 d1\lllU

rorisados, sentem.se sob o dominio d'um lunf"1'l0 pre· sentimento. Por um i ns· tante, o eeu cn"ombra-~e , carregadv de nu\·tns, nc· gras e pesada1 como um presagio de dc1guça. M •• ~tempestade pau.a, appa· rece um maravithOIO arco· iris que serve de ponte para o castello pago com um salario maldito e que \Yotan quer que 1e cha· me \\'alhall (palacio do• beroes mortos). Os deu,e.s dirigem-se para o edifitio celeste, atravez da estrada luminosa, emqunnto, nas profundeza" do valle, 39 filhas <.lo Rheno chnram o seu thesouro perdido.

Aqui termina o prolo­go e, com elle, o primeiro espectaculo do cyd" Na sequencia do drama lyrico vae ouvir-se A lf'all1·ria.

PA~LO OsoR•O.