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Revista Locus Científico

A Revista Locus Científico é uma publicação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos

Inovadores (ANPROTEC). Seu escopo de ação engloba a divulgação de artigos técnicos inéditos, avaliados por um

renomado Conselho Editorial.

ANPROTEC

EXPEDIENTE

ESTRUTURA DA PUBLICAÇÃOA revista é composta de textos e artigos de divulga-ção da cultura do empreendedorismo inovador eartigos inéditos referendados por revisores "ad-hoc".

MISSÃOPublicar informações relevantes, artigos técnicosoriginais e trabalhos de revisão na área doEmpreendedorismo Inovador.

EDITORJosealdo Tonholo (ANPROTEC/UFAL)

COORDENAÇÃO EXECUTIVAMárcio Caetano (MTB 4964/14/95/DF)

DIAGRAMAÇÃOConsenso Editora Gráfica (48) 3028 2924

TIRAGEM5.000 exemplares

IMPRESSÃOGráfica Brasil - Uberlândia

CONSELHO EDITORIALAfrânio Craveiro (PADETEC)

Carlos Eduardo Negrão Bizzotto (FURB)Cláudio Furtado Soares (UFV)Conceição Vedovello (FAPESP)Desirée M. Zouain (IPEN)Esteban Cassin (Univ. de San Martín, Argentina)Fernando Dolabela (Fundação Dom Cabral)

Guilherme Ary Plonski - (ANPROTEC/USP)Jorge Audy (PUC/RS)José Carlos Assis Dornelas (EMPREENDE)Josemar Xavier de Medeiros (UnB)Luís Afonso Bermúdez (UnB)Maria Alice Lahorgue (UFRGS)

Norman de Paula Arruda Filho (FGV/PR)Paulo Alvim (SEBRAE)Renato de Aquino Faria Nunes (UNIFEI)Roberto Sbragia (USP)

ANPROTEC

DIRETORIA:Guilherme Ary Plonski – Presidente - USP

Gisa Bassalo – UFPA

Francilene Procópio Garcia – UFCG

Josealdo Tonholo – UFAL

Paulo Roberto de Castro Gonzalez – CIENTEC

Silvestre Labiak Junior – UFTPRSheila Oliveira Pires – Superintendente executiva

CONSELHO CONSULTIVOFernando Kreutz (Diretor da FK Biotecnologia)José Eduardo Fiates (ex-presidente da ANPROTEC, Diretor da Fundação Certi)Luís Afonso Bermúdez (ex-presidente da ANPROTEC, Diretor do CDT/UNB)

Marco Antônio Raupp (Presidente da SBPC)Maurício Pereira Guedes (ex-presidente da ANPROTEC, COPPE/UFRJ)

Newton Lima Neto (Prefeito de São Carlos e ex-reitor da UFSCar)Rafael Lucchesi (Diretor de Operações da CNI)

EQUIPE TÉCNICA ANPROTECCoordenação Unidade Administrativa e Financeira - Francisca Silva Aguiar

Coordenação Unidade Comunicação e Marketing- Márcio Caetano SetúbalCoordenação Unidade Atendimento ao Associado - Kátia Sitta FortiniCoordenação Unidade Projetos - Rutiléia Azevedo de Jesus

Locus Científico - Uma revista ANPROTEC

Editor: [email protected]

ISSN - 1981-6790 - versão impressa

ISSN - 1981-6804 - versão digital

Associação Nacional de

Entidades Promotoras

de Empreendimentos Inovadores

CNPJ: 03.636.750/0001-42

Endereço: SCN Quadra 01 - Bloco C

Salas 208 a 211

Edifício Brasília Trade Center

Brasília - Distrito Federal

Cep 70.711-902 / PABX: (0xx61) 3202-1555

E-mail: [email protected]

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extensão tif ou jpg. As figuras, fotografias ou desenhos com cor

(300 dpi/grayscale) com extensão tif/jpg, para atender ao padrão

da revista. As fotografias deverão ser preferencialmente em preto e

branco. Os autores devem ponderar sobre a efetiva necessidade de

anexar fotografias, considerando a possível sazonalidade das ima-

gens e dos casos registrados.

Para figuras, gráficos, esquemas, tabelas, etc, idênticos aos já

publicados anteriormente na literatura, os autores devem providen-

ciar a permissão para publicação junto à empresa/sociedade cientí-

fica que detenha o copyright e enviar à editoria da Locus junto com

a versão final do manuscrito.

As referências serão nominadas entre colchetes ( [SOBRENOME,

ANO] ou [SOBRENOME e OUTRO-SOBRENOME, ANO] ou [SOBRENO-

ME et al., ANO] ) e a lista de referências será colocada no final do

texto, em ordem alfabética por sobrenome de autor. As legendas

das figuras devem ser colocadas em folha à parte, separadas das

figuras. A seguir, devem ser colocadas as figuras, os gráficos, os

esquemas, as tabelas e os quadros. No texto, apenas indicar a inser-

ção de cada um(a).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASA lista de referências completas, por ordem alfabética de sobre-

nome do autor, com apenas a inicial do nome, deve vir ao final do

texto. Sua apresentação deve pautar-se, sempre que possível, nos

modelos apresentados a seguir:

SOBRENOME, N.; OUTROSOBRENOME, N2; TERCEIROSOBRENO-

ME, N3; Título: subtítulo. Cidade: Editora, ano. (Coleção tal)

SOBRENOME, N. Título do capítulo. In: SOBRENOME, N. Título

do livro. Cidade: Editora, ano. p.

SOBRENOME, N. Título da obra. Editora, ano. Título do capítu-

lo. p.

SOBRENOME, N. Título do artigo. Nome do Periódico, Cidade, v.

, n. , p. , mês abreviado ano.

SOBRENOME, N.. Título: subtítulo. Cidade, ano. Disponível em:

<http://www.endereco_eletronico_completo.com.br>. Acessado

em: Dia Mês Ano.

Recomendamos fortemente que os proponentes:

1- verifiquem exaustivamente a conexão entre a referência cita-

da e o texto em que é inserida [todas as referências citadas

devem estar explicitas no texto, entre colchetes];

2- avaliem a qualidade da referência e sua efetiva vinculação

com o conteúdo a ser referenciado;

3- baseiem-se nos últimos textos publicados pela revista para

dirimir dúvidas quanto às referências bibliográficas.

SUBMISSÃO DOS ARTIGOSOs manuscritos devem ser enviados à editoria do Locus Cientí-

fico, através do email [email protected], ou em mídia digital

para a ANPROTEC.

Devem ser acompanhados de carta indicando:

a) modalidade do artigo (artigo original, revisão ou educação);

b) a área de interesse (CEI, PIT, DLS ou HIS);

c) o e-mail do autor principal, para correspondência.

MANUSCRITOS REVISADOSA editoria reserva-se o direito de efetuar, quando necessário,

pequenas alterações nos manuscritos, de modo a adequá-los às nor-

mas da revista ou tornar seu estilo mais claro, respeitando, natural-

mente, o conteúdo do trabalho.

Qualquer que seja a natureza do manuscrito submetido, ele deve

ser original quanto à metodologia, informação, interpretação ou

crítica.

A qualificação do trabalho será atestada por no mínimo dois

consultores “ad hoc”, de reconhecida atuação nas áreas, indicados

pela Editoria.

Manuscritos aprovados e enviados aos autores para revisão de-

vem retornar à editoria dentro de prazo máximo de dois meses ou

serão considerados retirados da pauta da publicação.

RESENHAS DE LIVROSAutores de livros que desejem ver a resenha de seu livro publi-

cada na Locus Científico, devem enviar uma cópia do livro aos cui-

dados do editor, no endereço da ANPROTEC. O editor definirá um

relator para providenciar a resenha do livro que poderá ser publica-

do no caso de ser considerado documento relevante ao Movimento

de Empreendedorismo Inovador. Somente serão considerados livros

que tenham responsabilidade editorial e ISBN.

COPYRIGHTAo submeter o artigo, o autor concorda automaticamente com

a cessão dos direitos de publicação em mídia impressa e/ou eletrô-

nica para a ANPROTEC, sem prejuízo dos direitos de propriedade

intelectual dos autores. Ao receber o aceite, o autor de contato pro-

videnciará a assinatura do documento de anuência e autorização

de publicação (enviado pelo editor).

CUSTOS DE PUBLICAÇÃONão há encargos de publicação ou impressão para os autores.

O autor de contato receberá 10 exemplares do número da re-

vista em que publicou. Caso haja interesse de um número maior de

exemplares, estes serão cobrados do solicitante ao custo de R$ 10,00

(dez reais) cada, para lotes de 50 revistas. Há possibilidade de pre-

paração de separatas especiais, com capa idêntica à da revista e o

artigo completo, com ônus para o solicitante, sob consulta.

www.anprotec.org.br

Associação Nacional de Entidades Promotorasde Empreendimentos Inovadores

CNPJ: 03.636.750/0001-42

Endereço: SCN Quadra 01 - Bloco C - Salas 208 a 211 - Edifício

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Brasília - Distrito Federal - Cep 70.711-902

PABX/fax: (0xx61) 3202-1555

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LOCUS CIENTÍFICO

SUMÁRIO

EDITORIAL

EDITORIAL

Josealdo Tonholo ........................................................................................................................................................... 95

ARTIGOS ORIGINAIS E DE OPINIÃO

Cultura do Empreendedorismo e Inovação (CEI)

A cultura da criatividade e sua dinâmica reflexiva nos empreendimentos inovadores

The culture of creativity and its dynamics of Reflexivity in innovative business

Robert Menezes .................................................................................................................................................. 96-102

Design para quem usa Design

Design for who use Design

Ligia Aparecida Inhan Matos .............................................................................................................................. 103-109

Uso Intensivo de Tecnologia (PIT)

Panorama das Empresas Privadas de Biotecnologia do Estado de Pernambuco 2007

Panorama of biotechnology industries in Pernambuco State – Brazil, 2007

Emanoel Sérvio Coqueiro dos Santos, Paulo Paes de Andrade ........................................................................ 110-120

Caros Colegas,

Com alegria avaliamos o grande feito de chegarmos ao final do segundo volume da revista Locus

Científico, com o lançamento do quarto número. Neste ano de 2008 a revista avançou, com publicação de

três artigos por número, sempre referendados por pelo menos dois assessores ad-hoc. O alto índice de

retorno dos artigos, seja para pequena adequação, seja reestruturação completa, é um indicativo do esme-

ro dos assessores com a qualidade dos trabalhos que são publicados. Se por um lado a qualidade dos

trabalhos está garantida, cabe a nossa comunidade exercer com mais vivacidade o papel de divulgador do

conhecimento gerado, submetendo mais e melhores trabalhos para a revista - o que de fato aconteceu

neste ano. Considerando a possibilidade de qualificar a revista através do sistema Qualis da CAPES, temos

pela frente um enorme desafio: garantir o aumento do número de trabalhos e a adoção do Sistema de

Editoração Eletrônico de Revistas-SEER. A segunda parte depende da ANPROTEC, que já está se qualificando

para implantar o SEER, que deverá melhorar significativamente o fluxo documental da revista. A primeira

parte depende exclusivamente de você – leitor altamente qualificado – que certamente trará sua contribui-

ção para os próximos números.

Como estamos em final de ano, ascendem-se as esperanças e expectativas por coisas boas, inclusive no

nosso movimento, que aguarda ansiosamente o desenrolar do programa PRIME da FINEP. Esperamos que

até o primeiro semestre as empresas inovadoras já estejam operando esta linha de fomento na plenitude,

trazendo à tona para a sociedade brasileira o que de melhor existe em criatividade, gerando inovação. Que

venha o novo ano, pois nossas portas estão sempre abertas!

Josealdo Tonholo

Editor

[email protected]

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INSTRUÇÕES PARA AUTORES

A Revista Locus Científico é uma publicação da Associação Na-

cional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores

(ANPROTEC). Seu escopo de ação engloba a divulgação de artigos

técnicos inéditos, avaliados por um renomado Conselho Editorial.

ESTRUTURA DA PUBLICAÇÃOA revista é composta de textos e artigos de divulgação da cultu-

ra do empreendedorismo inovador e artigos inéditos referendados

por revisores “ad-hoc”.

MISSÃOPublicar informações relevantes, artigos técnicos originais e tra-

balhos de revisão na área do Empreendedorismo Inovador.

EDITORJosealdo Tonholo (ANPROTEC/UFAL)

CONSELHO EDITORIAL• Afrânio Craveiro (PADETEC)

• Carlos Eduardo Negrão Bizzotto (FURB)

• Cláudio Furtado Soares (UFV)

• Conceição Vedovello (FAPESP)

• Desirée M. Zouain (IPEN)

• Esteban Cassin (Univ. de San Martín, Argentina)

• Fernando Dolabela (Fundação Dom Cabral)

• Guilherme Ary Plonski - (ANPROTEC/USP)

• Jorge Audy (PUC/RS)

• José Carlos Assis Dornelas (EMPREENDE)

• Josemar Xavier de Medeiros (UnB)

• Luís Afonso Bermúdez (UnB)

• Maria Alice Lahorgue (UFRGS)

• Norman de Paula Arruda Filho (FGV/PR)

• Paulo Alvim (SEBRAE)

• Renato de Aquino Faria Nunes (UNIFEI)

• Roberto Sbragia (USP)

COORDENAÇÃO EXECUTIVAMárcio Caetano (MTB 4964/14/95/DF)

OBJETIVO E POLÍTICA EDITORIALSerão considerados para publicação na Locus Científico artigos

técnicos ou revisões, preferencialmente escritos em português, abor-

dando temas relacionados ao Empreendedorismo Inovador, dentro

de um dos temas a seguir:

a) Cultura do Empreendedorismo e Inovação (CEI);

b) Promoção de Empreendimentos Orientados para o Uso In-

tensivo de Tecnologias (PIT);

c) Promoção de Empreendimentos Orientados para o Desenvol-

vimento Local e Setorial (DLS);

d) Habitats de Inovação Sustentáveis (HIS).

Artigos Originais: referem-se aos trabalhos inéditos de opinião

ou pesquisa (não podem ter sido publicados em revistas nem anais

de congressos ou similares, exceto quando houver convite doeditor). Devem seguir a forma usual de apresentação, contendo in-

trodução, desenvolvimento, considerações, conclusões, referências

bibliográficas, etc.

Artigos de Revisão: são destinados à apresentação do progres-

so, contendo uma visão crítica, com o objetivo principal de benefi-

ciar clientela formada por especialistas da área. O editor da Locus

poderá, eventualmente, convidar pesquisadores qualificados para

submeter artigo de revisão.

Artigos sobre Educação: refere-se a trabalhos de pesquisas re-

lacionadas ao ensino de empreendedorismo e/ou de experiências

inovadoras no ensino nos níveis infantil, fundamental, médio, gra-

duação e pós-graduação.

PREPARAÇÃO DE MANUSCRITOSTodos os trabalhos deverão ser enviados pela forma digital, aos

cuidados do editor da Locus Científico, através do e-mail

[email protected]. Recomendamos que os autores observem

atentamente os últimos artigos publicados, para verificar aderência

ao conteúdo e formato solicitado.

O texto deve ser digitado em ARIAL 12 página A4, com espaço

duplo, utilizando somente Microsoft Word®. Deverão ter no máxi-

mo 25 páginas (no formato acima), incluindo figuras, tabelas, es-

quemas, etc. Todas as páginas devem ser numeradas, bem como as

de figuras, tabelas, gráficos, esquemas, etc.

A primeira página deverá conter o título do trabalho, nome,

instituição, emails e endereços dos autores. Havendo autores com

diferentes endereços estes deverão se seguir imediatamente ao nome

de cada autor. Os autores devem ser agrupados por endereço. Indi-

car com asterisco(*) o autor para correspondência, responsável pelo

artigo, anotando seu e-mail no rodapé desta página (um só e-mail).

A segunda página deverá conter o título e o resumo do traba-

lho em inglês e português (Abstract), com no máximo 200 palavras

cada, além da indicação de três palavras-chave em português e tam-

bém em inglês (Keywords).

As figuras (gráficos, esquemas, etc.) deverão ter qualidade grá-

fica adequada (usar somente fundo branco). Caso os arquivos de

texto e imagens sejam grandes a ponto de inviabilizar o envio pela

Internet, deve ser enviado um CD, com conteúdo completo do tra-

balho (ressaltamos que o tempo de trânsito postal pode implicar

em maior demora no processo editorial).

As figuras devem ser enviadas em arquivo eletrônico separado

do texto (a imagem aplicada no processador de texto não significa

que o original está copiado) e digitalizadas em alta resolução com

LOCUS CIENTÍFICOISSN -1981-6790 - versão impressa ISSN -1981-6804 - versão digital

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LOCUS CIENTÍFICO

ARTIGO CIENTÍFICOCULTURA DO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO (CEI)

A cultura da criatividade e sua dinâmica reflexiva nosempreendimentos inovadores

The culture of creativity and its dynamics of Reflexivity in innovativebusiness

Robert Menezes

Universidade Federal de Campina GrandeCentro de Engenharia Elétrica e InformáticaDepartamento de Sistemas e ComputaçãoRua Aprígio Veloso, 88258109 970 – Campina Grande – Paraíba

E-mail: [email protected]

Artigo submetido em 14 de julho de 2008, recebido na forma corrigida em 06 de outubro de 2008 e aceito em 30 de outubrode 2008...........

RESUMO

O autor deste artigo pretende apresentar algumas im-portantes considerações sobre a cultura da criatividade, tema

bastante valorizado na sociedade moderna globalizada peloseu potencial de competitividade. Serão abordados alguns

aspectos sociológicos, filosóficos e gerenciais com a finali-dade de compreender a interferência humana reflexiva nas

relações entre os setores produtivos e os mercados consu-midores, com foco no processo de geração de ideias e de

identificação de oportunidades para inovação. O conteúdopara discussão envolve os seguintes itens: introdução à cul-

tura da criatividade; comportamento criativo e criatividadeempreendedora; processo de geração de ideias; identifica-

ção de oportunidades; e gestão da criatividade para práti-cas sistemáticas de inovação.

PALAVRAS-CHAVE:

• empreendedorismo• criatividade• inovação

ABSTRACT

The author of this paper intends to present some im-

portant considerations about the culture of creativity. Thistheme is very valuable in modern globalized society be-

cause of the potential for competitiveness. Will be addres-sed some sociological, philosophical and management to-

pics with the aim of understanding the reflexive humaninterference in the relationship between productive sec-

tors and consumer markets, with focus on the process ofgenerating ideas and identifying opportunities for innova-

tion. The content for discussion involves the following: in-troduction to the culture of creativity, creative behavior

and entrepreneurial creativity, process of generating ide-as, and management of creativity to systematic practice of

innovation.

KEYWORDS:

• Entrepreneurship• creativity• innovation

Na linguagem sociológica, cultura é tudo o que resultada criação humana, compreendendo, desta forma, todas aselaborações resultantes das capacidades adquiridas pelohomem através do convívio social. Destacam-se os aspectosmateriais constituídos pelos objetos e artefatos, além dos

Menezes, R., Locus Científico, Vol.02, nº. 04 (2008) pp 96-10296

ISSN -1981-6790 - versão impressa ISSN -1981-6804 - versão digital

aspectos imateriais, representados pelo domínio das ideias,crenças, técnicas, valores, normas e outros fatores. É clássi-ca a definição de Edward Burnett Tylor: “Um todo complexoque abarca conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, cos-tumes e outras capacidades adquiridas pelo homem como

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O Conselho Editorial da revista Locus Científico e a Diretoria da ANPROTEC agradecem aos esforços dispendi-

dos pelos nossos assessores ad-hocs, que no ano de 2008 atuaram na avaliação dos artigos, sempre com presta-

tividade, acuidade e esmero.

Josealdo Tonholo

Editor

Atuaram como assessores na revista Locus Científico Vol 02(1-4)(2008):

Antônio Pereira Lima Junior

Armando Augusto Clemente

Bezamat de Souza Neto

Carlos Eduardo Negrão Bizzoto

Cláudia Maria Milito

Cleusa Asanome

Conceição Vedovello

Cristane Stainsack

Edemar de Paula

Ednalva Morais

Elzo Aranha

Emerson Corazza

Francilene Procópio Garcia

Gisa Bassalo

Janaina Galdino de Barros

José Carlos Cressoni

Katia Aguiar

Luciana Peixoto Santarita

Luis Afonso Bermúdez

Marcelo Gonçalves do Amaral

Marli Elizabeth Ritter dos Santos

Neila Cunha

Nelsio Rodrigues de Abreu

Norman de Paula Arruda Filho

Paulo da Cruz Freire

Regina Faria

Sérgio José Mecena da Silva Filho

LOCUS CIENTÍFICOISSN -1981-6790 - versão impressa ISSN -1981-6804 - versão digital

AGRADEMIMENTOS

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delimitados de inovação que envolvem aspectos tecnológi-cos ou organizacionais, além dos mecanismos de assimila-ção, disseminação e implementação de ideias. Pensar emcultura da criatividade nas organizações exige o entendi-mento dos processos interativos entre indivíduos, o queenvolve aspectos da individualização – preservação das sin-gularidades – e dos propósitos corporativos estabelecidosem dimensão coletiva pela política de gestão organizacio-nal. Este artigo tem por objetivo apresentar uma visão dacultura da criatividade como espaço e tempo de toda cria-ção organizacional voltada para as estratégias competitivasou de sobrevivência, constituindo pressuposto básico parainovação e percepção de oportunidades, fatores essenciaispara iniciativas empreendedoras. Serão abordados os aspec-tos do comportamento criativo e criatividade empreende-dora, o processo de geração de ideias, o processo de identi-ficação de oportunidades e a gestão da criatividade para aprática sistemática de inovação.

2. COMPORTAMENTO CRIATIVO E CRIATIVIDADE EM-PREENDEDORA

A criatividade é condição necessária para a inovação.Representa a capacidade humana de construir soluções in-teligentes e estéticas para problemas em qualquer área doconhecimento. O ato de criar está associado à ideia de algonovo, algo que nunca existiu antes. Criar, portanto, poderiaser visto como um fato inédito, surpreendente e original,que possibilita a construção de novos conceitos ou a des-truição e substituição de conceitos já estabelecidos. Criar éver antes dos outros e fazer ver aos outros o segredo dadescoberta. Apresenta-se como um pensamento dotado deoriginalidade que supera o lugar-comum do conformismo eda passividade. Albert Einstein escreveu: “Quando observoa mim mesmo e os meus métodos de pensamento, chego àconclusão de que o dom da imaginação foi mais importan-te para mim do que a minha capacidade de assimilar conhe-cimentos.” Em outro momento, Albert Einstein afirmou: “Aimaginação é mais importante do que o conhecimento.”Percebe-se aqui que as palavras criatividade e imaginaçãoestão bem próximas. Contudo, para diferenciá-las, pode-secompreender a criatividade como a imaginação utilizada paraa resolução de um determinado problema. Barreto [1997]afirma que “não há criatividade sem um problema referen-te.” E que problema? Aquele que ainda não se conseguiuresolver pelos meios tradicionais disponíveis. O desafio dese encontrar uma solução diferenciada e original é um bommotivo para o desenvolvimento da criatividade. SegundoBarreto [1997] a criatividade não se aprende. O ser humanojá é criativo, já sabe. Criatividade, portanto, está relaciona-da a coisas que os indivíduos já sabem, mas deixam ficarencobertas por uma camada de conformismo, de rotina, dedesinteresse, ou de racionalização excessiva. Marcel Proustescreveu: “A verdadeira viagem de descobrimento não con-siste em procurar nova paisagem, mas em ter novos olhos.”Inegavelmente é um processo complexo, chamado de “sín-

Menezes, R., Locus Científico, Vol.02, nº. 04 (2008) pp 96-102

integrante da sociedade.” Ao contrário dos animais que têmos padrões básicos de comportamento transmitidos atravésde herança biológica, o ser humano desenvolve padrões ar-tificiais a partir da comunicação simbólica, especialmenteatravés da linguagem, o que permite a produção culturalresultante da socialização, que pode ser comparada ao pro-cesso de aprendizagem, no sentido mais amplo dessa ex-pressão [VILA NOVA, 2008]. Desta forma, os padrões docomportamento humano são extremamente flexíveis e vari-áveis no tempo e no espaço, e são reproduzidos conformeas necessidades específicas dos grupos, o que gera a diver-sidade cultural. O trabalho humano, portanto, apresenta-secomo uma resposta aos desafios da natureza e a culturatem como função evidente satisfazer necessidades huma-nas [VILA NOVA, 2008]. Numa concepção filosófica, a cul-tura é um conjunto de respostas para melhor satisfazer asnecessidades e os desejos humanos. Isso pode ser percebi-do ao longo da história, quando grupos humanos vêm re-solvendo seus problemas com base na informação disponí-vel – conjunto de conhecimentos teóricos e práticos trans-mitidos aos contemporâneos – ou desenvolvendo novas prá-ticas, o que torna a cultura uma criação dinâmica contínua.Para Elias [1994] a sociedade expressa uma cadeia em quecada pessoa singular está realmente presa por viver em per-manente dependência funcional de outras, formando umelo nas cadeias que ligam outras pessoas, assim como todasas demais, direta ou indiretamente, são elos nas cadeias quea prendem. Desta forma, a rede de funções que as pessoasdesempenham umas em relação a outras cria a estruturacoletiva chamada de sociedade e faz surgir a cultura que arepresenta. É fundamental esta observação de Elias [1994],visto que é comum a existência de antinomias entre os con-ceitos de indivíduo e de sociedade, sendo quase incomumfalar-se em uma sociedade de indivíduos. Todavia, a culturaé resultado das contribuições individuais através do proces-so de socialização ocorrido em determinada sociedade, quese tornaram padrões de comportamento coletivo a partirdas relações sociais estabelecidas. Por outro lado, Giddens[1991] enfatiza que a vida moderna é caracterizada por vá-rias descontinuidades e aceleração do ritmo de mudança.Segundo este autor “a reflexividade da vida social modernaconsiste no fato de que as práticas sociais são constante-mente examinadas e reformadas à luz de informação reno-vada sobre estas próprias práticas, alterando assim consti-tutivamente seu caráter.” Na medida em que têm o poderde transformações, alguns indivíduos fazendo uso da criati-vidade tornam-se agentes de mudança, criando novas idei-as e conceitos e implementando novos processos ou nor-mas. Como conseqüência da interferência humana reflexi-va, a criatividade surge como fonte de inovação e mudan-ças, nasce a partir dos indivíduos, requer conhecimento eexperiência, e pode ser transformada em cultura imaterialde valor para organizações. O objeto de análise deste artigoestá no processo de desenvolvimento da criatividade verifi-cado nas culturas organizacionais ou corporativas, espaços

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ARTIGO CIENTÍFICOUSO INTENSIVO DE TECNOLOGIA (PIT)

Análise quanto ao grau de dificuldade em questões relativas a aspectos técnicos, administrativos e de negócios:

Aspectos Técnicos Grau de dificuldade

Baixíssimo Baixo Moderado Alto Altíssimo

Aquisição de máquinas eequipamentos

Aquisição de matéria-prima einsumos

Acesso a novas tecnologias

Acesso à mão-de-obraespecializada

Acesso a informações técnicas epesquisas recentes

Interação com universidade ecentros de pesquisa

Acesso à informação egestão da propriedade intelectual

Aspectos Administrativose de negócios Grau de dificuldade

Baixíssimo Baixo Moderado Alto Altíssimo

Acesso a novos mercados nacionais

Acesso a compras governamentais

Obtenção de registros e licenças (MAPA e ANVISA)

Acesso a certificações (ISO, BPF, etc)

Acesso a linhas de crédito subsidiadas (FINEP, BNB, BNDES, etc)

Interação com potenciais parceiros em negócios

Administração e gerenciamento da empresa

Informações sobre dispositivos de isenção fiscal

DEFINIÇÃO DOS SETORES:

Saúde Humana: empresas que desenvolvem/comercializam produtos ou serviços especializados voltados para a saúde hu-mana como kits de diagnóstico, vacinas, proteínas recombinantes, anticorpos, materiais para próteses,próteses e devices médicos especializados, meios de cultura, produção de reagentes e antígenos, terapiacelular, curativos e peles artificiais, identificação de novas moléculas e fármacos, biossensores.

Saúde Animal: empresas que desenvolvem/comercializam produtos ou têm serviços especializados voltados para a saúdeanimal como kits de diagnóstico, vacinas ou outros produtos terapêuticos, transferência de embriões,melhoramento genético, clonagem, diagnóstico molecular.

Agricultura: empresas que desenvolvem ou comercializam sementes e plantas transgênicas, novos métodos para con-trole de pragas, clonagem de plantas, diagnóstico molecular, produção de fertilizantes a partir de microor-ganismos, melhoramento genético, catalisadores.

Meio Ambiente: biorremediação, tratamento de efluentes e áreas degradadas.

Bioenergia: empresas que desenvolvem/comercializam projetos em bioenergia ou tecnologias aplicadas. Dada a im-portância desta categoria no setor brasileiro decidimos separá-la de Agricultura

Insumos: empresas que produzem reagentes; por exemplo, empresas que produzem enzimas ou kits para extração

Dos Santos, E.S.C e Andrade, P.P., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 110-120

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tese mágica” por Arieti [1976], referindo-se à habilidade queum indivíduo tem de combinar os processos primários docérebro – fontes das emoções subconscientes ou inconsci-entes: sonhos, imaginação e associações – e os processossecundários do cérebro – fonte da racionalidade conscien-te: pensamento lógico ou a forma de externalizar os proces-sos primários – A Figura 1 abaixo ilustra a Síntese Mágica deArieti [1976], que tenta explicar o modo de pensar criativo:

Figura 1: Criatividade: A Síntese Mágica de Arieti

acrescentando-se a isso a busca de soluções e a apresentaçãode resultados. Baron [2007] reconhece “três processos-chavedo empreendedorismo: geração da ideia – produção de idei-as para algo novo; criatividade – geração de ideias potencial-mente úteis; e reconhecimento de oportunidades – proces-so pelo qual empreendedores concluem que identificaram opotencial para criar algo novo com capacidade de gerar valoreconômico”. Para o autor, a criatividade pode ser entendidacomo um processo criterioso e seletivo que exclui a fantasiaatravés de uma avaliação crítica do potencial de utilidade dasideias. Esta classificação pode ser chamada de criatividadeempreendedora e representa a criatividade humana orienta-da para resultados práticos no âmbito dos empreendimen-tos. A criatividade empreendedora apresenta-se, portanto,como um processo mental complexo, a princípio ilimitado,que promove a geração de ideias em dois níveis: espontâneo– quando tudo que pode ser pensado de forma livre é aceito;e crítico – quando as ideias são filtradas, selecionadas e apro-veitadas em combinações diferentes para solução de proble-mas. Este último nível representa a validação das ideias emforma de produtos e serviços. A criatividade empreendedoraé o processo de geração, desenvolvimento e transformaçãode ideias em oportunidades. Atualmente, devido à importân-cia do tema para todos os setores de negócios, um novo per-fil profissional mais criativo e inovador é unanimidade nasavaliações de desempenho profissional. Para a sociedade deum modo geral, a criatividade emerge como um valor positi-vo e já faz parte da expectativa do cliente em relação ao de-sempenho de produtos ou prestação de serviços. A ênfaseem explorar fontes interiores de criação, ampliar a capacida-de de inovar e utilizar técnicas de resolução criativa de pro-blemas é hoje quase uma regra na capacitação e treinamentodo empreendedor, qualquer que seja o seu ambiente de tra-balho. Segundo Mirshawka [2003], no momento em que atecnologia passa a ser um produto comum e habitual e todosos concorrentes alcançarem o mesmo nível de idoneidade, sóa criatividade poderá fazer a diferença.

3. PROCESSO DE GERAÇÃO DE IDEIASA origem das ideias, segundo Hume [1990], está nas per-

cepções mais vivas do indivíduo – as impressões – que nas-cem a partir de elementos primitivos da experiência: ouvir,ver, sentir, amar, odiar, desejar ou querer. As impressões sãoregistros da vivência humana guardados na memória. É ne-cessário, portanto, se ter experiência para se ter impressões.Reflexões sobre essa experiência levam o pensamento a cons-truir ideias – fracas imagens das impressões. Desta forma, asimpressões representam o modelo, enquanto as ideias repre-sentam a cópia desse modelo – percepções menos vivas. Indi-víduos com deficiência de algum sentido têm a mesma inca-pacidade para formar ideias correspondentes – um cego nãopode ter noção das cores nem um surdo dos sons. De formasemelhante, o ser humano não pode ter noção das sensaçõesreais de um peixe, por exemplo, embora construa ideias im-perfeitas a respeito, com base em analogias e combinações

ARTIGO CIENTÍFICOCULTURA DO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO (CEI)

A capacidade de criar tem origem na aparente contradi-ção entre a racionalidade e a emoção, o concreto e a imagi-nação, o consciente e o inconsciente. O comportamento cri-ativo representa o uso intensivo das fontes interiores de cria-ção em processo de aprendizado, colaboração e integração,para desenvolvimento e validação de ideias ou soluções. Se-gundo Predebom [2001], “o comportamento criativo é pro-duto de uma visão da vida, de um estado permanente deespírito, de uma verdadeira opção pessoal quanto a desem-penhar um papel no mundo. Essa base mobiliza no indivíduoseu potencial imaginativo e desenvolve suas competênciasalém da média, nos campos dependentes da criatividade”.Desta forma, pode-se compreender o comportamento criati-vo como uma experiência eminentemente pessoal, emborareceba influência do grau de motivação do indivíduo em usarseu pensamento criativo diante dos valores e práticas predo-minantes no ambiente [ALENCAR, 2003]. No âmbito dosempreendimentos pessoais ou organizacionais a criatividadeestá relacionada ao processo de descoberta de oportunida-des e elaboração de alternativas para decisão. O processoempreendedor exige criatividade não apenas para gerar idei-as, mas, também para implementar as ideias geradas, trans-formando-as em oportunidades. A partir de uma visão prag-mática, Kao [1997] define criatividade como um processo pormeio do qual as ideias são geradas, desenvolvidas e transfor-madas em valor. Torrance [1976] ratifica este conceito quan-do sugere que a criatividade é o processo de tornar-se sensí-vel a problemas, deficiências e lacunas no conhecimento,

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1. Sua empresa está atualmente desenvolvendo novosprojetos para produtos ou serviços baseados emalta tecnologia?

Sim

Não

2. Sua empresa já utilizou linhas de financiamento depesquisa através de instituições de fomento tipoFINEP, CNPq, FACEPE, etc...?

Sim

Não

3. Sua empresa tem atualmente algum projeto emcurso que esteja sendo financiado por algumadestas instituições?

Sim

Não

4. Indique qual tecnologia sua empresa utiliza commaior predomínio.

Biotecnologia clássica ou tradicional (Ex.: processos

fermentativos, melhoramento clássico, etc.)

Biotecnologia moderna (Ex.: engenharia genética, PCR,

anticorpos monoclonais, transgênicos, etc.)

Biotecnologia tradicional e moderna

III - O NEGÓCIO

1. Sua empresa vende produtos ou serviços para forado Estado de Pernambuco?

Sim

Não

2. Se você respondeu Sim na última pergunta paraquais mercados você vende? Pode responderutilizando mais de uma opção.

Sul

Norte

Nordeste

Sudeste

Centro-oeste

3. Seus concorrentes são empresas de que porte?

Grandes empresas

Médias empresas

Pequenas empresas

Micro empresas

Não tenho concorrente

4. A administração da sua empresa é feita por umprofissional da área de administração (Formado emAdministração de empresas)?

Sim

Não

5. Sua empresa já exportou?

Sim

Não

6. Você considera que sua empresa tem potencialexportador?

Sim

Não

7. Sua empresa está vinculada a algum programa deincubação?

Sim

Não

8. Utilize as linhas abaixo e descreva seus principais produtos

II - A TECNOLOGIA

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que seu conhecimento lhe permita. Ter conhecimento de umasituação é condição essencial para a geração de ideias a res-peito dessa situação. Para Hume [1990] “à primeira vista, nadapode parecer mais ilimitado do que o pensamento humano,que não apenas escapa a toda autoridade e a todo poder dohomem, mas também nem sempre é reprimido dentro doslimites da natureza e da realidade... Entretanto, embora nos-so pensamento pareça possuir esta liberdade ilimitada, veri-ficaremos, através de um exame mais minucioso, que ele estárealmente confinado dentro de limites muito reduzidos e quetodo poder criador do espírito não ultrapassa a faculdade decombinar, de transpor, aumentar ou de diminuir os materiaisque nos foram fornecidos pelos sentidos e pela existência.”Hume [1990] conclui que todos os materiais do pensamentoderivam das sensações externas ou internas, contudo a mis-tura e composição desses materiais dependem da vontade.Mesmo considerando que exista esta limitação do pensamentona perspectiva prática, as possibilidades de construção denovas ideias são quase infinitas. Baron [2007] afirma que “no-vas ideias e o reconhecimento de oportunidades estão pre-sentes no sistema cognitivo de certas pessoas como resulta-do de sua experiência de vida. Pelo fato de a experiência decada um ser única, as informações que têm a seu dispor sãoigualmente únicas, essa é a razão principal pela qual ideiasespecíficas ocorrem a algumas pessoas e não a outras.” Des-ta forma, indivíduos diferentes têm percepções diferentes,adquirem impressões diferentes e desenvolvem ideias dife-rentes, e finalmente, encontram oportunidades diferentes. Ocomportamento empreendedor é essencialmente prático eintuitivo, de estilo idiossincrático quase intransferível. Comas ideias o empreendedor constrói estruturas mentais cog-

nitivas, elabora novas representações e significados, desen-volve novas ideias, cria sua visão particular de compreendero mundo através da observação sistemática, ao mesmo tem-po em que propõe soluções inteligentes para problemas.Em contexto mais amplo, a cultura também pode ter influ-ência no modo de pensar e agir, a partir de crenças e valo-res. Desta forma, o empreendedor tanto pode encontrarmotivos dentro de si mesmo como receber influência dasociedade ao exercitar sua criatividade. Como hábito quepode ser adquirido sistematicamente, a criatividade consis-te em construir, modificar, classificar, substituir ou destruirideias. Em 1926 Graham Wallas apresentou em sua obra “TheArt of Thought” um dos primeiros modelos do processo cri-ativo. Em seu modelo, Wallas apresenta quatro fases para oprocesso de geração de ideias: Preparação – capacitação docérebro, através dos sentidos, para conceber ideias a partirdo fornecimento de dados, informação e conhecimento;Incubação – trabalho inconsciente do cérebro na recombi-nação do material recebido de modo a encontrar a soluçãodo problema (amadurecimento da ideia); Iluminação – co-nexão do inconsciente com o consciente, momento em quenasce a ideia em sua forma consciente, quando os bloque-ios mentais são mínimos (insights); e Verificação – observa-ção da consistência da ideia em termos práticos para poste-rior utilização. A Figura 2, abaixo, ilustra o processo de ge-ração de ideias inspirado no modelo de Wallas, com acrésci-mo de mais duas fases: Motivação – começo do processo,quando o indivíduo é impulsionado para resolver um pro-blema e aciona sua vontade em fazê-lo, e Implementação –transformação de algo que é basicamente mental em algomaterial e realizável.

Figura 2 - O processo de geração de ideias inspirado no modelo de Wallas

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ARTIGO CIENTÍFICOUSO INTENSIVO DE TECNOLOGIA (PIT)

ANEXO I

I – CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

Razão Social da empresa:

Nome fantasia:Endereço:

Nome do principal responsável:

Cargo:

E-mail:

Telefones com DDD:

Ano de fundação:

Se sua empresa ainda está em fase de constituição marque um x aqui

4. Sua empresa possui algum depósito de patente?Registre mesmo que a patente estiver sidodepositada em nome de algum sócio oucolaborador.

Sim

Não

5. Se você respondeu Sim na última pergunta agorainforme quantas patentes você tem depositadas:

1 (uma)

2 (duas)

3 (três)

4 ou mais

6. Sua empresa possui algum depósito de marca?Registre mesmo que a marca estiver sido depositadaem nome de algum sócio ou colaborador.

Sim

Não

7. Se você respondeu Sim na última pergunta agorainforme quantas marcas você tem depositadas:

1 (uma)

2 (duas)

3 (três)

4 ou mais

I - A EMPRESA

1. Qual o porte de sua empresa em termos defaturamento anual?

Não fatura

1 a 240 mil

241 a 500 mil

501 a 1 milhão

Mais de 1 milhão

2. Quantos funcionários você tem na sua empresa?Contando com os sócios.

1 a 5

5 a 10

10 a 25

25 a 50

Mais de 50

3 Escolha na lista abaixo o setor predominante deespecialização de sua empresa*.

Agricultura

Saúde humana

Saúde animal

Meio ambiente

Insumos

Bioenergia

* - Os setores foram escolhidos com base no último estudo das Empre-

sas de Biotecnologia do Brasil. Fundação Biominas – 2007 – Veja no

final deste questionário a definição de cada setor.

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Modelos e técnicas de geração de ideias estão dispo-níveis na literatura e podem ser adaptados com facilidadepara práticas sistemáticas de inovação, através de mode-los de gestão da criatividade. Um exemplo de boas práti-cas de criatividade é o alto nível das melhores agências depropaganda no país, onde se destaca o trabalho criativodos profissionais na geração e utilização de boas ideias demarketing e comunicação.

4. A IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADESOportunidades podem ser entendidas como ideias com

grande potencial de exploração prática que apresentampossibilidades de novos negócios, produtos ou serviços. A

gestão da criatividade promove a inovação deliberada esistemática, o que para Drucker [2005] é um processo tan-to conceitual como perceptual. Portanto, ser criativo é ino-var, é sair para olhar, perguntar e ouvir. Inovadores bemsucedidos usam os dois lados do cérebro – usam númerosao mesmo tempo em que procuram compreender pesso-as, trabalham as emoções e a racionalidade, elaboram asíntese mágica da criatividade sugerida por Arieti [1976],ilustrada na Figura 1, já vista anteriormente. Para melhorcompreensão da contribuição de David Hume sobre o tema,o modelo de evolução do processo cognitivo para identifi-cação de oportunidades para inovação está ilustrado deforma resumida na Tabela 1, abaixo:

ARTIGO CIENTÍFICOCULTURA DO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO (CEI)

Tabela 1 - Modelo de Evolução do Processo Cognitivo para Identificação de Oportunidades

Estágios do Conhecimento Impressões Ideias Oportunidades

Representação • Percepções vivas • Percepções menos vivas • Ideias com valor• Imagens das impressões • Utilidade

Processo • Experiências sensoriais • Preparação • Experiência profissional• Outras experiências • Incubação • Atitude inovadora

primitivas: sentir, • Iluminaçãoamar, odiar, desejar... • Verificação(Wallas)

Contexto • Pessoal • Pessoal • Pessoal• Grupos • Grupos

• Ambientes de negócios

5. GESTÃO DA CRIATIVIDADE PARA PRÁTICAS SISTE-MÁTICAS DE INOVAÇÃO

Para Drucker [2005] “a inovação é o instrumento es-pecífico dos empreendedores, o meio pelo qual eles ex-ploram a mudança como uma oportunidade para um ne-gócio diferente ou um serviço diferente.” Assim, o empre-endedor não precisa ter um tipo especial de personalida-de, é suficiente apenas ter compromisso com a prática sis-temática de inovação. Buscar mudanças, reagir a elas eexplorá-las como oportunidades é a síntese da ação em-preendedora, operacionalizada pelo aprendizado continu-ado. É razoável concluir que indivíduos comprometidos cominovação adquiram conhecimento e experiência no setorem que atuam e passam a ter mais chances de aproveitaroportunidades. “Uma descoberta básica na pesquisa so-bre empreendedorismo é que quanto mais experiência aspessoas tiverem em um dado campo, maior a probabilida-de de nele identificarem oportunidades.” [BARON, 2007].Por outro lado, indivíduos que adquiriram conhecimento,mas perderam sensibilidade em relação a mudanças, estãoem desvantagem competitiva. Kelley [2001] sugere cincoetapas para o processo de inovação: compreender o mer-cado, o cliente, a tecnologia e as limitações; observar pes-soas em situações de vida real e descobrir o que modifica o

comportamento; visualizar conceitos novos para o mundoe para os clientes; avaliar e aprimorar os protótipos emsérie de iterações sem se prender às primeiras ideias; e im-plementar o novo conceito de negócio. Compreender omercado é acompanhar mudanças de comportamento docliente e definir estratégias que garantam o posicionamentodo empreendimento. Observar pessoas na vida real é co-nhecer motivos e emoções que determinam suas escolhas.Visualizar conceitos novos é olhar para o futuro e anteci-par mudanças antes dos concorrentes. Avaliar e aprimoraros protótipos consiste em reavaliar e repensar as ideias,através de uma dinâmica inovadora, considerando quenenhuma ideia é tão boa que não possa ser aperfeiçoada.Finalmente, implementar o novo conceito parece ser a eta-pa mais difícil do processo de inovação, momento em queas incongruências do planejamento precisam ser ajustadasàs evidências comprovadas. Todas essas sugestões não te-riam eficácia em ambientes organizacionais desprovidos deuma política de gestão da criatividade – processo que podeser operacionalizado a partir de um sistema de gestão doconhecimento – necessária para estimular a integração depessoas criativas em trabalho colaborativo, com perspecti-vas de gerar ambientes de inovação e empreendimentoscompetitivos. A gestão da criatividade apresenta-se como

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CROCCO, M. A.; GALINARI, R.; SANTOS, F.; LEMOS, M. B.; SIMÕES, R. Metodologia de identificação de aglomerações produtivaslocais. Nova Economia. Belo Horizonte. 16 (2) 211-241, 2006.

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<www.sectma.pe.gov.br/seties/index.htm>. Acesso em: 08 fev. 2008.JUDICE, V. M. M.; COELHO BAÊTA, A. M. Modelo Empresarial, Gestão de Inovação e Investimentos de Venture Capital em

Empresas de Biotecnologia no Brasil. RAC. 9 (1) 171-191, 2005.LEI No. 10.973, de 2 de dezembro de 2004. Dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científição e tecnológica no

ambiente produtivo. E dá outras providências.LEI COMPLEMENTAR Nº. 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de

Pequeno Porte. E dá outra providências.LEI Nº. 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1o do art. 225 da Constituição Federal, estabelece

normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados– OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS. E dá outras providências.

LEI No. 9.456, de 25 de abril de 1997. Institui a Lei de Proteção de Cultivares e dá outras providências.LEI Nº 9.279 de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial.MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.186-16, de 23 de agosto de 2001. Regulamenta o inciso II do § 1º e o § 4º do art. 225 da Constituição,

os arts. 1º, 8º, alínea “j”, 10, alínea “c”, 15 e 16, alíneas 3 e 4 da Convenção sobre Diversidade Biológica, dispõe sobre oacesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado, a repartição de benefíciose o acesso à tecnologia e a transferência de tecnologia para sua conservação e utilização, e dá outras providências.

OECD. The knowledge based economy: a set of facts and diagrams. Apresentado em 1999 Ministerial meeting on science and

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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uma estrutura essencial para que os seguintes objetivossejam alcançados: estímulo à criatividade individual e co-letiva; desenvolvimento e compartilhamento do conheci-mento; criação de um ambiente de motivação e satisfação;estímulo ao comportamento colaborativo; engajamento emprojetos de inovação; reconhecimento dos esforços indivi-duais e coletivos; premiação dos resultados; e construçãoda cultura da criatividade na organização.

6. CONCLUSÃOA cultura da criatividade é o resultado de dois proces-

sos básicos que fazem funcionar as estruturas organizaci-onais. O primeiro está relacionado à dimensão interacio-nal da organização e refere-se ao comportamento dos in-divíduos, suas ações e conseqüências como tomadores ouutilizadores de decisões. Importantes aspectos das relaçõessociais como a cooperação, competição, antagonismos, do-minação, conflitos, liderança, por exemplo, fazem partedesse processo. O segundo está relacionado à dimensãointermental ou intersubjetiva e refere-se à imaterialidadedas crenças, atitudes, símbolos ou normas, que represen-tam os valores proclamados pela organização e internali-zados nos indivíduos que dela fazem parte. Desta forma, acultura da criatividade como subcultura da organização,se desenvolve de uma forma reflexiva, com mais facilidadeem organizações que aprendem e permitem mudanças dementalidade. Há neste processo de formação da cultura dacriatividade forte influência da sociedade globalizada, cos-mopolita, que pelo seu caráter pós-tradicional permitenovas formas de diálogo, o que resulta em espaço abertopara mudanças. Em algumas situações os processos criati-vos estão integrados em culturas organizacionais que ul-trapassam fronteiras culturais nacionais, formando ilhasde comportamento diferenciado, a exemplo de empresastransnacionais focadas em tecnologias intensivas, produ-tividade e eficácia gerencial. Chesbrough (2003), pesqui-sador sobre práticas de inovação em grandes empresas,sugere um novo paradigma de inovação para o século XXI– o modelo Open Innovation – baseado na liberdade decolaboração entre empresas diferentes, de modo a apro-veitar iniciativas criativas em diferentes estágios, transfe-rindo-se experiências através de uma rede empresarial derelacionamentos. Com este modelo empresas podem co-mercializar suas próprias inovações tecnológicas através delicenciamento ou utilizar inovações geradas por outrasempresas. O modelo Open Innovation constitui, portanto,uma solução gerencial de grande estímulo ao desenvolvi-mento e valorização da criatividade. Não obstante a gran-de importância dos aspectos estruturais, como a gestãoda criatividade e programas organizacionais de apoio àcriatividade, a principal fonte de inspiração e ideias estáno indivíduo perceptivo, protagonista dos processos cog-nitivos que levam a descobertas inovadoras. Os processoscognitivos são sensores que captam e interpretam a infor-mação sobre a realidade e contribuem para a construção

da base de conhecimento pessoal necessária para identifi-cação de oportunidades. As impressões nascem da experi-ência e da observação, permitem reflexões e conduzem opensamento no processo de elaboração de ideias. Todosos negócios existentes foram, em algum momento, ideiaspreliminares elaboradas a partir de impressões pessoais.Todos os produtos foram pensados, projetados e desen-volvidos – evolução de uma realidade mental para a umarealidade material – e depois produzidos e comercializa-dos no mercado. Pesquisas revelam que a experiência pes-soal é essencial para a identificação de oportunidades, oque torna a memória o aspecto principal do sistema cog-nitivo pela sua função de armazenamento da informação.Desta forma a criatividade depende do conhecimento vi-venciado ou adquirido. Parte do que é chamado de intui-ção é na verdade a iluminação – a terceira fase do modelode Wallas, demonstrado na Figura 2, já vista anteriormen-te – o despertar da consciência para ideias incubadas noinconsciente, o ininterrupto trabalho da mente em elabo-rar novas ideias a partir de ideias já conhecidas. E todoesse processo é pessoal e subjetivo. Desta forma, o modoparticular de observação do indivíduo é único, quase in-transferível. Inevitavelmente existe uma convergência en-tre oportunidades e indivíduos empreendedores – indiví-duos específicos que têm capacidade de resposta para asoportunidades porque têm conhecimento e estão prepa-rados e capacitados. Portanto, compreender os fundamen-tos cognitivos do processo de identificação de oportuni-dades significa compreender a criatividade e os mecanis-mos de reconhecimento de oportunidades, duas questõesprimordiais da atividade empreendedora. Embora os fun-damentos cognitivos estejam relacionados ao indivíduocomo sujeito da criatividade, a experiência tem demons-trado que o processo criativo pode ser ampliado conside-ravelmente a partir do conceito de criatividade coletiva,estudado por De Masi [2003] em retrospectiva históricadesde o Renascimento até nossos dias. Segundo o autor,os indivíduos apresentam grande capacidade de criação emgrupo, o que torna possível a ponte entre a imaginação e aconcretude – o encontro de indivíduos mais imaginativoscom indivíduos mais racionais com os mesmos objetivos,o que torna mais ágil o processo criativo, que é, ao mesmotempo, racional e emocional, de acordo com Arieti [1976]e demonstrado na Figura 1, já vista anteriormente. É atri-buição da gestão da criatividade promover a dinâmica desseprocesso nas organizações, mobilizando os indivíduos adar o melhor de si em clima de colaboração interna e com-petição externa, percebendo a concorrência como um de-safio, ao mesmo tempo, identificar os fatores que inibema capacidade criativa dos indivíduos, os chamados bloque-ios psicológicos – hábitos mentais, medo de errar, medoda crítica, insegurança – os bloqueios socioeducativos –dependência de outras opiniões – e os bloqueios grupais –práticas da desqualificação do outro e questões de relacio-namentos. Finalizando o artigo, é interessante relembrar o

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ARTIGO CIENTÍFICOUSO INTENSIVO DE TECNOLOGIA (PIT)

6 - INSERÇÃO DA BIOTECNOLOGIA PERNAMBUCANANO CENÁRIO NACIONAL

Para que se possa mensurar a relevância da biotecnolo-gia Pernambucana no cenário nacional, são comparados aseguir os dados do estudo da Fundação Biominas com operfil das empresas Pernambucanas. Em linhas gerais, os doisestudos apresentam empresas que são, na maioria, microou pequenas. Seus faturamentos anuais não passam de 1milhão, mantêm entre 5 a 20 funcionários, a atividade prin-cipal é de natureza industrial, os setores de saúde humana eanimal, agricultura e insumos são destaques e bioenergia emeio ambiente aparecem em um segundo patamar.

No âmbito da pesquisa quantitativa, também as seme-lhanças são bem visíveis. Dentro dos aspectos técnicos as em-presa demonstram grande dificuldade na aquisição de máqui-nas e equipamentos e agregação de mão-de-obra especializa-da. E nos aspectos Administrativos e de negócios a falta deconhecimento em administração e gerência (know-how co-mercial) e a baixa oferta de créditos acessíveis são constantes.

Entretanto, quando considerados os 235 grupos de pes-quisa nas áreas das ciências biológicas e de saúde existentesem Pernambuco, o Estado com 10 empresas em biotecnolo-gia demonstra um alto grau de iniciativas empreendedorasno setor, principalmente quando comparado com Estadoscomo São Paulo com 30 empresas e 2049 grupos de pesqui-sa e Minas Gerais com 21 empresas e 533 grupos (Figura 7)1*.Mais surpreendente é saber que em Pernambuco não existenenhuma estrutura de clusters ou similar na área, diferente-mente dos Estados acima citados. As empresas pernambuca-nas estão sós e suas iniciativas são independentes.

7 - CONCLUSÂOQuando se olha para Pernambuco, com 4,6% da popu-

lação do País e só representando 2,8% do PIB em uma parti-cipação declinante, percebe-se claramente que o Estado temque buscar novas fontes de riquezas para alavancar seu de-senvolvimento e reconquistar posições outrora perdidas.Considerando a relevância da agroindústria Pernambucana,a força da pecuária, a existência de um pólo médico impor-tante, o apelo social quanto da preservação do meio ambi-ente e uma eventual mudança na matriz energética, a Bio-tecnologia se apresenta como uma opção.

A construção de ambientes adequados a empreendimen-tos desta ordem potencializa seu grau de sucesso. O gover-no, em suas três esferas, possui ferramentas apropriadas paracontribuir de forma decisiva neste caminho. Encomendastecnológicas, compras governamentais, linha de crédito es-peciais e muitas outras iniciativas são comuns em paísesdesenvolvidos e foi o caminho seguido pelos atuais novosemergentes como Coréia, China e Taiwan.

Em todo o país iniciativas empresariais ligadas a univer-sidades surgem de forma acelerada. As universidades brasi-leiras são o centro gerador do conhecimento e dentro deuma nova perspectiva social, responsáveis pela sua difusãoe emprego. Teóricos modernos apontam para a academiaadquirindo um papel de liderança empreendedora em ino-vações tecnológicas.

Expostas a um mundo de incerteza, as empresas em seusprimeiros anos sofrem para estabelecer uma imagem e bus-car credibilidade junto a clientes e fornecedores. Têm queenfrentar atrasos e transtornos para obtenção de licenças ecertificações e ao mesmo tempo investir muito na esperapor longos ciclos de maturação de seus produtos.

No atual contexto, governo, universidades e empresasdevem atuar como parceiros em um ciclo virtuoso voltadopara geração de inovação, que transbordará para a socieda-de na forma de novos produtos e serviços, na criação demais empregos e renda e no desenvolvimento com susten-tabilidade.

Em nenhum momento o presente estudo teve comoobjetivo esgotar o tema. Os autores julgam que, a partir dadivulgação deste, novos estudos deverão surgir, com maiorprofundidade e especificidade, apresentando de forma maisclara o cenário a que estão expostas as empresas de biotec-nologia do Estado de Pernambuco.

Figura 7: Empresas de biotecnologia criadas em cada 100 grupos de pesquisana área das ciências biológicas e de saúde. Pernambuco tem 235 grupos

cadastrados (Diretório, 2006), São Paulo e Minas apresentam 2049 e 533 grupos,respectivamente.

* Cabe ressaltar que os números referentes a São Paulo e Minas podem não repre-sentar todo o universo (Estudo das Empresas de Biotecnologia Fundação Biomi-nas, 2007).

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ARTIGO CIENTÍFICOCULTURA DO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO (CEI)

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

que foi dito por Mirshawka [2003], já citado anteriormen-te, “só a criatividade poderá fazer a diferença” neste mun-

do globalizado, onde tecnologias, produtos e serviços têma mesma semelhança.

Menezes, R., Locus Científico, Vol.02, nº. 04 (2008) pp 96-102 115

cação com pré-requisito ao licenciamento de produtos e ins-talações. Entretanto, o acesso a tais certificações é considera-do pelo empresariado como de altíssima dificuldade. Aindavale ressaltar que no Estado de Pernambuco não existem con-sultores devidamente habilitados em certificação especifica-mente para indústrias em Biotecnologia.

Outro ponto que é conseqüente da ausência de certifica-ções é a exportação. Apesar de 87% dos empresários declara-rem que suas empresas têm potencial exportador, 50% delestambém declaram que é altíssima a dificuldade em certificarseus produtos. Sem certificação é impossível a qualquer pro-duto entrar hoje em mercados como Estados Unidos, Comu-nidade Européia, China, Japão e Sudeste Asiático.

Ainda analisando o potencial exportador, observa-se, noque tange a proteção intelectual, que as empresas pernam-bucanas parecem bem, uma vez que 62% (5/8) declararam játer depositado patentes e marcas que protegem seus interes-ses, pelo menos no Brasil. Outro ponto importante é o fatodo empresariado parecer não ter grandes dificuldades emobter informações sobre gestão em propriedade intelectual.É preciso, porém, considerar que depósitos de patente ape-nas no Brasil não garantem proteção no exterior. É certo, con-tudo, que o primeiro passo já foi dado.

No que tange ao acesso a linhas de crédito subsidiadas(FINEP, BNB, BNDES, etc.), 87,5% das empresas apontaramcomo alta ou, na maioria, altíssima a dificuldade de obten-ção deste tipo de financiamento.

Em que pese o perfil dos empresários, é notável a baixautilização de linhas de crédito subsidiadas ou mesmo de re-cursos a fundo perdido (subvenção) nestas empresas. É ver-dade que as linhas de subvenção são recentes e as chamadas,via editais, escassas. Entretanto, opções como o programaRHAE/CNPq também aportam dinheiro nas empresas a fundoperdido e mesmo assim parecem não atrair os empresários.Contudo, uma análise mais pormenorizada pudesse talvez in-dicar uma baixa capacidade destes empresários em redigirprojetos com uma ênfase maior no empreendimento do que

na ciência. Mas é preciso lembrar que garantias e exigênciasburocráticas também inibem o empreendedor.

Outro desdobramento está ligado à dificuldade declaradana aquisição de máquinas e equipamentos e contratação demão-de-obra especializada. Não podendo contar com o finan-ciamento ou bolsa, o empresariado só tem como opção o re-curso próprio, tendo em vista que 100% das empresas declara-ram que estão atualmente desenvolvendo novos produtos eserviços e que apenas uma declarou que tem financiamentopara tanto. Então, a maioria dos projetos está sendo financiadamais uma vez por recursos próprios. Considerando ainda queas empresa são micro e pequenas, seus recursos são escassos,o que redunda em lentidão no desenvolvimento.

Interação com potenciais parceiros de negócios e infor-mações sobre dispositivos de isenção fiscal foram parâme-tros que apresentaram um comportamento muito parecido.Em ambos o nível de dificuldade demonstrada variou entrebaixo e alto. A diferença foi que em relação a potenciais par-ceiros de negócios a moda mostrou-se de moderada a baixa,enquanto que para informações sobre dispositivos de isen-ção fiscal a moda foi de moderada a alta.

Estes parâmetros demonstram duas posições pouco de-finidas dos empresários. De um lado, eles consideram de gran-de importância o conhecimento de mecanismos de isençãofiscal. Entretanto, não são capazes de reconhecer nestes me-canismos uma forma de incremento no faturamento de suasempresas.

A administração e gerenciamento da empresa é sentidapela maioria dos empresários (75%) como um parâmetro demoderada dificuldade; os outros 25% classificam como alta.

Os empresários da Biotecnologia pernambucana reconhe-cem a importância de uma administração profissional. Entre-tanto, não refletem este pensamento em atos porque apenasuma empresa declarou ter um profissional devidamente habili-tado na direção do negócio. Mais uma vez, deve ser levado emconsideração o porte das empresas e a já mencionada dificul-dade na seleção e contratação de mão-de-obra especializada.

Figura 6: Análise de grau de dificuldade em 8 aspectos administrativos e de negócios da rotina das empresas de biotecnologia Pernambucanas.

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ARTIGO DE OPINIÃOCULTURA DO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO (CEI)

Design para quem usa Design

Design for who use Design

Curso de Tecnólogo em Design GráficoFaculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora – MGR. Tom Fagundes, 93/102 – Cascatinha - Juiz de Fora - MG

E-mail: [email protected]

Artigo submetido em 13 de agosto de 2008, recebido na forma corrigida e aceito em 30 de outubro de 2008.

RESUMO

A própria definição do design implica em desenhar

mercadorias pensando no ser humano. Entretanto, têm-se

percebido que o designer vem enfatizando o desenvolvimen-

to de produtos voltados para a classe alta, esquecendo-se

das classes mais baixas. Nos lares das famílias abastadas,

quando se refere aos utensílios e eletrodomésticos de cozi-

nha, quem os usa, de fato, são as empregadas, faxineiras e

babás que não sabem como conservá-los, ou porque igno-

ram suas instruções, ou porque utilizam força excessiva para

limpá-los, manchando ou quebrando-os. Paralelo a esse fato,

o descarte desses artefatos provenientes das classes mais

altas, invariavelmente chegam às classes pobres. Deprecia-

dos, os objetos, que não foram projetados para essa popu-

lação, geram uma alta quantidade de lixo ao derredor das

moradias dessas populações provocando um impacto am-

biental negativo. O designer pode, no entanto, resolver es-

sas questões, ao elaborar produtos com novos materiais que

pensem nessas necessidades. Ao inovar, pode se apoiar nas

incubadoras de design que estão se proliferando no Brasil,

possibilitando ao designer ter todo o apoio para desenvol-

ver seu projeto de acordo com suas próprias necessidades

de retorno financeiro e de ideal.

ABSTRACT

The definition of the design teases in drawing products

thinking about the human being. Meantime, it have been

realized that the designer is emphasizing the development

of products turned to the upper class, forgetting the lower

classes. At homes of the wealthy families, when it refers to

utensils and household appliances of kitchen, the one who

uses them, in fact, it is the employees, cleaners and nannies

who cannot know how to preserve them, or because they

ignore its instructions, or because they use excessive strength

to clean them, staining or breaking them. Parallel to this

fact, discards of products originating from the upper clas-

ses invariably reaches the lower classes. These

devalued objects, which were not projected for this popu-

lation, produce a high quantity of garbage to around of the

dwellings of these populations provoking an environmen-

tal negative impact. The designer can resolve, however, the-

se questions, while preparing products with new materials

that considers these necessities. While innovating, he can

be helped by business design incubators. These

incubators are proliferating at Brazil, making possible a

designer to have all support in developing his project accor-

ding to his goals of financial return and ideal.

LOCUS CIENTÍFICOISSN -1981-6790 - versão impressa ISSN -1981-6804 - versão digital

Inhan, L., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 103-109

PALAVRAS-CHAVE:

• inovação de materiais• classes sociais• incubadoras de design.

KEYWORDS:

• materials innovation• socials classes• design businesses incubator

114

ARTIGO CIENTÍFICOUSO INTENSIVO DE TECNOLOGIA (PIT)

O acesso a novas tecnologias e contratação de mão-de-obra especializada é considerado pela a maioria das empresas(75%) como uma variável de moderada a altíssima dificuldade.

O acesso a informações técnicas de pesquisas recentesnão é problema para a maioria das empresas. Oitenta e setepor cento delas classificou-a com de baixa ou baixíssima difi-culdade.

Um número elevado de empresas (86%) considera demoderada a baixíssima alguma barreira que impeça a intera-ção com universidades e centros de pesquisas.

Analisando os três itens anteriores, vê-se que apesar de umbom trânsito entre as universidades e centros de pesquisas, osempresários pernambucanos não estão conseguindo traduziristo em facilidades para busca de mão-de-obra especializada.

Quanto ao acesso a informações e gestão da proprieda-de intelectual, as empresa se distribuem de forma homogê-nea ao longo da pesquisa. O nível de dificuldade vai de bai-xíssima a altíssima sem uma moda determinada. Quando,entretanto, se analisa esta distribuição versus as empresasque declararam possuir depósitos de marcar ou patentes(62%), observamos que o grau de dificuldade varia de mode-rado a altíssimo para estas mesmas empresas (62,5%). Ouseja, só vê a dificuldade quem já buscou redigir um relatóriode patente e iniciou o processo.

b) Aspectos Administrativos e de negóciosCinqüenta por cento das empresas consideram como

baixa a dificuldade de acesso a novos mercados. Os outros50% registraram como moderada a alta (Figura 6).

A facilidade declarada em atingir novos mercados se re-flete na tendência de crescimento do setor. Também se ex-pressa nos investimentos em novos produtos, no empregode Biotecnologia de ponta e no potencial exportador.

O acesso às compras governamentais é considerado umgrande problema para a maioria das empresas (87,5% - 7/8).O grau de dificuldade varia de moderado a altíssimo com umatendência maior para altíssimo (37,5%). A pouca penetraçãodas empresa no mercado governamental do Estado é um dosobstáculos ao crescimento do setor. Analisando os vários pro-dutos e serviços das empresas, observa-se que todos são di-reta ou indiretamente empregados pelo governo ou órgãosdo mesmo em suas ações e rotinas. Entretanto, o alto nívelde dificuldade expresso pelos empresários em vender para ogoverno demonstra que provavelmente o problema esteja nafalta de informação associada à não-implementação de umapolítica pública já existente para a questão.

A obtenção de registros e licenças (MAPA, ANVISA, IBA-MA, etc..) foi considerada como de moderada a altíssima di-ficuldade pela grande maioria dos empresários (87,5%). A

Figura 5: Análise de grau de dificuldade em 8 aspectos técnicos da rotina das empresas de biotecnologia Pernambucanas.

maior parte destes considerou o parâmetro como de alta di-ficuldade (50%).

O acesso a certificações (ISO, BPF, etc.) teve um compor-tamento geral muito próximo do item anterior. Entretanto,quando analisada a moda observamos que a maioria consi-dera o nível de dificuldade como altíssimo (50%). O setor debiotecnologia é sem dúvida um dos mais normatizados e re-gulamentados. Registros e licenças são obrigatórios a todasas empresas, antecedendo muitas vezes ao início da produ-ção e a comercialização de qualquer produto. O alto grau dedificuldade apresentado pelos empresários em atender taisnormas reflete-se diretamente nos longos períodos de incu-

bação e no alto custo dos empreendimentos. O excesso deburocracia associado a exigências legais, muitas vezes impos-síveis de serem atendidas por micro empresas incubadas, in-viabiliza negócios promissores. O longo tempo necessário aocumprimento de tais normas encarece o investimento exigin-do alto capital de giro e potencializa o risco.

As certificações são hoje uma rotina principalmente emBiotecnologia voltada para saúde humana ou animal. Con-forme normas já estabelecidas tanto pelo MAPA (Ministérioda Agricultura, Pecuária e Abastecimento) como pela ANVI-SA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), é exigido queindústrias apresentem certificação de Boas Práticas de Fabri-

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Ligia Aparecida Inhan Matos

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104 Inhan, L., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 103-109

mulheres trabalham em casas “de família” como faxineiras,empregadas domésticas ou babás onde encontram utensíli-os e eletrodomésticos parecidos com os que existem em suascasas, com poucas variações no design. Quase todos essesobjetos de uso têm o mesmo material e acabamento, apre-sentando-se frágeis e rapidamente se deterioram pela forçamuscular empregada por essas trabalhadoras para conser-vá-los. Isso demonstra que o design não está sendo feitopara quem usa e mantém o bem, mas para quem o vê eaprecia.

Por outro lado, quando as camadas sociais mais altastrocam seus móveis e eletrodomésticos, invariavelmente osdoam para instituições de caridade ou encaminham parasuas próprias serviçais. Em ambos os casos, o bem, que jáestá deteriorado e não foi pensado para aquela população,torna-se mais um objeto de lixo a ser agregado nos locaisonde mora, gerando um impacto ambiental negativo nes-ses locais.

O designer, com conhecimento sobre o desenho do pro-duto, pode interferir nesse consumismo ao elaborar proje-tos que aumentem o seu ciclo de vida, contribuindo paradiminuir o impacto ambiental.

Para isso, o designer não necessita estar vinculado auma empresa de grande porte. Ele mesmo pode deter todoo mecanismo de produção a partir da ajuda das incubado-ras e órgãos de fomento. As incubadoras de design abri-gam as empresas especificamente desta área e que apresen-tem propostas inovadoras, abrindo um caminho seguro paraque o designer possa empreender na busca de novos mate-riais, processos ou criando algo totalmente novo.

Este artigo apresenta inicialmente um panorama sobrea pobreza no Brasil e como o designer, atuando neste con-texto com apoio da incubadora de design, pode atingir ummercado muito amplo que não está sendo suprido pelo de-sign, contribuindo de forma eficaz no atendimento às ne-cessidades das classes sociais mais baixas.

OS “SEM-OBJETOS DE LUXO”, MAS “COM-OBJETOSDE LIXO”A pobreza, segundo Sen [2000], economista indiano,

ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1998, envolveuma complexidade de características e circunstâncias pes-soais muito além do alcance de números e dados estatísti-cos sobre determinadas classes sociais, não sendo possívelsepará-las em níveis rígidos.

Ser pobre envolve fatores sociais, geográficos e bioló-gicos que alteram de modo significativo no rendimento decada indivíduo. Além disso, a falta de elementos básicoscomo a instrução, acesso a terra, a saúde e a longevidade, ajustiça, o apoio familiar e comunitário, o crédito e outrosrecursos produtivos e de voz ativa nas instituições e ofertaoportunidades, diminuem substancialmente os meios deatender as necessidades básicas de consumo pelo indivíduo.

A despeito de aumentos sem precedentes na opu-lência global, o mundo atual nega liberdades ele-

INTRODUÇÃO

“Porque todos os homens não são igual-mente ricos? Por uma razão muito sim-ples: é que não são igualmente inteligen-tes, ativos e laboriosos para adquirir, nemsóbrios e previdentes para conservar.”(Allan Kardec, séc. XIX)

Segundo Löbach [2001] design pode ser definido comoo ato de gerar uma ideia, um projeto ou um plano para asolução de um problema determinado, corporificando-os emobjetos bi ou tridimensionais passíveis de produção em série.

Com o desenvolvimento das indústrias, associado aoaumento das necessidades físicas, emocionais e psicológi-cas, bem como ao natural aumento da população, amplia-ram-se a diversidade dos produtos [PUERTO, 1999].

A partir das últimas décadas, surgiram os produtos queempregam alta tecnologia e eles têm sido o foco de muitosdesigners [BONSIEPE, 2005]. No entanto, esse tipo de pro-duto parece estar sendo exageradamente valorizado pelosprofissionais do desenho industrial, pelo fato de que proje-tar essas mercadorias excita tanto a vaidade quanto aumen-ta de forma exponencial o retorno financeiro.

Mais e mais design tem se afastado da ideia da reso-lução inteligente de um problema (James Dyson)aproximando-o do efêmero, do modismo e do rapi-damente obsoleto, para a interpretação do estético-formal, para a “botiquização” de um universo deprodutos da vida diária. Por essa razão o design hojeé frequentemente identificado como caro, refinado,particularmente não prático, engraçado e formal-mente levado a objetos coloridos. A hipertrofia dosaspectos da moda é acompanhada e aumentada pelamídia com seu apetite voraz por novidades. O de-sign tem tornado-se então um evento de mídia – enós temos um considerável número de publicaçõesque serve como caixas ressonantes deste processo[BONSIEPE, 2005, pg. 2].

Esse modelo acentua a percepção de que a atividade évoltada para um público de classe alta, e conseqüentemen-te, não tem interesse, nem tempo, para desenvolver proje-tos para as demais faixas de renda, principalmente as clas-ses mais baixas.

No entanto, existe um mercado. Conforme Sen [2000]revela, a insatisfação no vestir-se ou morar de modo apro-priado, indicam que essas pessoas têm necessidades de ob-jetos de uso produzidos para elas. Um dos principais pro-blemas das pessoas desfavorecidas socialmente se apresen-ta pela falta de liberdade de escolha.

As mulheres de baixa renda, chefes de família, tentampreservar certa “ordem e funcionalidade” na sua cozinha,no entanto, percebem-se objetos retorcidos pelo uso e pelaforça excessiva empregada para limpá-los. Muitas dessas

ARTIGO DE OPINIÃOCULTURA DO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO (CEI)

113

número de funcionários, observa-se que a maioria das em-presas (62% - 5/8) tem entre 5 e 10 funcionários, incluindoos sócios. Nenhuma empresa declarou ter mais de 25 funci-onários.

Dentre as 8 empresas pesquisadas, 6 são indústrias e 2são prestadoras de serviços. Quanto ao setor de atividade,saúde animal é o predominante (24%), seguido por saúdehumana, agricultura, insumos e bioenergia (17%) e meioambiente com 8%. Duas empresas se declararam como atu-antes em mais de um setor.

O grau de inovação tecnológica, bem como a inserçãoda empresa no mercado, foi medido através do número dedepósitos de patentes e marcas. Em ambos foi consideradoo depósito em nome da empresa ou de seus representantes.Nos dois casos 62% (5/8) das empresas informaram ter de-pósitos de marcas e patentes. Em nenhum dos casos foi ain-da concedida carta patente ou o registro definitivo da mar-ca. Para as questões acima foi considerado apenas o depósi-to nacional. Somente uma empresa declarou ter mais de umpedido de patente depositado.

b) A TecnologiaTodas as empresas declaram que estão atualmente com

novos produtos e serviços, baseados em tecnologia de pon-ta, em fase de desenvolvimento. Entretanto, apesar da fortevertente tecnológica, apenas 38% (3/8) declararam já terutilizado financiamentos para pesquisa através de órgãosgovernamentais, tais como: FACEPE, FINEP, CNPq, etc. E des-tas, apenas uma declarou ter atualmente projeto sendo fi-nanciado por órgãos de fomento oficial.

Quando analisada a base tecnológica de cada empresa,25% declararam empregar Biotecnologia moderna (ex.: DNArecombinante, PCR, anticorpos monoclonais, transgênicos,etc.) como técnicas corriqueiras em suas linhas de produçãoou serviços. Outros 25% empregam apenas Biotecnologia clás-sica (ex.: processos fermentativos, melhoramento clássico, etc.)e os restantes 50% empregam as duas formas.

c) O negócioOitenta e sete por cento das empresas (7/8) vendem para

fora do Estado de Pernambuco. A única empresa que aindanão comercializa seus produtos para fora do Estado é amesma que declarou ainda não está faturando. Todas as re-giões do País são atendidas pelas empresas pernambuca-nas. Com predomínio para região Sudeste (30%), seguidapela região Centro-Oeste (25%) e as demais regiões: Sul,Nordeste e Norte com 15% cada uma (Figura 3).

Figura 2: Porte das empresas com base no faturamento anual.Figura 3: Regiões do país atendidas pelas empresas pernambucanas. Ospercentuais são referentes ao total para o Brasil.

Quando analisado o porte da concorrência, 58% dosconcorrentes são empresas de grande e médio porte e 35%são de micro e pequenas empresas. Uma das empresas pes-quisadas declarou não ter concorrência em sua área deatuação (Figura 4).

Figura 4: Porte das empresas concorrentes.

Apenas uma empresa declarou ter administração pro-fissional, feita por profissional devidamente habilitado emadministração de empresas ou similar.

Quando analisado o potencial exportador, 87% (7/8) dasempresas acreditam que podem exportar. Entretanto, ape-nas 1 empresa declarou que já exporta.

5.3 - Análise QualitativaTendo como espelho a pesquisa realizada pela Biomi-

nas, foi sondado o grau de dificuldades das empresas Per-nambucanas em vários aspectos da rotina de seus negóci-os. A análise foi dividida em dois aspectos, a saber: Aspec-tos Técnicos e Aspectos Administrativos e de Negócios. Asperguntas foram respondidas com base em uma tabela degradação com valores crescentes entre 1 e 5, onde 1 erabaixíssimo e 5 altíssimo.

a) Aspectos TécnicosDentre os parâmetros técnicos, o primeiro a ser analisa-

do foi a aquisição de máquinas e equipamentos, apresen-tando dificuldade de alta a altíssima em 37,5% das empre-sas e moderada em 50% delas. Já a aquisição de matéria-prima e insumos teve um comportamento homogêneo sedistribuído entre os vários níveis (Figura 5).

Os setores emergentes (Meio Ambiente, Bioenergia eInsumos) são os mais prejudicados com a dificuldade naaquisição de máquinas e equipamentos, matéria-prima einsumos. Este obstáculo a mais reflete o pioneirismo destessetores, que ainda estão buscando solidez.

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105Inhan, L., Locus Científico, Vol 02, nº.04 (2008) pp 103-109

mentares a um grande número de pessoas – talvezaté mesmo à maioria. Às vezes a ausência de liber-dades substantivas relaciona-se diretamente com apobreza econômica, que rouba das pessoas a liber-dade de saciar a fome, de obter uma nutrição satis-fatória ou remédios para doenças tratáveis, a opor-

tunidade de vestir-se ou morar de modo apropri-

ado1, de ter acesso à água tratada ou saneamentobásico [SEN, 2000].

O perfil apresentado acima parece corresponder ao que,costumeiramente, chama-se de classes D e E brasileiras.

Tais fatores interferem de forma significativa na maneirade como as pessoas sem esses elementos básicos lidam com

os bens produzidos. Mas como perceber as necessidades dascamadas sociais carentes? Uma alternativa seria uma pesqui-sa ampla a fim de avaliar como essas pessoas interagem comos objetos de uso. No entanto, uma simples visita explorató-ria a tais ambientes pode desencadear inúmeras hipóteses.

No Brasil, as mulheres das classes sociais mais baixassão, na maioria das vezes, a chefe da casa, segundo Cardo-so [2008]. Elas tentam manter certa “ordem” e “funcionali-dade” nos objetos do seu lar. De forma geral, a cozinha é oprimeiro ambiente que se observa ao se adentrar em suascasas, onde as panelas, os talheres e os armários estão de-formados devido ao tempo de uso, invariavelmente essesobjetos são de segunda ou terceira mão e também à formacomo são manejados e conservados.

Figura 1 – As panelas brilham. “Ordem e funcionalidade” na casa de S.T. moradora do bairro Olavo Costa, Juiz de Fora – MG.

Figura 2 – Esses talheres podem ser encontrados em redes de supermercados, geralmente, utilizados para churrascos de fins de semana nas residências de classemédia. Cabos de talheres deformados e partidos, panelas amassadas e com as alças quebradas. Casa de S.T. moradora do bairro Olavo Costa, Juiz de Fora – MG.

1 Grifos da autora

112

ARTIGO CIENTÍFICOUSO INTENSIVO DE TECNOLOGIA (PIT)

sadas. Dos 8 pesquisados 7 tem currículos na base. Todossão mestres ou doutores em várias especialidades das ci-ências biomédicas ou biológicas. Seis já coordenaram pro-jetos de pesquisa e são docente ou ex-docente de algumauniversidade. Todos possuem várias publicações técnico-científicas, orientações em vários níveis e de moderada agrande experiência na área de pesquisa dentro e fora dopaís. Entretanto, apenas um possui em seu currículo algu-ma menção a cursos na área de administração de empre-sas ou similares.

5.2 - Análise Quantitativa

a) As empresasA distribuição das empresa sob o território do Estado é

muito desigual. Como não poderia deixar de ser, Recife tema maior concentração de empresas (8), das quais 6 forampesquisadas. Ao norte do Estado, no município de Goiana,há uma empresa e outra localizada na região do Agreste, nomunicípio de Caruaru. Das empresas localizadas em Recife,todas estão dentro de incubadoras.

4 - MATERIAL E MÉTODOS

4.1 - Definição de critérios de inclusãoPara nortear o presente trabalho tomou-se como defini-

ção de empresas de biotecnologia a mesma utilizada pelaFundação Biominas em seu estudo mais recente – Estudo deEmpresas de Biotecnologia do Brasil 2007, p15:

“Uma empresa de biotecnologia é aquela que tem comoatividade comercial principal a aplicação tecnológica que uti-lize organismos vivos, sistemas ou processos biológicos, napesquisa e desenvolvimento, na manufatura ou na provisãode serviços especializados”.

As empresas foram identificadas através de conhecimen-tos pessoais e indicações de outros empresários do ramo.

Para o presente estudo só foram consideradas as empre-sas privadas genuinamente pernambucanas. Não foram con-sideradas empresas estatais como o IPA (Instituto Agronômi-co de Pernambuco) e a Fundação HEMOPE.

4.2 - Metodologia de coleta de informações e análiseA coleta de informações foi feita através de um questio-

nário (anexo I) respondido diretamente pelos dirigentes dasempresas e formulado com base em outros questionários dogênero como, por exemplo, o questionário qualitativo em-pregado na pesquisa da Fundação Biominas, 2007.

As respostas foram analisadas através de tabelas e gráfi-cos confeccionados em Microsoft® Excel 2003.

5 - RESULTADOS E DISCUSSÃODez empresas foram identificadas no Estado. Porém, duas

não responderam ao questionário, ficando fora da pesquisa(Tabela 1).

Número Nome Localização Situação quanto

à pesquisa

01 Biogene Recife – POSITIVA1 sim

02 Biovetech Recife – POSITIVA sim

03 Genetech Recife – POSITIVA sim

04 TargetDNA Recife – POSITIVA sim

05 TissueBond Recife – POSITIVA sim

06 BioLogicus Recife – INCUBATEP2 sim

07 Biolab Goiana sim

08 Bioenzimas Caruaru sim

09 InsideDNA Recife – NECTAR3 não

10 Bioticom Recife - NECTAR não

Tabela 1: Relação das empresas de biotecnologia do Estado de Pernambuco esituação quanto à pesquisa. 1 Incubadora de empresas da Universidade Federalde Pernambuco. 2 Incubadora de empresas do Instituto Tecnológico dePernambuco. 3 Incubadora de empresas privada.

5.1 - O perfil dos empresáriosPara uma análise mínima do perfil dos empresários foi

feita uma busca na base Lattes através do nome dos men-cionados responsáveis de cada uma das empresa pesqui-

Figura 1: Distribuição das empresas de biotecnologia em Pernambuco. Estãorepresentados apenas os municípios do Litoral, Zona da Mata e Agreste. A barrahorizontal indica a escala.

Quanto à idade, as empresas dividem-se em três gru-pos distintos: Três empresas têm até 2 anos de fundação,duas estão entre 3 a 5 anos e as três últimas chegam a 10anos. A grande maioria (7/8) é vinculada a programas deincubação.

A análise do porte, tendo como base o faturamento,apresenta perfis de micro e pequenas empresas, com fatu-ramento médio anual próximo dos R$ 500 mil reais. Metadedas empresas (4/8) fatura entre R$ 1 e 240 mil reais ano.Estas empresas estão entre as empresas mais jovens pesqui-sadas. Apenas uma empresa declarou que ainda não estáfaturando (Figura 2).

Quando o porte da empresa é analisado com base no

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ARTIGO CIENTÍFICOCULTURA DO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO (CEI)

Segundo Mestriner [2002], elas prezam a limpeza comoponto de honra, dentro dos próprios lares e na vida profis-sional. Dados do IBGE [2005], indicam mais de 6,2 milhõesde mulheres exercendo trabalhos domésticos, como empre-gada doméstica, faxineira, babá, entre outras, e muitas ve-zes, servindo a mais de uma residência [IBGE, 2007] e essetipo de serviço dota a trabalhadora de musculatura desen-volvida, principalmente dos membros superiores.

Assim, o emprego de força excessiva no uso e manu-tenção dos produtos em geral leva a sua rápida deteriora-ção. Outro fator que contribui para essa conseqüência é afalta de compreensão das instruções de conservação e ma-nuseio. Segundo Frisoni e Borges [2006], os produtos dese-nhados nas instruções de uso e conservação levam em con-sideração o conhecimento prévio da existência desses pro-dutos pelo usuário, embora na realidade, o usuário possanão possuí-los.

O fogão e a geladeira, por exemplo, são fabricados comos mesmos materiais para todos os modelos e vendidos paraquase todas as classes sociais. Logo, em pouco tempo estãoriscados, manchados ou quebrados. Esses danos podem serexplicados porque o tipo de material desses bens não seadequa ao sujeito que o usa ou porque a maioria das mu-

lheres com função de domésticas ignora como utilizar e con-servar tais produtos, ou ambas situações. Consequentemen-te, o design desses eletrodomésticos e utensílios tem sidopensado para quem os vê e os aprecia, mas não para aque-las que os usam e os mantém. Assim, o consumo dos pro-dutos que deveriam ser duráveis aumenta porque seu ciclode vida diminui, provocando a necessidade de substitui-lopor um novo, levando ao consumismo.

Por outro lado, o descarte desses objetos em estado dedeterioração originários das classes mais altas e que che-gam às mãos das classes sociais mais baixas, provocam umimpacto ambiental relevante [IBGE, 2007a].

Segundo entrevista concedida pelo gerente da Líder In-teriores, loja da fábrica Líder Interiores, de Juiz de Fora -MG, a maioria dos móveis descartados pelas proprietáriasque adquirem novos produtos são doados para instituiçõesde caridade ou são encaminhados diretamente para famíli-as carentes, vivendo sob condições de insegurança alimen-tar. Se esse dado for extrapolado para o Brasil, os númerostornam-se alarmantes impactando no meio ambiente. Sãomais 23,2 milhões de pessoas que vivem sob essas condi-ções residentes nas áreas urbanas do país, segundo dadoslevantados pelo IBGE em 2004 [IBGE, 2007a].

Figura 3: Fim do caminho dos móveis usados?

Fonte: Viva Favela. Comunidade Invisível. (www.vivafavela.com.br, 2008]

Nas favelas localizadas em regiões geográficas de difícil aces-

so e sem coleta de lixo, essas pessoas costumam descartar os

detritos desses produtos próximos à sua residência, implicando

em um aumento do problema ambiental das regiões urbanas.

111

a Lei de Biossegurança, a Medida Provisória de Acesso aoPatrimônio Genético e a Lei de Proteção aos Cultivares deli-mitaram e normatizaram o uso e acesso a nossa biodiversi-dade, ofertando grande gama de matéria prima para a ge-ração de novos negócios. A Biotecnologia desponta comoum setor de grande potencial, uma indústria de produtoscom alto valor agregado e de imenso potencial inovador.

Entretanto, como será percebido ao logo deste artigo,a Biotecnologia Pernambucana é ainda uma indústria ca-rente de apoio, rica em ideias e projetos, mas com poucopoder de investimento, desenvolvendo produtos que já fa-zem sucesso em todas as regiões do País, mas pouco ounada conhecidos em seu próprio Estado, e dirigida por pes-quisadores de competência reconhecida, mas que ainda es-tão aprendendo a administrar uma empresa.

Este cenário é o grande motivador do presente trabalho.

2 - OBJETIVOSO principal objetivo aqui é apresentar um panorama o

mais completo possível do setor de biotecnologia represen-tado pelas 10 empresas privadas pernambucanas identifica-das. Mais especificamente, este estudo também objetiva umaanálise do perfil tecnológico, econômico e setorial destasempresas, além de prospectar o nível de dificuldade a queas empresas estão expostas em várias de suas atividades doponto de vista técnico, administrativo ou de negócios.

3 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICASão dois os fundamentos básicos que norteiam este es-

tudo: o ambiente empresarial e tecnológico em que estãoenvolvidas as empresas de biotecnologia em Pernambuco eseu posicionamento frente aos desafios futuros e às deman-das da sociedade.

3.1 - O ambiente empresarial e tecnológicoNo debate público e acadêmico contemporâneo, o co-

nhecimento tem sido considerado fator chave para o de-senvolvimento socioeconômico. Não é por outra razão quese convencionou chamar a fase atual do desenvolvimentocapitalista de “economia baseada no conhecimento” [OECD,1999].

Este novo modelo econômico é caracterizado por ambi-entes competitivos e intensivos em tecnologia, financeiramen-te globalizados e liberalizados produtiva e comercialmente.Entretanto, o conhecimento e os processos de aprendizageme de construção de competências a eles relacionados, na me-dida em que são processos essencialmente interativos e in-corporados em pessoas, organizações e relacionamentos, sãomuito influenciados pelo território [CROCCO et al., 2006].

O território atua como um espaço comum onde as in-terdependências intencionais e não-intencionais, tangíveise intangíveis, comercializáveis e não-comercializáveis, se so-brepõem. Para que estas relações possam se dar plenamen-te e originarem processos de aprendizado coletivo e de di-fusão do conhecimento, são necessárias as proximidades

cognitiva e física. Elas devem estar “imersas” em um ambi-ente local, que atue como facilitador e estimulador dessasrelações e como ligação entre um sistema de produção euma cultura tecnológica específica [CROCCO et al., 2006].

No Brasil os empreendimentos em biotecnologia deraminício a uma grande expansão na última década. Natural-mente, as empresas nascentes tornaram-se participantes dearranjos produtivos especiais, tais como incubadoras e par-ques tecnológicos, geralmente de vinculação universitária[JUDICE et al., 2005]. Oriundas ou atraídas por estes ambi-entes, as empresas são hoje dependentes destes, buscandoassim o acesso à tecnologia, base de sua existência, umacerta proteção institucional e o aporte em infra-estrutura[PEREIRA e MUNIZ, 2006].

Em Pernambuco estes ambientes estão resumidos a pro-gramas de incubação, cujo potencial de absorção de tecno-logia e agregação de valor ainda é muito resumido, particu-larmente na área de biotecnologia. Não existe no Estadoum ambiente especifico. As empresas, apesar de suas ne-cessidades particulares, estão misturadas a outros empre-endimentos e muitas vezes competem com estes por espa-ços físicos e atenção institucional.

3.2 - Desafios futuros e demandas sociaisO Brasil como novo emergente frente ao mundo glo-

balizado é questionado quanto a sua competência em cum-prir determinados papéis com nação desenvolvida, demo-crática e capitalista. A proteção ao meio ambiente, em par-ticular à floresta amazônica, a mudança na matriz energéti-ca, a crescente demanda por alimentos e o combate a doen-ças ressusgentes e emergentes, tanto humanas como ani-mais, são exemplos de desafios já presentes em nossos dias.

Em um plano mais elevado a biotecnologia é entendidacomo uma trama complexa de relações técnicas, sociais, eco-nômicas, políticas, éticas e institucionais que demanda es-forço transdisciplinar e interinstitucional para seu desenvol-vimento [TRIGUEIRO, 2002]. Para a sociedade, a biotecnolo-gia se apresenta como uma verdadeira caixa de Pandora:Inspirando curiosidade, oferece a chave para a solução deinúmeras questões envolvendo saúde, alimentação, produ-ção de energia, meio ambiente, etc. Entretanto, há tambéma percepção de que ela pode ser assustadora por abordarquestões e valores culturais tradicionais, como, por exem-plo, o controle da vida, a clonagem humana e a criação denovos organismos em laboratório.

O Estado de Pernambuco se posiciona hoje em meio aum turbilhão de oportunidades. Os mega investimentosno litoral sul do Estado (SUAPE) proprocionarão vantagenscompetitivas e demandas antes inexistentes. A biotecnolo-gia pode responder com eficiência a muitas destas deman-das, sejam elas diretas, a partir do novo pólo industrial (bi-ocombustíveis, remediação ambiental, novos materiais, oti-mização de processos, etc), sejam indiretas, como por exem-plo, o controle de endemias locais existentes e re-emer-gentes.

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NAS MÃOS DE QUEM SABEHá bem pouco tempo atrás, o designer poderia justifi-

car que a escolha dos materiais não estava em suas mãos,porque estava submetido aos compromissos daquele quecontratava o serviço do design, normalmente preocupadoem diminuir os custos, inclusive pela economia das matéri-as primas substituindo-as por materiais de baixa qualidade[LOBACH, 2001].

Contudo, atualmente está cada vez mais arriscado aempresa permanecer atada a diminuição de preços paramanter-se no mercado. A qualidade tem se tornado impor-tante fator na preferência dos consumidores. As novas mer-cadorias, técnicas, fontes de suprimento ou tipo de organi-zação determinam a superioridade sobre os preços, levandomuitas empresas tradicionais com sistemas ultrapassados afecharem suas portas [SHUMPETER, 1997].

Nesse sentido, o designer encontra um caminho alter-nativo e seguro, com o surgimento das incubadoras de de-sign e o amparo dos órgãos de fomento permitindo a am-pliação do ato de projetar conforme seus ideais, além deaplicar e desenvolver o conhecimento adquirido na acade-mia.

As incubadoras de design foram criadas com o fim deapoiar as empresas nascentes até que se consolidem em seunegócio. Tem como principal objetivo estimular a criação edesenvolvimento de microempresas industriais ou de pres-tação de serviços de base tecnológica e de manufaturas le-ves, possibilitando a oportunidade, àquele que queira, detornar-se um empreendedor [CRITT, 2005].

No Brasil, desde a década de 80, tem surgido parcerias

de incentivo e fomento desse movimento empresarial. Oapoio do Governo Federal às universidades, aos centros depesquisa e às instituições, juntamente com o SEBRAE (Servi-ço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), pos-sibilitou capacitar e empreender a expansão do sistema deincubação pelo país.

As incubadoras, geralmente, são montadas em um es-paço físico específico para alojar as microempresas tempo-rariamente. Dispõem de serviços compartilhados e facilida-des individuais, recursos humanos e serviços especializadosque auxiliam nas suas atividades, na capacitação, formaçãoe treinamento dos empresários, acesso a laboratórios, bibli-otecas, além dos aspectos gerenciais e financeiros, buscan-do atender as particularidades de cada empresa incubada.

Além do ao apoio técnico-econômico, a concentraçãode diversos empresários permite um clima empreendedorque propicia maiores chances de sucesso empresarial paraaqueles que estão incubados. Surgem ao redor do círculode influência da incubadora, fornecedores, clientes e pesso-as que incrementam e possibilitam a geração de recursos,materiais e processos para a inovação constante necessáriaa qualquer empresa, principalmente para a empresa de de-sign [CRITT, 2005].

Logo, o designer consegue reter todo o processo pro-dutivo em suas mãos e pode, efetivamente, criar uma novaqualidade não conhecida pelo consumidor, permitindo aabertura para novos mercados ou novos métodos de pro-dução e não somente permanecer restrito a pequenos in-crementos nas mercadorias.

O conceituado designer Aloísio Magalhães [1998] aler-

Figura 4: Descarte dos restos dos objetos de uso.

Fonte: Viva Favela. Trinta anos de abandono. [www.vivafavela.com.br, 2008]

110

ARTIGO CIENTÍFICOUSO INTENSIVO DE TECNOLOGIA (PIT)

Panorama das Empresas Privadas de Biotecnologia do

Estado de Pernambuco 2007Panorama of biotechnology industries in Pernambuco State – Brazil, 2007

1 - Biogene Indústria e Comércio Ltda ME,Rua Costa Sepúlvida, 749, Engenho do MeioRecife – PE, CEP 50.730-260

2 - Departamento de Genética,Universidade Federal de Pernambuco,Av. Moraes Rego s/n, Recife – PE, CEP 50.670-901

E-mail: [email protected] e [email protected]*Autor de contato

Artigo submetido em 08 de novembro de 2008, recebido na forma corrigida e aceito em 30 de novembro de 2008.

RESUMO

Este trabalho apresenta um panorama das empresaspernambucanas de biotecnologia. Os dados foram obtidosatravés de questionários respondidos pelos empresários eanalisados com base no estudo elaborado pela FundaçãoBiominas. Os resultados apresentam um perfil semelhanteao nacional. Porém, revelam o Estado de Pernambuco emum patamar superior ao esperado.

ABSTRACT

This paper presents the panorama of biotechnology in-dustries and services from Pernambuco. Data were consoli-dated from questionnaires answered by CEOs or presidents,following the Biominas Foundation guidelines. The resultsshow a similarity between the State and the National profi-les, ranking however Pernambuco higher than previouslyanticipated.

LOCUS CIENTÍFICOISSN -1981-6790 - versão impressa ISSN -1981-6804 - versão digital

PALAVRAS-CHAVE:

• Biotecnologia• Pernambuco• Política de Inovação• Incubadora

KEYWORDS:

• Biotechnology• Pernambuco Brazil• National Policy, Inovation Policy,• Incubator

Emanoel Sérvio Coqueiro dos Santos 1, * e Paulo Paes de Andrade 1,2

1 - INTRODUÇÃONos últimos meses do ano de 2007 o Governo do Esta-

do de Pernambuco iniciou uma série de debates tendo comometa a criação de uma Política e Plano de Ação da Ciência,Tecnologia e Inovação para o período 2008-2010. Ao longodos primeiros debates ficou clara a ausência de informa-ções mais específicas sobre o setor de Biotecnologia Esta-dual. Esta lacuna despertou o interesse no levantamento quedemonstrasse o real perfil do setor, seu porte e potenciali-dades.

Nesse mesmo período, a Fundação Biominas lançou seuprimeiro estudo a respeito das empresas de biotecnologiado Brasil. Em uma análise superficial já foi possível notarque Pernambuco era o 5º. Estado em número de empresasatuantes na área das Biociências. Neste estudo, a Biominasconseguiu rastrear apenas 6 empresas em Pernambuco, en-quanto os autores deste artigo rastrearam 10 empresas. Este

último número coloca este Estado em posição de grandeprestígio e destaque nacional: embora continue na 5º. colo-cação, está de fato muito mais próximo ao 4º. colocado, oEstado do Rio de Janeiro, que tem um longo histórico emempreendedorismo e negócios na área. Desta forma, Per-nambuco se coloca a frente de vários Estados mais ricos ecom maior tradição nas ciências médicas e biológicas, posi-ção que sem dúvida surpreende. A frente de Pernambucoestão São Paulo (com 66 empresas), Minas Gerais (tambémcom 66 empresas), Rio Grande do Sul (com 12 empresas) eRio de Janeiro (com 11 empresas).

Nos últimos anos os estímulos à inovação vêm se multi-plicando no país. Marcos legais como a Lei de Inovação Tec-nológica, Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, Lei doBem e outros mais antigos, como a Lei de Propriedade Inte-lectual, apontam para um caminho sem volta rumo ao cres-cimento do País. Especificamente na área da biotecnologia,

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ARTIGO CIENTÍFICOCULTURA DO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO (CEI)

ta sobre a falta de originalidade dos produtos brasileiros,levando à cópia de modelos importados inadequados paraas realidades de um país tropical. Percebe-se que os utensí-lios e eletrodomésticos produzidos no Brasil, são basicamenteos mesmos para todas as camadas sociais, com poucas dife-renças de design, então, as inovações nesse setor poderãocriar mudanças de hábito de consumo, permitindo inova-ções radicais.

Nesse sentido, a definição de Schumpeter [1997] para ainovação estimula o designer a ser mais do que um inventorou um prestador de serviços de projetos, leva-o a essênciado empreendedorismo, pois viabiliza o projeto determinan-do os requisitos de material e acabamento além de fabricá-los. Para esse autor, enquanto a ideia ou plano se restringeao projeto não há inovação, ela só se efetiva se for incorpo-rada à produção e/ou circulação de mercadorias.

Enquanto as indústrias brasileiras têm pouca consciên-cia de sua influência no meio ambiente, produzindo devas-tações e transformações na natureza urbana, o designerneste momento, empreendedor, que materializa seu idealpara o mercado, pode estabelecer um novo padrão de fabri-cação. Ao utilizar materiais sustentáveis aumentando o ci-clo de vida dos produtos fabricados por ele, irá diminuir oimpacto ambiental dos bens e, consequentemente, diminuiro consumismo de todas as classes sociais.

No entanto, essa abordagem não é nova. A Rede Brasi-leira de Produção mais Limpa difunde o conceito de ecoefi-ciência e uma Metodologia de Produção mais Limpa. Cominstrumentos para aumentar a competitividade, a inovaçãoe a responsabilidade ambiental do setor produtivo brasilei-ro consegue desenvolver a consciência ambiental necessá-ria para aumento da eficiência produtiva e do lucro [HINZ;VALENTINA; FRANCO, 2007].

Em países industrializados, existem empresas que já per-ceberam sua responsabilidade como contribuinte na degra-dação dos recursos naturais. Atualmente, elas já dispõemde recursos financeiros, organizacionais e tecnológicos deforma a resolver ou minorar direta e indiretamente o im-pacto no ambiente causado pela fabricação de bens. Assim,a preocupação com o ciclo de vida do produto tem sidoimportante em muitos países.

A inserção de ações para melhorar as necessidades am-bientais, focando o controle da poluição, incorporando o pro-cesso de manufatura e planejamento de produtos, aumentaexponencialmente a importância do papel do designer na bus-ca de soluções para as mudanças em direção ao desenvolvi-mento sustentável [VEZZOLI; CHAVES, 2006, pg. 2].

CONSIDERAÇÕES FINAISA consciência da importância do papel do designer na

sociedade talvez não tenha sido ainda alcançada no setorprodutivo brasileiro. Percebe-se a existência de muitos ni-chos de mercado que podem ser entendidos e atendidospelo designer com um objetivo além da riqueza puramentematerial, que busque também o ideal da profissão.

O designer também pode buscar conhecer as dificulda-des das indústrias que produzem para as classes sociais ca-rentes, a fim de conseguir soluções de forma a desenvolverefetivamente produtos e processos diferenciados. Tambémpode utilizar pesquisas acadêmicas nas diversas áreas doconhecimento para perceber essas necessidades não aten-didas.

Os dados do IBGE de 2005 indicam que 97,5% dos do-micílios particulares permanentes possuem fogão e 88%possuem geladeira, em uma população de mais de 53 mi-lhões de pessoas. Soma-se a quantidade de utensílios paraesse público e um nicho de mercado significativo se revela[IBGE, 2007].

Ademais, como empresário, detentor dos meios de pro-dução, capital e conhecimento do design, ele pode, casoqueira, desenvolver materiais que melhor se adequem aosconsumidores que de fato usam os produtos domésticos oupode montar sua própria fábrica de produtos domésticosvoltados para a realidade brasileira.

As incubadoras e os órgãos de fomento têm importan-te papel para o estímulo do emprego da qualidade nos pro-dutos e processos, bem como apoio no aspecto gerencial efinanceiro para qualquer tipo de empresa. Podem disponi-bilizar capital e conhecimento tecnológico para ajudá-la amanufaturar baseada na prevenção da poluição com a re-dução de resíduos. Logo, o incentivo governamental que odesigner tem a sua disposição pode ajudá-lo a realizar-secom sua própria empresa e desenvolver os produtos confor-me deseja.

Conforme palestra proferida por Luciano Deos, duran-te o Seminário de Design Gráfico: estratégia empresarial,em outubro de 2007, “o momento atual é do design”. Odesigner tem conquistado um importante papel dentro dasempresas. Conforme foi mostrado, paralelo a esse fato, sur-ge uma abordagem da evolução sistemática ambiental den-tro das companhias.

O designer utilizando do seu potencial empreendedor,bem como dos seus conhecimentos técnicos aliados ao ca-pital dos órgãos de fomento e apoio das incubadoras dedesign, pode, por um lado, atender a esse mercado e poroutro, satisfazer suas próprias necessidades de ideal e ri-queza.

Longe de ser uma atividade artística neutra e ino-

fensiva, o design, por sua própria natureza, provoca

efeitos muito mais duradouros do que os produtos

efêmeros da mídia porque pode dar formas tangí-

veis e permanentes às ideias sobre quem somos e

como devemos nos comportar [FORTY, Adrian, 2007,

pg. 12].

AGRADECIMENTOS:Ely Edison da Silva Matos, sempre próximo do perfeito.

Ao Prof. João Leite, pelas sugestões e pela referência à Amar-tya Sen.

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