Lógica formal e lógica dialética

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Faculdade Atual da Amazônia Professor André Augusto da Fonseca Lógica Formal e Lógica Dialética

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Faculdade Atual da Amazônia

Professor André Augusto da Fonseca

Lógica Formal e Lógica Dialética

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“Foi Aristóteles que constituiu a lógica como disciplina. Queria encontrar um método que servisse para construir raciocínios sólidos que nos ajudassem a descobrir a verdade deste mundo e a distinguir a todo momento o verdadeiro do falso. Ele mesmo começou a analisar como as pessoas falavam e foi aperfeiçoando a linguagem a partir de determinadas regras que ajudaram a construir raciocínios verdadeiros” (LEGUIZAMÓN, Héctor. Atlas Básico de Filosofia. São Paulo: Escala, 2007).

A origem

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“É lógico que eu vou!”, “É lógico que ela disse isso!”. Quando dizemos frases como essas, a expressão “é lógico que ” indica, para nós e para a pessoa com quem estamos falando, que se trata de alguma coisa evidente. A expressão aparece como se fosse a conclusão de um raciocínio implícito, compartilhado pelos interlocutores do discurso.

Ao dizer “É lógico que eu vou!”, estou supondo que quem me ouve sabe, sem que isso seja dito explicitamente, que também estou afirmando: “Você me conhece, sabe o que penso, gosto ou quero, sabe o que vai acontecer no lugar x e na hora y e, portanto, não há dúvida de que irei até lá” (CHAUÍ, 2001).

É lógico!

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Em certas ocasiões, ouvimos, lemos, vemos alguma coisa e nossa reação é dizer:

“Não. Não pode ser assim. Isso não tem lógica!”. Ou, então: “Isso não é lógico!”.Essas duas expressões indicam uma situação

oposta às anteriores, ou seja, agora uma conclusão foi tirada por alguém, mas o que já sabemos (de uma pessoa, de um fato, de uma idéia, de um livro) nos faz julgar que a conclusão é indevida, está errada, deveria ser outra.

Isso não tem lógica!

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Nesses vários exemplos, podemos perceber que as palavras lógica e lógico são usadas por nós para significar:

1. ou uma inferência: visto que conheço x, disso posso concluir y como conseqüência;

2. ou a exigência de coerência: visto que x é assim, então é preciso que y seja assim.

Inferência, coerência, conclusão sem contradições, conclusão a partir de

conhecimentos suficientes são algumas noções implicitamente pressupostas por nós toda vez que afirmamos que algo é lógico ou ilógico.

Se X, então Y.

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Ao usarmos as palavras lógica e lógico estamos participando de uma tradição de pensamento que se origina da Filosofia grega, quando a palavra logos – significando linguagem-discurso e pensamento-conhecimento – conduziu os filósofos a indagar se o logos obedecia ou não a regras, possuía ou não normas, princípios e critérios para seu uso e funcionamento. A disciplina filosófica que se ocupa com essas questões chama-se lógica.

LOGOS

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Os primeiros filósofos se preocupavam com a origem, a transformação e o desaparecimento de todos os seres. Preocupavam-se com o devir.

Duas grandes tendências adotaram posições opostas a esse respeito, na época do surgimento da Filosofia: a do filósofo Heráclito de Éfeso e a do filósofo Parmênides de Eléia.

Heráclito afirmava que somente o devir ou a mudança é real. O dia se torna noite, o inverno se torna primavera, esta se torna verão, o úmido seca, o seco umedece, o frio esquenta, o quente esfria, o grande diminui, o pequeno cresce, o doente ganha saúde, a treva se faz luz, esta se transforma naquela, a vida cede lugar à morte, esta dá origem àquela.

O mundo, dizia Heráclito, é um fluxo perpétuo onde nada permanece idêntico a si mesmo, mas tudo se transforma no seu contrário. O logos é mudança, é contradição.

Heráclito e o fluxo constante do real

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Parmênides, porém, afirmava que o devir, o fluxo dos contrários, é uma aparência, mera opinião que formamos porque confundimos a realidade com as nossas sensações, percepções e lembranças. O devir dos contrários é uma linguagem ilusória, não existe, é irreal, não é. É o Não-Ser, o nada, impensável e indizível.

O que existe real e verdadeiramente é o que não muda nunca, o que não se torna oposto a si mesmo, mas permanece sempre idêntico a si mesmo, sem contrariedades internas. É o Ser.

Pensar e dizer só são possíveis se as coisas que pensamos e dizemos guardarem a identidade, forem permanentes. Só podemos dizer e pensar aquilo que é sempre idêntico a si mesmo. Por isso somente o Ser pode ser pensado e dito.

Parmênides – negação da mudança

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“Não se caminha sem um pé firme no chão, isto é, precisamos de certezas, mesmo que provisórias. Não podemos ignorar os conhecimentos já acumulados. Isso nos ensina a lógica formal. De outra parte, porém, avançar supõe um pé no ar, em desequilíbrio, e nisso consiste o contraditório, a oposição, a mudança que o raciocínio dialétio é capaz de desvelar” (GASHO).

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Heráclito x Parmênides: dialética x essencialismoQual das duas

perspectivas serve melhor aos interesses conservadores?

A realidade se transforma ou permanece?

A lógica formal de Parmênides é totalmente descartada ou totalmente suficiente para apreendermos o real?

A sociedade é boa ou má?

A tecnologia é boa ou má?

Juquinha nenê é o mesmo Juca adulto?