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A Atlas também aplicou o sistema Lean na Operação In House, do setor automotivo. Neste caso, o processo envolveu o gerenciamento das etapas de picking, conferência, emba-lagem, expedição e reabastecimento.

A Cedro Cachoeira, empresa nacional centenária, sediada em Belo Horizonte (MG) e que atua no ramo têxtil, foi outra empresa que aplicou com sucesso os conceitos do Lean. Seus objetivos eram reduzir a complexidade da cadeia de abaste-cimento e torná-la enxuta e ágil.

Além da Cedro e da Atlas, outras empresas nacionais e multinacionais instaladas no Brasil aplicaram o Lean em etapas isoladas da cadeia de abastecimento ou integraram algumas delas. Podemos considerar a aplicação dos concei-tos do Lean ao Supply Chain segundo as etapas da figura 1. O ponto de partida é a Gestão da Demanda. Ele deve trabalhar com o conceito do sistema de “puxar”, observando sinais da demanda (quais sinais do mercado, concorrência, etc., indi-cam tendências), utilizar práticas de colaboração (como o CPFR) e de Planejamento (como S&OP – Planejamento de Vendas e Operações), além de utilizar práticas de gestão de estoques.

A etapa seguinte é a de Redução de Custos e Desperdícios, na qual deve ser aplicado o conceito dos sete desperdícios. Em seguida, começa a etapa de padronização de processos. Ela permite criar um fluxo contínuo, pois padroniza os pro-cessos de Produção, Planejamento e Logística, além dos Pro-jetos, Componentes, Subcomponentes e Embalagens. Quan-do a padronização é realizada com a ferramenta VSM (Mapa de Fluxo de Valor), é possível visualizar o estado atual e o estado o qual se deseja atingir, eliminando os desperdícios.

A padronização da indústria é uma etapa importante. Conforme o segmento, é possível padronizar não apenas produtos, mas também informações ao longo da cadeia. Um exemplo que envolve a logística é a padronização in-ternacional de pallets e contêineres, o que permite sua mo-vimentação e transporte globalmente, com rapidez. A mu-dança cultural, como em outros trabalhos desta natureza, é um fator determinante, pois envolve mudança de conceitos, entendimento dos mesmos e quebra de paradigmas. O Lean depende das pessoas, não de sistemas e equipamentos. A colaboração entre empresas que se inter-relacionam é outro fator importante para se conseguir, de forma integrada, en-tregar valor ao cliente, estabelecendo relações de confiança ao longo da cadeia. A figura 2 mostra a aplicação do conceito Lean no Supply Chain, com redução do desperdício em várias etapas: armazenagem, transporte, planejamento, produção, movimentação, separação, etc. A figura também e compara o sistema tradicional com o sistema de “puxar”.

FanPage: Cargo News36 | Revista Cargo News

Figura1: conceitos do Lean aplicados ao Supply Chain

Figura 2: Aplicação do conceito Lean no Supply Chain

Figura 3: Etapas da metodologia para aplicação

do Lean

Referências bibliográficas: Zylstra, Kirk; Distribuição Lean; Editora Bookman, 2008 | Liker, Jeffrey; O Modelo Toyota, Editora Bookman, 2007

Uma das formas de se aplicar o conceito Lean é a utilização da metodologia Kaizen, que prevê, em uma semana, o treinamento, o desenho da situação atual, a projeção da situação futura e a implantação do novo processo, eliminando os desperdícios e com ganhos expressivos. A figura 3 ilustra as etapas da metodo-logia para aplicação do Lean. A implantação do Lean na Logística tem evoluído para além das empresas de transporte ou operadores logísticos. Um exemplo é sua aplicação na logística de serviços, como por exemplo, em hospitais e sistema de transplante de órgãos.

Lean Logistics

O termo Lean surgiu na década de 80 e foi cunhado pelo assistente de pesquisa do MIT (Massachussets Institute of Technology), John Kraf-cik, após participar do Internatio-nal Motor Vehicle Program. Como resultado de suas pesquisas, em 1990 ele publicou o livro “A Má-quina que Mudou o Mundo”, um estudo do Sistema Toyota de Pro-dução, que originou o termo Lean. Tratava-se de um sistema muito mais eficaz e eficiente que o tra-dicional, de produção em massa, o que rendeu enorme relevância ao estudo de John Krafcik.

O Lean Manufacturing surgiu na manufatura da indústria automo-tiva, e ao longo de vários anos, foi aplicado apenas a esse setor. Pos-teriormente, o Lean foi estendido a outros ambientes da organiza-ção: administração, desenvolvi-mento de produto, produção, lo-gística, etc.

Com essa evolução, surgiu a ex-pressão “Lean Thinking”, que virou sinônimo de mentalidade enxuta. Sua filosofia era, basicamente, eliminar desperdícios. E seguin-do sua evolução, mais adiante, os setores aeronáutico, eletrônico, de mineração, da construção civil, bancário, hospitalar, etc., também

Autor: M.e Antonio Carlos SanchesPossui graduação em Engenharia Industrial pela Universidade Santa Cecília, especialização em MBA Executivo Internacional pela Universidade de São Paulo e mestrado em Engenharia de Produção e Sistemas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. É doutorando e pesquisador do LALT/UNICAMP. Possui 30 anos de experiência em empresas nacionais e multinacionais em empresas como Pirelli, COOPERS & LYBRAND, O Boticário, SSA Global e Grupo Wheaton Vidros. É professor da disciplina Lean Logistics do curso de especialização em Gestão da Cadeia de Suprimentos e Logística do LALT/UNICAMP e Diretor de Operações e TI da Antilhas Embalagens.

O que é gestão de projetos?

passaram a incorporar o sistema Lean.

E uma das evoluções do Lean Ma-nufacturing foi sua aplicação em Lo-gística e Supply Chain: o Lean Lo-gistics e o Lean Supply Chain. Apesar da literatura em português ser es-cassa, a literatura inglesa dispõe de numerosas publicações de artigos e livros.

Em síntese, os princípios do Lean Logistics são:• Valor: definir o que é valor;• Fluxo de Valor: Identificar e se-parar os processos da cadeia pro-dutiva em três tipos: os que efeti-vamente geram valor; os que não geram valor, mas são importantes para a manutenção dos processos de qualidade; os que não agregam valor e devem ser eliminados;• Fluxo Contínuo: construir um fluxo, dando fluidez às atividades que restaram;• Produção Puxada: as empresas não empurram, são os consumido-res que “puxam”;• Perfeição: objetivo constante de buscar a melhoria contínua.

A aplicação do Lean Logistics é um processo de longo prazo, que afeta processos e pessoas, com re-sultados significativos. A ordem de grandeza dos resultados varia de

Div

ulga

ção

reduções de desperdícios entre 25 e 50%. Os sete principais desper-dícios que nasceram no Lean Ma-nufacturing são: 1. Produção em excesso2. Tempo de espera3. Transporte4. Excesso de processamento;5. Inventário6. Movimento7. Defeitos

Uma vez adaptados ao Lean Lo-gistics, eles se reduzem a cinco des-perdícios:1. Tempo de Espera2. Transporte3. Excesso de processamento4. Inventário5. Movimento

Várias empresas do Brasil já implementaram o Lean em suas operações logísticas. Entre elas, a Atlas Transportes e Logística, que usa o conceito Lean adaptado e desenvolvido para sua operação on demand no setor farmacêutico, com a aplicação da visão do cliente em todas as etapas do projeto: • Concepção• Validação• Implantação• Melhorias contínuas

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A Atlas também aplicou o sistema Lean na Operação In House, do setor automotivo. Neste caso, o processo envolveu o gerenciamento das etapas de picking, conferência, emba-lagem, expedição e reabastecimento.

A Cedro Cachoeira, empresa nacional centenária, sediada em Belo Horizonte (MG) e que atua no ramo têxtil, foi outra empresa que aplicou com sucesso os conceitos do Lean. Seus objetivos eram reduzir a complexidade da cadeia de abaste-cimento e torná-la enxuta e ágil.

Além da Cedro e da Atlas, outras empresas nacionais e multinacionais instaladas no Brasil aplicaram o Lean em etapas isoladas da cadeia de abastecimento ou integraram algumas delas. Podemos considerar a aplicação dos concei-tos do Lean ao Supply Chain segundo as etapas da figura 1. O ponto de partida é a Gestão da Demanda. Ele deve trabalhar com o conceito do sistema de “puxar”, observando sinais da demanda (quais sinais do mercado, concorrência, etc., indi-cam tendências), utilizar práticas de colaboração (como o CPFR) e de Planejamento (como S&OP – Planejamento de Vendas e Operações), além de utilizar práticas de gestão de estoques.

A etapa seguinte é a de Redução de Custos e Desperdícios, na qual deve ser aplicado o conceito dos sete desperdícios. Em seguida, começa a etapa de padronização de processos. Ela permite criar um fluxo contínuo, pois padroniza os pro-cessos de Produção, Planejamento e Logística, além dos Pro-jetos, Componentes, Subcomponentes e Embalagens. Quan-do a padronização é realizada com a ferramenta VSM (Mapa de Fluxo de Valor), é possível visualizar o estado atual e o estado o qual se deseja atingir, eliminando os desperdícios.

A padronização da indústria é uma etapa importante. Conforme o segmento, é possível padronizar não apenas produtos, mas também informações ao longo da cadeia. Um exemplo que envolve a logística é a padronização in-ternacional de pallets e contêineres, o que permite sua mo-vimentação e transporte globalmente, com rapidez. A mu-dança cultural, como em outros trabalhos desta natureza, é um fator determinante, pois envolve mudança de conceitos, entendimento dos mesmos e quebra de paradigmas. O Lean depende das pessoas, não de sistemas e equipamentos. A colaboração entre empresas que se inter-relacionam é outro fator importante para se conseguir, de forma integrada, en-tregar valor ao cliente, estabelecendo relações de confiança ao longo da cadeia. A figura 2 mostra a aplicação do conceito Lean no Supply Chain, com redução do desperdício em várias etapas: armazenagem, transporte, planejamento, produção, movimentação, separação, etc. A figura também e compara o sistema tradicional com o sistema de “puxar”.

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Figura1: conceitos do Lean aplicados ao Supply Chain

Figura 2: Aplicação do conceito Lean no Supply Chain

Figura 3: Etapas da metodologia para aplicação

do Lean

Referências bibliográficas: Zylstra, Kirk; Distribuição Lean; Editora Bookman, 2008 | Liker, Jeffrey; O Modelo Toyota, Editora Bookman, 2007

Uma das formas de se aplicar o conceito Lean é a utilização da metodologia Kaizen, que prevê, em uma semana, o treinamento, o desenho da situação atual, a projeção da situação futura e a implantação do novo processo, eliminando os desperdícios e com ganhos expressivos. A figura 3 ilustra as etapas da metodo-logia para aplicação do Lean. A implantação do Lean na Logística tem evoluído para além das empresas de transporte ou operadores logísticos. Um exemplo é sua aplicação na logística de serviços, como por exemplo, em hospitais e sistema de transplante de órgãos.

Lean Logistics

O termo Lean surgiu na década de 80 e foi cunhado pelo assistente de pesquisa do MIT (Massachussets Institute of Technology), John Kraf-cik, após participar do Internatio-nal Motor Vehicle Program. Como resultado de suas pesquisas, em 1990 ele publicou o livro “A Má-quina que Mudou o Mundo”, um estudo do Sistema Toyota de Pro-dução, que originou o termo Lean. Tratava-se de um sistema muito mais eficaz e eficiente que o tra-dicional, de produção em massa, o que rendeu enorme relevância ao estudo de John Krafcik.

O Lean Manufacturing surgiu na manufatura da indústria automo-tiva, e ao longo de vários anos, foi aplicado apenas a esse setor. Pos-teriormente, o Lean foi estendido a outros ambientes da organiza-ção: administração, desenvolvi-mento de produto, produção, lo-gística, etc.

Com essa evolução, surgiu a ex-pressão “Lean Thinking”, que virou sinônimo de mentalidade enxuta. Sua filosofia era, basicamente, eliminar desperdícios. E seguin-do sua evolução, mais adiante, os setores aeronáutico, eletrônico, de mineração, da construção civil, bancário, hospitalar, etc., também

Autor: M.e Antonio Carlos SanchesPossui graduação em Engenharia Industrial pela Universidade Santa Cecília, especialização em MBA Executivo Internacional pela Universidade de São Paulo e mestrado em Engenharia de Produção e Sistemas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. É doutorando e pesquisador do LALT/UNICAMP. Possui 30 anos de experiência em empresas nacionais e multinacionais em empresas como Pirelli, COOPERS & LYBRAND, O Boticário, SSA Global e Grupo Wheaton Vidros. É professor da disciplina Lean Logistics do curso de especialização em Gestão da Cadeia de Suprimentos e Logística do LALT/UNICAMP e Diretor de Operações e TI da Antilhas Embalagens.

O que é gestão de projetos?

passaram a incorporar o sistema Lean.

E uma das evoluções do Lean Ma-nufacturing foi sua aplicação em Lo-gística e Supply Chain: o Lean Lo-gistics e o Lean Supply Chain. Apesar da literatura em português ser es-cassa, a literatura inglesa dispõe de numerosas publicações de artigos e livros.

Em síntese, os princípios do Lean Logistics são:• Valor: definir o que é valor;• Fluxo de Valor: Identificar e se-parar os processos da cadeia pro-dutiva em três tipos: os que efeti-vamente geram valor; os que não geram valor, mas são importantes para a manutenção dos processos de qualidade; os que não agregam valor e devem ser eliminados;• Fluxo Contínuo: construir um fluxo, dando fluidez às atividades que restaram;• Produção Puxada: as empresas não empurram, são os consumido-res que “puxam”;• Perfeição: objetivo constante de buscar a melhoria contínua.

A aplicação do Lean Logistics é um processo de longo prazo, que afeta processos e pessoas, com re-sultados significativos. A ordem de grandeza dos resultados varia de

Div

ulga

ção

reduções de desperdícios entre 25 e 50%. Os sete principais desper-dícios que nasceram no Lean Ma-nufacturing são: 1. Produção em excesso2. Tempo de espera3. Transporte4. Excesso de processamento;5. Inventário6. Movimento7. Defeitos

Uma vez adaptados ao Lean Lo-gistics, eles se reduzem a cinco des-perdícios:1. Tempo de Espera2. Transporte3. Excesso de processamento4. Inventário5. Movimento

Várias empresas do Brasil já implementaram o Lean em suas operações logísticas. Entre elas, a Atlas Transportes e Logística, que usa o conceito Lean adaptado e desenvolvido para sua operação on demand no setor farmacêutico, com a aplicação da visão do cliente em todas as etapas do projeto: • Concepção• Validação• Implantação• Melhorias contínuas

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