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1 LOGÍSTICA DE TRANSPORTE: ANÁLISE DO PROCESSO DE TERCEIRIZAÇÃO EM UMA EMPRESA CATARINENSE DO RAMO ATACADISTA DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS GT 1 Gestão de Operação e Logística Geovana Nazario Uliano / [email protected] / Unibave Flávio Schlickmann / [email protected] / Unibave Jacira Wagner Zanatta / [email protected] / Unibave Resumo A Logística de transporte se tornou nos últimos anos um grande objeto de estudo e competitividade dentro das organizações brasileiras, principalmente em função dos custos e dificuldades vinculados a sua gestão. Esse fato trouxe a tona inúmeros questionamentos, entre eles a viabilidade da terceirização do transporte. Diante desse contexto esse estudo teve como objetivo principal analisar o processo de terceirização do transporte numa empresa catarinense do ramo atacadista, procurando descrever os resultados desse processo. Trata-se de uma pesquisa prática, abordada de maneira qualitativa, tendo seus objetivos realizados de maneira exploratória, e como procedimento técnico o estudo de caso. Ao final, pode-se observar que a terceirização trouxe para a empresa não somente a diminuição de seus custos na distribuição, mas também um ganho de competitividade nas regiões atendidas em função da entrega eficaz e eficiente, ou seja, nas conformidades exigidas pelo cliente, no tempo certo e ao menor custo possível. Palavras-chave: Logística, Transporte, Terceirização. Introdução Atualmente, o cenário competitivo e em constante evolução, somado a crescente exigência dos consumidores por produtos e serviços de qualidade e ao menor tempo possível, tem alterado intensamente os ambientes organizacionais, aumentando o grau de complexidade e de incertezas quanto ao futuro, exigindo rápidas mudanças nas organizações e em suas estruturas, principalmente em termos de custos operacionais. O Transporte representa, com sua importância já evidenciada em vários trabalhos e pesquisas na área operacional da logística, em média, 60% dos custos logísticos e 3,5% do faturamento de uma organização. Sua relevância pode ser medida através de indicadores financeiros (custos, faturamento e lucro) e observada com base na qualidade dos serviços com impacto direto no tempo de entrega, na confiabilidade e na segurança dos produtos. A maior preocupação se dá em obter o melhor serviço de transporte, que atenda às necessidades logísticas ao menos tempo e custo possível (FERNANDES, 2008). Partindo desse contexto, o presente trabalho teve por objetivo geral: estudar o processo de terceirização do transporte de uma empresa do ramo atacadista de produtos alimentícios de Santa Catarina a fim de relacionar os conceitos relacionados à logística de transporte com a realidade organizacional. Essa análise se fez necessária por pressupormos que a terceirização do transporte pode ser uma solução viável para a redução dos custos e melhora na qualidade da entrega dos

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LOGÍSTICA DE TRANSPORTE: ANÁLISE DO PROCESSO DE TERCEIRIZAÇÃO

EM UMA EMPRESA CATARINENSE DO RAMO ATACADISTA DE PRODUTOS

ALIMENTÍCIOS

GT 1 – Gestão de Operação e Logística

Geovana Nazario Uliano / [email protected] / Unibave

Flávio Schlickmann / [email protected] / Unibave

Jacira Wagner Zanatta / [email protected] / Unibave

Resumo

A Logística de transporte se tornou nos últimos anos um grande objeto de estudo e

competitividade dentro das organizações brasileiras, principalmente em função dos custos e

dificuldades vinculados a sua gestão. Esse fato trouxe a tona inúmeros questionamentos, entre

eles a viabilidade da terceirização do transporte. Diante desse contexto esse estudo teve como

objetivo principal analisar o processo de terceirização do transporte numa empresa catarinense

do ramo atacadista, procurando descrever os resultados desse processo. Trata-se de uma

pesquisa prática, abordada de maneira qualitativa, tendo seus objetivos realizados de maneira

exploratória, e como procedimento técnico o estudo de caso. Ao final, pode-se observar que a

terceirização trouxe para a empresa não somente a diminuição de seus custos na distribuição,

mas também um ganho de competitividade nas regiões atendidas em função da entrega eficaz

e eficiente, ou seja, nas conformidades exigidas pelo cliente, no tempo certo e ao menor custo

possível.

Palavras-chave: Logística, Transporte, Terceirização.

Introdução

Atualmente, o cenário competitivo e em constante evolução, somado a crescente

exigência dos consumidores por produtos e serviços de qualidade e ao menor tempo possível,

tem alterado intensamente os ambientes organizacionais, aumentando o grau de complexidade

e de incertezas quanto ao futuro, exigindo rápidas mudanças nas organizações e em suas

estruturas, principalmente em termos de custos operacionais.

O Transporte representa, com sua importância já evidenciada em vários trabalhos e

pesquisas na área operacional da logística, em média, 60% dos custos logísticos e 3,5% do

faturamento de uma organização.

Sua relevância pode ser medida através de indicadores financeiros (custos,

faturamento e lucro) e observada com base na qualidade dos serviços com impacto direto no

tempo de entrega, na confiabilidade e na segurança dos produtos. A maior preocupação se dá

em obter o melhor serviço de transporte, que atenda às necessidades logísticas ao menos

tempo e custo possível (FERNANDES, 2008).

Partindo desse contexto, o presente trabalho teve por objetivo geral: estudar o processo

de terceirização do transporte de uma empresa do ramo atacadista de produtos alimentícios de

Santa Catarina a fim de relacionar os conceitos relacionados à logística de transporte com a

realidade organizacional.

Essa análise se fez necessária por pressupormos que a terceirização do transporte

pode ser uma solução viável para a redução dos custos e melhora na qualidade da entrega dos

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produtos podendo, essa análise, contribuir para estudos e projetos de terceirização futuros em

outras empresas do ramo.

A análise ocorreu por meio de observações na empresa estudada, sendo que o foco dos

estudos concentrou-se, exclusivamente, em temas relacionados à logística de transporte. De

maneira geral, trata-se de uma pesquisa de natureza prática, abordada de maneira qualitativa,

tendo seus objetivos realizados de maneira exploratória. Como procedimento técnico,

utilizou-se fundamentalmente o estudo de caso, sendo que para obter conhecimentos sobre o

tema estudado, como também, sobre a realidade da empresa em questão, foram utilizadas

pesquisas documentais e bibliográficas, coletadas de livros e artigos, disponibilizados on-line.

Feitas as devidas considerações, encerra-se esta introdução apresentado a forma como

estão organizados os assuntos do trabalho, dos quais temos o contexto da pesquisa, passando

pela fundamentação teórica e concluindo com a apresentação dos resultados onde são

apresentados o diagnóstico e o prognóstico da análise organizacional.

Logística

A logística existe desde a antiguidade. Os primeiros homens executavam atividades

ligadas à logística, mesmo sem conhecer o verdadeiro significado da mesma. Na construção

ou montagem de ferramentas para caçar, pescar etc., utilizavam-se da logística para executar

tais atividades. Porém, o termo logística, em conjunto com suas atividades, passou a ter

destaque somente nos últimos anos.

A busca pela eficiência nos processos internos se tornou regra dentro das

organizações, sendo inclusive um fator determinante no sucesso das mesmas. Neste ponto,

surgiu à logística empresarial como um setor cada vez mais importante dentro das empresas

quando o assunto é eficiência, visto os altos custos envolvidos na administração de materiais,

em especial na gestão do estoque que visa fundamentalmente o abastecimento e na gestão da

armazenagem que se preocupa com a administração do espaço necessário para manter os

estoques ou com o acondicionamento e movimentação dos materiais. Para Novaes (2007, p.

45) “a atividade logística passou a ser imprescindível nos últimos anos e o perfil do

profissional de logística também sofreu fortes mudanças”.

No Brasil, a área de compras deixou de ser mero suporte para ser considerada

estratégica. Os sinais da valorização da logística atualmente podem ser explicados na criação

de cargos em logística nos organogramas das empresas e também no papel desempenhado

pela atividade no cenário globalizado. A redução de custos era a única prioridade no processo

logístico e era percebida, antigamente como parte operacional das empresas. Hoje, o contexto

de mercado destaca a logística como essencial para os ganhos dos que atuam em um

segmento cada vez mais competitivo (NOVAES, 2007).

Com o planejamento, organização, direção e controle é possível fazer da logística a

diferença nas reduções de custos, tornando o empreendimento competitivo e a altura das

exigências desse novo mercado atual. A logística cria a cooperação entre todos os processos

da empresa, evitando desperdício, e representando ganhos financeiros maiores e mais

lucrativos (NOVAES, 2007).

A logística é o processo de planejamento, implantação e controle do fluxo eficiente e

eficaz de mercadorias, serviços e das informações relativas desde o ponto de origem até o

ponto de consumo com o propósito de atender às exigências dos clientes. Tem como princípio

entregar a mercadoria certa, na hora certa na qualidade e na quantidade especificada, evitando

perda nas vendas; sendo dividida em dois tipos de atividades: as principais e as secundárias

(BALLOU, 2006):

Principais: Transportes, Estoques e Processamento de Pedidos;

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Secundárias: Armazenagem, Manuseio de materiais, Embalagem, Obtenção/Compras,

Programação de produtos e Sistema de informação.

Ainda segundo Ballou (2006), essas atividades são gerenciadas através de dois grandes

processos, a administração de materiais e a administração da distribuição física.

Administração de materiais

A administração de materiais trata da estratégia, organização, planejamento e controle

de todas as atividades ligadas ao fluxo de materiais em uma empresa, visando atender as

necessidades de uma organização. A administração de materias visa essencialmente o

gerenciamento do estoque e da armazenagem de matérias dentro do processo logístico da

organização, do recebimento da matéria prima ou mercadoria à expedição do produto para

comercialização ou entrega (BALLOU, 2011).

Estoque de materiais

Na cadeia de suprimentos o estoque é qualquer quantidade de material que seja

armazenada, para uso futuro, por algum intervalo de tempo (ALENCAR, 2015).

Para Ballou (2006, p. 110), “o estoque objetiva garantir a máxima disponibilidade dos

produtos com a menor quantidade possível, pois explica que a quantidade de recursos ou bens

produzidos sem giro é intimamente ligado à capital parado”. Portanto, para melhor gerenciar

o estoque, é essencial relacionar o departamento de compras e finanças. O setor de compras

realiza atividade de forma econômica enquanto o setor de administração financeira busca

equilibrar os custos.

O sistema de estoque requer um planejamento, objetivo, organização e controle sobre

suas estratégias de estoque, com o intuito de melhorar o atendimento com o cliente, de

maneira sincera, clara, e que cada vez mais exigente e individualizado. Carvalho (2006)

enumera os objetivos do setor de controle de estoques:

Determinar qual produto deve permanecer no estoque e quando o mesmo deve ser

reabastecido;

Receber, armazenar e guardar os produtos;

Executar aquisição do produto faltante no estoque;

Controlar os estoques em termos de quantidade e valor;

Identificar e retirar do estoque os itens obsoletos e danificados.

O método de previsão de demanda é fundamental e essencial no planejamento, na falta

ou necessidade do produto. Antecipar-se ou ter uma suposição de vendas pode não ser

confiável e seguro por completo, mas é importante planejar formas de conceder algo, devido à

concorrência do mercado.

Segundo Ballou (2006, p. 105), “para repor o seu estoque à empresa deve observar

parcialmente a incerteza da demanda”. Os pedidos devem ser programados deixando um

estoque médio de segurança. O estoque de segurança é influenciado pela variabilidade da

demanda entre o tempo entre o momento de entrada até a sua saída do estoque. Assim as

organizações utilizam do método de previsão de demanda para o seu planejamento das

necessidades de seu estoque.

Armazenagem de materiais

O armazenamento de materiais é a base para o gerenciamento da cadeia de

suprimentos. A atividade de armazenagem se preocupa com a estocagem ordenada e a

distribuição de produtos acabados dentro da fabrica ou em locais destinados a este fim, pelos

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fabricantes, ou através de um processo de distribuição. No passado, um armazém era definido

como “um lugar para guardar materiais”. Hoje, a armazenagem integra a politica da empresa

no que diz respeito à produção, marketing, finanças. Seu planejamento deve visar o

aproveitamento das oportunidades de redução de custos e eliminação de esforços, tendo com

objetivos principais, segundo Carrefoni, (2009):

Maximizar o uso dos espaços;

Facilitar o acesso aos itens do depósito;

Proteger e abrigar os materiais;

Facilitar a movimentação interna do depósito;

Maximizar a utilização de mão-de-obra e equipamentos.

Para o cumprimento desses objetivos, quatro macroprocessos são executados durante o

processo de armazenagem: o recebimento, a estocagem, a coleta e a distribuição ou

expedição. As duas primeiras integram o processo de entrada de um produto na instalação de

armazenagem, de acordo com algumas técnicas (PEPS, UEPS, PVPS), enquanto as outras

duas compõem o processo de saída dos produtos (CHIAVENATO, 2005).

Distribuição física

O transporte e o armazenamento são as principais atividades que compõem a

distribuição física, movimentando os produtos desde o fim da produção até o mercado de

clientes. Para Ballou (2011, p. 40), “distribuição física é o ramo da logística empresarial que

trata da movimentação, estocagem e processamento de pedidos dos produtos finais da firma.

Tem como objetivo garantir a disponibilidade dos produtos requeridos pelos clientes á medida

em que eles desejem e isto deve ser feito a um custo razoável.” Define-se por distribuição

física três elementos globais, segundo Bertaglia (2003):

Recebimento: inicia-se quando o veículo é aceito para descarregar um produto ou

material que está destinado ao armazém ou centro de distribuição, o produto é contado

ou pesado e o resultado é comparado com o documento de transporte;

Armazenamento: Após o recebimento, os itens são armazenados em locais específicos

no depósito ou no centro de distribuição, em prateleiras, estantes, tanques, estrados, ou

até mesmo acondicionados no solo, muitas vezes sobre protetores de umidades, para

facilitar a localização. Estes locais podem ser sinalizados por tipo de produtos ou

endereços;

Expedição: A expedição ou despacho corresponde ao processo de separar os itens

armazenados em determinado local movimentando-os para outro lugar com o objetivo

de atender a uma demanda específica que pode ser o envio de produtos a um cliente ou

terceiro com o objetivo de agregar valor ao item. Dentro da operação de expedição ou

despacho podemos detalhar as atividades de separação, emissão de documentos e

carregamento da carga.

Diretamente relacionado à distribuição física, varias são as decisões a serem tomadas

para que o processo ocorra da maneira mais eficaz e eficiente possível. Podem ser

relacionadas às seguintes preocupações: localização dos armazéns, seleção dos modais de

transportes, sistema de processamento de pedidos etc., sendo divididas, segundo Carvalho

(2006) em:

Decisão tática: Responsável pelos recursos da distribuição física (caminhões,

armazéns, sistemas de processamento de pedidos). Suas preocupações são: ociosidade

do equipamento de transmissão de pedidos; ocupação otimizada da área de armazéns;

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otimização dos meios de transportes, sempre em níveis máximos possíveis à carga

etc.;

Decisão operacional: diz respeito às tarefas diárias que o gerente de distribuição e seus

subordinados devem desempenhar para garantir que os produtos sejam movimentados

(carregar caminhões, embalar produtos). O foco se concentra na supervisão e

realização de tarefas. Pode ser citada também a manutenção de registros dos níveis de

inventário.

Canais de distribuição

Para que um produto chegue do fabricante até o consumidor, ele é normalmente

intermediado. Esses intermediários de produtos são chamados intermediários ou ainda de

canais de distribuição. A função básica de um canal de distribuição é escoar a produção de

bens em geral, sejam bens de consumo, sejam bens industriais ou ainda serviços (COBRA,

1992). Segundo Las Casas (2004), o canal de distribuição pode ser estruturado de diferentes

formas, de acordo com os produtos distribuídos (industriais ou se consumo):

Os produtos industriais possuem quatro possibilidades de distribuição;

Os produtos de consumo possuem cinco possibilidades, conforme figura-1.

Figura 1: Canal de Distribuição – Produtos de consumo

Fonte: Las Casas, 2004.

Conforme a figura 1, os canais de distribuição para produtos de consumo são divididos

em cinco possibilidades ou canais. Conforme Las Casas (2004, p.217):

a) Fabricante - consumidor: este canal direto é utilizado quando o fabricante prefere não

utilizar os intermediários disponíveis no mercado, optando por uma força de vendas

própria e providenciando a movimentação física dos produtos até o consumidor final.

Este canal oferece á empresa a vantagem de maior controle das funções de marketing a

serem desempenhadas, sendo possível conduzir as vendas sem a necessidade de

motivar intermediários e depender do resultado de terceiros;

b) Fabricante – varejista - consumidor: é um dos canais mais utilizados pelos fabricantes

de produtos de escolha, como vestuário, livros e eletrodomésticos. Neste caso, o

produtor transfere ao intermediário grande parte das funções mercadológicas;

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c) Fabricante-atacadista-varejista-consumidor: este tipo de canal é utilizado quando a

distribuição visa atingir um número grande de consumidores. Os distribuidores

compram dos fabricantes em grandes quantidades e, de acordo com os pedidos,

vendem para os varejistas em quantidades menores. Uma empresa que visa cobrir um

mercado de forma intensiva pode utilizar-se deste canal que, além de vendas, oferece

financiamento, transportes, promoções etc. Refrigerantes e produtos de limpeza são

exemplos de produtos distribuídos por este tipo de canal;

d) Fabricante-agente-varejista-consumidor: Em alguns casos, os fabricantes preferem

vender aos varejistas por intermédio de agentes e não de atacadistas. O agente não

oferece normalmente muitos dos serviços prestados pelos atacadistas, enfatizando

principalmente o trabalho de vendas;

e) Fabricante-agente-atacadista-varejista-consumidor: Este é o canal mais longo para a

distribuição de produtos de consumo. Sua utilização permite uma cobertura de

mercado ainda maior que a do canal “C”. Neste caso, aparece a figura do agente que,

normalmente, não toma posse dos produtos comercializados e presta sobre tudo

serviços de vendas para seus fabricantes.

Quando observamos os níveis de canais bem como os seus tipos, notamos que é um

dos setores mais complexos e importantes da distribuição física, A vantagem competitiva de

uma empresa pode estar na forma de distribuir, ou seja, na maneira com que o produto chega

até o cliente final, com qualidade e eficiência (BERTAGLIA, 2010).

Segundo Novaes (1994), um canal de distribuição representa uma sequência de

empresas ou organizações que vão transferindo a posse de um produto do fabricante até o

consumidor final. A definição mais detalhada dos objetivos dos canais de distribuição

depende essencialmente de cada empresa, da forma como ela compete no mercado e da

estrutura geral da cadeia de suprimento.

Gestão de Transporte

O transporte pode ser entendido como o movimento do produto de um local para o

outro, partindo do início da cadeia de suprimentos até o cliente final. Sendo assim, o

transporte é uma das principais funções logísticas. O transporte tornou-se fundamental para

toda a cadeia de suprimento, pois os produtos dificilmente são fabricados e consumidos no

mesmo local. O transporte é responsável por todo e qualquer atividade econômica, sem ele,

não há desenvolvimento em uma cidade, região ou país.

Segundo Ballou (1993), o custo que o transporte representa é geralmente o elemento

mais importante dentro da logística das empresas, podendo chegar absorver até dois terços

dos custos ligados à logística. Desta forma, a escolha de qual modal, como também qual canal

de distribuição utilizar para transportar os produtos produzidos pela organização até o cliente

é uma decisão estratégica e complexa. Portanto, investir na gestão de transportes é uma forma

de as empresas melhorarem a sua eficiência junto a fornecedores e clientes, além de buscarem

uma redução nos gastos com logística. Por isso, o transporte de carga vem deixando de ser

uma questão puramente operacional para entrar no centro das discussões e decisões

estratégicas das empresas embarcadoras de carga.

Deve considerar a minimização do custo de transporte, levando em consideração a

conservação do produto, a consolidação de carga, a roteirização da carga, bem como o tempo

disponível. Para Bowersox e Closs (2001) o projeto de sistemas logísticos, deve-se procurar

manter um equilíbrio sutil entre custo de transporte e qualidade de serviço. Três fatores são

fundamentais para o desempenho do transporte: custo, velocidade e consistência.

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Sistema de transporte

O sistema de transportes são as partes que compõem as vias, os veículos e os terminais

que se interagem de modo a promover deslocamento espacial de pessoas e mercadorias.

Conforme, Ballou (1993), o sistema de transporte, refere-se a todo conjunto de

trabalho, facilidades e recursos que compõem a capacidade de movimentação na economia.

Essa capacidade implica o movimento de carga e de pessoas podendo incluir o sistema para

distribuição de intangíveis, tais como comunicações telefônicas, energia elétrica e serviços

médicos.

A maior parte da movimentação de carga é manipulada por cinco modos básicos de

transporte interurbano (ferrovia, rodovia, hidrovia, dutos e aerovias) e pelas diversas agências

de transporte, que facilitam e coordenam esses movimentos (agentes de transporte,

transportadoras, associações de exportadores). Dentre todos os modais citados, o modal

rodoviário, é o mais utilizado no Brasil. O transporte rodoviário é o principal meio de

escoamento da produção nacional e configura um importante complemento para outros

modais de transporte, pois no início e no final de cada operação, seja no transporte aéreo ou

aquático, o transporte por rodovias é imprescindível na coleta ou entrega de produtos

(LOGÍSTICA DESCOMPLICADA, 2016).

Bertaglia (2003, p. 283) descreve: “o transporte rodoviário é o mais independente dos

transportes, uma vez que possibilita movimentar uma grande variedade de materiais para

qualquer destino devido à sua flexibilidade, sendo utilizado com eficiência para pequenas

encomendas”. Segundo Dias (1995), as principais vantagens do transporte são:

Manuseio mais simples (cargas menores);

Grande competitividade em distâncias curtas e médias;

Elevado grau de adaptação;

Baixo investimento para o transportador;

Rapidez e eficaz;

Grande cobertura geográfica.

Em contrapartida, Dias (1995), também descreve as principais desvantagens sendo:

Aumento do preço com a distância percorrida;

Espaço limitado em peso e cubagem;

Sujeito à regulamentação (circulação e horários);

Dependência de rodovias;

Sujeito à circulação de trânsito.

Transporte terceirizado

A terceirização do transporte rodoviário de cargas é cada vez mais uma realidade nas

empresas brasileiras e deve ser vista não apenas como um redutor de custos e sim como uma

ferramenta gerencial.

Segundo Giosa (1997), terceirização é um processo de gestão pelo qual se transferem

algumas atividades para uma empresa terceira, com o qual o contratante estabelece uma

relação de parceria, passando a se concentrar apenas em atividades essencialmente ligadas ao

seu ramo de negócio.

Segundo Reis (2006), as vantagens do processo de terceirização logística são: manter

foco no negócio principal (core business), redução de custo, transformar custos fixos em

variáveis, aumentar a flexibilidade, a eficiência e a produtividade dos processos logísticos, ter

acesso à tecnologia de ponta, com atualização frequente, reduzir investimento em ativo fixo,

aumentar a cobertura geográfica, ingressar em mercados não familiares ou não conquistados,

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substituir a área de armazenagem por área de produção, melhorar o atendimento ao cliente e

reduzir problemas trabalhistas.

A decisão de se terceirizar ou não o transporte rodoviário de cargas caminha junto com

a identificação da competência central da organização, sendo esta o conjunto de atividades e

sistemas que a organização desempenha melhor que seus concorrentes, oferecendo maior

valor aos clientes.

Neste caso existem as maiores variações em relação aos motivos que geram a

terceirização e aos modelos adotados, dos quais sobressaem, segundo Guia Log (2016):

Dedicação ao negócio (core business), transferência de investimentos e custos fixos

para terceiros, redução de custos, melhorias nos controles, absorção de experiência,

disposição de novos canais de distribuição, etc.;

Evitar passivo trabalhista, transferindo o pessoal (motoristas e ajudantes) para a

empresa terceirizada;

A maior parte das empresas terceirizam apenas com foco na redução de custos, não se

importando em, no mínimo, manter o mesmo padrão da frota e qualidade de

atendimento ao cliente;

A preocupação com redução de custos leva inúmeras empresas a trabalhar com uma

quantidade muito grande de pequenas empresas simultaneamente;

Incentivo à formação de pequenas empresas, com os próprios motoristas e ajudantes

que absorvem os veículos da frota. Este modelo deveria ter o apoio direto da empresa,

no mínimo para formação de custos e treinamento. Contudo, como isso não tem

ocorrido, acaba gerando problemas de curto prazo, muitas vezes com a reversão do

processo ou transferência para transportadoras de maior porte;

Transferência para pequenas empresas que vivem exclusivamente em função da

contratante e subcontratam autônomos (geram problemas semelhantes ao modelo

anterior);

Transferência para empresas médias, bem estruturadas, com direção e corpo gerencial

comprometidos, que tenham pelo menos 30% a 40% de frota própria, e 30% de

agregados, apesar do custo maior em relação aos modelos anterior tem apresentado

maiores níveis de acerto;

Transferência para grandes empresas tem sido pouco utilizadas em função do preço,

porém, apresenta um potencial muito grande de sucesso, desde que o processo de

escolha e o acompanhamento sejam desenvolvidos criteriosamente.

Transporte próprio

O transporte próprio permite o ganho de desempenho operacional melhor, maior

disponibilidade e capacidade de transporte e menores custos, porém parte da flexibilidade

financeira precisa ser conduzida a investimentos na capacidade de transporte ou num arranjo

contratual em longo prazo.

O custo da operação de um serviço próprio de transportes é determinado de maneira

muito parecida com a de qualquer outro ativo. O proprietário de um serviço exclusivo de

transporte precisa realizar seu trabalho sempre como se fosse necessário fazer uma

comparação entre serviços alternativos de transporte (BALLOU, 2006).

De acordo com Ballou (2006), quando o volume de embarque é significativo, um

serviço próprio de transporte torna-se eventualmente mais econômico do que a terceirização

dessa atividade. Contudo algumas empresas se veem forçadas a ter transporte próprio, mesmo

a custos muito altos, quando suas necessidades particulares de serviço não conseguem ser

adequadamente satisfeitas pelas transportadoras comuns.

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Apesar do transporte rodoviário de cargas ser uma das atividades da logística com

maior índice de terceirização, algumas empresas ainda mantêm frota própria, por diversos

motivos, entre os quais podemos destacar, segundo Guia Log (2016):

A empresa pode não estar preparada para compartilhar informações, expor estratégias

a terceiros e apenas gerenciar e avaliar o processo sem interferir na rotina;

Não tem segurança se ao terceirizar o transporte será mantido o mesmo nível de

manutenção da frota, e qualidade de atendimento ao cliente, pondo em risco a imagem

da empresa;

A frota é antiga, porém atende às necessidades da empresa e já está depreciada.

Consequentemente seu custo é relativamente baixo (apesar da manutenção) e o valor

de venda dos veículos é muito baixo se considerado o valor para amortização na

compra de veículos novos;

No caso específico de atacadistas ou empresas que distribuem produtos sem marca

própria, a terceirização poderia caracterizar a transferência do cadastro e do perfil dos

clientes; em outras palavras, terceirizar o transporte poderia estar pondo em risco o

negócio;

Quadro 1: Diferenças entre transporte próprio e terceirizado FROTA PRÓPRIA FROTA TERCEIRIZADA

Manutenção dos veículos e seguros Estrutura enxuta e custos preestabelecidos

Salário dos motoristas e encargos Equipe e ativos agregados

Licenças/impostos Negociação e contratação de fretes

Maior agilidade nas decisões Menor autonomia

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Guia Log (2016).

Portanto, conforme o quadro 1, de maneira geral as diferenças principais entre

transporte próprio e terceirizado são: pelo lado da frota própria, a manutenção dos veículos e

seguros, salário dos motoristas e encargos, licenças, impostos e maior agilidade nas tomadas

de decisão. Por outro lado, utilizando a frota terceirizada tem-se, estrutura enxuta e custos

preestabelecidos, equipe e ativos agregados, negociação e contratação de fretes e menor

autonomia.

Procedimentos Metodológicos

O estudo foi realizado em 2016 em uma empresa do ramo atacadista de produtos

alimentícios de Santa Catarina, sediada em Itajaí. De maneira geral, trata-se de uma pesquisa

de natureza prática, abordada de maneira qualitativa, tendo seus objetivos realizados de

maneira exploratória. Como procedimento técnico, utilizou-se fundamentalmente o estudo de

caso, sendo que para obter conhecimentos sobre o tema estudado, como também, sobre a

realidade da empresa em questão, foram utilizadas ainda pesquisas documentais e

bibliográficas.

Quanto à forma de abordagem do problema, esta pesquisa é qualitativa, pois,

conforme Pereira (2012, p.87):

“A pesquisa qualitativa parte do entendimento de que existe uma relação dinâmica

entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo

objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzidas em números. A

interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo

de pesquisa qualitativa, não requerem o uso de métodos e técnicas. O ambiente

natural é a forma direta para a coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-

chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados individualmente.

O processo e seus significados são os focos principais de abordagem”.

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Para que os objetivos fossem realizados, a pesquisa foi realizada de maneira

exploratória, visto que, o objetivo foi a criação de questões ou de um problema, com a

finalidade de familiarizar o pesquisador com o ambiente, fato ou fenômeno, desenvolver

hipótese ou modificar e clarificar conceitos. É, normalmente, o primeiro passo para quem não

conhece suficientemente o campo que pretende abordar (LAKATOS, 2007).

Por fim, esta pesquisa caracteriza-se como estudo de caso, uma vez que envolve o

estudo rigoroso de objetivos para chegar ao conhecimento detalhado de um fenômeno, neste

caso, as aplicações das boas práticas de fabricação na empresa estudada (GIL, 2008). Além

disso, para obter conhecimentos sobre o tema estudado, como também, sobre a realidade da

empresa em questão, foram utilizadas ainda pesquisas documentais e bibliográficas.

A pesquisa foi realizada através dos documentos e informações repassados pela

empresa. Segundo Lakatos (2007), a pesquisa documental se dá pela fonte de coleta de dados

onde esta restrita a documentos. Podem ser feitas no momento em que ocorre o fato ou o

fenômeno, ou pode ser feita depois. Pode ser realizada em documentos conservados no

interior de órgãos públicos e privados de qualquer natureza.

Já a pesquisa Bibliográfica abrange a bibliografia tronada pública em relação ao tema

estudado, como, por exemplo, materiais como livros, jornais, revistas, acessível ao publico

geral. O material publicado pode ser fonte de primeira e segunda mão (LAKATOS, 2007).

Resultados e Discussão

Esse estudo foi realizado em uma empresa de suprimento do ramo atacadista de

produtos alimentícios, localizada no estado de Santa Catarina. A análise teve como foco o

setor de transportes, em especial o processo de terceirização que foi realizado no ano de 2011,

como forma de melhorar o nível de serviço e reduzir custos logísticos.

De acordo com Ballou (1993), empresas de suprimentos são aquelas que compram

mercadorias principalmente para revenda. Casos típicos são distribuidores e varejistas.

Empresas deste tipo alteram muito pouco a forma do produto. Suas preocupações

fundamentais são as atividades de venda e logística. Tais empresas costumam comprar grande

variedade de itens de fornecedores geograficamente dispersos. Esses itens são então

revendidos em diversas combinações e em pequenas quantidades, geralmente dentro de uma

área geograficamente limitada. Operações características são compra, transporte de

fornecimento, controle de estoques, armazenagem, coleta e entrega. A estrutura para

administração da logística é significativa, havendo certo balanço entre as atividades de

administração de materiais e de distribuição física.

Diagnóstico Organizacional

Atuando durante 40 anos no setor de suprimento, a empresa objeto de estudo, está

localizada no norte de Santa Catarina, a 224 km de criciúma e 127km de Joinville, fazendo da

empresa um ponto forte e estratégico na área logística do estado, facilitando a distribuição de

seus produtos que são distribuídos á 139 cidades de Santa Catarina.

O seu processo de armazenagem é feito a partir do recebimento das mercadorias que

são realizadas em horário comercial. Como técnica de armazenagem, adota a técnica FEFO

(PVPS), primeiro que vence primeiro que sai, visto o alto índice de perecibilidade dos

produtos armazenados.

Após o recebimento é realizada a estocagem ou armazenagem dos mesmos. O picking

(coleta e a separação) dos pedidos são realizados no período noturno a partir das 20h00min,

sendo realizado o carregamento dos pedidos que serão distribuídos aos clientes finais. O ciclo

de pedido dentro do centro de distribuição começa com o recebimento do pedido pelo

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representante comercial externo e posterior cadastro no sistema informatizado sendo, esse

processo, de responsabilidade do setor administrativo e comercial.

O processamento do pedido dentro do armazém é responsável pelo recebimento da

solicitação via sistema, conferência, separação de quantidade e envio a área de logística e

distribuição. Os responsáveis pela área de logística e distribuição recebem os produtos da área

de processamento de pedidos, programam as entregas, emitem as notas fiscais, fazem a

roteirização e processam a entrega pelo seu canal de distribuição até os usuários finais.

Conforme mencionado anteriormente, a empresa possuía frota própria até o ano de

2011, atendendo integralmente todas as suas regiões comerciais. Com o crescimento das

vendas em regiões distantes do centro de distribuição, problemas relacionados à logística de

transportes começaram a ocorrer, especialmente com relação aos custos e a qualidade no

atendimento:

Custos principais observados: Mão de obra, combustível, manutenção de terminais de

carga e descarga, rodovias, pedágios e administrativos-

Qualidade no atendimento: Tempo de entrega, avarias nos produtos e erros de

roteirização.

Quadro 2: Custos logísticos - Frota própria

CUSTOS LOGÍSTICOS MÉDIOS – FROTA PRÓPRIA

TIPO MÊS ANO

Combustível R$42.300,00 R$507.300,00

Mão de Obra R$29.750,00 R$357.000,00

Demais Custos R$27.198,00 R$326.376,00

TOTAL R$99.248,00 R$1.190.976,00

Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme o quadro 2, o total dos custos logísticos aproximados, ao optar pela

utilização do transporte próprio girava em torno de R$1.190.976,00 ao ano, partindo das

médias mensais de R$99.248,00.

Vemos que o custo mais representativo era o de combustível, com R$507.300,00

gastos anualmente, representando 42,59% dos custos totais. Um dos fatores que aumentam

esse custo são os impostos inclusos nos preços dos combustíveis, que somado aos pedágios,

compõem as receitas vinculadas a manutenção e administração das rodovias que por sinal, são

péssimas, aumentando os custos com a manutenção dos veículos.

Além dos custos levantados, outros problemas eram observados ao utilizar frota

própria:

Problemas como atrasos de pedidos e o não cumprimento do tempo de entrega

acarretavam em cancelamentos de pedidos;

A empresa apresentava problemas ao despachar um veículo para as regiões distantes

de sua base central, em função das inúmeras paradas, tendo o veículo retornar, ao fim

das entregas, à base central, o que influenciava significativamente na eficiência do

transporte e entrega.

Prognóstico Organizacional

Os problemas logísticos apresentados forçaram a empresa a estudar uma estratégia

para resolver sua gestão logística. Visando um melhor escoamento dos produtos a seus

clientes, em termos de tempo, qualidade e custos, foram estudadas formas de se obter um

melhor serviço e uma maior rentabilidade nos processos de distribuição para as regiões mais

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afastadas do centro de distribuição, levando a empresa a decidir terceirizar o transporte

logístico nas regiões de Rio do sul, Lages, Braço do Norte e Criciúma, conforme figura 2.

Figura 2: Regiões atendidas

Fonte: Dados da pesquisa.

Como é possível ver na figura 2, a distribuição dos produtos passou a ser realizada por

meio de cinco regiões, que seguem:

Área 01, circulado na cor vermelha: Corresponde á região de Tijucas, cuja

distribuição é realizada por meio de frota própria. 70% das vendas ocorrem nas

regiões mais próximas ao centro de distribuição;

Área 02, circulado na cor azul: Corresponde á região de Rio do sul, cuja

distribuição é realizada por meio de frota terceirizada, com 7% das vendas;

Área 03, circulado na cor verde: Corresponde á região de Lages, cuja distribuição é

realizada por meio de frota terceirizada, com 6% das vendas;

Área 04, circulado na cor laranjada: Corresponde á região de Braço do Norte, cuja

distribuição é feita por meio de frota terceirizada, com 9% vendas;

Área 05, circulado na cor rosa: Corresponde á região de Críciuma, cuja distribuição

é feita por meio de frota terceirizada, com 8% das vendas.

Antes de adotar a terceirização como solução dos problemas, a empresa estudou as

etapas necessárias para o processo de terceirizar, como também, o tipo de empresa que

poderia ser contratada. Após estudos foram contratadas quatro empresas de transportadores

autônomos, localizadas nas regiões em que os serviços de entrega passaram a ser terceirizados

(Região de Rio do Sul, Lages, Braço do Norte e Criciúma).

Com a terceirização, a empresa contratada passou a ser responsável pela distribuição

dos produtos nas regiões anteriormente citadas arcando consequentemente com todos os

custos e despesas envolvidas, incluindo avarias, trocas e perdas de produtos etc. Como forma

de remuneração, passou a receber 5,5% de comissão sobre o valor dos produtos distribuídos,

conforme quadro 3.

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13

Quadro 3: Custos logísticos - Frota Terceirizada

CUSTOS LOGÍSTICOS MÉDIOS – FROTA TERCEIRIZADA

REGIÃO VENDAS COMISSÃO MÊS ANO

Lages R$250.000,00 5,5% R$13.750,00 R$165.000,00

Criciúma R$280.000,00 5,5% R$15.400,00 R$184.800,00

Braço do Norte R$400.000,00 5,5% R$22.000,00 R$264.000,00

Rio do Sul R$190.000,00 5,5% R$10.450,00 R$125.400,00

TOTAL R$1.120.000,00 5,5% R$61.600,00 R$739.200,00

Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme o quadro 3, após a terceirização, a empresa apresentou uma redução em

seus custos de transporte, ao comparar com o quadro 2, chegando a 37,9% de redução,

equivalente a R$451.776,00. Além disso, ocorreu um ganho de eficiência e lucratividade na

movimentação de mercadorias:

O serviço porta a porta, no qual não é feita descarga entre origem e destino, contribuiu

para diminuir o custo total, o tempo de entrega, as perdas e danos com mercadorias;

Influenciou no aumento do volume de carga para as regiões terceirizadas, ocasionada

pelas melhorias nos serviços em relação à concorrência o que estimulou o aumento

nas vendas;

A distribuição, quando realizada no tempo acertado com o cliente, elevou diretamente

as vendas, aumentando a lucratividade e o crescimento da empresa;

Com a terceirização, os compradores tiveram um diferencial em serviços o que

significou custos de estoques mais baixos, incentivados a aumentar sua fidelidade aos

fornecedores que apresentaram melhoria em serviço de entrega no prazo estabelecido

pelo cliente.

Figura 3: Comparativo de custos

Comparativo de custos - Frota própria x Frota terceirizada

0,00

200.000,00

400.000,00

600.000,00

800.000,00

1.000.000,00

1.200.000,00

Custo anual

R$

Frota própria

Frota terceirizada

Fonte: Dados da pesquisa.

Ao analisar a figura 3, percebemos a significativa redução nos custos logísticos

vinculados à distribuição dos produtos, chegando a 37,9% de redução equivalente a

R$451.776,00. Verificou-se que a opção da frota própria consumia mais recursos financeiros

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14

que a opção da frota terceirizada. Assim sendo, com o desenvolvimento da comparação,

percebeu-se que o serviço terceirizado gerou menores custos a empresa.

Quadro-4: Frota própria e terceirização FROTA PRÓPRIA FROTA TERCEIRIZADA

Alto custo com combustíveis, mão de obra e manutenção Redução nos custos de transportes

Cancelamentos ocasionados pelos atrasos Entrega no prazo estabelecido

Perdas com avarias e danos das mercadorias Diminuição com perdas e danos

Menor capacidade de volume de carga Aumento no volume de carga

Valor de venda baixo Aumento nas vendas

Fonte: Adaptado pelo autor.

Conforme o quadro 4, a empresa não teve somente redução de custos. Obteve também

um resultado significativo nos níveis de serviços ao cliente, flexibilidade, controle,

habilidades administrativas e elevação do nível de competitividade no mercado.

Considerações Finais

Ao concluir os estudos, primeiramente podemos perceber o quão importante a

logística é para o ambiente organizacional, influenciando diretamente nos resultados da

organização.

A partir do estudo de caso, verificou-se a viabilidade de se utilizar a terceirização do

transporte na etapa de distribuição dos produtos nas regiões mais afastadas do centro de

distribuição, devido os benefícios que a terceirização pode proporcionar, se implantado de

maneira correta.

O processo de terceirização trouxe para empresa não somente a diminuição de seus

custos na distribuição, mas também um ganho de competitividade nessas regiões.

É importante ressaltar que a empresa precisou adotar medidas de controle de qualidade

para que a redução de custos e o aumento da flexibilidade, esperados com o processo de

terceirização, fossem alcançados. Dessa forma, o sistema de distribuição passou a ser

realizado com eficácia, com produtos entregues em conformidade (dentro dos padrões de

qualidade), na quantidade certa e dentro do prazo programado e com eficiência, ou seja, ao

menos custo possível.

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