LONA 570 - 01/06/2010

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Curitiba, terça-feira, 1º de junho de 2010 - Ano XII - Número 570 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected] DIÁRIO d o B R A S I L Menos fumaça, mais saúde Ontem foi a data institu- ída pela Organização Mun- dial da Saúde (OMS) como sendo o “Dia Mundial sem Tabaco”, e, em 2010, a cam- panha voltou-se para o pú- blico feminino com o tema “Gênero e tabaco com ênfa- se no marketing para mulhe- res”. Dados divulgados ontem no suplemento de Saúde, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), encomendada pelo Instituto Brasileiro de Geo- grafia e Estatística (IBGE), referentes a 2008, apontam que cerca da 24,6 milhões de pessoas fumam no país. Na Região Sul, o número chega a 19% da população. Em Curitiba, membros da Secretaria Municipal da Saúde estiveram ontem nos terminais Fazendinha, CIC, Cabral e Boqueirão realizan- do blitze educativas. Isso se deveu a uma pesquisa feita pelo Centro de Saúde Ambi- ental, que apontou que cer- ca de 900 pessoas são fla- gradas fumando nos termi- nais da capital. Pág. 3 Fernando Mad/ LONA Doenças de inverno A rinite se manifesta em di- versos momentos, no entanto, no inverno, a doença tende a piorar. Algumas medidas po- dem contribuir para amenizar o malestar causado pela infla- mação, entre as quais usar edredons em vez de cobertores, evitar ficar próximo de pelúcia e tapetes empoeirados. Pág. 5 IPI Brasileiros trabalham quase seis meses por ano apenas para pa- gar impostos. O IPI é um deles, mas nem todos sabem o que significa essa sigla. Entenda o que é e como ele afeta o dia a dia dos brasileiros. Pág. 7 Credoincruz! O humor de Guimarães Rosa personificado em Nhô Augusto abre brechas para discussão: neo- logismos ou clichês? O que está presente nas obras do escritor? Pág. 6 Divulgação

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JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO

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Curitiba, terça-feira, 1º de junho de 2010 - Ano XII - Número 570Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected]

DIÁRIO

do

BRASIL

Menos fumaça,mais saúde

Ontem foi a data institu-ída pela Organização Mun-dial da Saúde (OMS) comosendo o “Dia Mundial semTabaco”, e, em 2010, a cam-panha voltou-se para o pú-blico feminino com o tema“Gênero e tabaco com ênfa-se no marketing para mulhe-res”.

Dados divulgados ontemno suplemento de Saúde, daPesquisa Nacional porAmostra de Domicílios(Pnad), encomendada peloInstituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE),referentes a 2008, apontamque cerca da 24,6 milhões depessoas fumam no país. NaRegião Sul, o número chegaa 19% da população.

Em Curitiba, membrosda Secretaria Municipal daSaúde estiveram ontem nosterminais Fazendinha, CIC,Cabral e Boqueirão realizan-do blitze educativas. Isso sedeveu a uma pesquisa feitapelo Centro de Saúde Ambi-ental, que apontou que cer-ca de 900 pessoas são fla-gradas fumando nos termi-nais da capital.

Pág. 3

Fernando Mad/ LONA

Doençasde inverno

A rinite se manifesta em di-versos momentos, no entanto,no inverno, a doença tende apiorar. Algumas medidas po-dem contribuir para amenizaro malestar causado pela infla-mação, entre as quais usaredredons em vez de cobertores,evitar ficar próximo de pelúciae tapetes empoeirados.

Pág. 5

IPIBrasileiros trabalham quase

seis meses por ano apenas para pa-gar impostos. O IPI é um deles, masnem todos sabem o que significaessa sigla. Entenda o que é e comoele afeta o dia a dia dos brasileiros.

Pág. 7

Credoincruz!O humor de Guimarães Rosa

personificado em Nhô Augustoabre brechas para discussão: neo-logismos ou clichês? O que estápresente nas obras do escritor?

Pág. 6

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Curitiba, terça-feira, 1º de junho de 20102

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Espaço

do Leitor

Tudo o que o técnico Dunga queria e precisava nesse iní-cio de preparação para a Copa do Mundo está sendo cumpri-do. Paz, sossego e disciplina. Esse é o tripé que deve guiar oBrasil até a estreia contra a Coreia do Norte no dia 15 de ju-nho em Joanesburgo. Até lá, muito trabalho e dois amistosos.O primeiro contra Zimbábue no dia 2 de junho e o último an-tes da Copa começar contra a Tanzânia no dia 7, a quatro diasdo início do mundial.

O comandante brasileiro queria adversários mais fortesantes da partida contra os norte coreanos. Pedido mais quejustificado. Contudo, em um mundo extremamente capitalis-ta como o nosso, infelizmente o preço dos dólares fala alto esobram à seleção canarinho adversários inexpressivos, cujoresultado não seja outro a não ser uma goleada.

O problema é recorrente, especialmente nos dois últimosmundiais. Como quem marca os amistosos é a CBF, os man-datários do futebol preferem os milhões ao invés de preparara seleção para uma estreia de respeito. Na última Copa foi as-sim. Farra de Weggis à parte, o Brasil enfrentou um combina-do de jogadores de uma comunidade local. O resultado foi umsonoro 8 a 0 e a impressão que a seleção de Parreira estariapronta para o mundial. Ledo engano. Duas partidas na Copabastaram para mostrar que havia muito trabalho a ser feito.

O clima da preparação comandada por Dunga lembra umpouco o modelo seguido por Luiz Felipe Scolari em 2002. Se-leção longe da torcida, concentrada no trabalho físico e semmuito alarde. Naquela ocasião, deu certo. Resta saber qual seráo resultado em solo sul-africano.

Como já disse: se houver a necessidade de praticar medi-das impopulares para conseguir um sucesso a longo prazoque assim seja. A partir do dia 15 de junho essa blindagem eo trabalho desenvolvido pelo capitão do tetra ao longo de qua-tro anos serão colocados à prova.

Bafana Brasilis

Reitor: José Pio Martins. Vice-Reitor: Arno Antonio Gnoatto;Pró-Reitor de Graduação: Re-nato Casagrande; Pró-Reitorde Planejamento e AvaliaçãoInstitucional: Cosme DamiãoMassi; Pró-Reitor de Pós-Gra-duação e Pesquisa e Pró-Rei-tor de Extensão: Bruno Fer-nandes; Pró-Reitor de Admi-nistração: Arno Antonio Gno-atto; Coordenador do Cursode Jornalismo: Carlos Alexan-dre Gruber de Castro; Profes-sores-orientadores: Ana Pau-la Mira e Marcelo Lima; Edito-res-chefes : Aline Reis([email protected]), DanielCastro ([email protected]) e Diego Henrique daSilva ([email protected]).

“Formar jornalistas com abran-gentes conhecimentos gerais ehumanísticos, capacitação téc-nica, espírito criativo e empre-endedor, sólidos princípios éti-cos e responsabilidade socialque contribuam com seu traba-lho para o enriquecimento cul-tural, social, político e econômi-co da sociedade”.

O LONA é o jornal-laboratóriodiário do Curso de Jornalismoda Universidade Positivo – UPRedação LONA: (41) 3317-3044 Rua Pedro V. Parigot deSouza, 5.300 – Conectora 5.Campo Comprido. Curitiba-PR- CEP 81280-30. Fone (41)3317-3000

Expediente

Missão do cursode Jornalismo

Cássio Bida de Araú[email protected]

O colunista de politica Juli-ano Zimmer não tem TV emcasa? Ele continua insistin-do que o Ficha Limpa nãodeu em nada e tipo, só faltao Lula sancionar.Julliana Deon, estudante dePublicidade e Propagandada UP, v ia twi t ter(@jul_liana), sobre a colunade Juliano Zimmer, publi-cada na última quinta-feira.

Opinião

Começou de novo. De quatro em quatro anos, a FederaçãoInternacional de Futebol, a FIFA, organiza o maior evento fu-tebolístico do mundo: a Copa do Mundo, que envolve seleçõesde 32 países. E, toda vez, empresas de pequeno, médio e gran-de porte exploram a paixão do brasileiro (tida erroneamentecomo empírica e inegável) pelo esporte e se valem dela paraestimular uma pressuposta necessidade de consumir objetosinegavelmente essenciais: bandeirinhas, trombetas, nada ir-ritantes buzinas, camisetas “oficiais da Copa”, que levam aassinatura de conceituados designers. De quatro em quatroanos, o país das pessoas que vivem reclamando dos altos im-postos, taxas abusivas e cobranças infindáveis esquece des-sas reclamações e gasta seu tão suado dinheiro num patrio-tismo superficial, colorido e apaixonado.

O conceito de paixão se entende pela definição de “um ir-racional mas irresistível sentimento por uma crença ou ação”.Quem já se apaixonou logo entende do que se fala aqui: nãoimporta o que aconteça, o que falem, o quanto nos machuque-mos. Aquilo ou aquele que é o dono de nossa paixão sempresubjuga qualquer outro fator e acaba monopolizando nossosdesejos e anseios. Em outras palavras, esquecemos de tudo etodos e passamos a nos importar apenas com nossa paixão.E é exatamente isso que se vive a cada quatro anos, uma am-nésia causada pela paixão coletiva pelo esporte. Inclusiveaqueles que não o acompanham normalmente param tudopara saber se a “a bola furou a rede”.

As ruas ficam desertas. Os bares ficam lotados. As man-chetes dos mais importantes veículos informativos são inva-didas pela paixão verde-e-amarela, pelos magos de chuteiras.Essa histeria coletiva é o modo mais efetivo de calar a popu-lação, conduzi-la a um estado de felicidade incomum, de fazê-la esquecer de seus problemas e levá-la à ignorância dos fa-tos (ignorância, lembre-se, é o ato de ignorar). A Copa doMundo é um grande tapa-buraco nos problemas brasileiros,um imenso analgésico para aliviar as constantes dilaceran-tes dores das quais sofremos diariamente. O governador querouba descaradamente dos cofres públicos deixa de ser criti-cado, o assassino de tantos inocentes deixa de ser alvo de co-brança, a crise na economia perde seu impacto e vira uma“marolinha”.

Mas é só outra seleção colocar as mãos na taça que o efei-to do analgésico cessa. As ataduras se rompem, e o brasileirotoma uma dolorida dose da injeção da lembrança.

O analgésicofutebolístico

Thomas Mayer [email protected]

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Geral

Ações contra o tabacomarcam campanha

Camila KelczeskiMariana Sartori

Aconteceu ontem, em Curi-tiba, a comemoração do Diasem Tabaco. O dia também foimarcado pelos seis meses daLei Antifumo na cidade. Parainiciar as comemorações, gru-pos de fiscais da SecretariaMunicipal de Saúde realiza-ram blitze educativas em qua-tro terminais de ônibus. O tra-balho começou às 6h30 nosterminais Fazendinha, Bo-queirão, CIC e Cabral.

João Alberto Lopes Rodri-

gues é médico e responsávelpelo controle do tabagismoda Cidade de Curitiba, e ex-plica que o dia sem tabaco, éuma iniciativa da Organiza-ção Mundial da Saúde(OMS). O objetivo é conscien-tizar as pessoas do malefícioque o cigarro traz para asaúde da população, tantofumantes ativos, como passi-vos.

Rodrigues diz que a rea-lidade dos lugares que antespermitiam o fumo dentro delocais fechados, mudou. “Aspessoas têm mais qualidade

de vida e é também uma ques-tão de respeito com os demais”.

Depois da lei, várias pesso-as como formadores de opinião,entidades de classe e associa-ções que agora cumprem a lei,elogiam os resultados que aproibição do uso do tabaco emlugares fechados traz. “Nós re-cebemos ligações, e-mails e vá-rios elogios por estar conse-guindo cumprir a lei”, conta.

Em Curitiba, a lei Antifumofoi sancionada pelo então pre-feito Beto Richa e, mesmo em vi-gor há menos de um ano, já trazbons resultados, principalmen-

Mesmo com proibição do consumo de cigarros em lugares fechados como bares, lanchonetes e terminais,muitas pessoas continuam fumando em locais inapropriados

Willian Bressan

O cigarro é um vilãopara a boa saúde.Todosos anos milhões de pes-soas são vítimas de ma-les causados pelo hábitodo tabagismo.

Conforme o Ministérioda Saúde, não existemparâmetros seguros parao consumo do tabaco.Isso porque um cigarrochega a possuir mais de4700 substâncias tóxicase deixa o fumante vulne-rável a um grande núme-ro de doenças, entre asquais, são mais frequen-tes:+ Câncer de pulmão+ Câncer de boca+ Câncer de laringe+ Câncer de estômago+ Infarto do miocárdio+ Enfisema pulmonar+ Bronquite+ Trombose vascular

te para pessoas que nunca fu-maram.

Muitos curitibanos concor-dam com a lei, como AnaClaudia Hoeflich. “Se fosseuma coisa que prejudicasse sóquem fuma não teria o porquêde proibir, mas como as outraspessoas se tornam fumantespassivos e podem ter a saúdeprejudicada mesmo sem fumartem que ser proibido”, defen-de.

Apesar de ser fumante, aestudante Ana Beatriz Goriacredita que a lei antifumoseja importante para toda po-

pulação. "O número de doen-ças respiratórias consequente-mente diminui. Assim o gover-no passa a gastar menos coma saúde pública, em partes,não haverá tantos fumantespassivos necessitando de aten-dimento, assim menos dinhei-ro de impostos será destinadapara esse fim. A educação po-derá receber mais atenção, porexemplo”, diz.

Porém, mesmo com a Leiainda há pessoas que não res-peitam a proibição do fumoem determinados espaços.“Eu ainda vejo pessoas fu-mando dentro dos terminais.Não me incomoda mais mui-tos ainda não respeitam alei”, explica a também estu-dante Luiza Vianna.

Matheus Dutra

Cigarro x saúde

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A alergia não é uma do-ença no sentido típico. Narealidade, trata-se de umaresposta do organismo, quenão tolera contato com de-terminados produtos físi-cos, químicos ou biológi-cos, e reage, de forma exa-gerada, a uma ou maissubstâncias aparentementeinocentes que, quando ina-ladas, ingeridas ou porcontato com a pele causamirritabilidade.

Entre os tipos mais co-muns de alergia está a rini-te alérgica, que afeta até30% da população e tendea ser crônica, ou seja, semanifesta com crises fre-quentes.

Por ser uma resposta in-flamatória da mucosa quereveste o nariz, toda vezque entra em contato comos agentes alérgenos, a rini-te apresenta alta incidêncianas últimas décadas. Ela éinfluenciada por fatorescomo poluição, moradia,vida sedentária, ambientescom ar condicionado, entreoutros. “Existem pessoas,adultos ou crianças, queapresentam rinite alérgicadurante o ano todo, e ou-tras cujas manifestações seconcentram em determina-das épocas”, explica Julia-na Trindade, otorrinolarin-gologista.

A rinite alérgica nuncaé contagiosa. Normalmen-te, existe uma história fami-liar de rinite, ou seja, é he-reditária. Por exemplo,quando os pais têm rinitealérgica, o filho tem 80% dechance de ter também,como é o caso da empresá-ria Lurdes Moreira. Mãe,pai e irmãos têm rinitealérgica. “A vida inteirative rinite e, como meu na-riz é fino, quando conges-tiona já viu, né? O ar vaipassar por onde? Aí ficopingando descongestio-nantes nasais, que deto-nam a mucosa e viciam.

Tem dias que congestionatanto que não consigo res-pirar, comer, e até falar”,conta a empresária.

Os sintomas mais co-muns da renite são coriza,espirros, coriza hialina (se-creção transparente) e obs-trução nasal, porém, pode-mos ainda observar lacri-mejamento, perda do olfatoe do paladar, congestão emface, mau hálito e tosse.“Porém, o tratamento comdescongestionantes nasaisno início é uma maravilha:descongestiona mesmo.Mais tarde você vai perce-bendo que depois de 12 ho-ras o nariz começa a fechar;aí o prazo do efeito do remé-dio vai diminuindo e dimi-nuindo, até que depois deuns meses o organismo seacostuma e acaba pingandoo medicamento no nariz acada três ou quatro horas”,diz Trindade.

Algumas pessoas ten-tam amenizar os sintomasda renite com ervas; umaforma natural e que nor-malmente não apresentarisco viciante. Alguns dosremédios naturais são: aerva-de-são-joão (chá), óleode eucalipto (sobretudopara a rinite alérgica), alfa-zema e unha-de-gato, quesão usadas em forma de in-fusão. No entanto, nenhu-ma ação, natural ou não,apresenta cura. Elas repre-sentam somente alívio emmomentos de crise.

Como a renite não temcura, o jeito é a prevenção,que consiste em detalhescomo retirar de casa tape-tes, carpetes, cortinas, bi-chos de pelúcia. Nuncapassar vassoura e, em seulugar, usar pano úmido ouaspirador. É preferível nãoter animais de estimação e,se isso for impossível, é ne-cessário dar banhos sema-nais neles. Por último, émelhor optar pelo edredomem vez de cobertor, e trocaras roupas de lã pelas feitasde materiais sintéticos oualgodão.

Camila AlmeidaPatrícia Schor

Rinite alérgicaatinge cerca de30% da população

meditação

A garota quelargou daspropagandas ecorreu para a

A instrutora dá aulas de segunda a sexta na unidadeUni-yôga do Alto da XV

Fotos: Arquivo pessoal

Perfil Saúde

Jessica Danielle

“Você acha que você não vaise apaixonar pelo yoga? É por-que você ainda não conhece aEvelyne”. Esse é o tipo de jar-gão utilizado pelos amigos deEvelyne Baldan, a garota bem-humorada que conheceu agrande paixão da sua vidaquando estava prestes a dar omergulho final naquela quehoje ela classifica como sendo asua “pior escolha”.

Há cinco anos, “Eve”, comocostuma ser chamada pelos“mais chegados”, se deparoucom um grande problema: esta-va no último ano do curso dePublicidade e Propaganda eainda não tinha passado porum estágio, atividade obrigató-ria para concluir o seu curso.Depois de muita procura ela selembrou da casinha laranja pelaqual sempre passava ao ir paraa faculdade. Lá eram oferecidasaulas de yoga, e Evelyne bateuna porta da escola e pediu paraestagiar, criando todo o tipo dematerial para divulgação.

Já no primeiro dia de traba-lho, o coração da futura publi-citária ficou aos pulos. Ela ob-servava a rotina da escola ese encantava cada vez mais. Arelação de amizade e respeitoque os instrutores mantinhamentre si era o seu ponto de ado-ração. “Aquelas pessoas com-partilhavam tudo umas com asoutras. Se era estabelecida umameta mensal e um instrutor nãoconseguia cumprir, eles senta-vam , conversavam, e sugeriamum modo de melhorar o desem-penho do companheiro. Nin-guém apontava o dedo pra nin-

guém, se um ganhava, todos ga-nhavam”, relembra.

Os meses se passaram e apaixão só aumentou. Foi entãoque Evelyne decidiu dar umbasta no que já lhe incomoda-va há muito tempo: o curso depublicidade. O curso foi larga-do com apenas uma matériapendente, e todo o tempo quepertencia a ele passou a ser doyoga. “Eu não aguentava maisouvir os meus colegas de publi-cidade comemorando porque ti-nham ficado só uma vez até de-pois da meia noite na agêncianaquela semana. Eu não queriaaquilo”, completa.

Agora com 27 anos, e cincoanos mais experiente no yoga,Evelyne já é instrutora. “Eu amoo que faço. O yoga é muito dife-rente do que eu pensava que eleera. Na verdade, eu achava queyoga (pronúncia fechada) erayoga (pronúncia aberta), que éterapia, coisa pra gente calma.O yoga é, na verdade, um bommodo de se adquirir força físi-

ca e mental. Eu adoro”, comen-ta bem-humorada.

A faculdade de Publicidadee Propaganda nunca foi conclu-ída. A instrutora tentou três ve-zes concluir a única matériaque lhe falta, mas diz que desis-tiu em todas: “Eu reprovo porfalta! Eu fico lá na sala pensan-do nos meus amigos que estãopraticando yoga e não consigoir mais. E, além disso, eu devoter umas trezentas horas com-plementares para completar.Não tenho mais interesse emterminar o curso”.

Aos sábados de manhã,Evelyne pode ser vista no par-que Barigui conversando comos interessados no yoga comaquela expressão de quem tevea vida salva, enquanto o amigodá aulas ao ar livre. Ela falacom um ar de menina fascina-da, e – ainda assim – jamaisdeixa de ser a mulher determi-nada que gosta de afirmar: “Eunão trocaria isso aqui por nadanesse mundo!”

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o que éEconomia

Entenda

Fernando Mad/ LONA

Manoela Militão

Além do Imposto de ren-da, IPTU, IPVA, ICMS, o bra-sileiro paga muito mais im-postos em produtos do dia adia, como comida, eletrodo-mésticos, bebidas, enfim,qualquer t ipo de bemconsumível. O chamado IPI,Imposto sobre Produtos In-dustrializados, pode chegara até 55% do preço final deum produto. Mais de 40 % daarrecadação total de impos-to pelo Governo Federal de-

rivam deste tipo de taxação,chamado de “imposto invisí-vel”.

O imposto sobre produtosindustrializados incide des-de o pãozinho francês de tododia (7%) a artigos de luxo,como carros (39%) e joias(50%). Essa taxação é aindamaior em produtos importa-dos. De acordo com o econo-mista Yuri Siqueira, isso fereos conceitos econômicos dalivre concorrência. “As taxassão altas para o produto im-portado e para o produto na-

cional também. Se a carga tri-butária fosse menor, talvezsobrasse mais dinheiro nomercado e a economia fossebeneficiada”.

Ou seja, quando a cargatributária é alta tanto paraprodutos importados quan-to para produtos nacionais,o nacional tem menos vanta-gem, pois concorre com ou-tro produto de maior quali-dade e que possui pratica-mente a mesma taxa tributá-ria. “O governo sobretaxa osprodutos importados, a fim

e como funciona o

O brasileiro não sabe quanto paga de Impostos sobre Produtos Industrializados

de que ele entre com preçosuperior ao nacional, inibin-do o livre comércio e a con-corrência para preços meno-res, enfim, não deixando asle is de economia agiremcomo em qualquer país cha-mado democrata”, explicaSiqueira. De acordo com oeconomista, os produtos bra-sileiros teriam capacidade deconcorrer com os produtosimportados. Porém, o gover-no deveria conceder subsídi-os aos setores primário, se-cundário e terciário para que

o preço final fosse reduzido.O IPI é utilizado pelo go-

verno para estimular, comofoi o caso do IPI reduzido doscarros há pouco tempo, oupara frear a venda de deter-minados produtos, como be-bidas alcoólicas e cigarro. Aalíquota de imposto varia deacordo com o produto. O ci-garro, por exemplo, possuiuma taxa de 300%, e bebidasalcoólicas 83%. Nestes casos,servem para diminuir e con-trolar a compra destes produ-tos. As alíquotas são fixadaspelo poder Executivo e se-guem a TIPI, Tabela de Inci-dência do Imposto Sobre Pro-dutos Importados. E a basede cálculos depende do tipode transação que é realizada:venda em território nacionalou importação. Neste caso, écontabilizado o preço de ven-da, além do imposto de im-portação e as taxas, como asde seguro e frete.

Somando todas estas ta-xas, o preço final do produtoimportado chega com umpreço muito elevado ao con-sumidor. Uma saída encon-trada por muitos brasileirosé a compra de produtos noexterior. O estudante PauloMartins acredita que a dife-rença dos preços é tão gran-de que vale a pena viajar paracomprar o produto no exteri-or. Entre os produtos citadosque são considerados maisvanta josos es tão roupas(34%), calçados (36%) e pro-dutos eletrônicos (variam de30 a 50%).

Para incentivar oconsumo brasileirodurante a última crise,o governo concedeuredução do IPI paraautomóveis e produtosda linha branca

DivulgaçãoDivulgação

O chamado IPI podechegar a até 55% dopreço final de um produto

IPI

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Marcos AssisEscreve quinzenalmente, às terças-feiras,sobre os álbuns clássicos da mú[email protected]

Música

Um mês após a morte de Guimarães Rosa, arevista Realidade em dezembro de 1967 publica-va os seus últimos poemas com temas focados noNatal. Aos 59 anos, prestes a ser indicado ao prê-mio Nobel, o diplomata e médico mineiro deixousuas marcas na história da literatura brasileira.

O sertanejo e a discussão entre o bem e o maleram alguns dos elementos presentes em seus en-redos. Mas é a linguagem o traço fundamental quefaz a literatura de Guimarães Rosa peculiar e ex-cepcional.

O escritor era poliglota, falava mais de dez idi-omas e dialetos. Clenir Bellezi de Oliveira em arti-go para a revista Discutindo Literatura (13) enu-mera os componentes que constituíram essa lin-guagem: a incorporação do falar coloquial do ser-tanejo - marcado principalmente, pela viagem doescritor em 1952 pelo sertão mineiro - em que ins-pirou as expressões e ditos populares presentes emsuas obras; utilização de recursos poéticos; empre-go de neologismos; utilização de diminutivos; em-prego de aforismos, ou seja, conceitos como ver-dades absolutas; rupturas sintáticas e contextosque transfere palavras usualmente de determina-da classe gramatical para outra.

Esse estilo de Guimarães foi incorporado pri-meiramente na novela “A hora e a vez de Augus-

O humor e linguagemde Guimarães Rosa

Eli AntonelliEscreve quinzenalmente, às terças-feiras,sobre assuntos ligados à [email protected]

Literatura

A música de Robert Johnson é referência para 100% dosmúsicos de blues no planeta, sejam eles americanos, ingle-ses, africanos ou brasileiros.

Nos anos 80 um filme fez muito sucesso fazendo umparalelo com a história de Johnson. Crossroads, ou “A en-cruzilhada”, em português, contava a história de um velhobluesman que ajudava um adolescente, Ralph Machio, aencontrar uma “música perdida” de Robert Johnson.

O menino é um violonista de música erudita, clássica,que se apaixona pelo Blues. O bluesman concorda em aju-dá-lo a encontrar essa música perdida, mas sua busca aca-ba levando-os ao próprio inferno, onde o velho músico tentalivrar-se do acordo que fez com o diabo. O demônio con-

Johnson éreferência parabluesman brasileiros

to Matraga”, dos anos 1940. O texto faz parte daobra “Sagarana”, que marcou o início da carreirado escritor.

O personagem principal Nhô Augusto é filhode um poderoso coronel, tem fama de brigão e nãorespeita as mulheres. Com a morte do pai, se per-de em dívidas, o que acaba fazendo com que sejaabandonado pela família. Antes de ir atrás da es-posa, resolve enfrentar o major Consilva, que pas-sa a mandar no vilarejo, Nhô Augusto toma umasurra que quase o leva à morte. Na segunda parteda narrativa, Nhô Augusto vive num lugarejo dis-tante e passa a se ligar mais em Deus e repensarsua vida e seus crimes. Na terceira parte retornaa cidade, momento final da narrativa em que éconvidado a fazer parte do bando de JoãozinhoBem-Bem.

Alguns leitores se posicionam meio incrédu-los a presença de humor no texto de GuimarãesRosa, devido a fama de extensa presença de neo-logismos e leitura de difícil compreensão. Walni-ce Nogueira Galvão no artigo “O humor de Gui-marães Rosa” afirma que essa crença é um enga-no. “Não só o humor reponta por toda obra deRosa, aqui e ali, mesmo em meio à gravidade e àmelancolia. Mas há também narrativas inteira-mente burlescas ou sátiras, do começo ao fim”.

Em “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”,o narrador utiliza a mesma linguagem do ser-tanejo o que traz um mesmo ritmo em toda aobra. No ápice da estória pode-se observareste ritmo e linguagem tão característicos deGuimarães Rosa “_Epa! Nomopadrofilhospri-tossantamein! Avança, cambada de filhos-da-mãe, que chegou minha vez”.../E a casa ma-traqueou que nem panela de assar pipocas,escurecida à fumaça dos tiros, com os cabrassaltando e miando de maracajás, e Nhô Au-gusto gritando qual um demônio preso e pu-lando como dez demônios soltos.”

O humor e a fala característica pode ser con-ferido em vários trechos “Eh, Seu JoãozinhoBem Bem, já bateu com o rabo na cerca. Não temmais”, são falas ligeiras um tanto melancólicascomo afirma Galvão que reforçam o humor pre-sente na obra.

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“Serão os pajens da Virgem,Ladeiam-naComo círios de paz,ColunasSem estorço.TaciturnosEremitas do obscuro,se absorvem.Sua franqueza comum equilibrafrêmitos e gestosCircunstantes.Os animais de boa-vontade”

Guimarães Rosa

“Copiar John Lee Hooker ou RobertJohnson é como reescrever um poemade Drummond ou de Fernando Pessoa”.Nuno Mindelis, guitarrista

corda em libertar sua alma, mas determina que seja feitoum duelo. Se o menino ganhar a alma do velho será liber-tada, mas se perder os dois terão que dar sua alma ao ca-peta. O duelo é entre o pupilo de Johnson, Ralph Machio, eo representante do demônio, nada mais nada menos que oguitarrista Steve Vai. Ralph ganha e o diabo liberta a almade Johnson.

Nuno Mindelis“Copiar John Lee Hooker ou Robert Johnson é como

reescrever um poema de Drummond ou de Fernando Pes-soa”. É assim que o guitarrista Nuno Mindelis define o es-tilo de Robert Johnson.

Nascido em sete de agosto de 1957 em Cabinda, Ango-la, Nuno Mindelis vem construindo uma longa e criativacarreira dentro do Blues nacional.

Com um estilo econômico de solar, ou seja, sem as firu-las e exageros que a maioria dos guitarristas técnicos cos-tumam cometer, Nuno interpreta o Blues como ele deveser, com emoção, vindo da alma.

Em 1998 ele foi eleito o "Melhor Guitarrista de Blues",segundo o concurso mundial de aniversário de 30 anos darevista Guitar Player.

Seu mais recente trabalho foi lançado em 2005, o álbum“Outros Nunos”. Nele, o guitarrista tem parcerias com acantora Zélia Duncan e o rapper Rappin' Hood, acrescen-tando novos elementos ao seu Blues.

A forma que Johnson toca e canta é muito peculiar. Al-gumas pessoas comparam seu violão a um piano, pela for-ma como ele soa junto com sua voz. “Do ponto de vistatécnico, a forma dele tocar é algo dificílimo. É meio comouma mulher dar à luz, cantar e tocar violão ao mesmo tem-po, sei lá”, afirma Nuno.

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Tamyres AntunesErika Furukita

Autor renomado de novelas,Manoel Carlos tem como carac-terística sempre abordar temaspolêmicos pouco discutidos oucom a intenção de informar apopulação. A novela “Viver aVida”, escrita por Manoel Car-los trouxe uma personagemcom um transtorno que vem setornando cada vez mais co-mum. Personificada pela atrizBárbara Paz, a personagem Re-nata apresentou uma doençachamada de Anorexia Alcoóli-ca ou Alcoolrexia. Este temaainda é pouco discutido na mí-dia, mas segundo a diretora daclínica de reabilitação Nova Es-perança, Aracélis Copedê sãomuitas as jovens afetadas.

Em “Viver a Vida”, Renatafoi uma modelo que passoumuito tempo sem comer e quan-do frequentava festas bebia de-mais e dava vexame. A persona-gem perdeu amigos, o namora-do e a confiança da mãe emfunção da bebida. De acordocom Aracélis, pacientes comanorexia alcoólica normalmen-te são jovens mulheres entre 15e 25 anos. “Pacientes com essapatologia costumam ser neuró-ticos e ter uma visão distorcidada realidade”, explica a direto-ra. A personagem passa umtempo sem conseguir trabalhose acha que é por estar gorda,quando na verdade é por cau-sa dos exageros na bebida é queos amigos vão se afastando.

“Muitas meninas apresen-tam o quadro primário de ano-rexia, o que gera uma posteriordepressão. No caso das anoré-xicas-alcoólicas, elas tentam‘afogar’ essa depressão no álco-ol e adquirem o vício na bebi-

Anorexia alcoólica: muitopresente e pouco discutida

Saúde

A patologia ébastante comumentre mulheres de15 a 25 anos deidade

da”, explica Aracélis.A diretora explica que após

um tempo pacientes portadoresde transtornos obsessivos com-pulsivos – conhecidos como“TOC” – geralmente têm perdados sentidos cognitivos. “Numafase secundária da doença, opaciente continua se achandogordo e já está viciado no álco-ol, então para não parar de be-ber e não engordar, o doente co-meça a substituir as poucas re-feições que tinha por doses debebidas”, diz. CS foi diagnosti-cada com anorexia-alcoólicaquando tinha 17 anos, hoje com25 ela conta como foi evoluin-do na doença.

“Eu sempre fui baixinha egordinha, eu sabia que baixi-nha seria para sempre, mas eunão precisava viver naquelecorpo gordo para sempre. Eu fi-quei paranoica, me olhava no

A diretora da Clínica NovaEsperança, Aracélis Copedê,explica um pouco mais sobrea doença e sobre como funcio-na o tratamento. De acordocom ela, é importantíssimo umtratamento com uma equipeinterdisciplinar e multidisci-plinar, pois pacientes comanorexia alcoólica tem maistendência a se envolver comoutros tipos de drogas, inclu-sive narcóticos como cocaínacrack e ectasy. “Drogas comefeito euforizante e tambémanfetaminas são muito utiliza-das pela busca do corpo per-feito e pelo prazer momentâ-neo que essas substânciascausam”, explica.

“Apesar dos sintomas edas características dos pacien-tes com TOC serem, na maio-ria das vezes, parecido é im-portante uma equipe compos-ta por psiquiatra, psicólogo,nutricionista e clínico geralatuarem juntos e comunica-rem-se uns com os outros so-bre os pacientes. Trabalhandojuntos é mais fácil chegarmosa um tratamento adaptado acada paciente e a cada patolo-gia”, explica Aracélis. Outrosprofissionais que normalmen-te atuam nesses casos são: as-sistente social, musicoterapeu-ta e terapeuta ocupacional.

Para o tratamento são usa-dos vários recursos como: tera-pias de grupo, análise, ativida-des ao ar livre e muitas vezesaconselhamento espiritual. “Opaciente precisa de ajuda emtodos os aspectos, tanto bioló-gicos, psicológicos, social e es-piritual”, diz a diretora.

ServiçoClínica Nova Esperança,

tratamento para alcoolistas edependentes químicos, telefo-ne (41) 3244-4155, ou pelo site,www.clinicanovaesperanca.com.br.A clínica fica na avenida Sil-va Jardim número 4205.

Tratamento

espelho e me via gigantesca.Sempre gostei de festas e saircom os amigos, eu sempre bebiacerveja nessas saídas. Em umdeterminado momento eu come-cei a exagerar, bebia 12 latas decerveja em uma noite”, contaCS. Com 16 anos, CS já era de-pende de álcool e foi diagnosti-cada com desnutrição. “Eu nãodeixava meus pais perceberemo meu vício na bebida, masmeus amigos percebiam, e nãogostavam. Não tinha uma vezem que nós saíssemos que eunão desmaiasse de tão bêbada.Vi todos os meus amigos seafastando de mim e entrei emdepressão profunda”, lembra.

Com depressão e o vício noálcool, a adolescente de apenas17 anos começou a substituirrefeições por doses. “Chegueinaquele ponto em que se eu nãotomasse uma dose de qualquer

bebida começava a tremer. Cer-veja para mim era como suco.Até que eu comecei a trocar osuco de laranja, o café com leiteda manhã por um copo ameri-cano de cachaça”, relembra CScom lágrimas nos olhos.

Aos 17 anos, os pais de CSlevaram a menina para umacasa de reabilitação. O trata-mento durou três anos, mas elaafirma que tem medo de sentiro cheiro do álcool e recair. “Te-nho consciência de que vou serdoente para sempre, mas pelomenos agora eu consigo ser fe-liz com os meus 1,60 e 55kg. Euconsegui meus amigos de vol-ta”, diz. Mesmo após três anosde tratamento, CS deve continu-ar indo as consultas com psiqui-atras, nutricionistas e psicólo-gos para evitar novas recaídas,e para cada vez mais se aceitarcomo de fato ela é.

A atriz Bárbara Paz, que viveu Renata, que superou a doença na novela “Viver a Vida”

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GUERRAMenu

O cinema nacional também marca presença com a estreia de “EmTeu Nome”. O drama se passa durante os anos da DitaduraMilitar no Brasil. Boni é um jovem estudante que adere à lutaarmada, mas é preso e exilado no Chile. Longe da família e dosamigos, descobre uma nova maneira de enxergar o mundo.Em cartaz no Espaço Unibanco.

Vida nova longe de casa

Rodrigo Cintra

Cultura

O segundo longa-metragem da franquia “Sex and City” já estreouem todo o país. O filme traz as amigas Carrie Bradshaw (SarahJessica Parker), Charlotte (Kristin Davis), Miranda (CynthiaNixon) e Samantha (Kim Cattrall) em novas aventuras amorosas,sexuais e econômicas. A história começa com a protagonista,Carrie, insegura com o casamento e com uma suposta traição domarido, Mr. Big (Chris Noth). Charlotte está à beira de um ataquedevido ao trabalho que as filhas dão. Já Miranda está frustradacom o trabalho de advogada. A solução parece vir quandoSamantha, que está passando por dificuldades financeiras,consegue uma viagem para as amigas aos Emirados Árabes. Maso que deveria ser uma bela semana em um hotel luxuoso no meiodo deserto, torna-se um tormento para as personagens, que têmde se submeter a fortes restrições religiosas.Em cartaz no Cinemark Barigui, Cinemark Mueller, CinesystemShopping Curitiba, UCI Estação, UCI Palladium e no EspaçoUnibanco.

Sexo e consumismo no deserto

Chávez de pertoPara quem gosta de documentários, a dica é o filme “Ao Sul daFronteira”, sobre o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Parafazer o documentário, o cineasta Oliver Stone acompanhou opolítico por algum tempo e registrou diversas de suas ações. Sto-ne também documentou conversas informais com os presidentesLula, Cristina Kirchner e seu marido ex-presidente Nestor Kirch-ner (Argentina), Evo Morales (Bolívia), Fernando Lugo (Paraguai),Rafael Correa (Equador) e Raul Castro (Cuba).Em cartaz no Cineplex Batel.

O longa-metragemestadunidense de 120 minutosPlatoon, de Oliver Stone, tratade forma realista a Guerra doVietnã. Stone presenciou essefato histórico e soube passarpara a telona o cotidiano dequem fez parte daquele comba-te. O protagonista é representa-do pelo jovem Chris, interpre-tado por Charlie Sheen, que vaiao Vietnã, voluntariamente,como um idealista, assim cha-mado por seus companheiros.Chris parou os estudos parabuscar algo na guerra que nãoencontrava nos livros. Com isso,enfrentou a dura rotina noscampos de batalha.

Como se não bastasse pre-senciar a morte de perto, o jo-vem recruta teve de enfrentarum outro problema: o sargentoBarnes. Ele, que já assustavapor ter várias cicatrizes no ros-to, também amendrontava porsuas atitudes não coerentes, oque não era aceito por grandeparte do pelotão (Platoon). Noentanto, essa forma de pensarde Barnes ia de encontro comos ideiais do Sargento Elias,papel de Willen Defoe. Eliasacreditava que para vencer aguerra não era preciso usar vi-olência banalmente, comoBarnes fazia. Logo, Elias ga-nhou a simpatia de Chris.

Barnes era adepto da violên-cia e não media esforços ematerrorizar a população, açãoessa não defendida por Elias.Stone, além disso, mostra emseu filme como os soldadosestadunidenses travavam ocombate com os vietcongs, cha-mada assim pelos soldados doEstados Unidos a guerrilha co-munista do Vietnã do Norte.Mas o que mais chama a aten-ção é o envolvimento dos sol-dados e a não preocupação emmatar. Já que a morte tinha pre-sença constante, a forma de fu-gir da realidade era através dasdrogas. Em meio à fumaça e àbebida, a guerra era esquecidapor alguns instantes. Platoon

ganhou o Oscar em 1987 demelhor filme, direção, monta-gem e som. Quem assistir, pos-sivelmente irá concordar comessas premiações.

Como foi a Guerra do VietnãDurante a Guerra Fria (1945

– 1991), o Vietnã foi divididoentre Vietnã do Norte (socialis-ta) e Vietnã do Sul (democráti-co). A separação seria temporá-ria, segundo a Conferência deGenebra, que tinha como obje-tivo recuperar a paz naIndochina e Coreia. Areunificação aconteceria pormeio de eleição popular. Porém,o cancelamento da eleição cul-minou na guerra do Vietnã, em1960. O Vietnã do Sul passou acontar com a colaboração dos

Retrato de uma

Estados Unidos, que tinhamcomo presidente John Kennedy.Os Estados Unidos investiramfortemente em munições. Umdos materiais de guerra utiliza-do foi o Napalm, geldesfolhante.

A guerra começou a cessarsomente no período do entãopresidente Richard Nixon. Elehavia proposto em sua candi-datura que caso fosse eleito re-tiraria os soldados dos EstadosUnidos da guerra. Porém, coma sua entrada no governo pas-sou a trazer os soldados emmeio a fortes bombardeios, coma intenção de eliminar as trilhasutilizadas pelos vietcongs. So-mente em 1975, os Estados Uni-dos retiraram os últimos solda-dos e foram derrotados.

Fotos: Cineplayers

Nathalia Cavalcante

Já que a morte tinha presençaconstante, a forma de fugir darealidade era através das drogas. Emmeio à fumaça e à bebida, a guerraera esquecida por alguns instantes

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