LONA617-28/10/2010.

8
Curitiba, quinta-feira, 28 de outubro de 2010 - Ano XII - Número 617 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected] DIÁRIO d o B R A S I L Museu Egípcio e Rosacruz: vinte anos de uma cultura histórica Págs 4 e 5 Ex-presidente Néstor Kirchner morre na Argentina Dedicação à medicina e qualidade no atendimento à família Cultura Divulgação Pág 3 Marido da atual presidente argentina Cristina Kirchner, Néstor morreu nesta quarta- feira, em decorrência de pro- blemas cardiácos Pág 8 Saúde

description

JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

Transcript of LONA617-28/10/2010.

Page 1: LONA617-28/10/2010.

Curitiba, quinta-feira, 28 de outubro de 2010 - Ano XII - Número 617Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected]

DIÁRIO

do

BRASIL

Museu Egípcioe Rosacruz:vinte anos deuma culturahistórica

Págs 4 e 5

Ex-presidente NéstorKirchner morre naArgentina

Dedicação àmedicina equalidade noatendimento àfamília

CulturaDivulgação

Pág 3

Marido da atual presidenteargentina Cristina Kirchner,Néstor morreu nesta quarta-feira, em decorrência de pro-blemas cardiácos

Pág 8

Saúde

Page 2: LONA617-28/10/2010.

Curitiba, quinta-feira, 28 de outubro de 20102

OpiniãoReitor: José Pio Martins.Vice-Reitor: Arno Anto-nio Gnoatto; Pró-Reitorde Graduação: RenatoCasagrande; Pró-Reitorde Planejamento e Ava-liação Institucional: Cos-me Damião Massi; Pró-Reitor de Pós-Gradua-ção e Pesquisa e Pró-Reitor de Extensão: Bru-no Fernandes; Pró-Rei-tor de Administração:Arno Antonio Gnoatto;Coordenador do Cursode Jornalismo: CarlosAlexandre Gruber deCastro; Professores-ori-entadores: Ana PaulaMira e Marcelo Lima;Editores-chefes: DanielCastro ([email protected]), Diego Henriqueda Silva ([email protected]) e NathaliaCavalcante ([email protected]) .

“Formar jornalistas comabrangentes conheci-mentos gerais e huma-nísticos, capacitação téc-nica, espírito criativo eempreendedor, sólidosprincípios éticos e res-ponsabilidade social quecontribuam com seu tra-balho para o enriqueci-mento cultural, social,político e econômico dasociedade”.

O LONA é o jornal-laboratório diário doCurso de Jornalismo daUniversidade Positivo –UPRedação LONA: (41)3317-3044 Rua Pedro V.Parigot de Souza, 5.300 –Conectora 5. CampoComprido. Curitiba-PR- CEP 81280-30. Fone(41) 3317-3000

Expediente

Missão docursode Jornalismo

Giórgia Gschwendtner

A poucos dias do 2º turno das eleições presidenciais, o ritmode campanha dos candidatos à Presidência da República, DilmaRousseff (PT) e José Serra (PSDB), continua agitado. O foco princi-pal está sendo dado aos últimos debates, o que ocorreu na segun-da-feira (25) na Rede Record e o da Rede Globo, que ocorrerá nasexta-feira (29).

A campanha no segundo turno demonstrou seu lado maisagressivo, baseado em denúncias, acusações e troca de “gentile-zas” entre os dois candidatos. Impossível acompanhar e perma-necer alheio a todos os fatos divulgados pelas mídias tradicionaise pela primeira vez na internet e suas redes sociais. Porém, atenta-r-me-ei a uma frase que tenho ouvido constantemente por várioslocais que costumo estar diariamente, a famosa “Política não sediscute”.

Desde criança, ouço em casa a máxima de que todo político écorrupto. No Brasil, a imagem de todos é generalizada pela atitu-de de alguns. Escândalos em governos, desvio de verbas, caixa doise tantos outros casos de uso indevido de cargos e dinheiro públi-cos. Além disso, o estereótipo do político corrupto é amplamentedifundido por meio do entretenimento e do humor e ressalto ain-da a ação da mídia, ou alguém já viu grandes meios de comunica-ção falarem com frequência sobre ações positivas de algum gover-no sem nenhum interesse além de informar a população? O quevale ressaltar é que a imagem delineada de todo político brasileiroà sombra de alguns resultou num descontentamento de parte dasociedade em discutir o assunto.

Porém, o encontro da falta de discussão sobre política e a cren-ça que político é sinônimo de corrupção não favorece a mudançae esconde em si próprio a raiz e a solução de problemas políticose sociais brasileiros. Ao meu ver, a base de uma sociedade demo-crática está na possibilidade de debate sobre aquilo que é o me-lhor para a nação.

A transformação que todos querem, mas poucos buscam, temcomo chave a ação do cidadão, principalmente daquele que é elei-tor. Portanto, por mais que ações prejudiciais à sociedade aindasejam cometidas, é preciso pensar que a mudança se encontra noconhecimento, na análise e na discussão de ideias. Há outra fra-se, tão famosa quanto a primeira que citei, a qual concordo. “Ogoverno é o reflexo de seu povo”.

A discussão(ou não)

sobre políticaMaria Carolina Lippi

Jeitinho

O encontro da falta de discussãosobre política e a crença que político ésinônimo de corrupção não favorece amudança e esconde em si próprio a raize a solução de problemas políticos esociais brasileiros.

Não sabia, até alguns cliques atrás, que existia uma lei eleito-ral proibindo prisões sem flagrante até cinco dias antes das elei-ções. Até aí, beleza: não viu o crime, não prende — tudo certo. Po-dem pensar também que essa lei é aplicada em casos de crimeseleitorais, mas na realidade ela vale em qualquer âmbito.

A notícia que me elucidou sobre a existência da lei não foi so-mente sobre o assunto. A principal informação e, inclusive, títuloda matéria, era sobre um fato que aconteceu terça-feira (26) no Riode Janeiro. Um homem de 34 anos se entregou à polícia carioca efoi liberado por faltarem cinco dias para as votações. Detalhe: elepraticou 40 estupros e já estava sendo investigado pela polícia háalgum tempo.

Gostaria de saber quem criou uma lei absurda como esta? Afi-nal de contas, qual o sentindo de se proibir prisões porque em cincodias o país vai eleger seu futuro presidente da república. Um amenos para votar? Não faz o menor sentido.

Várias investigações e crimes ocorrem o tempo inteiro, 24 ho-ras por dia, pelo menos assim imaginamos. Ninguém avisa paraos criminosos que essa lei foi criada, imaginem se ficarem saben-do? Seria uma carnificina geral. Não há testemunhas nem prisão.Se a investigação estiver em andamento, a polícia que espere até asegunda-feira para efetuar as prisões.

Esse caso expressa a fragilidade do nosso Código Eleitoral. Nãofomos consultados e somos diretamente afetados pela criação eaprovação de leis. O que resta é lamentar e seguir em frente, hábi-to que aliás, vem sendo incorporado em nossas gerações.

brasileiro

Várias investigaçõese crimes ocorrem otempo inteiro, 24 horaspor dia, pelo menosassim imaginamos.Ninguém avisa para oscriminosos que essa leifoi criada, imaginem seficarem sabendo? Seriauma carnificina geral.

Page 3: LONA617-28/10/2010.

Curitiba, quinta-feira, 28 de outubro de 2010 3

O ex-presidente da Ar-gentina Néstor Kirchner mor-reu na manhã de quarta-feira(27) após ser hospitalizado comproblemas cardíacos na cidadede Calafate, no sul da Argenti-na.

O ex-presidente já apre-sentava problemas de saúde.Apenas nesse ano, ele haviasido internado duas vezes porproblemas cardíacos. Em se-tembro, passou por uma angio-plastia nas artérias coronárias.

PolíticaAtualmente, Kirchner era

secretário-geral da União deNações Sul-Americanas (Una-sul), deputado federal, dirigiao PJ (Partido Justicialista) epretendia se candidatar à pre-sidência nas eleições de 2011.

Considerado o políticomais poderoso do país , Kirch-ner governou a Argentina de2003 a 2007. Quando assumiu,o país iniciava o processo derecuperação de uma crise eco-nômica. Em sua administraçãoessa recuperação se consoli-dou, permitindo que deixasse

Governo argentino perde

o seu grande nome

Priscila Schip

Política

Divulgação

o cargo em 2007 com grandepopularidade.

Sua mulher, CristinaKirchner, deu continuidade aum governo com alto contro-le do estado sobre a economia.Néstor era apontado como oprincipal candidato gover-nista nas eleições presidenci-ais de 2011

A força política de Nés-tor pode ser comprovada peladeclaração do vice-presidenteJulio Cobos ao canal de televi-são TN. "Este homem impactou

O ex-presidente Néstor Kirchner era o principal candidato governistapara as eleições de 2011

Casal Kirchner: os dois últimos presidentes da Argentina

O presidente Luiz InácioLula da Silva nasceu em seis deoutubro, em Pernambuco, massó foi registrado em 27 de outu-bro, data de ontem. Lula rece-beu homenagens dos funcioná-rios e funcionárias do gabinetepresidencial. A militância pe-tista esteve em frente ao Palácioda Alvorada, onde, todos osanos, o presidente os recebe.

“Agora Lula não pagará maispassagem em transporte cole-tivo, por ser idoso”, brincou opresidente nacional do Parti-do dos Trabalhadores (PT),José Dutra, ontem, numa redeinterna de comunicação dopartido.

De presente de aniver-sário, Lula pediu a vitória deDilma Rousseff (PT) no pleito

Política

Presidente Lula comemoraaniversário em ritmo eleitoralAline Reis

No mês em que a Cen-tral de Transplantes está emcampanha, uma família tam-bém está para conseguir umtransplante de coração para afilha Laura Zanchetin, de 10anos. O último transplanteque aconteceu no Paraná foiem fevereiro. Laura está na es-pera há quatro meses. A famí-lia está se revezando, enquan-to um fica no hospital, outrosai para fazer campanha. Éuma luta diária. Laura nãosabe que está esperando umtransplante, ela sabe que vaifazer uma cirurgia no coração.É uma maneira de evitar a an-gústia da filha, explica o paiSandro Zanchetin. “Como euvou explicar pra ela que esta-mos esperando esse coraçãode outra pessoa?”.

Há um mês Laura nãopode sair da cama da UTI. An-tes, ela ficava durante umahora fora da cama. Há seisbombas sustentando a pulsa-ção do coração dela, e isso im-pede que ela saia da cama. Se-gundo o pai, ela é uma crian-ça muito ativa, sempre prati-cou esporte. No hospital, elasempre está fazendo algumaatividade. “Quando ela estábem, movimenta todos. Fazdobradura, cachecol, miçanga.Mas quando está triste, elanão faz nada”, conta Sandro.

Quando Laura tinha 8meses, ela sofreu uma viroseque atingiu o coração. O vírusse alojou na massa cardíacado tecido, e o tecido perdeuforça. Remédios sustentavamo tecido até hoje. Laura apre-sentava uma vida normal, mascom algumas limitações, elanão podia se sentir cansada.A menina não pôde participarde competições, porque au-menta a adrenalina e a famí-lia mudava o programa parasubstituir a competição.

No final de junho, a cri-

ança sentiu falta de ar, vômitoe não quis almoçar. Os pais le-varam-na rapidamente ao mé-dico. Laura fez uma série deexames e foi internada paraaumentar a dose do medica-mento. Foi a sua primeira in-ternação. “Ela ficou 10 dias noquarto. Melhorava e piorava,e a médica decidiu colocá-la naUTI para fazer um tratamentode choque”, explica Sandro.

Laura teve melhora, po-rém quando foi retirado o me-dicamento, veio o alerta da mé-dica. “Ela nos avisou que iriacolocar Laura na lista de espe-ra para o transplante”. E des-de então a família está lutan-do e esperando a doação.

Hoje no Paraná, alem daLaura existe mais uma crian-ça na espera. Existe a possibi-lidade da Laura ser levadapara São Paulo, na cidade háuma média de seis transplan-tes de coração por mês. Porémé um risco durante o transpor-te de Laura. “Eu não sei paraque lado correr, se eu levo elapra São Paulo é um risco, sefico aqui pode ser que ela nãoreceba a doação”, desabafa opai.

A campanha da famíliaé pela conscientização daspessoas para que elas se tor-nem doadoras. Existe uma fal-ta de diálogo nas famílias, àsvezes, por medo de tocar nes-se assunto. Mas, como dizSandro:“Você vai transformara dor em amor”.

ServiçoNo dia 6 de novembro

acontecerá uma passeata paraa conscientização das pesso-as sobre a doação de órgãos. Oencontro será na Praça SantosAndrade e o ponto final vai serna Boca Maldita.

As pessoas interessadasem ser doadoras de órgãos de-vem avisar a família.

que acontece no próximo domin-go.Nesta terça-feira, Lula esteve emCuritiba e foi congratulado porsimpatizantes e petistas que oreceberam no comício pró-Dilma.

Até domingo, o presiden-te segue as agendas presidenciale eleitoreira. Dilma Rousseff tam-bém entrou em contato com o pre-sidente para parabenizá-lo.

a vida política argentina. Espera-mos que superemos esta situaçãoda melhor maneira", afirmou.

BrasilO presidente Luiz Inácio

Lula da Silva decretou luto oficialde três dias e em nota de pesar di-vulgada ainda na quarta-feira la-mentou a morte do ex-presidenteque, segundo Lula era um grandealiado e um fraternal amigo. O pre-sidente ainda lembrou do papel deKirchner na reconstrução econômi-ca, social e política da Argentina.

Pai faz campanhapor doação para afilha

Geral

Camila Amando

Sandro Zanchetin toma a iniciativa para salvarfilha

Page 4: LONA617-28/10/2010.

Curitiba, quinta-feira, 28 de outubro de 20104

Saúde

Ingressar em uma especi-alidade é privilégio de pou-cos e pode tomar muito tem-po da carreira do jovem mé-dico. Assim como para entrare concluir o curso de medici-na é necessário passar porum processo seletivo, para teruma especialização também.

Segundo o artigo primei-ro do decreto número 80.281,de 5 de setembro de 1977, as-sinado pelo presidente Er-nesto Geisel , “ResidênciaMédica é a modalidade doensino de pós-graduaçãodestinada a médicos, sob aforma de curso de especiali-zação, caracterizada por trei-namento em serviço em regi-me de dedicação exclusiva,funcionando em instituiçõesde saúde, universitárias ounão, sob a orientação de pro-fissionais médicos de eleva-da qualificação ética e profis-sional”.

A Comissão Nacional deResidência Médica, previstano mesmo instrumento legal,é responsável por credenciarprogramas de Residênciacom certificados de validadenacional e definir as suasnormas gerais. Para tal, elaestabelece requisitos míni-mos que as instituições querealizam os programas de-vem ter e avalia periodica-mente seu desempenho. Deacordo com as avaliações, aCNRM pode modificar ou

Camila Scheffer Franklin

Um ou mais anos para entrar na faculdade.Pelo menos seis anos para concluir aformação acadêmica. Muita dedicação,esforço e os longos plantões, chamadosinternatos, para obter o título de médico.Mesmo com as dificuldades, o número demédicos recém-formados cresce. Mas onúmero de vagas para residência médica não

A longa (e exau

suspender credenciamentos.A instituição de saúde

que não for vinculada ao sis-tema de ensino, precisa terconvênio com uma EscolaMédica ou Univers idadepara ser regularizada. Os cre-denciamentos possuem dura-ção de cinco anos, podendoser renovados após avalia-ção da CNRM. Os programasde residência médica, alémdo treinamento em serviço,devem compreender um mí-nimo de quatro horas sema-nais de atividades de atuali-zação, seminários e apresen-tação de casos clínico-pato-lógicos seguidos de discus-são, sempre com a participa-ção ativa dos alunos. Os mé-dicos que completarem oprograma com aproveitamen-to suficiente recebem certifi-cado.

Para facilitar a fiscaliza-ção dos programas de resi-dência, Comissões Estaduaisde Residência Médica foramcriadas. Irregularidades queforem percebidas nos progra-mas pelas comissões estadu-ais devem ser repassadas aCNRM para reavaliação ecorreção ou descredencia-mento.

jorn

Avaliação correta?Quando um curso de resi-

dência credenciado pelaCNRM é aprovado e regula-rizado pelo Ministério daEducação, a instituição que

oferece o programa torna-seresponsável por determinarcomo realizar a seleção doscandidatos e fiscalizá-la.

Normalmente, para in-gressar na especialização ocandidato precisa realizarprovas de um processo sele-tivo (às vezes, teóricas e prá-ticas), passar por entrevistae ter seu currículo acadêmi-co e profissional analisadopelos responsáveis pela resi-dência na especialidade es-colhida. Os pesos de cadaetapa também são definidospor eles. As notas do proces-so seletivo são divulgadasem edital pela empresa res-ponsável pela aplicação ecorreção das provas em pra-zo determinado como requero MEC. Mas o mesmo nãoacontece com as notas de ava-liação de currículo e entre-vista dos candidatos.

O médico Joel Santana*,integrante do corpo clínico deum conhecido hospital uni-versitário de Curitiba, confir-ma a baixa transparência dosistema, que muitas vezesgera suspeitas de irregulari-dades. “As notas das provassão divulgadas, mas as notasdas entrevistas não”. O mé-dico acredita que, sem a di-vulgação das notas da entre-vista e da análise de currícu-lo, os candidatos não apro-vados podem se sentir preju-dicados, pois “não sabem o

Pré-residênciaPara ingressar nas resi-

dências que não exigem pro-va prática, os graduandos eos recém-formados podemobter ajuda com os conteúdosdas provas através dos Cur-sos de Pré-residência Médi-ca. Mas a “facilidade” custacaro e favorece poucos.

O curso para residênciadura entre 10 e 12 meses esuas mensalidades custam apartir de trezentos reais. Asa u l a s , e m s u a m a i o r i a ,

O que mudou?Clélia Scheffer é médica

especialista em ginecologia eobstetrícia. Formada há 38anos, quando decidiu a espe-cialidade que gostaria de se-

que foi avaliado na entrevis-ta e qual o diferencial do can-didato que garant iu suavaga, mesmo sem ter tidouma nota tão boa no proces-so seletivo”.

A médica Susan Weber*está formada há dois anos enão consegue a vaga na resi-dência de dermatologia. “Es-tudo muito, tenho boas notasnas provas. Queria saberqual meu erro durante a en-trevista. Nesses dois anos detentativas, minha classifica-ção mudou após a entrevistae eu fiquei de fora dos seleci-onados”.

Para Santana, todas asespecialidades deveriam teruma prova prática e o pesoda nota da entrevista deveriaser reduzido, além de divul-gado. “A sensação de ‘serprejudicado’ acabaria e asadmissões nas especialida-des seriam bem justificadas”.

acontecem nos finais de se-mana e são complementadaspor atividades, simulados eestudos de caso que podemser realizados via internet.Além das aulas presenciais,existem também os cursos àdistância.

Porém, ass im como asprovas dos processos sele-tivos para a residência sãotruncadas, muitas utilizan-do ainda o método de múl-t ipla escolha e cobrandoquestões que não tem nadaa ver com a especialidadepretendida do candidato, oque é repassado aos candi-datos nestes cursos tambémr e c e b e q u e s t i o n a m e n t o .Nem todos os médicos apro-vam a “ajudinha”. Santana,por exemplo, acha que oscursos são muito superfici-ais. “O necessário é a forma-ção humana do jovem médi-co. Cursos com objetivo de‘fazer passar’ não vão colo-car médicos maduros e ex-p e r i e n t e s n o m e r c a d o ” .Para ele, a qualidade do in-ternato que o acadêmicopassa durante a faculdade,a sua maturidade e seus co-nhecimentos práticos valemmais que toda teoria.

Page 5: LONA617-28/10/2010.

Curitiba, quinta-feira, 28 de outubro de 2010 5

ustiva)

adaguir, em 1973, os programasde residência não eram re-gulamentados e apenas oHospital de Clínicas ofere-cia residência em ginecolo-gia e obstetrícia na capitalparanaense. As vagas erampreferenciais para os médi-cos formados pelas faculda-des locais. Apesar de ser cu-ritibana, ela havia feito seucurso na Faculdade de Me-d i c i n a d e C a m p o s d o sGoytacazes, no interior doRio de Janeiro. Decidiu, en-tão, ingressar no programade estágio de um hospitalparticular da cidade que ti-nha duração de dois anos.

A rotina era cansativa.Trabalho diário das 7h às18h, com plantões de 24 ho-ras nos finais de semana eapenas um dia de folga – ouno sábado, ou no domingo.O salário era razoável paraum recém-formado, mas oque compensava mesmo erao contato direto com as pa-cientes. “Durante a faculda-de, tive muitas oportunida-des de realizar práticas-ci-rúrgicas. Apesar dos nos-sos professores serem defora [de Campos de Goyta-cazes] , os médicos locaisnos davam ass i s tênc ia enos incentivavam a entrarn o c e n t r o c i r ú r g i c o . N oquarto ano de faculdade eujá sabia operar. O contatocom as pacientes, fazer di-

a g n ó s t i c o e a c o m p a n h a ruma gestação foi um privi-légio que tive durante o es-tágio e contr ibuiu muitopara a minha formação hu-mana como profissional desaúde”.

Com o término do pro-grama, Clélia prestou examepara o Título de Especiali-z a ç ã o e m G i n e c o l o g i a eObstetrícia - Tego - e conse-guiu ser aprovada. O exameé aplicado até hoje pela Fe-deração Brasileira de Gine-cologia e Obstetrícia.

Clé l ia acredi ta que osprogramas de residência,i n d e p e n d e n t e m e n t e d o sseus problemas para o in-gresso dos jovens médicos,são de grande valia. “O cro-nograma que eles seguemabrem portas para muitasoportunidades. Eles chegammais ‘crus’ da faculdade.Não têm muito conhecimen-to de prática-cirúrgica nemde atendimento ao paciente.Com a residência, acabamcomplementando a forma-ção teórica com a formaçãoprática e humana necessá-ria para ser um médico”.Mas a veterana avisa: “oque é aprendido dependeda vontade do aluno. Paraa formação completa deter-minação não é opcional”.

*Nomes fictícios usadosa pedido dos entrevistados.

obter ajuda com os

O Programa Saúde da Fa-mília (PSF) foi criado em 1994pelo Ministério da Saúde como propósito de modificar omodelo tradicional de atendi-mento, levando a saúde maisperto das famílias e melhoran-do a qualidade de vida daspessoas. O programa priorizaas ações de prevenção, promo-ção e recuperação da saúde dapopulação.

No Paraná, a expansão doprojeto aconteceu em 1998 coma criação do incentivo finan-ceiro do Piso da Atenção Bási-ca, um valor repassado aosmunicípios que implantam oprojeto, depositado direta-mente no Fundo Municipal deSaúde, com propósito de con-tribuir com a reorientação domodelo da saúde. De acordocom o site da Secretaria daSaúde do Paraná, em 2007, oPrograma atingiu 373 municí-pios do estado. A proposta émultifuncional, atua nas Uni-dades Básicas de Saúde, etambém promove visitas domi-ciliares aos idosos, gestantese pessoas com dificuldade delocomoção.

As equipes da Saúde daFamília são compostas por, nomínimo, um médico, um enfer-meiro, um auxiliar de enfer-magem e quatro agentes comu-nitários; algumas equipes jácontam com dentistas. Segun-do o Coordenador da AtençãoBásica da Secretaria Munici-pal de Saúde, Ademar CézarVolpi, em Curitiba existem 175equipes e 1162 agentes comu-nitários. Essas equipes atuamnos territórios delimitadospara cada Unidade de Saúdeque corresponde a uma popu-lação entre 13 mil e 14 mil ha-bitantes. Cada equipe atendeuma parcela do território, queé dividido em partes menores,de no máximo 3.450 pessoas.

Na capital são 135 Unida-

des de Saúde e 49 UnidadesBásicas - 55 delas contam como Programa Saúde da Famíliae apenas quatro UnidadesComplexas, nestas são atendi-das as especialidades, comocardiologia, por exemplo. Apopulação total de Curitiba,segundo o último censo, é de1,8 milhão de habitantes e oPrograma Saúde da Famíliaatende aproximadamente 603mil pessoas, cerca de um terçoda população.

Os profissionais que fazemparte do PSF - médicos, enfer-meiros, auxiliares de enferma-gem e dentistas - são aquelesque possuem um perfil para otrabalho, têm disponibilidadede ir até as casas dos pacien-tes que necessitam, são moti-vados por ações sociais e en-tendem a importância dessetipo de programa.

Os agentes comunitáriosestão rodando a comunidadeo tempo todo, eles visitam asfamílias que precisam deacompanhamento e conver-sam com as pessoas na rua,assim é feito um trabalho con-tínuo e próximo das problemá-ticas locais, possibilitando aação preventiva. “É criado umvínculo com a comunidade,cria-se um laço afetivo, osagentes comunitários estãotodo dia nas ruas e ficam sa-bendo o tempo todo o queacontece nas casas, tratamcada um pelo nome”, afirma aassessora de imprensa da Se-cretaria de Saúde de Curitiba,Cláudia Gabardo.

Sendo assim, os agentescomunitários levam até asUnidades Básicas a realidadedas pessoas daquele contextosocial. Tendo identificado operfil populacional da área, aequipe reúne condições deaproximar aqueles que sãocaracterizados em grupos derisco, como adolescentes em

período gestacional, hiperten-sos, usuários de drogas, dia-béticos, entre outros, para se-rem atendidos de uma manei-ra preventiva e educativa atra-vés de trabalhos em grupos,como palestras, por exemplo.Devido a aproximação dessesprofissionais com a comuni-dade local, desenvolvem ativi-dades que são possíveis deserem executadas, tendo emvista o vínculo e a presençadeles no cotidiano da comu-nidade. Essas atividades vãodesde orientações diversassobre higiene, administraçãomedicamentosa, orientaçõesde atendimento pela rede domunicípio (saúde mental eoutras especialidades), até de-tecção de uma situação empotencial de doenças, comodesnutrição, desidratação, de-pressão, etc.

A especialista em SaúdeColetiva pela UniversidadePositivo, Juliana Schamne,afirma que o Programa Saúdeda Família cumpre o papelsocial não só na prevenção emsaúde, mas também como ar-ticulador da rede de atendi-mento à população. O conhe-cimento da dinâmica social edos indivíduos que compõemo território pelos profissionaisque atuam neste programa,torna possível diagnosticar eencaminhar as pessoas quenecessitam atendimento paraoutras políticas públicas, numtrabalho intersetorial. Assim,o Programa Saúde da Famíliaé um serviço de base e podeservir como instrumento paraque outras políticas, como aEducação e a Assistência So-cial, atuem de uma maneiramais abrangente, trabalhandono contexto e problemáticasdaquele território, visto que,dentro de um mesmo bairro,podem existir realidades di-versificadas.

Silvia Letícia Serpe

Programa Saúde da Família tem como objetivo aproximar apopulação ações que valorizam a qualidade de vida

Ao alcance dasaúde

Page 6: LONA617-28/10/2010.

Curitiba, quinta-feira, 28 de outubro de 20106

A beleza não é o fator pre-dominante para se tornar o ho-mem dos sonhos das mulheres.Segundo uma pesquisa realiza-da pela empresa britânica de eti-queta Debrett-s, o que mais im-porta são as boas maneiras.

O levantamento foi feitocom mais de 1000 mulheres.Dessas, 63% disseram que osbons modos é a qualidade maisimportante em um homem, en-quanto 29% optaram por inteli-gência e apenas 2% privilegia-ram a aparência.

O estudo, também reve-lou que 80% das mulheres acre-ditam que os homens precisamde ajuda para se tornarem maisfinos. E que isso não é algo tãofácil de fazer.

Na opinião delas, o sexooposto está perdendo cada vezmais as boas maneiras. E essecomportamento inadequado de-les se dá tanto em ambientes so-ciais, quanto no ambiente de tra-balho.

Saber se apresentar e secomportar bem é uma arte. Issotraz benefícios em diversas áre-as da vida, para o homem e paraa mulher. O que não se deve es-quecer é que cada pessoa é úni-ca, ou seja, aquilo que é bonsmodos para mim, não necessa-riamente será para você. No en-tanto, há atitudes que servem

para todos.Etiqueta não se refere

apenas a regras rígidas e ultra-passadas. Mas a comportamen-tos e princípios básicos de con-vivência. As mulheres sonhamem conhecer um príncipe encan-tado, que por muitas vezes setransformam em sapos ou então,porque não dizer, “porquinhos”.

Muitos homens se apro-veitam da intimidade existenteentre o casal ou entre amigos eexpõem suas necessidades fisi-ológicas para que todos vejam,sem nenhum receio. Alguns nãotêm nem vergonha de fazer issono ambiente de trabalho.

É o caso do jovem inglês,Daniel Cambridge, que foi demi-tido de seu emprego por soltarmuitos gases durante o expedi-ente. Seus colegas de equipe fi-zeram 35 reclamações formaissobre sua constante flatulência.Esse caso parece até piada, masé real.

Algo que deveria ser en-tendido é que todos que preser-vam os bons modos só tendem aganhar. Nenhum homem vai di-minuir sua masculinidade porapresentar boas maneiras, mui-to pelo contrário, as mulheresgostam disso. Que os príncipes,se mantenham príncipes mesmoao longo de anos, com boas ma-neiras.

Tatiane GodinhoEscreve sobre gênero quinzenalmente, àsterç[email protected]

Para mulheres, as boasmaneiras dos homensimportam mais do que aaparência

Divulgação

Quando os integrantes estão emsintonia e a banda consegue sairda garagem, chega a hora de pro-duzir o primeiro CD. Foi isso queaconteceu com a curitibana Ste-reo33, que já se apresentava emuma das casas mais cobiçadasdas bandas de rock da cidadena época. O sonho do primeirodisco aconteceu, mas a duraspenas. Muitas decisões foramtomadas até o resultado final,como definir o estúdio de grava-ção, compor e escolher as músi-cas, testar os equipamentos, etc.

Além de todas as neces-sidades técnicas, houve tambémuma preocupação com a ima-gem da banda. Os músicos que-riam que a capa representasse aideologia do grupo. “É muitoimportante contar com o traba-lho desenvolvido por um desig-ner para a arte da capa, porquevaloriza a banda”, diz o baixis-ta da Stereo33, Felipe Kojake.

A importância do designgráfico no meio musical às ve-zes não é evidente, mas quemtrabalha com isso garante que aparceria vale a pena. Para o de-signer Marcelo Dante, a intera-ção entre as duas áreas é muitorica. “Entender quais foram osprocessos, inspirações e senti-mentos que o artista quis expres-sar e transpor toda essa experi-ência para uma peça gráficasempre me atraiu”, afirma.

Dante, que já produziuseis capas, entre elas a do álbum

comemorativo de 15 anos doPato Fu, acredita que o princi-pal critério para uma boa artegráfica é conhecer a banda.“Faço uma pesquisa sobre suaobra e influências, depois con-verso com o artista e, claro, es-cuto bastante o disco”, diz o de-signer. Para Dante, também éimportante entender as músicas.“Cada música tem uma história,uma expressão, e entendê-lasem conjunto é imprescindívelpara enxergar um caminho grá-fico para a capa”, afirma.

A preocupação do desig-ner com o conteúdo do CD é im-portante para as bandas. “Con-tratamos um profissional paraproduzir a capa do disco. Entre-gamos um briefing do grupo,marcamos encontros e, a partirdisso, ele nos apresentou trêsopções. Adoramos o resultado”,diz o vocalista da Stereo33, ZéTravagin.

PiratariaA pirataria e as músicas

disponíveis na internet são pon-tos negativos para esse campodo design, pois as bandas aca-bam investindo menos na pro-dução dos discos. Dante diz quepara o artista é muito mais fácile barato lançar as músicas na in-ternet, o que torna mais cômo-do, também, para as pessoas quevão consumir essas músicas.Para a designer Mariana Zan, apirataria acaba com o seu traba-

lho. “A impressão não respeitaas mesmas características e, como MP3, a arte praticamente nãoexiste”, acredita.

Porém, os designers acre-ditam que há uma tentativa deresgatar o costume de ouvir odisco de forma física. “O cresci-mento da venda e lançamentosem vinil é a prova de que as pes-soas estão percebendo o valor dese ter o disco, folhear o encarte eescutar uma qualidade melhorde som”, diz Dante. SegundoMariana, que escreveu seu tra-balho de conclusão de curso noassunto, muitas bandas já estãopensando nas suas produçõesem vinil. “Parece um tema 've-lho', mas, na cultural visual dehoje, as capas têm tendênciasmuito parecidas com as produ-zidas anteriormente”, afirma.

O interesse do públicopelos discos à moda antigatem trazido benefícios à área.“O vinil acaba sendo umapeça com o design mais valo-rizado e com uma superfíciemaior a ser impressa”, afirma.Para o baixista Kojake, nãotem como produzir um CDhoje sem contratar um desig-ner. “A gente se preocupa emfazer o nosso trabalho e deixaque ele [designer] faça o dele”,diz. E o resultado foi o melhorpossível, pois o disco da ban-da, lançado em 2008, esgotoua tiragem de 1000 CDs em seismeses.

CD também seescolhe pela capa

Design

Capas de discos sãoimportantes e apresentam aidentidade da banda, porisso o papel do designergráfico no processo decriação é essencial

Giulia Lacerda

Page 7: LONA617-28/10/2010.

Curitiba, quinta-feira, 28 de outubro de 2010 7

Ao som do atabaque, for-ma-se a gira da Casa de Amor eCaridade Pai Joaquim, o cheirode incenso é forte e os médiunsse preparam para começar o tra-balho. O ponto cantado é a aber-tura da gira, referenciando ossantos do Catolicismo com asentidades da Umbanda.

Baseada na religião, ciên-cia e filosofia, a Umbanda éuma seita brasileira e misturaelementos de outras religiões.Do catolicismo, os santos e oaltar; de religiões indígenasbrasileiras, o culto aos elemen-tos da natureza; e ainda utilizaalguns preceitos do candomblé,como a incorporação. Ao con-trário do que muitos pensam, aUmbanda não faz sacrifícios deanimais, nem utiliza a religiãocomo forma de ganhar dinhei-ro nem prestígio, não tenta in-fluenciar as pessoas a se con-verterem, e a cada dia maisadeptos seguem a doutrina.Para a Umbanda, o Deus supre-mo é chamado Zambi, ele criouo universo com sete de suas es-sências: fé, justiça, conhecimen-to, evolução, geração, lei e amor.Tudo é feito da mesma matéria,desde a natureza, até o homem.Segundo o coordenador de umaequipe de Umbanda, Volneydos Reis Amatnecks, é daí a ex-plicação umbandista para apassagem bíblica em que Jesus(Oxalá) diz que os homens sãoimagem e semelhança de Deus.

Trajados de branco, comguias penduradas no pescoço,os médiuns formam a roda, oaltar cheio de santos e imagensda Umbanda está iluminadocom velas, mais de 20 pelo quepude contar. Os médiuns pas-sam e fazem uma prece, em si-lêncio, na frente das imagens,que não estão apenas no altar,mas dos lados e atrás da gira.Os consulentes (pessoas que

vão ao Centro para assistir econsultar) estão atrás da gira ede frente para o altar. A imagemde Zé Pilintra, dono da gira estáatrás e ao lado de Iemanjá. Ele éa imagem de um malandro, tí-pico do Rio de Janeiro. Vestebranco, usa chapéu, sapato deverniz e bebe cerveja.

A proteção dos médiunsestá assegurada, dos consulen-tes, idem. Está na hora do tra-balho começar mesmo. Era noi-te de Preto Velho, ele faz a pro-teção e purificação, trabalhacom ervas. É uma entidade dalinha da direita, ou primeira li-nha. Vêm fazer os trabalhos decura, dar o passe (espécie decomunhão para os católicos).É nos terreiros que as entidadesreorganizam o campo energéti-co, levando todo o fluído nega-tivo do corpo espiritual, utili-zando o dom mediúnico da in-corporação e ainda energizan-do os médiuns que devem sepreparar através do estudo,prezando sempre a elevaçãoespiritual e não esquecendo osprincípios umbandistas: frater-nidade, humildade e respeito aopróximo. Solange Anguski,uma médium que incorpora epsicografa, usa seu dom paraajudar o próximo, nunca deixade servir a espiritualidade,sempre atendendo as pessoas eespíritos quando sua ajuda ésolicitada.

O Preto Velho é a repre-sentação do negro, já velho, otexto lido no início fala que es-ses pretos incorporados não fo-ram apenas negros, foram ama-relos, pardos, brancos e tambémvermelhos. São espíritos evolu-ídos e tem experiência de vida,por isso são sábios.

Parece uma festa, o pri-meiro chega em um dos mé-diuns, conversa, canta, fala pa-lavras de sabedoria e depois

dele, o mais sábio e mais velho,vem outros Pretos e Pretas Ve-lhas que incorporam nos mé-diuns da gira. Eles fumam ca-chimbo ou cigarro de palha, eficam um tempo purificando acasa. Enquanto eles ainda es-tão por ali, duas crianças incor-poram em duas mulheres dagira. Elas viram cambalhota,pedem a “bênção” aos mais ve-lhos, brincam, ganham doces, eficam muito felizes ao comeruma bala e um pirulito cada,logo em seguida vão embora.

Ainda na presença dosPretos e Pretas Velhas é horados consulentes “tomarem” opasse. Formam-se três filas,uma ao lado da outra, e todosos Pretos Velhos passam ener-gizando as pessoas. Passe to-mado, o trabalho dos pretos nanoite está concluído. Agora éhora da gira virar!

Os médiuns se preparamagora para receber outros espí-ritos, os chamados Exus. Elessão inúmeros e cada um repre-senta uma entidade. Tem o SeuCapa Preta, o Zé Pilintra, o Ca-veira, as Pombas-giras e váriosoutros. Os pontos cantados e to-cados nos atabaques chamamqual entidade vai chegar, e as-sim um por um chega para daro “ar da graça”. Cada um usasuas vestimentas, o Zé Pilintracoloca o chapéu, o sapato deverniz e a gravata. Seu CapaPreta, sua capa preta, Exu Ca-veira, uma capa preta que pordentro é vermelha e um chapéupreto e vermelho. Pomba-giraMaria Padilha um chapéu su-per feminino e uma capa ver-melha.

Quando a gira vira paraa esquerda os espíritos vão au-xiliar os consulentes com pro-blemas. Esses problemas sãoabertos e a energia do ambientese torna tão negativa quanto os

problemas, medos e angústiasdos consulentes.

Os Exus fazem uma li-gação direta das Trevas com aLuz, pois no “embaixo” é pre-ciso ter seres iluminados tra-balhando para que o caos nãoreine, dando oportunidade aoscaídos de evoluírem e encon-trar a Luz. Os Exus têm apa-rência tenebrosa, pois servemem ambientes vibratórios bai-xos onde o ódio, a inveja, a dore outras manifestações negati-vas estão presentes, necessi-tando dessa aparência paraimpor respeito e domínio sobreos espíritos sofredores, sãograndes e fortes para suportaro acúmulo dessa negatividade.

A Umbanda, além doculto onde as entidades da di-reita e esquerda se manifestampara ajudar os consulentes, faztambém rituais de anjo da guar-da, onde é feita a proteção dosmédiuns do Terreiro, batiza-dos, casamentos e outros ritu-ais. Todos procuram sempre obem comum, a paz, amor aopróximo e a caridade, propor-cionando a paz de espírito da-queles que seguem a doutrina.

A Umbanda segue adoutrina espírita, e usa expli-cações com um cunho mais ci-entífico que outras religiões, epor isso seduz muitos dos jo-vens, que estão cada vez maisdescrentes em outras religiões,o que fortalece e faz a Umban-da ter cada vez mais adeptos.

Porém, a religião causaestranhamento e um descon-forto para quem não segue adoutrina. Como os médiuns,quando incorporados, fumamcigarro de palha, cigarro, ca-chimbo e charuto (dependen-do de qual entidade incorpo-ra) a fumaça é intensa e as rou-pas e cabelos ficam com umcheiro muito forte. Além de que,

de uma maneira geral se a pes-soa não acompanha a religião,fica sem entender direito o quese passa no terreiro. Parece umabagunça, uma confusão. Ape-sar de ser feita a leitura de al-guns textos, não dá para com-preender tudo que se passa, daívem o preconceito. A música émuito alta, eles ingerem bebidasalcoólicas e fumam muito. Nãoestá de acordo com o que maio-ria das outras religiões pregam,vivemos num país com umgrande número de católicos,que são absurdamente contra acrença em reencarnação e incor-poração. A religião católica estáligada aos costumes dos brasi-leiros, o que torna a aceitaçãode religiões baseadas no espiri-tismo quase impossível. Porém,a Umbanda usa explicaçõescom um cunho mais científicoque outras religiões, e por issoseduz muitos dos jovens, queestão cada vez mais descrentesem outras religiões, o que forta-lece e faz a Umbanda ter cadavez mais adeptos. “Comecei aperder a minha fé com catoli-cismo, eu não conseguia maisaceitar e entender a religião,agora reencontrei um sentidopara a criação da Terra e doshomens e vi sentido na minhaexistência.”, afirma Aline Pr-zybysz.

O ritual da Umbanda

Jornalismo Literário

Silvia Serpe

Ainda na presençados Pretos e PretasVelhas é hora dosconsulentes “toma-rem” o passe. For-mam-se três fi las,uma ao lado da outra,e todos os Pretos Ve-lhos passam energi-zando as pessoas.

Page 8: LONA617-28/10/2010.

Curitiba, quinta-feira, 28 de outubro de 20108

Menu

A Cinemateca de Curitiba apresenta a Mostra de Cinema Japonês.As exibições dos filmes acontecem em versão original em japonêscom legendas em português. No dia 28 exibição fica por conta de“Nossa mãe”, às 16h. No dia 29 serão apresentadas três sessões:“Torre de Tóquio”, às 15h30, “A garota que saltou no tempo, às18h10 e “Honra de um Samurai, às 20h05. As exibições acontecerãoaté o dia 31 desse mês..

Um Passaporte Húngaro

Nathalia Cavalcante

A sessão cineclube da Cinemateca de Curitiba exibe “Um passaporteHúngaro”, de Sandra Kogut. A construção de uma identidade é oeixo do documentário franco-brasileiro, que apresenta a saga dadiretora na busca de um Passaporte Húngaro. As reuniões doCineclube são realizadas no último sábado do mês e são abertas aopúblico.

Cultura

Neste mês de outubro, oMuseu Egípcio e Rosa Cruzcomemora 20 anos de dedica-ção à cultura do Egito anti-go. O museu, localizado noBacacheri, é visitado pormuitos alunos de diversasescolas da cidade e região,além dos curiosos e aficiona-dos pelo tema, principal-mente por trazer da antigui-dade referências importantessobre uma cultura de grandeinfluência.

Os objetos expostos paravisitação são réplicas de ele-mentos da civilização egíp-cia que estão espalhadospelo mundo em diversos ou-tros museus. O diferencial doMuseu Egípicio e Rosa Cruzestá na múmia de 2700 anos,aproximadamente, que foiapelidada de Tothmea quan-do chegou à cidade.

Durante todo o mês, even-tos acontecem para envolvera população nesta misturade tradição, magia e história,aspectos que o museu tem desobra. Rodrigo Bontorim écurador do museu e histori-ador responsável pelas pes-quisas que são desenvolvi-das sobre o tema, e outrasparticularidades de diferen-tes culturas que formam onosso estado. Bontorim des-taca a importância de teruma múmia original e únicado sul do Brasil. “Não so-mente para o Museu Egípcioe Rosa Cruz, mas tambémpara todo o conhecimentoadquirido sobre esta AntigaCivilização. A maior partedos objetos e dos artefatossobre os egípcios antigos temuma estreita ligação com acultura funerária da Anti-guidade, pois são provenien-tes de tumbas”.

E o que nos aproxima desta

Tálita Rasoto

Sessões japonesas

Museu dedicado ao Egitocomemora 20 anos

O Teatro Barracão Encena apresenta o espetáculo “Entre Risos eImprovisos”, do diretor Juscelino Zilio. A peça conta com cinco atoresque se revezam interagindo com a plateia, a base de muitaimprovisação.

Onde: Teatro BarracãoEncenaQuando: 28/10/2010,04/11/2010 e 11/11/2010, às 21hPreço: R$ 30 (½entradaR$ 15)

Entre Risos e ImprovisosO Museu Egípcio e Rosa Cruz faz aniversário neste mês e relembraatravés de exposições como a cultura desta civilização nos instiga

cultura tão fascinante? Os maisvariados temas como mitologia,cosmogonia (mito da criação domundo segundo a visão egípcia),mumificação, culto aos animais,poder faraônico, templos e mui-tas outras características da po-pulação do Egito. Para asupervisora cultural da OrdemRosa Cruz, existe preocupaçõesao escolher peças para exposiçãoe assuntos variados. “Mostrar aestrutura política, a religião e avida cotidiana ajuda a fazer umparalelo com as práticas que te-mos atualmente”.

Todo o imaginário criadoa partir da civilização egíp-cia estabelece uma ligação

com a atualidade.Os padrões da sociedade

da época dos faraós e as re-gras de conduta criavam napopulação uma organiza-ção a partir das crenças re-l i g i o s a s , d e u m e s t a d oteocrát ico e inclusive damumificação.

E s t e s a s p e c t o s l e v a mmuitos visitantes ao mu-seu, que divulga esses 20anos de trabalho pela cu-riosidade de um ou de ou-tro, e pela vontade de apro-x i m a ç ã o d o s e r h u m a n oc o m o p a s s a d o s e m p r ebuscando explicar o hojeatravés dele.

Curitibacomemora 20

anos de históriado Museu

Egípcio e RosaCruz, único com

a temática noBrasil

Entre faraós,múmias etemplos, oEgito aindadesperta ofascínio demuitaspessoas

Tálita Rasoto

Tálita Rasoto

Divulgação

Onde: Cinematecade CuritibaQuando: 30/10/2010, às 13h30Preço: Gratuito

Ingresso: Entrada francaData(s): 25/10/2010 a 31/10/2010.Espaço cultural: Cinemateca de Curitiba

Divulgação

Divulgação