Longevidade em Foco 05

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ANO 2 – Nº 5 – 2013 III Congresso WOSAAM Evento, entre 11 e 13 de outubro, reunirá os maiores nomes da ciência da longevidade Inflamação subclínica Biomarcadores inflamatórios permitem a detecção precoce de doenças Obesidade Estudo americano mostra que gordura abdominal eleva o risco de osteoporose Reposição hormonal Classe médica revisa orientação sobre terapia na menopausa

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A Revista Longevidade em Foco tem direção científica do Dr. Ítalo Rachid. Acompanhe as novidades dessa edição e visite o website do Grupo Longevidade Saudável: www.longevidadesaudavel.com.br

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ANO 2 – Nº 5 – 2013

III Congresso WOSAAM

Evento, entre 11 e 13 de outubro, reunirá os

maiores nomes da ciência da longevidade

Inflamação subclínica

Biomarcadores inflamatórios permitem

a detecção precoce de doenças

ObesidadeEstudo americano

mostra que gordura abdominal eleva o

risco de osteoporose

Reposição hormonal Classe médica revisa orientação sobre terapia na menopausa

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sumário

Produção: SB Comunicação (www.sbcomunicacao.com.br) I Jornalista Responsável: Simone Beja I Editora: Silvana Caminiti I Programação Visual: Maurício Santos | Publicação oficial do Grupo Longevidade Saudável: Av. José Moraes de Almeida, 783, Coaçu CEP: 61760-000, Eusébio – CE. Tels.: 0800 0011223 / (55) (85) 3246 2126 I Diretor Científico: Dr. Ítalo Rachid I Diretora de Marketing: Polliana Rachid I Diretora Administrativo-Financeira: Tatiana Mota I Diretor Comercial: Carlos Avellar. Impressão: Gráfica CearenseContato Comercial: Christianne Estrela, [email protected], (85) 9988-0839Relacionamento com o cliente e Marketing: Polliana Rachid, [email protected], (85) 9670-4344

www.longevidadesaudavel.com.br

EDiToriAL

EXPEDiENTE

Cientistas suecos pesquisam força muscular e longevidade 4Estudo relaciona ingestão de sucos industrializados ao câncer 7Condições de vida do idoso no Brasil 8Queda de cabelos: livre-se do problema 10insulina no fígado e o hipotálamo 12mais atividades para evitar o mal de Alzheimer 14Colágeno e a saúde das articulações 16Gordura abdominal eleva risco de osteoporose em homens 20Estudo mostra eventos iniciais do envelhecimento celular 22Benefícios do licopeno para o organismo 24reposição hormonal na menopausa: um novo paradigma 26De olho na inflamação subclínica 30Espanha, país de futebol, história e arte 32iii Congresso Latino-Americano da WosAAm 36Caia na piscina e malhe! 39Pesquisadores estudam água-viva imortal 42os sete hormônios que combatem a obesidade 44sociedade em consultórios e clínicas 47Cuidados com a alimentação podem ajudar a evitar o câncer 48Curso de Fisiologia da Longevidade Humana 50

Caros amigos,

Após mais de 10 anos de debates dentro da sociedade médica em todo o mundo quanto à questão do risco de câncer de mama e ao uso da terapia de reposição hormonal para tratar os sintomas da menopausa, sociedades internacionais de diferentes especialidades médicas divul-garam, em março, o documento Global Consensus Statement on Meno-

pausal Hormone Therapy – Declaração de Consenso Global sobre Tera-pia Hormonal na Menopausa –, afirmando que a reposição hormonal é o tratamento mais eficaz para os sintomas da menopausa e que os benefícios podem superar os riscos existentes. Abrimos espaço na revista Longevidade em Foco para falar desse importante avanço, mas também para lembrar que agora é preciso indagar: qual o melhor tipo de reposição hormonal: com hormônios sintéticos, hormônios homó-logos humanos ou hormônios bioidênticos? A pergunta é bastante pertinente, uma vez que a medicina continua a recomendar o uso de hormônios não humanos para o tratamento dos sintomas da meno-pausa, o que é um erro, pois o hormônio homólogo humano tem a estrutura molecular igual à dos hormônios endógenos, aqueles produ-zidos pelo organismo humano.

Outro tema de relevância nesta edição, que circula com 52 páginas, é a realização do III Congresso Latino-Americano da WOSAAM, um dos maiores eventos multidisciplinares de atualização na área médica. Estarão reunidos num só lugar alguns dos principais nomes do cenário internacional formado por especialistas que trabalham com ciência da longevidade e fisiologia humana. Paralelamente ao Congresso da WOSAAM, que acontece entre os dias 11 e 13 de outubro próximo, tere-mos o I Congresso Internacional da Sociedade Brasileira para Estudos da Fisiologia (Sobraf), VII Simpósio Internacional de Fisiologia Hormonal e Longevidade e II Workshop de Nutrição Bioquímico-Fisiológica. Nossa expectativa é reunir em torno de 500 médicos do Brasil e de outros países, como França, Bélgica, Estados Unidos, Índia e Argentina.

Entre os demais assuntos abordados nas próximas páginas estão: a importância da dieta balanceada para evitar o câncer; a existência de uma água-viva imortal, objeto de estudo, há anos, por cientistas que acreditam que a espécie pode ajudar a compreender melhor o fenô-meno do envelhecimento em seres humanos; e manter uma vida ativa pode afastar o mal de Alzheimer, que hoje atinge cerca de 35 milhões de idosos em todo o mundo.

Boa leitura! Ítalo Rachid

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AA prática de atividades físicas, em

qualquer fase da vida, é importante

em termos de saúde e isso já é do

conhecimento de todos. Da mesma

forma, como muitos estudos já com-

provaram, o baixo condicionamento

cardiovascular apresenta aumento do

risco de morte. Exercitar-se na ado-

lescência pode influenciar a longevi-

dade, o que mostra pesquisa divulga-

da recentemente e realizada por

cientistas do Karolinska Institutet,

em Estocolmo, na Suécia. De acordo

com os resultados do estudo, o porte

muscular dos homens durante a ado-

lescência pode ser um indicativo de

quanto tempo vão viver. Publicada no

periódico britânico British Medical

Journal (BMJ.com), a pesquisa sugere

que a fraca estrutura muscular nesse

período da vida está diretamente as-

sociada ao risco de morte precoce

por diversas causas diferentes, na

fase adulta. O efeito da falta de força

muscular, segundo os cientistas, é

semelhante a outros fatores de risco

já estabelecidos, como estar acima

do peso ou ter pressão alta. O estudo

envolveu mais de um milhão de jo-

vens do sexo masculino, com idades

entre 16 e 19 anos, durante um pe-

ríodo de mais de 24 anos.

Os participantes foram submetidos a três testes (extensão do joelho, força nos punhos e flexão de cotovelos), e os pesquisadores também mensura-ram o Índice de Massa Corporal (IMC) e a pressão arterial dos participan-tes. Foi definida como morte prema-tura aquela ocorrida antes da idade

Força muscular e longevidade

de 55 anos. No final, os pesquisado-res chegaram à conclusão de ser a força muscular um reflexo do estado geral do corpo, o que explicaria a re-lação apontada com a longevidade.

Durante o período de acompanha-mento, 2,3% dos indivíduos morreram (pouco mais de 26 mil). As principais causas das mortes foram ferimentos acidentais, suicídio, câncer, doenças cardíacas e derrames. Um terço das mortes ocorrem por outras causas, mas os cientistas levaram todas as mortes em consideração para os cálculos. Na análise de mortalidade, altos níveis de força na fase jovem da vida foram associados com redu-ção de 20% a 35% no risco de morte prematura devido a causas cardio-vasculares, independentemente do IMC ou da pressão arterial. Os pes-quisadores também afirmam que os adolescentes mais fortes apresen-taram até 30% menos risco de morte prematura por suicídio e foram até 65% menos propensos a ter qual-quer diagnóstico psiquiátrico, como esquizofrenia e transtornos de humor. Para eles, os resultados sugerem que os jovens fisicamente mais fra-cos podem ser mais vulneráveis às doenças mentais.

Os indivíduos estudados faziam parte do corpo militar da Suécia e praticavam exercícios para que sua capacidade pudesse ser calculada. Para os pesquisadores, a fal-ta de força muscular em adolescentes é

um importante fator de risco para as principais causas de morte em adul-tos jovens. Eles defendem a necessi-dade de atividade física regular na infância e na adolescência e alertam que os jovens com menor força mus-cular precisam ser encorajados a par-ticipar de programas de exercícios ou outras formas de atividade física.

O médico Breno Faria (CRMMG- 50.513), diretor do Health Extension (instituto médico de performance e otimização fisiológica e metabólica) e secretário da regional de Minas Ge-rais do Grupo Longevidade Saudável, lembra que estar acima do peso e ter pressão alta na idade precoce são conhecidos como fatores de risco

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para mortes prematuras. Por isso, é importante a prática de atividade físi-ca desde cedo. “Diversos estudos já comprovaram que males como doen-ças cardíacas e câncer podem ser prevenidos se a população for mais fisicamente ativa”, afirma o Dr. Faria. Ele ressalta ainda que músculos for-tes também protegem as articula-ções, resultando em menor risco de lesões ligamentares e problemas como dores nas costas (lombalgias).

“As modificações degenerativas ocorridas no processo do envelheci-mento, e a redução acentuada da massa corpórea magra e o cresci-mento do percentual de tecido adiposo

ocasionam a redução da taxa do me-tabolismo basal. Essa alteração na composição corporal tem sido apon-tada como a mudança mais signifi-cativa no aspecto funcional”, co-menta o médico.

Longevidade com quaLidade de vidaO estudo dos pesquisadores suecos reforça evidências científicas já exis-tentes sobre o efeito benéfico dos exercícios e da atividade física para o organismo nas variáveis antropomé-tricas, neuromotoras e metabólicas, além dos benefícios relacionados ao aspecto psicológico e à saúde mental. Em 1996, o pesquisador Ralph Paffenbarger, que também foi epidemiologista, maratonista e pro-fessor das universidades Stanford University School of Medicine e Har-vard, divulgou um trabalho mostran-do que pessoas que realizam treina-mento aeróbio regularmente aumen-taram a longevidade e diminuíram a incidência de doenças coronarianas, diabetes, hipertensão e algumas for-mas de câncer, entre outras.

Ao longo de quase cinco décadas, Paffenbarger conduziu um dos maio-res e mais importantes estudos científicos na área da epidemiologia, que comprovou que a prática de exer-cícios reduz a chance de morte por doença cardíaca. Para o estudo, ele utilizou questionários periódicos que eram respondidos pelos participan-tes da pesquisa, características pes-soais, tipo de atividade física, níveis de doenças e mortes de mais de 50 mil ex-alunos das faculdades onde lecionava. Ele começou o estudo em 1960 e continuou a publicar resulta-dos de pesquisas até sua morte, em 2007, aos 84 anos.

O trabalho de Paffenbarger tam-bém mostrou que, desde que o gasto energético seja equivalente, é irrelevante se o exercício foi efe-tuado numa sessão única ou divi-dido. Revelou ainda que, à medida que aumenta a energia despendi-da, o risco de doença do coração diminui. Entre os participantes do estudo, aqueles que permanece-ram ativos na meia-idade apresen-tavam chance muito maior de sobre-vida, em comparação aos que se tornaram inativos.

A atividade física e sua importância para a saúde vêm sendo estudadas há muito tempo. Outros pesquisado-res que contribuíram e continuam a contribuir para difundir a ideia des-ses benefícios foram Kenneth Coo-per (criador do teste de Cooper), M.L. Pollock e Robert Malina. Segundo a maioria dos pesquisadores, para ob-ter o resultado esperado, o programa de exercícios deve englobar a resis-tência cardiorrespiratória, a força e a flexibilidade. Já a American College of Sports Medicine (ACSM) recomenda que as atividades aeróbias sejam realizadas, no mínimo, três vezes por semana, com duração mínima de 30 minutos cada vez.

aumento da expectativa de vidaOutro estudo que comprovou a ne-

cessidade da prática de exercícios

desde a adolescência foi publicado,

recentemente, pela revista científica

The Lancet. Pesquisadores de duas

universidades americanas, University

of South Carolina, em Columbia, na

Carolina do Sul, e de Harvard, mos-

traram que, se o sedentarismo fosse

eliminado da rotina de adolescentes

e adultos em todo o mundo, a expec-

tativa de vida dessas pessoas pode-

ria aumentar em até quatro anos. E

caso isso fosse associado a uma

alimentação balanceada e ao aban-

dono do tabagismo, elas viveriam até

nove anos mais.

Ainda de acordo com o trabalho, 30 minutos de exercícios moderados praticados cinco vezes por semana, ou 20 minutos de exercícios inten-sos, feitos três vezes na semana, seriam capazes de evitar 9% de to-das as mortes prematuras ocorridas no mundo, cujas principais causas são infarto, diabetes tipo 2, câncer de mama e de colo do útero, além de acidente vascular cerebral (AVC).

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PPara aqueles que costumam ingerir, com frequência, refri-gerantes e sucos artificiais açucarados, uma pesquisa apresentada este ano em congresso da Associação Ameri-cana de Cardiologia traz um importante alerta: esse tipo de bebida pode estar associado a algo em torno de 180 mil mortes por ano em todo o mundo. O trabalho foi realizado por cientistas da Escola de Saúde Pública de Harvard, nos Estados Unidos, que usaram como fonte de dados o estudo The Global Burden of Disease (O Peso Global da Doença, pesquisa que representa o maior esforço cientí-fico já realizado para descrever a distribuição global e as causas de uma grande variedade de doenças graves, feri-mentos e fatores de risco à saúde), de 2010, e relaciona-ram a ingestão de bebidas açucaradas a 133 mil mortes por diabetes, 44 mil mortes por doenças cardiovasculares e 6 mil mortes por câncer. De acordo com o levantamento, cerca de 80% dessas mortes ocorreram em países com população de média e baixa rendas.

Os especialistas afirmam ainda que o consumo das bebidas açucara-

das pode gerar resistência à insulina e levar ao diabetes

tipo 2, além de aumentar o risco de obesidade. Eles analisaram a quan-tidade consumida das bebidas por idade e sexo; os efeitos das

iguarias na taxa de obe-sidade, doenças cardía-

cas, certos tipos de cân-cer e no diabetes; e o im-

pacto das mortes relacio-nadas a essas doenças.

Os cientistas acrescenta-ram à publicação a informa-ção que o fato de milhares

de mortes estarem associa-das ao consumo de bebidas

Estudo relaciona refrigerantes e sucos artificiais açucarados a mortes

industrializadas açucaradas não significa que os produ-tos provoquem diretamente esses óbitos. Segundo eles, o que existe é uma relação entre o hábito frequente e maior prevalência de mortes causadas por doenças como as cardíacas, o diabetes e alguns tipos de câncer. Ou seja, o consumo desses produtos pode vir junto com outros fatores que elevam o risco desses problemas. Afirmam, no entanto, ser possível estimar o número de mortes ligadas às bebidas.

estudo brasiLeiro sobre o temaOutro trabalho mostrando os malefícios do consumo fre-quente de bebidas industrializadas açucaradas foi reali-zado no Brasil, porém o público-alvo analisado foi formado por crianças e adolescentes. O professor e doutor Rubens Feferbaum, pediatra e nutrólogo, professor livre-docente em pediatria na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e Luiz Carlos de Abreu, do Departamento de Saúde Materno-Infantil da Faculdade de Saúde Pública da USP, analisaram os reflexos do aumento do consumo de refrigerantes, sucos de caixinha e outras bebidas alta-mente calóricas entre crianças e adolescentes.

Denominado Padrões de Ingestão de Fluidos: Um Estudo Epidemiológico de Crianças e Adolescentes no Brasil, o tra-balho foi publicado na revista BMC Public Health. Os pesqui-sadores acompanharam 831 pacientes, entre meninos e meninas, com idades entre 3 e 17 anos, moradores das cidades de Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Recife, para avaliar a evolução do consumo des-sas bebidas ao longo dos anos. Os pesquisadores perce-beram que, conforme as crianças iam crescendo, o consu-mo de leite foi sendo reduzido, dando lugar ao aumento da ingestão de sucos e refrigerantes. Os resultados mostra-ram que, entre os adolescentes de 11 e 17 anos, a maior parte das calorias consumidas vem de refrigerantes ou sucos de caixinha, que representaram uma média diária de 207 quilocalorias (kcal). Bebidas açucaradas ficam em se-gundo lugar, com índices entre 37% e 45% de calorias, nos grupos de 3 a 6 anos e de 7 a 10 anos, respectivamente.

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O

ECoNomiA

Condições de vida do idoso no BrasilO Brasil é o primeiro país da América Latina a participar do consórcio Es-tudo Longitudinal das Condições de Saúde e Bem-Estar da População Ido-sa, cuja sigla é Elsi. O trabalho, ini-ciado no segundo semestre do ano passado, tem como objetivo levantar informações sobre as condições de vida e de saúde dos idosos. Onze paí-ses europeus, Estados Unidos, Cana-dá, Japão, Índia, China e Coreia do Sul também participam do consór-cio. A previsão é que o primeiro ciclo de estudos do Elsi Brasil tenha dura-ção de seis anos, período em que a expectativa é que sejam entrevista-das 15 mil pessoas. O Ministério da Saúde anunciou investimento da or-dem de R$ 6,5 milhões no projeto, que vai investigar a evolução e a rea-lidade das condições de saúde; capa-cidade funcional; e uso dos serviços de saúde entre os idosos.

A avaliação levará em conta diversos tópicos e os mais importantes dizem respeito à aposentadoria e suas con-sequências para a saúde do cidadão; situação socioeconômica; e estrutura domiciliar e familiar, temas que são comuns a todos os países partici-pantes, o que vai permitir um inter-câmbio de informações e possibilitar a comparação dos resultados apre-sentados por cada um. A importância da pesquisa é reforçada por dados da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o envelhecimento populacional mundial que mostram que, em 2020, o número de pessoas com mais de 65 anos será superior ao número de crianças com menos de cinco anos.

Em relação ao Brasil, pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que, atual-mente, existem cerca de 21 milhões de pessoas com idade igual ou su-perior a 60 anos, o que representa, aproximadamente, 11% do total da população brasileira. E, em 2025, a estimativa é que o Brasil tenha apro-ximadamente 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade, alcan-çando a sexta colocação no ranking mundial de países mais longevos. A expectativa é que, para cada grupo de 100 jovens menores de 15 anos, haverá mais de 50 adultos com 65 anos ou mais.

No entanto, quando se trata de saú-de e envelhecimento em nosso país, um outro levantamento apresentado pela ONU é preocupante: 36,5% das pessoas hoje com mais de 50 anos apresentam algum tipo de incapa-cidade funcional ou dificuldade para realizar tarefas simples, como atra-vessar a rua ou subir escadas. Na In-glaterra, o percentual é de 23%. Isso quer dizer que a redução da mortali-dade não implica anos adicionais com saúde e autonomia. E vale lem-brar que a deficiência na capacidade funcional representa elevado custo para os serviços de saúde.

Prova disso é o resultado de um es-tudo desenvolvido pela Fundação Sis-

tema Estadual de Análise de Dados (Seade), de São Paulo, que mos-

trou uma proporção crescente, de acordo com o aumento da

idade, de indivíduos que necessitavam de auxílio para realização de ativi-dades simples do coti-diano, como ir da cama para o sofá, vestir-se, ali-mentar-se ou cuidar da própria higiene. De acordo com a pesquisa, 46% dos entrevistados com idades

entre 65 e 69 anos neces-sitavam de auxílio para rea-

lizar tarefas. Já a partir dos 80 anos, apenas 15% não

necessitavam de algum auxí-lio, enquanto 28% apresenta-

vam grau de incapacidade tal que requeriam cuidados pessoais

em tempo integral.

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Fatores determinantes de Longo prazoDiante desse cenário, torna-se de grande importância verificar os fatores determinantes de longo prazo das condições de saúde e bem-estar da população idosa no país, como se propõe o estudo Elsi Brasil. Na opi-nião de Gilberto Braga, economista e mestre em Administração pelo Insti-tuto Brasileiro de Mercados de Capi-tais (Ibmec), as atuais políticas públi-cas de saúde voltadas para idosos não são suficientes para aumentar a qualidade de vida dessa parcela da população. O especialista defende a necessidade da adoção de um mo-delo de saúde que priorize práticas médicas que ajudem a evitar as doen-ças que vêm com a idade, lembrando que cuidar de uma população idosa saudável é diferente de cuidar de uma população doente. “Cuidar de pes-soas sãs custa menos. É difícil deter-minar um percentual em termos de economia para os gestores de saúde, mas certamente a diferença e a eco-nomia são expressivas”, afirma.

Braga lembra que o impacto do fenô-meno da longevidade na economia brasileira é variado. “Normalmente, pensamos somente nos custos eco-nômicos que o fato de viver mais pode trazer para os familiares, como gastos com planos de saúde, remé-dios, cuidadores e tratamentos es-pecíficos. Por outro lado, ao mesmo tempo, há um contingente de novos consumidores com renda conside-rável que ainda não foi totalmente percebido pela economia formal. Falo da terceira idade sadia, que lota os teatros nas noites de terça a quinta, que viaja e faz turismo pelo país fora das grandes temporadas e dos feriados, que janta fora e toma vinho, que sai para dançar, enfim que gasta muito. A força de consumo da

terceira idade ainda não foi mapea-da e aqueles que desenvolveram pro-dutos específicos e serviços para ela poderão ter grandes lucros”, co-menta o economista.

diFerenças das condições de saúdeIndicadores demográficos de enve-lhecimento, como o publicado pelo Observatório sobre Iniquidades em Saúde, da Fiocruz, que tem como base a Pesquisa Nacional de Domicí-lios (PNAD), apontam para a existên-cia de determinantes sociais que im-plicam o aparecimento de desigual-dades em termos de saúde durante o envelhecimento. Para muitos pes-quisadores, além das condições bio-lógicas individuais que favorecem a longevidade, é relevante questio-nar quais fatores podem estar asso-ciados aos anos adicionais de vida para uns, e não para outros. Entre esses itens está a diferença regional, que, para muitos, transpõe as ques-tões básicas e fundamentais relacio-nadas ao aumento de oferta e aces-so aos serviços de saúde. Segundo o PNAD de 2009, a macrorregião com maior proporção de idosos é a Sudeste (12,7%), seguida da Re-gião Sul (12,3%), Nordeste (10,5%), Centro-Oeste (9,5%) e Norte (7,3%). Muitos pesquisadores defendem a

tese de fatores como educação e renda, por exemplo, despontarem como diferenciais no ganho de vida em anos, possivelmente na quali-dade do envelhecimento.

Existe, contudo, relação entre as con-dições de saúde e o sentimento de bem-estar entre os idosos? Para res-ponder a essa pergunta, pesquisa-dores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) realizaram uma pesquisa cujo resultado acaba de ser publicado na revista Cadernos de

Saúde Pública, da Fiocruz. Durante um ano, eles entrevistaram 1.431 idosos, com idade média de 69 anos, moradores da área urbana da cidade, com o objetivo de verificar como se es-tabelece essa ligação. Os pesquisa-dores chegaram à conclusão de es-tar a sensação de felicidade associa-da a diversos indicadores de saúde. O levantamento mostrou que os ido-sos que se sentem felizes por mais tempo são casados, trabalham, têm lazer, ingerem bebidas alcoólicas ocasionalmente, consomem frutas, legumes e verduras todos os dias, não são obesos e dormem bem.

Esse é um dos primeiros estudos, em base populacional, que verifica as relações das condições de saú-de com o bem-estar subjetivo de idosos. Na avaliação dos pesquisa-dores, os resultados devem contri-buir para ampliar o conhecimento sobre o tema no Brasil.

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A

BELEzA

Queda de cabelos: livre-se do problema

A calvície também afeta as mulheres e pode ser sinônimo de ansiedade e sofrimento emocional para muitas, pois atinge um dos principais ícones da feminilidade: os cabelos. No caso da alopécia androgênica (calvície), diferentemente do que ocorre com os homens, as mulheres não ficam total-mente calvas, os fios da linha da testa são preservados e a mulher não ganha entradas, mas o cabelo da parte de trás e no alto da cabeça vai ficando mais ralo. Dependendo do estágio, é possível ver o couro cabeludo. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Restaura-ção Capilar, entre 25% e 30% das brasileiras entre 35 e 50 anos apresentam ou vão apresentar algum grau de calvície. E é importante ficar atenta aos sinais, para perce-ber a diferença entre a perda normal de cabelos (que inte-gra o processo natural de renovação dos fios) e a intensifi-cação da queda. O dermatologista Carlos Toledo (CRM RJ 52761326), professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), explica que diariamente as pessoas perdem cerca de 100 fios. Mas a perda só deve preocupar se os fios começam a se acumular no ralo da pia ou do chuveiro, na escova, nas roupas ou no travesseiro.

O especialista lembra que a calvície é uma manifestação fisiológica que ocorre devido à herança genética, sendo que o histórico de calvície pode vir tanto do lado da mãe como do pai. O processo ocorre devido à ação da enzima 5-alfa-redutase sobre o hormônio testosterona (a mulher também apresenta esse tipo de hormônio, porém em menor quantidade que o homem), resultando no subpro-duto DHT (dihidrotestosterona). Este último age sobre os folículos pilosos, provocando o seu afinamento e miniaturi-zação. “A predisposição genética determinará o grau de queda, mas o excesso de hormônios masculinos, muitas vezes elevados por problemas no ovário ou nas glândulas suprarrenal e hipófise, pode contribuir para o agravamento da queda”, explica.

A perda dos cabelos geralmente se inicia após a puber-dade. A partir daí, a evolução é lenta, podendo ocorrer

uma rarefação difusa dos fios que se tornam finos e têm seu tamanho diminuído. Dificilmente, a mu-

lher chega a ficar careca, mas isso pode ocorrer

EspEcialista EsclarEcE quE ExistEm divErsos fatorEs quE podEm lEvar à quEda intEnsa dos fios, como hErança gEnética, EstrEssE E uso dE mEdicamEntos

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cirúrgicos, o estresse e doenças sistêmicas, como diabe-tes e problemas na tireoide.

“Esse tipo de problema costuma se resolver de forma espontânea, mas causa grande preocupação pela intensi-dade e rapidez da instalação da queda. E é mais comum em mulheres”, comenta o Dr. Toledo. Segundo ele, no eflú-vio telógeno, a perda de cabelos costuma ser mais gene-ralizada e não se restringe à fronte e ao vértex, como ocorre na alopécia androgenética, a calvície hereditária. Além disso, como a raiz dos cabelos não é afetada de for-ma definitiva, costuma ocorrer uma reposição quase total dos fios perdidos, poucos meses depois de resolvido o que levou à queda.

Vale lembrar que existe também o eflúvio anágeno, que ocorre em pacientes submetidos a tratamentos de radio-terapia ou quimioterapia. Nesse caso, normalmente, o nascimento dos cabelos volta ao normal logo após o tér-mino do tratamento.

Outra causa de queda de cabelo entre as mulheres é a alopécia areata, que se caracteriza pela perda de cabelo ou pelos, localizada em áreas bem delimitadas. Em geral, a queda ocorre em áreas arredondadas ou ovais do couro cabeludo ou de outras partes do corpo. De acordo com os especialistas, a alopécia areata ocorre em 1% a 2% da população, afetando ambos os sexos. Ela pode surgir em qualquer idade, embora em 60% dos casos seus portado-res tenham menos de 20 anos. Ainda segundo dermatolo-gistas, a perda de cabelo é assintomática, mas alguns pacientes se queixam de prurido ou queimação que prece-dem o aparecimento das placas. Em alguns casos, pode evoluir para a alopécia totalis, quando ocorre a queda total de cabelo e de pelos do corpo.

em casos de maior intensidade e em mulheres de idade mais avançada. Por outro lado, em algumas mulheres, a alopécia androgênica só começa a se manifestar após a menopausa, quando ocorre a diminuição da produção dos hormônios femininos.

O tratamento para combater a alopécia androgênica tem como objetivo evitar a ação hormonal sobre os folículos, revertendo o processo de afinamento e miniaturização. Ele pode ser feito com o uso de antiandrógenos (que com-batem a ação dos androgênios), por via oral ou loção, que é aplicada no couro cabeludo. Além disso, é feito o estí-mulo ao crescimento dos cabelos, com suplementação vi-tamínica e substâncias de uso local.

outras causas da queda de cabeLo Segundo o Dr. Toledo, o cabelo pode perder o aspecto saudável por diversos motivos, seja por causas internas (como alterações nutricionais, manifestações genéticas, irregularidades hormonais e inflamações no couro cabelu-do) ou externas (a exposição excessiva ao sol ou mesmo à fumaça dos cigarros, que são de caráter cumulativo, e à poluição, por exemplo). Nos casos de fatores genéticos ou hormonais, uma opção de tratamento pode ser a carboxite-rapia capilar (aplicação de injeções de dióxido de carbono no couro cabeludo, técnica que aumenta o fluxo sanguí-neo, melhorando a fisiologia local e promovendo o cresci-mento do cabelo), laser de baixa potência ou até mesmo transplante de unidades foliculares.

“Nosso cabelo é basicamente um fio constituído pela pro-teína queratina, formado por camadas lamelares (escamas) superpostas e com córtex (canal) central. A parte viva en-contra-se dentro do couro cabeludo. A parte externa, a haste capilar, é o que chamamos normalmente de cabelo. E ele sofre agressões no dia a dia, com a exposição ao sol, à água do mar e à química das piscinas, ao vento, à polui-ção, ao ar-condicionado e às variações de umidade no ar. O uso de tratamentos químicos, como colorações, relaxa-mentos e escovas dos mais variados tipos, entre outros, também pode agredir os cabelos”, diz o dermatologista.

Um dos tipos mais comuns de queda de cabelo é o eflúvio telógeno, que se caracteriza pela diminuição intensa dos fios em toda a cabeça. A queda pode ser aguda ou crôni-ca e geralmente é causada por febres altas, dengue, ane-mias (causadas por menstruações intensas ou deficiên-cias nutricionais), dietas radicais, medicamentos e no pós--parto. Outras causas de eflúvio telógeno são os traumas

“A predisposição genética determinará o grau de queda

dos cabelos, mas o excesso de hormônios masculinos

pode contribuir para o agravamento da queda”

Dermatologista Carlos Toledo

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Estudo põe eixo cérebro-fígado no controle do equilíbrio glicêmicoPesquisa realizada na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Univer-sidade Estadual de Campinas (Uni-camp) demonstrou, pela primeira vez na literatura médica, a ligação entre a inflamação do hipotálamo e a resis-tência à insulina no fígado. A desco-berta, que coloca o eixo cérebro-fíga-do no controle do equilíbrio glicêmico, pode abrir nova frente para o trata-mento do diabetes. O estudo vinha sendo realizado há dois anos e per-mitiu aos cientistas identificar a via neural por onde ocorre a ligação entre o sistema nervoso central e o fígado. Segundo o professor e pesquisador Lício Velloso, orientador da pesquisa, uma dieta rica em gordura saturada – presente em alimentos como man-teiga e carnes bovina e suína, por exemplo – leva a uma inflamação do hipotálamo, que, por sua vez, leva à resistência da insulina no fígado, ór-gão responsável por produzir a glicose.

Segundo o mecanismo descrito na pesquisa, o controle da glicose alta no jejum é feito, pelo menos em parte, pelo hipotálamo. “Isso reforça nossa suspeita de que o desenvolvi-mento de drogas com ação no siste-ma nervoso central deve ser interes-sante para o tratamento do diabe-tes”, comenta Velloso. A glicemia de jejum ocorre com muitos pa-cientes diabéticos, que, embora monitorem rotineiramente a con-centração da glicose, pela ma-nhã, ao acordar, percebem que estão com um nível elevado de

açúcar no sangue. O controle da gli-cemia de jejum é considerado um dos principais problemas enfrenta-dos por endocrinologistas no atendi-mento aos pacientes com diabetes.

“O diabético passa um período de jejum dormindo e, ainda assim, acor-da com a glicose alta. Décadas atrás, descobriram que o fígado produz gli-cose e o paciente com diabetes tem defeito nessa produção. Entretanto, detalhes a respeito desse processo ainda não são completamente escla-recidos”, lembra o professor Velloso.

Já a nutricionista Marciane Milanski, que é professora da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp e desenvolveu a pesquisa durante a continuação da tese de doutorado, lembra que o hipotálamo, órgão loca-lizado na base do cérebro, controla a homeostase corporal, isto é, o ajuste do organismo às variações externas,

como a temperatura, o balanço de água

no corpo, a fome e o gasto energé-tico corporal, entre outras funções. O órgão também é responsável por fazer a integração entre os sistemas nervoso e endócrino, atuando na ati-vação de diversas glândulas produ-toras de hormônios.

“Fomos identificar quais eram os me-canismos por meio dos quais as gor-duras saturadas levavam à inflama-ção hipotalâmica e percebemos que existe uma relação muito íntima entre via inflamatória e vias metabólicas, que controlam a ingestão alimentar e o gasto de energia. Distúrbios nessas vias metabólicas levam ao aumento ou à diminuição de peso”, explica Marciane. A pesquisadora conta que a inflamação hipotalâmica prejudica a sinalização da leptina e da insulina – hormônios que participam do con-trole da ingestão alimentar e do gasto energético – no hipotálamo, o que leva ao desequilíbrio dos mecanis-mos que regulam o bom funciona-mento do organismo.

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OO mal de Alzheimer atinge cerca de 35 milhões de idosos em todo o mundo e é hoje uma das doenças mais pesquisadas por cientistas de diferentes países. Enquanto dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que deve dobrar o número de diagnósticos positivos dentro de 20 anos, os pesquisadores ainda não conseguiram definir a causa do pro-blema. No entanto, a boa notícia é que estudos recentes indicam que a doença pode ser evitada de maneira simples: com a prática de atividades físicas. E essa prática não precisa ser necessariamente um exercício. Atos comuns, como subir escadas, caminhar, cozinhar, lavar louça, jardi-nagem, varrer e até mesmo brincar com os netos, contribuem para redu-zir em até 50% os riscos da doença, segundo estudo da Universidade de Rush, de Chicago (Estados Unidos), publicado no periódico Neurology, da Academia Americana de Neurolo-gia, recentemente.

Durante quatro anos, os pesquisado-res acompanharam 716 indivíduos idosos (uma média de 82 anos de idade), sendo que os participantes foram submetidos a exames clínicos estruturados anualmente, incluindo uma bateria de 19 testes cognitivos. No final, puderam perceber que aque-les pacientes que praticavam diaria-mente atividades apresentavam me-nor possibilidade de vir a desenvolver

a doença. Para realizarem a avalia-ção, os cientistas da universidade norte-americana colocaram um pe-queno aparelho no pulso dos pacien-tes, que tiveram todos os movimen-tos diários, como andar, cozinhar, la-var louça, varrer a casa, dirigir, subir escadas e brincar com os netos, me-didos. Os resultados mostram que as pessoas, incluindo os idosos, que se movimentam menos, têm duas vezes mais chance de desenvolver o mal de Alzheimer.

O resultado do trabalho levou a neu-rocientista Michal Schneider Beeri, professora da Escola de Medicina do Hospital Mount Sinai, em Nova York,

e diretora do Centro de Neurociência do Hospital Sheba, em Tel Aviv, a es-crever um artigo para o periódico Neurology, falando do assunto.

A especialista, que é filha de um bra-sileiro e tem mãe chilena, lembrou em seu artigo que a atividade física tem sido consistentemente asso-ciada à diminuição do risco para o declínio cognitivo e demência, e seus efeitos positivos são evidentes tanto para a doença de Alzheimer quanto para a demência vascular. Em entre-vista a jornalistas brasileiros, ela lembrou ainda que o importante é mexer-se, ser ativo, não importa como e em que idade.

Vida ativa para afastar o AlzheimerdivErsos Estudos ciEntíficos têm dEmonstrado quE as atividadEs física E mEntal podEm contribuir para Evitar a doEnça

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ativa – física e mentalmente – reduz significativamente o risco da doença.

Esse foi o primeiro trabalho a exami-nar as atividades das pessoas cinco anos antes do surgimento dos sinto-mas da doença. Os pesquisadores utilizaram um questionário para re-colher os dados referentes à partici-pação das pessoas examinadas em 26 atividades extraprofissionais, tanto passivas, como físicas e inte-lectuais. O grupo pesquisado foi com-posto por 193 pacientes de Alzhei-mer e 358 pessoas sãs, com idade média de 72 anos.

Entre as atividades passivas estão a TV, as reuniões sociais ou ir à igreja. As atividades intelectuais vão desde a leitura e montar um quebra-cabeça até pintar e fazer trabalhos caseiros. Entre as atividades físicas encon-tram-se a jardinagem e os esportes. O líder da pesquisa foi o mestre e doutor Robert Friedland, neurologista da Universidade Case Western Re-serve. Ele vem estudando há anos a doença e afirma que manter uma die-ta rica em antioxidantes e com pouca gordura saturada, com grandes quan-tidades de peixe, frango, frutas e ve-getais, e menos carne vermelha e derivados do leite, também pode di-minuir o risco do mal de Alzheimer.

massa cinzentaOutra pesquisa que comprova que manter um estilo de vida ativo ajuda a reduzir a demência e o mal de Al-zheimer foi desenvolvida pela Univer-sidade da Califórnia (EUA). O estudo foi realizado por meio da análise da

estrutura do cérebro de 876 adultos, com média de 78 anos de idade. Os pesquisadores juntaram 20 anos de dados clínicos do grupo, formado por pacientes de quatro localidades do país, incluindo informações como índice de massa corporal e hábitos de vida. A produção de energia foi avaliada na forma de quilocalorias por semana.

Depois de controlar idade, tamanho de cabeça, disfunção cognitiva, sexo, índice de massa corporal e educa-ção, os pesquisadores encontraram uma forte associação entre a produ-ção de energia e o volume de subs-tância cinzenta em áreas do cérebro. O maior gasto calórico foi relaciona-do a maiores tamanhos nos lóbulos frontal, temporal e parietal, incluindo o hipocampo, o cíngulo posterior e os gânglios basais. Vale lembrar que a massa cinzenta inclui neurônios que funcionam na cognição. Segundo o estudo, as áreas do cérebro que se beneficiam de um estilo de vida ativo são as que consomem mais energia e, ao mesmo tempo, são muito sen-síveis a danos.

O mal de Alzheimer é uma doença crônica que atinge, principalmente, a população idosa. Trata-se de uma forma de demência que afeta a me-mória, as funções cognitivas e capa-cidades de realização de tarefas dos seus portadores. A doença se carac-teriza pela perda de neurônios coli-nérgicos, o que reduz o número de conexões cerebrais. Acredita-se que a doença seria desencadeada por fatores genéticos e ambientais, além do estilo de vida.

Estudo americano mostrou que pessoas menos ativas têm três vezes mais risco de ter Alzheimer, em relação a outras com mais atividades

Outro fator que, segundo a especia-lista, comprovadamente ajuda a re-duzir o risco de vir a ter Alzheimer é a atividade cerebral, com jogos (de computador, cartas ou de tabuleiro, como xadrez e dominó, por exemplo). Ainda de acordo com a neurocien-tista, a educação formal também é um fator protetor, pois estudos mos-tram que analfabetos têm mais risco de desenvolver a doença. Quanto mais anos de estudo, menos chance de desenvolver a doença. Mas, se-gundo a Dra. Michal, os exercícios físicos são mais vantajosos que os mentais na prevenção da doença, pois na atividade física ocorre um equilíbrio entre corpo e mente.

atividade sempreOutro importante estudo que demons-trou que quanto mais ativa é a pes-soa, menor é a chance de ter Alzhei-mer foi apresentado no último con-gresso anual da Academia dos EUA de Neurologia (AAN), realizado na Califórnia (EUA), no final do ano pas-sado. Neurologistas da Universidade Case Western Reserve, em Cleve-land, Ohio (EUA), chegaram à conclu-são de que pessoas menos ativas têm três vezes mais riscos de ter a doença, em comparação com outras que têm mais atividade. De acordo com os pesquisadores, ter uma vida

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QQuem quiser chegar à idade adulta com vitalidade e dispo-sição deve também levar em conta a necessidade de pro-teger as articulações, mecanismo que permite a movimen-tação de todo o corpo – joelhos, tornozelos, mãos, pés, coluna, ombros, punhos, quadril, cotovelo e mandíbula. O problema é que o desgaste das articulações é lento e gradual, ficando mais evidente na velhice, e, ao longo do tempo, pode trazer dificuldades para atividades simples, como se sentar e levantar, escrever, mastigar e até andar.

Para manter as articulações saudáveis, é preciso uma substância já bem conhecida, porém, quase sempre, asso-ciada a questões estéticas, de firmeza da pele e enve-lhecimento: o colágeno. A proteína é fundamental para o funcionamento adequado da cartilagem articular, tipo especial de tecido que reveste a extremidade de dois ossos justapostos, permitindo a execução dos movimentos do corpo. Sem as cartilagens arti-culares, um osso se choca-ria com o outro e não seria possível se mo-vimentar direito.

De acordo com o ortopedista e especialista em medicina do esporte Cláudio Frota de Souza (Cremerj 52.607585), a cartilagem articular é um tecido resistente e flexível, que tem como principais funções o amortecimento e a capacidade de agir como um molde para as articulações. No caso do joelho, a superfície cartilaginosa cobre e molda o fêmur, a tíbia e a rótula, permitindo que os ossos pos-sam deslizar um sobre o outro, reduzindo o atrito e evitando qualquer bloqueio do movimento.

“Pode-se dizer que a cartilagem articular fun-ciona como uma mola ou esponja, que cede água quando pressionada e volta à sua

Colágeno para articulações saudáveisJunto com a Elastina, substância forma arcos dE sustEntação quE funcionam como molas E aJudam a absorção dE impactos

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forma primitiva quando a pressão cessa. Isso permite ao joelho, por exemplo, aguentar o peso do corpo”, explica o especialista, que ressalta que, dentro desse sistema, o colágeno atua como uma malha de sustentação, retendo as demais substâncias existentes dentro da cartilagem.

Segundo o Dr. Souza, a cartilagem articular é composta por 70% de água e o restante por células denominadas condrócitos, condroblastos e fibroblastos. Os fibroblastos sintetizam as proteínas de colágeno e elastina, formando arcos de sustentação que funcionam como molas e aju-dam a absorção de impactos diretos sobre a cartilagem.

Funções do coLágenoO especialista esclarece que o colágeno é a proteína mais abundante do organismo e existem mais de 10 dife-rentes tipos da substância, com composições e funções distintas. “Ele fortalece os tecidos, promove elasticidade

e dá resistência à pele, aos músculos, tendões, menis-cos, ligamentos, veias, vasos e artérias, além de

realizar a distribuição de fluidos em vasos sanguíneos e linfáticos”, comenta o médi-

co, que ressalta ainda que o colágeno II é o tipo encontrado nas cartilagens

articulares, sendo produzido pelas células cartilaginosas.

O colágeno é produzido normal-mente no nosso organismo desde que nascemos. Contudo, quando entramos na fase da maturidade, sua deficiência começa a ser nota-

da, com a diminuição da elasticida-de da pele, o aparecimento de rugas

e o aumento da fragilidade articular e óssea. Diversos estudos mostram que, a

partir dos 30 anos, o corpo sofre uma per-da de colágeno por volta de 1% ao ano e, aos

50, passa a produzir apenas uma média 35% do colágeno necessário para

os órgãos de sustentação. Com a diminuição da substân-cia no organismo, os músculos ficam flácidos, a densidade dos ossos diminui, as articulações e os ligamentos perdem sua elasticidade e força e a cartilagem que envolve as articulações fica frágil e porosa. Pesquisas mostram ainda que deficiência de colágeno está também associada à di-minuição da espessura do fio capilar e à desidratação e perda de elasticidade da pele, culminando em flacidez e aparecimento de rugas e estrias.

As mulheres são as que mais sofrem com a perda de colá-geno, pois apresentam uma quantidade menor dessa pro-teína no corpo, em relação aos homens. Além disso, a deficiência de estrogênio que ocorre no sexo feminino, por volta dos 45-50 anos, por causa da menopausa, faz com que haja uma diminuição da quantidade de fibroblastos, células responsáveis pela produção do colágeno, que, junto com outra proteína, a elastina, compõe a trama de sus-tentação da pele. Toda essa mudança provoca a redução do fluxo de sangue pelos vasos e leva a uma menor capa-cidade de retenção de água pelas células, além de desace-lerar a atividade das glândulas sebáceas e sudoríparas, que produzem a oleosidade que protege a pele como um

O colágeno é fundamental para o funcionamento adequado da

cartilagem articular, tecido que reveste a extremidade de dois

ossos justapostos, permitindo os movimentos do corpo

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filtro natural. Sem a mesma irrigação e hidratação, a pele fica seca, enrugada e flácida, quebradiça e fina e muito mais sensível a escoriações e aos efeitos da exposição solar. Pequenos cortes levarão tempo para cicatrizar e as manchas vão proliferar com rapidez.

Estima-se que, com a menopausa, haja uma perda média anual de 2% de colágeno. A velocidade do processo vai depender da presença de fatores de risco, como o tempo em que a pele foi exposta ao sol ao longo da vida e o há-bito do tabagismo. Estudos mostram que o cigarro pode aumentar em até três vezes o número de rugas em mulhe-res de cor branca de meia-idade, ao reduzir a irrigação san-guínea das camadas que formam a pele.

aLimentaçãoA boa notícia é que a alimentação pode ajudar a repor o colágeno. Por isso, é preciso incluir frequentemente no cardápio alimentos de origem animal, como carnes verme-lhas, frango, peixes e ovos, que são a principal fonte da

coLágeno hidroLisado em pó

Segundo pesquisadores do Departamento de Alimentos e Nutrição da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Uni-camp, o colágeno hidrolisado em pó permite que o nosso organismo mantenha uma quantidade de massa muscular adequada, ajudando o organismo a utilizar eficientemente suas reservas lipídicas e de açúcar. Além disso, o colágeno em pó é um eficiente aliado contra processos de flacidez tecidual. Quando aliado à atividade física, torna-se uma excelente fonte proteica capaz de sintetizar massa magra, mantendo, assim, o aspecto jovial do nosso corpo.

Estudos recentes mostram evidências de que a adminis-tração de colágeno hidrolisado na dieta diária ajuda a pre-venção e o tratamento de doenças degenerativas dos ossos e das articulações, como a osteoartrite e osteoporose, além de ser um suplemento alimentar importante na dieta de pessoas que expõem suas articulações a grandes es-forços, como atletas e obesos.

substância. Já vegetais como soja, feijão, lentilha e grão--de-bico, apesar de não serem fontes diretas de colágeno, são fontes de proteínas que contribuem para a formação dessa substância. A recomendação de consumo diário de proteína para adultos, de acordo com o RDA Recommen-ded Dietary Allowance (RDA) e Dietary Reference Intakes (DRI), dos EUA, é de 0,8 grama por quilo de peso.

O problema é que, de acordo com uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) feita entre 2008 e 2010, a alimentação de 90% dos brasileiros dei-xa a desejar neste sentido: ela é rica em produtos caló-ricos e de baixo teor nutritivo. Ou seja, menos de 10% das pessoas atinge as recomendações de consumo de frutas, legumes e verduras, que é de 400 gramas ao dia, o que as torna um alvo fácil de doenças e desgastes nas articulações.

Entretanto, somente a alimentação não é capaz de for-necer a quantidade ideal dessa proteína de que nosso orga-nismo necessita a partir dos 30-40 anos. É aí que entra a suplementação. Estudos conduzidos em renomadas insti-tuições de pesquisa estão mostrando que o uso diário de colágeno extraído industrialmente de ossos, peles e ten-dões de animais não tem contraindicação e é capaz de estimular a produção do colágeno natural, que perdemos com o passar do tempo.

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JJá há algum tempo, a gordura acumulada na região da barriga é conhecido fator de risco para doenças cardiovas-culares e diabetes, entre outros males. Mas estudo re-cente feito por pesquisadores da Universidade Harvard, em Boston, nos Estados Unidos, mostrou que também pode contribuir para que o homem tenha osteoporose. Segundo os cientistas, a gordura acumulada no abdome e a gordura

visceral (que se deposita em torno dos órgãos internos do corpo) reduzem a densidade e a resistência dos

ossos dos homens. A pesquisa envolveu 35 ho-mens obesos com idade média de 34 anos.

Todos foram submetidos a exames para ava-liar a taxa de gordura no corpo e sua densi-

dade óssea. De acordo com os resulta-dos, os indivíduos que apresentavam

níveis mais elevados de gordura vis-ceral e abdominal apresentavam

menor resistência óssea, em com-paração com aqueles com os

menores níveis de gordura. O estudo não encontrou, po-rém, associação entre IMC ou idade e falta de rigidez dos ossos. No entanto, os pesquisadores observa-ram que a massa muscu-lar pode favorecer a saúde dos ossos – quanto maior a massa muscular, melhor a qualidade dos ossos.

Os participantes do estu-do apresentavam índice de massa corporal (IMC) de 36,5 – obesidade grau 2. Os voluntários foram sub-metidos a uma tomografia

do abdômen e da coxa para ava-liar a quantidade de gordura e mas-sa muscular, além de outro exame em alta resolução do antebraço,

para analisar a força dos ossos e o

Gordura abdominal eleva risco de osteoporose

risco de fraturas. De acordo com autores da pesquisa, os participantes obesos com uma grande quantidade de gordura visceral tinham a força óssea significativamente reduzida, quando comparado com aqueles com IMC simi-lar, mas pouca gordura na barriga.

Segundo especialistas, a gordura visceral surge em razão da má alimentação e do sedentarismo, mas também por questões genéticas. “A gordura visceral se deposita ao redor dos órgãos internos do corpo. Por sua proximidade com os órgãos da cavidade abdominal, quando moléculas de gordura são liberadas desse depósito, elas afetam o funcionamento desses órgãos (como pâncreas, fígado e rins), comprometendo a saúde cardiovascular. O acúmulo dessa gordura também desencadeia outros problemas, como aumento da quantidade de açúcar no sangue, pre-juízo da ação da insulina e das paredes das artérias – quadros que podem levar ao diabetes e a derrames”, lembra Idílio Miragaia Dias (CRM SP 35953), médico e di-retor da Sociedade Brasileira de Estudos da Fisiologia (Sobraf). Criada em outubro do ano passado, a Sobraf tem como missão promover e fomentar o conhecimento relati-vo à fisiologia humana, contribuindo para a propagação de práticas de prevenção em saúde.

Outro estudo, este desenvolvido pela Clínica Mayo, nos Estados Unidos, e apresentado no final do ano passado, mostrou que pessoas com peso considerado normal, mas com acúmulo de gordura na barriga, têm mais riscos de morrer do que pessoas obesas. Segundo os pesquisa-dores, os riscos de morrer por problemas cardiovascula-res são 2,75 vezes mais altos e, por problemas em geral, 2,08 vezes mais elevados em pessoas com IMC normal,

Pesquisa demonstrou que pessoas com níveis mais elevados de gordura visceral e abdominal tinham menor resistência óssea

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mas com acúmulo de peso na região abdominal. Estudos anteriores já haviam apontado que a obesidade na região central do corpo é ruim. A novidade da pesquisa é que a distribuição da gordura é muito importante até em pes-soas com um peso normal.

Participaram do estudo 12.785 indivíduos com 18 anos ou mais, analisados no Terceiro Levantamento Nacional de Exa-me de Saúde e Nutrição, que fornece uma amostra represen-tativa da população dos Estados Unidos. Foram registra-das medidas corporais, como peso, altura, circunferência da cintura e do quadril, assim como condição socioeconômica e comorbidades (doenças relacionadas). A idade média dos participantes era de 44 anos e 47,4% eram homens. O tempo de acompanhamento médio foi de 14,3 anos.

Os voluntários foram divididos em três categorias de IMC: normal (18,5 – 24,9), sobrepeso (25 – 29,9) e obeso (acima de 30). E em duas categorias de circunferência de cintura-quadril: normal (menor que 0,85 para mulheres e 0,9 para homens) e alta (maior ou igual a 0,85 para mu-lheres e 0,9 para homens). As análises foram ajustadas por idade, sexo, fumantes, hipertensão, diabetes e IMC. Os indivíduos com IMC normal, mas com obesidade cen-tral (definida por um índice de circunferência cintura-qua-dril elevado) tinham os riscos mais elevados de morrer de todas as causas. O risco de morte cardiovascular era 2,75 vezes mais alto e o de morte por todas as causas era 2,08 vezes maior em pessoas com IMC normal, mas com peso central – comparado com pessoas com IMC e circunferên-cia cintura-quadril normais.

osteoporoseEmbora boa parte de estudos científicos indexados sobre a osteoporose envolva mulheres, o problema também afeta os homens. Segundo dados do Ministério da Saúde, um terço das fraturas de colo de fêmur ocorre em homens. E, por diversas razões, 37% deles vão a óbito no período de um ano. Isso ocorre porque, depois dos 70 anos, a perda óssea se acentua. Embora depois dos 80 anos o risco seja maior, quase metade das fraturas do colo do fêmur ocorre antes dessa idade. As fraturas de vértebras também são comuns no sexo masculino. Ao contrário das mulheres, no entanto, o risco diminui com a idade. A pre-valência depois dos 65 anos cai para a metade daquela apresentada pelas mulheres. Em 70% a 80% dos casos, as fraturas vertebrais são indolores, mas provocam diminui-ção da altura, disfunções respiratórias, aumentam o risco de quebrar também o fêmur, comprometem a qualidade de vida e contribuem para o aumento da mortalidade.

Estudo divulgado em 2012 e realizado pela Internacional Osteoporosis Foundation (IOF) mostra que o número de fraturas no quadril em decorrência da osteoporose deve aumentar 32% até 2050 no Brasil. Segundo a pesquisa, a maior causa do crescimento está relacionada ao envelhe-cimento da população, já que a estimativa é que aumente o número de pessoas com mais de 70 anos em 380%, até 2050. Atualmente, estima-se que a osteoporose atinja 3 milhões de pessoas no Brasil, sendo que a incidência é maior entre as mulheres, chegando ao percentual de uma em cada três mulheres com mais de 50 anos.

A osteoporose está associada ao declínio fisiológico do hormônio do crescimento (GH), ou somatotrofina, que é produzido na hipófise anterior. A secreção de GH é peque-na nos primeiros anos de vida, depois aumenta progres-sivamente, até atingir seus valores maiores na puberdade. A partir daí, segue-se um declínio progressivo. Homens e mulheres passam pelo processo da somatopausa, em geral, em torno dos 30 anos. As alterações no organismo são a perda da massa muscular, baixa no sistema imuno-lógico e menor lubrificação das articulações. O resultado disso pode ser a osteoporose ou a osteopenia.

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Gottschling, que também é professor do Departamento de Ciências do Ge-noma na Universidade de Washington, explica que, normalmente, as mitocôn-drias se parecem com tubos bonitos e longos, mas, à medida que as célu-las envelhecem, se tornam robustas e fragmentadas. De acordo com ele, mudanças específicas ocorridas nos vacúolos é que desencadeiam os pro-blemas nas mitocôndrias. Gottschling e os demais cientistas conseguiram perceber a alteração em leveduras, mas comprovaram que o mesmo tam-bém ocorre em nosso organismo.

Segundo o estudo, os vacúolos têm duas principais tarefas: degradar proteínas e armazenar “blocos de construção” moleculares nas células. Para desempenhar tais funções, o interior deles é altamente ácido. No caso das leveduras, os pesquisa-dores perceberam que o vacúolo se torna menos ácido relativamente cedo, em relação ao seu tempo de vida, e essa queda impede o arma-zenamento de alguns nutrientes. Isso destrói a fonte de energia das mitocôndrias, fazendo com que elas se danifi-quem. Os cientistas con-seguiram impedir essa diminuição na acidez, e a função das mito-côndrias foi preservada.

Estudo mostra eventos iniciais do envelhecimento celulartrabalho rEalizado por ciEntistas amEricanos liga acidEz no intErior dE Estrutura cElular ao funcionamEnto das mitocôndrias

E Como resultado, as células das leve-duras viveram por mais tempo.

De acordo com o pesquisador Adam Hughes, a equipe ficou surpresa ao descobrir que era a função de arma-zenamento, e não de degradação de proteínas pelos vacúolos, que parece causar a disfunção mitocondrial nas células de envelhecimento. A desco-berta inesperada levou os autores a começar a investigar os efeitos da restrição calórica – conhecida por pro-longar a vida de leveduras, vermes, moscas e mamíferos – sobre a aci-dez dos vacúolos. Foram considera-das as semelhanças entre a biologia de leveduras e das células humanas. Os pesquisadores também observa-ram que as “leveduras-mãe” tinham uma menor acidez nos vacúolos, em

Estudo publicado por cientistas do Centro de Pesquisa de Câncer Fred Hutchinson, em Seattle, nos EUA, aponta eventos-chave que ocorrem no início do processo de envelheci-mento celular. O trabalho foi divul-gado na revista Nature, uma das mais conceituadas publicações cien-tíficas do mundo, sendo resultado de uma série de pesquisas feitas ao lon-go de dez anos com leveduras – um tipo de fungo. As análises foram co-ordenadas pelos cientistas Daniel Gottschling e Adam Hughes e podem ajudar a entender melhor como os genes e o meio ambiente, incluindo a restrição calórica da dieta, são capa-zes de influenciar a longevidade, as-sim como a incidência de câncer e doenças neurodegenerativas asso-ciadas à idade avançada.

Os autores identificaram que a pre-sença de acidez em uma estrutura celular chamada vacúolo e o funcio-namento das mitocôndrias são funda-mentais para explicar o processo de envelhecimento. Os vacúolos são or-ganelas que armazenam líquidos re-sultantes da nutrição ou da excreção celular. Eles ficam localizados dentro do citoplasma – parte da célula entre o núcleo e a membrana externa que a delimita. Já as mitocôndrias estão presentes no citoplasma e atuam no processo de respiração celular.

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relação às leveduras mais novas. Isso poderia ajudar a explicar, ainda, como o simples ato da divisão celu-lar contribui para o envelhecimento.

“Diversas pesquisas científicas têm procurado entender melhor o pro-cesso do envelhecimento celular e os resultados são importantes para que possamos ter maior compreen-são sobre como se dá o desgaste físico que vem com a idade e de-tectar com antecedência e prevenir as doenças ligadas ao envelheci-mento”, comenta o vice-presidente da Sobraf, especialista em geriatria e gerontologia, Jorge Jamili (CRM RJ 5268330-2).

entendendo o processo do enveLhecimento humanoDiversos estudos científicos têm sido realizados por pesquisadores de dife-rentes instituições de renome, em vá-rias partes do mundo, para tentar des-vendar como se dá o processo do en-velhecimento humano e para buscar meios de prever e evitar as doenças associadas à idade mais avançada.

Um desses estudos foi apresentado em 2011 por cientistas dos Estados

que produz o acúmulo de uma proteí-na, a progeria, causadora da acelera-ção do envelhecimento, são baixa estatura, alopécia, ausência de gor-dura subcutânea, osteoporose e ri-gidez articular. Essa foi a primeira vez que os cientistas conseguiram desenvolver um modelo celular hu-mano in vitro para estudar o enve-lhecimento. Eles geraram com su-cesso células-tronco pluripotentes induzidas (iPS) a partir de fibroblas-tos (células do tecido conjuntivo) de pacientes com essa síndrome. A pesquisa conseguiu a regressão de células doentes desses pacientes para um estado embrionário, com a supressão reversível do gene da pro-geria por reprogramação, e sua pos-terior reativação durante a diferen-ciação celular.

Foi possível “um modelo único” para estudar patologias humanas asso-ciadas ao envelhecimento prema-turo, com a vantagem de as células reprogramadas se diferenciarem em um prazo relativamente curto (duas semanas), em contraste com as décadas de duração do envelheci-mento normal. Esse modelo in vitro de células iPS se baseia na identi-ficação de novos marcadores de envelhecimento e vários aspectos da velhice prematura e fisiológica em humanos.

Entender melhor o processo do envelhecimento celular é importante para compreender como se dá o desgaste físico que vem com a idade

Unidos e da Espanha, com a publica-ção da pesquisa na revista Nature. Os cientistas desenvolveram um modelo celular para estudo em labo-ratório do envelhecimento humano após rejuvenescer o núcleo das célu-las de pacientes com uma síndrome muito rara de envelhecimento preco-ce, denominada Hutchinson-Gilford. Os pacientes com a doença vivem, em média, 15 anos. A síndrome, tam-bém conhecida como progeria ou envelhecimento precoce, foi descri-ta pela primeira vez pelo médico in-glês Jonathan Hutchinson, em 1886. Em 1904, o cirurgião inglês Hastings Gilford realizou diferentes estudos a respeito do desenvolvimento e das características da desordem genética. Por isso, a síndrome é co-nhecida pelo sobrenome de ambos os pesquisadores. Segundo espe-cialistas, a doença acelera o proces-so de envelhecimento em cerca de sete vezes em relação à taxa normal. Já a palavra progeria é derivada do grego e significa prematuramente velho. As vítimas da desordem ge-nética nascem bebês normais, mas, por volta dos 18 meses, começam a desenvolver sintomas de envelheci-mento precoce.

A pesquisa desenvolvida pelos cien-tistas americanos e espanhóis ofe-rece uma esperança de possibilida-de de cura no futuro aos doentes com a síndrome Hutchinson-Gilford. Isso porque a extrema complexidade do processo de envelhecimento e suas patologias associadas sempre significaram barreiras para esse tipo de estudo, que agora podem começar a ser derrubadas. Vale lembrar que pacientes com a rara doença sofrem na infância patologias associadas à velhice, como arteriosclerose, trom-bose e ataques cardíacos.

Os sintomas principais dessa doen-ça causada por um defeito genético

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O

ArTiGo

O licopeno é uma substância antio-xidante, ou seja, possui ação neu-tralizante em relação à ação oxi-dante produzida pelos radicais livres no organismo. É um carotenoide que dá a cor avermelhada ao tomate, ao mamão, ao morango, à goiaba e à melancia, entre outros.

o que são radicais Livres? Nosso corpo é formado por células que são formadas por moléculas, que são formadas por átomos. Os radicais livres são átomos desequilibrados e instáveis, formados naturalmente em nosso organismo através da per-da de um elétron. Esse processo é chamado de oxidação, sendo produ-zido a partir do oxigênio que respira-

mos e não utilizamos para formar energia.

Tais espécies reativas de oxigênio produzem estresse oxidativo, cau-sando dano oxidativo, “roubando” elétrons de átomos que, uma vez ins-táveis, roubam de outros, gerando uma reação em cadeia, em importan-tes biomoléculas, como os lipídios, oxidando, nos ácidos graxos insa-turados, proteínas, aminoácidos e DNA, o que provoca danos em sua estrutura que se acumulam nas célu-las e aumentam o risco de enfermi-dades crônicas. As espécies reativas de oxigênio são produzidas endoge-namente como produto do processo metabólico normal ou de fatores da vida diária, como a dieta, a fumaça de cigarro e o exercício.

o que são substâncias antioxidantes?São aquelas que neutralizam a ação de radicais livres ou espécies reati-vas de oxigênio, sendo, portanto,

agentes eficazes na prevenção das doenças. As substâncias antioxidantes neutralizam os radicais livres, porque doam seus elétrons a eles, sem tornarem-se radicais livres, bloqueando, dessa forma, a

reação em cadeia e preve-nindo o dano celular precoce.

As melhores fontes de licopeno são o tomate, a melancia e o mamão. A biodisponibilidade dos dois últimos

é excelente, em torno de 60%, en-quanto no tomate cru, cerca de 13%. Quando este é cozido, sua biodispo-nibilidade sobe para 70%, tornando a massa e o molho de tomate, excelen-tes fontes de antioxidantes saboro-sos e acessíveis a todos. O licopeno também ajuda a retardar o envelheci-mento das células e pode, assim, proteger contra os danos causados pelos raios ultravioleta.

Há uma infinidade de artigos cientí-ficos recentes, demonstrando as evi-dências sobre os efeitos protetores do licopeno contra câncer de próstata, mama e pulmão. Alguns estudos demonstram também a ação prote-tora do licopeno sobre o sistema cardiovascular, sobretudo na preven-ção da oxidação do LDL colesterol, principal agente formador das placas ateromatosas. Uma das pesquisas a respeito dos benefícios do licope-no foi realizada pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, envolvendo cerca de 48 mil homens. O resultado do trabalho indicou que o consumo do carotenoide, ao menos duas vezes por semana, reduz em 34% os riscos de câncer de próstata. Boa parte das pesquisas envolve estudos epidemiológicos e investiga-ções bioquímicas sobre as proprieda-des do licopeno.

Os carotenoides são compostos lipos-solúveis responsáveis pela coloração de certas frutas e legumes. Os caro-tenoides são quaisquer substâncias

Dr. Jorge JamiliEspecialista em medicina preventiva,

geriatria e gerontologia

Benefícios do licopeno

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químicas de um grupo de substân-cias tetraterpênicas relacionadas ao caroteno, pigmentos amplamente di-fundidos na natureza. Já foram des-critos mais de 600 diferentes com-postos carotenoides responsáveis pelas cores naturais amarela, laranja e vermelha das frutas e vegetais – 50 destes são consumidos na dieta humana. Aproximadamente 12 caro-tenoides consumidos pela dieta são encontrados em concentrações men-suráveis no sangue e nos tecidos humanos. Os carotenoides mais co-muns são licopeno, luteína, betaca-roteno, alfacaroteno, alfacriptoxan-tina e zeaxantina1.

Segundo a resolução RDC nº 2/2002 (Anvisa, 2002), os carotenoides são considerados substâncias bioativas. Ainda não existem recomendações, mas sugere-se de 5 a 6 mg/dia de carotenoides totais, o que equivale de 4 a 6 porções de frutas e vege-tais por dia.

Na sua estrutura química, os carote-noides possuem muitas ligações du-plas conjugadas, o que confere a eles um importante potencial antioxidante. O licopeno é o antioxidante mais poten-te entre os carotenoides no plasma.

O licopeno é um pigmento natural sintetizado por plantas e micro-orga-nismos, mas não por animais. É um isômero acíclico do betacaroteno e, embora seja semelhante em estru-tura àquele, o licopeno não possui atividade pró-vitamina A. Nos alimen-tos processados, a quantidade de licopeno encontrada depende das condições de processamento e com-posição dos alimentos de origem.

O modo de ação do licopeno tem sido atribuído aos seus efeitos na saúde cardiovascular, além da ação benéfica em relação à sua proteção contra o câncer de próstata. O alto con-sumo de licopeno tem sido associado a uma diminuição do risco de doença

cardiovascular, incluindo aterosclerose e infarto agudo do miocárdio (IAM). Essas observações têm gerado inte-resse científico no licopeno como um potencial agente dietético preventivo para doença cardiovascular. Impor-tante salientar que dados da Organi-zação Mundial da Saúde (OMS) indi-cam que as doenças cardiovascula-res são responsáveis, no mundo, por 15 milhões de mortes por ano, equi-valentes a 30% do total de óbitos. Desses, 2/3 ocorrem em países em desenvolvimento.

No Brasil, elas são responsáveis por 300 mil óbitos por ano, uma média de 820 falecimentos por dia, sendo a prin-cipal causa de morte natural no país.

A etiologia da doença cardiovascular está relacionada com estresse oxi-dativo, processo inflamatório, disfun-ção endotelial e subsequente remo-delamento vascular. Muito se tem falado sobre o papel que o licopeno possui na diminuição do estresse oxidativo, em particular na prevenção da oxidação da LDL colesterol. Partí-culas oxidadas de LDL disparam uma série de eventos que conduzem a processos inflamatórios, formação de células espumosas, estrias gordu-rosas e placa, lesões ateroscleróticas e ruptura de placa. Além disso, partí-culas de LDL oxidadas prejudicam a

função endotelial pela inibição da libe-ração de óxido nítrico, um importante relaxante dos vasos sanguíneos, o que influencia a pressão arterial.

Como o licopeno é transportado prin-cipalmente nas lipoproteínas de bai-xa densidade, acredita-se que haja a proteção contra a oxidação do LDL. O licopeno pode ter efeito inibindo a síntese de colesterol, que pode me-lhorar a degradação do LDL. Alguns, mas não todos os estudos com inter-venção dietética envolvendo alimen-tos com licopeno ou a suplementa-ção de licopeno, têm mostrado po-tencial na melhora em curto prazo na oxidação do LDL.

Além de suas propriedades antioxi-dantes, o licopeno parece reduzir os níveis de colesterol, por meio de su-pressão da síntese de colesterol, au-mento da degradação da LDL e inibi-ção da enzima hidroximetilglutaril co-enzima A (HMGCoA) redutase, enzima que catalisa um passo precoce e limi-tante na biossíntese do colesterol.

Acredita-se que a alta ingestão de lico-peno (e alimentos-fonte de licopeno) esteja associada à diminuição no risco de aterosclerose e doenças car-diovasculares, além dos seus efeitos antioxidantes, e à diminuição da oxi-dação da LDL, por seu efeito na fun-ção imune, possivelmente por causa de sua habilidade de modular o am-biente celular redox, as interações célula a célula e/ou regular fatores de transcrição anti-inflamatórios, como o receptor ativado por proliferadores de peroxissomas γ (PPARγ). Além disso, pode provocar a inibição de citocinas inflamatórias e moléculas de adesão celular, através da inibição da ativa-ção do NF-κB. Estudos mostram que o licopeno, enquanto ligante de PPAR γ, pode reduzir a liberação de citoci-nas inflamatórias dos macrófagos e do tecido adiposo, resultando em efeito antiaterogênico.

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AApós mais de uma década de deba-tes dentro da sociedade médica em todo o mundo acerca da questão do risco de câncer de mama e uso da terapia de reposição hormonal para tratar os sintomas da menopausa, professores doutores das mais impor-tantes universidades de Medicina e sociedades internacionais de diferen-tes especialidades médicas divulga-ram, em março último, o documento Global Consensus Statement on Me-

nopausal Hormone Therapy (Declara-ção de Consenso Global sobre Terapia

Hormonal na Menopausa). O docu-mento afirma que a terapia de reposi-ção hormonal é o tratamento mais efi-caz para os sintomas da menopausa e que os benefícios estão propensos a superar os riscos existentes.

A nova orientação revê a diretriz que vinha norteando profissionais médi-cos que atuam na área da saúde da mulher, sendo publicada, simultane-amente, nas revistas eletrônicas Climatério e Maturitas, no dia 15 de março, e replicado nos sites de pra-ticamente todas as sociedades mé-dicas internacionais (que se posicio-nam favoravelmente) nos dias subse-quentes. A declaração foi preparada como resultado de uma reunião, realizada em novembro do ano pas-sado, em Paris, entre pesquisadores e representantes de diversas socie-dades médicas, como ginecologia, obstetrícia, endocrinologia, osteopo-rose e menopausa.

O documento lembra que, desde a interrupção do estudo Iniciativa de

Saúde da Mulher (WHI, em inglês), em 2002, após os pesquisadores anunciarem ter detectado um ele-vado número de casos de câncer de mama em mulheres que faziam repo-sição hormonal –, houve muitas dis-cussões sobre o tema, mas hoje novas evidências desafiam as infor-mações anteriores, especialmente em relação à segurança do trata-mento e à prevenção de doenças.

O consenso defende o tratamento como eficaz e apropriado à preven-ção do risco da osteoporose e fratu-ras em mulheres acima de 60 anos ou nos 10 primeiros anos após o co-meço da menopausa. Diz ainda que estudos randomizados mostram que doses-padrão de estrogênio, sozinho, podem diminuir o risco de doenças coronarianas e demais causas de mortalidade em mulheres com me-nos de 60 anos e nos 10 primeiros anos da menopausa.

Para o presidente da Sobraf e diretor científico do Grupo Longevidade Sau-dável, o ginecologista Ítalo Rachid (Cremesp 114612), a publicação do novo guideline representa um impor-tante avanço, por trazer de volta a possibilidade de médico e paciente poderem trabalhar na manutenção da

Reposição hormonal na menopausa: mudança de paradigma sociEdadEs dE difErEntEs EspEcialidadEs médicas rEvEEm oriEntação antErior E publicam consEnso favorávEl ao uso da tErapia

CAPA

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saúde, reduzindo os efeitos patológi-cos do envelhecimento. Ele lembra que, quando do anúncio da pesquisa WHI, médicos – como ele mesmo, que na época tinha como área de atua-ção climatério e menopausa e tratava suas pacientes com reposição hormo-nal – foram hostilizados e acusados de irresponsabilidade, enquanto as mulheres de todo o mundo passaram a ter a preocupação quanto a suposto aumento, nelas, do desenvolvimento do risco de câncer pela terapia.

revisão é importante, mas não é suFiciente“Foi um período difícil. Mas diversos estudos feitos depois de 2002 mos-traram que mulheres jovens subme-tidas à terapia na época próxima à menopausa tiveram mais benefícios que riscos. Por isso, acho importante o resultado do estudo WHI ter sido revisado, ter ocorrido essa mudança de conceito. Isso é, sem dúvida, um avanço. Mas acredito que esse seja um primeiro passo e que agora a classe médica deva se questionar: qual o melhor tipo de reposição hor-monal: com hormônios sintéticos ou hormônios homólogos humanos (bio-idênticos)?”, questiona o Dr. Rachid.

O médico lembra que a medicina con-tinua a recomendar o uso de hormô-nios não humanos para o tratamento contra a menopausa, o que é um erro, tendo em vista que o hormônio homólogo humano tem a estrutura molecular igual à dos hormônios en-dógenos, ou seja, aqueles produzi-dos pelo organismo humano. “A repo-sição com hormônio homólogo é uma forma terapêutica clinicamente supe-rior e eficaz. Permite resultados clíni-cos mais rápidos e maior segurança, ou seja, oferece um resultado melhor para a paciente”, afirma.

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modelo terapêutico a cerca de 500 mil pacientes, entre homens e mu-lheres de idades variadas.

O diretor científico do Grupo LS lem-bra que vários estudos científicos demonstram que o uso dos hormô-nios homólogos reduz, em média, em 25% o risco de câncer, enquanto pes-quisas mostram que 85% das mulhe-res ouvidas acerca do assunto dizem que se sentiram muito melhor física e mentalmente ao se submetem ao tratamento com a substância. Ele ex-plica que cada hormônio tem um re-ceptor específico, o que pode ser comparado a cada fechadura ter sua chave específica para ser aberta.

“A atividade de cada hormônio é deter-minada, em parte, pela sua estrutura química, que possibilita sua ligação ao sítio de ação específico dentro do organismo. No caso do hormônio sin-tético, sua molécula se encaixa ape-nas parcialmente no receptor. Ou seja, quando usamos substâncias quimi-camente diferentes, a ligação fica prejudicada e pode nem mesmo ocor-rer, não exercendo o efeito esperado. Por outro lado, ao utilizarmos hor-mônios quimicamente iguais aos do organismo humano, a chance de essa ligação ocorrer aumenta consideravel-mente, bem como o efeito hormonal. Assim, é possível devolver ao orga-nismo a função do hormônio efetiva-mente carente”, explica.

O médico lembra que, em julho do ano passado, o periódico Climatério publicou mais de uma dezena de arti-gos com foco na análise do que é ver-dadeiro e falso no impacto da terapia na saúde das mulheres. Ele destaca que nenhuma droga ou substância introduzida no corpo humano é isenta de riscos. “Todos nós sabemos que todo fármaco possui suas indicações e contraindicações”, salienta. Segun-do o Dr. Rachid, o fato concreto é que quando comparamos os riscos de efeitos colaterais ou adversos de dro-gas e de hormônios, os remédios e as drogas se mostram incomparavel-mente menos seguros e mais propen-sos a um efeito adverso, mas nem por isso as pessoas deixam de usá-los.

“E, ainda pior, em boa parte das ve-zes, as pessoas usam medicamen-tos até mesmo sem receita médica, por indicação de um amigo ou por indução do balconista da farmácia”, diz o Dr. Rachid. E ele ressalta: “A re-posição hormonal é uma ferramenta terapêutica bastante segura, quando feita de modo criterioso, por meio de uma detalhada avaliação clínico-labo-ratorial, quando são identificados os reais candidatos e potenciais benefi-ciários; discutidos de forma clara os eventuais riscos; estabelecida corre-tamente a dose, o tipo de hormônio e o tempo de uso. Os múltiplos bene-fícios da terapia são amplamente conhecidos pela Medicina”, finaliza.

“É importante o resultado do estudo WHI ter sido revisado, ter ocorrido essa mudança de

conceito. Porém, a classe médica deve se questionar qual o melhor tipo de hormônio para

reposição: sintético ou homólogo humano?” Ítalo Rachid

Para o Dr. Rachid, é importante que os pacientes saibam que é possível manter um processo de envelheci-mento saudável, com o uso dos hor-mônios homólogos, que, até mesmo, têm ação protetora contra doenças cardíacas e perda neuronal, além de prevenirem o câncer. “Diversos estu-dos científicos, evidências e resulta-dos clínicos práticos mostram esses benefícios. A literatura médica é farta sobre o tema. O médico tem o dever e a responsabilidade de oferecer ao seu paciente a opção de tratamento mais segura e eficaz. Esse é um dos pilares da Medicina. Mas o profis-sional deve levar em consideração, antes de decidir o tratamento que vai propor a seu paciente, essas evi-dências de que estamos falando aqui”, expõe o Dr. Rachid. Ele res-salta ainda que hoje, no Brasil, cerca de 2 mil médicos trabalham com a modulação hormonal com hormônios homólogos humanos, aplicando o

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AA inflamação, uma maneira natural

de proteção do organismo, também

tem um lado destrutivo. A longo pra-

zo, essa ação interna de defesa do

organismo, de enviar células e subs-

tâncias para destruir o “invasor” e

reparar os danos, pode prejudicar os

mesmos tecidos que a inflamação

pretende curar. Esse lado destrutivo

foi descoberto, já há algum tempo,

por meio de evidências em doenças

cardiovasculares e outras, como ar-

trite reumatoide, obesidade, câncer e

esclerose múltipla. Mais recente-

mente, os cientistas descobriram que

a inflamação subclínica pode estar

relacionada a outros males crônicos comuns ao envelhecimento, incluindo aterosclerose, diabetes, doença de Alzheimer e osteoporose. Nessa lista, incluem-se também doenças como asma, cirrose hepática, psoríase, meningite e fibrose cística.

As descobertas feitas nos últimos anos permitiram mudanças expres-sivas na compreensão dos riscos e da patogênese dos problemas de saúde que mais atingem os idosos. Um exemplo disso são as doenças cardiovasculares, que representam a maior causa de morbidade e mortali-dade no Brasil e no mundo. Dados

De olho na inflamação subclínica

da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que 61% dos infar-tos ocorrem em indivíduos com mais de 65 anos, enquanto 36% dos casos ocorrem naqueles com mais de 75 anos. Diversos estudos têm demons-trado também que a inflamação par-ticipa de todas as etapas da evolu-ção da aterosclerose. Já a associa-ção da inflamação subclínica com a obesidade foi descrita pela primeira vez em 1990, e, de acordo com os cientistas, a obesidade possui impor-tante papel na patogênese de diver-sas doenças metabólicas, como o diabetes tipo 2 e o câncer.

Vale lembrar que a primeira indica-ção de ligação entre inflamação e câncer foi mostrada, em 1863, por Rudolf Virchow (médico alemão que é considerado o pai da patologia moderna), que observou linforreti-culares (células localizadas princi-palmente nos linfonodos) infiltrados como reflexo da origem da neoplasia. No entanto, essa observação perma-neceu negligenciada durante muito tempo. Até que, nas últimas décadas, fortes evidências mostraram que a resposta inflamatória favorece a ati-vação da tumorigênese e carcinogê-nese. Estima-se que, aproximada-mente, entre 10% e 15% de todos os tumores têm evidência de foco infla-matório anterior à progressão tumoral.

No caso do diabetes, estudos mos-tram que pessoas que desenvol-vem diabetes do tipo 2 têm relativa-mente maiores níveis de citoquinas,

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proteínas relacionadas à inflamação. Os pesquisadores acreditam que ela pode interferir na habilidade do corpo em usar a insulina, levando ao dia-betes. Na osteoporose, as mesmas citoquinas parecem acelerar o enfra-quecimento dos ossos. Na doença de Alzheimer, a inflamação ocorre nos depósitos de proteínas (placas) que se acumulam no cérebro. As citoqui-nas ajudam a criar as placas.

Embora a ideia de as doenças crôni-cas serem causadas pela inflamação não ser nova, a bioquímica moderna e o crescente número de pesquisas em biologia sistêmica tornaram pos-sível investigar as interações que envolvem as respostas do organismo à, entre outros agentes, inflamação. “Fatores inflamatórios predizem quase todos os desfechos ruins em humanos”, disse o pesquisador Rus-sell Tracy, professor de patologia e bioquímica da Universidade de Ver-mont, nos Estados Unidos, autor da pesquisa pioneira que ajudou a de-monstrar o papel da inflamação nas doenças cardíacas.

De acordo com vários estudos, em ra-zão de uma série de desequilíbrios re-lacionados ao estilo de vida moderno (má alimentação, obesidade, seden-tarismo, estresse, infecções crônicas, poluição ambiental e alergias ali-mentares, entre outras coisas), um número cada vez maior de indivíduos

adquire ao longo do tempo esse es-tado “pró-inflamatório”. A incidência crescente das doenças crônico dege-nerativas só vem confirmar tal dado, apesar de todo avanço da medicina e da indústria farmacêutica.

biomarcadores inFLamatóriosA boa notícia é que é possível avaliar a existência e o grau da inflamação, antes que surjam as doenças a ela associadas. Os biomarcadores infla-matórios permitem a detecção pre-coce de doenças, como as corona-rianas, ainda na fase subclínica, ou seja, antes que apareçam os sinto-mas e sinais da patologia. Os bio-marcadores inflamatórios são consi-derados importantes e valiosas ferra-mentas de aplicação clínica, sendo usados na identificação precoce de doenças, prognóstico evolutivo e no controle de cura de numerosas doen-ças. Entre as substâncias biológi-cas descritas como biomarcadores inflamatórios estão as citocinas/quimiocinas ou seus respectivos re-ceptores; peptídeos natriuréticos; imunoglobulinas; proteínas inflama-tórias (como a proteína c-reativa), entre outras.

Segundo a Dra. Míriam Chaves Schultz, professora de Bioquímica do Institu-to de Ciências Biológicas da Univer-

sidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as citocinas, nesse contex-to, estão ganhando destaque espe-cial como preditoras e balizadoras dos processos inflamatórios. Como exemplo, a Dra. Miriam, que também é diretora do Departamento Científi-co da In Vitro Cells Pesquisa Toxicoló-gica S.A., cita a interleucina 6 (IL 6), cujo aumento está relacionado com o infarto do miocárdio e um quadro de angina instável. “Sabemos tam-bém que essa citocina regula a ex-pressão de outras citocinas pró-infla-matórias, como a interleucina 1 (IL 1) e o TNF-alfa, que estimula a produ-ção hepática de PCR, a proteína C reativa. Já o aumento do TNF-alfa está envolvido em eventos coronaria-nos recorrentes”, comenta.

Ela lembra ainda que uma nova abor-dagem vem sendo realizada no que tange não só à avaliação dos marca-dores inflamatórios individualmente, mas também à relação entre eles. “Estudos verificaram que a razão entre a interleucina 10 (anti-inflama-tória) e o TNF-alfa (pró-inflamatório) são potentes ferramentas para uma avaliação precoce da gravidade do pro-cesso inflamatório. Nesse contexto, verificou-se que uma relação positiva com o aumento do IL 10 e a diminui-ção do TNF-alfa acarreta uma melhora no quadro da inflamação e o inverso, uma piora do quadro”, explica.

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Pátio de las Doncellas, Real Alcazar, Sevilla

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QQuando o assunto é futebol, o brasileiro é um apaixonado. E o mesmo vale em relação às viagens de turismo, sejam elas domésticas ou para o exterior. Como a Copa de 2014 se aproxima mais e mais, a revista Longevidade em Foco aproveita para falar um pouco sobre as atrações turísticas de países que estarão presentes na 20ª Copa do Mundo da Federação Internacional de Futebol (Fifa), que terá o Brasil como sede. O torneio contará com a participação de 32 seleções, e as vagas ainda estão sendo definidas por meio de disputas organizadas pelas seis confedera-ções afiliadas à Fifa. Essas disputas começaram no ano passado e a previsão de encerramento é neste segundo semestre. Vale lembrar que cada região conta com um sis-tema específico de classificação, com critérios estabeleci-dos por cada confederação.

Atual campeã do mundo, a Espanha venceu a Copa de 2010 depois de uma final emocionante contra a Holanda. O jogo foi decidido a quatro minutos do fim da prorrogação e o resultado foi 1 a 0, com gol do meio-campista Iniesta, que ainda joga pela Fúria, como é chamada a seleção espanhola. O país é também tricampeão da Eurocopa. Ganhou o título em 1964 – quando foi anfitriã –, e as últi-mas duas edições, em 2008, na Áustria e Suíça; e em 2012, quando os jogos ocorreram na Polônia e Ucrânia. Atualmente, a Fúria é treinada por Vicente Del Bosque, eleito este ano o atual melhor técnico do mundo pela Fifa.

E a Espanha também tem o Real Madrid e o Barcelona, que figuram entre os maiores times do mundo e contam em seu elenco com nomes considerados entre os melhores jogadores do mundo. Em geral, quem viaja pela primeira vez a Madri vai conhecer o estádio Santiago Bernabéu, do Real Madri. Mas a cidade é um lugar em que cultura, histó-ria, beleza e diversão se encontram.

parques e praçasMadri possui lindas praças e parques, como o El Retiro, próximo ao Palácio Real, que, embora não seja mais a residência oficial do rei da Espanha, recebe banquetes e cerimônias oficiais diplomáticas. O palácio é aberto à

visitação pública, e ali são expostos pinturas e esculturas de renomados artistas. As dependências contam com mó-veis e peças originais, permitindo ao turista uma volta ao passado da vida da realeza espanhola. Outro ponto muito procurado pelos turistas é a Plaza Mayor, localizada no centro da cidade, a poucos metros da Puerta Del Sol e da Plaza de la Villa. A Plaza Mayor é uma praça retangular, totalmente cercada por edifícios com três andares. Para ter acesso ao espaço, é preciso passar por um dos nove pórticos. A praça ocupa uma área de 129 metros de com-primento e 94 de largura e ao seu redor existem ao todo 237 varandas de apartamentos.

Já o parque El Retiro é o maior da cidade, com uma área de mais de mil metros quadrados. O espaço pertencia à família real e só se tornou público no final do século 19. O parque é tido como “museu ao ar livre”, graças aos monumentos e das estátuas erguidos dentro da imensa área. O Paseo de las Estatuas, uma alameda formada por uma série de estátuas dedicadas a antigos monarcas espanhóis, é uma das atrações do parque, assim como o Crystal Palace, construído em 1887, com ferro e cristal. O espaço foi erguido como uma grande estufa, para cultivo de plantas exóticas, mas hoje é administrado pelo Ministé-rio do Turismo da Espanha e abriga exposições de arte.

Espanha de história, arte e futebol

Turismo

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Na cidade, estão três dos mais famosos pontos turísticos de toda a Espanha. Um deles é o Palácio de Alhambra, classificado Patrimônio da Humanidade em 1984 pela Unesco. A construção marca o apogeu da arquitetura árabe e é conhecida também como Castelo Vermelho, por causa da cor avermelhada das pedras de seus muros. Outros pontos que se destacam são a Vila de Jardins Generalife e o bairro Albacín.

Toledo, cidade próxima a Madri, também guarda verdadei-ros tesouros, em termos de história e turismo. Um dos pon-tos mais visitados na cidade, que foi a capital visigótica, em 554 a.c. e destaque nos oito séculos seguintes, com judeus, mulçumanos e cristãos trabalhando lado a lado, é sua catedral, uma das três catedrais góticas espanholas do século XIII. A fachada principal tem três portas: a do Perdão, a do Juízo Final e a do Inferno. Em Toledo, também está Consuegra, cenário de famosa obra de Cervantes, D. Quixote de La Mancha, com os moinhos de vento.

Sevilha, cidade da comunidade autônoma de Andaluzia, também é muito procurada por turistas. O clima é parecido com o clima a que estamos acostumados em algumas regiões do Brasil, quente no verão e com invernos suaves. O centro histórico de Sevilha é dominado por dois símbo-los de poder e riqueza: o complexo palaciano Real Alcázar (composto por várias construções de épocas diferentes) e a catedral, com sua emblemática Giralda - a torre de tijolos ricamente trabalhada. Outra atração da cidade é o Arquivo Geral das Índias, que guarda o arquivo histórico espanhol. As três atrações são igualmente classificadas Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Já Málaga é a quinta maior cidade do país. Uma de suas atrações é um antigo anfite-atro romano que, segundo especialistas, teria sido cons-truído no segundo século antes de Cristo.

Ainda em Madri, outra parada obri-gatória para os turistas é o Centro Nacional de Arte Rainha Sofia, um museu contemporâneo que conta com obras de artistas renomados.

várias cidades com muita coisa para verBarcelona, a capital catalã, possui atrativos para todos os públicos e muitos chegam a afirmar que a cida-de é um dos melhores lugares para visitar na Espanha. Para quem gosta de arquitetura, a cidade oferece uma variada gama de opções e atrações turísticas. Um desses lugares é o Park Güell, classificado em 1984 como Patrimônio da Huma-nidade pela Unesco. A área, que até então era ocupada por duas fazendas, foi comprada pelo Conde Güell, que contratou o arquiteto Antoni Gaudí. Ele pretendia construir residências de luxo no local, mas o projeto não deu certo. E o espaço tornou-se um parque público.

Conhecida por sua gastronomia apurada, Valência é outra cidade espanhola que todos os anos recebe um grande número de turistas. A cidade possui pontos turísticos famosos, como Lonja de La Seda, um conjunto de casas construídas entre os anos de 1482 e 1548, para ser um mercado local. Outros pontos turísticos que se destacam são a Catedral de Valência, a Torre de Serrano, o Mercado, e a Cidade de Artes e Ciência, que possui um design mo-derno em meio a tanta história.

Já Granada oferece uma paisagem aconchegante e a opor-tunidade de observar em suas construções a influência cultural e religiosa de cristãos, judeus e mulçumanos.

Plaza de Cibeles, em Madri Plaza em Sevilha

Park Güel, em Barcelona: Patrimônio Histórico da Humanidade

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AA cidade de São Paulo será sede, em outubro, de um dos maiores eventos multidisciplinares de atualização na área médica. Estarão reunidos num só lugar alguns dos principais nomes do cenário internacional formado por especialistas que trabalham com ciência da longevidade e fisiologia hu-mana. Composto pelo III Congresso Latino-Americano da WOSAAM, I Con-gresso Internacional da Sociedade Brasileira para Estudos da Fisiologia (Sobraf), VII Simpósio Internacional de Fisiologia Hormonal e Longevidade e II Workshop de Nutrição Bioquími-co-Fisiológica, o megaevento deve reunir em torno de 500 médicos do

Brasil e de outros países, como França, Bélgica, Estados Unidos, Índia e Ar-gentina. Realizado em parceria com o Grupo Longevidade Saudável, enti-dade de educação médica continua-da, que já formou cerca de 2,1 mil médicos no país, o encontro ocorre no Hotel Maksoud Plaza, na Zona Sul da capital paulista, entre os próxi-mos dias 11 e 13 de outubro.

O Congresso Latino-Americano da WOSAAM já é hoje considerado um dos mais importantes no mundo, em termos de difusão de conhecimento na área de fisiologia hormonal e me-dicina preventiva, não só em razão da alta relevância dos temas apre-

sentados, mas também por reunir palestrantes nacionais e internacio-nais com reconhecida qualificação científica. “O congresso já se con-solidou como um dos principais eventos na agenda da classe médica interessada em ampliar seu conheci-mento em relação à prática de um novo modelo de saúde, que reúne um conjunto multidisciplinar de solu-ções que vão da detecção precoce, prevenção e reversão de patologias associadas ao envelhecimento, à otimização da nutrição, à prática correta e personalizada de exercício físico, envolvendo ainda as medici-nas genética e molecular”, esclarece

Promoção da saúde e qualidade de vidatErcEira Edição do congrEsso intErnacional da wosaam rEunirá Em são paulo alguns dos principais nomEs mundiais das árEas dE fisiologia hormonal E mEdicina prEvEntiva

AGENDE-sE

aLguns dos paLestrantes com presença conFirmada

Dr. Jorge Hallak – Brasil

Dr. Daniel Beluscio – Argentina

Dr. Thierry Hertoghe – Bélgica

Prof. Dr. Cícero Galli Coimbra – Brasil

Dr. Ítalo Rachid – Brasil

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a diretora de Marketing e Relaciona-mento do Grupo LS, Polliana Rachid.

Segundo Polliana, o evento deste ano traz como proposta a adoção de um novo padrão por parte do médico, que deve ver o paciente como um todo, e não apenas tratar, de forma isolada, sintomas e doenças.

programação 2013Na programação deste ano, o con-gresso contará com um seminário sobre metabologia da obesidade, que será ministrado pelo médico bel-ga Thierry Hertoghe, presidente da World Society of Anti-Aging Medicine (WOSAAM) e da International Hormone Society (IHS). Na pauta do médico bel-ga, estão temas que vão desde o pa-norama da visão geral da modulação hormonal na obesidade até terapias nutricionais para perda e manuten-ção de peso, passando ainda pela análise de excessos ou deficiências hormonais e seus resultados para o paciente. O seminário ocupará todo o primeiro dia do congresso, e, no final da apresentação, o especialista vai discutir com os presentes o desfecho de casos clínicos por ele tratados.

inscrições

A diretora também lembra que,

diante da grande procura e do nú-

mero limitado de vagas, os interes-

sados devem antecipar-se e garan-

tir sua inscrição, que pode ser feita

no site do Grupo LS (www.longevi-

dadesaudavel.com.br).

A programação completa pode ser consultada no seguinte site:

www.longevidadesaudavel.com.br

Feira de negócios: oportunidade para divuLgação de novos produtos e serviços

Prova incontestável da importância do III Congresso Latino-Americano da

WOSAAM dentro do cenário nacional e internacional é a procura antecipada

por parte de grandes empresas que atuam no ramo de farmácia magistral

e outros segmentos voltados para a área médica e longevidade saudável.

Faltando alguns meses para a realização do evento, boa parte das áreas

destinadas aos estandes já foi comercializada. Está confirmada a parti-

cipação das seguintes empresas: Acqua Enterprise, Essentia, Evidence,

Lemos Lab, Farma Import, Medicare, Ottoboni, Roval e Virtual Works. Empre-

sários que estiveram nas edições anteriores lembram que, além de ser

uma boa forma de promover a marca no mercado, participar do evento

permite que eles se aproximem de potenciais clientes, fortalecendo o rela-

cionamento com o mercado.

“A grande procura é um reflexo da importância do evento. Acredito que, assim

como nos anos anteriores, teremos grandes empresas participando”, diz a

diretora de Marketing e Relacionamento do Grupo LS, Polliana Rachid.

Expositores interessados devem entrar em contato com a Secretaria do

congresso pelo telefone (85) 3064-1679 ou pelo e-mail congresso@

longevidadesaudavel.com.br. Outras informações também podem ser

obtidas no site do Grupo LS (www.longevidadesaudavel.com.br).

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Nesse mesmo dia, também será realizado o II Workshop de Nutrição Bioquí-mico-Fisiológica. Criado com o objetivo de oferecer aos participantes concei-tos de fisiologia hormonal e discutir condutas nutricionais aplicadas à bioquí-mica e regulação hormonal, o evento terá em sua programação várias palestras. Como são apenas 60 vagas, os interessados já podem se inscrever pelo telefone 0800-001-1223 ou pelo site http://longevida-desaudavel.com.br/iiicongresso/inscrevase.asp#.UcmtHPnvuSo.

8hNutrIção e LoNgevIdadePriscila Machado Msc.

9hINtoLerâNCIa aLIMeNtar: FIsIoLogIa e dIagNóstICo LaBoratorIaLFábio graciunas

10hdIsBIose: da teorIa à PrátICadr. uwe Peters Jahrgang – aLe

Programação – Sábado, 12/10/2013 – Carga Horária: 8 Horas

11hFIsIoLogIa do tuBo dIgestIvodr. Ítalo rachid

12hsuPLeMeNtos e FItoteráPICos Nas desordeNs dIgestIvasdr. renato Leça

12h30almoço (livre)

14haLIMeNtação CoNsCIeNte - CoNCeIto e PrátICas gastroNôMICasChef douglas valente

17h30Mesa-redoNda: dIsCussão das estratégIas aLIMeNtaresChef douglas valente e Priscila Machado Msc.

II WorkShoP de NutrIção bIoquímIco-FISIológIca

SobraF terá PartIcIPação eSPecIalJá no sábado, dia 12 de outubro, pela manhã, ocorre o I Congresso da sobraf, que terá em sua abertura a apresentação do Comitê para estu-dos do envelhecimento, formado por integrantes da própria sobraf e da academia Brasileira de antienvelhe-cimento (aBMae).

Logo após, têm início palestras dentro do tema Quebrando Paradig-mas – os Limites do envelhecimento Humano. os palestrantes serão o médico ginecologista Ítalo rachid, diretor-científico do grupo Longevi-dade saudável; o professor doutor croata Miroslav radman – um dos cientistas mais respeitados na área

de biologia molecular e genética, e professor da Medical school of the rené descartes university, em Paris, na França; e o médico e professor brasileiro Cícero galli Coim-bra. também nesse dia, ocorre uma série de palestras sobre uso do HCg na prática médica, tendo como convidados os mé-dicos Conrad Hicks (eua) e daniel oscar Belluscio (argentina).

No domingo, as palestras apresentadas vão tratar de temas como uso seguro de testosterona em mulheres (pelo professor norte--americano edward Lichten); os be-nefícios dos hormônios para cirur-gias plásticas (pelo médico brasi-leiro victor sorrentino); hormônios e

nutrientes (pelo farmacêutico e espe-cialista em bionutrição Henry okiga-mi); e a alimentação correta e ativi-

dades físicas como aliadas para o equilíbrio hormo-

nal (pelo médico brasi-leiro arthur Lemos). ainda nesse dia, haverá a palestra do médico norte--americano Jorge Flechas. o mega-

evento terá ainda, nos três dias, simpó-

sios satélites, que não integram a programação cien-

tífica, porém ocorrerão no auditório principal, durante o horário do almoço. os simpósios serão realizados por empresas que vão apresentar seus produtos e serviços relacionados aos temas debatidos no Congresso.

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AAs aulas com bicicleta, esteira, cama elástica, de pilates, boxe e até artes marciais caíram na água. Original-mente realizados na área seca da academia, esses exercícios ganha-ram versões ajustadas para a piscina. E as modalidades se desenvolveram a tal ponto que fazem parte do pro-grama de treinamento de muitos atle-tas profissionais. Segundo especia-listas, a prática de exercícios aquáti-cos oferece duas grandes vanta-gens: maior resistência e diminuição do impacto. E como a densidade da água intensifica qualquer atividade,

provoca maior gasto calórico. Quem pensa que os exercícios dentro d’água fazem menos efeito do que os praticados fora dela está enga-nado. Estudo apresentado no final de outubro no Congresso Cardiovas-cular Canadense mostrou que os exercícios feitos dentro de piscinas têm os mesmos benefícios aeróbi-cos e provocam menos desgaste do que as atividades praticadas fora d’água. Um dos autores da pesquisa, o cardiologista Martin Juneau, do Ins-tituto do Coração de Montreal e pro-fessor da Universidade de Montreal,

no Canadá, afirma que os exercícios praticados dentro d’água podem ser ainda mais eficientes do ponto de vista cardiorrespiratório.

A pesquisa envolveu pessoas sau-dáveis, que fizeram testes em bici-cletas ergométricas submersas e depois em bicicletas fora da água. Segundo o Dr. Juneau, o consumo máximo de oxigênio, indicador para um bom treino, foi praticamente o mesmo nas duas atividades.

Há praticamente 10 anos, um outro estudo realizado em São Paulo já

Caia na piscina e malhe!

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mostrava que unir exercícios inten-sos com imersão na água tem um resultado melhor, quando comparado ao obtido com cada atividade feita isoladamente. O fisiologista Turíbio Leite de Barros, da Universidade Fe-deral de São Paulo, um dos nomes mais respeitados quando o assunto é fisiologia do exercício, mediu o desempenho de atletas dentro da piscina e chegou à conclusão de que em exercícios dentro d’água se gasta uma quantidade de calorias uma vez e meia maior que na mesma modali-dade feita no solo.

Formado em biomedicina pela Escola Paulista de Medicina, com especia-lização, mestrado e doutorado em fisiologia do exercício pela Universi-dade Federal de São Paulo (Unifesp), o Dr. Turíbio mostrou que a explicação está na resistência oferecida pela água, oito vezes maior que a do ar. Segundo ele, andar calmamente por uma hora na piscina consome 700 calorias, o mesmo valor que se perde correndo a 12 quilômetros por hora

na esteira a seco ou pedalando em uma bicicleta ergométrica, nas aulas de spinning.

Na pesquisa, feita numa Aquafit – es-teira computadorizada para piscina, que funciona como o equipamento convencional, com controle de veloci-dade, inclinação e tempo –, o gasto calórico foi medido pelo consumo de oxigênio. Também foi calculado o desgaste muscular pela quantidade de creatina-quinase no sangue. Vale lembrar que, quanto mais essa enzi-ma aparece após um exercício, mais o músculo se esforçou.

Hoje, os exercícios na piscina são oferecidos em academias de médio e grande portes de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Hori-zonte, Brasília e Curitiba. Segundo o fisiologista Paulo Henrique Lago (Confef SP 009277), o impacto me-nor das atividades aquáticas ajuda a evitar lesões, pois a pressão hidros-tática permite mais estabilidade e controle das articulações. Ele lembra também que, para quem sofre com suor praticando outros exercícios, a piscina é a melhor escolha. Além disso, o contato com a água é rela-xante e, aliado ao exercício, a ativi-dade ajuda a aumentar a autoestima e a sensação de bem-estar.

diFerentes opções de auLaUm dos exercícios mais procurados é o hidrobike ou aquaspin, em que o praticante pedala numa bicicleta ergométrica submersa. A aula, que dura entre 40 e 45 minutos, consiste em pedalar mais rápido ou mais de-vagar, de acordo com as indicações do professor, geralmente acompa-nhando o ritmo da música. O equipa-mento conta com regulagem especí-fica para que a aula possa ser divi-dida em um pedalar contínuo, com

intervalos ou no formato circuito.

A aula tem como objetivo o condicio-

namento aeróbico, à força e à resis-

tência dos membros inferiores. A van-

tagem da atividade é que o impacto

sobre as articulações é praticamente

inexistente e, como os joelhos estão

razoavelmente protegidos, melhora o

retorno venoso.

Outra opção bastante procurada é a

hidrojump. A aula dura cerca de 45

minutos e é realizada em uma cama

elástica dentro da água. O gasto ca-

lórico é de 500 calorias e a aula

proporciona uma atividade aeróbica

de baixo impacto, ideal para o condi-

cionamento cardiovascular e o forta-

lecimento dos membros inferiores.

Em muitas academias, pode-se tam-

bém acrescentar nas aulas o traba-

lho abdominal e de membros supe-

riores. Além disso, o hidrojump tam-

bém permite trabalhar equilíbrio, força

e coordenação motora. Uma das prin-

cipais características dessa aula é

que tanto a água como o jump absor-

vem o impacto, mantendo a intensi-

dade do exercício, sendo, por isso,

uma aula de grande queima calórica.

A Hidrotriathlon, que combina nata-

ção e outras duas atividades dentro

d’água – hidrojump e a hidrobike –, é

outro tipo de aula com grande pro-

cura. Entre as academias que ofere-

cem esse tipo de atividade está a

academia Brilho D’água, no Rio de

Janeiro. Segundo Weber Faria, coor-

denador técnico da academia, essa é

uma atividade indicada para quem

quer emagrecer rápido e ganhar força

muscular. Ele lembra que a hidro-

jump fortalece os membros inferio-

res e a cintura. “Com o auxílio das

camas elásticas que ficam dentro da

piscina, o aluno impulsiona o corpo

dando saltos e treina o equilíbrio e a

coordenação motora. Já com a hidro-

bike, o aluno pedala em diversas

posições, trabalhando a parte poste-

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rior e anterior da coxa, perna e mem-bros superiores. Assim, desenvolve a força e resistência muscular”, co-menta Faria. De acordo com ele, en-quanto numa aula convencional de hidroginástica o gasto calórico é de, em média, 300 calorias, a hidrotria-

thlon faz o praticante perder até 600 calorias por aula.

Para quem gosta de esteira, a opção dentro da piscina é o uso da Aquafit, uma esteira ergométrica aquática que permite caminhar ou correr até 10 km/h, com variação de inclina-ção. Nesse exercício, enquanto você anda ou corre, deve ficar com água entre a cintura e o peito, para conse-guir vencer a resistência da água, o que favorece o trabalho localizado da musculatura. O principal benefício é

que a atividade permite um trabalho mais amplo de grupos musculares, em relação à esteira comum, já que o resto do corpo precisa vencer a resis-tência da água enquanto a pessoa caminha. Entretanto, segundo muitos profissionais, o maior benefício é o gasto calórico, que é cerca de 140% maior do que na esteira convencional. O gasto calórico pode chegar a 800 calorias por hora, dependendo do rit-mo e da velocidade da esteira.

Para o fisiologista Paulo Henrique Lago, a grande vantagem das ativi-dades subaquáticas é que elas são “democráticas”, pois podem ser praticadas por pessoas com dife-rentes graus de condicionamento fí-sico, peso e idade, até mesmo por aqueles que têm alguma restrição

médica. “Além disso, outro diferen-cial é que mesmo os exercícios pe-sados conseguem ser divertidos e agradáveis, porque a água é um meio que nos proporciona prazer. Sem falar na queima de calorias, um dos benefícios mais procurados por quem pratica uma atividade física”, define o especialista.

Diante da grande demanda, algu-mas academias criaram aulas que juntam diferentes modalidades de exercício, como é o caso da acqua

training, que reúne técnicas de hidro-boxe, hidrojump, hidropower (exercí-cios de força que unem chutes, lan-çamentos e socos sob a água) e aquaspin. Em uma aula, segundo os especialistas, é possível gastar até 500 calorias.

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até reiniciar o seu ciclo de vida outra vez, sucessivamente, como se so-fresse um envelhecimento reverso. Desde essa descoberta, a criatura marinha imortal vem sendo estudada por cientistas.

Um dos pesquisadores que vêm estu-dando o fenômeno é o biólogo mari-nho japonês Shin Kubota, que traba-lha em um laboratório localizado em Shirahama, perto de Kyoto, no Japão. Em uma entrevista ao jornal ameri-cano The New York Times, no final do ano passado, Kubota contou que vem estudando essas criaturas há 15 anos, dedicando, pelo menos, três horas por dia às pequenas imortais. Todos os dias! O especialista tem em seu laboratório mais de 100 amos-tras da água-viva para suas pesquisas.

transFormação ceLuLarKubota e outros pesquisadores já decifraram que, ao contrário de outras espécies de água-viva, a Turritopsis dohrnii, ao ter-minar a fase de medusa, assume uma “posição fe-tal”, reabsorve os próprios tentáculos e se degenera. Em questão de dias, for-ma-se uma camada ex-terna, da qual brotam estolhos (caules finos), de

Água-viva imortal pode ser chave para longevidade

UUma espécie de água-viva que de-

safia as leis da vida e da morte, a

Turritopsis dohrnii, tem chamado a

atenção dos cientistas. Em geral, as

águas-vivas passam por um rápido

envelhecimento após alcançar a ma-

turidade sexual e se reproduzir, mas

isso não ocorre com a espécie imortal.

A criatura marinha vem sendo estu-

dada, há anos, por muitos pesquisa-

dores, que acreditam que a espécie

pode ajudar a compreender melhor

o fenômeno do envelhecimento em

seres humanos. Isso porque, graças

ao Projeto Genoma, concluído em

2003, os cientistas descobriram que

os humanos compartilham o mesmo

número de genes com uma série de

animais e que, de fato, existe uma

incrível similaridade genética entre

os humanos e as águas-vivas.

A água-viva imortal foi descoberta por acaso pelo estudante alemão de biologia marinha Christian Sommer, em 1988, enquanto ele passava suas férias de verão em Rapallo, uma pequena cidade na Riviera Ita-liana. Sommer, que coletava espé-cies de hidrozoários para um estudo, capturou a pequena criatura miste-riosa. E ficou espantado com o que observou no laboratório. Após exami-ná-la durante alguns dias, percebeu que a água-viva simplesmente se re-cusava a morrer, regredindo ao seu estado inicial de desenvolvimento

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onde surge um pólipo. Eles também já sabem que o incrível rejuvenesci-mento ocorre quando a criatura mari-nha se encontra em uma situação de estresse ou ataque. Durante esse pe-ríodo, o organismo passa por um pro-cesso conhecido como transdiferencia-ção celular, ou seja, um evento atípico no qual um tipo de célula se transfor-ma em outro, tal como ocorre com as células-tronco humanas. É essa ca-pacidade de a água-viva imortal fazer uma célula adulta, já especializada em determinada função, voltar a ad-quirir a versatilidade que tinha quan-do ainda era uma célula-tronco que intriga os pesquisadores.

Vale lembrar que a maioria das es-

pécies conhecidas de águas-vivas

passa por duas fases: pólipo, em

que se fixa em uma base, e medusa,

em que se desloca, gera descenden-

tes e depois morre.

Para muitos pesquisadores, compre-

ender o mecanismo natural da Turri-

topsis dohrnii de rejuvenescer pode

abrir frente para grandes avanços

na Medicina, em especial no que diz

respeito à longevidade. O fato de os

humanos compartilharem tantas se-

melhanças com as águas-vivas pode,

na verdade, ter implicações médicas

importantes, especialmente relacio-

nadas à cura do câncer e à longe-

vidade. Para diversos cientistas, a

resposta para muitos dos males so-

fridos pela humanidade pode estar

nessas criaturas.

Por outro lado, os cientistas já per-ceberam que a água-viva imortal tem se espalhado rapidamente pelos mares. E essa proliferação é cha-mada por Maria Pia Miglietta, profes-sora de Biologia da The University of Notre Dame, em South Bend, India-na, Estados Unidos, de “invasão si-lenciosa”. De acordo com estudos, a água-viva pega “carona” em navios de carga que usam água do mar para resfriamento do motor da caldeira. Pesquisadores já encontraram a cria-tura marinha imortal não apenas no Mediterrâneo, mas também ao largo das costas de Panamá, Espanha, Japão e Flórida.

Contudo, apesar do que já se sabe

sobre a Turritopsis dohrnii, ninguém

consegue entender como é que ela

executa o envelhecimento reverso,

como no famoso filme Benjamin

Button. Isso ocorre por causa da di-

ficuldade de manter espécimes da

água-viva em cativeiro para estudos

mais aprofundados.

A água-viva é uma espécie marinha

que, segundo cientistas, existe há

mais de 650 milhões de anos, com

milhares de espécies diferentes já

identificadas. Elas variam de tama-

nho, podendo medir de menos de 2,5

centímetros a cerca de dois metros,

com tentáculos chegando até a 30 me-

tros e meio de comprimento. Embora

muitas sejam planctônicas, ou seja,

sua locomoção depende da mercê

das correntes ou é tão limitada que

não podem vencê-las, algumas águas--vivas conseguem nadar lançando um jato de água.

hidra vive indeFinidamenteSe pensarmos em imortalidade, a água-viva não é o único exemplo. Quem observa uma hidra (um cnidário que vive em água doce e tem poucos centímetros de altura) não imagina que está diante de uma criatura po-tencialmente imortal: se estiver livre de doenças ou predadores, a hidra é capaz de viver indefinidamente.

O segredo? Sua produção de célu-las-tronco, que permitem a regenera-ção de tecidos no organismo. Segun-do pesquisas, a explicação biológica para a hidra não demonstrar sinais de envelhecimento é bastante simples: esses animais se reproduzem exclu-sivamente não por cópula, mas por brotamento (quando o indivíduo faz “brotar” por mitose uma protube-rância em seu corpo, que eventual-mente se separa e vira um novo indi-víduo). Um pré-requisito para essa reprodução é que cada pólipo conte-nha células-tronco capazes de se proliferarem continuamente.

Um estudo conduzido pela Universi-dade de Kiel, na Alemanha, em con-junto com o Centro Médico Universi-tário Schleswig-Holstein, para tentar descobrir mais sobre a hidra, levou a uma descoberta interessante. Ao ana-lisar três tipos de hidra (normal, com o gene desativado e com o gene for-talecido), os pesquisadores obser-varam a importância do gene FoxO (também encontrada nos seres huma-nos) no envelhecimento. Nas hidras em que o gene estava desativado, a produção de células-tronco foi signifi-cativamente reduzida e o sistema imune foi prejudicado, de modo simi-lar ao observado em idosos.

Pesquisadores estudam o mecanismo natural de rejuvenescimento da água-viva imortal, que pode ser a chave para descobertas em relação à longevidade humana

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OOs hormônios são os principais reguladores bioquímicos do metabolismo e de doenças no corpo humano. E com a obesidade não poderia ser diferente. Diversos estudos científicos conduzidos por pesquisadores de renomadas instituições de países da Europa e dos Estados Unidos têm comprovado que hormônios com diferentes funções em nosso organismo estão envolvidos no mecanismo que leva à obesidade e podem ajudar a combater a doença. A revista Longevidade em Foco listou sete hormônios pes-quisados pelos cientistas e ouviu a nutricionista e biotec-nóloga Priscila Machado (CRN 2003100174), especialista em bioquímica nutricional, para explicar qual a função de cada um em nosso organismo e como fazer para torná-los aliados na luta contra o excesso de peso. Vamos come-çar com a leptina (do grego leptos, que quer dizer magro). O hormônio, identificado na década de 90, é produzido no tecido adiposo e age no hipotálamo, que redistribui a sua ação, sendo uma das mais importantes para o controle da ingestão alimentar e a manutenção da homeostase corpo-ral, por meio do metabolismo de açúcares e lipídeos.

Segundo os pesquisado-res, a leptina “informa” ao cérebro como anda o seu estoque de gordura corpo-ral. Assim, o cérebro pode ajustar a ingestão alimentar e o metabolismo, permitindo que o armazenamento de gordura seja mantido em certos níveis. Uma das hipóteses estudadas pela ciência é que a substância cria um “ponto de referência” para manter o peso, ou seja, ela estimula o apetite quan-do você elimina gordura. Se o estoque de

gordura estiver saturado, o hormônio passa a ser produ-zido para suprimir o apetite. O problema é que, quanto mais acima do peso a pessoa estiver, menos sensível ela se torna aos sinais da leptina. Estudo do Centro Médico da Universidade Columbia, nos EUA, mostra que o cérebro se torna resistente à substância quando há níveis elevados da leptina na circulação sanguínea.

No Brasil, outro estudo interessante sobre o tema foi rea-lizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Publicado no periódico Journal of

Conhecendo os hormônios associados à obesidadevEJa como tornar algumas substâncias Encontradas no organismo Em suas aliadas na luta contra o ExcEsso dE pEso

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Neuroscience, o trabalho mostra que as gorduras trans podem lesionar o hipotálamo, interferindo no controle da fome e no gasto calórico, o que leva à obesidade. A pesqui-sa indica que pessoas com dietas hipercalóricas perdem gradativamente esse controle neural e passam a consumir mais calorias do que gastam, tornando-se obesas com o decorrer do tempo.

greLinaChamado de hormônio da fome, a grelina foi descoberta por pesquisadores japoneses no final da década de 90, mas foram os cientistas britânicos que associaram a substância ao estímulo do apetite. Também responsável pelo aumento da secreção do hormônio do crescimento (GH), a grelina está diretamente envolvida na regulação, a curto prazo, do balanço energético. Estudos mostram que os níveis circu-lantes de grelina no organismo aumentam durante o pe-ríodo de jejum prolongado (em estados de hipoglicemia), enquanto há uma redução na liberação da substância após a ingestão alimentar. Segundo essas pesquisas, são os tipos de nutriente contidos na refeição, e não o seu volume, os responsáveis pelo aumento ou decréscimo dos níveis plasmáticos de grelina após a refeição. Esses acha-dos sugerem que a contribuição do hormônio na regulação pós-prandial pode diferir, dependendo do macronutriente predominante no conteúdo alimentar ingerido.

A nutricionista Priscila Machado lembra que vários alimen-tos afetam a produção de grelina e de outros hormônios relacionados à saciedade do organismo. Para manter a produção da grelina sob controle, a especialista orienta não deixar de fora algum dos grupos alimentares em qual-quer refeição. “A grelina é influenciada pelo equilíbrio entre a insulina e o glucagon. Comer de três em três horas e fazer uma distribuição proporcional de 40% de carboidrato, 30% de proteína e 30% de gordura (monoinsaturada) na dieta ajudam a manter sob controle os hormônios de sa-ciedade”, diz Priscila.

papeL do ghO hormônio de crescimento (GH) exerce um importante papel em nosso organismo, não apenas na regulação do crescimento somático, mas também na regulação de vários processos metabólicos. O hormônio aumenta a oxidação de ácidos graxos durante restrição calórica, ace-lera a lipólise, promove conservação de nitrogênio e altera-ções da composição corporal. Vários estudos mostram que adultos com deficiência da substância apresentam aumento de massa de gordura corporal e redução de massa magra, em relação a adultos normais. Segundo os cien-tistas, essa deficiência tem importantes consequências metabólicas no processo lipídico, levando ao aumento do risco de doença cardiovascular.

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De acordo com especialistas, o GH promove a queima de gordura armazenada, ao movê-la para a corrente sanguí-nea, para ser usada como energia. Além disso, a substân-cia também diminui o ritmo de estocagem da gordura que está circulando no sangue. E como usar o hormônio a favor da perda de peso em excesso? Em alguns casos, a res-posta pode estar em dietas monitoradas que incluem a ingestão de suplementos e uma proporção equilibrada entre proteínas, carboidratos e gorduras. Essas estratégias ajudam a otimizar a liberação natural do GH. Esse tipo de tratamento ajuda o paciente a ganhar massa muscular e, assim, queimar mais gordura. Ao ganhar massa muscular, você aumenta o ritmo do seu metabolismo basal, aumen-tando o gasto de calorias mesmo quando estiver parado. E exercícios físicos, seja musculação ou trabalho aeróbico, aumentam a produção da substância, mas a sua liberação é mais rápida nas duas primeiras horas do sono profundo. O GH é uma proteína produzida e secretada pela glândula hipófise anterior e, assim como outros hormônios, com o envelhecimento, sua produção no organismo decai.

“Comer de três em três horas e fazer uma distribuição proporcional de 40% de carboidrato, 30% de proteína e 30% de gordura na dieta ajudam a manter sob controle os hormônios de saciedade”Priscila Machado, nutricionista e biotecnóloga

testosterona e estrogênioA testosterona, hormônio sexual masculino, é encontrada também no organismo feminino e é importante também para elas. Além de controlar a excitação sexual e a agres-sividade, a substância pode acelerar o metabolismo, aju-dando o corpo a construir músculos e queimar gordura. Com a “pausa hormonal” enfrentada por homens e mulhe-res, o nível de testosterona em ambos os sexos diminui com a idade, principalmente depois dos 40. Em razão disso, o metabolismo fica mais lento e o organismo tende a armazenar as calorias extras como gordura, ao contrário de pessoas mais jovens, em que a gordura é estocada para fornecer energia para construir músculos.

Nos homens, se a queda do hormônio em razão da idade pode favorecer o surgimento da obesidade, estudos mos-tram que, nos mais jovens e obesos, ocorre uma redução mais rápida da testosterona no organismo. O acúmulo de gordura na cintura pode reduzir a ação da insulina, levando à predisposição para diabetes e hipertensão e causando a redução na produção de testosterona. E a diminuição de testosterona leva à piora da obesidade, ou seja, provoca um ciclo vicioso.

A queda do estrogênio na menopausa também influencia a distribuição da gordura no corpo. É por isso que, com o avanço da idade, a gordura das coxas e dos quadris come-ça a ser redistribuída para a barriga. Além disso, estudo da Universidade do Colorado, nos EUA, mostrou que o baixo nível de estrogênio também faz com que a mulher queime menos caloria diariamente. Tanto a testosterona quanto o estrogênio precisam de boro (um tipo de mineral) para a produção, e os alimentos-fonte do mineral são: manteiga de amendoim, café, maçã, banana, uva, feijão e brócolis.

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E(*) Por César Souto e Dr. Roberto Caproni

ArTiGo

Estes são os modelos mais comuns de sociedade em con-sultórios e clínicas:

1. sócios modeLo divisão de LucrosA receita produzida por todos é somada e dela se abatem os custos e as despesas, gerando o resultado líquido do período (mês, trimestre, semestre etc.). Esse resultado líquido é dividido pelos sócios, proporcionalmente à por-centagem de sua participação na sociedade, indepen-dentemente de quanto produziu ou trabalhou.

DESVANTAGEM DO MODELO:Em algum momento um dos sócios pode achar que pro-duz mais que o outro e recebe o mesmo ou que as suas unidades de negócio geram mais resultados que as do sócio ou ainda que o sócio está ganhando mais que deve-ria pelo seu trabalho.

2. sócios modeLo condomínioCada sócio recebe individualmente a receita gerada pelos seus clientes e arca com os seus custos (material de con-sumo, impostos, serviços de terceiros, laboratório e tarifas financeiras, entre outros.). Já as despesas são rateadas de forma igual entre os sócios. Nesse caso, os sócios con-sideram a clínica o seu consultório particular, onde cada um paga 50% das despesas gerais, independentemente de quanto fatura ou trabalha. Esse modelo é comum quan-do não há compartilhamento de clientes.

DESVANTAGEM DO MODELO:Algum sócio pode alegar que o outro utiliza mais a clínica para ganhar mais que ele, pagando o mesmo valor de despesas.

3. sócios modeLo cooperativaCada sócio recebe individualmente a receita gerada pelos seus clientes e arca com os seus custos. O resultado disso se chama lucro bruto e cada um é responsável pelo seu, arcando com as despesas na proporção que lhe cabe em relação à soma de todos. Quem produz mais lucro para si paga mais despesas.

DESVANTAGEM DO MODELO:Algum sócio pode alegar que paga mais porque trabalha mais ou porque os seus valores são mais altos, enquanto o outro utiliza a clínica tanto quanto ou mais que ele, sen-tindo-se descompensado.

4. parceiro independente em condomínioGrupo formado por profissionais de especialidades interli-gadas em que cada um adquire ou aluga uma unidade num conjunto de salas tendo uma recepção em comum. Cada profissional recebe individualmente a receita gerada pelos seus clientes, arca com os seus custos e despesas da sua sala. As despesas da área comum compartilhada, isto é, recepção, banheiros, sala de espera, etc, são divididas em partes iguais para cada membro.

DESVANTAGEM DO MODELO:Um membro não pode indicar aos seus clientes profis-sionais externos de especialidade concorrente de outro membro do grupo nem recebe indicações de profissio-nais das mesmas especialidades existentes na clínica. Como você pode observar, não existe um modelo perfeito de sociedade. Todos os modelos possuem vantagens e também desvantagens.

Sociedade em consultórios e clínicasos modeLos mais comuns de sociedade em consuLtórios e cLínicas

(*) César Souto – graduado em Ciências Contábeis e especialização em Administração Financeira, em Gestão de Pessoas, em Gestão Estratégica e em Psicologia do Trabalho. Foi diretor executivo do Banco Mercantil do Brasil e executivo do Banco BMG.

(*) Dr. Roberto Caproni – graduado em Odontologia e em Administração de Empresas. Pós-graduado em Marketing e Psicologia. Especialista em franquias pela Franchising University. A reprodução de textos de autoria de Roberto Caproni e colaboradores em jornais, revistas, boletins informativos, sites, fax, e-mail e outros veículos de divulgação é PERMITIDA desde que citados o autor e o endereço eletrônico www.grupocaproni.com

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AAs primeiras pesquisas demons-trando que o excesso de gordura sobrecarrega o coração surgiram na década de 50. Mas, apesar da grande quantidade de informações a respeito do assunto, a obesidade co-meça a ser vista como uma epidemia, no Brasil e no mundo. Segundo espe-cialistas, em cada grupo de 10 brasi-leiros adultos, quatro estão acima

do peso. E o excesso de gordura viti-ma ricos e pobres, homens e mulhe-res – em razão da alimentação ex-cessivamente calórica. Com relação ao câncer, que pode resultar da obe-sidade, especialistas alertam que adotar hábitos saudáveis, como fazer exercícios físicos e ter uma dieta equilibrada, pode prevenir a doença. Médicos e especialistas recomen-dam ingerir bastante água, comer alimentos que contenham fibras, fru-tas e verduras e diminuir o consumo de alimentos gordurosos.

O oncologista Ricardo Alves Penna (Cremesp 116789) comenta que, embora não se possa fazer uma as-sociação direta de casos de câncer com o hábito alimentar, existem evi-dências de que os riscos de contrair a doença aumentam nos grupos po-pulacionais em que é exagerado o consumo de carnes, principalmente das processadas, enquanto se dei-xam de lado as fibras vegetais, as frutas e as verduras. A informação é confirmada pelo Instituto Nacional do Câncer José de Alencar Gomes

da Silva (INCA), que alerta em seu site (www.inca.gov.br) que vários com-ponentes da alimentação têm sido associados com o processo de de-senvolvimento do câncer, principal-mente câncer de mama, cólon (in-testino grosso), reto, próstata, esô-fago e estômago.

De acordo com o Dr. Penna, alguns tipos de alimento, se consumidos regularmente durante longos perío-dos de tempo, parecem fornecer o tipo de ambiente de que uma célula cancerosa necessita para crescer, mul-tiplicar-se e disseminar-se. E nesse grupo estão incluídos os alimentos ricos em gorduras, como carnes ver-melhas, frituras, molhos com maio-nese, bacon, presuntos, salsichas, linguiças e mortadelas, entre outros.

“A vida nas grandes cidades e a cres-cente urbanização alteraram de forma significativa nossos hábitos alimen-tares. É comum, na correria do dia a dia, deixar de lado uma boa refeição para comer um sanduíche numa lan-chonete fast-food, por exemplo. O indi-víduo pode até ganhar mais tempo para o trabalho ou lazer, mas perde uma grande oportunidade de se ali-mentar adequadamente, já que a chamada junk food contém muita gor-dura que, se consumida em excesso, pode ser prejudicial ao organismo”, alerta o oncologista.

Dieta balanceada pode evitar o câncerEstudos rElacionam alimEntação ExcEssivamEntE calórica ao surgimEnto da doEnça Em mama, cólon, rEto, próstata, Esôfago E Estômago

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O especialista lembra que as causas de câncer são variadas, mas já se sabe que entre 80% e 90% dos cân-ceres estão associados a fatores ambientais. “As mudanças provoca-das no meio ambiente pelo próprio homem, assim como o estilo de vida adotado pelas pessoas, pode deter-minar diferentes tipos de câncer. Outro fator que já está claro é que existem também alguns alimentos industrializados que contêm ní-veis significativos de agentes cancerígenos”, explica o Dr. Penna. Como exemplo, ele cita as substâncias nitrito e nitrato, usados para con-servar alguns tipos de ali-mento, como picles, salsi-chas e outros embutidos e alguns tipos de enlatado. De acordo com o oncolo-gista, tais substâncias se transformam em nitrosami-nas – compostos químicos com comprovada ação carcinogênica. “As nitrosaminas são responsáveis pelos altos índices de câncer de es-tômago observados em populações que consomem alimentos com es-sas substâncias de forma abundante e frequente”, explica.

Segundo o oncologista, carnes de-fumadas e churrascos são impreg-nados pelo alcatrão proveniente da fumaça do carvão, o mesmo encon-trado na fumaça do cigarro, cuja ação carcinogênica já é cientifica-mente comprovada. Já os alimentos preservados em sal, como carne--de-sol, charque e peixes salgados, também estão relacionados ao de-senvolvimento de câncer de estô-mago em indivíduos que moram em regiões onde é comum o consumo desses alimentos.

“Também é bom lembrar que, an-tes de comprar o alimento indus-trializado, todos devem comparar a

quantidade de sódio nas tabelas nutricionais dos produtos”, orienta o médico, que recomenda ainda a redu-ção do sal no preparo da refeição, au-mentando o uso de temperos como azeite, alho, cebola e salsa, que con-tribuem para evitar a doença.

Já o oncologista Flavio Daniel Toma-sich (CRM PR 13314) diz que a pre-venção do câncer na região abdo-minal está diretamente ligada à ali-mentação saudável, como alto con-sumo de frutas, legumes, verduras, alimentos ricos em fibras, além da prática de exercícios físicos. Segun-do ele, o câncer abdominal pode atin-gir órgãos como estômago, fígado, pâncreas e esôfago e, dependendo do órgão que ele afeta, pode ser con-siderado como de maior ou menor risco. A maior incidência da doença é em pessoas acima de 50 anos, mas isso não impede que ela surja em qualquer idade. “É recomendável evi-tar bebidas açucaradas, como refri-gerantes e sucos artificiais, e limitar o consumo de alimentos e bebidas de alto valor calórico. Em relação

aos alimentos de origem animal, o ideal é limitar o consumo de carnes vermelhas e evitar carnes processa-das”, orienta.

aLimentação saudáveLRenata Dutra Carvalho (CRN SP 2.187), especialista em Nutrição Clí-nica Funcional, lembra que o ideal é uma dieta balanceada com frutas, verduras, legumes, da forma mais natural possível, e até carne, mas

sem gordura, aliada a exercícios físicos. Segundo ela, uma ali-mentação pobre em fibras, com altos teores de gordura e altos níveis calóricos está relaciona-da a um risco maior de câncer de cólon e de reto. Renata diz

ainda que isso ocorre porque, sem a ingestão de fibras, o ritmo

intestinal desacelera, favorecendo uma exposição mais demorada da mucosa aos agentes cancerígenos encontrados no conteúdo intestinal.

De acordo com a nutricionista, al-guns alimentos que ajudam a preve-nir o câncer são: frutas vermelhas e chá verde (ricos em flavonoides, que ajudam a prevenir câncer de mama, cólon, reto, estômago, esôfago e pâncreas); tomate, goiaba e melan-cia (têm licopeno, que ajuda a pre-venir câncer de próstata e mama); cenoura e abóbora (ricos em betaca-roteno, ajudam a prevenir câncer de pulmão); espinafre e couve (contêm luteína e zeaxantina, que previne câncer de pele); frutas cítricas, como laranja, acerola e abacaxi (ricos em vitamina C, que previne câncer de di-versos tipos); couve-flor e brócolis (contém Isotiocianato, que ajuda a prevenir câncer de mama, cólon e esôfago); soja e feijão (ricos em Iso-flavonas, que ajudam a prevenir cân-cer de mama, próstata, cólon, reto, pulmão, estômago e colo do útero).

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CCumprindo com sua proposta de dis-seminar e produzir conhecimento ba-seado em estudos científicos e evi-dências clínicas comprovadas, possi-bilitando aos médicos o acesso a farto conteúdo em termos de conhe-cimento técnico-científico atualizado, o Grupo Longevidade Saudável vai realizar, em outubro, mais uma edi-ção do curso Ciências da Longevi-dade Humana e Fisiologia Hormonal Aplicada. O evento realiza-se entre os dias 22 e 27, em São Paulo, no Hotel Golden Tulip, no Bairro Jardins, Zona Sul da capital paulista. Considerado introdutório à proposta de medicina preditiva do Grupo LS, o curso apre-senta um conteúdo fundamentado na fisiologia do envelhecimento hormo-nal e no modelo das pausas hormo-nais em homens e mulheres, tendo como base o conhecimento científico e evidências clínicas comprovadas nos mais importantes centros de pesquisa avançada no mundo.

A diretora de Marketing e Relaciona-mento do Grupo LS, Polliana Rachid, lembra que essa será a 69ª edição do curso, que já formou cerca de 2,1 mil médicos, desde sua primeira edição,

em 2002. Segundo Polliana, um dos motivos do interesse de médicos de todo o país pelo evento é a demanda constante, hoje existente, por mais conhecimento, informação e atualiza-ção profissional.

“O curso possui sólido conteúdo teó-rico-prático e cumpre com o objetivo do Grupo Longevidade Saudável de oferecer ao participante o acesso ao conhecimento e à prática adquirida pelos especialistas que trazemos como palestrantes, ao longo de duas décadas de pesquisas e estudos fei-tos em importantes instituições, de re-nome internacional”, explica Polliana. Segundo ela, exatamente por isso, a participação no evento permite ao médico tornar-se um profissional com-pletamente diferenciado e em condi-ções de aplicar, na sua prática diária, os novos conhecimentos adquiridos.

Curso de Fisiologia da Longevidade HumanaEvEnto, quE chEga à sua 69ª Edição, com cErca dE 2,1 mil médicos formados, sErá rEalizado, EntrE os dias 22 E 27 dE outubro, na cidadE dE são paulo

Esse também é o primeiro curso na área de Educação Médica Continua-da a oferecer ao participante a opor-tunidade de contar com consultoria individual à distância, como lembra Polliana. O atendimento à distância faz parte da carga horária do curso (fase II) e são oferecidas ao aluno duas opções: chat on-line e skype, cabendo ao participante escolher aquela que é melhor para si.

O curso conta com 80 horas de aula na fase I (presencial) e a fase II (à distância) tem início três meses após a primeira. Entre os temas abordados no curso estão Longevi-dade Humana: Novos Paradigmas; Os Hormônios Homólogos Humanos; Fisiologia do Trato Gastrointestinal; Marcadores de Inflamação Subclí-nica; Inflamograma; Detoxificação; Eletropausa; Síndrome da Fadiga Adrenal e Nutrigenética e Mapea-mento Genético. Para participar do curso, é preciso ser médico, com CRM ativo. Os interessados podem obter outras informações no site do Grupo Longevidade Saudável (www.longevidadesaudavel.com.br) ou pelo telefone 0800-001-1223.

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