Louvor e adoração

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LOUVOR E ADORAÇÃO Tenho consciência de que ao falarmos sobre “louvor” e “adoração”, em diversas ocasiões iremos nos repetir, seja em palavras, termos ou em algumas expressões. Vejo essa repetição como necessária em alguns momentos para que possamos desenvolver plenamente o assunto permitindo que nas diversas ocasiões onde elas ocorrerem, permitam que sejam concluídas as ideias expostas. Também vejo essas repetições pelo fato de os dois, louvor e adoração, estarem intrinsecamente ligados, já que adoração deve ser uma constante na vida do cristão, em outras palavras, deve ser de entrega total a Deus, enquanto que o louvor certamente é uma maneira de externar essa entrega. Portanto, mesmo sendo louvor e adoração duas coisas distintas, os termos se misturarão e se repetirão por diversas vezes por estarem tão intimamente ligados. UM POUCO DE HISTÓRIA BÍBLICA: Desde o início do Gênesis, o ser humano busca conhecer a Deus para cultua Lo de maneira a deixa Lo feliz. Só que as tentativas nem sempre agradaram ao Senhor (Gn 4:3-5). Apesar de o homem ter sido criado para o louvor da glória de Deus (Is 43:21 "ao povo que formei para mim mesmo a fim de que proclamasse o meu louvor"), ele NECESSITAVA SER ENSINADO sobre como deveria adora Lo. O próprio Senhor foi o professor. Ele inicia esse ensino no Velho Testamento e continua através do Novo Testamento. Precisamos entender duas coisas importantes: A Revelação de Deus é PROGRESSIVA: ou seja, Ele começa a revelar Sua Pessoa e como agrada Lo em Gênesis e vai acrescentando progressivamente, detalhe por detalhe a cada livro da Bíblia, usando homens inspirados por Ele, terminando no Apocalipse. Agia assim, para que o povo assimilasse Suas informações aos poucos. Por exemplo: se o povo que estivesse vivendo na época do Gênesis, ouvisse sobre as revelações dos "finais dos tempos" de Apocalipse, sem ter obtido as informações dos livros anteriores, poderia ficar apavorado e confuso. Daí, Deus revelar aos poucos e progressivamente o Seu querer. O Novo Testamento, interpreta o Velho Testamento: como já vimos, se a revelação de Deus é progressiva, o que vem a partir de Jesus no N.T., é uma informação mais recente e que traz esclarecimentos e explicações importantes, sobre o que o Senhor ensinou no Velho Testamento. Cristo, sendo uma Pessoa da Trindade, chamado de "Emanuel" (Deus conosco), viveu entre nós revelando a vontade do Pai, como ninguém poderia ter feito melhor. Assim, as informações do N.T. interpretam as do V.T. Analisaremos a seguir, alguns pontos importantes da Adoração, que foram dados no Velho Testamento e suas diferenças com o ensino do Novo Testamento. 2. QUAL É O DIA CERTO PARA A ADORAÇÃO? A Adoração no Velho Testamento, muitas vezes era expressa em eventos comemorativos, que eram determinados por Deus. Não eram "cultos opcionais" (que poderiam ou não ser realizados), mas sim obrigatórios! Eram parte da "didática" do Senhor para instruir o Seu povo, como se Ele dissesse: "Prestem muita atenção: isto é importantíssimo para aprenderem a como relacionar se comigo!".

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Um pequeno estudo sobre louvor e adoração

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Page 1: Louvor e adoração

LOUVOR E ADORAÇÃO

Tenho consciência de que ao falarmos sobre “louvor” e “adoração”, em diversas ocasiões

iremos nos repetir, seja em palavras, termos ou em algumas expressões. Vejo essa repetição

como necessária em alguns momentos para que possamos desenvolver plenamente o assunto

permitindo que nas diversas ocasiões onde elas ocorrerem, permitam que sejam concluídas as

ideias expostas.

Também vejo essas repetições pelo fato de os dois, louvor e adoração, estarem

intrinsecamente ligados, já que adoração deve ser uma constante na vida do cristão, em outras

palavras, deve ser de entrega total a Deus, enquanto que o louvor certamente é uma maneira

de externar essa entrega. Portanto, mesmo sendo louvor e adoração duas coisas distintas, os

termos se misturarão e se repetirão por diversas vezes por estarem tão intimamente ligados.

UM POUCO DE HISTÓRIA BÍBLICA:

Desde o início do Gênesis, o ser humano busca conhecer a Deus para cultua Lo de maneira a

deixa Lo feliz. Só que as tentativas nem sempre agradaram ao Senhor (Gn 4:3-5). Apesar de o

homem ter sido criado para o louvor da glória de Deus (Is 43:21 "ao povo que formei para mim

mesmo a fim de que proclamasse o meu louvor"), ele NECESSITAVA SER ENSINADO sobre

como deveria adora Lo.

O próprio Senhor foi o professor. Ele inicia esse ensino no Velho Testamento e continua

através do Novo Testamento. Precisamos entender duas coisas importantes:

A Revelação de Deus é PROGRESSIVA: ou seja, Ele começa a revelar Sua Pessoa e como agrada

Lo em Gênesis e vai acrescentando progressivamente, detalhe por detalhe a cada livro da

Bíblia, usando homens inspirados por Ele, terminando no Apocalipse. Agia assim, para que o

povo assimilasse Suas informações aos poucos. Por exemplo: se o povo que estivesse vivendo

na época do Gênesis, ouvisse sobre as revelações dos "finais dos tempos" de Apocalipse, sem

ter obtido as informações dos livros anteriores, poderia ficar apavorado e confuso. Daí, Deus

revelar aos poucos e progressivamente o Seu querer.

O Novo Testamento, interpreta o Velho Testamento: como já vimos, se a revelação de Deus é

progressiva, o que vem a partir de Jesus no N.T., é uma informação mais recente e que traz

esclarecimentos e explicações importantes, sobre o que o Senhor ensinou no Velho

Testamento. Cristo, sendo uma Pessoa da Trindade, chamado de "Emanuel" (Deus conosco),

viveu entre nós revelando a vontade do Pai, como ninguém poderia ter feito melhor. Assim, as

informações do N.T. interpretam as do V.T.

Analisaremos a seguir, alguns pontos importantes da Adoração, que foram dados no Velho

Testamento e suas diferenças com o ensino do Novo Testamento.

2. QUAL É O DIA CERTO PARA A ADORAÇÃO?

A Adoração no Velho Testamento, muitas vezes era expressa em eventos comemorativos, que

eram determinados por Deus. Não eram "cultos opcionais" (que poderiam ou não ser

realizados), mas sim obrigatórios! Eram parte da "didática" do Senhor para instruir o Seu povo,

como se Ele dissesse: "Prestem muita atenção: isto é importantíssimo para aprenderem a

como relacionar se comigo!".

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Havia um "tempo certo" para adorar e buscar a Deus. Estes cultos eram considerados partes

centrais na adoração. Os eventos passados, nos quais o Senhor agira e que eram lembrados

nestas festas ou dias especiais, nunca deveriam ser esquecidos. (Nm 29:39 "Estas coisas

oferecereis ao Senhor, nas vossas festas fixas, além dos vossos votos e das vossas ofertas

voluntárias, para os vossos holocaustos, as vossas libações e as vossas ofertas pacíficas").

Havia o sacrifício diário (Nm 28:1-8), o descanso do Sábado (Ex 20:11), os primeiros dias do

mês (Nm 28:11), o ano do jubileu (Lv 25:10-13) e as festas anuais (Lv 23).

As festas comemorativas, mencionadas no V.T. eram:

Festa da Páscoa - (Lv 23:4-5) comemorava o livramento do povo da escravidão no Egito. Era

anual.

Festa do Pentecostes - (Dt 16:9-12) também chamada de Festa das "Semanas", da "Colheita", e

das "Primícias". Anual.

Festa dos Tabernáculos - (Lv 23:33-44) lembravam o tempo em que habitaram em tendas no

deserto. Anual.

Festa do Sábado - (Lv 23:2,3) dia de descanso e de alegria. Semanal.

Dia das Trombetas - (Nm 29:1) em Lv 23:23,24 é chamado de dia "memorial". Anual.

Dia da Expiação - (Lv 23:26,27) dia em que deveriam se humilhar pelos seus pecados. Anual.

Festa de Purim - Descrita no livro de Ester, cap. 9. Comemoram o livramento de Deus ao Seu

povo, não permitindo que fossem exterminados, nos dias do rei persa Assuero. Anual.

Alguns exemplos de manifestações corporais de louvor usadas no antigo testamento :Ficar em

Pé = Sinal de Reverência: Erguer as mãos = Sinal de Rendição. Sl 134.2Bater palmas = Sinal de

admiração e aprovação. Sl 47.1Inclinar-se = Sinal de Reverência, respeito e humildade. Sl

95.6Dançar = Sinal de alegria. Sl 150.4; 2 Sm 6.14,16. Quando lemos o salmo 47 “batei palmas

todos os povos.” vemos um exemplo do louvor através de palmas e brados de vitória.1.1. O

ministério levítico.

Algumas considerações importantes sobre os levitas do antigo testamento, e a formação do

ministério levítico. O ministério levítico foi instituído por Deus, quando escolheu Levi, e toda a

sua tribo como responsáveis em levar a arca da presença do Senhor, e estar diante do Senhor

servindo-o, e abençoando. “Por esse tempo o Senhor separou a tribo de Levi, para levar a arca

do pacto do Senhor, para estar diante do Senhor, servindo-o, e para abençoar em seu nome

até o dia de hoje.” (Dt 10.8)

Para os cristãos da Nova Aliança com Deus no Novo Testamento, as "festas fixas" também

chamadas de "tempos designados", foram rompidas. O "tempo" (em grego "kairós") é

fundamental, por causa da salvação que Deus proporcionou na História. O tempo perdeu seu

significado sacro: a visão cristã santificou todos os tempos. Ou seja, o N.T. considera que o

nosso "dia especial", não é apenas o sábado, ou qualquer outro dia comemorativo do V.T. -

agora TODOS os dias são especiais e devem ser vividos como um "culto" na presença de Deus!

A Igreja Judaica continuou a observar os sábados e celebrar as festividades, mas a motivação

era meramente um fenômeno cultural. A celebração cristã do significado do sacrifício na cruz,

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que liberta o homem do pecado, transpõe ao tempo e deve ser contínua. Todo o momento é

tempo para celebrar a Cristo.

Na visão do N.T., o mundo físico e material deve ser encarado do ponto de vista espiritual. Não

há mais diferença sobre o momento mais apropriado para adoração. Toda nossa vida, quer

seja em relação ao trabalho, estudos, relacionamento com os familiares, afazeres domésticos

ou em relação às nossas atitudes de oração, cantar louvores, ir à igreja etc, tudo deve ser uma

celebração da nossa vida em Cristo.

1Co 10:31 "Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para

a glória de Deus".

3. QUAL É O LOCAL CERTO PARA A ADORAÇÃO?

No Velho Testamento, alguns encontros com Deus ficaram marcados na mente do povo de

Israel. Um destes exemplos é o monte Sinai, onde Moisés recebeu os 10 mandamentos (Ex

19:10-11,18). Lembram-se do que disse a mulher Samaritana, na conversa com Jesus? O que

ela entendia sobre "adoração", era semelhante à compreensão do povo judeu na Antiga

Aliança: de "adorar em um monte" ou em um local determinado (Jo 4:20).

O Senhor, continuando na didática de revelar-se progressivamente, escolheu locais especiais

para Se manifestar, no decorrer da história de Israel, como por exemplo o Tabernáculo (Ex

25:8,9) e o Templo (2Cr 7:1-3), que foram lugares de Adoração.

A situação muda completamente no Novo Testamento: Jesus diz que "o local" não seria o mais

importante, quando se trata de cultuar a Deus (Jo 4:21-24). O apóstolo Paulo também declara

que "Deus não habita em templo feito por mãos humanas" (At 17:24-25).

Anularam-se as distinções geográficas "santas", com o evento da ressurreição de Jesus e da

descida do Espírito Santo. A Glória de Deus ("Shekinah"), antes localizada no Templo, habitou

em Cristo (Jo 1:14) e foi compartilhada com todos os que n’Ele habitam (Jo 17:22).

Paulo identifica a Igreja como sendo aqueles que em todo lugar, invocam o nome do Senhor

Jesus Cristo (1Co 1:2) ou seja, a assembleia dos santos. Após converterem-se, são habitados

pelo Espírito Santo e seus corpos são chamados de "santuário de Deus" (1Co 3:16 e 6:19). Os

membros da Igreja precisam se reunir, para se edificarem uns aos outros (1Co 14:26). Assim,

no N.T. a Igreja são as PESSOAS e não UM LOCAL.

Devemos lembrar que a Igreja Primitiva foi violentamente perseguida no Império Romano.

Não tinham liberdade para se reunir e cultuar ao Senhor. Não tinham Templos e estavam

espalhados por várias partes do mundo. Sabe onde se reuniam? Nas "catacumbas" (cemitérios

subterrâneos), que por estarem escondidas, não sofriam tanta vigilância dos soldados.

Os primeiros cristãos sentiram-se à vontade para louvar a Deus "até no cemitério" (foi

necessário, devido à perseguição), porque o "lugar de adoração" no Novo Testamento, poderia

ser "qualquer lugar", onde a assembleia dos santos se reunisse!

4. O QUE DEVE SER OFERECIDO A DEUS?

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O Velho Testamento mostra por diversas vezes, que o homem não deveria aproximar-se de

Deus, sem que tivesse algo para ofertar. Muitas vezes, as ofertas eram relativas às colheitas

que tinham, outras vezes visavam o suprimento dos levitas e sacerdotes. Mas a oferta feita em

reconhecimento ao arrependimento, pelo pecado praticado por alguém, invariavelmente era o

"sacrifício de um animal".

A morte e o sangue derramado por um animal inocente, também faziam parte da "didática

progressiva" de Deus. O Senhor não é alguém cruel e que não gosta de animais, muito pelo

contrário! Foi Ele quem fez os animais para povoarem a Terra, colocando ao homem para

cuidar deles. Caso não gostasse dos animais, não precisaria ter feito uma variedade tão grande

deles! Na didática divina, Ele quis que o ser humano entendesse que seu pecado, seu

afastamento da vontade de Deus, exigia um arrependimento e uma "retratação" diante de

Deus.

Por que havia a necessidade do sangue de um animal inocente? Exatamente porque este

animal prefigurava o que aconteceria com Jesus Cristo no N.T., que foi humilhado e morto

brutalmente, derramando Seu sangue inocente na Cruz. Cristo foi o último sacrifício, o último

Cordeiro (chamado "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" - Jo 1:29), sendo morto

para que nós pudéssemos HOJE ser aceitos na presença do Pai (Hb 10:19-22). Apenas através

do Servo Sofredor, o Filho de Deus, é que qualquer pecador tem livre e pleno acesso à

presença de Deus (Rm 5:1,7-11). Cabe a nós, sermos gratos pelo sacrifício que Cristo fez na

cruz, pois sendo inocente e não tendo pecado, deu Sua vida para nós nos reconciliássemos

com Deus.

5. QUEM PODE OFERECER UM CULTO A DEUS?

O sacerdócio no Velho Testamento, era o trabalho exercido no Templo, por pessoas escolhidas

por Deus, que realizavam os sacrifícios e festas, como uma parte essencial ao rito estabelecido

pelo Senhor. Só através da intermediação do sacerdote é que o povo poderia adorar ao

Senhor. Os sacerdotes eram pontes vivas entre o Deus Santo e o homem pecador.

Deus tinha confiado a Israel os Seus "oráculos" ou seja, Suas Escrituras reveladas (Rm 3:2), a

nação foi consagrada como um "reino de sacerdotes" (Ex 19:6). A missão de Israel consistia em

tornar o nome e a vontade de Deus, conhecidos por todas as nações. Assim sendo, os judeus

tinham a mensagem a ser entregue (as Escrituras) e a autoridade para falar em nome do

Senhor.

Entretanto, o povo que deveria exercer as funções de "sacerdotes", fracassou diante desta

missão no V.T.

Outros judeus fiéis a Deus, continuaram este projeto no Novo Testamento e com pleno

sucesso: Jesus Cristo e seus discípulos, mudaram o mundo pregando as Palavras de Deus !

Através de sua união com Cristo, a Igreja tornou-se um "reino" e seus membros "sacerdotes".

O novo Israel (formado por salvos em Jesus, de todas as nações), tem a responsabilidade de

executar a missão original do Antigo Israel, isto é, proclamar ao mundo as "virtudes daquele

que vos chamou das trevas para Sua maravilhosa luz" (1Pe 2:9).

A Igreja de Cristo é composta por sacerdotes. Esta função "sacerdotal", não é apenas do pastor

ou da liderança da comunidade - é de TODOS os membros. O trabalho da Igreja será sempre

direcionado a glorificar a Deus, mas também tem a função de ministrar em favor dos homens,

através da intercessão. Outro ministério sacerdotal da Igreja, é o de ajuda mútua. Nas páginas

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do Novo Testamento, acumulam se cerca de 35 exemplos de responsabilidade mútua,

indicados pela frase "uns aos outros". As reuniões públicas da Igreja devem ter

constantemente estes objetivos em vista.

O Novo Testamento faz o desafio a nos apropriarmos do verdadeiro conceito de Adoração.

Todo salvo por Cristo faz parte do grupo de "sacerdotes reais", que vivem para adorar ao

Senhor e levar o Evangelho ao mundo. Para honra e glória de Deus, falamos, escrevemos,

trabalhamos, brincamos, comemos e dormimos. Pois Ele é digno de toda força de vida que

pulsa dentro de nós. Todos os pensamentos, palavras e atos devem ser realizados como

Adoração, porque o Cordeiro (Jesus Cristo) é "digno de receber o poder, a riqueza e a

sabedoria, força, honra, glória e louvor" (Ap 5:12).

1) Adorar significa RENDER SE:

O NT destaca a palavra “adorar” (proskuneo) entre os 5 mil termos relacionados com o culto.

Originalmente significava “beijar”. Entre os gregos era um termo técnico que significava

“adorar os deuses”, dobrando os joelhos ou prostrando-se. Beijar a terra ou a imagem em sinal

de adoração acompanhava o ato de prostrar-se ao chão. Colocar-se nesta posição comunicava

a ideia básica de submissão. O gesto de curvar-se diante de uma pessoa e ir até o ponto de

beijar os seus pés, quer dizer:

“Reconheço a minha inferioridade e a sua superioridade, coloco me à sua inteira disposição”.

Adorar (proskunein) foi utilizado na tradução da palavra hebraica shachah, na septuaginta e

também transmitia o mesmo conceito. Com este termo Jesus anulou o culto tradicional da

mulher samaritana e seus conterrâneos. Tanto o local como a preocupação com o templo não

tinha mais importância alguma. Enquanto a mulher argumentava que era no monte Gerezim),

Jesus declarou que somente “em espirito e verdade” os verdadeiros adoradores adorarão ao

Pai (Jo. 4.23). E a salvação vem dos judeus, portanto Eles(os judeus) adoravam o que

conheciam. A revelação do AT foi dada a Israel (Rm.9.4), já os samaritanos e os gregos

(At.17.23) adoravam o deus desconhecido.

Mais do que inútil é o culto que desconhece Aquele a quem devemos submissão e lealdade.

Por isso o grau de beleza de um culto, o numero de adeptos, ou a sua antiguidade não tem

importância se o adorador não tiver contato vital com o Deus Único. Quadro que João

desvendou na adoração celestial do Apocalipse, que mostra 24 anciãos caindo prostrados

diante d’Aquele que estava sentado no trono (Apoc. 4.10) põe em relevo a posição física

daquelas misteriosas personagens para frisar a majestade de Deus e manifestar a disposição

delas para executar toda ordem de Deus.

Satanás quis que Jesus o adorasse (Mt.4:9,10), porque ser adorado é seu supremo. O diabo de

bom grado trocaria todos os reinos do mundo e a glória destes por um simples ato de

adoração (proskunesis) oferecido por Jesus.

Mas para o Senhor um gesto de culto não podia ser desvinculado da própria adoração. Ele não

ataca a ideia de que um ato externo podia deixar também de ser um ato interno, uma atitude

de entrega total. Por isso a sua resposta a serpente foi: “Ao Senhor teu Deus adorarás

(proskenesis) e só a Ele darás culto (latruseis) (Mt.4.10)” e assim Jesus encerrou a questão para

sempre. Adorar o inimigo de nossas almas ou um de seus representantes, significa render se a

ele.

Page 6: Louvor e adoração

2) Adorar significa SERVIR:

O culto também implica em serviço (latreia) usado por Jesus para responder ao diabo

(Mt.4.10). Este termo é usado na Septuaginta por 90 vezes especialmente em Êxodo,

Deuteronômio, Josué, Juízes, mas apenas uma vez nos profetas (Ez 20.32). Moisés, várias vezes

pediu a permissão da parte de Faraó para deixar os israelitas partirem para servir (lautruein) a

Deus. Trata-se de cultuar e oferecer atos de adoração que agradem ao Deus da Aliança (Ex.

4.23; 8.1,20; 9.1).

Com muita naturalidade, Paulo emprega “latreia”, culto, serviço religioso, para descrever o

corpo entregue a Deus como sacrifício vivo, santo e agradável (Rm.12.1). Podemos ver como o

culto relacionado com o Templo e sacrifício no AT, foram transformados em adoração

consumada pelo sacrifício de Jesus Cristo.

O significado central deste termo surge de “latron” (ordenado) no grego secular foi usado para

indicar um trabalho pago e mais tarde um trabalho não pago. Mantém a ideia de servir. Tanto

no AT como no NT, a relação entre o homem e Deus não deixa de ser a de servir como escravo

(abad em hebraico, douleou em grego). Na carta aos Hebreus, 4 referencias das 6 tratam do

culto judaico no templo. Nos outros 2 casos, notamos que a razão pela qual Jesus se ofereceu

por nós foi para que tenhamos consciências limpas, para podermos servir ao Deus vivo. O

autor aos Hebreus acrescenta que somente os que “tem graça” (Heb. 9.14), podem agradar a

Deus pelo seu “serviço”, oferecendo culto com reverência e santo temor.

Somente pelas misericórdias de Deus podemos oferecer tal adoração que agrade a Deus.

Reconhecemos a raiz da “latreia” em nosso vocabulário como “idolatria” serviço a um ídolo.

Foram os israelitas rebeldes que cultuaram as hostes do céu (At.7.42). Espíritos rebeldes

(demônios) dão realidade ao culto a ídolos que em si nada são (1Cor.10.19). Deus revela sua

ira contra todos os que idolatram a criatura mais que o criador (Rm. 1.25). O Senhor reivindica

a totalidade do “serviço” dos seres a quem Ele dá a vida.

João nos proporciona uma descrição da multidão que veio da Grande Tribulação, tendo

purificado suas vestes no sangue de Jesus. A atividade da referida multidão concentra se numa

frase; “servem ou adoram a Deus de dia e de noite” (Ap.7.15). É possível que este vocábulo

inclua mais do que cantar ao acompanhamento de harpas, sendo que “latreia”, o serviço

religioso, mas que abranja todo o serviço em volta do templo e seus ritos (Rm.9.4). Porém não

podemos esquecer a exclusividade, pois Jesus declarou: “só a ele (Deus) darás culto”

(lautreuseis) Mt.4.10. Os atos e ritos que expressam a adoração devem ser exclusivamente

dirigidos a Deus. Inadmissível ao Senhor da Glória seria um culto prestado aos ídolos por

cristãos, mesmo que estes afirmem que em seus corações estão realmente adorando a Deus

(2Co. 10.20). Concluímos que o requisito de sacrificar o corpo inteiro do cristão torna seu culto

(latreia) “genuíno, espiritual, verdadeiro, essencial” (Rm.12.1), na proporção que o Deus vivo é

o único alvo da oferta.

Dividir a lealdade, na tentativa de servir a dois Senhores, deve ser reconhecido no meio cristão

como falso culto (Mt.6.24).

SIGNIFICADOS DE “LOUVOR”

Page 7: Louvor e adoração

Na Bíblia encontramos por várias vezes as palavras: louvar, cantar, dançar, exaltar etc; mas as

raízes etimológicas destas palavras são diferentes, assim como seus significados.

As pessoas que se rendem ao Senhor em louvor e adoração liberam a gloriosa presença de

Deus mesmo que estejam enfrentando circunstâncias difíceis (At 16:25-26). Há poder no

louvor!

A seguir, vamos ver 7 palavras em hebraico que traduzem “louvor”:

1- YADAH

Significa uma ação voluntária que expressa dependência absoluta em Deus, estendendo os

braços e levantando as mãos, louvando ao Senhor (II Cr 20:19; Sl 63:4; 134:2; I Tm 2:8).

O antônimo de yadah é encolher os braços e as mãos em sinal de desespero e angústia. Alguns

cursos que falam da personalidade humana, falam sobre a importância da linguagem corporal,

e ensinam que sem palavras e apenas através de gestos, posturas e movimentos corporais,

podemos comunicar e expressar atitudes e mensagens positivas ou negativas.

2- TOWDAH (em hebraico se pronuncia TOVDA)

Significa levantar as mãos com ações de graças, apresentar sacrifícios de ações de graças, não

somente por tudo o que já recebeu, mas também por aquilo que se espera receber. Fé em

ação – Jr 33:11.

Segundo o Salmo 100:4, a “chave” para termos uma vida de louvor, de vitória e êxito é:

“Sacrifícios de ações de graças”. As pessoas que perdem essa “chave” tornam se pessoas

amargas, rancorosas, inconformadas, e vivem culpando e acusando a todos de tudo e por

tudo!

Algumas razões da importância de levantarmos as mãos: Sl 28:2; 134:2; 141:2; 63:4; I Tm 2:8.

3- HALAL

Significa celebrar com palavras, falar entusiasmadamente de algo ou alguém (Sl 35:37; 98:1;

106:1). O gozo interior deve expressar se exteriormente. O louvor sempre é extrovertido,

audível e visível (na adoração não acontece isso necessariamente).

Quando exaltamos ao Senhor e celebramos a sua vitória na cruz do calvário, automaticamente

estamos fazendo com que o diabo se lembre que está derrotado! Satanás odeia a Deus e, por

isso, quer roubar a alegria e a paz que há em nós (Jo 10:10).

O Salmo 66:1-2, nos exorta a expressarmos na terra o glorioso e eterno louvor celestial, em

outras palavras, que possamos experimentar em adoração um pedaço do céu aqui na terra. O

mundo precisa ver o amor e a graça de Deus através da unidade do corpo de Cristo aqui na

terra (a Igreja), unidos em espírito louvando e adorando ao Senhor a uma só voz!

O Salmo 69:30-32, diz: “Louvarei com cânticos o nome de Deus, exaltá-lo-ei com ações de

graça. Será isso muito mais agradável ao Senhor…. vejam isso os aflitos e se alegrem…”. Se

nós, em vez de louvarmos a Deus ficarmos murmurando, criticando e se queixando, as pessoas

não irão crer que o nosso Deus é bom, fiel e verdadeiro!

O tamanho da revelação que temos a respeito de Deus também será o tamanho do nosso

louvor e adoração a Ele! Se a revelação que temos de Deus é pobre, pequena ou medíocre,

assim será o nosso louvor a Ele.

Page 8: Louvor e adoração

Deus fala bem a respeito de nós, por isso devemos também falar bem a respeito dele! Ele disse

que somos o gozo do seu coração, que somos formosos, que somos seu especial tesouro, que

com amor eterno nos tem amado, que somos o objeto do seu amor (I Pe 2:9; Ec 3:11; Is 43:1-4;

Zc 2:8). Devemos louvar a Deus porque Ele é incomparável (Sl 89:8; 113:5).

4- SHABACH

Significa expressão de júbilo e vitória. Expressões em alta voz, forte voz, gritos de júbilo (Sl

47:1). Quando nos lembramos que maior é aquele que está em nós do que aquele que está no

mundo e celebramos ao Senhor com vozes de júbilo, estamos lembrando ao diabo que ele já

está derrotado!

5- BARAK

Significa bendizer ao Senhor, como um ato de adoração. Prostrado, ajoelhado na presença de

Deus, esperando receber um milagre dele (Sl 95:6; Ne 8:6). Deve haver uma coerência entre o

que cantamos e o que expressamos. Precisamos expressar e viver o que cantamos (Fl 2:10-11).

6- ZAMAR

Significa usar ritmos e música. Tocar com os dedos das mãos um instrumento musical. Tocar e

cantar a música com força, vigor, entusiasmo e sentimento (Sl 33:3; 57:9; 105:2; 108:3; 150:1-

6).

7- TEHILLAH

Significa a forma mais exaltada de louvor ao Senhor. É louvar ao Senhor com um cântico novo,

um canto não aprendido previamente de memória. A ênfase principal desta palavra é dar

liberdade ao espírito para que expresse com voz audível, palavras de gratidão e adoração,

estabelecendo uma relação íntima e amorosa com o Senhor.

O Senhor habita, reina, mora, governa, se manifesta entre nós com poder quando o adoramos

em espírito e verdade (Sl 22:3; Is 61:3; Êx15; Ef 5:18-19; II Cr 20:22; I Co14:15).

Já vimos que Jesus disse à mulher samaritana que Deus busca adoradores (João 4.22-24).

Fomos criados para adorar. Diante de Deus, que nos salvou de nosso estado de condenação,

que está sempre conosco, apesar de Sua glória e majestade, não podemos senão adorar. Mas

não O adoramos pelo que Ele fez e faz. Nós O adoramos pelo que Ele é.

Qual é o significado da adoração?

Em hebraico, significa ajoelhar-se, dobrar-se diante do Senhor.

Em grego, significa aproximar-se dele e beijar a Sua mão.

Em outras palavras, é entregar nos e dar tudo a Ele.

Deus deseja que declaremos que Ele é Deus e que só Ele O é. Na oração que o Senhor nos

ensinou, dizemos: “santificado seja o teu nome” (Mateus 6.9b), isto é, teu nome seja separado

como especial, majestoso e incomparável. Na verdadeira adoração (“em espírito e em

verdade”), nós ficamos na nossa posição e Deus na d’Ele. Nós temos limites, Deus não tem.

Ele, e só Ele é o Senhor, sendo cada um de nós, servos rendidos total e incondicionalmente.

Mas o que é adorar a Deus? É: curvar se diante de Deus e amar todos os Seus caminhos, e

necessariamente não precisamos saber ou entender esses caminhos. Exemplo extraordinário

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de adoração nos é dado por Jó. Quando vieram anunciar lhe a morte dos seus filhos, disse Jó:

“Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito

seja o nome do Senhor” (Jó 1.21). A atitude de Jó aí descrita é: “Então, Jó se levantou, rasgou o

seu manto, rapou a cabeça e lançou se em terra e adorou” (Jó 1.20). Rendeu se a Deus, se

entregou completamente.

Quando oramos, estamos em nosso ambiente; quando adoramos, somos erguidos acima de

nosso ambiente, com suas dificuldades e limitações. Na adoração, somos erguidos acima dos

limites, acima da vergonha, acima das frustrações e sofrimentos, estamos simplesmente

entregues. Adorar é uma decisão final, e a hora de adorar a Deus é sempre.

Ninguém pode programar a si mesmo para adorar, é um ato de vontade e é somente quando o

nosso relacionamento com Deus é consumado em adoração que nós verdadeiramente

sentimos que estamos onde Ele está e Ele está onde nós estamos.

Voltemos a alguns conceitos:

ADORAR:

No dicionário podemos encontrar algumas definições para a palavra adorar, como por

exemplo: render culto, amar ao extremo, venerar e gostar muitíssimo, reverenciar, etc. No

original grego encontramos a palavra PROSKUNEO, que tem como significado: prostrar se,

vergar se, obedecer, mostrar reverência, homenagear, louvar, adorar. Na adoração à Deus não

existe uma fórmula exata de como fazer ou um modelo de adoração predefinido, a adoração é

algo que deve ser feito com espontaneidade, voluntariedade, em espírito e em verdade como

o próprio Jesus falou. Aquela mulher Samaritana trouxe a Jesus uma pergunta muito difícil de

ser respondida, pois, qualquer um que não fosse entendido diria que o modelo certo de

adoração seria o da sua igreja. Aquela mulher sendo Samaritana sabia que os seus pais

adoravam nos montes, mas ela também sabia que Jesus era Judeu e que os Judeus adoravam

em Jerusalém, no templo feito para adoração, porém Jesus conhece o verdadeiro significado

da adoração e ao responder Ele nos dá uma lição, uma grande lição. Não existe lugar específico

para adorar a Deus. Os Samaritanos subiam os montes para adorar, mas ao descer esqueciam

todo o sentido da reverência e do verdadeiro amor ao Pai, enquanto que os Judeus iam ao

templo para adorar, faziam longas viagens até Jerusalém no intuito de adorarem a Deus, mas,

também não conseguiam entender o verdadeiro sentido da adoração. Jesus Responde: nem

nos montes, nem em Jerusalém, mas, em espírito e em verdade.

LOUVAR:

Também, no dicionário encontramos algumas definições para o verbo louvar, como por

exemplo: dirigir louvores, elogiar, exaltar, glorificar, bendizer... Do original grego EPAINOS,

significa: aprovação, recomendação, homenagem, louvor. EPAINOS, não expressa somente

louvor pelo que Deus faz por nós, mas também por quem Ele é, reconhecendo sua glória.

ADORAÇÃO x LOUVOR:

Como podemos perceber nas respectivas definições, a adoração não significa apenas louvor,

nem louvor significa apenas adoração, mas, as duas atitudes podem conviver

harmoniosamente. Na adoração louvamos a Deus, e, com o louvor também adoramos a Deus.

No entanto, o louvor é algo que expressamos com nossa boca, elogiando a Deus,

homenageando O, proclamando Seus feitos e a Sua glória, agradecendo O, etc. Enquanto que

a adoração é um conjunto de muitas atitudes. Adoramos a Deus com o louvor, mas também

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adoramos em uma oração, em um gesto de reverência, com um sentimento que só nós e Deus

sabemos, (o amor a Ele), adoramos com sons audíveis e ou inaudíveis, descritíveis ou

indescritíveis, com ou sem palavras. Adoramos em espírito, mas, também em verdade. De

acordo com a palavra de Deus em João 4: 23,24; não é o lugar que faz a diferença na adoração,

mas, a condição espiritual e racional do crente. Também, de acordo com o próprio Jesus em

Lucas 18:10-13, não são as muitas palavras que tocam o coração de Deus, mas uma verdadeira

humilhação, um verdadeiro quebrantamento. Para o verdadeiro adorador não existe lugar

predeterminado para adorar, não existe circunstância, não existe momento, não existe

condição, o verdadeiro adorador tem sua vida em completa adoração a Deus, onde quer que

esteja estará em adoração, na tempestade, no deserto, na dor, na angústia, na tribulação, na

perseguição... Em quaisquer circunstância, estará permanentemente sendo fiel ao Senhor, seu

coração jamais se apartará da adoração a Deus. Não depende de instrumentos de sopro, de

corda, de percussão, de teclas... O verdadeiro adorador adora a Deus com o seu corpo com o

seu coração, com o seu entendimento, com a sua alma... o verdadeiro adorador não depende

de música ou de uma multidão, mas adora até em silêncio, sozinho... O verdadeiro adorador

adora em espírito e em verdade. O verdadeiro adorador é uma pessoa que se rendeu

incondicional e irremediavelmente a Deus, nada mais importa.

Pois bem, vejamos algo mais sobre o “adorar em espírito e em verdade”:

"Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e

em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem." João 4.23

1- ADORAR: Muitas pessoas pensam que adorar é orar e cantar louvores. Na verdade isso é

apenas cultuar; adorar é muito mais profundo do que isso. Veja que enquanto amar significa

se relacionar com plena igualdade, seja na dor, na alegria etc.; adorar significa se submeter e

servir, seja na dor, na alegria etc. (quem ama, divide, compartilha; quem adora, se prostra, se

submete aos ensinamentos e ordenanças com total confiança).

2- ESPÍRITO: A palavra espírito está relacionada à alma, à parte do ser humano que não tem

aparência física, mas controla todo o corpo semelhantemente ao "software" nos

computadores e robôs. Referir se ao espírito é referir se a parte não aparente, porém, a mais

importante.

3- VERDADEIRO: A palavra verdadeiro significa sem falsidade, sem hipocrisia; de coração puro.

Então, a afirmação: "Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito..."; em palavras

mais simples poderíamos traduzir assim: os verdadeiros servos servirão ao Pai com o interior

da alma, isto é, por vontade própria e sem produzir aparências inúteis tais como discursos

demagogos, orações repetitivas, histerias em praça pública, etc.

Já a segunda afirmação: "Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai... em verdade";

poderíamos traduzir assim: os verdadeiros servos servirão ao Pai... sem falsidade, sem

hipocrisia e de coração puro, isto é, por entendimento e convicção e não por obrigatoriedade

desta ou daquela tradição.

Para concluirmos, vejamos agora mais alguns termos gregos e hebraicos para a palavra

“adoração” e sua utilização:

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A palavra “adoração” em nosso idioma é muito forte e tem um sentido único e absoluto

aplicável somente a Deus quando usada em seu significado real. Isto é verdade no sentido de

que há um tipo de adoração exclusiva ao Deus Todo Poderoso, o Pai. Ele é nosso único Deus e,

portanto, só Ele deve ser adorado ou reconhecido como o Todo Poderoso e Eterno Deus. A

adoração devida ao único Deus não é devida a ninguém mais. No mais, apenas a utilizamos

para expressar um amor intenso por outra pessoa.

Já no hebraico há palavras mais amplas em seu sentido e não se aplicam apenas para a

adoração do único Deus verdadeiro. Um exame mais profundo da cultura judaica antiga como

descrita nas Escrituras Sagradas revelará que as palavras correspondentes envolviam

possibilidades mais abrangentes de reconhecimento de autoridade e rendição de honras.

Adoração significa prestação de honra ou homenagem reverente. A adoração verdadeira do

Criador abrange todo aspecto da vida da pessoa. O apóstolo Paulo salientou isso ao dizer:

"Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei todas as coisas para a glória

de Deus." - 1Coríntios 10:31

Nos termos Hebraicos e Gregos, a palavra adoração nem sempre está associada à Deus,

também podem ser aplicadas a atos que não são adoração. No entanto, o contexto determina

de que modo devem ser entendidas as respectivas palavras. Vamos a alguns exemplos.

Uma das palavras hebraicas que transmite a id ia de adoração ('a.vádh) significa basicamente

"servir". Caso o leitor não absorva corretamente a aplicação, ficará sem saber sobre a quem é

dirigida, aplicando tal termo apenas a Deus. É importante ler com atenção e considerar o

contexto para saber a quem tal termo se aplica para não confundir a adoração que é dirigida a

Deus, com outros atos dirigidos a outras pessoas.

Por exemplo, em Gênesis 14:4 usou-se 'a.vádh que também transmite ideia de adoração, mas

aqui no texto de Gênesis ela não se trata da adoração que é para Deus, o contexto mostra isso

claramente: "Doze anos tinham 'a.vádh ("servido") a Quedorlaomer, mas no décimo terceiro

ano rebelaram se."

Vemos aqui que a palavra hebraica 'a.vádh foi traduzida por "servir", não indica adoração.

Deus disse a Abraão que seu descendente moraria numa terra que não era dele e que as

pessoas teriam de "servir" ('a.vádh) a ele. Isso era referente ao povo antes de conquistar a

Terra da Promessa. (Gênesis 15:13; 29:15)

Servir ou adorar a Deus exige obediência a todas as Suas ordens, fazer Sua vontade como

alguém exclusivamente devotado a ele. É diferente de apenas "servir" um regente humano.

Mas em Deuteronômio 30:15-20, a palavra 'a.vádh incorpora um "servir" mas abrangente,

assume as palavras de Paulo, de que este "servir" ('a.vádh) tem de ser de corpo e alma, pois é

dirigido a Deus. A mesma palavra hebraica 'a.vádh sendo aplicada a homens e a Deus, o que

leva a uma consideração do contexto. Por conseguinte, empenhar se alguém em qualquer

ritual ou ato de devoção para com quaisquer outros deuses significa abandonar a adoração

verdadeira. (Deuteronômmio 11:13-17)

Outro termo hebraico que pode denotar adoração é hish.ta.hhawáh, que significa

primariamente "curvar-se" ou render homenagem, em Provérbios 12:25 diz: "A ansiedade no

coração do homem é o que o fará "curvar-se" (hish.ta.hhawáh). Portanto, lemos em Neemias

2:2 que o serviçal do rei estava abatido, muito triste, então sua face estava curvada, ou seja

abaixada perante o rei. Certamente, a ansiedade faz com que a pessoa seja quebrantada,

Page 12: Louvor e adoração

assim, Jesus Cristo alertou e ordenou que se parasse de estar ansiosos a certas coisas, pois elas

viriam a seu tempo certo. (Mateus 6:25)

Não devemos negligenciar a palavra hebraica hish.ta.hhawáh, pois ela denota tanto o "curvar

se" um ato de respeito ou cortesia, mas pode denotar também um ato de adoração, o que

envolve analisar o contexto para uma correta aplicação. Se a pessoa não fizer consideração

para com a palavra hebraica hish.ta.hhawáh, irá concluir que Ló adorava a anjos, o que não era

possível isso da parte dele, pois sabia que seu Deus exigia adoração exclusiva a Ele. (Gênesis

19:1,2).

Curvar se ou inclinar se demonstra respeito quando este é dirigido a homens, como podemos

ver no caso quando os irmãos de Jacó e o seus inclinaram ou curvaram diante dele. Não se

pode aqui aplicar hish.ta.hhawáh como sendo um ato de adoração, mas sim de respeito ou

homenagem, visto que eles curvaram se diante de um homem. Como já dito aqui,

hish.ta.hhawáh (curvar se ou inclinar a face) pode denotar um ato de adoração, indicando a

reverência e gratidão da pessoa a Deus e submissão à Sua vontade.

Quando usada com referência ao Deus verdadeiro, ou a deidades falsas, a palavra

hish.ta.hhawáh às vezes é associada com sacrifícios e orações, e fica fácil de se fazer uma

correta aplicação pelo leitor. No caso de Abraão, hish.ta.hhawáh é aplicado a Deus, pois ele

subia para adorá Lo (Gênesis 22:5-7), e hish.ta.hhawáh é aplicada também a adorar se a

deuses falsos (Isaías 44:7). Isto indica que era comum curvar se quando se orava ou se oferecia

um sacrifício.

A raiz hebraica sa.ghádh significa basicamente "prostrar se", como o que é dito em Isaías 44:

15,17,18, onde as pessoas prostravam se diante de deuses ídolos, feitos de madeiras e o

adoravam.(Isaías 46:6) A palavra aramaica equivalente usualmente é associada com adoração,

como no caso do rei Nabucodonosor, quando emitiu a ordem de que adorassem a estátua de

ouro, que era sua imagem.(Daniel 3: 5-7, 10-15,18,28), mas é usada em Daniel 2:46 para referir

se ao Rei Nabucodonosor prestar homenagem (não adoração) a Daniel, prostrando se diante

do profeta.

Reverência a algum homem não é tida como proibida, desde que corretamente aplicada, não

levando se em consideração que tal prostrar se (lançar o rosto por terra) é uma dedicação e

adoração. Daniel não aceitaria que se "prostrasse" diante dele caso isso indicasse alguém estar

adorando a ele, pois sabia que seu Deus exige "adoração exclusiva".

O verbo grego la.treú.o usado em alguns capítulos de Lucas e o substantivo la.treí.a nos livros

de João e de Romanos transmitem a ideia de se prestar não meramente um serviço comum,

ordinário, mas sim serviço sagrado, sendo aqui então indicando "adoração" no mais pleno

sentido da palavra, pois fala de um serviço prestado a Deus. (Lucas 1: 74)

Em todos os casos, os termos hebraicos usados aqui até agora denotam tanto estar

significando homenagear a alguém quanto a adorar. Quando dirigido a humanos, como

quando está se prestando um serviço secular, não envolve atos de adoração, como no caso de

Nabucodonosor prostrar se diante dos pés de Daniel, mas pode significar adoração quando

passa se a prestar um serviço como que sagrado, serviço este que Nabucodonosor ordenou a

todo o povo que prestassem, prostrando se aos pés de sua imagem de ouro.

Tal tipo de serviço que o Rei exigiu era ato de adoração e Daniel não sucumbiu a obedecer o

documento do Rei e não prestou adoração de sua imagem. Assim, como se sabe quando tais

Page 13: Louvor e adoração

termos hebraicos são ou não atos de adoração? Lembremos que adorar a Deus vem por meio

de "servir" a ele, e tais termos hebraicos indicam "servir", “render se”.

Assim, para distinguir o "servir" sendo ato de adoração com o "servir" como sendo um serviço

secular comum, notemos o seguinte: O "servir" como se estando adorando a algo vem com

modalidades exclusivas, tais como "servir de corpo e alma", ou seja, estar a pessoa devotando

se exclusivamente a serviço unicamente a tal deidade. Não é como um serviço secular

rotineiro, mas sim, um serviço que envolve a pessoa estar obediente a sua deidade

incondicionalmente.

Isto é o caso quando se está prestando um serviço sagrado a Deus, a pessoa se dedica

inteiramente a Ele sem reservas. É isso que expressa Lucas 1: 74, 2: 37, 4:8, um serviço sagrado

a Deus. Daniel prestava serviço ao Rei, mas não como de corpo e alma, pois este serviço de

corpo e alma, Daniel prestava a seu Deus.

Assim, o verbo grego la.treú.o expressa basicamente um serviço prestado a Deus de corpo e

alma, demonstrando estar a pessoa "adorando" a seu Deus. Por isso que Jesus disse a Satanás:

É a Teu Deus que tens de adorar, e é somente a Ele que tens de prestar serviço

sagrado(la.treú.o). Adorar a Deus é prestar serviço sagrado a Ele. (Atos 7:7)

A palavra grega usada em João é um substantivo de la.treú.o e não difere do termo la.treú.o:

"Os homens vos expulsarão da sinagoga. De fato, vem a hora em que todo aquele que vos

matar imaginará que tem prestado um serviço sagrado a Deus."(João 16:2) Assim, tal serviço

sagrado seria prestado, não por todas as pessoas como um todo, mas somente a um povo

exclusivo, os verdadeiros adoradores (Romanos 9:4) Assim, estes dois termos gregos

transmitem ideia de se prestar não meramente um serviço comum, mas sim serviço sagrado.

Temos outra palavra grega que corresponde de perto com o termo hebraico hish.ta.hhawáh

em expressar a ideia de homenagear e, às vezes, de adoração. É a palavra "pro.sky.né.o". Este

termo era usado quando um escravo prestava homenagem a um superior a ele ou a um Rei.

Assim, em Mateus 18: 26, lemos: "Por isso, o escravo prostrou se e começou a prestar lhe

homenagem . . . " Nesta ilustração, Jesus mostrava que se devia ser perdoador, para que seu

Pai também perdoe. Tal escravo não estava ali adorando aquela pessoa a quem ele devia certa

quantia de dinheiro, o que não seria coerente caso fosse um ato de adoração, Jesus ilustrar tal

ação. É interessante que a versão Almeida e demais versões não adotaram aqui como ato de

adoração o termo grego "pro.sky.né.o"!

O termo "pro.sky.né.o" indica também ato de adoração, como expresso em Mateus 4: 8,9,

onde Satanás tenta obter adoração de Jesus. Se Jesus rendesse homenagem do tipo estipulado

por Satanás, Ele teria com isso indicado Sua submissão ao Diabo e se tornado o Servo deste.

Mas Jesus recusou se, dizendo: "Vai te Satanás! Pois está escrito: 'É a Jeová, teu Deus, que tens

de adorar.” [forma do gr. pro.sky.né.o, ou, no relato de Deuteronômio que Jesus citava,

hebraico 'a.vádh’] (Mateus 4: 10; Deuteronômio 5:9; 6:13)

Similarmente, adorar, homenagear ou curvar se à "besta" e à sua "imagem" é ligado a serviço,

pois os adoradores são identificados como apoiadores da "besta" e de sua "imagem" por

terem uma marca, quer na mão (com a qual a pessoa presta serviço) quer na testa (para que

todos a vejam). Visto ser o Diabo quem dá autoridade à fera, adorar a fera significa, em

realidade, adorar ou servir o Diabo. Apocalipse 13:4, 15-17; 14: 9-11.

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Outras palavras gregas ligadas à adoração são derivadas de eu.se.bé.o, thré.skeú.o e

sé.bo.mai. A palavra eu.se.bé.o significa "dar devoção piedosa a" ou "venerar, reverenciar",

portanto indica adoração. Em Atos 17: 23, este termo é usado com referência à devoção

piedosa ou veneração que os homens de Atenas davam a um "Deus Desconhecido".

De thre.skeú.o vem o substantivo thre.skeí.a, entendido como designando uma "forma de

adoração", quer verdadeira quer falsa. Esta adoração falsa era a que Paulo praticava antes de

se converter ao cristianismo (Atos 26: 5) ou na adoração falsa em Colosso, onde homens

tentavam subverter cristãos a adorar a anjos (Colossenses 2: 18). A adoração verdadeira

praticada pelos cristãos era assinalada pela genuína preocupação com os pobres e pela

completa separação do mundo impiedoso. (Tiago 1: 26,27)

A palavra sé.bo.mai (Mateus 15:9; Marcos 7:7; Atos:18:7; 19:27) e o termo relacionado

se.bá.zo.mai (Romanos 1:25) significam "reverenciar"; venerar; adorar". Objetos de adoração

ou de devoção são designados pelo substantivo sé.ba.sma em Atos 17:23 e 2Tessalonicenses

2:4.

Dois outros termos são desta mesma raiz verbal, juntando se lhes o prefixo The.ós, Deus. Um

deles the.o.se.bés, que significa "reverente a Deus", como em João 9:3, e o outro

the.o.sé.bei.a, denotando "reverência a Deus", em 1Timóteo 2:10. Estes dois termos

correspondem um tanto à palavra alemã para "adoração pública", a saber, Gottesdienst

(combinação de "Deus" e "serviço").

Vemos então que os termos hebraicos e gregos aqui expostos denotam tanto "servir" (serviços

seculares a homens), quanto também "servir" (serviço sagrado a Deus), ambos denotando

adoração, e se pode distinguir uma da outra quando a pessoa conhece realmente a quem se

aplica e a quem se deve prestar serviço sagrado e devoção piedosa. Quando tais termos são

dirigidos a homens, pratica se a homenagem, mas quando são dirigidos a Deus, então é uma

forma de adoração, um serviço sagrado. Reconhecendo que o "serviço sagrado" e a

"adoração" só devem ser prestados a Deus, a pessoa saberá distinguir. Jesus recomenda: "É

somente a Deus que tens de prestar serviço sagrado, e é somente a Deus que se deve adorar".

(Mateus 4: 10; Deuteronômio 5:9; 6:13)

Deus só aceita a adoração dos que se comportam em harmonia com Sua vontade. (Mt 165:9;

Mc 7:7) A uma samaritana, Cristo disse: "Vem a hora em que nem neste monte (Gerizim), nem

em Jerusalém, adorareis o Pai. . . Não obstante, vem a hora, e agora é, quando os verdadeiros

adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade, pois, deveras, o Pai está procurando a tais

para o adorarem. Deus é Espírito, e os que o adoram têm de adora Lo em espírito e verdade."

João 4:21-24

As palavras de Jesus mostravam claramente que a adoração verdadeira não dependeria da

presença nem do uso de coisas visíveis, ou de localidades geográficas. Ao invés de depender da

visão ou do tato, o adorador verdadeiro exerce fé, e, sem considerar o local ou as coisas em

sua volta, mantém uma atitude de adoração.

Assim, ele faz sua adoração, não com a ajuda de algo que possa ver ou tocar, mas em espírito.

Visto que possui a verdade conforme revelada por Deus, sua adoração está de acordo com a

verdade. Tendo se familiarizado com Deus por meio da Bíblia e da evidência da operação do

Espírito de Deus em sua vida, aquele que adora em espírito e verdade definitivamente

conhece A quem adora.