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HISTÓRIA DA CIÊNCIA NA ABORDAGEM DE TÓPICOS DE FÍSICA MODERNA E CONTEMPORÂNEA: EVOLUÇÃO DE MODELOS ATÔMICOS
Luana Cristina da Cruz
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação (Universidade Federal da Grande Dourados) no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física.
Orientador: Prof. Dr. Fernando Cesar Ferreira
Dourados/MS Novembro, 2016
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HISTÓRIA DA CIÊNCIA NA ABORDAGEM DE TÓPICOS DE FÍSICA
MODERNA E CONTEMPORÂNEA: EVOLUÇÃO DE MODELOS ATÔMICOS
Luana Cristina da Cruz
Orientador: Fernando Cesar Ferreira
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação (Universidade Federal da Grande Dourados) no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física
Aprovada por:
_________________________________________ Dr. Fernando Cesar Ferreira
_________________________________________ Dr. Nádia Cristina Guimarães Errobidart
_________________________________________ Dr. Ariane Baffa Lourenço
Dourados/MS Novembro, 2016
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP).
C955h Cruz, Luana Cristina da.
História da ciência na abordagem de tópicos de física
moderna e contemporânea : evolução de modelos atômicos. /
Luana Cristina da Cruz. – Dourados, MS : UFGD, 2016.
79f.
Orientador: Prof. Dr. Fernando Cesar Ferreira.
Dissertação (Mestrado em Ensino de Física) – Universidade
Federal da Grande Dourados.
1. Ensino de Física. 2. História da Ciência. 3. Modelos
Atômicos.I. Título.
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central – UFGD.
©Todos os direitos reservados. Permitido a publicação parcial desde que citada a
fonte.
5
Agradecimentos
Agradeço a Deus pela graça da vida e por proporcionar que mais esta
conquista se concretize.
Agradeço ao Jeferson, meu esposo, que esteve presente durante toda a
trajetória do mestrado, com quem pude compartilhar os momentos de alegria e
também os de superação, sempre soube me acolher com verdadeiro carinho e
amor.
A meu orientador Dr. Fernando Cesar Ferreira, a quem deposito admiração e
apresso imenso, por todos os ensinamentos durante o mestrado, sempre
acreditou em meu potencial e contribuiu grandemente para que me desenvolvesse
como pesquisadora. Sempre foi compreensível quanto aos desafios da pesquisa e
paciente para entender problemas diversos. Sinto-me honrada em ter
compartilhado este momento com você. Que pessoa fantástica!
Ao meu Pai, Sergio, pessoa fundamental para que eu possa estar onde estou,
me apoiando desde a graduação. A minha mãe, Maria (in memoriam), quem
durante os anos de convivência transbordou meus dias de amor e
ensinamentos para a vida toda e certamente está feliz pela realização deste
sonho, estando ela onde estiver.
A meus irmãos, Fernando e Darlan, a quem tenho o maior amor do mundo,
sempre carinhosos com suas palavras e me apoiando em diversos momentos.
Todos os dias agradeço a Deus pela vida de vocês!
Aos sobrinhos, Diogo e Felipe, pelo amor mais sincero. Com eles eu
recarregava minhas energias após tardes de estudos. A tia Lu ama vocês!
Aos familiares, tios (as), primos (as), sogros, cunhado (a) que estiveram
próximos de mim durante todo este trabalho, muitas vezes abdicando dos
almoços de domingo com eles em prol dos estudos.
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As colegas do mestrado, Adrielle, Danyara e Regiane, que me acompanharam
durante todas as aulas, seminários e trabalhos. Foram mais que colegas de
sala, me deram força e apoio em diversos momentos, pois compreendiam
realmente o que estava passando. Estabeleci com vocês verdadeiros laços de
amizade! A Marilaine, quem merece as palavras anteriores, mas também um
agradecimento especial por fazer a ponte com sua escola e me ceder sua
turma, suas aulas para que eu aplicasse meu produto educacional.
A professora Drª. Ariane Baffa Lourenço, com quem tive diversos
aprendizados, contribuiu para minha evolução, tanto na área profissional
quanto pessoal.
Aos meus amigos de trabalho, Alaôr, Valdelice e Margarida, Diretora da escola
que trabalho, pelo carinho e apoio em horas de dificuldades em conciliar os
estudos com o trabalho. Agradeço pela parceria!
Aos professores do mestrado, com quem pude aprimorar meu conhecimento,
tanto em física quanto no ensino, o que contribuiu para minha evolução como
professora e como pesquisadora.
Enfim a todos que contribuíram de alguma forma para que este trabalho se
concretizasse, profissionalmente e pessoalmente, que tornaram esses dois
anos ainda mais bonitos.
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RESUMO
HISTÓRIA DA CIÊNCIA NA ABORDAGEM DE TÓPICOS DE FÍSICA
MODERNA E CONTEMPORÂNEA: EVOLUÇÃO DE MODELOS ATÔMICOS
Luana Cristina da Cruz
Orientador: Fernando Cesar Ferreira
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação (Universidade Federal da Grande Dourados) no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física.
A História da Ciência no ensino de física pode ser utilizada potencialmente em
sala de aula como estratégia pedagógica. Isto pode ser evidenciado pelas
inúmeras pesquisas que indicam positivos de tal proposta, como favorecimento
a contextualização das evoluções científicas, desmistificação dos cientistas
“gênios” associados às descobertas, bem como o caráter coletivo na
construção do conhecimento, dentre outras. Partindo desta premissa, este
trabalho aborda o ensino de tópicos de física moderna e contemporânea, com
recorte na evolução dos modelos atômicos do átomo de Rutherford até o
modelo contemporâneo. Utilizando o conceito de transposição didática,
elaborou-se material didático de apoio, em forma de texto e imagens e
adaptado para uma linguagem mais acessível à sala de aula, para auxiliar a
compreensão dos conceitos abordados. A transposição didática analisa as
transformações ocorridas por um determinado saber, partindo de sua origem
até chegar à sala de aula, definindo as esferas do saber: Saber Sábio, Saber a
Ensinar e Saber Ensinado. A intervenção didática ocorreu em uma turma de
terceiro ano do ensino médio em uma escola da rede estadual da cidade de
Dourados, Mato Grosso do Sul no ano de 2015. Para analisar a proposta, tanto
em relação à aceitação do material e metodologia quanto à aprendizagem dos
alunos sobre o tema e a construção do conhecimento científico, foram
utilizados os seguintes mecanismos para coleta de dados: gravação em áudio
e vídeo das aulas, aplicação de questionários na forma de pré-teste e pós-teste
e elaboração de texto pelos alunos, em grupo. Durante as aulas propiciou aos
alunos a participação nas discussões acerca dos assuntos que estavam sendo
abordados pela professora. No intuito de promover um ambiente favorável a
aprendizagem, a interação ocorreu tanto entre professora e alunos quanto
entre alunos. A análise dos dados mostra evidências de aceitação, pelos
alunos, do material bem como avanços na elaboração de conceitos de física
moderna.
Palavras-chave: Ensino de Física, História da Ciência, Modelos Atômicos
Dourados/MS Novembro, 2016
8
ABSTRACT
HISTORY OF SCIENCE IN PHYSICAL TOPICS APPROACH MODERN AND CONTEMPORARY: EVOLUTION OF ATOMIC MODELS
Luana Cristina da Cruz
Orientador: Fernando Cesar Ferreira
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação (Universidade Federal da Grande Dourados) no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física.
The history of Science for the Physics teaching may be potentially used in the
classes as a pedagogical strategy. This can be evidenced by the innumerous
researches that show the positive aspects for such proposal, like the favoring of
the contextualization of the scientific evolutions, demystification of the idea of
“genius scientists” bonded to discoveries, as well as the collective characteristic
of the knowledge building, inter alia. From this premise, this research
approaches the teaching of modern and contemporary Physics topics,
especially focused on the evolution of atomic models such as Rutherford’s until
the contemporary model. Through the use of didactic transposition concept, we
built up a support didactic material through texts and images, adapted for a
more accessible language for the students whose aim was the comprehension
of the chosen concepts. The didactic transposition analyzes the transformations
occurred in certain knowledge, from its origin to the classes themselves, by
defining its spheres: wise knowledge, future knowledge and taught knowledge.
The didactic intervention occurred in a group of students from the third year of
the high school in a public school from Dourados city, Mato Grosso do Sul state
during 2015. For analyzing the proposal, we focused on both the acceptance of
the material and the methodology and on the students’ learning and awareness
over the theme during the construction of the scientific knowledge. For this
purpose, we opted by the following data collection mechanism: classes’ audio
and video recording, application of both pre- and post-tests questionnaires and
text writing made by the students divided into groups. The classes proportioned
to the students to participate the discussions related to the subjects raised by
the teacher. In order to promote a favorable learning environment, the
interaction occurred among teachers and students.Data analysis showed
evidences of students’ acceptance of materials and also showed the advances
for the creation of modern Physics concepts.
Keywords: Physics teaching; Science history; Atomic Models
Dourados/MS
Novembro, 2016
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Lista de gráficos
Gráfico 1 – Porcentagem da opinião dos alunos sobre material utilizado para
sequência didática utilizando a história da ciência para abordagem sobre
modelos atômicos..............................................................................................44
Gráfico 2 – Porcentagem da opinião dos alunos sobre o encarte inicial do
material, na qual são apresentadas fotos dos físicos e um breve relato sobre a
vida, os estudos e as descobertas
deles...................................................................................................................44
10
Lista de tabelas
Tabela 1 – Distribuição planejada das aulas durante os encontros..................34
Tabela 2 – Distribuição efetiva das aulas durante os encontros.......................35
Tabela 3 – Percentual das relações estabelecidas pelos alunos entre os físicos
e teoria da modelagem atômica.........................................................................40
Tabela 4 – Percentual da relação entre os propositores dos modelos atômicos
e teorias que contribuíram com eles..................................................................47
Tabela 5 – Exemplos da categoria 1 ................................................................48
Tabela 6 – Exemplos da categoria 2.................................................................49
Tabela 7 – Exemplos da categoria 1a...............................................................52
Tabela 8 – Exemplos da categoria 2a...............................................................52
Tabela 9 – Exemplos da categoria 3.................................................................53
Tabela 10 – Exemplos da categoria 4 ..............................................................54
Tabela 11 – Relações estabelecidas com a mecânica clássica........................55
Tabela 12 – Relações estabelecidas com a mecânica quântica.......................56
11
Sumário
Apresentação .................................................................................................................. 12
Questão de pesquisa ................................................................................................... 14
Objetivos ..................................................................................................................... 14
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 15
1.1. Aspectos relevantes sobre ensinar física moderna e contemporânea no ensino
médio .......................................................................................................................... 15
1.2. A história da ciência ........................................................................................... 19
1.3. A Transposição didática ...................................................................................... 22
1.4. Referencial teórico – Lev S. Vygotsky ................................................................ 25
2. AS ETAPAS DA PESQUISA: DA ESCOLHA DO TEMA A APLICAÇÃO
DOPRODUTO EDUCACIONAL .................................................................................. 29
2.1. Escolha do tema e perspectiva de trabalho .......................................................... 29
2.2. A proposta do material didático e a transposição didática .................................. 30
2.3. Elaboração dos questionários e produção de texto .............................................. 31
2.4. O local da pesquisa .............................................................................................. 32
2.5. Aplicação do produto educacional ...................................................................... 33
3. ANÁLISE DOS DADOS ....................................................................................... 37
3.1. Primeiro questionário ....................................................................................... 37
3.2. Segundo questionário ...................................................................................... 43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 60
APÊNDICE 1 ................................................................................................................. 64
APÊNDICE 2 ................................................................................................................. 66
APÊNDICE 3 ................................................................................................................. 69
Anexo 1 .......................................................................................................................... 76
Anexo 2 .......................................................................................................................... 77
12
Apresentação
Esse trabalho propõe o ensino de tópicos de física moderna e
contemporânea, abordados na temática da evolução dos modelos atômicos, do
átomo de Rutherford até o modelo contemporâneo. Para tal abordagem
utilizamos a história da ciência (HC) como aporte para a discussão, levando em
consideração as contribuições de diversos físicos para a evolução/substituição
dos modelos explicativos para a estrutura do átomo, enfatizando as mudanças
das concepções clássicas para quânticas, nesta perspectiva foi elaborado um
material didático de apoio, em forma de texto, que inclui um encarte com
imagem e breve biografia dos físicos considerados relevantes para o
desenvolvimento de modelos para o átomo.
O material didático foi elaborado utilizando a transposição didática, como
referencial teórico, que é uma ferramenta que analisa as transformações
ocorridas por um determinado saber, partindo de sua origem até chegar à sala
de aula, definindo as esferas do saber: Saber Sábio, Saber a Ensinar e Saber
Ensinado.
A transposição didática possibilita que conteúdos provenientes do meio
científico, do saber sábio, adaptados para uma linguagem mais acessível
sejam abordados em manuais didáticos para professores e alunos,
apresentando-se na forma do saber a ensinar, e que estes possam ser
efetivamente discutidos na sala de aula de nível médio, sendo este o saber
ensinado, tal transformação pode contribuir para que assuntos tratados apenas
por cientistas possam ser discutidos nas escolas de nível médio, neste caso, a
abordagem de física moderna e contemporânea (FMC).
A aplicação foi realizada no terceiro ano do ensino médio em uma escola
da rede estadual da cidade de Dourados, Mato Grosso do Sul, no ano de 2015.
As aulas foram ministradas em período regular e enfrentando imprevistos
inerentes ao cotidiano escolar.
Para análise da proposta, tanto em relação à aceitação do material e
metodologia quanto à aprendizagem dos alunos, utilizamos as seguintes
13
estratégias para coleta de dados: gravação em áudio e vídeo das aulas,
aplicação de questionários na forma de pré-teste e pós-teste e elaboração de
texto pelos alunos, em grupo.
Durante as aulas propiciou aos alunos a participação nas discussões
acerca dos assuntos abordados pela professora, a interação ocorreu tanto
entre professora e alunos quanto entre os alunos, estes ocorreram por meio de
constantemente questionamentos que a professora fazia aos alunos, para que
eles expressassem suas opiniões e conceitos, sendo favorecidos em muitos
momentos devido a forma com que o conteúdo foi apresentado, baseados na
história da evolução dos modelos atômicos e ressaltando a construção do
conhecimento científico. Outro fator que favoreceu a interação foi o encarte
inicial, com as imagens, devido os físicos não serem conhecidos pelos alunos,
um auxiliava o outro a encontrar o físico que estava sendo abordado, ações
estas que foram planejadas com intuito de promover um ambiente favorável à
aprendizagem.
A fim de refletir sobre as questões apresentadas, este trabalho está
estruturado da seguinte forma: Capítulo 1 Introdução, na qual se apresenta
aspectos relevantes sobre ensinar física moderna e contemporânea no ensino
médio, inicia-se a discussão sobrehistória da ciência, transposição didática e
conceitos relevantes do referencial teórico de Lev Vygotsky. No capítulo 2 é
discutida a elaboração do material didático e a metodologia de aplicação da
sequencia didática. No Capítulo 3 é apresentada a análise dos dados coletados
durante os encontros com os alunos de uma escola pública. Por fim, são feitas
considerações finais sobre a proposta, em seguida estão às referências
bibliográficas.
O material didático de apoio - produto educacional - e os demais
materiais utilizados para planejamento e coleta de dados estão em anexos e
apêndices.
14
Questão de pesquisa
Pautada em uma abordagem que busca favorecer a interação entre
professor e alunos e tendo como recorte a evolução dos modelos atômicos,
qual é a contribuição de uma sequência didática, e seu respectivo material
didático, que utiliza a história da ciência e a transposição didática para a
aprendizagem de conceitos de mecânica quântica no ensino médio?
Objetivos
Realizar um estudo sobre evolução dos modelos atômicos;
Utilizar a história da ciência para a elaboração de material didático de
apoio para o professor e para o aluno, para isso lançou mão da
ferramenta de transposição didática;
Analisar as contribuições deste material para aprendizagem dos alunos
do ensino médio em aulas que propiciem a interação dos alunos nas
discussões ocorridas.
15
1. INTRODUÇÃO
1.1. Aspectos relevantes sobre ensinar física moderna e
contemporânea no ensino médio
Os alunos que ingressam no ensino médio, vindos do ensino
fundamental, se deparam com um novo olhar científico, sobre o mundo. Parte
desse olhar está associado à disciplina de Física. No entanto, após contato
com os conteúdos desta disciplina alguns apresentam fraco desempenho e
sentem-se desmotivados para continuar a estudar. Isto pode perdurar mesmo
após conclusão do ensino médio, não deixando recordações positivas desta
componente curricular.
São inúmeros os motivos que levam ao desempenho insuficiente e a
falta de vontade de aprender por parte dos alunos. Segundo Xavier (2005),
muitos têm em mente a imagem que esta disciplina é algo impossível de se
aprender, não reconhecendo que a Física é uma ciência experimental de
grande aplicação no dia a dia. Isto pode, também, estar relacionado à ligação
cada vez maior que os manuais didáticos fazem entre física e resolução de
exercícios. Sobre isto, Souza (2002) afirma que os autores de livros didáticos
dão demasiada ênfase aos vestibulares como forma de mostrar a sua
preocupação com o futuro do aluno. Com isto, os alunos acabam por confundir
ou até mesmo não diferenciar a física da matemática. Sabe-se que a
matemática é uma ferramenta fundamental para a análise de fenômenos
físicos, porém não se deve perder de vista a parte conceitual por “trás das
contas”, essencial ao entendimento dos fenômenos físicos.
A física é importante para formação cidadã dos alunos, uma vez que os
mesmos estão em um momento de consolidação de diversos conhecimentos
científicos que, espera-se, levarão para a vida em sociedade. Este conjunto de
conhecimentos deve prover condições para o entendimento de aplicações ou
possibilidades da física em seu cotidiano como, por exemplo, o funcionamento
de aparelhos eletrônicos utilizados em suas casas; a necessidade de utilização
de lentes corretivas; a formação de imagens em espelhos; a visualização de
16
tudo ao nosso redor devido à reflexão da luz; as trocas de calor de nosso corpo
com o meio ambiente entre outros.
Esta abordagem contextualizada aproximaria a física apresentada na
escola e o mundo dos alunos. Sobre isso os Parâmetros Curriculares Nacionais
do Ensino Médio (PCNEM) coloca:
Espera-se que o ensino de Física, na escola média, contribua para a formação de uma cultura científica efetiva, que permita ao indivíduo a interpretação dos fatos, fenômenos e processos naturais, situando e dimensionando a interação do ser humano com a natureza como parte da própria natureza em transformação. (BRASIL, 2000, p. 22)
Percebe-se a importância e a responsabilidade do ensino de física no
nível médio, tanto para aqueles que seguirão para o ensino superior e cursos
técnicos na área tecnológica e de exatas, como para aqueles que optarão para
cursos em outras áreas ou que não continuarão seus estudos, mas que estarão
inseridos em uma sociedade na qual as mudanças tecnológicas estão cada vez
mais presentes no dia a dia e em propostas curriculares.
Para Terrazzan (1992), atualizar o currículo de Física pode ser
justificado pela influência dos conteúdos contemporâneos para o entendimento
do mundo criado pelo homem atual, tendo a necessidade de formar um
cidadão consciente e participativo que atue nesse mesmo mundo. Neste
sentido, Torre (1998) elenca razões para justificar a necessidade de ensinar a
física moderna e contemporânea (FMC) na escola:
Conectar o estudante com sua própria história; protegê-lo do obscurantismo, das pseudociências e das charlatanias pós-modernas; que o aluno possa localizar corretamente o ser humano na escala temporal e espacial da natureza; FMC possui múltiplas e evidentes consequências tecnológicas; por sua beleza, pelo prazer do conhecimento, porque é uma parte inseparável da cultura, porque o saber nos faz livres e valoriza a humanidade (TORRE, A. C, 1988, p. 70-71).
Ainda que lentamente, gradualmente os conteúdos de física moderna e
contemporânea estão sendo inseridos nos manuais didáticos de nível médio.
Isto é evidenciado em uma pesquisa comparativa entre os conteúdos de física
moderna presentes nas obras do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) de
2009 e 2012.
17
Nas obras do PNLD de 2009 tais conteúdos não eram contemplados na
totalidade das obras, e os autores não tinham consenso quanto à necessidade ou
importância da inserção desses conteúdos. Esta situação mudou no PNLD 2012, neste
os autores acreditam que física moderna não é apenas um suplemento à Física clássica e
sim algo a ser tratado como assunto imprescindível aos alunos, tanto por suas aplicações
estarem presentes no cotidiano da sociedade, motivando-o a aprender, como prepará-lo
para se posicionar e tomar decisões. Assim, tópicos de FMC são abordados em todas as
obras (MAXIMIANO et al., 2013), obviamente existe grande distância entre o que é
proposto nos referenciais curriculares, o que está nos livros didáticos e o que realmente
é discutido em sala de aula, porém são esforços que convergem para inserção efetiva de
tais conteúdos nível médio.
Por outro lado, Monteiro, Nardi e Filho (2009) afirmam que o estudode
Física Moderna no ensino médio tem encontrado diversas dificuldades como:
pouco tempo para as aulas, deficiência no domínio de uma matemática
apropriada pelos alunos, razoável grau de abstração exigido para esses
conteúdos e deficiências na formação de professores. Outras dificuldades são
apontadas por Zanetic e Pinto:
A primeira refere-se ao formalismo matemático inerente à descrição quântica; outra, diz respeito às novidades conceituais que se distanciam da Física Clássica de forma ainda mais acentuada do que esta da Física do senso comum; a terceira dificuldade está relacionada com o tratamento experimental dos temas quânticos (PINTO, A. C.; ZANETIC, J, 1999, p.8).
Em complemento, Terrazzan (1992) indica aspectos que deveriam ser
levados em consideração na discussão desta temática: a especificação do
currículo, a necessidade de se privilegiar leis gerais e conceitos fundamentais
exigindo pouca matematização, a compatibilidade do estudo da física clássica
e da física quântica dentro da mesma programação e a falta de professores
preparados para o ensino da física moderna, não sendo esses os únicos
responsáveis, mas que, segundo o autor, são os mais relevantes.
De forma geral, o que se observa é que as razões para se abordar física
moderna e contemporânea no ensino médio são muitas e relevantes para a
formação integral do aluno, porém ainda é preciso enfrentar diversas
dificuldades na implementação desses conteúdos em sala de aula. O que se
18
espera é que essas mudanças ocorram e que tais conteúdos sejam
efetivamente inseridos nas aulas de Física. É neste contexto que este projeto
busca contribuir para o esforço de levar a FMC para a sala de aula.
Uma opção para contemplar tais conteúdos seria uma metodologia
diferenciada, na qual os conteúdos sejam abordados de forma acessível ao
nível intelectual do aluno e que venham a contribuir para sua apropriação do
conhecimento científico. Existem diversas propostas diferenciadas para ensinar
física no nível médio como, por exemplo, a utilização de simuladores,
experimentação, abordagens contextualizadas dentre outras, propondo que
conceitos sejam apreendidos de forma significativa pelo aluno, contribuindo
assim para a sua formação crítica e científica.
Diante deste quadro, o presente trabalho propõe, como produto, a
elaboração de material didático que aborde a evolução dos modelos atômicos,
do átomo de Rutherford até o modelo contemporâneo. Para tal abordagem
utilizaremos a história da ciência (HC) como aporte para a discussão que
envolve o surgimento de ideias e as contribuições das teorias de diversos
físicos, essenciais para evolução dos modelos atômicos. Normalmente o
conteúdo de modelo atômico é abordado apenas parcialmente no ensino
médio, a evolução dos modelos atômicos é apresentada considerando o átomo
como a partícula indivisível dos atomistas gregos até o modelo atômico de
Rutherford, conhecido como modelo planetário. Não avançando além deste
modelo e, com isso, privando o aluno das descobertas que vieram após. Isto
que sejam abordados conceitos básicos de mecânica quântica que ajudam a
explicar os novos modelos.
Quando não são abordados conhecimentos produzidos recentemente o
aluno perde um aspecto importante da discussão sobre a natureza da ciência,
que é a percepção de que o conhecimento científico está em constante
evolução e que avanços estão ocorrendo na atualidade. Abordagens de
modelos considerados ultrapassados são aceitas e muitas vezes necessárias,
até mesmo para que os alunos entendam alguns princípios, mas a
apresentação apenas destes modelos leva o aluno a pensar que não se produz
conhecimento moderno ou, ainda mais grave, que o conhecimento moderno
19
produzido não tem nenhuma relação com aquilo que ele aprende na escola
(PÉREZ et al., 2001).
1.2. A história da ciência
Martins (2004) afirma que os estudos de filosofia da ciência, metodologia
científica e história da ciência estão relacionados às atividades dos cientistas
no estudo dos fenômenos e não com a natureza dos fenômenos em si. Sendo
assim, a história da física não pertence à área das ciências exatas e sim à das
ciências humanas. A história da ciência está associada às atividades e
produções dos cientistas em torno do descobrimento de certo fenômeno em
determinada época, ou seja, a produção do conhecimento científico e seu
contexto, sendo que o produto sobre isto é a historiografia, no mesmo sentido a
história da ciência existe independentemente dos historiadores da ciência.
Esta perspectiva de uso da história da ciência como uma alternativa para
abordagem de conteúdos no ensino de ciências já é considerada relevante e
aparece em grande número de trabalhos apresentados em eventos e nos
meios de divulgação da área. Um dos propósitos da opção por utilizá-la na
elaboração de materiais didáticos é o importante aspecto de poder explicitar a
evolução e construção de conhecimento e formulação de teorias. Mostrar para
os alunos que as descobertas dos cientistas, hoje tidos como “gênios”, na
verdade é resultado de inúmeros esforços de pesquisa sobre determinado
assunto (PÉREZ et al., 2001).
Sobre o do uso da história da física, os Parâmetros Curriculares
Nacionais do Ensino Médio informam:
A Física percebida enquanto construção histórica, como atividade social humana, emerge da cultura e leva à compreensão de que modelos explicativos não são únicos nem finais, tendo se sucedido ao longo dos tempos, como o modelo geocêntrico, substituído pelo heliocêntrico, a teoria do calórico pelo conceito de calor como energia, ou a sucessão dos vários modelos explicativos para a luz. O surgimento de teorias físicas mantém uma relação complexa com o contexto social em que ocorreram. (BRASIL, 2000, p. 27)
Existe, portanto, preocupação oficial com a necessidade de
contextualização histórico-social do conhecimento científico. Isto implica em
20
considerar a contribuição da HC como uma estratégia didática. SILVA et al.
(2014), lista pontos positivos para o uso da história da ciência de forma a:
Proporcionar o estudo mais adequado de equações relacionadas a conceitos e teorias que, em algumas ocasiões, vêm se mostrar sem significação aos alunos; Servir como uma ferramenta no trabalho das concepções alternativas mostradas pelos alunos; mostrar a dimensão coletiva do conhecimento, salientando que a ciência, na sua evolução, é (re) pensada por mais de uma pessoa; proporcionar o estudo e elaboração de novas estratégias de ensino que possibilitem dar uma maior significação ao estudo de conceitos e teorias físicas; mostrar tanto os acertos quanto os erros na ciência; apontar os problemas, dificuldades e dilemas que rodeiam os cientistas na formulação de uma teoria, dentre outras. (SILVA, B. V. C; SOUSA, G. D. S; FERREIRA J. M; CARVALHO, H.R; NASCIMENTO, L. A, 2014, p. 32).
Outras contribuições da história da ciência para o ensino são
elencadas por Matthews (1995):
Motiva e atrai os alunos; humaniza a matéria; promove uma compreensão melhor dos conceitos científicos por traçar seu desenvolvimento e aperfeiçoamento; há um valor intrínseco em se compreender certos episódios fundamentais na história da ciência - a Revolução Científica, o darwinismo, etc.; demonstra que a ciência é mutável e instável e que, por isso, o pensamento científico atual está sujeito a transformações que se opõem a ideologia cientificista; e, finalmente, a história permite uma compreensão mais profícua do método científico e apresenta os padrões de mudança na metodologia vigente. (MATTHEWS, 1995, p. 9)
O que se percebe é que são inúmeros os argumentos a favor da
utilização da história da ciência para abordagens de conteúdos, porém os
mesmos autores que defendem tal utilização e o potencial dessa abordagem
atentam para o fato que ainda há muita crítica e resistência quanto à aceitação
dessa perspectiva de ensino. A história simplificada, pseudo-história ou uma
história de má qualidade, abordagem seletiva e parcial da história da ciência,
idealizações dos cientistas como grandes gênios e que suas descobertas são
imunes a erros e ou falhas descartando o caráter humano dos cientistas, são
equívocos que afetariam tanto os professores quanto os alunos que utilizariam
esta abordagem (SILVA et al. 2014).
SILVA et al. (2014) sugere que as maiores dificuldades da abordagem
da história no ensino de ciências são a definição do que levar e de como levar
para sala de aula. Uma vez que estes enfrentariam o problema de
disponibilidade de material didático de boa qualidade e de um professor que
21
optará por fazer tal abordagem, pois este também terá um trabalho
diferenciado na busca e na análise do material, para que não ocorra uma
abordagem superficial ou equivocada da história da ciência, estando isso ligada
à formação inadequada dos professores quanto ao uso da história da ciência
como ferramenta de ensino. Percebemos é que há necessidade de um
professor que esteja apto não só a utilizar efetivamente a história da ciência,
mas que tenha condições de analisar a qualidade desta. Estes motivos também
são expostos por Duarte (2004):
A utilização da História da Ciência na sala de aula requer que os professores possuam uma formação que lhes permita fazer uma seleção de material histórico adequado ou mesmo a construção de materiais específicos para a situação de ensino-aprendizagem (DUARTE, 2004, p. 321).
Para que tenham condições de utilizar adequadamente a HC em sua
prática docente, é fundamental que na formação inicial dos professores de
física, estes tenham contato com tal perspectiva. Algumas universidades já
contemplam nos cursos de graduação disciplinas específicas que tratam desta
temática como, por exemplo, os cursos de Licenciatura em Física da UFGD,
nas modalidades presencial e à distância, oferecem a disciplina de história da
física, já na Licenciatura em Física da Universidade Estadual de Mato Grosso
do Sul (UEMS) é ofertada a disciplina de Evolução dos Conceitos da Física.
Obviamente, mesmo que esta oferta esteja prevista na matriz curricular destes
cursos, não é assegurado que a HC seja abordada nas salas de aula de nível
médio.
Diante do que foi exposto, percebe-se que a HC pode ser utilizada
potencialmente em sala de aula como estratégia pedagógica. Isto se evidencia
na listagem dos inúmeros pontos positivos de tal proposta, como favorecimento
a contextualização das evoluções científicas, desmistificação dos cientistas
“gênios” associados às descobertas, bem como o caráter coletivo na
construção do conhecimento, dentre outras. No entanto, um dos obstáculos a
ser vencido para a efetiva aplicação da HC nas aulas de física do ensino médio
é tanto a problemática da formação de professores quanto à elaboração e
disseminação de materiais didáticos desta natureza.
22
1.3. A Transposição didática
Para que um texto seja utilizado de maneira satisfatória ele precisa estar
de acordo com o publico alvo que deseja atingir. Neste caso, o material didático
é para o professor e para o aluno do ensino médio, sendo assim deve ser
pensado para que estes consigam utilizá-lo de maneira proveitosa.
As teorias e os conceitos físicos para chegarem ao ensino médio
precisam ser transpostos de onde o conhecimento foi construído para esta
etapa de ensino, ou seja, precisam ser reescritos para que possam alcançar
certos objetivos pedagógicos, ocorrendo o que os especialistas chamam de
transposição didática. A transposição didática foi formulada inicialmente pelo
sociólogo Michel Varet em 1975 e aplicada na área da didática pelo
matemático Ives Chevallard, que define o processo de transposição didática
como um instrumento eficiente para analisar o processo através do qual o
saber produzido pelos cientistas (Saber Sábio) se transforma naquele que está
contido nos programas e livros didáticos (o Saber a Ensinar) e, principalmente,
naquele que realmente aparece nas salas de aula (o Saber Ensinado). Na
teoria da transposição didática o Saber Sábio, o Saber a Ensinar e o Saber
Ensinado correspondem aos níveis do saber (SIQUEIRA; PIETROCOLA,
2006).
A adaptação que os conteúdos sofrem até chegar ao ensino médio é,
muitas vezes, considerada como uma simplificação e criticada, pois se acredita
que nesses casos não chegam ao ensino médio a totalidade do conteúdo e sim
um conteúdo fragmentado e descontextualizado. Neste trabalho, que propõe a
discussão de temas da física moderna e evolução dos modelos atômicos, é
quase impossível sua discussão no ensino médio se não usarmos a
transposição didática.
Do ponto de partida do saber sábio, passando pelo saber a ensinar até
finalmente chegar ao saber ensinado, o saber sofre alterações necessárias
para que consiga alcançar seu público-alvo, neste caso os alunos do ensino
médio, e se adequar aos referenciais curriculares. Ocorrem seleções dos
conteúdos que sobreviverão às transposições dos saberes, estas seleções são
feitas pela noosfera, que são todos os que influenciam na transformação do
23
saber sábio no saber ensinado, ou seja, como tais conteúdos serão moldados
didaticamente. Podem compor a noosfera os cientistas, os educadores, pais de
alunos, políticos, autores dos livros didáticos entre outros (SIQUEIRA;
PIETROCOLA, 2006).
É por meio do processo de transposição didática que o conteúdo do
meio científico, muitas vezes incompreensíveis pela grande maioria dos alunos,
chega de forma modificada e acessível a eles, evidenciando o importante papel
de tal processo. Neste sentido:
[...] a designação de um elemento do saber sábio como objeto de ensino modifica-lhe muito fortemente a natureza, na medida em que se encontram deslocadas questões que ele permite resolver, bem como a rede relacional que mantém com os outros conceitos. Existe assim, uma “epistemologia escolar” que pode ser distinguida da epistemologia em vigor nos saberes de referência (ASTOLFI; DEVELAY, 2005, p. 48).
No entanto, é necessário que para que o saber minimante desejado aos
alunos sobreviva, que o saber sábio chegue ao professor (saber a ensinar) e
seja efetivamente levado aos alunos (saber ensinado), sejam respeitas
características relevantes, ou seja, deve ser consensual, atualizado,
operacional, terapêutico e ter criatividade didática.
As características consensuais e atualização estão associadas à
veracidade dos conteúdos e a importância destes para a sociedade em geral,
pertinente para que os alunos não percam a confiança na escola e no professor
por ele apresentar algum conteúdo duvidoso e também possam gerar maior
interesse pelos conteúdos uma vez que podem ter utilidade para seus pais, por
exemplo.
A operacionalidade e criatividade didática tem relação direta com a
prática em sala de aula, ou seja, com as possibilidades que os conteúdos
possuem em gerar atividades/sequências didáticas, exercícios, tarefas que
resultem na apropriação do saber e se isto for assertivo, verificando que este
deu certo teremos o saber terapêutico, que apenas permanecerão os que
deram certo.
24
A transformação do saber possui regras, que complementam as
características descritas acima e descrevem aspectos importantes que devem
ser levados em consideração neste processo, são elas: modernizar o saber
escolar, atualizar o saber a ensinar, articular o saber “novo” com o “antigo”,
transformar um saber em exercícios e problemas e tornar um conceito mais
compreensível(BROCKINGTON; PIETROCOLA, 2005, SIQUEIRA;
PIETROCOLA, 2006).
A modernização do saber escolar e a atualização do saber a ensinar são
regras que apresentam propósitos diferentes mas que são complementares. A
primeira estabelece que as descobertas científicas recentes sejam discutidas
nos livros didáticos, abordando a relação destas com a evolução tecnológica
presente no cotidiano. A atualização do saber a ensinar busca não apenas a
inserção de novos saberes, mas uma revisão dos saberes antigos, que mesmo
sendo corretos, podem ser excluídos dos livros didáticos por terem sido já
abordados em demasia, muitas vezes pela própria sociedade em geral,
tornando-se um saber abordado satisfatoriamente no caráter informal
(BROCKINGTON; PIETROCOLA, 2005).
Tanto na inserção de novos saberes, quanto na abordagem de
conteúdos que precedem estes, mesmo que ultrapassados, pode haver a
articulação entre os novos saberes e os antigos de forma que isto não
represente para o aluno a inconstância de verdades, que pode até mesmo se
tornar uma barreira, mais sim que ressalte a ligação entre eles e que o saber
novo pode abarcar do antigo.
As regras de transformar um saber em exercícios e problemas e tornar
um conceito mais compreensível são relevantes no processo de transposição
didática, pois as mesmas estão associadas diretamente à apropriação dos
saberes pelos alunos, pois enquanto a primeira procura implementar as
atividades que serão desenvolvidas em sala de aula buscando aplicação dos
saberes discutidos em atividades/resoluções, a segunda almeja que os saberes
sejam abordados com uma linguagem acessível ao nível intelectual dos alunos,
neste caso ocorre perda na linguagem original em função de uma adequação
ao público-alvo, e que culmine em uma melhora na aprendizagem dos alunos.
25
Pelo que foi discutido sobre transposição didática é possível apontá-la
como uma ferramenta indispensável para tratar conteúdos presentes no saber
sábio no ensino médio uma vez que o público-alvo não é formado por
especialistas habituados na discussão de determinado assunto e necessitam
de uma abordagem diferenciada. Se o saber sábio fosse abordado em sua
essência nesta etapa de ensino, possivelmente, não apresentaria
potencialidades, pois não estaria de acordo com o nível intelectual e de
maturidade dos alunos, implicando no surgimento de dificuldades básicas.
Volto a ressaltar que no processo de transposição didática o saber
ensinado não corresponde apenas a uma mera simplificação do saber sábio, o
que ocorre é que como parte essencial deste processo deve-se fazer escolhas
dos saberes que sobreviverão e serão transformados nos saberes ensinados.
Outro aspecto importante deste processo são as regras e características que o
delimitam, tornando-o algo ainda mais conciso e relevante.
1.4. Referencial teórico – Lev S. Vygotsky
O referencial metodológico que se identifica com o proposto trabalho é o
de Vygotsky, pois em minha pratica, que se relaciona com a aplicação do
material elaborado, existe um papel primordial que é o da interação social.
Segundo Gaston (1992) esta é a troca de informações com no mínimo duas
pessoas, que pode ser entre os próprios alunos ou entre professor e aluno.
Assumindo que o desenvolvimento cognitivo do ser humano não pode ser
considerado sem referencia ao meio social, não sendo apenas o meio social
uma variável importante no desenvolvimento cognitivo, mas que o
desenvolvimento cognitivo é a conversão de funções sociais em funções
mentais. Assim, o individuo desenvolve seus processos mentais através da
socialização (MOREIRA, 1999, p. 108).
Evidencia-se na teoria de Vygotsky que a dinâmica interativa das
relações sociais tem papel relevante no desenvolvimento do indivíduo humano,
sendo que o desenvolvimento dos indivíduos se dá devido à mediação feita por
outros indivíduos e utilizando práticas sociais, como a linguagem, nas
26
condições sociais reais de produção das interações. Desta forma, podemos
fazer a relação com a efetiva aplicação do material didático proposto da
seguinte forma: este será inicialmente explicado (utilizado) pelo professor que
fará mediação das informações contidas no material para os alunos. Para
Vygotsky é pela mediação que se dá a reconstrução interna de uma operação
externa, que é a maneira como ocorre a transformação das relações sociais em
funções psicológicas (MOREIRA, 1999, p. 110). Além disso, os alunos também
terão a todo o momento a oportunidade de interagir tanto com o professor
quanto com os demais colegas, em discussões relevantes aos conteúdos
abordados.
Devemos ter clareza que esta interação resultará em um
desenvolvimento relevante se algum dos indivíduos que participam da
discussão é portador de um nível de conhecimento maior que o outro que está
participando, ou seja, é necessário que algum dos indivíduos saiba mediar a
discussão e faça a inserção de conceitos corretos para que estes possam ser
assimilados pelos demais. No caso da aplicação proposta o professor que
utilizará o material terá conhecimento mais abrangente que os alunos que
interagirão com ele, os alunos terão a oportunidade de conhecer algo que
difere do que eles sabem, mas quando forem apresentados ao assunto pelo
professor poderão assimilar tal conteúdo. Sobre isso:
[...] Na escola a criança não aprende o que sabe fazer sozinha, mas o que ainda não sabe fazer e lhe vem a ser acessível em colaboração com o professor e sob sua orientação ( VYGOTSKY, 2001 apud GASPAR; MONTEIRO, 2005)
À medida que as aulas e o conteúdo evoluem, poderão ocorrer novas
interações, sendo essas entre os alunos que conseguem assimilar os
conteúdos abordados pelo professor e aqueles que ainda não conseguiram
reter tal conteúdo/conceito, assim os alunos podem trocar informações
(interagir entre eles) de forma que o conhecimento torne-se o mais uniforme
possível e que consiga atingir os indivíduos da sala de aula em sua totalidade.
Relacionado com esta atividade temos um conceito muito importante na
teoria de Vygotsky, que é o de zona de desenvolvimento proximal (ZDP). A
ZDP trata de uma espécie de desnível intelectual avançado dentro do qual uma
27
criança, com o auxílio direto ou indireto de um adulto, pode desempenhar
tarefas que ela, sozinha, não faria por estarem acima do seu nível de
desenvolvimento, podemos generalizar como sendo a distância entre a
capacidade de resolver problemas independentemente e o de solucionar
problemas com a orientação de outras pessoas que possuam maior nível de
desenvolvimento (MOREIRA, 1999, p. 116; CAVALCANTI; OSTERMANN;
2010 p. 27). Podemos associar isto ao conhecimento que o aluno possui e os
conceitos já assimilados por ele com os que ele ainda adquirirá. Estes apenas
serão possíveis se houver auxilio/mediação de outro individuo, no caso
descrito, este papel pode ser desempenhado pelo professor ou também no
decorrer das aulas pelos demais colegas, que podem ter atingido um nível
intelectual mais avançado. O avanço do aluno devido a mediação potencializa
a aprendizagem, uma vez que o aluno conseguiu adquirir novos conceitos,
evoluindo dentro de sua zona de desenvolvimento proximal.
Durante todo o processo de interação social em sala de aula, na
discussão dos conteúdos contemplados no material didático, ocorre a
incorporação pelos alunos dos signos que decorrerão dos significados já
disseminados socialmente, no caso os que serão apresentados pelo professor.
No entanto, muitos dos signos que serão apresentados aos alunos, não
possuem significados para eles ou possuem um significado diferente daquele
que o professor almeja atingir, pois estes não foram apresentados a eles ou
foram apresentados em contextos diferentes dos que estão sendo propostos
agora, sendo assim terá que ser feita a construção dos significados para estes
e que, consequentemente, representarão novos signos para os alunos. No
caso de haver apropriação de conteúdos, esta se dará por uma reconstrução
de novos significados pelos alunos. Estas etapas devem ser trabalhadas
minuciosamente, pois é a partir delas que os alunos levarão consigo os novos
significados apresentados, relacionados a discussão de determinado signo. Ao
aluno deve ser possível verificar se o significado que ele associou ao signo é
correspondente ao que o professor pretendia.
Vale ressaltar que a interação proposta pela utilização do material
didático se dará através da fala, ou seja, o professor se expressará
28
verbalmente com os alunos e estes darão a devolutiva da mesma forma. Nesta
troca de informações fica claro mais um ponto pertinente da teoria de Vygotsky,
que é o da fala: todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem
devem, necessariamente, falar e ter a oportunidade de falar (MOREIRA, 1999,
p. 121).
29
2. AS ETAPAS DA PESQUISA: DA ESCOLHA DO TEMA A APLICAÇÃO DOPRODUTO EDUCACIONAL
Os processos envolvidos nesta pesquisa foram diversos, desde a
escolha do tema, perspectiva de trabalho e aplicação do produto, bem como
também o processo de avaliação da proposta, que visa tanto o material
didático, com abordagem histórica, quanto à influência da sua utilização na
aprendizagem dos alunos. Ressaltamos aqui que não temos a intenção de
propor que tal abordagem seja superior a outras que já existem, e sim
disponibilizar um material que possa ser utilizado pelo professor em sala de
aula e que este favoreça a abordagem de conteúdos física quântica no nível
médio.
2.1. Escolha do tema e perspectiva de trabalho
Em minha prática docente pude verificar que o tema abordado no
material didático proposto, geralmente, não é abordado no ensino médio, e
quando ocorre é de forma parcial ou pontual. Assim, os alunos tem contato
apenas com alguns modelos atômicos, nem chegando perto do modelo
atômico contemporâneo e dos conceitos quânticos utilizados para explicação
deste.
Outro aspecto não contemplado é a conexão existente entre modelos
teóricos, e nos quais a discussão sobre os aspectos evolutivo e histórico é
desprezada, aspectos esses que poderiam favorecer o entendimento pelos
alunos dos motivos pelos quais alguns modelos são abandonados/substituídos
por outros. Sendo assim, a escolha do tema e a perspectiva de abordagem
está ligada a preocupação do não aparecimento de conteúdos de física
quântica no ensino médio e também ao oferecimento destes conteúdos de
maneira diferenciada, através da histórica da ciência, na expectativa queisto
possa contribuir para aprendizagem e interesse dos alunos pelos conteúdos de
física.
30
2.2. A proposta do material didático e a transposição didática
O material elaborado trata de aspectos da proposição do modelo
planetário de Rutherford, passando pelas discordâncias de Bohr e a proposta
de seu modelo, as contribuições de Planck e chegando até o modelo
contemporâneo apresentado por Schrödinger. O formato é de um texto didático
de apoio para professores e para alunos.
Durante a elaboração procuramos abordar as contribuições de outros
físicos, não tão conhecidos, mas que auxiliaram ou até mesmo foram
fundamentais nas concepções dos novos modelos. Neste sentido, a parte
inicial do material didático contém um encarte com fotos e breve bibliografia
dos físicos envolvidos na evolução tratada no texto. O encarte com as fotos,
biografia correspondente e o texto do material didático de apoio formam o
produto educacional.
Para elaboração do material didático fez-se uma pesquisa bibliográfica
em busca de conteúdos que fizeram parte da evolução dos modelos atômicos.
Esta ocorreu em diversos meios de divulgação científica como livros, artigos
científicos em português e em inglês, banco de dissertações, sites e etc.
Normalmente estes materiais disponibilizam conteúdos que se referem ao
saber sábio, ou seja, o saber que advêm do meio científico, com informações e
linguagem científica. Estes materiais foram analisados buscando organizar e
delimitar os assuntos que seriam abordados para, a seguir, realizar a primeira
transposição didática feita pelos pesquisadores, ou seja, atuamos aqui como
parte da noosfera.
Nesta etapa da transposição foi necessário um estudo aprofundado dos
conteúdos, do quão importante cada conteúdo particular é para os modelos
atômicos, ou seja, foi necessário avaliar para que fossem escolhidos quais os
saberes que seriam mantidos e comporiam o material. Outro aspecto
considerado foi a escrita e organização do texto, que foi sendo modificado para
potencializar o entendimento por parte do leitor, importante lembrar que o leitor
pode ser tanto o aluno quanto o professor. O material e os conteúdos nele
contido correspondem ao saber a ensinar.
31
Quando a sequência de ensino e aprendizagem foi aplicada em sala de
aula, e na expectativa que este material possa ser utilizado por qualquer
professor de física, podemos pensar em outra forma de transposição, a do
saber a ensinar para o saber ensinado. O saber ensinado é aquele que
realmente aparece nas discussões em sala de aula, aquele que é oferecido
pelo professor aos alunos e estes o recebem. Esta escolha fica única e
exclusivamente a cargo do professor.
A elaboração deste material didático sobre evolução dos modelos
atômicos utilizando a história da ciência vem ao encontro de dois pontos
pertinentes do ensino de física: a necessária disseminação da física moderna e
contemporânea (FMC) no ensino médio e o uso de materiais didáticos
contemplando aspectos da história da ciência.
2.3. Elaboração dos questionários e produção de texto
Foram elaborados questionários para coletar tanto para informações
sobre os conhecimentos prévios dos alunos quanto para verificar os
conhecimentos adquiridos após a discussão do tema, subsidiado pelo material
didático desenvolvido. A seguir discutiremos cada um desses questionários.
Questionário para identificar os conhecimentos prévios dos alunos
(Apêndice 1)
Este questionário foi aplicado antes do início da atividade e teve como
objetivo identificar se os alunos possuíam algum conhecimento sobre tais
conteúdos e qual o nível destes. Este questionário é formado por sete questões
de (a) escolha binária, tendo como resposta “SIM” ou “NÃO”, (b) apresentação
de figuras, (c) associação de informações contidas em colunas e (d) uma
questão aberta (VIEIRA, 2009). As diferentes formas de questões buscaram
oferecer aos alunos a possibilidade de respondê-las sem assumir um ritmo
mecânico de marcar opções.
Questionário para identificar assimilação de conteúdos e a aceitação da
proposta de trabalho (Apêndice 2)
32
Composto por nove questões, este questionário coletou informações
sobre a apropriação dos alunos dos conteúdos teóricos, bem como também
sobre a influência da abordagem histórica da construção do conhecimento,
presente no material didático utilizado. O questionário contém (a) questões
abertas, (b) fechadas, de escolha binária, tendo como resposta “SIM” ou
“NÃO”, e em uma das questões uma terceira opção “NÃO SEI” e (c)
associação de informações contidas em colunas.
Para complementar a coleta das informações foi proposta aos alunos,
no encontro após a finalização dos conteúdos propostos no material didático e
no planejamento, uma atividade de construção de texto em grupo. Para isto, foi
colocada a seguinte questão: “Qual a diferença entre as teorias: Mecânica
Clássica (versus) Mecânica Quântica”? A expectativa era que os alunos
dissertassem sobre as características relevantes de cada teoria, bem como a
participação de físicos e o papel de suas teorias, ressaltando não só as
características de cada uma das teorias, separadamente, mas que pudessem
explicitar as diferenças entre uma e outra, enfatizando a modificação das
teorias. Em resumo, que os alunos consigam materializar em forma de texto os
conhecimentos adquiridos e façam menção ao aspecto evolutivo histórico para
isto.
A aplicação dos questionários e a proposta de texto em grupo está em
sintonia com o planejamento elaborado para definir quais conteúdos deveriam
ser discutidos em cada aula. Este planejamento está no Apêndice 3 e mais
adiante, neste capítulo, será feita uma breve discussão de cada encontro. Além
disso, todos os encontros foram gravados em vídeo para posterior análise.
2.4. O local da pesquisa
Desde o inicio de minhas atividades como professora ministrei aulas
em todas as séries do ensino médio em diversas escolas de Dourados e
região, porém não tinha nem escola nem séries fixas, pois não pertenço ao
quadro de professores efetivos do Estado de Mato Grosso do Sul.
33
Em setembro de 2014, quando iniciei o mestrado, eu estava lecionando
para, entre outros, alunos do terceiro ano do ensino médio. Isto me levou
pensar sobre a proposta de elaboração de um material didático que
proporcionasse a discussão de física moderna e contemporânea nesta série.
No entanto, em 2015 deixei de lecionar para o terceiro ano do ensino médio,
não podendo aplicar o produto educacional que desenvolvi em uma turma em
que eu fosse à professora regente.
Com isto, tive que encontrar uma escola que se dispusesse a receber
minhas atividades e uma professora regente que fosse receptiva a estas.
Busquei apoio para aplicação de meu material didático em colegas do
mestrado, porém, eram poucos os que poderiam me ajudar, pois os demais ou
eram de outras localidades ou não tinham terceiros anos entre suas turmas
e/ou ministram aulas em cursos técnicos, não sendo o público ideal.
Apesar dos obstáculos descritos, havia uma colega do mestrado que
se encaixava em todos os requisitos e disponibilizou sua turma de terceiro ano
para que as atividades fossem desenvolvidas. Além da concordância da
professora, tive anuência da Coordenação Pedagógica e Direção Escolar. Para
isto, enviei ofício solicitando permissão para realização das atividades (Anexo
1). Assim, as atividades foram desenvolvidas em uma escola pública estadual,
localizada na cidade de Dourados-MS. A aplicação ocorreu na Escola Estadual
Vilmar Vieira de Matos, que está localizada no bairro Água Boa e atende cerca
de 1500 alunos entre os turnos matutino, vespertino e noturno.
2.5. Aplicação do produto educacional
Antes da aplicação das atividades e questionários foi preciso obter o
consentimento dos participantes. Para isso foi elaborado um termo de
consentimento livre e esclarecido (Anexo 2). Este foi assinado pelos alunos
maiores de idade ou pelos pais e/ou responsáveis, no caso dos alunos
menores.
A abordagem dos assuntos contemplados no material didático de apoio
desenvolvido foi executada em oito aulas, com cerca de 50 minutos cada. Em
34
acordo com a professora regente o período inicialmente estabelecido foi entre
22 de setembro e 8 de outubro de 2015. Este período compreendeu o final do
terceiro bimestre e início do quarto bimestre. Assim, a professora já teria
finalizado os conteúdos do terceiro bimestre e as aulas cedidas não
interferiram, de forma significativa, em seu planejamento. A Tabela 1 mostra
esta distribuição de aulas.
Tabela 1 – Distribuição planejada das aulas durante os encontros
Data 22/09 24/09 29/09 01/10 06/10 08/10
No de
aulas 01 01 02 01 02 01
Outro aspecto a ser considerado para a escolha das datas era que
estava planejado um período de recesso escolar entre os dias 12 e 18 de
outubro. Isto considerado, os alunos teriam a finalização das atividades
referentes à aplicação do produto educacional no dia 08/10, retornando em
19/10.
No entanto, devido à rotina escolar e suas complexidades, surgiram
imprevistos que fizeram com que as atividades não ocorressem em todas as
datas marcadas. O primeiro destes imprevistos foi que os alunos do terceiro
ano estavam inscritos como participantes de um projeto de visitação em
universidades de Dourados, sendo 29/09 o dia de uma dessas visitas. O
segundo imprevisto é que a escola promove jogos interclasse ao final de cada
bimestre e o jogo da turma em que eu estava trabalhando foi marcado para o
dia 01/10, ou seja, ao invés da finalização ocorrer em 08/10 foi prorrogada e
aconteceu depois do recesso escolar, no dia 22/10. Assim, os alunos tiveram
uma pausa de 10 dias na discussão dos conteúdos, isto pode ter tido alguma
influência nas respostas deles no questionário final. A Tabela 2 mostra a
distribuição efetiva das aulas.
Tabela 2 – Distribuição efetiva das aulas durante os encontros
35
Data 22/09 24/09 06/10 08/10 20/10 22/10
No de
aulas 01 01 02 01 02 01
A seguir é apresentado, em resumo, o que foi executado em cada aula.
O Apêndice 3 apresenta em detalhes os conteúdos para cada aula.
AULAS 1 e 2
Foi aplicado o questionário para identificação dos conceitos prévios dos alunos.
Na aula 2 fez-se discussão inicial sobre o átomo e as partículas que o
compõem e sobre as concepções dos alunos sobre o que seria um modelo, de
forma geral, e em seguida abordando a concepção de modelos atômicos, isto
ocorreu por meio de questionamento aos alunos. Foi discutido o estudo
desenvolvido para a proposta da modelagem atômica de Rutherford, bem como
também a atividade experimental de Gaiger e Marsden que levou a proposição
deste modelo. Outro aspecto abordado foram os questionamentos que Niels
Bohr levantou em relação a este modelo, colocando em prova tal modelo, pois
este continha algumas inconsistências, desta maneira iniciar a discussão sobre
o modelo atômico de Niels Bohr e como as partículas se comportariam neste
modelo (organização e explicação do comportamento).
AULAS 3, 4 e 5
Utilizando o material didático de apoio foram ministradas aulas sobre a
evolução histórica dos modelos atômicos, levando em consideração os
diversos físicos e teorias que contribuíram para a concepção atual de modelo
atômico. Foi abordado o surgimento das concepções quânticas e as
implicações desta no modelo atômico contemporâneo. Foram discutidas as
diferenças entre a física clássica e quântica através tópico do material didático
“As diferenças de uma teoria para outra”.
AULA 6 e 7 (ocorrida após o recesso escolar)
36
Foi feito uma revisão de todo conteúdo abordado, nas aulas anteriores,
realizando questionamentos aos alunos sobre o que havia sido discutido,
buscando estabelecer uma roda de conversa para recapitular junto aos alunos
a evolução dos modelos atômicos e as contribuições dos diversos físicos para
esta, enfatizando a história da construção do conhecimento cientifico, bem
como também as diferenças das teorias clássicas e quânticas.
Em seguida os alunos se organizaram em grupo, de até cinco alunos e foi
proposto que eles elaborassem textos sobre as características das teorias e as
diferenças entre elas, baseadas nas discussões feitas em sala de aula e
utilização do material didático.
AULA 8
Aplicado o questionário para coletar informações sobre a utilização do material.
37
3. ANÁLISE DOS DADOS
Na busca por uma consistência e/ou validade dos resultados, decidiu-
se pela aplicação de diferentes estratégias de coletas de dados: questionários
com questões de múltipla escolha e abertas, produção de texto pelos alunos e
gravação dos encontros. Com isso pode-se aplicar a triangulação de dados
(GÜNTHER, 2006; OLLAIK; ZILLER, 2012) como critério de qualidade da
pesquisa:
A triangulação implica a utilização de abordagens múltiplas a fim de evitar distorções devido a um método, uma teoria ou um pesquisador (GÜNTHER, 2006). Ela visa controlar vieses e enriquecer constatações, bem como confirmar e reafirmar validade e confiabilidade. Para Tracy Farmer et al. (2006), triangulação é um enfoque metodológico que contribui para a validade dos resultados de uma pesquisa quando são utilizados múltiplos métodos, teorias, fontes e pesquisadores. [...] Lisa Guion (2002) define cinco tipos de triangulação. O primeiro é a triangulação de dados, em que se utilizam diferentes fontes de dados ou de informações para se chegar ao mesmo resultado; é o tipo mais conhecido e o de mais fácil implementação(OLLAIK; ZILLER, 2012, p. 6).
3.1. Primeiro questionário
O primeiro questionário visou levantar o conhecimento que os alunos
possuem sobre os modelos atômicos e os personagens envolvidos nas
pesquisas destes. Também buscou levantar informações sobre as concepções
dos alunos sobre física moderna e conceitos chaves desta teoria,e que são
relacionados à evolução dos modelos atômicos. Algumas respostas deste
questionário foram comparadas com as do questionário final para verificar se
houve mudança de concepção por parte dos alunos.
Trinta e nove (39) alunos responderam ao primeiro questionário.
Questão 1 É importante para introdução de um conteúdo saber se os alunos
possuem conceitos bases necessários para discussão deste. Neste sentido, o
objetivo era levantar informações sobre a constituição da matéria,
estabelecendo uma avaliação diagnóstica, que é referida por Gil como:
Constitui-se num levantamento das capacidades dos estudantes em relação aos conteúdos a serem abordados, com essa avaliação, busca-se identificar as aptidões iniciais, necessidades e interesses dos estudantes com vistas a determinar os conteúdos e as estratégias de ensino mais adequadas. (GIL, 2006, p. 247).
38
Buscou-se assim identificar as fragilidades e os pontos consolidados
dos alunos sobre a constituição da matéria para determinar se tais
conhecimentos pertenciam à estrutura cognitiva dos alunos e poderiam ser
utilizados para iniciar a discussão ou se seria necessário fazer um trabalho
prévio para apresentar tais conceitos.
Quando questionado se “Os átomos são as partículas constituintes de
toda a matéria existente?”, a maioria dos alunos (94,8%) respondeu que
considera tal afirmação verdadeira e 5,2 % respondeu que considera tal
afirmação falsa. Além desses percentuais, outra contribuição a respeito desta
informação foi captada via filmagem das aulas, em que os alunos descreveram
verbalmente o átomo como: “É a menor partícula indivisível” e também que era
“Partícula que constitui a matéria”. Diante deste número expressivo é possível
afirmar que os alunos já haviam assimilado informações sobre a constituição
da matéria. Isto nos auxiliou quanto à aplicação do produto educacional, pois
não foi necessário aprofundar a discussão sobre este conteúdo uma vez que,
de acordo como os dados obtidos, os alunos já possuíam este conceito.
Obviamente, foi necessário tratar tal informação em algum nível, pois não
poderíamos desconsiderar a minoria que ainda não compartilhava do conceito.
Questão 2
Indaga os alunos sobre se já tinham sido apresentados a algum modelo
atômico. A análise mostra que 74,3% já haviam sido apresentados a algum
modelo atômicos e 25,7%não haviam sido apresentados a nenhum modelo
atômico. Estes valores são compatíveis com os encontros por Santana et al
(2011).
Nesta questão não oportunizamos aos alunos expor com qual modelo
tinham tido contato, onde ou através de qual meio (livros didáticos, internet,
documentários etc.) foi feita tal apresentação, se em uma disciplina ou apenas
visualmente poderiam ser as alternativas. No entanto, considerando os
resultados de Santana et al (2011) é razoável supor que, apesar de dominante,
o modelo de Rutherford divide espaço com os de Dalton e Thomson.
39
Questão 3
Foi utilizada a representação de três modelos atômicos, o de Rutherford,
o de Bohr e o de Schrödinger para que os alunos assinalassem qual modelo é
o aceito atualmente.
A maioria dos alunos, 89,7%, optou por assinalar opção que representa
o modelo planetário de Rutherford, 10,3% assinalaram a opção que representa
modelo de Bohr, e nenhum aluno optou por assinalar a opção que representa a
nuvem eletrônica.
A resposta a esta questão reforça o que foi dito anteriormente, ou seja,
que não se apresenta/trabalha modelos atômicos em sua totalidade e o que é
apresentado é, em geral, o modelo planetário clássico. Em certa medida este
resultado já era esperado, pois esta imagem aparece em muitos livros
didáticos, tanto de física quanto de química, e também é uma figura icônica,
que aparece muitas vezes como slogan associado à disciplina de Física e/ou
Química, feiras de ciências e atividades afins.
Resultados semelhantes a estes é relatado em pesquisa anterior, que
mostra que a maioria dos estudantes opta por modelos semelhantes ao modelo
de Rutherford (SANTANA et al., 2011). O modelo atômico de Rutherford pode
ser mais consistente para o aluno, pois estes possuem familiaridade com o
modelo do sistema solar, podendo isso contribuir para que o aluno estabeleça
uma comparação analógica com o modelo atômico de Rutherford, outra
consideração feita é de que durante o ensino de modelos, a valorização deste
modelos tenha sido mais enfatizado (FRANÇA et al., 2009).
Questão 4 A questão pedia que os alunos assinalassem “1” para aqueles nomes
que tem relação com a pesquisa com modelos atômicos; com“2”aqueles que
não têm relação com tal assunto e com “3” aqueles do qual nunca tinham
ouvido falar. O resultado está na tabela 3:
40
Tabela 3 – Percentual das relações estabelecidas pelos alunos entre físicos e
teorias de modelagem atômica
Afirmação proposta
Físicos
Tem relação com a
pesquisa com
modelos atômicos
Não tem relação
com modelos
atômicos
Nunca ouviu falar
Bohr 46 % 13,5 % 40,5 %
Boyle 13,5 % 24,3 % 62,2 %
Faraday 3 % 21 % 76 %
Rutherford 73% 8% 19%
Schrödinger 5 % 25 % 70 %
Dois dos 39 alunos não responderam essa questão, deixando-a em
branco. Como não fizeram nenhum questionamento sobre o enunciado ou
sobre uma eventual falta de entendimento não é possível identificar o motivo de
não terem respondido.
Sobre Schrödinger, 70% dos alunos responderam nunca ter ouvido falar,
25% não estabeleceu relação com modelos atômicos e apenas 2% relacionou-
o com modelos atômicos. Estes resultados corroboram os coletados na
questão 3, ou seja, indícios da não discussão do modelo atômico
contemporâneo, nem nomes de físicos modernos em sala de aula.
Sobre Faraday, 76% dos alunos nunca ouviram falar. Este resultado
expressivo pode ser explicado pelo fato das atividades terem sido
desenvolvidas no final do terceiro bimestre e o conteúdo que contempla a Lei
de Faraday estava previsto para ser ministrado no 4º bimestre. Do restante,
21% não estabeleceu relação com modelos atômicos e apenas 3%
estabeleceu relação com tal conteúdo.
Boyle também obteve um valor expressivo, 62,2%, de alunos que
optaram pela opção “nunca ouviu falar”. A explicação também pode estar
associada a organização dos conteúdos durante o ano letivo, mas, ao contrário
da explicação para Faraday, o conteúdo sobre a Lei de Boyle é tratado no 2º
ano do ensino médio. Este resultado pode indicar que este conteúdo não foi
consolidado pela maioria dos alunos, este número é complementado com os
41
que assinalaram ter estabelecido relação com modelos atômicos (13,5%) e os
que indicaram não ter relação como modelos atômicos (24,3%).
Questão 5 A proposta, nesta questão, era explorar a opinião dos alunos quanto ao
caráter humano e social dos cientistas, ligado a proposta de abordagem
histórica do material didático. Sendo assim sobre as características
apresentadas por físicos que fizeram grandes descobertas, 12,8%assinalaram
que os físicos que fizeram descobertas muito importantes eram gênios, que
obtinham tais explicações sem fazer muito esforço ou dedicação aos estudos,
48,7%assinalaram que os físicos que fizeram descobertas muito importantes
eram pessoas que se dedicavam totalmente aos estudos, não apresentavam
laços afetivos, como por exemplo, a constituição de uma família e 38,5 %
assinalou que os físicos que fizeram descobertas muito importantes eram
pessoas que estudaram em universidades, como a UFGD, e que fizeram
incansáveis investigações sobre determinados assuntos. Os dados obtidos
nesta questão, remetem a visões deformadas da ciência identificadas por
PÉREZ et al (2001, pag. 133) e, entre elas, uma das mais frequentes na
literatura, a visão individualista e elitista da ciência, na qual os conhecimentos
científicos aparecem como obras de gênios isolados que ignoram o papel do
trabalho coletivo e cooperativo, dos intercâmbios entre equipes. Outra é a do
papel socialmente neutro da ciência, esquecem-se as complexas relações
entre ciência, tecnologia, sociedade (CTS) e proporciona-se uma imagem
deformada dos cientistas como seres “acima do bem e do mal”.
Questão 6 Questiona os alunos quanto a terem conhecimento de área da física
chamada de “física moderna”. Do total de alunos 51,3% já tinham ouvido falar
desta área e 48,7% responderam que não conheciam a expressão. Apesar de
os que ouviram falar sobre física moderna serem maioria, não consideramos
este percentual adequado, pois estes alunos estão no último ano do ensino
médio e, se não fosse a aplicação do produto educacional em questão, sairiam
desta etapa de ensino sem se quer ter ouvido desta área da física. Este
resultado não foi inesperado, pois autores como Monteiro, Nardi e Filho (2009),
42
Zanetic e Pinto (1999) e Terrazzan (1992) indicam dificuldades da abordagem
de temas contemporâneos nesta etapa de ensino e os possíveis motivos que
levariam a não discussão deste assunto como deficiência no domínio de uma
matemática apropriada pelos alunos, discussão de novos conceitos que se
distanciam da Física Clássica, dificuldade do tratamento experimental dos
temas quânticos, falta de professores preparados para o ensino da Física
Moderna etc.
No entanto, quando questionados sobre algum fenômeno ou conteúdo
que esteja relacionado à física moderna, poucos responderam positivamente e
entre esses apenas algumas respostas podem ser consideradas, como por
exemplo: Física quântica, Partículas Quarks, Partículas elementares, física
quântica, antimatéria.
Questões 7 e 8
Foi perguntado se tinham conhecimento da expressão “dualidade onda-
partícula” e do “Princípio da Incerteza de Heisenberg”. Sobre a “dualidade
onda-partícula”, do total, 41% dos alunos responderam que já tinham ouvido
falar e 59% não. Resultado razoavelmente esperado, pois este conteúdo
normalmente não é abordado nesta etapa de ensino e segundo Olsen (2002) a
dualidade onda-partícula é um conceito de difícil compreensão, mesmo para
estudantes universitários (SILVA; ALMEIDA, 2011). Sobre os que responderam
que já tinham ouvido falar não aprofundamos nossa pesquisa nesses, para
sabermos o nível de conhecimento destes alunos sobre este tema, supomos
que este resultado descreve a realidade dos conhecimentos dos alunos desta
turma sobre o tema, pois foi possível identificar nas filmagens, que quando
indagados inicialmente sobre esse tema a maioria responde “não ter ouvido
falar” e uma minoria responde “sim”. No entanto, ao serem questionados sobre
alguma informação ou conhecimento sobre o tema, os alunos permanecem em
silêncio e não fazem nenhuma contribuição sobre este assunto.
Quanto ao “Princípio da Incerteza de Heisenberg” os percentuais foram
sim para 15,4 % dos alunos e não para 84,6%. Alguns resultados de
concepções sobre dualidade onda-partícula e principio da incerteza aparecem
quando são desenvolvidos cursos que enfatizem conceitos específicos da
43
mecânica quântica (MQ), como é o caso da implementação da unidade didática
conceitual sobre MQ relatadas por Ostermann e Ricci (2004). Nesta houve
associação dos conceitos aqui pesquisados (dualidade onda-partícula e
principio da incerteza) com a MQ, porém apenas após a discussão utilizando a
unidade didática (OSTERMANN; RICCI, 2004).
3.2. Segundo questionário
O segundo questionário buscou verificar se a forma e estrutura que os
conteúdos foram abordados no material didático e na sequência de ensino e
aprendizagem favoreceram a assimilação do conteúdo proposto aos alunos e
se, ao final das atividades (a) os alunos conseguiram descrever o modelo
atômico contemporâneo, (b) se houve mudança nas concepções dos alunos
sobre caráter dos cientistas e a construção do conhecimento científico. Trinta e
quatro (34) alunos responderam o segundo questionário.
Questões 1 e 2
Buscaram levantar a opinião dos alunos referentes a: 1) contribuição do
material didático para a abordagem dos conteúdos; 2) importância do encarte
inicia inicial do material. O resultado das questões 1 e 2 são mostrados nos
gráficos a seguir:
Gráfico 1 – Porcentagem da opinião dos alunos sobre material utilizado para
sequência didática utilizando a história da ciência para abordagem sobre
modelos atômicos.
44
Gráfico 2 – Porcentagem da opinião dos alunos sobre o encarte inicial do
material, na qual são apresentadas fotos dos físicos e um breve relato sobre a
vida, os estudos e as descobertas deles.
Com as informações coletadas nas questões 1 e 2 é possível afirmar
que houve boa aceitação do material didático e da abordagem pelos alunos.
Não foi assinalado por nenhum aluno que o material “contribui pouco” ou foi
“nada importante”.
0%5%
10%15%20%25%30%35%40%45%50%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
45
Devemos ressaltar aqui também um fator que foi levado em
consideração desde o início da elaboração da proposta de abordagem, o da
participação dos alunos nos momentos da discussão. Esperava-se que os
alunos participassem da discussão e que fossem ativos no processo, não
atuassem meramente como ouvintes. Obviamente, não é trivial conseguir esta
participação, pois os alunos, na maioria das vezes, estão acostumados apenas
a receber os conceitos corretos e não em refletir ou opinar sobre os mesmos.
Esta perspectiva de colaboração dos alunos e interação no decorrer das
discussões dos conteúdos foi pautada em um elemento primordial da teoria de
Vygotsky, o da interação social. Segundo este autor é na troca com outros
sujeitos e consigo próprio que nele se internalizam conhecimentos, papéis e
funções sociais, o que permite a construção de conhecimentos e da própria
consciência (VYGOTSKY, 1989).A interação resultará em um desenvolvimento
relevante se algum dos indivíduos que participam da discussão seja portador
de um nível de conhecimento maior que o outro que está participando, ou seja,
é necessário que um dos indivíduos saiba mediar a discussão e faça a inserção
de conceitos corretos para que estes possam ser assimilados pelos demais.No
caso desta aplicação o professor é o mediador que possui conhecimento mais
abrangente que os alunos que interagirão com ele. Já os alunos terão a
oportunidade de conhecer algo que difere do que eles sabem, mas quando
forem apresentados ao assunto pelo professor poderão assimilar tal conteúdo.
Assim, esta interação poderá promover um ambiente favorável a
aprendizagem.
Outro fator a ser considerado é o de que alguns conceitos abordados
não eram conhecidos pela maioria dos alunos, para muitos era a primeira
abordagem de determinados assuntos e isto poderia dificultar a interação.
Neste contexto percebe-se a necessidade e importância da contribuição do
mediador pra promover a interação e a inserção dos conceitos, conceitos estes
que poderiam não ter evoluído dentro da zona de desenvolvimento proximal
(ZDP) sem a colaboração do mediador. Associamos também ao bom índice de
aceitação da abordagem, coletados nas questões 1 e 2 a esses aspectos
relevantes da teoria de Vygotsky que foram inseridos na abordagem.Foi
possível ainda identificar aspectos positivos em relação ao encarte com as
fotos dos físicos em diversos pontos da abordagem, via filmagens:
46
A professora questiona:“Vocês conhecem alguém?”
“O que vocês acharam?”
Os alunos respondem: “Conheço esse Rutherford” (indicam para a foto dele, no
material, vários alunos responderam Rutherford).
“O Bohr”
Outro aluno questiona:“Cadê o Bohr?”
A colega indica: “Aqui!” (indica a foto no encarte)
Em diversos momentos, na discussão sobre os físicos, os alunos,
procuravam a foto dos físicos em discussão no encarte e auxiliavam os colegas
que não a encontravam. Este também foi um momento propício à interação e
que pode favorecer a aprendizagem.
Questões 3 e 4 Tratada contribuição de vários físicos para a construção do
conhecimento científico. Após as discussões em sala de aula, 100% dos alunos
consideraram que um modelo é elaborado utilizando a contribuição teórica de
outros físicos, resultado este que reafirma os aspectos positivos do material,
ressaltados nas questões 1 e 2, e que são coerentes com os apresentados por
Silva et al. (2014) e Matthews (1995) sobre o uso da história da ciência como
estratégia para abordagens de conteúdos em sala de aula.
As respostas parecem indicar que o material contribuiu para uma
reflexão sobre a construção do conhecimento científico, possivelmente levando
a desconstrução de uma visão distorcida do fazer ciência, pois os dados
indicam uma tendência de que os alunos compartilham da concepção do
caráter não individualista e elitista da ciência, percebendo as contribuições
coletivas que permeiam a construção do conhecimento científico (PÉREZ et al.,
2001).
No entanto, mesmo os alunos tendo aceitado que os modelos atômicos
evoluíram devido a contribuição de diversos físicos, nem todos conseguiram
estabelecer as relações entre os proponentes do modelo e os que contribuíram
para tal, isto pode ser visto nas respostas à questão 4, que pede para que
sejam relacionados os físicos que elaboraram algum modelo atômico com as
47
teorias que contribuíram para a concepção do respectivo modelo. As
porcentagens das associações corretas estão dispostas na tabela a seguir:
Tabela 4 – Percentual das relações entre propositores dos modelos atômicos e
teorias que contribuíram para eles
BOHR RUTHERFORD SCHRÖDINGER
Planck 59% Geiger 68% DeBroglie 29%
Balmer 15% Marsden 26% Heisenberg 29%
Rydberg 44%
Em relação aos dados exposto na tabela acima, percebemos que a
associação correta em seu maior índice aconteceu entre Rutherford e Geiger e
entre Bohr e Planck. Analisando posteriormente a questão, ela pode ter
contribuído para criar certa confusão para os alunos, uma vez que aparecem
apenas os nomes dos físicos para serem relacionados, e ainda não faz
referência a modelos e/ou conteúdos.
Questão 5 Os alunos foram questionados sobre a estruturação dos modelos
atômicos (Rutherford, Bohr e Schrödinger), ou seja, sobre a organização das
partículas que compõem esses modelos atômicos (prótons, elétrons e
nêutrons). Como resultado, 79,4% dos alunos concordou que nos três modelos
existe a mesma organização das partículas, sendo um núcleo, onde estão os
prótons e os nêutrons e uma parte ao redor deste núcleo, onde estão os
elétrons, e que essa região é conhecida como eletrosfera. Por outro lado,
17,6% não concordam com essa informação e 3% responderam “não sei”.
Nesta questão é possível evidenciar que as respostas dos alunos
indicam uma tendência de aceitação sobre a organização das partículas do
átomo, mesmo fazendo comparação entre modelos que possuem explicações
distintas, a maioria dos alunos conseguiu estabelecer características comuns
entre eles, estes resultados diferem dos apresentados por França et al (2009)
que analisou a representação feita por alunos, sobre composição dos modelos
atômicos, nesta, a maioria dos alunos pesquisados faz a representação do
átomo com regiões distintas, no entanto não identifica por escrito estas regiões,
não indicando o nome das partículas que compõem o núcleo nem a eletrosfera
do átomo.
48
Questão 6 Em resposta, que deveria ser dada por escrito, os alunos foram
questionados sobre a estrutura atômica. Houve boa participação por parte dos
alunos, 85% dos alunos responderam tal questão. As respostas foram
organizadas em categorias, mostradas abaixo, seguidas de alguns exemplos
de respostas dadas pelos alunos.
Categoria 1 - A maior dúvida a ser respondida era sobre a posição das
partículas que compõem o átomo e como isto influenciaria no movimento
destas (24 alunos)
Tabela 5 – Exemplos da categoria 1
1
Onde estavam os elétrons e se
eles estavam em movimento ou
parados 8
Além de não entender a
mecânica clássica, onde um
elétrons em movimento emite
radiação
2 Onde cada partícula ficaria
9 Se o átomo era a menor partícula
indivisível
3
Encontrar os elétrons saber onde
ele está precisamente no átomo
10
O mais difícil foi explicar como o
átomo não explodia, pois se fosse
considerado a Lei de Coulomb, os
prótons e elétrons entrariam em
colisão
4
A posição dos elétrons ter uma
conclusão concreta e não provável 11
Na minha opinião seria o
comportamento do elétron, se ele
iria se encaixar ao modelo
proposto
5
Como era seria a estrutura do
átomo, sendo assim a posição dos
elétrons, nêutrons e prótons 12
A dúvida que levou a novas
pesquisas o modelo atômico foi
se perguntar como os prótons,
elétrons e os nêutrons
conseguiam permanecer na
49
eletrosfera sem se chocarem e
causar uma possível explosão
6 É a posição dos elétrons 13 Onde ficava os elétrons
7
A organização das partículas que
constituem o átomo os prótons,
nêutrons e elétrons
14
O comportamento das partículas,
as posições dos elétrons, prótons
e nêutrons
Categoria 2 – Referência ao surgimento de uma nova teoria que
explicasse o comportamento do elétron no átomo e o que aconteceria
quando eles mudassem de camada (5 alunos)
Tabela 6 – Exemplos da categoria 2
1
Um modo em que não colidissem
e que se encaixassem nas teorias
físicas 3
A principal dúvida era o
entendimento das partículas
menores, e suas relações com as
ondas
2
O elétron, por não se encaixar na
teoria clássica e assim gerar
várias perguntas, com mudar de
camada para camada
4
Quando as partículas do novo
modelo atômico se separam ela
se emite
Também identificamos em um dos textos produzidos pelos alunos
conteúdos que se encaixam nesta categoria. Quando perguntados sobre as
divergências entre a mecânica clássica e quântica responderam: As
inconsistências sobre o movimento dos elétrons e também sobre quando estes
estavam parados no átomo, citando a teoria clássica - Lei de Coulomb.
Questão 7 Os alunos foram questionados sobre a relação de Louis de Broglie da
dualidade onda-partícula. Como resultado, 94% dos alunos assinalaram que
não apenas a luz se comportava como partícula, mas que as partículas
também poderiam ter associados a elas um comportamento ondulatório, que
50
ficaria conhecido como ondas de matéria. O restante, 6% dos alunos,
assinalaram que a relação entre o comportamento de uma partícula (por
exemplo, um elétron) e seu comportamento ondulatório é insignificante, sendo
assim não deve ser levado em consideração. Nenhum aluno assinalou a opção
que dizia que Louis de Broglie apenas confirmou a teoria já proposta, que a luz
teria comportamento dual.
Esses resultados parecem indicar a possível assimilação do novo
conceito de ondas de matéria pelos alunos. Outro aspecto relevante é que ao
se fazer uma comparação com as informações coletadas no primeiro
questionário: 59% dos alunos do mesmo grupo responderam não terem ouvido
falar sobre a “dualidade onda-partícula” e já no segundo questionário a grande
maioria (94%) reconheceu esta relação entre partícula e onda.
Questão 8
Sobre o principio da incerteza de Heisenberg, 62% dos alunos
assinalaram que este princípio restringe a medida da posição e do momento do
elétron, não podendo medir ao mesmo tempo a posição e o momento; 23% dos
alunos assinalaram que este princípio estabelece que a posição e o momento
do elétron podem ser determinados ao mesmo tempo e 15% dos alunos
assinalaram que este princípio não se relaciona com a posição e o momento do
elétron, logo não tem ligação alguma com a proposta do modelo atômico
contemporâneo.
A maioria dos alunos escolheu a alternativa correta sobre “principio da
incerteza de Heisenberg”, o que também evidencia a evolução dos conceitos
dos alunos, pois no primeiro questionário 84,6% dos alunos não tinham ouvido
falar sobre este princípio. No entanto 38% dos alunos, no segundo
questionário, não expressaram assimilação deste princípio
Em relação aos conceitos apresentados pelos alunos sobre o princípio
da incerteza de Heisenberg e da dualidade onda-partícula, tanto antes da
abordagem utilizando o material quanto após esta discussão percebe-se a
dificuldade dos alunos sobre estes conteúdos, possivelmente associados ao
grau de abstração e o distanciamento destes com os efeitos visualizados no
mundo macroscópico já relatado por Zanetic e Pinto (1999), outros autores
afirmam que o ensino de MQ requer uma ênfase na ideia de que a Física não
51
trata da “realidade”, mas constrói modelos abstratos dentro dos quais
percepções já enraizadas são inapropriadas (SILVA; ALMEIDA, 2011, pag.14).
Questão 9
Foi pedido aos alunos que descrevessem com suas próprias palavras o
modelo atômico contemporâneo. Esta é uma questão fundamental neste
questionário, pois todo trajeto percorrido com o material didático busca a
conceituação do modelo atômico contemporâneo. Para isto procuramos contar
à história que envolvia esta evolução, tentando relacionar como outras teorias
modernas que contribuíram para a evolução do conceito de modelo atômico.
Outro aspecto importante foi à preocupação de não apresentar aos alunos a
teoria finalizada com modelos já prontos e sim as mudanças que foram
ocorrendo e o porquê delas terem ocorrido.
O percentual de aprovação da questão três poderia nos levar a acreditar
que as atividades foram de enorme sucesso. Obviamente os resultados foram
satisfatórios, no entanto, para termos validade da possível assimilação dos
conteúdos pelos alunos foi elaborada a questão nove. Através dela foi possível
analisar grande quantidade de explicações que expressam a incorporação de
conceitos corretos.
Diversos alunos relataram conceitos chaves para explicação do modelo
atômico, junto a isso citaram fenômenos quânticos, que antes das atividades
não apareceriam, sendo assim tal questão é vista positivamente. Do total de
alunos que participaram do segundo questionário 88% responderam a questão
nove. As respostas foram organizadas em categorias, mostradas abaixo,
seguidas de alguns exemplos de respostas dadas pelos alunos.
Categoria 1a – Conceituou o modelo atômico como núcleo (prótons e
nêutrons) rodeado pelos elétrons, na eletrosfera (10 alunos)
Tabela 7– Exemplos da categoria 1a
1
É um núcleo onde fica os prótons
e os nêutrons e em volta na
eletrosfera fica os elétrons
4
O núcleo do átomo é composto
por prótons e nêutrons, na
eletrosfera está os elétrons
52
2
Nele há um núcleo composto
pelos prótons - partículas positivas
e nêutrons – partículas sem carga
e ao redor existe a eletrosfera com
os elétrons – partículas negativas
5
O modelo atômico é composto
por prótons, elétrons e nêutrons.
O núcleo fica no meio da
eletrosfera junto com os nêutrons
e elétrons fica nas outras
camadas da eletrosfera.
3
Possui núcleo onde se encontram
os prótons e nêutrons, e ao seu
redor a eletrosfera onde se
encontra os elétrons
Categoria 2 - Associou ao comportamento do elétron, não mais uma
posição exata e sim a probabilidade de encontrar os elétrons em
determinada posição (8 alunos)
Tabela 8– Exemplos da categoria 2a
1 Onde se trabalha a probabilidade 5 Probabilidade
2
O modelo atômico contemporâneo
baseia-se na probabilidade pois
não e possível expor o lugar
exato do elétron, então é usado a
probabilidade de que o átomo
esteja em algum lugar da
eletrosfera
6
No modelo atômico
contemporâneo, temos a
dualidade onda partícula, além de
não poder definir com exatidão a
posição do elétron
3
Antes podia se ver os elétrons,
agora não se tem a localização
exata dele 7
É que os elétrons estão em
constante movimento e não
sabemos exatamente onde ele
esta é probabilidade
4 É o novo modelo, o atual. Não
sabemos certo onde está o átomo.
53
Conteúdos semelhantes a estes foram detectados nos textos produzidos
em grupos pelos alunos, e que se encaixam nesta categoria, quando
perguntados sobre características da mecânica quântica. Alguns exemplos são:
Previsão apenas de probabilidades; Probabilidades e não se tem certeza de
encontrar as partículas em um determinado lugar; Sistema microscópico
apenas pode ser estudado em termos de probabilidades; Não é possível
determinar a posição do elétron através de equações e sim existindo uma
região mais provável de encontrar o elétron.
Categoria 3 - Associaram os elétrons a uma função de onda (11 alunos)
Tabela 9 – Exemplos da categoria 3
1
Que as partículas poderiam ter um
comportamento ondulatório 5
O modelo atômico pode ser
explicado na equação de onda,
onde os elétrons não se tem uma
posição definida. λ =h/p
2
A partícula tem o comportamento
ondulatório também, as ‘ondas’
acompanham ‘comportamento
dual
6
Modelo atômico contemporâneo
eles estudam não só o átomo
mas também a relação com o
comportamento ondulatório.Que
são as ondas de matéria
3
É um modelo estruturado cujo
núcleo é envolvido em sua área
de fora por ondas formada pelos
elétrons
7
No modelo atômico
contemporâneo, temos a
dualidade onda partícula, além de
não poder definir com exatidão a
posição do elétron
4
Com a física contemporânea
descobriu: A dualidade da
partícula, o principio da incerteza
e elaboração da física quântica 8
O modelo atômico
contemporâneo tem a dualidade
de onda associada a partículas e
eles são distribuída entre o
núcleo, onde tem prótons e
nêutrons e a eletrosfera.
54
Nesta categoria foi possível identificar conteúdos presentes nos textos
produzidos pelos alunos quando questionados sobre as características da
mecânica quântica. Exemplos: Movimento ondulatório das partículas, ou seja,
comportamento dualístico; Associação de uma onda ás partículas; Associou
Louis de Broglie a dualidade onda-partícula; Estabeleceu relação do modelo
atômico contemporâneo com a teoria da dualidade onda-partícula e o princípio
da incerteza; Associação de uma onda ás partículas; Modelo dualístico de De
Broglie e que este foi aplicado as partículas do átomo, assim essas teriam
ondas associadas a elas que regeriam seu movimento.
Categoria 4 – Considerou o modelo atômico como aprimoramento dos outros modelos (2 alunos)
Tabela 10 – Exemplos da categoria 4
1
É um modelo diferente dos outros,
e um pouco mais fácil para ser
entendido e estudado, usa outras
teorias. 2
O modelo atômico
contemporâneo foi criado para
melhorar e organizar o modelo
atômico que foi criado por físico
que não aprimoram o modelo
atômico antigo
Podemos verificar, através das categorias estabelecidas, que a maioria
dos alunos fez referência a conceitos de mecânica quântica para explicação do
modelo atômico contemporâneo, como o da dualidade onda partícula e do
princípio da incerteza de Heisenberg, que considera o caráter probabilístico.
Mesmo que em menor proporção, não podemos deixar de considerar as
respostas que referenciaram o modelo atômico contemporâneo como
aprimoramento dos modelos anteriores, resposta esta que corrobora a
mudança na concepção dos alunos sobre a construção do conhecimento
científico, verificada na questão 3 do segundo questionário.
Diante desses dados, podemos supor que houve mudança nas
concepções dos alunos, comparadas com as respostas do questionário 1, e
também que a maioria dos alunos conseguiu explicar o modelo atômico
contemporâneo e ainda citou conceitos de mecânica quântica em suas
55
explicações. Assim, verificamos que tais alunos apresentaram uma tendência a
internalização dos significados associados aos novos signos propostos pelo
professor e com auxílio da mediação parecem ter evoluído dentro de sua zona
de desenvolvimento proximal.
Na elaboração dos textos, os alunos se organizaram em grupos de até
cinco alunos. Os grupos foram formados pelos próprios alunos e a professora
não interferiu nesta organização. Foi solicitado que os alunos elaborassem um
texto sobre as diferenças entre a mecânica clássica e quântica. Durante as
discussões buscou-se evidenciar as divergências dessas teorias e discutir em
quais circunstâncias elas obteriam sucesso. Após a leitura dos textos, foi feita a
unitarização (GALIAZZI; MORAES, 2003; MORAES, 2006) para em seguida,
estabelecer categorias. Não colocaremos os percentuais em que as categorias
aparecem nos textos, pois os textos foram elaborados em grupo e diversas
categorias são identificadas em um único texto e estão apresentadas nas
tabelas a seguir. As categorias e exemplos retirados dos textos dos alunos
estão dispostos nas tabelas a seguir:
Tabela 11- Relações estabelecidas com a mecânica clássica.
Categoria Exemplos
Associação da mecânica clássica com
físicos discutidos durante as aulas.
Ernest Rutherford e seus ajudantes
Hans Geiger e Ernest Marsden;
Teoria de Rutheford; Modelo atômico
de Rutherford importante teoria da
mecânica clássica.
Associação da mecânica clássica a
físicos e teorias não enfatizados
durante as aulas.
Relacionaram a mecânica clássica:
Dinâmica, Cinemática, Movimento dos
corpos pelas leis de Newton;
Associaram a mecânica clássica a Lei
de Coulomb.
Associação da mecânica clássica
quanto ao caráter previsível e
Exemplos: Eventos eram previsíveis;
Exatidão em condições futuras; Leis
56
determinável por equações.
rigorosas; Determinação das
condições futuras com exatidão,
através de equações de movimento,
sabendo quais forças atuam no
sistema.
Associação da mecânica clássica com
os corpos macroscópicos.
Corpos Macroscópicos
Tabela 12 - Relações estabelecidas com a mecânica quântica.
Categoria Exemplos
Associação correta da mecânica
quântica a físicos discutidos durante
às aulas.
Associação de Max Planck ao
surgimento da mecânica quântica;
Heisenberg e Erwin
Shrondinger;Princípio da incerteza;
Princípio da incerteza e equação de
Shrodinger; Associou Heisenberg ao
princípio da incerteza; Associou Louis
de Broglie a dualidade onda-partícula.
Associação da mecânica quântica ao
caráter probabilístico.
Renúncia do determinismo,
objetividade; Previsão apenas de
probabilidades; Probabilidades e não
se tem certeza de encontrar as
partículas em um determinado lugar;
Não é possível determinar a posição
do elétron através de equações e sim
existindo uma região mais provável de
encontrar o elétron.
Associação da mecânica quântica a
corpos microscópicos.
Sistemas físicos microscópicos;
Sistema microscópico apenas pode
ser estudado em termos de
57
probabilidades.
Associou corretamente os físicos às
inconsistências da teoria clássica
Citaram as inconsistências sobre o
movimento dos elétrons e também
sobre quando estes estavam parados
no átomo, citando a teoria clássica -
Lei de Coulomb; Associaram Niels
Bohr, Rydberg e Balmer aos
descontentamentos em relação ao
modelo de Rutherford; Contestação
do modelo atômico de Rutherford,
feita por Bohr (mecânica quântica);
Modelo de Rutherford não era aceito
por Bohr por não se encaixava na
física clássica;
As categorias estabelecidas a partir dos textos nos permitem supor que
o caráter histórico do material para abordagem de tópicos de física moderna na
evolução da modelagem atômica contribuiu significativamente para o
aparecimento de associações corretas entre os físicos e teoria, sendo possível
verificar esta relação nas mecânicas quântica e clássica, bem como também
quando consideraram às inconsistências das teorias para o surgimento de
outras, indicando a contribuição da abordagem para uma possível
aprendizagem.
Outro aspecto que aparece é a diferenciação correta da utilização da
mecânica clássica e quântica para corpos macroscópicos e microscópicos, e
também do caráter previsível por equações relacionados a mecânica clássica e
probabilístico na mecânica quântica. Assim, através do texto em grupo, os
alunos estabeleceram associações corretas o que nos leva a supor uma
tendência de aceitação sobre conceitos de mecânica quântica utilizados para
abordagem da evolução dos modelos atômicos, bem como para a descrição do
modelo atômico probabilístico.
58
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho concluímos que uma sequência didática baseada em
história da ciência pode favorecer a aprendizagem de conceitos de física
moderna. A proposta da abordagem das aulas buscando a interação dos
alunos apresentou-se de forma eficaz e contribuiu para a aprendizagem, pois
permitiu que os alunos discutissem sobre os assuntos abordados pela
professora, promovendo uma maior interação entre professor e o aluno.
Verificamos também a importância do papel de um mediador,
representado pela professora, que possua conhecimento abrangente dos
conteúdos abordados de forma a permitir a inserção destes nas discussões,
propiciando aos alunos a evolução de seus conceitos, dentro de sua ZDP, uma
vez que, neste caso, os tópicos de mecânica quântica abordados não eram de
conhecimento dos alunos. Interação esta que também ocorreu entre os alunos
e que foi beneficiada pelo encarte inicial, que em muitos momentos aproximou
os alunos e produziu trocas construtivas. Por conter a biografia dos cientistas
este encarte possibilitou a que os alunos conhecessem parte das trajetórias
dos cientistas e contribuiu para desconstruir algumas visões deformadas,
constatadas inicialmente, sobre eles e sobre o conhecimento científico.
O material didático de apoio, em que se pautaram as aulas e as
discussões, foi elaborado utilizando a transposição didática e seus três níveis
do saber: o sábio, o a ensinar e o ensinado. A primeira transposição ocorreu na
elaboração do texto, a partir de outros materiais científicos, a segunda
transposição ocorreu desde o planejamento dos assuntos a serem tratados em
sala de aula até a discussão em sala. Esta última se refere ao que
efetivamente é discutido em sala de aula com os alunos. Tais transposições
visam aperfeiçoar a aprendizagem e favorecer o público-alvo de forma que os
conteúdos estejam acessíveis a eles. A partir da análise dos dados coletados
através de questionários, textos e gravações dos encontros é possível detectar
indícios de mudança das concepções dos alunos tanto sobre os conceitos de
mecânica quântica e modelo atômico moderno quanto a opinião dos alunos
sobre o caráter de construção do conhecimento científico.
59
Consideramos que os objetivos propostos foram alcançados, uma vez
que temos um material didático de apoio que contempla aspectos da história da
ciência para a abordagem de tópicos de mecânica quântica e para evolução
dos modelos atômicos, sendo este o produto educacional desta dissertação.
Outro aspecto que deve ser levado em consideração, no MNPEF, é o
que o produto educacional elaborado pelo mestrando possa ser utilizado por
outros professores, que não necessariamente precisam ler a dissertação em
sua totalidade e sim buscam inserir conteúdos ou metodologias relevantes que
possam agregar às aulas e contribuir para o ensino de física de qualidade.
No caso do produto educacional da dissertação aqui em questão, que
aborda tópicos de FMC na temática da evolução dos modelos atômicos com
perspectiva histórica, assuntos estes que são considerados importantes para
formação do aluno, porém enfrentam dificuldades de abordagem no nível
médio, sendo este trabalho um esforço para que tais assuntos sejam
efetivamente discutidos no nível médio.
Estando o professor com produto educacional em mão, este pode optar
por outras utilizações diversas, como dinâmica de sala de aula, individual ou
em grupo, que diferem das realizadas neste trabalho que possam apresentar
potencialidades e favorecer a aprendizagem. No entanto, o caráter histórico
deve ser mantido, pois este é intrínseco ao texto, desta forma, baseadas no
material de apoio e na perspectiva adotada pode gerar novas aplicações.
60
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64
APÊNDICE 1
Professora Responsável: Luana Cristina da Cruz
Aluno:___________________________________________________Série: _____
1- Sobre a constituição da matéria, ou seja, aquilo que forma os objetos existentes na
sua volta e na natureza, considere a seguinte afirmação:
“Os átomos são as partículas constituintes de toda a matéria existente.”
Você considera essa afirmação verdadeira?
o Sim
o Não
2- Modelo atômico é a representação da composição do átomo. Um modelo atômico é
concebido e aceito ao apresentar explicações científicas para fenômenos diferentes, ou
seja, o mesmo modelo pode dar conta de explicar o maior número de fenômenos
explicados. Nestesentido, jálhefoiapresentadoalgummodeloatômico?
o Sim
o Não
3- Assinale o modelo atômico que, em sua opinião, é o aceito atualmente:
4- Em relação aos físicos associados ao estudo da estrutura da matéria e da concepção
de modelos atômicos. Assinale com “1”aqueles que, em sua opinião, tem relação com a
pesquisa com modelos atômicos; com“2”aqueles que não tem relação com tal assunto e
com “3” aqueles do qual você nunca ouvir falar.
( ) Ernest Rutherford( ) Erwin Schrödinger
( )Michael Faraday
( ) Niels Bohr
( ) Robert Boyle
65
5- Alguns cientistas fizeram descobertas científicas que os tornaram famosos. Exemplos
disso são os físicos Isaac Newton, autor do que conhecemos hoje como Leis de Newton,
e Charles Augustin de Coulomb, cuja lei que estabelece a relação de força entre cargas
elétricas leva o seu nome, ou seja, a Lei de Coulomb. Sobre as características
apresentadas por físicos que fizeram grandes descobertas, assinale a alternativa que
mais se aproxima de sua opinião:
o Os físicos que fizeram descobertas muito importantes eram gênios, que
obtinham tais explicações sem fazer muito esforço ou dedicação aos estudos.
o Os físicos que fizeram descobertas muito importantes eram pessoas que se
dedicavam totalmente aos estudos, não apresentavam laços afetivos, como por
exemplo, a constituição de uma família.
o Os físicos que fizeram descobertas muito importantes eram pessoas que
estudaram em universidades, como a UFGD, e que fizeram incansáveis
investigações sobre determinados assuntos.
6- Você já ouviu falar de uma área da física conhecida como“física moderna”?
o Sim
o Não
Se responder sim, cite algum fenômeno ou conteúdo que esteja relacionado a este
ramo da física:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
7- Já ouviu falar da“dualidade onda-partícula”?
o Sim
o Não
8- Já ouviu falar do “Princípio da Incerteza de Heisenberg”?
o Sim
o Não
66
APÊNDICE 2
Professora Responsável: Luana Cristina da Cruz
Aluno:_______________________________________________Série: _______
1 – O material didático utilizado para abordar a evolução dos modelos atômicos
contribuiu para o entendimento sobre o tema?
( ) contribuiu totalmente
( ) contribuiu bastante
( ) contribuiu moderadamente
( ) contribuiu pouco
( ) não contribuiu
2 – Quão importante você considerou a parte inicial do material, na qual são
apresentadas fotos dos físicos e um breve relato sobre a vida, os estudos e as
descobertas que fizeram?
( ) totalmente importante
( ) muito importante
( ) moderadamente importante
( ) pouco importante
( ) nada importante
3– Quanto ao surgimento de novos modelos atômicos, após a discussão em sala de aula,
você acredita que um modelo é elaborado utilizando a contribuição teórica de outros
físicos?
o Sim
o Não
67
4– Relacione os físicos, apresentados nas colunas abaixo, que elaboraram os modelos
atômicos (coluna a esquerda) e as teorias de outros físicos (coluna a direita) que
contribuíram para a concepção dos respectivos modelos atômicos.
( ) Louis de Broglie
1 - Niels Bohr ( ) Ernest Marsden
( ) Max Planck
2 - Erwin Schrödinger ( ) Johann JakobBalmer
( ) JohannesRydberg
3- Ernest Rutherford ( ) Hans Geiger
( ) Werner Karl Heisenberg
5– Os modelos de Rutherford, Borh e Schrödinger para o átomo possuem ideias
diferentes para explicação dos mesmos. Na evolução dos modelos há um confronto
entre ideias da teoria clássica (física mais antiga) e em conceitos novos adotados na
concepção da física moderna. Em relação à organização das partículas que compõem o
átomo (prótons, elétrons e nêutrons) você concorda que nos três modelos existe a
mesma organização das partículas, ou seja, um núcleo, onde estão os prótons e os
nêutrons e uma parte ao redor deste núcleo, onde estão os elétrons e que essa região e
conhecida como eletrosfera.
o Sim
o Não
o Nãosei
6– Sobre as concepções dos modelos atômicos de diversos físicos, em sua opinião qual
era a principal dúvida a ser respondida na análise na estrutura atômica?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
68
7 – Sobre a relação de Louis de Broglie da dualidade onda-partícula analise as
afirmações abaixo e assinale a alternativa que mais se aproxima de sua opinião:
o “A relação de Louis de Broglie apenas confirmou a teoria já proposta, que a luzteria
comportamento dual, ou seja, se comportava como partícula e não trouxe nenhuma
nova informação.”
o “Louis de Broglie concluiu que não apenas a luz se comportava como partícula,
mas que as partículas também poderiam ter associados a elas um comportamento
ondulatório, que ficaram conhecidas como ondas de matéria”.
o “Louis de Broglie estabeleceu que a relação entre o comportamento de uma
partícula (por exemplo, um elétron) e seu comportamento ondulatório é
insignificante, sendo assim não deve ser levado em consideração.”
8 – Sobre o principio da incerteza de Heisenberg, marque a alternativa que expresse sua
opinião:
o Este princípio estabelece que a posição e o momento do elétron podem ser
determinados ao mesmo tempo.
o Este princípio não se relaciona com a posição e o momento do elétron, logo não
tem ligação alguma com a proposta do modelo atômico contemporâneo.
o Este princípio restringe a medida da posição e do momento do elétron, não
podendo medir ao mesmo tempo a posição e o momento.
10 - Descreva com suas próprias palavras o modelo atômico contemporâneo.
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
69
APÊNDICE 3
PLANO DE AULA
Professora: Luana Cristina da Cruz Disciplina: Física
Turma: 3ºAno E.M /matutino Quantidade de aulas: 8
Conteúdo: Evolução dos modelos atômicos: Do átomo de Rutherford até o modelo
contemporâneo.
Metodologia descrita aula por aula na abordagem do conteúdo
1ª aula
Temática: Aplicação do pré-teste.
Objetivo: Coletar informações referentes aos conhecimentos prévios dos alunos, sobre
os modelos atômicos e conhecimento sobre física moderna.
Tempo: 50 minutos
Recursos didáticos: Pré-testes impressos.
Procedimentos: Explicar para os alunos sobre o trabalho que seria iniciado e sobre a
aplicação de questionário.
Informar que o questionário não valeria nota, que serviria para verificar o que os
estudantes sabem sobre o assunto a ser abordado nas próximas aulas, este aspecto pode
ser ressaltado uma vez que isso poderia tranquilizar os alunos no momento de responder
as questões.
Expor aos alunos a importância de que eles expressem suas reais concepções em todo o
questionário e que não se preocupem em quantidade de acertos, ou em observar/copiar
as respostas de seus colegas, bem como também que os estudantes a não deixem
perguntas sem respostas.
Ao final desta aula entregar o termo de consentimento de participação da atividade para
ser assinado, pelos pais dos alunos menores ou pelos próprios alunos, quando esses
foram maiores.
2ª aula
Temática: Introdução a modelagem atômica e abordagem do modelo atômico de
Rutherford
Objetivo: Discussão inicial sobre modelos atômicos;
Abordagem do modelo atômico de Rutherford e as contribuições para a proposição
deste.
70
Tempo: 50 minutos
Recursos didáticos: Material didático de apoio (produto educacional) elaborado para
este fim, apresentação em power point, baseada no produto educacional, projetor e
notebook.
Procedimentos: A aula deve ser iniciada levantando alguns questionamentos aos
alunos, como:
O que é um átomo? O que são modelos atômicos?
Questionar os alunos, quanto à composição atômica, confirmar o conhecimento dos
alunos quanto às partículas subatômicas (prótons, elétrons e nêutrons).
É importante verificar se as respostas dadas pelos alunos são satisfatórias, uma vez que
se não for será essencial tratar novamente dos assuntos, até que uniformidade ocorra.
Introdução ao modelo atômico de Rutherford
Discutir como iniciou o estudo de Rutherford, abordando o experimento coordenado por
Rutherford e realizado por Hans Gaiger e Ernest Marsden, pelo qual foi possível obter
evidências que principiaram a concepção de seu modelo atômico. Nesta discussão é
relevante utilizar o encarte inicial, que compõe o material, no qual tem uma breve
biografia, com fotos, de Ernest Rutherford, Hans Gaiger e Ernest Marsden. Evidenciar o
caráter coletivo da construção do conhecimento científico neste momento.
Com auxílio da explicação do experimento, apresentar o modelo atômico de Ernest
Rutherford e discutir com os alunos, como era a organização das partículas subatômicas
neste modelo.
Depois de estabelecido o modelo atômico de Rutherford, certificar-se de que os alunos
conseguem conceituar verbalmente o que foi discutido, para em seguida abordar com o
descontentamento deste modelo para explicação de alguns fenômenos, neste momento
inserir a figura de Niels Bohr e sua caminhada no estudo do átomo.
Abordar os questionamentos e inconsistências que Niels Bohr apresentava quanto ao
modelo de Rutherford.
Estabelecer a discussão sobre a estabilidade do átomo, abordando com os alunos o
movimento dos elétrons e como isto é explicado pela mecânica clássica.
Neste momento é interessante questionar o que os alunos sabem ou suspeitam, de como
seria o comportamento dessas cargas. Nos seguintes aspectos:
Interação entre as cargas elétricas, se estivessem em repouso, remetendo a Lei de
Coulomb;
71
Interação entre as cargas elétricas, se estas estivessem em movimento, uma vez
deveriam emitir radiação e assim perderiam energia e colidiriam com o núcleo.
Abordar a proposição de Niels Bohr, que a teoria clássica não funcionaria para
partículas muito pequenas (caso das partículas subatômicas).
3ª aula
Temática: Teoria de Max Planck e contribuição dessa no modelo atômico de Bohr.
Objetivo: Evidenciar que a teoria de Max Planck, da quantização da energia, contribuiu
para o modelo atômico de Niels Bohr.
Tempo: 50 minutos
Recursos didáticos: Material didático de apoio (produto educacional) elaborado para
este fim, apresentação em powerpoint, baseada no produto educacional, projetor e
notebook.
Procedimentos: Apresentar aos alunos a teoria proposta por Max Planck, para os
valores possíveis de energia de sistemas, enfatizando a mudança que ele propôs nestes.
É importante neste momento deixar claro as diferenças existentes nas explicações antes
da teoria de Max Planck, onde a energia de um ente poderia admitir qualquer valor,
sendo assim a energia era contínua e depois de Planck, onde a energia de um ente
poderia apenas admitir valores exatos, expressos pela seguinte equação: E=nhv ,ou seja
os valores da energia agora eram discretos (quantizados).
Discutir conceitualmente a equação, apresentando aos alunos o que cada membro desta
representa.
Apresentar aos alunos os conceitos que Niels Bohr utilizou para concepção de seu
modelo, relacionado a teoria proposta por Max Planck e as confirmações que Bohr
obteve em relação as fórmulasjá existentes de Johann Jakob Balmer e constante
JohannesRydberg.
Apresentar o modelo proposto por Bohr para o átomo, que inseriu explicações quânticas
para o comportamento das partículas no interior dele.
Após estabelecido o modelo atômico de Niels Bohr questionar os alunos em relação ao
comportamento das partículas neste e quais são as explicações possíveis para estas, não
ais pela mecânica clássica.
Durante toda a discussão, ressaltar a trajetória dos físicos e suas teorias e as
contribuições dessas para a evolução da teoria atômica.
72
4ª aula
Temática: Dualidade onda-partícula e a utilização desta para explicação do
comportamento das partículas subatômicas.
Objetivo: Evidenciar que a teoria de Louis de Broglie, da dualidade onda-partícula,
contribuiu para evolução do modelo atômico de Niels Bohr e estabelecimento de um
novo modelo.
Tempo: 50 minutos
Recursos didáticos: Material didático de apoio (produto educacional) elaborado para
este fim, apresentação em powerpoint, baseada no produto educacional, projetor e
notebook.
Procedimentos: Discutir com os alunos o surgimento de novas concepções físicas
(enfatizando a física contemporânea), questioná-los quanto as evoluções já discutidas
até o momento, ressaltando que a evolução das teorias ocorreu devido à busca de
explicação de determinados fenômenos, fazendo abordagem dos físicos que foram
essenciais para evolução das teorias físicas.
Buscando que os alunos percebam como se dá a evolução das teorias, que estas são
fruto de outras contribuições, podendo desfazer a concepção destorcida da ciência, e do
caráter individualista das descobertas.
Em seguida apresentar a teoria de Louis de Broglie sobre o comportamento dual da
partícula, discutindo o comportamento dual, onda-particula da radiação, já proposto
também se aplicava a matéria. Assim como um fóton tem associada a ele uma onda
luminosa que governa seu movimento, também uma partícula material (por exemplo,
um elétron) tem associada a ela uma onda de matéria que governa seu movimento,
relacionando aspectos ondulatórios às partículas.
Relacionar esta teoria com a modelagem atômica, discutir com os alunos a importância
desta teoria para a evolução do modelo atômico, uma vez que agora estavam ligados, o
que antes não teriam ligação alguma.
Auxiliar os alunos na associação da teoria de Louis de Broglie com as partículas
subatômicas. Enfatizando que a partícula que pode ter uma onda associada poderia ser o
elétron do átomo.
73
Discutir a equação do momento da partícula (que associa o momento p (da partícula)
com que é o comprimento de onda), apresentar os membros da equação e abordar
conceitualmente e ressaltar que estão ligadas as características de onda e partícula na
mesma equação.
Expor a seguinte equação: comentando a explicação dos membros da equação,
de que agora temos uma equação do comprimento da onda associado a uma partícula.
Quando esta abordagem for feita é necessário que a exposição/discussão leve os alunos
a concordar que:
Existe neste momento uma nova realidade: Fenômenos ondulatórios a corpusculares
(partícula) possuem uma relação entre eles e esta foi expressa pela relação de De
Broglie.
Iniciar a discussão sobre o princípio da incerteza de Heisenberg, utilizando o texto do
materialdidático, realizar com os alunos o exercício imaginário que exemplifica a
medição da posição de um elétron e evidenciando a consideração probabilística que
surge neste momento.
Em seguida apresentar aos alunos a modelagem que Erwin Schrödinger propôs para o
átomo.
Neste momento é importante estabelecer a ligação entre a teoria De Broglie e princípio
da incerteza de Heisenberg e sua utilização para concepção do modelo atômico
probabilístico e que este era explicado pela nova mecânica, a quântica.
Abordando conceitualmente a função de onda, que rege o comportamento dos elétrons
no átomo, ressaltando a relação desta com a descrição de sistemas microscópicos e a
contribuição de Max Born.
É Importante relacionar para os alunos os conceitos de Schrödinger e Max Born com a
localização dos elétrons em um átomo.
5ª aula
Temática: As diferenças das mecânicas clássica e quântica.
Objetivo: Conceituar as características das teorias e suas principais divergências.
Tempo: 50 minutos
74
Recursos didáticos: Material didático de apoio (produto educacional) elaborado para
este fim, apresentação em powerpoint, baseada no produto educacional, projetor e
notebook.
Procedimentos: Utilizar os tópicos “As diferenças de uma teoria para outra” e
“Oposições a teoria” para abordar com os alunos as diferenças entre as teorias clássicas
e quânticas, enfatizando em que sistemas elas poderiam ser utilizadas e obteriam maior
sucesso.Questionar os alunos sobre isto, para realizar uma lista, verbal, sobre as
características de uma e da outra teoria, clássica e quântica.
6ª aula
Temática: Evolução dos modelos atômicos (revisão de conteúdos).
Objetivo: Discussão geral sobre o conteúdo abordado durante as aulas anteriores
Tempo: 50 minutos
Recursos didáticos: Material didático de apoio (produto educacional) elaborado para
este fim, apresentação em powerpoint, baseada no produto educacional, projetor e
notebook.
Procedimentos: Promover uma discussão geral (roda de conversa), recapitulando junto
aos alunos as evoluções a as contribuições dos diversos físicos que ocorreram em torno
da concepção dos modelos atômicos.
Será ressaltado que as evoluções continuaram acontecendo e que foram feitas, após o
que foi exposto aqui,inúmeras descobertas mais que nossa proposta se restringe ao que
discutimos até aqui, e que incentivamos que os interessados busquem outras fontes e
novos conteúdos.
7ª aula
Temática: Elaboração de texto em grupo
Objetivo: Verificar se os alunos conceituam o modelo atômico contemporâneo e se
expressam as teorias dos físicos que contribuíram para evolução deste, evidenciando a
construção do conhecimento científico.
Tempo: 50 minutos
Recursos didáticos: Folha de papel almaço.
Procedimentos: Pedir para que alunos sentem em grupos (cerca de 5 alunos) e que
juntos discutam e listem as características que consideram relevantes de uma e da outra
75
teoria, mecânica clássica e mecânica quântica, será pedido também que enfatizem as
diferenças entre elas e que citem os físicos que contribuíram para evolução destas e da
modelagem atômica.
8ª aula
Temática: Aplicação do pós-teste
Objetivo: Coletar informações sobre os conhecimentos adquiridos após as aulas e sobre
a aceitação da abordagem para compará-los com os dados obtidos no pré-teste.
Tempo: 50 minutos
Recursos didáticos: Pós-testes impressos.
Procedimentos: Expor aos alunos a importância de que eles expressem suas reais
concepções em todo o questionário e que não se preocupem em quantidade de acertos,
ou em observar/copiar as respostas de seus colegas, bem como também que os
estudantes a não deixem perguntas sem respostas.
76
Anexo 1
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
Oficio nº 0235/2015 – FACET/UFGD 15 de setembro de 2015
A Senhora
Alice Machinsky da Gama
Coordenadora Pedagógica
Secretaria de Estado de Educação do Mato Grosso do Sul – SED/MS
Assunto: Permissão para executar atividades de pesquisa na EE .
Prezado Senhor, Como parte das atividades do projeto de pesquisa intitulado “História da ciência na abordagem de tópicos de física moderna e contemporânea: evolução de modelos atômicos”, solicito permissão para que minha orientanda no Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física, Luana Cristina da Cruz, possa realizar atividades de coleta de dados junto a alunos do Ensino Médio em sua escola. Tais atividades consistem em uma sequência didática com duração de oito encontros – em data a ser definida em conjunto com o(a) professor(a) responsável pela disciplina de Física – na qual serão apresentadas e discutidas questões relacionadas à evolução histórica de modelos atômicos. Os encontros serão gravados para posterior análise e os alunos serão informados previamente sobre os objetivos da pesquisa. Para participar, os alunos ou seus responsáveis terão que assinar termo de consentimento livre e esclarecido que detalha a proposta de pesquisa. Respeitosamente,
__________________________ Fernando Cesar Ferreira
Professor Adjunto IV – FACET-UFGD
FACET/UFGD(67) 3410-2087 – Rodovia Dourados-Itahum, Km 12 – CEP 79804-970 – Dourados – MS
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Anexo 2
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado (a) para participar da pesquisa intitulada História da ciência na abordagem de tópicos de física moderna e contemporânea: evolução de modelos atômicos, sob a responsabilidade dos pesquisadores Luana Cristina da Cruz e Fernando Cesar Ferreira. Nesta pesquisa estamos buscando entender como a contextualização
histórica pode contribuir para abordagem da evolução dos modelos atômicos e
a apropriação desses conteúdos pelos alunos. O Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido será obtido pela pesquisadora Luana Cristina da Cruz na
Escola Estadual antes do início das atividades, estando previstas para
ocorrer 24 de setembro e 06 de outubro do ano de 2015.
Você participara de cerca de 6 aulas de Física na escola e nos horários
em que estuda regularmente, utilizando material elaborado e cedido pela
pesquisadora.
Antes e depois da abordagem dos conteúdos pela pesquisadora os
alunos pesquisados responderão questionários para serem respondidos. Estes
servirão para análise quanto à eficiência do material. Também serão feitas
gravações de vídeo e áudio em atividades em grupos e, eventualmente, em
atividades individuais, que também servirão de material de estudo para o
trabalho. Após serem feitas as análises dos materiais coletados, os mesmos
serão destruídos.
Em nenhum momento você será identificado. Os resultados da pesquisa
serão publicados e ainda assim a sua identidade será preservada. Você não
terá nenhum gasto ou ganho financeiro por participar na pesquisa.
Os possíveis benefícios serão a implementação de materiais didáticos
de física para utilização no ensino médio, especificamente sobre abordagem de
física moderna no ensino médio.
Você é livre para deixar de participar da pesquisa a qualquer momento
sem nenhum prejuízo ou coação.
Uma via deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ficará com
você. Qualquer dúvida a respeito da pesquisa, você poderá entrar em contato
com Luana Cristina da Cruz, mestranda em Ensino de Física pela Universidade
Federal da Grande Dourados (UFGD), pelo telefone 9606-3890 e/ou Fernando
Cesar Ferreira, docente do quadro efetivo da Universidade Federal da Grande
Dourados (UFGD), pelo telefone para contato 3410-2087. A Universidade
Federal da Grande Dourados (UFGD) está localizada na rodovia Dourados –
Itahum, km 12, CEP: 79.804-970, Dourados – MS.
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Eu, __________________________________________, RG nº _______________________, responsável legal por ____________________________________, RG nº _____________________(se tiver) declaro ter sido informado e concordo com a sua participação, como voluntário, no projeto de pesquisa acima descrito.
_________________________________
Assinatura do aluno ou seu responsável legal
Dourados, ……....... de ..……………………......de 2015
Assinatura dos pesquisadores