Lubrificação Em Equipamentos Agriculas

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1 OS SISTEMAS DE LUBRIFICAÇÃO E OS LUBRIFICANTES NOS EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 1996

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Lubrificação

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  • 1OS SISTEMAS DE LUBRIFICAO E OS LUBRIFICANTES NOS

    EQUIPAMENTOS AGRCOLAS

    1996

  • 2NDICE

    1- Introduo ................................................................................................................1

    2- Principais tipos de movimentos onde necessrio a lubrificao ...................................1

    3- Os sistema de lubrificao .........................................................................................2

    3.1- O carter .................................................................................................................4

    3.2- A bomba de leo ....................................................................................................5

    3.3- As condutas de leo ...............................................................................................5

    3.4- As vlvulas de regulao .........................................................................................6

    3.5- Os filtros ...............................................................................................................6

    3.5.1- Filtros de papel ...................................................................................................9

    3.5.2- Filtros centrfugos ................................................................................................10

    3.5.3- Filtros magnticos. ..............................................................................................10

    3.6- O permutador de calor ............................................................................................10

    3.7- Os orgos de controlo e de segurana .....................................................................11

    4- Os sistemas de lubrificao dos motores a dois tempos ..............................................12

    4.1- Lubrificao com mistura prvia de leo ...................................................................12

    4.2- Lubrificao com circuito de leo separado ...............................................................13

    5- Os lubrificantes .........................................................................................................14

    5.1 - Atrito e lubrificao ................................................................................................15

    5.1.1 - Atrito indirecto perfeito (viscoso) ..........................................................................15

    5.1.2 - Atrito indirecto imperfeito (untuoso) ......................................................................17

    5.2 - Propriedades genricas dos lubrificantes .................................................................18

    5.2.1- Grau e ndice de viscosidade ................................................................................19

    5.2.2- Ponto de inflamao ............................................................................................21

    5.2.3- Ponto de congelao ...........................................................................................22

    5.3- Aditivos .................................................................................................................22

    5.4 - Lubrificantes para motores de quatro tempos ............................................................24

    5.4.1 - Classificao com base na viscosidade ................................................................24

    5.4.2 - Classificao com base nas condies de servio .................................................28

    5.4.2.1- Classificao A.P.I. ..........................................................................................28

    5.4.2.2- Classificao C.C.M.C. .....................................................................................29

    5.4.2.3- Classificao MIL-L do exrcito americano ..........................................................30

    5.4.3- Equivalncia entre as classificaes .....................................................................31

    5.5- leos para motores a gasolina a dois tempos ...........................................................32

    5.6 - Lubrificantes para transmisses mecnicas ............................................................32

    5.6.1 - Classificao segundo a viscosidade ....................................................................33

    5.6.2 - Classificao com base nas condies de servio .................................................35

    5.6.2.1- Classificao A.P.I. de servio ...........................................................................35

  • 35.6.2.2- Especificaes militares (MIL-L do exrcito americano) ........................................36

    5.7- Lubrificantes pra transmisses hidrulicas ................................................................36

    5.7.1- Caractersticas dos leos hidrulicos ....................................................................36

    5.7.1.1- Viscosidade .....................................................................................................37

    5.7.1.2- Compressibilidade ............................................................................................37

    5.7.1.3- Solubilidade no ar .............................................................................................37

    5.7.1.4- Caractersticas anti-espuma ..............................................................................37

    5.7.1.5- resistncia oxidao .......................................................................................37

    5.7.2- leos para transmisses hidrocinticas ................................................................38

    5.7.3- leos para transmisses hidrostticas ..................................................................38

    5.8- leos multifuncionais .............................................................................................40

    6 - Massas lubrificantes ................................................................................................40

    6.1- Consistncia ..........................................................................................................42

    6.2- Ponto de gota ........................................................................................................43

    6.3- Resistncia oxidao ...........................................................................................43

    6.4- Propriedades anti-ferrugem ......................................................................................43

    7- Aspectos particulares de lubrificao nos motores de combusto interna........................43

    7.1 - Condi es de lubrificao .....................................................................................44

    7.2 - Caractersticas dos lubrificantes .............................................................................45

    8- Manuteno do sistema de lubrificao .......................................................................46

    Bibliografia ...................................................................................................................48

  • 41- Introduo

    A presena de um circuito de lubrificao prende-se com a necessidade que h de reduzir o

    atrito entre duas peas que tm movimento relativo e que exercem, entre si, determinada carga. Mesmo

    as superfcies que aparentam um aspecto perfeitamente polido tm rugosidades que, caso no

    houvesse lubrificao, entrariam em contacto durante o movimento, aumentando o atrito. A intensidade

    deste dependeria da presso de contacto entre as superfcies e da sua velocidade relativa, o que

    conduziria libertao de calor das peas, sua dilatao e, consequente, aumento da presso de

    contacto e sua fuso ("gripagem").

    Assim, para diminuir o atrito entre os diferentes elementos em movimento, o que diminui as

    perdas mecnicas e contribui para preservar o rendimento do motor, fundamental a presena de um

    sistema de lubrificao, que interponha entre as superfcies uma fina camada de leo que evite o

    contacto de metal sobre metal. O termo lubrificar deriva do latim lubrificare que significa escorregar.

    Para alm da lubrificao o leo contribui para:

    - a estanquecidade entre as vrias peas, especialmente entre o cilindro e os segmentos;

    - a refrigerao do motor;

    - a limpeza, pela remoo de impurezas que resultam da aspirao do ar e das limalhas que se

    desprendem das peas, especialmente na fase de rodagem;

    - proteco contra a corroso;

    - a diminuio do rudo, pois funciona como amortecedor entre as peas.

    2- Principais tipos de movimentos onde necessrio a lubrificao

    A presena de lubrificao necessria entre as peas que tm movimento, nomeadamente

    nas que apresentam:

    - movimento circular contnuo;

    - movimento circular alternativo;

    - movimento rectilneo alternativo

    O movimento circular contnuo verifica-se nos apoios das rvores de cames e cambota, em que

    a lubrificao facilmente efectuada; esta mais difcil no caso das chumaceiras que esto sujeitas a

    presses bastante elevadas, pois, nos motores de ciclo Diesel as presses so de 700 e 900 kg,

    conforme so motores atmosfricos ou sobrealimentados.

    O movimento circular alternativo verifica-se no contacto do eixo do mbolo com o p da biela,

    sendo a presso a que estas peas esto sujeitas semelhante das chumaceiras.

    O movimento rectilneo alternativo d-se na deslocao das vlvulas e dos mbolos; neste caso

    a presso relativamente baixa mas a superfcie de contacto e a velocidade relativa das peas

    bastante grande.

  • 53- Os sistemas de lubrificao dos motores a quatro tempos

    A constituio do sistema de lubrificao depende da forma como esta se faz, sendo, nos

    motores mais pequenos e nos mais antigos, assegurada pela projeco de leo efectuada por uma

    espcie de colheres existentes no topo da cabea das bielas, ou por um rotor. As colheres, quando da

    rotao da cambota, mergulham no leo do carter, projectando-o sobre os mbolos, cilindros, rvore de

    cames, etc., sendo depois conduzido, por escorregamento, por umas caleiras, para as chumaceiras;

    este tipo de lubrificao designado por lubrificao por chapinhagem e a efectuada pelos rotores

    por lubrificao por asperso.

    Figura 1- Lubrificao por chapinhagem e asperso de leo1- Colher 2- leo 3- leo 4- RotorFonte: CEMAGREF (1989)

    Nos motores mais recentes a lubrificao dos diferentes orgos obtida conferindo ao leo uma

    dada presso sendo conduzido por condutas para os diferentes locais; a presso necessria para

    assegurar a circulao do leo atravs das condutas, para vencer as perdas de carga resultantes do seu

    escoamento e para penetrar entre as peas que exercem uma dada presso entre si; este tipo de

    lubrificao designado por lubrificao sob presso ou lubrificao forada.

    A lubrificao e a refrigerao das paredes dos cilindros so obtidas por projeco do leo dos

    moentes da cambota ou por projeco de leo atravs de injectores.

  • 6A BFigura 2- Lubrificao e refrigerao das paredes dos cilindros por projeco do leo dos moentes dacambota (A) e por um injector alimentado pela canalizao que atravessa a cambota (B).A: 1- mbolo 2- Camisa 3- Biela 4- CambotaB: 1- mbolo 2- Eixo do mbolo 3- Biela 4- Injector de leo 5- CambotaFonte: CNEEMA (1978)

    O leo armazenado num carter colocado na parte inferior do motor, de onde uma bomba de

    leo o aspira e envia, atravs de vrias condutas, para os pontos de lubrificao. Integrado no circuito de

    lubrificao encontram-se tambm vlvulas de descarga, filtros, um manmetro e, eventualmente, um

    permutador de calor.

    Figura 3- Circuito de lubrificao de um motor com um filtro montado em srie (full-flow).1- Eixo dos balanceiros 2- Manmetro 3- Filtro 4- rvore de cames 5- Cambota 6- Vlvula de descarga 7-Bomba de leo 8- Carter de leoFonte: CNEEMA (1978)

  • 73.1- O carter

    O carter, fabricado em ao ou alumnio, o reservatrio onde se acumula o leo, sendo a sua

    capacidade funo das caractersticas do motor; a sua capacidade no deve ser inferior a 0.1 l/cv, o

    que, para um dbito mnimo de 0.5 l/cv, implica que o volume total de leo seja bombeado de 12 em 12

    segundos (Deterre, 1984).

    O carter, que deve ser um reservatrio estanque, por forma a evitar perdas de leo e a entrada

    de impurezas, tem na sua parte inferior um bujo, para remoo do leo, e vrias palhetas na sua

    periferia, para aumentar a superfcie de contacto com o ar exterior, o que facilita o seu arrefecimento por

    radiao. Nos equipamentos que funcionam em declives acentuados o carter deve apresentar um

    compartimento interior, onde se encontra a conduta de aspirao, que esteja sempre parcialmente

    cheio, para que a alimentao nunca seja interrompida; h determinados motores em que o carter

    seco estando o leo armazenado num reservatrio separado.

    Considerando as variaes de volume de ar no interior do carter, resultantes, fundamentalmente,

    da passagem de gases do interior dos cilindros, que provocam aumentos de presso que podem originar

    fugas de leo ao nvel das chumaceiras, necessrio assegurar a sua ventilao. Para alm destes

    riscos, a "respirao" do carter implica a entrada de gases carregados de vapor de gua e de impurezas

    resultantes da combusto, que poluem o leo.

    Assim, para se assegurar a remoo dos gases fundamental que o carter seja ventilado para

    o que necessrio a presena de duas ligaes, uma para a entrada de ar fresco e outra para

    evacuao dos gases. A entrada de ar , normalmente, feita atravs do bujo de enchimento do carter,

    ou por uma abertura, na tampa das vlvulas, que deve ter um filtro para evitar a introduo de impurezas.

    A sada do ar e vapores feita por uma conduta exterior ou por reaspirao ao nvel do colector de

    admisso, que assegura tambm a circulao do ar.

    3.2- A bomba de leo

    A bomba de leo aspira o leo do carter atravs de uma conduta que tem na extremidade um

    filtro de rede metlica que retm as impurezas de maior dimenso. O dbito da bomba, que funo da

    potncia do motor, deve permitir, logo que o motor comea a funcionar, alimentar todos os pontos de

    lubrificao, quaisquer que seja a viscosidade do leo e o regime do motor. As bombas de leo

    utilizadas nos sistemas de lubrificao so volumtricas, ou seja, o volume de leo em cada rotao

    mantem-se constante, dependendo o seu dbito da dimenso e regime da bomba; o dbito

    independente das contra-presses ao nvel do circuito.

    As bombas de leo so, geralmente, de carretos e atingem regimes bastante elevados pois no

    tm vlvulas de admisso ou de sada. Neste tipo de bomba o dbito depende do regime de

    funcionamento e as fugas da viscosidade do leo e da sua temperatura; as fugas devem ser mnimas

    para se evitar a entrada de ar para o circuito. A presso conferida ao leo varia em funo da sua

    viscosidade e da resistncia ao escoamento; nas chumaceiras a resistncia ao escoamento depende do

  • 8binrio motor e do seu regime e nos moentes, onde se liga a cabea das bielas, estes actuam como

    "bombas centrfugas" alterando a circulao do leo e, portanto, a resistncia ao escoamento.

    A velocidade imprimida ao leo dada por estas bombas no deve ser muito alta para se evitarem

    contra-presses no sistema, nem muito baixa para que a lubrificao se faa logo que o motor se pe

    em funcionamento. Segundo Deterre (1984), a velocidade do leo de 4 m/s, sendo o binrio

    necessrio para o seu accionamento, quando o motor est frio, de 10 vezes o binrio nominal do

    motor. O perodo a seguir ao arranque a frio aquele em que o desgaste maior.

    3.3- As condutas de leo

    As condutas de leo, que podem ser exteriores ao motor ou feitas em determinadas peas

    deste, devem ter um dimetro que permita o escoamento do leo com o mnimo de perdas de carga e

    riscos de entupimento e uma alimentao rpida dos pontos a lubrificar. As condutas exteriores so

    fabricadas em cobre ou ao, e fixas por forma a evitar trepidaes; as interiores so perfuradas no bloco

    motor e na cambota.

    3.4- As vlvulas de regulao

    As vlvulas de regulao ou de descarga permitem regular o dbito e presso do circuito de

    leo; a presso varia segundo o quadrado do regime, ou seja, quando este aumenta duas vezes a

    presso aumenta quatro, o que faz com que a sua variao seja muito grande. Como necessrio uma

    presso bastante alta a baixos regimes, quando estes so elevados a presso atinge valores que podem

    provocar rupturas nas condutas, filtros ou perdas significativas de potncia.

    Assim, para se evitarem os problemas referidos, quando a presso atinge valores de 3 - 5 bar,

    as vlvulas deixam passar o leo para um circuito de retorno; o volume deste leo pode chegar a

    representar cerca de 75% do dbito da bomba (Deterre, 1984). Estas vlvulas so geralmente

    constitudas por uma esfera, que se mantm na sua sede pela presso de uma mola, mas que se abre

    quando a presso do leo suficiente para a comprimir.

    3.5- Os filtros

    Os filtros de leo tm como funo reter as impurezas que podem ser:

    - metais provenientes do desgaste do motor;

    - slica resultante da fundio de peas (bloco motor) ou aspiradas do ar e no retidas pelos filtros

    de ar;

    - impurezas diversas que penetram pelo orifcio de enchimento do carter ou pela admisso do ar;

    - resduos resultantes da combusto, de fugas do sistema de refrigerao por gua, ou dos

    permutadores de calor, etc.

  • 9A capacidade dos filtros deve ser suficientemente pequena para se encherem rapidamente

    quando da sua substituio, mas sem originar perdas de carga importantes; a presena dos filtros

    provoca perdas de carga variveis conforme a sua constituio, dbito de leo e sua viscosidade.

    Considerando a forma como os filtros so montados no circuito tem-se:

    - filtros em derivao;

    - filtros em srie.

    Quando os filtros esto colocados em derivao (paralelo), existem duas alternativas para o

    trajecto do leo, uma que conduz o leo para os pontos de lubrificao e outra que o conduz para o

    carter atravs do filtro. O volume de leo que passa no filtro representa cerca de 5 - 10% do leo do

    circuito, o que implica que uma partcula possa circular entre 10 - 20 vezes sem ser filtrada. Atendendo

    a este tipo de limitao as bombas utilizadas apresentam um dbito relativamente elevado.

    Figura 4- Circuito de lubrificao com o filtro montado em paralelo.1- Chumaceira a lubrificar 2- Manmetro 3- Filtro 4- Vlvula de descarga 5- Bomba de leoa- leo filtrado b- leo no filtradoFonte: TMA 820 (1984)

    Nos circuitos de lubrificao com os filtros em srie, tambm designados por circuitos de

    lubrificao de dbito total, todo o leo proveniente da bomba filtrado antes de atingir os orgos a

    lubrificar, pelo que a superfcie filtrante bastante elevada. Nestes circuitos, e no caso de obstruo do

    filtro, este cria uma perda de carga que provoca a abertura da vlvula de descarga, sendo o leo

    conduzido para o carter sem ser filtrado. Para evitar esta situao utiliza-se uma vlvula de derivao

    ("by-pass"), regulada para uma presso inferior vlvula de descarga, que permite conduzir o leo para

    os diferentes pontos sem passar pelo filtro; esta situao pode-se verificar, tambm, quando o leo est

    frio, em que as perdas de carga ao nvel do filtro so grandes. A passagem do leo atravs da vlvula de

    derivao, como resultado da obstruo do elemento filtrante, implica um desgaste do motor superior,

    em cerca de 30 vezes, ao desgaste verificado em condies normais de funcionamento (Deterre, 1984).

  • 10

    Figura 5- Circuito de lubrificao com o filtro montado em srie.1- Chumaceira a lubrificar 2- Vlvula de derivao 3- Filtro 4- Vlvula de descarga 5- Bomba de leo a-leo filtrado b- leo no filtradoFonte: TMA 820 (1984)

    A escolha entre a montagem dos filtros em paralelo ou srie, ou seja, entre uma filtrao parcial

    ou total, nem sempre fcil, pelo que a tendncia para se utilizarem as duas solues. A porosidade

    dos filtros montados em srie , para se diminurem as perdas de carga, de 40 m, pelo que as

    partculas de 10 m, que j provocam um desgaste importante, no so retidas; esta soluo deve ser

    complementada com um filtro em paralelo, que tem uma malha suficientemente apertada para reter as

    impurezas com aquela dimenso.

    Ensaios efectuados por uma marca conhecida de filtros para testar as diferentes solues de

    montagem, deram os resultados apresentados na figura 6.

    Figura 6- Comparao entre os desgastes (%) observados em diferentes partes do motor comdiferentes tipos de montagem de filtros.1- Camisas 2- Casquilhos da cambota 3- Casquilhos da biela 4- mbolosA- Sem filtros B- Filtros montados em paralelo C- Filtros montados em srieFonte: TMA N 822 (1984)

    Atendendo s caractersticas dos filtros estes so identificados em funo de vrios aspectos,

    nomeadamente:

    - dimenso e natureza das partculas a reter;

    - caractersticas do leo, especialmente a viscosidade a quente e frio;

    - nvel de filtrao a obter, que funo da tecnologia do motor, do tipo de admisso, das perdas

    de carga admissveis na passagem do filtro, o tipo de circuito adoptado (srie ou paralelo), etc.;

  • 11

    - condies de utilizao;

    - periocidade das manutenes;

    - potncia do motor;

    - dbito da bomba;

    - etc.

    Assim, e considerando os aspectos enunciados, os filtros podem ser divididos em:

    - filtros de papel;

    - filtros centrfugos;

    - filtros magnticos.

    3.5.1- Filtros de papel

    Os filtros de papel so caracterizados por o elemento filtrante (cartucho) ser constitudo por

    papel impregnado de resina, em que a superfcie de filtrao proporcional ao seu dbito, e por uma

    armadura metlica perfurada envolvente. O elemento filtrante pode ser substituvel (filtro com elemento

    filtrante substituvel) ou formar um conjunto com o corpo do filtro (filtro de leo monobloco), que se

    enrosca directamente no bloco motor. No primeiro caso apenas o elemento substituvel e no segundo

    todo o conjunto.

    Figura 7- Representao de um corte de um filtro com elementofiltrante substituvel (A) e de um filtro de leo monoblocoA:1- Vlvula de derivao 2- Entrada de leo 3- Sada de leo 4-Corpo do filtro 5- Juntas 6- Papel filtrante 7- Armadurasmetlicas 8- Campanuda 9- Elemento filtrante 10- Mola 11-Parafuso de fixao B: 1- Bloco motor 2- Elemento filtrante

    monobloco 3- Vlvula de derivao 4- Sada do leo para as diferentes partes do motor 5- Papel filtrante6- Rosca 7- Junta do filtro 8- Chegada de leoFonte: CNEEMA (1978)

    No seu trajecto o leo entra pela periferia e sai pelo centro do cartucho, ou seja, circula do

    exterior para o interior do filtro. entrada deste existe uma vlvula anti-retorno que evita que o leo

  • 12

    regresse bomba quando o cartucho est colocado a um nvel elevado e com o orifcio de entrada de

    leo para baixo. Os cartuchos filtrantes so submetidos a vrios tipos de testes tendo em considerao

    os seguintes aspectos:

    - presso a que pode ser sujeito o elemento filtrante e a carcaa (campnula);

    - variaes bruscas (pulsaes) de presso;

    - vibraes, especialmente nas zonas de ligao do cartucho carcaa;

    - da estanquecidade da vlvula anti-retorno;

    - a filtragem dos aditivos do leo;

    - a progressividade da abertura da vlvula de segurana do filtro;

    - a resistncia do papel temperatura, fogo e humidade.

    3.5.2- Filtros centrfugos

    Os filtros centrfugos utilizam a velocidade de circulao do leo e a forma da trajectria do

    fludo para, a partir da massa das impurezas, fazer a sua separao do leo. Estes filtros so de dois

    tipos, os giratrios e os fixos.

    Figura 8- Representao de um conjunto de dois filtros centrfugos, umdo tipo giratrio e outro do tipo fixo.A- Filtro centrfugo giratrio B- Filtro centrfugo fixo1- Cuba rotativa 2- Pulverizador 3- Sada de leo do filtro giratrio 4-Sada de leo do filtro fixo para o circuito 5- Entrada de leo 6-Separao das partculas em suspenso no leoFonte: TMA N 822 (1984)

    Os filtros giratrios tm uma cuba, cheia de leo, que gira

    como reaco ao dbito de leo que sai a grande velocidade de dois

    pulverizadores diametralmente opostos; o regime da cuba depende do

    dimetro dos orifcios dos pulverizadores e da sua distncia assim

    como da viscosidade e temperatura do leo. Como resultado do

    movimento da cuba as impurezas do leo so centrifugadas, ficando

    "coladas" sua parede, saindo o leo filtrado pelos pulverizadores.

    Os filtros centrfugos fixos, do tipo ciclone, tm um corpo em

    forma de cone invertido ao qual chega o leo, segundo uma trajectria

    tangencial, saindo filtrado pela parte superior central; o movimento de

    rotao a que o leo sujeito obriga deposio das impurezas no

    fundo do corpo.

    Como se pode observar na figura 8, as duas solues anteriores podem ser utilizadas ao

    mesmo tempo, pois o leo filtrado proveniente do filtro fixo vai para o circuito de lubrificao e o que

    contem impurezas conduzido para o giratrio para ser filtrado.

  • 13

    3.5.3- Filtros magnticos.

    Os filtros magnticos apresentam vrios discos magnetizadas que atraem as partculas

    metlicas em suspenso no leo.

    3.6- O permutador de calor

    Os permutadores de calor so, normalmente, utilizados nos motores de grande potncia, ou

    nos motores em que a refrigerao do leo insuficiente, e tm como funo dissipar o calor absorvido

    pelo leo durante o seu trajecto no circuito de lubrificao; os permutadores so fundamentais nos

    motores sobrealimentados devido existncia de partes do motor com temperaturas muito elevadas.

    Nos motores mais rotativos dos tractores (2200 - 2500 rpm) o leo motor atinge temperaturas de

    100 oC, podendo mesmo, em condies desfavorveis, chegar aos 140 oC, o que favorece a sua

    oxidao devido ao contacto com o ar e vapor de gua resultantes da combusto e acidificao com os

    produtos cidos, resultantes da combusto imcompleta do gasleo e da formao de compostos

    oxigenados de enxofre e azoto.

    Relativamente sua colocao no motor pode ser interior ou exterior, sendo a sua constituio

    baseada num conjunto de tubos colocados num carter, no interior do qual circula o lquido de

    refrigerao que aquece em contacto com o leo, sendo depois o calor dissipado no radiador.

    Considerando a posio relativamente ao circuito de lubrificao, os permutadores podem ser

    montados em paralelo (derivao) ou em srie. No primeiro caso, o permutador alimentado atravs de

    um termstato que evita que o leo o atravesse quando a sua temperatura seja baixa; o permutador s

    atravessado pelo leo quando este atinge os 70 oC. Esta situao evita perdas de carga elevadas pois,

    por exemplo, a perda de carga de 0.1 bar originada num permutador quando o leo est a 80 oC, sobe

    para os 8 bar quando a temperatura baixa para 0 oC.

    Quando o permutador est montado em srie atravessado pelo leo, mesmo quando este est

    frio; neste caso, o lquido de refrigerao que aquece mais rapidamente que o leo faz com que este

    atinja mais depressa a temperatura de funcionamento. Neste tipo de montagem, e na situao em que a

    gua aquece o leo, o filtro de leo deve estar colocado depois do permutador, para que a temperatura

    daquele seja a mais alta possvel, diminuindo-se assim as perdas de carga; na situao contrria, ou

    seja, quando a gua refrigera o leo, o filtro deve estar antes do permutador.

    Nos motores refrigerados a ar a presena dos permutadores mais importante que nos motores

    refrigerados a gua, sendo naqueles casos a perda de calor verificada num radiador ar-leo.

  • 14

    Figura 9- Circuito de lubrificao com permutador de calor de um motor refrigerado por ar.1- Corrente de ar proveniente da turbina 2- Sada de leo 3- Bomba de leo 4- Radiador do leo 5-Vlvula de descarga 6- Filtro de leo 7- Filtro de rede metlica 8- Carter do leoFonte: CNEEMA (1978)

    3.7- Os orgos de controlo e de segurana

    Os orgos de controlo e de segurana permitem ao operador conhecer o estado de

    funcionamento do sistema de lubrificao e indicar o aparecimento de qualquer anomalia.

    O primeiro elemento de controlo a vareta do leo onde se encontra gravado o "mn" e o "mx"

    ou seja, o nvel mnimo e mximo que o leo deve ter no carter.

    Outro elemento o indicador de presso que pode ser um manmetro ou um avisador luminoso.

    O manmetro, que pode ser mecnico ou elctrico, indica o valor da presso do leo na conduta

    principal do bloco; os manmetros mecnicos (clssicos) tm uma pea deformvel em funo da

    presso do leo, que est ligada a uma agulha de leitura; o sistema elctrico constitudo por um

    captor que transforma a presso do leo num sinal elctrico, que transmitido a um receptor, colocado

    no painel de controlo, que converte esse sinal numa indicao visual.

    O avisador luminoso compreende um captor calibrado com um dado valor, semelhante a um

    interruptor, que accionado pela presso do leo; se a presso desce para alm de um valor mnimo, o

    interruptor fecha-se deixando passar corrente elctrica que acende uma lmpada colocada no painel de

    instrumentos.

    4- Os sistemas de lubrificao dos motores a dois tempos a gasolina

    A lubrificao dos motores a dois tempos pode ser feita misturando leo ao combustvel ou

    utilizando um circuito de leo separado.

    4.1- Lubrificao com mistura prvia de leo

    Este tipo de lubrificao implica que haja uma mistura prvia de leo com o combustvel, 2 a 5

    % de leo, e que este esteja perfeitamentee misturado com aquele e que conserve as suas

  • 15

    caractersticas; considerando que o leo aumenta o teor de resduos carbonosos h tendncia para

    utilizar concentraes baixas ( 2 - 3 %), devendo, nestes casos, preparar muito bem a mistura, utlizar

    leos prprios para esse feito e ter em ateno a refrigerao do motor.

    Figura 10- Lubrificao de um motor a dois tempos em que o leo misturado com a gasolina1- Deposio do leo 2- Entrada de gasolina + leoFonte: CEMAGREF (1989)

    4.2- Lubrificao com circuito de leo separado

    Os motores em que a lubrificao efectuada com um circuito de leo separado utilizam

    gasolina normal ou super sendo a mistura feita no colector de admisso.

    Figura 11- Lubrificao de um motor com circuito de leo separado1- Comando do combustvel e leo 2- Comando do dbito de leo 3- Difusor do leo 4- Reservatrio doleo 5- Ar 6- Gasolina 7- Bomba de leo 8- DoseadorFonte: CEMAGREF (1989)

  • 16

    5- Os lubrificantes

    Se por um lado o mundo em que vivemos no podia subsistir sem a existncia dos fenmenos

    de atrito, de tal forma a estabilidade dos materiais, ou a possibilidade de movimentos controlados, dele

    dependem, por outro lado no se pode conceber o funcionamento de nenhuma mquina, desde o mais

    minsculo mecanismo ao maior tractor de centenas de cavalos de potncia, sem se admitir a existncia

    de meios para reduzir o atrito, isto , de lubrificao.

    Os lubrificantes so, portanto, elementos vitais e indispensveis ao funcionamento das

    mquinas, sendo a lubrificao um problema universal no campo da tcnica e, mais do que isso, um

    problema permanente.

    Alm da funo primria de reduzir as foras de atrito ou resistncias parasitas o lubrificante

    pode desempenhar simultaneamente outras funes igualmente importantes, tais como:

    - combater o desgaste e a corroso dos orgos das mquinas;

    - participar no equilbrio trmico do sistema;

    - contribuir para a obteno da estanquecidade de gases ou lquidos;

    - transporte das impurezas e detritos resultantes do trabalho da mquina por meio da sua

    circulao e reteno nos sistemas de filtragem.

    Do conjunto destas funes resulta como efeito da tcnica de lubrificao:

    - economia da fora motriz;

    - maior perfeio na qualidade dos produtos acabados (manufacturas) ou de servios prestados

    (transportes);

    - reduo dos perodos de imobilizao no produtiva (menor durao e frequncia de perodos

    de paragem para manuteno das mquinas);

    - reduo das verbas de amortizao (maior durao das mquinas).

    Desde que os sistemas de lubrificao sejam convenientemente estudados e os lubrificantes

    criteriosamente escolhidos, pode-se tudo resumir num nico resultado:

    - menores preos e maior produtividade da mquina.

    Alm da lubrificao propriamente dita, os leos minerais da famlia dos lubrificantes, so

    utilizados para outros fins, tais como:

    - fludos hidrulicos em sistemas de transporte de energia (transmisses ou telecomandos);

    - tratamentos trmicos de metais;

    - dielctricos e refrigeradores em aparelhagem elctrica (transformadores, disparadores

    automticos, etc.);

  • 17

    - meios de suspenso de poeira e impurezas (filtros de ar) ou como absorventes.

    5.1 - Atrito e lubrificao

    Pode-se definir atrito como a resistncia que se ope ao movimento relativo de duas superfcies,

    real ou virtualmente em contacto.

    Quando duas superfcies comprimidas uma contra a outra so animadas de um movimento

    relativo de translao desenvolve-se, em cada uma delas, foras tangenciais ou de atrito que se opem

    ao movimento e que, de um modo geral, se procuram reduzir ao mnimo. Estas resistncias que se

    opem ao movimento provocam o desgaste das superfcies e absorvem uma quantidade substancial de

    energia, quase integralmente transformada em calor e irremediavelmente perdida.

    Quando entre as superfcies em movimento relativo no h interposio de lubrificante diz-se

    que o atrito seco ou directo, obedecendo ento o fenmeno s leis de Coulombs.

    Quando, pelo contrrio, se interpe um lubrificante entre as superfcies em movimento relativo,

    diz-se que o atrito indirecto. O lubrificante em parte adsorvido pelas superfcies em contacto dando

    origem formao de uma pelcula de grande tenacidade.

    Se a folga existente entre as duas superfcies extremamente pequena, a pelcula formada

    pode-se considerar como constituda unicamente por molculas adsorvidas e diz-se que o atrito

    indirecto untuoso ou imperfeito. Se a folga permite a existncia ou formao de uma camada

    lubrificante com espessuras mnimas, da ordem de grandeza dos dcimos ou centsimos de milmetro,

    tem lugar um atrito viscoso, perfeito ou hidrodinmico; este escorregamento, que no se distingue de

    outras formas de escorregamento lquido em regime laminar, obedece s leis da hidrodinmica.

    5.1.1 - Atrito indirecto perfeito (viscoso)

    A teoria hidrodinmica de lubrificao, isto , quando a lubrificao envolve a separao

    completa de superfcies em movimento relativo por interposio de uma camada de lubrificante, pode ser

    facilmente compreendida considerando o mecanismo da formao da camada no caso de um moente e

    respectiva chumaceira, ou seja, o caso de duas superfcies cilndricas.

    A figura 12 mostra esquematicamente um moente (M) em repouso sobre uma chumaceira (C),

    sendo (F) a folga entre estes dois orgos. A folga necessria para permitir a formao da cunha de

    leo que vai servir de apoio ao moente; a sua representao est muito exagerada na figura 12 para

    maior clareza. Na representao feita supe-se a carga vertical tal como indicado pela seta pois, em

    repouso, todo o lubrificante foi expulso da zona de assentamento.

    Quando se inicia a rotao, com o espao de folga repleto de leo, o moente tem, numa

    primeira fase, tendncia a rolar sobre a superfcie da chumaceira e assumir a posio indicada na figura

    13, devido a tratar-se de atrito seco e ser menor no caso de rolamento do que no de escorregamento.

  • 18

    Figura 12 Figura 13Fonte: Shell (1956)

    A excentricidade que ento se verifica tende a obrigar o moente a voltar posio primitiva,

    embora a folga na zona de assentamento esteja agora preenchida com leo.

    Com o movimento de rotao o leo comea a ser arrastado pelo moente e a ser comprimido na

    zona de carga da figura 13 at que se cria uma presso hidrulica suficiente para provocar a separao

    dos orgos que assumem a posio indicada na figura 14. Como, no entanto, do lado esquerdo existe

    uma zona de compresso e do lado direito uma zona de depresso a posio de equilbrio final ser a

    indicada na figura 15.

    Figura 14 Figura 15C- Chumaceira F- Folga M-MoenteFonte: Shell (1956)

    Em regime de funcionamento o diagrama de presses apresentar a forma indicada na figura

    16, sendo de notar a existncia de uma pequena zona de depresso que vai condicionar a alimentao

    do leo.

  • 19

    Nestas condies poder-se- afirmar que a resistncia ao movimento, ou o atrito, depende

    apenas de trs factores:

    - viscosidade do leo;

    - velocidade de rotao;

    - carga aplicada.

    A viscosidade do lubrificante, apresenta-se, assim, como a caracterstica fsica mais importante

    do lubrificante quando se torna necessrio fazer a sua escolha.

    Figura 16- Diagrama de presses num moenteFonte: Shell (1956)

    5.1.2- Atrito indirecto imperfeito (untuoso)

    No so ainda bem conhecidos os

    fenmenos que ocorrem neste regime de

    lubrificao. A untuosidade no uma

    propriedade mensurvel podendo-se descrever

    como sendo a propriedade que condiciona a

    lubrificao quando a camada de lubrificante se

    reduz a valores mnimos; pode ser apreciada

    pela sensao de escorregamento que se

    experimenta quando se comprime uma gota de

    leo entre os dedos.

    Admite-se uma adsorpo de

    molculas polares por parte das superfcies dando origem formao de uma pelcula de espessura uni-

    molecular fortemente aderente. Numa imagem grosseira poderamos dizer que, em virtude da orientao

    assumida pelas molculas devido s suas propriedades polares, a pelcula assume o aspecto de uma

    escova cujos plos seriam as molculas de cadeia longa ligadas superfcie metlica por uma das

    extremidades.

    Nestas condies o escorregamento deixa de se dar entre as superfcies metlicas passando a

    estar em contacto as pelculas de molculas orientadas ou as camadas moleculares intermdias,

    tambm orientadas em maior ou menor grau.

    de notar que dadas a grande irregularidade de uma superfcie, medida escala molecular, por

    mais cuidado que seja o seu acabamento, quando se fala em lubrificao sem camada fluda de

    lubrificante tal se entende para a concordncia das salincias das superfcies. Precisamente nos pontos

    em que existe essa concordncia que se passam em toda a sua pureza os fenmenos de

    untuosidade, porquanto a espessura da camada de lubrificante, que a pode apresentar o mnimo da

  • 20

    dimenso de duas molculas, varia at valores muito maiores, impedindo, no entanto, a formao de

    uma veia contnua que possa assegurar uma lubrificao hidrodinmica.

    A untuosidade depende da natureza do par lubrificante - metal como consequncia da afinidade

    dos centros polares dos primeiros em relao aos segundos. No que diz respeito ao lubrificante, a sua

    untuosidade ser tanto mais acentuada quanto maior for o nmero de molculas polares, pelo que

    possvel melhorar as condies de um dado leo mineral misturando-o com outras substncias como,

    por exemplo, certos leos vegetais ou animais que podem ser quase integralmente constitudos por

    molculas com propriedades polares.

    5.2 - Propriedades genricas dos lubrificantes

    Os leos lubrificantes tm sido preparados com ramas petrolferas das mais variadas

    provenincias do globo terrestre. Como seria de esperar, as caractersticas fsicas, e o grau de

    rendimento operacional e quantitativo dos lubrificantes fabricados a partir de tais ramas, apresentam

    diferenas considerveis.

    Estes leos so obtidos com base na parte mais viscosa das ramas, depois de separada, por

    destilao, o gasleo e outros produtos mais leves. Podem tambm ser produzidos por sntese, partindo

    dos hidrocarbonetos mais leves provenientes das ramas e incluindo ainda elementos orgnicos no

    derivados dos produtos petrolferos. Os leos sintticos tm boas qualidades de atrito, boa resistncia

    ao calor e presso, tendo, no entanto, um preo elevado. Quando considerados pelo volume, uma

    esmagadora maioria dos leos lubrificantes produzidos em todo o mundo provm directamente de

    ramas, sob a forma de seus destilados, ou produtos residuais.

    Muito embora as ramas petrolferas das vrias partes do mundo difiram imenso, tanto nas suas

    propriedades como na aparncia, so relativamente poucas as diferenas detectadas por anlise

    elementar. De facto, as amostras de petrleo bruto provenientes das mais variadas origens provam

    conter carbono, em propores que variam de 83 a 87% e hidrognio de 14 a 11%. As anlises

    elementares de ramas petrolferas revelam muito pouco da enorme variedade de propriedades fsicas e

    qumicas que possuem, ou da natureza dos leos lubrificantes que se podem preparar com elas. Os

    leos minerais pertencentes srie parafnica tm boa resistncia ao atrito mas fracas prestaes a

    baixas temperaturas, os da srie naftnica tm menor resistncia ao atrito e os aromticos so mais

    fludos pois so obtidos de produtos mais refinados.

    As propriedades dos lubrificantes podem ser classificadas em quatro grupos:

    - fsicas;

    - fsico-qumicas;

    - qumicas;

    - mecnicas.

  • 21

    Tem-se sempre procurado traduzir em valores as caractersticas de qualidade de um

    lubrificante, ou, pelo menos, arranjar mtodos de ensaio normalizados que permitam determinar se um

    dado lubrificante satisfaz, ou no, dados requisitos, verificao essa que feita pela anlise de

    resultados directos ou indirectos.

    Em muitos casos um conjunto de propriedades so suficientes para identificar um leo, embora,

    cada vez mais, nos afastemos da possibilidade de assegurar, pela simples anlise fsica e qumica de

    um leo, que ele garanta idnticos resultados quando da sua utilizao.

    Por outro lado, em grande nmero de casos conhecem-se os conjuntos de caractersticas

    necessrias e suficientes que um lubrificante deve possuir para satisfazer os requisitos do regime de

    trabalho.

    Com a recente evoluo verificada no trabalho e produo de leos lubrificantes para fins

    especiais, sobretudo no que respeita lubrificao de mquinas, cuja concepo obriga a rduos

    regimes de funcionamento, torna-se necessria a verificao experimental do comportamento dos leos

    em condies de trabalho padro, ou mesmo da verificao dos resultados obtidos em casos

    especficos. Subsiste, no entanto, o interesse de determinar e conhecer algumas das propriedades

    fundamentais para identificao dos leos. A par disso o conhecimento de outras propriedades permite

    e facilita a compreenso da funo desempenhada pelo leo.

    Entre as propriedades mais importantes dos leos tem-se:

    - grau de viscosidade;

    - ndice de viscosidade;

    - ponto de inflamao;

    - ponto de congelao;

    - resduos carbonosos;

    - estabilidade oxidao.

    5.2.1- Grau e ndice de viscosidade

    Pode-se definir grau de viscosidade de um leo a uma dada temperatura, como a resistncia

    oposta pelo leo a qualquer escorregamento interno das suas molculas. A viscosidade varia com a

    temperatura, presso e natureza do lquido, sendo uma caracterstica que depende das condies de

    trabalho, e que definida por duas grandezas fsicas, ou seja, pela sua viscosidade dinmica e

    viscosidade cinemtica.

  • 22

    Figura 17- Representao esquemtica de um viscosmetro1- Trao superior 2- Bolbo 3- Trao inferior 4- Tubo capilarFonte: CNEEMA (1978)

    A viscosidade dinmica medida com um viscosmetro rotativo que

    determina o binrio resistente criado pelo leo introduzido entre um estator e um

    rotor que tem uma velocidade de rotao constante; a unidade de medio

    mPa.s. A viscosidade cinemtica mede-se a partir do tempo de escoamento de um

    dado volume de leo, mantido a uma determinada temperatura, atravs de um

    orifcio de dimetro conhecido; a unidade de medio o mm2/s.

    A viscosidade poder ainda ser expressa em centipoise (cP) - viscosidade

    dinmica - que se relaciona com a viscosidade cinemtica pela massa volmica do

    leo temperatura de medio; a viscosidade cinemtica pode ser expressa em

    centistokes (cSt).

    Outras unidades tais como, Segundos Saybolt, Segundos Redwood,

    Graus Engler, etc. foram em tempo utilizadas e representavam o tempo de

    escorrimento dos leos medidos em aparelhos (viscosmetros) do mesmo nome.

    A escolha dum leo para determinada operao, tem sempre como ponto de partida a sua

    viscosidade, que tem que ser suficientemente elevada para assegurar uma pelcula lubrificante e

    bastante baixa para que as perdas por atrito prprio no sejam excessivas. Dado que a viscosidade do

    lubrificante se altera com variaes trmicas, torna-se necessrio tomar em conta a temperatura que o

    leo atingir quando a mquina se encontra em funcionamento.

    Figura 18- Variao da viscosidade com a temperaturaFonte: CNEEMA (1978)

  • 23

    O ndice de viscosidade (V.I.) de um leo um valor emprico que estabelece uma relao entre

    a variao que a sua viscosidade sofre com a temperatura, e as variaes idnticas de dois leos de

    referncia, um relativamente sensvel (V.I.=0) e outro relativamente insensvel (V.I.=100), tomando-se

    como base as viscosidades medidas s temperaturas de 100 e 210 oF (37,8 e 98,9 oC). O leo com

    baixo ndice de viscosidade proveniente do Golfo do Mxico e o de alto ndice da Pensilvnia (centro

    dos EUA). possvel, no entanto, produzir leos mais sensveis temperatura do que os que se

    encontram abrangidos pela referncia V.I.=0, e outros menos sensveis do que os que figuram com a

    referncia V.I.=100, devido, sobretudo, introduo de novos aditivos, obtendo-se assim valores de

    ndice de viscosidade abaixo de zero ou acima de 100, respectivamente.

    Figura 19- Clculo do ndice de viscosidadeFonte: Shell (1956)

    Em resumo, a viscosidade de todos os leos diminui com o aumento de temperatura, mas nos

    leos com alto ndice de viscosidade aquela no varia tanto como nos que tm um baixo V.I., para

    idnticas amplitudes de variao.

    5.2.2- Ponto de inflamao

    O ponto de imflamao d indicao de qual a temperatura mnima em que h risco de

    inflamao do lubrificante. Pode dar indicao da natureza do leo base ou, conhecida esta, mostrar a

    existncia de contaminao pois depende unicamente de existncia de compostos mais volteis que

    possam ser libertados quando atingida determinada temperatura. Esta caracterstica poder limitar as

    temperaturas mximas de utilizao do leo embora, em muitos casos, como por exemplo nos

    motores, a temperatura a que est sujeito o lubrificante seja, em alguns pontos, muito superior.

  • 24

    5.2.3- Ponto de congelao

    Com o abaixamento da temperatura a viscosidade de um leo aumenta at atingir por fim um

    estado de rigidez prximo do estado slido.

    Figura 20- Determinao do ponto de congelaoFonte: CNEEMA (1978)

    Este ponto no tem um valor absoluto porquanto o ensaio feito com o leo em repouso

    podendo os resultados serem diferentes em estado de agitao. Tem interesse, sobretudo, para

    sistemas que trabalhem a baixas temperaturas, como, por exemplo, o caso dos comandos hidrulicos

    dos avies, as instalaes frigorficas ou, de um modo geral, em regies de baixa temperatura.

    Note-se que, por exemplo, no caso dos motores, limitao imposta pelo ponto de

    congelamento, sobrepe-se as propriedades de viscosidade, pois, para garantir a lubrificao, a

    viscosidade no pode ser inferior a valores mnimos, que correspondem a temperaturas muito acima do

    ponto de congelao.

    5.3 - Aditivos

    O progresso conseguido na concepo das mquinas tem obrigado, e resultado, da evoluo

    da tcnica de lubrificao. A produo de lubrificantes capazes de suportar condies cada vez mais

    rduas de trabalho permitiu aos construtores considerveis melhorias dos rendimentos das mquinas, e

    tambm na economia da produo.

    A vastido deste campo no permite seno assinalar os tipos de aditivos e as funes a que se

    destinam; os aditivos tm a propriedade de, a altas temperaturas, distenderem as molculas que, ao

    interligarem-se, abrandam o escorrimento do lubrificante, mantendo relativamente elevada a viscosidade.

  • 25

    So correntes as designaes de "heavy-duty", "detergentes", etc., no sendo sempre das

    mais correctas, as denominaes aplicadas. Outras nomenclaturas h tambm em que o sentido ou a

    classificao foi deturpada.

    Numa classificao sumria pode-se dizer que os aditivos se destinam a uma das seguintes

    funes:

    - de proteco;

    - de limpeza;

    - de alterao da sensibilidade do leo.

    Aditivos de proteco:

    - aditivos de untuosidade, melhoram a aderncia do filme de leo;

    - aditivos de extrema - presso (EP), combinam-se com a superfcie do metal para formar uma

    pelcula escorregadia que evita a gripagem das peas sujeitas a grandes presses e

    temperaturas. As substncias mais utilizadas nestes aditivos so compostos de enxofre, cloro

    ou fsforo-zinco, que atacam as irregularidades das superfcies formando compostos facilmente

    destacveis, dando origem a um filme slido inorgnico muito tenaz;

    - aditivos antidesgaste, reduzem o desgaste rpido das peas provocado fundamentalmente pelo

    enxofre. Estes aditivos eleminam o degaste que resulta do rompimento do filme de lubrificante,

    ficando as superfcies metlicas em contacto directo. Na sua constituio entram

    principalmente compostos orgnicos base de fsforo, que ao reagirem com as superfcies

    metlicas formam um estrato superficial de lubrificante slido;

    - aditivos antiferrugem, evitam a oxidao das peas fabricadas com metais ferrosos;

    - aditivos anticorroso, neutralizam os cidos corrosivos derivados do cido sulfrico resultante

    do enxofre existente nos combustveis, formando uma pelcula protectora.

    Aditivos de limpeza:

    - aditivos detergentes e dispersantes, mantm o motor mais limpo pois retm em suspenso os

    resduos resultantes da combusto, carbono e impurezas. Os aditivos detergentes soltam ou

    impedem a formao de produtos de oxidao (gua, resinas, etc.) que tendem a depositar-se

    nas superfcies metlicas, dada a sua insolubilidade nos lubrificantes, mantendo-as em

    suspenso e os dispersantes mantm as partculas em suspenso afim de as conduzir para os

    filtros antes que elas se depositem;

    Aditivos de alterao de sensibilidade:

    - aditivos de adesividade para melhorar a coeso das partculas do leo;

    - aditivos para diminuir o ponto de congelao por forma a facilitar o arranque a frio do motor;

  • 26

    - aditivos para melhorar a viscosidade tornando o leo menos sensvel variao da temperatura;

    - aditivos anti-emulsionantes, que favorecem a ruptura do filme de leo que envolve as bolhas de

    ar;

    - aditivos antioxidantes, que impedem a oxidao do leo a altas temperaturas sobre as partes

    quentes do motor. A oxidao do leo provoca depsitos (resinas, vernizes, etc.) sobre os

    mbolos originando produtos agressivos s chumaceiras e moentes;

    - aditivos para melhorar o cheiro e a cor, por forma a identificar os leos ou evitar falsificaes.

    O conhecimento das condies a que os lubrificantes esto sujeitos nos motores permite a

    compreenso da aco destes aditivos, o que se procurar conseguir atravs das breves referncias que

    adiante se fazem sobre lubrificao nos motores de exploso.

    5.4 - Lubrificantes para motores de quatro tempos

    Os leos motor so classificados em funo da sua viscosidade e das condies de servio,

    capazes de retardar o desgaste do motor.

    5.4.1- Classificao com base na viscosidade

    Nos motores alternativos, a viscosidade do leo o factor mais importante no respeitante a

    desgaste, estanquecidade, economia de lubrificante, formao de depsitos e um factor a considerar

    quanto facilidade com que pode ser feito o arranque do motor.

    O ndice de viscosidade de um leo lubrificante no tem grande significado quando se destina a

    motores que no estejam sujeitos a frequentes arranques a baixas temperaturas. Em vez desse, o

    maior problema dispor de uma viscosidade adequada s temperaturas normais de regime para

    assegurar a formao de pelculas que evite contactos metlicos e, portanto, desgaste e assegurar um

    consumo reduzido de leo; as normas de viscosidade determinam o grau de viscosidade e o ndice de

    viscosidade. Uma viscosidade excessiva, a baixas temperaturas, contribui para um arranque difcil

    provocando dispndio intil de combustvel e desgaste.

    Assim, e em resumo, uma viscosidade elevada tem uma influncia favorvel sobre:

    - a estanquecidade entre os mbolos e os cilindros e mantem um filme de leo com uma

    espessura suficiente e contnua, resistente s altas presses que se fazem sentir no topo dos

    mbolos;

    - a reduo do consumo de leo, conservando uma certa liberdade de movimento aos

    segmentos nas suas sedes;

  • 27

    e desfavorvel sobre:

    - a rapidez de circulao e portanto da lubrificao imediata das peas e sobre a refrigerao

    dos orgos mais afastados e mais quentes (eixo dos mbolos, guias das vlvulas, etc.);

    - a energia absorvida para o pr em movimento, especialmente a baixas tempeeraturas.

    O sistema oficial, geralmente aceite, para classificar leos para motores, apenas no que se

    refere viscosidade, o recomendado pela Sociedade de Engenheiros de Automveis (Society of

    Automotive Engineers - SAE); embora criado h anos para motores, hoje o seu emprego no se

    restringe queles.

    Segundo esta classificao os leos dividem-se em duas sries (classes), conforme a

    temperatura a que determinada a viscosidade, em leos de Inverno, referenciados pela letra W, que

    a inicial da palavra inglesa "Winter" e leos de Vero, tendo cada uma delas vrios graus, definidos por

    gamas de viscosidade determinadas a uma dada temperatura.

    Nos leos de Inverno determina-se a viscosidade dinmica a temperaturas compreendidas entre

    -5 e - 30 oC, e nos de Vero determina-se a viscosidade cinemtica a 100 oC.

    O objectivo essencial dos leos de Inverno garantir uma fluidez suficiente que facilite o

    arranque dos motores a temperaturas muito baixas e a classificao dos leos de Vero o de definir

    leos que apresentem uma viscosidade suficiente nas condies normais de utilizao.

    Quadro 1- Especificaes SAE para os leos motor da srie de Inverno

    Grau SAE

    Viscosidade dinmica mxima

    mPa.s a oC

    Temperatura de

    bombagemoC

    Viscosidade

    mnima a 100 oC

    (mm2/s)

    0 W

    5 W

    10 W

    15 W

    20 W

    25 W

    3250

    3500

    3500

    3500

    4500

    6000

    - 30

    - 25

    - 20

    - 15

    - 10

    - 5

    - 35

    - 30

    - 25

    - 20

    - 15

    - 10

    3.8

    3.8

    4.1

    5.6

    5.6

    9.3Fonte: CEMAGREF (1991)

  • 28

    Quadro 2- Especificaes SAE para os leos motor da srie de Vero

    Grau SAE Viscosidade cinemtica a 100 oC

    mm2/s

    20

    30

    40

    50

    60

    5.6 - 9.3

    9.3 - 12.5

    12.5 - 16.3

    16.3 - 21.9

    21.9 - 26.1Fonte: CEMAGREF (1991)

    Cada nmero S.A.E. corresponde a uma certa amplitude de viscosidade com limites expressos

    em milipascal - segundo (mPa.s) ou milmetro quadrado por segundo (mm2/s) - viscosidade dinmica e

    viscosidade cinemtica, respectivamente. A viscosidade medida nos leos de Inverno (viscosidade

    dinmica) e de Vero (viscosidade cinemtica) implica que, por exemplo, um leo SAE 20 W no tenha

    a mesma viscosidade que um leo SAE 20; 1 mPa.s = 1 cP e 1 mm2/s = 1 cSt

    A viscosidade de um leo tanto mais alta quanto maior o nmero S.A.E., assim, um leo

    S.A.E. 30 mais viscoso que um leo S.A.E. 20 e um leo S.A.E. 20W mais viscoso que um leo

    S.A.E. 10W.

    Deste sistema de classificao resulta que, por exemplo, no possvel um leo ter a

    designao S.A.E. 20 e S.A.E. 40 simultaneamente, uma vez que os seus limites de viscosidade

    referidos a 98,9 oC no se sobrepem. Um leo pode, no entanto, ser ao mesmo tempo S.A.E. 20W e

    S.A.E. 40 (classificado na srie de Inverno e na srie de Vero) tomando ento a designao de leo

    multigraduado; tem um grau de viscosidade a baixa temperatura e outro grau a quente.

    Os leos multigrades constituem uma categoria particular dos leos motores uma vez que so

    sempre designados por dois nmeros S.A.E. apresentando-se contrados num s: S.A.E. 10W/30, que

    designa um leo de alto ndice de viscosidade ao ponto de se manter suficientemente fludo a - 20 oC -

    S.A.E. 10W - e no muito viscoso a 100 oC - S.A.E. 30. Um leo SAE 50 a altas temperaturas mais

    fludo que um SAE 5 W a baixas temperaturas, pelo que um leo multigraduado SAE 5 W / 50 ao

    passar de -18 oC para 99, torna-se mais fludo apesar do seu grau passar de 5 (com W) para 50.

    Os leos multigraduado tm por base um leo de Inverno ao qual se juntaram aditivos

    espessantes (viscosidade) que actuam quando a temperatura sobe, o que permite obter ndices de

    viscosidade que variam de 90 a 180. Um leo multigraduado satisfaz simultaneamente as exigncias de

    utilizao a baixas e altas temperaturas, pelo menos sob o ponto de vista da viscosidade, o que permite

    um fcil arranque a baixas temperaturas e manter um filme de leo entre as peas a altas temperaturas.

  • 29

    Figura 21- Comparao da variao da viscosidade a baixa e alta temperatura de trs leosmultigraduados. O leo SAE 10 W / 50 tem um ndice de viscosidade mais elevado. Nos eixos dos YYest representado o tempo de escoamento, em segundos.Fonte: CNEEMA (1978)

    Quadro 3- ndice de viscosidade dos leos multigraduados

    Classificao S.A.E. ndice de viscosidade mnimo (*)

    5W 20

    5W 30

    5W 40

    5W 50

    10W 30

    10W 40

    10W 50

    15W 30

    15W 40

    15W 50

    20W 30

    20W 40

    20W 50

    122

    178

    207

    230

    134

    170

    180

    115

    138

    157

    113

    130Fonte: CEMAGREF (1991)

    * O sistema criado em 1929 por Dean e Davis para determinao do ndice de viscosidade e referidoatrs (V.I. - Viscosity index) tornou-se inadequado para valores acima de 100. Um novo mtodo, paradeterminaes acima de V.I. 100, actualmente empregue e designado por Viscosity Index Extension(V.I.E.). H continuidade entre os dois sistemas de tal modo que V.I = 100 equivalente a V.I.E. = 100.

  • 30

    5.4.2 - Classificao com base nas condies de servio

    A viscosidade de um leo e sua variao no suficiente para a sua definio completa, pelo

    que fundamental considerar as condies de utilizao (servio), cujos critrios so variveis e de

    difcil determinao.

    Estas condies conduzem alterao progressiva dos leos, nomeadamente a sua poluio,

    como resultado da acumulao de elementos slidos, como as partculas metlicas, de elementos

    lquidos , como a gua de condensao, e das alteraes qumicas, por oxidao com a gua, oxignio

    do ar, etc., e alteraes qumicas que resultam do contacto com as partes quentes dos motores.

    As condies de servio so definidas em funo das performances dos motores, sua

    tecnologia e condies de utilizao, pelo que devem possuir propriedades anti-desgaste, extrema

    presso, dispersividade, anti-acidez, anticorroso, etc.

    Foi durante a segunda guerra que se sentiu a necessidade de se complementar a classificao

    SAE tendo, para o efeito, o exrcito americano estabelecido as normas Mil.L, que mais tarde o

    American Petroleum Instistute (A.P.I) adaptou equipamentos civis.

    5.4.2.1- Classificao A.P.I.

    Para se estabelecerem referncias destinadas aos motores a gasolina, o A.P.I. adoptou, em

    1949, um primeiro sistema de classificao com base na composio do leo (nvel de aditivao).

    Mais tarde, em 1970, uma nova classificao foi proposta por forma a satisfazer todos os

    factores de que depende o funcionamento correcto do motor, nomeadamente o seu desenho e

    construo, o carburante ou combustvel utilizados e as condies de funcionamento e manuteno;

    cada categoria definida para um dado tipo de servio e para as prestaes a obter durante os ensaios

    com os motores.

  • 31

    Quadro 4- Classificao API dos leos para motores a gasolina e gasleo

    leos para motores a gasolina leos para motores a gasleo

    Designao Servio Designao * Servio

    SA Servio suave CA Servio ligeiro

    (motores atmosfricos)

    SB Servio leve CB Servio moderado

    (motores atmosfricos)

    SC Carros de 1964 a

    1967

    CC Servio mdio

    ( motores atmosfricos )

    SD Carros de 1968 a

    1971

    CD Servio severo

    (motores sobrealimentados)

    SE Carros a partir de

    1971

    CD II Servio severo

    (motores a dois tempos)

    SF Servio muito severo CE Servio muito severo

    (motores sobrealimentados)

    SG Servio muito severo,

    leos + aditivados

    CF.4 Substitui a categoria CE depois

    de 1991Fonte: CEMAGREF (1991)* A letra C dos leos para motores a gasleo corresponde inicial da palavra Comercial.

    Os leos das categorias mais elevadas podem trabalhar em condies menos severas.

    Os leos para motores a gasleo tm um TBN ( Total Base Number), que representa a reserva

    de alcalinidade, elevado, por forma a anular o teor de enxofre ( 0.5 %).

    5.4.2.2- Classificao C.C.M.C.

    A classificao C.C.M.C.( Comit dos Construtores do Mercado Comum), que foi elaborada

    pelos principais construtores europeus, devido diferena entre as caractersticas tcnicas dos motores

    americanos em relao aos europeus, considera os seguintes tipos de leos:

    Quadro 5- Classificao CCMC dos leo para motores a gasolina

    Designao Servio

    G.1

    G.2

    G.3

    Semelhante ao definido para A.P.I. SE

    Semelhante ao definido para A.P.I. SF

    Semelhante ao G.2 mas menos viscoso

    Fonte: Bouhaged (1989)

  • 32

    Quadro 6- Classificao CCMC dos leo para motores a gasleo

    Designao Servio

    D.1

    D.2

    D.3

    PD.1

    Servio normal, motores atmosfricos; corresponde A.P.I. CC

    Servio normal, motores sobrealimentados. Servio severo, motores

    atmosfricos; corresponde A.P.I. CD

    Servio muito severo, motores atmosfricos e sobrealimentados;

    corresponde A.P.I. CE

    Veculos ligeiros

    Fonte: Bouhaged (1989)

    Depois de 1989, foram definidos dois novos tipos de leos, D.4 e D.5 para motores Diesel

    utilitrios, que substituram os D.2 e D.3, desaparecendo o tipo D.1, e PD.2 para veculos de turismo,

    que substituiu o tipo PD.1; a grandeza do nmero do tipo de leo corresponde exigncia do servio.

    Os leos com a letra P antes do D, destinam-se ao sector automobilstico, para motores aspirados ou

    turbos.

    A classificao europeia de leos bastante semelhante classificao A.P.I. distinguindo-se

    basicamente pela maior exigncia relativamente ao desgaste dos cilindros, resistncia ao corte e perdas

    por evaporao.

    5.4.2.3- Classificao MIL-L do exrcito americano

    As especificaes MIL-L so de longe aqueles mais utilizados para escolha e indicao dos

    leos destinados aos motores Diesel. A designao comporta as quatro letras MIL-L (Military

    Lubrificant) seguidas de um nmero de quatro ou cinco algarismos e de uma letra.

    As caractersticas (qualidades) exigidas em cada uma das normas podem ser assim

    resumidas:

    - Mil.L.. 2104 A : propriedades detergentes. Esta especificao substitui, em 1954, a antiga

    especificao Mil.L. 2104;

    - Mil.L.. 2104 B : propriedades detergentes e propriedades dispersivas. Estes leos podem ser

    utilizados em veculos que fazem grandes percursos, em tempo quente, ou pequenos trajectos,

    em tempo frio;

    - Mil.L.. 46152 B: reforo das propriedades de detergncia e sobretudo de disperso. Esta

    especificao substitui a especificao Mil.L.. 46152, sendo os leos recomendados para

    motores a gasolina ou gasleo ligeiramente sobrealimentados, utilizados em trajectos curtos;

    - Mil.L. 45199 B: propriedades detergentes elevadas. Esta especificao substituiu a

    Mil.L.. 45199, sendo os leos utilizados em motores diesel sobrealimentados de grande

    potncia e em servio severo;

  • 33

    - Mil.L.. 2104 D: propriedades de detergncia e dispersivas elevadas. Esta especificao

    substituiu a Mil.L.. 2104 C;

    - Mil. L. 46152 C: tem caractersticas semelhantes categoria Mil.L.. 46152 B, mas os leos

    so menos txicos. equivalente categoria A.P.I. SF/CC;

    - Mil.L. 46152 D: esta categoria apareceu em 1988 e equivalente A.P.I. SG;

    - Mil.L. 2104 E: tem propriedades elevadas de detergncia e dispersividade. Apareceu em 1988,

    substituindo a categoria Mil.L.. 2104 D.

    5.4.3- Equivalncia entre as classificaes Mil- L e API

    Perante a diversidade de classificaes que so utilizadas em paralelo, convm conhecer as

    suas equivalncias. O quadro seguinte apresenta essas correspondncias que no so contudo

    absolutamente rigorosas, devero ser consideradas unicamente uma base de comparao.

    Quadro 7- Equivalncia entre as classificaes dos leos para motores a gasolina

    Classificao Mil.L. Classificao A.P.I.

    Mil.L.2104 A

    Mil.L.2104 A suplemento 1

    Mil.L.2104 B (1964)

    Mil.L.46152 A

    Mil.L.46152 B

    Mil.L.46199 B

    Mil.L.2104 C (1970)

    Mil.L.2104 D (1983)

    Mil.L.46152 C (1987)

    Mil.L.46152 D (1988)

    Mil.L.2104 E (1988)

    CA

    CB

    CC

    SE/CC

    SF/CC

    CD

    SC/CD

    CD

    SF/CC

    SG

    CE

    Fonte: Bouhaged (1989)

  • 34

    A elaborao de leos para serem utilizados em motores a gasleo e gasolina tem vindo a

    aumentar, pelo que se podem encontrar referncias numa embalagem de leo para motores a gasleo

    do tipo:

    - S.A.E. 15 W 40

    - A.P.I. CD SE e SF

    - Mil.L 2104 C e 46152 B

    em que as espcificaes SE, SF e 46152 B se referem a leos para motores a gasolina.

    5.5- leos para motores a gasolina a dois tempos

    A opo na escolha dos leos para motores a dois tempos efectuada entre os leos motor a

    quatro tempos SAE 30 ou 40, API, SE ou SF, leos especiais para diluio e leos especiais semi-

    sintticos ou sintticos de base mineral.

    Relativamente ao primeiro grupo, estes podem ser utilizados em motores sujeitos a fracas

    cargas, sendo os aditivos que geralmente possuem inteis ou mesmo prejudiciais, originando depsitos

    de carvo. Os leos para diluio so constitudos por leos de baixa viscosidade aos quais se mistura

    um solvente.

    Os leos especiais, classificados pela TSC em quatro classes TSC 1 a TCS 4, devem ter as

    seguintes caractersticas:

    - assegurar a lubrificao dos cilindros;

    - queimarem-se totalmente, por forma a reduzir ao mnimo a formao de depsitos;

    - evitarem o desgaste e corroso das peas em movimento.

    Os leos para este tipo de motores podem ser classificados como leos para servio normal

    e servio severo, sendo os primeiros indicados para motores de pequena cilindrada e os segundos para

    grandes cilindradas e regimes rpidos, como, por exemplo, as motobombas estticas, motoserras, etc..

    5.6 - Lubrificantes para transmisses mecnicas

    Os lubrificantes para engrenagens devem ser quimicamente estveis de molde a evitar a

    formao de produtos, resultantes da sua deteriorao, que os torna mais espessos e dm lugar a

    possveis corroses nas superfcies finamente acabadas dos dentes dos carretos, dos rolamentos, etc..

    Devem ter uma viscosidade conveniente e propriedades especiais de servio, capazes de retardar o

    desgaste das engrenagens, chumaceiras, rolamentos, vlvulas, bombas, motores e mbolos hidrulicos.

    O atrito entre dois dentes e a diferena de presso que eles exercem, que pode ser superior a 20 kg /

    mm de largura do dente, pode provocar a ruptura do filme de leo, originando pontos de soldadura; as

    reduzidas superfcies de contacto entre carretos provoca elevaes importantes de temperatura.

  • 35

    Estas qualidades servem de base dupla classificao geral adoptada para os lubrificantes de

    transmisses.

    5.6.1 - Classificao segundo a viscosidade

    Para alm da sua funo geral na lubrificao, uma viscosidade elevada tem nas transmisses

    uma influncia.

    - Favorvel sobre:

    - boa aderncia do leo ao metal independentemente das grandes velocidades de rotao e das

    fortes presses, com a condio da sua untuosidade ser suficiente;

    - estanquecidade dos dispositivos hidrulicos (distribuidores, mbolos, vlvulas, etc..)

    - Desfavorvel sobre:

    - a rapidez de contacto do leo com os diferentes orgos a lubrificar, seja este por chapinharem

    ou projeco distncia.

    - a rapidez de colocao em movimento dos sistemas hidrulicos.

    - a energia absorvida pelo atrito e o aquecimento que da resulta.

    semelhana dos leos para motores, a variao de viscosidade com a temperatura deve ser

    limitada de molde a ser suficientemente fludo a frio para recobrir, desde os primeiros movimentos, todas

    as superfcies em atrito e suficientemente viscoso, temperatura de funcionamento, para aderir ainda

    convenientemente s superficies metlicas.

    A maior parte dos leos para transmisses utilizados em agricultura so:

    - leo para motores geralmente "multigraduados" com elevado ndice de viscosidade (prximo

    de 140), sobretudo nos casos em que se usa o mesmo leo para as transmisses mecnicas e

    hidrulicas. A classificao S.A.E. a mesma referida anteriormente. As suas qualidades detergentes e

    de disperso so favorveis proteco contra a corroso uma vez que mantm em suspenso a gua e

    as impurezas que so mais facilmente evacuadas.

    - leos especiais para transmisses mecnicas obtidos a partir de leos base muito

    elaborados e com um ndice de viscosidade compreendido entre 90 e 115.

    A medio da viscosidade efectuada de forma semelhante utilizada para leos motor. A

    determinao feita a -17,8 oC delimita 4 gamas de viscosidade e a 98,9 oC so delimitadas 3 grandes

    gamas designadas respectivamente pelos seguintes nmeros: 70, 75, 80, 85 e 90, 140, 250 precedidos

    pelas letras S.A.E..

    Quanto maior o nmero maior a viscosidade o qual no tem qualquer relao directa, para

    evitar confuses com os nmeros S.A.E. utilizados para leos motor.

  • 36

    Assim a viscosidade de um leo de transmisso S.A.E. 90 compreende as viscosidades motor

    S.A.E. 50 e S.A.E. 40 em parte, de igual forma um leo S.A.E. 80 de transmisso corresponde a um

    leo S.A.E. 30 motor.

    Depois de 1972, a S.A.E. ampliou as exigncias da sua classificao impondo uma viscosidade

    mxima (150000 cP) a temperaturas determinadas criando uma nova gama: -40 oC para a nova

    designao S.A.E. 75W, -26 oC para a S.A.E. 80W e -12 oC para a S.A.E. 85W.

    Quadro 8- Classificao dos leos para as transmisses segundo a sua viscosidade (1977)

    Grau SAE Temperatura mxima

    para uma viscosidade

    dinmica de

    150.000 mPa.s

    Viscosidade a 100 oC

    (mm2/s)

    mnima mxima

    70 W

    75 W

    80 W

    85 W

    90

    140

    250

    - 55

    - 40

    - 26

    -12

    -

    -

    -

    4.1

    4.1

    7.0

    11.0

    13.4

    24.4

    41.0

    -

    -

    -

    -

    24

    41

    -

    Fonte: Bouhaged (1989)

    - leos especiais para transmisses hidrulicas ou mecnicas e hidrulicas

    combinadas, os diferentes sistemas hidrulicos so concebidos com tolerncias de construo

    extremamente pequenas. O fludo hidrulico utilizado deve satisfazer as seguintes particularidades:

    - anti-desgaste, para garantir uma boa eficcia anti-desgaste e detergente, por forma a

    proporcionar uma longa durao aos diferentes orgos da instalao hidrulica;

    - anti-corroso, para evitar alteraes, mesmo em presena de gua, dos materiais metlicos;

    - anti-espuma, para libertar as bolhas de ar que causam a oxidao do leo e o seu

    sobreaquecimento;

    - compatibilidade com as juntas para no as deteriorar;

    - alto ndice de viscosidade para assegurar um funcionamento eficaz em quaalquer situao,

    mesmo quando sujeito a altas presses, e evitar quebras de aspirao da bomba e reduzir o

    atrito interno do leo;

    - baixo ponto de escorrimento, para garantir uma fluidez suficiente, mesmo a baixas

    temperaturas, por forma a facilitar o arranque do sistema e a utilizao das direces

    hidrostticas.

  • 37

    Os leos a utilizar so de baixa viscosidade e ndice de viscosidade elevado devendo conter

    aditivos antioxidantes, antiferrugens, antiespuma, antiemulso, etc., mantendo neutralidade total com

    todas as ligas utilizadas.

    5.6.2 - Classificao com base nas condies de servio

    Nas transmisses os leos esto sujeitos a inmeras solicitaes fsicas (presso, atrito, etc.),

    situaes de poluio por acumulao de impurezas, alteraes qumicas e trmicas pelo que devem

    apresentar caractersticas que permitam, nessas condies, manter um filme de leo entre as vrias

    superfcies em movimento, evitando-se assim a formao de microsoldaduras.

    5.6.2.1- Classificao A.P.I. de servio

    Para alm da classificao S.A.E. de viscosidade, a classificao mais utilizada a A.P.I. que

    se baseia em noes do domnio da aplicao e condies de servio. Compreende as seguintes

    categorias:

    Quadro 9- Classificao API dos lubrificantes para transmisses mecnicas

    Tipo Aplicao Tipo de servio

    GL 1 Engrenagens helicoidais para trans-

    misses manuais

    Condies de servio pouco severas

    GL 2 Engrenagens sem-fim, engrenagens

    industriais

    Condies de servio mais severas

    GL 3 Engrenagens helicoidais Condies de carga e velocidade mo-

    deramente severas

    GL 4 Engrenagens hipoides Condies severas de servio, velo-

    cidades elevadas ou binrios altos

    GL 5 Engrenagens hipoides Condies severas de servio, velo-

    cidade elevada e baixo binrio com

    choques

    GL 6 Engrenagens hipoides Redutores hipoides cujo deslocamento

    ultrapassa os 50 mm ou 25% do

    dimetro da coroa

    Fonte: Bouhaged (1989)

    S os leos GL 1 so do tipo mineral puro, todos os outros leos so do tipo "extrema presso"

    (E.P.). Em determinados tipos de transmisso, exemplo, as rodas de coroa e parafuso sem-fim, as

  • 38

    presses de contacto so to elevadas que necessrio utilizar leos especiais que se designam por

    leos compostos, que incluem leos vegetais.

    5.6.2.2- Especificaes militares (MIL-L do exrcito americano)

    Como para os leos motor, a qualidade dos leos para transmisses mecnicas, hidrulicas ou

    mistas depende da eficcia em servio dos seus aditivos. Esta eficcia avaliada por meio de ensaios

    efectuados em mquinas de laboratrio sob condies muito precisas de carga, durao e temperatura

    e submetidas a verificaes minuciosas sobre o desgaste, corroso, gripagem e deformao.

    Para as transmisses mecnicas, estas especificaes dizem respeito somente a leos E.P.,

    (extrema presso) e distinguem dois tipos de servio com exigncias crescentes de eficcia dos

    aditivos anticorroso e extrema-presso:

    - Mil.L.-2105 (equivalente classe GL 4 A.P.I.). Convm maior parte das engrenagens

    helicoidais, sensveis a cargas elevadas;

    - Mil.L.-2105B (equivalente classe GL 5 A.P.I.). Esta especificao est reservada para

    engrenagens muito sensveis a cargas elevadas tais como alguns pares cnicos e redutores

    finais de tractores que trabalham com bruscas variaes de esforo;

    - Mil.L.2105 C (equivalente aos leos SAE 75 W, 80 W, 90, 85 W e 140). So leos

    semelhantes aos anteriores mas mais resistentes formao de emulses e depsitos, e mais

    detergentes;

    - Mil.L. 2105 D, so leos semelhantes aos anteriores mas menos txicos.

    5.7 - Lubrificantes para transmisses hidrulicas

    semelhana das transmisses mecnicas os leos utilizados nas transmisses hidrulicas

    so de origem mineral aos quais se adicionam vrios aditivos nomeadamente os inibidores de oxidao,

    anti-ferrugem, anti-congelantes, anti-desgaste e aditivos melhoradores do ndice de viscosidade.

    5.7.1- Caractersticas dos leos hidrulicos

    Entre as principais caractersticas destacam-se as seguintes:

    - viscosidade;

    - compressibilidade;

    - solubilidade do ar;

    - anti-espuma;

    - resistncia oxidao

  • 39

    5.7.1.1- Viscosidade

    A viscosidade , sem dvida, a caracterstica mais importante dos leos hidrulicos sendo a

    sua escolha um compromisso entre a lubrificao dos componentes e o seu rendimento. A lubrificao

    implica que a viscosidade seja suficientemente alta para que se forme uma pelcula lubrificante que evite

    o desgaste das superfcies deslizantes, mas suficientemente baixa para evitar fenmenos de cavitao,

    uma insuficiente capacidade de aspirao pela bomba e perdas de potncia devido sua maior

    resistncia ao movimento. Este abaixamento de rendimento mecnico resultante da maior viscosidade

    pode ser atenuado pelo maior rendimento volumtrico resultante da melhor vedao das fugas no

    sistema.

    5.7.1.2- Compressibilidade

    Os leos apresentam, quando isentos de ar e gases disolvidos, baixa compressibilidade, pelo

    que esta caracterstica no tem grande importncia na sua escolha.

    5.7.1.3- Solubilidade do ar

    A presena de ar no seio do leo aumenta a sua compressibilidade, causando geralmente um

    trabalho ruidoso e vibraes. Estas bolhas sofrem uma aco dispersante no interior da bomba o que

    origina a sua fragmentao aumentando o intervalo de tempo at atingirem o reservatrio.

    5.7.1.4- Caractersticas anti-espuma

    Esta propriedade dos leos hidrulicos evita a formao de espuma superfcie, o que poderia

    acontecer caso o ar fosse libertado da soluo e no se dispersasse rapidamente. Os leos base

    utilizados no fabrico dos leos hidrulicos apresentam esta caractersticas podendo, no entanto, ser

    melhorada atravs de aditivos.

    5.7.1.5- Resistncia oxidao

    A resistncia oxidao uma das principais caractersticas dos leos pois, devido s

    condies em que normalmente foncionam, tm tendncia para se alterarem quimicamente, o que

    conduz ao aumento da viscosidade, formao de lamas e maior dificuldade de separao da gua.

    Relativamente aos leos utilizados nas transmisses hidrulicas eles so diferentes conforme

    as transmisses so hidrocinticas ou hidrostticas. As classificaes mais utilizadas para cada um

    destes tipos so as apresentadas nos pontos seguintes.

  • 40

    5.7.2- leos para transmisses hidrocinticas

    Para as transmisses hidrocinticas (transmisses automticas e power-shift), caixas de

    velocidades automticas e semi-automticas e em direces assistidas o leo deve apresentar um alto

    ndice de viscosidade, uma boa fluidez a baixa temperatura e boa estabilidade trmica.

    A classificao destes leos ("leos hidrocinticos") deve-se a dois grandes constructores, a

    General Motor e a Ford, que definiram as caractersticas fisico-qumicas necessrias assim como os

    nveis exigidos; estas especificaes tm como principais objectivos a melhoria das qualidades dos

    leos no que respeita viscosidade, resistncia oxidao e poder anti-corroso.

    Para o primeiro destes constructores tem-se os seguintes tipos de leos:

    - ATF tipo A sufixo A: so leos utilizados nos ligadores hidrulicos, conversores de

    binrio, direces assistidas e transmisses automticas;

    - HTF tipo C 2: correspondente aos leos anteriores mas apresentando maiores ndices de

    resistncia oxidao e aquecimento e no alterarem a borracha;

    - HFT tipo C 3: especificao em vigor depois de 1977 e corresponde s caractersticas dos

    leos anteriores juntando-se ainda a neutralidade relativamente s juntas, propriedades anti-

    ferrugem e proteo contra o desgaste;

    - ATF Dexron II D: leo semelhante ao ATF tipo A sufixo A, mas mais severo;

    - ATF Allison C4.

    ATF- automatic transmission fluid.

    Relativamente Ford as especificaes so Ford M2C 185 A para veculos a partir de 1988.

    5.7.3- leos para transmisses hidrostticas

    Considerando os leos para as transmisses hidrostticas ("leos hidrostticos") estes devem,

    para alm de assegurarem a lubrificao de todas as peas mveis, permitir:

    - transmitir a potncia hidrulica em diferentes situaes de presso e escoamento;

    - melhorar a estanquecidade entre os vrios elementos mveis do circuito;

    - ajudar o arrefecimento do motor;

    - remover todas as impurezas ou partculas existentes no circuito;

    - proteger os orgos da corroso.

    Relativamente s caractersticas destes leos destacam-se as seguintes:

    - apresentarem um elevado ndice de viscosidade;

    - apresentarem uma elevada resistncia ao esmagamento;

    - serem capazes de se separarem rapidamente do ar para que este no seja introduzido no

    circuito, o que provocaria danos nas juntas e mesmo nos metais;

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    - terem propriedades anti-corrosivas, anti-emulso e anti-espuma;

    - terem um ponto de anilina conveniente, por forma a no danificar os materiais que integram o

    circuito, nomeadamente as juntas.

    No que se refere sua classificao existe uma classificao baseada na viscosidade, definida

    na norma ISO 3448, que prev oito graus de viscosidade, expressos em mm2/s, com uma variao de

    10%, temperatura de 40 C, designados por 10, 15, 22, 32, 46, 68, 100 e 150.

    Cada uma destas categorias apresenta sete classes de viscosidade, referenciadas pelos

    nmeros 15, 22, 32, 46, 68, 100, 120 e 150, que se referem a uma dada gama de viscosidade

    cinemtica, definida em mm2.s-1 e determinada a 40o C. Estes nmeros no tm uma ligao directa

    com as viscosidades SAE.

    Quadro 10- Classificao dos leos hidrostticos conforme a viscosidade.

    Classe Viscosidade cinemtica a 40o C. (mm2.s-1)

    Mnima Mxima

    15 13.5 16.5

    22 19.8 24.2

    32 28.8 35.2

    46 41.4 50.6

    68 61.2 74.8

    100 90.0 110.0

    150 135.0 165.0

    Fonte: Bouhaged (1989)

    Relativamente classificao de servio, indicada na norma franesa, NFE 48-603, consta das

    seguintes categorias:

    - leos HH que so leos minerais simples que se podem oxidar, acidificar e produzir depsitos

    que perturbam os circuitos;

    - les HL que so les HH com caractersticas anti-oxidantes e anti-corrosivas melhoradas, o

    que permite triplicar o tempo de utilizao;

    - leos HR, que so do tipo HL, mas com um elevado ndice de viscosidade;

    - leos HM que so leos HR mas com aditivos anti-desgaste para resistir s presses

    elevadas;

    - leos HV que so leos HM a que se juntaram aditivos de viscosidade que permitem uma

    resistncia do filme de leo s altas temperaturas.

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    5.8- leos multifuncionais

    Os leos multifuncionais (universais) permitem a sua utilizao nos motores, transmisses e

    sistemas hidrulicos.

    As principais caractersticas destes leos relacionam-se por um lado, com o grau de

    viscosidade, ndice de viscosidade, propriedades anti-oxidao, anticorroso, etc., que so fceis de

    obter, e por outro, com as propriedades de extrema presso (EP) e viscosidade, que so mais difceis

    de conciliar.Estes leos so geralmente leos motor com um nvel de qualidade Mil.L. 2104 C ou D, aos

    quais se juntam aditivos para satisfazer as exigncias EP das transmisses mais correntes.

    Quando, para alm das trs aplicaes anteriores, os leos podem tambm ser utilizados nos

    traves e embraiagens, designam-se por super-universais. Estes so leos multigraduados com um

    elevado ndice de viscosidade, correspondente ao leo motor Mil. L. 2104 C e ao leo para transmisses

    Mil. L. 2105 B, com propriedades detergentes, EP e fluidez hidrulica suficiente para garantir uma boa

    lubrificao.

    Nos leos utilizados nos traves e embraiagens o atrito dos elementos de frico controlado

    pela untuosidade do leo, ou seja, pelo seu poder de aderncia, que permite manter um filme muito

    delgado sobre uma superfcie rugosa. Esta caracterstica obtida pela juno de aditivos anti-

    derrapagem que melhoram a tenso superficial, aumentando o atrito das superfcies em movimento

    medida que o seu escorregamento diminui.

    6 - Massas lubrificantes

    Existem certas necessidades de lubrificao para as quais o emprego de leos no se torna

    adequado e tem de se recorrer a outros tipos de lubrificantes no fludos, em que a consistncia pode

    variar, conforme o fim em vista. As massa apresentam relativamente aos leos as seguintes

    caractersticas:

    - assegurarem a proteco dos mecanismos contra impurezas exteriores;

    - aderem bem s superfcies metlicas sujeitas a atrito;

    - resistem bem humidade e chuva;

    - asseguram uma boa resistncia s temperaturas elevadas e altas presses.

    Massa lubrificante (ou massa consistente) o produto resultante da disperso de um agente

    espessante (gel) num lubrificante lquido, ficando com uma consistncia de slida a semifluida, podendo

    ainda conter outros ingredientes destinados a conferir-lhe propriedades especiais, nomeadamente

    aditivos anti-oxidantes, extrema-presso e anti-corrosivos; o lubrificante, que tem um baixo grau de

    viscosidade, representa cerca de 3/4 da massa lubrificante.

    O espessante normalmente um sabo de clcio, sdio, ltio, brio ou alumnio; os sabes

    metlicos tm uma estrutura fibrosa, dada pela combinao de um cido gordo de origem animal ou

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    vegetal, e de um sal metlico de clcio, alumnio, sdio ou ltio. A natureza do metal d massa a sua

    estrutura e confere-lhe resistncia ao calor, presso, gua e s vibraes; existem ainda massas cuja

    base no um sabo, mas um composto qumico que lhes confere caractersticas especiais.

    Em funo das suas propriedades, que condicionam as suas aplicaes, as massas mais

    vulgarmente utilizadas so:

    - Massas clcicas - Massas resistentes gua e a temperaturas mdias - as massas deste

    tipo trabalham satisfatoriamente at temperaturas de 75/80 oC, sendo especialmente recomendadas

    para lubrificao de chumaceiras lisas, bombas de gua, chassis, etc..

    - Massas sdicas - Massas solveis em gua e resistentes a temperaturas elevadas - as

    massas deste tipo resistem pouco aco da lavagem pela gua e suportam temperaturas de servio

    at 110 oC. So indicadas para lubrificao de rolamentos em geral podendo tambm ser utilizadas em

    chumaceiras de casquilhos.

    - Massas base de ltio - Massas resistentes gua e a elevada temperatura - as massas

    deste tipo resistem aco da lavagem pela gua e suportam temperaturas de servio at 130 oC. De

    entre as massas citadas so aquelas que menos variam com a temperatura, podendo igualmente

    trabalhar a temperaturas baixas (-20 oC). Tm inmeras aplicaes: rolamentos e chumaceiras de

    casquilhos, chassis, bombas de gua, juntas universais, etc.

    Relativamente sua aplicao as massas podem ser consideradas como:

    - massas para rolamentos, que apresentam bom poder lubrificante, so resistentes s cargas e

    tm ponto de gota elevado. O gel destas massas um sabo base de ltio para aumentar o

    ponto de gota e clcio para aumentar o poder lubrificante; para rolamentos sujeitos a altas

    temperaturas utiliza-se um sabo de sdio que contudo sensvel gua;

    - massas para cardans, que resistem