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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA Lucas Iensen Bortoluzzi ANÁLISE ESTRUTURAL DO CHASSI DE UM PROTÓTIPO DE FORMULA SAE COM ENFOQUE NA AJUSTABILIDADE DO SISTEMA DE SUSPENSÃO Santa Maria, RS 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

Lucas Iensen Bortoluzzi

ANÁLISE ESTRUTURAL DO CHASSI DE UM PROTÓTIPO DE FORMULA SAE COM ENFOQUE NA AJUSTABILIDADE DO SISTEMA

DE SUSPENSÃO

Santa Maria, RS 2016

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Lucas Iensen Bortoluzzi

ANÁLISE ESTRUTURAL DO CHASSI DE UM PROTÓTIPO DE FORMULA SAE

COM ENFOQUE NA AJUSTABILIDADE DO SISTEMA DE SUSPENSÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Mecânica, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Aparecido Buenos

Santa Maria, RS 2016

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Lucas Iensen Bortoluzzi

ANÁLISE ESTRUTURAL DO CHASSI DE UM PROTÓTIPO DE FORMULA SAE

COM ENFOQUE NA AJUSTABILIDADE DO SISTEMA DE SUSPENSÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Mecânica, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

Aprovado em 19 de Julho de 2016:

___________________________________________ Alexande Aparecido Buenos, Dr. Eng. (UFSM)

(Presidente/Orientador)

___________________________________________ Mario Eduardo Santos Martins, Dr. Eng (UFSM)

___________________________________________ Adriano Gonçalves Schommer, Eng. (UFSC)

Santa Maria, RS 2016

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RESUMO

ANÁLISE ESTRUTURAL DO CHASSI DE UM PROTÓTIPO DE FORMULA SAE COM ENFOQUE NA AJUSTABILIDADE DO SISTEMA

DE SUSPENSÃO

AUTOR: Lucas Iensen Bortoluzzi ORIENTADOR: Alexandre Aparecido Buenos

Este trabalho tem como escopo o estudo da estrutura do protótipo FU 15/2 de Formula SAE, avaliando-se as influências desta no funcionamento do sistema de suspensão do veículo. Tem-se como objetivos a determinação da rigidez torcional ideal necessária para que a elasticidade do chassi do protótipo não interfira no funcionamento e nas propriedades geométricas da suspensão, de modo a comprometer o seu ajuste; e a identificação da sensibilidade da variação destas propriedades geométricas devido a alteração da elasticidade de componentes da estrutura e da suspensão do veículo. O ponto de partida do estudo foi a modelagem multicorpos do sistema de suspensão e do chassi empregando o Método dos Elementos Finitos (MEF) através da plataforma ANSYS Workbench. O modelo utilizado foi validado através de teste em bancada para avaliação da rigidez torcional, com a medição dos parâmetros de deslocamentos verticais dos centros de roda dianteiros, obtidos perante a ação de um momento torsor gerado por cargas padronizadas. A comparação entre os deslocamentos fornecidos pelo modelo numérico e experimental apresentaram correlação de 98,2%. Através do modelo, aferiu-se que as propriedades geométricas da suspensão têm sua variação influenciada pela redução da rigidez do chassi a flexão lateral e redução de rigidez dos travamentos utilizados para fixação dos componentes de suspensão. Foram identificados na suspensão e estrutura tubular, pontos de pouca atuação das cargas consideradas nos casos de carregamento de forças nas rodas. Realizou-se modificações no chassi e nos componentes da suspensão, gerando uma redução total de massa de 2,5 kg, representando 6,7% da massa total dos sistemas analisados. As alterações propostas geraram um decréscimo na rigidez torcional total da estrutura, sem influenciar significativamente na alteração dos ângulos da “manga de eixo” do veículo. Palavras-chave: Chassi. Rigidez Torcional. Suspensão. Elasticidade. Elementos Finitos. Formula SAE

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ABSTRACT

STRUCTURAL ANALYSIS OF A FORMULA SAE RACE CAR CHASSIS TO IMPROVE SUSPENSION TUNNING

AUTHOR: Lucas Iensen Bortoluzzi ADVISOR: Alexandre Aparecido Buenos

In this study, a Formula SAE racecar chassis is analyzed, and its compliance influence on suspension behavior is examined. The main goals settled are: determine a limit value to torsional stiffness in which the compliance of the system can be considered small enough to be neglected; and identify the influence of chassis and suspension stiffness on suspension geometry change during a driving situation. The first step of this work was the development of multibody model representing the tubular spaceframe and suspension system, to perform a Finite Element Analysis (FEA) on ANSYS suite. This model was validated to torsional stiffness parameter, with the use of dial indicators on a bench test. The correlation between the values obtained in the prototype test, and their similar, that was given by the computational analysis, is 98,2%. The use of singular load cases boundary conditions showed that the reduction of chassis stiffness to lateral bending, and the reduction of the stiffness of suspension members, are the main factors that contributes to suspension geometry changes. Oversized chassis members and suspension parts were found, and modifications were done in order to reduce mass. A mass reduction of 2,5 kg was reached, which represents 6,7% of the mass of the entire system. The performed changes caused a torsional stiffness decrease, although, this fact do not results in a significant angular variation of uprights positions. Key words: Chassis. Torsional Stiffness. Suspension. Stiffness. Finite Element. Formula SAE.

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DEDICATÓRIA

A meus pais Evandro e Valeria, a minha companheira Bruna e ao resto dos meus

familiares e amigos que tornaram minha formação possível e proveitosa.

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AGRADECIMENTOS

Em toda minha formação superior diversas pessoas foram responsáveis por contribuir para meu crescimento profissional e pessoal, além de prestarem auxílio para que minha formação se tornasse possível. Desta forma agradeço: - aos meus pais, Evandro e Valeria, por todo esforço, dedicação e apoio dados para que eu pudesse completar minha formação; - à minha companheira Bruna por todos momentos de diversão, amor e carinho que diminuíram os momentos de estresse da vida acadêmica; - à equipe Formula UFSM por três anos de aprendizado, divertimento, graxa, esmeril e noites mal dormidas; - aos meus colegas de equipe por compartilharem comigo o sonho de ser campeão da melhor competição estudantil que existe; - aos meus colegas de turma por todos os dias durante cinco anos compartilharem de todas experiências vividas ao longo do curso; - ao professor Mario Martins e Fernando Bayer por guiarem a equipe Formula UFSM e permitirem que eu fizesse parte dela; - ao professor Alexandre Buenos por todo auxílio prestado na realização deste trabalho; - à Universidade Federal de Santa Maria por todo recurso financeiro e humano cedido para que minha formação fosse a mais completa possível.

Enfim, agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para que eu me tornasse quem eu sou.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Principais geometrias obrigatórias previstas no regulamento das

competições de Formula SAE ................................................................................... 19

Figura 2 – Parâmetros utilizados no cálculo de rigidez torcional de uma estrutura. .. 23

Figura 3 – Representação de uma viga de seção transversal variável, análoga às

subdivisões de um chassi no método de cálculo analítico da rigidez torcional. ........ 24

Figura 4 – Representação do conjunto de molas que forma o veículo. ..................... 27

Figura 5 – Gráfico relacionando as grandezas da rigidez torcional total do veículo com

a rigidez torcional da suspensão e da estrutura. ....................................................... 28

Figura 6 – Estruturação geral de um programa de Elementos Finitos ...................... 30

Figura 7 – Na esquerda, corpo rígido pré discretizado, na direita, corpo rígido apenas

com nó piloto e elementos targe. .............................................................................. 32

Figura 8 – Representação esquemática de modelagem multicorpos. ....................... 34

Figura 9 – Representação da situação de equilíbrio de um elemento de barra isolado.

.................................................................................................................................. 36

Figura 10 – Representação de um corpo formado por três nós e dois elementos de

treliça. ........................................................................................................................ 37

Figura 11 – Algoritmo para a transposição do sistema de coordenadas do elemento

para o sistema de coordenadas do corpo. ................................................................ 39

Figura 12 – Representação de um corpo composto por elementos de treliça, em um

único plano. ............................................................................................................... 40

Figura 13 - Representação de um elemento retangular. ........................................... 45

Figura 14 – Representação gráfica de um elemento em sua forma real e sua

representação isoparamétrica. .................................................................................. 49

Figura 15 – Representação das aplicações das cargas e fixações na simuação de

rigidez torcional. ........................................................................................................ 52

Figura 16 – Modelo computacional de chassi e suspensão com a utilização de

elementos unidirecionais. .......................................................................................... 53

Figura 17 – Representação das aplicações das cargas e fixações na simulação de

rigidez torcional ......................................................................................................... 54

Figura 18 – Diagrama de fluxo da metodologia empregada. ..................................... 56

Figura 19 – Sequência de modelagem estabelecida pela interface Workbench. ...... 57

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Figura 20 – Exemplificação dos pontos e “Line Bodies” utilizados para a elaboração

do modelo multicorpos para análise por elementos finitos. ...................................... 59

Figura 21 – Ilustração do modelo com elementos bidimensionais e tridimensionais

importados do software SolidWorks. ........................................................................ 60

Figura 22 – Em vermelho, representação das “Rigid Beams”, responsáveis pela

formação das condições de contorno do tipo “MPCs”. ............................................. 61

Figura 23 – Modelos reduzidos utilizados para testes de malhas. ............................ 62

Figura 24 – Condições de contorno aplicadas aos modelos reduzidos para avaliação

da qualidade da malha empregada. ......................................................................... 63

Figura 25 – Gráfico da máxima tensão combinada do tubo frontal, da bandeja superior

dianteira, para diferentes tamanhos de elementos. .................................................. 64

Figura 26 – Representação de regiões delimitadas em chapa do tipo “orelha” utilizada

na fixação de componentes da suspensão. .............................................................. 65

Figura 27 – Convergência de valores de deslocamento vertical do centro de roda para

utilização de elementos triangulares com três nós. .................................................. 66

Figura 28 – Nomenclatura das superfícies analisadas no modelo reduzido da porção

dianteira do veículo. .................................................................................................. 67

Figura 29 – Nomenclatura das superfícies analisadas no modelo reduzido da porção

traseira. ..................................................................................................................... 68

Figura 30 – Gráfico de convergência para tensões obtidas no entorno da furação da

fixação 8. .................................................................................................................. 69

Figura 31 – Imagem representando recurso de captura de valores de tensões do corpo

ao redor do furo e a distribuição geral de tensões. ................................................... 69

Figura 32 – Gráfico com curva de convergência de tensões na extremidade da aresta

mais longa da fixação 7 da porção traseira. ............................................................ 70

Figura 33 – Distribuição de tensões ao longo da aresta mais longa e no corpo inteiro

da fixação 7 da porção traseira do veículo. .............................................................. 71

Figura 34 – Representação das condições de contorno para a simulação de rigidez

torcional. ................................................................................................................... 75

Figura 35 – Representação dos parâmetros utilizados para o cálculo do “wheel rate” e

do “instalation ratio”. ................................................................................................. 76

Figura 36 – Gráfico do Coeficiente de Atrito Lateral dado em função do Ângulo de

Deriva Lateral para uma dada Força Vertical. .......................................................... 78

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Figura 37 – Gráfico do Coeficiente de Atrito Longitudinal em função do

Escorregamento Longitudinal para uma dada Força Vertical. ................................... 78

Figura 38 – Gráfico de acelerações laterais do protótipo FU – 15/2 em um trecho de

4 minutos da prova de enduro. .................................................................................. 80

Figura 39 - Forças atuantes nos pneus devidos a casos de carregamento dinâmicos.

.................................................................................................................................. 81

Figura 40 – Representação dos pontos utilizados para mensurar os deslocamentos na

manga de eixo ........................................................................................................... 83

Figura 41 – Relógio comparador Starrett 3025-481/5. .............................................. 84

Figura 42 – Bancada de fixação traseira juntamente com as presilhas dos cubos de

roda. .......................................................................................................................... 85

Figura 43 – Experimento montado no laboratório NAFA. .......................................... 87

Figura 44 – Curvas de tendência dos dados obtidos com o teste físico e com a análise

computacional. .......................................................................................................... 90

Figura 45 – Valores extremos de tensões (acima de 200 MPa) exibidos pela coloração

verde a vermelha. ...................................................................................................... 91

Figura 46 – Representação das tensões atuantes nas fiixações 1 e 2 da porção

dianteira da suspensão do veículo, para um caso de frenagem em linha reta. ......... 92

Figura 47 – Distribuição de tensões nas fixações 7 e 8 da porção traseira do veículo

para um caso de curva em regime permanente. ....................................................... 93

Figura 48 – Distribuição de tensões na bandeja superior traseira esquerda em um caso

de curva em regime constante. ................................................................................. 94

Figura 49 – Distribuição de tensões na bandeja dianteira inferior esquerda em um caso

de frenagem em linha reta......................................................................................... 95

Figura 50 – Distribuição de tensões no chassi modificado. ....................................... 97

Figura 51 – Casos extremos de tensões nas novas dimensões de tubos testados para

os braços superiores de suspensão. ......................................................................... 99

Figura 53 – Variação da rigidez total do veículo em relação a variação de rigidez

torcional do chassi. .................................................................................................. 102

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Dimensões mínimas dos tubos perante regulamento. ........................... 20

Quadro 2 – Tamanho dos elementos triangulares parabólicos utilizados nas

superfícies analisadas para porção dianteira e traseira do modelo. ......................... 72

Quadro 3 – Características gerais dos elementos utilizados para a modelagem dos

principais componentes do chassi e suspensão. ...................................................... 73

Quadro 4 – Cargas aplicadas ao centro de cada roda do veículo para os dois casos

apresentados. ........................................................................................................... 82

Quadro 5 – Resultado das análises com o modelo inicial (padrão). ......................... 96

Quadro 6 - Evolução da alteração da rigidez torcional total de acordo com as

alterações no modelo. ............................................................................................ 100

Quadro 7 – Comparação dos deslocamentos translacionais da suspensão dianteira

para o caso de frenagem em linha reta. ................................................................. 103

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Comparativo entre tipos de chassis. ........................................................ 21

Tabela 2 - Propriedades dos materiais utilizados no modelo multicorpos. ................ 58

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 15

1.1. OBJETIVOS ................................................................................................... 16

1.1.1. Objetivo Geral ........................................................................................ 16

1.1.2. Objetivos Específicos ............................................................................ 16

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 17

2.1. CONCEITOS E TIPOS DE CHASSI ............................................................... 17

2.1.1. Chassi de um protótipo de Formula SAE ............................................ 18

2.1.2. Packaging e serviceability .................................................................... 21

2.1.3. Rigidez torcional .................................................................................... 22

2.1.4. Fixações ................................................................................................. 28

2.2. MODELAGEM COMPUTACIONAL ................................................................ 29

2.2.1. Etapas ..................................................................................................... 30

2.2.2. Análise Dinâmica de Corpo Rígido ...................................................... 31

2.2.3. Simulação Multicorpos .......................................................................... 34

2.2.4. Elementos Utilizados ............................................................................. 35

2.2.5. Influência da geometria dos elementos ............................................... 49

2.2.6. Modelos voltados para avaliação de rigidez torcional ....................... 51

3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 55

3.1. MODELAGEM MULTICORPOS ..................................................................... 57

3.1.1. Materiais ................................................................................................. 57

3.1.2. Elaboração da Geometria ...................................................................... 58

3.1.3. Geração e análise de malha .................................................................. 61

3.2. ANÁLISES ...................................................................................................... 74

3.2.1. Rigidez torcional .................................................................................... 74

3.2.2. Modelo analítico estático de molas ...................................................... 75

3.2.3. Casos de carregamento gerados na utilização do veículo em pista . 77

3.3. VALIDAÇÃO ................................................................................................... 83

3.3.1. Projeto da bancada de testes ............................................................... 83

3.3.2. Teste com protótipo do chassi e suspensão ...................................... 86

4. RESULTADOS ..................................................................................................... 89

4.1. RIGIDEZ TORCIONAL INICIAL E VALIDAÇÃO DO MODELO PADRÃO ...... 89

4.2. DISTRIBUIÇÃO INICIAL DE TENSÕES ........................................................ 90

4.3. MODIFICAÇÕES ........................................................................................... 96

4.3.1. Chassi ..................................................................................................... 96

4.3.2. Suspensão .............................................................................................. 99

4.4. DESLOCAMENTOS ..................................................................................... 100

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5. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 103

5.1. TRABALHOS FUTUROS .............................................................................. 104

6. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................. 107

APÊNDICE A .......................................................................................................... 110

APÊNDICE B .......................................................................................................... 113

ANEXO A ................................................................................................................ 115

ANEXO B ................................................................................................................ 116

ANEXO C ................................................................................................................ 121

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1. INTRODUÇÃO

No cenário do automobilismo de competição atual, o nível de desenvolvimento

de equipes que compõe o mesmo “grid” é bastante semelhante. Todas as grandes

revoluções e conceitos extraordinários que foram desvendados ao longo dos anos,

como por exemplo as vantagens da utilização de aparatos aerodinâmicos, são

utilizados por todos os times (desde que se enquadrem no regulamento). Dessa

forma, um conjunto de pequenas variáveis desenvolvidas simultaneamente são as

grandes responsáveis por separar o veículo campeão, do último colocado.

Apesar de ser uma competição estudantil, cujo cunho principal é o

desenvolvimento de um protótipo do tipo fórmula voltado para o mercado de pilotos

amadores de fim de semana, o nível de desenvolvimento das equipes que participam

de competições de Formula SAE está cada vez mais aproximando-se das principais

categorias do automobilismo mundial. Sendo assim, a necessidade de projetar um

protótipo leve e ágil, mas que respeite todas as restrições do regulamento e mantendo

um custo reduzido, gerou uma tendência a otimização do maior número de peças e

sistemas possíveis.

Para estar de acordo com estes princípios, o projeto de um chassi para

utilização em um protótipo de Formula SAE deve garantir que este cumpra com suas

principais funções, sendo estas: suportar as cargas impostas pelos demais

subsistemas do veículo, acomodar o piloto e demais partes do protótipo e garantir o

funcionamento preciso do sistema de suspensão, agregando a menor quantidade de

massa possível ao veículo.

Com isso, surge a necessidade de busca por soluções que contribuam para

reduzir a massa da estrutura ou dos componentes que fazem parte deste. Analisando

esse cenário chegou-se ao objetivo deste trabalho, que é realizar a análise estrutural

do chassi de um protótipo de Formula SAE, com ênfase para ajustabilidade do sistema

de suspensão do veículo. Atualmente, o sistema a ser analisado é composto por um

chassi tubular em aço, suspensão, amortecedor, pull e push rods, tie rods e rockers.

A proposta deste estudo é analisar esse sistema atual através da verificação

da constante de rigidez torcional e dos pontos de maior elasticidade fornecidos pela

geometria de chassi e suspensão e, posteriormente, propor soluções para melhoria

da estrutura, quando possível, com o intuito de manter a funcionabilidade do sistema,

reduzindo a massa da estrutura.

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Para isso serão estudadas as características e componentes citados, que serão

tratados em mais detalhes nas seções subsequentes.

1.1. OBJETIVOS

1.1.1. Objetivo Geral

O objetivo deste trabalho é realizar a análise estrutural do chassi de um

protótipo de Formula SAE, com ênfase para ajustabilidade do sistema de suspensão

do veículo. Através dessa análise, serão propostas soluções para redução de massa

da estrutura do veículo, quando possível, mantendo a funcionabilidade do sistema

atual.

1.1.2. Objetivos Específicos

Como etapas que possibilitarão cumprir o intento geral deste trabalho, alguns

objetivos específicos foram estabelecidos, sendo estes:

Criar um modelo computacional confiável que permita averiguar os efeitos da

elasticidade do chassi e componentes da suspensão do veículo, na geometria do

sistema de suspensão (parâmetros de projeto).

Validar o modelo computacional criado pelo menos para o parâmetro

deslocamento, avaliado no ponto mais sujeito a imprecisão no modelo.

Criar um modelo analítico de associação de molas que permita averiguar os

efeitos da elasticidade do chassi e componentes da suspensão no deslocamento

vertical (“wheel travel”) da roda do veículo perante uma força vertical atuante na

mesma.

Identificar, através do modelo computacional criado, os principais componentes

responsáveis por gerar, caso existam, variações indesejadas em parâmetros

geométricos da suspensão (“camber” e “toe” principalmente).

Estudar os principais casos de geração de cargas nas rodas do veículo em

situações de utilização do protótipo em pista.

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Identificar, através do modelo computacional criado, pontos críticos de resistência

mecânica a tensão e deformação perante os casos mais extremos de

carregamentos analisados.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. CONCEITOS E TIPOS DE CHASSI

Segundo Costin e Phips (1965, p. 1),

Ideally, the purpose of a motor car chassis is to connect all four wheels with a structure

which is rigid in bending and torsion – that is one which will neither sag nor twist. It must

be capable of supporting all components and occupants and should absorb all loads fed

into it without deflecting unduly.

Para atender a todos esses requisitos tomados como base no projeto de uma

estrutura de um veículo, desenvolveu-se ao longo dos anos diversos conceitos de

chassi automotivo. Cada conceito apresenta suas vantagens e desvantagens e um

projeto que pode parecer extremamente vantajoso para a indústria de veículos

populares, pode ser totalmente inadequado para a indústria de competição.

O que difere os tipos diferentes de projeto de estrutura são principalmente os

materiais empregados em sua fabricação e o método de produção. Dentre as

estruturas existentes tem-se o chassi do tipo monobloco, monocoque, tubular e mista.

As estruturas do tipo monobloco (atualmente o conceito predominante entre veículos

urbanos) podem ser fabricadas em chapas de aço ou alumínio, estampadas, e unidas

por solda ou adesivos estruturais de alta resistência. A principal vantagem deste tipo

de projeto concentra-se no custo relativamente baixo para uma alta produção, além

de conseguir aliar, dependendo da configuração, altíssima rigidez com uma massa

reduzida.

Materiais compósitos também podem ser empregados na manufatura de um

conceito semelhante, o monocoque, e sua fabricação pode ser feita de diversas

maneiras (laminação simples, laminação com uso de “prepreg” aplicado ao vácuo e

autoclave, infusão, com o uso de moldes perdidos, bipartidos, chapas coladas e

diversos outros tipos). Apesar do custo mais elevado de material, necessidade de

utilização de equipamentos de mais alta tecnologia e de mão de obra especializada,

este último tipo de estrutura é atualmente o mais difundido no automobilismo de

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competição pelo fato de aliar alta rigidez torcional e resistência mecânica, com baixa

massa.

Outro conceito, muito empregado em categorias com menor nível de

investimento (tal qual a Stock Car e a NASCAR) é o do chassi tubular, composto

geralmente por tubos de aço ou alumínio. Apesar de ser um conceito datado e

geralmente com maior massa agregada do que estruturas de material compósito, este

tipo de chassi consegue prover a rigidez torcional adequada à necessidade de

diversos veículos esportivos e de competição. Além disto, a alta reparabilidade,

confiabilidade, facilidade de manufatura e baixo custo de produção são características

também fornecidas por este modelo de estrutura.

2.1.1. Chassi de um protótipo de Formula SAE

As competições do tipo Formula SAE/Formula Student são eventos

organizados na Europa pelo Instituto de Engenharia Mecânica (“Institution of

Mechanichal Engineer”) e nos demais continentes pela Sociedade dos Engenheiros

da Mobilidade (“Society of Automotive Engineering” - SAE). Esta fornece um rígido

regulamento que rege todas as competições ao longo do globo, garantindo questões

como segurança e igualdade de julgamento entre os competidores.

Todos os participantes destes eventos devem pertencer a times, que

representam universidades nas quais os componentes deverão estar frequentando

cursos de graduação ou pós-graduação. O objetivo principal da competição é treinar

profissionais nas diversas ramificações da indústria automotiva, através de um projeto

cuja finalidade é desenvolver um veículo de competição voltado a pilotos amadores

de fim de semana.

Para o desenvolvimento do projeto de uma estrutura voltada para um protótipo

de Formula SAE, perante o regulamento existem dois conjuntos principais de regras

a serem seguidas: as regras que preveem a execução do projeto de um chassi tubular

em aço, ou as regras que preveem a execução do projeto de um chassi denominado

alternativo.

A primeira limita o desenvolvimento da estrutura do veículo de competição

através de geometrias obrigatórias que devem estar presentes no projeto final, sendo

elas: duas “roll hoops”, que são tubos arqueados que impedem danos ao piloto em

caso de capotamento (1), uma “front bulkhead”, que é o primeiro conjunto de tubos do

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chassi, responsável pela proteção contra impacto frontal (2), uma “side impact

structure”, composta por um conjunto de tubos laterais, ao lado do piloto, protegendo-

o contra impactos nesta região (3), um “jacking tube”, que é o ponto de rebocamento

do veículo (4) e diversos travamentos ligando cada conjunto principal de tubo, a um

conjunto subsequente. O esquema representando a alocação de cada uma destas

geometrias apresentadas pode ser verificado na Figura 1.

Figura 1 – Principais geometrias obrigatórias previstas no regulamento das competições de Formula SAE

Fonte: o autor.

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Todos estes tubos possuem segundo regulamento espessuras e diâmetros

mínimos que devem ser atendidos (estes são apresentados no Quadro 1), assim como

a necessidade de serem fabricados em aço com características mecânicas mínimas

de um aço da família SAE/AISI 1010. Além disto a estrutura também deve comportar

a passagem de gabaritos que determinam tamanhos mínimos de seções do habitáculo

do piloto e distâncias mínimas do piloto até as extremidades do chassi.

Quadro 1 – Dimensões mínimas dos tubos perante regulamento.

Item ou Aplicação Dimensão Externa x Espessura de Parede

Main & Front Hoops, Shoulder Harness Mounting Bar

Redondo 1’’ (25,4 mm) x 0.095’’ (2,40 mm) ou redondo 25 mm x 2,50 mm

Side Impact Structure, Front Bulkhead, Roll Hoop Bracing, Driver’s Restraint Harness Attachment EV: Accumulator Protection Structure

Redondo 1’’ (25,4 mm) x 0.065’’ (1,65 mm) ou redondo 25 mm x 1,75 mm ou redondo 25,4 mm x 1,60 mm ou quadrado 1’’ x 1’’ x 0.047’’ ou quadrado 25 mm x 25 mm x 1,2 mm

Front Bulkhead Support, Main Hoop Bracing Supports EV: Tractive System Components

Redondo 1’’ (25,4 mm) x 0,047’’ (1,2 mm) ou redondo 25 mm x 1,5 mm ou redondo 26 mm x 1,2 mm.

Fonte: adaptado de Society of Automotive Engineers International, 2015.

Uma estrutura desenvolvida em materiais e geometrias diferentes dos previstos

para a fabricação do chassi tubular em aço deve ser enquadrada no regulamento

alternativo. Este prevê que qualquer estrutura deste tipo, deve ter sua equivalência

estrutural em relação ao chassi com características previstas pelo regulamento

padrão, provada analiticamente e/ou através de simulações estruturais.

Através do uso de um modelo simplificado para análise, que prevê a utilização

da mesma quantidade de material e do mesmo volume, Van Berkum (2006) verifica a

relação existente de rigidez a torção e a flexão entre um chassi do tipo “caixa” (tal qual

os monocoques) e um chassi tubular. O resultado é favorável ao primeiro conceito,

resultando em uma razão de 2,6 para o primeiro fator e 1,6 para o segundo fator

analisados. Desta forma, a utilização do regulamento alternativo parece bastante

convidativo, porém, os custos elevados de manufatura e projeto e as características

deste conceito, atentam completamente contra os requisitos de projeto propostos pela

competição.

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Verificando esta ideia, Kemna (2011) faz um comparativo entre o uso de

monocoques de fibra de carbono e de estruturas tubulares de aço em protótipos de

Formula SAE, exposto na Tabela 1. Alguns dos critérios apresentados são de extrema

importância quando se leva em conta que a peça deverá ser produzida em série, como

as considerações de facilidade de manuseio, tempo de manufatura e custo, porém

todos os parâmetros apresentaram o mesmo peso. Os sinais de soma indicam pontos

positivos, os sinais de subtração, pontos negativos e os zeros não contabilizam

nenhum destaque, nem positivo, nem negativo.

Tabela 1 – Comparativo entre tipos de chassis.

DESCRIÇÃO ESTRUTURA

TUBULAR DE AÇO TODO CFRP (CARBON FIBER

REINFORCED PANEL)

Rigidez em flexão 0 + Rigidez em tração 0 + Rigidez em torção 0 ++

Peso 0 + Manutenção ++ 0 Fabricação + - Tempo de fabricação

++ -

Custo ++ - Tempo de projeto 0 0 Conhecimento de

projeto apresentado + 0

TOTAL DE NR. + 8 2

Fonte: adaptado de Kemna, 2011

2.1.2. Packaging e serviceability

No projeto de uma estrutura para qualquer veículo automotor uma das

principais preocupações deve ser quanto à acomodação de todas as partes do veículo

e a facilidade de remoção/colocação destas. Isso envolve o conhecimento prévio de

todos os sistemas que necessitam fazer parte do projeto. Tempo excessivo perdido

em ajustes de peças no protótipo é um dos principais complicadores na competição e

em testes realizados pelas equipes de Formula SAE, devendo, segundo Kemna

(2011) ser evitado sempre que possível.

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A localização dos diversos sistemas, principalmente os de maior massa como

motor, transmissão e até mesmo o piloto (que pode ser representado como um

conjunto de grandes massas), influencia diretamente na distribuição de massa do

veículo e na localização do seu centro de gravidade. Deve-se, em geral, procurar

manter todos os itens mais pesados o mais próximo do solo possível, para a redução

dos momentos atuantes em manobras de curva, controlando-se a transferência de

carga. Salzano (2009) cita a importância destes conceitos para a melhoria da

capacidade do veículo contornar curvas (assunto que será abordado posteriormente

neste texto), lembrando também a necessidade de se manter componentes pesados

próximos do centro de gravidade do veículo.

A alocação do piloto também influencia no desempenho em pista devido não

apenas às acelerações impressas à sua massa, mas também ao seu conforto durante

a tarefa de pilotagem. A facilidade de acesso a comandos como às alavancas de troca

de marchas e a liberdade de esterçamento do volante são exemplos de características

que devem ser levadas em conta pelo projetista responsável pelo chassi. Steve Fox

(2010) trata da importância do projeto ergonômico voltado ao piloto para a obtenção

de um bom desempenho de pilotagem, afirmando o raciocínio desenvolvido,

chamando atenção também para a preocupação com a segurança na pilotagem.

2.1.3. Rigidez torcional

2.1.3.1. Conceito e determinação

Dentre todas as funções exercidas pela estrutura de um veículo de competição,

promover uma conexão rígida entre a suspensão dianteira e traseira, juntamente com

garantir suporte a todas as cargas exercidas pelos componentes durante o processo

de pilotagem, certamente são as duas principais.

De acordo com Riley e George (2002), o chassi pode ser pensado como uma

mola de torção conectando dois extremos onde as forças atuantes da suspensão se

fazem presentes. Portanto, a constante de rigidez torcional pode ser definida como a

força necessária para torcer um grau desta mola entre o eixo dianteiro e o eixo traseiro

do veículo. O cálculo desta constante pode ser expresso através das Equações 1, 2 e

3, que nada mais são do que as relações análogas às encontradas para cálculo da

constante de uma mola de torção helicoidal em Budynas e Nisbett (2011). A Figura 2

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mostra os parâmetros utilizados no cálculo da rigidez torcional de uma estrutura, e as

medidas utilizadas nas equações abaixo foram depuradas dessa imagem.

Figura 2 – Parâmetros utilizados no cálculo de rigidez torcional de uma estrutura.

Fonte: adaptada de Limwathanagura et. Al (2012)

𝐾 =𝑇

𝜃 (1)

𝑇 = ( 𝐹𝑎 + 𝐹𝑏).𝐿

2 (2)

𝜃 = 𝑡𝑎𝑛−1𝑎 + 𝑏

𝐿 (3)

Onde:

𝐾 – constante de rigidez torcional (𝑁.𝑚

𝑔𝑟𝑎𝑢);

𝑇 – torque (𝑁.𝑚);

𝐹𝑎 – força vertical atuando na roda dianteira esquerda do veículo (𝑁);

𝐹𝑏 – força vertical atuando na roda dianteira direita do veículo (𝑁);

𝐿 – bitola do veículo, distância horizontal entra as duas rodas (𝑚);

𝜃 – ângulo de torção (º).

Para a avaliação dos deslocamentos angulares obtidos através da atuação de

um carregamento de momento em um chassi que ainda está em fase de projeto, duas

abordagens podem ser utilizadas: a analítica e a numérica. A primeira delas,

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interpelada por Riley e George (2002) e Tebby, Esmailzadeh e Barari (2011) consiste

em subdividir a estrutura em trechos com seções transversais de comprimento “𝑙”

constante, com módulos de elasticidade transversais “𝐺”, também constantes, e que

possuem momentos de inércia polar “𝐽” distintos, tais como os segmentos de uma viga

de seção transversal variável representada na Figura 3.

Figura 3 – Representação de uma viga de seção transversal variável, análoga às subdivisões de um chassi no método de cálculo analítico da rigidez torcional.

Fonte: o autor.

Segundo Budynas e Nisbett (2011), a Equação 4 oferece a rigidez torcional “𝑘”

para cada trecho, que podem ser tratados todos, como uma associação em série de

molas, cuja rigidez total é expressa pela Equação 5. A precisão deste método depende

do número de divisões a serem escolhidas (quanto maior, mais preciso será).

𝑘 =𝐺𝐽

𝑙 (4)

1

𝑘𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙=1

𝑘1+1

𝑘2+⋯+

1

𝑘𝑛 (5)

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A abordagem numérica consiste na realização de uma simulação numérica

computacional através do uso de um software de engenharia assistida. Nele, os

deslocamentos verticais, apresentados na Equação 4, são encontrados de forma

direta. Este processo será detalhado na seção específica.

2.1.3.2. Influência na dinâmica veícular

Sistemas de suspensão de veículos automotores têm na maioria das vezes sua

cinemática projetada segundo a consideração de que o chassi é um corpo rígido.

Diversos autores como Riley e George (2002), Van Berkum (2006), Lafraniere (2007),

Da Costa (2012), entre outros, exaltam o fato de que movimentos relativos

indesejados, entre as fixações dos sistemas de suspensão que comportam o eixo

dianteiro e traseiro do veículo, podem gerar comportamentos imprevisíveis do veículo

em operação.

Alterações aleatórias no centro instantâneo de rolagem, assim como

alterações de “camber”, “caster” e outras geometrias que caracterizam o movimento

do sistema de suspensão do veículo e como este interage com a pista, são os

principais motivos por trás deste tipo de comportamento. Estas devem ser evitadas

através da adição de rigidez a estrutura e fixações. Contudo, existe um compromisso

entre rigidez e massa que deve ser respeitado, para que a estrutura projetada seja

suficientemente rígida para permitir o funcionamento desejado do ajuste cinemático

de suspensão, porém suficientemente leve para que sua massa não gere forças

laterais excessivas em situações de curva, prejudicando a permanência do veículo na

pista.

Os efeitos ocasionados pela flexibilidade excessiva do chassi de um veículo de

competição foram avaliados por Deakin et. al. (2000), através de um modelo estático

composto por duas massas suspensas na mesma altura por molas axiais e

interligadas entre si por uma mola torcional. Através deste modelo uma análise foi

realizada variando-se sua rigidez torcional e verificando-se o quanto essa variação

ocasiona de desvio na configuração da rigidez a rolagem do veículo

Segundo o autor, para veículos do tipo Formula SAE, que possuem rigidez a

rolagem total entre 500 Nm/grau e 1500 Nm/grau, o chassi deve possui valores entre

1000 Nm/grau e 2000 Nm/grau de rigidez torcional para não ocasionar uma

imprecisão maior do que 20% na distribuição de rigidez a rolagem entre o eixo

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dianteiro e traseiro do veículo. Constatou-se que caso o chassi seja muito flexível,

esta distribuição teria que ser alterada para valores extremos afim de produzir a

mesma aceleração lateral do que uma distribuição de rigidez a rolagem de uma

configuração de suspensão estabelecida com um chassi rígido como parâmetro.

Portanto, o valor ideal de rigidez que deve ser atingida no projeto de um chassi

é aquele que permite que o momento gerado em cada eixo pela diferença de forças

atuantes em cada roda devido as acelerações atuantes (frenagem, lateral, aceleração)

na massa do carro, gere um deslocamento mínimo na estrutura. Alguns autores citam

valores médios que seriam recomendados para Formula SAE, devido a características

de distribuição de massa, massa total e aceleração lateral padrões neste tipo de

competição.

Como já foi visto, Deakin et. al. (2000) recomenda que veículos do tipo Formula

SAE, devem fazer uso de estruturas com rigidez mínima de 1000 Nm/grau; enquanto

Salzano (2009) estima como objetivo de rigidez torcional para o seu projeto, o valor

de 1626 Nm/grau. Outra medida que pode ser destacada é dada por Lafraniere (2007)

que discorre que a rigidez torcional ideal é alcançada tomando como meta que esta

deve ser de seis a oito vezes o valor da diferença de rigidez a rolagem do eixo traseiro

e do eixo dianteiro do veículo.

Estas recomendações para muitos casos podem acabar sendo muito

conservadoras, ou até mesmo, com o aumento do desempenho do veículo devido ao

crescimento tecnológico da categoria (fenômeno comum em competições de Formula

SAE), tornarem-se ultrapassadas. Portanto o mais recomendado é que a rigidez

torcional ideal seja avaliada para cada novo projeto, seja de forma numérica, ou

analítica.

Riley e George (2002) apresentam o desenvolvimento do modelo analítico de

molas que sintetiza a flexibilidade total do veículo. Considera-se que o veículo inteiro

é um conjunto de molas atuando em série, cada uma com a rigidez atrelada a uma

peça ou sistema do protótipo (estrutura, suspensão, braços de suspensão, roda, pneu,

entre outros). A Equação 6 sintetiza esta aglutinação das diversas molas existentes

no sistema, de acordo com a Figura 4. Deve-se sempre considerar a rigidez torcional,

convertendo todo elemento com elasticidade linear (como o amortecedor) em

elasticidade torcional considerando a distância de atuação da força como metade da

bitola do veículo; ou vice-versa.

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Figura 4 – Representação do conjunto de molas que forma o veículo.

Fonte: Riley e George (2002)

1

𝑘𝑣𝑒í𝑐𝑢𝑙𝑜=

1

𝑘𝑐ℎ𝑎𝑠𝑠𝑖+

1

𝑘𝑠𝑢𝑠𝑝𝑒𝑛𝑠ã𝑜+

𝑟12

𝑘𝑚𝑜𝑙𝑎1+

𝑟22

𝑘𝑚𝑜𝑙𝑎2+

𝑟32

𝑘𝑚𝑜𝑙𝑎3+

𝑟42

𝑘𝑚𝑜𝑙𝑎4 (6)

Nesta equação, as variáveis “𝑟” representam o “motion ratio” (razão de

deslocamento da mola pelo deslocamento vertical do centro da roda) de cada mola,

cujo quadrado dividido pelo “spring rate” (rigidez da mola), sintetiza a rigidez torcional

das molas da suspensão, quando nas unidades equivalentes. A relação entre as

variáveis desta equação forma uma curva representada pela Figura 5, que pode ser

utilizada diretamente para a obtenção de casos gerais. Os valores apresentados foram

normalizados pelo “wheel rate” (rigidez do deslocamento vertical do centro da roda)

para tornar o gráfico possível de ser utilizado independente deste valor.

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Figura 5 – Gráfico relacionando as grandezas da rigidez torcional total do veículo com a rigidez torcional da suspensão e da estrutura.

Fonte: adaptado de Riley e George (2002).

A determinação da rigidez torcional ideal através do método numérico

computacional consiste na utilização de um modelo multicorpos elástico, no qual é

possível avaliar as deformações originárias das cargas aplicadas na suspensão.

Dependendo da complexidade do modelo é possível avaliar as variações dos

parâmetros geométricos do sistema de suspensão e a sensibilidade da variação

destes devido a alteração de elasticidade de regiões analisadas do chassi.

2.1.4. Fixações

O dimensionamento das fixações das diversas peças que compõe um protótipo

de Formula SAE depende da intensidade e do modo como as acelerações geradas

pelo veículo em movimento atuam nas massas fixadas ao chassi. Podem ser

avaliadas as resistências dos tubos da estrutura no qual a carga está distribuída, a

resistência das chapas de fixação e da solda realizada para unir este tipo de fixação

aos tubos e, por fim, a resistência dos fixadores (parafusos, rebites, entre outros).

Além da resistência, o parâmetro limitante no projeto de uma fixação pode ser

a deflexão (como no caso das fixações da suspensão), em que a deformação gerada

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pelas forças aplicadas não pode ser significativa no funcionamento da cinemática

deste subsistema.

Para o dimensionamento, podem ser utilizados métodos analíticos, através do

uso das relações de tensões geradas por forças trativas, compressivas e cisalhantes

e por momentos fletores e torçores. Essas tensões devem ser avaliadas na seção

mais crítica e segundo a Teoria da Energia de Distorção apresentada em Budynas e

Nisbett (2011), através do critério de falha de Von Misses (Equação 7), visto que na

fabricação das fixações apenas materiais dúcteis são empregados.

𝜎′ =1

√2. [(𝜎𝑥 − 𝜎𝑦)

2+ (𝜎𝑦 − 𝜎𝑧)

2+ (𝜎𝑧 − 𝜎𝑥)

2 + 6. (𝜏𝑥𝑦2 + 𝜏𝑦𝑧

2 + 𝜏𝑧𝑥2 )]1/2 (7)

Esta relação é uma das bases do projeto de máquinas. Nela as tensões normais

são representadas por “𝜎” e as tensões de cisalhamento são representadas por “𝜏”. A

máxima tensão, que deve respeitar o limite de escoamento do material, também

conhecida por tensão de Von Misses, é representada por “𝜎′”.

Além do método analítico, as fixações podem ser dimensionadas e otimizadas

através do Método dos Elementos Finitos (MEF), aplicado através da utilização de

algum software de engenharia assistida (tais como ANSYS, CREO, Abaqus, Nastran,

entre outros). Deve-se tomar cuidado para que todas as condições de contorno sejam

aplicadas corretamente, respeitando todos os graus de liberdade envolvidos no

problema. Mais detalhes acerca da utilização destas técnicas serão discutidos nas

seções subsequentes deste texto.

2.2. MODELAGEM COMPUTACIONAL

A mecânica clássica e a resistência dos materiais formaram a base do cálculo

estrutural na Engenharia. Recursos analíticos derivados de equações diferenciais que

representam o equilíbrio dos corpos podem ser utilizados para o cálculo de tensões e

deformações, assim como o deslocamento de corpos no espaço. A utilização de

simplificações e a análise fracionada (como a utilização de diagramas de corpo livre e

a decomposição de esforços) conferem versatilidade a métodos analíticos, porém

certos problemas assumem tal complexidade que a utilização destes passa a ser

extremamente maçante ou até mesmo inviável.

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Este revés é abordado por Alves Filho (2000), que introduz a aplicação do

Método dos Elementos Finitos (MEF) na resolução de problemas de cálculos

estruturais. Neste trabalho será utilizado um software comercial para a aplicação do

método, porém nesta seção serão tratados os conceitos e formulações matemáticas

que o definem, e a formulação dos elementos utilizados na análise que será realizada.

Julga-se que este entendimento é importante para a correta utilização do recurso

computacional e para a criação de um modelo de análise estrutural confiável.

2.2.1. Etapas

Para o usuário de um programa de Elementos Finitos, é essencial para que a

análise ocorra de maneira correta, que se tenha o conhecimento da maneira que o

software opera. Em geral, segundo Fonseca (2002) existem algumas etapas que

apesar de nem sempre serem as únicas, são as essenciais na existência de um

programa do MEF, estando elas expressas na Figura 6.

Figura 6 – Estruturação geral de um programa de Elementos Finitos

Fonte: Fonseca (2002)

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Na etapa de entrada de dados a geometria do problema deve ser definida,

juntamente com a localização dos nós dos elementos e a natureza e localização das

condições de contorno (para análise estrutural, geralmente são restrições ao

movimento e forças). A etapa segunda etapa, que será abordada na seção 2.2.4, é o

cerne de todo software do MEF e contém a modelagem matemática do problema físico

e os recursos numéricos para a solução deste problema.

Na sequência, a aplicação das condições de contorno e a solução das

equações do sistema nada mais é que a substituição de valores e a manipulação

algébrica das equações formadas na etapa dois. Para uma análise estática estrutural,

de posse das rigidezes dos elementos analisados e das forças [𝐹] aplicadas, pode-se

descobrir os deslocamentos [𝑈] associados à estas grandezas através da inversão da

matriz de rigidez [𝐾] do corpo (Equação 8).

[𝑈] = [𝐾]−1. [𝐹] (8)

Tem-se da álgebra matricial que uma matriz é invertível se o seu determinante

é não nulo. Como será visto nas seções seguintes, a matriz [𝐾] é simétrica e seu

determinante será nulo caso as condições de contorno não sejam aplicadas,

significando que o corpo está com movimento de corpo rígido. Isto explicita uma das

importâncias do entendimento do funcionamento geral do programa, que é a

identificação dos possíveis erros existentes.

Por fim, a última etapa é o objetivo final da utilização de uma análise por

Elementos Finitos que é o resultado final obtido através da solução das equações.

Nesta etapa o conhecimento de Engenharia deve estar presente para identificar a

validade e coerência dos resultados e entender o que estes estão expressando.

2.2.2. Análise Dinâmica de Corpo Rígido

Este tipo de análise é comumente utilizada para o estudo da cinemática dos

corpos de um sistema mecânico em movimento, não levando em conta a elasticidade

dos mesmos. Desta forma, não é possível trabalhar com forças e deformações

internas das peças, sendo os dados de entrada e saída forças, momentos,

deslocamentos, velocidades e acelerações analisadas nas entidades externas dos

corpos envolvidos.

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A única propriedade dos materiais dos corpos envolvidos na modelagem, que

realmente importa para a resolução deste tipo de análise, é a densidade. Através dela

e da geometria das peças envolvidas, é possível identificar o centro de massa de cada

parte. No software ANSYS, utilizado para a criação do modelo computacional do

chassi e suspensão, as peças devem ser interligadas através de contatos, juntas ou

molas.

Os corpos rígidos, quando partem de corpos já discretizados, são definidos por

elementos subjacentes, ligados a um ponto piloto por elementos chamados

TARGE170 (3D) e TARGE169 (2D). Em um caso contrário, quando a discretização

não for realizada previamente, ele pode ser representado por um nó piloto, composto

pelo elemento MASS21 ligados aos elementos “TARGE” adjacentes por “Multi Point

Constraints” (MPCs), tal qual está ilustrado na Figura 7.

Figura 7 – Na esquerda, corpo rígido pré discretizado, na direita, corpo rígido apenas com nó piloto e elementos targe.

Fonte: adaptado de ANSYS Mechanical User’s Guide (2013).

Qualquer elemento “TARGE” pode ser definido como um nó piloto e este será

o responsável por definir todos os seis graus de liberdade do corpo rígido. Ele

geralmente é associado a um ponto de massa no centro de massa do elemento, onde

as propriedades de massa e inércia são atribuídas.

O programa permite também a realização de análises em regime transiente,

com a configuração de passos no tempo (“time steps”). Como o tipo de integração

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utilizada no tempo é a explicita, necessita-se de passos menores para a aquisição de

um resultado confiável. Além disso esses passos também são governados pelas

maiores frequências do sistema (quanto maiores, menores deverão ser os passos

para que se obtenham resultados confiáveis). Devido à estas dificuldades, o software

possui um algoritmo que governa os passos no tempo através de três parâmetros:

passo inicial (“initial time step”), passo mínimo (“minimum time step”) e passo máximo

(“maximum time step”).

O primeiro parâmetro é um valor aleatório dado pelo engenheiro. Caso seja

excessivamente grande, o programa irá falhar na simulação, considerando uma

aceleração inicial muito alta. Em casos do passo inicial ser um pouco maior ou menor,

o algoritmo irá identificar a necessidade de aumenta-lo ou diminuí-lo para a obtenção

de uma solução mais rápida e precisa.

O segundo parâmetro é um mecanismo de segurança, em que se determina

um passo mínimo no tempo ao qual se o programa identificar que seja necessário um

valor menor para resolver a simulação, ele irá ser bloqueado. Isto ocorre para impedir

que a simulação rode indefinidamente com passos muito curtos no tempo.

O último parâmetro é utilizado para evitar que o programa dê passos muito

grandes, evitando a produção de poucos resultados. Contudo, o programa ainda pode

utilizar métodos como o Runge Kutta de quarta e quinta ordem e a medição da

variação da energia cinética do ponto da peça analisado, entre um passo e outro,

evitando que passos muito grandes sejam dados (grandes variações de energia).

Os dados de entrada de força podem ser inseridos no software através de uma

função ou de forma tabular, em momentos no tempo (podendo a força variar conforme

o preenchimento da tabela). O problema gerado através deste mecanismo é que

existem muito mais passos no tempo do que “passos” da força, o que gera uma perda

de informação em certos instantes. Desta forma, o programa gera uma interpolação

da curva da força, ajustando-a a todos os passos executados no tempo (o método de

interpolação pode ser controlado pelo programa ou pelo projetista).

Deve-se tomar cuidado com descontinuidades de força e aceleração

(mudanças muito abruptas), que representam impactos, quando analisadas do ponto

de vista físico. Porém, o programa distribui estas descontinuidades, gerando

geralmente um resultado confiável, mas que não reproduz o impacto caso este efeito

seja desejado. Além disso descontinuidades de posição não são permitidas e o

programa pode não resolver ou gerar um resultado errado nestes casos.

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2.2.3. Simulação Multicorpos

O que caracteriza este tipo de simulação é o fato dela analisar simultaneamente

dois ou mais corpos, considerando as intereções existentes entre eles, podendo trazer

características combinadas da análise dinâmica de corpo rígido e da análise por

elementos finitos. Este tipo de modelagem permite a interação entre corpos rígidos e

flexíveis ou somente corpos flexíveis, unidos através de elementos como juntas, tal

qual representado na Figura 8.

Figura 8 – Representação esquemática de modelagem multicorpos.

Fonte: adaptado de ANSYS Mechanical User’s Guide (2013).

O estudo realizado com um modelo multicorpos para uma análise estática

estrutural, também mantém a linearidade para deformações de elementos flexíveis,

considerando o princípio de pequenos deslocamentos utilizados para a formulação

dos elementos finitos mais simples. Contudo, grandes deslocamentos são permitidos

com o uso de ligações com elementos que compõe mecanismos (como molas), sendo

este recurso bastante útil para verificação do comportamento de um sistema de

suspensão perante casos de forças atuantes em regime permanente.

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No software utilizado, os elementos rígidos podem ser modelados com o uso

das formulações MPC184, Rigid Links ou Rigid Beam. Já para os elementos de junta

as duas primeiras formulações podem ser utilizadas, contudo, em uma análise mais

complexa, a flexibilidade dos grupos de elementos que compõe o escopo do comando

de junta pode ser contabilizada através de formulações especiais de contato (que não

farão parte do escopo deste trabalho).

Elementos rígidos podem muitas vezes substituir elementos nos quais não se

interessa saber a distribuição de força, tensões e deformações internas e/ou corpos

que são muito mais rígidos que os demais com os quais interage. O uso de corpos

com rigidez muito alta em vez de corpos rígidos, em análises dinâmicas transientes

pode acarretar o surgimento de modos com frequências muito altas, que necessitam

de um incremento de tempo muito curto para serem resolvidos (simulação mais

demorada).

No trabalho desenvolvido por Salzano (2009) destaca-se a importância da

definição dos pontos de pivotamento dos braços de suspensão do veículo de Formula

SAE analisado por ele. Como o autor criou o modelo no software ANSYS (o mesmo

utilizado neste trabalho), através de Keypoints (pontos que definem a extremidade de

um sólido, no caso de um modelo formado por linhas, as extremidades de cada linha),

foi necessário definir a junção entre nós coincidentes, através dos recursos

apresentados neste capítulo, definindo-os individualmente.

2.2.4. Elementos Utilizados

2.2.4.1. Elemento de Barra

O elemento de barra (ou treliça) pode ser considerado o mais simples da

biblioteca de elementos utilizados no método dos elementos finitos. Suas

propriedades tratam apenas de forças e deslocamentos axiais, tornando sua

formulação, segundo Fonseca (2002), direta.

O que define um elemento finito em âmbito geral, é sua matriz de rigidez. Para

o elemento de treliça a obtenção desta pode ser obtida através da análise do equilíbrio

de forças internas no elemento. Considerando-se que o elemento da Figura 9 possui

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36

dois nó (1 e 2), onde são aplicadas cargas externas 𝐹1 e 𝐹2, tem-se o equilíbrio do

corpo dado pela Equação 9.

Figura 9 – Representação da situação de equilíbrio de um elemento de barra isolado.

Fonte: Fonseca (2002).

𝐹2 = −𝐹1 (9)

A relação entre tensão e deformação para uma análise unidimensional é dada

pela lei de Hooke na forma mais simplificada, expressa pela Equação 10. Da mesma

forma, considerando um elemento de comprimento 𝐿, e a relação entre deformação e

deslocamento, na qual a deformação de um corpo é dada pela variação do

deslocamento dos pontos deste corpo (𝑢𝑥) na direção analisada, tem-se a deformação

específica de um elemento de barra dada pela Equação 11.

𝜎𝑥 = 𝐸. 휀𝑥 (10)

휀𝑥 =𝑑𝑢𝑥𝑑𝑥

=∆𝐿

𝐿 (11)

Considerando-se que a variação de comprimento de uma barra na direção do

seu eixo depende apenas do deslocamento das suas extremidades, pode se obter

uma relação entre a deformação interna e os deslocamentos nodais, que é dada pela

Equação 12.

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37

휀𝑥 =𝑢𝑥2 − 𝑢𝑥1

𝐿 (12)

Essa relação é a base para formular as relações (Equações 13 e 14) entre

forças externas aplicadas e deformações internas resultantes para um elemento de

treliça de seção transversal de área 𝐴. Ajustada de forma matricial, obtém-se na

Equação 15 a matriz de rigidez [𝑘] do elemento, que é o cerne de um programa de

Elementos Finitos para análise estrutural.

𝐹1 = −𝐸. 𝐴. 휀𝑥 =−𝐸. 𝐴

𝐿(𝑢𝑥2 − 𝑢𝑥1) (13)

𝐹2 = 𝐸. 𝐴. 휀𝑥 =𝐸.𝐴

𝐿(𝑢𝑥2 − 𝑢𝑥1) (14)

{𝑓} = [𝑘]. [𝑢] {𝐹1𝐹2} =

𝐸. 𝐴

𝐿[1 −1−1 1

] . {𝑢𝑥1𝑢𝑥2

} (15)

2.2.4.1.1. Formulação de um corpo com mais de um elemento de barra

A formulação de um único elemento de barra pode ser expandida para um

corpo composto por diversos elementos. Esse procedimento envolve algumas

transformações de variáveis e coordenadas do sistema do elemento para o sistema

do corpo. Baseando-se na Figura 10, tem-se a formulação matemática das forças, e

deslocamentos para cada nó, seguindo o procedimento já apresentado.

Figura 10 – Representação de um corpo formado por três nós e dois elementos de treliça.

Fonte: Fonseca (2002)

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A ligação entre o elemento “A” e o “B” pode ser considerado uma associação

de dois nós “2” e “3”. Desta forma, as equações de equilíbrio considerando as

notações individuais de cada corpo, para cada nó, sintetizam-se nas Equações 16, 17

e 18, onde “𝐹𝐴”, “𝐹𝐵” e “𝐹𝐶” são as forças nodais quando analisada a estrutura como

um todo.

𝐹𝐴 = 𝑓𝐴1 =𝐸𝐴𝐴𝐴𝐿𝐴

. 𝑢𝑥1 −𝐸𝐴𝐴𝐴𝐿𝐴

𝑢𝑥2 (16)

𝐹𝐵 = 𝑓𝐴2 + 𝑓𝐵1 = −𝐸𝐴𝐴𝐴𝐿𝐴

. 𝑢𝑥1 +𝐸𝐴𝐴𝐴𝐿𝐴

𝑢𝑥2 +𝐸𝐵𝐴𝐵𝐿𝐵

. 𝑢𝑥3 −𝐸𝐵𝐴𝐵𝐿𝐵

𝑢𝑥4 (17)

𝐹𝐶 = 𝑓𝑏2 = −𝐸𝐵𝐴𝐵𝐿𝐵

. 𝑢𝑥3 +𝐸𝐵𝐴𝐵𝐿𝐵

𝑢𝑥4 (18)

Considerando que os deslocamentos dos nós “2” e “3” são iguais e que os dois

elementos possuem a mesma seção transversal e são constituídos do mesmo

material, tem-se a formação da relação matricial (Equação 19) relacionando forças e

deslocamentos nodais, com a rigidez de toda a estrutura.

[

𝐹𝐴𝐹𝐵𝐹𝐶

] =𝐸. 𝐴

𝐿[1 −1 0−1 1 + 1 −10 −1 1

] = [

𝑈𝐴𝑈𝐵𝑈𝐶

] (19)

A lógica do algoritmo responsável pela montagem de diversos elementos barra

transpondo das coordenadas individuais para as coordenadas da estrutura pode ser

visto na Figura 11. O método pode ser aplicado para um número maior de elementos

e vale ressaltar que apesar de neste caso em específico “A, B e C” coincidirem com

os nós no corpo, na verdade representam os diversos graus de liberdade por nó.

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39

Figura 11 – Algoritmo para a transposição do sistema de coordenadas do elemento para o sistema de coordenadas do corpo.

Fonte: adaptado de Alves Filho (2000).

Do jeito que foi formulado, o elemento de barra é próprio para resolver apenas

problemas em que o sistema de coordenadas do elemento e o sistema de

coordenadas do corpo coincidem. Este caso é muito específico e pouco útil, e não

possui capacidade para resolver um problema tal qual o da Figura 12, na qual é

possível notar três elementos de viga formando uma geometria triangular. Nesta

representação está presente o sistema de coordenadas global (X,Y) e os sistemas de

coordenadas locais (x,y).

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Figura 12 – Representação de um corpo composto por elementos de treliça, em um único plano.

Fonte: adaptado de Alves Filho (2000).

As forças e deslocamentos no sistema de coordenadas do corpo relacionam-

se com as forças e deslocamentos no sistema de coordenadas global, tomando como

exemplo o “nó 1”, através das Equações 20 e 21. As grandezas 𝑢1𝑋 e 𝑢1𝑌 apesar de

não estarem representados na figura anterior, são as componentes de deslocamento

do nó, no sistema de coordenadas global.

𝑢1 = 𝑢1𝑋. 𝑐𝑜𝑠𝜃 + 𝑢1𝑌. 𝑠𝑒𝑛𝜃 (20)

{𝐹1𝑋 = 𝐹1. cos 𝜃𝐹1𝑌 = 𝐹2. 𝑠𝑒𝑛 𝜃

(21)

Estas relações, quando aplicadas ao elemento inteiro formam uma matriz de

transformação [𝑇], que atua transpondo as forças e deslocamentos do sistema de

coordenadas do elemento para o sistema de coordenadas global. A estrutura desta

matriz pode ser verificada nas Equações 22 e 23.

{𝛿} = [𝑇]. {∆} {𝑢1𝑢2} = [

cos 𝜃 𝑠𝑒𝑛 𝜃 0 00 0 cos 𝜃 𝑠𝑒𝑛 𝜃

] . {

𝑢1𝑋𝑢1𝑌𝑢2𝑋𝑢2𝑌

} (22)

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{𝐹} = [𝑇]𝑇 . {𝑓} {

𝐹1𝑋𝐹1𝑌𝐹2𝑋𝐹2𝑌

} = [

cos 𝜃 0𝑠𝑒𝑛 𝜃 00 cos 𝜃0 𝑠𝑒𝑛 𝜃

] . {𝐹1𝐹2}

(23)

Nas relações já apresentadas, {𝐹}, {𝐾} e {∆} representam respectivamente a

matriz de forças, rigidez e deslocamentos para o sistema global do corpo; e {𝑓}, {𝑘} e

{𝛿} representam estas mesmas grandezas, mas para o sistema de coordenadas do

elemento. Através da manipulação da Equação 24 é possível provar que para o

sistema global, a relação entre força e deslocamento expressa na Equação 25, são

regidas pela matriz de rigidez global cuja estrutura é dada pela Equação 26.

{

{𝐹} = [𝑇]𝑇 . {𝑓}

{𝛿} = [𝑇]. {Δ}

{𝑓} = [𝑘]. {𝛿}

(24)

{𝐹} = [𝑇]−1. [𝑘]. [𝑇]. {Δ} (25)

[𝐾] = [𝑇]𝑇. [𝑘]. [𝑇] (26)

Vale ressaltar que esta formulação é válida para todos elementos

apresentados, apenas variando as dimensões de [𝑇], {𝐾} e {𝑘} de acordo com o

número de graus de liberdade do elemento finito formulado.

2.2.4.2. Elemento de viga

O elemento de viga, assim como os já apresentados, é um elemento

unidirecional, porém, diferentemente destes, permite considerar a atuação de esforços

de tração, compressão, torção e flexão. A análise é análoga a já apresentada,

seguindo os mesmos passos, porém com maior grau de complexidade, visto que cada

nó do elemento poderá possuir seis graus de liberdade. Isto levará a uma matriz de

rigidez de ordem 12 x 12, que será formulada a partir do princípio da sobreposição e

independência dos efeitos originários dos esforços normais e dos momentos torçores

e fletores.

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42

Considerando-se os efeitos existentes devido a flexão, tem-se deslocamentos

originários devido à ação dos momentos fletores e dos esforços cortantes. Ambos,

geram deslocamentos normais em relação ao eixo da viga, cuja transformação do

sistema de coordenadas local para o global se dá de forma exatamente idêntica à

apresentada anteriormente. Contudo, os momentos fletores, atuando nos vértices da

viga, ocasionam o giro dos mesmos. Este giro não requer uma transformação de

coordenadas, devendo haver apenas a consideração de sua magnitude no plano de

interesse.

Os esforços cortantes geram deformações devido ao cisalhamento

(independentes em relação as deformações devido a flexão). Esta, segundo Alves

Filho (2000), pode ser contabilizada como uma redução na rigidez total da viga, na

direção da atuação do cisalhamento e contabilizada como um fator “𝜙”. A dedução

deste, não faz parte do escopo do trabalho e pode ser encontrada na referência. Tanto

a formulação do fator, como do elemento de viga no espaço, estão expressas

respectivamente nas Equações 27 e 28, onde “𝐺” é o módulo de elasticidade

transversal, “𝐴𝑠” é a área da superfície resistente e “𝑏𝑛 =𝐸.𝐼𝑛

(1+𝜙𝑛)𝐿3”, “𝑎 =

𝐸.𝐴

𝐿” (nos seus

respectivos planos) e “t=𝐺.𝐽

𝐿” são partes dos coeficientes de rigidez inclusos na matriz

de rigidez para suas direções correspondentes.

𝜙 =12. 𝐸. 𝐼

𝐺. 𝐴𝑠. 𝑙2 (27)

[𝐾] =

[ 𝑎0 12. 𝑏𝑧0 0 12. 𝑏𝑦0 0 0 𝑡0 0 −6. 𝑏𝑦 . 𝐿 0 (4 + 𝜙𝑧). 𝑏𝑦 . 𝐿

2

0 6. 𝑏𝑧. 𝐿 0 0 0 (4 + 𝜙𝑦). 𝑏𝑧. 𝐿2

−𝑎 0 0 0 0 0 𝑎0 −12, 𝑏𝑧 0 0 0 −6. 𝑏𝑧. 𝐿 0 12. 𝑏𝑧0 0 −12. 𝑏𝑦 0 6. 𝑏𝑦 . 𝐿 0 0 0 12. 𝑏𝑦0 0 0 −𝑡 0 0 0 0 0 𝑡0 0 −6. 𝑏𝑦 . 𝐿 0 (2 − 𝜙𝑧). 𝑏𝑦 . 𝐿

2 0 0 0 6. 𝑏𝑦 . 𝐿 0 (4 + 𝜙𝑧). 𝑏𝑦 . 𝐿2

0 6. 𝑏𝑧. 𝐿 0 0 0 (2 − 𝜙𝑦). 𝑏𝑧. 𝐿2 0 −6. 𝑏𝑧. 𝐿 0 0 0 (4 − 𝜙𝑦). 𝑏𝑧. 𝐿

2]

(28)

2.2.4.3. Elementos bi e tridimensionais

O método direto da formulação do elemento finito através das relações entre

deslocamento e força nodal, dadas pela matriz de rigidez, visto anteriormente, não

tem aplicação imediata tratando-se de elementos bidimensionais e tridimensionais.

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43

Quando se formula este tipo de elemento, deve-se lembrar que as interações não

ocorrem somente de acordo com os nós, estando presente o compartilhamento de

fronteiras. Portanto, o deslocamento em cada local interno no elemento deverá ser

determinado.

Não existe uma formulação exata que trate das deformações internas no

elemento através da força externa aplicada, para isto um polinômio de interpolação

deve ser utilizado, possibilitando determinar a rigidez do elemento de forma

aproximada. A formulação geral é obtida através do princípio da conservação da

energia de deformação, onde a energia externa, contabilizada através do trabalho das

forças nodais, é armazenada em energia de deformação dentro do elemento.

Para que seja possível a determinação dos coeficientes que ditam a forma da

função determinada por este polinômio, este deverá ter o grau coincidente com o

“número de pontos conhecido da função” Este número de pontos, tratando-se da

formulação do elemento finito, deverá ser o número de graus de liberdade considerado

em cada nó deste mesmo elemento, que por consequência é ligado ao número de nós

intermediários (“midside nodes” no software utilizado) no mesmo.

Antes de estabelecer a sequência da formulação do elemento finito é preciso

tratar de alguns conceitos básicos da mecânica dos sólidos. O significado de

deformação específica (“휀”) é expresso por Beer e Jonhston (2008) como sendo a

razão entre o deslocamento “∆𝑙” provocado pela deformação e o comprimento total

“𝑙”. Expandindo esse conceito para uma placa ou sólido infinitesimal, tem-se que a

deformação específica em uma direção é dada pelo deslocamento infinitesimal

provocado pela deformação, nesta mesma direção, sobre o comprimento total da

aresta infinitesimal do sólido nesta direção. Isto é expresso pela Equação 29 na

direção do eixo “x” de um sistema de coordenadas cartesianas, onde “𝑢” representa o

deslocamento nesta direção (“𝑣” e “𝑤” são utilizados para deslocamentos nas direções

“y” e “z” respectivamente).

휀𝑥 =𝜕𝑢

𝜕𝑥 (29)

Outra relação importante que deve ser estabelecida é a que ocorre entre

tensões e deformações, sendo estabelecida pela lei de Hooke. Para diferentes

análises esta relação toma formas distintas devido a determinação do termo de

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deformação. Para uma análise uniaxial este termo depende apenas dos

deslocamentos no próprio eixo, em estados planos de tensão existe a dependência

dos deslocamentos biaxiais, assim como no estado triplo de tensão os deslocamentos

são avaliados em todos os eixos, através da relação com o coeficiente de Poisson.

Portanto, por conveniência, esta relação pode ser expressa de forma matricial de

acordo com as Equações 30 e 31 (representando o caso mais completo), onde “𝐷” é

a matriz de elasticidade (representando o módulo de elasticidade) e “𝜈” é o coeficiente

de Poisson. A notação “(𝑥, 𝑦, 𝑧)” indica que os termos são referentes a efeitos internos

da superfície ou sólido analisados).

{𝜎(𝑥, 𝑦, 𝑧)} = [𝐷]. {휀(𝑥, 𝑦, 𝑧)} (30)

[𝐷] =𝐸. (1 − 𝜈)

(1 + 𝜈). (1 − 2𝜈)

[ 1

𝜈

1 − 𝜈

𝜈

1 − 𝜈0 0 0

𝜈

1 − 𝜈1

𝜈

1 − 𝜈0 0 0

𝜈

1 − 𝜈

𝜈

1 − 𝜈1 0 0 0

0 0 01 − 2𝜈

2(1 − 𝜈)0 0

0 0 0 01 − 2𝜈

2(1 − 𝜈)0

0 0 0 0 01 − 2𝜈

2(1 − 𝜈)]

(31)

De posse destas abordagens, o polinômio de interpolação representando os

deslocamentos internos, pode ser definido. O número de coeficientes (que como já foi

dito, deve ser igual ao número de graus de liberdade) deverá ser igualmente

distribuído segundo o número de polinômios, que deverá ser igual à quantidade de

tipos de movimentos executados por cada ponto dentro do elemento finito (translação

ou rotação em “x”, “y” e “z”). Exemplificando, os nós do elemento retangular plano,

exibido na Figura 13, podem sofrer deslocamentos nas direções “x” e “y”. Portanto

existirão dois polinômios de interpolação expressos pelas Equações 32 e 33, nos

quais não se deve fazer preferência por nenhuma direção na suposição do quarto

termo do polinômio.

𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝐶1 + 𝐶2. 𝑥 + 𝐶3. 𝑦 + 𝐶4. 𝑥. 𝑦 (32)

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45

𝑣(𝑥, 𝑦) = 𝐶5 + 𝐶6. 𝑥 + 𝐶7. 𝑦 + 𝐶8. 𝑥. 𝑦 (33)

Figura 13 - Representação de um elemento retangular.

Fonte: adaptado de Alves Filho (2000).

Sendo este um elemento plano, que representa um estado plano de tensões e

deformações, só irão ser observadas deformações específicas normais nos planos “x”

e “y”, além da deformação específica angular “𝛾𝑥𝑦” neste plano. Como visto

anteriormente, as deformações podem ser expressas como derivadas dos

deslocamentos nas suas respectivas direções, sendo expressas pelas Equações 34,

35 e 36.

휀𝑥 =𝜕𝑢

𝜕𝑥= 𝐶2 + 𝐶4. 𝑥 (34)

휀𝑦 =𝜕𝑣

𝜕𝑦= 𝐶7 + 𝐶8. 𝑦 (35)

𝛾𝑥𝑦 =𝜕𝑢

𝜕𝑦+𝜕𝑣

𝜕𝑥 (36)

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46

Através destas deformações específicas e da matriz de elasticidade para o

estado plano de tensões (que é análoga à apresentada para o estado triplo) tem-se o

produto matricial que explicita a distribuição de tensões no interior do elemento, dada

pela Equação 37. Para a dedução da matriz de rigidez do elemento, deverão ser

realizadas manipulações algébricas relacionando os deslocamentos nodais com as

deformações internas do elemento, assim como comprovando a equivalência entre

trabalho interno e trabalho externo no elemento.

{𝜎} = [𝐷]. {휀} (37)

Para isto, isolar a matriz dos coeficientes na matriz de deslocamento nodal “{𝛿}”

faz-se necessário e isto se dá através da forma matricial pela Equação 38. Esta deverá

ser substituída na Equação 40, que nada mais é que a forma matricial das

deformações internas exibidas nas Equações 34, 35 e 36. Através disto obtém-se a

matriz deslocamento/deformação “[𝐵]”, de acordo com as Equações 40 e 41, onde “𝑎”

e “𝑏” são as arestas do elemento finito, definida pelas coordenadas nodais.

{𝛿} = [𝐴]. {𝐶} → {𝐶} = [𝐴]𝑇 . {𝛿} =

[ 1 𝑥1 𝑦1 𝑥1. 𝑦1 0 0 0 00 0 0 0 1 𝑥2 𝑦1 𝑥1. 𝑦11 𝑥2 𝑦2 𝑥2. 𝑦2 0 0 0 00 0 0 0 1 𝑥2 𝑦2 𝑥2. 𝑦21 𝑥3 𝑦3 𝑥3. 𝑦3 0 0 0 00 0 0 0 1 𝑥3 𝑦3 𝑥3. 𝑦31 𝑥4 𝑦4 𝑥4. 𝑦4 0 0 0 00 0 0 0 1 𝑥4 𝑦4 𝑥4. 𝑦4]

.

{

𝑢1𝑣1𝑢2𝑣2𝑢3𝑣3𝑢4𝑣4}

(38)

{휀(𝑥, 𝑦)} = [𝐺]. {𝐶} = [0 1 0 𝑦 0 0 0 00 0 0 0 0 0 1 𝑥0 0 1 𝑥 0 1 0 𝑦

] .

{

𝐶1𝐶2𝐶3𝐶4𝐶5𝐶6𝐶7𝐶8}

(39)

{휀(𝑥, 𝑦)} = [𝐺]. [𝐴]𝑇. {𝛿} = [𝐵]. {𝛿} (40)

[𝐵] =1

𝑎. 𝑏. [−𝑏 + 𝑦 0 𝑏 − 𝑦 0 𝑦 0 −𝑦 00 −𝑎 + 𝑥 0 −𝑥 0 𝑥 0 𝑎 − 𝑥

−𝑎 + 𝑥 −𝑏 + 𝑦 −𝑥 𝑏 − 𝑦 𝑥 𝑦 𝑎 − 𝑥 −𝑦] (41)

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47

A partir da substituição da definição de deformação interna obtida na relação

acima, na Equação 37, é possível obter uma nova relação para o a tensão gerada no

elemento. A partir disto, partindo da definição de que o trabalho externo “𝜏𝑒𝑥𝑡” é dado

pela força aplicada no nó vezes o deslocamento apresentado pelo mesmo (Equação

42); e a definição de que o trabalho de deformação interno “𝑊𝑖𝑛𝑡” é dado pela tensão,

vezes o volume, vezes a deformação específica (Equação 43); é possível determinar

a relação de equivalência entre trabalho externo e interno, apresentada na Equação

44.

𝜏𝑒𝑥𝑡 = {𝛿}𝑇 . {𝑓} (42)

𝑊𝑖𝑛𝑡 = ∫ [휀(𝑥, 𝑦)𝑇]. {𝜎(𝑥, 𝑦)}. 𝑑𝑣𝑜𝑙𝑣𝑜𝑙

(43)

{𝑓} = [∫ [𝐵]𝑇 . [𝐷]. [𝐵]. 𝑑𝑣𝑜𝑙𝑣𝑜𝑙

] . {𝛿} (44)

Partindo-se do princípio que força é definida por rigidez vezes deslocamento, a

matriz cujos elementos são definidos pela integração, na Equação 44, é a matriz de

rigidez do elemento retangular plano. Convém representa-la através de duas

componentes, a referente a deformações devidos a esforços normais no elemento e

a deformações cisalhantes, sendo sua forma final é descrita pelas Equações 45, 46 e

47. A regra da aplicação da matriz de transformação de sistema de coordenadas

verificada na formulação de elementos unidimensionais continua valendo para os

elementos bi e tridimensionais.

[𝑘]𝑒 = [𝑘]𝜀 + [𝑘]𝛾 (45)

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[𝐾]𝜀 =𝐸. 𝑡

12. (1 − 𝜈2)

[ 4. 𝑏

𝑎

3. 𝜈4. 𝑎

𝑏

−4. 𝑏

𝑎−3. 𝜈

4. 𝑏

𝑎

3. 𝜈2. 𝑎

𝑏−3. 𝜈

4. 𝑎

𝑏

−2. 𝑏

𝑎−3. 𝜈

2. 𝑏

𝑎−3. 𝜈

4. 𝑏

𝑎

−3. 𝜈 −2. 𝑎

𝑏3. 𝜈 −

4. 𝑎

𝑏3. 𝜈

4. 𝑏

𝑎2. 𝑏

𝑎3. 𝜈 −

2. 𝑏

𝑎3. 𝜈 −

4. 𝑎

𝑏−3. 𝜈

4. 𝑏

𝑎

−3. 𝜈 −4. 𝑎

𝑏3. 𝜈 −

2. 𝑎

𝑏3. 𝜈

2. 𝑎

𝑏−3. 𝜈

4. 𝑎

𝑏 ]

(46)

[𝑘]𝑓 =𝐸. 𝑡

24. (1 + 𝜈)

[ 4. 𝑎

𝑏

34. 𝑏

𝑎2. 𝑎

𝑏3

4. 𝑎

𝑏

−3 −4. 𝑏

𝑎−3

4. 𝑏

𝑎

−2. 𝑎

𝑏−3

4. 𝑎

𝑏3

4. 𝑎

𝑏

−3 −2. 𝑏

𝑎−3

2. 𝑏

𝑎3

4. 𝑏

𝑎

−4. 𝑎

𝑏−3 −

2. 𝑎

𝑏3

2. 𝑎

𝑏3

4. 𝑎

𝑏

32. 𝑏

𝑎3 −

2. 𝑏

𝑎−3 −

4. 𝑏

𝑎−3

4. 𝑏

𝑎 ]

(47)

Como já foi abordado, a matriz de rigidez de um elemento é quadrada e possui

a mesma dimensão que o número de graus de liberdade do mesmo. Visto isso, um

elemento hexaédrico parabólico, que possui vinte nós e seis graus de liberdade por

nó, apresentaria uma matriz de rigidez de dimensões 120x120. Logo, a formulação

não será apresentada para nenhum outro elemento existente, porém, a sequência

utilizada para a formulação da matriz de rigidez para o elemento retangular plano,

segundo Alves Filho (2000), vale para todo elemento de casca ou sólido. Visto isto,

na sequência serão apresentadas apenas as particularidades e cuidados que deverão

ser tomados em sua utilização.

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49

2.2.5. Influência da geometria dos elementos

O sistema de coordenadas naturais é um recurso utilizado para a simplificação

da utilização do Método dos Elementos Finitos. Ele foi elaborado através da

observação de que os deslocamentos a serem descobertos de um ponto no interior

do elemento são diretamente influenciados por a distância deste ponto em relação a

cada um dos nós do elemento.

Desta forma, cada coeficiente da função de forma do elemento funciona como

um fator ponderador, expressando o quanto cada direção dentro do elemento

influencia na variação do deslocamento total de um ponto em relação ao

deslocamento total dos nós. Sendo assim, segundo Alves Filho (2000), os coeficientes

tornam-se funções interpoladoras que podem ser expressas em um sistema de

coordenadas próprio do elemento, onde cada direção refere-se a um eixo (r, s ou t) e

o valor extremo das coordenadas destes eixos são -1 e 1, tal qual está expresso na

Figura 14.

Figura 14 – Representação gráfica de um elemento em sua forma real e sua representação isoparamétrica.

Fonte: adaptada de Fonseca (2002)

A principal vantagem da formulação isoparampetrica está no fato da

determinação da relação entre as deformações internas do elemento e os

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50

deslocamentos nodais ser mais direta. A deformação é obtida através da derivação

dos coeficientes gerados pelos polinômios interpoladores de forma, sendo expressa,

nas Equações 48 e 49.

휀𝑥 =𝜕𝑢

𝜕𝑥=𝜕ℎ1𝜕𝑥

. 𝑢1 +𝜕ℎ2𝜕𝑥

. 𝑢2 +𝜕ℎ3𝜕𝑥

. 𝑢3 +𝜕ℎ4𝜕𝑥

. 𝑢4 (48)

휀𝑦 =𝜕𝑣

𝜕𝑦=𝜕ℎ1𝜕𝑦

. 𝑣1 +𝜕ℎ2𝜕𝑦

. 𝑣2 +𝜕ℎ3𝜕𝑦

. 𝑣3 +𝜕ℎ4𝜕𝑦

. 𝑣4 (49)

Sendo “ℎ𝑖” funções de “𝑟” e “𝑠”, a derivada destas em relação a “𝑥” e “𝑦” não

pode ser tomada. Para contornar este problema, utiliza-se a regra da cadeia, definida

pela Equação 50, que acaba por gerar a Equação matricial 51. A matriz quadrada

gerada é denominada Operador Jacobiano “[𝐽]”, que segundo Vaz (2011) é a derivada

parcial de funções vetoriais (no caso, as funções geométricas do elemento), utilizada

na transformação de coordenadas.

{

𝜕ℎ𝑖𝜕𝑟

=𝜕ℎ𝑖𝜕𝑥

.𝜕𝑥

𝜕𝑟+𝜕ℎ𝑖𝜕𝑦

.𝜕𝑦

𝜕𝑟𝜕ℎ𝑖𝜕𝑠

=𝜕ℎ𝑖𝜕𝑥

.𝜕𝑥

𝜕𝑠+𝜕ℎ𝑖𝜕𝑦

.𝜕𝑦

𝜕𝑠

(50)

{

𝜕ℎ𝑖𝜕𝑟𝜕ℎ𝑖𝜕𝑠

} = [

𝜕𝑥

𝜕𝑟

𝜕𝑦

𝜕𝑟𝜕𝑥

𝜕𝑠

𝜕𝑦

𝜕𝑠

]

{

𝜕ℎ𝑖𝜕𝑥𝜕ℎ𝑖𝜕𝑦}

(51)

As relações entre deformação interna no elemento e deslocamentos nodais

podem então serem satisfeitas através da inversão desta matriz, de forma a gerar a

matriz Deslocamento – Deformação, segundo a Equação 52.

[𝐵] =

{

𝜕ℎ𝑖𝜕𝑥𝜕ℎ𝑖𝜕𝑦}

= [𝐽]−1 {

𝜕ℎ𝑖𝜕𝑟𝜕ℎ𝑖𝜕𝑠

} (52)

Para que a relação apresentada exista, a Matriz Jacobiana deve possuir

inversa, ou seja, seu determinante deverá ser diferente de zero. Sendo esta matriz

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51

composta por derivadas das funções de geometria do elemento, ela é fortemente

influenciada pela forma que este possui. Elementos com distorções de formas

complexas, segundo Lee e Bathe (1993) caso não possuam um elevado número de

nós (grau de interpolação), podem causar uma imprecisão no cálculo da matriz de

rigidez, gerando discrepâncias em todos parâmetros que derivam do deslocamento

nodal.

2.2.6. Modelos voltados para avaliação de rigidez torcional

Tratando-se da modelagem de chassis voltados para a avaliação de rigidez

torcional, a maioria dos modelos atenta para a simplificação, com a utilização apenas

de elementos de viga para a representação dos tubos que compõem a estrutura. A

modelagem desta se dá geralmente pela criação de nós que servem de vértices para

linhas as quais são atribuídas seções transversais. Itens como assoalhos, chapas

estruturais e chapas de fixação podem ser representados com fidelidade através da

utilização de elementos bidimensionais.

Diversos autores divergem quanto a complexidade que deve ser adotada

durante o processo de modelagem. Essa está diretamente atrelada ao objetivo da

simulação, que poderá ser determinar apenas a rigidez torcional final da estrutura, ou

avaliar os efeitos da deflexão em torção da estrutura comparando-se o modelo elástico

multicorpos com um modelo cinemático de corpo rígido utilizado previamente para o

projeto do sistema de suspensão.

Dentre as linhas seguidas, Botosso (2010), Singh (2010) e Tebby, Esmailzadeh

e Barari (2011) optam pela aplicação das forças responsáveis por gerar o torque para

avaliação da rigidez torcional, assim como as restrições utilizadas, diretamente em

nós ou fixações da estrutura (Figura 15). Esta abordagem, apesar de resultar em uma

análise mais simplificada e de menor custo de processamento, é mais difícil de ser

representada em um teste de bancada.

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52

Figura 15 – Representação das aplicações das cargas e fixações na simuação de rigidez torcional.

Fonte: adaptado de Tebby, Esmailzadeh e Barari (2011).

Uma segunda forma, apresentada por Van Berkum (2006) e Riley e George

(2002) utiliza-se da modelagem da estrutura juntamente com elementos da

suspensão. Estes, representados por elementos unidirecionais rígidos, tem seus

graus de liberdade rotacionais definidos por juntas. A aplicação das cargas e das

restrições neste tipo de modelo se dá através do elemento que representa a manga

de eixo do veículo, no ponto de coordenada do centro da roda (Figura 16). Apesar de

representar apenas a rigidez da estrutura, o uso de elementos rígidos para fazer a vez

dos componentes da suspensão pode ser um fator complicador para a verificação do

modelo através de um teste de validação, visto que peças como braços de suspensão

e “rockers” (mecanismos de acionamento dos amortecedores) possuem elasticidade.

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53

Figura 16 – Modelo computacional de chassi e suspensão com a utilização de elementos unidirecionais.

Fonte: Riley e George (2002).

O modelo que pode ser tido como o mais completo é o que trata fixadores assim

como os componentes da suspensão como corpos elásticos. Apesar de não avaliar

apenas a rigidez torcional do chassi, a contabilização da influência estrutural das

partes da suspensão é de extrema importância para a verificação da sua influência na

alteração da geometria de suspensão. Além disto, esta consideração elimina a

necessidade da utilização de algum recurso como uso de extensometria para

descontar a deformação dos componentes de suspensão durante a realização do

teste de bancada para validação do modelo

Alternativas menos usuais podem ser encontradas, como a utilizada por

Comeford (2005) que opta pela aplicação da carga em um braço adicional na estrutura

(Figura 17). Este modelo foi empregado pela facilidade de repetitividade em um teste

real. O ponto de rolagem do chassi foi escolhido como sendo um tubo transversal

inferior na dianteira da estrutura, que no software utilizado (ANSYS) foi modelado

como um bloqueio no grau de liberdade Y (translação vertical) no ponto central da

fixação. As demais fixações foram realizadas nos pontos de fixação da suspensão

traseira, com bloqueio de todos graus de liberdade. Sua correlação com o teste no

modelo real apresentou-se baixa, não sendo recomendada sua utilização para valores

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54

absolutos de rigidez e sim apenas para a comparação qualitativa entre diferentes

geometrias de estruturas.

Figura 17 – Representação das aplicações das cargas e fixações na simulação de rigidez torcional

Fonte: adaptado de Comerford (2005).

Por fim, deve-se lembrar que a constante de rigidez torcional é fruto da variação

linear do ângulo de giro com o momento aplicado. Portanto, esta linearidade deverá

ser mantida, assim como o valor absoluto de rigidez, que como visto na Equação 4,

depende do modulo de elasticidade transversal e do momento de inércia polar (que

para pequenas deflexões é constante). Desta forma, qualquer não linearidade

apresentada deve ser fruto de uma malha muito grosseira, que deverá ser corrigida,

de singularidades no modelo, ou de algum componente apresentando deflexões

excessivas, acima do seu limite elástico (condição muitas vezes alertada pelo

software).

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55

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Visando atender aos objetivos iniciais deste trabalho, um roteiro de atividades

foi elaborado. A sequência das etapas propostas foi organizada conforme ordem

evolutiva de cada tarefa a ser realizada, tendo como ponto de partida a criação do

modelo multicorpos contendo o chassi e o sistema de suspensão do protótipo

estudado. A formulação deste será realizada no software ANSYS fornecido para a

equipe Formula UFSM e patrocinado pela empresa ESSS.

Avançando para a etapa seguinte, está prevista a realização de um estudo de

confiabilidade dos cálculos numéricos realizados pelo software tendo em vista

descobrir o grau de complexidade necessário a ser empregado na malha criada pelo

programa. A análise será feita através de dois parâmetros, sendo eles o grau de

interpolação do elemento empregado e seu tamanho máximo.

Posterior a comprovação da confiabilidade numérica, será realizado um projeto

de um processo de validação do modelo criado para comprovar a eficácia deste em

representar o problema real existente. A correlação entre os dados obtidos na

simulação e os dados correspondentes adquiridos no teste com o protótipo será

avaliada. Na hipótese da ocorrência de uma grande discrepância entre os dados

obtidos nas duas situações, os motivos da divergência deverão ser identificados e o

modelo deverá ser ajustado.

Uma representação do sistema composto por suspensão e chassi será criada

através de um modelo analítico de molas, semelhante ao apresentado por Riley e

George (2002), em seu trabalho. Este método utilizará a variação do deslocamento

da roda para uma força vertical atuante para verificar a influência da magnitude da

rigidez torcional no funcionamento do sistema de suspensão.

Por fim, considerando-se a obtenção de uma correlação adequada para o

modelo computacional, sugestões de melhoria no projeto deverão ser sugeridas. Uma

comparação entre os valores ideais de rigidez fornecidos pelo modelo numérico

computacional e o modelo analítico está prevista, elucidando as vantagens da

utilização de cada um. Um diagrama de fluxo de toda a metodologia empregada neste

trabalho pode ser observado na Figura 18.

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56

Figura 18 – Diagrama de fluxo da metodologia empregada.

Fonte: o autor.

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57

3.1. MODELAGEM MULTICORPOS

3.1.1. Materiais

A modelagem multicorpos no software ANSYS seguiu a sequência imposta pela

interface Workbench (Figura 19). No passo Engineering Data as propriedades dos

materiais utilizados foram determinadas.

Figura 19 – Sequência de modelagem estabelecida pela interface Workbench.

Fonte: o autor.

De acordo com o regulamento 2015 Formula SAE Rules (2015), um chassi para

seguir o conjunto de regras padrão precisa ser fabricado em aço AISI/SAE 1010 ou

algum outro tipo de aço com propriedades de resistência mecânica superiores.

Para a construção do chassi que está sendo analisado (chassi do protótipo FU-

15/2) e do chassi do próximo protótipo (FU-16) o material escolhido é o aço AISI/SAE

1010. Esta escolha se deu pelo fato do baixo custo e da boa soldabilidade apresentada

por este, sem requerer a execução de um processo de recozimento da estrutura

cristalina após o processo de soldagem, pois, segundo Chiaverini (1998), quanto

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58

menor o teor de carbono, menor a possibilidade da formação de estrutura martensítica

(estrutura frágil, de baixa resistência mecânica e alta dureza).

Como os tubos dos braços de suspensão não possuem requisitos de diâmetro

e espessura mínimos por regulamento, a escolha se deu por tubos de aço AISI 4130

Esse material é o mais resistente ao qual a equipe Formula UFSM obteve acesso.

Apesar de ser necessária a realização do processo de recozimento após a execução

da soldagem neste tipo de material, isto não se qualifica como um grande problema,

visto que os braços de suspensão são peças pequenas, não necessitando do uso de

um forno de grandes dimensões e alto custo de operação, para o tratamento térmico.

Para o projeto das chapas utilizadas nos “rockers” e nas orelhas de suspensão,

a escolha se deu pelo aço AISI/SAE 1020, pelos mesmos benefícios apresentados

pelo aço AISI/SAE 1010, mas principalmente pela compatibilidade de soldagem entre

os dois. Chapas de aço deste material geralmente são laminadas a frio, o que contribui

também para o aumento das suas propriedades mecânicas. Abaixo, na Tabela 2,

encontram-se descritas as principais propriedades dos materiais utilizados.

Tabela 2 - Propriedades dos materiais utilizados no modelo multicorpos.

Propriedades AISI/SAE

1010

AISI/SAE

1020

AISI

4130

Densidade (kg/m³) 7870 7870 7850

Tensão de Escoamento (MPa) 200 350 460

Tensão de Ruptura (MPa) 325 420 731

Coeficiente de Poisson 0,29 0,29 0,29

Módulo de Elasticidade (GPa) 200 186 205

Módulo de Elasticidade Cisalhante (GPa) 80 72 80

Fonte: o autor

3.1.2. Elaboração da Geometria

Na sequência, a composição da geometria a ser estudada foi realizada em

paralelo no módulo “Design Modeler” e no software SolidWorks. No primeiro, os

pontos nos quais ocorrem a junção dos tubos do chassi, assim como as junções e

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59

extremidades dos componentes tubulares da suspensão, foram importados através

de um arquivo de texto. O recurso “Lines From Points” foi utilizado para a ligação dos

pontos e formação dos “Line Bodies”, que são corpos unidimensionais aos quais

devem ser atribuídas seções transversais (determinam as propriedades de seção

transversal necessárias para a elaboração do elemento de viga). Estes recursos estão

expostos na Figura 20.

Figura 20 – Exemplificação dos pontos e “Line Bodies” utilizados para a elaboração

do modelo multicorpos para análise por elementos finitos.

Fonte: o autor.

As geometrias compostas por chapas, tais como as fixações dos componentes

da suspensão e o “rocker”, foram retratadas através das suas superfícies médias,

importadas do software SolidWorks. Um processo semelhante foi realizado para as

mangas de eixo (componente no qual são impostas as forças da suspensão) que foi

modelada através de uma geometria tridimensional simplificada. Os elementos

importados podem ser verificados na Figura 21.

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60

Figura 21 – Ilustração do modelo com elementos bidimensionais e tridimensionais importados do software SolidWorks.

Fonte: o autor.

As etapas descritas como “Model”, “Setup”, “Solution” e “Results” são todas

executadas no módulo “Mechanical”. Como passo inicial, as espessuras das

superfícies antes importadas foram definidas tal qual as peças reais. É possível

observar que entre os elementos unidimensionais e os demais, existe um

distanciamento de no mínimo um raio dos tubos utilizados, devido ao fato de a linha

que representa os corpos tubulares ser a sua linha de centro.

As ligações entre os elementos que possuem interação tiveram sua execução

por “MPCs” (Multi Point Coinstraints), que, como foi visto anteriormente, através de

elementos do tipo “CONTA”, “TARGE” (delimitantes de contatos) e “Rigid Beams”

(elementos indeformáveis de ligação, compostos por dois nós com seis graus de

liberdade cada) formulam o recurso que no software é chamado de junta. Estas, que

estão representadas na Figura 22, permitem a limitação de graus de liberdade entre

dois componentes, tornando possível representar ligações como terminais rotulares e

pinos.

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61

Figura 22 – Em vermelho, representação das “Rigid Beams”, responsáveis pela formação das condições de contorno do tipo “MPCs”.

Fonte: o autor.

3.1.3. Geração e análise de malha

Após definidas as relações entre os componentes, a geração de malha deve

ser executada. Para garantir a capacidade da malha em representar as situações

desejadas, dois modelos reduzidos foram utilizados. O uso destes, em detrimento do

emprego do modelo completo se deu pelo fato da necessidade de redução do tempo

computacional necessário para realizar as análises de refino de malha, que

necessitam de uma sequência extensa de simulações. Os dois modelos estão

exibidos na Figura 23 e representam as metades das porções dianteira e traseira do

veículo.

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62

Figura 23 – Modelos reduzidos utilizados para testes de malhas.

Fonte: o autor.

Inicialmente discretizou-se os corpos unidimensionais com o elemento

“BEAM188”, que possui dois nós com seis ou sete graus de liberdade (o sétimo

representa a flambagem e é opcional), resultando em uma formulação quadrática ou

cúbica da interpolação de deslocamentos. A utilização deste elemento, ao invés de

um elemento de barra de formulação mais simples, fez-se necessária devido a

existência de momentos aplicados nos tubos, resultantes das ligações soldadas

realizadas entre eles.

Para a avaliação do comprimento máximo a ser utilizado pelos elementos de

viga, dois parâmetros foram utilizados, sendo eles o deslocamento avaliado nos

centros de roda e as tensões combinadas máxima e mínima e tensão de tração e

compressão nos tubos do chassi e suspensão. Foram aplicadas cargas verticais e

longitudinais de magnitudes iguais às encontradas no caso crítico de frenagem

enunciado na seção 3.2.3 deste trabalho. Como condição de contorno de restrição,

foram bloqueados os seis graus de liberdade das extremidades livres dos tubos que

teriam fim em tubos da estrutura não representados no modelo. Tanto as cargas

quanto as condições de contorno estão representadas na Figura 24 para o modelo

reduzido da dianteira, que é análogo ao da traseira.

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63

Figura 24 – Condições de contorno aplicadas aos modelos reduzidos para avaliação da qualidade da malha empregada.

Fonte: o autor.

A ferramenta “Sizing” foi utilizada para executar a variação do comprimento dos

elementos unidimensionais no decorrer dos passos de refinamento. Salienta-se que

os valores de tensões obtidos foram avaliados apenas em elementos que não

possuem nenhum tipo de singularidade (condições de contorno impostas por forças,

restrições, juntas, contatos, entre outros). Esta é uma recomendação feita por Pointer

(2004) que a justifica pelo fato das tensões nos nós contendo singularidades tenderem

ao infinito conforme o refinamento é realizado.

Como estratégia, inicialmente foram aplicados ao entorno de entidades (pontos

e arestas) com condições de contorno, elementos de tamanho reduzido (1,5 mm) de

forma a gerar no mínimo duas camadas que funcionam como escudo para

propagação do efeito das singularidades. No restante dos corpos unidimensionais a

malha foi gerada com tamanho inicial de 20 mm, sendo este reduzido à metade ou ao

próximo valor inteiro imediatamente menor que a metade, até um tamanho necessário

para alcançar a convergência de valores observados.

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64

O critério adotado para considerar que o grau de convergência observado está

satisfatório é de que a variação do parâmetro apresentado de um passo anterior de

refinamento para o seguinte, seja de até 3%. Tendo sido alcançado este valor, um

passo seguinte de refinamento deve ser realizado, apresentando uma clara tendência

à redução da taxa de variação de valores obtidos (redução da inclinação da curva

“valor” x “tamanho do elemento”).

Os corpos unidimensionais de maior tamanho, apresentaram uma tendência a

convergência para os critérios de deslocamento e tensões analisados a partir do

primeiro tamanho de elemento. Apesar de parecer surpreendente, este resultado pode

ser esperado devido ao fato de que os polinômios de interpolação que representam o

deslocamento no elemento de viga, não serem uma aproximação e sim uma função

dos deslocamentos exatos na flexão nos infinitos pontos do elemento, tal qual visto

na seção 2.2.4. Como a tensão é uma grandeza derivada do deslocamento, este

princípio também é válido para este parâmetro, tal qual está exposto na Figura 25.

Figura 25 – Gráfico da máxima tensão combinada do tubo frontal, da bandeja superior dianteira, para diferentes tamanhos de elementos.

Fonte: o autor.

Os corpos representados por superfícies foram inicialmente fracionados com

a utilização do elemento SHELL181, que possui três nós, com seis graus de liberdade

cada, quando a hipótese das pequenas deformações é assumida (hipóteses de

27,411 27,441 27,441 27,441 27,441

2727,127,227,327,427,527,627,727,827,9

28

20 10 5 2 1

Tamanho do Elemento (mm)

Máxim

aT

ensão C

om

bin

ada (

MP

a)

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65

Kirchoff). Caso sejam observadas deformações excessivas, o software é apto a

restringir os graus de liberdade rotacionais e retratar o comportamento de membrana

no elemento, segundo descrito por ANSYS Mechanical APDL Mesh Reference (2013).

A escolha dos elementos triangulares se deu devido ao fato das superfícies

possuírem geometrias com um maior grau de complexidade, com a presença de

formas irregulares e curvaturas acentuadas. Porém, este tipo de elemento, para uma

configuração com apenas três nós, apresenta tensões constantes ao longo da sua

área, necessitando de uma malha minimamente refinada para representar a

distribuição real de tensões.

Como ponto de partida para avaliação da qualidade da malha bidimensional

utilizou-se um tamanho inicial de elemento de 7 mm. Este valor é condizente com o

tamanho das geometrias a serem representadas, visto que algumas fixações do

sistema de suspensão possuem regiões entre duas arestas cujas quais não

comportam um tamanho maior de elemento. Duas regiões delimitadas foram

excluídas da análise para as geometrias que as possuíam, sendo elas: uma área

circular ao redor de furos, com delimitação de 2 mm a partir da borda dos mesmos; e

uma região afastada 3 mm das bordas de engaste das superfícies que representam

corpos soldados. A estas delimitações, que estão representadas na Figura 26, foram

atribuídos elementos com tamanho padrão de 0,7 mm e 1 mm respectivamente, o

suficiente para criação de no mínimo duas camadas de elementos.

Figura 26 – Representação de regiões delimitadas em chapa do tipo “orelha” utilizada na fixação de componentes da suspensão.

Fonte: o autor.

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66

Assim como na análise dos elementos de viga, para os elementos de casca

utilizou-se como parâmetros os deslocamentos nos centros de roda e a tensão

máxima obtida nos componentes analisados. Os valores de tensões foram

averiguados para três pontos principais de interesse, cujos quais são: os contornos

das regiões delimitadas ao redor de furos (tensões provenientes principalmente

devido aos esforços de esmagamento), o contorno das regiões delimitadas ao redor

das extremidades engastadas e uma das arestas ao longo do lado maior de cada

corpo (estes dois últimos pontos são regiões mais suscetíveis a esforços devido a

flexão).

Para os elementos “SHELL 181”, diversas regiões apresentaram dificuldades

de convergência nos parâmetros analisados. Para a maioria das chapas de fixação

que convergiram para os três pontos de interesse, o tamanho final de elemento no

qual se verificou a redução da taxa de alteração de valores de tensão entre um passo

anterior e o seguinte de refinamento foi inferior a 1 mm. Para este mesmo tamanho,

os valores do deslocamento vertical observado no centro da roda também

convergiram, fato este que pode ser observado na Figura 27. Isto resultou em um

modelo com muitos graus de liberdade, que requer bastante capacidade

computacional para o processamento.

Figura 27 – Convergência de valores de deslocamento vertical do centro de roda para utilização de elementos triangulares com três nós.

Fonte: o autor.

0,65329

0,66823

0,679570,6837

0,68937 0,69016

0,63

0,64

0,65

0,66

0,67

0,68

0,69

0,7

7 4 2,5 1,7 1,2 0,7

Tamanho do Elemento (mm)

Deslo

cam

en

to d

ocen

tro

de

rod

a (

mm

)

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67

Visando contornar as dificuldades em se obter uma malha que resulte em

resultados confiáveis, e tentando diminuir o número de elementos utilizados, o grau

do polinômio de interpolação utilizado pelo elemento “SHELL 181” foi aumentado. Isto

foi possível através na utilização do comando para adição de “Midside Nodes”, que

nada mais são que nós adicionais alocados nas metades das arestas dos elementos,

tornando a interpolação parabólica.

Esta nova formulação de elemento, denominada “SHELL 281”, resultou na

necessidade de um menor número de passos de refinamento para obtenção da

convergência na maior parte dos corpos analisados. Em alguns casos um refinamento

maior foi necessário, principalmente para regiões de esmagamento ao redor de furos

em chapas mais solicitadas. Os gráficos relativos a estas ocorrências serão

apresentados na sequência, com base na nomenclatura apresentada na Figura 28 e

na Figura 29.

Figura 28 – Nomenclatura das superfícies analisadas no modelo reduzido da porção dianteira do veículo.

Fonte: o autor.

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68

Figura 29 – Nomenclatura das superfícies analisadas no modelo reduzido da porção traseira.

Fonte: o autor.

Para o modelo reduzido da porção dianteira da estrutura, elementos de

tamanhos menores foram necessários para compor a malha das chapas números 8 e

12. A característica que ambas apresentam de singularidade em relação as outras

chapas analisadas neste modelo é o fato de elas suportarem esforços de magnitudes

elevadas em apenas uma direção específica. Para a chapa número 8 o esforço

experimentado é o de tração no seu sentido longitudinal devido a aplicação de uma

carga de grande magnitude no eixo X. Enquanto que na chapa número 12, o esforço

de maior magnitude apresentado é a compressão devido a atuação do amortecedor.

As formas curvas obtidas para evolução dos valores atingidos com o

refinamento da malha para estes dois componentes são semelhantes, estando

expressos nas Figura 30 e Figura 31 o gráfico e uma imagem da distribuição de

tensões para o caso da chapa 8, para fins de ilustração.

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69

Figura 30 – Gráfico de convergência para tensões obtidas no entorno da furação da fixação 8.

Fonte: o autor.

Figura 31 – Imagem representando recurso de captura de valores de tensões do corpo ao redor do furo e a distribuição geral de tensões.

Fonte: o autor.

116

118

120

122

124

126

128

7 4 2,5 1,7 1,2

Tamanho do Elemento (mm)

Te

nsão

de e

sm

ag

am

en

to (

MP

a)

Fixação nº. 8

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70

Na análise realizada com o modelo reduzido na porção traseira, as mesmas

dificuldades foram observadas em corpos submetidos a carregamentos semelhantes

aos que foram submetidas as fixações 8 e 12 da porção dianteira. Contudo, observou-

se em chapas sujeitas a flexão no plano uma dificuldade para atingir a convergência

nas tensões obtidas na aresta longitudinal mais longa. Este problema foi observado

na fixação 7 da porção traseira, onde a convergência foi realizada para os valores da

extremidade da aresta mais afastada do engaste. Os valores da extremidade próximas

ao engaste foram avaliados no critério de avaliação do contorno das regiões

delimitadas para engaste. A Figura 32 e a Figura 33 representam a curva de

convergência e a distribuição dos valores de tensão na aresta e no corpo inteiro.

Figura 32 – Gráfico com curva de convergência de tensões na extremidade da aresta mais longa da fixação 7 da porção traseira.

Fonte: o autor.

20

22

24

26

28

30

32

7 4 2,5 1,7 1,2 0,7

Tamanho do Elemento (mm)

Ten

são

na

lin

ha lo

ng

itu

din

al

(MP

a)

Fixação nº. 7

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Figura 33 – Distribuição de tensões ao longo da aresta mais longa e no corpo inteiro da fixação 7 da porção traseira do veículo.

Fonte: o autor.

Apesar da convergência para tensões e deslocamentos no centro de roda ter

sido obtida para todas chapas de fixação da suspensão e todos “rockers” analisados,

a divergência de valores de tensão foi verificada para a “chapa de apoio”. Contudo,

por este item não ser de grande interesse para análise (inclusive sua representação

está feita de forma simplificada por ser necessária a presença da superfície dos tubos

para realizar o correto assentamento da chapa), insto não representa um problema.

Uma lista indicando que tamanho de elemento foi utilizado para cada caso

apresentado está disponível no Quadro 2.

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Quadro 2 – Tamanho dos elementos triangulares parabólicos utilizados nas superfícies analisadas para porção dianteira e traseira do modelo.

Dianteira Traseira

Corpo Tamanho do Elemento

(mm) Corpo

Tamanho do Elemento (mm)

Orelha 1 4 Orelha 1 2,5

Orelha 2 1,2 Orelha 2 1,7

Orelha 3 4 Orelha 3 2,5

Orelha 4 4 Orelha 4 1,7

Orelha 5 4 Orelha 5 1,7

Orelha 6 4 Orelha 6 1,2

Orelha 7 2,5 Orelha 7 0,7

Orelha 8 1,2 Orelha 8 1,7

Orelha 9 4 Orelha 9 4

Orelha 10 2,5 Orelha 10 2,5

Orelha 11 2,5 Orelha 11 1,7

Orelha 12 1,2 Orelha 12 1,7

Orelha 13 4 Orelha 13 0,7

Orelha 14 4 Orelha 14 0,7

Orelha 15 2,5 Rocker 2,5

Orelha 16 2,5 - -

Rocker 2,5 - -

Fonte: o autor.

Por fim, para a discretização da manga de eixo, elementos tetraédricos

parabólicos SOLID187 foram utilizados. A utilização de um elemento de segunda

ordem em detrimento de um elemento mais simples se deu pelo fato do software,

através desta configuração, permitir a criação de uma malha com tamanhos maiores

de elementos. Esta necessidade existe pelo fato de não haver preocupação com o

refinamento da malha neste componente, devido a este não exercer grande influência

nos resultados finais da análise que são objetivos deste trabalho.

Desta forma as “mangas de eixo” foram discretizadas com elementos de

tamanho padrão 15 mm, assinalados com um material fictício de módulo de

elasticidade extremamente elevado. A opção de marcar estes corpos como corpos

rígidos eliminando a necessidade da geração de malha não foi utilizada, devido ao

fato desta não estar habilitada para corpos aos quais são aplicadas condições de

contorno de força. A representação gráfica e algumas características dos elementos

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da biblioteca de elementos do software, que foram utilizados, podem ser observadas

no Quadro 3.

Quadro 3 – Características gerais dos elementos utilizados para a modelagem dos principais componentes do chassi e suspensão.

Elemento/forma Nº de nós / graus de

liberdade Características adicionais

BEAM188

2 nós (o terceiro é para indicar a posição da seção transversal);

6 graus de liberdade por nó: UX, UY, UZ, ROTX, ROTY e ROTZ.

Pode conter um sétimo grau de liberdade contabilizando flambagem. Contabiliza deformações por cisalhamento. Permite efeitos de plasticidade, hiperelasticidade, grandes deformações e a utilização de materiais compósitos.

SHELL281

6 nós;

6 graus de liberdade por nó: UX, UY, UZ, ROTX, ROTY e ROTZ;

Para grandes deflexões no eixo Z, ativado o comportamento de membrana, com 3 graus de liberade por nó: UX, UY e UZ.

Em análises não lineares, contabiliza variação de espessura. Pode ser usado para análises não lineares, além de permitir o efeito de camadas de materiais.

SOLID187

10 nós;

3 graus de liberdade por nó: UX, UY e UZ.

Permite efeitos de plasticidade, hiperelasticidade e grandes deformações.

Fonte: o autor.

Após a formulação do modelo, faz-se necessária a determinação das condições

de contorno através da aplicação de forças e restrições, e a solicitação de algum tipo

de resultado. Para isto, deve-se respeitar as condições impostas pela situação real de

que se deseja representar, tal como a frenagem do veículo modelado, onde as forças

são aplicadas no centro das rodas e o resultado que se deseja obter é seu

deslocamento. Os casos analisados assim como os resultados obtidos serão

discutidos em suas respectivas seções.

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3.2. ANÁLISES

O modelo desenvolvido na seção 3.1 deste texto foi construído levando em

conta as considerações feitas na seção 2.2.7, na qual foram apresentados diversos

modelos existentes, cada qual seguindo sua “vertente”. A variação de diversos

parâmetros – tais quais o módulo de elasticidade dos componentes e a rigidez do

sistema mola/amortecedor – permite averiguar qual a influência de cada item

estrutural do chassi e da suspensão no surgimento de deslocamentos indesejados

nesta.

Para tal, como já foi enunciado nas seções anterior, três tipos de análises

podem ser realizados e serão o enforque do texto desta seção. Primeiramente, a

variação dos deslocamentos verticais é abordada através de um teste de rigidez

torcional, que será utilizado como padrão para validação do modelo utilizado.

Posteriormente, um modelo analítico para avaliar a sensibilidade do

deslocamento vertical da roda à variação da flexibilidade do chassi e componentes da

suspensão será elaborado. Os dados de rigidez dos componentes da suspensão

serão retirados da análise de rigidez torcional para fins de exemplificação, porém este

é um dado que pode ser obtido de forma experimental. Por fim o modelo multicorpos

será utilizado para avaliar o comportamento do sistema chassi/suspensão perante

dois casos extremos de forças existentes durante a pilotagem.

Para este último tipo de análise, as variações dos ângulos da roda nos três

eixos serão avaliadas para os casos de carga escolhido, alterando-se parâmetros de

elasticidade da suspensão e da estrutura tubular. As alterações serão conduzidas de

acordo com os resultados obtidos de deslocamento e com as tensões atuantes nos

componentes da suspensão e no chassi. A sequência de modificações e os resultados

estarão enunciados na seção 4.3.

Uma análise de casos de carregamento em regime transiente não fará parte do

escopo do trabalho, visto que iria requerer uma capacidade de processamento

indisponível para sua realização.

3.2.1. Rigidez torcional

A determinação das condições de contorno utilizadas para a simulação de

rigidez torcional está diretamente relacionada com sua capacidade de reprodução

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desta simulação em um teste de validação. Para a geração do torque no eixo central

do veículo, adotou-se cargas ocasionadas por pesos de 10 kg, 20 kg, 50 kg e 100 kg.

Estes quatro patamares de forças aplicadas foram escolhidos de forma a verificar a

linearidade dos resultados apresentados pelo modelo em Elementos Finitos.

Para restringir o movimento de corpo rígido de todos os corpos envolvidos no

modelo, os centros das rodas traseiras foram fixados nos seis graus de liberdade

(translações e rotações nos três eixos). Estas aplicações podem ser verificadas na

Figura 34, onde as cargas aplicadas apresentam-se em vermelho e as restrições em

azul.

Figura 34 – Representação das condições de contorno para a simulação de rigidez torcional.

Fonte: o autor.

3.2.2. Modelo analítico estático de molas

Como já foi enunciado, alguns autores como Deaking et. al. (2000) e Riley e

George (2002) baseiam-se em modelos analíticos simplificados para avaliação da

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quantidade de rigidez torcional necessária em um chassi de um veículo de

competição, mesmo que para parâmetros limitados. Partindo do mesmo princípio,

para este trabalho um modelo semelhante será utilizado para determinação do valor

ótimo de rigidez a torção, baseando-se no deslocamento vertical do centro da roda do

veículo.

Segundo Milliken e Milliken (1995), a força necessária para deslocar

verticalmente a roda de um veículo é chamada de “wheel rate” (𝐾𝑊). Esta está

diretamente relacionada com a rigidez a compressão – também chamada de “spring

rate” (𝐾𝑆) – do sistema mola/amortecedor e a um fator multiplicador que está vinculado

às características geométricas da suspensão, chamado de “instalation ratio” (IR). A

relação entre estes parâmetros é dada pela Equação 53.

𝐾𝑤 = 𝐾𝑠. 𝐼𝑅2 = 𝐾𝑠. (

∆𝑌

∆𝑋)2

(53)

O IR nada mais é que a relação entre o deslocamento da roda e do

amortecedor, como mostra a Figura 35. Ao “wheel rate” – cujo significado físico nada

mais é que a rigidez da suspensão medida no eixo vertical que passa pelo centro da

roda, tal qual uma mola de compressão – podem ser adicionadas outras rigidezes. A

flexibilidade do pneu (𝐾𝑇), a elasticidade dos membros de suspensão (𝐾𝑆𝑢𝑠) e a rigidez

torcional do chassi (𝐾𝐶) nada mais são do que molas no sistema, que quando

avaliadas no mesmo eixo que o “𝐾𝑊”, estão em série com o mesmo.

Figura 35 – Representação dos parâmetros utilizados para o cálculo do “wheel rate” e do “instalation ratio”.

Fonte: Miliken e Miliken (1995)

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Desta forma, seguindo os princípios descritos por Budynas e Nisbett (2011)

para transformação entre molas torcionais e molas de compressão, e o

equacionamento para obtenção da rigidez total de uma associação de molas em

séries, obtém-se as Equações 54 e 55. Esta rigidez total, pode ser chamada de rigidez

do veículo (𝐾𝑉), fazendo a mesma analogia realizada por Riley e George (2002).

𝐾𝑉 = (1

𝐾𝑊+

1

𝐾𝑆𝑢𝑠+1

𝐾𝐶)−1 (54)

𝐾𝑐 (

𝑁

𝑚𝑚) =

𝐾𝑡 . 720000

𝜋. (𝐿2)2 (

𝑁𝑚

grau)

(55)

Na primeira delas, variando-se o parâmetro “𝐾𝐶” através de uma grande faixa

de valores, é possível obter uma curva cuja inclinação diminui à medida que a

influência da rigidez torcional do chassi no deslocamento da suspensão, também

diminui. Já na segunda equação, encontra-se a formulação necessária para transpor

a constante de resistência a torção de um chassi para um sistema onde esta rigidez

passa a ser axial. As variáveis necessárias são as mesmas apresentadas na Figura 2

da seção 2.1.3.

3.2.3. Casos de carregamento gerados na utilização do veículo em pista

Para a análise dos efeitos decorrentes das cargas geradas na suspensão com

o veículo em operação, um estudo prévio das características dinâmicas do mesmo

deve ser realizada. Para tal, a modelagem adimensional dos pneus utilizados no

protótipo objeto de estudo, apresentada por Schommer (2015), foi utilizada para a

determinação das forças de reação laterais e longitudinais que surgem nos pneus

devido a ação das forças verticais atuantes nos mesmos.

Dois gráficos sintetizam essa relação e são a base deste estudo, cujos quais

são “Coeficiente de Atrito Lateral x Ângulo de Deriva Lateral para uma dada Força

Vertical” (Figura 36) e “Coeficiente de Atrito Longitudinal x Escorregamento

Longitudinal para uma dada Força Vertical” (Figura 37).

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Figura 36 – Gráfico do Coeficiente de Atrito Lateral dado em função do Ângulo de Deriva Lateral para uma dada Força Vertical.

Fonte: Schommer (2015).

Figura 37 – Gráfico do Coeficiente de Atrito Longitudinal em função do Escorregamento Longitudinal para uma dada Força Vertical.

Fonte: Schommer (2015).

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Os coeficientes de atrito longitudinal e lateral relacionam-se com a força vertical

aplicada no pneu, segundo Milliken e Milliken (1995) através das Equações 56 e 57.

Sendo assim, com os presentes gráficos e a força vertical aplicada no pneu, é possível

determinar a força lateral e longitudinal para os piores casos de carregamento.

𝜇𝑥 =𝐹𝑥𝐹𝑧

(56)

𝜇𝑦 =𝐹𝑦𝐹𝑧

(57)

Dois casos extremos foram selecionados para análise tendo como objetivo

analisar a pior combinação de força longitudinal e vertical e a pior combinação de força

lateral e vertical. O primeiro deles, pode ser caracterizado como frenagem em linha

reta, onde a transferência de carga longitudinal entre os eixos dianteiro e traseiro do

protótipo é máxima e a transferência de carga lateral é nula; já o segundo, sintetiza-

se em uma curva em regime permanente em máxima aceleração lateral, onde as

condições de transferência de carga são exatamente opostas à do primeiro caso.

Para verificar a máxima desaceleração gerada pelo protótipo, utilizaram-se os

cálculos de máxima potência de frenagem para um dado sistema de freios, fornecido

por Limpert (1999) e sintetizados na tabela do Anexo A. Os dados utilizados foram

baseados no sistema de freios projetado para o próximo protótipo, denominado FU-

16, e a máxima desaceleração alcançada foi de 1,8 G. Contudo, afim de obter a

máxima aceleração lateral gerada, os dados utilizados foram obtidos através do uso

de um acelerômetro externo da fabricante AIM. O valor máximo observado em uma

prova do tipo enduro (22 voltas em um circuito de aproximadamente 1 km de extensão)

foi de 1,7 G. Os dados referentes a um trecho de 4 minutos desta prova estão

expressos na Figura 38.

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Figura 38 – Gráfico de acelerações laterais do protótipo FU – 15/2 em um trecho de 4 minutos da prova de enduro.

Fonte: o autor.

A existência das acelerações lateral e longitudinal gera um efeito chamado

transferência de carga, onde as cargas suportadas nas rodas variam de acordo com

o efeito dos momentos gerados no centro de massa do veículo. Uma série de

equações propostas por Milliken e Milliken (1995) contabiliza a magnitude das novas

forças verticais geradas no pneu devido a transferência de carga. Estes valores foram

utilizados como dados de entrada nos gráficos de cargas no pneu, apresentados

anteriormente, e as forças laterais e longitudinais máximas foram descobertas. O

memorial de cálculo contendo o processo para obtenção dessas informações está

presente no Anexo B e a Figura 39 representa a configuração final de forças para o

primeiro e segundo casos de carregamento.

-1,8-1,6-1,4-1,2

-1-0,8-0,6-0,4-0,2

00,20,40,60,8

11,21,41,61,8

27

9,8

28

8,8

29

7,8

30

6,8

31

5,8

32

4,8

33

3,8

34

2,8

35

1,8

36

0,8

36

9,8

37

8,8

38

7,8

39

6,8

40

5,8

41

4,8

42

3,8

43

2,8

44

1,8

45

0,8

45

9,8

46

8,8

47

7,8

48

6,8

49

5,8

50

4,8

51

3,8

52

2,8

Tempo (s)

Ace

lera

ção

Late

ral

-𝐴𝑌

(G)

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Figura 39 - Forças atuantes nos pneus devidos a casos de carregamento dinâmicos.

Fonte: o autor.

No modelo computacional no software ANSYS, estas condições foram

representadas através da atuação destas cargas diretamente na manga de eixo, e os

momentos gerados pelas forças em relação ao centro das rodas também foram

contabilizados. Vale salientar que o ponto de aplicação da força ao nível do solo é o

centro do pneu, cujo qual possui um distanciamento lateral de 1 mm (eixo Y), em

relação ao centro de roda presente na manga de eixo. Contudo, devido ao fato deste

valor ser pequeno, os momentos gerados por este distanciamento foram desprezados.

O Quadro 4 apresenta as cargas finais contabilizadas nos centros de roda.

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Quadro 4 – Cargas aplicadas ao centro de cada roda do veículo para os dois casos apresentados.

FRENAGEM EM LINHA RETA

Roda DD Roda DE Roda TD Roda TE

FX (N) 2806 2806 1567 1567

FY (N) 1220 1220 392 392

FZ (N) - - - -

MX (N.m) - - - -

MY (N.m) - 748,93 - 748,93 - 290,7 -290,7

MZ (N.m) - - - -

CURVA A DIREITA EM REGIME PERMANENTE

Roda DD Roda DE Roda TD Roda TE

FX (N) - - - -

FY (N) 772 3192 794 3750

FZ (N) 249 1228 256 1491

MX (N.m) 837,93 129,29 1002,2 119,34

MY (N.m) - - - -

MZ (N.m) - - - -

Fonte: o autor.

As restrições ao movimento do sistema inteiro foram aplicadas diretamente em

nós da estrutura responsáveis por conter as maiores massas existentes no veículo

(piloto e motor). Esta prática foi adotada visto que as forças geradas no nível dos

pneus são reações as forças geradas por acelerações nas maiores massas existentes

do veículo.

Vale salientar também, que esta abordagem foi a escolha do autor devido à

rapidez e facilidade de sua aplicação. Contudo, um estudo e desenvolvimento mais

aprofundado, resultando na criação de eixos de rolagem e centros de massa para

aplicação das condições de contorno, que possuam posições variáveis de acordo com

funções derivadas de princípios de dinâmica veicular, podem resultar representações

mais fiéis das condições impostas.

Além da análise de tensões, a verificação dos deslocamentos gerados foi

realizada inicialmente para o chassi e componentes de suspensão já existentes. Os

valores obtidos com este modelo foram então comparados aos obtidos através de

modelos totalmente rígido, com o chassi rígido e componentes flexíveis e modelos

contendo as modificações propostas. Para que um padrão fosse estabelecido

mantendo a validade das comparações, quatro pontos padrões foram escolhidos para

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verificação dos deslocamentos nos eixos X, Y e Z. De acordo com o apresentado na

Figura 40, os três primeiros pontos fornecem os dados necessários para verificar o

deslocamento angular das linhas 1 e 2, enquanto o quarto ponto fornece os dados

para a contabilização do deslocamento translacional do centro da roda do veículo.

Figura 40 – Representação dos pontos utilizados para mensurar os deslocamentos na manga de eixo

Fonte: o autor.

3.3. VALIDAÇÃO

3.3.1. Projeto da bancada de testes

O processo de validação do modelo multicorpos utilizado para as análises se

dá através da avaliação dos deslocamentos dos pontos centrais das rodas dianteiras,

em um teste de rigidez torcional. Uma análise de deflexão e tensão nos tubos do

chassi e suspensão seria também de grande valia, porém os equipamentos

necessários para tal, não se fazem disponíveis.

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O experimento para a verificação da correlação entre a rigidez torcional real e

a do modelo computacional deve reproduzir o as mesmas condições de contorno

utilizadas no “software”. Para isto, faz-se necessária a utilização de uma bancada para

a fixação dos centros de roda traseiros, cuja própria rigidez a torção seja de ordem

mais elevada que o sistema suspensão/estrutura tubular, para não influenciar nos

resultados. Também, a utilização de um apoio frontal restringindo a liberdade de

translação no eixo vertical do experimento (UZ) é indispensável, a fim de limitar os

deslocamentos provenientes da atuação do peso próprio do chassi.

Para a determinação da geometria da bancada fez-se necessário o uso do

software ANSYS para a aplicação do Método dos Elementos Finitos (MEF), onde as

condições de contorno impostas são determinadas de acordo com as forças aplicadas

na suspensão do veículo para avaliação da rigidez torcional.

Como pré-requisito estabeleceu-se que para fabricação e montagem seriam

utilizados apenas chapas, tubos e parafusos de dimensões comerciais, eliminando a

necessidade de desenvolvimento e fabricação de peças únicas para o experimento,

reduzindo seu custo e complexidade. A meta de máxima deflexão gerada na bancada

e fixações é de 0,012 mm, estando contida no limite de precisão do relógio

comparador Starrett 3025-481/5 (Figura 41), utilizado para averiguação dos

deslocamentos dos centros de roda no teste de validação.

Figura 41 – Relógio comparador Starrett 3025-481/5.

Disponível em: www.shopstarrett.com.br/config/imagens_conteudo/produtos/imagensGRD2/relogio_ 3025_3081_g1.jpg. Acessado em Julho de 2016.

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O modelo final adotado (Figura 42) é composto por duas chapas, superior e

inferior, de 9,5 mm, unidas por tubos quadrados estruturais cujos lados possuem 100

mm de comprimento e cuja espessura é 5 mm. Para fixação do chassi à estrutura de

suporte, uma presilha composta de chapas de apoio, também com 9,5 mm de

espessura e furação dos parafusos do cubo de roda do veículo são utilizadas. Os

fixadores utilizados para unir a bancada de suporte ao solo e as chapas de apoio à

estrutura de suporte possuem dimensões M12 com haste com rosca parcial de 50 mm

de comprimento, sendo utilizados oito no primeiro caso e dois no segundo.

Figura 42 – Bancada de fixação traseira juntamente com as presilhas dos cubos de roda.

Fonte: o autor.

A deflexão vertical apresentada decorre diretamente da rigidez total do sistema

composto pela bancada, pela presilha e pelos fixadores (cujo cálculo se faz presente

no Apêndice A). Perante um torque de 1226,25 Nm (gerado por pesos de 50 Kg, a

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maior carga possível de ser utilizada no processo de validação) provoca uma

influência da ordem de 0,01 mm na medição da deflexão final, de cada lado, obtida no

teste.

3.3.2. Teste com protótipo do chassi e suspensão

O teste previsto para ser realizado inicialmente na bancada projetada, foi

conduzido em uma base de fixação já existente, pertencente a uma máquina de

usinagem do Núcleo de Automação e Processos de Fabricação (NAFA) da UFSM.

Esta alteração se deu principalmente para gerar economia de custos na realização do

experimento, visto que a bancada já pronta possui o mesmo sistema de fixação da

bancada projetada, porém com dimensões superiores.

As cargas opostas, uma em cada manga de eixo, foram aplicadas através de

cabos de aços com um suporte para pesos na extremidade. A carga apontando no

sentido ascendente foi gerada através de um sistema de roldanas, garantindo sua

aplicação de forma direta. A distância de aplicação da carga em relação ao centro da

estrutura foi de 637 mm, enquanto a medição, realizada através de relógios

comparadores, foi feita a uma distância de 575 mm em relação ao centro, em uma

face plana da manga de eixo. A Figura 43 mostra todo o experimento montado, com

os relógios comparadores fixados em pedestais de aço.

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Figura 43 – Experimento montado no laboratório NAFA.

Fonte: o autor.

Os pesos utilizados para realização da análise são certificados pela Mastertec

(Anexo C) e o sentido de aplicação da carga foi alternado, sendo feitas duas baterias

de testes. As cargas aplicadas foram de 10, 20, 25, 30 e 35 kg, sendo feita a zeragem

dos valores mostrados no instrumento de medição, a cada medida (o instrumento

apresentou certa histerese). No total, foram feitas dez medições para cada lado,

possibilitando a averiguação da linearidade dos resultados.

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89

4. RESULTADOS

4.1. RIGIDEZ TORCIONAL INICIAL E VALIDAÇÃO DO MODELO PADRÃO

A avaliação da rigidez torcional do modelo computacional padrão, que contém

suas características geométricas iguais às do protótipo FU-15/2, foi realizada

aplicando-se cargas opostas de 10, 20, 25, 30 e 35 kg, em cada centro de roda. A

linearidade dos deslocamentos observados foi mantida e o valor final de rigidez obtido

foi de 918,30 N.m/grau.

O teste de validação, que reproduziu todas estas condições, como foi exposto

na seção 3.3.2, apresentou algumas singularidades. As cargas aplicadas na manga

de eixo dianteira direita tenderam a causar um deslocamento de ordem maior que as

aplicadas na esquerda. Esta peculiaridade apresentou-se tanto para cargas no sentido

ascendente, quanto no sentido descendente, o que pode significar a existência de

alguma assimetria gerada no processo de fabricação do protótipo. Contudo, os valores

finais obtidos mantiveram a linearidade necessária, e o valor final de rigidez torcional,

dado pelas médias dos valores logrados com o teste, foi de 935,31 N.m/grau.

Na Figura 44 estão expressas linhas de tendência com os dados dos dois testes

físicos – o primeiro com roda dianteira direita (DD) com carga ascendente e dianteira

esquerda (DE) descendente, e o segundo, com a configuração contrária – e da

simulação computacional. O parâmetro R quadrado foi exibido a fins de mostrar a

confiabilidade dos resultados obtidos para a linha de tendência linear (quanto mais

próximo de 1, mais preciso).

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Figura 44 – Curvas de tendência dos dados obtidos com o teste físico e com a análise computacional.

Fonte: o autor.

A correlação final existente entre os valores adquiridos com a análise em

software e a análise com o protótipo real foi de 98,2%, tornando o modelo válido para

representar os deslocamentos existentes. Como os valores de tensão são derivados

dos valores de deslocamento, considera-se que o modelo computacional é apto a

representar este tipo de variável, também.

4.2. DISTRIBUIÇÃO INICIAL DE TENSÕES

Como foi abordado na seção 3.2.3, dois casos extremos de carregamento

foram analisados. Para estes, observou-se valores excessivos de tensões em tubos

do chassi, responsáveis por suportar a suspensão dianteira. Os valores mais extremos

apresentados foram obtidos no caso de frenagem máxima em linha reta, onde a

tensão de escoamento do material foi ultrapassada em 3,26 vezes. A Figura 45 mostra

R² = 0,9981

R² = 0,9997

0

0,001

0,002

0,003

0,004

0,005

0,006

0,007

0,008

0,009

0 10 20 30 40

Peso (kg)

De

slo

cam

en

to d

o C

en

tro

de R

od

a (

m)

Carga Vertical DDSoftware

Carga Vertical DE

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os valores excessivos obtidos para a “Mínima tensão combinada” (combinação dos

valores de tensão gerados por momentos fletores, esforços normais e esforços

cortantes que resultam no menor resultado para uma das metades da seção

transversal), cujos quais estão representados pelo gradiente de cores.

Figura 45 – Valores extremos de tensões (acima de 200 MPa) exibidos pela coloração verde a vermelha.

Fonte: o autor.

. Para todos os componentes analisados, buscou-se manter um coeficiente de

segurança de 1,3, que para o aço SAE/AISI 1020 (material utilizado nessas fixações),

representa uma tensão máxima de 270 MPa. Quanto as chapas de fixações dos

componentes de suspensão, em sua maioria não apresentaram tensões excessivas.

A exceção ocorre nas fixações dianteiras, onde os pontos críticos ocorreram nas

chapas número 1 e 2.

Este valor foi excedido em uma região infinitesimal na extremidade de um

elemento próximo a região de engaste, devido a existência de uma distorção,

favorecendo a ocorrência de um erro numérico. Em outras regiões no interior do

próprio elemento, e em outros elementos adjacentes a este, apresentaram-se valores

máximos de tensão de Von Mises de 282 MPa (Figura 46), excedendo o valor disposto

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pelo coeficiente de segurança adotado. Isto, porém, não representa um risco, visto

que o valor desta tensão foi influenciado pela obtida no ponto de distorção do elemento

através da interpolação dos valores nodais.

Também, pode-se observar que no contorno dos furos, alguns elementos

excederam a tensão recomendada (não a tensão limite), porém, apenas nas orelhas

do lado esquerdo do veículo. Este é um ponto que deve ser observado no período de

testes do protótipo, porém nenhuma modificação será feita apenas nesta fixação para

não fugir do padrão de espessura de corte das chapas de fixações, aumentando o

custo do projeto; e pelo fato dos valores de tensão obtidos não excederem a tensão

de escoamento do material.

Figura 46 – Representação das tensões atuantes nas fixações 1 e 2 da porção dianteira da suspensão do veículo, para um caso de frenagem em linha reta.

Fonte: o autor.

Para as fixações da porção traseira do veículo, os maiores valores de tensões

foram obtidos na fixação 7, também em um ponto onde existe a ocorrência do mesmo

tipo de problema apresentado acima. Desta vez, mesmo influenciados por este ponto,

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os elementos adjacentes não apresentaram tensões excessivas devido ao fato desta

ser uma região já naturalmente pouco carregada. A Figura 47 mostra a distribuição de

tensões neste corpo, vale lembrar que os valores em verde estão todos abaixo de 270

MPa.

Figura 47 – Distribuição de tensões nas fixações 7 e 8 da porção traseira do veículo para um caso de curva em regime permanente.

Fonte: o autor.

Por fim, uma análise de tensões foi realizada nos componentes próprios do

sistema de suspensão. Para o caso de curva em regime permanente observou-se os

maiores valores de tensões para as bandejas superiores e inferiores da porção

traseira esquerda do veículo, e para a bandeja superior dianteira esquerda. Já as

bandejas inferiores dianteiras apresentaram os maiores valores de tensões para o

caso de frenagem em linha reta.

Para os tubos fabricados em aço AISI 4130 dos componentes da suspensão, o

valor da tensão de escoamento é de 460 MPa, contudo, com a aplicação do

coeficiente de segurança, considera-se 360 MPa como o valor limitante. No protótipo

FU-15/2 todos os tubos das bandejas possuem o mesmo diâmetro e espessura (19,05

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mm x 1,25 mm), sendo assim, as bandejas superiores, que tipicamente suportam

menores cargas, apresentaram tensões bastante distantes do valor máximo desejado.

O maior valor obtido neste caso foi na bandeja superior traseira esquerda,

apresentando 163,6 MPa de tensão de von Mises (Figura 48).

Figura 48 – Distribuição de tensões na bandeja superior traseira esquerda em um caso de curva em regime constante.

Fonte: o autor.

Quanto às bandejas inferiores, o maior carregamento de tensão ficou por parte

das bandejas dianteiras perante o caso de carregamento de frenagem em linha reta.

O valor alcançado neste caso, cuja distribuição de tensões está exposta na Figura 49,

foi de 388 MPa para Tensão Máxima Combinada (mesmo caso da tensão mínima

combinada, porém contabilizada para a outra região da seção transversal analisada),

excedendo o valor limitante. Contudo, alguns fatores determinam que este é um ponto

de exceção, ao qual o valor obtido pode ser aceitado, sendo eles: (1) a região crítica

foi obtida próximo a extremidade dos braços inferiores dianteiros de suspensão, onde

a rigidez do modelo é inferior à do protótipo (nesta região existe um receptáculo

metálico para colocação de uma rótula, soldado aos tubos); (2) a confiabilidade dos

valores de tensão muito próximos a extremidade é comprometida, por neste local ter

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havido a necessidade do uso de elementos com uma razão baixa de comprimento por

diâmetro (esta razão não ser baixa é uma das considerações básicas do uso de

elementos de viga); (3) e a tensão ficou bastante abaixo do limite de escoamento.

Figura 49 – Distribuição de tensões na bandeja dianteira inferior esquerda em um caso de frenagem em linha reta.

Fonte: o autor.

Na bandeja inferior traseira, o valor máximo alcançado para tensões foi de 321

MPa para Tensão Mínima Combinada, não excedendo o valor limite proposto.

Contudo, devido a estar próximo do valor de 360 MPa de tensão, este item não

apresenta margem para otimização. No caso dos elementos retilíneos que ligam na

suspensão dianteira o “rocker” ao braço de suspensão dianteiro (“pull rod”), verificou-

se apenas esforços trativos (o que era esperado, visto que suas duas extremidades

são rotuladas), resultando em tensões quatro vezes inferiores a tensão limite. Nos

componentes análogos na porção traseira, que atuam em compressão ao invés de

tração (“push rod”), o mesmo nível de segurança foi observado.

O Quadro 5 sintetiza os resultados obtidos na análise do modelo inicial.

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Quadro 5 – Resultado das análises com o modelo inicial (padrão).

Item Material Tensão de

Escoamento (MPa) Tensão Máxima

Obtida (MPa) Coef. de

Segurança

Bandejas Inferiores Dianteiras

Aço AISI 4130

460 388 1,19

Bandejas Superiores Dianteiras

Aço AISI 4130

460 133 3,46

Bandejas Inferiores Traseiras

Aço AISI 4130

460 321 1,43

Bandejas Superiores Traseiras

Aço AISI 4130

460 164 2,80

Pull Rods Aço

SAE/AISI 1020

350 56 6,25

Chassi Aço

SAE/AISI 1010

200 651 0,31

Orelhas Aço

SAE/AISI 1020

350 298 1,17

Fonte: o autor

4.3. MODIFICAÇÕES

Durante a análise de tensões nos componentes no modelo multicorpos do

protótipo FU-15/2 observou-se inicialmente uma região do chassi onde a tensão

existente ultrapassava em muitas vezes o limite de segurança. Também, foram

notados alguns pontos, tanto no chassi quanto em peças da suspensão, em que

poderia haver uma redução de massa do sistema devido a máxima tensão atuante

nestas partes estar bem abaixo deste limite.

4.3.1. Chassi

Para a resolução do problema de tensão excessiva na região da estrutura

tubular no entorno das fixações anteriores das bandejas inferiores dianteiras, decidiu-

se por dispor um tubo ligando um lado a outro da estrutura neste ponto. A escolha por

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esta solução deu-se pelo fato da existência de um valor bastante alto de tensão normal

nos tubos anteriores das bandejas inferiores dianteiras (99 MPa) devido a atuação de

uma força de compressão de 7676,4 N.

Inicialmente optou-se pelo teste de um tubo de diâmetro 12,29 mm (9/16’’) com

parede 1,25 mm. Contudo com esta configuração os valores de tensão obtidos na

estrutura continuavam acima dos 153 MPa determinados como limite com coeficiente

de segurança para os tubos da estrutura. Desta forma, optou-se pelo teste do tubo

com diâmetro de 19,05 mm (3/4’’) com espessura de 1,25 mm, com o qual a tensão

máxima alcançada foi de 153,5 MPa (Figura 50), sendo considerado este excedente

desprezível. Esta nova configuração de chassi foi nomeada de “Chassi 2” para as

análises comparativas da próxima seção.

Figura 50 – Distribuição de tensões no chassi modificado.

Fonte: o autor.

Devido ao fato do restante da estrutura apresentar um fator de segurança

bastante grande quanto a tensões suportadas, algumas modificações foram propostas

em termos de reduzir massa através da remoção de estruturas não obrigatórias por

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regulamento. Todos os tubos existentes a frente do tubo da “front hoop” (o arco frontal

que fica à frente do piloto) e atrás do tubo da “main hoop” (o arco posterior maior, que

fica atrás do piloto) são obrigatórios e qualquer modificação de forma exigiria um novo

estudo de geometria de suspensão.

Devido a este fato, as modificações concentraram-se na porção média da

estrutura, ao redor do habitáculo do piloto, e em estruturas anexas. Seguindo este

princípio, a primeira modificação, que deu origem ao Chassi 3, foi a remoção das

fixações do assoalho (1), compostas por chapas de aço de 2 mm de espessura, o que

gerou uma redução de 1 kg de massa. Posteriormente optou-se pela substituição dos

dois travamentos médios da SIS – “Side Impact Structure” – (2) por apenas um

travamento diagonal, resultando em uma redução de 274 g de massa total na nova

configuração denominada Chassi 4. Por fim, a última alteração proposta, o Chassi 5,

consistiu na remoção dos tubos superiores à SIS (3), ocasionando uma redução de

1,1 Kg. Todas estas estruturas modificadas estão representadas na Figura 51.

Figura 51 – Representação das estruturas removidas ao longo da sequência de simulações.

Fonte: o autor.

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Nestas novas geometrias, nenhum novo pico de tensão foi observado.

Contudo, isto não determina que elas foram consideradas válidas, tendo em vista que

o critério de deslocamentos existentes, mensurados no centro da roda do veículo,

ainda não foi verificado.

4.3.2. Suspensão

Como foi descrito na seção 4.2, os valores de tensões obtidos nos braços

superiores de suspensão dianteiros e traseiros, assim como nos “pull rods” e “push

rods”, foram bastante inferiores ao valor limite imposto. Devido a isto, inicialmente foi

proposta a redução do tamanho dos tubos das bandejas de suspensão superiores

para tubod de 14,3 mm de diâmetro (9/16’’) com 1,25 mm de espessura

As maiores tensões apresentadas para este caso ocorreram para a situação de

carregamento de curva em regime permanente. No caso da bandeja dianteira superior

esquerda, o valor máximo de tensão alcançado foi de 259,15 MPa; enquanto que para

a bandeja traseira superior esquerda foi de 314,48 MPa. Estes dois valores estão

abaixo do valor limite de 360 MPa imposto pelo coeficiente de segurança. Contudo,

devido à proximidade do valor de tensão apresentado na bandeja traseira e ao fato

das dimensões inferiores de tubos disponíveis no mercado serem bastante inferiores,

não se tentou nenhuma redução além desta representada na Figura 52.

Figura 52 – Casos extremos de tensões nas novas dimensões de tubos testados para os braços superiores de suspensão.

Fonte: o autor.

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O diâmetro do “pull rod” também foi alterado (de 8 mm para 6 mm) e os valores

de tensão obtidos continuaram bem abaixo do valor limite. Porém, uma redução maior

torna-se inviável devido ao fato das extremidades desta peça serem rosqueados

terminais rotulares, cujos quais os de menor dimensão de diâmetro rosqueado ao qual

a equipe Formula UFSM tem acesso são de 6 mm.

A redução de massa final obtida com estas alterações foi de 610 g. Vale

ressaltar que todas quatro bandejas superiores foram alteradas, e que a análise focou

as tensões no lado esquerdo do veículo devido ao fato de no caso de carregamento

proposto, este ser considerado o lado externo a curva de regime constante (sendo o

lado mais carregado). Os valores finais de rigidez torcional obtidos do chassi

juntamente com o sistema de suspensão para estas modificações propostas estão

descritas no Quadro 6, para fins de comparação.

Quadro 6 - Evolução da alteração da rigidez torcional total de acordo com as alterações no modelo.

Modelo de Chassi Rigidez Torcional (N.m/grau)

Padrão 918

Chassi 2 + Suspensão Modificada 978

Chassi 3 + Suspensão Modificada 828

Chassi 4 + Suspensão Modificada 814

Chassi 5 + Suspensão Modificada 594

Fonte: o autor.

4.4. DESLOCAMENTOS

Como foi abordado na seção 3.2.3, os deslocamentos angulares da manga de

eixo, assim como os translacionais dos centros de rodas dianteiros e traseiros foram

avaliados para cada modificação apresentada no modelo. Um quadro foi montado no

Apêndice B contabilizando todos os valores de deslocamentos para todas

combinações de chassis e suspensão testados.

O pior caso quanto a variação de ângulos da manga de eixo foi do modelo

inicial, que no eixo Y apresentou rotações da ordem de 0,6º para a suspensão

dianteira em um caso de frenagem em linha reta. Esta diferença de variação foi

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contabilizada em relação a um modelo com chassi e componentes de suspensão

completamente rígidos, também criado no ANSYS.

Seguindo o mesmo princípio, o pior caso de rotação apresentado para o eixo

X, responsável por alterar a angulação de “camber” da roda, alterando a capacidade

do pneu em gerar cargas laterais, ocorreu na configuração do Chassi 5 com a

suspensão modificada. Contudo esta alteração ocorreu em uma situação de

frenagem, alcançando um valor de 0,1º nas rodas dianteiras, provavelmente devido

ao deslocamento causado pela flexão que ocorre de forma irregular entre as bandejas

de suspensão superior e inferior. Para um caso de aceleração lateral, a pior alteração

de ângulo de “camber” ocorreu também para a mesma configuração de chassi e

suspensão, porém atingindo valores da ordem de 0,06º apenas, para as rodas

traseiras.

Para o caso de alteração no eixo “Z”, observou-se como pior caso, uma

alteração de 0,008º para as rodas dianteiras em um caso de frenagem em linha reta.

Vale salientar que todos estes casos ocorreram para valores de deslocamento vertical

do sistema de suspensão superiores aos que são observados no veículo. Isto ocorre

visto que o deslocamento da mola no modelo em Elementos Finitos não pôde ser

limitado, o que gera o efeito de intensificação das variações de ângulo. Contudo, esse

efeito não representa um problema, pois, segundo Zipfel e George (2006), para as

modificações propostas, as variações já estão abaixo do limite considerado crítico

(0,5º).

Analisando os deslocamentos translacionais, percebe-se que o chassi padrão

do protótipo FU-15/2 para o caso de frenagem, apresenta os maiores valores de

deslocamento para as rodas dianteiras. Isto decorre principalmente do fato da

existência da região crítica identificada anteriormente, onde existia um grande

deslocamento devido a flexão. Destaca-se também a ocorrência, no caso de curva em

regime permanente, de valores de deslocamentos elevados nas rodas dianteiras nos

eixos X e Y, atrelados a redução de rigidez da estrutura. Devido a este efeito ocorrer

apenas para a suspensão dianteira, estima-se que estes deslocamentos estejam

relacionados com a existência de um fenômeno de flexão lateral da porção dianteira

da estrutura perante as forças laterais atuantes. Isto decorre do fato das maiores

massas estarem dispostas na porção do veículo localizada atrás do tubo da “front

hoop”, tendendo esta região a sofrer maiores deslocamentos laterais.

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Desta forma considera-se possível a utilização de todas modificações

propostas no chassi quando se avalia os deslocamentos angulares existentes.

Contudo, devido ao fato dos deslocamentos translacionais apresentarem-se em

ordens maiores, recomenda-se que uma avaliação deste “compliance” seja feita em

um software de simulação multicorpos voltado para o estudo da dinâmica veicular

(ADAMS Car, IPG CarMaker).

Por fim, faz-se a verificação do modelo analítico de mola, em uma curva obtida

para a suspensão dianteira com os dados de rigidez dos componentes obtidos

individualmente através do modelo em Elementos Finitos. É possível notar, através

da Figura 53, que para incrementos de rigidez torcional acima de 400 N.m/grau, se

tem um decréscimo na alteração de valores de rigidez total do veículo (verificar

conceito na seção 3.2.2). Verifica-se através de dois valores de rigidez consecutivos

em destaque no gráfico, que a partir deste ponto, as alterações são menores 0,1%.

Figura 53 – Variação da rigidez total do veículo em relação a variação de rigidez torcional do chassi.

Fonte: o autor.

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00

26

00

Rigidez Torcional 𝑁.𝑚

𝑔𝑟𝑎𝑢

Rig

ide

z T

ota

l 𝑁

𝑚𝑚

X = 400 N.m/grau Y=10,422 N/mm

X = 420 N.m/grau Y=10,450 N/mm

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Através do confrontamento dos dados obtidos no modelo em Elementos Finitos

e no modelo analítico de molas, é possível perceber que este segundo tipo de

modelagem apresenta uma simplificação bastante grosseira dos efeitos existentes

devido a elasticidade dos componentes no sistema. A contabilização de esforços em

eixos diferentes do eixo Z evidencia a existência de deformações que não são

contabilizadas em uma análise simplificada, que possui como variável apenas a

rigidez torcional do chassi.

Isto fica claro quando são consideradas as deformações obtidas no modelo

padrão analisado neste trabalho (chassi do protótipo FU – 15/2) onde um ponto crítico

de flexão em apenas um dos pontos de fixação da bandeja superior dianteira, causa

valores consideráveis de deflexão mensurados no centro da roda do veículo. Este

efeito evidencia-se mais ainda quando se avalia a discrepância destes valores com os

obtidos para a geometria “Chassi 5”, que possui uma rigidez torcional bastante inferior,

porém também apresenta valores de deflexão em um caso de frenagem, bastante

menores. A comparação destes valores pode ser observada no Quadro 7.

Quadro 7 – Comparação dos deslocamentos translacionais da suspensão dianteira para o caso de frenagem em linha reta.

Modelo Translações

Eixo X Eixo Y Eixo Z

Padrão 1,6469 mm -0,16 mm -2,596 mm

Chassi 5 0,7125 mm 0,479 mm 1,431 mm

Fonte: o autor.

5. CONCLUSÃO

Neste trabalho foi realizada a análise estrutural do chassi e componentes da

suspensão do protótipo FU-15/2 de Formula SAE, com enfoque no estudo da

influência destes na ajustabilidade do sistema de suspensão. As seguintes conclusões

foram obtidas através das análises realizadas:

a) O modelo computacional demonstrou grande versatilidade, sendo uma

ferramenta útil para evidenciar os deslocamentos dos componentes do veículo,

perante os casos de força investigados, de maneira precisa. Apesar de ainda

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104

existir a necessidade de validação dos traços de tensão, os valores

evidenciados na simulação computacional permitiram propor novas geometrias

de componentes a fim de ocasionar uma redução de massa, contabilizando os

efeitos destas alterações na variação da geometria do sistema de suspensão.

b) As deflexões dos pontos centrais das rodas do veículo foram reduzidas com a

correção do ponto de falha estrutural encontrado na estrutura tubular inicial.

Contudo, as alterações no chassi resultaram em um aumento das deflexões

translacionais, sendo necessário, nos casos mais críticos, uma maior

investigação para a descoberta das influências deste efeito na dinâmica

veicular. Por fim, as variações angulares mantiveram-se reduzidas (abaixo de

0,5º), não exercendo grande influência na capacidade do pneu em gerar as

forças reativas às acelerações impostas ao veículo.

c) O modelo analítico é válido apenas para avaliar o efeito decorrente das

diferenças de forças verticais atuantes nas rodas do veículo, o que em uma

análise do comportamento geral do sistema, é pouco útil. Contudo, do ponto de

vista de uma análise qualitativa, a curva obtida é capaz de comprovar a redução

da contribuição do aumento de rigidez para valores de rigidez torcional muito

elevados.

d) A redução de massa obtida de 2510 g representa 6,72% da massa total dos

componentes analisados. Este valor, apesar de ser bastante significativo,

poderia ser maior, caso alterações na localização das fixações dos

componentes de suspensão pudessem ser realizadas.

5.1. TRABALHOS FUTUROS

Como continuidade do trabalho realizado neste texto, recomenda-se realizar

validação dos valores de deformação e tensão do modelo multicorpos em Elementos

Finitos apresentado. Apesar da comprovação da existência da correlação para os

valores de deslocamento, este tipo de análise tornaria o modelo mais robusto para

todas variáveis analisadas.

A existência de um assoalho de material compósito utilizado no veículo foi

desconsiderada no modelo desenvolvido neste trabalho. Contudo, estima-se que sua

utilização gera uma influência considerável nos valores totais de rigidez do chassi do

veículo projetado. Desta forma a modelagem deste corpo é o passo seguinte em

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direção ao aumento da complexidade do modelo no sentido de aumentar sua

precisão. Deve-se ter em mente, porém, que caso esta modificação seja imposta, um

novo processo de validação deve ser executado, visto que o novo modelo envolveria

a adição dos efeitos de um novo tipo de material e novos recursos de modelagem.

Por fim, como passo final para aproveitar de forma integral os resultados

fornecidos pelo modelo multicorpos, os efeitos gerados pela elasticidade dos

componentes modelados devem ser inseridos em um software próprio para estudo da

dinâmica veicular do protótipo. As influências no comportamento dinâmico do mesmo

devem ser quantificadas, e o projeto final dos componentes da suspensão e do chassi

deve ser alterado a fim de melhorar seu desempenho.

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107

6. BIBLIOGRAFIA

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APÊNDICE A

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APÊNDICE B

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ANEXO A

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ANEXO B

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ANEXO C