Lucas Pinheiro Nóbrega

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO CAMPUS SÃO ROQUE Lucas Pinheiro Nóbrega CRISE HÍDRICA NA CIDADE DE SÃO PAULO - SP São Roque/SP 2015

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CRISE HÍDRICA NA CIDADE DE SÃO PAULO - SP

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Page 1: Lucas Pinheiro Nóbrega

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO – CAMPUS

SÃO ROQUE

Lucas Pinheiro Nóbrega

CRISE HÍDRICA NA CIDADE DE SÃO PAULO - SP

São Roque/SP

2015

Page 2: Lucas Pinheiro Nóbrega

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO – CAMPUS

SÃO ROQUE

Lucas Pinheiro Nóbrega

CRISE HÍDRICA NA CIDADE DE SÃO PAULO - SP

Trabalho de conclusão de curso apresentado como

requisito para obtenção do título de Tecnólogo em

Gestão Ambiental sob orientação do Professor

Doutor Ricardo dos Santos Coelho.

São Roque/SP

2015

Page 3: Lucas Pinheiro Nóbrega

N754

NÓBREGA, Lucas Pinheiro.

Crise hídrica na cidade de São Paulo. / Lucas Pinheiro Nóbrega. –

2015.

36 f.

Orientador: Prof. Ricardo dos Santos Coelho.

TCC (Graduação) apresentada ao curso Tecnólogo em Gestão

Ambiental. – Campus São Roque, 2015.

1. Escassez 2. Água 3. Metrópole 4. Causas I. Nóbrega, Lucas

Pinheiro. II. Título

CDD: 550

Page 4: Lucas Pinheiro Nóbrega

Nome: LUCAS PINHEIRO NÓBREGA

Título: CRISE HÍDRICA NA CIDADE DE SÃO PAULO - SP

Trabalho de conclusão de curso apresentado como

requisito para obtenção do título de Tecnólogo em

Gestão Ambiental sob orientação do Professor Doutor

Ricardo dos Santos Coelho.

Aprovado em: ____/____/____

Banca Examinadora

Prof. Dr. ________________________________ Instituição: __________________

Julgamento: _____________________________ Assinatura: __________________

Prof. Dr. ________________________________ Instituição: __________________

Julgamento: _____________________________ Assinatura: __________________

Prof. Dr. ________________________________ Instituição: __________________

Julgamento: _____________________________ Assinatura: __________________

Prof. Dr. ________________________________ Instituição: __________________

Julgamento: _____________________________ Assinatura: __________________

Page 5: Lucas Pinheiro Nóbrega

Dedico este trabalho a minha

família, amigos, namorada e professores, sem

eles minha vida teria sido muito mais difícil.

Page 6: Lucas Pinheiro Nóbrega

AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a minha namorada Leticia que além de me ajudar

no desenvolvimento me deu forças para continuar o curso, eu te amo muito, aos pais dela

Marcio e Claudia que me cederam seu computador para escrever quando mais precisei.

Também gostaria de agradecer meus pais Ana e Paulo que me ajudaram muito durante

toda minha vida e principalmente quando o assunto era sair de casa para estudar em São

Roque, amo muito vocês.

Minha tia e madrinha Caroline, Vó Mariley e Vô Marcos que também me ajudaram sempre

em minha vida e principalmente em meus estudos, apesar da distancia sempre vou

lembrar-me de vocês.

A todos meus amigos e amigas de São Paulo que estiveram comigo mesmo que não seja

na rotina como antigamente.

Amigos que consegui aqui em São Roque e que vou levar pra vida toda.

Gostaria de agradecer ao IFSP-São Roque pela oportunidade que tive de concluir minha

primeira graduação e principalmente aos professores Ricardo Coelho que atualmente é o

diretor da instituição e mesmo assim reservou um pouco do seu tempo para me orientar,

Leonardo Pretto que foi meu professor e coordenador de extensão e tentou resolver

problemas que surgiram ao decorrer do curso, Fernando Santiago que além de ser um

ótimo professor estava presente nas bebedeiras constantes e ainda foi o único professor

do curso que deu uma prova onde eu tirei 10, Hamilton Cipolla e Valdinei Trombini que

foram grandes amigos e professores que sempre estavam tirando sarro da minha cara

quando me viam nos corredores do IF.

Encerrarei meus agradecimentos afirmando para as pessoas que sabem a importância

que possuem para mim e não foram citadas, não se sintam ofendidas pois eu não

gostaria de alargar muito os agradecimentos e não teria espaço suficiente para falar um

pouco de todos.

Page 7: Lucas Pinheiro Nóbrega

RESUMO

A água é o mais importante dos recursos naturais presentes na Terra, ela compõe cerca

de 97% do planeta e de 75% do corpo humano, quase todas as outras espécies também

são dependentes diretos da água porém, apenas nossa raça precisa dela com um

tratamento adequado para que chegue em suas respectivas casas de uma forma onde

não possua microrganismos que deixem seu consumidor com problemas de saúde. A

cidade de são Paulo está desde 2014 passando pela maior crise hídrica registrada em

sua história, este trabalho apresenta as razões pela qual a crise se desencadeou,

mostrando falhas na gestão governamental como falta de planejamento para ampliação

de seus reservatórios, que atualmente sofrem sobrecargas, apresenta também dados que

demonstram a escassez de chuva, detalhes sobre o Sistema Cantareira, o maior da

América Latina, três soluções para a crise e uma conclusão de que a culpa não é apenas

da baixa precipitação na região e que há necessidade de uma mudança urgente na

gestão de recursos hídricos da Cidade de São Paulo.

Palavras-Chave: Escassez; Água; Metrópole ; Causas

Page 8: Lucas Pinheiro Nóbrega

ABSTRACT

Water is the most important natural resources present on earth, it makes up about 97% of

the planet and 75% of the human body, not only humans are direct water dependent

however, only the human race needs it with a suitable treatment to arrive at their

respective homes in a way where you do not have microorganisms that leave the

consumer with health problems. The São Paulo city is in the biggest water crisis recorded

in its history. The article presents the reasons why the crisis broke out, showing failures in

governance and lack of planning for expansion of its reservoirs that currently suffer

overloads, they are also presented data demonstrating the lack of rain, details on the

Cantareira System, the largest in Latin America, three solutions to the crisis and a

conclusion that the fault is not only the low rainfall in the region and that there is need for

an urgent change in the management of water resources of the State of São Paulo.

Keywords: Shortage ;Metropolis ; Water; Causes

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - A água na Terra. Fonte: Rebouças et al., 1999 ................................................. 13

Figura 2 - Capacidade de armazenamento, população total e capacidade per capta por

RH, Fonte: Ana (2013) ....................................................................................................... 15

Figura 3 - Abastecimento de água em São Paulo, Fonte: Site UOL .................................. 18

Figura 4 – Dados sobre o abastecimento da água em São Paulo, Fonte: Site UOL ......... 19

Figura 5 - Precipitação no Brasil entre os anos de 2012 e 2014, Fonte: ANA (2014) ........ 21

Figura 6 - Como funciona o sistema Cantareira, Fonte: Terra ........................................... 23

Figura 7 - Situação do Sistema Cantareira até 15/12/2014 Fonte: G1 .............................. 24

Figura 8 - Comparativo entre o volume dos sistemas em porcentagem antes e depois da

crise. Fonte: Site Climatempo ............................................................................................ 25

Figura 9 – Captação pelo volume morto utilizando o método de bombeamento. Fonte: Site

AquaFluxus ........................................................................................................................ 27

Figura 10 - Reservatório Antes e depois da seca, Fonte: Escrita Global ........................... 28

Figura 11 - Obras de instalação da ETA Vargem Grande Paulista Fonte: Prefeitura de São

Paulo.................................................................................................................................. 30

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANA Agencia Nacional de Águas

CCST Centro de Ciência do Sistema Terrestre

CEPA Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

DAEE Departamento de Águas e Energia Elétrica

ETA Estação de Tratamento de Água

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

ISA Instituto Sócio Ambiental

ONG Organização Não Governamental

ONU Organização das Nações Unidas

PCJ Piracicaba, Capivari e Jundiaí

RMSP Região Metropolitana de São Paulo

SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

SP São Paulo

TNC The Nature Conservancy

UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância

USP Universidade de São Paulo

PCJ Bacia dos rios Piracicaba Capivari e Jundiaí

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES .................................................................................................. 9

Lista de Abreviaturas e Siglas ........................................................................................ 10

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 12

2 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 13

2.1 Água em nível mundial ....................................................................................... 13

2.2 Disponibilidade Hídrica no Brasil ...................................................................... 14

2.3 O usos da água para área agrícola ................................................................... 15

3 METODOLOGIA......................................................................................................... 16

4 ÁGUA EM SÃO PAULO ............................................................................................ 16

4.1 Histórico da Crise ............................................................................................... 19

4.1.1 Falta de Chuva .............................................................................................. 20

5 SISTEMA CANTAREIRA ........................................................................................... 22

5.1 Cantareira em Números ..................................................................................... 24

5.2 História do Sistema Cantareira .......................................................................... 25

5.3 O que é volume morto? ...................................................................................... 26

5.4 Números da Crise ............................................................................................... 27

6 Possíveis alternativas Para a crise hidrica ............................................................ 28

6.1 Reflorestamento ................................................................................................. 29

6.2 Vale do Ribeira .................................................................................................... 29

6.3 Aquífero Guarani ................................................................................................ 30

7 Discussão .................................................................................................................. 31

8 Conclusões ............................................................................................................... 32

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 33

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1 INTRODUÇÃO

Poucas pessoas conhecem o processo que acontece quando ela abre uma torneira, usa a

descarga de seu vaso sanitário, toma um banho ou utiliza algum meio que envolva o

consumo da água, e principalmente desconhecem como é feito para que ela sempre

esteja presente em suas residências. De onde surge toda essa água? Por que agora

estão dizendo que ela está acabando? Por que economizar?

Durante o ano de copa do mundo de Futebol no Brasil, a cidade de São Paulo entrou em

estado de alerta, com a queda de seu fornecimento hídrico e com fenômenos atípicos de

falta de chuva que abalaram toda a região sudeste brasileira. A escassez da precipitação

afetou principalmente a cidade de São Paulo que possui diariamente uma alta demanda

hídrica, necessária devido a seu grande número de habitantes. Entretanto a culpa não é

apenas da falta de chuva que não chegou à precipitação esperada, a água é um recurso

natural finito essencial para a vida e para a economia dos municípios, portanto a ideia de

que haja necessidade de um uso racional deste bem serve para todos habitantes, sem

exceção. Ações para o gerenciamento sustentável da água como praticas de reuso e

redução de desperdício não só domiciliar, mas em indústrias e na irrigação são totalmente

viáveis para obtenção da melhor oferta de abastecimento. Também devem ser priorizados

os investimentos em tecnologias para tratamento e distribuição hídrica, já que a falta de

oferta de água para a população interfere diretamente na economia do País e isso seria

de total interesse para as politicas publicas.

Todo esse problema que a cidade de São Paulo enfrenta é uma novidade para a maioria

de sua população, pois a mídia brasileira sempre relacionava a região Nordeste quando

seu assunto era a seca, porém a maior metrópole do Brasil já possuía grandes falhas na

gestão hídrica que serão apresentadas ao decorrer deste trabalho, infelizmente a maioria

das pessoas só começam a se conscientizar quando o problema aparece para elas.

Este trabalho tem como objetivo demonstrar a problematização da crise, com maior

número possível de detalhes e possíveis soluções. Serão abordadas concepções como

usos da água, disponibilidade hídrica e a falta de preocupação da população.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Água em nível mundial

A água está localizada em quase todo planeta em três locais mais importantes que são

oceanos, continente e atmosfera, apresentando-se em três formas sendo elas sólida,

líquida ou gasosa e seu volume exato varia de acordo com cada pesquisador, segundo

(Rebouças et al., 1999) a quantidade total de água na Terra (1386 milhões de km³)

permaneceu igual durante 500 milhões de anos. 97,5% de seu volume total são de água

salgada e estão nos oceanos e mares e apenas 2,5% é de água doce. Contudo, quase

toda parte está congelada nos polos e geleiras ou se localiza no subsolo. Então, somente

0,3% podem ser obtidos facilmente para o consumo humano. Apenas 2,5% de 1386

milhões de km³ é água doce, ou seja, 35 milhões de km³ e reduzindo ainda mais para a

disponível nos rios e lagos (0,3%) esse total vai para apenas 105 mil km³.

Figura 1 - A água na Terra. Fonte: Rebouças et al., 1999

Em um país com localização privilegiada como o Brasil, há grande destaque na

quantidade de água doce localizada em seus rios, sua produção é de 177.900 m³⋅s-¹ e

mais 73.100 m³⋅s-¹ da Amazônia Internacional. Obtendo assim 53% da produção de água

doce do continente sul americano e 11% do total mundial. (LOULY, 2008)

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2.2 Disponibilidade Hídrica no Brasil

O Brasil demonstra uma condição tranquila, em termos globais, quanto à disponibilidade

hídrica per capita, determinada a partir de valores totalizados para o país. Contudo, existe

uma distribuição espacial desigual, onde 80% de seus recursos hídricos estão

concentrados na região Amazônica, que por sua vez, se encontra o menor contingente

populacional. (ANA, 2013)

Os reservatórios desempenham relevante papel na gestão de recursos hídricos pela

capacidade de estocar e atender a diversos usos hídricos sejam eles consuntivos ou não

consuntivos. Além de armazenar água, podem liberar parte do volume estocado nos

períodos de estiagem, contribuindo, deste modo, para a garantia de sua oferta para

abastecimento humano e irrigação, por exemplo.

O volume de água armazenado em reservatórios artificiais per capita tem sido utilizado

para avaliar o nível de estoque em determinada região. Segundo informações do

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a comparação do volume

armazenado de água per capita possibilita identificar o grau de vulnerabilidade hídrica

para atender a sua demanda. No Informe 2012 da Agencia nacional de Águas, promoveu-

se o levantamento do volume armazenado per capita para o País e por região

hidrográfica.

Os valores reduzidos de disponibilidade hídrica provem dos índices baixos de precipitação

e a regularidade de seus regimes, juntamente ligados aos fatores hidro geológico.

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Figura 2 - Capacidade de armazenamento, população total e capacidade per capta por RH, Fonte: Ana (2013)

2.3 O usos da água para área agrícola

O setor agrícola é em nível mundial o maior vilão para o uso de água, consumindo

aproximadamente 69% do total hídrico utilizado com diversas procedências como fontes

subterrâneas, rios e lagos. (Christofidis, 1997)

A Agência Nacional de Aguas – ANA, afirma que no Brasil o maior consumidor de água

também é a irrigação, em seu relatório de 2012 foram obtidos dados de aproximadamente

29,6 milhões de hectares para irrigação. Ainda seguindo o relatório da ANA é possível

obter a vazão total consumida no Brasil, sendo ela, 1.212 m³, desse total, 72% é

destinado exclusivamente para a agricultura ou seja 872,64m³.

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3 METODOLOGIA

Durante os meses de 07/2014 a 12/2014 foram feitas pesquisas para o desenvolvimento

do histórico do problema, baseando-se em livros, artigos científicos, dados de órgãos

governamentais como Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Departamento de Água

e Energia Elétrica, Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, Agencia

Nacional de Águas e Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

Após isso de 01/2015 até 06/2015 foi feito o levantamento de referencial teórico e

discussão.

Com a obtenção dos dados foi criada uma discussão a respeito do assunto principal,

desenvolvendo a criação de propostas com possíveis de soluções para o problema.

4 ÁGUA EM SÃO PAULO

De acordo com a Prefeitura do Munícipio de São Paulo (2011), atualmente a população

do município de São Paulo é de 11.337.021 habitantes. Segundo a Secretaria da Fazenda

de São Paulo na Região Metropolitana de São Paulo, somando os 38 municípios que

rodeiam a capital, há uma população de aproximadamente 20 milhões de habitantes.

Em um relatório sobre os recursos hídricos na RMSP para o banco mundial a autora,

professora da Escola Politécnica – USP, Monica Porto (2003, p.13) descreveu o seguinte.

O relatório mostra claramente que a manutenção da disponibilidade atual de

água na RMSP corre sérios riscos, devido à contínua expansão da

ocupação urbana desordenada, a qual provoca a poluição e contaminação

dos mananciais. Mostra-se, ainda, que são também restritas as

possibilidades de expansão das vazões disponíveis, uma vez que implicam

investimentos extremamente elevados e eventuais novas reversões, as

quais dependerão de difíceis negociações com as bacias vizinhas. A

poluição causada pela expansão urbana se deve principalmente à falta de

coleta e tratamento de esgotos, e às deficiências em macro drenagem e em

coleta e disposição final de resíduos sólidos. Este conjunto de fatores, no

contexto crítico de demanda descrito no relatório, compromete cada vez

mais a oferta de água para a RMSP.

O texto demonstra que o alerta da crise hídrica em São Paulo já tinha sido dado 10 anos

antes do seu acontecimento, indicando que há falta de gestão do governo do estado.

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Na RMSP, o sistema de abastecimento é formado por 8 complexos (Alto Cotia, Baixo

Cotia, Alto Tietê, Cantareira, Guarapiranga, Ribeirão da Estiva, Rio Claro e Rio Grande)

que tem o encargo de produzir 67 mil litros de água por segundo, para atender 33

municípios atendidos pela Sabesp e outros 6 que compram água por atacado (Santo

André, São Caetano do Sul, Guarulhos, Mogi das Cruzes, Diadema e Mauá).

As imagens a seguir, por si só justificam o porquê a cidade de São Paulo foi tão afetada

pela falta de gestão hídrica, relatando que quase todos os reservatórios de água da

RMSP fazem parte do abastecimento da metrópole.

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Figura 3 - Abastecimento de água em São Paulo, Fonte: Site UOL

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Figura 4 – Dados sobre o abastecimento da água em São Paulo, Fonte: Site UOL

4.1 Histórico da Crise

De acordo com (Alves et. al., 2002) e (Paiva, 1997), o período chuvoso na região Sudeste

do Brasil sempre foi entre os meses de Outubro a Março, quando ocorrem mais de 80%

do total anual de chuvas. No entanto durante os anos de 2013 e 2014 aconteceu uma rara

estiagem, que pode ser considerada um dos principais problemas para a crise de água no

estado, segundo o governo paulista, o mês de janeiro teve apenas 87,8 milímetros de

chuva, não havia tanta escassez já se fazia 84 anos, mas não pode apenas culpar a

natureza no ano de 2014, pois o documento de renovação da outorga entregue a

SABESP pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) já alertava sobre o

Reservatório da Cantareira estar com uma insuficiência e que o estado tinha uma grande

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dependência do sistema, ou seja, a falta de ampliação do reservatório do Cantareira ou

obtenção de uma nova área para equilibrar a oferta de água.

4.1.1 Falta de Chuva

Antônio Nobre, pesquisador do Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST), parte do

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) estudou mais de 200 artigos científicos

sobre a Amazônia e o seu vinculo com o clima e a pluviosidade no Brasil, e deduziu que

o desmatamento afeta a ausência de água nas regiões brasileiras. A baixa quantidade de

árvores no ecossistema interfere na passagem de umidade entre o Norte e o Sul do país,

aponta o estudo.

De acordo com este pesquisador, a falta de chuva, principalmente no estado de São

Paulo, teria como causa indireta do desmatamento da floresta amazônica. A partir de

1970 até 2013, o desmatamento desenfreado retirou do bioma 762.979 km² de florestas.

A remoção da vegetação atrapalha a passagem da umidade do solo para a atmosfera.

Assim, a grandes nuvens de umidade denominadas “rios voadores”, causadoras das

precipitações, que são levadas pelos ventos da Amazônia para todo Brasil, não se

movimentam o suficiente para chegar as regiões Sul e Sudeste. Por dia, a Amazônia

libera na atmosfera 20 trilhões de litros de água transpirada.1

Abaixo seguem dados com registros da falta de chuva entre 2012 a 2014

1 CARVALHO, Eduardo. Disponível Em: < http://g1.globo.com/natureza/noticia/2014/10/novo-estudo-liga-

desmatamento-da-amazonia-seca-no-pais.html >. Acesso em: 09 de dezembro de 2014.

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Figura 5 - Precipitação no Brasil entre os anos de 2012 e 2014, Fonte: ANA (2014)

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5 SISTEMA CANTAREIRA

De acordo com SABESP o sistema Cantareira é o maior de seus sistemas administrados,

estando dentro de 12 municípios e 2 estados, podendo ser considerado um dos maiores

sistemas do mundo, Ele é formado por seis barragens ligadas por tuneis e uma tecnologia

de bombeamento da Estação Elevatória Santa Inês que liga o reservatório de Paiva

Castro até o reservatório de Águas Claras localizado topo da Serra da Cantareira, que por

sua vez desemboca na ETA do Guaraú. Esta recebe m3⋅s-¹ de água para ser tratada e

assim, levada até os usuários me São Paulo e região.

O Sistema possui uma reserva estratégica denominada de volume morto que nunca havia

sido usada até dia 15/05/2014 onde segundo a SABESP sua capacidade bateu um

recorde negativo histórico e chegou aos 8,4% e houve necessidade de implantação de

bombas para uma captação auxiliar.

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Figura 6 - Como funciona o sistema Cantareira, Fonte: Terra

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Figura 7 - Situação do Sistema Cantareira até 15/12/2014 Fonte: G1

5.1 Cantareira em Números

O sistema Cantareira é um conjunto de seis represas, sendo elas Jaguari, Jacareí,

Cachoeira, Atibainha, Paiva Castro (Juquery) e Águas Claras. Sua área total é de 227.950

hectares (2.279,5 km2) que abrange 12 municípios, quatro inseridos no estado de Minas

Gerais (Extrema, Itapeva, Camanducaia e Sapucaí-Mirim) e oito no estado de São Paulo

(Bragança Paulista, Caieiras, Franco da Rocha, Nazaré Paulista, Mairiporã, Piracaia,

Vargem e Joanópolis). O relatório do Consórcio PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí) de

2013, o sistema abastece 5,2 milhões de habitantes e fornece segundo o DAEE seus

padrões de qualidade são superiores aos exigidos pela Organização Mundial de Saúde –

OMS.

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Figura 8 - Comparativo entre o volume dos sistemas em porcentagem antes e depois da crise. Fonte: Site Climatempo

5.2 História do Sistema Cantareira

Na década de 60, o governo do estado de São Paulo, visando o crescimento demográfico

da grande São Paulo, que já tinha cerca de 4,8 milhões de habitantes, começa a melhorar

o abastecimento de água construindo assim diversas represas nas nascentes das bacias

hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, dando inicio ao Sistema Cantareira e

criando assim a Comissão Especial para o Planejamento das Obras de Abastecimento e

Distribuição de Água da Capital (Cepa).

Segundo Sérgio Reis, administrador do site espaço.org, a área que atualmente se reside

o Sistema Cantareira até a década de 60, foi sempre uma região atividades

agropecuárias, que preenchia quase totalmente as áreas de várzeas. Com a chegada do

sistema e seus reservatórios, a região sofreu uma alteração econômica drástica, pois

suas áreas com grande fertilidade e planas sofreram de uma inundação que alterou todo

seu ecossistema. Onde teve como consequência, alteração total no modo de vida de sua

população. As obras do Sistema Cantareira aconteceram durante o período de ditadura

militar no Brasil, sendo assim, não possuiu intervenção da sociedade civil durante o

Page 26: Lucas Pinheiro Nóbrega

26

processo, com nenhum aviso antecipado de que aconteceria uma obra daquele porte,

prejudicando toda sua população circundante.2

5.3 O que é volume morto?

Volume morto é uma reserva de aproximadamente 400 bilhões de litros de água que fica

abaixo do volume comum da represa, ou seja, abaixo do nível de captação que nunca

havia sido usado, pois as tubulações não alcançavam essa profundidade tão grande e

segundo a SABESP foi necessário a implantação de 17 bombas com um custo

aproximado de 80 milhões de reais.

A sua captação foi feita da mesma forma que a de todo Sistema Cantareira, porem como

nunca havia sido utilizado um tratamento especial foi implantado para evitar que fossem

enviados metais pesados como chumbo e cádmio que são altamente nocivos para a

saúde afetando diretamente o cérebro e os rins, segundo a SABESP foram feitas

medições diárias em relação a qualidade dessa reserva e não havia necessidade de

preocupação com esses metais.

Para a utilização dessa reserva as bombas, possuem boias, que acompanham o volume

enquanto ele diminuía. Com essa nova tecnologia, sua captação pode chegar até 1,5

metros do chão para que não ocorra bombeamento de sedimentos presentes no solo.3

2 REIS, Sérgio . Cantareira: histórico Em: < http://www.espaco.org.br/site_mananciais/?p=260 >. Acesso em:

30 novembro 2014 3 FERREIRA, Renato. O colapso das águas paulistanas Em: < http://biodevaneios.com/2014/06/10/o-

colapso-das-aguas-paulistanas/ >. Acesso em: 13 novembro 2014.

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27

Figura 9 – Captação pelo volume morto utilizando o método de bombeamento. Fonte: Site AquaFluxus

5.4 Números da Crise

Destacam-se quatro fatores importantes que causaram a crise: desmatamento junto com

o lançamento de resíduos indevidos em todos os tipos de afluentes, falta de transparência

na gestão do governo para intervenções populares, defeitos na oferta de água com

necessidade de atualização em suas tecnologias de distribuição e uma grande escassez

de chuva inesperada.

De acordo com o relato de 2013 do Consórcio PCJ a autorização para gerar 33 m3⋅s-¹ de

água foi dada em 1974 onde a população da RMSP era drasticamente menor, para uma

renovação após 30 anos, em 1995 a o Comitê da bacia PCJ ofereceu uma proposta com

alternativas para auxiliar na demanda hídrica da região que já estava começando a sofrer

carências devido ao crescimento econômico e demográfico. Tal proposta não foi aceita e,

desde a década de 80 foi criado um grupo responsável pelo monitoramento do Sistema

Cantareira, incluindo o equilíbrio entre as bacias do Alto Tietê e Piracicaba. Esse grupo já

possuiu 3 nomes diferentes: “Operação Estiagem”, “Grupo de Monitoramento Hidrológico”

e atualmente se chama Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico (CT-MH),

possuindo um vínculo com o Comitê de bacias do PCJ. Quando se deu a autorização

para renovar a outorga do Sistema Cantareira através da Portaria DAEE 1213/2004, foi

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28

emitido um alerta de que a RMSP possuía grande dependência, pois mais de 50% de sua

área é abastecida pelo Cantareira correndo assim riscos de falta de demanda.

O Consórcio PCJ também alertou que o Sistema Cantareira com a vazão de 33 m3⋅s-¹ foi

escolhido pois seu custo de implantação seria de Bilhão de reais, um valor muito menor

que a segunda opção da SABESP, o Vale do Ribeira que abrange o rio Juquiá onde se

tinha uma vazão de 70 m3⋅s-¹ e um custo de R$ 6 Bilhões, sem contar com os gastos de

bombeamento de água.

Figura 10 - Reservatório Antes e depois da seca, Fonte: Escrita Global

6 POSSÍVEIS ALTERNATIVAS PARA A CRISE HIDRICA

O secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Edson

Giriboni, diz que ações sérias foram ponderadas, como a diminuição do desperdício de

água no sistema de passagem de 30,7%, em 2011, para 25,7% em 2013. Mesmo assim,

atualmente cerca de um quarto da água tratada acaba se perdendo no caminho entre a

represa e os domicílios.4

Em março de 2014 o governo de SP começou a utilizar mais as águas do Sistema Alto

Tietê e Guarapiranga que são as duas maiores reservas de água depois do Cantareira e

4 BARIFOUSE, Rafael. Maior crise hídrica de São Paulo expõe lentidão do governo e sistema frágil Em: <

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/03/140321_seca_saopaulo_rb >. Acesso em: 03 dezembro 2014

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em maio de 2014 começou a utilizar a água do volume morto do Cantareira como

alternativa.

6.1 Reflorestamento

Conforme o parecer “Diagrama de Água Urbana”, criado por uma ONG internacional

chamada The Nature Conservancy (TNC) onde foi feita a analise de 534 cidades e 2 mil

origens hídricas pelo mundo, a escassez do Sistema Cantareira possui um decréscimo de

70% de seu revestimento florestal primário.

“Se houvesse 14200 hectares reflorestados, metade do acumulo de sedimentos da bacia

diminuiria”, afirmou o diretor do TNC, Giulio Boccaletti. Esta ONG produz um programa

que paga agricultores e pecuaristas de São Paulo que para reflorestarem suas

propriedades. Segundo um de seus dirigentes, planejamentos como esse estão

estabelecidos em um cenário de R$ 232 bilhões gastos por ano com obras superfaturadas

para a distribuição de água, que seriam capazes de usar nos cuidados das as matas

nativas.5

O problema climático referente a falta de chuva no estado de São Paulo tem ligação com

a interferência humana, as plantas possuem a transpiração que por sua vez absorvem a

energia solar amenizando a temperatura alta e devolvendo para a atmosfera vapor d’agua

que mais tarde pode se transformar em nuvens quando se condensa e assim aumentando

a taxa de pluviosidade da área.

6.2 Vale do Ribeira

O Vale do Ribeira também chamado de vale das águas, localizado no sul do Estado de

São Paulo, formado por 30 municípios, sendo eles 23 paulistas e 7 paranaenses os quais

possuem reservatórios correspondentes a dois Sistemas Cantareira, cheios de água

cristalina e, que até agora não sofreu nenhuma alteração profunda. Com um aglomerado

de oito represas, seis delas são no Rio Juquiá, localizado no município de Registro.

Unidos, os lagos juntam 8,9 km2 de lâmina d'água, quatro vezes a amplitude das represas

do Cantareira. A região, com a maior área de mata atlântica conservada do Estado não

sofreu consequências com a escassez de água do ano de 2014. O consumo dessas

águas para abastecer a procura da região metropolitana está presente segundo o DAEE

5 De ARAÚJO, Thiago. Crise da água em SP: Especialistas sugerem menos obras e mais políticas de

reflorestamento para gestão de recursos hídricos. Em: < http://www.brasilpost.com.br/2014/12/04/solucao-crise-agua-sp_n_6271976.html?utm_hp_ref=brazil >. Acesso em: 07 dezembro 2014

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no Plano de Aproveitamento dos Recursos Hídricos para a capital Paulista, do governo,

que promove caminhos para o fornecimento urbano até 2035 . A obra inicial de

transposição de água para a RMSP será realizada até 2017, produto de uma parceria

público-privada entre a SABESP e o Consórcio São Lourenço, o qual calcula a captação

de 4.700 litros por segundo na Represa Cachoeira do França, localizado entre Ibiúna e

Juquitiba. A água será levada por 83 km de aquedutos até uma ETA em Vargem Grande

Paulista, que se localiza a 45 km da capital e depois servirá de abastecimento. O estudo,

terminado em 2013, ou seja, antes da seca que atingiu o Estado, avalia-se que a procura

de água na RMSP em 2035 alcançará 283 mil litros por segundo.6

Figura 11 - Obras de instalação da ETA Vargem Grande Paulista Fonte: Prefeitura de São Paulo

6.3 Aquífero Guarani

O Aquífero Guarani é o resultado de diversas formações geológicas que ocorreram nos

períodos Jurássico e Triássico (entre 200 e 132 milhões de anos). (Rocha, 1997).

Segundo DAEE, o Aquífero Guarani é o maior manancial subterrâneo de água doce do

mundo e está localizado entre 4 países diferentes. Estima-se seu volume total em 46 mil

km³ (Borghetti et al. , 2004) e, sua reposição pela precipitação das chuvas chegaria a até 6 TOMAZELA,José, Vale do Ribeira armazena 2 Cantareiras, Disponível Em: <

http://atarde.uol.com.br/brasil/noticias/1644565-vale-do-ribeira-armazena-2-cantareiras > Acessado em: 09 dezembro de 2014

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5 mil m3⋅s-¹, segundo o DAEE esse volume de água, contando com as perdas poderia

abastecer uma população de 13 milhões de habitantes, ou seja toda cidade de São Paulo

(Araújo et al., 1995)

Sua utilização de água já é feita em diversos lugares e mesmo com Mercosul ciente de

que o Aquífero Guarani possui um grande auxilio na questão de abastecimento hídrico a

médio e longo prazo, não aconteceu nenhuma regulamentação para o uso compartilhado

de sua água. Segundo a SABESP em 2004 foram realizados dois estudos para captação

de água do Aquífero, o primeiro previa a extração de até 5 mil litros de água por segundo

para atender a região de Campinas, que utiliza atualmente a captação do Sistema

Cantareira, com um o investimento aproximado de 750 milhões de reais. O segundo foi

enviar a agua do aquífero até a Grande São Paulo, onde seriam necessárias mais de 270

bombas a um custo de 1,2 bilhões de reais, como a outorga do Sistema Cantareira

liberada, as duas alternativas foram descartadas.

Um estudo elaborado pelo professor Reginaldo Bertolo, do Instituto de Geologia da USP,

relata que a região de Piracicaba possui uma distancia de 60 km em linha reta do

Aquífero com um desnível geográfico que além de facilitar o transporte diminuiria muito

seus custos, a cidade de Piracicaba também é abastecida pelo Sistema Cantareira e

ajudaria aliviar sua demanda se não houvesse mais a necessidade do tal. 7

7 DISCUSSÃO

A água é um recurso natural finito que necessita de uma gestão adequada para que não

haja maior escassez. Sua importância para a vida é imprescindível e, mesmo com sua

grande quantidade na Terra, apenas 0,3% está disponível para a captação humana, ou

seja, o estado de crise já pode ser considerado mundial devido à falta de preocupação da

população do planeta.

Durante todo estudo, apresentamos problemas que aconteceram ao longo do tempo, se

tornando mais perceptíveis na gestão da RMSP, como a infraestrutura desatualizada que

causa o desperdício na distribuição da água, falta de investimento adequado, grande

aumento na densidade demográfica, desmatamento e, a escassez de chuva, que pode

ser considerada apenas o ultimo fator para desencadeamento da crise.

7 Geólogos estudam uso do aquífero guarani para aliviar crise em SP, Disponível em: <

http://www.valor.com.br/brasil/3751378/geologos-estudam-uso-do-aquifero-guarani-para-aliviar-crise-em-sp > Acessado em: 05 junho de 2015

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Também foram apresentadas duas soluções viáveis que poderiam ser feitas com

investimento da SABESP responsável pela demanda de água da RMSP.

De acordo com pesquisas realizadas no trabalho, o Sistema Cantareira sofreu sobrecarga

de demanda durante o ano de 2014 e praticamente esgotou sua capacidade de

abastecimento, precisando do auxílio de sua reserva estratégica (volume morto) o qual

armazenava 2 bilhões de litros de água para uso emergencial. Registrou-se também, que

o Sistema Cantareira despois de épocas em que sua capacidade era baixa para a

quantidade de água que armazenava, como em 2009 quando seu volume de água no

reservatório chegou a 100%, demonstrando assim que necessitava de uma ampliação

adequada, sempre com adição de mata ciliar para evitar futuros problemas e auxiliar em

sua precipitação, item essencial que falta no Sistema Cantareira, como relatado

anteriormente.

8 CONCLUSÕES

A escassez de água no estado de São Paulo foi alertada a mais de 10 anos e, não foi um

evento repentino. Assim, o governo do estado tinha informações técnicas confiáveis de

que a demanda de água iria diminuir em algum momento.

Os problemas que acarretaram o esvaziamento das represas não terminarão de repente.

Reflorestar as Matas Ciliares que protegem os rios do assoreamento, cuidar de áreas

próximas a nascentes a fim de sua proteção, conter o desmatamento da Mata Atlântica e

da Amazônia, remediar a agricultura e construir um novo padrão de crescimento para a

população, não há como culpar a chuva pelo problema que o estado de São Paulo está

passando. Tudo isso é fruto do esgotamento de um modelo atrasado de desenvolvimento

que apenas dá valor aos lucros de empresas que investiram na SABESP, como

consequência de não se preocupar com um manejo adequado, aonde iria se priorizar a

modernização de recursos ao invés de pensar apenas no dinheiro, o governo deve aceitar

que sua estratégia de gerar lucros pela SABESP aparentemente falhou.

O Brasil está vivenciando o seu primeiro colapso ambiental, consequência de um país que

desmatou 93% de sua Mata Atlântica, que cobria quase todo o estado de São Paulo.

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