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LUCIANA DE ARAÚJO MENDES SILVA OS ATLETAS DO LIXO: subsídios para a Promoção de Saúde de coletores de resíduos sólidos urbanos de Patos de Minas (MG) FRANCA 2008

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LUCIANA DE ARAÚJO MENDES SILVA

OS ATLETAS DO LIXO: subsídios para a Promoção de Saúde de coletores de resíduos sólidos urbanos de Patos de Minas (MG)

FFRRAANNCCAA 22000088

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LUCIANA DE ARAÚJO MENDES SILVA

OS ATLETAS DO LIXO: subsídios para a Promoção de Saúde de coletores de resíduos sólidos urbanos de Patos de Minas (MG)

Dissertação apresentada à Universidade

de Franca, como exigência parcial para a

obtenção de título de Mestre em

Promoção de Saúde.

Orientadora: Profa. Dra. Mônica de

Andrade Morraye

FFRRAANNCCAA 22000088

3

Catalogação na fonte – Biblioteca Central da Universidade de Franca

Silva, Luciana de Araújo Mendes

S581a Os atletas do lixo : subsídios para a promoção de saúde de coletores de resíduos sólidos urbanos de Patos de Minas (MG) / Luciana de Araújo Mendes Silva ; orientador: Mônica de Andrade Morraye. – 2008

182 f. : 30 cm.

Dissertação de Mestrado – Universidade de Franca

Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu – Mestre em Promoção de Saúde

11.. PPrroommooççããoo ddee ssaaúúddee.. 22.. CCoolleettoorreess ddee rreessíídduuooss.. 33.. CCoolleettoorreess ddee rreessíídduuooss ssóólliiddooss uurrbbaannooss –– PPaattooss ddee MMiinnaass ((MMGG)).. 44.. CCoonnddiiççõõeess ddee ttrraabbaallhhoo.. II.. UUnniivveerrssiiddaaddee ddee FFrraannccaa.. IIII.. TTííttuulloo..

CDU – 614:628.46(815.1)

4

LUCIANA DE ARAÚJO MENDES SILVA

OS ATLETAS DO LIXO: subsídios para a Promoção de Saúde de coletores de resíduos sólidos urbanos de Patos de Minas (MG)

Presidente: ______________________________________________ Nome: Profa Dra Mônica de Andrade Morraye Instituição: Universidade de Franca

Titular 1: _______________________________________________ Nome: Profa Dra. Maria Lúcia do Carmo Cruz Robazzi Instituição: Universidade de São Paulo

Titular 2: _______________________________________________ Nome: Prof. Dr. Manuel Cesario Instituição: Universidade de Franca

Franca, ____/____/____

5

DEDICO este estudo a todos os trabalhadores envolvidos na

coleta de resíduos, aos responsáveis pelo gerenciamento, aos

cidadãos e aos estudiosos do assunto, pois são eles que forma

conjunta podem refletir sobre a problemática enfocada nesse

trabalho e alterá-la de forma efetiva contribuindo para a

Promoção de Saúde.

6

AGRADECIMENTOS

Expresso o meu agradecimento a todos que contribuíram de forma

direta e indireta para a realização desse trabalho e de forma especial:

A Deus pela vida e inspiração, sem Ele assim como sua obra essa

criação também não teria sido concluída;

Aos meus familiares, especialmente ao meu pai, a minha mãe e meu

sobrinho, pelo apoio e compreensão, principalmente nas ausências e momentos de

impaciência e/ou intolerância, decorrentes da consecução desse trabalho;

Ao meu esposo, pelo incentivo, pelo carinho, por acreditar em meu

potencial e estimular meu trabalho diariamente, apesar de minhas limitações, para

que fosse concluído em tempo hábil;

Aos meus verdadeiros amigos, aqueles que torcem pelo meu sucesso

e que durante toda essa pesquisa intercederam por mim em suas orações;

Aos meus colegas do Programa de Mestrado em Promoção de Saúde,

especialmente Marlene, Raphael e Célia, que contribuíram para essa conquista;

A minha orientadora Profa. Dra. Mônica de Andrade Morraye pela

competência, disponibilidade, paciência e compreensão durante todo o período de

elaboração dessa dissertação;

Aos componentes que participaram tanto da banca de qualificação

como de defesa, pelas sugestões e correções enriquecedoras incorporadas a meu

trabalho;

Ao setor de Infra-estrutura Urbana e Saneamento Ambiental de Patos

de Minas/MG, por fornecer informações sobre o gerenciamento dos resíduos;

A empresa SEMOP/LIMPEBRAS por disponibilizar dados relativos ao

trabalho de coleta por ela realizada;

Aos trabalhadores que participaram da pesquisa pela disposição com

que responderam a entrevista, pois, sem eles, esse trabalho não existiria.

7

"Nos sentimos como devedores à sociedade brasileira de uma

legislação consistente sobre a destinação correta dos resíduos

sólidos. Precisamos mudar nossa postura."

Arnaldo Jardim

8

RESUMO

SILVA, Luciana de Araújo Mendes. Os atletas do lixo: subsídios para a promoção de saúde de coletores de resíduos sólidos urbanos de Patos de Minas (MG). 2008. 182 f. Dissertação (Mestrado em Promoção de Saúde) – Universidade de Franca, Franca-SP. A promoção da saúde propõe-se, como campo conceitual e de prática, a estabelecer relações entre saúde e desenvolvimento humano sustentável, incluindo as condições de saúde no trabalho. Entre as categorias trabalhistas, a de coletores de resíduos sólidos urbanos é tida, de acordo com a legislação, como uma das de maior insalubridade. Neste estudo descritivo, foi feita a caracterização do perfil sócio-econômico, das condições de trabalho e de saúde dos coletores de resíduos sólidos urbanos, assim como do gerenciamento desses resíduos em Patos de Minas/MG. Foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas a todos os coletores e aos gestores do município, com objetivo de subsidiar ações de promoção de saúde. Os resultados obtidos demonstram que a equipe responsável pela coleta de resíduos é constituída por 27 trabalhadores e o gerenciamento municipal é realizado por três profissionais. A coleta de resíduos é realizada por um consórcio de duas empresas, SEMOP/LIMPEBRAS, que operam no município desde agosto de 2004. Todos os coletores são do sexo masculino, com predomínio da faixa etária entre 20 a 29 anos, e 19 afirmaram morar com companheiras. Quanto ao nível de instrução, 12 não apresentam o ensino fundamental completo e o nível sócio-econômico do grupo é baixo. Com relação à capacitação para a função, 17 coletores referiram não terem participado antes e 16 não participaram após iniciar na ocupação e quanto ao EPIs e uniforme, todos os coletores os recebem e utilizam. Os tipos de coleta no trabalho incluem resíduos domiciliares, de varredura, industriais, comerciais e de feiras, que são acondicionados predominantemente em sacos ou sacolas plásticas. Os riscos no trabalho citados incluem acidentes de trânsito, cortes e perfurações e os acidentes ocorridos mais citados foram cortes e perfurações (60), acidentes com veículo coletor (14), atingindo especialmente os membros superiores. Os coletores não possuem Plano de Saúde e citam doenças que os acometeram após o ingresso na ocupação, sendo quatro relacionadas ao trabalho (micose e doença da coluna vertebral). Os maiores problemas enfrentados pelos coletores são a forma de tratamento pela população, a segregação e acondicionamento dos resíduos e as condições próprias dessa ocupação. O depósito de resíduos do município é um aterro controlado, com valas separadas para os resíduos dos serviços de saúde, embora, por vezes, passam ser encontrados misturados aos domiciliares. Os gases resultantes da decomposição são liberados na atmosfera e queimados em tubos e o chorume não é tratado, o que, num longo prazo pode vir a causar impactos ambientais importantes. Os gestores têm procurado realizar melhorias no depósito de resíduos, no entanto, não há projetos de reciclagem ou de educação ambiental em andamento. Além do mais, nas condições atuais, os coletores de resíduos estão sob sério risco de acidentes de trabalho. Palavras-chave: coletores de resíduos; condições de trabalho; promoção de saúde.

9

ABSTRACT

SILVA, Luciana de Araújo Mendes. The athletes of the garbage: Health Promotion strategies for urban garbage workers from Patos de Minas (MG) 2008. 181. Dissertação (Mestrado em Promoção de Saúde) – Universidade de Franca, Franca-SP. Health Promotion, as a conceptual and practical field establishes the relations between human health and sustainable development, which include workers health. Among workers categories, the urban garbage workers are considered, according to Brazilian laws, one of the unhealthiest. In the present descriptive study, we characterized garbage workers from Patos de Minas (MG, Brazil) through its social and economic profile, work and health conditions, as well as city garbage management. We applied semi-structured interviews to all the garbage workers and managers, with the aim to provide health promotion strategies in order to reduce inequities. The results showed that the team responsible by collecting the garbage was composed by 27 workers and the management team was composed by three individuals. All the garbage workers were male, with predominance of individuals aging from 20 to 29 years old, most of them married. Among them, there was a considerable rate of functional illiteracy and the salary income was low. They normally collect many types of domestic, commercial and industrial garbage. Most of them referred that there was no training about risks of work accidents, before or after being contracted for the job. They referred as the most common work accidents were cuts and perforations on hands and arms, and car accidents. They have no private health care and referred as most common diseases, dermatitis and pain in the back. The major problems cited during the work were the bad treatment, wrong way of garbage packing and all sort of inconvenient such as dusty, stinky and intense isolation. The garbage deposit is considered as ‘controlled’, because they borrow health services garbage separated deposits for; however, dangerous objects can be found mixed with other household waste. The resulting gases of decomposition are combusted in tubes and liberated to the atmosphere, and leachate is not treated, which can bring, in a long time, serious impact on the environment. The managers have been working on improvements of the garbage deposit; however there is no recycling or environmental education project in progress. Nevertheless, garbage workers are still under serious risks of work accident. Keywords: garbage workers, work condiction, health promotion

10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Imagem de satélite do município de Patos de

Minas/MG.

36

Figura 2 - Mapa do relevo de Patos de Minas/MG.

37

Figura 3 - Imagem de satélite com a localização do depósito de

resíduos de Patos de Minas/MG.

38

Figura 4 - Guarnição de coletores durante a realização do

trabalho em Patos de Minas/MG em 2007.

51

Figura 5 - Resíduos dispostos na rua recolhidos por coletor de

Patos de Minas/MG em 2007.

52

Figura 6 - Tipos de coleta incluídas no trabalho dos coletores

de resíduos de Patos de Minas/MG em 2007.

54

Figura 7 - Tipos de acondicionamento dos resíduos citados

pelos coletores de Patos de Minas/MG em 2007.

55

Figura 8 - Distribuição de animais presentes no depósito de

resíduos referidos pelos coletores de Patos de

Minas/MG em 2007.

60

Figura 9 - Distribuição de riscos a que estão expostos no

exercício da ocupação, referidos pelos coletores de

resíduos de Patos de Minas/MG em 2007.

61

Figura 10 - Área do depósito de resíduos do município de Patos

de Minas/MG em 2007.

91

11

Figura 11 - Resíduos presentes nas valas próprias para resíduos

de serviços de saúde no depósito de resíduos de

Patos de Minas/MG em 2007.

95

Figura 12- Urubus presentes no depósito de resíduos de Patos

de Minas/MG em 2007.

96

Figura 13 - Disposição de resíduos em locais inadequados no

depósito do município de Patos de Minas/MG em

2007.

98

Figura 14 - Parte da área onde estão sendo construídas as

lagoas para tratamento do chorume no depósito de

resíduos do município de Patos de Minas/MG em

2007.

99

Figura 15 - Alguns componentes da estrutura física do depósito

de resíduos de Patos de Minas/MG em 2007.

101

Figura 16 - Veículo particular descarregando resíduos no

depósito de Patos de Minas/MG em 2007.

102

Figura 17 - Resíduos domiciliares misturados aos RSS no

depósito de Patos de Minas/MG em 2007.

105

Figura 18 - Vala para depósito dos RSS do depósito de

Patos de Minas/MG em 2007.

106

Figura 19 - Resíduos descobertos por longo tempo no depósito

de resíduos do município de Patos de Minas/MG em

2007.

107

Figura 20 - Queima de gases produzidos no depósito de

resíduos do município de Patos de Minas/MG em

2007.

107

12

Figura 21 - Chorume presente no depósito de resíduos sólidos

de Patos de Minas/MG em 2007.

108

13

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Tipos de acidentes sofridos durante o manuseio dos resíduos referidos pelos coletores de Patos de Minas/MG em 2007.

62

Quadro 2 - Tipos de riscos referidos e acidentes sofridos pelos

coletores de resíduos de Patos de Minas/MG em

2007.

63

Quadro 3 - As causas mais comuns de acidentes no trabalho da

coleta referidas pelos coletores de resíduos de Patos

de Minas/MG em 2007.

66

Quadro 04 - Significado de saúde para os coletores de resíduos

de Patos de Minas/MG em 2007.

67

Quadro 5 - Doenças apresentadas após iniciarem na ocupação

referidas pelos coletores de resíduos de Patos de

Minas/MG em 2007.

68

Quadro 6 - Sinais e sintomas referidos pelos coletores de

resíduos de Patos de Minas/MG em 2007.

70

Quadro 7 - Percepção dos fatores associados aos sinais e

sintomas referidos pelos coletores de resíduos de

Patos de Minas/MG em 2007.

70

Quadro 8 - Significado dos resíduos para os coletores de

resíduos de Patos de Minas/MG em 2007.

72

14

Quadro 9 - Incômodos mais freqüentes durante o trabalho

referidos pelos coletores de resíduos de Patos de

Minas/MG em 2007.

73

Quadro 10 - Modificações a serem realizadas no depósitos de

resíduos sugeridas pelos coletores de resíduos de

Patos de Minas/MG em 2007.

75

Quadro 11 - Mudanças para melhorar condições de trabalho e

evitar acidentes referidas pelos coletores de resíduos

de Patos de Minas/MG em 2007.

76

Quadro 12 - Mudanças para melhorar condições de trabalho e

evitar doenças, referidas pelos coletores de resíduos

de Patos de Minas/MG em 2007.

77

15

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Distribuição de coletores de resíduos conforme as idades e nível de instrução em Patos de Minas / MG, 2007.

43

Tabela 02 Distribuição de renda familiar em salários mínimos recebidos e quantidade de moradores na residência dos coletores de Patos de Minas/MG em 2007.

44

Tabela 03 Distribuição de trabalhadores conforme quantidade de pessoas que contribuem para a renda familiar de coletores de Patos de Minas/MG em 2007.

45

Tabela 04 Distribuição de trabalhadores conforme renda per capta nas famílias referidas pelos coletores de Patos de Minas/MG em 2007.

45

Tabela 05 Distribuição de coletores de Patos de Minas/MG em 2007 segundo a freqüência e duração das atividades de lazer.

46

Tabela 06 Distribuição de coletores segundo a participação de treinamentos antes e após iniciar na ocupação em Patos de Minas/MG em 2007.

48

Tabela 07 Partes do corpo atingidas nos acidentes de trabalho referidas pelos coletores de Patos de Minas/MG em 2007.

65

16

LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas e Técnicas

ADESP - Agência de desenvolvimento econômico e Social de Patos de Minas

ANVISA - Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

APARE - Associação Patense de Reciclagem

AT - Acidente de trabalho

CAT - Comunicação de Acidente de Trabalho

CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CLT - Consolidação das Leis do Trabalho -CLT

CNS - Conferência Nacional de Saúde

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

COPAM - Conselho Estadual de Política Ambiental

CT – Carteira de trabalho

DN - Deliberação Normativa

EPI - Equipamentos de Proteção Individual

FCE - Formulário de Caracterização do Empreendimento

FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente

HR - Hospital Regional

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPREM - Instituto de Previdência Municipal

LI - Licença de Instalação

LO - Licença de operação

LP - Licença Prévia

NBR - Norma Brasileira

NR - Norma Regulamentadora

OMS - Organização Mundial de Saúde

PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

PIB - Produto Interno Bruto

RDC - Resolução da diretoria Colegiada

17

RSS - Resíduos de Serviços de Saúde

SEMOP – Serviços de Manutenção de Obras e Pavimentação Ltda

UNIMED - União dos Médicos

18

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 22

1.1 A SAÚDE, SUA PROMOÇÃO E IMPLICAÇÕES NO TRABALHO .......... 22

1.2 O GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS: RISCOS E NECESSIDADE DE MELHORIAS ............................................................................................ 26

2 OBJETIVOS ............................................................................................ 35

2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................. 35

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................... 35

3 MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................... 36

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO........................................... 36

3.1.1 Caracterização do município de Patos de Minas/MG .............................. 36

3.1.2 Caracterização do depósito de resíduos sólidos urbanos do Município .. 38

3.1.3 Caracterização da coleta de resíduos no município ................................ 39

3.2 POPULAÇÃO DO ESTUDO .................................................................... 39

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ........................................... 39

3.4 PROCEDIMENTOS ADOTADOS PARA A COLETA DE DADOS ........... 40

3.5 ANÁLISE DE DADOS .............................................................................. 41

4 RESULTADOS.......................................................................................... 42

4.1 VISÃO REFERIDA DOS COLETORES..................................................... 42

4.1.1 Sexo, idade, estado civil e nível de instrução .......................................... 42

4.1.2 Tipos e condições de moradia ................................................................. 43

4.1.3 Quantidade de moradores e renda familiar ............................................. 43

4.1.4 Distância da moradia ao trabalho e meio de transporte utilizado ............ 45

4.1.5 Atividades de lazer .................................................................................... 46

4.1.6 Condições de trabalho ............................................................................. 47

4.1.6.1 Tipo de vínculo com a empresa ............................................................... 47

4.1.6.2 Participação em treinamentos antes e após iniciarem na ocupação de coletores .................................................................................................. 47

4.1.6.3 Componentes da equipe de trabalho ....................................................... 49

19

4.1.6.4 Conservação e limpeza do veículo .......................................................... 49

4.1.6.5 Local de transporte dos coletores no veículo .......................................... 50

4.1.6.6 Fornecimento de EPIs e fiscalização de seu uso durante o trabalho ...... 50

4.1.6.7 Intervalos durante o trabalho para satisfação de necessidades fisiológicas ............................................................................................... 51

4.1.6.8 Satisfação dos coletores com o trabalho ................................................. 52

4.1.7 A coleta de resíduos ................................................................................ 53

4.1.7.1 Tipos de coletas e materiais incluídos no trabalho dos coletores ............ 53

4.1.7.2 Tratamento, coleta e destino dos RSS coleta dos RSS .......................... 55 4.1.7.3 Acondicionamento dos resíduos .............................................................. 55

4.1.7.4 Subdivisão das áreas de coleta ............................................................... 56

4.1.7.5 Freqüência e período da coleta no município .......................................... 56

4.1.8 Percurso realizado durante a coleta de resíduos até o depósito ................................................................................................... 57

4.1.8.1 Distância da cidade até o depósito de resíduos e tempo gasto no percurso ................................................................................................... 57

4.1.8.2 Nível de pavimentação das ruas percorridas durante a coleta ................ 57

4.1.8.3 Sinalização e tráfego até o aterro ............................................................ 57

4.1.9 Depósito de resíduos ............................................................................... 58

4.1.9.1 Tipo de depósito de resíduos ................................................................... 58

4.1.9.2 Tipo de terreno do depósito .................................................................... 58

4.1.9.3 Quantidade diária dos resíduos ............................................................... 58

4.1.9.4 Existência de tratamento prévio dos resíduos ......................................... 59

4.1.9.5 Aterramento dos resíduos ........................................................................ 59

4.1.9.6 Presença de animais no depósito de resíduos ........................................ 60

4.1.10 Riscos e acidentes de trabalho ................................................................ 60

4.1.10.1 Riscos a que se encontram expostos no trabalho .................................. 60

4.1.10.2 Tipos de acidentes ocorridos com os coletores e partes do corpo dos coletores afetadas por acidentes ............................................................. 61

4.1.10.3 Conseqüências dos acidentes sofridos pelos coletores .......................... 65

4.1.10.4 Causas de acidentes no trabalho de coleta de resíduos ......................... 65

4.1.10.5 Afastamento em caso de acidente ........................................................... 66

4.1.11 Aspectos relacionados às condições de saúde dos coletores ................. 67

4.1.11.1 Estado e significado de saúde para os coletores .................................... 67

4.1.11.2 Imunizações e assistência médica .......................................................... 68

20

4.1.11.3 Doenças apresentadas após iniciarem na ocupação e suas possíveis causas percebidas pelos coletores .......................................................... 68

4.1.11.4 Sinais e sintomas apresentados pelos coletores e percepção dos fatores possivelmente a eles associados ............................................................... 69

4.1.12 Relacionamento dos coletores entre si e com a empresa ....................... 71

4.1.13 Significado dos resíduos para os coletores ............................................. 72

4.1.14 Incômodos durante a realização do trabalho ........................................... 72

4.1.15 Maiores problemas enfrentados na realização do trabalho dos coletores .................................................................................................. 73

4.1.16 Atendimento de normas para o funcionamento do depósito de Resíduos .................................................................................................. 74

4.1.17 Modificações que poderiam ser feitas no depósito de resíduos .............. 75

4.1.18 Mudanças gerais para a melhoria das condições de trabalho para evitar acidentes ........................................................................................ 76

4.1.19 Mudanças gerais para a melhoria das condições de trabalho para evitar doenças ................................................................................................... 77

4.1.20 Sugestões gerais para a melhoria das condições de trabalho e de saúde dos coletores ................................................................................. 78

4.1.20.1 Sugestões para a administração municipal .............................................. 78

4.1.20.2 Sugestões para a empresa coletora de resíduos ...................................... 79

4.1.20.3 Sugestões para a população .................................................................... 80

4.1.20.4 Sugestões para os coletores ................................................................... 81

4.2 VISÃO REFERIDA DO GERENTE DA EMPRESA RESPONSÁVEL PELA

COLETA ................................................................................................... 83

4.2.1 Identificação ............................................................................................. 83

4.2.2 Dados relacionados às condições de trabalho e de saúde dos coletores .................................................................................................. 83

4.2.2.1 Critérios para contratação e treinamento dos coletores .......................... 83

4.2.2.2 Salários, rotatividade na ocupação, divisão de trabalho em setores e em equipes e jornada de trabalho ........................................................... 84

4.2.2.3 EPIs, acidentes e doenças ..................................................................... 85

4.2.3 Condições de manuseio dos resíduos ..................................................... 85 4.2.3.1 Tipos de coleta, materiais recolhidos e forma de acondicionamento dos resíduos ............................................................................................ 85

4.2.3.2 Veículos utilizados na coleta e quantidade de resíduos recolhidos ......... 86

4.2.3.3 Percurso para a coleta ............................................................................. 87

4.2.4 Depósito de resíduos ............................................................................... 87

21

4.2.4.1 Tipo de depósito, terreno e presença de animais .................................... 87

4.2.4.2 Cobertura dos resíduos, eliminação de gases, coleta e tratamento do chorume .............................................................................................. 87

4.2.5 Dados relativos à SEMOP/LIMPEBRAS .................................................. 88

4.2.5.1 Início e tipo de atividades desenvolvidas pela empresa .......................... 88

4.2.5.2 Gastos da empresa e vantagens da terceirização para o município ....... 88

4.2.5.3 Fatores de risco para os coletores e sugestões para a melhoria das condições de trabalho e saúde dos coletores ................................... 89

4.3 VISÃO REFERIDA DO RESPONSÁVEL PELO GERENCIAMENTO NO SETOR ADMINISTRATIVO ...................................................................... 89

4.3.1 Identificação ............................................................................................. 89

4.3.2 Implantação e caracterização do deposito de resíduos ........................... 90

4.3.2.1 Trajetória histórica e exigências para operacionalização do depósito de resíduos do município .............................................................................. 90

4.3.2.2 Localização, geologia, área, e estrutura física do depósito de resíduos . 90

4.3.3 Controle de entrada no depósito e quantidade de resíduos descarregados ......................................................................................... 92

4.3.4 Aspectos relacionados aos trabalhadores do aterro ................................ 92

4.3.4.1 Exigências para a contratação, quantidade de trabalhadores no depósito, descrição de tarefas e turnos de trabalho ................................ 92

4.3.4.2 Assistência médica, utilização de EPIs, exposição a fatores de risco e registro de acidentes e doenças .................................................. 93

4.3.5 Aspectos relacionados à empresa coletora de resíduos ......................... 94

4.3.6 A contratação, imunização, assistência médica e uso de EPIs pelos coletores e a ocorrência de acidentes e doenças .......................... 94

4.3.7 Gerenciamento do aterro ......................................................................... 95

4.3.7.1 Local de depósito dos RSS e domiciliares, nível de permeabilidade do solo e presença de seres vivos no aterro ........................................... 95

4.3.7.2 Procedimentos adotados durante o manuseio de resíduos ..................... 96

4.3.7.3 Tempo de vida útil do aterro .................................................................... 97

4.3.7.4 Perspectivas de projetos a serem executados para melhorias nas condições de gerenciamento dos resíduos no município ................. 98

4.4 VISÃO REFERIDA DO RESPONSÁVEL PELA OPERACIONALIZAÇÃO

ATERRO .................................................................................................. 99

4.4.1 Identificação ............................................................................................. 99

4.4.2 Implantação e caracterização do deposito de resíduos ......................... 100

4.4.2.1 Trajetória histórica e exigências para operacionalização do

22

depósito de resíduos do município ........................................................ 100

4.4.2.2 Localização, geologia, área, e estrutura física do depósito de resíduos ................................................................................................. 100

4.4.3 Controle de entrada no depósito e quantidade de resíduos descarregados ....................................................................................... 101

4.4.4 Aspectos relacionados aos trabalhadores do aterro .............................. 102

4.4.4.1 Treinamento inicial, quantidade de trabalhadores no depósito, descrição de tarefas e turnos de trabalho .............................................. 102

4.4.4.2 Imunizações, uso de EPIs, exposição a fatores de risco, acidentes e doenças .............................................................................. 103

4.4.5 Aspectos relacionados à empresa coletora de resíduos ....................... 103

4.4.6 A contratação, imunização, uso de EPIs pelos coletores e a ocorrência de acidentes e doenças ....................................................... 104

4.4.7 Gerenciamento do aterro ....................................................................... 105

4.4.7.1 Local de depósito dos RSS e domiciliares, nível de permeabilidade do solo e presença de seres vivos no aterro ......................................... 105

4.4.7.2 Procedimentos adotados durante o manuseio de resíduos e vida útil do aterro ........................................................................................... 106

4.3.7.3 Perspectivas de projetos a serem executados para melhorias nas condições de gerenciamento dos resíduos no município ............... 108

5 DISCUSSÃO .......................................................................................... 110

5.1 Perfil sócio-econômico dos coletores .................................................... 110

5.1.1 Sexo, idade, estado civil e escolaridade ................................................ 110

5.1.2 Moradia, renda, meios de transporte e lazer ............................................ 111

5.2 Condições de trabalho ........................................................................... 112

5.2.1 Vínculo empregatício, treinamentos, fornecimento de EPIs .................. 112

5.2.2 Jornada de trabalho, equipes de trabalho, divisão em setores e freqüência

da coleta ............................................................................................................... 114

5.2.3 Materiais coletados e acondicionamento ............................................... 117

5.3 Riscos e acidentes ................................................................................. 117

5.3.1 Modalidades de riscos e acidentes ........................................................ 117

5.3.2 Partes do corpo atingidas, causas dos acidentes, afastamentos do trabalho

e assistência médica ............................................................................................ 118

5.4 Condições de saúde .............................................................................. 121

5.4.1 Concepção de saúde e imunizações ..................................................... 121

5.4.2 Agentes causadores e doenças relacionadas aos resíduos .................. 122

23

5.5 As características do gerenciamento e suas conseqüências para os

coletores ............................................................................................................... 124

5.5.1 Tipo de depósito, presença de seres vivos, quantidade de resíduos

coletados, sua disposição no depósito ................................................................. 124

5.5.2 Gastos com gerenciamento e possíveis lucros ..................................... 125

5.6 Satisfação dos coletores com sua ocupação, desvalorização ao trabalho e

rompimento do comodismo .................................................................................. 126

5.7 Necessidades de melhorias versus acomodação .................................. 127

6 CONCLUSÕES ...................................................................................... 130

7 SUGESTÕES ......................................................................................... 132

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 134

APÊNDICES ......................................................................................................... 140

ANEXOS .............................................................................................................. 175

1 INTRODUÇÃO

1.1 A SAÚDE, SUA PROMOÇÃO E IMPLICAÇÕES NO TRABALHO

As diferentes concepções de saúde e doença estão relacionadas às

formas pelas quais o homem apropria-se dos recursos naturais e transforma-os para

o atendimento de suas necessidades (Cavalcante et al., 2008). O conceito de saúde

foi alterado ao longo da história da humanidade tentando acompanhar tanto o

desenvolvimento humano como também o surgimento de doenças.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1948, define saúde como

“... estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de

doença”. Entretanto, esse conceito que considera os fatores biopsicossociais vem

sendo discutido. Segundo Nogueira (2005) essa reavaliação surge em especial pela

existência de fatores ambientais que vão além dos princípios sociais do referido

conceito de saúde e que tem interferência no surgimento de doenças.

Melo (2005) entende a saúde como a totalidade dos direitos sociais

que o indivíduo possui, abrangendo não apenas ações de promoção, prevenção,

reabilitação e recuperação da saúde como também condições gerais relacionadas à

vida e ao trabalho incluindo as referentes, por exemplo, ao ambiente e às emoções,

pois esses, dentre outros fatores, em sua percepção são indispensáveis para o

prosseguimento da vida com o mínimo de satisfação necessária.

No Relatório da 8ª Conferência Nacional e Saúde (CNS) que ocorreu

em 1986, enfatizou-se a saúde como resultado de várias condições, incluindo

alimentação, habitação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer,

liberdade, acesso a posse de terra e serviços de saúde, considerando-se que as

formas de organização social da produção podem gerar desigualdades dos níveis de

vida. O relatório afirmou que o direito à saúde é exercido entre outros aspectos com

a garantia de trabalho em condições dignas onde os trabalhadores teriam

conhecimento e controle sobre os processos de trabalho (Brasil, 1986).

23

Diversas são as discussões e reflexões sobre o tema saúde e sobre

sua promoção. Desde o início do século XX, o termo promoção de saúde vem sendo

muito discutido considerando-se sua relação com a qualidade de vida dos indivíduos

discutindo-se e defendendo-se a idéia de que boas condições de vida e de trabalho,

educação, formas de lazer e repouso contribuem decisivamente para a saúde saindo

do enfoque no indivíduo e associando-se medidas preventivas relacionadas ao

ambiente físico e estilos de vida (CAVALCANTE et al., 2008).

Contini (2000) também admite que os diversos fatores relacionados ao

modo de vida atuam de forma direta na saúde dos indivíduos, citando dentre outros

moradia, lazer educação e trabalho e afirma que o equilíbrio de tais fatores irá

formar o grande mosaico da saúde humana.

Em novembro de 1986 aconteceu a 1ª Conferência Internacional de

Promoção de Saúde, realizada no Canadá, onde foi elaborada a Carta de Otawa

que amplia os conceitos de Promoção de Saúde incluindo os aspectos sociais,

econômicos, políticos e culturais como responsáveis pelas condições de vida e

saúde dos indivíduos.

A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como

objetivo de viver. Nesse sentido, é um conceito positivo, que enfatiza os recursos

sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Assim, a promoção da saúde

não é responsabilidade exclusiva do setor saúde e vai para além de um estilo de

vida saudável, na direção de um bem-estar global (CARTA DE OTAWA, 1986).

De acordo com a Carta de Otawa, resultado do referida conferência o

lazer e o trabalho são componentes indispensáveis para a manutenção da saúde

das pessoas e, portanto, as formas de organização desse trabalho podem ou não

contribuir com a promoção da saúde dos indivíduos. É imprescindível oferecer

estímulo e segurança aos trabalhadores na realização de suas funções, como

também acompanhar adequadamente as inovações tecnológicas, o trabalho, a

produção e uso de bens e sua influência direta no meio ambiente, pois através das

alterações nas condições de trabalho podem surgir reflexos sobre a saúde dos

trabalhadores e da população como um todo.

Robazzi et al. (1993) afirmam que as relações existentes entre saúde e

trabalho no Brasil são discutidas ainda de forma pouco produtiva, pois muitos

trabalhadores são de baixa renda, desqualificados, muitas vezes não conhecem

seus direitos e submetem-se a uma série de situações ocupacionais que são

24

inoportunas, inadequadas, indignas e muitas vezes suas condições de trabalho são

insalubres o que lhes pode ocasionar acidentes de trabalho (AT).

É preciso conhecer e refletir sobre as condições de vida e de trabalho,

pois esse é considerado um gerador de recursos para o bem-estar das pessoas

assim como um meio de inserção social.

Heloani (2004) afirma que “entender as organizações do trabalho e

seus reflexos na qualidade de vida, na saúde e no modo de adoecimento dos

trabalhadores é de fundamental importância na compreensão e na intervenção em

situações de trabalho que estejam gerando sofrimento e agravos à saúde. Essas

organizações e os sistemas de produção que as influenciam, a combinação deles,

as brechas e fragilidades desses sistemas adaptam modelos organizacionais e

tecnológicos, muitas vezes de forma incompleta, provisória e cumulativa.

O trabalho é uma necessidade imprescindível e uma parte importante

da vida é vivida nele. Portanto, o local de trabalho deve ser um ambiente saudável

para manutenção da saúde do trabalhador.

Mendes (1988) enfatiza que segundo o conceito legal, as doenças

profissionais não ocorrem na população geral e que, portanto suas ocorrências são

desencadeadas pelas condições de trabalho, pelos ambientes ou pelos processos

de produção. Nesse sentido, torna-se evidente a relação entre meio ambiente,

trabalho e saúde. Segundo Tambellini e Câmara (1998) as situações de risco

ambiental interferem na morbidade das populações e ações ambientais de trabalho,

voltadas para os processos produtivos, deveriam ser priorizadas.

A preocupação com a temática da saúde do trabalhador evidenciou-se

a partir da Revolução Industrial Inglesa período em que surgiram preocupações com

as condições de trabalho (NOGUEIRA, 2005). Segundo Schilling (1981 apud

MENDES e DIAS, 1991) a medicina do trabalho surgiu na Inglaterra, na primeira

metade do século XX.

Mendes e Dias (1991) referem que “naquele momento, o consumo da

força de trabalho, resultante da submissão dos trabalhadores a um processo

acelerado e desumano de produção, exigiu uma intervenção, sob pena de tornar

inviável a sobrevivência e reprodução do próprio processo”.

Portanto, diante dos processos de trabalho e dos possíveis prejuízos

que estariam sendo causados aos trabalhadores, os empregadores começaram a

perceber a necessidade de cuidar da sua fonte de lucro (empregados). De acordo

25

com Baptista (2004), a medicina do trabalho, surge então, como um recurso para

combate ao adoecimento dos trabalhadores, sob uma visão capitalista. No início do

século XX, com o aumento de acidentes de trabalho e das doenças ocupacionais, o

médico agia sobre o corpo do trabalhador. Posteriormente, no contexto da II Guerra

Mundial, a intervenção da Medicina do Trabalho não sendo mais considerada

suficiente para manter a força de trabalho na forma como era realizada, teve seu

objeto de intervenção passado do corpo, para o ambiente de trabalho.

Surge então, de acordo com Mendes e Dias (1991), o termo saúde

ocupacional dentro das empresas de maior porte nos países industrializados,

considerando-se sua importância e caráter multiprofissional.

No entanto, no Brasil, esse processo ocorreu tardiamente. Na

legislação brasileira, destaca-se a Norma Regulamentadora 4 (NR 4 da Portaria

3214/78) que se refere a serviços especializados em engenharia de segurança e em

medicina do trabalho. De acordo com esta NR, as empresas privadas e públicas, os

órgãos públicos da administração direta e indireta e dos poderes Legislativo e

Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do

Trabalho - CLT, manterão, obrigatoriamente, Serviços Especializados em

Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover

a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho (BRASIL, 1997).

A referida portaria abrange outras NRs, conforme relação no Anexo A, que

regulamentam a CIPA - Comissão Interna de Prevenção de acidentes (NR 5), a

utilização de EPI - Equipamento de Proteção Individual (NR 6), os exames médicos

(NR 7), os riscos ambientais (NR 9), as atividade e operações insalubres (NR 15),

trabalhos a céu aberto (NR 21), condições sanitárias e de conforto dos locais de

trabalho (NR 24) e registro dos profissionais (NR 28) e também estabelece requisitos

para a fiscalização e penalidades aplicáveis, em caso de descumprimentos da

legislação do trabalho. Portanto, as empresas devem oferecer condições de trabalho

adequadas, para minimizar a ocorrência de doenças e de acidentes relacionados à

ocupação dos trabalhadores, preocupando-se sempre com as relações e

características do meio onde eles desenvolvem suas atividades e, contribuindo

dessa forma, com a promoção de saúde dos trabalhadores.

De acordo com Brant e Mello (2001), a utilização dos conceitos de

Promoção de saúde no trabalho, pode ser uma política capaz de dar respostas a

várias questões, a partir da conjunção a ser criada, entre Epidemiologia e Saúde

26

Pública, estabelecendo-se as relações mútuas entre o trabalhador e o meio em que

se encontra.

1.2 O GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS: RISCOS E NECESSIDADE DE

MELHORIAS

Ao se tratar da promoção saúde de categorias específicas de

trabalhadores, deve-se considerar que cada ocupação possui características

peculiares, com riscos ocupacionais específicos.

De acordo com o Anexo 14 da NR 15, o trabalho ou operações, em

contato permanente com lixo urbano (coleta e industrialização) são considerados

atividades de insalubridade máxima (BRASIL, 1977). A legislação do trabalho, ao

considerar o serviço de coleta de lixo como de insalubridade máxima prevê que as

empresas ofereçam aos seus trabalhadores, assistência médica integral e ao

mesmo tempo, orientações sobre os riscos presentes no ambiente de trabalho

(MANUAIS DE LEGISLAÇÃO, 1991).

Os trabalhadores envolvidos na coleta, transporte e destinação final

dos resíduos sólidos urbanos são, sem dúvida, aqueles que podem ser afetados de

maneira direta, pois estão sujeitos tanto os acidentes de trabalho, como à

contaminação devido à manipulação constante dos resíduos de natureza diversa.

Devido à exposição biológica e aos riscos de acidentes inerentes ao

desempenho do trabalho, os trabalhadores da coleta urbana devem evitar o contato

direto com os microrganismos presentes nos resíduos, especialmente naquelas

situações que favoreçam a penetração desses patógenos no organismo, a fim de

reduzirem os riscos de adquirirem ou transmitirem (portadores assintomáticos e/ou

veículo do microrganismo patogênico) uma doença infecciosa (CUSSIOL, ROCHA e

LANGE, 2006).

Os coletores, por manterem contato direto com os resíduos, são

considerados uma população exposta aos acidentes de trabalho, devido à falta de

preparo para a atividade que exercem, bem como também pela falta de condições

adequadas de trabalho. Ambas as situações oferecem possibilidade de

contaminação e/ ou aquisição de doenças (VELLOSO, VALADARES E SANTOS,

1998).

27

Cuidar da saúde dos coletores é também cuidar da saúde do município

como um todo, o que nos remete a proposta da criação de municípios saudáveis.

Nesse sentido, Righetti (2004) enfatiza que “pela definição da OMS, município

saudável é aquele que melhora de modo contínuo, o seu meio ambiente físico e

social, utilizando todos os recursos de sua comunidade”.

Robazzi et al. (1992) consideram que a limpeza pública adequada de

uma cidade, é um requisito para a avaliação da saúde das pessoas que nela vivem,

pois ao se encontrar limpo, o município apresenta aspecto estético agradável e

condições de higiene que possibilitam boas condições de saúde aos indivíduos.

Silveira, Robazzi e Luis (1998) afirmam que o serviço de limpeza urbana é

importante, pois além de deixar a cidade limpa, torna-a livre de eventuais

enfermidades que poderiam ocorrer no caso de acúmulo de detritos. Na medida em

que a população cresce, tal serviço torna-se uma tarefa mais complexa, devido ao

aumento na produção de resíduos.

De acordo com Tambellini e Câmara (1998), embora alguns desastres

naturais tais como erupções vulcânicas ou depósitos naturais de substâncias de

elevada toxidade, possam afetar as populações, na quase totalidade, a poluição

ambiental de grande amplitude é causada pelos processos de produção.

Para Velloso (2005), a sociedade contemporânea tem gerado resíduos

em excesso, pois o homem na atualidade é valorizado pela sua capacidade de

consumo de bens e serviços.

Dall’Agnol e Fernandes (2007) afirmam que o aumento do lixo é

inversamente proporcional aos recursos e dispositivos existentes para tratá-lo,

acondicioná-lo ou eliminá-lo. Em alguns locais, a temática dos resíduos é uma

variável importante no diagnóstico de saúde de algumas comunidades, pois suas

formas de gerenciamento podem comprometer seriamente a salubridade de

ambientes e o bem-estar das aglomerações humanas. Deus, De Luca e Clarke

(2004) corroboram com as idéias anteriores, ao mencionarem que “quanto menor o

orçamento municipal destinado ao serviço de limpeza urbana, maiores são as

chances de ocorrerem doenças entre a população exposta a estes”. A inadequação

da coleta e destinação final dos resíduos favorece a proliferação de animais como

roedores, aves, suínos, cachorros e gatos nos locais onde é depositado, o que

contribui para a possibilidade de surgimento de doenças como cisticercose,

28

leptospirose, teníase, toxoplasmose, dentre outras, que tem esses animais como

reservatórios ou hospedeiros.

É necessário, portanto valorizar o serviço de limpeza, assim como os

trabalhadores, lembrando-se que um município também começa a ser considerado

saudável quando todos que o compõem assumem o compromisso pela melhoria das

condições de saúde e bem-estar de seus habitantes.

De acordo com a Política Nacional de Promoção de Saúde, para se

determinar o nível de saúde de uma localidade faz-se necessário avaliar vários

componentes, tais como as condições de alimentação, lazer, segurança social,

habitação e saneamento, bem como as condições ambientais e de trabalho.

O coletor de resíduos, em seu trabalho, faz parte do conjunto aspirado

pela ideologia de municípios saudáveis e, portanto, suas condições de trabalho

devem ser devidamente consideradas. De acordo com Velloso; Valadares e Santos

(1998) existe uma depreciação com relação ao trabalho dos coletores, pois sua

função muitas vezes se encontra associada a resíduos sólidos desprezados pela

população denominados lixo que no significado literal da palavra designa material

residual não aproveitável. De acordo com Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT) na Norma Brasileira - NBR 10004/2004, resíduos sólidos são os “resíduos

nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial,

doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição”. Robazzi et al.

(1992) também se referem aos indivíduos que executam o manuseio de resíduos

como um grupo desvalorizado socialmente pelas características de seu trabalho e

pela descartabilidade do material com que os coletores lidam, mas reafirmam que

esse é um trabalho de vital importância.

Sabe-se que na atualidade com o advento da reciclagem o que é

considerado inútil para algum indivíduo poderá ser utilizado por outro(s) indivíduo(s),

portanto o uso do termo lixo vem sendo consideravelmente substituído pelo termo

resíduo. Entretanto a depreciação com relação aos coletores continua existindo

como resultado da interação da visão da sociedade, bem como dos próprios

coletores, considerando-se suas condições econômicas, sociais e de trabalho

adversas. No entanto, não é apenas a condição sócio-econômica que se destaca no

contexto da coleta dos resíduos, mas também o risco de contaminação a que os

coletores se encontram expostos (VELLOSO; VALADARES E SANTOS,1998).

29

Robazzi et al. (1993) destacam que, devido à manipulação dos

resíduos sólidos, em geral, compostos por uma grande diversidade de materiais tais

como papéis, alimentos, excretas de animais, resíduos de indústrias, dentre outros,

os coletores de resíduos sólidos estão sujeitos a sofrer alterações de saúde,

incluindo-se os ATs..

De acordo com Cussiol, Rocha, Lange (2006), “as condições de

trabalho das pessoas envolvidas na coleta, tanto formal (garis da iniciativa pública e

privada) como informal (catadores de rua e lixões), é uma das questões que deve

ser seriamente considerada”, pois os riscos a que os coletores estão expostos

podem ser aumentados por formas inadequadas de gerenciamento dos resíduos

sólidos.

Ao se referir ao gerenciamento dos resíduos, deve-se considerar

produção, segregação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte e

destinação final, pois em todas essas etapas, os trabalhadores estão expostos ao

contato com os resíduos, o que pode causar acidentes e prejuízos à sua saúde.

Todas essas etapas e suas devidas terminologias trazem um significado preciso e

considerável estabelecido na NBR 12807 (1993). No que se refere à geração a

referida NBR define como sendo a modificação do material antes utilizável em

resíduo, conceitua o acondicionamento como ato de embalar os resíduos para

protegê-los de risco e possibilitar seu transporte. Define segregação como um

momento para separação dos resíduos quando esses são gerados obedecendo à

classificação prevista na NBR 12808. A coleta é considerada como uma “operação

de remoção e transporte de recipientes do abrigo de resíduos, através do veículo

coletor, para o tratamento e/ou disposição final”. A última etapa descrita é função

dos coletores e é elucidada pela NBR 13463 (1995), que se refere às formas de

sistema de trabalho durante a coleta e NBR 13221 (2005) que se refere ao

transporte dos resíduos até a estação de transbordo onde serão depositados os

resíduos.

O transporte dos resíduos deve obedecer aos requisitos específicos

estabelecidos pela NBR 13221 (ABNT, 2005) com objetivo de proteger a saúde e

evitar danos ao meio ambiente. Dentre esses requisitos destaca-se:

- a exigência de equipamento adequado;

- bom estado de conservação desse meio de transporte;

- resíduos protegidos de intempéries e devidamente acondicionados;

30

- os resíduos não devem ser transportados junto aos objetos,

medicamento e alimentos a serem consumidos por seres humanos ou animais;

- o transporte de resíduos deve atender ainda a legislação específica

nas esferas federal, estadual e municipal.

Com relação à destinação final dos resíduos, os depósitos construídos

para esse fim incluem lixões, aterros controlados, aterros sanitários e usinas de

triagem e compostagem. A Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) faz

referência a esses depósitos e define o lixão ou vazadouro como uma forma

inadequada de disposição final de resíduos sólidos, pois nesse caso ocorre apenas

descarga sobre o solo sem critérios técnicos que evidenciem o cuidado e proteção

ao ambiente e à saúde pública devido à proliferação de vetores, surgimento de

odores desagradáveis, poluição do solo e das águas, inclusive as subterrâneas pelo

chorume.1 O aterro controlado minimiza os impactos ambientais e os riscos à saúde

devido à cobertura dos resíduos com uma camada de material inerte na conclusão

de cada jornada de trabalho, mas é evidente sua qualidade inferior ao aterro

sanitário, que nesse caso deverá confinar os resíduos à menor área possível,

reduzindo seu volume através de compactação, cobrindo-os e, além disso, utilizar

sistema de impermeabilização do solo, sistema de coleta, drenagem e tratamento de

líquidos percolados (chorume). Nas usinas de triagem e compostagem, os resíduos

são separados sendo que os de natureza orgânica são submetidos a um processo

de decomposição aeróbica pela ação de organismos biológicos formando um

material rico em húmus e nutrientes minerais que pode ser utilizado em paisagismo,

na recuperação de áreas degradadas entre outras. Os resíduos inorgânicos por sua

vez sempre que possível são destinados ao processo de reciclagem (FUNDAÇÃO

ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, 2006).

A destinação dos resíduos é feita nesses depósitos somente após o

licenciamento ambiental juntos aos órgãos competentes através de um processo

administrativo. Para que se efetive o licenciamento ambiental de tais depósitos, cuja

operação inclui atividades consideradas poluidoras deve-se considerar localização,

instalação, ampliação e a operação desse empreendimento e atividades

observando-se as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas

aplicáveis ao caso exigidas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Resolução

1 “Líquido de coloração escura,malcheiroso e de elevado potencial poluidor, produzido pela decomposição da matéria orgânica contida nos resíduos” (FEAM, 2006, p.12-13).

31

CONAMA 237/97). As licenças podem ter caráter prévio, de instalação e de

operação.

O Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM) em sua

Deliberação Normativa (DN) nº 52/2001 (ANEXO B) convoca os municípios do

Estado de Minas Gerais com população acima de 50.000 habitantes, dentre os quais

Patos de Minas encontra-se referido, para realizarem o licenciamento ambiental de

sistema adequado para disposição final dos resíduos. Em seu artigo 1º, incisos de I

a IV, estabelece os prazos máximos para realização do licenciamento conforme

descrição a seguir:

- até abril/2002 - Protocolo de Formulário de Caracterização do

empreendimento (FCE).

- até julho de 2003 - Formalização de processo de Licença Prévia (LP),

incluindo estudos sobre impacto ambiental e as alternativas de localização do

depósito, conforme inciso I, artigo 5º da Resolução do CONAMA 01, de 23/01/1986.

- até dezembro/2004 - Formalização do Processo de Licença de

Instalação (LI).

- até dezembro/2005 - Formalização do processo de Licença de

Operação (LO).

No artigo 2º inciso de I a VI exgem-se adaptações a serem realizadas

dos depósitos de resíduos no máximo seis meses a partir da data de publicação

desta Deliberação até que o licenciamento ambiental se efetive visando a

minimização de impactos ambientais na áreas de disposição final de resíduos. Tais

adaptações incluem:

I - disposição em local com solo e/ou rocha de baixa

permeabilidade, com declividade inferior a 30%, boas condições de acesso, a uma

distância mínima de 300m de cursos d’água ou qualquer coleção hídrica e de 500m

de núcleos populacionais, fora de margens de estradas, de erosões e de áreas de

preservação permanente;

II - sistema de drenagem pluvial em todo o terreno de modo a

minimizar o ingresso das águas de chuva na massa de lixo aterrado;

III - compactação e recobrimento do lixo com terra ou entulho,

no mínimo, três vezes por semana;

IV - isolamento com cerca complementada por arbustos ou

árvores que contribuam para dificultar o acesso de pessoas e animais;

32

V - proibição da permanência de pessoas no local para fins de

catação de materiais recicláveis, devendo o Município criar alternativas técnica,

sanitária e ambientalmente adequadas para a realização das atividades de triagem

de recicláveis, de forma a propiciar a manutenção de renda para as pessoas que

sobrevivem dessa atividade, prioritariamente, pela implantação de programa de

coleta seletiva em parceria com os catadores.

VI - responsável técnico pela implementação e supervisão das

condições de operação do local, com a devida Anotação de Responsabilidade

Técnica.

Os prazos previstos para licenciamento na DN 52/2001 foram

prorrogadas pela DN nº 67 de 18 de novembro de 2003, pela DN nº 75 de 25 de

outubro de 2004 e pela DN nº 81 de 11 de maio de 2005, sendo que o prazo para

formalização do processo de LI foi até abril de 2006 e o para a formalização da LO

até abril de 2007.

De acordo com Jucá (2006) os dados do IBGE de 2002 apontaram a

situação dos municípios brasileiros referente à disposição final de resíduos sólidos

urbanos expondo que 37% destes resíduos são depositados em aterros sanitários,

36,2% em aterros controlados, 22,5% em lixões, 2,9% em estação de compostagem

e 1,0 % em estação de triagem.

Apesar de se considerar a existência de várias formas de destinação

final de resíduos, sabe-se que em todas elas existe contato dos trabalhadores com

tais resíduos. A Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária – ANVISA (RDC 306/2004) que dispõe sobre o Regulamento Técnico para

o Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, em seu VII capítulo prevê que

os trabalhadores envolvidos diretamente com o gerenciamento de resíduos devem

ser capacitados não apenas na ocasião de sua admissão de forma a prepará-los

para as atividades de manejo de resíduos, despertando sua responsabilidade com

higiene pessoal, dos materiais e dos ambientes na tentativa de evitar doenças e/ou

acidentes ocupacionais. Além disso, devem ser submetidos aos exames admissional

e periódico como também ser imunizados contra doenças imunopreveníveis e

realizar exames laboratoriais para controle sorológico avaliando sua resposta

imunológica (BRASIL, 2003).

Sabe-se que os agravos à saúde dos coletores se relacionam à causas

biológica e química, mas além dessas de acordo com Velloso; Anjos e Santos

33

(1997), a descrição das variadas operações realizadas por eles podem ocasionar

exposição às variações de clima, atropelamentos, colisões, cortes, ferimentos e

esforço físico repetitivo. Além desses riscos, inclui-se o social pela falta de preparo e

força dos coletores para reivindicar medidas seguras de trabalho. Tais medidas e

riscos devem ser consideradas em conjunto, podendo causar acidentes e

adoecimento do trabalhador.

Deve-se ressaltar que o gerenciamento de resíduos não traz

conseqüências relacionadas apenas aos coletores.

Os impactos provocados pelos resíduos sólidos municipais podem

estender-se para a população em geral, por meio da poluição e contaminação dos

corpos d'água e dos lençóis subterrâneos, direta ou indiretamente, dependendo do

uso da água e da absorção de material tóxico ou contaminado. A população em

geral está ainda exposta ao consumo de carne de animais criados nos vazadouros e

que podem ser causadores da transmissão de doenças ao ser humano. Estima-se

que mais de cinco milhões de pessoas morrem por ano, no mundo inteiro, devido a

enfermidades relacionadas aos resíduos (MACHADO e PRATA FILHO, 1999).

Deve-se considerar que, os problemas de saúde pública relacionados à

problemática dos resíduos, têm reflexo nas populações expostas aos riscos diretos e

indiretos do gerenciamento inadequado de resíduos. Por muito tempo, a

problemática dos resíduos sólidos foi negligenciada pela humanidade. Atualmente,

vários estudos têm sido desenvolvidos, levando-se em conta a necessidade de

busca de equilíbrio entre tecnologia e conservação ambiental, que leve em

consideração tanto a redução, como o reaproveitamento e a reciclagem de resíduos.

Nesse sentido, é importante que sejam desenvolvidas estratégias que valorizem

formas sustentáveis de consumo, coleta e disposição final adequada dos resíduos.

De acordo com Cunha e Filho (2002), por vezes a temática dos

resíduos foi e continua sendo tratada por alguns com indiferença. No entanto, o

assunto tem se mostrado presente em debates de áreas diversas, devido às

preocupações relativas à grande quantidade de resíduos produzidos, aos elevados

níveis de gastos com seu gerenciamento e também devido aos impactos no

ambiente e saúde. Segundo Ferreira e Anjos (2001) apesar de se ter consciência da

importância da limpeza urbana tanto para o ambiente como para a saúde em geral

não existem medidas efetivas que contribuam para a melhoria nos sistemas de

gerenciamento de resíduos sólidos na América Latina e no Brasil. Os autores

34

comentam ainda que os efeitos do mau gerenciamento são apontados por vários

estudos que destacam a necessidade da criação de políticas que modifiquem a

forma de manuseio dos resíduos como forma de proteção à saúde dos

trabalhadores.

Garcia e Zanetti-Ramos (2004) destacam que as condições precárias

do gerenciamento dos resíduos no país acarretam problemas tais como

contaminação da água, do solo, da atmosfera e a proliferação de vetores afetando

tanto a saúde dos trabalhadores que tem contato com tais resíduos quanto da

população de uma forma geral.

Como já mencionado a conceituação de saúde é uma tarefa difícil e

discutir promoção de saúde é ingressar num caminho ainda novo e, portanto refletir

sobre a articulação entre Promoção de Saúde e Trabalho é algo desafiador e ao

mesmo tempo estimulante (BRANT e MELO, 2001). Nesse sentido e diante das

afirmativas anteriores, percebe-se a necessidade de uma maior reflexão sobre o

gerenciamento dos resíduos sólidos da coleta urbana de Patos de Minas (MG),

caracterizando cada etapa do gerenciamento fornecendo subsídios para a melhoria

das mesmas com a finalidade de minimizar os impactos causados ao ambiente e,

conseqüentemente, à saúde do ser humano.

35

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar as condições de trabalho e saúde dos coletores de resíduos

sólidos, assim como caracterizar o gerenciamento de resíduos da coleta urbana, no

município de Patos de Minas (MG).

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Caracterizar o perfil sócio-econômico dos coletores de resíduos e

identificar as condições de saúde e trabalho auto-referidas pelos coletores de

resíduos;

- Identificar as características do gerenciamento de resíduos do

município.

36

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

3.1.1 Caracterização do município de Patos de Minas/MG

O estudo foi realizado no município de Patos de Minas que de acordo

com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em Censo Demográfico

de 01 de agosto de 2000 possui uma população de 124.056 habitantes com uma

extensão territorial de 3.189 Km2. Está situado de forma intermediária às regiões do

Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, em Minas Gerais, aos 18.35S de latitude e

46.32W de longitude. Possui altitude máxima de 1193m na divisa com o município

de Cruzeiro da Fortaleza e mínima de 765 m na foz do Córrego Sussuarana, sendo

a altitude do ponto central da cidade de 833 m.

Figura 1 – Imagem de satélite do município de Patos de Minas/MG.

37

Cerca de 90% do município apresenta relevo ondulado, 5% relevo

plano e 5% montanhoso. A vegetação existente na maior parte do município é

constituída basicamente por formações típicas do cerrado. Nas regiões próximas

aos rios e canais de escoamento ainda existem matas ciliares, que necessitam de

ações estruturadas para sua conservação. O clima é classificado como do tipo

padrão tropical de altitude, apresentando duas estações que se distinguem

claramente: um período das chuvas e altas temperaturas, geralmente de outubro a

março, e um período de estiagem e seca, com pouca umidade e baixas

temperaturas, que vai de abril a setembro. (http://www.patosdeminas.mg.gov.br).

Figura 2 – Mapa do relevo de Patos de Minas/MG.

No município, destaca-se o setor primário que alavanca a economia

com a agricultura e a pecuária, com destaque para a produção de milho, tomate,

café, soja e algodão, criação de bovinos, suínos e aves, acompanhados ainda pela

exploração de minérios. Já no setor secundário, destacam-se as indústrias de

fertilizantes, produtos alimentícios, e a confecção de artigos em couro e vestuário,

que também integram a composição do Produto Interno Bruto (PIB) total do

município. O comércio e os serviços do setor terciário também apresentam grande

importância para a economia de Patos de Minas

(http://www.patosdeminas.mg.gov.br).

38

3.1.2 Caracterização do depósito de resíduos sólidos urbanos do município

Entre 1985 e 1999, o município depositava seus resíduos sólidos

urbanos em um lixão. Entre os anos de 2000 e meados de 2004 foi implantado um

aterro controlado. Após junho de 2004, iniciaram-se as obras do aterro sanitário, que

ainda estão em andamento.

O depósito (Figura 3) está localizado a 6 km da zona urbana, situando-

se a oeste da sede municipal, em zona rural, na fazenda Córrego Rico, na Bacia

Hidrográfica do Rio Paranaíba e sub-bacia do Córrego Nogueira. Nas proximidades

de limite do terreno existem processos erosivos. Em alguns trechos do solo do

terreno antes da implantação do aterro não existia cobertura vegetal e outros trechos

predominavam grama e capim com vegetação esparsa. O perfil natural do solo da

área era caracterizado pela disposição de duas camadas de argila sendo

classificado como de média permeabilidade. Tal solo foi substituído por argila

retirada de uma jazida situada a aproximadamente 5 Km do terreno, alterando

dessa forma o nível de permeabilidade do terreno. No terreno há rochas como

calcários, folhelos e ardósias, pertencentes ao gurpo Bambuí e ao lado do Rio

Paranaíba na porção noroeste ocorrem aluviões quaternários.

Figura 3 – Imagem de satélite com a localização do depósito de resíduos de Patos

de Minas/MG.

39

A área antiga destinada ao depósito era de 18,5 hectares e a nova, que

está funcionando a cerca de três anos é de 22 hectares.

3.1.3 Caracterização da coleta de resíduos sólidos urbanos no município

A coleta de resíduos é realizada no município de Patos de Minas pela

empresa consorciada SEMOP/LIMPEBRÁS desde 2004. A empresa conta com 27

coletores que realizam diariamente a coleta em dois turnos de trabalho. Os resíduos

coletados e dispostos na estação de transbordo têm origem doméstica, pública,

unidades de saúde e semi-sólidos de limpezas de fossas e bueiros.

3.2 POPULAÇÃO DO ESTUDO

Este estudo descritivo foi realizado através de pesquisa de campo

incluindo como sujeitos os 27 coletores de resíduos do município de Patos de Minas

(MG), o gerente da empresa responsável pela coleta e dois representantes da

administração municipal responsáveis pelo gerenciamento dos resíduos sólidos da

coleta urbana sendo um deles chefe do Setor de Infra-estrutura Urbana e

Saneamento Ambiental e outro encarregado de campo do aterro, totalizando 30

sujeitos.

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Os instrumentos de coleta de dados aplicados às três categorias de

sujeitos de pesquisa foram entrevistas semi-estruturadas abrangendo questões

abertas e fechadas.

Nas entrevistas com trabalhadores (Apêndice I) foram levantados

dados sobre o perfil sócio-econômico dos sujeitos e dados relacionados às

40

condições de trabalho, às condições de manuseio dos resíduos, aos acidentes de

trabalho, às condições de saúde e algumas considerações gerais e finais. Foi

realizado um pré-teste com esse instrumento em uma população de seis sujeitos

com características semelhantes à dos sujeitos da presente pesquisa e após o piloto

foram acrescentadas algumas questões abertas por sugestões dos coletores com

relação a melhorias nas condições de trabalho e gerenciamento do aterro.

Na entrevista com o gerente da empresa coletora de resíduos

(Apêndice II) foram levantados dados referentes às funções por ele realizadas no

gerenciamento de resíduos, referentes às condições de saúde e de trabalho dos

coletores, relativos à empresa e algumas considerações gerais e finais.

Nas entrevistas aplicadas aos representantes da administração

municipal responsáveis pelo gerenciamento dos resíduos (Apêndice III), foram

descritos dados relacionados à implantação e caracterização do aterro, controle de

entrada e quantidade de resíduos no depósito, aspectos relativos aos funcionários

do aterro e aos coletores de resíduos, e dados relativos ao gerenciamento como um

todo.

Os dados das entrevistas foram complementados pela pesquisadora no

que diz respeito às formas de trabalho dos coletores e descrição do aterro por

observação realizada durante quatro dias nas ruas da cidade e durante duas horas

no depósito, sendo feitos registros fotográficos.

3.4 PROCEDIMENTOS ADOTADOS PARA A COLETA DE DADOS

Inicialmente, a pesquisadora, procurou a empresa responsável pela

coleta de resíduos no município e o chefe de Infra-estrutura e Saneamento

Ambiental e esclareceu aos dois os objetivos de sua pesquisa recebendo do

primeiro sua autorização para realização da coleta de dados na empresa permitindo

a participação dos coletores e ao mesmo aceitou tempo participar como sujeito da

pesquisa, na administração municipal a resposta de participação também foi

afirmativa.

41

O projeto de pesquisa foi então apresentado ao Comitê de Ética e

Pesquisa da Universidade de Franca (Processo n. 67/2007), que deliberou a

aprovação do mesmo em 21 de agosto de 2007.

A coleta de dados foi iniciada a partir dessa data até outubro de 2007.

Aos sujeitos da pesquisa foram fornecidos vários esclarecimentos iniciais sobre as

propostas da pesquisa e em seguida foram assinados os Termos de Consentimento

Livre e Esclarecidos (Apêndice IV). De posse dos Termos de Consentimento dos

coletores, as entrevistas passaram a ser realizadas individualmente nos turnos

manhã e tarde, sendo que para os trabalhadores do turno da manhã, as mesmas

foram realizadas entre 6:00 e 7:00h e no turno da tarde entre 15:00 e 16:00h,

sempre antes do início da jornada da trabalho dos coletores. Durante a realização

das entrevistas, a pesquisadora leu as questões e explicou-as sempre que

necessário, transcrevendo literalmente as respostas dadas pelos entrevistados. A

média do tempo gasto durante as entrevistas foi de 30 minutos. Após aplicadas as

entrevistas foram etiquetas cada uma com um número, sendo os entrevistados

denominados E1 (Entrevistado 1), E2 e assim sucessivamente. Com referência às

entrevistas com o gerente da SEMOP/LIMPEBRAS e aos representantes da

administração municipal foram marcadas datas e horários diferentemente do

ocorrido com os coletores.

3.5 ANÁLISE DE DADOS

Após coletados, os dados foram apresentados em gráficos, quadros e

tabelas, sendo que em algumas questões foram separados por categoria de sujeitos

e em outras os dados obtidos foram confrontados. Seguida a essa análise foram

elaboradas conclusões e sugestões para a melhoria das condições de saúde e

trabalho dos coletores.

42

4 RESULTADOS

4.1 VISÃO REFERIDA DOS COLETORES

4.1.1 Sexo, idade, estado civil e nível de instrução

Todos os 27 entrevistados eram do sexo masculino, com idades variando

entre 20 a 45 anos distribuídos conforme representação na Tabela 1.

Com relação ao estado civil, nove coletores afirmaram que eram casados,

sete solteiros, um divorciado e dez declararam seu estado civil como outros, mas

que vivem junto às companheiras sem serem casados legalmente.

Quando questionados com referência ao seu nível de instrução, um

declarou-se como não alfabetizado, 11 com o ensino fundamental incompleto, três

afirmaram ter concluído o ensino fundamental, quatro cursaram o ensino médio de

forma incompleta, sete o ensino médio completo e um referiu estar cursando o

ensino superior. Destaca-se nesse contexto uma grande quantidade de sujeitos que

não concluíram o ensino fundamental.

A Tabela 1 ilustra o grau de instrução referido pelos entrevistados

considerando-se suas idades, podendo-se perceber que o trabalhador que está

cursando o Ensino Superior e os que cursaram o Ensino Médio completo estão entre

os mais jovens na faixa etária de 20 a 29 anos.

43

Tabela 01 - Distribuição de coletores de resíduos conforme as idades e nível de instrução em Patos de Minas / MG, 2007, (n=27).

Nível de Instrução

Idades

20 ├ 25 25 ├ 30 30 ├ 35 35 ├ 39 40 ├┤ 45 Total

Não alfabetizado 0 0 0 1 0 1

Ensino Fundamental Incompleto 1 6 2 0 2 11

Ensino Fundamental Completo 0 1 0 1 1 3

Ensino Médio Incompleto 1 1 1 1 0 4

Ensino Médio Completo 1 4 2 0 0 7

Ensino Superior em Curso 1 0 0 0 0 1

Total 4 12 5 3 3 27

4.1.2 Tipos e condições de moradia

Com relação ao tipo de moradia, 17 sujeitos responderam que residem em

casa própria, seis em casa alugada e quatro em casa cedida por familiares. Com

referência ao tipo de construção da moradia, todos disseram que moram em casas

de alvenaria apresentando condições básicas de saneamento tais como água

tratada, energia elétrica e rede de esgoto. Alguns dos coletores tiveram dificuldades

ao responder o tipo de construção e escolheram a opção construção de madeira, só

após maiores esclarecimentos afirmaram ser de alvenaria.

4.1.3 Quantidade de moradores e renda familiar

Quanto à quantidade de moradores na residência, dois citaram morarem

sozinhos, dois com apenas uma pessoa, sete com duas pessoas, 11 com três

pessoas, um com quatro pessoas, dois com cinco pessoas, um com seis pessoas e

um mora com sete pessoas.

44

Quando questionados em relação à renda mensal familiar, cinco coletores

afirmaram possuir renda familiar mensal de um salário2 a um salário e meio; 16

coletores afirmaram acima de um salário e meio até dois salários e meio; e na

referência de seis coletores a renda mensal familiar está acima de dois salários e

meio.

A distribuição dos valores relativos à renda familiar e quantidade de

moradores na residência referidas pelos coletores pode ser observada na Tabela 2

em que observa-se duas famílias com seis pessoas apresentam renda familiar de

até um salário e meio; e sete famílias com quatro componentes apresentam renda

acima de um salário e meio até dois salários e meio. A maior quantidade de famílias

apresenta a renda referida anteriormente o que demonstra um poder aquisitivo baixo

entre os coletores.

Questionados sobre o número de pessoas que contribuem para a renda

familiar, 12 afirmaram que eles são os únicos responsáveis pela renda familiar, dez

afirmaram que a renda é conseguida por dois membros da família, quatro citaram

que os responsáveis pela renda são em número de três e um coletor apenas citou

que o total da renda é conseguida por quatro pessoas da família, conforme Tabela 3.

2 O salário mínimo vigente na época da coleta dos dados era R$380,00.

Tabela 2 - Distribuição de renda familiar em salários mínimos recebidos e

quantidade de moradores na residência dos coletores de Patos de Minas/MG em 2007, (n=27).

Número de moradores na

residência

Renda Familiar Um salário

mínimo a um salário e meio

Acima de um salário e meio até dois salários e meio

Acima de dois salários e meio

Total

Uma 0 2 0 2 Duas 0 2 0 2 Três 1 5 1 7 Quatro 1 7 3 11 Cinco 1 0 0 1 Seis 2 0 0 2 Sete 0 0 1 1 Oito 0 0 1 1 Total 5 16 6 27

45

Tabela 3 - Distribuição de trabalhadores conforme quantidade de pessoas que contribuem para a renda familiar de coletores de Patos

de Minas/MG em 2007 (n=27).

Valor da renda familiar

Número de pessoas que contribuem para a renda familiar

Uma pessoa

Duas Pessoas

Três Pessoas

Quatro pessoas

Total

R$380,00 ├┤R$570,00 4 1 0 0 5 R$570,00 ┤R$1.000,00 8 7 1 0 16 Acima de R$1.000,00 0 2 3 1 6 Total 12 10 4 1 27

O maior número de famílias (12) é mantido por apenas uma pessoa, o

próprio coletor, seguido das mantidas por duas pessoas (dez).

A renda per capta dessas famílias apresentada a seguir (Tabela 4) é baixa

considerando-se a existência de duas famílias cujo indivíduos possuíam renda per

capta de até R$99,00; e também destacando que 22 famílias apresentaram renda

per capta de até R$399,00,

Tabela 4 - Distribuição de trabalhadores conforme renda per capta nas famílias referidas pelos coletores de Patos de

Minas/MG em 2007, (n=27).

Renda per capta

Número de famílias

Até R$99,00 2 De R$100,00 a R$199,00 7 De R$200,00 a R$299,00 5 De R$300,00 a R$399,00 8 De R$400,00 a R$499,00 2 De R$500,00 a R$599,00 1 De R$600,00 a R$699,00 2 Total 27

4.1.4 Distância da moradia ao trabalho e meio de transporte utilizado

Os coletores afirmaram morar em diversos bairros da cidade e com relação

à distância da residência e local de trabalho, 22 afirmaram morar de 1 a 5 km,

enquanto que apenas quatro afirmaram morar de 6 a 10 Km, um coletor referiu não

saber. A bicicleta foi o meio de transporte citado pela maior quantidade de coletores

46

(19) enquanto que cinco referiram ir de moto, e um coletor afirmou ir para o trabalho

tanto de moto quanto de bicicleta em dias alternados sem uma freqüência regular.

Ônibus coletivo foi o meio de transporte utilizado por apenas um coletor e outro

coletor afirmou que vai para o trabalho a pé.

4.1.5 Atividades de lazer

Questionados quanto ao lazer, 19 dos entrevistados afirmaram que

desfrutam momentos de lazer e oito referiram nenhum tipo de lazer. Dentre os que

afirmaram desfrutar momentos de lazer encontram-se 11 coletores que citaram o

futebol, um citou tanto futebol quanto pescaria; um coletor referiu-se a futebol, a

pescaria e a festas; e um coletor referiu a pescaria e a natação; outro afirmou

praticar musculação em academia; um citou que joga cartas; um informou ouvir

música, um referiu-se aos passeios que realiza e um citou momentos de descanso

como atividade de lazer. Percebe-se que a modalidade de lazer mais citada foi o

futebol, referida por 13 entrevistados, seguida de pescaria, que foi citada por outros

três coletores. Outras sete modalidades de lazer (festas, nadar, musculação,

baralho, ouvir música, passear e descansar) só foram citadas por um coletor

respectivamente.

Com relação à freqüência e a duração dos momentos de lazer pode-se

observar os dados presente na distribuição a seguir. (Tabela 5)

Tabela 5 - Distribuição de coletores de Patos de Minas/MG em 2007 segundo a freqüência e duração das atividades de lazer (n=27).

Freqüência dos momentos de

lazer

Duração das atividades de lazer

1h /dia 2 a 4h/dia 5 a 8h/dia o dia todo a noite toda Total Diariamente 2 1 0 0 0 3 Semanalmente 5 1 1 1 0 8 Mensalmente 1 1 0 0 0 2 Raramente 2 2 0 1 1 6 Sem lazer 8 Total 10 5 1 2 1 27

47

Destacam-se entre as freqüências três sujeitos que desfrutam de momentos

de lazer diariamente (de segunda a sexta-feira) como é o caso de um praticante de

futebol, do ouvinte de músicas e do praticante de musculação. Com relação à

duração das atividades de lazer, os coletores que disseram usufruir mais tempo de

seu lazer, tem sua resposta justificada pelo tipo de atividade realizada (descansar,

passear, pescar, nadar e pescar). O indivíduo que afirmou que seu lazer é jogar

cartas, quando o faz, disse que joga durante uma noite toda. Um coletor afirmou ter

dois tipos de lazer: pescar e jogar futebol, referindo duas medidas de tempo

diferentes, para pescar gasta um o dia todo e para jogar futebol, de 2 a 4 horas.

4.1.6 Condições de trabalho

4.1.6.1 Tipo de vínculo com a empresa

Ao se investigar as condições de trabalho, verificou-se que todos os 27

coletores encontram-se em situação ativa e possuem carteira de trabalho (CT),

sendo que um deles é trabalhador reserva3.

4.1.6.2 Participação em treinamentos antes e após iniciarem na ocupação de

coletores

Quando investigados sobre a participação em treinamentos, antes de

iniciarem na ocupação de coletores de resíduos sólidos urbanos, 15 entrevistados

afirmaram que não participaram de treinamento e 12 afirmaram que participaram. A

estes últimos, foi questionada a duração deste treinamento e três coletores

afirmaram que foi de duas horas; dois referiram o treinamento de uma hora; dois

citaram a duração de dois dias; um relatou ter participado de três encontros de duas

horas cada; um afirmou ter participado de treinamento com quatro horas de duração

3 O trabalhador reserva fica na empresa e trabalha no caso de eventualidades ocorridas com os demais coletores.

48

e um coletor (E4) apesar de dizer que participou de treinamentos, declarou: “Não sei

ao certo, aprendi e treinei com um colega.”

Questionados sobre participação em treinamentos, após iniciarem na

ocupação, 17 responderam que não participaram de curso e 10 coletores afirmaram

que participaram. Um dos coletores que afirmou não ter participado, relatou que, às

vezes, eles recebem folhetos para esclarecer dúvidas. Dos que afirmam ter

participado de cursos, sete citaram, cada um à sua forma, a existência de palestras

de orientação, informações sobre socorros de urgência, utilização de vídeo com

esclarecimento sobre doenças (E20), acompanhadas do técnico de segurança do

trabalho. Um entrevistado (E17) declarou que participa de reunião anual com

técnico de segurança do trabalho; outro coletor citou a ocorrência de orientações de

vez em quando com técnico de segurança do trabalho; outro mencionou curso

ministrado pela CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e um outro

comentou que após iniciar no trabalho, recebeu aos poucos orientações e

explicações na própria firma.

A seguir, na Tabela 6 foi feito um paralelo entre a participação em

treinamentos e o tempo de trabalho na ocupação.

Tabela 6 - Distribuição de coletores segundo a participação de treinamentos antes e após iniciar na ocupação em Patos de Minas/MG em 2007, (n=27).

Tempo de trabalho na ocupação de coletor

Participação em treinamento antes de iniciar na ocupação

Participação em treinamento após iniciar

na profissão Participantes Não

participantes Total Participantes Não

participantes Total

0 a 6 meses 2 2 4 1 3 4 de 7 meses a 1 ano 0 4 4 0 4 4 de 1 ano e 1 mês a 1ano e 6 meses 0 4 4 1 3 4 de 1 ano e 7 meses a 2 anos 1 2 3 2 1 3 de 2 anos e 1 mês a 2 anos e 6 meses 1 0 1 0 1 1 de 2 anos e 7 meses a 3 anos 0 1 1 1 0 1 3e 3 anos e 4 meses a 3 anos e 6 meses 8 2 10 5 5 10 Total 12 15 27 10 17 27

Estabelecendo uma comparação do tempo de serviço e participação em

treinamento percebe-se que antes de ingressar na ocupação o número

representativo de coletores (oito entre doze) que participaram de tais treinamentos

encontra-se entre os que apresentam maior tempo na ocupação (acima de três

anos) o que coincide com o período em que foi firmado o consórcio entre a SEMOP

e a LIMPEBRAS, após iniciar na ocupação, a metade do referido grupo (5 coletores)

com mais de 3 anos no exercício do trabalho também referiu ter participado de

49

treinamentos o que possivelmente é justificado pelo fato de estarem há mais tempo

na empresa.

Entre o grupo de coletores que apresenta até três anos na ocupação o maior

número (treze em quinze) não participou de treinamento antes de iniciar na

ocupação. E após o ingresso na ocupação, 12 (dentre 17 coletores) não

participaram.

4.1.6.3 Componentes da equipe de trabalho

Questionados sobre os componentes que formam a sua guarnição4,

durante a coleta de resíduos, 18 afirmaram que sua equipe de trabalho é

composta por um motorista e três coletores; oito entrevistados referiram-se a um

motorista e quatro coletores; um coletor (E1) afirmou que sua equipe é composta por

um motorista e um coletor (coletor responsável pela coleta dos RSS, que é feita em

veículo menor). Apesar das declarações dos coletores a pesquisadora através de

sua observação encontrou equipe trabalhando com apenas dois coletores, conforme

Figura 4.

4.1.6.4 Conservação e limpeza do veículo

Com relação ao estado de conservação do veículo transportador, os 27

entrevistados afirmaram ser bom e que os veículos passam por vistorias temporárias

para manutenção. Entretanto, quando questionados sobre o período de realização

de tais vistorias as respostas variam, sendo que, 17 dos coletores não souberam

responder sobre a periodicidade destas vistorias; quatro afirmaram que são

realizadas em caso de necessidade; dois que são realizadas de vez em quando; um

que as vistorias acontecem a cada três meses; um que acontecem sempre e um

quase sempre e um entrevistado declarou que ocorre quase sempre, toda semana.

Portanto, todos afirmaram que as vistorias para manutenção do veículo ocorrem,

mas, em geral, não sabem definir qual é a freqüência das mesmas como se pode

4 De acordo com a NBR 12807 guarnição é o nome dado à equipe composta pelo motorista do veículo e os coletores. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS E TÉCNICAS, 1993, p.2)

50

perceber, por exemplo, na fala de um deles (E16): “Não sei, mas semana passada,

tinha um dando uma olhada.”

Ao serem investigados sobre o local de realização da limpeza deste

veículo, os 27 afirmaram que é realizada no lava jato, porém um dos coletores (E4)

afirmou que quando o veículo está muito sujo é feita uma limpeza “grossa” no

próprio aterro e, em seguida, o veículo é levado para o lava jato para finalizar a

limpeza. Todos os coletores pesquisados afirmaram que a limpeza do veículo

acontece uma vez por semana por um empregado do lava jato.

4.1.6.5 Local de transporte dos coletores no veículo

Quando se perguntou sobre o local do veículo onde são transportados

durante a coleta dos resíduos, o entrevistado responsável pela coleta dos RSS (E1),

afirmou que é transportado na cabine junto ao motorista. Os outros 26 coletores

disseram ser transportados no estribo do veículo coletor. Um deles (E25), porém,

relatou que após a coleta no percurso até o aterro é transportado na cabine junto ao

motorista. Na figura 4 pode-se visualizar o local onde os coletores são

transportados.

4.1.6.6 Fornecimento de EPIs e fiscalização de seu uso durante o trabalho

Ao serem investigados sobre o fornecimento de EPIs, todos os 27 coletores

afirmaram que recebem luvas, botas e bonés para a realização do trabalho e, um

deles, afirmou que além de receber tais equipamentos recebe também máscara. Tal

afirmação se justifica pelo fato que esse coletor é o responsável pela coleta dos

resíduos dos serviços de saúde (RSS). Os 27 coletores afirmaram que os EPIs são distribuídos de acordo com a

necessidade diária, e que são utilizados adequadamente e fiscalizados pelos

gerentes da empresa. Um entrevistado (E11) afirmou que a CIPA, da empresa

SEMOP/LIMPEBRAS também fiscaliza o uso dos equipamentos de proteção

individual; outro (E16) afirmou que a fiscalização também é feita pelas secretárias da

firma, além dos gerentes de obra que sempre os observam na saída e retorno ao

trabalho. Os 27 coletores afirmaram ainda que além do uso dos EPIs citados,

51

utilizam uniforme de tecido comum como pode ser visualizado na figura a seguir

(Figura 4).

Figura 4 - Guarnição de coletores durante a realização do trabalho

em Patos de Minas/MG em 2007.

4.1.6.7 Intervalos durante o trabalho para satisfação de necessidades fisiológicas

Questionados sobre o direito a intervalos durante o turno de trabalho, para

cuidar de suas necessidades fisiológicas e de higiene, 22 coletores afirmaram

positivamente e cinco disseram que não. No entanto, ao justificar a escolha de suas

respostas, quatro que disseram não possuir direito a intervalos (E1, E2, E14, E26),

afirmaram que até podem parar, mas os componentes da guarnição preferem não

parar, pois sem intervalos, não atrasam o trabalho e podem encerrá-lo mais cedo.

Algumas afirmações são descritas a seguir: “Podê parar a gente pode, mas meus

colegas e eu preferimos acabar rápido e não fazer intervalo”(E14); “A gente não

gosta de pará para não atrasar o serviço.” (E26) Um coletor (23) porém, manteve

sua resposta de que não tem direito a intervalos ao afirmar: “Não tem direito

mesmo.”

Realmente os coletores preferem não parar evitando prejuízos no

rendimento do trabalho o qual realizam com muita pressa. De acordo com

observação da pesquisadora em algumas guarnições existe um coletor que caminha

no trecho antes do caminhão recolhendo e amontoando os resíduos, dessa forma

52

quando o caminhão passa com os demais trabalhadores eles coletam rapidamente o

material. Isso é uma prática que está associada aos riscos, pois como se pode

observar na Figura 5 os resíduos recolhidos são amontoados até mesmo na rua,

entre carros e motocicletas o que pode acarretar acidentes tanto para o coletor

quanto para os motoristas de carros e motos.

Figura 5 - Resíduos dispostos na rua recolhidos por coletor de

Patos de Minas/MG em 2007.

Já os coletores que afirmam ter direito a intervalos disseram que podem

parar quando necessário para tomar água, ir ao banheiro, lavar as mãos, rosto,

camisa e boné, afirmaram que podem parar para tomar alguma coisa, para fazer

sua refeição e um deles afirma que em seu setor há locais definidos em que param

para cuidar de suas necessidades fisiológicas tais como ir ao banheiro e/ou lanchar.

4.1.6.8 Satisfação com o trabalho

Questionados sobre o seu nível de satisfação no trabalho, 26 coletores

afirmaram estar satisfeitos e apenas um insatisfeito (E23) referindo: “O serviço é

53

cansativo, chato”. Entre as justificativas dadas pelos sujeitos para seu nível de

satisfação, nove citaram o salário. De acordo com um deles (E4) o salário atual é

melhor que o anterior; de acordo com outro (E5) o salário auxilia no pagamento dos

estudos, é o sustento da família; “Porque é disso que a gente tira o pão e deve

trabalhar satisfeito, como eu sou, não tenho vergonha do meu trabalho.” (E27); um

deles (E22) afirmou que o salário é bom e além disso é bom estar empregado: “Por

causa do salário e emprego não ‘tá’ fácil. O salário de outros empregos na cidade é

baixo.” Um entrevistado (E25) afirmou que o horário de trabalho é bom e outro

(E12) além de citar que o salário é bom afirmou que a empresa também é boa.

Entre os entrevistados, seis referiram à segurança pelo fato de estarem

empregados e com carteira assinada; cinco afirmaram que o serviço é bom como é o

caso do entrevistado (E17) que disse: “Porque é bom, me acostumei já com o

serviço.” Um outro (E20) considerou-se satisfeito e disse: “Gosto de correr.”

Os demais coletores (seis), apresentaram diversas justificativas, entre as

quais citaram que o serviço é muito, mas as amizades compensam; é um trabalho

gratificante; a turma de colegas é amiga e o tempo de trabalho é curto; estão

satisfeitos porque não têm outro emprego em vista e portanto, tentam fazer sua

parte e trabalhar adequadamente, porque acima de tudo, estão empregados.

4.1.7 A coleta de resíduos

4.1.7.1 Tipos de coletas e materiais incluídos no trabalho dos coletores

Com referência aos tipos de coletas incluídas no trabalho, os coletores se

referiram a resíduos domiciliares, de varredura, comerciais, industriais, de feiras e

outros, apenas um informou recolher RSS. Esses tipos de coleta incluídas no

trabalho dos coletores são apresentados na Figura 6.

54

Figura 6 - Tipos de coleta incluídas no trabalho dos coletores de resíduos de Patos

de Minas/MG em 2007.

Os resíduos domiciliares, de varredura e resíduos comerciais foram citados

por 26 entrevistados; os de feira foram citados por 25 coletores; os industriais foram

citados por 19 entrevistados; outros tipos de coleta (oficinas) foram referidos por

quatro coletores e os RSS foram citados por um coletor que trabalha

especificamente com coleta de RSS. Esse coletor (E1) afirmou que a coleta é

realizada em hospitais, postos de saúde, consultório odontológico e clínicas em

geral.

Questionados sobre quais seriam os materiais recolhidos regularmente

durante a coleta, considerando a quantidade de respostas em ordem decrescente os

coletores citaram os materiais a seguir: plástico, papel, alimentos, vidro, fraldas,

lenços de papel, papel higiênico, absorventes, latas e garrafas, resíduos de

varredura, pilhas, tintas, camisinhas, óleos e graxas, restos de animais, curativos,

borracha, madeira, baterias, agulhas e seringas descartáveis, pesticidas e herbicidas

e outros tipos de materiais como lâmpadas, partes de televisão (tubo) e RSS.

0 5 10 15 20 25 30

Resíduos de serviços de saúde

Outros resíduos

Resíduos industriais

Resíduos de feiras

Resíduos comerciais

Resíduos de varredura

Resíduos domiciliares

Co

leta

s in

clu

ídas

no

tra

bal

ho

do

s co

leto

res

Número de coletores

55

4.1.7.2 Tratamento, coleta e destino dos RSS

Quando questionados com relação à existência de tratamento dos RSS, o

sujeito responsável por esse tipo de coleta (E1) afirmou que os referidos resíduos de

certos hospitais são tratados antes da transferência para o depósito de resíduos. Um

dos coletores de resíduos domiciliares (E15) também confirma que a declaração

anterior, três disseram que tais resíduos são simplesmente transferidos e os outros

não souberam dizer se os RSS são tratados antes de serem depositados ou são

simplesmente transferidos. Todos os 27 coletores afirmaram que os RSS são

depositados em valas específicas, separados dos resíduos domésticos.

4.1.7.3 Acondicionamento dos resíduos

Com referência ao acondicionamento dos resíduos, os coletores referiram

que é feito em sacos ou sacolas plásticas descartáveis, latas de metal, latas

plásticas e caixas de papelão, conforme demonstrado na Figura 7.

Forma de acondicionamento dos resíduos sob a visão dos coletores

25

20

19

17

0 5 10 15 20 25 30

Sacos ou sacolas plásticasdescartáveis

Latas de metal

Latas plásticas

Caixas de papelão

Figura 7 – Tipos de acondicionamento dos resíduos citados pelos coletores de

Patos de Minas/MG em 2007.

A forma de acondicionamento mais comum foi saco ou sacola plástica

descartável, citada por 25 coletores seguida de lata de metal, citada por 20

coletores; recipiente plástico citado por 19; e caixa de papelão citada por 17

entrevistados.

56

4.1.7.4 Subdivisão das áreas de coleta

Ao se perguntar se áreas de coleta apresentam algum critério de

subdivisão, 26 responderam que sim, sendo que destes, 14 afirmaram que as

tarefas são divididas por setor, oito afirmaram que a divisão é feita por bairro e

quatro afirmaram que tal divisão é feita em trechos da cidade. O coletor dos RSS

(E1) explicou que não existe critério de subdivisão, para sua coleta que é realizada

de acordo com a necessidade dos estabelecimentos de saúde.

4.1.7.5 Freqüência e período da coleta no município

Ao se questionar se a coleta de resíduos ocorre diariamente em toda

cidade, 20 coletores afirmaram que sim e sete disseram que não. Ao justificarem

suas respostas, seis deles afirmaram que, em alguns locais, a coleta é alternada:

“Recolhe hoje e amanhã não no meu trecho”; (E13); “Tem bairro que é dia sim, dia

não” (E18). O coletor de RSS (E1) explicou que em hospitais a coleta é realizada

diariamente, mas em locais como postos de saúde, clínicas, farmácias e consultórios

odontológicos, a freqüência de coleta varia de acordo com a necessidade dos

estabelecimentos podendo ocorrer uma, duas ou três vezes por semana.

Questionados sobre a freqüência diária da coleta no município, 26

deles disseram ser realizada uma vez por dia e um coletor (E4) afirmou que ela

ocorre duas vezes ao dia, justificando que a na área onde ele realiza a coleta, a

quantidade de resíduos é grande e, portanto, quando o caminhão fica lotado,vai para

o aterro para ser descarregado e, em seguida retorna à coleta. Observa-se que

houve um mal entendido por parte desse último ao responder.

Com relação ao período em que realizam a coleta, 14 coletores

afirmaram realizá-la no período da manhã e 13 no período da tarde. Um dos

coletores, o entrevistado E11 (coletor reserva) não possui um período definido de

trabalho, entretanto, na data da entrevista estava trabalhando pela manhã e a coleta

dos RSS é realizada também nesse período.

57

4.1.8 Percurso realizado durante a coleta de resíduos até o depósito

4.1.8.1 Distância da cidade até o depósito de resíduos e tempo gasto no percurso

Questionados sobre a distância da cidade ao depósito de resíduos, dez

não souberam referir; outros dez afirmaram que o aterro fica a 5 km; três disseram

que fica a 6 km; outros três que fica a 4 km e um declarou estar em dúvida, mas

citou a distância de 8 km.

Com relação ao tempo gasto para transportar os resíduos até o seu

destino final, 12 dos entrevistados responderam que era de até 30 minutos,

enquanto outros 12 disseram que o tempo gasto era maior que 30 minutos e menor

que uma hora; dois coletores disseram que não sabem o tempo gasto e um coletor

afirmou que o tempo gasto é uma hora ou mais.

4.1.8.2 Nível de pavimentação das ruas percorridas durante a coleta

Sobre o percurso da coleta até o aterro, perguntou-se sobre o nível de

pavimentação das ruas. Entre os 27 entrevistados, 15 afirmaram que nem todas as

ruas de seu setor de coleta são pavimentadas, um desses (E27) disse que apenas

uma rua não é asfaltada; 11 coletores afirmaram que as ruas de seu setor são todas

pavimentadas e um coletor (E15) referiu a inexistência de pavimentação de seu

trecho.

4.1.8.3 Sinalização e tráfego até o aterro

Com referência à sinalização de acesso ao depósito, 22 coletores

disseram que o acesso é bem sinalizado, três disseram que não é bem sinalizado e

dois entrevistados afirmaram ser razoavelmente sinalizado.

58

Sobre o tráfego, 20 relataram que é de baixa intensidade, um deles,

porém (E27), comentou que nas sextas-feiras, o tráfego é mais intenso; quatro

entrevistados afirmaram que é de alta intensidade, sendo que um deles (E10) disse

que especialmente no horário do almoço, é ainda mais intenso; três entrevistados

disseram que o tráfego é de média intensidade.

4.1.9 Depósito de resíduos

4.1.9.1 Tipo de depósito de resíduos existente na cidade de Patos de Minas/MG

Questionados sobre o tipo de estação de transbordo de resíduos

existente na cidade, 17 afirmaram que ele é um aterro controlado, nove disseram

que é um aterro sanitário e um coletor afirmou que o local de armazenamento de

resíduos é um aterro não controlado.

4.1.9.2 Tipo de terreno do depósito

Com relação ao tipo de terreno do depósito, 11 disseram que ele é

predominantemente ondulado, oito que é predominantemente montanhoso, sete

escolheram a opção outro e referiram o terreno como em declive e um coletor disse

que o depósito é predominantemente plano. Vale ressaltar que o terreno do futuro

aterro sanitário é uma continuação do aterro controlado.

4.1.9.3 Quantidade diária dos resíduos

A quantidade diária de resíduos para 24 dos sujeitos é variada e três

responderam que é sempre a mesma. Dentre esses últimos, um justificou sua

resposta dizendo: “No meu setor é a mesma quantidade.” (E18). E outro disse: “É

mais ou menos o mesmo tanto.” (E21) Entre os coletores que referiram que a

59

quantidade diária varia, justificaram suas respostas conforme a seguinte descrição:

seis disseram que na segunda-feira a quantidade é maior: “Na segunda-feira damos

duas viagens.” (E26); cinco afirmaram que na segunda e terça-feira a freqüência é

maior; quatro coletores citaram que na segunda, quarta e sexta-feira a freqüência é

maior; três entrevistados referiram que em alguns dias a freqüência é maior, mas

esse dia não é bem definido como disse o E26 “Alguns dias tem mais lixo, mas não

tem dia certo.”; dois disseram que na segunda, terça e sexta-feira a freqüência é

maior; um entrevistado afirmou que na terça-feira, quinta-feira e sábado a freqüência

é maior; um entrevistado citou a segunda e quinta-feira como sendo dias em que a

concentração de resíduos é maior; um entrevistado citou a segunda e a sexta-feira e

outro referiu que na terça a concentração de resíduos é maior que nos outros dias

da semana.

4.1.9.4 Existência de tratamento prévio dos resíduos

Ao serem questionados sobre a existência de tratamento prévio dos

resíduos, 25 entrevistados responderam que há um compactador de volume; os

outros dois afirmaram que os resíduos são simplesmente transferidos para o

caminhão. Apesar de explicação feita sobre o item em questão, percebe-se que

esses últimos coletores não entenderam o questionamento que lhe foi feito, pois os

veículos utilizados, de acordo com a observação da pesquisadora, são do tipo

compactador.

4.1.9.5 Aterramento dos resíduos

Com relação aos procedimentos realizados no aterro, 21 coletores

afirmaram que os resíduos são cobertos freqüentemente, enquanto que seis

disseram que os resíduos nem sempre são cobertos. Dos que afirmaram que os

resíduos são sempre cobertos, quatro complementaram suas respostas dizendo que

são cobertos assim que chegam ao depósito; 12 justificaram dizendo que são

cobertos diariamente. Um entrevistado (E1), porém ao dizer que os resíduos são

60

cobertos diariamente, afirmou que em época de chuva a cobertura não é diária;

cinco coletores complementaram sua resposta dizendo que os resíduos nunca ficam

descobertos, mas um (E20) disse: “Sempre tampa, quando fica muito é de um dia

para o outro.” Já os coletores que responderam que os resíduos não estão sempre

cobertos, relatam que às vezes existe certa demora para cobri-los como é o caso do

Entrevistado E16 ao afirmar: “Às vezes demora uns dias para tampar.

4.1.9.6 Presença de animais no depósito de resíduos

No depósito de resíduos, conforme todos os entrevistados, é possível

encontrar urubus em abundância; 22 citaram cachorros; 15 citaram gavião, gambá,

vaca morta, carcará, moscas, gato, porco, seriema e vaca viva; 13 entrevistados

referiram-se a ratos; e 13 referiram-se à presença de baratas (Figura 8).

0

5

10

15

20

25

30

Urubus Cachorros Outros Ratos Baratas

Animais presentes no depósito

mer

o d

e co

leto

res

Figura 8 - Distribuição de animais presentes no depósito de resíduos referidos pelos

coletores de Patos de Minas/MG em 2007.

4.1.10 Riscos e acidentes de trabalho

4.1.10.1 Riscos a que se encontram expostos no trabalho

Sobre o risco no trabalho, 26 sujeitos afirmam que correm algum tipo de

risco e apenas um (E25) relatou que não acredita que corre risco dizendo: “Sou

cuidadoso...“

61

Os riscos citados pelos coletores encontram-se na Figura 9.

0 5 10 15 20 25

Quebrar pernas

Cair na rua

Encostar e derrubar alguém

Torção de de pé

Contaminação e doenças

Mordedura de animais

Acidente com veículo coletor

Cortes e perfurações

Acidentes de trânsitoR

isco

s a

qu

e es

tão

exp

ost

os

os

cole

tore

s

Número de coletores

Figura 9 - Distribuição de riscos a que estão expostos no exercício da ocupação,

referidos pelos coletores de resíduos de Patos de Minas/MG em 2007.

Dentre os entrevistados, o risco mais citado, por coletores, foi o de acidente

de trânsito, incluindo atropelamentos e colisão; seguido por corte e perfuração com

materiais presentes entre os resíduos tais como agulhas e cacos de vidro; risco de

acidente com o próprio veículo coletor como ferimento ou queda; riscos relacionados

à possibilidade de contaminação e aquisição de doenças; mordedura de animais,

principalmente por cachorro; a torção de pé; possibilidade de quebrar as pernas;

risco de pisar em buracos e cair na rua machucar-se e risco de encostar e derrubar

alguém.

4.1.10.2 Tipos de acidentes ocorridos com os coletores e partes do corpo afetadas

por acidentes

Ao serem questionados sobre acidentes de trabalho, durante o

manuseio dos resíduos afirmaram já ter tido algum tipo de acidente e apenas um

coletor (E15) respondeu não ter sofrido acidente.

62

Com relação à modalidade de acidentes sofridos pelos coletores temos

a descrição no Quadro 1.

Tipo de acidente sofrido pelos coletores durante o manuseio dos resíduos

Número de

respostas5

Cortes e perfurações 6 60 Acidentes relacionados ao veículo coletor 14 Entrada de corpo estranho nos olhos 11 Mordida de animais e picaduras de insetos 8 Outros 5 Trânsito 2 Total de acidentes referidos7 100

Quadro 1 - Tipos de acidentes sofridos durante o manuseio dos resíduos referidos pelos coletores de Patos de Minas/MG em 2007.

Cortes e perfurações incluem vidro, espinho, espetos, agulhas de

seringas, pregos sendo o mais freqüente dentre eles corte com vidros seguido da

perfuração com espinhos. Acidentes com o veículo coletor incluem queda, colisão

com outro veículo, ferimentos e com relação à entrada de corpo estranho nos olhos,

as respostas foram poeira, cisco e cacos de vidro. Ao referirem a mordida de

animais, quatro sujeitos citaram cachorros como sendo os responsáveis pelas

mordidas e ao se referir a picadas de insetos, cinco coletores citaram formigas e

maribondos.

Entre os cinco trabalhadores que escolheram a opção outros, foram

citados acidentes como colisão com muro (E14); torção de pé referido por um coletor

(E17) que afirmou que tal acidente tinha ocorrido por quatro vezes; outro referiu ter

sido atingido por uma fralda no rosto (E8) e, ainda, que o veículo coletor ‘raspou’ no

5 No quadro 02 deve-se entender que o número de respostas apresentadas representa a ocorrência de cada tipo de acidente sofrido sem considerar-se a quantidade de vezes que cada acidente ocorreu segundo referido pelos coletores. 6 O número de respostas contidas no item cortes e perfurações excede a quantidade de coletores por incluir acidentes com vidros, agulhas, espinhos, pregos e espetos sendo cada um deles contados separadamente. 7 O total de acidentes é maior que a quantidade de coletores pois eles se referiram a mais de um tipo de acidente.

63

poste (E19). Um outro (20), comentou que ao recolher os resíduos pegou em uma

cobra viva.

Com relação ao trânsito, um único coletor citou atropelamento (E16) e

afirmou ter sido atropelado por uma moto durante o trabalho, dois dias antes de

responder à entrevista.

Pode-se fazer uma observação referindo os riscos a que os coletores se

consideram expostos e os acidentes por ele sofridos, conforme descrição do quadro

a seguir (Quadro 2).

Entrevistado Riscos a que estão expostos Acidentes sofridos

E1 Cortes e perfurações; contaminação e aquisição de doenças

Cortes e perfurações

E2 Acidente de trânsito; cortes e perfurações Cortes e perfurações; acidentes relacionados ao veículo coletor; entrada de corpo estranho nos olhos

E3 Cortes e perfurações; mordedura de animais Cortes e perfurações

E4 Acidente de trânsito; acidente com veículo coletor Cortes e perfurações; acidentes relacionados ao veículo coletor, picadura de insetos

E5 Acidente de trânsito; cortes e perfurações Cortes e perfurações; mordedura de animais

E6 Acidente de trânsito; cortes e perfurações Cortes e perfurações; acidentes relacionados ao veículo coletor; entrada de corpo estranho nos olhos; picaduras de insetos

E7 Cortes e perfurações; mordedura de animais; torçao de pé

Cortes e perfurações; entrada de corpos estranhos nos olhos

E8 Acidente de trânsito; cortes e perfurações Cortes e perfurações; acidentes relacionados ao veículo coletor; entrada de corpo estranho nos olhos; mordida de animais; outros (fralda no rosto)

E9 Acidente de trânsito; cortes e perfurações; acidente com veículo coletor

Cortes e perfurações; acidentes relacionados ao veículo coletor

E10 Acidente de trânsito; derrubar outra pessoa Cortes e perfurações; acidentes relacionados ao veículo coletor;

E11 e E12 Acidente de trânsito, cortes e perfurações Cortes e perfurações com vidros; acidentes relacionados ao veículo coletor

E13 Acidente de trânsito, torção do pé Cortes e perfurações; acidentes relacionados ao veículo coletor

E14 Acidente de trânsito, Cortes e perfurações; contaminação e aquisição de doenças

Cortes e perfurações; acidentes relacionados ao veículo coletor; entrada de corpo estranho nos olhos; outros (colisão em muro)

E15 Acidente de trânsito; cortes e perfurações Não se referiu a nenhum acidente.

E16 Acidente de trânsito Cortes e perfurações; acidente de trânsito

64

Continuação

Entrevistado

Riscos a que estão expostos

Acidentes sofridos

E17 Acidente de trânsito; acidente com veículo coletor Cortes e perfurações; entrada de corpo estranho nos olhos; outros (torção de pé)

E18 Acidente de trânsito; cortes e perfurações; contaminação e aquisição de doenças Continua

Cortes e perfurações, entrada de corpos estranhos nos olhos; picadura de insetos

E19 Acidentes com veículo coletor; cortes e perfurações Cortes e perfurações; outros (veículo raspou no poste)

E20 Acidente de trânsito; cortes e perfurações

Cortes e perfurações; acidentes relacionados ao veículo coletor; entrada de corpo estranho nos olhos; mordedura de animais e picadura de insetos; outros (pegou uma cobra junto aos resíduos)

E21 Acidente de trânsito; cortes e perfurações; acidente com veículo coletor; contaminação e aquisição de doenças; quebra de membro

Cortes e perfurações e entrada de corpo estranho nos olhos

E22 Acidente de trânsito; cortes e perfurações Cortes e perfurações; entrada de corpos estranhos nos olhos; mordedura de animais

E23 Acidente de trânsito; cortes e perfurações Cortes e perfurações; acidentes relacionados ao veículo coletor

E24 Acidente de trânsito; acidente com veículo coletor Cortes e perfurações; entrada de corpo estranho nos olhos

E25 Não se referiu a nenhum risco. Cortes e perfurações; acidentes relacionados ao veículo coletor

E26 Cortes e perfurações Cortes e perfurações; acidentes relacionados ao veículo coletor

E27 torção, cair na rua Cortes e perfurações; acidente de trânsito

Quadro 2 - Tipos de riscos referidos e acidentes sofridos pelos coletores de resíduos

de Patos de Minas/MG em 2007.

Muitos coletores referiram-se aos riscos mas, por vezes, deixam de citar

entre eles alguns dos acidentes sofridos.

As partes do corpo afetadas pelos acidentes referidas pelos coletores

podem ser observadas na Tabela 07.

65

A maior incidência de acidentes atingiu os membros superiores,

seguido dos membros inferiores, tronco e cabeça. Destaca-se a prevalência de

cortes e perfurações nos membros superiores e acidentes relacionados ao veículo

condutor nos membros inferiores.

4.1.10.3 Conseqüências dos acidentes sofridos pelos coletores

Ao serem questionados sobre as conseqüências dos acidentes, 25

coletores afirmaram ter tido ferimentos leves, 14 referiram dor muscular, dois

ferimentos graves, um apresentou contusão lombar e um afirmou ter sentido

câimbra. Um dos que afirmou ter ferimento grave (E20) citou que ao cair do veículo

transportador feriu seu ombro, tendo inclusive que se afastar do trabalho por 15 dias;

o outro que citou ferimento grave (E27), explicou que seu corte com vidro foi

profundo atingindo vaso sangüíneo do pé.

4.1.10.4 Causas de acidentes no trabalho de coleta de resíduos

As causas mais comuns de acidentes no trabalho da coleta referidas

pelos trabalhadores apresentam-se distribuídas no Quadro 3.

8 O total de acidentes apresentados na Tabela 07 é maior que a quantidade de coletores pois eles se referiram a mais de uma das respostas apresentadas no corpo da tabela.

Tabela 07 - Partes do corpo atingidas nos acidentes de trabalho referidas pelos coletores de Patos de Minas/MG em 2007.

Tipo de acidente sofrido

Parte do corpo atingida Membros Superiores

Membros Inferiores

Tronco e cabeça

Total

Cortes e perfurações 47 13 0 60 Acidentes relacionados com o veículo coletor

4 8 2 14

Entrada de corpo estranho nos olhos

0 0 11 11

Mordida de animais e picaduras de insetos

4 3 1 8

Outros 1 3 1 5 Trânsito 1 1 0 2 Total8 57 28 15 100

66

Quadro 3 - As causas mais comuns de acidentes no trabalho da coleta referidas

pelos coletores de resíduos de Patos de Minas/MG em 2007.

Dentre os entrevistados que referiram outras causas encontram-se

imprudência dos motoristas, motociclistas no trânsito, forma dos coletores saltarem

do caminhão, peso excessivo e lixo descoberto no aterro, citada pelo Entrevistado B,

e a falta de atenção dos motoqueiros citada pelo Entrevistado E16 que havia sofrido

um atropelamento há dois dias.

4.1.10.5 Afastamento em caso de acidente

Quando perguntados sobre a necessidade de afastamento em caso de

acidente, 23 afirmaram que nunca se afastaram e quatro relataram que sim. Dentre

os trabalhadores que afirmaram ter se afastado do trabalho, dois deles (E9 e E24)

referiram cinco dias, um (E17) afirmou oito dias e outro (E20) 15 dias. Os quatro

trabalhadores que apresentaram afastamentos tiveram corte com vidro e nenhum

9 O número de respostas excede o valor do n pois cada coletor referiu-se a mais de uma causa para os acidentes de trabalho.

Causas de acidentes

Número de

respostas9

Falta de consciência da população ao separar os resíduos 26

Falta de atenção dos coletores 24

Embalagens inadequadas para os resíduos 23

Ingestão de bebida alcoólica antes do trabalho 23

Pressa excessiva dos coletores durante a realização das tarefas 22

Falta de experiência 22

Esforço excessivo durante a realização das tarefas 20

Falta de atenção dos motoristas no trânsito 19

Excesso de velocidade do veículo coletor durante o trabalho 17

Falta de melhorias no aterro 14

Uso de material inadequado 13

Falta de local adequado para que os coletores fiquem durante a coleta 10

Outras 9

67

deles teve desconto em seu salário, porém o Entrevistado E9 afirmou ter perdido a

cesta básica do mês.

Em caso de acidente, os 27 coletores afirmaram que foram

encaminhados para o atendimento público, um deles (Entrevistado U) comentou que

primeiros socorros, tais como um curativo, são realizados pelos próprios

empregados.

4.1.11 Aspectos relacionados às condições de saúde dos coletores

4.1.11.1 Estado e significado de saúde para os coletores

Todos os entrevistados consideram seu estado de saúde satisfatório.

Questionados sobre o significado de saúde para eles, obteve-se as respostas

contidas no Quadro 4.

Quadro 4- Significado de saúde para os coletores de resíduos de Patos de

Minas/MG em 2007.

Significado de saúde para os coletores Número de respostas

Bem estar físico, mental e social 5 Boa alimentação 5 Bem estar físico, mental e social, bom salário e boa alimentação 3 Ausência de doenças, bem-estar físico, mental e social, boa alimentação 2 Bem-estar social 1 Ausência de doença 1 Bem-estar físico 1 Ausência de doença e boa alimentação 1 Bem-estar físico e bem-estar mental 1 Bem estar físico, mental e social e boa alimentação 1 Bem-estar físico, bom salário e boa alimentação 1 Ausência de doença, bem-estar físico e boa alimentação 1 Ausência de doenças, bom salário, bem-estar social e boa alimentação 1 Ausência de doença, bem-estar físico, bem-estar mental e boa alimentação 1 Ausência de doenças, bem estar-físico, mental e social, bom salário e boa alimentação

1

Ausência de doenças, bem-estar físico, bom salário, bem-estar mental, boa alimentação e bem-estar social

1

68

4.1.11.2 Imunizações e assistência médica

Com relação à prevenção de doenças, os 27 entrevistados

responderam que foram vacinados contra a hepatite, sarampo, tétano e febre

amarela e cinco deles afirmaram que foram imunizados também contra raiva e gripe.

Os 27 coletores afirmaram que a empresa não apenas tem conhecimento dessas

imunizações como também exige que sejam realizadas.

Com relação a plano de saúde, 26 deles afirmaram que a empresa não

oferece esse benefício, porém, o entrevistado G disse que a empresa oferece

assistência médica periódica, explicando que são realizados exames periódicos

como audiometria, por exemplo.

Dos coletores que afirmaram que não existe assistência médica para

os funcionários oferecida pela empresa, um disse: “Não tem assistência, mas existe

kit de primeiros socorros no caminhão.” (E5).

4.1.11.3 Doenças apresentadas após iniciarem na ocupação e suas possíveis

causas percebidas pelos coletores

Questionados sobre doenças que possivelmente passaram a

apresentar após iniciar nessa ocupação, entre os 27 coletores, 18 afirmaram que

não adquiriram doença. As doenças apresentadas pelos nove restantes10 encontram

se distribuídas no quadro a seguir.

Doenças apresentadas pelas coletores Número de

respostas

Doenças do trato respiratório 1

Micose 3

Gripe 7

Gota 1

Doença relacionada à coluna vertebral 1

Perfuração no tímpano 1

Total 14

Quadro 5 - Doenças apresentadas após iniciarem na ocupação referidas pelos

coletores de resíduos de Patos de Minas/MG em 2007.

10 Alguns trabalhadores informaram ter apresentado mais de uma doença.

69

O coletor que se referiu a gota (E11), afirmou estar ainda doente e

sentir muita dor nas articulações ao ter que correr; ele aguarda cirurgia, pois também

apresenta perfuração no tímpano. Disse ainda ter descoberto essa doença a

aproximadamente três meses da data da entrevista, pois apresentava dores nas

articulações dos pés. Tem conhecimento de que a doença tem causas relacionadas

ao tipo de alimentação e relatou ainda que, se não melhorar, não irá suportar

continuar nessa profissão, pois “tem que correr muito” Contou ainda que desde

criança, apresenta perfuração no tímpano.

Os que apresentaram micose relacionaram seu diagnóstico às

condições de trabalho, mas informaram não conhecer outras pessoas que trabalham

na mesma profissão que apresentam ou apresentaram a mesma doença. Os que

citaram gripe relacionaram seu diagnóstico a causas desconhecidas, às mudanças

de temperatura, e ao o excesso de poeira do aterro, sendo que um deles (E13)

afirmou ter ficado afastado do trabalho devido a gripe por 4 dias, sem desconto em

seu salário.

O coletor que se referiu a problema na coluna vertebral, (E20),

comentou ainda que ficou cinco dias afastado do trabalho e possivelmente esse

agravo tem diagnóstico relacionado às condições de trabalho.

4.1.11.4 Sinais e sintomas apresentados pelos coletores e percepção dos fatores

possivelmente a eles associados

A respeito da existência de sinais e sintomas de doenças apresentados

pelos coletores, o resultado que pode ser visualizado no quadro a seguir11, onde a

opção outras referidas pelos coletores abrange os seguintes sinais e sintomas:

coceira na pele, tontura e irritação no nariz e queimação estomacal.

11 O número de respostas não coincide com o n da pesquisa pois houve mais de uma resposta por coletor.

70

Quadro 6- Sinais e sintomas referidos pelos coletores de resíduos de Patos de

Minas/MG em 2007.

Quando questionados sobre as possíveis causas de sinais e sintomas

percebidas pelos coletores obteve-se os fatores associados presentes no quadro a

seguir (Quadro 7).

Causas mais comuns de sinais, sintomas e doenças

percebidas pelos coletores

Número de

respostas

Cheiro dos resíduos 25

Excesso de ruído 24

Excesso de peso carregado 24

Presença de substâncias tóxicas 24

Esforço físico excessivo 24

Falta de separação dos resíduos comuns e especiais 23

Alimentação inadequada 23

Ingestão de bebida alcoólica antes do trabalho 22

Sinais e sintomas

apresentados pelos coletores

Número de

respostas

Desconforto com a poeira 25

Dores no corpo 20

Estresse 19

Desvio ou dores na coluna 16

Dor de cabeça 15

Tensão nervosa 15

Mal-estar 14

Náuseas 8

Taquicardia 4

Dermatite 3

Intoxicação 3

Outros 3

Perda parcial da audição 3

Pressão arterial elevada 2

Perda momentânea da visão 1

71

Quadro 7 - Percepção dos fatores associados aos sinais e sintomas referidos pelos

coletores de resíduos de Patos de Minas/MG em 2007.

4.1.12 Relacionamento dos coletores entre si e com a empresa

Um outro questionamento feito aos trabalhadores referiu-se ao

relacionamento com os colegas de trabalho, sendo que 26 deles afirmaram que o é

satisfatório e apenas um afirmou que o relacionamento é regular (mais ou menos)

justificando sua resposta com a seguinte fala: “Tem uns que conversam mais, outros

menos.” (E4). Dentre os que afirmam que o relacionamento entre eles é bom,

existem várias justificativas, dentre as quais destacam-se: “Amizade total, graças a

Deus, o coleguismo é 100%. Não tenho nada a reclamar.” (E9); “Tudo legal, não

tenho reclamação nenhuma. Aqui mexeu com um, mexeu com todo mundo.” (E15);

“E uma amizade, minha segunda casa, todo mundo é amigo.” (E26). É destacada

também o a aceitação das diferenças individuais: “O relacionamento é legal, todo

mundo dá certo com todo mundo mesmo tendo uns aborrecidos.” Destaca-se

também entre as justificativas o nível de descontração e as brincadeiras (E5, E13 e

E25), levando-se a perceber que o relacionamento entre os coletores é realmente

bom, como nos afirma o E19 ao dizer que a convivência é tranqüila.

Os entrevistados também foram questionados sobre o relacionamento

empresa-empregado e os 27 coletores responderam que tal relacionamento é

satisfatório, justificando não terem reclamação a fazer como é o caso dos

Entrevistados E1, e14 e E25. Outros, em sua justificativa, afirmaram não ter

problema com os patrões como nos dizem os Entrevistados E4, E6, E18 e E19.

Alguns entrevistados referem que os patrões os ajudam naquilo que

precisam, caso esteja ao seu alcance; como é o caso do Entrevistado E3 que

justifica que o relacionamento empresa-empregado é bom “Porque o patrão é amigo

de todo mundo e tudo o que a gente precisa ele ajuda”. Os entrevistados E8 e E9

referem-se também ao diálogo e ao respeito respectivamente.

Ar carregado de partículas 22

Cansaço 21

Pressa durante o trabalho 21

Falta de uso dos EPIs 41

Falta de condições adequadas do aterro 17

Falta de horário para descanso durante o trabalho 6

72

4.1.13 Significado dos resíduos para os coletores

Ao serem perguntados sobre o que os resíduos representam para os coletores,

obteve-se as respostas descritas no Quadro 8.

Significado dos resíduos

Número

de

respostas

Prejuízos para o ambiente 10

Fonte de renda 3

Salário recebido 2

Restos da sociedade 2

Prejuízos para o ambiente e fonte de renda 2

Salário recebido e outros 2

Fonte de renda e restos da sociedade 1

Salário recebido e restos da sociedade 1

Prejuízos para o ambiente e restos da sociedade 1

Fonte de renda, salário recebido, restos da sociedade 1

Prejuízo para o ambiente, fonte de renda e restos da sociedade 1

Prejuízo para o ambiente, fonte de renda, salário recebido e restos

da sociedade

1

Total 27

Quadro 8 - Significado dos resíduos para os coletores de resíduos de

Patos de Minas/MG em 2007.

O item que foi citado por mais coletores é o que diz que os resíduos

representam prejuízos para o ambiente, referido por 15 coletores, seguido do item

fonte de renda que foi citado por nove coletores. Com igual quantidade de referência

entre os coletores estão os itens salário recebido e os restos da sociedade sendo

citados por sete coletores. O item de menos representatividade foi o item outros

descrito afirmando-se que os resíduos representam a necessidade de limpeza da

cidade.

4.1.14 Incômodos durante a realização do trabalho

Questionados sobre as coisas que mais os incomodam durante o

73

trabalho, os coletores apresentaram as respostas contidas no quadro a seguir.12

Coisas que mais incomodam os coletores durante o trabalho

Número de respostas

Poeira 26 clima seco 23 radiação solar 22 Odor 19 discriminação devido ao seu trabalho 19 ficar sujo durante o trabalho 15 frio, chuva, vento 10 ruídos produzidos pelos equipamentos 9 Umidade 5 falta de condições adequadas de trabalho 4 outros: falta de máscara 1

Quadro 9 - Incômodos mais freqüentes durante o trabalho referidos pelos coletores

de resíduos de Patos de Minas/MG em 2007.

4.1.15 Maiores problemas enfrentados na realização do trabalho dos coletores

Questionados sobre o maior problema existente na realização do

trabalho dos coletores de resíduos as repostas encontram-se abaixo descritas:

- nove coletores referiram-se à forma de tratamento que recebem da população,

sendo que aparecem, em seus relatos, os apelidos, a discriminação, a cobrança

excessiva através de reclamações, a falta de consciência dos motoristas no trânsito

e a falta de respeito a essa forma de trabalho. Um exemplo é dado com a fala do

entrevistado E3, ao dizer que o maior problema enfrentado é a: “Falta de respeito da

sociedade, abusam do meu trabalho.”

- oito coletores afirmaram que a forma de separação dos resíduos e o tipo de

acondicionamento atrapalham de forma considerável o seu trabalho, citando que a

presença de materiais como pedras, terra e pérfuro-cortantes junto aos resíduos

domésticos pode prejudicá-los.

12 No Quadro 9 foi citado mais de um incômodo por trabalhador.

74

- Um grupo formado por oito coletores citou como maior problema os referentes às

condições próprias dessa modalidade de trabalho, sendo que dois deles

referiram ao cheiro dos resíduos; um coletor refere-se ao trânsito e outro (E25)

refere-se a chuva, afirmando que além de trabalhar com roupas molhadas, os

resíduos ficam úmidos e o trabalho não pode ser interrompido. O trânsito, a poeira e

o odor foi citado por um coletor e a exposição a chuva, calor e risco de cortes foram

os maiores problemas citados por um coletor em seu relato: “O pior é trabalhar

debaixo de chuva, calor e cortar com caco de vidro, pois o povo não separa.”

(Entrevistado P). Ter correr atrás do caminhão durante a realização das tarefas é o

maior problema sob a visão de um coletor. Para outro coletor, o maior problema é a

dificuldade de acesso ao depósito de resíduos em época de chuva.

Para dois coletores não há grandes problemas na realização de seu

trabalho.

4.1.16 Atendimento de normas para o funcionamento do depósito de resíduos

Perguntados se o depósito de resíduos obedece às normas exigidas

pelos órgãos ambientais, sete dos coletores, referiram afirmativamente. Os

entrevistados justificaram essa obediência, pois não há mais catadores entrando no

depósito, não atrapalhando o trabalho, nem expostos a doenças. O Entrevistado E10

justificou sua opinião também pelo fato dos resíduos estarem sendo cobertos ao

chegarem no depósito. O Entrevistado E22 disse que atualmente existe balança no

depósito e os resíduos de serviços de saúde ficam em valas separados dos

domésticos .“Obedece, em geral está na norma, melhor que muitos.” (E18). Um

deles (E4)) ainda ressalta que essa obediência é algo novo quando afirma: “Agora

está tudo arrumadinho.”

Para dois coletores, o depósito não obedece às exigências dos órgãos

ambientais, outros dois disseram não saber, sendo que um deles comentou que as

exigências devem ser criteriosas para que o depósito seja realmente adequado

(E13).

Os demais coletores apresentaram dúvidas em relação à obediência

das normas legais, sendo que um deles (27) não afirmou que o aterro “Tá mais ou

menos adequado pois não entra mais um mundo veio de gente lá nem pega mais

resto de comida.” . Dentre os quatro coletores que disseram que acham que o

75

depósito não obedece às normas, um deles (E20) afirmou acreditar que ainda faltam

muitas providências a serem tomadas para atender às exigências legais. Dentre os

11 que responderam que o aterro obedece às normas, um (E23) demonstra

desconhecimento de tais normas ao afirmar: “O lixo está sempre coberto, eu acho

que obedece, mas não conheço as leis.”

4.1.17 Modificações que poderiam ser feitas no depósito de resíduos

Quanto às modificações que poderiam ser feitas no depósito de

resíduos, as respostas são apresentadas no quadro 10.

Modificações a serem realizadas no aterro

Número

de

respostas

Melhoria no acesso ao aterro 4

Melhoria na estrutura física do aterro 11

Melhoria no gerenciamento das atividades 2

Sem sugestão de melhoria 10

Total 27

Quadro 10 - Modificações a serem realizadas no depósitos de resíduos sugeridas

pelos coletores de resíduos de Patos de Minas/MG em 2007.

Os coletores do primeiro grupo referido no quadro 11 citaram

pavimentação e energia elétrica e justificaram suas respostas afirmando que os

veículos ficam atolados no caminho e é difícil transportar descarregar os resíduos no

escuro (E22); o segundo grupo de coletores afirma é necessário o asfaltamento ou

encascalhamento na entrada do aterro (E18 e E22), tornar o terreno plano (E26),

diminuição da poeira (E2), iluminação interna, pois o local da descarga é longe e

escuro (E17 e E27), pode ter cobra, escorpião (E16) sendo que os coletores que

citaram a iluminação trabalham no 2º turno e provavelmente diferem em suas

sugestões por esse motivo.

O terceiro grupo cita a criação de processo de separação de resíduos

no próprio aterro para possibilitar a reciclagem dos materiais (E5); e cita os prejuízos

76

da destinação dos RSS para o aterro: “Acho que não deveria ter lixo hospitalar lá no

aterro, deveria ser incinerado, pois colocar debaixo da terra polui a água.”(E1) No

último grupo parte dos coletores (sete) disseram que não existe nada a melhorar e a

outra parte (três) afirmaram que não tinham nenhuma sugestão no momento.

4.1.18 Mudanças gerais para a melhoria das condições de trabalho para evitar

acidentes

Quando questionados sobre mudanças gerais a serem realizadas para

melhorar as condições de trabalho e evitar acidentes, os coletores referiram as

mudanças referidas a seguir (Quadro 11):

Mudanças para melhorar condições de trabalho e evitar acidentes

Número

de

respostas

Conscientização da população 15

Respeito no trânsito pelos motoristas 2

Conscientização da população e respeito no trânsito pelos motoristas 2

Diminuição do preconceito e respeito a essa modalidade de trabalho 2

Conscientização da população e aumento na atenção dos coletores na

continuação

realização das atividades

1

Conscientização da população, respeito no trânsito e menor velocidade

do veículo coletor

1

Aumento do número de coletores por guarnição e utilização de

máscara

1

Aumento na atenção dos coletores na realização das atividades 1

Nenhuma sugestão 2

Total 27

Quadro 11 - Mudanças para melhorar condições de trabalho e evitar acidentes

referidas pelos coletores de resíduos de Patos de Minas/MG em 2007.

77

O primeiro grupo citou acondicionamento, segregação; sugerindo a

identificação dos resíduos colocados para coleta, para evitar acidentes; a obediência

aos horários previstos para a coleta.

O segundo grupo falou da atenção, velocidade e respeito dos

motoristas e o E19 sugeriu que os garis tivessem a preferência no trânsito: “Gari ter

a preferência no trânsito, assim como ambulância, por exemplo, para evitar

acidentes.”

No último grupo um dos coletores (E1), que é o coletor dos RSS afirma

que “Não há necessidade de melhoria, hoje melhorou quase 100%, o lixo é

separado e identificado.”

4.1.19 Mudanças gerais para a melhoria das condições de trabalho para evitar

doenças

Questionados sobre mudanças gerais a serem realizadas para evitar

as doenças, os coletores sugeriram o que se encontra apresentado no quadro a

seguir (Quadro 12):

Mudanças para melhorar condições de trabalho e evitar

doenças

Número de

respostas

Segregação e acondicionamento dos resíduos pela população 9

Mudanças a serem adotadas pela empresa 6

Atitudes dos coletores durante o trabalho 3

Nenhuma sugestão de mudanças 9

Total 27

Quadro 12 - Mudanças para melhorar condições de trabalho e evitar doenças,

referidas pelos coletores de resíduos de Patos de Minas/MG em 2007.

78

O primeiro grupo de coletores fez referência à separação e

embalagens adequadas para perfurocortantes e materiais tóxicos (venenos e

medicamentos) e peso excessivo “O lixo deve ser arrumadinho bem amarrado,

colocar menos peso no saco, inclusive varrição.”(E21).

O segundo grupo de coletores fez referências a necessidade de se ter

um plano de saúde, utilizar máscara para evitar contato com odores dos resíduos

(E19); o aumento do tamanho da luva ou a utilização de camisa de manga comprida,

utilização de produtos para melhor higienização após a realização das tarefas: “Ter

alguma coisa para desinfetar, sabão, para lavar as mãos.” (E20).

O terceiro grupo referiu-se a imunização, a ingestão de líquido (E15)

“Tomar líquido e só. Não precisa mudar mais nada, já tomei as injeção tudo.” Outro

afirmou que a solução e atitude a ser adotada pelos coletores é mudar de emprego:

“Já somos vacinados e evitar o contato com o lixo não tem jeito. Só se mudar de

emprego. ” (E23).

O quarto grupo nada sugeriu e complementou dizendo que já adota

medidas necessárias para evitar doenças e, portanto acreditam que não existe

necessidade de alterações: “Nenhuma sugestão, já evito doenças, uso luva e

máscara” (E1); “Nóis já usa os trem tudo certinho, luva, sapato... (E4 D)”; “Acho que

estamos usando os EPIs adequado, não tem perigo não. Usar coisa no ouvido

atrapalha e óculos também. (E17). Afirmaram também que não é possível evitar as

doenças: “É difícil não adoecer e vem quando não esperamos... é como a morte, é

pego de surpresa.” (E27).

4.1.20 Sugestões gerais para a melhoria das condições de trabalho e de saúde dos

coletores

4.1.20.1 Sugestões para a administração municipal

Quando questionados em relação às sugestões gerais para melhoria

de condições de trabalho e de saúde a serem adotadas pela Prefeitura Municipal, 10

coletores fizeram referência à necessidade de se realizar campanhas de

79

conscientização popular. Apareceram em suas citações que tais campanhas

poderiam abranger os meios de comunicação abordando segregação adequada dos

resíduos. O entrevistado E11 citou os riscos trazidos pelos resíduos em sua

afirmação: “Colocar anúncio no rádio e na TV para orientar a população sobre os

riscos que nós corremos e sobre os riscos para a natureza.”. É interessante ressaltar

que o coletor demonstra preocupação não só com suas condições de saúde, mas

também se refere aos cuidados com o meio ambiente relacionados à questão dos

resíduos. Dois dos citados coletores além de sugerir a conscientização da população

fazem referência à necessidade de asfaltar o acesso ao depósito de resíduos.

Um grupo de dez coletores sugeriu melhorias no acesso ao depósito de

resíduos, entre elas alargamento de pontes, irrigação da estrada na estação das

secas, asfaltamento do acesso e “Deixar a estrada em condição de uso” (E23). Um

dos entrevistados que trabalha no turno da tarde (E22), ressaltou que o estado atual

do acesso pode prolongar a jornada de trabalho dos coletores: “Asfaltar o caminho

para o aterro, para não atolar e não atrasar para ir para casa”

Diminuir a quantidade de entulho colocado nos sacos de resíduos

pelos varredores do município, foi uma sugestão dada por dois coletores, sendo que

um deles ressaltou a necessidade de se cobrir os buracos da estrada de acesso

para o aterro e outro afirmou que a Prefeitura deveria coletar galhos, espinhos e

animais para que os coletores não tenham que recolher esse tipo de material.

Um coletor sugeriu que a prefeitura continuasse aterrando os resíduos

e terminasse a construção da lagoa para tratamento do chorume (E21); outro

afirmou que a prefeitura deveria criar leis para que a população separe e

acondicione adequadamente os resíduos: “Fazer como em BH, colocar uma lei para

colocar o lixo no local, separando os vidros, e se não separar cobra multa, coloca lei,

melhora pra todo mundo” (E27). Plano de saúde e restaurante popular foi a sugestão

de um outro coletor. Somente um entrevistado não tinha sugestão para a melhoria

das condições de trabalho e de saúde.

4.1.20.2 Sugestões para a empresa coletora de resíduos

Quando questionados com relação suas sugestões para melhoria de

condições de trabalho e de saúde, a serem adotadas pela empresa

80

(SEMOP/LIMPEBRÁS), nove entrevistados referiram-se à necessidade de ter um

plano de saúde/convênio médico: “Acho que está tudo bem com a firma, mas se

tivesse um plano ajudaria” (E1). Um dos entrevistados citou os riscos inerentes ao

seu trabalho: “Ter um plano de saúde porque no serviço tem vários riscos, doença e

exposição solar” (E22); um outro comenta sobre a necessidade de atendimento, não

somente emergencial como o oferecido pelo hospital público a que são conduzidos

em caso de acidentes: “Ter um convênio, uma UNIMED, alguma coisa assim pois a

gente corre muito risco com acidente, pois o Regional é muito bom, mas só atende

na hora e se dé uma infecção?” (E21).

Dois coletores apresentaram outras sugestões, além plano de saúde,

um convênio com farmácias da cidade, contribuiria para a melhoria suas condições

de saúde e de trabalho.

Ter um médico à disposição dos trabalhadores foi a sua sugestão de

um coletor: “Ter tipo um médico pra gente, pra gente ter tranqüilidade para trabalhar”

(E7). Ter convênio com médico ou sindicato e oferecer um lanche para os coletores

junto ao café que é servido, tanto pela manhã quanto pela tarde antes de se

iniciarem as tarefas do dia foi a sugestão de outro coletor (E15). Outros três

referiram-se, especificamente, ao aumento de salário para melhoria das condições

de trabalho e de saúde a serem adotadas pela empresa, como demonstra a fala do

entrevistado E19: “Aumentar nosso salário, para mudar na saúde, cuidar dela, e até

melhorar na harmonia.”

Outros dois coletores sugeriram que a empresa deveria oferecer mais

palestras sobre segurança do trabalho; e um entrevistado afirmou que deveriam ser

providenciadas camisas de manga longa para evitar acidentes, tais como cortes e

queimaduras. Outro afirmou que deveria ser revisto e aumentada quantidade de

coletores por guarnição, para facilitar o trabalho.

Auxiliar a prefeitura na realização de campanhas de conscientização

popular é a sugestão de um coletor e cinco coletores não tinham sugestões a serem

feitas.

4.1.20.3 Sugestões para a população

Questionados em relação às suas sugestões para melhoria de

condições de trabalho e de saúde a serem adotadas pela população, nove coletores

81

afirmaram que a população deveria separar adequadamente os resíduos, pois na

opinião de um deles (E22), “a separação é uma forma do indivíduo mostrar-se como

verdadeiro cidadão. Dois coletores referiram-se a separação adequada,

acrescentando a necessidade de respeito aos coletores por parte das pessoas:

“Colocar o lixo separado, caco de vidro de um lado, sabe?... Ficar mais educado,

tratar a gente melhor... Tem gente que é TRISTE13 mesmo.” (E15). Dois outros

coletores se referiram além da separação, a necessidade de que a população

coloque os resíduos no horário devido, para ser coletado, sem atrasar o trabalho

diário. Além deles, um outro coletor sugeriu não só a separação dos materiais

perfurocortantes, como também que a população tivesse mais consciência no

trânsito.

A separação e a forma adequada de acondicionamento foi citada por

nove entrevistados. A fala de um deles (E18) foi “Separar melhor, embalar com

embalagens que não estraguem, furem. A sociedade deve colaborar um pouco mais

com a gente”. O acondicionamento é citado de forma específica por três coletores,

sendo que um deles afirma que a embalagem deve ser adequada inclusive para

agüentar o peso contribuindo para o manuseio adequado dos resíduos. (E20).

A melhoria na forma de tratamento aos coletores pela população é

citada por um coletor (E21) ao afirmar que a as pessoas devem: “Tratar nóis melho,

pois ês trata nóis muito mal, chama de lixeiro, cheiroso.”

4.1.20.4 Sugestões para os coletores

Quando solicitado sugestões para melhoria de condições de trabalho e

de saúde a serem adotadas pelos próprios coletores as opiniões se dividem

conforme descrição a seguir. Nenhuma sugestão foi dada por sete coletores, sendo

que um deles (E25) justificou a falta de sugestões através da afirmação: “Não tem

como mudar nada, pois já trabalhamos de forma certa.”

Outro grupo sugere alterações relativas ao relacionamento entre eles,

destacando a importância do trabalho coletivo aliado as demais condições de

13 Grifo nosso

82

trabalho. Quatro destacaram a importância do trabalho em unidade; um desses

coletores (E7) acrescentou: “Trabalhar com amizade e união para na trabalhar com

a cabeça quente e se machucar”. Um entrevistado E2 afirmou que além da forma de

tratamento aos colegas, é importante ser centrado nas suas tarefas: “Mudar o

comportamento, tratando melhor uns aos outros e evitar trazer problemas de casa

para o serviço”. Um outro coletor referiu que é importante conversar uns com os

outros sobre os cuidados a serem tomados durante o manuseio dos resíduos; outro

também se referiu à necessidade de receber orientação dos mais experientes e

acrescentou que se deveria correr menos durante a execução das tarefas. Um fez

referência à necessidade de realização de reuniões periódicas para discussão e

aquisição de novas informações.

A importância de momentos de lazer entre o grupo de trabalhadores e

adoção de atividade laboral foi citada por um coletor (E19): “Ter uma integração

entre os funcionários e momentos de lazer; futebol entre os colegas... Ter um

aquecimento antes do trabalho.”

Outro grupo (10) sugeriu a adoção de medidas relativas a forma de

trabalho e atitudes pessoais, sendo que seis trabalhadores afirmaram que é preciso

ter muita atenção e cuidado na realização do trabalho devido aos riscos por ele

oferecidos. A esse respeito, o E6 afirmou que: “Principalmente ter bastante atenção

naquilo que for fazer: jeito de pegar o lixo e descer do caminhão para não torcer o pé

e nem ser atropelado.” Outro (E9) sugeriu que se deve evitar ao máximo o contato

com o lixo, utilizando somente as mãos e com cuidado; outro sugeriu que se deve

andar de forma mais lenta durante a realização do trabalho; e outro (E20) disse

“Continuar prestando atenção e cuidar da higiene porque as coisas são sujas”.

Finalmente, um deles comentou que é necessário alimentar-se bem para agüentar o

trabalho.

Ajudar na separação dos resíduos enquanto cidadão e trabalhar

adequadamente cumprindo seu papel na sociedade foi a sugestão de um

entrevistado; outro afirmou que a solução seria mudar de emprego (E23).

83

4.2 VISÃO REFERIDA DO GERENTE DA EMPRESA RESPONSÁVEL PELA

COLETA

4.2.1 Identificação

O sujeito da pesquisa no segmento de gerência da empresa coletora

de resíduos no município de Patos de Minas (MG) é um indivíduo do sexo

masculino, com 47 anos de idade, casado, apresenta como nível de instrução 3º

grau completo sendo graduado em Economia e Administração. Possui um cargo

operacional na empresa e sua jornada de trabalho inicia-se geralmente às 6:00h

podendo se estender até 24:00h.

4.2.2 Dados relacionados às condições de trabalho e de saúde dos coletores

4.2.2.1 Critérios para contratação e treinamento dos coletores

De acordo com o entrevistado as contratações dos coletores de

resíduos são realizadas por indicação, existindo também análise de currículo, mas a

prioridade para tais contratações é a indicação dos próprios empregados.

A admissão ocorre após exames físico e laboratorial, sendo os

coletores imunizados contra as seguintes doenças: febre amarela, hepatite e tétano.

Antes de iniciar-se no trabalho, os coletores recebem orientações sobre o mesmo,

participando de treinamento realizado com Técnico de Segurança do Trabalho. No

período inicial na função, recebem o apoio dos trabalhadores que possuem maior

experiência e ao longo do exercício profissional participam de palestras que são

realizadas pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA).

Com relação ao tipo de assistência oferecida aos coletores pela

empresa, o gerente referiu-se às orientações sobre segurança do trabalho e aos

exames laboratoriais periódicos, afirmando que não existe assistência e ou convênio

medico para os empregados.

84

4.2.2.2 Salários, rotatividade na ocupação, jornada de trabalho, divisão de trabalho

em setores e em equipes

O valor pago aos coletores mensalmente é em média R$600,00, sendo

que parte desse valor refere-se a abono familiar, adicional relativo à insalubridade e

vale refeição. O entrevistado afirmou não existir gratificação por tempo de trabalho,

premiação por desempenho e vale transporte.

Afirmou que não existe rotatividade de trabalhadores justificando que o

salário para o exercício da profissão é bom. Com relação à faltas ao trabalho, disse

que raramente existem e as existentes são justificadas, e não acarretam desconto

em salário, afirmou que só possui registro de um afastamento por doença e um por

corte.

Quando questionado sobre a divisão do trabalho em setores para a

realização da coleta, o gerente disse que a mesma obedece aos critérios de

tamanho da área e quantidade de material a ser recolhido sendo realizada nos

bairros três vezes por semana e no centro da cidade todos os dias considerando

uma produção maior de resíduos nesse último. Alguns setores não apresentam

coleta diária devido aos critérios citados anteriormente sendo recolhidos nos

períodos manhã e tarde; no centro da cidade a coleta é realizada duas vezes ao dia

e nos outros setores uma vez ao dia.

A equipe de coletores composta por 27 trabalhadores, de acordo com o

gerente, é dividida em grupos (guarnições), sendo cada um deles responsável pela

coleta de setor específico. Em geral uma guarnição completa é composta por um

motorista e três coletores, em caso de áreas maiores é formada por quatro coletores,

sendo que do total de coletores um é responsável pela coleta dos Resíduos de

Serviços de Saúde (RSS) e os demais coletam resíduos comuns distribuídos nos

turnos manhã e tarde. Como já referido as guarnições recolhem os resíduos de

acordo com a divisão da cidade em setores pré-estabelecidos.

O horário de trabalho grupo que trabalha no período matutino é de 7h

as 11:h e de 12h as 15h20 horas e do grupo que trabalha no vespertino é de 16h as

21h e de 22h as 24h20 sendo que durante a jornada de trabalho existe um intervalo

de uma hora para almoço e durante o percurso de coleta, os trabalhadores podem

parar para descanso e satisfação de necessidade fisiológicas.

85

O entrevistado também forneceu os dados sobre tempo, peso e

velocidade média na realização do trabalho nos setores conforme descrição no

Anexo C, sendo a velocidade média na realização dos trabalhos de 7,5 Km/h num

tempo médio de 5,6 h.

4.2.2.3 EPIs, acidentes e doenças

Quando perguntado sobre os Equipamentos de Proteção Individual

(EPIs), o gerente afirmou que são oferecidas luvas e botas de acordo com a

demanda e que os coletores são fiscalizados pelos gerentes da obra e utilizam

adequadamente os referidos EPIs e utilizam também um uniforme de tecido comum.

Na opinião do entrevistado, a não utilização de tais equipamentos oferece riscos aos

coletores durante a realização de seu trabalho tais como cortes, perfurações e

acidentes no trânsito.

Quando investigado sobre os registros de acidentes, afirmou que são

notificados junto à Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). Os tipos de

acidentes mais comuns referidos foram os cortes e perfurações sendo considerada

como causa principal, o descuido da população. Em casos de acidente, os coletores

são encaminhados ao Hospital Regional, sendo que o entrevistado destaca que nos

casos de acidentes ocorridos, em geral, não existiu necessidade de afastamento,

referiu-se a ocorrência de afastamento em torno de cinco casos para cicatrização de

ferimentos.

Quando questionado sobre registro de doença dos empregados o

gerente afirmou que há registros apenas de gripe.

4.2.3 Condições de manuseio dos resíduos

4.2.3.1 Tipos de coleta, materiais recolhidos e forma de acondicionamento dos

resíduos

Quando investigado sobre a coleta, o gerente afirmou que existe coleta

particular no município realizada por empresas e outros, além da realizada pela

86

SEMOP/LIMPEBRÁS. Essa última é realizada no município de forma regular (não

seletiva) e estão incluídas as coleta de resíduos domiciliar, industrial, comercial, de

varredura, de feiras e de serviços de saúde. Disse que os resíduos comuns

apresentam seu volume reduzido através do sistema de compactação realizado

pelos veículos e os RSS são devidamente separados e embalados, mas não são

tratados antes de serem transferidos para o depósito onde são depositados em

valas específicas para esse tipo de material.

Questionado sobre os materiais recolhidos regularmente durante a

coleta o entrevistado assinalou plástico, madeira, papel, alimentos, vidro, borracha,

resíduos de varredura, restos de animais, fraldas descartáveis, lenços de papel,

curativos, agulhas e seringas descartáveis, papel higiênico, absorventes, resíduos

de serviços de saúde, camisinhas, pilhas, tintas, baterias, óleos e graxas, pesticidas

e herbicidas, latas e garrafas, afirmando que os coletores da empresa só não

recolhem entulho e pneus.

Com referência à forma de acondicionamento dos resíduos pela

população, o entrevistado respondeu que os resíduos são colocados em sacolas,

caixas de papelão, recipientes plásticos e de metal.

4.2.3.2 Veículos utilizados na coleta e quantidade de resíduos recolhidos

De acordo com o gerente, os nove veículos utilizados na coleta estão

em bom estado de conservação, sendo oito caminhões compactadores para a coleta

dos resíduos comuns e uma fiorino para a coleta dos RSS; a limpeza de tais

veículos é realizada semanalmente em um lava jato. A carga transportada em cada

veículo compactador, segundo o gerente é em torno de 8.000 Kg e o peso diário

total dos resíduos transportado para o aterro é em média 70.000 Kg. Afirmou que a

concentração da coleta de resíduos não é a mesma diariamente sendo que na

segunda-feira e terça-feira o volume de resíduos coletados é maior sendo justificado

pela falta de coleta no domingo o que aumenta a produção a ser recolhida nos dias

referidos.

87

4.2.3.3 Percurso para a coleta

Com relação ao percurso durante a coleta até o depósito de resíduos, o

gerente afirmou que as ruas são parcialmente pavimentadas, de fácil circulação,

apresentam tráfego de baixa intensidade e que a média de tempo gasta pelos

caminhões após a coleta nos setores até o destino final é de uma hora.

4.2.4 Depósito de resíduos

4.2.4.1Tipo de depósito, terreno e presença de animais

Com relação à estação de transbordo o gerente da empresa coletora

afirmou que é considerada um aterro controlado, sendo a topografia do depósito

bem acidentada. Afirmou que urubus, ratos, baratas, carcarás e esporadicamente

porcos podem ser encontrados no depósito.

4.2.4.2 Cobertura dos resíduos, eliminação de gases, coleta e tratamento do

chorume

Quanto à cobertura dos resíduos disse que em nem sempre são

cobertos, podendo demorar uma semana para que essa cobertura ocorra, pois as

áreas de depósito são imensas e em geral os resíduos são espalhados diariamente,

mas não cobertos.

Afirmou que os gases produzidos pelo depósito ainda não são tratados

e que a coleta e tratamento do chorume estão sendo providenciados.

88

4.2.5 Dados relativos à SEMOP/LIMPEBRAS

4.2.5.1 Início e tipo de atividades desenvolvidas pela empresa

De acordo com as declarações do entrevistado, a SEMOP e a

LIMPEBRÁS são empresas que trabalham juntas em sede única, com os mesmos

objetivos no município de Patos de Minas, que são a coleta de resíduos, a capina e

a varredura das ruas, desde 2 de agosto de 2004. Nos anos de 2002 a 2004, até a

data citada anteriormente não existia o consórcio entre as duas empresas e a

responsabilidade pela coleta de resíduos nesse período era somente da

LIMPEBRÁS.

O trabalho de coleta ao ser assumido pelas duas empresas foi iniciado

com tranqüilidade e quantidade de empregados suficiente para atender a demanda,

dividindo o trabalho em setores.

4.2.5.2 Gastos da empresa e vantagens da terceirização para o município

O gasto mensal médio estimado com folha de pagamento, encargos

sociais e despesas gerais da empresa são de R$ 200.000. A empresa é fiscalizada

pelo Departamento de Limpeza Municipal e recebe pelo trabalho realizado no

município valores calculados de acordo com o peso do material coletado tendo como

base de cálculo a tonelada para os resíduos comuns e o quilograma para os RSS.

Segundo o depoente da empresa a terceirização da coleta dos

resíduos no município não acarreta prejuízos, ao contrário apresenta várias

vantagens tais como melhoria na qualidade do serviço com veículos e materiais

adequados, melhor remuneração e assistência para os trabalhadores bem como

utilização adequada dos EPIs e ainda citou a inexistência de catadores no depósito.

89

4.2.5.3 Fatores de risco e sugestões para a melhoria das condições de trabalho e

saúde dos coletores

Na opinião do gerente da empresa, os coletores de resíduos estão

expostos a fatores de risco tais como acidentes com perfuro-cortantes,

atropelamento e queda de veículo. A população não segrega adequadamente os

materiais antes da destinação e por isso o acondicionamento dos resíduos foi

apontado como problema mais grave envolvido no gerenciamento de resíduos e não

há projetos municipais para minimizar tal problema.

Para diminuir os impactos relacionados à saúde dos coletores e da

população como um todo não existem projetos de conscientização da população,

mas a empresa SEMOP/LIMPEBRÁS tem proposta de busca de diálogo com o

município para que assumam a necessidade de estimular a melhoria das atitudes da

população municipal.

A gerência da empresa sugeriu para a melhoria das condições de

saúde e de trabalho de seus coletores que seja providenciada assistência médica

por conta da própria empresa e não simplesmente deve ocorrer exame periódico dos

trabalhadores. Sugeriu também que a administração finalize as etapas de

construção do aterro sanitário o que possibilitará a coleta de gás e tratamento do

chorume. E afirmou que por parte dos coletores é difícil que se faça mudança de

hábitos para melhoria de suas condições de saúde e trabalho.

4.3 VISÃO REFERIDA DO RESPONSÁVEL PELO GERENCIAMENTO NO SETOR

ADMINISTRATIVO

4.3.1 Identificação

O sujeito da pesquisa no segmento da administração é responsável

pelo gerenciamento dos resíduos sólidos no município de Patos de Minas (MG) é um

indivíduo do sexo masculino, e apresenta como nível de instrução Ensino Superior

90

completo em Engenharia Civil com especialização em Engenharia Sanitária. O

entrevistado é chefe do Setor de Infra-estrutura Urbana e Saneamento Ambiental

exercendo essa função há dois meses da data da entrevista, porém já trabalhava há

15 anos na Área de Saneamento Básico e Meio Ambiental realizando atividades

semelhantes as atuais. Afirmou ser neste momento o responsável pela gestão da

implantação do Aterro Sanitário.

4.3.2 Implantação e caracterização do depósito de resíduos

4.3.2.1 Trajetória histórica e exigências para operacionalização do depósito de

resíduos do município

O entrevistado comentou a trajetória do depósito de resíduos no

município de Patos de Minas comentando que de 1985 até 1999/2000 os resíduos

sólidos eram destinados a um lixão que posterior a essa data foi substituído por um

Aterro Controlado. Com relação à implantação e funcionamento do aterro controlado

afirmou que não é necessário licenciamento, mas o município fica obrigado a

cumprir as normas exigidas pelo artigo 2º da DN 52/2001 do COPAM (Anexo B).

Com relação ao Aterro Sanitário e seu licenciamento comentou que

para que o mesmo opere existem várias etapas a serem cumpridas, citando que

inicialmente foi realizada a escolha de uma área e formulado um projeto preliminar

para se obter a LP que só é obtida após a análise de impacto ambiental, posterior a

essa fase foi formulado um projeto executivo visando à obtenção da LI que concede

o direito de implantação do projeto. Falta ao município a obtenção da LO que será

requerida ao término das obras após as devidas vistorias para que efetivamente o

aterro do município seja considerado sanitário e opere como tal.

4.3.2.2 Localização, área, e estrutura física do depósito de resíduos

Segundo o entrevistado o aterro localiza-se a 6 km do centro da cidade

(adotando como ponto de referência à sede da Prefeitura Municipal) e a 3 Km do

91

final do perímetro urbano (adotando como referencial a Ponte que fica sobre o Rio

Paranaíba), afirmando que a área do Aterro Controlado fica a 500m do Córrego

Nogueira e a área de construção do Aterro Sanitário fica a 300m do referido córrego.

Disse ainda que a localização do aterro atende às exigências legais estabelecidas

pelos órgãos ambientais pois o mesmo já obteve sua LP concedida.

Afirmou que no terreno ocorrem rochas como calcários e ardósias e

que o aterro controlado possui uma área de 187.375 m2 e o sanitário 220.000 m2

totalizando uma área de 407.375 m2. (40, 7375 hectares).

Figura 10 - Área do depósito de resíduos do município de

Patos de Minas/MG em 2007.

O entrevistado declarou que a área é cercada por 11 fios de arame

farpado bem próximos um do outro numa altura de aproximadamente 2m, com

mourões de concreto a cada 2,5m. Além disso, existe uma cerca viva com sansão-

do-campo plantada de forma espaçada a cada 30 cm formando uma cortina vegetal

que contribui para a cercadura e isolamento do local.

Com relação à estrutura física geral do aterro afirmou existir uma sede

administrativa composta por um refeitório, almoxarifado, um escritório para o

encarregado de obras, vestiários masculino e feminino e uma sala para

administração.

92

4.3.3 Controle de entrada no depósito e quantidade de resíduos descarregados

Na entrada ao aterro existe uma portaria com vigilância 24h/dia, todos

os dias, sendo que tal serviço é terceirizado. Os veículos da SEMOP/LIMPEBRÁS

têm livre acesso ao aterro durante o dia e a noite; também existem veículos

particulares que são autorizados a depositarem resíduos no aterro no período de

7:00 às 16:00h. A referida autorização só é deferida após avaliação do tipo de

resíduos transportado.

O entrevistado referiu que o número de veículos que adentra

diariamente ao aterro é variável afirmando que tais dados poderiam ser obtidos de

forma mais correta pelos responsáveis do aterro, mas disse que da

SEMOP/LIMPEBRÁS seriam uma média de dez veículos/dia.

Os veículos são pesados em uma única área na entrada do aterro

antes e após a descarga para verificação do peso dos resíduos a serem

depositados. A média geral de resíduos é de 6.000kg por veículo com variações

dependendo do dia da semana e meses do ano. O entrevistado afirmou não saber

com precisão a quantidade total de resíduos depositados diariamente no aterro, pois

esse controle é feito no próprio depósito.

4.3.4 Aspectos relacionados aos trabalhadores do aterro

4.3.4.1 Exigências para a contratação, quantidade de trabalhadores no depósito,

descrição de tarefas e turnos de trabalho.

Com relação às exigências para contratação de trabalhadores para o

aterro verifica-se a capacidade para o exercício da função, o estado de saúde e a

condição educacional, o entrevistado disse ainda que muitos desses trabalhadores

são funcionários remanejados no município. Inicialmente os trabalhadores

participam de uma reunião para orientação, são imunizados e também visitam outros

aterros, inclusive foram realizadas visitas a Aterro Sanitário.

93

Com relação ao número de trabalhadores afirmou que existem

funcionários do município e trabalhadores contratados por terceirização, sendo os

primeiros: um encarregado de campo, três balanceiros que trabalham em turnos de

6h/dia; dois operadores de trator que trabalham dia sim e dia não; dois auxiliares de

serviços gerais que trabalham 8h/dia de segunda a sexta-feira. Os trabalhadores

contratados incluem quatro orientadores de portaria que trabalham 12h/dia em dias

alternados de segunda-feira a domingo; um motorista de caminhão e um operador

de carregadeira que trabalham 8h/dia de segunda a sexta-feira. Além disso, o aterro

possui um supervisor (o entrevistado) que é chefe do Setor de Infra-estrutura Urbana

e Saneamento Ambiental que coordena os trabalhos e que pode ser auxiliados pelos

demais funcionários do referido setor.

4.3.4.2 Assistência médica, utilização de EPIs, exposição a fatores de risco e

registro de acidentes e doenças

O entrevistado referiu que os funcionários do aterro possuem convênio

vinculado com a UNIMED (União dos Médicos), através do Instituto de Previdência

Municipal (IPREM). Com relação aos EPIs afirmou que a utilização não é 100%

satisfatória; referiu que os trabalhadores utilizam sapato fechado oferecido pelo

município há aproximadamente um ano e que às vezes utilizam luvas, comentou da

resistência em especial pelos operadores com relação à utilização de protetor

auricular, máscara e outros. Afirmou que a fiscalização desse uso é feita pelo Setor

de Segurança do Trabalho e pelo próprio entrevistado (chefe do Setor de Infra-

estrutura urbana e Saneamento Ambiental) sem uma regularidade definida.

Disse que os funcionários do aterro estão expostos a fatores de risco

relacionados a seu trabalho tais como os riscos de acidentes durante a operação

dos equipamentos (apesar das exigências de cuidados especais durante o

manuseio). Completou essa declaração afirmando que o contato com os resíduos

atualmente no depósito é mínimo devido à compactação dos domésticos e cobertura

dos RSS, afirmando que devido à inexistência de catadores no local os riscos estão

bem menores.

94

Com relação à presença de materiais cortantes e ou perigosos que

possam causar acidentes durante a realização do trabalho, referiu que os

trabalhadores não apresentam contato direto com os resíduos, o que minimiza a

possibilidade de acidentes.

Com relação à ocorrência de acidentes de trabalho e doenças entre os

funcionários do aterro, o entrevistado afirmou que não existem registros de tais

acontecimentos no período em que trabalha em sua função não e caso os mesmos

ocorram terão seu registro nos arquivos da prefeitura.

4.3.5 Aspectos relacionados à empresa coletora de resíduos

Quem realiza atualmente a coleta dos resíduos sólidos urbanos no

município de Patos de Minas é a SEMOP/LIMPEBRÁS. O vínculo dessa empresa

consorciada com a Administração Municipal iniciou-se a partir de abertura de

processo licitatório para o contrato de prestação de serviço, e essa parceria na visão

do entrevistado trouxe benefícios relacionados à manutenção e qualidade de

serviço.

Na realização das entrevistas o valor médio gasto pelo município

mensalmente com o gerenciamento dos resíduos incluindo obras, funcionários do

aterro, pagamento à SEMOP/LIMPEBRÁS, dentre outros não foi mencionado, pois o

entrevistado afirmou não ter acesso a esses dados. O valor do pagamento feito pelo

município à empresa coletora considera para seu cálculo a quantidade de quilos de

resíduos coletados e o tipo de resíduos na quilometragem percorrida, com uma

fiscalização permanente e pesagem adequada na entrada do aterro e também na

efetivação do despejo sem existência de prejuízos. Por parte do Setor de Infra-

estrutura urbana e Saneamento Ambiental existe fiscalização, mas não de forma

freqüente.

4.3.6 Contratação, imunização, assistência médica e uso de EPIs pelos coletores e a

ocorrência de acidentes e doenças

Com relação a aspectos relacionados a contratação de coletores,

jornada de trabalho, assistência médica, imunização, utilização de EPIs, registros de

95

acidentes, doenças, contato com materiais perigosos pelos trabalhadores da coleta

de resíduos, o entrevistado preferiu não responder mas afirmou que estão expostos

a riscos biológicos, químicos e físicos dentre outros, sendo necessário portanto a

utilização efetiva dos EPIs.

4.3.7 Gerenciamento do aterro

4.3.7.1 Local de depósito dos RSS e domiciliares, nível de permeabilidade do solo e

presença de seres vivos no aterro

Com relação ao gerenciamento do aterro, o entrevistado explicou que

os RSS juntamente com animais mortos são colocados em valas especiais (Figura

11), acomodados e aterrados, e afirmou que já existem no depósito vinte valas não

informando as suas dimensões e durabilidade.

Figura 11 - Resíduos presentes nas valas próprias para resíduos de serviços de

saúde no depósito de resíduos de Patos de Minas/MG em 2007.

Resíduos de natureza doméstica são compactados em rampa

inclinada, aterrados diariamente em plataformas que apresentam 5 m de altura

sendo que para cada metro de resíduo existem 20 cm de terra.

Com referência ao nível de permeabilidade do solo, o entrevistado

afirmou que o terreno do aterro controlado não é impermeável, já o terreno do aterro

96

sanitário é constituído por argila com um coeficiente de impermeabilização ideal

(1x10 -7 cm/s), tal coeficiente foi obtido por substituição de material.

Com relação à presença de seres vivos no aterro, o entrevistado citou

urubus e cães, sendo os últimos sempre retirados do aterro.

Figura 12 - Urubus presentes no depósito de resíduos de

Patos de Minas/MG em 2007.

4.3.7.2 Procedimentos adotados durante o manuseio de resíduos

Ao ser questionado sobre os procedimentos adotados durante o

manuseio dos resíduos no depósito, o entrevistado explicou que os resíduos são

pesados, depositados no solo, triturados e compactados diariamente por tratores

com capacidade para compactação de 16 toneladas. A cobertura é realizada por um

trator diariamente com exceção dos períodos de chuva, tempo em que os resíduos

podem ficar expostos até aproximadamente um mês, sendo a plataforma inutilizada

temporariamente; para os trabalhadores que realizam essa função são exigidos em

utilização de uniforme e também máscara e protetor auricular.

Com relação à captação de gases no aterro o entrevistado afirmou que

no início das plataformas existem formas de 60 cm abaixo do lixo cheia de brita que

estão ligadas a manilhas que apresenta contato com a atmosfera onde o gás é

liberado. É projeto do município aumentar a quantidade de tais de tubos para a

eliminação dos gases de forma que fiquem a uma distância máxima de 50m um do

97

outro. Segundo o entrevistado a saída desses gases no aterro não traz

conseqüências para o ambiente e para a saúde, pois ao ser eliminado já é queimado

apresentando odor característico de gás metano.

De acordo com o pesquisado no momento atual não existe captação e

tratamento do chorume no aterro controlado o que traz efeito poluidor ao solo e à

água devido à forte carga orgânica presente no aterro. Mas complementou falando

sobre as obras do Aterro Sanitário que incluem a construção de três lagoas de

tratamento.

4.3.7.3 Tempo de vida útil do aterro

Quando questionado sobre o tempo de vida útil do aterro, disse que o

controlado apresenta uma previsão de durabilidade de 4,5 anos enquanto o aterro

sanitário terá após o início de suas atividades 14 anos de vida útil. Para aumentar

esse tempo devem ser tomados cuidados operacionais que contribuam para a maior

durabilidade do aterro e também poderia ser implantada a coleta seletiva de forma

simples e educativa, pois cerca de 50% dos resíduos é de natureza orgânica e 50%

de natureza inorgânica. O entrevistado comentou ainda que a população

praticamente não separa os resíduos pois não existe nenhuma campanha e/ou

exigência nesse sentido. Até mesmo as instituições de saúde não se preocupam em

separar os resíduos o que realmente contribui para a curta vida útil do depósito.Tal

questão foi visualizada pela pesquisadora durante suas investigações que percebeu

resíduos domiciliares junto aos RSS e ao mesmo tempo RSS nas rampas

espalhados pelo depósito junto a resíduos domiciliares, como pode ser observado

nas imagens a seguir (Figura 13).

98

Figura 13 - Disposição de resíduos em locais inadequados no depósito do município

de Patos de Minas/MG em 2007.

O entrevistado referiu que o município possui uma associação

relacionada a coleta seletiva de resíduos que é a Associação Patense de

Reciclagem (APARE) que ao ser criada buscou uma iniciativa de conscientização da

sociedade com o apoio da Agência de desenvolvimento econômico e Social de

Patos de Minas (ADESP) que incentivou a separação de materiais pelas empresas

do município na época de sua fundação, mas infelizmente não foram efetivas essas

iniciativas referentes à coleta seletiva o que contribui diretamente para a curta

durabilidade do aterro e necessidade rápida de novas áreas para depósito.

4.3.7.4 Perspectivas de projetos a serem executados para melhorias nas condições

de gerenciamento dos resíduos no município

Questionado sobre a existência de projetos a serem executados pela

administração municipal para conscientização da população no que se refere à

99

redução de consumo, reaproveitamento de materiais e coleta adequada, o

entrevistado afirmou que não existem projetos nesse sentido, mas que há a intenção

de amadurecimento de projetos nessa área com vistas a diminuir os impactos

ambientais e à saúde humana.

Afirmou que as melhorias a serem feitas no aterro já estão sendo

providenciadas a partir da construção das lagoas para tratamento do chorume

(Figura 14).

Figura 14 - Parte da área onde estão sendo construídas as lagoas para tratamento

do chorume no depósito de resíduos do município de

Patos de Minas/MG em 2007.

O entrevistado afirmou que para criar boas práticas de manejo o

município pretende implantar a coleta seletiva o que pode contribuir positivamente

para a melhoria do gerenciamento dos resíduos no município.

4.4 VISÃO REFERIDA DO RESPONSÁVEL PELA OPERACIONALIZAÇÃO

ATERRO

4.4.1 Identificação

O sujeito da pesquisa no segmento da administração é responsável

pela operacionalização do depósito de resíduos no município de Patos de Minas

100

(MG) é um indivíduo do sexo masculino, com 59 anos de idade, apresenta como

nível de instrução Ensino Fundamental Incompleto que definiu sua função na

administração como encarregado de campo do aterro exercendo a mesma a quatro

anos. Relacionou sua atuação ao gerenciamento de resíduos sólidos urbanos

afirmando que gerencia a área de depósito de resíduos coordenando as atividades

locais tais como descarga e cobertura.

4.4.2 Implantação e caracterização do depósito de resíduos

4.4.2.1 Trajetória histórica e exigências para operacionalização do depósito de

resíduos do município

De acordo com o entrevistado a implementação do Aterro Controlado

em Patos de Minas iniciou-se em 2004, pois anteriormente funcionava na área um

lixão, afirmou que para o início do licenciamento o município esperou em torno de 60

dias para obter a Licença Prévia.

4.4.2.2 Localização, área, e estrutura física do depósito de resíduos

Com relação à localização do aterro o entrevistado afirmou que fica a 6

km da zona urbana e 500 m do Córrego Nogueira e 3 km do Rio Paranaíba, disse

ainda que a localização do aterro atende às exigências legais estabelecidas pelos

órgãos ambientais para sua implantação e funcionamento. O terreno possui

formação calcária com uma área antiga é de 18,5 hectares e a área nova é de 22

hectares, sendo totalmente cercado por alambrado e cerca viva.

Com relação à estrutura física geral do aterro (Figura 15), o

entrevistado enumerou um escritório e uma sala para administração, um escritório,

dois vestiários, três banheiros, duas guaritas com banheiro, uma balança, uma

101

cantina, um refeitório, um almoxarifado, uma borracharia e um box para lavar o

chorume do caminhão, este só será utilizado quando o aterro possuir a Licença de

Operação.

Figura 15 - Alguns componentes (guarita, balança e box) da estrutura física do

depósito de resíduos de Patos de Minas/MG em 2007.

4.4.3 Controle de entrada no depósito e quantidade de resíduos descarregados

O entrevistado afirmou que a entrada ao aterro é restrita aos

responsáveis pela coleta (empregados da SEMOP/LIMPEBRÁS) com veículos

compactadores carregados de resíduos comuns e um veículo fiat (carregado de

RSS) e a veículos particulares (Figura 16) tais como caminhonetes, caminhões e

tratores após cadastro e autorização municipal; sendo que esses carregam lixo

doméstico e até mesmo de fazendas. Para pessoas que queiram visitar o aterro

existe a necessidade de uma autorização da administração municipal para a

realização de tais visitas.

102

Figura 16 - Veículo particular descarregando resíduos no depósito de Patos de

Minas/MG em 2007.

Em geral, o número de veículos que adentra ao aterro diariamente

varia entre 25 e 30 e os mesmos são pesados pelo balanceiro cheios na entrada e

novamente ao sair para se obter a quantidade de resíduos depositada. A quantidade

de resíduos comuns levados pelos veículos para o aterro varia de 100 Kg a 20

toneladas em peso bruto por veículo e dos RSS é em média 1.000 KG por dia,

totalizando um média de 80 toneladas diárias de resíduos que dão entrada no aterro.

4.4.4 Aspectos relacionados aos trabalhadores do aterro

4.4.4.1 Treinamento inicial, quantidade de trabalhadores no depósito, descrição de

tarefas e turnos de trabalho

Segundo o entrevistado, antes de iniciarem-se na ocupação, os

trabalhadores do aterro, que geralmente já são funcionários municipais são

devidamente treinados devido às características insalubres de seu trabalho, mas

não existe período de capacitação periódica.

O aterro municipal possui capacidade para 18 trabalhadores. Na data

da entrevista apresentou 14 distribuídos nas funções que se seguem: quatro

103

orientadores, um operador de carregadeira e um motorista de caminhão, que

trabalham por terceirização, dois operadores de trator, três balanceiros, um gerente

de campo, um servente de pedreiro e uma cozinheira que são funcionários

municipais.

A jornada de trabalho desses trabalhadores é variável, sendo que os

operadores de trator trabalham 12 horas por dia em dias alternados; os balanceiros

trabalham 6 horas todos os dias de segunda-feira a sábado; os orientadores

trabalham 12 horas em dias alternados da semana incluindo o domingo e os demais

apresentam uma jornada de trabalho de 8 horas diárias de segunda a sexta-feira.

4.4.4.2 Imunizações, uso de EPIs, exposição a fatores de risco, acidentes e doenças

O entrevistado afirmou que os funcionários do aterro são imunizados

contra tétano, Febre Amarela e Hepatite e que utilizam os seguintes EPIs: luvas,

máscaras e sapatos fechados; disse que às vezes o Ministério do Trabalho fiscaliza

o uso dos mesmos destacando que a última visita para tal fim ocorreu no anão de

2006. Apesar do uso dos EPIs, acredita que os funcionários do aterro estão

expostos a fatores de risco relacionados a seu trabalho tais como perfuração, cortes

e queda de maquina carregadeira, trator e caminhão.

Com relação à presença de materiais que possam causar acidentes

durante a realização do trabalho presentes no aterro, verificou-se que são

encontrados mais comumente vidros, chapas de aço, pregos, parafusos e lâmpadas.

Na consideração relativa à ocorrência de acidentes de trabalho e doenças entre os

funcionários do aterro o entrevistado afirmou que durante o período em que trabalha

em sua função não ocorreram e caso os mesmos ocorram terão seu registro nos

arquivos da prefeitura.

4.4.5 Aspectos relacionados à empresa coletora de resíduos

Como já foi descrito anteriormente, quem realiza atualmente a coleta

dos resíduos sólidos urbanos no município de Patos de Minas é a

SEMOP/LIMPEBRÁS. O vínculo dessa empresa consorciada com a Administração

104

Municipal iniciou-se a partir de uma licitação aprovada pela Câmara Municipal de

vereadores e essa parceria, na visão dos entrevistados, trouxe muitos benefícios

para o município.

Na realização das entrevistas o valor médio gasto pelo município

mensalmente com o gerenciamento dos resíduos incluindo obras, funcionários do

aterro, pagamento à SEMOP/LIMPEBRÁS, dentre outros não foi mencionado, pois o

entrevistado disse que não tem acesso a esses dados. O valor do pagamento feito

pelo município à empresa coletora é calculado de acordo com a quantidade de

quilos de resíduos coletados, sendo a uma forma adequada de pagamento, pois

considera para o mesmo um valor pago correspondente ao trabalho que realmente

se realiza. “Esse cálculo é compensativo para todos os lados, coletou recebe, não

coletou não recebe; coletou paga, não coletou não paga”.

A coleta dos resíduos e sua destinação até o aterro realizada pela

empresa coletora é verificada pelos fiscais da Prefeitura e pela Secretaria de Infra-

estrutura, não existindo datas previstas para essas fiscalizações.

4.4.6 Contratação, imunização, uso de EPIs pelos coletores e a ocorrência de

acidentes e doenças

O entrevistado disse que para a contratação de coletores são enviados

currículos para a empresa coletora; afirmou ainda não ter conhecimento sobre

capacitação inicial e temporária, mas disse que acredita que elas devem acontecer.

Ressaltou que os trabalhadores são imunizados contra doenças, não recebem

assistência médica oferecida pela empresa e que a mesma oferece EPIs e seus

encarregados da obra fiscalizam o uso dos mesmos.

Com relação à ocorrência de acidentes e doenças entre os coletores,

afirmou não ter conhecimento de registro dos mesmos, mas complementou sua

declaração dizendo que tais trabalhadores apresentam contato direto com os

resíduos e, portanto estão expostos a fatores de risco tais como cortes, perfurações,

queda de caminhão e atropelamento.

105

4.4.7 Gerenciamento do aterro

4.4.7.1 Local de depósito dos RSS e domiciliares, nível de permeabilidade do solo e

presença de seres vivos no aterro

Quanto a esse aspecto, o entrevistado explicou que os resíduos de

natureza doméstica são colocados sobre o terreno formando plataformas de no

máximo 5 m de altura e que os RSS são depositados em valas especiais; salientou

que por vezes existem resíduos domésticos misturados aos RSS, como pode ser

observado na Figura 17.

Figura 17 - Resíduos domiciliares misturados aos RSS no depósito de Patos de

Minas/MG em 2007.

Atualmente existe uma vala para depósito dos RSS em funcionamento,

mas já foram utilizadas 50 valas. Cada vala apresenta dimensões consideradas

ideais para sua função apresentando 10m de comprimento / 5m de largura / 3,5m de

profundidade sendo que sua durabilidade é em média 45 dias.

106

Figura 18 - Vala para depósito dos RSS do depósito de

Patos de Minas/MG em 2007.

Com referência ao nível de permeabilidade do solo, o entrevistado

afirmou ser um terreno argiloso e, portanto em sua opinião bastante impermeável.

Com relação à presença de seres vivos no aterro, afirmou ser possível

encontrar cachorros, porcos, baratas, ratos, urubus, gaviões e carcarás e disse

ainda que existem dois casais de seriema que vivem no aterro; disse que ao se

perceber a presença de cachorros e porcos, os mesmos são espantados.

4.4.7.2 Procedimentos adotados durante o manuseio de resíduos e vida útil do

aterro

Ao ser questionado sobre esses aspectos, o entrevistado disse que os

resíduos são pesados, depositados no solo, triturados e compactados por um trator.

A cobertura considerando-se que para cada metro de resíduo depositado são

colocados 20 cm de terra por um caminhão e em seguida espalhada por um trator.

Esse procedimento de acordo com o entrevistado é realizado diariamente e só existe

possibilidade do material ficar exposto por muito tempo em períodos de chuva,

podendo ser cobertos 60 dias após tais períodos (Figura 19).

107

Figura 19 - Resíduos descobertos por longo tempo no depósito de resíduos do

município de Patos de Minas/MG em 2007.

Com relação à captação e tratamento de gases no aterro o

entrevistado afirmou que são captados e queimados graças à presença de valas

com brita e dotadas de drenos e tubos para sua eliminação (Figura 20), afirmando

que o procedimento ainda não acontece em quantidade suficiente, pois só funciona

em quatro pontos específicos no aterro, sendo em sua opinião necessários mais

dois pontos de queima de tais gases. Complementou essa questão ressaltando que

tais gases liberados no ambiente trazem enormes prejuízos; tal declaração contraria

a afirmação do Chefe do Setor de Saneamento Ambiental e Infra-estutura.

Figura 20 - Queima de gases produzidos no depósito de resíduos do

município de Patos de Minas/MG em 2007.

108

De acordo com o pesquisado, no momento atual, não existe captação e

tratamento do chorume (Figura 21) o que acarreta poluição no ambiente com

conseqüências para a saúde humana.

Figura 21 - Chorume presente no depósito de resíduos sólidos

de Patos de Minas/MG em 2007.

Para sanar esse problema foram construídas três lagoas para

tratamento do chorume o que trará benefícios consideráveis para subsolo e água.

Quando questionado sobre o tempo de vida útil do aterro, referiu-se a trinta anos

explicitando que “Não é possível aumentar esse tempo de vida útil”.

4.3.7.3 Perspectivas de projetos a serem executados para melhorias nas condições

de gerenciamento dos resíduos no município

O entrevistado afirmou não existirem projetos públicos municipais para

conscientização da população no que se refere à redução de consumo e coleta

109

adequada; com relação ao reaproveitamento de materiais contidos nos resíduos

citou a criação da Associação Patense de Reciclagem (APARE) que recebe auxílio

do município.

Quando questionado sobre as melhorias a serem feitas no Aterro

Controlado e no gerenciamento dos resíduos como um todo o entrevistado se referiu

à contratação de mais funcionário e aquisição de mais maquinário. Afirmou que o

que está sendo planejado pelo município para criar boas práticas de manejo na

busca da melhoria das condições ambientais e de saúde da população do município

é a construção das lagoas de tratamento do chorume para que o atual aterro

controlado torne-se um aterro sanitário.

110

5 DISCUSSÃO

5.1 Perfil sócio-econômico dos coletores

5.1.1 Sexo, idade, estado civil e escolaridade

De acordo com os resultados obtidos, foi possível constatar que todos

os coletores eram do sexo masculino. O mesmo padrão foi observado no estudo

com coletores de resíduos realizado por Robazzi et al. (1994), que descrevem a

presença exclusiva de indivíduos do sexo masculino exercendo este tipo de

trabalho.

Os coletores de resíduos de Patos de Minas apresentavam idades

variando entre 20 e 45 anos. A tendência de haver coletores de resíduos nessa faixa

etária foi encontrada também por Gir et al. (1991) e Silveira, Robazzi e Luís (1998);

isto se deve, possivelmente, pelo fato de indivíduos com idade inferior a 18 anos e

acima de 40 apresentarem dificuldades na realização das tarefas que exigem

esforço físico acentuado dos trabalhadores.

A maior quantidade de trabalhadores (19) do presente estudo, referiu

que vive com as companheiras sendo ou não casados legalmente, o que também é

evidenciado por Gir et al. (1991).

O nível de escolaridade dos coletores é baixo, sendo interessante

destacar que 12 deles não apresentam nem o ensino fundamental completo. A

disparidade entre níveis de escolaridade dos coletores também é grande, pois vários

referiram baixa escolaridade e um declarou estar cursando o ensino superior. Os

que concluíram o ensino médio e o que cursa o ensino superior estão na faixa etária

de 20 a 29 anos. A baixa escolaridade entre os coletores também foi encontradas

nos estudos de Gir et al. (1991) e Robazzi et al (1994); a baixa escolaridade pode

ser considerada um fator que dificulta tais trabalhadores a ingressarem em outros

tipos de ocupação.

111

5.1.2 Moradia, renda, meios de transporte e lazer

Com relação à moradia, 17 coletores referiram possuir casa própria,

quatro referiram viver em casas cedidas por familiares e seis referiram moram em

casas alugadas.

A renda familiar média referida de 21 coletores foi de até dois salários

mínimos e meio (R$1000,00). No entanto, ao se calcular a renda per capta da

família, para 22 coletores, este valor foi de até R$399,00, ou seja, um pouco acima

do valor do salário mínimo vigente em 2007, que era de R$ 380,00. Isso se deve ao

fato de que, grande parte das famílias (12) é mantida apenas pelo salário dos

coletores, seguida por famílias (dez) que são mantidas pelo trabalhador e mais uma

pessoa. Este quadro demonstra a grande responsabilidade que recai sobre o

coletor, com relação ao sustento familiar.

Os coletores em Patos de Minas referiram estar satisfeitos com seus

salários. No entanto, este pode ser considerado baixo, pois recebem pouco mais

que um salário mínimo, acrescido de insalubridade. No estudo realizado por

Robazzi et al. (1994), os autores afirmaram que, apesar da importância do trabalho

realizado pelos coletores, no Brasil a remuneração dos coletores varia de um a três

salários mínimos. Ferreira e Anjos (2001) e Robazzi et al. (1993) também

mencionam os baixos salários, insuficientes para atender as necessidades

particulares e dos familiares desses trabalhadores.

Os trabalhadores referiram utilizar a bicicleta como principal meio de

transporte da moradia ao trabalho. Isso pode estar relacionado ao fato de não

receberem vale-transporte.

Uma parte dos coletores (19) referiu ter momentos de lazer, sendo que,

a modalidade referida mais comum foi o futebol. Vale ressaltar ainda que, os outros

coletores (oito) referiram não apresentar momentos de lazer. De acordo com a Carta

de Otawa (1986), mudar os modos de vida, de trabalho e de lazer tem um

significativo impacto sobre a saúde. Trabalho e lazer deveriam ser fontes de saúde

para as pessoas.

Toda essa análise ora apresentada das condições sócio-econômicas

dos coletores evidencia as várias condições e os recursos fundamentais para a

112

manutenção da saúde dentre elas aspectos relacionados à habitação, educação,

alimentação, renda, justiça social e equidade.

Segundo Dall’ Agnol e Fernandes (2007) a problemática da saúde dos

trabalhadores envolvidos com manuseio de resíduos encontra-se associada a suas

condições sócio-econômicas relacionadas às necessidades sociais que deveriam

ser plenamente atingidas pelos indivíduos, no sentido de obter uma vida digna. As

fronteiras do trabalho, as condições de pobreza e de exclusão social, que afeta os

grupos que trabalham com resíduos precisam ser repensadas de forma ampla

atingindo as políticas públicas.

5.2 Condições de trabalho

5.2.1 Vínculo empregatício, treinamentos, fornecimento de EPIs

No presente trabalho o serviço de limpeza pública do município é

terceirizada, sendo executada por uma única empresa particular, associada

(SEMOP/LIMPEBRAS).

A seleção de novos coletores na empresa é feita, principalmente, por

indicação dos coletores já contratados, e secundariamente, por análise de currículo.

O exame admissional dos coletores de Patos de Minas é feito mediante exame físico

e laboratorial. No estudo de Silveira, Robazzi e Luís (1998), porém, é realizado

exame físico e entrevista.

Os coletores de resíduos referiram que têm registro na Carteira de

Trabalho. Isto é compatível com o estudo de Robazzi et al. (1994).

Com relação a orientações sobre segurança no trabalho, cerca de

metade dos trabalhadores (15) referiu não ter recebido de treinamento antes de

iniciar na ocupação de coletor e 17 não participaram de nenhum tipo de treinamento

após o início de suas atividades. Muitos referiram que palestras ou treinamentos

foram dados há mais de três anos, evidenciando que os treinamentos ocorrem em

longos intervalos de tempo. De acordo com Silveira, Robazzi e Luís (1998), em

Ribeirão Preto (SP), quando contratados, os trabalhadores que manuseiam os

113

resíduos são orientados sobre segurança do trabalho ao iniciarem suas atividades.

No entanto, em seu estudo, Robazzi et al. (1993) constatam que os coletores são

desinformados quanto às necessidades de se protegerem contra as agressões

provocadas pelo trabalho.

A maioria afirmou ter sido orientado por colegas mais antigos da

guarnição e essa falta de treinamento adequado é o principal risco social

relacionado ao processo de seu trabalho, pois os torna impotentes para reivindicar

medidas preventivas contra acidentes, doenças infecto-contagiosas e melhores

condições de trabalho. Acredita-se que ao longo do exercício das atividades na

ocupação seja necessário reafirmar as informações de treinamento obtidos antes de

se iniciar na ocupação de coletores, pois com tempo pode-se acomodar e

menosprezar os riscos sempre existentes.

Gir et al. (1991) em um estudo com população semelhante, evidencia a

necessidade de ação educativa através de diversos meios que sejam adequados ao

nível de compreensão dos coletores considerando-se inclusive seu nível de

escolaridade. Robazzi et al. (1994) afirmam que programas educativos, podem

atenuar as conseqüências obtidas pelos riscos.

A legislação do trabalho, ao considerar o serviço de coleta de lixo como

de insalubridade máxima, prevê, que as empresas ofereçam aos seus

trabalhadores, assistência médica integral e ao mesmo tempo orientações sobre os

riscos presentes no ambiente de trabalho (MANUAIS DE LEGISLAÇÃO,1991).

Portanto, de acordo com os resultados obtidos, a empresa tem falhado ao não

oferecer treinamento ou ações educativas, para prevenção de acidentes no trabalho.

Em Patos de Minas a empresa oferece luvas e sapatos de acordo com

a demanda, mas esses não são sempre eficazes para evitar a ocorrência de

acidentes. O uniforme utilizado pelos coletores é de tecido comum, com camisas de

manga curtas. No estudo de Silveira, Robazzi e Luís (1998), o uniforme é de

algodão espesso e o jaleco de mangas longas, que possivelmente protege mais os

funcionários contra acidentes.

De acordo com a NR6 (BRASIL, 1997), a empresa é obrigada a

fornecer aos empregados, gratuitamente, EPIs adequados aos riscos, em perfeito

estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral

não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de

doenças profissionais e do trabalho.

114

Apesar do uso de EPIs pelos coletores do presente estudo, encontrou-

se uma grande quantidade de cortes e perfurações, o que demonstra a ineficiência

de tais equipamentos na proteção ao trabalhador. Os acidentes ocorreram

principalmente nos membros superiores, provavelmente, devido à fragilidade das

luvas, que não conseguem impedi-los. Dall ‘Agnol e Fernandes (2007) encontraram

resultados semelhantes.

A fiscalização do uso de EPIs ocorre somente no início da jornada dos

coletores, diante desse fato é difícil afirmar que eles utilizam tais equipamentos

devidamente durante a jornada de trabalho.

Encontramos uma contradição neste quesito, já que os gestores da

esfera municipal, afirmaram que os EPIS utilizados pelos trabalhadores são

totalmente eficientes.

No estudo de Robazzi et al. (1994), todos os sujeitos referiram utilizar

jaleco, calça comprida e sapato fechado, mas com uso de luvas e chapéu (boné)

reduzido. Durante a observação dos pesquisadores, o uso dos EPIs durava menos

tempo do que o referido nas entrevistas. Esses trabalhadores possuíam capas para

se proteger das intempéries, mas nem sempre a utilizavam e também não eram

repostas quando estragadas. Nos estudos de Silveira, Luis e Robazzi (1998) os EPIs

oferecidos, tais como luvas ou sapatos, não eram adequados ao trabalho dos

coletores.

No estudo de Velloso, Anjos e Santos (1997), os EPIs não eram

distribuídos regularmente conforme a demanda, sendo que, na observação

preliminar, os uniformes utilizados estavam em condições precárias, sem botas e por

vezes sem luvas. Por ocasião da filmagem programada no estudo, os trabalhadores

utilizavam uniforme completo, mas alguns sem luvas, sendo o desuso das mesmas

justificadas pelo desconforto e pela presença de dermatite. Robazzi et al. (1993)

referem que a não utilização dos EPIs, é o que causa inúmeros acidentes.

5.2.2 Jornada de trabalho, equipes de trabalho, divisão em setores e freqüência da

coleta

Os turnos de trabalho do presente estudo ocorrem pela manhã e a

tarde. A jornada de trabalho é de 8 horas, teoricamente, no entanto, na prática, cada

115

turno de coleta de resíduos sólidos em Patos de Minas leva em média de 5,6h. Isso

se deve à pressa dos coletores na realização do trabalho, pois muitas vezes não

respeitam as pausas para refeição e ou realização de outras necessidades

fisiológicas.

De acordo com Velloso, Santos e Anjos (1997), os turnos de trabalho

também ocorrem pela manhã e a tarde no Rio de Janeiro, porém, os coletores têm

intervalo de uma hora para refeição.

Alguns dos coletores do presente estudo param em residências

definidas para utilização de sanitários. De acordo com a observação da

pesquisadora, os moradores oferecem lanche e os coletores se alimentam sem ao

menos, lavar suas mãos ou retirar as luvas. Isso pode estar relacionado à pressa

com que realizam o trabalho, bem como falta de orientação sobre higiene pessoal.

No caso dos resultados obtidos no estudo de Silveira, Robazzi e Luís (1998), os

setores de coleta possuem abrigos para acolher os coletores que tomam água e

utilizam os sanitários, o que também fazem em residências e comércios. Já no

estudo de Velloso, Anjos e Santos (1997), os trabalhadores não realizam pausas

para descanso.

Silveira, Robazzi e Luís (1998) referem que a falta do uso de sanitários

e a ingestão de água durante a jornada de trabalho causa desconforto aos coletores.

Dall’ Agnol e Fernandes (2007) discutem que, é possível que em longo prazo, tal

fato possa acarretar doenças relacionadas ao sistema excretor e, ainda, que as

morbidades mais freqüentes entre os coletores de resíduos são as doenças

diarréicas, diretamente relacionadas à falta de higiene adequada das mãos, assim

como por vetores presentes nos resíduos, através do contato direto ou indireto.

A NR 24 determina que os trabalhadores têm direito a condições

sanitárias e de conforto nos locais de trabalho. A NR 21 faz referência aos trabalhos

a céu aberto e prevê que nesses tipos de trabalho é obrigatória a existência de

abrigos, ainda que rústicos capazes de proteger os trabalhadores contra intempéries

exigindo-se então a implantação de medidas especiais que protejam os

trabalhadores contra a insolação excessiva, o calor, o frio, a umidade e os ventos

inconvenientes (BRASIL, 1997).

A velocidade média de realização do trabalho de coleta de resíduos

sólidos em Patos de Minas é de 7,5 Km/h e os turnos de trabalho são de pouco mais

de 5 horas. Portanto, as tarefas dos coletores neste município, são realizadas em

116

alta velocidade. Essa característica pode ser responsável pelo número de acidentes

entre o grupo de trabalhadores. A necessidade de terminar o serviço rapidamente

faz com que os intervalos sejam curtos ou não existam. Isso pode estar acarretando

o cansaço referido pelos coletores ao final do turno de trabalho, bem como os

acidentes no trânsito, além de alimentação deficiente.

Deve-se considerar ainda que, a quantidade de resíduos não é a

mesma diariamente. Aparentemente, o cansaço é ainda maior nos dias em que

coletores coletam maior quantidade de lixo.

Com relação ainda a jornada de trabalho cabe destacar que o horário

de trabalho nos intervalos de 11:00 às 15:00h e de 18:00 às 20:00h, principalmente

no centro da cidade, torna-se inadequado e oferece mais riscos relacionados ao

trânsito visto que existe um grande fluxo de veículos circulando e por vezes com

maior velocidade.

As equipes de trabalho dos coletores de Patos de Minas são

compostas por quantidades diferentes de componentes, contando com um motorista

e de dois a quatro coletores por guarnição, incluindo um trabalhador denominado

“puxador” que vai a frente do caminhão antes dos demais coletores juntando e

amontoando os sacos em que os resíduos estão acondicionados. No estudo de

Velloso (1997) a guarnição é sempre composta por três coletores e pelo puxador. A

atividade do puxador, como exercida em Patos de Minas, oferece riscos de

acidentes no trânsito, pois eles depositam os sacos de lixo na rua, em locais

normalmente destinados ao estacionamento de veículos. Além disso, o número de

componentes de algumas equipes de trabalho é considerado insuficiente, de acordo

com os próprios dos trabalhadores, que referiram sofrer de sobrecarga de serviço.

Os coletores são normalmente transportados no estribo do veículo

coletor, dado esse que corrobora com os estudos de Velloso, Anjos e Santos (1997).

A freqüência da coleta é diária e ocorre em dias alternados nos bairros.

A coleta é dividida em setores em função da freqüência, horário e percurso do

caminhão de coleta. Dados semelhantes foram encontrados no estudo de Oliveira

(1999), em que a divisão do trabalho em setores e turnos facilita o serviço de

limpeza urbana.

A distância dos setores ao depósito de resíduos não é grande, os

coletores referiram que tráfego é de baixa intensidade, mas o fato das vias de

117

acesso não serem pavimentadas, incomoda os coletores que referem que em certas

épocas do ano, o tráfego se torna difícil, causando atrasos nas atividades de coleta.

Os coletores afirmaram que os veículos utilizados na coleta são

vistoriados periodicamente. O fato de serem transportados no estribo do caminhão

durante o percurso da coleta causa medo de acidentes e insegurança por parte dos

trabalhadores o que pode ser percebido durante a realização das entrevistas.

5.2.3 Materiais coletados e acondicionamento

Os trabalhadores do presente estudo, recolhem uma grande variedade

de materiais, tanto orgânicos como os inorgânicos. A diversidade de resíduos em

municípios que não realizam a coleta seletiva foi descrita também para a cidade de

Botucatu por Oliveira (1999). Robazzi et al. (1993) afirmam que a manipulação de

materiais tão diversos pode ocasionar acidentes e alterações na saúde dos

indivíduos.

No presente estudo, os resíduos são acondicionados de maneiras

diversas, variando desde sacos ou sacolas plásticas descartáveis, latas de metal e

plástica, e até caixas de papelão. Tais dados se assemelham aos apresentados no

estudo realizado por Velloso, Santos e Anjos (1997) onde são encontrados os

mesmos tipos de acondicionamento e ou recipientes, com exceção das caixas de

papelão.

5.3 Riscos e acidentes

5.3.1 Modalidades de riscos e acidentes

No presente estudo, 26 coletores referiram que correm riscos e

declararam já terem sofrido acidente durante a realização do trabalho, sendo que os

acidentes ocorridos com maior freqüência foram cortes e perfurações e acidentes

118

envolvendo o veículo coletor. Um único coletor (E24) referiu não correr risco, porque

é cuidadoso; no entanto, ao responder outras questões, disse que a forma de

trabalho é a correta e que os coletores não têm o que mudar, mas sugere alterações

relativas à segregação e acondicionamento de resíduos perfuro-cortante o que

demonstra que acredita que corre algum tipo de risco.

Os cortes e perfurações, segundo Ferreira e Anjos (2001), são sempre

apontados como as principais injúrias sofridas pelos coletores de resíduos sólidos,

entre suas causas destacam-se os mecânicos (cortes, ferimentos, atropelamentos,

quedas graves), ergonômicos (esforço excessivo), biológico (contato com agentes

biológicos patogênicos), químico (substâncias químicas tóxicas) e sociais para o

serviço (falta de treinamento).

No presente estudo, ao se confrontar os dados obtidos a partir de

entrevistas com os coletores e com o gerente da empresa, foi possível observar

certa coincidência entre as respostas, pois ambos concordaram com o fato de cortes

e perfurações serem os principais tipos de acidentes em Patos de Minas. Silveira,

Robazzi e Luís (1998) registraram em Ribeirão Preto (SP) e Velloso, Anjos e Santos

(1997), quadros semelhantes.

Com relação à ocorrência de acidentes e doenças entre os coletores,

um dos gestores municipais afirmou não ter conhecimento de registro dos mesmos,

mas complementou sua declaração dizendo que tais trabalhadores apresentam

contato direto com os resíduos e, portanto estão expostos aos fatores de risco.

Não foram citados outros tipos de acidentes pelos gestores o que pode

estar relacionado a subnotificação e não valorização de pequenos acidentes.

Robazzi et al. (1994) e Silveira, Robazzi e Luís (1998) em seu estudo na cidade de

Ribeirão Preto realizado com trabalhadores que manuseiam resíduos, acreditam que

o pequeno número de AT levantado em seu estudo está relacionado à

subnotificação desses eventos.

5.3.2 Partes do corpo atingidas, causas dos acidentes, afastamentos do trabalho e

assistência médica

As partes do corpo mais atingidas por acidentes entre os coletores de

Patos de Minas foram os membros superiores, seguido dos inferiores, do tronco e

119

cabeça. Esses resultados são discordantes com os apresentados por Robazzi et al.

(1993) e Silveira, Robazzi e Luís (1998) cujas partes mais atingidas são os membros

inferiores. Isto pode estar relacionado a dois fatores: em primeiro lugar, o tipo de

uniforme em Patos de Minas, que inclui camisa de manga curta e, em segundo

lugar, o fato dos coletores trabalharem durante boa parte do tempo, no estribo do

caminhão; enquanto que, os varredores de Ribeirão, trabalham o tempo todo ao

nível do chão, não utilizam sapatos adequados à realização da função e ainda

percorrem grandes distâncias durante o turno laboral.

As extremidades do corpo também foram as mais citadas por Velloso,

Anjos e Santos (1997).

As causas de acidentes mais referidas entre os entrevistados foram a

falta de consciência da população ao segregar os resíduos, seguida da falta de

atenção dos coletores, e das embalagens em que são dispostos os resíduos.

Robazzi, et al. (1994) também referem o acondicionamento inadequado

do lixo como a principal causa de acidentes, seguida de animais soltos nas ruas,

pisos derrapantes, embriaguez, ausência de equipamentos protetores e brincadeiras

realizadas no trabalho dentre outras. Refere que os trabalhadores do período diurno,

por percorrerem locais povoados e terem contato direto com o trânsito podem ser

atropelados e estão expostos a poluição sonora. Ilário (apud ROBAZZI et al., 1994)

refere-se também ao perigo da grande velocidade com que é realizado o trabalho

dos coletores.

Velloso, Anjos e Santos (1997) citas como causas de acidentes

relacionadas ao trabalho dos coletores com prevalência de presença de objetos

cortantes, esforço excessivo e objetos perfurantes. No presente estudo, foram

referidos os objetos ora citados com expressividade, mas com relação aos esforço

excessivo não foi dada grande ênfase pelos trabalhadores que provavelmente se

acostumam com essa realidade.

Ferreira e Anjos (2001) mencionam o estresse como causa invisível de

muitos acidentes pela redução da capacidade de auto-controle e pelo desgaste do

organismo dentre outras.

Robazzi et al. (1993) relatam como causa dos acidentes os

relacionados ao acondicionamento dos resíduos e ao caminhão coletor.

Nesse sentido é importante ressaltar que as causas são muito

variadas, mas é dada ênfase às formas de organização de resíduos pela população.

120

O número de afastamentos por acidentes encontrado nos relatos de

Robazzi et al. (1994) é alto, mas segundo eles esse registro provavelmente é menor

do que a realidade, porque os trabalhadores muitas não atribuem importância e a

empresa não registra acidentes de pequeno porte vezes não valorizam.

Os afastamentos por acidentes do presente estudo não ultrapassaram

15 dias e ocorrerão em conseqüência de cortes e perfurações, dado que em parte

se encontra em conformidade com os estudos de Velloso, Anjos e Santos (1997)

mas além do referidos em Patos de Minas encontra-se no estudo realizado no Rio

de Janeiro afastamentos por mais de 15 dias que estão relacionados não só a cortes

e perfurações mas também aos problemas relacionados ao veículo coletor isso pode

estar associado ao fato de que o estudo a esse comparado aconteceu numa cidade

com volume de trabalho ainda maior em meio ao trânsito acelerado.

De acordo com o gerente da SEMOP/LIMPEBRÁS os coletores

geralmente não faltam ao trabalho a não ser por motivo justificado e nos casos de

afastamento por acidente em geral, os coletores (com exceção de um deles) não

sofrem descontos em seus salários. Isto diverge do estudo feito por Silveira, Robazzi

e Luís (1998) onde o trabalhador que não comparece ao trabalho tem o dia da falta e

o domingo seguinte descontados no salário. Muitas vezes não comunicam acidentes

de trabalho para evitar tal desconto. No presente estudo pode-se considerar que

exista a mesma possibilidade, visto que os gestores não têm total conhecimento dos

acidentes de trabalho.

Robazzi et al. (1994) deparou em seu estudo com numerosas licenças

e afastamentos de trabalho, sendo a maior parte das ausências relacionada a

acidentes de trabalho e doenças (gripe, mal-estar, dores de cabeça dentre outras).

Quando acidentados, os coletores de Patos de Minas são

encaminhados para o atendimento médico público, pois não possuem assistência

médica privada. Estes dados não são compatíveis com os achados de estudo

realizado por Silveira, Robazzi e Luís (1998), pois os trabalhadores de Ribeirão

Preto, contavam com profissionais especialistas em Saúde do Trabalho, apesar de

nem sempre serem atendido por eles, pois os acidentes podem acontecer longe do

ambulatório. Tais trabalhadores são encaminhados ainda, a uma empresa de

convênio médico, caso necessitem de atendimento mais especializado do que o

oferecido no ambulatório da empresa.

121

A legislação de trabalho considerando as características das atividades

realizadas pelos coletores prevê que as empresas ofereçam assistência médica

integral a eles (MANUAIS DE LEGISLAÇÃO, 1991).

O gerente da empresa SEMOP/LIMPEBRAS confirma que ainda não é

oferecida pela empresa, mas reconhece a necessidade de oferecer a assistência

médica aos trabalhadores.

A NR 7 estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação,

por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como

empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO,

com o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus

trabalhadores.

5.4 Condições de saúde

5.4.1 Concepção de saúde e imunizações

A concepção de saúde apontada pelos coletores de resíduos em

estudo foi bem ampla, visto que relacionaram saúde a bem-estar, físico, mental e

social, citando ainda alimentação e salário como componentes que interferem na

saúde. Essa realidade difere dos estudos de Dall’Agnol e Fernandes (2007) cujas

respostas de seus sujeitos convergiam para a ausência de doenças, limitando seu

entendimento de saúde à esfera biológica. Portanto os sujeitos do presente estudo

neste aspecto apresentam um nível de conhecimento elevado o que está

relacionado também as suas sugestões para que a empresa providencie um plano

de saúde e até mesmo melhore seus salário sendo que entre os coletores um afirma

que o atendimento público para o qual são encaminhados é muito bom, mas o

atendimento é temporário e as vezes, dependendo do tipo de acidente é necessário

um acompanhamento maior.

Os coletores de resíduos são imunizados antes de iniciarem na

ocupação o que não é confirmado no estudo realizado por Velloso, Anjos e Santos

122

(1991) onde os trabalhadores não recebem imunização contra doenças infecto-

contagiosas comuns nessa ocupação o que não exclui a ocorrência de doenças.

5.4.2 Agentes causadores e doenças relacionadas aos resíduos

Ferreira e Anjos (2001) referem a vários estudos que enumeram

agentes causadores de doenças sendo físicos: odor (podendo causar mal-estar,

cefaléias e náuseas); ruído (possivelmente relacionado a perda parcial ou

permanente da audição, cefaléia, tensão nervosa, estresse, hipertensão arterial);

poeira (que pode ocasionar desconforto e perda momentânea da visão, problemas

respiratórios e pulmonares);vibração dos equipamentos (possivelmente associada a

lombalgias e dores no corpo). Os agentes químicos: presença de pilhas, baterias,

óleos e graxas, pesticidas/herbicidas, tintas, produtos de limpezas e cosméticos

podendo causar intoxicações e distúrbios do sistema nervoso entre outros. Os

agentes biológicos podem ser responsáveis pela transmissão direta e indireta de

doenças. Microorganismos patogênicos podem ser ocorrer nos resíduos como é o

caso de lenços de papel, fraldas, curativos, papel higiênico, absorventes,

camisinhas, seringas descartáveis e outros que foram citados pelos coletores de

Patos de Minas que inclusive citam que esses últimos podem ser encontrados entre

os resíduos domiciliares. As doenças possivelmente associadas aos agentes

biológicos incluem as do trato intestinal, a hepatite (especialmente a B pela

resistência do agente causador) e as dermatites.

Robazzi et al. (1994) faz referência a vários estudos e enumera os

riscos aos coletores por eles evidenciados citando comprometimentos respiratórios,

afecções musculares, patologias da coluna (encontrada no presente estudo),

afecções cardiovasculares, perdas auditivas, tabagismo e alcoolismo (confirmado no

presente estudo) e acidentes de trabalho.

Segundo Ferreira e Anjos (2001) especificar doenças ocupacionais

relacionadas aos resíduos é tarefa complexa, pois os trabalhadores estão expostos

a inúmeros fatores de risco. No presente estudo o baixo índice de registro de

doenças pode estar associado ao fato de que muitos sintomas são desconsiderados

pelos coletores que consideram como doença apenas algumas mais complexas,

123

sendo referidas. Eles se referiam a gripe, micoses, doença do trato respiratório,

relacionadas a coluna. Um coletor tem gota não está conseguindo correr e trabalha

e ainda perfuração no tímpano, ele é o reserva, de acordo com observação da

pesquisadora trabalhou alguns dias durante o período das entrevistas. O fato de a

gripe predominar entre as doenças citadas, provavelmente se relaciona à exposição

ao calor, frio, chuvas e ventos dependendo da época do ano poderiam estar se

referindo a resfriado e não a gripe. Em oposição às referências dos coletores, o

gerente da empresa só se refere a registros de gripe o que novamente à reflexão

relacionada à subnotificações.

De acordo com Catapreta e Heller (1999), apesar de pouco

pesquisada, existe indicação no meio técnico da associação entre doenças

infecciosas e parasitárias e manejo ineficiente de resíduos Em seu estudo destaca

doenças diarréicas, parasitárias e dermatológicas presentes nas populações

expostas ao contato direto com resíduos. Em Patos de Minas como o estudo não foi

baseado em dados epidemiológicos e sim mediante respostas dos indivíduos pode-

se justificar a ausência da ocorrência de tais doenças por serem consideradas

irrelevantes para os coletores...

Dall’Agnol e Fernandes (2007) referem que os danos a saúde de quem

manuseia resíduos são por vezes de difícil identificação, devido a diversidade nas

vias de transmissão que envolve a ação de vários vetores tanto biológicos quanto

mecânicos. Ferreira e Anjos (2001) afirmam que a hepatite B e a Aids, dentre outras

podem ser associadas ao manuseiam os resíduos, mas reconhecem que não

existem estudos que comprovem o nexo causal de tais doenças.

Robazzi et al. (1994) afirmam que onde existe acúmulo de resíduos há

maior possibilidade de existirem doenças tais como: febre tifóide, cólera, diarréia,

conjuntivites, leptospirose, peste, envenenamento alimentar, meningite, dentre

outras.

No estudo com trabalhadores envolvidos no manuseio de resíduos feito

por Dall’Agnol e Fernandes (2007) em Porto Alegre confirma-se o fato de que o

contato com os resíduos, bem como o ambiente de trabalho, propiciam muitos riscos

à saúde.

Dessa maneira percebe-se que são necessários mais estudos para

verificar a associação de certas doenças aos resíduos, mas o fato é que algumas

delas são relacionadas à ocupação dos coletores.

124

Ao discutir sobre as doenças, vale ressaltar, a afirmação feita por

Baptista (2004), que as doenças e os agravos à saúde dos trabalhadores são uma

expressão de seu desgaste devido à exposição às diversas cargas de trabalho,

inerentes ao processo produtivo capitalista.

5.5 As características do gerenciamento e suas conseqüências para os coletores

5.5.1 Tipo de depósito, presença de seres vivos, quantidade de resíduos coletados,

sua disposição no depósito

Os coletores não definem adequadamente o tipo de depósito e

sugerem como mudanças em especial o asfaltamento e a iluminação e 10 deles

afirmam que o depósito não necessita de alterações. Ao afirmar que o aterro

obedece às normas um coletor completa afirmação dizendo que é melhor que

muitos, um outro se refere ao fato de não existirem catadores entrando,

atrapalhando o trabalho e expostos a doenças.

No depósito de resíduos de Patos de Minas existem seres vivos sendo

os mais citados urubus (27) e cachorros (22), mas em outro momento sugerem a

presença de cobras e escorpiões, esses seres vivos, os demais citados e ainda os

não referidos pelos coletores podem estar associados a doenças. De acordo com

Possamai et al. (2007) as deficiências no gerenciamento de resíduos além de causar

poluição (água ar e solo) afetam diretamente a saúde pública, devido a presença de

macrovetores (cachorros gatos, urubus, pombos e outros) e de microvetores

(moscas, mosquitos, bactérias, fungos e outros).

.A quantidade de resíduos no depósito de Patos de Minas é variável e

depende da produção sendo que em alguns dias a quantidade é maior. Grande

parte dos coletores (21) afirma que os resíduos estão sempre cobertos conforme

afirmação dos gestores municipais que reconhecem que em determinas épocas

(chuva) eles ficam descobertos o que também é confirmado pelo gerente da

125

empresa que referiu que a cobertura dos resíduos é semanal, apesar de serem

espalhados diariamente.

Um dos gestores revelou que apesar de existirem valas destinadas

exclusivamente aos RSS e plataformas aos resíduos domiciliares esses materiais

podem ser encontrados em locais inadequados. Outro fato que merece destaque é

que o gestor do setor a administrativo afirmou não saber a dimensão das valas

utilizadas para depósito dos RSS. Vale lembrar que de acordo com a Deliberação

Normativa 52/2001 (MINAS GERAIS, 2001) a implementação e supervisão das

condições de operação de um depósito de resíduos é obrigação do responsável

técnico que é justamente o gestor acima mencionado o que mostra certo descaso

com algumas questões do depósito que acabam ficando sobre a supervisão apenas

do responsável pela operacionalização. Esses problemas com a cobertura com

certeza poderiam ser evitados com o aumento de trabalhadores nos períodos em

que isso se fizer oportuno.

De acordo com observação da pesquisadora existem resíduos no

aterro que estão descobertos por muito tempo. De acordo com a Deliberação

normativa do COPAM 52/2001 a compactação e recobrimento dos resíduos deve

ocorrer no mínimo, três vezes por semana.

5.5.2 Gastos com gerenciamento e possíveis lucros

Os gestores municipais durante a entrevista afirmaram não ter

conhecimento e não revelaram certos dados como, por exemplo, valor gasto com

resíduos, condições de trabalho, e quantidade de resíduos produzidos. Porém, sabe-

se que provavelmente eles têm acesso a esses dados, e preferem não declará-los, o

que pode apresentar relação com a modalidade de gerenciamento dos resíduos no

município, que de certa forma estimula a produção dos resíduos. Já o gerente da

empresa possui todos esses dados, que foram descritos no Anexo C.

A forma de gerenciamento de resíduos em Patos de Minas, como em

outros locais, pode ser interpretada como uma forma de estímulo à produção de

resíduos, pois a empresa recebe pelo que é coletado e, portanto, é interessante que

126

haja muitos resíduos produzidos, sem que se considerem as conseqüências para o

ambiente.

Velloso (2007) afirma que, apenas a partir de 1970, os resíduos

começaram a ser considerados como questão ambiental devido a sua constituição

variada e capacidade de poluição e contaminação, mas também pela probabilidade

de lucro a ele relacionada. Diante dessa afirmação, abre-se espaço para reflexão

sobre mudanças a serem adotadas em Patos de Minas, inclusive com vistas a

aproveitar a matéria-prima presente nos resíduos, oferecer oportunidades de

trabalho à população e diminuir o impacto ambiental e à saúde da comunidade.

5.6 Satisfação dos coletores com sua ocupação, desvalorização ao trabalho e

rompimento do comodismo

Muitos coletores (26) afirmaram estar satisfeitos com o trabalho, pelo

fato de possuírem vínculo empregatício e de o salário ser bom, comparando-se a

média salarial no município. Dall’Agnol e Fernandes (2007) referiram que os

trabalhadores diluem com o tempo sua capacidade de indignação e acabam

abafando e ignorando seus sentimentos, o que culmina com sua acomodação e

banalização da injustiça social.

Velloso (2005) confirma essa idéia ao considerar que os trabalhadores

se tornam alienados diante de suas condições de trabalho, devido a sua situação de

impotência diante da realidade, não questionando os valores vigentes.

Assim, de acordo com a formação ideológica e cultural dessa

população trabalhadora, se determinam suas reações mediante as agressões que

são direcionadas a seus corpos pelo processo de produção exploratório a que são

submetidos (BAPTISTA, 2004).

Velloso (2007) afirma que ao longo da história, os resíduos adquiriram

uma imagem negativa relacionada a descartabilidade, sujeira, doença, morte e

miséria e refere que no fim da Idade Média e da Modernidade as pessoas que

cuidavam do destino final dos resíduos eram marginais à sociedade (prostitutas,

prisioneiros de guerra, condenados, escravos, ajudantes de carrascos e mendigos.

Velloso (2005) reafirma esse problemática dizendo que a imagem negativa da

127

sociedade sobre os trabalhadores interage com a auto-imagem que eles formam de

si mesmos, vistos à margem da sociedade. Essa afirmação ajuda a compreender

essa problemática também evidenciada no presente estudo, através do qual foi

possível perceber que o trabalho com resíduos foi considerado como socialmente

desqualificado e as pessoas que o realizam estigmatizadas pela sociedade. A

desvalorização segundo Velloso (1997) não traz prestígio profissional aos coletores,

gera um mal-estar psíquico em relação a vida e ao trabalho. Dessa forma-se pode-

se correlacionar a desvalorização dos coletores, com o seu estado de saúde,

relembrando da criação de ambientes e nesse caso especificamente ambiente de

trabalho saudáveis como preconiza a Carta de Otawa (1986), que valoriza o trabalho

como componente para a manutenção da saúde.

Diante disso, devem ser procuradas formas de valorizar o trabalho dos

coletores, de maneira que a comunidade e os próprios trabalhadores reconheçam

sua importância e saiam do conformismo em que se encontram.

5.7 Necessidades de melhorias versus acomodação

Os gestores reconhecem os riscos aos quais os trabalhadores estão

expostos, mas afirmam que atualmente eles foram minimizados. Percebe-se que os

gestores têm se preocupado parcialmente com as condições de saúde dos

coletores, mas as ações de gerenciamento adotadas no município ainda não são

suficientes para promover adequadamente a saúde dessa categoria de

trabalhadores.

Catapreta e Heller (1999) enumeram que o acúmulo de resíduos,

propicia um quadro de degradação social e ambiental, e, portanto a coleta e a

disposição inadequadas consistem importantes fatores de risco para a saúde

pública. Portanto o valor das reflexões ora trazidas pelo presente estudo se baseiam

na importância de fornecer subsídios para a promoção de saúde dos coletores cm

reflexo na saúde do município como um todo, pois de acordo com Ferreira e Anjos

(2001) as pessoas envolvidas com o manuseio de resíduos sevem como vetor de

propagação de doenças, que pode passar a atingir a comunidade.

128

Percebe-se que apesar do empenho e de melhorias que estão sendo

providenciadas pelos gestores, ainda existem ações a serem implementadas.

Velloso (2007) confirma tal afirmação ao afirmar que na atualidade as autoridades

continuam sendo negligentes em algumas situações relacionadas aos resíduos

especialmente na sua destinação e acrescenta que o homem o homem apesar de

conhecer os perigos cria as situações preferindo arriscar-se. Nesse contexto

destaca-se que o poder econômico da sociedade e consumo globalizado, por vezes

é priorizado em relação à integridade das medidas de saúde pública. Muitos nem

sequer sugerem alterações nas condições de trabalho.

Um dos gestores municipais, quando questionado sobre as melhorias a

serem realizadas no aterro, referiu-se simplesmente ao aumento no número de

trabalhadores e maquinário, pensando apenas em melhorias no nível operacional,

sem citar a preocupação com as condições de trabalho.

O depósito ainda não possui captação de biogás e captação e

tratamento do chorume, apesar de já estar tomando providencias através da

construção de lagoas para esse tratamento. Inclusive um dos gestores falou sobre a

necessidade de se criar boas práticas, como a coleta seletiva e a reciclagem,

promover a conscientização da população. No entanto, não há projetos efetivos em

andamento para viabilização dessas ações.

Segundo Dall’ Agnol e Fernandes (2007) a reciclagem é a alternativa

mais difundida atualmente para minimizar os impactos tanto a saúde como ao

ambiente produzidas pelos resíduos considerando-se a possibilidade de

esgotamento dos resíduos e contaminação de recursos naturais. Essa solução

considera não só o aspecto ecológico, mas também o econômico e o social visto

que haveria prolongamento de vida útil do aterro, oferta de trabalho, diminuição nos

níveis de poluição da água e do solo.

Segundo Oliveira (1999) através da reciclagem dos materiais

inorgânicos pode-se reduzir o consumo de energia elétrica e a extração de recursos

naturais não renováveis.

Ainda para Velloso (2005) a construção de políticas públicas de

reciclagem e coleta seletiva é uma alternativa que pode gerar renda e propiciar a

inserção social de outros grupos marginalizados.

Ferreira e Anjos (2001) escrevem sobre a necessidade de mais

estudos e incentivo à pesquisas, desenvolvimento de capacidade técnica para os

129

gerenciadores, para introdução de planos e projetos, a educação e conscientização

população e dos coletores gerando mudanças comportamentais, que reflitam no

gerenciamento de forma efetiva.

Dessa forma é preciso realizar mudanças com vistas ao rompimento do

padrão de acomodação à situação atual, instaurado entre coletores e gestores.

130

6 CONCLUSÕES

Dentro os campos da Promoção da Saúde este estudo focalizou a

criação de ambientes saudáveis, especificamente os ambientes de trabalho de

coletores de resíduos da limpeza urbana de Patos de Minas (MG).

As condições sócio-econômicas dos coletores de resíduos da limpeza

urbana de Patos de Minas (MG), não são satisfatórias e o salário é inadequado,

quando comparado com as condições de trabalho e os riscos a que eles estão

expostos.

Com relação às condições de trabalho, são fornecidos EPIs e uniforme

para os coletores, porém esse fato não tem impedido a ocorrência de acidentes.

Os trabalhadores têm poucos treinamentos sobre manuseio correto dos

resíduos, o que predispõe os trabalhadores a serem tornarem ainda mais expostos a

acidentes e aquisição de doenças. A ausência de treinamentos de acordo com a

demanda evidencia e supervaloriza os riscos que são aumentados pelo

desconhecimento e descuido.

Algumas equipes de trabalho são pequenas, o que acarreta a

sobrecarga de atividades para determinados coletores.

A jornada de trabalho é normalmente reduzida devido à velocidade

com que os coletores realizam suas atividades. Devido à pressa de terminar a

coleta, muitas vezes trabalham sem intervalos, subindo e descendo inúmeras vezes

no caminhão, correndo em demasia em meio ao trânsito, carregando peso em

excesso, em contato com resíduos mal acondicionados, expostos ao sol, chuva,

umidade, poeira, odor ruídos, dentre outros, sem um mínimo de reconhecimento

pelos cidadãos que os consideram também como resíduos da sociedade. Esses

fatores podem acarretar prejuízos visíveis para sua saúde física, mental e social

desta categoria de trabalhadores, o que os torna por todas essas e outras

características de seu trabalho verdadeiros “atletas do lixo”.

Os acidentes mais freqüentes foram os cortes e perfurações, que

atingiram expressivamente os membros superiores e tendo como causas mais

citadas o acondicionamento inadequado dos resíduos e a falta de atenção dos

coletores.

131

Os coletores não possuem Plano de Saúde e em caso de acidentes

não possuem atendimento especializado sendo encaminhados para o atendimento

público. Essa realidade foi destacada pelos coletores, que sugerem alterações

nessa problemática. Não é oferecida assistência médica especializada aos coletores

que não contam com nenhum Plano de Saúde.

As doenças foram pouco referidas pelos coletores, que reconhecem a

possibilidade e ocorrências das mesmas.

Os coletores não conhecem totalmente as exigências para o

funcionamento do aterro sendo que, parte deles, nem sugere mudanças.

Os resíduos nem sempre estão cobertos e não existe captação e

tratamento do chorume, mas a administração municipal tem tomado medidas para a

implementação dessas ações.

Os gestores têm adotado medidas de proteção ao trabalhador e ao

ambiente, mas essas medidas devem ser ampliadas para melhorar as condições de

trabalho dos coletores, minimizar os acidentes e também o acometimento por

doenças.

Apesar de considerar todas as possibilidades de riscos e prejuízos à

saúde, os trabalhadores se manifestaram satisfeitos com o trabalho o que mostra

uma postura de conformismo. Sabe-se, porém que a organização social do trabalho

deveria ser um instrumento para a construção de uma sociedade mais saudável.

Portanto, a partir da caracterização do trabalho realizado pelos

coletores de resíduos de Patos de Minas (MG) é preciso indicar aos gestores que,

as escolhas saudáveis devem ser sempre adotadas através da criação de políticas

públicas saudáveis, que promova a saúde dos indivíduos e da sociedade, a partir do

desenvolvimento sustentável dessa atividade considerando as dimensões sócio-

econômicas, ambientais, técnicas, para assim garantir a saúde de todos os direta ou

indiretamente envolvidos com os resíduos.

132

7 SUGESTÕES

O saber e as constatações dos dados desse trabalho, com certeza são

de fundamental importância para o reconhecimento das condições de trabalho e

saúde dos coletores de resíduos de Patos de Minas/MG. Porém tal conhecimento

isolado pouco adianta para alterar as situações em que os coletores se encontram

inseridos, pois para alcançar resultados efetivos é imprescindível a mudança na

lógica das políticas publicas municipais relacionadas ao gerenciamento dos resíduos

com vistas à Promoção de Saúde desse grupo de indivíduos com reflexos na saúde

coletiva do município.

Por isso além da caracterização feita nesse estudo, serão descritas a

seguir algumas sugestões da pesquisadora e em parte dos coletores a serem

possivelmente implantadas pelos gestores como subsídios para promover a saúde

desse grupo de trabalhadores:

� Disponibilização de Assistência Médica e/ou Plano de Saúde para

atendimento as necessidades básicas do trabalhador e de seus

familiares com profissionais específicos para seu atendimento. Tais

serviços de saúde poderão ser oferecidos pela Prefeitura ou pela

empresa.

� Criação de locais para propiciar de forma adequada e higiênica a

satisfação das necessidades fisiológicas dos coletores oferecendo

lanche de forma proporcionando descanso momentâneo

considerando-se o desgaste em especial pela rapidez com que

executam suas tarefas.

� Suscitar nos coletores o interesse por alternativas de auto-cuidado

como, por exemplo, lanchar em horário adequado ao invés de ter

lanche em tempo corrido, lavar as mãos adequadamente, evitar a

pressa excessiva dentre outras e realizar as atividades com o

máximo de atenção. Essa sugestão pode se efetivar através de

133

momentos para a capacitação temporária que reforcem a questão

dos riscos e acidentes.

� Repensar o uso dos EPIs com relação a camisas de mangas

longas, luvas mais resistentes, utilização de óculos e máscara para

proteção; e também o horário da coleta no centro da cidade

considerando-se o fluxo de veículos.

� Conscientizar a população com relação ao respeito na forma de

tratamento aos coletores que desempenham função indispensável

para a manutenção da saúde da comunidade.

� Criação de galpões para reciclagem de dimensões apropriadas para

o fluxo de resíduos produzidos no município e caso essa iniciativa

local não seja possíveis ou suficientes recomenda-se a participação

de consórcios intermunicipais que partilham dos gastos com a

reciclagem, mas também de seus benefícios.

� Cumprir todos os requisitos da legislação existente com relação ao

deposito de resíduos (cobertura diária dos resíduos, captação e

tratamento de gases e chorume) também revendo as condições do

acesso tais como asfaltamento e condições internas como

iluminação que melhoram as condições de trabalho principalmente

à noite e em períodos de chuva ou seca.

� Alteração do tipo de coleta para que ocorra de forma seletiva

propiciando a correta segregação e acondicionamento dos resíduos

pela população através campanhas realizadas com o auxílio dos

diversos meios de comunicação e da criação de legislação

municipal pertinente que inclua inclusive multas para os infratores.

� Aumento do número de coletores em algumas guarnições para

diminuição da carga de trabalho.

� Realização de coleta no período noturno para evitar acidentes

relacionados ao trânsito.

� Melhoria salarial tendo a vista sua proporcionalidade aos riscos e às

condições de trabalho dos coletores;

Em todas essas sugestões e em muitas outras que poderão surgir a

partir da reflexão delas há que se considerar a importância da parceria de gestores,

coletores e população.

134

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140

APÊNDICES

APÊNDICE I - Instrumento para coleta de dados: Coletores de resíduos ........... 141 APÊNDICE II - Instrumento para coleta de dados: gerente da empresa coletora de resíduos ................................................................................................................ 150 APÊNDICE III - Instrumento para coleta de dados responsáveis pelo gerenciamento no setor administrativo e pela operacionalização do aterro ................................. 163 APÊNDICE IV - Termo de consentimento livre e esclarecido .............................. 170

APÊNDICE V - Perfil sócio-econômico dos coletores de resíduos do município de

Patos de Minas/MG em 2007 ............................................................................... 172

141

APÊNDICE I - Instrumento para coleta de dados (Coletores de resíduos)

Instrumento para coleta de dados Data______/______/_______ Segmento: ________________________ 1- Identificação 1.1 Nome: _________________________________________________________________________________ 1.2 Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino 1.3 Idade: ______ anos 1.4 Estado civil: ( ) solteiro ( ) casado ( ) viúvo ( ) separado ( ) outro ____________________________________ 1.5 Nível de instrução: ( ) não alfabetizado ( ) ensino fundamental incompleto ______________ ( ) ensino fundamental completo ( ) ensino médio incompleto ____________________ ( ) ensino médio completo ( ) ensino superior incompleto ___________________ ( ) ensino superior completo Curso: _______________________________________

2- Dados relacionados à moradia e ao lazer 2.1 Bairro: _______________________________________ 2.2 Tipo de moradia: ( ) própria ( ) alugada ( ) cedida por familiares ( ) outra_________________________ 2.3 Condições de moradia: ( ) alvenaria ( ) madeira ( ) pau-a-pique ( ) outro _________________________ 2.4 Condições de Saneamento Básico na moradia: 2.4.1 Água tratada: ( ) sim ( ) não 2.4.2 Energia elétrica: ( ) sim ( ) não 2.4.3 Rede de esgoto: ( ) sim ( ) não 2.5 Número de moradores na residência: ________________ 2.6 A que distância de seu trabalho você mora: ________________ 2.7 Qual é o meio de transporte que você utiliza para ir para o trabalho: ( ) ônibus coletivo ( ) carro próprio ( ) carro da empresa onde trabalha ( ) bicicleta ( ) vai para o trabalho a pé ( ) moto ( ) outro __________________________________________________________________________________ 2.8 Apresenta momentos de lazer? ( ) sim ( ) não 2.8.1 Qual? _______________________________________________________________________________

142

2.8.2 Com que freqüência? semanalmente ( ) mensalmente ( ) raramente ( ) outras _________________________________________________________________________________ 2.8.3 Com que duração? ( ) 1h/dia ( ) Entre 2 e 4h/dia ( ) Entre 4 e 8 horas ( ) o dia todo

3- Dados relacionados às condições de trabalho 3.1 Situação de trabalho: ( ) ativo ( ) inativo ( ) afastado 3.1.1 Caso esteja trabalhando: - Profissão: ____________________________________ - Empregador: ____________________________________________ - Satisfação no trabalho: ( ) satisfeito ( ) parcialmente satisfeito ( ) insatisfeito Justifique sua resposta:________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 3.2 Renda familiar: ( ) sem renda mensal ( ) menos de R$ 200,00 ( ) de R$200,00 a r$380,00 ( ) outro __________________________ 3.3 Número de pessoas que contribuem para renda familiar: _____________ 3.4 São fornecidos EPIs para vocês coletores: ( ) luvas ( ) máscaras ( ) botas ( ) boné ( ) nenhum ( ) outros _________________________________________________________________________________ 3.5 Eles são utilizados adequadamente: ( ) sim ( ) não ( ) parcialmente 3.5.1 Quais : _______________________________________________________________________________ 3.5.2 Porque eles não são utilizados adequadamente: ________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3.6 São utilizados uniformes: ( ) sim ( ) não 3.6.1 Se sua resposta for sim, qual é o tipo de tecido do uniforme: ( ) tecido comum ( ) tecido especial __________________________________________________________________________________________ 3.7 Os EPIs são distribuídos de acordo com a necessidade diária: ( ) sim ( ) não 3.8 O uso dos EPIs é fiscalizado: ( ) sim ( ) não 3.8.1 Se sua resposta for sim, quem fiscaliza: ______________________________________________________ 3.9 Antes de iniciar na profissão, você participou de algum treinamento: ( ) sim ( ) não 3.9.1 Se sua resposta for sim, informe qual a duração:_______________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 3.10 Após iniciar na profissão, você participou de outro curso nessa área: ( ) sim ( ) não 3.10.1 Qual:________________________________________________________________________________

143

3.11 Quais são os componentes que formam uma equipe completa de trabalhadores da área de coleta de resíduos:___________________________________________________________________________________ 3.12 Vocês tem direito a intervalos durante o turno de trabalho para cuidar de suas necessidades fisiológicas e de sua higiene: ( ) sim ( ) não 3.12.1 Justifique:____________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 3.13 Você acredita que corre algum risco na realização de seu trabalho: ( ) sim ( ) não 3.13.1Qual(is)_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4- Dados relacionados às condições de manuseio dos resíduos Com relação à coleta responda: 4.1 Quais as coletas estão incluídas no trabalho dos coletadores: ( ) resíduos domiciliares ( ) resíduos de varredura ( ) resíduos de serviços de saúde ( ) resíduos industriais ( ) resíduos comerciais ( ) resíduos de feiras ( ) outras _________________________________________________________________________________ 4.2 Os resíduos dos serviços de saúde são: ( ) simplesmente transferidos ( ) tratados antes de serem transferidos ( ) não sei ( ) outros _________________________________________________________________________________ 4.3 Onde eles são depositados: ( ) junto aos demais resíduos ( ) em valas separadas outro:_________________________________ 4.4 Quais são os materiais recolhidos regularmente durante a coleta: ( ) plástico ( ) madeira ( ) papel ( ) alimentos ( ) vidro ( ) borracha ( ) resíduos de varredura ( ) restos de animais ( ) fraldas descartáveis ( ) lenços de papel ( ) curativos ( ) agulhas e seringas descartáveis ( ) papel higiênico ( ) absorventes ( ) resíduos de serviços de saúde ( ) camisinhas ( ) pilhas ( ) tintas ( ) baterias ( )óleos e graxas ( ) pesticidas e herbicidas ( ) latas e garrafa ( ) outros ___________________________________________________ 4.5 Como é feito o acondicionamento dos resíduos pela população: ( ) caixas de papelão ( ) lata plástica ( ) saco ou sacola plástica descartável ( ) lata de metal 4.6 Qual é o estado de conservação do veículo transportador: ( ) bom ( ) regular ( ) ruim 4.7 São realizadas vistorias temporárias nos veículos para sua manutenção: ( ) sim ( ) não 4.7.1 Se a sua resposta for sim, de quanto em quanto tempo são realizadas essa vistorias: ___________________ __________________________________________________________________________________________ 4.8 Onde é realizada a limpeza do veículo transportador:____________________________________________

144

4.9 Com que freqüência:_____________________________________________________________________ 4.10 Quem faz a limpeza:______________________________________________________________________ 4.11 Onde você é transportado durante a coleta: ( ) na cabine junto ao motorista ( ) no estribo do veículo coletor ( ) outros _________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.12 Qual é a freqüência de coleta: ( ) 01 vez/dia ( ) 02 vezes/dia ( ) outro _____________________ 4.13 Qual é o período: ( ) manhã ( ) tarde ( ) outro___________________________________ 4.14 A coleta diária acontece em toda cidade: ( ) sim ( ) não Justifique: ____________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.15 As áreas de coleta apresentam algum critério de subdivisão: ( ) sim ( ) não Qual: ( ) bairro ( ) rua ( ) setor ( ) outro ______________________________________________ __________________________________________________________________________________________ Com relação ao percurso, responda: 4.16 Como são as ruas onde a coleta é realizada : ( ) pavimentadas ( ) parcialmente pavimentadas ( ) não pavimentadas 4.17 O acesso ao depósito é bem sinalizado: ( ) sim ( ) não ( ) razoavelmente sinalizado 4.18 Como é o tráfego: ( ) de baixa intensidade ( ) de média intensidade ( ) de alta intensidade 4.19 Qual é a distância da cidade ao depósito: ____________________________ 4.20 Qual é o tempo gasto para transportar os resíduos até o seu destino final:____________________________ __________________________________________________________________________________________

Com relação a esta ação de transbordo de resíduos, informe: 4.21 Local de armazenamento: ( ) lixão ( ) aterro não controlado ( ) aterro controlado ( ) aterro sanitário ( ) outro __________________________________________________________________________________ 4.22 Como é o terreno do depósito: ( ) predominantemente plano ( ) predominantemente ondulado ( ) predominantemente montanhoso ( ) outro __________________________________________________________________________________ 4.23 A concentração da coleta de resíduos é a mesma diariamente: ( ) sim ( ) não

145

4.24.1 Justifique:____________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 4.24 Tratamento físico prévio do lixo: ( ) simples transferência ( ) com sistemas de redução do volume através de compactador 4.25 Que animais são encontrados no depósito de resíduos: ( ) baratas ( ) ratos ( ) urubu ( ) cachorro ( ) outros____________________________________ 4.26 Os resíduos estão sempre cobertos: ( ) sim ( ) não 4.26.1 Justifique:____________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________

5-Dados relacionados a acidentes de trabalho

5.1 Durante o manuseio dos resíduos, você teve algum tipo de acidente: ( ) sim ( ) não Se a sua resposta for sim, informe: 5.1.1 Modalidade de acidente: ( ) ferimento com veículo compactador ( ) perda de membros por prensagem em equipamento de compactação ( ) queda de veículo ( ) atropelamentos ( ) colisão do veículo coletor com outro veículo ( ) contato com fios elétricos ( ) corte com vidros ( ) corte e perfuração com espinhos ( ) corte e perfuração com pregos ( ) corte e perfuração com agulhas de seringas ( ) corte e perfuração com espetos ( ) entrada de corpo estranho nos olhos ( ) mordida de animais. Qual:_________________________________________________________________ ( ) picada de insetos. Qual:___________________________________________________________________ ( ) outros _________________________________________________________________________________ 5.1.2 Parte do corpo afetada pelo acidente: ( ) cabeça ( ) tronco ( ) braço ( ) mão ( ) perna ( ) pe ( ) coluna vertebral ( ) outros ___________________________________________________________ 5.1.3 Quais foram as conseqüências desse acidente: ( ) ferimento leve ( ) ferimento grave ( ) perda de membro ( ) perda de dedos ( ) fraturas ( ) aquisição de infecção ( ) invalidez ( ) dor muscular ( ) contusão lombar ( ) outras _________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________

146

5.2 Na sua opinião, quais são as causas mais comuns de acidentes ocorridos durante a realização do trabalho dos coletores: ( ) excesso de velocidade do veículo durante o trabalho ( ) falta de atenção do motorista da guarnição ( ) falta de local adequado para que os coletores fiquem durante o percurso da coleta ( ) uso de material inadequado ( ) esforço excessivo ( ) pressa durante a realização das tarefas ( ) falta de experiência no trabalho ( ) falta de atenção dos coletores durante o trabalho ( ) ingestão de bebida alcoólica antes trabalho ( ) falta de conscientização da população ao separar os resíduos ( ) embalagens inadequadas para aos resíduos ( ) falta de melhorias no aterro para evitar contato com seres vivos que podem transmitir doenças ( ) Outras_________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 5.3 Você já se afastou do trabalho por causa de acidentes: ( ) sim ( ) não 5.3.1 Se a sua resposta for sim, informe: - por quanto tempo: ___________________________ - teve desconto em seus salário ( ) sim ( ) não Justifique: _________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 5.4 Em caso de acidentes, como os empregados são encaminhados para o atendimento especializado: ( ) são encaminhados através de convênios de saúde ( ) são encaminhados para o atendimento público ( ) a empresa possui profissionais responsáveis pelo atendimento ( ) outro _________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6-Dados relacionados às condições de saúde 6.1 Como você considera seu estado de saúde atual: ( ) satisfatório ( ) parcialmente satisfatório ( ) insatisfatório 6.2 Para você o que significa saúde: ( ) ausência de doença ( ) bem estar-físico, mental e social ( ) bem-estar físico ( ) bom salário ( ) bem-estar mental ( ) boa alimentação ( ) bem-estar social 6.3 Você é vacinado contra doenças: ( ) sim ( ) não 6.3.1 Se a sua resposta for sim, quais: ( ) hepatite ( ) sarampo ( ) tétano ( ) febre amarela ( ) outras ________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 6.3.2 A empresa tem conhecimento dessas imunizações: ( ) sim ( ) não 6.4 A empresa oferece assistência médica para os empregados: ( ) sim ( ) não 6.4.1 Qual: _________________________________________________________________________________

147

6.5 Após iniciar nessa ocupação, você apresenta ou já apresentou alguma doença: ( ) sim, apresenta ( ) sim, apresentou ( ) não 6.5.1 Se a resposta for sim, informe: 6.5.2 Qual: ( ) dermatites ( ) micoses ( ) doenças do trato intestinal ( ) doenças renais ( ) doenças cardíacas ( ) doenças do trato respiratório ( ) hepatite ( ) dengue ( ) febre amarela ( ) tétano ( ) cólera ( ) hérnia de disco ( ) outra__________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 6.5.3 O diagnóstico obtido foi relacionado a condições: ( ) alimentares ( ) de saneamento ( ) de trabalho ( ) outros _________________________________ - Se a sua resposta for condições de trabalho, informe: - Você conhece outra pessoa que já trabalhos nessa ocupação que apresentou a mesma doença: ( ) sim ( ) não Quantos:___ Justifique: _________________________________________________________________________________ 6.6 Você sente ou apresentou alguns dos sinais e sintomas abaixo: ( ) mal-estar ( ) dor de cabeça ( ) náuseas ( ) estresse ( ) pressão arterial elevada ( ) coração com batimentos acelerados ( ) desvio ou dores na coluna vertebral ( ) dores no corpo ( ) tensão nervosa ( ) perda momentânea da visão ( ) perda parcial da audição ( ) perda total da audição ( ) situação de desconforto pelo contato com poeira ( ) dermatite ( ) intoxicação. Justifique: ___________________________________________________________________ ( ) outras _________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 6.7 Na sua opinião, quais são as causas mais comuns para o surgimento desses sinais / sintomas e também surgimento de doenças relacionadas aos resíduos: ( ) cheiro dos resíduos ( ) alimentação inadequada ( ) excesso de ruído ( ) excesso de peso carregado ( ) ingestão de bebida alcoólica antes do trabalho ( ) ar carregado de partículas ( ) falta de uso de EPIs ( ) falta de uso de luvas ( ) cansaço ( ) presença de substâncias tóxicas ( ) pressa durante o trabalho ( ) esforço excessivo ( ) falta de condições adequadas do aterro ( ) falta de horário para descanso durante o trabalho ( ) falta de separação de resíduos comuns e especiais ( ) outros____________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7-Considerações gerais e finais

7.1 O relacionamento entre os coletores é bom: ( ) sim ( ) não 7.1.1 Justifique: _________________________________________________________________________________ 7.2 O relacionamento empresa-empregado é satisfatório: ( ) sim ( ) não 7.2.1 Justifique: _____________________________________________________________________________

148

__________________________________________________________________________________________ 7.3 O que os resíduos representam para você: ( ) salário recebido ( ) os restos da sociedade ( ) fonte de renda ( ) prejuízos para o ambiente ( ) outros _________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 7.4 Quais são as coisas que mais te incomodam durante seu trabalho: ( ) odor ( ) poeira ( ) ruídos produzidos pelos equipamentos ( ) falta de condições adequadas de trabalho ( ) radiação solar ( ) umidade ( ) clima seco ( ) frio, chuva, vento ( ) ficar sujo durante o trabalho ( ) discriminação devido ao seu trabalho ( ) outros_________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________ 7.5 Enquanto coletor de resíduos, qual é o maior problema que você enfrenta na realização de seu trabalho: __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 7.6 Na sua opinião o depósito de resíduos obedece às normas exigidas pelos órgãos ambientais: __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 7.7 Quais são as modificações que poderiam ser feitas nesse depósito? __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 7.8 Quais as sugestões de mudanças gerais para melhoria de condições de seu trabalho e evitar os acidentes: __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ 7.9 E para evitar doenças quais seriam as mudanças a serem realizadas: __________________________________________________________________________________________

149

__________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________

7.10 Quais são as suas sugestões gerais para melhoria de condições de seu trabalho e de saúde dos coletores

a serem adotadas:

a) pela administração municipal

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

b) pela SEMOP/LIMPEBRÁS

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

c) pela população

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

d) pelos próprios coletores

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________

150

APÊNDICE II - Instrumento para coleta de dados (gerente da empresa

coletora de resíduos)

Instrumento para coleta de dados

Data______/______/_____ Segmento: ________________________ 1- Identificação 1.3 Nome: _______________________________________________________________________

1.4 Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

1.3 Idade: ______ anos

1.4 Estado civil: ( ) solteiro ( ) casado

( ) viúvo ( ) separado ( ) outro ___________________________

1.6 Nível de instrução: _________________________ Curso: _____________________________

1.7 Função exercida na empresa: ____________________________________

1.8 Jornada de trabalho: ___________________________________________

2- Dados relacionados às condições de trabalho e de saúde dos coletores 2.1 Como é realizada a contratação de coletores de resíduos:

( ) por indicação ( ) a partir da análise de currículos ( ) com a realização de concursos

( ) outra _______________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

2.2 A admissão de funcionários (as) ocorre após:

( ) exame físico ( ) exames laboratoriais ( ) entrevista

( ) outros _______________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

2.3 Antes de iniciar na profissão, os coletores participam de algum treinamento: ( ) sim ( ) não

Se sua resposta for sim, informe qual a duração:__________________________________________

_________________________________________________________________________________

2.4 Após iniciar na profissão, eles participam de outros cursos nessa área: ( ) sim ( )

não

151

Qual:_____________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

2.5 Os coletores são imunizados contra doenças: ( ) sim ( ) não

Se sua resposta for sim, quais são as doenças: _________________________________________

_________________________________________________________________________________

2.6 Que tipo de assistência é oferecida pela empresa aos funcionários:

( ) assistência e/ ou convênio médico ( ) exames laboratoriais periódicos

( ) orientações sobre segurança no trabalho ( ) orientações sobre recursos humanos

( ) outros ______________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

2.7 Qual é o valor do salário pago aos coletores?__________________________________________

2.8 Eles recebem algum adicional:

a) relativo à insalubridade ( ) sim ( ) não

b) gratificação por tempo de trabalho ( ) sim ( ) não

c) premiação por desempenho ( ) sim ( ) não

d) vale refeição ( ) sim ( ) não

e) vale transporte ( ) sim ( ) não

f) outros __________________________________________________________

Se sua resposta for sim, informe como é feita a verificação para concessão para a concessão de

adicionais e como é o cálculo de seus valores: ___________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

2.9 Em geral, os coletores faltam ao trabalho? ( ) sim ( ) não

Por que motivo: ____________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

2.10 Em caso de falta ao trabalho existe desconto no salário: ( ) sim ( ) não

Comente:

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

152

2.11 Existe rotatividade de funcionários: ( ) sim ( ) não

Qual é o motivo: ( ) doença ( ) acidente

( ) ineficiência na realização das funções ( ) outro ___________________________________

_________________________________________________________________________________

2.12 Existe afastamento dos trabalhadores: ( ) sim ( ) não

Se sua resposta for sim,qual o motivo mais freqüente:

( ) familiar ( ) doença ( ) acidente de trabalho ( ) outro____________________________

_________________________________________________________________________________

2.13 Existe divisão de setores para a realização da coleta: ( ) sim ( ) não

Se sua resposta for sim, como é essa divisão:

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

2.14 Com que freqüência é realizada a coleta nas casas:

( ) todos os dias ( ) duas vezes por semana ( ) três vezes por semana

( ) uma vez por semana ( ) outra freqüência __________________________________

2.15 Comente o motivo dessa freqüência:

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

2.16 Quais são os componentes que formam uma guarnição completa de trabalhadores da área de

coleta de resíduos:

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

2.17 Qual é o número total de coletores no município: __________

2.18 Existe revezamento de turno entre eles: ( ) sim ( ) não

Se sua resposta for sim, como funciona esse revezamento:

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

153

2.19 Durante a jornada de trabalho, existem intervalos para descanso e satisfação de necessidades

fisiológicas? ( ) sim ( ) não Motivo: ____________________________________

_________________________________________________________________________________

2.20 São fornecidos EPIs para os coletores de resíduos:

( ) luvas ( ) máscaras ( ) botas ( ) nenhum

2.21 Eles são utilizados adequadamente:

( ) sim ( ) não ( ) parcialmente

Quais : ___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

2.22 São utilizados uniformes: ( ) sim ( ) não

Se sua resposta for sim, qual é o tipo de tecido do uniforme:

( ) tecido comum ( ) tecido especial_________________________________________________

2.23 O uso dos EPIs é fiscalizado: ( ) sim ( ) não

2.24 Quem fiscaliza ?

_______________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

2.25 Os EPIs são distribuídos de acordo com a demanda?: ( ) sim ( ) não

2.26 Na sua opinião, existem riscos aos coletores na realização de seu trabalho em caso de não

utilizarem os EPIs: ( ) sim ( ) não

Qual(is): __________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

2.27 A empresa possui registros de acidentes? ( ) sim ( ) não

Se sua resposta for sim, como é feito esse registro:________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

2.28 Quais são os tipos de acidentes registrados: _________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

154

2.29 Quais são as causas desses acidentes: _____________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

2.30 Em caso de acidentes de trabalhos já ocorridos, houve necessidade de afastamento do

trabalho os coletores: ( ) sim ( ) não

Se a sua resposta for sim, por quanto tempo: ____________________________________________

________________________________________________________________________________

2.31 A empresa possui registros de doenças dos funcionários:

( ) sim ( ) não

Se sua resposta for sim, como é feito esse registro:________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

2.32 Quais são os tipos de doenças registrados: __________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

2.33 Quais são as causas dessas doenças: ______________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

3- Dados relacionados às condições de manuseio dos resíduos

Com relação à coleta responda:

3.1 Existe coleta particular no município: ( ) sim ( ) não

3.3 Tipo de coleta realizada no município: ( ) regular ( ) seletiva

155

3.4 Quais as coletas estão incluídas no trabalho dos coletores:

( ) domiciliar ( ) resíduos de varredura ( ) resíduos de serviços de saúde

( ) resíduos industriais ( ) resíduos comerciais ( ) resíduos de feiras

( ) outras coletas __________________________________________________________________

3.5 Os resíduos dos serviços de saúde são devidamente separados e embalados:

( ) sim ( ) não

3.6 Esses resíduos são: ( ) simplesmente transferidos ( ) tratados antes de serem transferidos

3.7 Onde eles são depositados:

( ) junto aos demais resíduos ( ) em valas separadas

outro:______________________________

3.8 Quais são os materiais recolhidos regularmente durante a coleta:

( ) plástico ( ) madeira ( ) papel

( ) alimentos ( ) vidro ( ) borracha

( ) resíduos de varredura ( ) restos de animais ( ) fraldas descartáveis

( ) lenços de papel ( ) curativos ( ) agulhas e seringas

( ) papel higiênico ( ) absorventes ( ) resíduos de serviços de saúde

( ) camisinhas ( ) outros _____________________________________________

_________________________________________________________________________________

3.8 Como é feito o acondicionamento dos resíduos pela população:

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

3.9 Qual é o tipo de veículo:

( ) veículo coletor com caçamba simples

( ) veículo coletor compactador

( ) veículo coletor de resíduos dos serviços de saúde

Se a sua resposta for veículo com caçamba simples, informe se o veículo coletor é do tipo:

( ) basculante ( ) coletor convencional

3.10 Qual a quantidade de veículos utilizados na coleta diária:________________________________

3.11 Qual é o peso da carga transportada em cada veículo:__________________________________

Qual é o peso diário total transportado para o aterro: _______________________________________

156

3.12 Qual a quantidade de trabalhadores por veículo:_______________________________________

3.13 Qual é o estado de conservação do veículo transportador: ( ) bom ( ) regular ( ) ruim

3.14 Onde é realizada a limpeza do veículo transportador:__________________________________

3.15 Com que freqüência:____________________________________________________________

3.16 Quem faz a limpeza:_____________________________________________________________

3.17 Qual é a freqüência de coleta:

( ) 01 vez/dia ( ) 02 vez/dia ( ) outro _________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

3.18 Qual é o período:

( ) manhã ( ) tarde ( ) outro_____________________________________________

_________________________________________________________________________________

3.19 As áreas de coleta apresentam algum critério de subdivisão: ( ) sim ( ) não

Qual: ( ) bairro ( ) rua ( ) outro _______________________________________________

3.20 Em todos esses setores a coleta é realizada diariamente: ( ) Sim ( ) Não

Justifique: ________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

Com relação ao percurso, responda:

3.21 Como são as ruas onde a coleta é realizada :

( ) pavimentadas ( ) não pavimentadas ( ) parcialmente pavimentadas

3.22 Como é o sistema viário:

( ) de fácil circulação ( ) de razoável circulação ( ) de difícil circulação

3.23 Como é o tráfego:

( ) de baixa intensidade ( ) de média intensidade ( ) de alta intensidade

3.24 Qual é o tempo gasto para transportar os resíduos até o seu destino final:__________________

_________________________________________________________________________________

157

Com relação a estação de transbordo de resíduos, informe:

3.25 Local de armazenamento:

( ) lixão

( ) aterro não controlado

( ) aterro controlado

( ) aterro sanitário

( ) outro ________________________________________________________________________

3.26 Como é a topografia do depósito:

( ) predominantemente plana

( ) predominantemente ondulada

( ) predominantemente montanhoso

( ) outro _________________________________________________________________________

3.27 Qual é a quantidade média de lixo coletada diariamente:________________________________

3.28 Concentração da coleta de resíduos é a mesma diariamente: ( ) sim ( ) não

Justifique:_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

3.29 Tratamento físico prévio do lixo:

( ) simples transferência

( ) com sistemas de redução do volume através de compactador

3.30 Que animais são encontrados no depósito de resíduos:

( ) baratas ( ) ratos ( ) aves ( ) outros_________________________________________

_________________________________________________________________________________

3.31 Os resíduos ficam devidamente ficam sempre cobertos: ( ) sim ( ) não

Justifique: ________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

3.32 Os gases são devidamente tratados: ( ) sim ( ) não

Justifique:

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

158

3.33 Existe coleta e tratamento do chorume: ( ) sim ( ) não

Justifique:

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

4- Dados relativos à SEMOP/LIMPEBRÁS

4.1 A SEMPOP/LIMPEBRÁS é responsável pela coleta de:

( ) de entulhos ( ) de resíduos em logradouros públicos ( ) de resíduos das ruas em geral

( ) de feiras ( ) Outros ________________________________________________________

________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

4.2 Quando a referida empresa assumiu essa função no município e como foram iniciados os

trabalhos?

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

4.3 Na sua opinião, quais são as vantagens e/ou prejuízos da terceirização da coleta dos resíduos?

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

4.4 Qual é o gasto médio estimado com os funcionários e despesas gerais da empresa?

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

159

4.5 Como é calculado o valor pago pela prefeitura a SEMOP/LIMPEBRAS?

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

4.6 Na sua opinião, quais são as vantagens e/ou desvantagens da terceirização da coleta dos

resíduos?

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

4.7 Como sua empresa é fiscalizada?

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

5- Considerações finais:

5.1 Em sua opinião a que fatores de risco os coletores estão expostos? E quais são as

conseqüências dessa exposição:

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

160

5.2 O depósito de resíduos do município obedece às normas exigidas pelos órgãos ambientais:

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

5.3 Na sua opinião, qual é o(s) problema(s) mais grave que envolve o gerenciamento de resíduos:

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

5.4 Existem projetos municipais para minimizar esse(s) problema(s): ( ) sim ( ) não

Qual:_____________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

5.5 Na sua opinião quais são as melhorias que necessitam serem feitas no Aterro Controlado e

no gerenciamento dos resíduos como um todo?

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

5.6 A população é conscientizada com relação à segregação dos materiais antes da destinação?

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

161

5.7 Para diminuir os impactos relacionados à saúde dos coletores e da população como um todo, a

SEMOP/LIMPERBRÁS tem projetos para realizar a conscientização da população? Quais são

esses projetos com relação a:

a) produção / redução de consumo;

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

b) reaproveitamento de materiais pelas pessoas;

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_________________________________________________________________________________

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_________________________________________________________________________________

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_________________________________________________________________________________

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c) coleta adequada.

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_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

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_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

162

5.8 Quais são as suas sugestões gerais para melhoria de condições de seu trabalho e de saúde

dos coletores a serem adotadas:

a) pela administração municipal

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

b) pela SEMOP/LIMPEBRÁS

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

c) pela população

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_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

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_________________________________________________________________________________

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d) pelos próprios coletores

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

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_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

163

APÊNDICE III - Instrumento para coleta de dados (responsáveis pelo

gerenciamento no setor administrativo e pela operacionalização do

aterro)

Data______/______/_______ Segmento: ______________________

1- Identificação 1.1-Nome: ___________________________________________________________

1.2 Sexo: __________________________

1.3- Qual é a sua formação?

1.4- Qual é a sua função na administração municipal?

1.5- Você exerce essa função a quanto tempo?

1.6- Qual é a sua relação com o gerenciamento de resíduos no município?

2- Aspectos relacionados à implantação e caracterização do aterro

2.1- Quando se iniciou a implementação do Aterro de Patos de Minas?

2.2- Comente sobre o licenciamento para implantação e funcionamento do

aterro.

2.3- A que distância do município fica o aterro municipal?

2.4 Comente sobre a geologia do aterro.

2.5 O aterro fica próximo a rios?

164

2.6- A localização do aterro atende às exigências legais estabelecidas por órgãos

ambientais para sua implantação e funcionamento?

2.7- Qual é o tamanho da área atual do aterro?

2.8- Como o aterro é cercado?

2.9- Como é a estrutura geral do aterro no que diz respeito à sede administrativa e

a áreas disponíveis para que os funcionários do aterro cuidem de sua higiene,

alimentação e outros aspectos de que necessitem?

3- Aspectos relativos ao controle de entrada e quantidade de resíduos no aterro

3.1- Atualmente como é feito o controle de entrada de pessoas e resíduos no

aterro?

3.2- Quais são os tipos de veículos que dão entrada ao aterro? E qual é o tipo de

resíduos transportado por cada um deles?

3.3- Em geral, qual é o número de veículos que adentra o aterro diariamente?

3.4- É permitida a entrada de carros particulares? Como é controlada?

3.5- Como é realizada a pesagem dos resíduos?

3.6- Qual é a quantidade média de resíduos trazidas por cada veículo?

3.7- Qual é quantidade total de resíduos por dia?

165

4- Aspectos relativos aos funcionários do aterro

4.1- Qual é o número de funcionários do aterro e qual é a descrição das

atividades realizadas por eles.

4.2- Como é turno de trabalho dos funcionários do aterro?

4.3- Quais são as exigências para contratação de funcionários do município para

trabalhar no aterro?

4.4- Os funcionários recebem capacitação inicial e temporária?

4.5- Os funcionários do aterro recebem assistência médica garantida pela

administração municipal?

4.6- Os funcionários são imunizados contra algum tipo de doença? Qual(is)

4.7- Os funcionários do aterro utilizam EPIs? Quais?.

4.8- Alguém fiscaliza o uso dos referidos EPIs?

4.9- Você tem conhecimento de acidentes de trabalho acontecidos com os

funcionários do aterro?

4.10- É feito o registro desses acidentes? Como?

4.11- Quais foram esses acidentes, sua quantidade e quais as suas

conseqüências?

4.12- Em caso de acidentes de trabalhos já ocorridos, houve necessidade de

afastamento do trabalho? Por quanto tempo?

4.13- Na sua opinião, quais são as causas mais comuns desses acidentes?

166

4.14- É comum que os funcionários do aterro encontrem materiais cortantes, e /

ou outros perigosos durante a realização de seu trabalho? Quais são os materiais

mais comumente encontrados?

4.15- Como é feito o registro de ocorrência de doenças que acometem os

funcionários em questão? Quais são as doenças mais comuns e as possíveis

causas?

4.16- Na sua opinião os funcionários do aterro estão expostos a fatores de risco

relacionados a seu trabalho? Quais?

5- Aspectos relativos aos coletores de resíduos

5.1- Quem realiza atualmente a coleta de resíduos no município?

5.2- Como se deu o vínculo e se processa atualmente a parceria entre a prefeitura

e empresa responsável pela coleta dos resíduos sólidos no município?

5.3- Qual é o valor médio gasto pelo município mensalmente para como o

gerenciamento dos resíduos sólidos, incluindo gastos com obras e funcionários

do aterro, pagamento a SEMOP/LIMPEBRAS, projetos de conscientização da

população, assistência médica e outros?

5.4- Como é realizado o cálculo para pagamento da SEMOP/LIMPEBRAS? Na

sua opinião essa forma de negociação traz algum tipo de benefício e/ou prejuízo?

5.5- Existe fiscalização feita pelo município com relação à coleta e destinação

operada pela por essa empresa? Quem fiscaliza, como e com que freqüência?

5.6- Você tem conhecimentos relacionados às exigências para contratação de

trabalhadores pela empresa citada anteriormente?

167

5.7- Qual é a jornada de trabalho dos coletores de resíduos?

5.8- Esses trabalhadores recebem capacitação inicial e temporária?

5.9- Os coletores recebem assistência médica garantida pela empresa?

5.10- Os coletores são imunizados contra algum tipo de doença? Qual(is)

5.11- Eles utilizam EPIs? Quais?.

5.12- Alguém fiscaliza o uso dos referidos EPIs?

5.13- Você tem conhecimento de acidentes de trabalho acontecidos com os

coletores de resíduos?

5.14- É feito o registro desses acidentes? Como?

5.15-Quais foram esses acidentes, sua quantidade e quais as suas

conseqüências?

5.16- Em caso de acidentes de trabalhos já ocorridos, houve necessidade de

afastamento do trabalho os coletores? Por quanto tempo?

5.17- Na sua opinião, quais são as causas mais comuns desses acidentes?

5.18- É comum que os coletores de resíduos encontrem materiais cortantes, e /

ou outros perigosos durante a realização de seu trabalho? Quais são os materiais

mais comumente encontrados?

5.19- Você sabe como é feito o registro de ocorrência de doenças que acometem

os trabalhadores em questão? Quais são as doenças mais comuns?

5.20- Qual é tipo de contato dos coletores como os resíduos?

168

5.21- Na sua opinião os coletores por manterem esse contato com os resíduos

estão expostos a fatores de risco? Quais?

6- Aspectos relativos ao gerenciamento do aterro

6.1- Onde exatamente são depositados os resíduos? Como é o corte desse

terreno?

6.2- Existe separação de resíduos comuns e hospitalares?

6.3- Quantas valas existem? Todas ainda estão sendo utilizadas?

6.4- Quais são as dimensões das valas e durabilidade das mesmas?

6.5- Como você considera o nível de permeabilidade do terreno onde se encontra

construído o aterro?

6.6- Após serem depositados os resíduos, os mesmos são compactados? Como?

6.7- Com relação à cobertura dos resíduos:

a) Quem realiza a cobertura?

b) Como é o vestuário desses trabalhadores?

c) Qual é o tipo de material utilizado para a cobertura?

d) De quanto em quanto tempo é realizada?

e) Existe possibilidade do material ficar exposto por muito tempo?

6.8- Existe captação e tratamento de gases no aterro? Como é feita?

6.9- Essa captação acontece em quantidade suficiente?

6.10- Na sua opinião quais as conseqüências para o ambiente e saúde das

pessoas relacionadas à questão dos gases presentes no aterro?

6.11- Existe captação e tratamento do chorume?

169

6.12- Quais são os efeitos desse fato para o ambiente e para a saúde?

6.13- Quais são as providências que estão sendo tomadas para minimizar os

impactos mencionados anteriormente? (nº de lagoas a serem construídas,

dimensão das lagoas, previsão de término, forma de funcionamento, benefícios a

serem trazidos)

6.14- É comum encontrar no aterro: roedores, aves, insetos, cães, gatos e /ou

outros seres vivos?

6.15- Quais as providências que são tomadas para evitar a presença de tais seres

vivos?

6.16- Qual é o tempo de vida útil do aterro?

6.17- O que poderia ser feito para aumentar esse tempo?

6.18- A população é conscientizada com relação à segregação dos materiais

antes da destinação?

6.19- Para diminuir os impactos ambientais como também os relacionado à saúde

dos cidadãos em geral, a prefeitura tem projetos para realizar a conscientização

da população? Quais são esses projetos com relação a:

a) produção / redução de consumo;

b) reaproveitamento de materiais pelas pessoas;

c) coleta adequada.

6.20- Quais são as melhorias que necessitam serem feitas no Aterro Controlado

e no gerenciamento dos resíduos como um todo?

6.21- O que está sendo planejado pelo município para criar boas práticas de

manejo na busca da melhoria das condições ambientais e de saúde da população

no município?

170

APÊNDICE IV - Termo de consentimento livre e esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(Conselho Nacional de Saúde, Resolução 196/96) Eu, ________________________________________________________________, RG

______________________________, abaixo qualificado(a), DECLARO para fins de

participação em pesquisa, na condição de sujeito objeto da pesquisa, que fui

devidamente esclarecido do Projeto de Pesquisa intitulado: “Os atletas do lixo: subsídios

para promoção de saúde de coletores de resíduos de Patos de Minas (MG)”,

desenvolvido pelo(a) aluno(a), Luciana de Araújo Mendes Silva do Curso de Mestrado

em Promoção de Saúde da Universidade de Franca, quanto aos seguintes aspectos:

O referido projeto tem por objetivo realizar um levantamento das condições de

trabalho e saúde dos coletores de resíduos de Patos de Minas (MG), e avaliar a

efetividade do tipo de gerenciamento para a saúde humana e ambiental, através da

caracterização da forma de coleta, destino e disposição dos resíduos. O estudo será

realizado através de aplicação de entrevistas aos coletores de resíduos, ao gerente da

empresa responsável pela coleta e aos representantes da administração municipal

responsável pelo gerenciamento dos resíduos no município e pela operacionalização do

aterro. Os resultados poderão contribuir para a melhoria do gerenciamento de resíduos,

bem como para a minimização de impactos à Saúde Coletiva, possibilitando mudanças

nas políticas municipais relativas ao gerenciamento de resíduos.

Declaro que tenho total conhecimento dos direitos e das condições abaixo

descritas, que me foram asseguradas pela aluna acima mencionada:

1 – A garantia de receber a resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento de qualquer

dúvida a respeito do questionário que responderei.

2 - A liberdade de retirar o meu consentimento e deixar de participar do estudo, a

qualquer momento, sem prejuízo para meu trabalho.

3 – A segurança de que não serei identificado e que será mantido o caráter confidencial

da informação por mim dada.

DECLARO, outrossim, que após convenientemente esclarecido pelo

pesquisador e ter entendido o que nos foi explicado, consinto voluntariamente em

participar desta pesquisa.

Patos de Minas, ______ de _____________________ de 2007.

171

QUALIFICAÇÃO DO DECLARANTE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Objeto da Pesquisa (Nome):.........................................................................................

RG:..................................... Data de nascimento:......../......../........ Sexo: M ( ) F ( )

Endereço: ..................................................... nº ............ Apto: ........ Tel.:...................

Bairro:.................................................... Cidade:...............................Cep:.....................

______________________________

Assinatura do Declarante

DECLARAÇÃO DO PESQUISADOR

DECLARO, para fins de realização de pesquisa, ter elaborado este

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), cumprindo todas as exigências

contidas no Capítulo IV da Resolução 196/96 e que obtive, de forma apropriada e

voluntária, o consentimento livre e esclarecido do declarante acima qualificado para

a realização desta pesquisa.

Patos de Minas , ________ de __________________________ de 2007

______________________________

Assinatura do Pesquisador

APÊNDICE V - Perfil sócio-econômico dos coletores de resíduos do município de Patos de Minas/MG em 2007

Perfil sócio-econômico dos coletores de resíduos do município de Patos de Minas/MG em 2007

Entrevistado Idade Estado Civil

Grau de instrução

(*) Moradia

Distância da moradia ao

trabalho

Meio de Transporte para o local de trabalho

Número de Habitantes na moradia

Renda mensal familiar

Número de pessoas que contribuem

para a renda

Renda per

capta

Tipo de lazer (**)

Frequência do lazer (***)

Duração do lazer

E1 38 casado EFC própria 1Km Bicicleta 2 1.000,00 2 500,00 NAML NAML NAML

E2 25 outros EFI própria 6Km Bicicleta 5 540,00 1 108,00 F R 2 a 4 h

E3 28 outros EFI cedida 1Km Bicicleta 4 625,00 1 156,25 F S 1h

E4 28 outros EFI cedida 4Km Bicicleta 4 600,00 1 150,00 NAML NAML NAML

E5 23 solteiro ESC cedida 4Km Moto 1 650,00 1 650,00 F S 1h

E6 30 casado EMC alugada 1Km Bicicleta 4 900,00 2 225,00 M D 1h

E7 25 outros EMC alugada 5Km Bicicleta 3 600,00 1 200,00 F R 2 a 4 h

E8 29 solteiro EFI própria 3,5Km Bicicleta 4 1.500,00 4 375,00 F R 1h

E9 32 casado EMC alugada 3Km Bicicleta 3 1.000,00 2 333,33 D S dia todo

E10 20 solteiro EMC própria 3Km Moto 7 700,00 3 100,00 F D 1h

E11 30 outros EFI própria 1Km Bicicleta 4 1.200,00 2 300,00 NAML NAML NAML

E12 26 solteiro EMC própria 4Km Moto 4 1.200,00 3 300,00 P S 5 a 8h

E13 44 divorciado EFI própria 2Km Bicicleta 1 600,00 1 600,00 F R 1h

E14 25 solteiro EMC própria 2,5Km Bicicleta 8 3.000,00 3 375,00 F S 1h

E15 33 casado EFI própria 6Km Bicicleta 4 580,00 1 145,00 NAML NAML NAML

E16 21 solteiro EFI própria 5Km a pé 2 930,00 2 465,00 F S 1h

E17 26 outros EFI própria 2Km Bicicleta 6 1.000,00 2 166,67 NAML NAML NAML

E18 25 outros EFC cedida 7 Km Ônibus 3 1.300,00 2 433,33 NAML NAML NAML

E19 24 outros EMI alugada 9Km Moto 6 431,00 1 71,83 B R noite toda

E20 42 casado EFC própria 1Km Bicicleta 4 880,00 2 220,00 FP S 2 a 4 h

E21 45 casado EFI própria 1Km Bicicleta 6 400,00 1 66,67 FFP M 2 a 4 h

E22 28 solteiro EMC própria não sabe Bicicleta 4 950,00 3 237,50 OM D 2 a 4 h

E23 31 casado EMC própria 5Km Bicicleta 3 900,00 2 300,00 NAML NAML NAML

E24 27 casado EMI própria 1Km Moto 4 600,00 1 150,00 NAML NAML NAML

E25 35 outros EMI alugada 1,5Km Bicicleta 3 900,00 1 300,00 PN R Dia todo

E26 29 outros EFI própria 1Km bicicleta e

moto 3 570,00 2 190,00 F M 1h

E27 39 casado A alugada 2Km Bicicleta 4 400,00 1 100,00 F S 1h

174

Legendas do perfil sócio-econômico dos coletores de resíduos de Patos de Minas/MG em 2007

* Grau de instrução

analfabeto = A

ensino fundamental incompleto = EFI

ensino fundamental completo = EFC

ensino médio incompleto = EMI

ensino médio completo = EMC

ensino superior em curso = ESC

** Tipo de lazer

futebol = F

musculação = M

descansar = D

passar = P

baralho = B

futebol e pescaria = FP

ouvir música = OM

pescar e nadar = PN não apresenta momentos de lazer = NAML

futebol, festa e pescaria = FFP

*** Frequência do lazer

diariamente = D

semanalmente = S

mensalmente = M

raramente = R

175

ANEXOS

ANEXO A - Lista de Normas Regulamentadoras aprovadas pela Portaria nº 3.214 de 8 de junho de 1978 ............................................................................................... 176 ANEXO B - Deliberação Normativa COPAM nº 52, de 14 de dezembro de 2001

................................................................................................................................ 177

ANEXO C – Tempo, peso e velocidade média/dia por setores da coleta em Patos de Minas/MG ............................................................................................................. 182

176

ANEXO A - Lista de Normas Regulamentadoras aprovadas pela Portaria nº 3.214 de 8 de junho de 1978

PORTARIA MTB Nº 3.214, DE 08 DE JUNHO DE 1978

Aprova as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título

II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e

Medicina do Trabalho.

O Ministro de Estado do Trabalho, no uso de suas atribuições legais, considerando o disposto no art. 200, da consolidação das Leis do Trabalho, com redação dada pela Lei n.º 6.514, de 22 de dezembro de 1977, resolve:

Art. 1º - Aprovar as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho: NORMAS REGULAMENTADORAS NR- 1 - Disposições Gerais NR- 2 - Inspeção Prévia NR- 3 - Embargo e Interdição NR- 4 - Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT NR- 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA NR- 6 - Equipamento de Proteção Individual - EPI NR- 7 - Exames Médicos NR- 8 - Edificações NR- 9 - Riscos Ambientais NR- 10 - Instalações e Serviços de Eletricidade NR- 11- Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais NR- 12- Máquinas e Equipamentos NR- 13- Vasos Sob Pressão NR- 14- Fornos NR- 15- Atividades e Operações Insalubre NR- 16- Atividades e Operações Perigosas NR- 17- Ergonomia NR- 18- Obras de Construção, Demolição, e Reparos NR- 19- Explosivos NR- 20- Combustíveis Líquidos e Inflamáveis NR- 21- Trabalhos a Céu Aberto NR- 22- Trabalhos Subterrâneos NR- 23- Proteção Contra Incêndios NR- 24- Condições Sanitárias dos Locais de Trabalho NR- 25- Resíduos Industriais NR- 26- Sinalização de Segurança NR- 27- Registro de Profissionais NR- 28- Fiscalização e Penalidades

177

ANEXO B - Deliberação Normativa COPAM nº 52, de 14 de dezembro de 2001.

Convoca municípios para o licenciamento ambiental de sistema adequado de disposição final de lixo e dá outras providências.

(Publicação - Diário do Executivo - "Minas Gerais" - 15/12/2001)

O Presidente do Conselho Estadual de Política Ambiental -COPAM, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 10, inciso VI do Decreto nº 39.490, de 13 de março de 1998, tendo em vista o disposto no artigo 4º, inciso VIII da Lei nº 12.585, de 17 de junho de 1997, no artigo 40 do Decreto nº 39.424, de 5 de fevereiro de 1998 e a proposta aprovada pela Câmara de Política Ambiental na reunião de 20 de novembro de 2001, bem como a necessidade de sua adoção imediata:

CONSIDERANDO:

que a maioria dos municípios no Estado de Minas Gerais adotam a disposição de lixo a céu aberto como forma de destinação final dos resíduos sólidos urbanos;

que o lançamento de lixo a céu aberto provoca degradação ambiental por causar poluição das águas superficiais e subterrâneas, do solo e do ar, além de provocar danos à saúde humana, pela geração de percolados, gases e proliferação de vetores (moscas, mosquitos, baratas, ratos, etc).

E ainda, que apenas 53 (cinqüenta e três) municípios são responsáveis por cerca de 50% da geração de lixo urbano no Estado,

RESOLVE: Art. 1º - Ficam convocados para o licenciamento ambiental de sistema adequado de destinação final de resíduos sólidos urbanos os municípios com população urbana superior a 50.000 (cinqüenta mil) habitantes, conforme Anexo I desta Deliberação Normativa, de acordo com o seguinte cronograma: I - até abril de 2002, deve ser protocolado o Formulário de Caracterização do Empreendimento - FCE; II - até julho de 2003, deve ser formalizado o processo de Licença Prévia, incluindo a apresentação de estudos de alternativas de localização, conforme inciso I, artigo 5,º da Resolução CONAMA 1, de 23 de janeiro de 1986; III - até 31 de março de 2006, deve ser formalizado o processo de Licença de Instalação; IV - até 1º de novembro de 2006, deve ser formalizado o processo de Licença de Operação.

178

§1º - Ficam excluídos da incidência das normas deste artigo os municípios que já possuem a Licença de Operação. §2º - Para os processos de licenciamento em tramitação, não se aplica a presente convocação, devendo, entretanto, ser observados os prazos previstos neste artigo para as fases seguintes. Art. 2º - Ficam todos os municípios do Estado de Minas Gerais, no prazo máximo de 6 (seis) meses, contados a partir da data da publicação desta Deliberação, obrigados a minimizar os impactos ambientais nas áreas de disposição final de lixo, devendo implementar os seguintes requisitos mínimos, até que seja implantado, através de respectivo licenciamento, sistema adequado de disposição final de lixo urbano de origem domiciliar, comercial e pública: I - disposição em local com solo e/ou rocha de baixa permeabilidade, com declividade inferior a 30%, boas condições de acesso, a uma distância mínima de 300m de cursos d’água ou qualquer coleção hídrica e de 500m de núcleos populacionais, fora de margens de estradas, de erosões e de áreas de preservação permanente; II - sistema de drenagem pluvial em todo o terreno de modo a minimizar o ingresso das águas de chuva na massa de lixo aterrado; III - compactação e recobrimento do lixo com terra ou entulho, no mínimo, três vezes por semana;

IV - isolamento com cerca complementada por arbustos ou árvores que contribuam para dificultar o acesso de pessoas e animais;

V - proibição da permanência de pessoas no local para fins de catação de

materiais recicláveis, devendo o Município criar alternativas técnica, sanitária e ambientalmente adequadas para a realização das atividades de triagem de recicláveis, de forma a propiciar a manutenção de renda para as pessoas que sobrevivem dessa atividade, prioritariamente, pela implantação de programa de coleta seletiva em parceria com os catadores. (NR);

VI - responsável técnico pela implementação e supervisão das condições de

operação do local, com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica. Parágrafo Único - A Prefeitura deverá providenciar junto à Fundação Estadual

do Meio Ambiente - FEAM o cadastramento do responsável técnico a que se refere o inciso VI deste artigo, na forma do Anexo II desta Deliberação Normativa.

Art. 3º - Para fins de otimização do uso de áreas e redução dos custos de

implantação e operação dos sistemas de disposição final de resíduos sólidos, as Prefeituras Municipais deverão dar prioridade à implementação de tais sistemas por meio da constituição de consórcios intermunicipais.

179

Art. 4º - Fica vedada a instalação de sistemas de destinação final de lixo em bacias cujas águas sejam classificadas na Classe Especial e na Classe I da Resolução CONAMA nº 20, de 18 de junho de 1986 e na Deliberação Normativa COPAM nº 10, de 16 de dezembro de 1986, tendo em vista, notadamente, a proteção de mananciais destinados ao abastecimento público.

Art. 5º - Esta Deliberação Normativa entra em vigor na data de sua publicação

e revoga as disposições em contrário. Celso Castilho de Souza Secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e

Presidente do COPAM

180

ANEXO I (a que se refere o artigo 1º desta Deliberação Normativa)

1 Alfenas 2 Araguari 3 Araxá 4 Barbacena 5 Caratinga 6 Cataguases 7 Conselheiro Lafaiete 8 Coronel Fabriciano 9 Curvelo 10 Divinópolis 11 Formiga 12 Governador Valadares 13 Ibirité 14 Itabira 15 Itajubá 16 Itaúsa 17 Ituiutaba 18 Janaúba 19 João Monlevade 20 Juiz de Fora 21 Lavras 22 Manhuaçu 23 Montes Claros 24 Muriaé 25 Nova Lima 26 Ouro Preto 27 Pará de Minas 28 Passos 29 PATOS DE MINAS 30 Patrocínio 31 Poços de Caldas 32 Pouso Alegre 33 Ribeirão das Neves 34 Sabará 35 Santa Luzia 36 São João del Rei 37 São Sebastião do Paraíso 38 Sete Lagoas 39 Teófilo Otoni 40 Timóteo 41 Três Corações 42 Ubá 43 Uberaba 44 Unaí 45 Varginha 46 Vespasiano 47 Viçosa

181

ANEXO II (a que se refere o artigo 2º desta Deliberação Normativa)

PREFEITURA MUNICIPAL DE ________________________________________ Dados da Prefeitura

Nome do Prefeito: _________________________________________________________

Endereço da Prefeitura: (Rua, Av.) ____________________________________________ Distrito/Bairro _____________________________________ CEP ____________-______ E-mail _____________________ Caixa Postal __________ Telefone (____) ___________ Fax (____) ___________ Dados do Responsável Técnico

Nome __________________________________________________________________ Formação profissional _______________________________ CREA nº __________/____

Endereço(Rua,Av.) _______________________________________________________ Distrito/Bairro _________________ Município _______________________________ CEP ____________-______ E-mail ___________________ Telefone (____) ___________ Fax (____) ____________ ART de supervisão nº _______________ DECLARO , SOB AS PENAS DA LEI, QUE AS INFORMAÇÕES PRESTADAS ACIMA SÃO VERDADEIRAS ____/____/____ Data

_______________________________________________________ Assinatura do Prefeito

______________________________________________________ Assinatura do Responsável Técnico

� NÃO SERÃO ACEITOS FORMULÁRIOS COM INSUFICIÊNCIA OU INCORREÇÃO DE DADOS

� QUALQUER ALTERAÇÃO NAS INFORMAÇÕES PRESTADAS DEVERÃO SER OBJETO DE MANIFESTAÇÃO FORMAL

182

ANEXO C – Tempo, peso e velocidade média/dia por setores da coleta em Patos de Minas/MG

Setor A Tempo médio de coleta 5,48 h Velocidade média de coleta 8,30 Km/h Peso médio de coleta/dia 22.712 Kg

Setor B Tempo médio de coleta 4,28 h Velocidade média de coleta 7,88 Km/h Peso médio de coleta/dia 15.620 Kg

Setor C Tempo médio de coleta 3,65 h Velocidade média de coleta 8,29 Km/h Peso médio de coleta/dia 8.897 Kg

Setor D Tempo médio de coleta 3,37 h Velocidade média de coleta 7,93 Km/h Peso médio de coleta/dia 72.369 Kg

Setor E Tempo médio de coleta 5,19 h Velocidade média de coleta 7,66 Km/h Peso médio de coleta/dia 9962,308

Kg

Setor F Tempo médio de coleta 5,97 h Velocidade média de coleta 7,07 Km/h Peso médio de coleta/dia 11.828 Kg

Setor G Tempo médio de coleta 6,28 h Velocidade média de coleta 10,57 Km/h Peso médio de coleta/dia 12.006 Kg

183

Setor H

Tempo médio de coleta 5,29 h Velocidade média de coleta 7,47m/h Peso médio de coleta/dia 9.130 Kg

Setor I Tempo médio de coleta 5,31 h Velocidade média de coleta 6,04 Km/h Peso médio de coleta/dia 11.382 Kg

Setor J Tempo médio de coleta 4,41 h Velocidade média de coleta 6,66 Km/h Peso médio de coleta/dia 8.827 Kg

Setor K Tempo médio de coleta 4,96 h Velocidade média de coleta 5,87 Km/h Peso médio de coleta/dia 15.299 Kg

Setor L Tempo médio de coleta 4,77 h Velocidade média de coleta 6,04 Km/h Peso médio de coleta/dia 11.055 kg

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