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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA ANALÍTICA E FÍSICO-QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA LUCIANA SOUSA MELO AVALIAÇÃO DA BIOACESSIBILIDADE “IN VITRO” DE MACRO E MICROMINERAIS EM AMARANTO, MULTIMISTURA E QUINOA Fortaleza 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA ANALÍTICA E FÍSICO-QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

LUCIANA SOUSA MELO

AVALIAÇÃO DA BIOACESSIBILIDADE “IN VITRO” DE MACRO E MICROMINERAIS EM

AMARANTO, MULTIMISTURA E QUINOA

Fortaleza

2015

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LUCIANA SOUSA MELO

AVALIAÇÃO DA BIOACESSIBILIDADE “IN VITRO” DE MACRO E MICROMINERAIS EM

AMARANTO, MULTIMISTURA E QUINOA

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Química

da Universidade Federal do Ceará, como

parte dos requisitos para a obtenção do

Título de Mestre em Química. Área de

concentração: Química Analítica.

Orientadora: Profa. Dra. Wladiana Oliveira

Matos.

Fortaleza

2015

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LUCIANA SOUSA MELO

AVALIAÇÃO DA BIOACESSIBILIDADE “ IN VITRO” DE MACRO E MICROMINERAIS EM

AMARANTO, MULTIMISTURA E QUINOA

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Química

da Universidade Federal do Ceará, como

parte dos requisitos para a obtenção do

Título de Mestre em Química. Área de

concentração: Química Analítica.

Orientadora: Profa. Dra. Wladiana Oliveira

Matos.

Aprovada em: ___/ ___ / _____.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________

Profa. Dra. Wladiana Oliveira Matos (Orientadora) Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________________________________ Profa. Dra. Carla Soraya Costa Maia

Universidade Estadual do Ceará (UECE)

_____________________________________________________________ Prof. Dr. Sandro Thomaz Gouveia

Universidade Federal do Ceará (UFC)

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Aos meus pais, Luciano e Dalvane,

Aos meus irmãos, Loiziana e Lucas,

Ao meu esposo, Beto Costa.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado sabedoria e forças para conclusão desse trabalho.

Aos meus pais, Luciano e Dalvane, pela educação exemplar sempre direcionada ao

caminho do bem dedicada a mim e meus irmãos.

Aos meus irmãos Loiziana e Lucas pelo apoio e incentivo.

Ao meu esposo Beto, pelo companheirismo, amor, carinho, compreensão, paciência,

incentivo e confiança no meu potencial para a realização desse trabalho.

A minha orientadora Profa. Dra. Wladiana Oliveira Matos, pela oportunidade,

ensinamentos transmitidos, amizade, paciência, atenção, apoio e incentivo.

As Profa. Dra. Lívia Paulia e Profa. Dra Gisele Simone Lopes, pelas críticas e

sugestões feitas ao trabalho ao longo se seu desenvolvimento e pela amizade.

Aos companheiros do LEQA, Davi, Luan, Pedro, Allan, Victor, pela amizade e

momentos de descontração.

As amigas que o LEQA me apresentou, Thalita, Thamyris e Sandrine pelo

companheirismo nos momentos difíceis e tensos bem como, nos momentos felizes.

Ao pessoal do Laboratório de Análises de Traços (LAT), em especial a Rouse, por

disponibilizar o uso de alguns itens necessário para a realização do trabalho.

Ao Prof. Dr. Sandro Thomaz Gouveia, Prof. Dr. Ronaldo Ferreira do Nascimento, Prof.

Dr. Paulo Henrique e Profa. Dra. Carla Soraya Costa Maia pelas sugestões feitas para a

melhoria do trabalho e por aceitarem compor a banca examinadora.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela

concessão da bolsa de pesquisa.

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Aos professores da Universidade Federal do Ceará (UFC) que ministram as disciplinas

cursadas no mestrado, pelos conhecimentos transmitidos.

Enfim, a todos que acompanharam o desenvolvimento deste trabalho. Muito obrigada!

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RESUMO

Para o bom funcionamento do corpo humano são essenciais vários nutrientes, dentre

estes estão os macro e microminerais. Os minerais são importantes nas funções

fisiológicas e bioquímicas do corpo humano. A ingestão insuficiente pode causar

deficiências, por outro lado a ingestão excessiva pode ser tóxica. Para obter as doses

recomendadas de cada mineral é preciso consumir frutas, verduras, cereais e

hortaliças. A complementação alimentar é útil quando a seleção de alimentos em uma

dieta possui carências de algum nutriente. Contudo, nem todo nutriente contido em um

complemento alimentar pode estar disponível para ser absorvido pelo organismo, ou

seja, bioacessível. Logo, o estudo da bioacessibilidade de minerais nessa matriz faz-se

necessário. Desse modo, o objetivo deste trabalho foi avaliar a bioacessibilidade in vitro

de macro e microminerais em amostras de amaranto, multimistura e quinoa, usadas

como complemento alimentar. Para a determinação dos teores totais dos minerais, as

amostras foram digeridas em forno de micro-ondas com cavidade e o teor dos minerais

medidos por ICP OES. Para avaliação da bioacessibilidade, as amostras foram

submetidas à digestão gastrointestinal in vitro. A fração bioacessível foi digerida em

bloco digestor antes das análises por ICP OES. Os três complementos alimentares

estudados, quanto aos teores totais, são ricos em Cu, Fe, Mg, Mn e P, e apenas a

multimistura é fonte de Ca e Zn, com respectivas contribuições de 19,1% e 20,1%,

considerando: fonte (15-29% da RDA) e rico (no mínimo 30% da RDA). No entanto, a

quantidade de Cu e Mn no amaranto, multimistura e quinoa excedeu a UL (Limite

superior tolerável de ingestão). Após digestão in vitro, houve uma redução acentuada

na contribuição para a RDA de todos os minerais e nos três complementos alimentares.

Os resultados do estudo de bioacessibilidade mostram que o amaranto é fonte de Fe,

Mg e Mn e rico em P e Cu; a multimistura é fonte de Fe, Mn e rica em P e a quinoa

fonte de Mn e rica em P e Cu. A aplicação da PCA (análise de componentes principais)

mostrou que a multimistura possui maior teor de K, Cu, Mg, Zn, Fe e Ca e o amaranto

de Mg e P (teores totais) e com a bioacessibilidade, o amaranto foi mais bioacessível

em Ca, Fe e Mg; a multimistura em K e Zn; e o amaranto e a quinoa, de forma similar,

em Cu, Mn e P. Quanto aos teores de ácido fítico nas amostras observou-se que

quanto maior é o teor desse antinutricional menor a bioacessibilidade de Ca, Cu, Fe e

Mn. Este trabalho mostra que o estudo de bioacessibilidade e dos fatores

antinutricionais realizados para amaranto, multimistura e quinoa foram pertinentes, uma

vez que podem ser inseridas informações mais precisas quanto à absorção de minerais

em tabelas de composição nutricionais desses alimentos.

Palavras-chave: bioacessibilidade, minerais, ICP OES, complementos alimentares.

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ABSTRACT

For the proper functioning of the human body are essential various nutrients, among these are the macro and micro. The minerals are important in the physiological and biochemical functions of the human body. Insufficient intake can cause deficiencies, on the other hand excessive intake may be toxic. For the recommended doses of each mineral we need to consume fruits, vegetables, grains and vegetables. The food supplement is useful when selecting foods in a diet has some nutrient deficiencies. However, not all nutrient contained in a food supplement can be made available to be absorbed by the body, ie bioaccessible. Thus, the study of mineral bioaccessibility in this array is necessary. Thus, the aim of this study was to evaluate the in vitro bioaccessibility of macro and micro minerals in samples of amaranth, and quinoa multimixture, used as a food supplement. To determine the total content of minerals, samples were digested in oven with microwave cavity and the content of mineral measured by ICP OES. To evaluate the bioaccessibility, the samples were subjected to in vitro gastrointestinal digestion. The bioaccessible fraction was digested in the digester block prior to analysis by ICP OES. The three studied food supplements, as the total contents, are rich in Cu, Fe, Mg, Mn and P, and only multimixture is a source of Ca and Zn, with respective contributions of 19.1% and 20.1%, considering : source (15-29% of RDA) and rich (at least 30% of RDA). However, the amount of Cu and Mn amaranth and quinoa multimixture exceeded the UL (upper tolerable limit intake). After in vitro digestion, there was a marked reduction in the contribution to the RDA of all the three minerals and food supplements. The bioaccessibility study results show that the amaranth is a source of Fe, Mg and Mn-rich P and Cu; multimixture is the source of Fe, Mn and high in P and quinoa source of Mn and high in P and Cu. The application of PCA (principal component analysis) showed that multimixture has higher content of K, Cu, Mg, Zn, Fe and Ca and amaranth Mg and P (total contents) and the bioaccessibility, amaranth was more bioaccessible of Ca, Fe and Mg; multimixture K and Zn; and amaranth and quinoa, similarly, Cu, Mn and P. Regarding the content of phytic acid in the samples was observed that the greater the anti-nutritional content of such lower bioaccessibility of Ca, Cu, Fe and Mn. This work shows that the study of bioaccessibility and anti-nutritional factors performed to amaranth, and quinoa multimixture were relevant, since they can be inserted more precise information on the absorption of minerals in nutritional composition tables of these foods. Keywords: bioaccessibility, minerals, ICP OES, food supplements.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Complexo de fitato com nutrientes de uma dieta. ...................................................... 32

Figura 2. Mio-onositol- 1, 2, 3, 4, 5,6 - hexadiidrogêniofosfato em pH 6,0-7,0 ........................... 34

Figura 3. Curvas de Distribuição das espécies em função do pH para o sistema contendo 0,1

mmol de ácido fítico 36 ºC e µ = 0,100 mol L-1 KCl. .................................................................. 35

Figura 4. Representação esquemática da digestão gastrointestinal de amostras alimentares

para avaliação da bioacessibilidade de minerais (adaptado de Lobinski, et al. 2011). .............. 45

Figura 7. Análise de Componentes principais relativa aos teores totais dos minerais e os

complementos alimentares estudados. ..................................................................................... 54

Figura 8. Análise de Componentes principais relativa aos teores bioacessíveis dos minerais e os

complementos alimentares estudados. ..................................................................................... 59

Figura 5. Relação entre as porcentagens de bioacessibilidade dos macrominerais e o teor de

ácido fítico para os complementos alimentares estudados. As letras correspondem a A =

Amaranto, M = Multimistura e Q = Quinoa. ............................................................................... 69

Figura 6. Relação entre as porcentagens de bioacessibilidade dos microminerais e o teor de

ácido fítico para os complementos alimentares estudados. As letras correspondem a A =

Amaranto, M = Multimistura e Q = Quinoa. ............................................................................... 70

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Teores de macro e microminerais de RDA e UL. ...................................................... 22

Tabela 2. Teores totais de minerais relatados na literatura em amaranto. ................................ 24

Tabela 3. Teores totais de minerais relatados na literatura em multimistura. ............................ 26

Tabela 4. Teores totais de minerais relatados na literatura em quinoa. .................................... 27

Tabela 5. Bioacessibilidade de minerais em suplementos e complementos. ........................... 31

Tabela 6. Ordem crescente de razão carga/raio para íons metálicos ........................................ 33

Tabela 7. Logaritmo das constantes de protonação do ácido fítico a 36 ºC e µ = 0,100 mol L-1

KCl medidas sob atmosfera de argônio. ................................................................................... 34

Tabela 8. Informações nutricionais do amaranto estudado. ...................................................... 37

Tabela 9. Informações nutricionais da multimistura estudada. .................................................. 38

Tabela 10. Informações nutricionais da quinoa estudada. ........................................................ 39

Tabela 11. Comprimentos de onda e posição da tocha empregados na análise de Ca, Cu, Fe, K,

Mg, Mn, P e Zn em amaranto, multimistura e quinoa por ICP OES. .......................................... 41

Tabela 12. Programa de aquecimento utilizado para a decomposição total das amostras de

complemento alimentar em forno de micro-ondas com cavidade. ............................................. 43

Tabela 13. Teores totais e porcentagem de contribuição para a Recommended Dietary

Allowance (RDA) de Ca, Cu, Fe, K, Mg, Mn, P e Zn em amostras de amaranto, multimistura e

quinoa. ...................................................................................................................................... 51

Tabela 14. Teores de Ca, K, Mg, P (g kg-1) Cu, Fe, Mn e Zn (mg kg-1) em material de referência

de farelo de soja após digestão total em forno de micro-ondas com cavidade. ......................... 55

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Tabela 15. Teores bioacessíveis (TB), porcentagem de bioacessibilidade (B) e Recommended

Dietary Allowance (RDA) para os macros e microminerais em amaranto, multimistura e quinoa.

................................................................................................................................................. 57

Tabela 16. Teores de ácido fítico em cereais secos.................................................................. 66

Tabela 17. Teores de ácido fítico no amaranto, multimistura e quinoa. ..................................... 67

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 16

2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 18

2.1 Objetivo geral ......................................................................................................... 18

2.2 Objetivos específicos............................................................................................. 18

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 19

3.1 Os minerais e o organismo humano .................................................................... 19

3.2 Macro e microminerais no metabolismo humano ............................................... 19

3.3 Suplementos e complementos alimentares ......................................................... 22

3.3.1 Amaranto.....................................................................................................................................23

3.3.2 Multimistura ................................................................................................................................24

3.3.3 Quinoa .........................................................................................................................................26

3.4 Biodisponibilidade versus bioacessibilidade ...................................................... 28

3.5 Fatores antinutricionais presentes nos cereais. ................................................. 31

3.6 Espectrometria de Emissão Óptica com Plasma Acoplado Indutivamente (ICP

OES) 36

4 PARTE EXPERIMENTAL ........................................................................................ 37

4.1 Amostras ................................................................................................................. 37

4.1.1 Amaranto .............................................................................................................. 37

4.1.2 Multimistura ......................................................................................................... 38

4.4.3 Quinoa .................................................................................................................. 39

4.2 Material de Referência ........................................................................................... 40

4.3 Instrumentação ....................................................................................................... 40

4.4 Reagentes e soluções ............................................................................................ 41

4.5 Teores totais de minerais em amostras de amaranto, multimistura e quinoa .. 42

4.6 Digestão gastro-intestinal in vitro ........................................................................ 44

4.7 Determinação da porcentagem de ácido fítico .................................................... 45

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4.8 Tratamentos Estatísticos ....................................................................................... 46

4.8.1 Teste F .........................................................................................................................................46

4.8.2 Teste t ..........................................................................................................................................47

4.9 Tratamento Quimiométrico .................................................................................... 49

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 50

5.1 Teores totais e potencial nutricional mineral. ..................................................... 50

5.2 Exatidão da metodologia de decomposição total ............................................... 55

5.3 Bioacessibilidade dos minerais ............................................................................ 56

5.3.1 Cálcio (Ca) ...................................................................................................................................60

5.3.2 Potássio (K) ..........................................................................................................................61

5.3.3 Magnésio (Mg) .....................................................................................................................61

5.3.4 Fósforo (P) ............................................................................................................................62

5.3.5 Cobre (Cu) ............................................................................................................................62

5.3.6 Ferro (Fe) ..............................................................................................................................63

5.3.7 Manganês (Mn) ....................................................................................................................64

5.3.8 Zinco (Zn)..............................................................................................................................65

5.4 Teor de ácido fítico nos complementos alimentares estudados ....................... 65

6 CONCLUSÕES ........................................................................................................... 74

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 76

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1 INTRODUÇÃO

O organismo humano necessita de nutrientes essenciais às suas funções

fisiológicas e bioquímicas. Esses nutrientes estão divididos em macronutrientes

(carboidratos, proteínas e lipídios) e micronutrientes (vitaminas e minerais).

Os carboidratos são responsáveis por fornecer energia ao nosso corpo e

participam do processo de contração muscular. As proteínas atuam como catalisadores

de reações bioquímicas e ajudam a regular o metabolismo. Os lipídios ou gorduras

mantêm a temperatura corporal constante e protegem órgãos vitais. As vitaminas são

fundamentais na manutenção do metabolismo evitando distúrbios no balanço

metabólico. Já os minerais, que são os nutrientes de interesse desta pesquisa, são

responsáveis por funções específicas do corpo humano, como, por exemplo: o cálcio

que auxilia na contração muscular e formação dos ossos; o cobre que compõe várias

enzimas; o ferro que constitui a hemoglobina, dentre outros (LEHNINGER, 2003).

A melhor forma de adquirir esses nutrientes é ingerindo alimentos de forma

variada e balanceada. A busca pela ingestão diária recomendada tem resultado na

elaboração de dietas mais completas, com a inclusão de complementos alimentares.

O complemento alimentar é o alimento que serve para complementar com

vitaminas e minerais a dieta diária de uma pessoa saudável, quando a ingestão a partir

da alimentação for insuficiente ou quando a dieta precisa de suplementação (ANVISA,

1998). Cereais, pseudocereais ou mesmo uma mistura desses têm sido amplamente

inseridos nas dietas com a finalidade de suprir minerais na alimentação diária

(SPEHAR, 2007). Amaranto, multimistura e quinoa são exemplos de alimentos

utilizados como complementos nutricionais naturais.

Amaranto e quinoa são pseudocereais, não contêm glúten, são ricos em sais

minerais e são ingeridos em grãos adicionados em sucos, vitaminas, saladas e

acompanhamentos crus ou cozidos. Já a multimistura é constituída de uma mistura de

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produtos de origem vegetal que normalmente não costumam ser aproveitados, mas,

que são boas fontes de nutrientes como: folhas, grãos e farelos. Costuma ser ingerida

com sucos e vitaminas ou mesmo junto da própria refeição, durante ou após o

cozimento da refeição (SPEHAR, 2007; HUANG, 2007).

Ao ingerir alimentos, não necessariamente todos ou seus nutrientes serão

aproveitados pelo organismo, pois o que ingerimos não é absorvido pelo corpo em sua

totalidade, ou seja, apenas as frações bioacessíveis estão disponíveis para serem

absorvidas. A bioacessibilidade consiste na realização de digestões in vitro do alimento,

simulando as condições gastrointestinais do corpo humano, dentre elas: temperatura,

movimentos peristálticos, pH, tempo de digestão e presença de enzimas digestivas

(DOGAN, 2003).

Na literatura, há relatos dos teores totais de Ca, Cu, Fe, P, Mg, Mn, K e Zn

nas amostras de amaranto, quinoa e multimistura. Mas, poucos trabalhos realizam

estudos de bioacessibilidade desses minerais nessas amostras.

Desse modo, como esses alimentos vêm sendo amplamente utilizados como

complementos alimentares e há uma carência de informações sobre a bioacessibilidade

de macros e microminerais importantes para a dieta alimentar, este trabalho tem como

objetivo estudar melhor as características nutricionais desses alimentos.

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18

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar a bioacessibilidade de macro (Ca, K, Mg, P) e microminerais (Cu, Fe,

Mn e Zn) em amaranto, multimistura e quinoa.

2.2 Objetivos específicos

Realizar decomposição completa de amaranto, multimistura e quinoa e

determinar o teor total dos minerais nessas amostras.

Estudar a bioacessibilidade de minerais em amostras quinoa, amaranto e

multimistura.

Avaliar a influência do ácido fítico presente nas amostras de amaranto,

multimistura e quinoa na bioacessibilidade dos minerais nessas matrizes.

Avaliar o potencial nutritivo de macro e micronutrientes em quinoa, amaranto e

multimistura.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Os minerais e o organismo humano

Os minerais são classificados como macro e microminerais. Os

macrominerais são necessários em maior quantidade para o ser humano,

representados pelos seguintes elementos: cálcio (Ca), enxofre (S), fósforo (P),

magnésio (Mg), potássio (K) e sódio (Na). Os microminerais ou elementos traços são

necessários em menor quantidade. Entre os principais estão: cobalto (Co) cobre (Cu),

cromo (Cr), ferro (Fe), flúor (F), iodo (I), manganês (Mn), molibdênio (Mo), selênio (Se)

e zinco (Zn) (LEHNINGER, 2003).

Os minerais são importantes para a realização das funções fisiológicas e

bioquímicas do corpo humano. A ingestão insuficiente desses elementos pode causar

deficiências, por outro lado a ingestão excessiva pode ser tóxica. As quantidades

necessárias variam de algumas gramas (g) por dia, como o sódio e o cálcio, a alguns

miligramas (mg) como para: ferro e zinco ou mesmo microgramas (µg) por dia como: o

iodo e o selênio (MURRAY, 2007).

3.2 Macro e microminerais no metabolismo humano

O cálcio é o mineral mais abundante no corpo humano e auxilia na

mineralização dos ossos e dentes, regulação das contrações musculares,

funcionamento dos nervos, coagulação sanguínea e defesas imunológicas. Indivíduos

adultos devem ingerir 1000 mg/dia de cálcio. A ingestão de quantidades excessivas

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pode causar formação de cálculo renal. O cálcio pode ser encontrado em leite e

derivados, legumes e hortaliças (IOM, 2011; WHITNEY, 2008).

O cobre é de extrema importância no metabolismo do esqueleto, no sistema

imunológico e na redução do risco de doenças cardiovasculares. É indispensável na

absorção do ferro, na síntese da hemoglobina, na manutenção da saúde óssea e do

sistema nervoso central. As principais fontes deste elemento são: fígado, mexilhões,

ostras, cereais, nozes e chocolate. Recomenda-se ingerir 900 μg/dia (IOM, 2002;

WHITNEY, 2008).

O ferro é um componente da hemoglobina e de várias enzimas. Sua

deficiência provoca anemia, enquanto que o excesso pode aumentar o risco de

desenvolver câncer ou ataques cardíacos. O ferro está presente nas formas Fe2+

(bivalente) e Fe3+ (trivalente), sendo a forma bivalente mais rapidamente absorvida pelo

organismo. É necessária ao corpo humano uma ingestão diária de 18 mg/dia (IOM,

2002 ; WHITNEY, 2008; MURRAY, 2007).

O fósforo é importante para o material genético, compõe a estrutura óssea

de todas as células e é utilizado nas transferências de energia entre as células. Sua

deficiência causa fraqueza muscular e dores nos ossos. Recomenda-se que um adulto

faça a ingestão de 700 mg/dia de fósforo. Este macroelemento pode ser encontrado

nos seguintes alimentos: carnes, peixes, ovos e leite (IOM, 1997; MURRAY, 2007).

O magnésio afeta muitas funções celulares, como: o transporte de íons

potássio e cálcio, metabolismo de energia e proliferação celular. As principais fontes

alimentares de magnésio são hortaliças, legumes e cereais. A dose diária recomendada

de magnésio é de 420 mg/dia (IOM, 1997; WHITNEY, 2008).

O manganês é um nutriente essencial ao metabolismo de macronutrientes,

formação de tecidos e ossos e no processo reprodutivo. Os estados de oxidação +2, +3

e +7 são as mais comumente encontradas. As melhores fontes de manganês são:

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cereais, nozes, folhas verdes, chás e carnes e a sua recomendação diária é de 2,3 mg/

dia (IOM, 2002 ; WHITNEY, 2008).

O potássio é o principal cátion do corpo humano no meio intracelular,

facilitando muitas reações, suporta a integridade das células e auxilia na transmissão

de impulsos nervosos e contrações musculares. Sua ingestão diária recomendada é de

4700 mg/dia e pode ser encontrado em frutas, vegetais, carnes frescas (IOM, 2004;

WHITNEY, 2008).O zinco ajuda a regular as atividades das metaloenzimas, participa da

manutenção da estrutura e função de biomembranas, estabilização de estruturas de

proteínas e ácidos nucleicos, da integridade de organelas subcelulares e também

compõe os processos de transporte, função imune e expressão da informação genética.

As principais fontes de zinco são ostras, camarão, carnes bovina, de frango, e de peixe,

gérmen de trigo, grãos integrais, castanhas, cereais, legumes, hortaliças e frutas e

devem ser ingeridas diariamente 11mg de zinco (IOM, 2002; MURRAY, 2007).O nosso

corpo necessita de quantidades essenciais de minerais para o seu bom funcionamento.

Portanto, existem regulamentações técnicas (IOM, 1997; IOM 2002; IOM 2004; IOM

2011) contendo valores recomendados (Recommended Dietary Allowance -RDA) e o

limite tolerável de ingestão desses nutrientes (Tolerable Upper Intake Levels - UL)

(Tabela 1). Com o objetivo de ingerir os valores de RDA dos minerais essenciais à vida,

as pessoas têm consumido mais complementos alimentares.

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Tabela 1. Teores de macro e microminerais de RDA e UL.

Macrominerais Microminerais

Minerais *RDA (mg/dia)

*UL (mg/dia)

Minerais *RDA (mg/dia)

*UL (mg/dia)

Ca 1000 2500 Cu 0,9 10

K 4700 __ Fe 18 45

Mg 420 350a Mn 2,3 11

P 700 4000 Zn 11 40

Fonte: Adaptado (IOM, 1997; IOM 2002; IOM 2004; IOM 2011).

*Para adultos de 19 a 50 anos

aA UL para o magnésio representa a ingestão na forma de suplemento apenas e não inclui a ingestão do

nutriente a partir do alimento e da água.

3.3 Suplementos e complementos alimentares

Os suplementos e complementos alimentares são produtos ou alimentos que

possuem um ou mais tipos de nutrientes e que se diferenciam conforme aplicação, ou

seja, os suplementos alimentares aumentam a carga de todos os nutrientes exigidos

pelo organismo diariamente e os complementos alimentares, incluem cargas adicionais

de vitaminas ou minerais específicos a fim de reverter o desequilíbrio dos níveis de

certos nutrientes exigidos em maior quantidade pelo organismo, o que pode ocasionar

doenças (PEREIRA, 2003).

Os suplementos e complementos alimentares nem sempre são apenas

comerciais, podem ser encontrados nas frutas, vegetais, grãos, cereais, hortaliças entre

outros, chamados suplementos ou complementos naturais (PEREIRA, 2003). Nesta

pesquisa serão estudados apenas alguns tipos de complementos alimentares naturais.

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Dentre os complementos naturais divulgados atualmente na mídia estão:

pseudocereais (amaranto e quinoa), multimistura (farelos de soja, arroz, mandioca,

sementes de frutas e casca de ovo), cereais (chia e linhaça) e frutas (goji berry).

Os complementos naturais que serão estudados neste trabalho são:

amaranto, multimistura e quinoa.

3.3.1 Amaranto

Os Maias foram os primeiros a usarem o amaranto como cultura produtiva,

seguidos pelos Incas e Astecas. Existem várias espécies de plantas de amaranto, todas

são dicotiledôneas (com flor) e originadas na América do Sul e Central (ESCUREDO,

2004). O amaranto é um pseudocereal, pois não pertence à família dos cereais e não

possui glúten. No Brasil, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)

vem realizando trabalhos com as principais espécies de amaranto visando adaptá-las

ao cultivo no país (SPEHAR, 2007).

Quanto ao valor nutricional destaca-se o seu alto teor de proteínas (15%) se

comparado com a maioria dos cereais. Essas proteínas são fontes de aminoácidos

essenciais ao metabolismo, como a lisina que é deficiente nos cereais e têm como

funções: auxiliar no crescimento ósseo, na formação de colágeno, além disso, é um dos

componentes de ossos, cartilagens e outros tecidos conectivos. O amaranto também é

rico em fibras, vitaminas (A e C) e minerais, como ferro, magnésio, fósforo, manganês,

cálcio e selênio (SPEHAR, 2007).

A tabela 2 apresenta concentrações totais de minerais em amaranto citados

na literatura.

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Tabela 2. Teores totais de minerais relatados na literatura em amaranto.

Minerais aAGUILAR et al.,

(2011)

bGAMEL et al.,

(2006)

cNASCIMENTO et

al., (2014)

Macrominerais (mg g-1)

Ca 2,91 - 14,6 1,76 1,91 - 1,96

K 4,30 - 22,1 4,87 6,66 - 7,24

Mg 3,07 - 12,9 2,88 0,55 - 0,60

P 4,10 - 20,6 5,82 3,33 - 3,57

Microminerais (mg kg-1)

Cu 13,1 -143 9,00 2,20 - 2,50

Fe 196 – 8690 0,14 28,0 – 34,0

Mn 51,0 -186 13,0 5,20 - 5,70

Zn 51,5 – 129 39,0 23,0 – 26,0

a Local: La Pampa (Argentina); Colheita/Safra: 2009-2010; Espécies: A. dubius, A. cruentus e A.

hypochondriacus.

b Local: Van Djike (Holanda); Colheita/Safra: 2000; Espécies: A. caudatus, A. cruentus.

c Local: Jujuy (Argentina); Espécies: A. caudatus.

Fonte: Elaborada pela autora.

3.3.2 Multimistura

A multimistura foi desenvolvida em 1988, surgiu de um programa contra a

fome no Brasil e se tornou uma opção simples e de baixo custo, para a suplementação

ou complementação alimentar em organizações governamentais e não-

governamentais, como a Pastoral da Criança (CNBB) (BRANDÃO, 1988).

A utilização de alimentação alternativa como a multimistura inicialmente era

baseada em fazer melhor uso da fração comumente não aproveitada dos alimentos,

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porém comestível, como sementes de melão, melancia, abóbora, casca de ovos e

folhas verdes de mandioca e cenoura, por exemplo, evitando desperdícios (MADRUGA,

2000).

A multimistura é um complemento alimentar de baixo custo e de fácil

utilização. Para a sua elaboração são inclusos alimentos como: folhas de hortaliças

(mandioca, cenoura, espinafre), grãos (gergelim), farelos (arroz, soja, trigo, aveia) e até

sementes (melão, melancia, abóbora). Os ingredientes podem variar conforme práticas

culinárias tradicionais e regionais (DOGAN, 2003). Estes alimentos alternativos são

constituídos, basicamente, de fontes de origem vegetal, logo, deve-se considerar a

presença de uma variedade de substâncias químicas que possuem efeitos

antinutricionais quando ingeridas pelo homem, como os fitatos e os oxalatos (SOUZA,

2005).

A composição química e a qualidade da multimistura têm sido investigadas e

discutidas pela comunidade científica. A composição dos alimentos é uma importante

indicação do valor nutricional, apesar de não ser suficiente para a caracterização do

ponto de vista nutritivo, pois não são todos os nutrientes que são absorvidos pelo

organismo depois da sua ingestão (MADRUGA, 2000).

O produto industrializado apareceu no mercado pela primeira vez em 2005,

desde então o produto vem sendo consumido e testado. Entre os principais benefícios,

além da suplementação ou complementação alimentar, é o controle dos níveis de

colesterol e triglicerídeos, aumento da resistência física, auxílio na desintoxicação do

organismo, melhoria no funcionamento do aparelho digestivo (DOGAN, 2003).

A multimistura de hoje passou a ser utilizada por pessoas que praticam

atividade física ou possuem dieta inadequada, deixando de ser a multimistura clássica.

Sua composição deixou de ter só ingredientes comumente não aproveitados, sendo

agora composta por um mix de sementes, cereais e farinhas ricas em vitaminas e sais

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minerais a fim de complementar a alimentação. Há estudos que relatam teores totais

em multimistura clássica (tabela 3), mas não são encontradas pesquisas com a

multimistura de composição atual.

Tabela 3. Teores totais de minerais relatados na literatura em multimistura.

Minerais aBARBOSA et al.,

(2006)

bSANTOS et

al., (2004)

cMADRUGA et

al., (2000)

dSIQUEIRA et al.,

(2010)

Macrominerais (mg g-1)

Ca 0,51 33,6 14,2 36,7

K 6,29 63,7 5,32 __

Mg 23,0 22,1 1,90 __

P 6,07 53,6 5,09 88,5

Microminerais (mg kg-1)

Cu 5,80 __ __ __

Fe 62,0 76.0 47,9 40,0

Mn 60,0 __ __ __

Zn 41,7 ___ 32,9 90,0

aLocal: Teresina - PI (Brasil); Colheita/Safra: 2005; Ingredientes: Pó da folha de macaxeira, farelo de

arroz, farelo de trigo, farinha de trigo, fubá de milho

bLocal: Campinas - SP (Brasil); Colheita/Safra: 2004; Ingredientes: Farelo de trigo, fubá de milho, pó de

sementes de melão, gergelim, abóbora e amendoim, pó de folha de mandioca e pó de casca de ovo.

cLocal: Natal - RN (Brasil); Colheita/Safra: 2000; Ingredientes: Farelo de trigo, farinha de trigo, farelo de

milho, folhas de mandioca em pó, sementes de abóbora em pó e casca de ovo em pó.

dLocal: Água Branca - AL (Brasil); Colheita/Safra: 2000-2001; Ingredientes: Farelo de trigo, folha de

mandioca em pó e casca de ovo em pó.

Fonte: Elaborada pela autora.

3.3.3 Quinoa

É um pseudocereal, cultivado na América do Sul e nos Estados Unidos. Os

Incas reconheceram seu valor nutricional, acreditavam que a quinoa tinha propriedades

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medicinais. A quinoa tem atraído atenção para a complementação alimentar, pois suas

sementes possuem 12% de proteínas, com aminoácidos equilibrados, minerais (tabela

4) e vitaminas do complexo B (DOGAN, 2003).

Em relação a outros cereais, a quinoa contém maiores concentrações de

vitamina B9 (ácido fólico), vitamina B2 (riboflavina), e vitamina E (α-tocoferol). Além

disso, contém alto teor de carboidratos, fibras, ferro, fósforo e cálcio (LÉON, 2007). O

uso da quinoa tem aumentado a fim de obter uma alimentação mais saudável e ainda

como item indispensável nas dietas destinadas a pessoas celíacas, uma vez que não

possui glúten (GORISTEIN, 2008).

Tabela 4. Teores totais de minerais relatados na literatura em quinoa.

Minerais aGEWEHR et al.,

(2012)

bNASCIMENTO et al.,

(2011)

cMARGARITA et al.,

(2013)

Macrominerais (mg g-1)

Ca 2,21 0,44 1,11 - 3,01

K __ 6.4 10,6 – 27,1

Mg __ 1,97 1,64 – 1,76

P 42,1 4,68 2,88 – 4,60

Microminerais (mg Kg-1)

Cu __ 5,90 15,8 – 24,9

Fe 65,2 54,6 57,2 – 342

Mn __ 19,5 23,8 – 44,7

Zn 5,7 29,3 76,7 – 95,6

a Local: La Pampa (Argentina); Colheita/Safra: 2009-2010.

b Local: Porto Alegre - RS (Brasil); Colheita/Safra: 2009-2010.

c Local: Temuco e Vicunã (Chile); Colheita/Safra: 2009-2011.

Fonte: Elaborada pela autora.

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3.4 Biodisponibilidade versus bioacessibilidade

Os valores informados quanto à presença de cada nutriente nos

complementos nutricionais representam suas concentrações totais. No entanto, apenas

uma fração desses nutrientes pode estar bioacessível à absorção pelo organismo. Para

que elementos químicos sejam utilizados pelos sistemas biológicos, é necessário que

estejam disponíveis para absorção. A disponibilidade dos micronutrientes pode ser

influenciada pela forma química em que este está presente na superfície do intestino;

capacidade de solubilização das espécies dos elementos; possibilidade de ionização

dos compostos solúveis; presença de outras substâncias que são ingeridas

concomitantemente e que podem competir com o micronutriente ou auxiliar no processo

de absorção intestinal (proteínas e vitaminas); concentração dos constituintes dos

alimentos, como fitatos e outros agentes quelantes, que se ligam ao nutriente e o torna

indisponível para absorção; e atividade enzimática (HUANG, 2007).

A biodisponibilidade de minerais tem sido alvo de estudos na área da

nutrição. Biodisponibilidade deve ser determinada por medidas in vivo (VAN DYCK,

1996). O mais adequado é que esse tipo de pesquisa seja feito em seres humanos. No

entanto, tais estudos são difíceis, caros e fornecem informações limitadas a cada

experimento. Os ensaios em animais são mais baratos, porém bastante limitados,

principalmente devido às diferenças existentes entre o metabolismo de animais e de

seres humanos (CÁMARA, 2005).

Nas técnicas in vitro realiza-se a simulação da digestão do alimento, o que

permite estimar a disponibilidade dos nutrientes para serem absorvidos pelo organismo.

Com esse método é possível quantificar a capacidade solúvel ou dialisável do nutriente.

Uma vez que nem todo o material solúvel ou dialisável é absorvido, a análise in vitro

não avalia a real disponibilidade do nutriente, mas, uma estimativa. Dentre as principais

vantagens do método estão o melhor controle das variáveis, tornando-se um modelo

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importante no sentido de prever e sugerir estudos in vivo; e o baixo custo. Contudo,

esse procedimento não reproduz a maioria dos fatores fisiológicos envolvidos na

absorção e na utilização do nutriente. Portanto, estudos in vitro são importantes

precursores para estudos envolvendo apenas a quantidade de mineral disponível no

trato gastrointestinal para a absorção, ou seja, a bioacessibilidade. Valores de

bioacessibilidade devem ser tomados como índices relativos de biodisponibilidade

(AZENHA, 2000).

Bioacessibilidade é definida como a fração de uma substância, seja ela

essencial ou contaminante, que é liberada a partir da matriz alimentar no trato

gastrointestinal, e fica disponível para absorção intestinal. O estudo de

bioacessibilidade é realizado in vitro, onde é feita a simulação da digestão gástrica e

intestinal aplicando-se os seguintes parâmetros: condições gastrointestinais (pH

gástrico e intestinal, temperatura, tempo de residência e tamanho da partícula, enzimas

e composição química, efeito da matriz da amostra, procedimentos de cozimento dos

alimentos (processamentos térmicos) e experimentais (VERSANTVOOT, 2005;

AVANTAGGIATO, 2003).

O estudo de bioacessibilidade teve início com um método desenvolvido para

avaliar a bioacessibilidade de ferro em soja para estudos de nutrição que utiliza uma

membrana de diálise, a fim de evitar a precipitação de proteínas complexadas com

minerais (MILLER, 1981). Em seguida, a fim de aproximar as metodologias das

condições fisiológicas humanas, facilitar a aplicação e reduzir custos, os métodos foram

sendo modificados.

MACHADO et al., 2006 e SANTORI, 2007 realizaram modificações no

método proposto por MILLER et al., 1981 onde apenas o digerido gástrico é colocado

no interior do saco de diálise, enquanto que NaHCO3 e as enzimas ficam na parte

externa da membrana. REDDY et al., 2007 avaliaram as bioacessibilidade de K, Mn,

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Zn, Fe e Na em sementes de trigo testando o método de bioacessibilidade in vitro com

apenas uma digestão gástrica, e outro com digestão gastrointestinal.

JUDPROSONG (2007) discutiu a utilização de diálise em fluxo contínuo, ou

seja, durante a digestão intestinal seriam retiradas amostras em diferentes tempos e

analisadas, separadamente, a fim de observar em quais momentos há uma maior

passagem de minerais pela membrana, o que ocorre no início da digestão intestinal,

quando o pH ainda não está tão básico.

Há ainda método que realiza a cultura de células Caco-2, que são modelos

de células de carcinoma do colón humano, que nesse caso, analisa-se o teor de ferro

que atravessa uma monocamada de celulose e permite a formação de ferritina no

interior das células (GLAHN, et al., 2002).

Lonbinski et al., (2011) estudaram a bioacessilidade de minerais em

alimentos a partir de um método gastrointestinal sem uma membrana de diálise e

incluiu a amilase entre as enzimas, afim de simular a pré-digestão de carboidratos que

ocorre na boca do ser humano.

Diversos estudos foram realizados para avaliar a bioacessibilidade de

minerais em amostras de diferentes alimentos, como: em frutas, vegetais, pães e

queijos (LONBINSKI, 2011), frutos do mar (LEUFROY, 2012), algas comestíveis

(SARTAL, 2013), cereais (HEMALATH, 2007), carnes, peixes, ovos (LARSEN, 2002),

arroz (HEMALATHA, 2007) e Fe em pães suplementados com amaranto (SANZ-

PENELLA, 2012) aplicando-se o processo de digestão gastrointestinal artificial.

Alguns trabalhos também avaliam a bioacessibilidade de minerais em

amostras de suplementos e complementos alimentares comerciais e naturais (Tabela

5).

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Tabela 5. Bioacessibilidade de minerais em suplementos e complementos.

THIRY, 2013 TOKALIOGLU, 2014 BRIDIGE, 2011 GAUTAM, 2010

Bioacessibilidade

de Se (57%) em

complementos

enriquecidos

Bioacessibilidade de

Cr (13-89%), Cu (9-79%),

Fe (55-99%), Mg (33-95%),

Mn (83-94%), Mo (42-101%), Se

(74-125%) e Zn (81- 104%)

Bioacessibilidade

entre 58 e 85% de

Fe em multimistura.

Bioacessibilidade

de Fe (22,0%) e

Zn (13,5%) em

soja.

em suplementos nutricionais

Fonte: Elaborada pela autora.

3.5 Fatores antinutricionais presentes nos cereais.

Os fatores antinutricionais são compostos presentes em alimentos de origem

vegetal, que quando ingeridos, diminuem o valor nutritivo desses alimentos, pois

interferem na digestibilidade e absorção. A ingestão excessiva de componentes

antinutricionais pode diminuir a disponibilidade biológica dos aminoácidos e minerais, e

assim, intervir na eficiência dos processos biológicos (LESTIENNE, 2005).

Dentre esses fatores antinutricionais têm-se, os taninos que são capazes de

precipitar proteínas, os fitatos que formam complexos com proteínas e minerais e os

oxalatos que precipitam com o cálcio, formando cristais insolúveis (OJIMELUKWE,

1995).

Os taninos são compostos fenólicos que estão presentes nas folhas e caules

dos vegetais. Eles possuem um efeito antioxidante, mas, se ingeridos em grande

quantidade atuam como fatores antinutricionais na absorção de proteínas, precipitando-

as (DELFINO, 2010).

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Os oxalatos podem ser encontrados nas folhas vegetais e não são

metabolizados pelo corpo humano sendo excretados na urina. Como antinutricional

pode formar complexos solúveis com sódio e potássio e insolúveis com cálcio e

magnésio (CHAI, 2005).

Os fitatos possuem concentrações que variam de 1 a 3% (m m-1) em

alimentos de origem vegetal e são encontrados principalmente em cereais e grãos. O

efeito antinutricional se dá pela interação dos grupos fosfato com amido, minerais e

proteínas, o que pode alterar a solubilidade, funcionalidade, digestibilidade e por fim a

absorção desses nutrientes. O ácido fítico nos vegetais tem como função armazenar

fósforo (LEI, 2001).

O ácido fítico é capaz de ligar-se aos cátions minerais em estudo (Ca, Cu,

Fe, K, Mg, Mn, P e Zn) e então formar complexos insolúveis, difíceis de sofrer hidrólise,

durante a digestão humana (Figura 1). Logo, tais elementos químicos ficam menos

disponíveis para a absorção pelo organismo, ou seja, afeta de forma negativa a

bioacessibilidade desses minerais.

Figura 1. Complexo de fitato com nutrientes de uma dieta.

Fonte: REDDY (1989).

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Na formação dos complexos de fitato com íons metálicos, quanto maior é a

relação carga/raio do íon, maior é a constante de formação do complexo, logo é mais

fácil de ser formado (Tabela 6). A interação do ácido fítico e seus fitatos com os cátions

acontece pelos átomos de oxigênio e depende da natureza do íon e de sua carga

(VOHRA, 1965).

Tabela 6. Ordem crescente de razão carga/raio para íons metálicos

Íons metálicos Razão carga/raio

K+ 0,007

Ca2+ 0,020

Mg2+ = Zn2+ 0,027

Mn2+ 0,029

Fe2+ 0,032

Cu2+ 0,055

P3+ 0,068

Fonte: Adaptado de SHRIVER & ATKINS (2008).

O ácido fítico mio-inositol-1,2,3,4,5,6- hexadiidrogêniofosfato (Figura 2) é

uma molécula carregada negativamente em ampla faixa de pH e possui 12 prótons

substituíveis, ou seja, um ótimo quelante de cátions multivalentes como Ca+2, Fe+2,

Fe+3, Zn+2 e Mg+2. O ácido coordena-se pelos grupos fosfatos que podem ser ionizados

devido ao pH fisiológico do corpo humano (LEI, 2001; BREMNER, 1995).

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Figura 2. Mio-onositol- 1, 2, 3, 4, 5,6 - hexadiidrogêniofosfato em pH 6,0-7,0

.

Fonte: LEI (2001).

A solubilidade do ácido fítico é dependente do pH e da taxa molar de

minerais. Estudos de titulação potenciométrica do ácido fítico mostram que as

ionizações ocorrem nas regiões de pH (2,0- 4,0) e de (6,0- 11,0) e que a primeira

constante de ionização do ácido fítico é elevada e as constantes seguintes decrescem a

medida que o ácido fítico está mais protonado (tabela 7) (DE CARLI, et al. 2006 ;

QUIRRENBACH, et al. 2009).

Tabela 7. Logaritmo das constantes de protonação do ácido fítico a 36 ºC e µ = 0,100 mol L-1

KCl

medidas sob atmosfera de argônio.

Quociente de Equilíbrio -Log K

[LH] / [L] 10,81

[LH2] / [LH1] 9,90

[LH3] / [LH2] 9,76

[LH4] / [LH3] 9,33

[LH5] / [LH4] 7,48

[LH6] / [LH5] 6,00

[LH7] / [LH6] 3,78

[LH8] / [LH7] 2,06

Fonte: DE CARLI, et al. (2006).

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O complexo formado predominantemente nos pH fisiológico humano (2,5 -

7,5) é o hexaprotonado (LH6), podendo ainda haver formação de penta (LH5) e

heptaprotonados (LH7) (Figura 3).

Figura 3. Curvas de Distribuição das espécies em função do pH para o sistema contendo 0,1 mmol de

ácido fítico 36 ºC e µ = 0,100 mol L-1

KCl.

Fonte: DE CARLI, et al. (2006).

Estudos comprovam que os fitatos presentes nos alimentos diminuem a

biodisponibilidade de Fe+3 (não-heme) pelo corpo humano no processo de digestão

(BRUNE, 1992 ; O’TOLLE, 1999); de Fe e Zn em farinha de feijão e em legumes (LUO,

2010); de Ca, Fe e Zn em arroz comercial (LIANG, 2010). Outros mostram o efeito

negativo dos fitatos sobre a bioacessibilidade de minerais essenciais em alimentos

(HARLAND, 1995;, URBANO, 2000), o que enfatiza a importância desses estudos

nutricionais.

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3.6 Espectrometria de Emissão Óptica com Plasma Acoplado Indutivamente (ICP

OES)

A espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente

(ICP OES) é uma técnica que possibilita a determinação de vários elementos em

diferentes faixas de concentrações simultaneamente.

Na técnica de ICP OES são gerados espectros eletromagnéticos nas regiões

do ultravioleta e visível, a partir de transições eletrônicas em átomos e íons excitados. O

plasma fornece a alta energia necessária para promover a excitação da maioria dos

elementos, sendo medida a intensidade da radiação emitida em comprimentos de onda

específicos, correspondendo à concentração do analito de interesse. O plasma é um

gás parcialmente ionizado, produzido a partir de uma descarga em uma corrente de gás

inerte (argônio), mediante aquecimento por indução em uma tocha de quartzo

localizada dentro de uma bobina de indução ligada a um gerador de radiofrequência,

que opera a frequência e potência apropriadas (TREVIZAN, 2007). A escolha da

técnica de detecção em uma análise química depende de alguns fatores como os tipos

de analitos de interesse, a concentração desses analitos, quantidade de amostra

disponível, etc. A utilização da técnica de ICP OES na avaliação da bioacessibilidade

de minerais é adequada devido suas características como: realização de análise

multielementar e simultânea, o que possibilita a quantificação de vários minerais de

forma rápida; técnica sensível para análise de elementos traços; precisa; e de ampla

faixa linear de trabalho (LOORENT-MARTINEZ, 2013).

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4 PARTE EXPERIMENTAL

4.1 Amostras

As amostras de amaranto, multimistura e quinoa foram trituradas em

processador elétrico e armazenadas em frascos de polipropileno previamente

descontaminados em HNO3 10% v v-1 por 24h.

4.1.1 Amaranto

Amostra de amaranto integral orgânico em flocos (Amaranthus spp), não

contém glúten; do lote 121218, produzido em Curitiba – Paraná. Adquirida em

embalagem com 150 g do produto no comércio local de Fortaleza – Ceará durante o

segundo semestre de 2013.

Sugestão de ingestão pelo fabricante: adicionados no café da manhã,

acompanhando frutas, cereais e iogurtes ou ainda na forma de sopas, mingaus ou

batido em sucos e vitaminas.

Tabela 8. Informações nutricionais do amaranto estudado.

Informação Nutricional (45g do produto)

Quantidade %VD*

Valor Energético 168 kcal = 706 kJ 8%

Carboidratos 29g 10%

Proteínas 6,1g 8%

Fibra alimentar 3g 12%

Gorduras Totais 3,1g 6%

Colesterol 0mg ---

*% Valores Diários com base em uma dieta de 2000 kcal.

Fonte: Elaborado pela autora baseado no rótulo do produto.

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4.1.2 Multimistura

Amostra de multimistura (lote 0269) produzido em Maracanaú – Ceará.

Adquirida em embalagem com 250g do produto no comércio local de Fortaleza – Ceará

durante o segundo semestre de 2013.

Ingredientes: farelo de trigo, fubá de milho, farinha de soja, gergelim, coco

babaçu em pó, farinha de aveia, farinha de castanha de caju, gérmen de trigo, farelo de

arroz, sementes de girassol, espinafre e semente de abóbora. Contém glúten.

Sugestão de ingestão pelo fabricante: adicionar preferencialmente ao final do

cozimento de sopas e mingaus.

Tabela 9. Informações nutricionais da multimistura estudada.

Informação Nutricional (30g do produto)

Quantidade %VD*

Valor Energético 49 kcal = 206kJ 2%

Carboidratos 5,6g 2%

Proteínas 2g 3%

Fibra alimentar 1,8g 8%

Gorduras Totais 2,4g 5%

*% Valores Diários com base em uma dieta de 2000 kcal.

Fonte: Elaborado pela autora baseado no rótulo do produto.

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4.4.3 Quinoa

Amostra de quinoa integral orgânica em grãos (Chenopodium quinoa), não

contém glúten; do lote 130221, produzido em Curitiba – Paraná. Adquirida em

embalagem de 500g do produto no comércio local de Fortaleza – Ceará durante o

segundo semestre de 2013.

Sugestão de ingestão pelo fabricante: Deve ser cozida e adicionada à

risotos, saladas, recheios ou simplesmente como acompanhamento das refeições

diárias.

Tabela 10. Informações nutricionais da quinoa estudada.

Informação Nutricional (45g do produto)

Quantidade %VD*

Valor Energético 171 kcal = 718kJ 9%

Carboidratos 31 g 10%

Proteínas 5,9 g 8%

Fibra alimentar 2,7 g 10%

Gorduras Totais 2,6 g 5%

Colesterol 0mg ---

*% Valores Diários com base em uma dieta de 2000 kcal.

Fonte: Elaborado pela autora baseado no rótulo do produto.

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4.2 Material de Referência

O material de referência de Farelo de Soja (CRM 15) da Embrapa Pecuária

Sudeste foi usado para verificar a exatidão da metodologia de digestão total dos

complementos alimentares para determinação das quantidades totais dos macro e

microelementos.

4.3 Instrumentação

Para a decomposição total das amostras por via úmida em sistema fechado

foi utilizado forno de micro-ondas com cavidade (Multiwave®, Anton Paar, Graz,

Áustria) equipado com seis tubos de quartzo e sensor de temperatura.

A determinação dos minerais foi realizada no Laboratório de Ensino em

Química Analítica Aplicada (LEQA) na Universidade Federal do Ceará (UFC) usando

um Espectrômetro de Emissão Óptica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP OES

do inglês, Inductively Coupled Plasma Optical Emission Spectrometry), Perkin Elmer,

Optima 4300 Series Dual View. A amostra foi introduzida usando nebulizador de fluxo

cruzado e câmara de nebulização de duplo-passo. Os parâmetros operacionais do ICP

OES aplicados foram os seguintes: gerador de radiofrequência de 40 MHz; 1,1 kW de

potência; vazão do gás do plasma de argônio 15 L min-1; vazão do gás auxiliar de 0,5 L

min-1; vazão do gás do nebulizador 0,9 L min-1 e fluxo da amostra de 0,8 L min-1. Uma

tocha de quartzo de 2,4 mm de diâmetro foi utilizada e as medidas foram realizadas

com a tocha nas configurações axial e radial, dependendo do elemento analisado. Os

comprimentos de onda dos elementos utilizados nas análises e posição da tocha

utilizada na determinação de cada elemento são apresentados na Tabela 11.

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Tabela 11. Comprimentos de onda e posição da tocha empregados na análise de Ca, Cu, Fe, K, Mg, Mn,

P e Zn em amaranto, multimistura e quinoa por ICP OES.

Elementos Comprimento de onda (nm) Visão da Tocha

Ca 317.933 Axial

Cu 324.752 Axial

Fe 259.939 Axial

K 766.490 Radial

Mg 285.213 Axial

Mn 257.610 Axial

P 213.617 Axial

Zn 213.617 Axial

Fonte: Elaborada pela autora.

Para a pesagem das amostras foi utilizada balança analítica (AND, HR-200,

Japão).

Na digestão gastrointestinal in vitro foi empregado um banho metabólico

(Dubnoff, Marconi), phmetro (Micromal, B474), bloco digestor (Tecnal, TE 007D) e

centrífuga (Q222T204, Quimis).

4.4 Reagentes e soluções

Todas as vidrarias e frascos utilizados neste trabalho foram previamente

descontaminados em banho de HNO3 10% (v v-1) durante um período mínimo de 24h.

Água deionizada ultrapura, com resistividade de 18,2 MὨ cm obtida por meio de um

sistema de purificação de água Milli-Q (Millipore, Estados Unidos), foi empregada no

preparo de soluções e diluições.

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Na digestão total das amostras foram utilizados os reagentes HNO3 65% m

m-1 (Vetec, Rio de Janeiro, Brasil) e H2O2 30% m m-1(Vetec).

Os reagentes usados na digestão gastrointestinal in vitro foram HCl 37% m

m-1, (Vetec), NaOH (Synth, São Paulo, Brasil), NaCl (Vetec), pepsina (Sigma-Aldrich,

Steinheim, Alemanha), pancreatina (Sigma-Aldrich), α-amilase (Sigma-Aldrich) e sais

de bile (Sigma-Aldrich).

As soluções de referência multielementares para construção da curva

analítica foram preparadas através de diluições sucessivas das soluções estoque 1000

mg L-1 de Ca, Cu, Fe, K, Mg, Mn, P e Zn (Acros®, Geel, Bélgica) nas seguintes

concentrações 1,0; 5,0; 10,0 e 15,0 mg L-1 (Cu, Fe, Mn e Zn) e 5,0; 10,0; 15,0 e 30,0

mg L-1 (Ca, Mg e K) e 50,0, 100,0, 150,0 e 300,0 mg L-1 (P).

Na determinação de ácido fítico foram utilizados HCl 37% m m-1(Vetec),

Na2SO4 P.A (Dinâmica, São Paulo, Brazil), FeCl3 (Dinâmica), C7H6O6S.2H2O P.A

(Dinâmica), Glicina (Dinâmica); EDTA (Dinâmica).

4.5 Teores totais de minerais em amostras de amaranto, multimistura e quinoa

Para a determinação das quantidades totais dos micro e macroelementos

(Ca, Cu, Fe, K, Mg, Mn, P e Zn) nas amostras, realizou-se, no Laboratório de Ensino

em Química Analítica Aplicada (LEQA) na Universidade Federal do Ceará (UFC), a

decomposição total em forno de micro-ondas com cavidade. Para a decomposição (em

triplicata), pesou-se em balança analítica aproximadamente 200 mg das amostras,

previamente trituradas e homogeneizadas, transferiu-se as amostras para o interior dos

tubos de quartzo do sistema de decomposição em forno micro-ondas com cavidade e

adicionou-se 2,0 mL de HNO3 65% m m-1 e 1,0 mL de H2O2 30% m m-1. A mistura foi

submetida a um programa de aquecimento contido no cookbook do próprio

equipamento de digestão para amostras de soyabean (Tabela 12). Após a digestão das

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amostras, as soluções foram transferidas para frascos de polipropileno e diluídas para

20,0 mL. A determinação dos analitos foi realizada por ICP OES.

Tabela 12. Programa de aquecimento utilizado para a decomposição total das amostras de complemento

alimentar em forno de micro-ondas com cavidade.

Etapas Potência (W) Tempo (min)

1 100 - 600 5,0

2 600 5,0

3 1000 10,0

4 0 15,0

Fonte: Elaborada pela autora.

O cálculo dos valores de contribuição para o RDA dos minerais nas

amostras estudadas, ou seja, valores recomendados de macro e micronutrientes foi

realizada da seguinte forma:

% Contribuição para o RDA = CT (mg) x 100

RDA (mg)

Onde, CT é a concentração total do mineral em 100g de cada suplemento mineral e

RDA é a concentração de valores recomendados para cada mineral.

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4.6 Digestão gastro-intestinal in vitro

Para simular a digestão gastro-intestinal das amostras de amaranto,

multimistura e quinoa,realizada no Laboratório de Ensino em Química Analítica

Aplicada (LEQA) na Universidade Federal do Ceará (UFC), aplicou-se o método

desenvolvido por Lobinski et al., (2011), o qual foi utilizado em seu trabalho para

amostras de alimentos (pão, queijo, frutas e vegetais). Nesse método, não há presença

da membrana de diálise, mas a interação direta da mistura enzimática com a amostra

durante incubação em banho termostatizado.

Após procedimento de digestão in vitro, foi realizada uma adaptação na

metodologia, pois não foi possível fazer a quantificação da fração bioacessível no ICP

OES na solução final obtida, devido à presença de material particulado proveniente da

metodologia que causa entupimento no nebulizador do ICP OES. Então, foi realizada

uma etapa de digestão, adaptada do trabalho de Cadore et al., (2013) a fim de eliminar

os particulados presentes na fração bioacessível, sendo assim possível a quantificação.

Nesse procedimento (Figura 4), aproximadamente 300mg da amostra foi

adicionada à solução gástrica (5,0 mL) composta por pepsina (10 mg mL-1) em NaCl

0,15 mol L-1. O pH dessa mistura foi ajustado para 2,5 e submetida à aquecimento em

banho termostatizado com agitação a 37 °C por 4h. Esse procedimento simula a

digestão que ocorre no estômago. Em seguida, o pH foi elevado para 7,4 a partir da

adição de um volume adequado de NaOH (2,0 mol L-1) e iniciou-se a digestão intestinal

com a adição da solução intestinal (5,0 mL) composta pelas enzimas pancreatina (30

mg mL-1), amilase (10 mg mL-1) e sais biliares (1,5 mg mL-1). A mistura foi incubada

durante 4h a 37 ºC e centrifugada por 15 min a 5000 rpm. Um volume de 5,0 mL do

sobrenadante, após a digestão in vitro, foi digerida em bloco digestor usando 2,0 mL de

HNO3 (65% m m-1) a uma temperatura de 120 ºC por 3 h. O volume da solução final foi

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ajustado para 10,0 mL e a determinação dos minerais foi realizada por ICP OES. Os

minerais encontrados no sobrenadante foram considerados bioacessíveis.

Figura 4. Representação esquemática da digestão gastrointestinal de amostras alimentares para

avaliação da bioacessibilidade de minerais (adaptado de Lobinski, et al. 2011).

Fonte: Elaborada pela autora.

4.7 Determinação da porcentagem de ácido fítico

O conteúdo de ácido fítico foi determinado segundo o método descrito por

Garcia-Villanova et al. (1982). A análise foi realizada no Laboratório de Ensino em

Química Analítica Aplicada (LEQA) na Universidade Federal do Ceará (UFC).

Inicialmente, pesou-se aproximadamente 5 g de amostra que foi transferida para

erlermeyer para a extração do ácido fítico. A extração foi realizada adicionando-se à

amostra 40,0 mL de HCl 0,4 mol L-1 e NaSO4 5% m v-1 e deixando-se a mistura em

repouso por 90 min com os frascos tampados e com agitações feitas manualmente a

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cada 30 min. Após a extração, a mistura foi centrifugada por 5 min a 5000 rpm. Em

seguida, 20 mL do sobrenadante foi transferido para um balão de fundo chato e foram

adicionados 20,0 mL de HCl 0,4 mol L-1 ; 20,0 mL FeCl3 0,02 mol L-1 que age como

complexante, formando complexos de [Fe(III)- fitato] e 20,0mL de ácido sulfossalicílico

20% m v-1 que atua como indicador.

O balão foi então agitado suavemente e selado com uma rolha de borracha

para evitar a evaporação. Posteriormente, o frasco foi aquecido em banho de água

fervente por 15 min.

Após o resfriamento à temperatura ambiente sob água corrente, pipetou-se

20 mL do sobrenadante para um erlemeyer e adicionou-se 180 mL de água destilada.

Então, o pH foi ajustado para 2,5 com glicina (0,75 g), tamponando o meio. Em

seguida, a solução foi aquecida a 70 ºC e, ainda quente, foi titulada com EDTA 0,01 mol

L-1 até a cor da mistura no erlenmeyer mudar de vermelho-marron para amarelo claro.

4.8 Tratamentos Estatísticos

4.8.1 Teste F

O teste F é utilizado para comparar precisões entre dois conjuntos de dados,

a partir da análise de variância, ou seja, o quadrado do desvio-padrão (S2), equação 1.

Esse teste determina se há ou não diferença significativa entre as duas precisões, no

nível de 5%.

O valor encontrado pela equação (1), comparado ao valor da distribuição F

pode ser menor (Fcalc< Ftab) ou pode ser maior (Fcalc.> Ftab) e só não há diferença

significativa entre as precisões na primeira situação citada.

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O teste F foi aplicado, nesta pesquisa, aos valores de concentrações totais

dos minerais nas amostras de suplemento alimentar a fim de verificar se havia diferença

significativa entre as precisões das amostras (CAULCUTT, R.; BODDY, R., 1994)

4.8.2 Teste t

O teste t é usado para comparar um grupo de medidas com outro, com o

objetivo de decidir se existe ou não diferença significativa entre suas médias.

Inicialmente calcula-se o valor de Sa (estimativa do desvio-padrão agregado) e

tcalculado dado pela equação 2 e 3, respectivamente:

Onde: n1 e n2 são os números de replicatas; S12 e S2

2 as variâncias; X1 e X2 as médias

das concentrações.

(1)

(2)

(3)

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Após obter tcalculado, compara-se com o valor de ttabelado, este último obtido na

tabela dos valores do teste t de Student (grau de liberdade (GL): 2 e 95% de confiança).

Se o tcalculado é maior que o ttabelado no nível de 95% de confiança os dois resultados são

considerados estatisticamente diferentes. Caso contrário tcalculado < ttabelado, os dois

valores serão considerados significativamente equivalentes (CAULCUTT, R.; BODDY,

R., 1994).

O teste t foi realizado para comprovar equivalência entre as médias de

concentrações totais dos minerais das amostras.

4.8.3 Propagação das incertezas

Nesta pesquisa, foi determinada a propagação das incertezas para

determinar a porcentagem de bioacessibilidade dos elementos químicos em estudo

nas amostras. Para se propagar a incerteza nesta divisão procedeu-se do seguinte

modo. Consideremos dois resultados analíticos representados por X1 ± S1 e X2 ± S2

onde S1 e S2 são os desvios padrões. Para propagar a incerteza na divisão aplica-se

a equação 4:

Para calcular a incerteza relativa percentual é preciso determinar as

incertezas relativas percentuais S1 e S2 através da equação 5 e em seguida aplicar

na equação 6.

(4)

(5)

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Para determinar a incerteza absoluta aplica-se a equação 7 e substitui o

valor encontrado na divisão inicial (equação 8), logo:

Onde X1 e X2 são as médias; S1 e S2 são os desvios padrões e S3 a incerteza absoluta

(CAULCUTT, R.; BODDY, R., 1994).

4.9 Tratamento Quimiométrico

Foi realizado um tratamento quimiométrico a partir da aplicação de PCA’s

(Análise de Componentes Principais) do programa Latentix v2. 12. Então, foram

elaborados gráficos de scores e loadings, Os scores apresentaram a composição de

PC’s m relação às amostras e os loadings quanto às variáveis. A fim de examinar as

relações entre as amostras e variáveis ou influência de cada variável em cada amostra.

Os dados foram autoescalonados.

(6)

(7)

(8)

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Teores totais e potencial nutricional mineral.

O estudo mostrou que os três complementos alimentares estudados,

considerando apenas os teores totais, podem ser considerados ricos em Cu, Fe, Mg,

Mn e P, pois contribuem com no mínimo 30% dos valores de RDA. No entanto, não são

fontes de Ca, K e Zn, uma vez que seus teores representam abaixo de 15% do RDA

desses minerais, com exceção da multimistura que pode ser classificada como fonte de

cálcio e zinco com contribuições de 19,1% e 20,1% do RDA desses nutrientes,

respectivamente (Tabela 13) (ANVISA, 1998).

As porcentagens de RDA obtidas de Cu e Mn para os três complementos e

de P apenas para o amaranto devem ser destacadas, pois excederam 100% da RDA.

Logo, é preciso considerar também a UL que é o limite tolerável de ingestão (Tabela 1).

As concentrações obtidas de Cu e Mn para os complementos são superiores aos

valores de UL que são respectivamente 10 e 11 mg/dia. Portanto a ingestão diária das

amostras deve ser controlada, a fim de evitar efeitos adversos à saúde. Quanto ao P no

amaranto o valor obtido é inferior à UL.

Ao comparar a contribuição mineral do amaranto, multimistura e quinoa com

outros complementos alimentares também amplamente citados na literatura como boas

fontes de minerais, como chia (grão) e goji berry (fruta), destacamos maior contribuição

no RDA de Cu, Fe, K, Mn, P e Zn para amaranto, multimistura e quinoa (LOORENT-

MARTINEZ, 2013).

O potássio (K) foi o segundo maior mineral em concentração nos três

complementos analisados, depois do fósforo (P). Justifica-se, pois K é elemento

químico essencial para o crescimento das plantas em geral, sendo bastante utilizado e

absorvido ao longo da vida do vegetal. Dentre outras funções, o K atua na regulação

dos estômatos, estruturas fundamentais para a transpiração das plantas. Como os

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complementos alimentares em estudo são todos de origem vegetal, logo, os teores de

potássio são elevados quando comparados aos outros minerais.

Tabela 13. Teores totais e porcentagem de contribuição para a Recommended Dietary Allowance (RDA)

de Ca, Cu, Fe, K, Mg, Mn, P e Zn em amostras de amaranto, multimistura e quinoa.

Amostras

Macrominerais

Ca (mg g

-1)

RDA*(%) K (mg g

-1)

RDA *(%)

Mg (mg g

-1)

RD* *(%)

P (mg g

-1)

RDA *(%)

Amaranto

1,32 ± 0,06

13,2 3,23 ± 0,21 6,87 1,59 ± 0,05 37,8 13,7 ± 0,15 195

Multimistura 1,91 ± 0,16 19,1 5,76 ± 0,14 12,2 2,01 ± 0,02 47,7 6,27 ± 0,37 89,6

Quinoa 0,36 ± 0,01 3,60 4,96 ± 0,38 10,5 1,77 ± 0,04 42,1 10,8 ± 0,14 154

Amostras

Microminerais

Cu (mg kg

-1)

RDA *(%)

Fe (mg kg

-1)

RDA *(%)

Mn (mg kg

-1)

RDA *(%)

Zn (mg kg

-1)

RDA *(%)

Amaranto

32,4 ± 0,69

360 112 ± 2,01 62,2 82,8 ± 1,31 360 8,47 ± 0,28 7,70

Multimistura 35,2 ± 0,55 391 161 ± 6,33 89,4 54,8 ± 0,54 238 22,1 ± 0,06 20,1

Quinoa 34,20 ±0,13 380 103 ± 1,24 57,2 52,9 ± 4,67 230 12,4 ± 0,15 11,3

Fonte: Elaborada pela autora.

n=3; média ± desvio padrão e teste t grau de liberdade (GL): 2, no nível de 5% (teste F) e 95% de confiança (teste t-Student).

*Porcentagem de contribuição no RDA baseado na ingestão de 100 g de cada suplemento alimentar estudado.

A região, o solo e o clima submetidos ao cultivo das amostras de amaranto e

quinoa, bem como o período de colheita, são fatores que podem influenciar na

composição dos minerais. Tal efeito foi observado ao comparar os teores totais de

minerais com relatos na literatura. Os teores totais obtidos para o Mg, Fe e Zn (Tabela

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13) são distintos dos obtidos por AGUILAR et al. (2011) que estudaram amostras de

três espécies de amaranto (A. dubius, A. cruentus e A. hypochondriacus) obtidas da

região agrícola da província de La Pampa (Argentina) de novembro de 2009 a março de

2010, GAMEL et al. (2006) que pesquisaram duas espécies (A. caudatus, A. cruentus)

em Van Djike (Holanda), colhidas em 2000 e Embrapa (2004) que analisaram o grão de

amaranto de espécie não especificada em Rio de Janeiro (Brasil) (Tabela 2).

Quanto aos teores obtidos de P, Cu e Mn (Tabela 13) são próximos aos

obtidos por Aguilar, et al. (2011) e divergentes de Gamel et al. (2006) e Embrapa (2004)

(Tabela 2). Para o Ca e K as concentrações obtidas estão próximas as de Aguilar, et al.

(2011) e Gamel et al. (2006).

A multimistura é constituída de grãos e farelos de acordo com os costumes

regionais, o que determina composições nutricionais diferenciadas. Tal fato foi

observado pelos valores divergentes de teores totais dos minerais entre as amostras de

multimistura estudadas neste trabalho e os relatados na literatura (Tabela 3).

O menor teor de Ca na multimistura em estudo em relação à literatura pode

ser justificado devido à ausência de pó da casca do ovo na composição das amostras

de multimistura usadas para este trabalho. Assim como o maior teor de Cu e Fe na

multimistura estudada pode ser justificado pela presença de gergelim, coco babaçu,

aveia, castanha de caju, semente de girassol e espinafre nesse alimento, que estavam

ausentes nas amostras dos estudos listados na Tabela 3. A quinoa apresentou valores

de concentrações totais de Ca K, Mg de acordo com os obtidos por Nascimento et al.

(2011) e de Fe, K, Mg concordantes aos de Margarita et al. (2013). Mas, houve

divergências quanto aos teores de Ca, Fe, P e Zn aos de Gewehr et al. (2012); os

valores encontrados de Cu, Fe, P, Mn e Zn foram similares aos de Nascimento et al.

(2011), enquanto Ca, Cu, Mn, P e Zn apresentaram similaridades aos encontrados por

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Margarita et al. (2013) (Tabela 4). Assim como o amaranto, tais diferenças devem-se a

influência de fatores como: tipo de solo, adubação, clima, período em que foi cultivada

ou ainda condições de armazenamento.

Foi realizado um tratamento estatístico entre os teores totais de cada

mineral para as amostras de complemento alimentar estudadas (Tabela 13), a fim de

verificar a existência de diferença significativa entre as precisões (teste F) e entre as

médias (teste t-Student). O teste F mostrou que não houve diferença significativa entre

as precisões das concentrações de quinoa e amaranto em relação à de multimistura

para Cu, Fe, K, Mg, Mn, P e Zn. Apesar de com a aplicação teste t ter se observado que

os teores de Cu, K, Mg, Mn e P são significativamente equivalentes entre a quinoa e a

multimistura e Ca, Cu, K e Mg entre amaranto e multimistura, o consumo da

multimistura torna-se mais interessante, considerando os teores totais, pois é um

complemento alimentar de custo menor quando comparado à quinoa e ao amaranto,

sendo mais acessível à população de um modo geral.

Para mostrar a relação dos teores totais dos minerais com as amostras foi

utilizada uma PCA (Análise de Componentes Principais) que é uma ferramenta

estatística quimiométrica.

A Figura 7 apresenta o gráfico de scores que traz a relação entre as

amostras. É observada uma separação bem definida entre as amostras justificada pelas

variáveis (minerais) presentes no gráfico de loadings das PCs 1 e 2. Ambos os gráficos

foram feitos usando os dados auto escalonados, ou seja, eliminando o efeito das

diferenças de concentração entre os macro e micro elementos que são as variáveis. O

eixo horizontal é a 1ª PC e diz respeito à posição direita e esquerda. O eixo vertical é a

2ª PC e diz respeito lado de cima e baixo.

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54

Figura 5. Análise de Componentes principais relativa aos teores totais dos minerais e os complementos

alimentares estudados.

Fonte: Latentix v.2.12.

A multimistura possui mais K, Cu, Mg, Zn, Fe e Ca. O Cu é bem similar

entre as amostras, mas mesmo assim, foi possível indicar qual amostra possui o maior

teor (multimistura). Logo, a multimistura é a melhor fonte desses minerais entre as

amostras. O Amaranto se destaca com o maior teor de Mn. Já a quinoa não possui

nenhum elemento em destaque, visto que ela está bem próxima do zero.

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55

Amaranto e quinoa possuem teores bem próximos de P, no entanto, sua

posição está mais próxima do amaranto indicando sua maior concentração nesta

amostra.

5.2 Exatidão da metodologia de decomposição total

A exatidão do método de decomposição total das amostras de amaranto,

multimistura e quinoa foi verificada através da decomposição de material de referência

de farelo de soja. Na Tabela 14 constam os valores de referência das concentrações de

Ca, Cu, Fe, K, Mg, Mn, P, e Zn na amostra de material de referência e os teores desses

elementos obtidos quando aplicou-se o método de digestão total utilizado neste

trabalho.

Tabela 14. Teores de Ca, K, Mg, P (g kg-1

) Cu, Fe, Mn e Zn (mg kg-1

) em material de referência de farelo

de soja após digestão total em forno de micro-ondas com cavidade.

Elementos Embrapa Pecuária Sudeste CRM 15: Farelo de soja

Valor experimental* Valor referência*

Ca (g kg-1

) 3,57 ± 0,23 3,35 ± 0,51

Cu (mg kg-1

) 20,83 ± 2,11 21,00 ± 2,44

Fe (mg kg-1

) 263,24 ± 41,10 274,06 ± 44,63

K (g kg-1

) 25,43 ± 0,26 24,62 ± 2,74

Mg (g kg-1

) 3,66 ± 0,08 3,57 ± 0,36

Mn (mg kg-1

) 32,42 ± 0,22 31,37 ± 4,77

P (g kg-1

) 7,23 ± 0,14 7,29 ± 0,82

Zn (mg kg-1

) 57,99 ± 0,42 58,81 ± 5,77

Fonte: Elaborada pela autora; (n = 3)

*Intervalo de confiança de 95%

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56

Para comprovar que os teores obtidos para todos os elementos estudados

são significativamente equivalentes aos valores encontrados no material de referência,

fez-se o teste t- Student (seção 4.8.2). Os resultados do teste t encontrados sugerem

uma concordância entre os valores obtidos e os do material de referência, a um nível de

confiança de 95 %. Portanto, o método de preparo de amostra empregado para a

decomposição dos complementos nutricionais em forno de micro-ondas fechado

mostrou-se eficiente.

5.3 Bioacessibilidade dos minerais

Os teores bioacessíveis dos macro e microminerais foram determinados

após aplicação do método de bioacessibilidade in vitro descrito no tópico 4.6. A

quantidade bioacessível (TB) e a porcentagem de bioacessibilidade (B) dos minerais

obtidos para as amostras de amaranto, multimistura e quinoa estão apresentados na

Tabela 15. Os valores de bioacessibilidade são apresentados como um valor absoluto

acompanhado da correspondente incerteza. Tal incerteza foi obtida através do

procedimento de propagação de incertezas (desvios padrões) descrito no tópico 4.8.3.

Os resultados obtidos comprovam que o estudo de bioacessibilidade

realizado para amaranto, multimistura e quinoa é pertinente, uma vez que podem ser

inseridas informações mais precisas quanto à absorção de minerais em tabelas de

composição nutricionais desses alimentos. Já que nem todo o teor de minerais

presentes nos alimentos é liberado da matriz durante a digestão gastrointestinal

humana, tornando-se disponível para a absorção e posterior utilização pelo corpo

humano. Por exemplo, o amaranto obteve o maior teor total para o fósforo (P) logo,

pode-se dizer que esse complemento tem mais potencial nutritivo em relação aos

outros alimentos estudados no que diz respeito ao P. No entanto, ao considerar a

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bioacessibilidade observa-se que o amaranto não é o alimento estudado mais eficiente

quanto à disponibilização de P para o organismo.

Tabela 15. Teores bioacessíveis (TB), porcentagem de bioacessibilidade (B) e Recommended Dietary

Allowance (RDA) para os macros e microminerais em amaranto, multimistura e quinoa.

Macrominerais

Amostras

Amaranto

Ca

(mg g-1

)

B(%)*

RDA

*(%)

K

(mg g-1

)

B(%)*

RDA

*(%)

Mg

(mg g-1

)

B(%)*

RDA

*(%)

P

(mg g-1

)

B(%)*

RDA

* (%)

0,50 ± 0,01

37,8 ± 1,07

5,00 2,82 ± 0,02

87,3 ± 0,43

6,00 0,92 ± 0,09

57,8 ± 0,41

22,0 4,11 ± 0,23

30,0 ± 0,04

58,7

Multimistura

0,41 ± 0,07

21,4 ± 0,40

4,10 4,14 ± 0,05

71,8 ± 2,53

8,80 0,88 ± 0,03

43,8 ± 0,76

21,0 3,56 ± 0,04

56,7 ± 1,62

50,8

Quinoa 0,29 ± 0,06

80,5 ± 5,35

2,90 3,38 ± 0,43

68,1 ± 0,52

7,20 0,65 ± 0,06

36,7 ± 1,76

15,5 4,56 ± 0,73

42,2 ± 0,30

65,1

Microminerais

Amostras

Amaranto

Cu

(mg kg-1

)

B(%)*

RDA

*(%)

Fe

(mg kg-1

)

B(%)*

RDA

*(%)

Mn

(mg kg-1

)

B(%)*

RDA

*(%)

Zn

(mg kg-1

)

B(%)*

RDA

*(%)

11,9 ± 0,39

36,8 ± 0,06

132 44,7 ± 6,71

39,9 ± 0,72

24,8 27,4 ± 2,58

33,0 ± 0,20

119 1,89 ± 0,10

22,3 ± 1,40

1,71

Multimistura 5,76 ± 0,05

16,3 ± 0,14

64,0 42,7 ± 3,29

26,5 ± 1,09

23,7 13,2 ± 2,72

24,2 ± 0,04

57,4 19,6 ± 0,27

88,6 ± 0,25

17,8

Quinoa 11,62 ± 0,68

34,2 ± 0,02

129 34,3 ± 2,28

33,3 ± 0,04

19,0 34,9 ± 3,33

66,0 ± 0,20

151 7,85 ± 0,45

63,3 ± 0,24

7,14

Fonte: Elaborada pela autora

n = 4; média ± desvio padrão; *B(%) foi calculado por: %B = [TB] / [T] x100, onde [TB] é a concentração

bioacessível dos minerais obtida pelo método in vitro (teores bioacessíveis) e [T] é o teor total de

minerais obtido pela digestão total da amostra por micro-ondas; n=4; média ± incerteza absoluta; teste t

grau de liberdade (GL): 3, no nível de 5% (teste F) e 95% de confiança (teste t-Student).

*Porcentagem de contribuição no RDA baseado na ingestão de 100 g de cada suplemento alimentar

estudado.

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Após a digestão in vitro, a contribuição para a RDA para todos os minerais

nas três amostras foi reduzida.

No amaranto, as menores contribuições para a RDA após digestão in vitro

foram de Ca (5,00%), K (6,00%) e Zn (1,75%) e a melhores foram de P (58,7%), Cu

(132%) e Mn (119%). Logo, considerando os teores bioacessíveis o amaranto não pode

ser considerado fonte de Ca, K e Zn. Porém, é rico em P, Cu e Mn. As porcentagens de

RDA para o Mg e Fe foram respectivamente 22,0 e 24,8% o que classifica o amaranto

como fonte desses minerais segundo Anvisa (1998).

A multimistura, considerando a mesma classificação, é fonte de Fe, Mg e Zn

e rica em P, Cu e Mn e não pode ser consideradas fonte de Ca e K, pois suas

contribuições para a RDA não superam os 15%. A quinoa proporcionou contribuição

para a RDA de 65,1% de P; 129% de Cu e 151% de Mn sendo rica desses minerais.

Foi aplicada uma PCA para observar a relação entre os teores bioacessíveis

e as amostras estudadas, considerando agora o feito da bioacessibilidade.

A Figura 8 mostra que o Cu, Mn e P são mais bioacessíveis na quinoa e no

amaranto. O amaranto se destaca com a maior bioacessibilidade do Cu.

O Zn e K são mais bioacessíveis na multimistura, considerando o

deslocamento para a esquerda na PC1 (loadings) acompanhando a PC1 (scores).

O Mg, Fe e Ca são mais bioacessíveis no amaranto (PC2) e multimistura

(PC1), no entanto, estes estão em maior quantidade no amaranto.

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59

Figura 6. Análise de Componentes principais relativa aos teores bioacessíveis dos minerais e os

complementos alimentares estudados.

Fonte: Latentix v.2.12.

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60

A bioacessibilidade será discutida de forma individual, por mineral, a partir do

tópico 5.3.1.

5.3.1 Cálcio (Ca)

Alguns estudos avaliam a bioacessibilidade do cálcio em alimentos de

origem vegetal (PUWASTIEN, 2004; VITALI, 2008; HEANEY, 1988). Pesquisas relatam

que a bioacessibilidade do Ca em cereais é baixa, devido às elevadas concentrações

de fitatos e oxalatos, pois estes complexam com os minerais inibindo sua absorção pelo

organismo (WEAVER, 1997).

Os dados apresentados na Tabela 15 mostram que a quinoa possui a maior

porcentagem de bioacessibilidade para Ca. Mas, como possui o menor teor total de Ca

não pode ser considerada a melhor opção, entre os três complementos, para ingestão

desse mineral.

A multimistura é a melhor fonte total de Ca, mas possui a menor

porcentagem de bioacessibilidade, logo não é uma fonte bioacessível de Ca. Essa

baixa bioacessibilidade pode estar relacionada com a presença de antinutricionais na

composição do complemento, como o ácido fítico.

Na Tabela 14, o amaranto embora não seja o complemento que apresenta

maior teor total de Ca disponibiliza a segunda maior fração bioacessível de Ca para

absorção, mas estatisticamente é equivalente (testes F e t-Student) ao teor

disponibilizado pela multimistura, que possui a vantagem de ser adquirida por um

menor custo.

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61

5.3.2 Potássio (K)

As porcentagens de bioacessibilidade obtidas para K foram as maiores nas

amostras estudadas, quando comparada aos outros minerais estudados. A literatura

não retrata fatores antinutricionais para K, portanto a bioacessibilidade desse nutriente

não deve ser muito afetado pela matriz das amostras de alimentos estudadas.

O amaranto obteve a maior bioacessibilidade (87,3%), mas disponibiliza

menos K para absorção, pois possui um teor total menor que a quinoa e a multimistura.

Logo, a multimistura é a melhor fonte de K por disponibilizar a maior fração

bioacessível.

Não há relatos de avaliação da bioacessibilidade de K em multimistura. Um

estudo da bioacessibilidade de K para amaranto e quinoa obteve respectivamente

67,3% e 77,4% e estão de acordo com os obtidos nesta pesquisa (TOGNON, 2012).

5.3.3 Magnésio (Mg)

O Mg apresentou porcentagens de bioacessibilidade para os complementos

alimentares, com variações entre 36 e 58%, aproximadamente. A quinoa apresentou a

menor bioacessibilidade (36,7%), seguida da multimistura com (43,8%). Quanto aos

teores bioacessíveis o amaranto disponibilizou teores equivalentes aos da multimistura.

Não há relatos de avaliação da bioacessibilidade de Mg em multimistura.

Apenas um trabalho foi encontrado na literatura que avaliou a bioacessibilidade desse

nutriente em amaranto (11,5%) e quinoa (11,1%) e os resultados estão bem abaixo dos

obtidos nesta pesquisa (TOGNON, 2012). Uma justificativa para a diferença entre as

porcentagens de bioacessibilidades obtidas pode ser a presença de antinutricionais,

como o ácido fítico nas amostras de Tognon (2012), na forma que causa maior efeito

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62

negativo na bioacessibilidade (hexafosfato) IP6, que podem ser formadas em maior

quantidade por conta dos processos de armazenamento, fermentação, germinação,

processamento e digestão das sementes (TOGNON, 2012).

5.3.4 Fósforo (P)

As porcentagens de bioacessibilidade obtidas para P nesta pesquisa foram

de 30% para o amaranto, 56,7% para a multimistura e 47,2% para a quinoa.

A bioacessibilidade do P pode ter sido afetada pela ação antinutricional de

componentes da matriz das amostras, mas também pela interação nutriente-nutriente

entre Ca e P onde uma maior concentração de Ca pode resultar em uma diminuição na

absorção do mineral fósforo (REDDY, 2002).

O amaranto mesmo possuindo o maior teor total de P não apresentou o

maior teor bioacessível, disponibilizando uma quantidade desse elemento muito

próxima daquela proporcionada pela quinoa.

Não foram encontrados relatos na literatura de avaliação da

bioacessibilidade de P em amaranto, multimistura e quinoa.

5.3.5 Cobre (Cu)

As porcentagens bioacessíveis para Cu na Tabela 15 retratam

bioacessibilidade similar entre o amaranto e a quinoa, de 36,8 e 34,2% respectivamente

e apenas 16% de bioacessibilidade para a multimistura.

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O fator inibidor que deve ter contribuído para a baixa bioacessibilidade de

cobre na multimistura é a relação mineral-mineral, pois, segundo a literatura, existem

três minerais competidores com o Cu, que são Ca, Fe e Zn (PROHASKA, 2008). O

efeito mineral-mineral pode ter sido mais acentuado na multimistura, pois esta possui

concentrações totais maiores de Ca, Fe e Zn.

O amaranto e a quinoa apresentaram o dobro do teor bioacessível de Cu

disponibilizado pela multimistura. Portanto, podem ser consideradas boas fontes desse

mineral.

Não há relatos de avaliação da bioacessibilidade de Cu em multimistura.

Apenas um para amaranto (42,6%) e quinoa (32,7%) e estão de acordo com as

porcentagens de bioacessibilidade encontradas neste trabalho (TOGNON, 2012). Há

estudos de bioacessibilidade de Cu em complementos minerais comerciais com

resultados de 66% de bioacessibilidade (TOKALIOGLU, 2014).

5.3.6 Ferro (Fe)

O amaranto apresentou a maior porcentagem bioacessível entre as

amostras para Fe. A multimistura, apesar de apresentar a menor porcentagem de

bioacessibilidade para ferro, o teor bioacessível foi equivalente ao do amaranto por ela

possuir uma elevada concentração total de ferro. Portanto, como fonte de ferro a

multimistura é similar ao amaranto.

Os inibidores da absorção de ferro podem ser: fibras, oxalatos, fosfatos,

vitamina A e proteínas da soja (YOUNG, 2009). Portanto, a menor porcentagem de

absorção de Fe para a amostra de multimistura pode ser causada pela atuação

agregada desses inibidores (Ca, Cu e Zn), que podem ser encontrados nos

ingredientes utilizados na elaboração da multimistura.

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64

Não há relatos de avaliação da bioacessibilidade de Fe em multimistura.

Apenas um para amaranto (16,7%) e quinoa (66,7%) (TOGNON, 2012). A distinção

entre os resultados obtidos ao relatado na literatura pode ter ocorrido devido à presença

nas amostras estudadas em maior quantidade de outro fator antinutricional como as

fibras.

5.3.7 Manganês (Mn)

A multimistura obteve apenas 24,2% de bioacessibilidade de Mn,

provavelmente esse baixo percentual se deve à presença de constituintes

antinutricionais nesta matriz, como o ácido fítico, e à presença da maior concentração

total de Ca e Fe na multimistura, que podem atuar como inibidores da absorção do Mn.

Estudos avaliaram a relação ferro-manganês em modelo animal e observaram que

ratos alimentados com uma dieta rica em ferro tiveram queda na absorção de

manganês dos pulmões para o sangue quando comparados com o grupo controle, pois

a via de absorção de manganês é inibida parcialmente na presença de ferro

(THOMPSON, 2006).

A quinoa obteve a maior porcentagem de bioacessibilidade em relação às

outras amostras, provavelmente devido possuir baixo teor de antinutricionais em sua

composição, como por exemplo, o ácido fítico. Além disso, segundo a caracterização

apresentada no rótulo do produto o alimento possui em sua composição histidina,

aminoácido, que tem efeito auxiliar na absorção de Mn. Dessa maneira, a

disponibilidade do manganês para absorção pode ter sido melhorada pela quelação

com a histidina (WOOD, 2009).

Não há relatos de avaliação da bioacessibilidade de manganês (Mn) em

amaranto, multimistura e quinoa. Há estudos de bioacessibilidade de manganês em

complementos minerais comerciais com resultados de 60% de bioacessibilidade

(TOKALIOGLU, 2014).

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65

5.3.8 Zinco (Zn)

A amostra de amaranto obteve a menor porcentagem de bioacessibilidade

para o zinco (22,3%), enquanto a multimistura apresentou a maior bioacessibilidade

para este mineral (88%). A porcentagem de bioacessibilidade da quinoa para zinco foi

intermediária (63,3%).

Um dos fatores inibidores da bioacessibilidade de zinco no amaranto pode

ser a diferença causada pela presença em maior quantidade de fibras no amaranto

(3,0g/45g) do que na multimistura (~1,8/30g), de acordo com os rótulos nutricionais

desses alimentos e a literatura (CABALLERO, 2014; KREJCOVA, 2006).

Não há relatos de avaliação da bioacessibilidade de zinco em multimistura.

Tognon (2012) obteve apenas 6,03% de bioacessibilidade de zinco para amaranto e

3,57% para quinoa, os quais representam valores bem abaixo dos obtidos neste

estudo.

5.4 Teor de ácido fítico nos complementos alimentares estudados

Vários trabalhos relatam a facilidade do ácido fítico em formar complexos

com minerais no pH do intestino delgado, dificultando a absorção desses nutrientes no

processo de digestão humana. DENDOUGUI e SCHWEDT, 2004 realizaram estudo de

bioacessibilidade in vitro de Ca em arroz (1,94 ± 0,65 mg 100g-1), soja (14,5 ± 0,06 mg

100g-1) e milho (4,85 ± 0,13 mg 100g-1) e observaram que há maior disponibilização de

Ca no arroz por este possuir menor teor de ácido fítico. RODRIGUES-FILHO et al.,

2005 avaliaram a formação de complexos de ácido fítico com Zn (II) e Mn (II) através

dos grupos fosfatos. TORRES et al., 2005 estudaram as interações de íons Ca, Mg e

Fe com ácido fítico em diferentes pHs, força iônica 0,15 mol. L-1 de perclorato de sódio

e temperatura de 37 °C. CREA et al., 2006 analisaram a formação de complexos de

ácido fítico com Mg2+ e Ca2+ em diferentes forças iônicas e temperaturas. Os três

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66

últimos estudos citados comprovaram que o ácido fítico é capaz de formar complexos

de fitato de Ca, Fe, Mg, Mn e Zn com facilidade. Os complementos alimentares

estudados (amaranto, multimistura e quinoa) são cereais ou pseudocereais (sem

glúten) e possuem teores consideráveis de ácido fítico, principalmente quando

comparado a outros cereais, como o arroz e o milho (ver tabela 16) (REDDY, 2002).

Tabela 16. Teores de ácido fítico em cereais secos.

Cereais Teor de ácido fítico (g 100g-1)

Arroz 0,14

Aveia 0,42

Linhaça 2,15

Milho 0,75

Soja 1,00

Fonte: Adaptado de REDDY (2002).

Por outro lado, o ácido fítico ingerido na dieta pode proporcionar efeitos

benéficos à saúde, tais como a prevenção à diabetes mellitus (THOMPSON, 1993),

doença coronariana (JARIWALLA, 1990), bem como cânceres (VUCENIK, 2003).

Logo, mesmo que os cereais contenham um teor significativo de ácido fítico, estes são

de grande importância para a nutrição e saúde humana. Portanto, deve-se ponderar

entre a influência dessa substância na disponibilização de minerais essenciais e os

efeitos benéficos que ela pode proporcionar.

Os teores obtidos de ácido fítico para amaranto, multimistura e quinoa estão

na tabela 17 e foram determinados pelo método de volumetria de complexação com

excesso de ferro (GARCIA-VILLANOVA, 1982) descrito no tópico 4.7.

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67

Tabela 17. Teores de ácido fítico no amaranto, multimistura e quinoa.

Amostras Teor de ácido fítico

(g 100g-1 de amostra)

Amaranto 0,45 ± 0,01

Multimistura 1,06 ± 0,02

Quinoa 0,51 ± 0,01

(n = 3); média ± desvio padrão.

Fonte: Elaborada pela autora

O elevado teor de ácido fítico na multimistura é devido à sua composição ser

rica em fontes vegetais, como: farelo de trigo, fubá de milho, farinha de soja, farinha de

arroz, gergelim, farinha de aveia, farinha de castanha de caju, gérmen de trigo e farelo

de arroz, causando um efeito inibidor mais expressivo na bioacessibilidade de cálcio

(LEAL, 2010). As multimisturas são elaboradas sem um padrão de ingredientes, pois há

sempre um ou outro ingrediente que retrata a cultura alimentar regional. Logo, também

haverá diferença entre os teores dos constituintes inibidores da absorção de minerais

em cada tipo de multimistura.

Os valores mostram que a multimistura possui quase o dobro do teor de

ácido fítico (1,06 g de ácido fítico em 100g de amostra) presentes no amaranto e

quinoa, podendo justificar o efeito negativo mais expressivo sobre a bioacessibilidade

dos minerais.

Na literatura há relatos do teor de ácido fitico em multimistura de 2,01± 0,27

g. 100 g-1 (NAPPI et al., 2006); 3,59 ± 0,39 g 100 g-1 (HELBIG; BUCHWEITZ e

GIGANTE, 2008), os quais, assim como a amostra de multimistura analisada nesta

pesquisa, também estão acima do limite máximo permitido pelo Regulamento Técnico

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de Identidade e Qualidade de Mistura à Base de Farelos de Cereais, que é de 0,1 g 100

g-1 da amostra (ANVISA, 2000).

Quanto ao amaranto os teores de ácido fítico encontrados foram de 0,082 ±

0,13 g 100g-1 (FERREIRA, 2010) e 0,63 ± 0,03 g 100g-1 (TOGNON, 2012) que

representam valores próximos ao encontrado no amaranto analisado neste trabalho.

Para a quinoa o teor obtido por Tognon (2012) foi de 1,12 ± 0,17 g 100g-1, o dobro do

obtido na amostra de quinoa estudada.

Os gráficos das Figuras 5 e 6 mostram a relação entre o conteúdo de ácido

fítico das amostras e as porcentagens de bioacessibilidade de cada um dos elementos

químicos analisados no amaranto, multimistura e quinoa. Os gráficos foram construídos

usando apenas os valores absolutos das quantidades envolvidas, portanto, sem os

desvios padrões.

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Figura 7. Relação entre as porcentagens de bioacessibilidade dos macrominerais e o teor de ácido fítico

para os complementos alimentares estudados. As letras correspondem a A = Amaranto, M = Multimistura

e Q = Quinoa.

Fonte: Elaborada pela autora.

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Figura 8. Relação entre as porcentagens de bioacessibilidade dos microminerais e o teor de ácido fítico

para os complementos alimentares estudados. As letras correspondem a A = Amaranto, M = Multimistura

e Q = Quinoa.

Fonte: Elaborada pela autora

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Existe uma tendência esperada, nos gráficos das Figuras 5 e 6, baseada na

facilidade que o ácido fítico tem de formar complexos de fitatos, diminuindo a

bioacessibilidade dos minerais.

Quanto ao cálcio a multimistura obteve menor porcentagem de

bioacessibilidade. Essa baixa bioacessibilidade pode estar relacionada com o teor bem

superior de ácido fítico na multimistura, que pode ser observada na Figura 5. O cálcio

sofre a tendência esperada de quanto maior teor de ácido fítico menor a

bioacessibilidade, ou seja, pode ter havido um aumento da formação de complexos de

fitatos de modo a impedir sua absorção. Logo, o conteúdo de ácido fítico nas amostras,

principalmente na multimistura, determinou baixas porcentagens de bioacessibilidade

para esse mineral.

No gráfico do potássio (K), Figura 5, observa-se que foram obtidas boas

porcentagens de bioacessibilidade para os complementos estudados. O que sugere

que a formação de complexos de fitato de potássio não é facilitada. Justifica-se, pois,

quanto maior a relação carga/raio, implica-se em uma maior constante de formação do

complexo. Logo, entre os minerais estudados o K é quem possui menor razão

carga/raio (Tabela 6) e por consequência não tendem a formar complexos de fitato com

facilidade.

Para o magnésio (Mg) as porcentagens de bioacessibilidade não

obedeceram a tendência esperada (maior teor de ácido fítico = menor

bioacessibilidade). A quinoa não possui o maior teor de ácido fítico e mesmo assim

apresentou à menor bioacessibilidade (36,7%) e de forma inversa ocorreu com a

multimistura. Portanto, propõe-se que há ação antinutricional para Mg de outros

constituintes da amostra de quinoa, implicando na menor bioacessibilidade.

Em geral a maior parte dos alimentos exibe boa biodisponibilidade de fósforo

(P), com exceção de sementes, cereais e castanhas, devido ao efeito do ácido fítico

(KEMI, 2008), de acordo com o que ocorreu nos resultados obtidos nessa pesquisa, o

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fósforo (P) sofreu influência dos teores de ácido fítico, pois para as três amostras foram

obtidas porcentagens bioacessíveis baixas em torno de 30 a 57%. No entanto, quando

consideramos os valores de ácido fítico para cada amostra a tendência esperada é

invertida, ou seja, o amaranto que possui o menor teor de fitatos possui a menor

bioacessibilidade, conforme tendência no gráfico desse mineral na Figura 5.

Ao observar o gráfico do cobre (Cu), na Figura 6, é possível verificar que há

o efeito inibidor do teor de ácido fítico presente nas amostras, ou seja, a multimistura

sofreu maior redução da bioacessibilidade de cobre por possuir maior teor de ácido

fítico.

No gráfico para o ferro (Fe) na Figura 6 a correlação entre a

bioacessibilidade (%) e o teor de ácido fítico para as amostras estudadas mostra que a

multimistura possui o maior teor de ácido fítico e a menor bioacessibilidade

comprovando o comportamento esperado.

Para o manganês (Mn), observou-se que a quinoa possui a menor

concentração de ácido fítico, isto pode estar relacionado com sua maior porcentagem

de bioacessibilidade em relação aos outros complementos deste estudo que

apresentaram maiores concentrações dessa substância antinutricional.

Na Figura 6, no gráfico do zinco (Zn) verifica-se que o amaranto obteve a

menor porcentagem de bioacessibilidade (22,3%). Já a multimistura apresentou uma

ótima bioacessibilidade (88,6%). Tal situação é contraditória quando se observa o alto

teor de ácido fítico na multimistura, apresentando uma inversão da tendência esperada.

Tal tendência pode ser justificada, pois dependendo do tipo de cereal a

distribuição do conteúdo total de ácido fítico e de minerais pode ser desigual no grão,

ou seja, como o grão cereal é dividido em três partes: pericarpo (casca), endosperma e

gérmen uma maior parte do ácido fítico pode estar presente no pericarpo, enquanto a

maior parte do nutriente mineral esteja no gérmen, havendo uma influência menor do

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ácido fítico na bioacessibilidade, pois ambos estão separados na constituição do

alimento (REDDY, 2002), o que vale para a multimistura, uma vez que é composta de

uma mistura de cereais triturados.

Dentre as amostras, a multimistura possui composição flexível, uma vez que

é composta da mistura de ingredientes, podendo ser modificada e gerar um alimento

com menor conteúdo de ácido fítico e assim reduzir o efeito sobre a bioacessibilidade.

A sugestão seria reduzir ou retirar ingredientes com alto teor de ácido fítico como a

soja, por exemplo, e utilizar apenas componentes com baixo teor desse inibidor como:

arroz e aveia (Tabela 16). Há ainda processos culinários que podem amenizar a ação

de fatores antinutricionais, dentre os quais: deixar o alimento de molho por no mínimo

seis horas em água antes da cocção, pois durante a fermentação pode haver a redução

de até 85% do teor de fitato e cozinhar os alimentos o que pode reduzir em até 70% o

ácido fítico no arroz e 5 a 15% em tubérculos, leguminosas e cereais (OLIVEIRA, 2001;

SOTELO, 2010).

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6 CONCLUSÕES

A pesquisa realizada mostrou que, considerando apenas o teor total dos

minerais, os complementos alimentares estudados (amaranto, multimistura e quinoa)

são ricos em Cu, Fe, Mg, Mn e P e que apenas a multimistura é fonte de Ca e Zn. A

multimistura é, portanto, o complemento alimentar mais completo, pois contribui melhor

para o RDA de quase todos os minerais estudados (Ca, K, Mg, Cu, Fe e Zn). As

porcentagens de RDA para o Cu e Mn para os três complementos excederam a UL.

A região, o sol, o clima e o período de colheita submetidos ao cultivo das

amostras de amaranto e quinoa são fatores que podem influenciar na composição dos

minerais nos complementos estudados quando comparados a relatos na literatura.

Assim como para a multimistura, os diferentes ingredientes utilizados no preparo, de

acordo com a cultura local, refletem na composição nutricional desse alimento.

O estudo de bioacessibilidade realizado para amaranto, multimistura e

quinoa é pertinente, uma vez que podem ser inseridas informações mais precisas

quanto à absorção de minerais pelo organismo em tabelas de composição nutricionais

desses alimentos.

Após a digestão in vitro a contribuição para a RDA para todos os minerais e

nas três amostras foi reduzida. Os resultados de bioacessibilidade mostraram que o

amaranto disponibilizou teores equiparáveis aos da multimistura de Ca, Fe e Mg e

equivalente ao teor de Cu da quinoa; a multimistura disponibilizou mais Ca, K e Zn e a

quinoa mais P e Mn. Portanto, a distribuição das fontes e respectivos minerais

estudados foi: Ca, Fe e Mg (amaranto e multimistura); Cu (amaranto e quinoa); K e Zn

(multimistura) e P e Mn (quinoa). E ainda, Os teores Cu e Mn para as três amostras

mesmo após o teste de biocessibilidade continuaram ligeiramente acima da UL.

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Com relação aos teores de ácido fítico nas amostras e as porcentagens de

bioacessibilidade, foi possível concluir, que existe a tendência de que quanto maior é o

teor de ácido fítico de um alimento, menor a porcentagem de bioacessibilidade para Ca,

Cu, Fe e Mn.

A Análise de Componentes Principais mostrou que para os teores totais a

multimistura se destaca em K, Cu, Mg, Zn, Fe e Ca; o amaranto possui o maior teor de

Mn e P e a quinoa não possui nenhum elemento em destaque. Com o efeito da

bioacessibilidade os complementos são mais bioacessíveis respectivamente em:

amaranto (Ca, Fe, Cu, Mg, e P); multimistura ( Zn e K) quinoa ( Mn e P).

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