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PROGRAMA GESTÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR OFICINA TP’s 3 e 4- Intergenericidade: da notícia à poesia 1. GÊNEROS TEXTUAIS E RELAÇÕES DIALÓGICAS PRESENTES NOS TEXTOS. Nossas ações linguísticas são sempre direcionadas por um conjunto de fatores que atuam no contexto situacional: quem produz o texto, quem é o interlocutor, qual é a finalidade do texto, qual é o momento histórico-social e que gênero pode ser utilizado para que a comunicação atinja seu objetivo. Ao nosso redor, percebemos vasta quantidade de gêneros textuais existentes e estamos nos utilizando deles no decorrer das nossas atividades diárias. “Há vários gêneros difundidos na vida cotidiana com formas padronizadas que o querer dizer do locutor só pode realizar-se na escolha do gênero”. (BAKHTIN, 2000, p. 302). Os gêneros servem como intermediários e organizadores das nossas atividades sociais, nos permitindo a comunicação verbal. Marcuschi (2006, p. 25), postula que “todas as nossas manifestações verbais mediante a língua se dão como textos e não como elementos linguisticos isolados”. Esses, são os gêneros textuais ou os gêneros do discurso conforme Bakhtin. Ainda de acordo com Marcuschi, (2003, p.23) “os gêneros textuais são realizações linguísticas

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PROGRAMA GESTÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR

OFICINA TP’s 3 e 4- Intergenericidade: da notícia à poesia

1. GÊNEROS TEXTUAIS E RELAÇÕES DIALÓGICAS PRESENTES NOS TEXTOS.

Nossas ações linguísticas são sempre direcionadas por um conjunto de fatores que atuam no contexto situacional: quem produz o texto, quem é o interlocutor, qual é a finalidade do texto, qual é o momento histórico-social e que gênero pode ser utilizado para que a comunicação atinja seu objetivo.

Ao nosso redor, percebemos vasta quantidade de gêneros textuais existentes e estamos nos utilizando deles no decorrer das nossas atividades diárias.

“Há vários gêneros difundidos na vida cotidiana com formas padronizadas que o querer dizer do locutor só pode realizar-se na escolha do gênero”. (BAKHTIN, 2000, p. 302).

Os gêneros servem como intermediários e organizadores das nossas atividades sociais, nos permitindo a comunicação verbal. Marcuschi (2006, p. 25), postula que “todas as nossas manifestações verbais mediante a língua se dão como textos e não como elementos linguisticos isolados”. Esses, são os gêneros textuais ou os gêneros do discurso conforme Bakhtin.

Ainda de acordo com Marcuschi, (2003, p.23) “os gêneros textuais são realizações linguísticas concretas definidas por propriedades sócio-comunicativas”.

A movimentação dos gêneros dá-se em comunidades discursivas, estas são variadas e múltiplas, pois um mesmo sujeito poderá participar de várias comunidades ao mesmo tempo, porém este precisa apreender o conhecimento em torno dos numerosos gêneros que ali circulam, para que possa realizar variadas ações retóricas e tipificadas.

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Veremos que os gêneros servem como mediadores e organizadores de nossas atividades sociais, eis a importância e a relevância de seu estudo, bem como o estudo da combinação de dois gêneros e suas formas de diálogos.

Examinaremos a estrutura da notícia e do poema e veremos o funcionamento da combinação desses gêneros textuais.

Essa concepção da intertextualidade mostra o fenômeno não apenas em suas características estruturais ou estilísticas, mas, sobretudo, a revela como um elemento essencial para o processamento da leitura. Sendo assim, deve-se ressaltar que os sentidos expostos na superfície de um determinado texto só serão, de fato, apreendidos, se os interlocutores tiverem previamente armazenados em sua memória discursiva o conhecimento dos textos originais.

Veremos como o poema de Drummond relaciona-se com notícias de jornal, compondo um intertexto e sofrendo o processo de intergenerecidade.

2- INTERGENERECIDADE: DE UM GÊNERO A OUTRO

Ao destacar os gêneros como formas “relativamente estáveis” de enunciados, Bakhtin (2000, p. 279) nos propõem a não estabilidade formal dos gêneros, pois poderão sofrer modificações na função ou na forma.

Quando um gênero assume a forma de outro gênero, acontece um fenômeno denominado intergenerecidade. Podemos definir a intergenerecidade como uma amalgamação de gêneros, isto é, o produtor se serve de um gênero para fazer funcionar outro. Desta forma, faz-se relevante compreender esses gêneros e seus funcionamentos para satisfazer à necessidade da situação, correspondendo à expectativa do leitor.“Compreender a forma e a circulação de textos nos sistemas de gêneros e nos sistemas de atividades pode até ajudar a entender como interromper ou mudar os sistemas pela exclusão, adição, ou modificação de um tipo de documento” (BAZERMAN, 2005, p. 22).

Reconhecemos o gênero textual ao qual pertence o texto, quando o lemos. O escritor de uma notícia não anuncia em seu texto que está contando um fato envolvendo tempo, pessoas, lugares; porque somos leitores de notícias e identificamos o Gênero.

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Sabemos que é o fato que desencadeia a notícia. O escritor de um poema não sugere no texto que causará emoção ou empregará recursos musicais e palavras com sentido figurado para nos trazer um encantamento pelo texto. É a nossa aproximação com o gênero que nos fará reconhecê-lo.

A forma de escrever um texto não possui regras fixas, o autor manipula as palavras de forma a explorar a intelectualidade dos leitores, que podem dar diferentes interpretações, dependendo de sua formação cultural. Quanto ao conteúdo e estrutura, o autor pode variar o gênero.

Podemos classificar os gêneros textuais em literários ou não literários: no primeiro, há predominância da conotação, uma ambiguidade acentuada, intencionalidade estética, polissemia. No segundo, predominam a objetividade e clareza, a denotação, a intencionalidade comunicativa, a monossignificação.

Para exemplificar, citamos a notícia como um gênero textual não literário. Conforme Cereja (2000, p. 144): “a notícia é a expressão de um fato novo que desperta o interesse do público a que o jornal se destina”.

O poema, classificado como gênero textual literário é um texto que se constrói não apenas com ideias e sentimentos, mas também por meio do emprego do verso e seus recursos musicais, de palavras com sentido figurado, conotativo. (CEREJA, 2000, p.87).Compreender os gêneros textuais e seus funcionamentos permite ao escritor modificá-los ou combiná-los dando-os a configuração que o convém, variando na forma, estrutura ou estilo, intertextualizando o conteúdo.

Os gêneros poema e notícia servirão de âncora para abordarmos a intergenerecidade, processo ocorrido a partir da transmutação de gêneros textuais.

3- DRUMMOND: DA NOTÍCIA PARA O POEMA, A TRANSMUTAÇÃO DO GÊNERO

O dialogismo nesse contexto se dará entre gêneros e será abordado no sentido de ser um território comum entre locutor e interlocutor, pois ambos serão capazes de reconhecer os gêneros. Os poemas analisados foram constituídos a partir do processo de intergenerecidade, ou seja, a partir do gênero notícia formou-se um poema. O gênero poema apropriou-se da notícia, consistindo na

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forma, mas não na função. “Comprova-se através de exemplos que os gêneros se fundem assumindo uma configuração híbrida, ou seja, um gênero adquire a forma ou o objetivo de outro gênero textual”. (MARCUSCHI, 2003, p.31). No primeiro exemplo abaixo, temos o poema de Carlos Drummond de Andrade:

POEMA DO JORNAL

O fato ainda não acabou de acontecere já a mão nervosa do repórtero transforma em notícia.O marido está matando a mulher.A mulher ensangüentada grita.Ladrões arrombam o cofre.A polícia dissolve o meeting.A pena escreve.Vem da sala de linotipos a doce música mecânica. Carlos Drummond de Andrade

A primeira vista percebe-se que o poema faz uma alusão a alguma notícia de jornal. Não basta sermos um leitor experiente para chegarmos a essa conclusão. O poeta foi capaz de transformar um texto não literário do gênero notícia num texto literário do gênero poema.

O poema de Drummond reflete um eu observador que ver o fato como algo banal, inacabado, mas já transformado em notícia. Para o repórter, o que importa é a notícia, a forma de escrevê-la para impressionar o leitor.

É por isso que se escuta na sala a música extraída da máquina de escrever. É o som da máquina que faz indiferente o sentimento humano. A música mecânica substitui a música fúnebre. O texto tem a forma de poema, porém não transmite encantamento ou emoção.

No poema houve a transmutação do gênero, a notícia ganhou a forma de poesia e passou de um gênero não literário pra um gênero literário.

Desafio:

Após a leitura atenta do texto acima e discussão dos aspectos mais importantes abordados, seu grupo de trabalho terá a seguinte tarefa:

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Imagine que o poeta Carlos Drummond de Andrade se inspirou na notícia que seu grupo redigiu para escrever o poema. Redija a notícia que teria servido de inspiração para o poeta.

Não se esqueça de detalhes que são importantes na elaboração do Gênero Notícia:

Os adjetivos devem ser evitados para que o texto não fique comprometido.

Utilizar com maior frequência substantivos e verbos. As informações presentes na notícia devem ser além de

concretas, passíveis de serem provadas.

O texto deve ser sintético com utilização de frases curtas. A redação deve ser feita em terceira pessoa, para que o

jornalista se mantenha isento dos fatos.

Além das características já destacadas, é importante ressaltar ainda o esquema convencional da notícia que, no jornalismo contemporâneo, é chamado de pirâmide invertida. Veja abaixo o esquema da pirâmide pelo qual se configura o lide jornalístico:

(ZANCHETA, p.70) A parte superior da pirâmide indica as informações mais importantes da notícia, uma espécie de “clímax” da história. Essas informações geralmente fazem parte do primeiro parágrafo do texto jornalístico. Estas são colocadas de acordo com detalhes secundários, que podem na maioria das vezes, serem retirados da notícia sem prejudicarem o entendimento.

QUEM –O QUÊ – QUANDO – ONDE - COMO – POR QUÊ

INFORMAÇÕES QUE COMPLEMENTAM O LIDE

DETALHES DE IMPORTÂNCIA MEDIANA

DETALHES SECUNDÁRIOS

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OFICINA TP s 3 e 4- Intergenericidade: da notícia à poesia

Gêneros textuais e relações dialógicas presentes nos textos

Nossas ações linguísticas são sempre direcionadas por um conjunto de fatores que atuam no contexto situacional: quem produz o texto, quem é o interlocutor, qual é a finalidade do texto, qual é o momento histórico-social e que gênero pode ser utilizado para que a comunicação atinja seu objetivo.

Ao nosso redor, percebemos vasta quantidade de gêneros textuais existentes e estamos nos utilizando deles no decorrer das nossas atividades diárias.

“Há vários gêneros difundidos na vida cotidiana com formas padronizadas que o querer dizer do locutor só pode realizar-se na escolha do gênero”. (BAKHTIN, 2000, p. 302).

Os gêneros servem como intermediários e organizadores das nossas atividades sociais, nos permitindo a comunicação verbal. Marcuschi (2006, p. 25), postula que “todas as nossas manifestações verbais mediante a língua se dão como textos e não como elementos linguisticos isolados”. Esses, são os gêneros textuais ou os gêneros do discurso conforme Bakhtin.

Ainda de acordo com Marcuschi, (2003, p.23) “os gêneros textuais são realizações linguísticas concretas definidas por propriedades sócio-comunicativas”.

A movimentação dos gêneros dá-se em comunidades discursivas, estas são variadas e múltiplas, pois um mesmo sujeito poderá participar de várias comunidades ao mesmo tempo, porém este precisa apreender o conhecimento em torno dos numerosos gêneros que ali circulam, para que possa realizar variadas ações retóricas e tipificadas.

Veremos que os gêneros servem como mediadores e organizadores de nossas atividades sociais, eis a importância e a

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relevância de seu estudo, bem como o estudo da combinação de dois gêneros e suas formas de diálogos.

Examinaremos a estrutura da notícia e do poema e veremos o funcionamento da combinação desses gêneros textuais.

Essa concepção da intertextualidade mostra o fenômeno não apenas em suas características estruturais ou estilísticas, mas, sobretudo, a revela como um elemento essencial para o processamento da leitura.

Sendo assim, deve-se ressaltar que os sentidos expostos na superfície de um determinado texto só serão, de fato, apreendidos, se os interlocutores tiverem previamente armazenados em sua memória discursiva o conhecimento dos textos originais.

Adiante veremos como o poema de Manuel Bandeira relaciona-se com notícias de jornal, compondo um intertexto e sofrendo o processo de intergenerecidade.

2- INTERGENERECIDADE: DE UM GÊNERO A OUTRO

Ao destacar os gêneros como formas “relativamente estáveis” de enunciados, Bakhtin (2000, p. 279) nos propõem a não estabilidade formal dos gêneros, pois poderão sofrer modificações na função ou na forma.

Quando um gênero assume a forma de outro gênero, acontece um fenômeno denominado intergenerecidade. Podemos definir a intergenerecidade como uma amalgamação de gêneros, isto é, o produtor se serve de um gênero para fazer funcionar outro. Desta forma, faz-se relevante compreender esses gêneros e seus funcionamentos para satisfazer à necessidade da situação, correspondendo à expectativa do leitor.“Compreender a forma e a circulação de textos nos sistemas de gêneros e nos sistemas de atividades pode até ajudar a entender como interromper ou mudar os sistemas pela exclusão, adição, ou modificação de um tipo de documento” (BAZERMAN, 2005, p. 22).

Reconhecemos o gênero textual ao qual pertence o texto, quando o lemos. O escritor de uma notícia não anuncia em seu texto que está contando um fato envolvendo tempo, pessoas, lugares; porque somos leitores de notícias e identificamos o gênero. Sabemos que é o fato que desencadeia a notícia.

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O escritor de um poema não sugere no texto que causará emoção ou empregará recursos musicais e palavras com sentido figurado para nos trazer um encantamento pelo texto.

É a nossa aproximação com o gênero que nos fará reconhecê-lo.A forma de escrever um texto não possui regras fixas, o autor manipula as palavras de forma a explorar a intelectualidade dos leitores, que podem dar diferentes interpretações, dependendo de sua formação cultural. Quanto ao conteúdo e estrutura, o autor pode variar o gênero.

Podemos classificar os gêneros textuais em literários ou não literários: no primeiro, há predominância da conotação, uma ambiguidade acentuada, intencionalidade estética, polissemia, etc. No segundo, predominam a objetividade e clareza, a denotação, a intencionalidade comunicativa, a monossignificação.Para exemplificar, citamos a notícia como um gênero textual não literário. Conforme Cereja (2000, p. 144): “a notícia é a expressão de um fato novo que desperta o interesse do público a que o jornal se destina”.

O poema, classificado como gênero textual literário é um texto que se constrói não apenas com ideias e sentimentos, mas também por meio do emprego do verso e seus recursos musicais, de palavras com sentido figurado, conotativo. (CEREJA, 2000, p.87).Compreender os gêneros textuais e seus funcionamentos permite ao escritor modificá-los ou combiná-los dando-os a configuração que o convém, variando na forma, estrutura ou estilo, intertextualizando o conteúdo.

Os gêneros poema e notícia servirão de âncora para abordarmos a intergenerecidade, processo ocorrido a partir da transmutação de gêneros textuais.

MANUEL BANDEIRA: DA NOTÍCIA PARA O POEMA, A TRASMUTAÇÃO DO GÊNERO

Poema tirado de uma notícia de jornal

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número.Uma noite ele chegou no bar Vinte de NovembroBebeuCantouDançouDepois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

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No poema de Manuel Bandeira a linguagem coloquial dá ao poema uma narratividade direta e breve; retrata a vida de um cidadão comum que sofre num sistema, que separa as pessoas pela desigualdade, um dia se entrega por ter perdido a fé. Temos um exemplo real do que pode acontecer a qualquer pessoa que desacredita em si mesmo e no mundo que a cerca. Nesse aspecto, a tragédia se faz presente sobre a condição humana.

O poema descreve um indivíduo comum, trabalhador, pobre, morador de barracão sem número. A expressão sem número expressa algo não identificado, inexistente para o sistema.

Assim que se conclui a leitura de poema retirado de uma notícia de jornal, sente-se na alma algumas inquietações do tipo: João cometeu suicídio ou alguém o jogou na lagoa. Por quê? Será que a embriaguez o fez cair na lagoa? A morte arrebata João Gostoso manifestando aos receptores do texto um profundo desprezo pela embriaguez e por essa sociedade que faz pessoas ninguém. Manuel Bandeira extraiu seu poema de uma notícia de jornal, isso já está elucidado no título. Assim, o gênero não literário foi transformado num gênero literário.

Percebemos que o autor fez o poema passar pelo processo de intergenerecidade, ou seja, ele se apropriou do gênero notícia para transformá-lo num poema.

O Poema retirado de uma notícia de jornal apresenta uma configuração híbrida, tendo o formato de um poema para o gênero notícia. Isso dispõe uma estrutura intergênero e uma relação intertextual em que um gênero assume a função de outro.

O uso dos gêneros textuais atende a propósitos comunicativos e os usuários de uma língua são capazes de recriá-los e fazer uma junção de dois gêneros, um tendo a estrutura ou o objetivo do outro. A esse processo híbrido de interação entre gêneros denominamos intergenericidade.

Além das características já destacadas, é importante ressaltar ainda o esquema convencional da notícia que, no jornalismo contemporâneo, é chamado de pirâmide invertida. Veja abaixo o esquema da pirâmide pelo qual se configura o lide jornalístico:

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(ZANCHETA, p.70) A parte superior da pirâmide indica as informações mais importantes da notícia, uma espécie de “clímax” da história. Essas informações geralmente fazem parte do primeiro parágrafo do texto jornalístico. Estas são colocadas de acordo com detalhes secundários, que podem, na maioria das vezes, serem retirados da notícia sem prejudicarem o entendimento

Desafio:

Após a leitura atenta do texto acima e discussão dos aspectos mais importantes abordados, seu grupo de trabalho terá a seguinte tarefa:Imagine que o poeta Manuel Bandeira se inspirou na notícia que seu grupo redigiu para escrever o poema acima. Redija a notícia que teria servido de inspiração para o poeta.Não se esqueça de detalhes que são importantes na elaboração do Gênero Notícia.

QUEM –O QUÊ – QUANDO – ONDE - COMO – POR QUÊ

INFORMAÇÕES QUE COMPLEMENTAM O LIDE

DETALHES DE IMPORTÂNCIA MEDIANA

DETALHES SECUNDÁRIOS

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OFICINA TPs 3 e 4- Imagens e afetos na linguagem cinematográfica de Walter Salles

Gênero Textual: Resenha

Adquirir fôlego para adaptar-se às novas tecnologias, renovar a linguagem para continuar a contar estórias, para divertir e para emocionar tem sido o desafio do cinema desde a sua invenção em meados do século XIX. Essa é uma técnica que já passou por diversas crises ameaçadoras e facilitadoras da perda de espaço para novos inventos de produção e reprodução audiovisual. Parece, contudo, que, passados os momentos de crise, a linguagem cinematográfica se revitaliza e, cada vez mais, se firma no posto de “sétima arte”.

Poderíamos dizer que o cinema, na sua gênese, tem a capacidade de se relacionar com outras manifestações ou com diferentes “gêneros textuais”. Essa capacidade de inter-relacionar-se possibilita a composição do seu discurso, a articulação de linguagens, em que um amplo leque de elementos dialoga entre si como a música, a sonoplastia, as cores, a arquitetura, a literatura, a cenografia, o figurino. Acrescentam-se a essas linguagens os enquadramentos, o ritmo, as sequências, as definições da direção de fotografia e direção de arte.

Essa visão vem ao encontro do que Oliveira afirma acerca da produção de sentido: “os vários sistemas semióticos manifestam, articulando-se nas suas várias substâncias, um mesmo e único sentido” (OLIVEIRA, 2003, p. 2). Portanto, a articulação desses vários textos na linguagem cinematográfica seria o que a teoria da semiótica chama de sincretismo de linguagens.

Também poderíamos identificar que a sobrevivência da linguagemcinematográfica não se limita apenas à sua adaptação aos novos recursos tecnológicos, pois residem nela componentes mais subjetivos referentes ao contato do público com essas produções

Este trabalho pretende percorrer o universo simbólico Cinematográfico do Filme” Central do Brasil” e fazer alguns

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recortes específicos neste texto, identificando alguns aspectos da sua produção de sentido. Mas esse percurso não se limita a uma decodificação dos enunciados somente da perspectiva de uma compreensão racional, ou seja, não se detém apenas na análise deste, mas também na instância e nos mecanismos da enunciação” (Tatit, 2005, p. 289).

Considerando, portanto, a emoção que integra os discursos e perguntando que afetos os personagens vivenciam ou buscam vivenciar, esta análise pretende ampliar a leitura dessa obra.

O objeto de estudo, nesse caso, é o filme Central do Brasil, de Walter Salles. Ele desenvolve sua narrativa, demarcando basicamente dois territórios distintos: um território urbano, a cidade do Rio de Janeiro, e o sertão nordestino, que seria o território rural, onde as ações das personagens Josué e Dora ocorrem.

Para dar conta da sua narrativa, Salles opta por abrir o seu filme, utilizando planos fechados, “olhando só para o rosto daqueles personagens, onde a perda da identidade é dada pela ausência do foco no segundo plano”. A ambientação é a Estação Central do Brasil, que aparece na rápida cena de abertura do filme, que imediatamente corta, e a câmera fecha nos personagens que ditam suas cartas à Dora, a “escrevedora” (Ramalho e Oliveira, Sandra, Imagem também se lê, 2005).

Um recurso utilizado pelo diretor que merece atenção nesse filme é o fato de ele ter criado cenas iniciais de extremo impacto emocional. Elas dirigem-se diretamente à emoção do espectador, na tentativa de conquistar uma cumplicidade em relação ao que será mostrado. Poderíamos dizer que, de maneira geral, os primeiros minutos de um filme servem para que o diretor apresente suas pistas, seus sinais, para que ao desenrolar da trama o espectador faça suas relações, crie seus significados e monte o jogo que está sendo proposto.

Os primeiros sinais de Salles são apresentados em meio ao burburinho da estação. A mesa improvisada de Dora e os relatos das personagens que ditam suas cartas a Dora soam contundentes, refletindo a profunda necessidade de aquelas personagens expressarem nas cartas, suas angústias, suas necessidades e seus sentimentos, como, por exemplo, no depoimento da primeira personagem que dita uma carta, ainda no primeiro minuto da narrativa:

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Querido: Meu coração é seu. Não importa o que você tenha feito,eu te amo. Eu te amo. Esses anos todos que você vai ficar trancadoaí dentro, eu também vou ficar trancada aqui fora, te esperando!

A seguir, outros depoimentos, que se alternam entre o inusitado e oengraçado, compõem a seqüência inicial desse filme. No filme Central do Brasil , o menino Josué quer encontrar Jesus, seu desconhecido pai que, conforme Mancini: “há sempre um sujeito que se coloca em busca de um objeto que representa um valor para ele” (MANCINI, 2005, p. 29).

As personagens principais da trama de Salles possuem nomes bíblicos, como Josué, Jesus, Dora, Emanuel. Apesar de a história não ser religiosa, por meio dessa particularidade, cria uma intertextualidade ao evocar no espectador o universo do cristianismo pela memória religiosa. Nesse caso, o menino Josué procura por seu pai, um carpinteiro que residiria numa pequena cidade do sertão nordestino.

O ponto de partida: uma estação de trem. Não qualquer estação, mas a mais importante da cidade do Rio de Janeiro: a Central do Brasil. Ao colocar a sua personagem principal nesse contexto, o diretor está também, metaforicamente, querendo falar de uma outra situação central, que seria a situação do povo brasileiro, que ainda contém aspectos da infância, que ainda deve crescer e que procura por um pai. “É a história de um menino a procura de um pai. É também a história de um filme a procura de um país”, diz Salles.

No momento em que perde a mãe, Josué toma para si a responsabilidade de ir, mesmo que sozinho, à busca do pai. “Para o sujeito praticar uma ação, ele precisa querer, ter um desejo, ou dever, estar obrigado a uma performance pelo destinador. E só terá sucesso se tiver um saber (conhecimento) e um poder”(Mancini, 2005).

No contexto de Central do Brasil, a personagem Dora atua como antisujeito em duas situações: quando se diverte com sua amiga Irene, escolhendo e julgando quais cartas merecem ser enviadas ou não, e, em relação a Josué, quando, aproveitando-se da situação em que ele perde a mãe, pretende vendê-lo a um casal que envia crianças para países desenvolvidos.

No universo do sertão nordestino, somente a fé, a crença na religião, é que poderá dar algum tipo de esperança e de redenção para vidas tão miseráveis. Sem essa transcendência, a vida real

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não seria suportável. O enfoque da religiosidade ganha uma importância maior no filme, quando Dora e Josué, em um lugarejo, acabam envolvidos numa procissão religiosa. Os cânticos, as rezas, o choro e aquele ritual religioso levam Dora a perder-se de Josué e também a perder os sentidos, num determinado momento. Essa sequência mostra Dora atordoada com a movimentação das pessoas, com os sons das rezas, dos cânticos, com a queima de fogos que acaba perdendo-se de Josué. Essa cena é mostrada com uma câmera que rodeia a personagem cambaleante até que ela cai e perde os sentidos. Essa perda dos sentidos também tem um forte significado na trama, pois é a partir dela que Dora se reconhece por meio da história do menino e da sua própria. Esses aspectos são acentuados por dois recursos da linguagem cinematográfica: o tipo de enquadramento que passa a explorar imagens com mais profundidade, em que as cenas ganham mais foco e perspectiva e por meio da música, que segue o mesmo raciocínio do som do filme: os instrumentos vão se tornando mais rarefeitos à medida em que os dois personagens se aproximam de seu destino. Os instrumentos clássicos vão sendo pouco a pouco substituídos por instrumentos nordestinos, como a rabeca. (Salles, 1998, DVD Central do Brasil)

Referências:

LOPES, Ivan Carlos; HERNANDES, Nilton. Semiótica: objetos e práticas. SãoPaulo: Contexto, 2005.OLIVEIRA, Ana Claudia. Sincretismo e Sinestesia. In: OLIVEIRA, Ana Claudia;CAMARGO, Isaac. Caderno de Discussão do Centro de PesquisasSociossemióticas. São Paulo, 2003.GREIMÁS, Julien; COURTÉS, Joseph. Dicionário de Semiótica. São Paulo: Cultrix,1989.JARDIM, João; CARVALHO, Walter. Janela da Alma. Europa Filmes. DVD. SãoPaulo, 2003.SALLES, Walter. Central do Brasil. Vídeo Filmes. DVD. São Paulo, 1998.

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PROGRAMA GESTÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR

TITANIC – UMA RESENHA DO FILME A HISTÓRIA DE AMOR

‘Titanic’ é uma história de amor que capta o romance de dois jovens amantes, como a tragédia do navio condenado, RMS Titanic, se desenrola em torno dele. Foi lançado em 1997 e foi um grande sucesso comercial e de crítica, ganhando 11 prêmios da Academia . Foi escrito, dirigido, co-produzido e co-editado por James Cameron, que também ganhou o Oscar de melhor diretor. ‘Titanic’ se tornou o filme mais asqueroso de todos os tempos, ganhando US $ 1,8 bilhão no escritório de caixa, até que foi superado em 2010 por ‘Avatar’, outro filme de James Cameron.

A história é sobre dois jovens de diferentes classes sociais – Leonardo de Caprio aparece como Jack Dawson e Kate Wisnlet tem o papel de Rose DeWitt Bukater – que se apaixonam durante a viagem a bordo do condenado inaugural Titanic em 1912. Embora a história de amor seja fictícia, muitos dos personagens- a tripulação e passageiros- foram baseados naqueles que estavam realmente a bordo do navio real.

Camadas de emoção são adicionadas a outras cenas que retratam o heroísmo óbvio pelos membros da tripulação que trabalham desesperadamente até os últimos instantes para se salvarem. Mas tudo é inútil.

Wallace Hartley, o maestro e sua orquestra, continuam a tocar música edificante para o fim, mesmo quando o navio afunda.

Os elementos emocionais do “Titanic” são muito poderosos, com as cenas mais tarde, mostrando as consequências da colisão, as tentativas desesperadas de todos a bordo de encontrar abrigo em um bote salva-vidas, ou a aceitação corajosa do destino. Como não havia botes salva-vidas suficientes, mais de 1500 passageiros e tripulantes morreram nesta catástrofe. Durante todo filme, a partitura musical reflete fortemente seus sentimentos e os perigos que enfrentam. A música de encerramento, “My Heart Go On”, cantada por Celine Dion, Ganhou um Oscar e dois Grammys. Após

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o sucesso de “Avatar”, uma versão 3-D de “Titanic” também será lançada.

RESENHA DO FILME SE EU FOSSE VOCÊ

Dirigido por Daniel Filho, Se Eu Fosse Você foi um grande sucesso de público (mais de 3 milhões e 600 mil espetadores) .

O filme é bem produzido e conta uma história simples mas bem desenvolvida, ainda que banal tanto na telinha quanto na telona: e se um dia você acordasse com o corpo de seu cônjuge, e vice-versa ? Claro que esse mote só poderia gerar uma comédia. Mas embora realmente permita boas gargalhadas, o diretor preferiu fugir do pastelão e investiu com mão leve (e, convenhamos, nem teve muito trabalho) na qualidade de seus protagonistas.

Glória Pires e Tony Ramos mostram porque são tão queridos pelo público: mais que carisma, possuem um talento que vai além das fronteiras da telinha. Glória tem o papel mais difícil, mas foge com maestria do estereótipo do machão que ‘coça o saco’ – destaque para sua cena de descida da escada com sapato de salto alto e a regência do coral. Não há como escolher adjetivos suficientes para a interpretação de Tony Ramos – a cena da piscina, apesar de exagerada, e a da primeira tentativa de fazer sexo são impagáveis.

Juntos em cena, a dupla não deixa para ninguém, o que acaba fazendo com que atuações como a de Thiago Lacerda e Antônia Frering, esta em especial, pareçam amadoras. Os coadjuvantes, por sinal, apresentam participações bem fracas, até porque receberam textos fracos e portanto pouco acrescentam às cenas. Ary Fontoura é completamente desperdiçado. Duas boas exceções: Maria Gladys, sempre talentosa (e, infelizmente, nos últimos anos sempre como empregada), e Patricia Pillar, em cena única mas imperdível.

Já está em DVD, então divirta-se: ainda que um pouco longo e asséptico (e, com o excesso de atores globais, possa parecer meio estranho de se assistir na tela escura), é um ótimo entretenimento. Mas também aproveite para pensar nos tais “papéis” que a sociedade adora impor: isto é para eles, aquilo é para elas… O século 21 já começou faz tempo e algumas mentes retrógradas ainda vão demorar a perceber.

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RESENHA DO FILME CREPÚSCULO:

CRÍTICA - CREPÚSCULO - Dificilmente algum autor superara a história de “Romeu e Julieta” escrita por William Shakespeare.

Há histórias de amor tão interessantes quanto. Porém o “amor impossível” cunhado pelo autor inglês serve de inspiração para milhares de roteirista e dramaturgos e autores.“Crepúsculo”, escrito por Stephenie Meyer foi traduzido para mais de 37 países, vendeu 17 milhões de cópias pelo mundo todo e se tornou um fenômeno adolescente. “Harry Potter” e sua namoradinha mestiça já viraram passado.Bella (Kristen Stewart) e Edward (Robert Pattinson) se apaixonam na primeira vez que se olham. Ela fica instigada pela figura exótica, apática e misteriosa do colega de sala, ele louco para beber o sangue da “Bella” e novata mortal.Estabelecido o “conflito”, “Crepúsculo” se mostra um filme atraente, sedutor e voyeristico. A possibilidade de um namoro tradicional não é possível. Edward é um vampiro, que se esforça para não precisar de sangue humano. Mas o cheiro de Bella o entorpece e faz com que entre a sedução e o medo de falhar se aproxime da amada.

Em “Crepúsculo”, não há beijos ardentes, cenas quentes de sexo,

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corpos nus e música pop. No filme o sugerido tem mais espaço do que é mostrado e torna idílica a relação de amor entre Bella e Edward.

Ele não pode tocá-la, pois tem medo de não resistir e “literalmente” sugar o amor que sente por ela. Bella quer ser amada na sua plenitude, nem que para isso precise virar uma imortal como Edward. Quer dar seu sangue como símbolo maior do seu amor.Em certo momento ela diz querer viver com ele para sempre. Ele responde: uma vida longa e intensa não basta?Eis ai o grande “segredo” de “Crepúsculo” como evitar a atração que os jovens sentem pelo perigo e para o impossível?A cena em que assumem um para o outro seus sentimentos é retratada numa floresta e nada mais clichê - e porque não romântico? - que duas pessoas em meio à natureza derretendo-se um para o outro.

“Crepúsculo” seduz, mescla romantismo com imaturidade, estabelece conflitos, trabalha com o imaginário do amor impossível, os atores criam empatia na primeira cena e tirando alguns trechos que de tão improvável soam inverossímeis, dá conta do recado e põem a plateia do cinema para suspirar.

O público não se importa que a história seja adolescente, tudo o que quer é um amor inebriante, impulsivo e passional. Depender um do outro como se depende de uma droga ilícita – por exemplo – permeia a cabeça e os desejos de muitos. Se o amor é uma espécie de droga, “Crepúsculo” é um exemplo – mesmo que prematuro - dos efeitos que ela pode vir a causar. Resgate aquele amor adolescente dentro de ti e se divirta.

Ficha TécnicaDireção: Catherine Hardwicke Gênero: Romance/Aventura Duração: 120 min. Distribuidora: Paris Filmes Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner, Michael Welch, Justin Chon, Peter Facinelli, Kellan Lutz, Cam Gigandet, Anna Kendrick.

Crítico: Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema - e-mail: [email protected]

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COMO ELABORAR UMA RESENHA:

1. Definições

Resenha-resumo:É um texto que se limita a resumir o conteúdo de um livro, de um capítulo, de um filme, de uma peça de teatro ou de um espetáculo, sem qualquer crítica ou julgamento de valor. Trata-se de um texto informativo, pois o objetivo principal é informar o leitor.

Resenha-crítica:É um texto que, além de resumir o objeto, faz uma avaliação sobre ele, uma crítica, apontando os aspectos positivos e negativos. Trata-se, portanto, de um texto de informação e de opinião, também denominado de recensão crítica.

2. Quem é o resenhista

A resenha, por ser em geral um resumo crítico, exige que o resenhista seja alguém com conhecimentos na área, uma vez que avalia a obra, julgando-a criticamente.

3. Objetivo da resenha

O objetivo da resenha é divulgar objetos de consumo cultural - livros,filmes peças de teatro, etc. Por isso a resenha é um texto de caráter efêmero, pois "envelhece" rapidamente, muito mais que outros textos de natureza opinativa.

4. Veiculação da resenha

A resenha é, em geral, veiculada por jornais e revistas.

5. Extensão da resenha

A extensão do texto-resenha depende do espaço que o veículo reserva para esse tipo de texto. Observe-se que, em geral, não se

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trata de um texto longo, "um resumão" como normalmente feito nos cursos superiores.

6. O que deve constar numa resenha

Devem constar: O título A referência bibliográfica da obra Alguns dados bibliográficos do autor da obra resenhada O resumo, ou síntese do conteúdo A avaliação crítica

7. O título da resenha

O texto-resenha, como todo texto, tem título, e pode também , ter subtítulo.

Desafio:

Após montar a figura geométrica que seu grupo recebeu, vocês farão uma volta ao passado e através de uma conversa informal busquem na memória as seguintes lembranças:

Que filme marcou profundamente sua vida? Por quê? Busque na memória, as lembranças: trilha sonora, atriz e ator

principal,cenário, o clímax, o desfecho; enfim tudo que o fez ser para você um filme inesquecível.

Por último, escolha um dos filmes lembrados, de preferência conhecido por todos e juntos redijam uma resenha.

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PROGRAMA GESTÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR

HAIKAI E LIMERIQUES

Haikai (em japonês: 俳句 Haiku ou Haicai?) é uma forma poética de origem japonesa, que valoriza a concisão e a objetividade. Os poemas têm três linhas, contendo na primeira e na última cinco caracteres japoneses (totalizando sempre cinco sílabas), e sete caracteres na segunda linha (sete sílabas). Em português é escrito haicai.

Em japonês, haiku são tradicionalmente impressos em uma única linha vertical, enquanto haiku em Língua Portuguesa geralmente aparecem em três linhas, em paralelo. Muitas vezes, há uma pintura a acompanhar o haicai (ela é chamada de haiga). "Haijin" é o nome que se dá aos escritores desse tipo de poema, e principal haijin (ou haicaísta), dentre os muitos que destacaram-se nessa arte, foi Matsuô Bashô (1644-1694), que se dedicou a fazer do haikai uma prática espiritual.

Haikai no Brasil

Segundo Mr.Hoigays (1988), o primeiro autor brasileiro de Haicai foi Afrânio Peixoto, em 1919, através de seu livro Trovas Populares Brasileiras, onde prefaciou suas impressões a respeito do poema japonês:

“Os japoneses possuem uma forma elementar de arte, mais simples ainda que a nossa trova popular: é o haikai, palavra que nós ocidentais não sabemos traduzir senão com ênfase, é o epigrama lírico. São tercetos breves, versos de cinco, sete e cinco pés, ao todo dezessete sílabas. Nesses moldes vazam, entretanto, emoções, imagens, comparações, sugestões, suspiros, desejos, sonhos... de encanto intraduzível”[3].

Quem o popularizou, porém, foi Guilherme de Almeida, com sua própria interpretação da rígida estrutura de métrica, rimas e título. No esquema proposto por Almeida, o primeiro verso rima com o terceiro, e o segundo verso possui uma rima interna (A 2ª sílaba rima com a 7ª sílaba). A forma de haikai de Guilherme de Almeida ainda tem muitos praticantes no Brasil.

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Outra corrente do haikai brasileiro é a tradicionalista, promovida inicialmente por imigrantes ou descendentes de imigrantes japoneses, como H. Masuda Goga e Teruko Oda. Esta corrente define haikai como um poema escrito em linguagem simples, sem rima, estruturado em três versos que somem dezessete sílabas poéticas; cinco sílabas no primeiro verso, sete no segundo e cinco no terceiro.

Além disso, o haikai tradicional deve conter sempre uma kigo. Estas são palavras ou frases, utilizadas na poesia japonesa, que têm uma associação com uma estação do ano. (Ex.: "sakura", "flor de cerejeira", é associada à primavera.

Foi na década de 1930 que aconteceu o intercâmbio e difusão do haiku entre haicaístas japoneses e brasileiros, constituindo-se, assim, outro caminho do haikai no Brasil. Foi naquela década também que apareceu a mais antiga coletânea de haikais chamada simplesmente Haikais, de Siqueira Júnior, publicada em 1933. Guilherme de Almeida, no ano anterior, havia publicado Poesia Vária, mas o livro não era exclusivamente de haikais. Fanny Luíza Dupré foi a primeira mulher a publicar um livro de haikais, em fevereiro de 1949, intitulado Pétalas ao Vento – Haicais.

Os defensores do conteúdo do haiku são aqueles que consideram algumas características do poema peculiares, como a concisão, a condensação, a intuição e a emoção, que estão ligadas ao zen-budismo. Oldegar Vieira é um haicaísta que aderiu a essa corrente.

Os que consideram a forma (teikei) a mais importante seguem a regra das 17 sílabas poéticas (5-7-5). Guilherme de Almeida não só aderiu a essa corrente como criou uma forma peculiar de compor os seus poemas chamados de haikais “guilherminos”. Abaixo, a explicação da forma conforme o gráfico que o próprio Guilherme elaborou:

_______________ X___ O ______________ O_______________ X

Além de rimar o primeiro verso com o terceiro e a segunda sílaba com a sétima do segundo verso, Guilherme dava título aos seus haikais. Exemplo (GOGA, 1988, p. 49):

Histórias de algumas vidas

Noite. Um silvo no ar,

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Ninguém na estação. E o trempassa sem parar.

Os admiradores da importância do kigo respeitam em seus haikais o termo ou palavra que indique a estação do ano. Jorge Fonseca Júnior é um deles. Apesar de existirem essas distinções retratadas aqui como correntes, nomes como os de Afrânio Peixoto, Millôr Fernandes Guilherme de Almeida, Waldomiro Siqueira Júnior, Jorge Fonseca Júnior, José Maurício Mazzucco, Wenceslau de MoraesOldegar Vieira, Osman Matos, Abel Pereira e Fanny Luíza Dupré são importantes na história do haikai no Brasil. Novos autores também despontam na modalidade:

Pétala caiu.Se quis colorir o chão,fez bem, conseguiu. (Carlos Antonholi)

Millôr Fernandes e haicai – Publicado em março 9, 2008 por Bia Villarinho

E o medo que meteEsse espelhoQue não reflete

No hall escuroo segurançamata o inseguro.

Turistas

Viajam

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Entre cambistas.

Nas pistas

Aviões cheios

De arrivistas.

Olho, alarmado,

E se a vida for

Do outro lado?

O hai-kai

Descobri outro dia

É o orvalho da poesia.

Nos camarotes

Há equações

Pros decotes.

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Diz-me de quem sais

Grito-te meus ais -

Somos hai-kais iguais.

O veludo

Tem um perfume

Mudo.

Haikai do Mário Quintana

Diálogo bobo- Abandonou-te?- Pior ainda: esqueceu-me...

Haikai AmorCartões de Natalcoloridos, tão iguais!Mas este, ah... o amor...

LIMERIQUE

Limerique é um poema curto e engraçado, bem amalucado, com uma estrutura muito legal, apenas uma estrofe de cinco versos, mas veja bem: o primeiro, o segundo e o quinto verso são mais longos e terminam com a mesma rima, já o terceiro e o quarto são mais curtos e rimam diferentes das outras. O primeiro verso informa quem é o protagonista, o segundo indica a sua qualidade, o terceiro e o quarto versos dizem o que ele está fazendo e o quinto é

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reservado ao aparecimento de um epíteto final, geralmente extravagante. Além de propor uma pequena história, os “limeriques” se caracterizam pelo humorpelas situações maliciosas, absurdas e engraçadas. Tudo é motivo para a criação de um limerique. Criar limeriques é sempre um desafio, uma descoberta inusitada.

Este tipo de poesia foi desenvolvido pelo poeta Edward Lear, o nome inspirado na cidade de Limerick, Irlanda.

Vejamos alguns:

Um moço chamado HipólitoAchou seu nome insólitoPensou, repensouE o nome mudouPra Tripodeglutifrutólito.

Havia um senhor em Berlim,Mais magro que o meu dedo mindim,Até que num dia errado,À massa ele foi misturado,Pelas doceiras que faziam quindim.Edward Lear

O passarinho voa sem destinoCom medo de um felino,Como cão e gato,E gato e rato,Fogem de um menino.Abrão GuilhermeYuri Alecsander

Trabalhando em grupo

1- Elaborar cinco perguntas: Quem? Fez o quê? Onde? Quando? Por quê?

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2- Sanfonar uma folha de papel e em cada parte, escrever essas perguntas. Cada pessoa escreve um verso para responder cada pergunta, e assim, será composta a estrofe. O primeiro participante responde a primeira pergunta: Quem? Dobra a face do papel e passa para o outro colega que responderá: Fez o quê? E assim por diante... Quando as respostas estiverem prontas, é hora de lê-las para o grupo e acertar os detalhes. Fazendo estas leituras, a situação que se vê é, muitas vezes, de uma sequência desconexa das ideias contidas nos versos, mesmo porque as estruturas métricas foram mantidas com liberdade, sem ter a preocupação com correspondência entre as rimas. Isto virá depois. E sem querer limitar as possibilidades do absurdo, imaginário e criativo.

Alguns exemplos:

Antes da organização

1- Sansão Voou até Marte Onde a baleia perdeu a cauda Quando o sol perdeu seu brilho Porque anoiteceu e a lua adormeceu.

2- Joselito Jogou a casca de banana Na barraca da praia Quando amanheceu Porque passou o dia triste.

3- João Pulou do prédio No Japão Quando a terra secou Porque passou o dia triste.

Depois de listar as estrofes, percebe-se que os recursos sonoros e rítmicos estão em desarmonia. Não há métrica sem rima, porque a construção dos versos não é visualizada como um todo, senão na hora de lê-los. O grupo então, para tornar o texto mais elaborado em sua estrutura narrativa, rítmica e sonora, procede à reescrita dos “limeriques”, agora cuidando das rimas, que ora se fazem entre o segundo, o terceiro e o quinto verso, acontecendo assim,

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tanto a organização sonora dos versos, quanto a repetição das palavras.

Veja os mesmos exemplos, depois da organização:

1-Sansão Voou até Marte Onde a baleia fez uma arte E o sol perde seu brilho Porque anoiteceu e a lua teve um enfarte.

2-Joselito Comeu rápido sua banana Na praia de Copacabana Quando amanheceu Porque queria andar de navio com Dirceu. 3- João Pulou do prédio No Japão Quando a terra tremeu Porque João estava com tédio.

Desafio:

Respirem fundo e concentrem! Agora chegou o momento mais interessante do trabalho: a hora da criação.

1- Após a leitura do texto acima, da figura geométrica e das imagens que nela aparecem, experimentem criar cada um do grupo, o seu Haicai.

2- Siga a proposta de criação dos limeriques coletivamente, em seguida, façam a reescrita acertando os detalhes focando nas rimas, ritmo e sonoridade.

Mãos à obra!

Recadinho para o professor !!!

O que os alunos não podem antes, imaginar, é que ao favorecer a estrutura rítmica e sonora dos versos, seu sentido

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também se altera. Se observamos as histórias de Sansão, de Joselito e de João, elas se reformulam de um ‘‘limerique’’ a outro. Isto se deve também ao uso das rimas, de repetições, de alterações. Estes recursos para que em algumas razões inesperadas ocorram, para que certos fatos sejam esclarecidos, para que pessoas e objetos sejam nomeados, enfim, para que os sentidos do texto possam se renovar, possam fluir.Na sala de aula, ao final, a leitura dos ‘‘limeriques’’deve ser feita pelo grupo. Em pouco tempo, os alunos se familiarizarão com as técnicas criadas, por serem simples e envolverem muitas possibilidades de composição.

Desafio:

Respirem fundo e concentrem! Agora chegou o momento mais interessante do trabalho: a hora da criação.

1- Após a leitura do texto acima, da figura geométrica e das imagens que nela aparecem, experimentem criar cada um do grupo, o seu Haicai.

2- Siga a proposta de criação dos limeriques coletivamente, em seguida, façam a reescrita acertando os detalhes focando nas rimas, ritmo e sonoridade.

Mãos à obra!

Ampliando o trabalho com limeriques e haikai

Relacionar sensações e impressões despertadas pela leitura de poemas à exportação da dimensão material das palavras.

Escandir versos, reconhecendo as possibilidades rítmicas de um poema apresentado.

Interpretar efeitos de sentido decorrentes do uso de recursos musicais ritmo, rima, aliteração, eco, onomatopeia, assonância, metáfora sonora. O importante não é a nomenclatura, mas o reconhecimento dos processos que originaram esses recursos.

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Relacionar efeitos de sentido de um poema à sua configuração visual (tamanho e distribuição de versos na página, exploração de espaços em branco, uso de sinais gráficos e digitais).

Recriar poemas e canções, buscando novas disposições de seus versos e palavras de modo a realçar uma ideia, um ritmo, uma palavra...

MEMÓRIAS

No gênero conto, o enredo se organiza em torno de um conflito, ou seja, de uma oposição entra forças. Esse conflito pode se dar, por exemplo, entra duas ou mais personagens, entre o protagonista e o antagonista, entre o protagonista e forças externas.

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As causas do conflito podem ser uma diferença de opiniões entre a decisão de cumprir ou não uma regra, um desejo e os obstáculos para realizá-lo.

O conflito cria uma situação de tensão que domina toda a narrativa e prende a atenção do leitor até o desfecho.

No conto, o conflito torna-se cada vez mais tenso, até atingir o seu auge. É que chamamos de clímax, ou seja, o momento que eleva ao máximo o interesse e a expectativa do leitor pelo que acontecerá a seguir, anunciando o desfecho do conflito.

No conto, além de manter o interesse do leitor por toda a narrativa, é importante que a etapa final do enredo, o desfecho, cause impacto e/ou surpresa no leitor. Por isso, em muitas histórias, o final costuma ser impressionante e súbito; e o desfecho ocorre imediatamente após o clímax.

O enredo baseia-se, portanto, em torno de uma única situação de tensão, desenvolvida rapidamente, de modo a manter o interesse do leitor por toda a narrativa.

Autor é quem cria e escreve as narrativas. O narrador é a voz adotada pelo autor para contar os acontecimentos na ficção.

Ao escrever o conto, o autor narra os acontecimentos a partir de uma determinada perspectiva, de um ponto de vista. Esse ponto de vista escolhido pelo autor é o que chamamos de foco narrativo.

A escolha do foco narrativo determina o tipo de narrador que teremos na narrativa, isto é, a voz que contará a história.

Existem dois tipos de foco narrativo:

Foco narrativo em primeira pessoa: quando narrativa é contada pela voz de um narrador que participa da história, isto é, um narrador- personagem.

Foco narrativo em terceira pessoa: quando a história é contada pela voz de um narrador que não participa dos acontecimentos, ou seja, um narrador-observador.

O narrador-personagem (foco narrativo em primeira pessoa) conta a história de um ponto de vista único: o seu. Nesse caso, o narrador limita-se a contar apenas o que viveu, viu, sentiu e pensou.

Tudo que ele nos conta sobre os sentimentos e pensamentos das demais personagens e sobre os fatos narrados são percepções ou suposições criadas por ele. Por isso, devemos estar atentos ao que esse

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narrador nos revela, uma vez que seu prisma é parcial e sua visão dos fatos, subjetiva.

Nos contos de amor, as personagens em geral devem enfrentar obstáculos antes de viver seu amor. Os obstáculos podem ser externos, como oposição da família ou da sociedade, a distância, a morte, guerras, o exílio, etc., ou internos, como o medo do amor, a timidez, etc.

Desafio

Vocês vão escrever um conto de amor em que o narrador deve ser personagem da história e também protagonista dos acontecimentos. O leitor conhecerá os fatos narrados pelo olhar dessa personagem.

O bilhete a seguir, pode ajudá-los na criação desse conto.

Helena,

Não conseguirei chegar na hora ao nosso encontro. Não posso te explicar tudo agora, mas assim que puder conversaremos pessoalmente. Recebi um vaso de flores com um bilhete muito misterioso. Não sei quem me mandou tal encomenda, nem reconheci a letra de quem escreveu a mensagem.

O bilhete me pedia que fosse até a porta da escola no fim das aulas e então receberia outras informações muito reveladoras.

Logo que tiver mais notícias, eu falo com você e marcamos um novo encontro.

Diário Íntimo

É pela expressão do que temos de mais característico, de mais particular em nós, que mostramos nossa individualidade. Porém nem sempre o cotidiano permite a manifestação plena dessa individualidade, ou seja, de nossos sentimentos, gostos, desejos, opiniões- o que explica porque tanta gente recorre aos diários, sejam escritos em cadernos e agendas, sejam virtuais.

O diário é um espaço para a expressão mais sincera de nossa subjetividade. Geralmente, o autor de um diário íntimo tem apenas a si mesmo como interlocutor. Essa situação é alterada quando ocorre a publicação do diário em livro. A edição de um diário tende,

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de algum modo, a alterá-lo com vistas a proteger os interesses das pessoas envolvidas no relato.

O trecho abaixo é parte das anotações que Zlata (uma menina que tinha 11 anos quando sua cidade natal, Sarajevo, foi cercada por tropas sérvias e tornou-se o principal palco da guerra civil que dissolveu a Iugoslávia).

Zlata escreveu no dia seis de outubro de 1991, antes, portanto, da eclosão da guerra, o seguinte:

Eu assisto o Top 20 americano na MTV. Impossível lembrar quem está em posição. Estou me sentindo superbem porque comi uma pizza Quatro Estações com presunto, queijo, ketchup e champignons. Estava suculenta(...)Sei todas as minhas lições e amanhã posso ir à escola COM O PÉ NAS COSTAS, sem perigo de tirar nota ruim.

Zlata Filipovic. O diário de Zlata: a vida de uma menina na guerra. São Paulo: Companhia das Letras, p. 21.

Diz-se que um texto é subjetivo quando se percebe nele a opinião do autor revelada não só nas frases, claramente opinativas, mas também, na escolha dos fatos relatados, na seleção do vocabulário, no emprego dos pronomes.

Diários íntimos são textos muito subjetivos, já que aquele que escreve procura apresentar sua visão pessoal desses fatos e o valor que atribui a eles.

Os registros feitos em um diário íntimo devem,necessariamente, seguir uma sequência cronológica, ainda que se possa intercalar a lembrança de fatos mais antigos ao relato dos acontecimentos do dia.

MEMÓRIAS LITERÁRIAS NA MODERNIDADEMaria Lucia Aragão*

Falar em memórias nos leva a estabelecer importantes relações com outras noções, tais como a de consciência de si, a de identidade do sujeito e a de temporal idade. O nosso ensaio procurará refletir sobre essas relações, com o objetivo de chegarmos a uma melhor apreensão do que se passa no ato da escritura do que chamamos de memórias literárias.

A primeira dificuldade que enfrentamos é a de uma definição conceitual de memória, uma vez que esta pode ser analisada

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segundo vários campos de estudos, como a medicina, a psicologia, a antropologia, a sociologia e a literatura.

Outro fator, que achamos importante sublinhar, é o das relações semânticas entre memórias, lembranças, reminiscências, que muito nos poderão ajudar a elucidar sobre tudo aquilo que entra em jogo no processo de escrita das memórias de um escritor.

As expressões mais modernas do exercício da memória utilizam os verbos lembrar-se e rememorar. Há outras expressões também frequentes como "guardar, conservar na memória" ou "gravar" uma lembrança. Tudo isso, que é bem vivo, traduz um mecanismo psicológico concebido tanto de maneira dinâmica, em seu aspecto de aquisição e de reivindicação, como estático e mecânico em sua função de conservação e de estocagem.

Durante muito tempo, não existiu, em termos de literatura, um termo preciso para designar um certo gênero específico de narrativa, cujo assunto escolhido a colocava entre a história e a crônica pessoal.

Hoje em dia costumamos chamar de "memórias" de um personagem a narrativa feita por ele mesmo dos acontecimentos de sua vida, com uma insistência sobre os acontecimentos objetivos, mais do que sobre o vivido. Mas a linha de demarcação entre memórias e autobiografia não é clara, uma vez que se torna bastante difícil separar os dois tipos de estratégia narrativa.

Na elaboração literária de uma vida, o autor realiza um incessante diálogo entre o passado e o presente, colocando em cena a elaboração de seu ser pessoal, na procura das significações contidas nos fatos passados. Diríamos que o memorialista faz uma segunda leitura do tempo vivido ou... perdido.

Ao compararmos, por outro lado, os objetivos perseguidos por um romancista e um memorialista, constatamos que não há grandes diferenças no que se refere ao papel social do escritor no trabalho com a linguagem, pois ambos visam a uma melhor compreensão da mesma, do ponto de vista existencial e social.

A quem interessa esse "eu" particular, singular, os seus mitos, sonhos e fantasmas? Eis uma pergunta que nos vem sempre ao espírito, quando nos deparamos com um livro de memórias. Logo constatamos que esse "eu" é diferente do "eu" das autobiografias de atores famosos, por exemplo, de homens ou mulheres que alcançaram uma certa notoriedade e cuja vida íntima desperta uma

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certa curiosidade por parte de seus admiradores. O "eu" das memórias e autobiografias literárias vai colocar em questão um outro tipo de experiência, própria ao jogo da escritura.

Quanto mais buscamos definir as várias modalidades de escrita do eu, quanto mais procuramos delimitar as fronteiras que separam a autobiografia e as memórias, mais percebemos como elas são vagas, moventes e subjetivas.

Muitas vezes se torna difícil ou mesmo impossível separar essas duas modalidades de "escrita do eu", uma vez que o autobiógrafo pode se desdobrar em memorialista, como exemplifica Jean Starobinski em seu estudo sobre Chateaubriand, ao afirmar quea intenção do escritor nem sempre é um guia seguro para se determinar a natureza da sua obra, pois sabemos que, sob uma primeira intenção, pode se esconder uma outradissimulada ao leitor, quando não dissimulada a si mesmo. Isso porque as técnicasnarrativas que entram em jogo em ambas as modalidades de escrita do eu são comuns.

Ambas pretendem traçar um caminho retrospectivo no tempo, para procurarem refazer o percurso de uma vida: a do autor. Como este fez e faz parte de uma sociedade, de uma família, de uma geração, ao recompor o caminho, esbarra, inevitavelmente, com outros personagens que dele fizeram parte, ativa ou passivamente, objetiva ou subjetivamente.

Quando lemos uma história de vida, devemos estar sempre conscientes de que o autor nos conta apenas uma parte de sua história, que escolhe os fatos de maneira a nos apresentar uma certa imagem elaborada de si. O confronto entre o passado de um indivíduo e sua verbalização, a busca da diferença entre o que o narrador diz que fez ou sentiu e o que ele realmente realizou está no centro da problemática deste tipo de texto.

A lembrança é, numa larga medida, uma reconstrução do passado com a ajuda de dados emprestados ao presente, e preparada por outras reconstruções feitas em épocas anteriores e de onde a imagem de outro tempo saiu já bem alterada.

A memória é, para cada um de nós, a provisão de imagens que responde às nossas necessidades, que traduz e reflete a nossa personalidade, o nosso eu íntimo e profundo.

Nossa memória é nós mesmos. E nossa identidade.

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Escrever o eu é afirmar sua existência, acreditar que exista uma realidade problemática, mas consistente. É tentar superar a separação radical entre eu e o mundo.

É buscar uma identidade, um autoconhecimento, não uma identificação.

Um texto de memórias é um tecido cuidadoso de lembranças que precisam fazer sentido para quem o escreve e para quem o lê.Um livro de memórias é sempre uma nova forma de apreensão dos fatos, antes isolados, mas agora reunidos, que compuseram a trama de uma vida, fatos esses que voltam ao presente, através da lembrança, provando que alguma marca tiveram no conjunto do vivido. Outros fatos ficaram necessariamente enterrados, e o recurso é imaginar, não o que realmente aconteceu, mas o que poderia ter acontecido.

Um livro de memórias é sempre uma segunda chance de se viver o que já se viveu, de viver o que não se viveu e de se recuperar "o tempo perdido".

Um livro de memórias é sempre uma experiência temporal vivida pelo seu autor, pela recuperação de fatos pertencentes à sua pré-história que passam agora a fazer sentido dentro de sua história. Escreve-se um texto de memórias para se impedir que o tempo apague uma vida.

Um livro de memórias é sempre uma segunda leitura, nem mais certa, nem mais precisa, nem mais verdadeira, mas, assim mesmo, tão certa, tão precisa e tão verdadeira quanto as leituras parciais que vão sendo feitas ao longo dos vários momentos presentes, dos fragmentos de tempo que nem sempre conseguimos juntar de forma coerente e que só se completam no ato da escritura.

Um livro de memórias é uma estratégia, um jogo, pois, se é preciso inventar coisas novas, não se pode ficar prisioneiro do passado, aí compreendido o nosso próprio passado. Descobrir como chegamos a ser como somos não se faz de forma espontânea e sem riscos.

Um livro de memórias é sempre um ato de coragem, quando seu objetivo maior é a busca de um autoconhecimento e das marcas próprias de uma identidade que se procura explicar por seus traços singulares.

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Um livro de memórias pode ser a única maneira de se estabelecer o encontro entre o que nunca pode ser falado e o que agora pode ser escrito. Um importante elo, sem dúvida, entre consciência, conhecimento, autoconsciência, temporalidade e linguagem.

Desafio:

Considerando a figura geométrica que vocês receberam, escolha uma das propostas acima e redija um texto que corresponda a um dos gêneros.

Mãos à obra!

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Leitura de Imagens

Na sociedade atual o texto não é o único a transmitir mensagens, as imagens refletem inúmeras ideias e conceitos.

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Quando as palavras não são suficientes aderimos a imagens, aliás, os significados das imagens podem variar de acordo com o repertório de quem faz a leitura.

O homem primata utilizava-se de imagens, desenhos para se comunicar, os egípcios para registrar sua história, na Idade Média para repassar os conceitos religiosos, no Renascimento para despertar a ilusão, nos “ismos” da história da arte, expressavam sentimentos de amor, ódio, revolta, etc. até chegar a nossa atualidade, onde as imagens são repletas de significados.

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Releitura de Imagens

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A proposta dessa mostra é fazer um convite para se conhecer uma obra de arte e, ao mesmo tempo, usar ao máximo a criatividade individual ao tentar recriá-la.

Reler uma obra é totalmente diferente de procurar apenas reproduzi-la, pois é preciso interpretar aquilo que se vê e usar a criatividade.

É importante observar que, ao recriar uma obra, não é necessário empregar a mesma técnica usada pelo artista. Na releitura de uma pintura, por exemplo, podemos nos valer de outrasformas de expressão artística, como a escultura, a fotografia e a colagem.

O mais importante é tentar criar algo novo, sem negar a fonte que serviu de inspiração.

Uma proposta de releitura é também uma ótima oportunidade para estudar e analisar a obra do artista: o tema desse e de outros trabalhos seus, a técnica utilizada, a época em que viveu, detalhes de sua biografia, artistas que admirou, outros artistas de seu tempo...

A releitura não é uma técnica aplicada apenas na educação escolar. Há um sem-fim de casos de grandes pintores, escultores, poetas e músicos que a utilizaram para se aperfeiçoar, homenagear seus mestres ou mostrar sua preferência por alguma obra. Imitar os melhores e brincar com seu estilo, parodiar ou recriar seus trabalhos são atividades presentes na obra de qualquer artista.

No caso das artes, as atividades de releitura possuem um enorme valor educativo e, algumas vezes, geram resultados que se tornam conhecidos e redundam em sequências de obras, em diferentes tempos e estilos.

Um bom exemplo disso é o quadro de Picasso inspirado no famoso Almoço na Relva, de Manet, que o fez relendo um quadro de Rafael que, por sua vez, havia recriado uma obra de arte da Roma Antiga.

Mesmo quando não chegam ao público, essas atividades fazem parte da formação de qualquer artista verdadeiro, que sabe que só se cria o novo a partir de uma boa assimilação do passado.

Enfim, por trás de atividades de releitura de obras de arte de qualidade há uma ideia simples e sensata: ao imitar e reler criativamente os bons artistas, tornamo-nos melhores.

Colagem

Você poderá fazer colagens sobrepondo e unindo vários materiais, que podem ser de texturas, cores e formas variadas.

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No século XX, a colagem foi amplamente utilizada por vários artistas, como Braque, Picasso e Matisse. Essa técnica pode ser combinada com a pintura ou a fotografia (fotomontagem) ouser composta apenas de recortes. Os materiais utilizados são ilimitados, como revistas, jornais, tecidos, folhas ou qualquer outro escolhido a critério do artista.

Você poderá utilizar papel, tesoura e cola ou o computador, trabalhando com camadas em um programa gráfico. Nesse caso, o desenvolvimento da colagem é o mesmo, mas sem a utilização de cola.

Esse processo de composição não se restringe às artes visuais. Ele também é utilizado na poesia e na música. O sampler é um recurso muito comum na música popular atual, que consiste na colagem de vários trechos de músicas ou sons, mudando seu contexto original.

Fotomontagem

Você pode fazer fotomontagem trabalhando com a junção de fotografias ou sobrepondo-as sobre um desenho ou pintura para, em seguida, “refotografar”, formando uma nova composição. A fotomontagem mais tradicional trabalha com a composição de fotografias,podendo brincar com a perspectiva e o tamanho nas fotos.

Com os avanços da tecnologia e o amplo acesso a um computador, é possível também fazer fotomontagem por meios digitais. Recortar uma figura e trabalhar sobre ela em qualquer programa de edição de fotos é algo muito fácil e que pode ser feito em qualquer computador.

Mosaico

Você poderá criar um mosaico usando pedrinhas, pastilhas, papel ou plástico colorido cortadoem pequenos pedaços. Para isso, basta determinar a superfície que será trabalhada — madeira, látex ou papelão, entre outras — e escolher um tema, como, por exemplo, formas geométricas.

Uma técnica muito fácil para ser aplicada na escola é feita com uma cartolina escura (que servirá de base), pedaços coloridos de papel (de seda ou celofane) e cola branca. Você precisará desenhar o motivo que será trabalhado com um lápis branco sobre a cartolina preta e, em seguida, colar os pedaços de papel com cola branca, colorindo e definindo a forma desejada. Para aumentar o

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efeito de mosaico, é interessante deixar à mostra parte do fundo escuro, pois ele fará o contorno das figuras.

Assim, colando e colando, você faz um lindo mosaico.

Foto de encenação

Essa é uma atividade curiosa e muito interessante, que pode ser realizada de forma individual ou coletiva.

A ideia é recriar uma “tela viva”. Na verdade, essa técnica realiza a “teatralização” da obra examinada. É como se você entrasse em um quadro, fizesse o papel de uma escultura ou

A proposta dessa mostra é fazer um convite para se conhecer uma obra de arte e, ao mesmo tempo, usar ao máximo a criatividade individual ao tentar recriá-las.

Um exemplo disso aparece já nas imagens criadas para a página de abertura da mostra, produzidas pelos ilustradores que trabalham no portal. Eles sabem que “reler” uma obra é totalmente diferente de procurar apenas reproduzi-la, pois é preciso interpretar aquilo que se vê e usar a criatividade. Venha fazer isso você também!

É importante observar que, ao recriar uma obra, não é necessário empregar a mesma técnica usada pelo artista. Na releitura de uma pintura, por exemplo, podemos nos valer de outrasformas de expressão artística, como a escultura, a fotografia e a colagem.

O mais importante é tentar criar algo novo, sem negar a fonte que serviu de inspiração.

Uma proposta de releitura é também uma ótima oportunidade para estudar e analisar a obra do artista: o tema desse e de outros trabalhos seus, a técnica utilizada, a época em que viveu, detalhes de sua biografia, artistas que admirou, outros artistas de seu tempo...

A releitura não é uma técnica aplicada apenas na educação escolar. Há um sem-fim de casos de grandes pintores, escultores, poetas e músicos que a utilizaram para se aperfeiçoar, homenagear seus mestres ou mostrar sua preferência por alguma obra. Imitar os melhores e brincar com seu estilo, parodiar ou recriar seus trabalhos são atividades presentes na obra de qualquer artista.

No caso das artes, as atividades de releitura possuem um enorme valor educativo e, algumas vezes, geram resultados que se tornam conhecidos e redundam em sequências de obras, em diferentes tempos e estilos.

Um bom exemplo disso é o quadro de Picasso inspirado no famoso Almoço na Relva, de Manet, que o fez relendo um quadro

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de Rafael que, por sua vez, havia recriado uma obra de arte da Roma Antiga.

Mesmo quando não chegam ao público, essas atividades fazem parte da formação de qualquer artista verdadeiro, que sabe que só se cria o novo a partir de uma boa assimilação do passado.

Enfim, por trás de atividades de releitura de obras de arte de qualidade há uma ideia simples e sensata: ao imitar e reler criativamente os bons artistas, tornamo-nos melhores.

Desenho

Pode-se dizer, de forma simples, que o desenho é a representação de imagens por meio de traços, linhas e pontos. Pode ser feito com a utilização de lápis preto, carvão, lápis de cor, giz de cera ou outro material que marque uma superfície, geralmente papel.

O desenho pode ser artístico, técnico ou arquitetônico. Em nossa mostra, o artístico é que nos interessa. Ele é usado como base para outras técnicas artísticas, como a pintura e a gravura.

Até mesmo para se fazer um mosaico é necessário um desenho prévio. A diferença é que, enquanto nas outras técnicas, o desenho é parte do processo.

Desafio:

Após ler as possibilidades de releitura de uma obra acima citadas, escolha uma e desenvolva com seu grupo. Não se esqueça de utilizar a imaginação e muita criatividade.

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Leitura e Releitura de Imagens

O que é leitura?“A leitura de mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura

desta implica na leitura daquela” Paulo Freire (1921 - 1997)

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A leitura ou o ato de ler é muito mais do que apenas identificar os códigos de escrita. O “leitor” em seu dia-a-dia vai muito além da leitura das palavras, frases e sentenças que um texto escrito apresenta. O exercício da “leitura” da escrita faz com que ele se aproprie e aprimore a capacidade de “ler” outros “textos” e“contextos”, como uma obra de arte ou o ambiente em que vive, por exemplo.

Para a “leitura” do mundo contemporâneo é preciso também adquirir a capacidade de se ter um olhar atento à velocidade das informações e às múltiplas facetas que o mundo apresenta e representa, de modo a poder interpretá-las.Saber ler, para o educador Paulo Freire, é, antes de tudo, aprimorar o olhar e isto, afirma, é saber ler.

O que é releitura?

Nietzsche propõe uma imitação criadora. Não se trata de repetir passivamente o modelo, mas de encontrar o que tornou possível sua criação. (...) Imitar o modelo quer dizer mimetizar sua força criadora e transformadora.

“O exemplo é um estímulo para a ação e para uma nova configuração(...) Imitar não o pensamento contido no sistema, mas a atividade criadora que produziu o pensamento”.

Friedrich Wilhelm Nietzche (1844-1876)

Releitura não é simplesmente uma cópia, nem plágio, muito menos uma falsificação. Consiste, sim, na criação de uma nova obra, realizada a partir de outra feita anteriormente, acrescentando nessa nova produção um toque pessoal e uma nova maneira de ver e sentir, de acordo com a cultura e vivência próprias de cada pessoa.

(...)”a releitura implica em produzir aquilo que se entendeu da obra,sem preocupações com semelhanças. É o sentimento se aliando àobservação na produção de um trabalho."

Heleny Galati

O exercício de Releitura não é um “fazer” recente. Na História da Arte podemos encontrar vários exemplos de artistas que lançaram mão disso na construção de suas obras, como Rafael , Van Gogh, Picasso, Magritte, Matisse, Dali, Botero....

A releitura nas Artes Plásticas

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Mona Lisa de Leonardo da Vinci (1503) Mona Lisa de Fernando Botero (1998)

“Minha Mona Lisa não é a de Leonardo Da Vinci. Pode-se usar um mesmo tema e criar um quadro totalmente diferente. Aí reside a verdadeira originalidade, tomar emprestados personagens que todos já tenham feito e fazê-los de maneira diferente”.

Fernando Botero (1932 - )

Releitura na literatura e música

O exercício de releitura pode ser realizado não apenas no âmbito das Artes Visuais (desenho, pintura, fotografia...), mas também em muitos outros setores da arte e também de nossa vida, como na literatura (prosa ou verso), na decoração, na arquitetura, até mesmo na música, dança e na moda.

“Assim como há diferentes interpretações de um texto visual, há diferentes possibilidades de releituras desse texto. A releitura será sempre coerente com a compreensão que o aluno constrói na leitura de uma imagem/obra”.(...)

Rossi, 2003

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A POESIA E A RELEITURA

“Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura.(...) Isso faz da compreensão sempre uma interpretação. Sendo assim, fica evidente que cada leitor é co-autor (...).”Nietzsche

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O compositor Chico Buarque de Holanda, por exemplo, fez uma releitura da poesia de Carlos Drummond de Andrade “Poema de sete faces” em sua música “Até o fim”, como também Adélia Prado, o fez através de seu poema “Com licença poética”.

Poema de Sete FacesCarlos Drummond de Andrade

Quando nasci um anjo tortodesses que vive na sombradisse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida.(...)

Até o fim viChico Buarque de Hollanda

Quando nasci veio um anjo safadoO chato dum querubimE decretou que eu tava predestinadoA ser errado assimJá de saída a minha estrada entortouMas vou até o fim(...)

Com licença poéticaAdélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,desses que tocam trombeta, anunciou:vai carregar bandeira.Cargo muito pesado pra mulher,esta espécie ainda envergonhada.Aceito os subterfúgios que me cabem

Esta atividade possibilitará a todos a descoberta da linguagem poética e lúdica, através das rimas, da sonoridade, do formato da poesia em estrofes e versos, o enriquecimento do seu vocabulário por meio da linguagem oral, além de trabalhar a escrita das palavras utilizando como estratégia uma atividade prazerosa. Outra aprendizagem é a apropriação das marcas linguísticas desta modalidade textual, poesia/poemas, possibilitando o conhecimento sobre este portador de texto.

A seguir a poesia Leilão de Jardim:

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Quem me compra um jardim com flores?Borboletas de muitas cores,lavadeiras e passarinhos,ovos verdes e azuis nos ninhos?

Quem me compra este caracol?Quem me compra um raio de sol?Um lagarto entre o muro e a hera,uma estátua da Primavera?

Quem me compra este formigueiro?E este sapo, que é jardineiro?E a cigarra e a sua canção?E o grilinho dentro do chão?(Este é o meu leilão.)

Cecília Meireles

Releitura da Poesia

Segundo o dicionário Aurélio (1995, Ed Nova Fronteira, p.389. Leilão é venda pública de objetos a quem oferecer maior lance.

Faça uma sondagem do grupo acerca do conhecimento prévio que ele tem sobre leilão.

Sugira a todos que imaginem um leilão e criem uma poesia, tendo como modelo esta que trabalhamos. Eles poderão leiloar o que quiserem: materiais escolares, objetos da cozinha, da fazenda, animais enfim, vão escolher o que querem levar para vender no leilão.

QUADRILHA

João roubou Tereza que roubou Raimundoque roubou Maria que roubou Joaquim que roubou Lilique não roubou ninguém.João virou cafetão, Tereza foi pra FEBEM,Raimundo morreu na fuga, Maria virou vadia,Joaquim agora é viado e Lili casou com J. Pinto Fernandesque era chefe da máfia brasileira.

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8ªB - Releitura do poema Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade 20/05/2011

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundoque amava Maria que amava Joaquim que amava Lilique não amava ninguém.João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandesque não tinha entrado na história.

Carlos Drummond de Andrade

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Leitura de imagens

Quando se olha para uma obra de arte, vê-se um filme, lê-se um livro, observa-se uma pintura ou escultura, cria-se na mente uma série de pensamentos que podem ser diferentes a cada vez que essa atividade se repete. Ao ato de observar e produzir pensamentos novos pode ser chamada de Leitura de Imagem. A Leitura de Imagem pode ser desenvolvida e incrementada permitindo que o observador consiga uma série de informações e significados enriquecendo seus conhecimentos.

Percebe-se também que cada pessoa, de acordo com seu conhecimento de mundo adquirido através de suas experiências vividas e seu modo de vida, consegue ver uma imagem, por exemplo, e interpretá-la de forma totalmente diferente de outra pessoa. Além disso, essa mesma pessoa, no dia seguinte ou em outro momento, produz uma descrição com idéias bem diferentes das que produziu quando viu pela primeira vez aquela imagem,

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pois, o tempo, espaço e a história de cada um estão intimamente interligados.

Segundo Jandira Mansur as coisas têm muitos jeitos de ser, depende do jeito da gente ver. É bom ver de um jeito agora, ver de outro depois, e melhor ainda ver na mesma hora dos dois. Assim podemos concluir que a realidade está dada, mas não está acabada, ou seja, mudamos permanentemente.

Objetivos:

Reconhecer e interpretar textos verbais e não-verbais. Estimular o desenvolvimento das habilidades estéticas na

observação das imagens. Compartilhar o mesmo espaço e objetos em um movimento de

trabalho escolar. Perceber-se como ser sensível à arte. Ser capaz de relacionar a realidade com o mundo sensorial

criado nas imagens.

Metodologia:

Sugerimos um trabalho que inclui três fases interligadas:

Primeira fase:Raio x da imagem

Identificação:

Tema: Que elementos da paisagem e personagens foram

representados? Eles foram representados de forma realista? Como os personagens estão vestidos? O estilo é o mesmo que

usamos? Onde eles estão? O que estão fazendo? Há diferenças entre eles? Quais? Cores: que cores predominam na representação das figuras e

construções? Quais inexistem na obra? Que tintas foram utilizadas (guache, óleo...) Suporte utilizado (madeira, tela, papel, pedra, etc): Movimento: tem movimento a obra? Como se percebe? Luminosidade: como foi o trabalho com a luz? È muito ou pouco

iluminado?

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Que tipos de linhas e figuras geométricas podem ser identificados?

Segunda fase:Contextualização histórica: Estabelecimento de relações históricas entre a imagem e o contexto de produção.

Com base no conceito acima citado, podemos afirmar que nas duas imagens analisadas , há a existência de trabalho? Por quê?

As duas imagens foram produzidas no século passado. Ainda existem essas profissões?

Elas fazem parte de qual classe social? Que relação existe entre o passado e o presente, considerando

o papel dessas duas profissões na sociedade?

Terceira fase:

A produção artística.

Desafio:

A personagem do quadro A, quer interagir com as personagens do quadro B; embasados no estudo de gêneros, tipos textuais e na análise das imagens, escolha um dos gêneros que mais se adequa à situação do contexto vivido pelas personagens.

Faça a produção do texto envolvendo todos os colegas do grupo.

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A Imagem na Educação

“As imagens não janelas transparentes para o mundo. Elas interpretam o mundo; apresentam-no de formas bem particulares”

( Rose, 2001, p.6)

Quando se olha para uma obra de arte, vê-se um filme, lê-se um livro, observa-se uma pintura ou escultura, cria-se na mente uma série de pensamentos que podem ser diferentes a cada vez que essa atividade se repete. Ao ato de observar e produzir pensamentos novos pode ser chamada de Leitura de Imagem. A Leitura de Imagem pode ser desenvolvida e incrementada permitindo que o observador consiga uma série de informações e significados enriquecendo seus conhecimentos.

Percebe-se também que cada pessoa, de acordo com seu conhecimento de mundo adquirido através de suas experiências vividas e seu modo de vida, consegue ver uma imagem, por exemplo, e interpretá-la de forma totalmente diferente de outra pessoa. Além disso, essa mesma pessoa, no dia seguinte ou em outro momento, produz uma descrição com idéias bem diferentes das que produziu quando viu pela primeira vez aquela imagem, pois, o tempo, espaço e a história de cada um estão intimamente interligados.

Segundo Jandira Mansur as coisas têm muitos jeitos de ser, depende do jeito da gente ver.É bom ver de um jeito agora, ver de outro depois, e melhor ainda ver na mesma hora dos dois.Assim podemos concluir que a realidade está dada, mas não está acabada, ou seja, mudamos permanentemente.

O mundo contemporâneo é marcado pela proliferação das imagens. Somos continuamente bombardeados por elas: outdoors, noticiários, propagandas, multimídia. Da fotografia que se pretende ser fiel ao fato que busca documentar, à realidade virtual criada por computadores, tudo se faz imagem.

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Imagens, sons, gestos, cores, expressões corporais tornam-se signos abertos à codificação. Nesse sentido, a recepção desses bens simbólicos pode ser vista como leitura, na medida em que todo o recorte na rede de significações é considerado um texto.

Segundo Maurits Cornelis Escher, artista holandês (1898-1972) a imagem é mais do que uma representação de um referente, do que habitualmente costumamos chamar de real.

Escher tinha um propósito muito especial na hora de elaborar suas paisagens insólitas: fugir do óbvio. Ele sabia que uma situação impossível só causa impacto em quem vê quando não é imediatamente perceptível. “O elemento impossível deve ficar tão disfarçado que um observador desatento nem o perceberá.”

Pensando assim, Escher, com base nos princípios matemáticos, subverteu a noção da perspectiva clássica para obter suas figuras impossíveis de existir no espaço “real”.

Assim, tanto o criador como o leitor pode se apropriar das imagens para ler o mundo. Palavra ou forma, verbo ou cor, o signo codifica suas imagens. Importa articulá-las.