LUIZ GARCIA MANDARANO FILHO -...
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO
LUIZ GARCIA MANDARANO FILHO
Avaliação ultrassonométrica da consolidação
das fraturas mediodiafisárias da clavícula
submetidas ao tratamento incruento
Ribeirão Preto
2015
Luiz Garcia Mandarano Filho
Avaliação ultrassonométrica da consolidação
das fraturas mediodiafisárias da clavícula
submetidas ao tratamento incruento
Ribeirão Preto
2015
Tese apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Doutor em Ciências da Saúde aplicadas ao Aparelho Locomotor. Área de concentração: Ortopedia e Traumatologia Orientador: Prof. Dr. Cláudio Henrique Barbieri
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
FICHA CATALOGRÁFICA
Mandarano-Filho, Luiz Garcia
Avaliação ultrassonométrica da consolidação das fraturas mediodiafisárias da clavícula submetidas ao tratamento incruento. Ribeirão Preto, 2015.
102 p.: il., 30cm
Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto / USP. Área de concentração: Ortopedia e Traumatologia.
Orientador: Barbieri, Cláudio Henrique.
1. Ultrassom. 2. Acústica. 3. Osso e ossos.
FOLHA DE APROVAÇÃO
Luiz Garcia Mandarano Filho
Avaliação ultrassonométrica da consolidação das fraturas
mediodiafisárias da clavícula submetidas ao tratamento incruento.
Tese apresentada à Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo,
para obtenção do título de Doutor em Ciências da
Saúde aplicadas ao Aparelho Locomotor.
Área de concentração: Ortopedia e
Traumatologia.
Aprovado em:
Banca Examinadora
Prof. Dr.
Instituição:
Assinatura:
Prof. Dr.
Instituição:
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Prof. Dr.
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Prof. Dr.
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Assinatura:
Prof. Dr.
Instituição:
Assinatura:
Prédio Central da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho
Aos meus pais, Luiz e Marisa,
pelo apoio incondicional nesta longa jornada. O amor da nossa família é
fortaleza para a vida. É a maior herança e ensinamento que se pode ter.
À minha esposa Larissa,
sua presença traz equilíbrio, força e fé.
Ao meu filho Luiz,
por me fazer lembrar diariamente o que realmente é importante na vida.
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Devo ao Prof. Dr. Cláudio Henrique Barbieri a oportunidade de continuar a
caminhada na Faculdade que me formou e que tanto amo. Foi ele quem
me abriu as portas da Cirurgia da Mão no Hospital das Clínicas de
Ribeirão Preto. Foi ele quem me proporcionou a experiência da pós-
graduação orientando Mestrado e Doutorado.
Espero que com dedicação ao ensino, pesquisa e assistência eu possa,
de alguma forma, retribuir tanto apoio e incentivo.
Professor Barbieri,
meu profundo respeito, honesta admiração e eterna gratidão.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Nilton Mazzer, pelo incentivo, por todas as oportunidades e
pelo desprendimento com que divide o conhecimento. Sua paixão pela
profissão é exemplo e estímulo para os que o cercam.
Ao Dr. Márcio Takey Bezuti, pelo companheirismo no trabalho e na pós-
graduação. Sou grato pela paciência e pelos conselhos. Esse trabalho
não seria possível sem sua ajuda e capacidade técnica. É grande a
satisfação de tê-lo como amigo.
Aos amigos Prof. Dr. Edwin Tamashiro, Prof. Dr. João Marcello
Furtado, Dr. Marcel Koenigkam Santos e Dr. Luís Gustavo Gali, pela
importância da amizade verdadeira na vida.
À Maria de Fátima Feitosa de Lima e Elisângela Bernardi de Oliveira
pelo carinho e pela ajuda irrestrita desde o início da Residência Médica.
À Rosa Pereira Brittes Alves, pela ajuda com a parte gráfica e
diagramação deste trabalho.
À Rita Cossalter, pelo auxílio nas questões burocráticas da pós-
graduação.
Aos Residentes da Ortopedia e da Cirurgia da Mão, pela paciência e
compreensão nos momentos de ausência dedicados à realização deste
trabalho.
RESUMO
MANDARANO-FILHO, LG. Avaliação ultrassonométrica da
consolidação das fraturas mediodiafisárias da clavícula submetidas
ao tratamento incruento. 2015. 102 f. Tese (Doutorado) – Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto,
2015.
Foi realizado um estudo clínico para avaliar a factibilidade do uso da
ultrassonometria óssea por contato direto axial na clavícula no
seguimento clínico de pacientes com fraturas mediodiafisárias submetidos
ao tratamento incruento. Para tal a técnica foi padronizada em clavículas
íntegras em 20 voluntários e testada na situação de fratura em um estudo
piloto. Dezesseis pacientes com fratura mediodiafisária da clavícula em
tratamento incruento foram submetidos a ultrassonometria óssea durante
o seguimento clínico. As medidas de velocidade do ultrassom foram
realizadas por aparelho projetado para este fim, utilizando a técnica por
contato direto com auxílio de gel de acoplamento, na data do trauma, com
1 semana, 2, 4, 8 e 12 semanas pós-trauma. Os transdutores foram
posicionados com 7 cm de distância entre si e com angulação de 45
graus em relação ao solo, conforme padronização prévia. Os resultados
demonstraram que a velocidade de propagação do ultrassom diminui
imediatamente após a fratura, em relação ao osso contralateral usado
como referência e, sobe progressivamente durante o processo de
consolidação até atingir valores próximos à referência com 12 semanas
pós-trauma. Concluiu-se que a ultrassonometria óssea por contato direto
é factível de aplicação na clavícula in vivo e que pode ser usada para
acompanhamento clínico de pacientes com fratura mediodiafisária da
clavícula submetidos ao tratamento incruento.
Palavras-chave: Ultrassom; Osso, Clavícula.
ABSTRACT
MANDARANO-FILHO, LG. Ultrasonometric evaluation of midshaft
clavicle fractures submitted to conservative treatment. 2015. 102 f.
Tese (Doutorado) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2015.
A clinical study was carried out to evaluate the feasibility of using bone
ultrasonometry in clinical follow-up of patients with midshaft clavicle
fractures who underwent conservative treatment. The technique was
standardized with 20 vollunteers and tested in a pilot experiment. Sixteen
patients in conservative treatment for midshaft clavicle fractures
underwent axial ultrasonometric assessment during clinical follow-up. The
speed of ultrasound measures were performed by a device developed for
this purpose, using direct contact technique with a coupling gel, at the time
of trauma, 1 week, 2, 4, 8 and 12 weeks post-trauma. The transducers
were placed at 45 degrees and 7 cm apart according previous
standardization. The results showed that the speed of sound decreases
immediately after the fracture, relative to the contralateral bone used as a
reference and, gradually rises during the consolidation process to reach
values near landmark with 12 weeks post-trauma. It was concluded that
bone ultrasonometry by direct contact is feasible in the clavicle in vivo and
it can be used in the clinical follow-up of patients with midshaft fractures
who underwent conservative treatment.
Keywords: Ultrasound; Bone; Clavicle.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1. MÉTODO TRANSMISSÃO-RECEPÇÃO ........................................................................ 19
FIGURA 2. MÉTODO PULSO-ECO ............................................................................................... 20
FIGURA 3. REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA – CÁLCULO DA BUA .............................................. 22
FIGURA 4. GRÁFICO PARA O CÁLCULO DA BUA ......................................................................... 23
FIGURA 5. ANATOMIA DA CLAVÍCULA (VISÃO SUPERIOR E INFERIOR). ..................................... 29
FIGURA 6. RADIOGRAFIA DA CLAVÍCULA EM INCIDÊNCIA ÂNTERO-POSTERIOR. ....................... 32
FIGURA 7: CLASSIFICAÇÃO DE ALLMAN MODIFICADA POR NEER E GRAIG PARA AS FRATURAS
DA CLAVÍCULA. ......................................................................................................................... 33
FIGURA 8: CLASSIFICAÇÃO DE ROBINSON PARA AS FRATURAS DA CLAVÍCULA. ........................ 34
FIGURA 9. CONFIGURAÇÃO MOSTRANDO O SISTEMA DE MEDIDAS ULTRASSÔNICAS;
EQUIPAMENTO ULTRASSÔNICO, OSCILOSCÓPIO E MICROCOMPUTADOR. ............................... 41
FIGURA 10. IMAGEM DA ONDA EMITIDA (AMARELO) E RECEBIDA (VERDE) VISUALIZADA
NO OSCILOSCÓPIO................................................................................................ ................... 42
FIGURA 11. PEÇA DE POLITETRAFLUORETILENO COM 23 MM DE ESPESSURA USADA PARA
CALIBRAÇÃO DO EQUIPAMENTO. ............................................................................................. 43
FIGURA 12. MEDIDA DA VELOCIDADE DO ULTRASSOM PELA TÉCNICA DO CONTATO DIRETO
AXIAL. ....................................................................................................................................... 43
FIGURA 13. MEDIDA DA VELOCIDADE DO ULTRASSOM PELA TÉCNICA DO CONTATO DIRETO
TRANSVERSAL. .......................................................................................................................... 44
FIGURAS 14 A E B. SUPORTE DE ALUMÍNIO PARA ACOPLAMENTO DOS TRANSDUTORES (VISÃO
SUPERIOR EM A E VISÃO LATERAL EM B). ................................................................................. 45
FIGURA 15. TRANSDUTORES ACOPLADOS NO SUPORTE NA DISTÂNCIA DE 5 CM. ..................... 45
FIGURA 16. SISTEMA POSICIONADO A 90 GRAUS. ..................................................................... 46
FIGURA 17. SISTEMA POSICIONADO A 45 GRAUS. ..................................................................... 46
FIGURA 18. SISTEMA POSICIONADO A 0 GRAU. ........................................................................ 47
FIGURA 19. REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA ANGULAÇÃO DOS TRANSDUTORES
POSICIONADOS NA CLAVÍCULA EM RELAÇÃO AO SOLO. ........................................................... 47
FIGURA 20. COMPARAÇÃO DA VPUS (VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DO ULTRASSOM EM M/S)
ENTRE OS GÊNEROS (F: FEMININO E M: MASCULINO) INDEPENDENTEMENTE DA ANGULAÇÃO E
DA DISTÂNCIA ENTRE OS TRANSDUTORES. ............................................................................... 49
FIGURA 21. COMPARAÇÃO DA VPUS (VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DO ULTRASSOM EM M/S)
ENTRE OS LADOS D (DIREITO) E E (ESQUERDO) INDEPENDENTEMENTE DA ANGULAÇÃO E DA
DISTÂNCIA ENTRE OS TRANSDUTORES. ..................................................................................... 50
FIGURA 22. COMPARAÇÃO DA VPUS (VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DO ULTRASSOM EM M/S)
DAS DISTÂNCIAS (3, 5 E 7 CM) INDEPENDENTEMENTE DA ANGULAÇÃO DOS TRANSDUTORES. 51
FIGURA 23. COMPARAÇÃO DA VPUS (VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DO ULTRASSOM EM M/S)
ENTRE AS ANGULAÇÕES DOS TRANSDUTORES (GRAUS) INDEPENDENTEMENTE DA DISTÂNCIA
ENTRE OS MESMOS. .................................................................................................................. 52
FIGURA 24. COMPARAÇÕES DAS VPUS (VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DO ULTRASSOM EM
M/S) VARIANDO AS ANGULAÇÕES DOS TRANSDUTORES (GRAUS) EM CADA UMA DAS
DISTÂNCIAS ENTRE OS MESMOS (CM). ..................................................................................... 53
FIGURA 25. COMPARAÇÕES DAS VPUS (VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DO ULTRASSOM EM
M/S) VARIANDO AS DISTÂNCIAS ENTRE OS TRANSDUTORES (CM) EM CADA UMA DAS
ANGULAÇÕES (GRAUS). ............................................................................................................ 53
FIGURA 26. REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA ULTRASSONOMETRIA ÓSSEA PELA TÉCNICA DE
TRANSMISSÃO AXIAL PARA AVALIAÇÃO DA CONSOLIDAÇÃO DE FRATURAS EM OSSOS LONGOS.
.................................................................................................................................................. 55
FIGURA 27: BOX-PLOT PARA A VARIÁVEL VPUS (M/S) X TEMPO (SEMANAS). .......................... 62
REF: REFERÊNCIA (CLAVÍCULA CONTRA-LATERAL). .................................................................... 62
FIGURA 28: BOX-PLOT PARA A VARIÁVEL VPUS (M/S) X TEMPO (SEM) X DISTÂNCIA 3 CM. ...... 64
FIGURA 29: BOX-PLOT PARA A VARIÁVEL VPUS (M/S) X TEMPO (SEM) X DISTÂNCIA 5 CM. ...... 64
FIGURA 30: BOX-PLOT PARA A VARIÁVEL VPUS (M/S) X TEMPO (SEM) X DISTÂNCIA 7 CM. ...... 65
LISTA DE TABELAS
TABELA 1. MÉDIA DE VELOCIDADES DO SOM (WELLS, 1977; HILL, 1986;NJEH ET AL.,
1997; DE MATOS, 2000). ....................................................................................................................... 25
TABELA 2: RESULTADOS DO ESTUDO PILOTO PARA AS DISTÂNCIAS DE 3, 5 E 7 CM. ... 56
TABELA 3: RESULTADOS AGRUPADOS DO ESTUDO PILOTO. .................................................. 57
TABELA 4: PODER DO TESTE (ALPHA = 0,05). .............................................................................. 57
TABELA 5: TAMANHO DA AMOSTRA. ............................................................................................... 58
TABELA 6: ESTATÍSTICA DESCRITIVA PARA A VARIÁVEL VPUS (VELOCIDADE DE
PROPAGAÇÃO DO ULTRASSOM) EM M/S E TEMPO. T0: DATA DO TRAUMA; T1: 1
SEMANA PÓS-TRAUMA; T2: 2 SEMANAS PÓS-TRAUMA; T3: 4 SEMANAS PÓS-TRAUMA;
T4: 8 SEMANAS PÓS-TRAUMA; T5: 12 SEMANAS PÓS-TRAUMA; REF: REFERÊNCIA
(CLAVÍCULA CONTRA-LATERAL). ...................................................................................................... 61
TABELA 7: COMPARAÇÕES ENTRE OS TEMPOS PARA A VARIÁVEL VPUS. ......................... 63
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BUA broadband ultrasound attenuation
CDA contato direto axial
CDT contato direto transversal
DMO densidade mineral óssea
FMRP Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
HC Hospital das Clínicas
RM ressonância magnética
US ultrassom
USO ultrassonometria óssea
USP Universidade de São Paulo
USQ ultrassom quantitativo
V Volt
VPUS velocidade de propagação do ultrassom
VS velocidade do som
LISTA DE SÍMBOLOS
% porcentagem
°C graus Celsius
® marca registrada
cm centímetros
dB decibel
dB/MHz decibéis por mega Hertz
kHz quilo Hertz
MHz mega Hertz
mm milímetros
m/s metros por segundo
kg quilograma
SUMÁRIO1
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 18
1.1 MÉTODOS PARA CARACTERIZAÇÃO DE MEIOS UTILIZANDO ULTRASSOM ...................... 18 1.2 ULTRASSONOMETRIA ÓSSEA .................................................................................................................. 20
1.2.1 OSTEOPOROSE, QUALIDADE ÓSSEA E A ULTRASSONOMETRIA ÓSSEA ......................... 25 1.2.2 AVALIAÇÃO ULTRASSONOMÉTRICA DA CONSOLIDAÇÃO DAS FRATURAS ................... 27 1.3 A CLAVÍCULA ................................................................................................................................................... 29
1.3.1 MECANISMO DE TRAUMA E EPIDEMIOLOGIA .......................................................................... 30 1.3.2 AVALIAÇÃO CLÍNICA E DE IMAGEM .............................................................................................. 31 1.3.3 CLASSIFICAÇÃO RADIOGRÁFICA ..................................................................................................... 32 1.3.4 TRATAMENTO NÃO-CIRÚRGICO E SUAS INDICACÕES NAS FRATURAS DIAFISÁRIAS
................................................................................................................................................................................. 35
2. OBJETIVO ............................................................................................................................................... 38
3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................................... 40
3.1 ANÁLISE ULTRASSONOMÉTRICA .......................................................................................................... 40 3.1.1 GERADOR DE SINAL E TRANSDUTOR ........................................................................................... 40 3.1.2 DEFINIÇÃO DO PONTO DE REFERÊNCIA PARA OS VALORES DO TEMPO DE
PERCURSO ........................................................................................................................................................... 41 3.1.3 CALIBRAÇÃO ........................................................................................................................................... 42 3.1.4 MEDIDA POR CONTATO DIRETO .................................................................................................... 43
3.2 PADRONIZAÇÃO DO MÉTODO NA CLAVÍCULA “IN VIVO” ........................................................... 44 3.3 PLANEJAMENTO ESTATÍSTICO E DESENHO DO ESTUDO ........................................................... 55
4. RESULTADOS ........................................................................................................................................ 60
5. DISCUSSÃO ............................................................................................................................................ 67
6. CONCLUSÃO ........................................................................................................................................... 75
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................ 77
APÊNDICES ................................................................................................................................................. 71
ANEXOS
1Normas de acordo com as Diretrizes para apresentação de Dissertações e Teses
da USP: documento eletrônico e impresso. Parte I (ABNT). 2a edição. São Paulo,
2009. Disponível em http://www.teses.usp.br/info/Caderno_Estudos_9_PT_1.pdf. Acesso em: 20 de setembro de 2010.
INTRODUÇÃO
18 Introdução
1. INTRODUÇÃO
Desde os anos 50, as técnicas de ultrassom vêm sendo aplicadas
com sucesso em diversas áreas, para testes e exames de várias
estruturas. Mensurações de distâncias, espessuras, áreas e volumes,
verificação de descontinuidade e rugosidade de materiais, determinação
de falhas na geometria de um objeto, testes não-destrutivos em materiais
como polímeros e madeiras, verificações na forma de estruturas
submersas, estão entre as aplicações principais. Pode-se citar como
áreas que utilizam o ultrassom em suas pesquisas, a medicina, a
oceanografia, a metalurgia, a mecânica e a química (ASSEF et al., 2009).
Atualmente, na medicina, várias são as técnicas usadas baseadas
em radiação. Entre elas, a radiografia convencional e a tomografia
computadorizada. A utilização do ultrassom como método para
diagnóstico médico tem gerado grande interesse devido ao baixo custo,
portabilidade, facilidade de manuseio, possibilidade de conseguir gerar
imagens em tempo real, prover informações de propriedades físicas dos
tecidos, ser um método não invasivo e, principalmente, ter como
característica o fato de não ser radiação ionizante (NJEH et al., 2001).
1.1 MÉTODOS PARA CARACTERIZAÇÃO DE MEIOS
UTILIZANDO ULTRASSOM
As ondas ultrassônicas podem sofrer reflexão, refração, difração ou
espalhamento quando o feixe encontra uma interface entre meios com
características acústicas diferentes, por exemplo, tecidos líquidos e
sólidos. Baseados nesse comportamento, dois métodos experimentais
são geralmente utilizados para caracterização de meios biológicos e não-
biológicos por ultrassom: o método transmissão-recepção e o método
pulso-eco (reflexão). A combinação desses dois métodos permite obter
19 Introdução
informações sobre distância entre objetos, velocidade de propagação e
atenuação de ondas ultrassônicas nos meios (MAIA, 2001).
No método transmissão-recepção (Figura 1), são utilizados dois
transdutores independentes para transmitir e receber as ondas
ultrassônicas. Um pulso elétrico é aplicado ao transdutor transmissor,
gerando uma onda ultrassônica que se propaga através do meio e é
captada no transdutor receptor.
Figura 1. Método transmissão-recepção
No método pulso-eco (Figura 2) o mesmo transdutor atua como
transmissor e como receptor de ondas ultrassônicas. Um pulso elétrico é
aplicado ao transdutor e esse gera uma onda, que se propaga através do
meio 1 e, assim que encontra a interface entre os meios 1 e 2, parte da
20 Introdução
onda é refletida e outra se propaga através do meio 2. As ondas refletidas
que são captadas pelo transdutor trazem informações sobre a distância
ou a velocidade de propagação.
Figura 2. Método pulso-eco
1.2 ULTRASSONOMETRIA ÓSSEA
O ultrassom consiste em ondas acústicas acima da freqüência
audível para o ser humano e normalmente maiores que 20 kHz. São
ondas mecânicas, portanto, livres de radiação ionizante, em contraste
com as ondas eletromagnéticas como os raios-X (KAUFMAN; EINHORN,
1993).
Na maioria das aplicações em diagnóstico médico, freqüências
acima de 2 MHz são usadas para obter imagens de alta resolução,
baseadas na técnica de pulso-eco em que o mesmo transdutor é usado
como emissor e receptor. No entanto, quando o US é usado para
21 Introdução
avaliação óssea, utiliza-se a técnica de transmissão. Nesse caso, um
transdutor age como emissor e outro, do outro lado, como receptor.
Devido à grande atenuação no osso, freqüências entre 200 e 600 kHz são
comumente usadas. A atenuação das ondas acústicas aumenta com o
aumento da freqüência, e a transmissão de freqüências acima de 1 MHz
geralmente resulta em sinal pobre na recepção (PRINS et al., 1998).
O calcâneo é o osso mais usado para ultrassonometria óssea por
várias razões: (1) possui dois lados opostos em planos paralelos; (2) é
circundado por um fino envelope de partes moles; (3) é composto quase
que exclusivamente, por osso esponjoso; (4) é osso que suporta carga.
Água ou gel de acoplamento são usados para obter o contato acústico
entre os transdutores e o tecido.
Os dois parâmetros básicos medidos pelo ultrassom quantitativo
(USQ) são o coeficiente de atenuação de banda larga do ultrassom,
broadband ultrasound attenuation (BUA) e a velocidade do som (VS),
medidos respectivamente em dB/MHz e m/s. A BUA é derivada da
atenuação (AT) de várias freqüências e a VS é calculada pelo tempo de
trânsito de uma única freqüência. Já foi demonstrado que tanto a BUA
como a VS são significativamente diminuídas em mulheres com fraturas
da extremidade proximal do fêmur proximal (BARAN et al., 1988) e com
fraturas da coluna vertebral (GONELLI et al., 1995).
Para obtenção da BUA, sinais acústicos de freqüência crescente
são gerados pelo transdutor emissor. A amplitude do sinal não-atenuado
(ANA) é registrada pela medida no meio de referência, somente com água
entre o transdutor emissor e o receptor. Agora, com o calcâneo submerso
na água, o sinal é atenuado e a amplitude da onda recebe o nome de AA
(figura 3). A atenuação (AT) é expressa em decibéis (dB) e é calculada da
seguinte forma:
22 Introdução
AT1 = 20 logANA1
AA1
Figura 3. Representação esquemática – cálculo da BUA
A freqüência é aumentada progressivamente em medida
sucessivas, resultando em um aumento correspondente da atenuação
calculada. Quando se consegue um número suficiente de medidas, elas
são colocadas em um gráfico como mostra a figura 4. A BUA, que
corresponde ao coeficiente angular da curva freqüência versus
atenuação, é então calculada:
23 Introdução
Figura 4. Gráfico para o cálculo da BUA
BUA =Δ AT (dB)
Δ f (MHz)
A VS é calculada pelo tempo de demora Δt de uma onda, desde a
sua transmissão até a recepção. A onda é transmitida no tempo t=0 e é
detectada pelo receptor no tempo t=Δt. Assim, a velocidade de
propagação do ultrassom é dada pela equação:
VS = a/Δt
24 Introdução
Onde a é a distância entre os transdutores. Água, partes moles e osso
são incluídos nesta medida. Para excluir a influência da água e das partes
moles, a distância do transdutor até as partes moles e a espessura das
mesmas deve ser conhecida. Nestas condições, mede-se o tempo de
percurso no meio de referência e, posteriormente, faz-se a mesma
medida com a amostra entre os transdutores. Segundo Alves (1996),
Evans e Tavakoli (1990), Kotzki et al. (1994), McCloskey et al. (1990),
Nicholson et al. (1996) e Zagzebski et al. (1991), o cálculo da velocidade
do som num determinado meio é feito conforme a equação:
𝑽𝒔 =𝟏
𝟏
𝐕𝐫−
(𝐓𝐫−𝐓𝐬)
𝐝
Onde Vs é a velocidade do som na amostra; Vr a velocidade do
som no meio de referência (água); Tr o tempo de percurso do sinal no
meio de referência (água); Ts o tempo de percurso do sinal com a
amostra e d o comprimento da amostra
A reprodutibilidade das medidas efetuadas com o equipamento é
aferida pela realização periódica de medidas em um material de
referência, em geral o politetrafluoretileno (teflon®), permitindo corrigir
valores e ainda, assegurando melhores resultados para os parâmetros da
velocidade e da atenuação (DE MATOS, 2000). Wells (1977), Hill (1986),
Njeh et al. (1997) e De Matos (2000) descreveram os valores médios da
velocidade do ultrassom em diferentes tecidos biológicos, na água e no
politetrafluoretileno (Tabela 1).
25 Introdução
Tabela 1. Média de velocidades do som (WELLS, 1977; HILL,
1986;NJEH et al., 1997; DE MATOS, 2000).
1.2.1 OSTEOPOROSE, QUALIDADE ÓSSEA E A
ULTRASSONOMETRIA ÓSSEA
A definição de osteoporose está gradualmente deixando de ser
entendida como uma doença de fraturas para uma doença de risco de
fraturas (PRESTWOOD; KENNY, 1988). A osteoporose leva a uma
fragilidade óssea progressiva com consequente maior risco de fraturas,
espontâneas e por trauma mínimo (MOSEKILDE, 1989). É um importante
problema de saúde atual, pelos custos que implica para a sociedade e
para os indivíduos acometidos. Pacientes com fraturas da extremidade
proximal do fêmur apresentam altas taxas de morbidade e mortalidade e,
com o aumento da expectativa de vida, a incidência de fraturas
osteoporóticas vêm sofrendo aumento substancial. Assim, a identificação
de indivíduos em risco de fraturas é de grande importância para iniciar a
prevenção (MELTON et al., 1992).
A mensuração da densidade mineral óssea (DMO) por
densitometria óssea é considerada o mais importante fator de predição de
risco de fraturas osteoporóticas e pode ser realizada em diferentes ossos
e por uma variedade de métodos não-invasivos, os mais comuns sendo o
Meio analisado
Médias de
velocidade do som
(m/s)
Água 1.500
Teflon 1.250
Tecido adiposo 1.450
Tecidos moles 1.500 a 1.600
Osso trabecular 1.600 a 2.000
Osso cortical 2.500 a 4.000
26 Introdução
SEXA (single-energy X-ray absorptiometry) (KELLY; CRANE; BARAN,
1994) e o DEXA (dual-energy X-ray absorptiometry) (HANSEN et al.,
1990). Essas técnicas usam radiação ionizante, tornando o USQ,
baseado em ondas acústicas acima da freqüência audível, uma
alternativa atrativa. Além disso, a tecnologia do US é mais barata, ocupa
menos espaço e é mais fácil de usar.
Na década de 80, começaram as aplicações do US com a
finalidade de diagnosticar e medir a osteoporose, inclusive para prever o
risco de fratura óssea (SIEVÄNEN et al., 2001). Vários autores
demonstraram que a ultrassonometria óssea (USO) oferece uma medida
indireta da anisotropia (variação das propriedades físicas de um material
conforme a direção em que é investigada) e da qualidade do tecido ósseo
(BARBIERI et al., 2006).
Turner e Eich (1991), utilizando um modelo ex vivo de osso
trabecular bovino, demonstraram a capacidade da ultrassonometria óssea
em predizer a resistência mecânica do tecido ósseo. Gluer, Wu e
Gernant (1993), avaliando cubos de osso trabecular extraídos de fêmur
bovino, observaram que o coeficiente de atenuação e a velocidade de
propagação do ultrassom (VPUS) se alteravam linearmente de acordo
com o alinhamento trabecular e a conectividade do tecido ósseo. No osso
cortical, a VPUS é dependente da elasticidade, densidade e
homogeneidade do tecido (PREVRHAL et al., 2001).
Njeh et al. (1997) avaliaram a USO como método para predizer a
resistência mecânica do tecido ósseo em humanos. Vinte e três cabeças
femorais, extraídas de pacientes com osteoartrose, foram submetidas a
exames de USO e densidade óssea. Os autores observaram uma
correlação positiva entre as medidas e a resistência mecânica do osso
analisado. Em um estudo in vivo, onde foram analisadas tíbias de
27 Introdução
humanos, foi demonstrada a correlação entre VPUS, densidade e
espessura da parede cortical (SIEVÄNEN et al., 2001).
O ultrassom quantitativo é uma técnica relativamente nova para
diagnóstico da osteoporose. Ao contrário do método de densitometria
óssea, que avalia a DMO usando raio-X, o USQ não usa radiação
ionizante, é mais barato e mais fácil de usar. Estudos prospectivos
mostram que o USQ pode predizer o risco de fraturas e está sendo usado
para monitorar a resposta aos tratamentos anti-osteoporóticos. O USQ
pode ser realizado na extremidade distal do rádio, calcâneo, tíbia,
falanges e patela (FOLDES et al., 1995; GNUDI et al., 1995; KANN et al.,
1995; STEGMAN et al., 1996; TURNER et al., 1995).
1.2.2 AVALIAÇÃO ULTRASSONOMÉTRICA DA
CONSOLIDAÇÃO DAS FRATURAS
O processo de consolidação de fraturas é tradicionalmente
investigado pela avaliação radiográfica, que identifica a quantidade
visualmente detectável de calo formado (MARKEL; CHAO, 1993). O
exame radiográfico mostra evidências de consolidação óssea apenas
quando começa o processo de calcificação do calo periostal mas, não é
totalmente preciso (TIEDEMAN et al., 1990).
Técnicas mais modernas, como a densitometria e a tomografia
computadorizada estão sendo utilizadas atualmente, não apenas como
métodos de diagnóstico da osteoporose, mas também na avaliação da
consolidação óssea. Apesar da evolução atual dessas técnicas, elas
envolvem o uso de radiação ionizante, que apresentam efeitos deletérios
cumulativos sobre o organismo. Até por esse motivo, a procura por outros
métodos igualmente sensíveis, mas de menor custo, maior praticidade e
destituídos de efeitos deletérios é justificada, o ultrassom sendo um dos
recursos de maior potencial (BARBIERI et al. , 2006).
28 Introdução
Siegel, Anast e Fields (1958) já haviam demonstrado, em estudo
experimental em coelhos, que a velocidade de propagação do ultrassom
tende a se aproximar dos valores medidos no osso intacto conforme
avança o processo de consolidação. Gerlanc et al. (1975), em estudo
realizado em tíbias fraturadas de humanos, nos quais analisaram a
consolidação óssea normal, demonstraram que a VPUS inicialmente
decai, depois aumenta gradativamente até chegar a 95% do valor normal
(osso contra-lateral), após 12 meses da fratura. Os autores concluíram
que a medida da VPUS pode ser usada clinicamente como um
instrumento para monitorar a consolidação óssea. Em ambas as
pesquisas foi utilizada a técnica da transmissão do US sobre a superfície
cortical, em que os transdutores (emissor e receptor) são colocados
perpendicularmente sobre a tíbia (in vivo), paralelos entre si e separados
por uma distância pré-determinada.
A VPUS varia de paciente para paciente e, num mesmo paciente,
de um osso para outro. Um único valor proposto de velocidade não pode
ser usado como indicativo de consolidação óssea completa. O osso
contra-lateral intacto pode ser utilizado para comparações, indicando o
valor do ponto final da consolidação óssea, pois alguns autores
demonstraram que não ocorrem mudanças significativas na densidade do
osso não fraturado contra-lateral, desde a ocorrência da fratura até a
cicatrização total do osso fraturado (CATTERMOLE et al., 1997;
SAULGOZIS et al., 1996).
Atualmente, os estudos da ultrassonometria óssea e da
consolidação das fraturas estão focando em entender a influência que a
geometria da fratura, a presença de diferentes implantes cirúrgicos
(placas, parafusos, hastes intramedulares) e as complicações do
processo regenerativo (atraso de consolidação, não-união e
pseudoartrose) têm sobre a VPUS (SAULGOZIS et al., 1996; DODD et
al., 2007; DODD et al., 2008; MALIZOS et al., 2006).
29 Introdução
1.3 A CLAVÍCULA
A clavícula tem características singulares entre os ossos longos
sob muitos aspectos, como forma, estrutura e relações anatômicas. É o
primeiro osso a ossificar no embrião, na 5a semana gestacional, e o único
osso longo a ossificar a partir de um primórdio mesenquimal (ossificação
intramembranosa) (RING et al., 2000). Recebe seu nome por causa de
sua curvatura em forma de S com um ápice anterior medialmente e um
ápice posterior lateralmente, assemelhando-se ao símbolo musical de
mesmo nome (Figura 5) (MOSELEY, 1968).
Figura 5. Anatomia da clavícula (visão superior e inferior).
FONTE: NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana, 2ª. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2000
A clavícula é constituída de osso trabecular muito denso
desprovido de um canal medular bem definido. Em corte transversal a
clavícula muda gradualmente entre um aspecto lateral chato, uma porção
média tubular e uma extremidade medial prismática expandida
30 Introdução
(BASMAJIAN, 1963). É subcutânea em toda sua extensão e contribui
esteticamente para o contorno da região cervical e tórax superior.
A anatomia comparada suporta a opinião de que a clavícula
potencializa a função do membro superior em atividades acima da
cabeça, particularmente em ações que exigem força e estabilidade, e
resiste às forças de tração que se tornam tão proeminentes nas
atividades exigidas pelos animais arbóreos, dos quais a clavícula evoluiu
(BASMAJIAN, 1963). Serve também como uma armação óssea para
inserções musculares, fornece proteção para estruturas neurovasculares
subjacentes, transmite as forças dos músculos acessórios da respiração
para o tórax superior e contribui para a estética da base do pescoço
(MOSELEY, 1968).
1.3.1 MECANISMO DE TRAUMA E EPIDEMIOLOGIA
Em adultos as fraturas de clavícula resultam tipicamente de
traumatismos de moderada ou alta energia com impacto na face lateral do
ombro, queda sobre a mão estendida ou, menos comumente, de forma
direta. Em crianças e idosos podem ocorrer após traumas de baixa
energia (RING et al., 2000).
O primeiro pico de incidência é em homens com menos de 30 anos
de idade. O segundo pico, proporcionamelmente menor, ocorre após os
80 anos com discreta predominância feminina (STANLEY et al., 1988).
Segundo Nordqvist et al. (1998), as fraturas da clavícula
respondem por aproximadamente 4% de todas as fraturas do esqueleto
maduro e por 35% de todas as fraturas da região do ombro. O terço
médio é acometido em 76% das vezes, a clavícula distal em 20% e a
31 Introdução
porção medial em 4% dos casos. Variações desses números são
observadas quando se agrupam os casos por faixas etárias. A idade
também influencia o padrão de fratura, a presença de desvio e eventual
cominuição (ROBINSON, 1998; POSTACCHINI et al., 2002).
A razão pela qual o terço médio seja o local mais comum da fratura
da clavícula se deve ao fato de que esta porção é a mais fina e mais
estreita do osso; representa uma região transicional em curvatura,
tornando-a uma área mecanicamente fraca; e é a única área da clavícula
que não é suportada por inserções ligamentares ou musculares. Apesar
da íntima relação da clavícula com o plexo braquial, artéria e veia
subclávias e o ápice pulmonar, a lesão destas estruturas em associação
com a fratura da clavícula é incomum (ROBINSON, 1998).
1.3.2 AVALIAÇÃO CLÍNICA E DE IMAGEM
As fraturas de clavícula resultantes de traumas de baixa e média
energia são facilmente diagnosticadas e associadas com poucas
complicações. Deformidade, edema e equimose geralmente são
evidentes. A inspeção e palpação conseguem determinar a localização da
fratura ao longo da clavícula. O paciente usualmente refere dor para a
movimentação do ombro e à palpação do foco de fratura, além de manter
o membro de encontro ao tronco (RING et al., 2000).
A incidência ântero-posterior (AP) da clavícula identifica e localiza
a maioria das fraturas claviculares (Figura 6). O ideal é conseguir
visualizar ambas as articulações, esternoclavicular e acrômio-clavicular,
já que fraturas-luxacões destas articulações devem ser diferenciadas das
fraturas isoladas da clavícula. Incidências oblíquas, minimizando
sobreposições com outras estruturas, podem ser úteis para avaliação do
32 Introdução
grau e direção de eventuais desvios. A tomografia computadorizada tem
indicação na avaliação de desvios, encurtamento, cominuição, extensão
articular e não-união (RING et al., 2000; SHARR; MOHAMMED, 2003).
Figura 6. Radiografia da clavícula em incidência ântero-posterior.
1.3.3 CLASSIFICAÇÃO RADIOGRÁFICA
Allman (1967) propôs uma classificação baseada na localização
anatômica da fratura. Posteriormente, Neer (1968) classificou somente as
fraturas do terço lateral. Craig (1990) incluiu subdivisões adicionais para
as fraturas do terço lateral e classificou as do terço medial. (Figura 7).
33 Introdução
Figura 7: Classificação de Allman modificada por Neer e Graig para as fraturas da
clavícula.
Mais recentemente Robinson (1998), baseado na análise de 1000 fraturas
claviculares, subclassificou as diafisárias de acordo com o desvio e grau
de cominuição; assim como as do terço lateral e médio de acordo com o
Classificação das fraturas da clavícula
Grupo I: Fraturas do terço médio
Grupo II: Fraturas do terço lateral (distal)
Tipo 1: Fraturas com deslocamento mínimo (interligamentar)
Tipo 2: Deslocamento decorrente da linha de fratura medial em relação aos ligamentos coracoclaviculares
A: Fraturas com o ligamento conóide e trapezoide presos ao fragmento distal
B: Fraturas com o ligamento conóide dilacerado e o trapezoide preso ao fragmento distal
Tipo 3: Fraturas da superfície articular
Tipo 4: Dilaceração da manga periosteal
Tipo 5: Fraturas cominutivas sem ligamentos fixados proximal ou distalmente
Grupo III: Fraturas do terço medial (proximal)
Tipo 1: Fraturas com deslocamento mínimo
Tipo 2: Fraturas deslocadas
Tipo 3: Fraturas intra-articulares
Tipo 4: Separação epifisária
Tipo 5: Fraturas cominutivas
34 Introdução
desvio e acometimento articular. O mesmo autor relatou níveis aceitáveis
de concordância inter e intraobservador. (Figura 8).
Figura 8: Classificação de Robinson para as fraturas da clavícula.
Classificação de Robinson para as fraturas da clavícula
Tipo 1: Fraturas do terço medial
A: Não-deslocadas
A1: Extra-articulares
A2: Intra-articulares
B: Deslocadas
B1: Extra-articulares
B2: Intra-articulares
Tipo 2: Fraturas do terço médio
A: Com alinhamento cortical
A1: Não-deslocadas
A2: Anguladas
B: Deslocadas
B1: Simples ou com fragmento único “em borboleta
B2: Cominutivas ou segmentares
Tipo 3: Fraturas do terço lateral
A: Não-deslocadas
A1: Extra-articulares
A2: Intra-articulares
B: Deslocadas
B1: Extra-articulares
B2: Intra-articulares
35 Introdução
1.3.4 TRATAMENTO NÃO-CIRÚRGICO E SUAS
INDICACÕES NAS FRATURAS DIAFISÁRIAS
É aceito e difundido o conceito de que as fraturas diafisárias (terço
médio) sem desvio devem ser tratadas de maneira incruenta
(conservadora ou não-cirúrgica) (KHAN et al., 2009). No caso de fraturas
desviadas, a literatura apoiava a idéia de que raramente era necessária a
ostessíntese já que os índices de não-união eram reportados como
menores do que 1% (NEER, 1960; ROWE, 1968; ESKOLA et al., 1986;
ANDERSEN et al.,1987; STANLEY et al., 1988). Além disso, Neer (1960)
e Rowe (1968) apresentaram taxas de não-união maiores após a redução
aberta e fixação interna do que após o tratamento incruento. Altos índices
de satisfação dos pacientes após o tratamento conservador também
foram relatados (ESKOLA et al., 1986; ANDERSEN et al.,1987;
NORDQVIST et al., 1998).
Estudos mais recentes, entretanto, demonstraram porcentagem
maior de não-união e piores resultados funcionais com o tratamento não-
cirúrgico, ao passo que os resultados da redução aberta e fixação interna
melhoraram consideravelmente (MCKEE et al., 2003; MCKEE et al.,
2006). Até hoje não há consenso na literatura sobre qual é a melhor
opção terapêutica para os casos de fraturas desviadas do terço médio da
clavícula (KHAN et al., 2009).
Muitos métodos já foram descritos e propostos para o tratamento
conservador das fraturas da clavícula, sendo que os mais usados são a
tipóia simples e a imobilização com a então chamada “figura do oito”. Um
estudo comparativo demonstrou melhores índices de satisfação dos
pacientes com a tipóia e que os resultados funcionais e estéticos de
ambos os métodos são muito similares. O risco de compressão da região
36 Introdução
axilar é maior nos pacientes tratados com a “figura do oito”, razão pela
qual a tipóia tem seu uso mais difundido (ANDERSEN et al., 1987). Em
ambos os casos, a imobilização pode ser descontinuada assim que a dor
esteja ausente. As atividades cotidianas são progressivamente liberadas
e a fisioterapia supervisionada raramente é necessária (KHAN et al.,
2009). Ausência de dor e mobilidade no foco da fratura e presença de
calo ósseo na radiografia convencional confirmam a consolidação
(ROBINSON et al., 2004).
OBJETIVO
38 Objetivo
2. OBJETIVO
O objetivo primário é avaliar a possibilidade do uso da
ultrassonometria óssea no seguimento clínico de pacientes com fratura da
clavícula submetidos ao tratamento incruento.
O objetivo secundário é padronizar a técnica in vivo em humanos.
MATERIAIS E MÉTODOS
40
Materiais e Métodos
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 ANÁLISE ULTRASSONOMÉTRICA
3.1.1 GERADOR DE SINAL E TRANSDUTOR
Para a realização dos procedimentos foram utilizados dois
transdutores (um emissor e um receptor), confeccionados com pastilhas
de PZT-5, cerâmica com propriedade piezoelétrica, em forma de disco de
15 mm de diâmetro. Os transdutores estavam conectados a um
equipamento gerador-receptor-amplificador de pulsos de ultrassom 1 ,
conectado a um osciloscópio2 para visualização do sinal recebido. Este,
por sua vez, está conectado a um microcomputador alimentado com um
programa para o processamento dos sinais e para o cálculo da velocidade
do ultrassom (Figura 9). O equipamento ultrassônico utilizado funciona
com um circuito que gera pulsos estreitos com frequência de 1 MHz. A
voltagem de entrada no transformador da fonte é regulável, mas foi
ajustada em 100 V, fixando assim a tensão aplicada no transdutor
emissor, com potência suficiente para o pulso atravessar a amostra óssea
sem ser totalmente atenuado.
1 Biotecnosis do Brasil ®.
2 Digital Storage Oscilloscope 3062A, Agilent Technologies®.
41
Materiais e Métodos
Figura 9. Configuração mostrando o sistema de medidas ultrassônicas;
equipamento ultrassônico, osciloscópio e microcomputador.
O sinal recebido pelo transdutor receptor é amplificado por um
circuito específico, dotado de uma chave seletora que permite amplificar
ou não o sinal, tendo sido estabelecida uma amplificação de três vezes,
para melhor visualização das ondas. O osciloscópio visualiza a recepção
da onda e o microcomputador processa os sinais recebidos e armazena
as informações.
3.1.2 DEFINIÇÃO DO PONTO DE REFERÊNCIA PARA OS
VALORES DO TEMPO DE PERCURSO
No cálculo da velocidade é importante identificar o ponto de
chegada da primeira onda (FAS, de first arrived signal), que definirá o
tempo de percurso no trajeto (Figura 10). Podem ser utilizados vários
referenciais para acusar a chegada do sinal, no presente caso ficou
definido como uma deflexão da onda maior que 5% da linha de base e
que é calculado automaticamente pelo programa do computador.
42
Materiais e Métodos
Figura 10. Imagem da onda emitida (amarelo) e recebida (verde) visualizada no
osciloscópio.
3.1.3 CALIBRAÇÃO
O equipamento era calibrado utilizando-se um cilindro de
politetrafluoretileno (figura 11), cuja velocidade de propagação do
ultrassom é conhecida e constante. O cilindro era posicionado entre os
transdutores, de forma que a onda ultrassônica incidisse na face plana da
peça. Utilizava-se gel de acoplamento (gel para ultrassom convencional
Nº 3, Farmácia do HCFMRP-USP) entre os trandutores e a peça de
politetrafluoretileno. Esse procedimento era repetido antes da avaliação
de cada paciente, para assegurar a reprodutibilidade das medidas. A
velocidade de propagação do ultrassom no cilindro de teflon, em média,
foi de 1.156 m/s.
43
Materiais e Métodos
Figura 11. Peça de politetrafluoretileno com 23 mm de espessura usada para
calibração do equipamento.
3.1.4 MEDIDA POR CONTATO DIRETO
As medidas por contato direto são realizadas com auxílio de um
gel de acoplamento. Dois tipos de montagens podem ser feitas, uma para
aferição da velocidade do ultrassom por transmissão axial e, outra, para a
transmissão transversal. As figuras 12 e 13 ilustram estas possibilidades
em uma lâmina óssea.
Figura 12. Medida da velocidade do ultrassom pela técnica do contato direto
axial.
44
Materiais e Métodos
Figura 13. Medida da velocidade do ultrassom pela técnica do contato direto
transversal.
3.2 PADRONIZAÇÃO DO MÉTODO NA CLAVÍCULA “IN VIVO”
Em função de não haver na literatura nenhuma referência ao uso
da ultrassonometria óssea na clavícula, ex vivo e in vivo, a técnica foi
testada para avaliar sua factibilidade e, então, padronizada. Vinte
voluntários, 10 do gênero masculino e 10 do feminino, adultos (idade
mínima de 25 anos e máxima de 60 anos), sem afecções clínicas e sem
história prévia de fratura da clavícula foram submetidos à avaliação
ultrassonométrica com diferentes posicionamentos dos transdutores
(distância entre os mesmos e angulação em relação à clavícula). Para tal
foi confeccionado suporte de alumínio com orifícios específicos para o
acoplamento dos transdutores que permitiam os posicionar em diferentes
distâncias do seu centro geométrico, 3, 5 e 7 cm (Figuras 14 A e B e 15).
45
Materiais e Métodos
A
B
Figuras 14 A e B. Suporte de alumínio para acoplamento dos transdutores (visão
superior em A e visão lateral em B).
Figura 15. Transdutores acoplados no suporte na distância de 5 cm.
A ultrassonometria óssea foi realizada em ambas clavículas de
cada voluntário, com os transdutores posicionados nas distâncias de 3, 5
e 7 cm e com o sistema posicionado em três situações distintas,
46
Materiais e Métodos
convencionadas como 0°, 45° e 90° em relação ao solo (Figuras 16, 17,
18 e 19). A angulação do sistema era feita com auxílio de goniômetro
manual, com um braço paralelo ao solo e o outro alinhado com o eixo dos
transdutores.
Figura 16. Sistema posicionado a 90 graus.
Figura 17. Sistema posicionado a 45 graus.
47
Materiais e Métodos
Figura 18. Sistema posicionado a 0 grau.
Figura 19. Representação esquemática da angulação dos transdutores
posicionados na clavícula em relação ao solo.
Para atender o objetivo proposto, foram utilizados testes t-
Student, que consiste em comparar duas médias provenientes de
amostras não pareadas. Para a utilização deste teste é necessário testar
se as variâncias dos dois grupos são estatisticamente iguais, e se os
dados seguem distribuição normal. Para a realização deste procedimento
foi utilizado o procedimento PROC TEST do Software SAS® (SAS/STAT®
User’s Guide, Version 9.0, Cary, NC: SAS Institute Inc., 2003).
48
Materiais e Métodos
Utilizou-se também a metodologia de análise de variância
ANOVA (MONTGOMERY, 2000). Esta metodologia baseia-se em
particionar a variância total de uma determinada resposta (variável
dependente) em duas partes: a primeira devida ao modelo de regressão
(no caso, entre grupos) e a segunda devida aos resíduos (dentro dos
grupos). Quanto maior for a primeira em relação à segunda, maior é a
evidência da diferença entre as médias dos grupos. Esse modelo tem
como pressuposto que seus resíduos tenham distribuição normal com
média 0 e variância constante. Quando esse pressuposto não foi
atendido, foi aplicada uma transformação na variável resposta. Este
procedimento foi realizado através do software SAS®, utilizando a PROC
GLM. Para as comparações foi utilizado contrastes ortogonais baseados
na distribuição t.
Os modelos lineares de efeitos mistos (efeitos aleatórios e
fixos) são utilizados na análise de dados onde as respostas de um mesmo
indivíduo estão agrupadas e a suposição de independência entre
observações num mesmo grupo não é adequada (SCHALL, 1991).
No modelo de efeitos mistos utilizado, foram considerados
como efeito aleatório os indivíduos e, como efeitos fixos, as distâncias, os
tempos e a interação entre os mesmos. Tal modelo, tem como
pressuposto, que o resíduo obtido através da diferença entre os valores
preditos pelo modelo e os valores observados tenha distribuição normal
com média 0 e variância constante. O ajuste do modelo foi feito através
do procedimento PROC MIXED do software estatístico SAS® 9.0.
Inicialmente foi realizada uma análise descritiva dos resultados.
Entre os 20 voluntários, a média de idade foi de 41,3 anos com desvio
padrão de 11,5 (apêndice A). Quanto ao gênero, independentemente da
angulação ou distância entre os transdutores, a média da VPUS foi de
3062,88 m/s para as mulheres e 3059,73 m/s para os homens, sem
diferença significativa (p=0,6018) conforme ilustra a figura 20 e os
apêndices B e C.
49
Materiais e Métodos
Figura 20. Comparação da VPUS (Velocidade de Propagação do Ultrassom em
m/s) entre os gêneros (F: feminino e M: masculino) independentemente da
angulação e da distância entre os transdutores.
A comparação entre os lados, independentemente da
angulação e da distância entre os transdutores, evidenciou VPUS média
de 3061,66 m/s no lado direito e 3060,96 m/s no lado esquerdo, sem
diferença significativa (p=0,9079) conforme ilustra a figura 21 e os
apêndices D e E.
F M
3000
3050
3100
3150
VP
US
Gênero
50
Materiais e Métodos
Figura 21. Comparação da VPUS (Velocidade de Propagação do Ultrassom em
m/s) entre os lados D (direito) e E (esquerdo) independentemente da angulação
e da distância entre os transdutores.
A comparação das distâncias entre os transdutores,
independentemente da angulação dos mesmos obteve como médias de
VPUS 3057,98 m/s, 3072,75 m/s e 3053,18 m/s respectivamente para 3, 5
e 7 cm. Houve diferença significativa entre 3 e 5 cm (p=0,0448) e entre 5
e 7 cm (p=0,0080). Não houve diferença significativa entre 3 e 7 cm
(p=0,5132). Resultados apresentados nos apêndices F e G e na figura 22.
D E
3000
3050
3100
3150
VP
US
Lado
51
Materiais e Métodos
Figura 22. Comparação da VPUS (Velocidade de Propagação do Ultrassom em
m/s) das distâncias (3, 5 e 7 cm) independentemente da angulação dos
transdutores.
A comparação das angulações dos transdutores,
independentemente da distância entre os mesmos obteve como médias
de VPUS 3059,17 m/s, 3061,88 m/s e 3062,88 m/s respectivamente para
0, 45 e 90 graus. Não houve diferença significativa entre os grupos.
Resultados apresentados nos apêndices H e I e na figura 23.
3 5 7
3000
3050
3100
3150
VP
US
Distâncias
52
Materiais e Métodos
Figura 23. Comparação da VPUS (Velocidade de Propagação do Ultrassom em
m/s) entre as angulações dos transdutores (graus) independentemente da
distância entre os mesmos.
Fixando os transdutores em uma angulação específica e
analisando os resultados obtidos comparando as distâncias entre os
mesmos par a par só houve diferença significativa em duas situações,
ambas com a posição convencionada em 0 grau e quando se comparou
as distâncias de 3 e 5 cm (p=0,0170) e 5 e 7 cm (p=0,0221). Fixando a
distância entre os transdutores e analisando os resultados obtidos
comparando as angulações par a par não houve diferença significativa em
nenhuma situação. Os dados estão apresentados nos apêndices J, K e L
e figuras 24 e 25.
0 45 90
3000
3050
3100
3150
VP
US
Inclinação
53
Materiais e Métodos
Figura 24. Comparações das VPUS (Velocidade de Propagação do Ultrassom em
m/s) variando as angulações dos transdutores (graus) em cada uma das
distâncias entre os mesmos (cm).
Figura 25. Comparações das VPUS (Velocidade de Propagação do Ultrassom em
m/s) variando as distâncias entre os transdutores (cm) em cada uma das
angulações (graus).
0 45 90 0 45 90 0 45 90
3000
3050
3100
3150
VP
US
3 5 7
3 5 7 3 5 7 3 5 7
3000
3050
3100
3150
VP
US
0 45 90
54
Materiais e Métodos
Os voluntários foram selecionados em igual número no gênero
masculino e feminino, todos em idade adulta e sem afecções clínicas ou
fratura prévia das clavículas para padronizar a amostra e facilitar a análise
estatística. Não houve diferença significativa nas medidas obtidas entre
os gêneros e entre os lados, independentemente da distância entre os
transdutores ou a angulação dos mesmos. A importância da verificação
da ausência de diferença entre o lado direito e esquerdo, evidencia que a
dominância não interfere nas medidas e que a clavícula contralateral pode
ser usada como referência para as mensurações da clavícula fraturada
num eventual estudo clínico.
Alterando a distância entre os transdutores e a angulação do
sistema, em todas as configurações possíveis, só houve diferença
significativa em 2 situações. Ambas com os transdutores em 0 grau
(paralelos ao solo) e na comparação entre 3 e 5 cm e entre 5 e 7 cm.
Analisando o boxplot dessas medidas verifica-se que as médias e
medianas em cada uma dessas comparações, não apresentaram
diferenças maiores que 50 m/s, o que frente à variação das mínimas e
máximas em todas as situações (150 m/s) minimiza sua importância.
Quanto à angulação do sistema, já que podemos aceitar que todas
as posições têm resultados semelhantes, acreditamos que a melhor é a
de 45 graus pois é de mais fácil adaptação em pacientes com os mais
variados tipos físicos. Quanto à distância entre os transdutores, estudo
recente em osso bovino ex vivo já mostrou que ela não interfere na VPUS
e a dificuldade em captação do sinal estaria na potência do aparelho
gerador de sinal (MANDARANO-FILHO et al., 2012). Quanto maior a
distância entre os transdutores, mais fácil seria a adaptação na clavícula
pensando numa situação clínica em que o foco de fratura deve
permanecer no meio. Com estes dados, com este aparelho e instrumental
e frente às características anatômicas da clavícula, um estudo clínico que
acompanhasse a consolidação das fraturas de clavícula pela
ultrassonometria óssea seria melhor conduzido com os transdutores na
posição de 45 graus e com 7 cm de afastamento.
55
Materiais e Métodos
3.3 PLANEJAMENTO ESTATÍSTICO E DESENHO DO ESTUDO
Um estudo piloto foi realizado com uma paciente de 22 anos
com fratura diafisária fechada do terço médio da clavícula submetida ao
tratamento incruento com tipóia simples. Ela não tinha história de fraturas
anteriores em ambas as clavículas e não possuía comorbidades clínicas.
A ultrassonometria óssea foi feita no dia do trauma (em ambas as
clavículas) e na clavícula fraturada em todos os retornos para reavaliação
clínica e radiográfica (T0: data do trauma, T1: 1 semana pós-trauma, T2:
2 semanas pós-trauma, T3: 4 semanas pós-trauma, T4: 8 semanas pós-
trauma e T5: 12 semanas pós-trauma). Com 12 semanas a fratura já
estava clinicamente consolidada, sem dor ou mobilidade do foco de
fratura. A técnica utilizada foi a mesma proposta na padronização, contato
direto e transmissão axial com o conjunto suporte/transdutores
posicionados em 45 graus. O foco da fratura era sempre posicionado
entre os transdutores (figura 26). Apesar do estudo prévio demonstrar que
a distância entre os transdutores não influencia os resultados, optou-se
em avaliar diferentes afastamentos entre os mesmos (3, 5 e 7 cm). As
mensurações foram repetidas 3 vezes para cada distância.
Figura 26. Representação esquemática da ultrassonometria óssea pela técnica de
transmissão axial para avaliação da consolidação de fraturas em ossos longos.
56
Materiais e Métodos
A estatística descritiva dos resultados está apresentada nas
tabelas 2 e 3.
Tabela 2: Resultados do estudo piloto para as distâncias de 3,
5 e 7 cm.
Distância Tempo n Média Desvio-Padrão Mínimo Mediana Máximo
3
0 3 1823,00 73,12 1756,00 1812,00 1901,00
1 3 1864,00 62,22 1793,00 1890,00 1909,00
2 3 2091,00 79,50 2011,00 2092,00 2170,00
3 3 2401,67 30,57 2370,00 2404,00 2431,00
4 3 2623,33 31,21 2601,00 2610,00 2659,00
5 3 2798,33 25,66 2770,00 2805,00 2820,00
Referência 3 3087,33 27,43 3056,00 3099,00 3107,00
5
0 3 1807,00 68,35 1743,00 1799,00 1879,00
1 3 1834,67 60,12 1769,00 1848,00 1887,00
2 3 2110,00 40,26 2075,00 2101,00 2154,00
3 3 2419,00 47,79 2367,00 2429,00 2461,00
4 3 2652,33 44,09 2610,00 2649,00 2698,00
5 3 2800,33 40,02 2761,00 2799,00 2841,00
Referência 3 3052,00 57,30 2989,00 3066,00 3101,00
7
0 3 1853,33 70,69 1772,00 1888,00 1900,00
1 3 1809,67 63,45 1751,00 1801,00 1877,00
2 3 2103,00 59,03 2043,00 2105,00 2161,00
3 3 2403,67 39,17 2361,00 2412,00 2438,00
4 3 2645,33 43,62 2600,00 2649,00 2687,00
5 3 2798,33 33,71 2771,00 2788,00 2836,00
Referência 3 3042,33 50,20 2988,00 3052,00 3087,00
57
Materiais e Métodos
Tabela 3: Resultados agrupados do estudo piloto.
Tempo n Média Desvio-Padrão Mínimo Mediana Máximo
0 9 1827,78 64,57 1743,00 1812,00 1901,00
1 9 1836,11 58,59 1751,00 1848,00 1909,00
2 9 2101,33 54,09 2011,00 2101,00 2170,00
3 9 2408,11 35,43 2361,00 2412,00 2461,00
4 9 2640,33 37,11 2600,00 2649,00 2698,00
5 9 2799,00 29,15 2761,00 2799,00 2841,00
Referência 9 3060,56 45,38 2988,00 3066,00 3107,00
Para o cálculo do tamanho da amostra e poder do teste utilizou-
se o software estatístico SAS versão 9.0 no PROC POWER (SAS/STAT®
User’s Guide, Version 9.0, Cary, NC: SAS Institute Inc., 2003). Utilizou-se
as médias de cada um dos tempos observados no estudo piloto (T0, T1,
T2, T3, T4, T5 e Referência) e o maior desvio-padrão entre eles. Para um
poder de 0,9 (alpha=0,05) seriam necessários 4 pacientes e um tamanho
amostral de 10 pacientes já seria suficiente para encontrar resultados
estatisticamente significativos. As tabelas 4 e 5 apresentam os resultados.
Tabela 4: Poder do teste (Alpha = 0,05).
Poder n
0,5 3
0,6 3
0,7 3
0,8 4
0,9 4
58
Materiais e Métodos
Tabela 5: Tamanho da amostra.
alpha
beta 0,001 0,01 0,02 0,05 0,1 0,15
0,001 14 10 9 8 7 6
0,01 11 8 7 6 5 5
0,02 11 8 7 6 5 4
0,05 9 7 6 5 4 3
0,1 9 6 5 4 3 3
0,2 8 5 4 3 3 2
0,25 7 5 4 3 3 2
O desenho do estudo foi planejado conforme o piloto. Os critérios
de inclusão foram pacientes com idade entre 18 e 75 anos, de ambos os
gêneros, sem afecções clínicas e com fraturas mediodiafisárias unilaterais
da clavícula com indicação de tratamento conservador. Os critérios de
exclusão foram pacientes com fraturas prévias da clavícula, fraturas
bilaterais, menos de 18 ou mais de 75 anos, indicação de tratamento
cirúrgico e afecções clínicas.
RESULTADOS
60 Resultados
4. RESULTADOS
Realizou-se estatística descritiva com os dados. Esta metodologia
tem como objetivo básico sintetizar uma série de valores de mesma
natureza, permitindo que se tenha uma visão global da variação desses
valores, organizando e descrevendo os dados de três maneiras: por meio
de tabelas, de gráficos e de medidas descritivas.
Os modelos lineares de efeitos mistos (efeitos aleatórios e fixos)
são utilizados na análise de dados onde as respostas de um mesmo
indivíduo estão agrupadas e a suposição de independência entre
observações num mesmo grupo não é adequada (SCHALL, 1991).
No modelo de efeitos mistos utilizado, foram considerados como
efeito aleatório os indivíduos e, como efeitos fixos, as distâncias, os
tempos e a interação entre os mesmos. Tal modelo, tem como
pressuposto, que o resíduo obtido através da diferença entre os valores
preditos pelo modelo e os valores observados tenha distribuição normal
com média 0 e variância constante. O ajuste do modelo foi feito através
do procedimento PROC MIXED do software estatístico SAS® 9.0
(SAS/STAT® User’s Guide, Version 9.0, Cary, NC: SAS Institute Inc.,
2003).
No período proposto de seleção de pacientes para o estudo foram
conseguidos 28 casos de fraturas do terço médio da clavícula com
indicação de tratamento conservador. Destes, 2 eram presidiários, 5
estavam fora dos critérios de idade para inclusão no estudo (abaixo de 18
e acima de 75 anos), 4 não compareceram nos retornos agendados e 1
não aceitou participar como voluntário. Dezesseis pacientes completaram
o seguimento, todos com fraturas clinicamente consolidadas e
confirmadas por exame radiográfico, e foram incluídos no estudo, 13 do
gênero masculino e 3 do feminino (Apêndice M). A idade média na data
da fratura foi de 32,94 anos, com mínimo de 18 e máximo de 75 anos
(Apêndice N).
61 Resultados
A Tabela 6 apresenta a estatística descritiva para os valores da
VPUS em todos os tempos e na referência, independentemente da
distância entre os transdutores. A figura 27 ilustra os dados.
Tabela 6: Estatística descritiva para a variável VPUS
(Velocidade de Propagação do Ultrassom) em m/s e tempo.
T0: data do trauma; T1: 1 semana pós-trauma; T2: 2 semanas
pós-trauma; T3: 4 semanas pós-trauma; T4: 8 semanas pós-
trauma; T5: 12 semanas pós-trauma; REF: Referência
(clavícula contra-lateral).
VPUS
Tempo n Obs n Média Desvio-Padrão Mínimo Mediana Máximo
0 144 16 1827.06 44.55 1733.00 1830.00 1909.00
1 144 16 1831.52 51.73 1745.00 1834.50 1907.00
2 144 16 2103.55 45.38 2012.00 2100.00 2169.00
3 144 16 2408.82 27.19 2355.00 2402.00 2460.00
4 144 16 2652.72 31.91 2577.00 2655.00 2698.00
5 144 16 2797.63 85.68 1811.00 2802.00 2841.00
REF 144 16 3050.99 41.23 2989.00 3053.00 3107.00
62 Resultados
Figura 27: Box-plot para a variável VPUS (m/s) x Tempo (semanas).
Ref: referência (clavícula contra-lateral).
As comparações entre os tempos (par a par) evidencia que há
diferença estatisticamente significativa entre todos, exceto na comparação
T0-T1 ( T0: data do trauma; T1: 1 semana pós-trauma), conforme dados
apresentados na Tabela 7.
0 1 2 4 8 12 Ref
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
VP
US
Semanas
63 Resultados
Tabela 7: Comparações entre os tempos para a variável VPUS.
A análise estatística dos dados, para cada uma das distâncias
entre os transdutores (3, 5 e 7 cm) de forma separada é ilustrada nas
figuras 28, 29 e 30. A descrição dos dados no apêndice O.
Comparações Estimativas p-valor Intervalo de Confiança 95%
(T0 - T1) -4.45833 0.4497 -16.02778 7.11111
(T0 - T2) -276.48611 <0.0001 -288.05555 -264.91667
(T0 - T3) -581.75694 <0.0001 -593.32639 -570.18750
(T0 - T4) -825.65278 <0.0001 -837.22222 -814.08334
(T0 - T5) -970.56944 <0.0001 -982.13889 -959.00000
(T0 - REF) -1223.93056 <0.0001 -1235.50000 -1212.36111
(T1 - T2) -272.02778 <0.0001 -283.59722 -260.45834
(T1 - T3) -577.29861 <0.0001 -588.86805 -565.72917
(T1 - T4) -821.19444 <0.0001 -832.76389 -809.62500
(T1 - T5) -966.11111 <0.0001 -977.68055 -954.54167
(T1 - REF) -1219.47222 <0.0001 -1231.04166 -1207.90278
(T2 - T3) -305.27083 <0.0001 -316.84028 -293.70139
(T2 - T4) -549.16667 <0.0001 -560.73611 -537.59722
(T2 - T5) -694.08333 <0.0001 -705.65278 -682.51389
(T2 - REF) -947.44444 <0.0001 -959.01389 -935.87500
(T3 - T4) -243.89583 <0.0001 -255.46528 -232.32639
(T3 - T5) -388.81250 <0.0001 -400.38194 -377.24306
(T3 - REF) -642.17361 <0.0001 -653.74305 -630.60417
(T4 - T5) -144.91667 <0.0001 -156.48611 -133.34722
(T4 - REF) -398.27778 <0.0001 -409.84722 -386.70834
(T5 - REF) -253.36111 <0.0001 -264.93055 -241.79167
64 Resultados
Figura 28: Box-Plot para a variável VPUS (m/s) x Tempo (sem) x Distância 3 cm.
Figura 29: Box-Plot para a variável VPUS (m/s) x Tempo (sem) x Distância 5 cm.
0 1 2 4 8 12 Ref
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
Distância 3
VP
US
Semanas
0 1 2 4 8 12 Ref
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
Distância 5
VP
US
Semanas
65 Resultados
Figura 30: Box-Plot para a variável VPUS (m/s) x Tempo (sem) x Distância 7 cm.
As comparações entre todas as combinações possíveis de tempos
e distâncias para a VPUS está no apêndice P.
0 1 2 4 8 12 Ref
1800
2000
2200
2400
2600
2800
3000
Distância 7
VP
US
Semanas
DISCUSSÃO
67
Discussão
5. DISCUSSÃO
A avaliação quantitativa da qualidade do tecido ósseo por meio da
medida da velocidade de condução do ultrassom tem sido objeto de
inúmeras investigações, principalmente voltadas para a medida da
osteoporose e da consolidação óssea. Com relação à medida da
osteoporose, a literatura atual é mais rica e fornece subsídios sólidos para
a aplicabilidade clínica. Por outro lado, isto não é verdade quando o foco
é o processo de consolidação óssea. Há estudos ex vivo e in vivo, com
fortes evidências que o método possa ser aplicado clinicamente, porém,
muito ainda deve ser entendido até que possa ser padronizado e que os
resultados sejam confiáveis.
O processo de consolidação das fraturas em humanos e animais é
usualmente avaliado através de radiografias ou pela tomografia
computadorizada, métodos que envolvem o uso de radiação ionizante
com conhecidos efeitos deletérios sobre os tecidos (MARKEL; CHAO,
1993). Isto, somado ao fato de que o calo ósseo só é visível ao exame se
estiver suficientemente calcificado, que a consolidação óssea nem
sempre envolve a formação de calo, como nos casos de fraturas
diafisárias rigidamente fixadas submetidas à osteossíntese pelo método
da estabilidade absoluta, e que muitas vezes a linha da fratura não pode
ser visualizada em função da superposição por implantes metálicos,
justifica a busca por um recurso alternativo neste campo. Soma-se isto ao
fato de que pode ser necessário obter muitas e repetidas radiografias no
curso do tratamento, expondo o paciente a uma dose excessiva de
radiação, com grande potencial de lesões secundárias, particularmente
em crianças e gestantes.
A disponibilização de um recurso que envolva o emprego de um
agente físico não-ionizante e que possa ser usado nas fases iniciais da
consolidação seria de grande utilidade, principalmente quando muitas
avaliações sucessivas se façam necessárias. A ressonância magnética
68
Discussão
(RM) reúne as características acima, mas é cara, nem sempre disponível
e as imagens conseguidas sofrem influência dos implantes metálicos,
dificultando uma interpretação adequada. O uso do ultrassom
convencional é uma possibilidade, visto que o método é barato, se
comparado às outras técnicas, amplamente disponível e de fácil
manuseio. Porém, com freqüência, as imagens obtidas são de difícil
interpretação, pouco reprodutíveis e dependem da experiência do
examinador. Os equipamentos que avaliam quantitativamente a condução
transóssea do ultrassom, como os usados no diagnóstico da osteoporose
e osteopenia, reúnem as características ideais para ser um método
auxiliar no estudo do processo da consolidação das fraturas, já que
possuem as vantagens já citadas do ultrassom, somadas a resultados
objetivos.
O uso da ultrassonometria para avaliação óssea foi descrito
inicialmente por Siegel, Anast e Fields (1958). Seu uso para avaliação da
densidade óssea através da BUA (Broadband Ultrasound Atenuation) foi
descrito por Langton et al. (1984), sendo capaz de predizer a qualidade e
a quantidade de massa óssea, ganhando espaço nos últimos anos com
vários modelos comercialmente disponíveis. Muitos estudos comprovam a
possibilidade do seu uso na avaliação de fraturas em modelos
experimentais simulados (XU et al., 2014; PROTOPAPPAS et al., 2006;
DODD et al., 2007; POTSIKA et al., 2014) e ex vivo em animais (XU et al.,
2014; DODD et al., 2007; POTSIKA et al., 2014; BEZUTI et al., 2013).
Poucos são os estudos in vivo, alguns em animais (PROTOPAPPAS et
al., 2005; MALIZOS et al., 2006; BARBIERI; BARBIERI, 2014) e outros
em humanos, todos eles em tíbias (ANAST et al., 1958; SAUGOZIS et al.,
1996; GERLANC et al., 1975; CUNNINGHAM et al., 1990). A explicação
provável para este fato é que a tíbia é um osso longo, subcutâneo, de fácil
acesso ao posicionamento dos transdutores, com pequena interferência
de partes moles e com relativa facilidade de casos dada sua alta
frequência em traumatologia. Porém, estes últimos são todos séries de
casos com interesse primário em mostrar uma nova possibilidade de
69
Discussão
monitoramento da consolidaçãoo das fraturas e não em fazer uma análise
estatística criteriosa.
Em nosso meio, Barbieri et al. (2006) realizaram um estudo ex vivo
sobre o uso da ultrassonometria subaquática transversal para avaliar a
consolidação de osteotomias diafisárias transversas da tíbia de ovelhas
em diferentes períodos, demonstrando que a velocidade de propagação
do ultrassom através do osso aumenta conforme o processo de
consolidação progride. Esta investigação foi realizada com um modelo de
fixação externa da osteotomia da tíbia, que propicia uma consolidação por
calo ósseo, processo inteiramente diferente da consolidação direta obtida
com as placas de fixação rígida por compressão axial. Este último tipo de
fixação tem se tornado cada vez mais frequente na prática clínica,
acarretando, igualmente, um aumento das complicações como o atraso
de consolidação, que pode ter seu diagnóstico dificultado pela
superposição do implante, como exposto anteriormente. Assim, Bezuti et
al. (2013) propuseram o estudo ex vivo da interação entre o osso e a
placa metálica de fixação de fraturas, pela medida da velocidade de
propagação do ultrassom em diferentes planos, demonstrando ser o
método eficiente na detecção da fenda de osteotomia transversa
mediodiafisária de tíbias de carneiros, não havendo influência significativa
do implante, na dependência do plano de incidência das ondas
ultrassônicas.
A ultrassonometria óssea pode ser realizada com os trandutores
posicionados de duas maneiras diferentes; opostos entre si, com o osso
entre eles, sendo a medida chamada de transversal; ou, paralelos entre
si, na mesma superfície cortical, sendo a medida chamada de axial. A
técnica usada também pode diferir entre a por contato direto, em que os
transdutores são colocados diretamente na superfície óssea com o auxílio
de um gel de acoplamento ou, a subaquática, em que o osso fica
completamente mergulhado em um tanque de água. O meio aquático
apresenta melhores condições para a propagação do som e o estudo de
70
Discussão
sua velocidade, porém, a técnica por contato direto é interessante porque,
muitas vezes, a análise subaquática in vivo é inviável.
As ondas ultrassônicas se propagam na forma de um cone, com
ondas divergindo a partir do transdutor emissor, mas com mais de 80%
delas concentradas em uma zona central de ondas quase paralelas,
chamada zona de Fresnel. As ondas dessa zona atingem o objeto e nele
se propagam, algumas percorrendo sua superfície, um percentual delas
chegando ao lado oposto e outro se dissipando; outro contigente
atravessa diretamente até o lado oposto, indo compor o grupo total que é
mensurável. As ondas da periferia do cone de emissão não atingem o
objeto e se refletem nas paredes do tanque acústico até se dissiparem, no
caso da técnica subaquática; ou simplesmente se perdem no ar, que é um
péssimo meio de condução, no caso da técnica por contato direto. Não é
possível quantificar com precisão o percentual de perda das ondas
ultrassônicas, mas de qualquer modo este fenômeno costuma ser igual
para todas as amostras testadas segundo a mesma técnica.
O equipamento usado para as medidas foi construído por empresa
especializada, para o fim específico da ultrasonometria óssea, podendo
ser adaptado tanto para as medidas subaquáticas como as de contato
direto, já tendo sido utilizado em investigações anteriores. Trata-se de um
protótipo que deverá ser implementado para disponibilização comercial e
está dotado de tecnologia digital. O programa de computador
desenvolvido permite medir a velocidade do ultrassom em ambas as
situações (subaquática e por contato direto) com alta confiabilidade.
Para calibração do equipamento utilizou-se um cilindro de
politetrafluoretileno, cuja velocidade de propagação do ultrassom é
conhecida e constante. O politetrafluoretileno é um polímero conhecido
mundialmente pelo nome de teflon®, marca registrada de propriedade da
empresa americana DuPont®. O politetrafluoretileno é um polímero onde
os átomos de hidrogênio são substituídos por flúor, sendo assim um
fluorpolímero.
71
Discussão
Conforme especificado por Hill (1986) o principal parâmetro
escolhido para análise foi a velocidade de propagação do ultrassom
através do osso, por ser considerada a propriedade fundamental da
propagação acústica nos tecidos. A própria velocidade é calculada por
meio de uma equação que pode variar conforme a fonte consultada e, no
caso, foi usada a proposta por Evans e Tavakoli (1990).
Sievänen et al. (2001) comentaram sobre a necessidade de pelo
menos três medidas da velocidade de condução do ultrassom para cada
região de interesse, o que proporcionaria mais confiabilidade aos
resultados obtidos. No presente trabalho foi seguida esta orientação e,
após as medidas, foi calculada a média para chegar ao valor final.
Os resultados obtidos de velocidade de propagação do ultrassom
mostraram que a distância entre os transdutores emissor e receptor não
influenciou nas medidas. No estudo foram usadas três distâncias entre os
transdutores, de 3cm, 5 cm e 7 cm. Distâncias maiores não foram
factíveis devido à potência do equipamento gerador de sinal e à elevada
impedância do osso. Não houve diferença de velocidade, também,
quando comparou-se as diferentes angulações do sistema. Estes
resultados já eram esperados e descritos em estudos anteriores.
A verificação da diminuição da VPUS após a fratura, em relação à
clavícula contralateral, pode ser entendida em função da perda da
solução de continuidade sólida, meio que propaga de forma mais eficiente
e rápida o som. Com a evolução da consolidação, houve um aumento
progressivo da VPUS até, com 12 semanas, os valores estarem próximos
aos usados como referência. Com os dados do estudo não há como
saber se a VPUS igualaria o da clavícula contralateral, porém há forte
tendência para tal. Somente a continuação das mensurações
ultrassonométricas poderia responder esse questionamento. Outra dúvida
seria como a VPUS se comportaria em casos de retardo de consolidação
e não-união. Pelo verificado neste trabalho e em estudos anteriores,
provavelmente a velocidade do som subiria de forma mais lenta e
72
Discussão
estabilizaria em níveis mais baixos. Em função da consolidação de todas
as 16 fraturas acompanhadas neste estudo, este é outro questionamento
sem resposta.
Como já anteriormente demonstrado por Njeh et al. (1999) e
Mandarano-Filho et al. (2012) a velocidade do som na transmissão axial
depende da espessura do osso cortical; quanto maior a espessura, maior
a velocidade. Este fato é verdade até um certo limite, e os autores
postulam que a velocidade aumenta até o ponto em que o comprimento
de onda ainda seja menor que a espessura da cortical, passando a ser
superficial e mais rápida, mas não refletindo as propriedades integrais do
osso (DODD et al., 2007; PROTOPAPPAS; FOTIADIS; MALIZOS; 2006).
Conhecer a relação entre a espessura do osso cortical e a
velocidade de propagação do ultrassom é de extrema importância para a
continuidade dos estudos e padronização da ultrassonometria óssea.
Idade e doenças osteometabólicas alteram a espessura da cortical óssea
e influenciam os resultados obtidos, além da própria variabilidade média
de espessura cortical dos ossos do corpo humano.
Outro aspecto que seria interessante de investigar com o mesmo
modelo de estudo seria o da relação da densidade mineral óssea, medida
pela densitometria óssea, com a velocidade do ultrassom. O objetivo seria
poder comparar duas técnicas quantitativas e conseguir uma análise que
não envolvesse fatores subjetivos. Decidiu-se por não realizar tal estudo
para não fazer uso desnecessário de radiação ionizante, já que o padrão
ouro para avaliação da consolidação de fraturas de clavícula é a
radiografia convencional e o exame clínico.
Atualmente, em função da necessidade de se avaliar as mais
diferentes possibilidades de situações clínicas, os estudos estão usando
modelos sintéticos de ossos e simulações matemáticas com auxílio de
computadores. Os resultados são comparáveis e reprodutíveis aos
obtidos em ossos de animais e de humanos, o que abre espaço para uma
nova fase de pesquisa neste campo do conhecimento.
73
Discussão
A continuidade das pesquisas em ultrassonometria óssea
quantitativa deve focar, além da influência dos implantes, da geometria
dos diferentes padrões de fraturas e da sua consolidação, e das
condições físicas dos ossos, a aplicabilidade em situações clínicas reais.
Considerando o envelope de partes moles ao redor dos ossos e a
dificuldade do uso da técnica subaquática, a técnica de contato direto com
auxílio de um gel de acoplamento parece, até o momento, o caminho
mais provável para que a ultrassonometria óssea ocupe seu espaço como
método auxiliar seguro, de baixo custo e livre de radiação ionizante na
avaliação do processo de consolidação óssea, independentemente da
terapêutica usada, conservadora ou cirúrgica.
CONCLUSÃO
75
Conclusão
6. CONCLUSÃO
A ultrassonometria óssea por contato direto axial na clavícula in
vivo é factível e a técnica padronizada neste estudo (transdutores
afastados 7cm entre si e com inclinação de 45°) permite sua aplicação no
acompanhamento clínico de pacientes com fratura mediodiafisária deste
osso submetidos ao tratamento incruento.
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77
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APÊNDICES
APÊNDICES
APÊNDICE A Estatística descritiva das idades dos voluntários na
padronização do método.
Idade
n Média Desvio-Padrão Mínimo Mediana Máximo
20 41.30 11.50 25.00 40.50 60.00
APÊNDICE B Estatística descritiva das velocidades obtidas separadas
por gênero independentemente da distância entre os
transdutores e da angulação do sistema.
VPUS
Gênero n Obs n Média Desvio-Padrão Mínimo Mediana Máximo
F 180 10 3062.88 56.82 2972.00 3067.50 3185.00
M 180 10 3059.73 57.82 2972.00 3055.50 3165.00
APÊNDICE C Comparação estatística das velocidades entre os gêneros
independentemente da distância entre os transdutores e
da angulação do sistema.
Comparações Estimativa
Erro
Padrão
Valor
do t
p-
valor*
Intervalo de Confiança
(95%)
(F - M) 3.15555556 6.04202696 0.52 0.6018 -8.72677029 15.03788141
* p-valor referente ao teste t de student.
APÊNDICE D Estatística descritiva das velocidades obtidas separadas
pelo lado (direito e esquerdo) independentemente da
distância entre os transdutores e da angulação do
sistema.
VPUS
Lado n Obs n Média Desvio-Padrão Mínimo Mediana Máximo
D 180 20 3061.66 57.49 2972.00 3058.50 3166.00
E 180 20 3060.96 57.19 2972.00 3057.00 3185.00
APÊNDICE E Comparação estatística das velocidades entre os lados
(direito e esquerdo) independentemente da distância
entre os transdutores e da angulação do sistema.
Comparações Estimativa
Erro
Padrão
Valor
do t
p-
valor*
Intervalo de Confiança
(95%)
(D - E) 0.70000000 6.04421503 0.12 0.9079 -
11.18662895
12.58662895
* p-valor referente ao teste t de student.
APÊNDICE F Estatística descritiva das velocidades obtidas em cada
uma das distâncias (3, 5 e 7 cm) independentemente da
angulação do sistema.
VPUS
Distancia n Obs n Média Desvio-Padrão Mínimo Mediana Máximo
3 120 20 3057.98 58.08 2972.00 3052.50 3185.00
5 120 20 3072.75 56.24 2972.00 3076.00 3166.00
7 120 20 3053.18 56.08 2972.00 3049.50 3165.00
APÊNDICE G Comparação estatística das velocidades entre as
distâncias (par a par) independentemente da angulação
do sistema.
Comparações Estimativa
Erro
Padrão
Valor
do t
p-
valor*
Intervalo de Confiança
(95%)
(3 - 5) -
14.7666667
7.33411135 -2.01 0.0448 -29.1901589 -0.3431744
(3 - 7) 4.8000000 7.33411135 0.65 0.5132 -9.6234922 19.2234922
(5 - 7) 19.5666667 7.33411135 2.67 0.0080 5.1431744 33.9901589
* p-valor referente a ANOVA.
APÊNDICE H Estatística descritiva das velocidades obtidas em cada
uma das angulações do sistema independentemente da
distância entre os transdutores.
VPUS
Inclinação n Obs n Média Desvio-Padrão Mínimo Mediana Máximo
0 120 120 3059.17 56.63 2972.00 3056.00 3165.00
45 120 120 3061.88 58.37 2976.00 3058.00 3185.00
90 120 120 3062.88 57.19 2972.00 3069.50 3166.00
APÊNDICE I Comparação estatística das angulações do sistema (par a
par) independentemente da distância entre os
transdutores.
Comparações Estimativa
Erro
Padrão
Valor
do t
p-
valor*
Intervalo de Confiança
(95%)
(0 - 45) -
2.70833333
7.41033837 -0.37 0.7150 -
17.28173600
11.86506933
(0 - 90) -
3.70833333
7.41033837 -0.50 0.6171 -
18.28173600
10.86506933
(45 - 90) -
1.00000000
7.41033837 -0.13 0.8927 -
15.57340266
13.57340266
* p-valor referente a ANOVA.
APÊNDICE J Estatística descritiva das velocidades obtidas
discriminando todas as angulações do sistema em todas
as distâncias entre os transdutores.
VPUS
Distância Inclinação n Obs n Média Desvio-Padrão Mínimo Mediana Máximo
3 0 40 20 3048.68 58.02 2972.00 3040.00 3165.00
45 40 20 3062.70 60.29 2976.00 3057.00 3185.00
90 40 20 3062.58 56.21 2982.00 3068.00 3166.00
5 0 40 20 3078.90 51.82 2972.00 3082.50 3165.00
45 40 20 3072.03 58.45 2977.00 3075.50 3166.00
90 40 20 3067.33 59.01 2973.00 3066.50 3163.00
7 0 40 20 3049.93 55.98 2974.00 3051.00 3164.00
45 40 20 3050.90 55.82 2980.00 3028.00 3159.00
90 40 20 3058.73 57.44 2972.00 3069.50 3165.00
APÊNDICE K Comparação estatística das distâncias entre os
transdutores (par a par) para cada uma das angulações
do sistema.
Comparações Estimativa
Erro
Padrão
Valor do
t
p-
valor*
Intervalo de Confiança
(95%)
0 (3 – 5) -30.2250 12.5963 -2.40 0.0170 -55.0035 -5.4465
0 (3 – 7) -1.2500 12.5963 -0.10 0.9210 -26.0285 23.5285
0 (5 – 7) 28.9750 12.5963 2.30 0.0221 4.1965 53.7535
45 (3 – 5) -9.3250 12.5963 -0.74 0.4596 -34.1035 15.4535
45 (3 – 7) 11.8000 12.5963 0.94 0.3495 -12.9785 36.5785
45 (5 – 7) 21.1250 12.5963 1.68 0.0945 -3.6535 45.9035
90 (3 – 5) -4.7500 12.5963 -0.38 0.7063 -29.5285 20.0285
90 (3 – 7) 3.8500 12.5963 0.31 0.7601 -20.9285 28.6285
90 (5 – 7) 8.6000 12.5963 0.68 0.4952 -16.1785 33.3785
* p-valor referente ao modelo de efeitos mistos.
APÊNDICE L Comparação estatística das angulações do sistema (par a
par) para cada uma das distâncias entre os transdutores.
Comparações Estimativa
Erro
Padrão
Valor do
t
p-
valor
Intervalo de Confiança
(95%)
3 (0 – 45) -14.0250 12.5963 -1.11 0.2663 -38.8035 10.7535
3 (0 – 90) -13.9000 12.5963 -1.10 0.2706 -38.6785 10.8785
3 (45 – 90) 0.1250 12.5963 0.01 0.9921 -24.6535 24.9035
5 (0 – 45) 6.8750 12.5963 0.55 0.5856 -17.9035 31.6535
5 (0 – 90) 11.5750 12.5963 0.92 0.3588 -13.2035 36.3535
5 (45 – 90) 4.7000 12.5963 0.37 0.7093 -20.0785 29.4785
7 (0 – 45) -0.9750 12.5963 -0.08 0.9383 -25.7535 23.8035
7 (0 – 90) -8.8000 12.5963 -0.70 0.4853 -33.5785 15.9785
7 (45 – 90) -7.8250 12.5963 -0.62 0.5349 -32.6035 16.9535
* p-valor referente ao modelo de efeitos mistos.
APÊNDICE M Estatística descritiva para a variável Gênero.
Gênero
Gênero Frequência Porcentagem Frequência Acumulada Porcentagem Acumulada
F 3 18.75 3 18.75
M 13 81.25 16 100.00
APÊNDICE N Estatística descritiva para a variável Idade.
Variável n Média Desvio-Padrão Mínimo Mediana Máximo
idade
16
32.94
15.89
18.00
25.50
75.00
APÊNDICE O Estatística descritiva para a variável VPUS x Tempo x
Distância.
VPUS
Tempo Distância n Obs n Média Desvio-Padrão Mínimo Mediana Máximo
0 3 48 16 1827.23 47.19 1754.00 1830.00 1909.00
5 48 16 1828.38 45.38 1733.00 1834.00 1899.00
7 48 16 1825.58 41.84 1749.00 1826.50 1899.00
1 3 48 16 1830.27 48.25 1755.00 1826.00 1901.00
5 48 16 1831.75 53.48 1745.00 1841.50 1907.00
7 48 16 1832.54 54.31 1752.00 1833.50 1907.00
2 3 48 16 2102.29 44.20 2016.00 2099.00 2167.00
5 48 16 2097.46 48.99 2012.00 2099.00 2160.00
7 48 16 2110.90 42.64 2012.00 2100.50 2169.00
3 3 48 16 2403.69 24.51 2361.00 2400.00 2458.00
5 48 16 2414.08 28.91 2366.00 2411.50 2460.00
7 48 16 2408.69 27.52 2355.00 2403.00 2458.00
4 3 48 16 2655.42 31.87 2603.00 2654.50 2698.00
5 48 16 2650.31 31.90 2577.00 2655.00 2698.00
7 48 16 2652.42 32.43 2601.00 2656.50 2698.00
5 3 48 16 2803.48 24.08 2762.00 2801.50 2840.00
5 48 16 2805.35 19.64 2764.00 2804.50 2839.00
7 48 16 2784.06 145.21 1811.00 2804.00 2841.00
REF 3 48 16 3049.81 41.96 2989.00 3052.50 3104.00
5 48 16 3045.13 41.83 2989.00 3048.50 3107.00
7 48 16 3058.04 39.68 2990.00 3057.00 3106.00
APÊNDICE P Comparações entre os tempos e distâncias para a VPUS.
Tempo Distância Tempo Distância Estimativas p-valor Intervalo de Confiança 95%
0 3 0 5 -1.1458 0.9099 -21.0141 18.7224
0 3 0 7 1.6458 0.8709 -18.2224 21.5141
0 3 1 3 -3.0417 0.7639 -22.9099 16.8266
0 3 1 5 -4.5208 0.6553 -24.3891 15.3474
0 3 1 7 -5.3125 0.5999 -25.1807 14.5557
0 3 2 3 -275.06 <0.0001 -294.93 -255.19
0 3 2 5 -270.23 <0.0001 -290.10 -250.36
0 3 2 7 -283.67 <0.0001 -303.53 -263.80
0 3 3 3 -576.46 <0.0001 -596.33 -556.59
0 3 3 5 -586.85 <0.0001 -606.72 -566.99
0 3 3 7 -581.46 <0.0001 -601.33 -561.59
0 3 4 3 -828.19 <0.0001 -848.06 -808.32
0 3 4 5 -823.08 <0.0001 -842.95 -803.22
0 3 4 7 -825.19 <0.0001 -845.06 -805.32
0 3 5 3 -976.25 <0.0001 -996.12 -956.38
0 3 5 5 -978.12 <0.0001 -997.99 -958.26
0 3 5 7 -956.83 <0.0001 -976.70 -936.97
0 3 REF 3 -1222.58 <0.0001 -1242.45 -1202.72
0 3 REF 5 -1217.90 <0.0001 -1237.76 -1198.03
0 3 REF 7 -1230.81 <0.0001 -1250.68 -1210.94
0 5 0 7 2.7917 0.7828 -17.0766 22.6599
0 5 1 3 -1.8958 0.8515 -21.7641 17.9724
0 5 1 5 -3.3750 0.7389 -23.2432 16.4932
0 5 1 7 -4.1667 0.6808 -24.0349 15.7016
0 5 2 3 -273.92 <0.0001 -293.78 -254.05
0 5 2 5 -269.08 <0.0001 -288.95 -249.22
0 5 2 7 -282.52 <0.0001 -302.39 -262.65
0 5 3 3 -575.31 <0.0001 -595.18 -555.44
Tempo Distância Tempo Distância Estimativas p-valor Intervalo de Confiança 95%
0 5 3 5 -585.71 <0.0001 -605.58 -565.84
0 5 3 7 -580.31 <0.0001 -600.18 -560.44
0 5 4 3 -827.04 <0.0001 -846.91 -807.17
0 5 4 5 -821.94 <0.0001 -841.81 -802.07
0 5 4 7 -824.04 <0.0001 -843.91 -804.17
0 5 5 3 -975.10 <0.0001 -994.97 -955.24
0 5 5 5 -976.98 <0.0001 -996.85 -957.11
0 5 5 7 -955.69 <0.0001 -975.56 -935.82
0 5 REF 3 -1221.44 <0.0001 -1241.31 -1201.57
0 5 REF 5 -1216.75 <0.0001 -1236.62 -1196.88
0 5 REF 7 -1229.67 <0.0001 -1249.53 -1209.80
0 7 1 3 -4.6875 0.6435 -24.5557 15.1807
0 7 1 5 -6.1667 0.5426 -26.0349 13.7016
0 7 1 7 -6.9583 0.4921 -26.8266 12.9099
0 7 2 3 -276.71 <0.0001 -296.58 -256.84
0 7 2 5 -271.87 <0.0001 -291.74 -252.01
0 7 2 7 -285.31 <0.0001 -305.18 -265.44
0 7 3 3 -578.10 <0.0001 -597.97 -558.24
0 7 3 5 -588.50 <0.0001 -608.37 -568.63
0 7 3 7 -583.10 <0.0001 -602.97 -563.24
0 7 4 3 -829.83 <0.0001 -849.70 -809.97
0 7 4 5 -824.73 <0.0001 -844.60 -804.86
0 7 4 7 -826.83 <0.0001 -846.70 -806.97
0 7 5 3 -977.90 <0.0001 -997.76 -958.03
0 7 5 5 -979.77 <0.0001 -999.64 -959.90
0 7 5 7 -958.48 <0.0001 -978.35 -938.61
0 7 REF 3 -1224.23 <0.0001 -1244.10 -1204.36
0 7 REF 5 -1219.54 <0.0001 -1239.41 -1199.67
0 7 REF 7 -1232.46 <0.0001 -1252.33 -1212.59
Tempo Distância Tempo Distância Estimativas p-valor Intervalo de Confiança 95%
1 3 1 5 -1.4792 0.8839 -21.3474 18.3891
1 3 1 7 -2.2708 0.8226 -22.1391 17.5974
1 3 2 3 -272.02 <0.0001 -291.89 -252.15
1 3 2 5 -267.19 <0.0001 -287.06 -247.32
1 3 2 7 -280.63 <0.0001 -300.49 -260.76
1 3 3 3 -573.42 <0.0001 -593.28 -553.55
1 3 3 5 -583.81 <0.0001 -603.68 -563.94
1 3 3 7 -578.42 <0.0001 -598.28 -558.55
1 3 4 3 -825.15 <0.0001 -845.01 -805.28
1 3 4 5 -820.04 <0.0001 -839.91 -800.17
1 3 4 7 -822.15 <0.0001 -842.01 -802.28
1 3 5 3 -973.21 <0.0001 -993.08 -953.34
1 3 5 5 -975.08 <0.0001 -994.95 -955.22
1 3 5 7 -953.79 <0.0001 -973.66 -933.92
1 3 REF 3 -1219.54 <0.0001 -1239.41 -1199.67
1 3 REF 5 -1214.85 <0.0001 -1234.72 -1194.99
1 3 REF 7 -1227.77 <0.0001 -1247.64 -1207.90
1 5 1 7 -0.7917 0.9377 -20.6599 19.0766
1 5 2 3 -270.54 <0.0001 -290.41 -250.67
1 5 2 5 -265.71 <0.0001 -285.58 -245.84
1 5 2 7 -279.15 <0.0001 -299.01 -259.28
1 5 3 3 -571.94 <0.0001 -591.81 -552.07
1 5 3 5 -582.33 <0.0001 -602.20 -562.47
1 5 3 7 -576.94 <0.0001 -596.81 -557.07
1 5 4 3 -823.67 <0.0001 -843.53 -803.80
1 5 4 5 -818.56 <0.0001 -838.43 -798.69
1 5 4 7 -820.67 <0.0001 -840.53 -800.80
1 5 5 3 -971.73 <0.0001 -991.60 -951.86
1 5 5 5 -973.60 <0.0001 -993.47 -953.74
Tempo Distância Tempo Distância Estimativas p-valor Intervalo de Confiança 95%
1 5 5 7 -952.31 <0.0001 -972.18 -932.44
1 5 REF 3 -1218.06 <0.0001 -1237.93 -1198.19
1 5 REF 5 -1213.38 <0.0001 -1233.24 -1193.51
1 5 REF 7 -1226.29 <0.0001 -1246.16 -1206.42
1 7 2 3 -269.75 <0.0001 -289.62 -249.88
1 7 2 5 -264.92 <0.0001 -284.78 -245.05
1 7 2 7 -278.35 <0.0001 -298.22 -258.49
1 7 3 3 -571.15 <0.0001 -591.01 -551.28
1 7 3 5 -581.54 <0.0001 -601.41 -561.67
1 7 3 7 -576.15 <0.0001 -596.01 -556.28
1 7 4 3 -822.87 <0.0001 -842.74 -803.01
1 7 4 5 -817.77 <0.0001 -837.64 -797.90
1 7 4 7 -819.87 <0.0001 -839.74 -800.01
1 7 5 3 -970.94 <0.0001 -990.81 -951.07
1 7 5 5 -972.81 <0.0001 -992.68 -952.94
1 7 5 7 -951.52 <0.0001 -971.39 -931.65
1 7 REF 3 -1217.27 <0.0001 -1237.14 -1197.40
1 7 REF 5 -1212.58 <0.0001 -1232.45 -1192.72
1 7 REF 7 -1225.50 <0.0001 -1245.37 -1205.63
2 3 2 5 4.8333 0.6332 -15.0349 24.7016
2 3 2 7 -8.6042 0.3956 -28.4724 11.2641
2 3 3 3 -301.40 <0.0001 -321.26 -281.53
2 3 3 5 -311.79 <0.0001 -331.66 -291.92
2 3 3 7 -306.40 <0.0001 -326.26 -286.53
2 3 4 3 -553.12 <0.0001 -572.99 -533.26
2 3 4 5 -548.02 <0.0001 -567.89 -528.15
2 3 4 7 -550.13 <0.0001 -569.99 -530.26
2 3 5 3 -701.19 <0.0001 -721.06 -681.32
2 3 5 5 -703.06 <0.0001 -722.93 -683.19
Tempo Distância Tempo Distância Estimativas p-valor Intervalo de Confiança 95%
2 3 5 7 -681.77 <0.0001 -701.64 -661.90
2 3 REF 3 -947.52 <0.0001 -967.39 -927.65
2 3 REF 5 -942.83 <0.0001 -962.70 -922.97
2 3 REF 7 -955.75 <0.0001 -975.62 -935.88
2 5 2 7 -13.4375 0.1847 -33.3057 6.4307
2 5 3 3 -306.23 <0.0001 -326.10 -286.36
2 5 3 5 -316.63 <0.0001 -336.49 -296.76
2 5 3 7 -311.23 <0.0001 -331.10 -291.36
2 5 4 3 -557.96 <0.0001 -577.83 -538.09
2 5 4 5 -552.85 <0.0001 -572.72 -532.99
2 5 4 7 -554.96 <0.0001 -574.83 -535.09
2 5 5 3 -706.02 <0.0001 -725.89 -686.15
2 5 5 5 -707.90 <0.0001 -727.76 -688.03
2 5 5 7 -686.60 <0.0001 -706.47 -666.74
2 5 REF 3 -952.35 <0.0001 -972.22 -932.49
2 5 REF 5 -947.67 <0.0001 -967.53 -927.80
2 5 REF 7 -960.58 <0.0001 -980.45 -940.72
2 7 3 3 -292.79 <0.0001 -312.66 -272.92
2 7 3 5 -303.19 <0.0001 -323.06 -283.32
2 7 3 7 -297.79 <0.0001 -317.66 -277.92
2 7 4 3 -544.52 <0.0001 -564.39 -524.65
2 7 4 5 -539.42 <0.0001 -559.28 -519.55
2 7 4 7 -541.52 <0.0001 -561.39 -521.65
2 7 5 3 -692.58 <0.0001 -712.45 -672.72
2 7 5 5 -694.46 <0.0001 -714.33 -674.59
2 7 5 7 -673.17 <0.0001 -693.03 -653.30
2 7 REF 3 -938.92 <0.0001 -958.78 -919.05
2 7 REF 5 -934.23 <0.0001 -954.10 -914.36
2 7 REF 7 -947.15 <0.0001 -967.01 -927.28
Tempo Distância Tempo Distância Estimativas p-valor Intervalo de Confiança 95%
3 3 3 5 -10.3958 0.3048 -30.2641 9.4724
3 3 3 7 -5.0000 0.6215 -24.8682 14.8682
3 3 4 3 -251.73 <0.0001 -271.60 -231.86
3 3 4 5 -246.62 <0.0001 -266.49 -226.76
3 3 4 7 -248.73 <0.0001 -268.60 -228.86
3 3 5 3 -399.79 <0.0001 -419.66 -379.92
3 3 5 5 -401.67 <0.0001 -421.53 -381.80
3 3 5 7 -380.38 <0.0001 -400.24 -360.51
3 3 REF 3 -646.13 <0.0001 -665.99 -626.26
3 3 REF 5 -641.44 <0.0001 -661.31 -621.57
3 3 REF 7 -654.35 <0.0001 -674.22 -634.49
3 5 3 7 5.3958 0.5942 -14.4724 25.2641
3 5 4 3 -241.33 <0.0001 -261.20 -221.47
3 5 4 5 -236.23 <0.0001 -256.10 -216.36
3 5 4 7 -238.33 <0.0001 -258.20 -218.47
3 5 5 3 -389.40 <0.0001 -409.26 -369.53
3 5 5 5 -391.27 <0.0001 -411.14 -371.40
3 5 5 7 -369.98 <0.0001 -389.85 -350.11
3 5 REF 3 -635.73 <0.0001 -655.60 -615.86
3 5 REF 5 -631.04 <0.0001 -650.91 -611.17
3 5 REF 7 -643.96 <0.0001 -663.83 -624.09
3 7 4 3 -246.73 <0.0001 -266.60 -226.86
3 7 4 5 -241.62 <0.0001 -261.49 -221.76
3 7 4 7 -243.73 <0.0001 -263.60 -223.86
3 7 5 3 -394.79 <0.0001 -414.66 -374.92
3 7 5 5 -396.67 <0.0001 -416.53 -376.80
3 7 5 7 -375.38 <0.0001 -395.24 -355.51
3 7 REF 3 -641.13 <0.0001 -660.99 -621.26
3 7 REF 5 -636.44 <0.0001 -656.31 -616.57
Tempo Distância Tempo Distância Estimativas p-valor Intervalo de Confiança 95%
3 7 REF 7 -649.35 <0.0001 -669.22 -629.49
4 3 4 5 5.1042 0.6143 -14.7641 24.9724
4 3 4 7 3.0000 0.7671 -16.8682 22.8682
4 3 5 3 -148.06 <0.0001 -167.93 -128.19
4 3 5 5 -149.94 <0.0001 -169.81 -130.07
4 3 5 7 -128.65 <0.0001 -148.51 -108.78
4 3 REF 3 -394.40 <0.0001 -414.26 -374.53
4 3 REF 5 -389.71 <0.0001 -409.58 -369.84
4 3 REF 7 -402.62 <0.0001 -422.49 -382.76
4 5 4 7 -2.1042 0.8354 -21.9724 17.7641
4 5 5 3 -153.17 <0.0001 -173.03 -133.30
4 5 5 5 -155.04 <0.0001 -174.91 -135.17
4 5 5 7 -133.75 <0.0001 -153.62 -113.88
4 5 REF 3 -399.50 <0.0001 -419.37 -379.63
4 5 REF 5 -394.81 <0.0001 -414.68 -374.94
4 5 REF 7 -407.73 <0.0001 -427.60 -387.86
4 7 5 3 -151.06 <0.0001 -170.93 -131.19
4 7 5 5 -152.94 <0.0001 -172.81 -133.07
4 7 5 7 -131.65 <0.0001 -151.51 -111.78
4 7 REF 3 -397.40 <0.0001 -417.26 -377.53
4 7 REF 5 -392.71 <0.0001 -412.58 -372.84
4 7 REF 7 -405.62 <0.0001 -425.49 -385.76
5 3 5 5 -1.8750 0.8531 -21.7432 17.9932
5 3 5 7 19.4167 0.0554 -0.4516 39.2849
5 3 REF 3 -246.33 <0.0001 -266.20 -226.47
5 3 REF 5 -241.65 <0.0001 -261.51 -221.78
5 3 REF 7 -254.56 <0.0001 -274.43 -234.69
5 5 5 7 21.2917 0.0357 1.4234 41.1599
5 5 REF 3 -244.46 <0.0001 -264.33 -224.59
Tempo Distância Tempo Distância Estimativas p-valor Intervalo de Confiança 95%
5 5 REF 5 -239.77 <0.0001 -259.64 -219.90
5 5 REF 7 -252.69 <0.0001 -272.56 -232.82
5 7 REF 3 -265.75 <0.0001 -285.62 -245.88
5 7 REF 5 -261.06 <0.0001 -280.93 -241.19
5 7 REF 7 -273.98 <0.0001 -293.85 -254.11
REF 3 REF 5 4.6875 0.6435 -15.1807 24.5557
REF 3 REF 7 -8.2292 0.4165 -28.0974 11.6391
REF 5 REF 7 -12.9167 0.2023 -32.7849 6.9516
ANEXOS
Anexo A. Ofício de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo