Lusíadas - Episódio do Adamastor

29
Os Lusíadas O Adamastor

description

Trabalho realizado para Português. Fiz, neste PowerPoint, a análise de cada quadra do episódio do Adamastor, o que permite uma melhor compreensão do mesmo.

Transcript of Lusíadas - Episódio do Adamastor

Page 1: Lusíadas - Episódio do Adamastor

Os Lusíadas

O Adamastor

Page 2: Lusíadas - Episódio do Adamastor

Plano da viagem

• Depois de narrada a despedida de Belém no canto IV, Vasco da Gama continua a contar ao rei de Melinde a história da sua viagem em direção à Índia.

Page 3: Lusíadas - Episódio do Adamastor

Introdução ( 37- 38 estrofe)37Porém já cinco Sóis eram passadosQue dali nos partíramos, cortandoOs mares nunca d'outrem navegados,Prosperamente os ventos assoprando,Quando hua noite, estando descuidadosNa cortadora proa vigiando,Hua nuvem que os ares escurece,Sobre nossas cabeças aparece. 38Tão temerosa vinha e carregada,Que pôs nos corações um grande medo;Bramindo, o negro mar de longe brada,Como se desse em vão nalgum rochedo.- «Ó Potestade (disse) sublimada:Que ameaço divino ou que segredoEste clima e este mar nos apresenta,Que mor cousa parece que tormenta?»

Page 4: Lusíadas - Episódio do Adamastor

37ª estrofe

Esta estrofe indica-nos o início da formação da tempestade.

Porém já cinco Sóis eram passadosQue dali nos partíramos, cortandoOs mares nunca d'outrem navegados,(…)

Passado cinco dias desde a partida da Baía de Santa Helena

Cortando- verbo no gerúndioDali- Perífrase de Baía de Santa Elena

Os Portugueses são os primeiros a navegar naqueles mares

Page 5: Lusíadas - Episódio do Adamastor

“Prosperamente os ventos assoprando,“Quando hua noite, estando descuidados”Na cortadora proa vigiando,Hua nuvem que os ares escurece,Sobre nossas cabeças aparece.”

“Prosperamente os ventos assoprando,”, os ventos estavam a favor dos portugueses.

De surpresa, sem estarem à espera aparece uma nuvem escura sobre as cabeças dos navegadores

Page 6: Lusíadas - Episódio do Adamastor

Tão temerosa vinha e carregada,Que pôs nos corações um grande medo;Bramindo, o negro mar de longe brada,Como se desse em vão nalgum rochedo

- «Ó Potestade (disse) sublimada:Que ameaço divino ou que segredoEste clima e este mar nos apresenta,Que mor cousa parece que tormenta?»

A tempestade estava a ficar mais forte e provocou o pânico e o medo nos navegadores. Esta descrição da tempestade tem como função chamar à atenção do leitor através de sensações visuais e auditivas.

Vasco da Gama evoca os deuses ( “ Ó Potestade) para saber o perigo que se aproxima.

Potestade- Poder divino

Page 7: Lusíadas - Episódio do Adamastor

2º Momento ( 39-48 estrofe)39Não acabava, quando hua figuraSe nos mostra no ar, robusta e válida,

De disforme e grandíssima estatura;O rosto carregado, a barba esquálida,Os olhos encovados, e a posturaMedonha e má e a cor terrena e pálida;Cheios de terra e crespos os cabelos,A boca negra, os dentes amarelos. 40«Tão grande era de membros que bem possoCertificar-te que este era o segundoDe Rodes estranhíssimo Colosso,Que um dos sete milagres foi do mundo.Cum tom de voz nos fala, horrendo e grosso,Que pareceu sair do mar profundo.Arrepiam-se as carnes e o cabelo,A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo!

41E disse: - «Ó gente ousada, mais que quantasNo mundo cometeram grandes cousas,Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,E por trabalhos vãos nunca repousas,Pois os vedados términos quebrantasE navegar meus longos mares ousas,Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,Nunca arados d'estranho ou próprio lenho;

Page 8: Lusíadas - Episódio do Adamastor

39ª estrofe ( Descrição do Adamastor)Nesta estrofe ainda Vasco da Gama não tinha acabado de falar quando se

avista o adamastor ( criatura mitológica, que representa os perigos dos mares desconhecidos).

“ Não acabava. Quando hua figura Se nos mostra no ar, robusta e válida”

“De disforme e grandíssima estatura;O rosto carregado, a barba esquálida,Os olhos encovados, e a posturaMedonha e má e a cor terrena e pálida;Cheios de terra e crespos os cabelos,A boca negra, os dentes amarelos.”

Descrição Física do Adamastor

“Medonha e má”- dupla adjectivação“ terrena e pálida”- dupla adjectivação

Page 9: Lusíadas - Episódio do Adamastor

40ª estrofe ( continuação da descrição do Adamastor)

“Tão grande era de membros que bem possoCertificar-te que este era o segundoDe Rodes estranhíssimo Colosso,Que um dos sete milagres foi do mundo”

Cum tom de voz nos fala, horrendo e grosso,Que pareceu sair do mar profundo.Arrepiam-se as carnes e o cabelo,A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo!

Aqui, compara-se o Adamastor à estátua de Apolo na ilha de Rodes, que é uma das 7 maravilhas do Mundo

Atitude do Adamastor que provoca medo nos portugueses

Oração subordinada relativa explicativaAntecedente do que: Rodes

Page 10: Lusíadas - Episódio do Adamastor

41ª estrofe ( Início do discurso do Adamastor)

Nesta estrofe o verbo introdutório do discurso directo:- disse, vai dar início à fala do Adamastor.

E disse: - «Ó gente ousada, mais que quantasNo mundo cometeram grandes cousas,Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,E por trabalhos vãos nunca repousas,Pois os vedados términos quebrantasE navegar meus longos mares ousas,Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,Nunca arados d'estranho ou próprio lenho;

O Adamastor refere-se aos portugueses como gente ousada, que já realizou vários feitos ( “ grandes cousas”). Assim o Adamastor revela já conhecer os portugueses e ao mesmo tempo está a valorizá-los.

Durante esta estrofe o Adamastor está indignado com o atrevimento dos portugueses em navegarem por aqueles mares.

Page 11: Lusíadas - Episódio do Adamastor

“Pois vens ver os segredos escondidosDa natureza e do húmido elemento,

A nenhum grande humano concedidosDe nobre ou de imortal merecimento,Ouve os danos de mi que apercebidos

Estão a teu sobejo atrevimento,Por todo largo mar e pola terra

Que inda hás de sojugar com dura guerra.”

Estrofe 42

Adamastor, uma figura mitológica criada por Camões que simbolizará todos os problemas que os portugueses terão que enfrentar nas suas viagens, declara guerra ao povo lusitano pelo seu atrevimento pois estes descobriram os segredos que nunca a ninguém conseguiu desvendar, nem Humanos nem Deuses.

Refere que os portugueses irão dominar o mar e a terra através da guerra.

mar

preparados

Page 12: Lusíadas - Episódio do Adamastor

“Sabe que quantas naus esta viagemQue tu fazes, fizerem, de atrevidas,

Inimiga terão esta paragem,Com ventos e tormentas desmedidas!E da primeira armada, que passagem

Fizer por estas ondas insofridas,Eu farei d’improviso tal castigo,

Que seja mor o dano que o perigo!”

Estrofe 43

Nesta estrofe, Adamastor alerta que a nau de Pedro Álvares Cabral irá sofrer severos castigos – tempestades e violentos naufrágios, cujas vítimas não terão tempo para se aperceber do perigo: «Que seja mor o dano que o perigo».

Page 13: Lusíadas - Episódio do Adamastor

“Aqui espero tomar, se não me engano,De quem me descobriu suma vingança.

E não se acabará só nisto o danoDe vossa pertinace confiança:

Antes, em vossas naus verei, cada ano,Se é verdade o que meu juízo alcança,Naufrágios, perdições de toda sorte,

Que o menor mal de todos seja a morte!”

Estrofe 44Nos versos desta estrofe, Adamastor mostra-se muito irritado afirmando que se vingará ali de Bartolomeu Dias, cujo navio será destruído por ele com desastres tão dolorosos que a morte parecerá melhor a todos. – “Que o menor mal de todos seja a morte!”

Page 14: Lusíadas - Episódio do Adamastor

“E do primeiro ilustre, que a ventura

Com fama alta fizer tocar os céus,Serei eterna e nova sepultura,Por juízos incógnitos de Deus.

Aqui porá a turca armada duraOs soberbos e prósperos troféus;Comigo de seus danos o ameaça

A destruída Quíloa com Mombaça.”

Estrofe 45

Nesta estrofe ainda é visível o perigo ameaçador de Adamastor que diz vir a ser a eterna e nova sepultura.

D. Francisco de almeida

Page 15: Lusíadas - Episódio do Adamastor

“Outro também virá, de honrada fama,Liberal, cavaleiro, enamorado,

E consigo trará a fermosa damaQue Amor por grão mercê lhe terá dado.

Triste ventura e negro fado os chamaNeste terreno meu, que, duro e irado,Os deixará dum cru naufrágio vivos,Pera verem trabalhos excessivos.”

Estrofe 46O gigante Adamastor refere-se a Manuel de Sousa Sepúlveda e cita a desgraça da história da sua família -> Manuel, juntamente com os seus filhos e mulher, ao regressar da Índia naufragou naqueles mares.

Page 16: Lusíadas - Episódio do Adamastor

• Tanto esta como a estrofe 48 fazem parte do discurso do Adamastor 1.

• Nesta estrofe o gigante diz que os filhos queridos de Manuel de Sousa Sepúlveda morrerão de fome e sua esposa será violentada pelos habitantes da África, depois de caminhar pela areia do deserto.

Estrofe 47

Page 17: Lusíadas - Episódio do Adamastor

• Nesta estrofe os sobreviventes do naufrágio verão Manuel de Sousa Sepúlveda e sua esposa, que morrerão juntos, ficarem no mato quente e inóspito

Estrofe 48

Page 18: Lusíadas - Episódio do Adamastor

• Vasco da Gama supera o medo e enfrenta o Gigante Adamastor. Vasco da Gama ergue-se e interrompe-o para lhe perguntar quem é ele, cujo corpo enorme o surpreende. A intervenção de Vasco da Gama, ainda que breve, é extremamente importante. Ela representa a superação do medo, sentimento que tanto pode limitar as nossas ações, como nos pode impulsionar a fazer algo. O herói não é aquele que não tem medo, mas sim aquele que é capaz de o superar, mesmo nas condições mais adversas. Sendo o capitão, Vasco da Gama intervém em representação de todos os navegadores, ou seja, do povo português.

Estrofe 49

Vasco da gama termina a estrofe dando-nos a conhecer a relação do Gigante à sua questão (o gigante parecia magoado).

Page 19: Lusíadas - Episódio do Adamastor

• Com voz pesada e amarga, ofendido com a pergunta, Adamastor apresenta-se: é aquele a quem os portugueses chamam de Tormentório (Cabo das Tormentas), cuja existência era desconhecida pelos geógrafos da Antiguidade e está isolado no extremo da costa africana

Estrofe 50

Page 20: Lusíadas - Episódio do Adamastor

• Foi um dos titãs, ou gigantes, como Encelado, Egeu e Centimano, que lutaram contra Júpiter. Contrariamente aos outros que sobrepunham montes para chegar ao Olimpo, Adamastor buscava a armada de Neptuno

• Este diz que se chama Adamastor.• Diz também que lutou contra Júpiter – Deus dos Deuses a fim de

conquistar o oceano e não apoderar-se das terras.

Estrofe 51

Page 21: Lusíadas - Episódio do Adamastor

Episódio do Gigante Adamastor

Estrofe 52

Amores da alta esposa de PeleuMe fizeram tomar tamanha empresa.Todas as deusas desprezei do Céu,Só por amar Águas a Princesa, Um dia a vi, co as filhas de Nereu, Sair nua na praia: e logo presaA vontade senti de tal maneira, Que inda não sinto cousa que mais queira.

Nos primeiros dois versos desta estrofe pode ver-se que o gigante adamastor se apaixonou pela esposa de Peleu, que se chamava Tétis. No terceiro verso podemos ver que ele desprezou todas as deusas do céu por amor a Tétis. Nos versos 5º, 6º, 7º e 8º vamos concluir que o seu desejo por tétis foi aumentando no dia em que a viu nua na praia.

Page 22: Lusíadas - Episódio do Adamastor

Estrofe 53• Nos primeiros dois versos desta estrofe

podemos concluir que o Gigante jamais conseguiria conquistar Tétis porque se achava feio.

• No 3º e 4º verso vemos que o Gigante não desistiu da ideia de conquistar Tétis e vai então recorrer por meio da guerra e manifestou também a sua intenção a Dóris, mãe de Tétis.

• No sétimo verso encontramos uma forma verbal que é ‘Respondeu’ que está na 3ª pessoas do singular, no Pretérito Perfeito do Indicativo.

• No último verso Tétis responde à sua mãe perguntando como é que poderia o amor de uma ninfa aguentar o amor de um gigante.

Como fosse impossibil alcançá-la,Pola grandeza feia de meu gesto,Determinei por armas de tomá-la,E a Dóris este caso manifesto.De medo a Deusa então por mi lhe fala;Mas ela, cum fermoso riso honesto,Respondeu: ‘’ Qual será o amor bastanteDe Ninfa, que sustente o dum Gigante?

Page 23: Lusíadas - Episódio do Adamastor

Estrofe 54

• Até ao terceiro verso desta estrofe Tétis continua a sua resposta, e refere que para livrar o Oceano da guerra vai tentar solucionar o problema com dignidade.

• Nos últimos 4 versos podemos concluir que o gigante afirma que está cego de amor e ele não percebe que as promessas que Dóris e Tétis lhe faziam eram falsas.

Contudo, por livrarmos o Oceano De tanta guerra eu buscarei maneiraCom que, com a minha honra, escuse o dano.”Tal resposta me torna mensageira.Eu, que cair não pude neste engano (Que é grande dos amantes a cegueira), Encheram-me com grandes abondanças, O peito de desejos e esperanças.

Page 24: Lusíadas - Episódio do Adamastor

Estrofe 55

• Nesta estrofe o adamastor desistindo da guerra, numa noite louco de amor vai-lhe aparecer o lindo rosto de Tétis, única e nua.

• Nos últimos 4 versos o adamastor correu como um doido abrindo os braços para aquela que era a vida do seu corpo e começou a beijá-la´.

Já néscio, já da guerra desistindo,Uma noite, de Dóris prometida,Me aparece de longe o gesto lindoDa branca Tétis, única, despida.Como doudo corri de longe, abrindoOs braços pera aquela que era a vidaDeste corpo e começo os olhos belosA lhe beijar, as faces e os cabelos.

Page 25: Lusíadas - Episódio do Adamastor

Estrofe 56

• No primeiro verso temos uma interjeição que é o ‘oh!’.

• Nesta estrofe o adamastor não consegue expressar a mágoa que sentia, porque achava que estava a beijar e a abraçar Tétis enquanto que no entanto estava a abraçado a um monte duro.

• O gigante já sem palavras e imóvel sentiu-se uma rocha diante de outra.

Oh! Que não sei de nojo como o conte!Que, crendo ter nos braços quem amava,Abraçado me achei cum duro monteDe áspero mato e de espessura brava.Estando cum penedo fronte a fronte,Que eu polo rosto angélico apertava,Não fiquei homem, não; mas mudo e quedoE junto dum penedo outro penedo!

Page 26: Lusíadas - Episódio do Adamastor

Estrofe 57Ó Ninfa, a mais fermosa do Oceano,Já que minha presença não te agrada,Que te custava ter-me neste engano,Ou fosse monte, nuvem, sonho ou nada?Daqui me parto, irado e quase insanoDa mágoa e da desonra ali passada,A buscar outro mundo, onde não visseQuem de meu pranto e de meu mal se risse.

Adamastor invoca Tétis

Numa pergunta retórica, esclarece que preferia ter sido mantido na ilusão de ser amado.

Adamastor, zangado e perturbado pela mágoa e humilhação, parte para longe, onde ninguém visse o seu desespero e onde ninguém se risse do que lhe sucedera

Page 27: Lusíadas - Episódio do Adamastor

Estrofe 58

Eram já neste tempo meus IrmãosVencidos e em miséria extrema postos,E, por mais segurar-se Deuses vãos,Alguns a vários montes sotopostos.E, como contra o Céu não valem mãos,Eu, que chorando andava meus desgostos,Comecei a sentir do fado imigo,Por meus atrevimentos, o castigo.

Naquela época, já os seus irmãos gigantes tinham sido vencidos e convertidos em montes pelos deuses;

Adamastor começou a sentir o seu castigo e o seu destino.

Page 28: Lusíadas - Episódio do Adamastor

Estrofe 59Converte-se-me a carne em terra dura;Em penedos os ossos se fizeram;Estes membros que vês e esta figuraPor estas longas águas se estenderam;Enfim, minha grandíssima estaturaNeste remoto Cabo converteramOs Deuses; e, por mais dobradas mágoas,Me anda Thetis cercando destas águas.

A carne do gigante transformou-se em terra e os ossos em pedra;

Os seus membros e a sua figura alongaram-se pelo mar;

Os Deus fizeram dele um Cabo. Para que sofra mais, Tétis cercar as águas próximas.

Page 29: Lusíadas - Episódio do Adamastor

Estrofe 60: desfecho

Assi contava; e, cum medonho choro,Súbito d’ante os olhos se apartou.Desfez-se a nuvem negra e cum sonoroBramido muito longe o mar soou.Eu, levantando as mãos ao santo coroDos Anjos, que tão longe nos guiou,A Deus pedi que removesse os durosCasos, que Adamastor contou futuros.

Emocionado, num choro assustador, Adamastor afasta-se dos portugueses.

Vasco da Gama, levantando as mãos ao Céu, pede que sejam removidas as terríveis profecias do Gigante.