Lyotard

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LYOTARD, Jean-François. O PÓS-MODERNO. 3ª Edição. Rio de Janeiro, 1988. Introdução e PP 1-35. [Introdução] (sobre o livro do Lyotard) – colocar informação sobre a obra - colocar informações sobre o debatedor. TEMPOS PÓS-MODERNOS [assinado em]: Rio de Janeiro, outubro de 1985, por Wilvar do Valle Barbosa - 1950 – Inicio das grandes mudanças tecnológicas e cientificas no âmbito da Universidade. Transformações tecnológicas combinadas com o tido “saber”. Legitimação da ciência moderna e da modernidade. “O pós-moderno, enquanto condição da cultura nesta era, caracteriza-se exatamente pela incredulidade perante o metadiscurso filosófico-metafísico, com suas pretensões atemporais e universalizantes”. (p. viii). - Cenário pós-moderno – cibernético-informático e informacional. Esforços de “informatizar’ a sociedade. - Século XX – Pressuposto de Alfred Whitehead: a ciência como um determinado modo de organizar, e distribuir certas informações. “O cenário pós-moderno começa a vê-la como um conjunto de mensagens possível de ser traduzido em “quantidade” (bits) de informação”. (p. ix). [Mas será que isso seria possível? – coloca Lyotard] - Possibilidade de tratar a informática como uma concepção operacional da ciência (mensagem). “Com ela, o que vem se impondo é a concepção da ciência como tecnologia intelectual, ou seja, como valor de troca e, por isso mesmo, desvinculada do produtor (cientista) e do consumidor. Uma prática submetida ao capital e ao Estado, atuando como essa particular mercadoria chamada força de produção”. (p. x). - Lyotard entende esse processo de corrosão dos dispositivos modernos da ciência pela expressão “deslegitimação”. Na medida em que ela institui, e faz surgir 1

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LYOTARD, Jean-Franois. O PS-MODERNO. 3 Edio. Rio de Janeiro, 1988. Introduo e PP 1-35.

[Introduo] (sobre o livro do Lyotard) colocar informao sobre a obra- colocar informaes sobre o debatedor.

TEMPOS PS-MODERNOS [assinado em]: Rio de Janeiro, outubro de 1985, por Wilvar do Valle Barbosa

- 1950 Inicio das grandes mudanas tecnolgicas e cientificas no mbito da Universidade. Transformaes tecnolgicas combinadas com o tido saber. Legitimao da cincia moderna e da modernidade. O ps-moderno, enquanto condio da cultura nesta era, caracteriza-se exatamente pela incredulidade perante o metadiscurso filosfico-metafsico, com suas pretenses atemporais e universalizantes. (p. viii).- Cenrio ps-moderno ciberntico-informtico e informacional. Esforos de informatizar a sociedade. - Sculo XX Pressuposto de Alfred Whitehead: a cincia como um determinado modo de organizar, e distribuir certas informaes. O cenrio ps-moderno comea a v-la como um conjunto de mensagens possvel de ser traduzido em quantidade (bits) de informao. (p. ix). [Mas ser que isso seria possvel? coloca Lyotard] - Possibilidade de tratar a informtica como uma concepo operacional da cincia (mensagem). Com ela, o que vem se impondo a concepo da cincia como tecnologia intelectual, ou seja, como valor de troca e, por isso mesmo, desvinculada do produtor (cientista) e do consumidor. Uma prtica submetida ao capital e ao Estado, atuando como essa particular mercadoria chamada fora de produo. (p. x). - Lyotard entende esse processo de corroso dos dispositivos modernos da cincia pela expresso deslegitimao. Na medida em que ela institui, e faz surgir novas linguagens, esses dispositivos tambm aceleram sua prpria deslegitimao. (p. x). [MUITO importante!] - Se a revoluo industrial nos mostrou que sem riqueza no se tem tecnologia ou mesmo cincia, a condio ps-moderna nos vem mostrando que sem saber cientifico e tcnico no se tem riqueza. Mais do que isto: mostra-nos, atravs da concentrao massiva, nos pases ditos ps-industriais, de bancos de dados sobre todos os saberes hoje disponveis, que a competio econmico-politica entre as naes se dar daqui para frente no mais, em funo primordial da tonelagem anual de matria-prima ou de manufaturados que possam eventualmente produzir. Dar-se-, sim, em funo da quantidade de informao tcnico - cientifica que suas universidades e centros de pesquisa forem capazes de produzir, estocar e fazer circular como mercadoria (p. xi).- Ou seja, h um contexto institudo tanto de deslegitimao moderna, quando de legitimao.[lembrei da contribuio a critica da economia poltica Marx. Procurar citao] - Nessas circunstncia, a universidade, o ensino e a pesquisa adquirem novas dimenses: formam-se pesquisadores ou profissionais, investe-se na pesquisa e na sua infra-estrutura no mais com o objetivo de preparar indivduos eventualmente aptos a levar a nao sua verdade, mas sim formar competncia capazes de saturar as funes necessrias ao bom desempenhos da dinmica institucional. (p. xii) - O comentador conclui, portanto, que o texto de Lyotard aponta que o contexto ps-moderno tende a eliminar as diferenciaes entre os procedimentos cientficos e os procedimentos polticos. (p. xii).[procurar conhecimento e pressupostos de Bacon- a idia de que o conhecimento o poder) A idia baconiana de que o conhecimento o poder parece, sem dvida, animar a construo do dispositivo ps-moderno de legitimao. (xiii)- Haveria, portanto, um divrcio entre o sagrado, o encantamento, e o conhecimento, uma dualidade entre inteligncia e emoo. Para isso sem dvida necessrio que o conhecimento (inclusive a filosofia) esteja mais perto do concreto, do presente, cooperando com as foras do acontecimento, decodificando e dando coerncia aos detalhes da cotidianidade. Mas tudo isso com o objetivo de resgatar o encantamento que as religies proporcionaram aos nossos ancestrais (p. xiii). INTRODUO Este estudo tem por objeto a posio do saber nas sociedades mais desenvolvidas. Decidiu-se cham-la de ps-moderna. A palavra usada, no continente americano, por socilogos e crticos. Designa o estado da cultura aps as transformaes que afetaram as regras dos jogos da cincia, da literatura e das artes a partir do final do sculo XIX. Aqui, essas transformaes sero situadas em relao crise dos relatos (p. xv)- Simplificando ao extremo, considera-se ps-moderna a incredulidade em relao aos metarrelatos. , sem dvida, um efeito do progresso das cincias; mas este progresso, por sua vez, a supe. Ao desuso do dispositivo metanarrativo de legitimao corresponde sobretudo a crise da filosofia metafsica e a da instituio universitria que dela dependia. (p. xvi). - Contudo, as contradies desses discursos no uma sada salvadora, aos moldes de Marx. - A questo aberta a seguinte: uma legitimao do vinculo social, uma sociedade juta, ser praticvel segundo um paradoxo anlogo ao da atividade cientifica? Em que consistiria este paradoxo? (p. xvii).- O CAMPO: O SABER NAS SOCIEDADES INFORMATIZADAS- Hiptese de trabalho: Nossa hiptese de trabalho a de que o saber muda de estatuto ao mesmo tempo que as sociedades entram na idade dita ps-industrial e as culturas na idade dita ps-moderna. Concepo que esse desenvolvimento tomou forma a partir dos anos 1950. O saber cientifico, portanto, seria uma espcie de discurso.- Parece que a incidncia destas informaes tecnolgicas sobre o saber deva ser considervel. Ele ou ser afetado em suas duas principais funes: a pesquisa e a transmisso de conhecimentos (4). - Nesse sentido, equivale dizer que o saber e ser produzido para ser vendido. - Nas ltimas dcadas, o saber j tornou-se a principal fora de produo nos pases mais desenvolvidos - Do mesmo modo que os Estados-naes se bateram para dominar territrios, e com isto dominar o acesso e a explorao das matrias-primas e da mo-de-obra barata, concebvel que eles se batam no futuro para dominar as informaes. Assim encontra-se aberto um novo campo para as estratgias industriais e comerciais e para as estratgias militares e polticas. (p. 5)- O papel do Estado O Estado comer a aparecer como um fator de opacidade e de rudo para uma ideologia de transparncia comunicacional, que se relaciona estritamente com a comercializao dos saberes. sob este ngulo que se arrisca a apresentar-se com uma nova acuidade o problema das relaes entre as instncias econmicas e as instncias estatais (p. 6)- 1970 transformaes que tem por funo rever o papel do Estado.- Nota de rodap (p. 9) Composio da classe trabalhadora (EUA) se modificou nas dcadas de 1950-1970. 1950 1971Trabalhadores de fbricas, de servios ou agrcolas 62,5% 51,4% Profissionais liberais e tcnicos 7,5% 14,2% Empregados 30% 34% (Statical Abstracts, 1971).

2. O PROBLEMA: A LEGITIMAO- pressuposto de que no uma tese nova, mas haveria correntes que discutem se o saber acumula-se de forma regular e continua, ou peridica e conflitual.- Considere-se um enunciado cientfico; ele est submetido regra: um enunciado deve apresentar determinado conjunto de condies para ser reconhecido como cinetfico. Aqui, a legitimao o processo pelo qual um legislador ao tratar do discurso cientfico autorizado a prescrever as condies estabelecidas (em geral, condies de consistncia interna e de verificao experimental) para que um enunciado faa parte deste discurso e possa ser levado em considerao pela comunidade cientfica. - quem decide o que saber, e quem sabe o que convm decidir? O problema do saber na idade da informtica mais do que nunca o problema do governo (4).

3. O MTODO: OS JOGOS DE LINGUAGEM- Do que se trata os jogos de linguagem? - Quando Wittgenstein, recomeando o estudo da linguagem a partir do zero, centraliza sua ateno sobre os efeitos dos discursos, chama os diversos tipos de enunciados que ele caracteriza desta maneira, e do quais enumerou-se alguns, de jogos de linguagem. Todo jogo de linguagem possui determinadas regras e propriedades. (13). - Trs observaes precisam ser feitas a respeito dos jogos de linguagem. A primeira que suas regras no possuem sua legitimao nelas mesmas, mas constituem objeto de um contrato explcito ou no entre os jogadores (o que no quer dizer todavia que estes as inventem). A segunda que na ausncia de regras no existe jogo, que uma modificao, por mnima que seja, de uma regra, modifica a natureza do jogo, e que um lance ou um enunciado que no satisfaa as regras, no pertence ao jogo definido por elas. A terceira observao acaba de ser inferida: todo enunciado deve ser considerado como um lance feito no jogo (17). Nesse sentido, falar jogar, tratando-se de uma agonstica de linguagem. - Esta idia de uma agonistica da linguagem (langagire) no deve ocultar o segundo principio que lhe complementar e que norteia nossa anlise: que o vnculo social observvel feito de lances de linguagem. Elucidando esta proposio entraremos no cerne do nosso tema (18). 4. A NATUREZA DO VNCULO SOCIAL: A ALTERNATIVA MODERNA- Lyotard indica que no ltimo meio sculos, houve pelo menos dois modelos de representao da sociedade: A) A sociedade forma um todo funcional; B) A sociedade divide-se em duas partes. Pode-se ilustrar o primeiro co o nome de Talcott Parsons (pelo menos, o do ps-guerra) e sua escola; o segundo pela corrente marxista (todas as escolas que o compem por mais diferentes que sejam, admitem o principio da luta de classes e a dialtica como dualidade trabalhando a unidade social (20).- Aqui tambm, sem cair no simplismo de uma sociologia da teoria social, difcil no estabelecer pelo menos um paralelo entre esta verso tecnocrtica dura da sociedade e o esforo asctico que se pede, sob o nome de liberalismo avanado, s sociedades industriais mais desenvolvidas para que se tornem competitivas (e assim otimizar sua racionalidade) no contexto de retomada da guerra econmica mundial a partir dos anos 60 (21). - Se a teoria tradicional est sempre ameaada de ser incorporada programao do todo social como um simples instrumento de otimizao das performances deste ltimo, que seu desejo de uma verdade unitria e totalizante presta-se prtica unitria e totalizante dos gerentes do sistema. A teoria crtica, por se apoiar sobre um dualismo de principio e desconfiar das snteses e das reconciliaes, deve estar em condies de escapar a este destino (22). - E em toda parte, em nome de um ou outro, a Crtica da economia poltica (era este o subttulo do Capital da economia poltica (era este o subttulo do Capital de Marx) e a crtica da sociedade alienada que lhe era correlata so utilizadas guisa de elementos na programao do sistema . (22-23).- Tentou-se dela escapar distinguindo duas espcies de saber: um positivista, que encontra facilmente sua aplicao s tcnicas relativas aos homens e aos materiais e que se presta a tornar-se uma fora produtiva indispensvel ao sistema, e uma espcie crtica ou reflexiva ou hermenutica que, interrogando-se direta ou indiretamente sobre os valores ou os fins, ope um obstculo a qualquer recuperao. (24). 5. A NATUREZA DO VINCULO SOCIAL: A PERSPECTIVA PS-MODERNA - A partir desses pressupostos, quem ter acesso as informaes? O redescobrimento econmico na fase atual do capitalismo, auxiliado pela mutao das tcnicas e das tecnologias segue em paralelo, j se disse, com uma mudana de funo dos Estados: a partir desta sndrome forma-se uma imagem da sociedade que obriga a revisar seriamente os enfoques apresentados como alternativa. (27). - O acesso s informaes e ser da alada dos experts de todos os tipos. A classe dirigente e ser a dos decisores. Ela j no mais constituda pela classe poltica tradicional, mas por uma camada formada por dirigentes de empresas, altos funcionrios, dirigentes de grandes rgos profissionais, sindicais, polticos, confessionais (27). - Relao necessria para que haja jogos de linguagem, um mnimo de relao social necessria. O vnculo social importante, pois se apresenta, interroga, tem um referente. (29).- Uma palavra sobre este ltimo ponto. Expondo-se este problema em termos simples de teoria da comunicao, se estaria esquecendo de duas coisas: as mensagens so dotadas de formas e de efeitos bastante diferentes conforme forem, por exemplo, denotativas, prescritivas, avaliativas, performativas, etc (30). - Lyotard tambm aponta que somente uma teoria da comunicao no bastaria, mas sim, uma teoria dos jogos. - Em uma discusso entre amigos, eles lanam mo de vrios artifcios para que possa ganhar a discusso. No caso de uma instituio, a lgica obedecida diferente. As instituies priorizam determinados tipos de enunciados, que caracteriza o discurso da instituio. h coisas que devem ser ditas e maneiras de diz-las. (Ex. foras armadas, igrejas, narrao nas famlias, entre outros). Se os limites da instituio forem ultrapassados, sendo um desafio, portanto, super-los. -

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